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Reportagem - Óleos e Derivados
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PAINT & PINTURA Julho 2007 87
D
O mercado de tintas tem o privilégio de poder optar por soluções
ecologicamente corretas. Entre as várias substâncias não agressivas ao
ambiente que compõem a tinta, o óleo vegetal é um item que contribui com
esse importantíssimo fator, além de ser fonte renovável.
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entre os impor-
tantes benefí-
cios que a utili-
zação dos óleos
vegetais propicia
à formulação das
tintas, existe um fator principal:
a preocupação com o ambiente.
Em outras palavras, o uso desses
insumos proporciona às indús-
trias de tintas produtos de ori-
gens vegetais, não agressivos ao
ambiente e de fontes totalmente
renováveis. “Esse aspecto é de
suma importância, principalmen-
te numa indústria onde a maioria
das matérias-primas é altamente
tóxica e agressiva à natureza”,
salienta José Morales, diretor da
A.Azevedo.
Os óleos e derivados, também
conhecidos como oleoquímicos,
são utilizados na formulação de
determinadas resinas para dife-
rentes tipos de tintas, esmaltes e
vernizes. Suas principais caracte-
rísticas de desempenho nas tintas
são brilho, aderência a alguns
substratos, plasticidade, resistên-
cia a intempéries, velocidade de
secagem e endurecimento rápido
da película.
Os óleos podem ser aplicados em
diversos tipos de tintas, como
tintas flexográficas, tintas gráfi-
cas, tintas de alumínio, vernizes
para secagem a estufa ou ao
ar, vernizes sanitários, tintas
tipográficas, lacas nitrocelulose,
esmaltes sintéticos termoplásti-
cos e termofixos para uso indus-
trial em geral.
Avanços
O aperfeiçoamento do conhe-
cimento técnico e os benefícios
concebidos pelos óleos e deriva-
dos são dois fatores importantís-
simos para o mercado, pois estão
contribuindo para um aumento
significativo da qualidade das
tintas e resinas. “Nos últimos
anos, verificamos grandes avan-
ços na agricultura, nas áreas de
desenvolvimento de sementes,
técnicas de plantio, que visam
aumento da produtividade e do
rendimento das oleaginosas, o
que possibilita às empresas um
fornecimento regular dos óleos
vegetais”, declara Priscila Melo,
gerente da unidade de negócios da
Aboissa.
Morales, da A.Azevedo, destaca
que os óleos vegetais nas tintas
agem como plastificantes e pro-
porcionam elasticidade, além de
um acabamento mais “aveludado”.
Em uma comparação, por exem-
plo, entre ácidos graxos e óleos na
preparação de resinas alquídicas,
Anselmo França, representante
técnico da D’Altomare, destaca
as seguintes vantagens do oleo-
químico. “As características mais
relevantes são menor tempo de
processamento; maior liberdade
na escolha de poliálcoois; possibi-
lidade de uso de uma determinada
mistura de ácidos graxos; elimina-
ção das reações secundárias que
ocorrem durante a alcoólise, como
a transformação de glicerina na
acroleína; melhor controle de
poliesterificação; possibilidade de
obtenção de polímeros com maior
Por Lucélia Monfardini
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peso molecular médio, associado
a uma distribuição mais estreita”,
lista.
França ainda comenta sobre a
porcentagem de óleo que pode
variar em uma formulação de-
pendendo do tipo de tinta e uso
específico. “A porcentagem de óleo
é variável, pois o tipo e a quan-
tidade de óleos e derivados utili-
zados na preparação das resinas
determinam a aplicação destes
polímeros nas diferentes espécies
de tintas, esmaltes e vernizes. Por
exemplo, para uma resina alquí-
dica curta em óleo, geralmente
se utiliza 30% em peso de ácido
graxo”, explica.
Eduardo Oliva, coordenardor da
UniAmerica Brasil, afirma que
existem pesquisas com a finalida-
de de melhorar o aproveitamento
da utilização dos óleos vegetais
nesse setor. “Em alguns casos, em
substituição a produtos petro-
www.paintshow.com.br88 Julho 2007 PAINT & PINTURA
José Morales, diretor da A.Azevedo
Eduardo Oliva, coordenador da UniAmerica Brasil
químicos, um exemplo que
podemos citar é o óleo de
soja, por suas aplicações
industriais que substitui
produtos petroquímicos.
Este tipo de desenvolvi-
mento está sendo realiza-
do também com os deri-
vados dos óleos vegetais,
onde buscam o melhor
aproveitamento deles nas
atuais aplicações”.
Tipos de óleos
A atuação da Aboissa no
setor de tintas se estendeu
para outros países, além
do mercado brasileiro.
“Atualmente atendemos
distribuidores de matérias-
primas e fábricas de tintas na
Europa, Estados Unidos, México,
Argentina e Colômbia. Há um ano
representamos com exclusividade
a Ibraquimica, que fabrica diver-
sos derivados de óleos vegetais
para este setor”, conta Priscila,
antecipando que a empresa estará
pela primeira vez expondo seus
produtos na Abrafati/2007.
A Aboissa disponibiliza vários
tipos de óleos e derivados para
o mercado de tintas, entre eles
estão o ácido graxo destilado de
coco, ácido graxo destilado de
mamona, ácido graxo destilado de
linhaça, ácido graxo destilado de
soja, glicerina vegetal bi-destili-
dada, lecitina de soja, líquido da
casca de castanha de caju, óleo
de algodão semi-refinado, óleo de
linhaça bruto, óleo de linhaça oxi-
dado, óleo de linhaça polimeriza-
do Z2Z3, óleo de linhaça refinado,
óleo de oiticica, óleo de mamona
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desidratado GH, óleo de mamona
desidratado e polimerizado, óleo
de mamona oxidado, óleo de ma-
mona tipo 1, óleo de soja oxidado,
óleo de soja polimerizado, óleo de
soja refinado, óleo de tungue.
Já a D’Altomare, além da varie-
dade de ácidos graxos destilados
e fracionados, os quais variam de
C8 a C22, também possui ácidos
diméricos, indicados para utili-
zação na fabricação de resinas
baseadas em poliamidas e nas
formulações de tintas de impres-
são, que conferem interessantes
propriedades nas mesmas.
França destaca que a D’Altomare
amplia a cada ano sua equipe
de consultores e técnicos para o
segmento de tintas, bem como a
linha de especialidades oferecidas.
“Nosso suporte técnico é muito
importante para o esclarecimento
de quaisquer dúvidas relacionadas
à utilização dos nossos produtos
como dispersantes, resinas, an-
tiespumantes e aditivos, ajudando
nossos clientes em formulações e
processos produtivos”.
A A.Azevedo tem em seu portfólio
de produtos os principais tipos de
óleos para o mercado de tintas,
como óleo de linhaça, óleo de ma-
mona, óleo de mamona hidrogena-
do, óleo de soja, óleo de coco baba-
çu, óleo de pinho, entre outros.
Oliva, da UniAmerica, afirma que
a empresa fornece ao mercado
vários tipos de óleos, entre eles,
óleo de soja refinado, óleo de soja
hidrogenado, óleo de tungue, óleo
de linhaça refinado, óleo de oitici-
da, óleo de mamona nº 1, óleo de
mamona desidratado, ácido graxo
de babaçu, LCC-Líquido da casta-
nha de caju, ácido graxo de soja,
lecitina de soja, óleo de mamona
hidrogenado, óleo de linhaça po-
limerizado, óleo de babaçu refina-
do, óleo de mamona epoxidado.
Mercado
Na visão de Morales, da
A.Azevedo, o consumo de óleos
vegetais no mercado de tintas
está apresentando um importante
crescimento. “Existe um aumento
no consumo, principalmente, de
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Priscila Melo, gerente da unidade de negócios da Aboissa
Anselmo França, representante técnico da D’Altomare
produtos mais estruturados, não
somente em óleos in-natura, mas
também em óleos de soja, ma-
mona, coco e linhaça”. Ele ainda
alerta sobre algumas dificuldades
que o setor está enfrentando. “A
maior dificuldade encontrada
para o desenvolvimento desse seg-
mento é a sonegação de impostos.
Empresas sem nenhum tipo de
histórico industrial estão prati-
cando preços altamente agres-
sivos, canibalizando o mercado
e diminuindo a possibilidade de
empresas sérias aumentarem in-
vestimentos em pesquisa e desen-
volvimento”.
Para Machado, da D’Altomare,
esse mercado vem crescendo, pois
oferece produtos de origem reno-
vável, como plantas oleaginosas.
“Outro fator que justifica esse
aumento é o incentivo do gover-
no federal para a produção de
biodiesel no País. A oferta destes
óleos no mercado tende a aumen-
tar, diminuindo assim o custo; ou
também pode ocorrer o contrá-
rio, a produção se concentrará
na fabricação de biodiesel, o que
acarretará a falta de alguns itens
no mercado”, prevê.
Já Priscila, da Aboissa, nota que o
desenvolvimento de novas tec-
nologias de resinas e tintas tem
causado um impacto de redução
no consumo de óleos vegetais ano
a ano, principalmente no caso
de tintas decorativas. “Porém
em outros segmentos de tintas
industriais e de diferentes apli-
cações essas tecnologias não se
tornam eficientes, de maneira que
o consumo se mantém constante”,
analisa. P&P
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