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    Cmara Tcnica de Documentos Eletrnicos

    RESOLUO N 43, DE 04 DE SETEMBRO DE 2015

    Altera a redao da Resoluo do CONARQ n 39, de 29 de abril de 2014, que estabelece

    diretrizes para a implementao de repositrios digitais confiveis para a transferncia e

    recolhimento de documentos arquivsticos digitais para instituies arquivsticas dos rgos e

    entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR.

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    MINISTRIO DA JUSTIA

    ARQUIVO NACIONAL

    CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS

    RESOLUO N 43, DE 04 DE SETEMBRO DE 2015

    Altera a redao da Resoluo do CONARQ n 39, de29 de abril de 2014, que estabelece diretrizes para aimplementao de repositrios digitais confiveis para atransferncia e recolhimento de documentosarquivsticos digitais para instituies arquivsticas dosrgos e entidades integrantes do Sistema Nacional deArquivos - SINAR.

    O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ, no usode suas atribuies, previstas no item IX do art. 23 de seu Regimento Interno, aprovado pelaPortaria n 2.588, do Ministrio da Justia, de 24 de novembro de 2011 e de acordo com adeliberao adotada na 80 Reunio Plenria, realizada no dia 12 de agosto de 2015, Resolve:

    Art. 1 A ementa da Resoluo do CONARQ n 39, de 29 de abril de 2014, passa avigorar com a seguinte alterao:

    Estabelece diretrizes para a implementao de repositrios arquivsticos digitaisconfiveis para o arquivamento e manuteno de documentos arquivsticos digitais em suasfases corrente, intermediria e permanente, dos rgos e entidades integrantes do Sistema

    Nacional de ArquivosSINAR. (NR)

    Art. 2 O art. 1 da Resoluo do CONARQ n 39, de 29 de abril de 2014, passa avigorar com a seguinte alterao:

    Art. 1 Aprovar as Diretrizes para a Implementao de Repositrios ArquivsticosDigitais ConfiveisRDC-Arq, anexas a esta Resoluo, e recomendar sua adoo aos rgos eentidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos SINAR, para o arquivamento emanuteno dos documentos arquivsticos em suas fases corrente, intermediria e permanenteem formato digital, e de forma a garantir a autenticidade (identidade e integridade), aconfidencialidade, a disponibilidade e a preservao desses documentos.

    Art. 3 A redao do anexo da Resoluo n. 39, de 29 de abril de 2014, passa avigorar com as seguintes alteraes:

    Na pgina 1, onde se l: DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTACAO DEREPOSITORIOS DIGITAIS CONFIAVEIS DE DOCUMENTOS ARQUIVISTICOS.

    Nova redao: DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAO DE REPOSITRIOSARQUIVSTICOS DIGITAIS CONFIVEISRDC-Arq.

    Na pgina 2, onde se l: DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTACAO DEREPOSITORIOS DIGITAIS CONFIAVEIS DE DOCUMENTOS ARQUIVISTICOS.

    Nova redao: DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAO DE REPOSITRIOS

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    ARQUIVSTICOS DIGITAIS CONFIVEISRDC-Arq.

    Na pgina 3, onde se l: II. Repositrio digital confivel de documentos arquivsticosprincipais requisitos.

    Nova redao: II. Repositrio ArquivsticoDigital Confivel RDC-Arq: principaisrequisitos.

    Na pgina 5, onde se l: Assim, em face da necessidade de implantao de repositriosdigitais confiveis para documentos arquivsticos digitais, nas fases corrente, intermediaria epermanente, o Conarq apresenta estas diretrizes.

    Nova redao: Assim, em face da necessidade de implantao de repositrios digitaisconfiveis para documentos arquivsticos digitais, nas fases corrente, intermediria epermanente, o Conarq apresenta estas diretrizes de Repositrios Arquivsticos DigitaisConfiveisRDC-Arq.

    Na pgina 5, onde se l: Indicar parmetros para repositrios confiveis de documentosarquivsticos digitais, de forma a garantir a integridade, a autenticidade, a confidencialidade, adisponibilidade, o acesso e a preservao, tendo em vista a perspectiva da necessidade demanuteno dos acervos documentais por longos perodos de tempo ou, ate mesmo,permanentemente.

    Nova redao: Indicar parmetros para repositrios arquivsticos digitais confiveis, deforma a garantir a autenticidade (identidade e integridade), a confidencialidade, adisponibilidade, o acesso e a preservao, tendo em vista a perspectiva da necessidade demanuteno dos acervos documentais por longos perodos de tempo ou, at mesmo,permanentemente.

    Na pgina 10, onde se l: Um repositrio digital confivel de documentosarquivsticosdeve ser capaz de atender aos procedimentos arquivsticos e aos requisitos deum repositrio digital confivel.

    Nova redao: Um repositrio arquivstico digital confivel deve ser capaz deatender aos procedimentos arquivsticos em suas diferentes fases e aos requisitos de umrepositrio digital confivel.

    Na pgina 19, onde se l: A seguir, so apresentados documentos de referncia para aconstruo de repositrios digitais confiveis de documentos arquivsticos.

    Nova redao: A seguir, so apresentados documentos de referncia para a construode repositrios arquivsticos digitais confiveisRDC-Arq.

    Art. 4 Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    JAIME ANTUNES DA SILVAPresidente do CONARQ

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    MINISTRIO DA JUSTIA

    ARQUIVO NACIONAL

    CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS

    RESOLUO N 39, DE 29 DE ABRIL DE 2014

    Estabelece diretrizes para a implementao de repositriosarquivsticos digitais confiveis para o arquivamento emanuteno de documentos arquivsticos digitais em suasfases corrente, intermediria e permanente, dos rgos eentidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos SINAR. [Redao dada pela Resoluo n 43 de 04 desetembro de 2015]

    O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ, no uso

    de suas atribuies, previstas no item IX do art. 23 de seu Regimento Interno, aprovado pelaPortaria n 2.588, do Ministrio da Justia, de 24 de novembro de 2011, em conformidade com adeliberao do Plenrio em sua 77 reunio plenria do CONARQ, realizada no dia 20 de marode 2014,

    Considerando que o Conselho Nacional de Arquivos tem por finalidade definir a polticanacional de arquivos pblicos e privados e exercer orientao normativa visando gestodocumental e proteo especial aos documentos de arquivo, independente da forma ou dosuporte em que a informao est registrada;

    Considerando que as organizaes pblicas e privadas e os cidados vm cada vez mais

    produzindo documentos arquivsticos exclusivamente em formato digital e que governos,organizaes e cidados dependem do documento digital como fonte de prova e informao,bem como de garantia de direitos;

    Considerando que as instituies arquivsticas devem estabelecer poltica depreservao e possuir infraestrutura organizacional, bem como requisitos, normas eprocedimentos para assegurar que os documentos arquivsticos digitais permaneam sempreacessveis, compreensveis, autnticos e ntegros,

    Considerando que a gesto arquivstica de documentos, independente da forma ou dosuporte adotados, tem por objetivo garantir a produo, a manuteno, a preservao dedocumentos arquivsticos confiveis, autnticos e compreensveis, bem como o acesso a estes;

    Considerando a natureza especfica dos arquivos digitais, criados e mantidos emambiente tecnolgico de contnua alterao e crescente complexidade, e que no se constituemcomo entidades fsicas convencionais;

    Considerando a Carta para a Preservao do Patrimnio Arquivstico Digital doCONARQ, de 6 de julho de 2004, que manifesta a necessidade do, estabelecimento de polticas,procedimentos, sistemas, normas e prticas que levem os produtores de documentos a criar emanter documentos arquivsticos fidedignos, autnticos, preservveis e acessveis;

    Considerando a Resoluo n 2, de 18 de outubro de 1995, que dispe sobre as medidas

    a serem observadas na transferncia ou no recolhimento de acervos documentais parainstituies arquivsticas pblicas;

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    Considerando a Resoluo n 20, de 16 de julho de 2004, que dispe sobre a inserodos documentos digitais em programas de gesto arquivstica de documentos dos rgos eentidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos;

    Considerando a Resoluo n 24, de 3 de agosto de 2006, que estabelece diretrizes paraa transferncia e recolhimento de documentos arquivsticos digitais para instituiesarquivsticas pblicas, resolve:

    Art. 1 Aprovar as Diretrizes para a Implementao de RepositriosArquivsticos Digitais Confiveis RDC-Arq, anexas a esta Resoluo, e recomendar suaadoo aos rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos SINAR, para oarquivamento e manuteno dos documentos arquivsticos em suas fases corrente, intermediriae permanente em formato digital, e de forma a garantir a autenticidade (identidade eintegridade), a confidencialidade, a disponibilidade e a preservao desses documentos.[Redao dada pela Resoluo n 43 de 04 de setembro de 2015].

    Art. 2 Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    JAIME ANTUNES DA SILVA

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    Cmara Tcnica de Documentos Eletrnicos

    DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAO DE REPOSITRIOS

    ARQUIVISTICOS DIGITAIS CONFIVEISRDC-Arq

    Rio de Janeiro | 2015

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    2CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    EQUIPE TCNICA DE ELABORAO DAS

    DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAO DE REPOSITRIOS ARQUIVISTICOSDIGITAIS CONFIVEISRDC-Arq

    Equipe de redao da Cmara Tcnica de Documentos Eletrnicos

    Carlos Augusto Silva Ditadi

    Claudia Lacombe Rocha

    Eloi Juniti Yamaoka

    Humberto Celeste Innarelli

    Joo Alberto de Oliveira LimaLuiz Fernando Sayo

    Neire do Rossio Martins

    Rosely Curi Rondinelli

    Integrantes da Cmara Tcnica de Documentos Eletrnicos que participaram deste trabalho

    Brenda Couto de Brito Rocco | Arquivo Nacional

    Carlos Augusto Silva Ditadi | Arquivo Nacional

    Carolina de Oliveira | Arquivo Nacionala partir de 2012

    Claudia Lacombe Rocha | Arquivo Nacional

    Daniel Flores | Universidade Federal de Santa Maria

    Eloi Juniti Yamaoka | Servio Federal de Processamento de Dados

    Humberto Celeste Innarelli | Universidade Estadual de Campinas

    Joo Alberto de Oliveira Lima | Senado Federal

    Luiz Fernando Sayo | Comisso Nacional de Energia Nuclear

    Marco Aurlio Rodrigues Braga | Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informaoa partir de 2013

    Margareth da Silva | Universidade Federal FluminenseNeire do Rossio Martins | Universidade Estadual de Campinas

    Rosely Curi Rondinelli | Fundao Casa de Rui Barbosa

    Vanderlei Batista dos Santos | Cmara dos Deputados

    Colaborao

    Andressa Cristiani Piconi | Universidade Estadual de Campinas

    Cssia de Paula Moreira Coghi | Universidade Estadual de Campinas

    RevisoJos Mrcio Batista Rangel

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    3CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    SUMRIO

    I. Apresentao

    I.1 Objetivo deste documento

    I.2 Escopo

    I.3 Definies

    II. Repositrio Arquivstico Digital ConfivelRDC-Arqprincipais requisitos

    II.1 Consideraes sobre um repositrio digital de documentos arquivsticos

    II.2 Requisitos para um repositrio digital confivel

    III. Padres e normas de referncia

    III.1 Modelo de referncia OAIS

    III.2 Relatrio da Research Library Group (RLG) e da Online Computer Library Center

    (OCLC)Repositrios digitais confiveis: atributos e responsabilidades

    III.3 Certificao e auditoria de repositrios confiveis: critrios e checklistTRAC

    III.4 Requisitos tcnicos para entidades de auditoria e certificao de organizaes candidatas aserem repositrios digitais confiveis

    III.5 Metadados de preservaoPREMIS

    III.6Norma Geral Internacional de Descrio ArquivsticaISAD(G)

    III.7 Norma Brasileira de Descrio ArquivsticaNOBRADE

    III.8 Metadados do e-ARQ Brasil

    III.9 Protocolo para coleta de metadadosOAI-PMH

    III.10 Padro de codificao e transmisso de metadadosMETSIII.11 Descrio arquivstica codificadaEAD

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    4CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    IAPRESENTAO

    Os documentos arquivsticos caracterizam-se por registrarem e apoiarem as atividades do rgo ouentidade, servindo de evidncia dessas atividades, bem como de fonte de informao para a

    pesquisa, e para assegurar os direitos dos cidados. Assim, preciso garantir que os documentossejam acessveis e permaneam autnticos em todo o seu ciclo de vida. A produo crescente dedocumentos arquivsticos em formato digital desafia as organizaes produtoras e as instituies de

    preservao na busca de solues para a preservao e o acesso de longo prazo. Os documentosdigitais sofrem diversas ameaas decorrentes da fragilidade inerente aos objetos digitais, da

    facilidade de adulterao e da rpida obsolescncia tecnolgica.Os documentos arquivsticos digitais em fase corrente e intermediria devem, preferencialmente,ser gerenciados por meio de um Sistema Informatizado de Gesto Arquivstica de Documentos SIGAD, a fim de garantir o controle do ciclo de vida, o cumprimento da destinao prevista e amanuteno da autenticidade e da relao orgnica,1 caractersticas fundamentais dessesdocumentos. J nessas fases, os produtores precisam tomar cuidados especiais, previstos em um

    plano de preservao digital, com relao aos documentos digitais que sero mantidos por mdio elongo prazos, de forma a garantir sua autenticidade e seu acesso.

    A partir da destinao para guarda permanente, ocorre uma alterao na cadeia de custdia,passando a responsabilidade pela preservao dos documentos dos produtores para a instncia de

    guarda. Os documentos digitais em fase permanente so dependentes de um bom sistemainformatizado que apoie o tratamento tcnico adequado, incluindo arranjo, descrio e acesso, deforma a assegurar a manuteno da autenticidade e da relao orgnica desses documentos.

    A preservao dos documentos arquivsticos digitais, nas fases corrente, intermediria epermanente, deve estar associada a um repositrio digital confivel.Os arquivos devem dispor de repositrios digitais confiveis para a gesto, a preservao eo acesso de documentos digitais.

    No contexto internacional, algumas iniciativas indicam a importncia do desenvolvimento de

    repositrios digitais confiveis como soluo para a garantia da autenticidade, da preservao e doacesso de longo prazo. Dentre essas iniciativas, destaca-se a do grupo de trabalho liderado peloResearch Library Group RLGe pelo Online Computer Library CenterOCLC.2Na perspectivado grupo de trabalhoRLG/OCLC, um repositrio digital confivel aquele que tem como missooferecer, sua comunidade-alvo, acesso confivel e de longo prazo aos recursos digitais por elegerenciados, agora e no futuro (RLG/OCLC, 2002, p. 5).

    3

    1 Quando os documentos arquivsticos so produzidos e mantidos dentro de um sistema informatizado (p. ex.sistemas de controle acadmico em instituies de ensino, sistemas de pronturios mdicos, sistemas de controle de

    ponto), esse sistema deve incorporar as funcionalidades bsicas de um SIGAD previstas no e-ARQ Brasil, paraassegurar tais objetivos.

    2 Desde junho de 2006, oRLGe o OCLCesto reunidos em uma nica organizao. Para mais informaes, veja ostio: http://www.oclc.org/

    3 Texto no original em ingls: A trusted digital repository is one whose mission is to provide reliable, long-termaccess to managed digital resources to its designated community, now and in the future.

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    5CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    O arquivamento e a preservao digital constituem uma questo complexa que envolve muitasvariveis, compromissos de longa durao e a necessidade de expressivos investimentos eminfraestrutura tecnolgica, pesquisa e recursos humanos. Diante disso, a formao de consrcios,em determinados casos, pode ser a soluo mais vivel.

    Assim, em face da necessidade de implantao de repositrios digitais confiveis para documentosarquivsticos digitais, nas fases corrente, intermediria e permanente, o Conarq apresenta estasdiretrizes de Repositrios Arquivsticos Digitais ConfiveisRDC-Arq.

    I.1Objetivo deste documento

    Indicar parmetros para repositrios arquivsticos digitais confiveis, de forma a garantir aautenticidade (identidade e integridade), a confidencialidade, a disponibilidade, o acesso e a

    preservao, tendo em vista a perspectiva da necessidade de manuteno dos acervos documentaispor longos perodos de tempo ou, at mesmo, permanentemente.

    I.2Escopo

    Estas diretrizes visam a orientar os rgos e as entidades integrantes do Sistema Nacional deArquivos SINAR na implantao de repositrios digitais confiveis para documentosarquivsticos digitais.

    So integrantes do SINAR:4

    Arquivo Nacional; arquivos do Poder Executivo Federal; arquivos do Poder Legislativo Federal; arquivos do Poder Judicirio Federal; arquivos estaduais dos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio; arquivos do Distrito Federal dos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio; e arquivos municipais dos poderes Executivo e Legislativo.

    Podem, ainda, integrar o SINAR pessoas fsicas e jurdicas de direito privado detentoras dearquivos, mediante convnio com um rgo central.

    Alm de parmetros tecnolgicos e de infraestrutura, as diretrizes aqui apresentadas tratam tambmde polticas e procedimentos tcnicos e administrativos. Os parmetros indicados atendem snecessidades de repositrios digitais confiveis para o armazenamento de documentos correntes,intermedirios e permanentes.

    4 De acordo com o decreto n 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que regulamenta a lei n 8.159, de 8 de janeiro de 1991,que dispe sobre a poltica nacional de arquivos pblicos e privados.

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    6CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    I.3Definies5

    Apresentam-se, aqui, definies importantes no contexto desse documento.

    Atualizao de suporteTcnica de migrao que consiste em copiar os dados de um suporte para outro, sem mudar suacodificao, para evitar perdas de dados provocadas por deteriorao do suporte.

    AutenticidadeCredibilidade de um documento enquanto documento, isto , a qualidade de um documento ser oque diz ser e de que est livre de adulterao ou qualquer outro tipo de corrupo.

    Ciclo vital dos documentosSucessivas fases por que passam os documentos arquivsticos, de sua produo a guarda

    permanente ou eliminao.

    ConfiabilidadeCredibilidade de um documento arquivstico enquanto afirmao de um fato. Existe quando umdocumento arquivstico pode sustentar o fato ao qual se refere, e estabelecida pelo exame dacompleteza, da forma do documento e do grau de controle exercido no seu processo de criao.

    Confidencialidade

    Propriedade de certos dados ou informaes que no podem ser disponibilizadas ou divulgadas semautorizao para pessoas, entidades ou processos.

    ConversoTcnica de migrao que pode se configurar de diversas formas, tais como: a) converso de dados:mudana de um formato para outro; b) converso de sistema computacional: mudana do modelo decomputador e de seus perifricos.

    DisponibilidadePropriedade de estar acessvel e utilizvel sob demanda por uma entidade autorizada.

    Documento arquivsticoDocumento produzido (elaborado ou recebido) no curso de uma atividade prtica, comoinstrumento ou resultado dessa atividade, e retido para ao ou referncia.

    Documento arquivstico digital

    5 As definies aqui apresentadas foram baseadas nos glossrios dos seguintes documentos: e-ARQ Brasil: Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gesto Arquivstica de Documentos.

    Cmara Tcnica de Documentos EletrnicosCTDE. Verso adotada pelo CONARQ em dezembro de 2009; Glossrio da CTDE/CONARQ. Resoluo GRUNICAMP n 17/2011, de 29/6/2011. ABNT 27001/2006Requisitos para sistemas de gesto de segurana da informao. Diretrizes do Preservador A preservao de documentos arquivsticos digitais: Diretrizes para

    organizaes. Projeto InterPARES 2. ISO 14721/2003Reference Model for an Open Archival Information System OAIS.

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    7CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    Documento digital reconhecido e tratado como documento arquivstico.

    Documento digitalInformao registrada, codificada em dgitos binrios, acessvel e interpretvel por meio de sistemacomputacional.

    IntegridadeEstado dos documentos que se encontram completos e no sofreram nenhum tipo de corrupo oualterao no autorizada nem documentada.

    MetadadosDados estruturados que descrevem e permitem encontrar, gerenciar, compreender e/ou preservar

    documentos arquivsticos ao longo do tempo.

    MigraoConjunto de procedimentos e tcnicas para assegurar a capacidade de os objetos digitais seremacessados face s mudanas tecnolgicas. A migrao consiste na transferncia de um objeto digital:a) de um suporte que est se tornando obsoleto, fisicamente deteriorado ou instvel para um suportemais novo; b) de um formato obsoleto para um formato mais atual ou padronizado; c) de uma

    plataforma computacional em vias de descontinuidade para outra mais moderna. A migrao podeocorrer por converso, por atualizao ou por reformatao.

    Modelo de referncia

    Uma estrutura conceitual para compreenso dos principais relacionamentos entre as entidades deum ambiente, e para o desenvolvimento de padres consistentes ou especificaes que consolidamesse ambiente. Um modelo de referncia baseado em pequena quantidade de conceitos unificados,e pode ser usado como uma base para aprendizado e explanao de padres para um noespecialista.

    Normalizao de formatosConverso de formatos de arquivo para um elenco gerencivel de formatos apropriados para

    preservao e acesso.

    Preservao digital

    Conjunto de aes gerenciais e tcnicas exigidas para superar as mudanas tecnolgicas e afragilidade dos suportes, garantindo acesso e interpretao dos documentos digitais pelo tempo quefor necessrio.

    Preservador de documentos arquivsticosEntidade responsvel pela custdia fsica e legal dos documentos do produtor, bem como por sua

    preservao, isto , proteger e garantir acesso contnuo aos documentos.

    Sistema Informatizado de Gesto Arquivstica de DocumentosSIGADConjunto de procedimentos e operaes tcnicas caracterstico do sistema de gesto arquivstica dedocumentos, processado eletronicamente e aplicvel em ambientes digitais ou hbridos, isto ,composto de documentos digitais e no digitais.

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    8CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    II REPOSITRIO DIGITAL CONFIVEL DE DOCUMENTOS ARQUIVSTICOS

    PRINCIPAIS REQUISITOS

    Desde a dcada de 1990, a comunidade internacional tem desenvolvido iniciativas no sentido deorientar a modelagem e implementao de repositrios digitais, e de apontar os requisitos paraatribuir confiabilidade a esses repositrios. A implantao de um repositrio digital confivel fundamental para assegurar a preservao, o acesso e a autenticidade de longo prazo dos materiaisdigitais.

    A norma mais importante da rea o Open Archival Information System OAIS,6 um modeloconceitual desenvolvido pelo Consultive Committee for Space Data Systems CCSDS,7 queresultou na norma ISO 14721:2003. O OAIS descreve as funes de um repositrio digital e osmetadados necessrios para a preservao e o acesso dos materiais digitais gerenciados pelorepositrio, que constituem um modelo funcional e um modelo de informao.

    A preocupao com a confiabilidade dos repositrios digitais foi evidenciada no relatrio da TaskForce on Archiving of Digital Information,8 uma ao cooperativa do RLG e da Commission onPreservation and Access, publicado em 1996, no qual se declarou que um componente crtico dainfraestrutura de arquivamento digital a existncia de um nmero suficiente de instituiesconfiveis, que sejam capazes de armazenar, migrar e prover acesso a acervos digitais. 9O relatrioda Task Force foi mais alm, ao apontar a necessidade de um processo de certificao dosrepositrios digitais para atribuir esse carter de confiabilidade de uma forma mais isenta.

    Esse relatrio estimulou a colaborao do RLG/OCLC, iniciada em maro de 2000, no sentido dedefinir as bases conceituais e os principais atributos para um repositrio digital confivel. Comoresultado desse trabalho, foi publicado, em 2002, um relatrio sob o ttulo Trusted Digital

    Repositories: Attributes and Responsibilities.

    Em continuidade a esse trabalho, o RLGestabeleceu uma parceria com a administrao nacionaldos arquivos dos Estados Unidos (National Archives and Records Administration NARA), com oobjetivo de definir critrios para a certificao de repositrios confiveis, em sintonia com osresultados apontados no relatrio RLG/OCLC, de 2002, e com o modelo OAIS. Assim, foi

    publicado, em 2007, o documento Trustworthy Repository Audit & Certification: Criteria andChecklist, mais conhecido pela sigla TRAC,10que apresenta um conjunto de critrios e um checklist

    a serem tomados como referncia para a certificao de repositrios digitais confiveis. Essedocumento serviu de base para a elaborao da norma ISO 16363: 2012, que lista os critrios queum repositrio digital confivel deve atender. Paralelamente a essa iniciativa, encontra-se em fasede desenvolvimento a norma ISO 16919,11que estabelece requisitos para entidades certificadorasde repositrios digitais confiveis.

    6 No Brasil, o modelo OAISfoi traduzido pela ABNT e publicado sob a forma da norma ABNT NBR 15472: 2007,com o ttulo Sistema Aberto de Arquivamento de Informao SAAI.

    7 Comit formado pelas maiores agncias espaciais do mundo, com o objetivo de oferecer um frum para discussode problemas comuns sobre o desenvolvimento e a operao de sistemas de dados espaciais.

    8 Preserving Digital Information, Report of the Task Force on Archiving of Digital Information. Maio de 1996.Disponvel em: http://www.oclc.org/content/dam/research/activities/digpresstudy/final-report.pdf?urlm=161430.

    9 Texto no original em ingls: a critical component of digital archiving infrastructure is the existence of a sufficientnumber of trusted organizations capable of storing, migrating and providing access to digital collections.

    10 Disponvel em: http://www.crl.edu/sites/default/files/attachments/pages/trac_0.pdf.11 Disponvel em: http://www.iso.org/iso/home/store/catalogue_tc/catalogue_detail.htm?csnumber=57950.

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    9CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    Esses documentos apontam as diretrizes para repositrios digitais confiveis e fundamentaram aelaborao deste trabalho. Inicialmente, faz-se necessrio esclarecer os conceitos de repositriodigital, repositrio arquivstico digital e repositrio digital confivel.

    No contexto deste documento, repositrio digital um ambiente de armazenamento egerenciamento de materiais digitais. Esse ambiente constitui-se de uma soluo informatizada emque os materiais so capturados, armazenados, preservados e acessados. Um repositrio digital ,ento, um complexo que apoia o gerenciamento dos materiais digitais, pelo tempo que fornecessrio, e formado por elementos de hardware, software e metadados, bem como por umainfraestrutura organizacional e procedimentos normativos e tcnicos. Tal ambiente tem sidoempregado em diversas situaes, tais como:

    arquivo corrente e intermedirio (em associao com um SIGAD); arquivo permanente;

    biblioteca digital; acervo de obras de arte digitais; depsito legal de material digital; e curadoria de dados digitais de pesquisa.

    ATENO: Um repositrio digital no se resume a uma soluo informatizada paraarmazenamento (storage), que apenas um componente do repositrio.

    Um repositrio arquivstico digital um repositrio digital que armazena e gerencia essesdocumentos, seja nas fases corrente e intermediria, seja na fase permanente. Como tal, esse

    repositrio deve: gerenciar os documentos e metadados de acordo com as prticas e normas da Arquivologia,

    especificamente relacionadas gesto documental, descrio arquivstica multinvel epreservao; e

    proteger as caractersticas do documento arquivstico, em especial a autenticidade(identidade e integridade) e a relao orgnica entre os documentos.

    Um repositrio digital confivel um repositrio digital que capaz de manter autnticos osmateriais digitais, de preserv-los e prover acesso a eles pelo tempo necessrio. Para cumprir essamisso, segundo o relatrio Trusted Digital Repositories: attributes and responsibilities(RLG/OCLC, 2002), os repositrios digitais confiveis devem:

    aceitar, em nome de seus depositantes, a responsabilidade pela manuteno dos materiaisdigitais;

    dispor de uma estrutura organizacional que apoie no somente a viabilidade de longo prazodos prprios repositrios, mas tambm dos materiais digitais sob sua responsabilidade;

    demonstrar sustentabilidade econmica e transparncia administrativa; projetar seus sistemas de acordo com convenes e padres comumente aceitos, no sentido

    de assegurar, de forma contnua, a gesto, o acesso e a segurana dos materiais depositados; estabelecer metodologias para avaliao dos sistemas que considerem as expectativas de

    confiabilidade esperadas pela comunidade; considerar, para desempenhar suas responsabilidades de longo prazo, os depositrios e os

    usurios de forma aberta e explcita; dispor de polticas, prticas e desempenho que possam ser auditveis e mensurveis; e

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    10CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    observar os seguintes fatores relativos s responsabilidades organizacionais e de curadoriados repositrios: escopo dos materiais depositados, gerenciamento do ciclo de vida e

    preservao, atuao junto a uma ampla gama de parceiros, questes legais relacionadascom a propriedade dos materiais armazenados e implicaes financeiras.

    Uma forma de atestar a confiabilidade de um repositrio digital junto comunidade-alvo d-se pormeio da sua certificao por terceiros. Para esse fim, o RLG/OCLC, em parceria com o NARA,

    publicou, em 2007, o documento Trustworthy Repository Audit & Certification: Criteria and

    ChecklistTRAC.

    Um repositrio arquivstico digital confivel deve ser capaz de atender aosprocedimentos arquivsticosem suas diferentes fases e aos requisitosde um repositriodigital confivel.

    A seguir, sero apresentadas, primeiramente, algumas consideraes a respeito dos repositriosdigitais de documentos arquivsticos. Num segundo momento, sero abordados os requisitos queum repositrio digital deve seguir para que possa ser considerado confivel, com base na normaISO 16363: 2012, independentemente do tipo de material digital (arquivstico ou no).

    II.1 CONSIDERAES SOBRE UM REPOSITRIO DIGITAL DE DOCUMENTOSARQUIVSTICOS

    Responsabilidade pelo repositrioA responsabilidade pelo projeto, implantao e manuteno de um repositrio digital dedocumentos arquivsticos deve ser compartilhada por profissionais de arquivo e de tecnologia dainformao, de forma a se cumprirem os requisitos tecnolgicos e os procedimentos do tratamentoarquivstico.

    Tratamento arquivsticoUm repositrio digital para documentos arquivsticos tem que ser capaz de organizar e recuperar osdocumentos, de forma a manter a relao orgnica entre eles. Nesse sentido, deve apoiar aorganizao hierrquica dos documentos digitais, a partir de um plano de classificao dedocumentos, e a descrio multinvel, de acordo com a norma internacional para descrio

    arquivstica (a Norma Geral Internacional de Descrio Arquivstica ISAD(G) e a NormaBrasileira de Descrio ArquivsticaNOBRADE).

    Princpios de preservao digitalA preservao digital tem que garantir o acesso de longo prazo a documentos arquivsticosautnticos, o que implica a adoo dos seguintes princpios:

    focar especificamente em documentos arquivsticos, e no em objetos digitais de formagenrica;

    focar em documentos arquivsticos digitais autnticos; pressupor que a autenticidade dos documentos arquivsticos digitais est sob ameaa,

    principalmente no momento da transmisso no espao (entre pessoas e sistemas) e notempo (atualizao/substituio de hardware e software usados para armazenar,

    processar e comunicar os documentos);

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    11CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    reconhecer que a preservao digital um processo contnuo, que comea na concepodo documento;

    reconhecer que a autenticidade12dos documentos arquivsticos digitais tem por base osprocedimentos de gesto e preservao e a confiana tanto no repositrio como no rgoresponsvel pela guarda desses documentos;

    arbitrar o que se considera como documento original, uma vez que a preservao digitalimplica a necessidade de converso de formatos e atualizao de suportes;

    reconhecer que a elaborao de manuais e os procedimentos de preservaodesempenhados pelo repositrio digital apoiam a presuno de autenticidade dessesdocumentos;

    reconhecer que o registro, em metadados, das intervenes de preservao em cadadocumento apoia a presuno de autenticidade desses documentos;

    reconhecer que a autenticidade dos documentos digitais deve ser avaliada e presumidano momento de sua submisso ao repositrio.13

    reconhecer que o repositrio digital responsvel pela manuteno permanente daautenticidade dos documentos a ele submetidos; e

    distinguir claramente a autenticidade e autenticao de documentos, considerando que aprimeira a qualidade de o documento ser verdadeiro, e a segunda uma declaraodessa qualidade, feita, em um dado momento, por uma pessoa autorizada para tal.

    Independncia dos repositriosUm repositrio digital deve ter independncia; isso significa que seu funcionamento e o acesso aosdocumentos no podem depender das aplicaes que funcionam em conjunto com ele. Por exemplo,em uma aplicao para arquivos correntes e intermedirios, deve ser possvel acessar osdocumentos independentemente do SIGAD, isto , diretamente no repositrio, desde que isso sejafeito de forma controlada, para no ameaar a autenticidade dos documentos no repositrio. bomesclarecer que o acesso direto aos documentos no repositrio no exclui a necessidade de umSIGAD para apoiar a gesto arquivstica.

    InteroperabilidadeUm repositrio digital deve estar em conformidade com as normas e padres estabelecidos, deforma a possibilitar nveis de interoperabilidade com outros repositrios digitais e sistemasinformatizados que tratam de documentos arquivsticos. Podem ser citados como exemplos dessas

    normas e padres: o Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting OAI-PMH,para coleta de registros de metadados em repositrios digitais; o Metadata Encoding andTransmission Standard METS, para a codificao de metadados descritivos, administrativos eestruturais; o Encoded Archival DescriptionEAD, para a codificao de metadados descritivosde documentos arquivsticos; e os Padres de Interoperabilidade de Governo Eletrnico e-PING,14no caso dos rgos e entidades do governo federal.

    12 Ver Resoluo n 37, de 19 de dezembro de 2012, do CONARQ, que aprova as Diretrizes para a Presuno deAutenticidade de Documentos Arquivsticos Digitais.

    13 Ver Resoluo n 24, de 3 de agosto de 2006, do CONARQ, que estabelece diretrizes para a transferncia erecolhimento de documentos arquivsticos digitais para instituies arquivsticas pblicas.

    14 Informaes disponveis em: http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-ping-padroes-de-interoperabilidade.

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    12CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    II.2REQUISITOS PARA UM REPOSITRIO DIGITAL CONFIVEL

    Os requisitos apresentados a seguir esto definidos em nvel conceitual e devem ser cumpridos nodesenvolvimento de um repositrio digital confivel. Reitere-se que esses requisitos esto baseadosna norma ISO 16363: 2012, e abrangem todos os tipos de materiais digitais, inclusive osdocumentos arquivsticos.

    Os requisitos esto organizados em trs conjuntos: infraestrutura organizacional; gerenciamento dodocumento digital; e tecnologia, infraestrutura tcnica e segurana.

    II.2.1Infraestrutura organizacional

    O ambiente em que o repositrio digital vai se estabelecer tem que cumprir determinados requisitos,conforme descrito a seguir.

    a. Governana e viabilidade organizacional

    O repositrio tem como misso o compromisso com a preservao, o gerenciamento e o acesso delongo prazo dos documentos digitais. Essa misso claramente identificada por todos osinteressados no repositrio e envolve: mandato legal, contexto organizacional e requisitosregulatrios.

    O repositrio tem um plano de sucesso formal, planos de contingncia e/ou acordos estabelecidospara garantir a continuidade do servio, no caso de o repositrio parar de operar ou de a instituio

    responsvel e/ou financiadora mudar seu escopo.

    b. Estrutura organizacional e de pessoalO repositrio tem uma equipe dotada de qualificao e formao necessrias, e em nmerosuficiente, para garantir todos os servios e funcionalidades pertinentes ao repositrio. Alm disso,deve manter um programa de desenvolvimento profissional contnuo.

    c. Transparncia de procedimentos e arcabouo poltico

    O repositrio deve demonstrar explicitamente seus requisitos, decises, desenvolvimento e aesque garantem a preservao de longo prazo e o acesso a contedos digitais sob seus cuidados. Dessa

    forma, assegura aos usurios, gestores, produtores e certificadores que est cumprindo plenamenteseu papel enquanto um repositrio digital confivel. Para tanto, o repositrio deve: definir a comunidade alvo e sua base de conhecimento; possuir polticas e definies, acessveis publicamente, que demonstrem como osrequisitos do servio de preservao sero contemplados; possuir polticas, procedimentos e mecanismos de atualizao, na medida em que orepositrio cresce e a tecnologia e prticas da comunidade evoluem; documentar permisses legais por meio de acordos de custdia, normas de

    procedimentos e outrosque o isentem de responsabilidade, no caso de alteraes passveisde ocorrer em estratgias de preservao digital; fazer o registro histrico das mudanas de procedimentos, desoftwaree hardware;

    relacionar o registro histrico, acima referido, com as estratgias de preservao digital,e descrever os potenciais efeitos dessas mudanas sobre os documentos digitais; demonstrar que est sistematicamente avaliando a satisfao das expectativas dos

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    13CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    produtores e dos usurios, e buscando atend-las; estar comprometido com a definio, coleta, auditoria e fornecimento (sob demanda) demecanismos de controle da integridade dos documentos digitais sob sua custdia; estar comprometido em realizar regularmente uma autoavaliao de seu funcionamentoe renovar sua certificao; e estar comprometido em notificar as entidades certificadoras sobre as mudanasoperacionais que afetaro seustatusde certificao (no caso de repositrios j certificados).

    d. Sustentabilidade financeira

    Um repositrio digital confivel deve demonstrar sustentabilidade financeira. Para isso, deve ter umplano de gesto que observe os seguintes aspectos:

    demonstrao da capacidade de obter recursos financeiros estveis e contnuos parasustent-lo, seja por meio de prestao de servio, parcerias, doaes, verba da prpriainstituio, dentre outros;

    reviso e ajustes anuais; transparncia dos procedimentos para obteno dos recursos e auditoria dos mesmos, de

    acordo com o sistema jurdico no qual o repositrio se insere; e compromisso dos ciclos de planejamento com o equilbrio dos riscos, benefcios,

    investimentos e gastos.

    e. Contratos, licenas e passivos

    Os contratos, licenas e passivos firmados pelo repositrio devem ser claros e mensurveis; delinearpapis, responsabilidades, prazos e condies; e ser facilmente acessveis ou disponveis aosinteressados. Esses contratos, licenas e passivos podem envolver tanto a relao entre o repositrioe os produtores de documentos digitais, como a relao entre o repositrio e fornecedores deservios. Esses mesmos instrumentos devem especificar todos os direitos e obrigaes dorepositrio sobre os documentos digitais a ele confiados, em especial no que diz respeito

    propriedade intelectual e a restries de uso.

    II.2.2Gerenciamento do documento digital

    O gerenciamento dos documentos de um repositrio digital confivel deve estar de acordo com omodelo de referncia OAIS, que estabelece a formao de pacotes de informao envolvendo osdocumentos digitais (informao de contedo) e seus metadados (informao de representao).

    So trs os tipos de pacotes de informao:

    Pacote de informao para submisso (submission information packageSIP)refere-se admisso dos documentos digitais e seus metadados associados. Pacote de informao para arquivamento (archival information package AIP) refere-seao acondicionamento e armazenamento dos documentos digitais e seus metadados associados. Pacote de informao para disseminao (dissemination information package DIP)

    refere-se ao acesso aos documentos digitais e seus metadados associados.A TRAC apresenta os requisitos para gerenciamento do documento no repositrio digital,categorizados em seis grupos, com base nas funcionalidades, conforme detalhado a seguir:

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    14CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    a. Admisso: captura de documentos digitais

    A admisso consiste na entrada dos documentos e seus metadados no repositrio digital. Osrequisitos de admisso variam dependendo do tipo de material, do contexto legal e da relao entreo produtor de documento e o repositrio. Independentemente dessas variaes, pode-se afirmar quea admisso se inicia com o recebimento de um SIP, que convertido emAIP, e termina quando um

    AIPest seguro no repositrio, incluindo a criao de cpias de segurana.

    A seguir, apresentam-se requisitos gerais a serem cumpridos pelo repositrio, cuja adequao deveser avaliada de acordo com a misso e as necessidades de cada repositrio:

    identificar as propriedades do documento que sero preservadas (ex.: o contedo,layout, tabela de cor, resoluo da imagem, canais de som etc.);

    especificar claramente a informao que deve estar associada ao documento (metadadosassociados) no momento da sua submisso; ter mecanismos para autenticar a origem dos documentos que esto sendo admitidos no

    repositrio, de forma a garantir sua provenincia; ter procedimentos para verificar a integridade do SIP, o que pode ser feito por meio de

    procedimentos automatizados e/ou checagem humana; ter o controle fsico (controle completo dos bits) dos documentos transmitidos com cada

    SIP, a fim de preserv-los; fornecer ao produtor/depositante relatrios do andamento dos procedimentos durante

    todo o processo de admisso; demonstrar em que momento a responsabilidade pela preservao do documento

    submetido (SIP) formalmente aceita pelo repositrio; e ter registros de todas as aes e processos administrativos que ocorrem durante o

    processo de admisso e so relevantes para a preservao.

    No caso de um repositrio para documentos arquivsticos, a definio dos metadados deveobservar o e-ARQ Brasil (nas fases corrente e intermediria) e a NOBRADE (na fase

    permanente).Para a admisso de documentos no repositrio, no caso de transferncia ou recolhimento,devem-se observar os procedimentos indicados na Resoluo n 24, de 3 de agosto de2006, do CONARQ.

    b. Admisso: criao do pacote de arquivamento

    O repositrio deve completar o processo de admisso, criando um pacote de informao apropriadopara arquivamento (AIP), com toda a informao recebida do produtor.

    A fim de garantir que o pacote de informao recebido do produtor, e verificado pelo repositrio,seja convertido para o formato de arquivamento (AIP) e armazenado para preservao de longo

    prazo, um repositrio deve atender os seguintes requisitos: descrever cada classe de informao (texto estruturado, imagem matricial, banco de

    dados, imagem em movimento e outras) a ser preservada pelo repositrio, e como elaest implementada essa descrio deve apontar os componentes-chave do AIP: o

    documento arquivstico, sua informao de representao (informao estrutural esemntica) e as vrias categorias de informao descritiva de preservao (fixidade,provenincia e contexto), e ainda como esses componentes se relacionam;

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    15CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    descrever minuciosamente as diferentes classes de informao e como os AIPs soimplementados, nos casos em que a especificidade daquelas classes exigir aes de

    preservao diferentes (por exemplo, a imagem TIFFque processada por um sistemapode necessitar de aes de preservao diferentes das aes necessrias imagem TIFFque apresentada para o olho humano);

    descrever como os AIPs so construdos a partir dos SIPs, ou seja, apontar todas astransformaes pelas quais passaro os documentos e os metadados submetidos, e osmetadados a serem adicionados no momento da formao doAIP;

    ser capaz de demonstrar se os SIPs foram aceitos e transformados em um AIPsintegralmente ou em parte, ou ainda se foram recusados;

    atribuir aosAIPs, identificadores que sejam nicos, persistentes e visveis aos gestores eauditores, de acordo com padres reconhecidos (por exemplo: Handle System, DOI,

    URN, PURL); no caso de o documento j possuir um identificador nico, a ele atribudo no SIP, o

    repositrio dever mant-lo no AIP, ou criar um outro identificador, que dever serassociado, de maneira persistente, ao do SIP;

    ter acesso a ferramentas amplamente reconhecidas para apoiar o monitoramento doscomponentes digitais dos documentos, tais como diretrios de formatos de arquivos (ex.:

    PRONOMbase de dados com registro de formatos mantida pelo arquivo nacional doReino Unido15) e registros de outras informaes de representao;

    registrar, em um banco de dados local, a informao de representao dos documentosadmitidos, quando essa informao no estiver disponvel nas ferramentas mencionadasno ponto anterior;

    registrar metadados de preservao associados aos documentos admitidos, de maneira aapoiar sua integridade, localizao, legibilidade e provenincia, dentre outros;

    ter procedimentos para testar se os documentos so compreensveis pela comunidade-alvo e, em caso negativo, adequ-los s necessidades dessa comunidade (ex.:documentos voltados para deficientes visuais);

    verificar a completude e a correo de cadaAIPno momento em que gerado, isto , nomomento em que o SIP convertido emAIP;

    ter um mecanismo independente para verificar a integridade do conjunto do seu acervo,ou seja, verificar que todos os documentos previstos foram, de fato, admitidos norepositrio, justificando possveis lacunas; e

    documentar todas as aes relevantes preservao dos documentos e que estorelacionadas criao doAIP.

    c. Planejamento da preservao

    Um repositrio digital deve fazer o planejamento da preservao dos documentos sob sua custdia,a fim de enfrentar os problemas trazidos pela obsolescncia tecnolgica e fragilidade do suporte.Esse planejamento deve ser feito a partir de uma poltica de preservao digital, ser bemdocumentado e incluir:

    estratgias de preservao bem definidas e periodicamente atualizadas, apontando edetalhando cada procedimento a ser adotado, como, por exemplo, a normalizao de

    formatos;

    15 Disponvel em: http://www.nationalarchives.gov.uk/PRONOM/

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    16CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    mecanismos para monitoramento e notificao quando alguma informao derepresentao dos documentos no repositrio estiver se tornando obsoleta ou invivel(ex.: um formato de arquivo que esteja entrando em desuso, um suporte que esteja nofinal de sua vida til);

    mecanismos de mudanas do plano de preservao como resultado do monitoramento; e fornecimento de evidncias sobre a eficcia do plano de preservao.

    d.Armazenamento e preservao / manuteno do AI P

    Um repositrio deve atender a um conjunto de condies para garantir o bom desempenho dapreservao de longo prazo dosAIPs. Tais condies so:

    utilizao das estratgias previstas no planejamento da preservao, que podem servrias e devem ser registradas nos metadados de preservao;

    atender minimamente a dois aspectos da preservao digital os cuidados comarmazenamento (controle dos suportes, dos formatos e da localizao de cpias) e aeventual necessidade de migrao (atualizao de suportes e converso de formatos);

    preservao do documento digital (informao de contedo do AIP) originalmenteadmitido no repositrio e daquele resultante da ltima migrao;

    monitoramento constante da integridade dos AIPs, por meio do registro de metadadosde fixidade e de logsde checagem dessa integridade (por exemplo, checksum); e

    registro de todas as aes de preservao realizadas nosAIPs.

    As migraes podem provocar alteraes na forma e no contedo do documento,

    entretanto, no caso de documentos arquivsticos, no se admite a alterao de contedo.As migraes e quaisquer alteraes da forma documental da decorrentes devem serregistradas como metadados, a fim de apoiar a presuno de autenticidade do documento.

    e. Gerenciamento de informao

    Uma funcionalidade essencial de um repositrio digital confivel o gerenciamento da informao,aqui entendido como a gesto das informaes descritivas (metadados) dos documentos admitidosno repositrio. O principal objetivo desses metadados apoiar o acesso e a recuperao dosdocumentos, e vo alm das informaes descritivas mais usuais (autor, ttulo, data), envolvendooutras informaes descritivas teis aos usurios, tais como tamanho do arquivo disponvel paradownload ou informao sobre a aplicao necessria para ler o arquivo. O gerenciamento dainformao descritiva envolve os seguintes aspectos:

    metadados mnimos que permitam a busca e localizao dos documentos essesmetadados devem ser identificadores conhecidos pela comunidade-alvo de usurios (ex.:nmero de matrcula do servidor pblico, ttulo de livro numa biblioteca, nmero de

    processo); captura ou criao dos metadados mnimos pelo repositrio, durante o processo de

    admisso, e associao desses metadados aoAIPcorrespondente; integridade referencial entre os AIPse sua informao descritiva (metadados), ou seja,

    todoAIPdeve ter uma informao descritiva, e toda informao descritiva deve apontarpara umAIP; e

    permanncia da integridade referencial, mesmo no caso de quebra temporria da relaoentre o AIP e seus metadados descritivos nesse caso, o repositrio deve ser capaz derestaurar a relao rompida.

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    f. Gerenciamento de acesso

    Todo repositrio deve produzir pacotes de disseminao de informao (DIP), atendendo aosseguintes requisitos:

    divulgao, para a comunidade de usurios, das opes disponveis de acesso aosdocumentos e de entrega dos mesmos;

    implementao de uma poltica de registro dos acessos ocorridos que esteja de acordocom as necessidades de controle desses acessos, tanto da parte do repositrio como dos

    produtores dos documentos nele admitidos; concesso de acesso a cada AIP, para os usurios autorizados e da forma devida (ex.:

    autorizao de somente leitura, ou acesso a um nmero limitado de itens por perodo),

    em conformidade com o acordo estabelecido entre o repositrio e o

    produtor/depositante; documentao e implementao de polticas de acesso (identificao e autenticao de

    usurios), em conformidade com os acordos estabelecidos entre o repositrio e oprodutor/depositante essas polticas de acesso podem variar, desde a iseno danecessidade de identificao de usurio at o controle rgido da identificao eautenticao do usurio;

    registro de falhas de controle de acesso (como, por exemplo, um acesso indevidamentenegado) e uso desse registro para avaliar eventuais falhas no sistema de segurana;

    demonstrao de que o processo que gera o DIPatende completamente requisio dousurio (ex.: se o usurio pediu um conjunto de documentos, receber o conjunto

    completo; se ele pediu um documento, receber apenas esse nico documento); demonstrao de que o processo que gera o DIPest correto em relao ao pedido do

    usurio (ex.: se o repositrio oferece imagens nos formatos JPGe PNG, o usurio devereceber, dentre esses, o formato que solicitou);

    demonstrao de que todos os pedidos de acesso resultam em uma resposta de aceitaoou rejeio; e

    garantia da autenticidade dos DIPs, por meio da entrega de cpias autnticas dosoriginais ou da viabilidade de rastreamento auditvel da relao entre o DIPe o objetooriginal para isso, um repositrio deve ser capaz de demonstrar o processo deconstruo doDIPa partir de umAIP.

    II.2.3Tecnologia, infraestrutura tcnica e segurana

    Esses requisitos no prescrevem hardware e software especficos para garantir a preservao delongo prazo dosAIPs, mas apenas descrevem as melhores prticas das reas de gesto de dados esegurana, que devem ser atendidas por um repositrio digital confivel.

    a. Infraestrutura de sistema

    Um repositrio deve possuir uma infraestrutura tecnolgica robusta, de maneira a apoiar aconfiabilidade dosAIPsnele mantidos. Para tanto, deve observar os seguintes aspectos:

    funcionamento do repositrio com base num sistema operacional e outros softwaresde

    infraestrutura que tenham um bom suporte do mercado e da comunidade de usurios; adequao dos processos, do hardware e do software do sistema de backup s

    necessidades do repositrio;

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    18CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    gerenciamento do nmero de cpias de todos os documentos mantidos no repositrio, ea localizao de cada uma delas;

    mecanismos para garantir o sincronismo entre as cpias de um mesmo documento, ouseja, garantir que as mudanas intencionais feitas em uma cpia sejam propagadas paratodas as outras;

    mecanismos efetivos para a deteco de corrupo ou perda de bits; relato dos incidentes de corrupo ou perda de dados eventualmente ocorridos e adoo

    de medidas para reparao ou substituio desses mesmos dados; previso de procedimentos de atualizao de suporte (refreshing) e de migrao

    decorrentes do cumprimento do prazo de vida do suporte ou da obsolescncia doscomponentes de hardware;

    documentao da gesto de mudanas capaz de identificar alteraes em processos

    crticos que afetem a capacidade de o repositrio cumprir com suas responsabilidadesobrigatrias;

    previso de procedimentos para testar o efeito de mudanas crticas no sistema; e ponderao entre os riscos e os benefcios nas decises de atualizao de softwarede

    segurana.

    b.Tecnologias apropriadasO repositrio deve adotar uma tecnologia de hardwaree softwareapropriada para os servios que

    presta, procedimentos para o recebimento e monitoramento de notificaes e para a avaliao danecessidade de mudanas na tecnologia utilizada.

    c.

    Segurana

    A segurana do repositrio no se limita a aspectos de tecnologia, mas abrange tambm instalaesfsicas e aes de pessoas. Os aspectos de segurana incluem:

    anlise sistemtica de dados, sistemas, pessoas e instalao fsica; adoo de procedimentos de controle para tratar adequadamente as necessidades de

    segurana; delineamento de papis, responsabilidades e autorizaes relativas implementao de

    mudanas no sistema; e plano de preveno de desastres e de reparao, que inclua, ao menos, um backup, off-

    site, de tudo o que mantido no repositrio (documentos, metadados, trilhas de auditoria

    etc.), inclusive do prprio plano de reparao.

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    19CONARQ - Implementao de Repositrios Arquivisticos Digitais ConfiveisRDC-Arq / 2015

    III PADRES E NORMAS DE REFERNCIA

    A seguir, so apresentados documentos de referncia para a construo de repositrios arquivsticosdigitais confiveisRDC-Arq.

    Os documentos so bastante variados: documentos que definem modelos ou orientam a certificao de repositrios confiveis; definio de metadados, que podem ser utilizados de acordo com o propsito do

    repositrio; e codificaes, emXML, de metadados e de padres de transmisso.

    III.1 Modelo de referncia OAIS

    FONTES:Reference Model for an Open Archival Information System (OAIS)Magenta Book.Issue 2CCSDS: junho de 2012.Space data and information transfer systemsOpen archival information systemReference model: ISO 14721:2012.Sistemas espaciais de dados e informaesModelo de referncia para um sistemaaberto de arquivamento de informao (SAAI): ABNT NBR 15472:2007.

    O modelo de referncia OAIS (Open Archival Information System16) uma recomendaointernacional desde 2003 (ISO 14721). Trata-se de um modelo conceitual que define um repositriodigital, identificando o ambiente, os componentes funcionais, suas interfaces internas e externas, osobjetos de dados e informaes. No Brasil, foi adaptado e publicado como norma ABNT NBR15472: 2007, sob o ttulo Sistema Aberto de Arquivamento de Informao SAAI.

    Um repositrio que segue a norma OAIS constitudo por pessoas e sistemas com aresponsabilidade de preservar a informao e torn-la disponvel. O modelo aborda questesfundamentais relativas preservao de longo prazo de materiais digitais, independentemente darea de aplicao (arquivo, biblioteca, museu etc.).

    O ambiente do modelo conta com trs entidades externas:

    Produtor o papel desempenhado por pessoas ou sistemas que fornecem a informao aser preservada. Administrador o papel desempenhado por aqueles que estabelecem as polticas gerais

    que governam o repositrio. Consumidor o papel desempenhado por pessoas ou sistemas que interagem com os

    servios OAISpara acessar a informao preservada desejada.

    O OAIS composto por dois modelos: o modelo funcional e o modelo de informao. O modelofuncional delineia as funes que precisam ser desempenhadas por um repositrio OAIS. A figura 1apresenta os componentes funcionais, os pacotes de informao e as entidades externas de umrepositrio digital compatvel com o OAIS.

    16O termo open(aberto) usado para indicar que o modelo de referncia construdo em fruns abertos, e no queo acesso ao arquivo irrestrito.

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    Figura 1Entidades funcionais do OAIS

    Para fins de preservao, o entendimento claro de determinados conceitos central. Assim, nombito do OAIS, esses conceitos so:

    Informao qualquer tipo de conhecimento que pode ser intercambiado,sempre representado por algum tipo de dado;

    Objeto de informao (figura 2) resultante do objeto de dado, que interpretado com o uso da informao de representao; essa informao derepresentao pode ser decomposta em informao semntica e estrutural, como, porexemplo, um texto em portugus (informao semntica) codificado no formato ASCII(informao estrutural).

    Figura 2Informao a partir dos dados

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    O Modelo de Informao do OAISprope o conceito de pacote de informao (figura 3), que formado pela informao de contedo e pela informao de descrio de preservao, encapsuladase identificadas pela informao de empacotamento. A informao de contedo o objeto deinformao (objeto de dado + informao de representao) a ser preservado. A informao dedescrio de preservao a informao necessria para a adequada preservao da informao decontedo, e que pode ser categorizada como informao sobre provenincia, referncia, fixidade econtexto.

    O pacote de informao associado a outras informaes descritivas que vo possibilitar sualocalizao no repositrio.

    Figura 3Conceitos e Relacionamentos do Pacote de Informao

    III.2 Relatrio da Research L ibrary Group (RLG) e da Onl ine Computer L ibrary Center(OCLC)Repositrios digitais confiveis: atributos e responsabilidades

    FONTE:Trusted Digital Repositories: Attributes and Responsibilities RLG-OCLC Report: maiode 2002.

    O relatrio, publicado em maio de 2002, apresenta uma proposta conjunta para a implementao derepositrios de organizaes de cincia e pesquisa, a partir do modelo OAIS. O relatrio estabeleceuas caractersticas essenciais e as responsabilidades para a criao e manuteno de repositriosdigitais confiveis que atendessem aos acervos de instiuies culturais e cientficas, garantindo seuacesso a longo prazo, sua integridade e confiabilidade.De acordo com a OCLC, um dos princpios bsicos de um repositrio digital confivel o dedemonstrar sua capacidade de sustentabilidade, no longo prazo, e de qualificao para o tratamentotcnico dos acervos digitais, em diferentes formatos, alm de contar com uma infraestruturatecnolgica robusta.

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    III.3 Certificao e auditoria de repositrios confiveis: critrios e checklistTRAC

    FONTES:Trustworthy Repositories Audit & Certification: Criteria and Checklist OCLC, CRL,

    NARA: fevereiro de 2007.Space data and information transfer systems Audit and certification of trustworthydigital repositories: ISO 16363:2012.

    O documento apresenta um conjunto de critrios e um checklistque so tomados como refernciapara a certificao de repositrios digitais. Nessa direo, ele oferece ferramentas para auditoria,avaliao e certificao potencial de repositrios; estabelece a documentao exigida para aauditoria; delineia um processo de certificao; e estabelece as metodologias apropriadas para

    determinar a solidez e a sustentabilidade de repositrios digitais.

    III.4 Requisitos tcnicos para entidades de auditoria e certificao de organizaescandidatas a serem repositrios digitais confiveis

    FONTES:Requirements for bodies providing audit and certification of candidate trustworthy digitalrepositoriesMagenta BookCCSDS: novembro de 2011.Space data and information transfer systems Requirements for bodies providing auditand certification of candidate trustworthy digital repositories: ISO/DIS 16919.

    uma recomendao tcnica, criada pelo Consultative Committee for Space Data Systems(CCSDS), que estabelece requisitos para as entidades de auditoria e certificao de repositriosdigitais confiveis. Desde novembro de 2011, encontra-se em fase de desenvolvimento como normaISO/DIS 16919.

    O principal objetivo do documento definir uma prtica sobre a qual devem se basear as operaesde uma organizao que realiza auditorias para avaliar a confiabilidade de repositrios digitais efornecer a certificao apropriada. Nesse sentido, apoia o credenciamento de entidades que prestamtal certificao. As exigncias contidas nesta norma precisam ser demonstradas, em termos decompetncia e confiabilidade, por qualquer organizao ou organismo de certificao de

    repositrios digitais.

    III.5 Metadados de preservaoPREMIS

    FONTE:PREMIS Data Dictionary for Preservation MetadataVerso 2.2: julho de 2012.

    uma norma internacional que apresenta um conjunto bsico (core)de elementos de metadados depreservao para apoiar sistemas que gerenciam objetos digitais. O grupo de trabalho PREMIS

    (Preservation Metadata: Implementation Strategies) tem ampla abrangncia junto comunidadededicada preservao digital, e seu principal documento de referncia o PREMIS DataDictionary for Preservation Metadata.

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    Os metadados definidos noPREMIS Data Dictionary: contribuem para a viabilidade, disponibilidade, clareza, autenticidade e identidade de

    objetos no contexto da preservao digital; representam as informaes sobre os documentos digitais que a maioria dos repositrios

    precisa saber para preservar esses documentos ao longo do tempo; prestam especial ateno aos metadados rigorosamente definidos, com base em

    diretrizes para a criao, gesto e uso, voltados para fluxos de trabalho automatizados; e so tecnicamente neutros, ou seja, no assumem o uso, em particular, de quaisquer

    tecnologias de preservao, estratgias, sistemas de armazenamento, gerenciamento demetadados etc.

    O PREMIS Data Dictionary tambm inclui um modelo de esquema em XML que permite

    incorporar o dicionrio de dados em sistemas de gesto de objetos digitais.A norma mantida pelo Network Development and MARC Standards Office, da Biblioteca doCongresso dos EUA (Library of Congress).

    III.6 Norma Geral Internacional de Descrio ArquivsticaISAD(G)

    FONTE:ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrio Arquivstica: segunda edio CIA: 2000.

    uma norma elaborada no mbito do Conselho Internacional de Arquivos CIA, publicada, pelaprimeira vez, em 1994 e, em segunda edio, em 2000, que estabelece diretrizes gerais para apreparao de descries arquivsticas. Tem, por objetivos, identificar e explicar o contexto e ocontedo de documentos de arquivo, a fim de promover o acesso aos mesmos.

    III.7 Norma Brasileira de Descrio ArquivsticaNOBRADE

    FONTE:Norma Brasileira de Descrio ArquivsticaNOBRADECTNDA / CONARQ: 2006.

    uma norma elaborada pela Cmara Tcnica de Normalizao de Descrio Arquivstica doConselho Nacional de ArquivosCTNDA/CONARQ, publicada em 2006, em conformidade com aISAD(G) e a Norma Internacional de Registro de Autoridade Arquivstica para Entidades

    Coletivas, Pessoas e Famlias ISAAR(CPF). Consiste na adaptao e no simplesmente natraduo das normas internacionais realidade brasileira, visando a facilitar o acesso e ointercmbio de informaes, em mbito nacional e internacional, por meio de descriesconsistentes, apropriadas e autoexplicativas dos documentos arquivsticos.

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    III.8 Metadados do e-ARQ Brasil

    FONTE:Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gesto Arquivstica deDocumentose-ARQ Brasil, v1.1CTDE / CONARQ: dezembro de 2009.

    O e-ARQ Brasil o modelo de requisitos para sistemas informatizados de gesto arquivstica dedocumentos, elaborado pela Cmara Tcnica de Documentos Eletrnicos do Conselho Nacional deArquivos (CTDE/CONARQ) e adotado pelo Sistema Nacional de ArquivosSINAR, por meio dasresolues n 25, de 27 de abril de 2007, e n 32, de 17 de maio de 2010, do CONARQ. O objetivodo modelo orientar a implantao da gesto arquivstica de documentos, fornecer especificaestcnicas e funcionais e metadados para orientar a aquisio e/ou desenvolvimento de sistemas

    informatizados, independentemente da plataforma tecnolgica em que forem desenvolvidos e/ouimplantados.

    A parte II da verso 1.1 do e-ARQ Brasil elenca os metadados a serem associados aos documentos,a fim de apoiar a gesto, a preservao e a presuno de autenticidade dos documentosarquivsticos. A especificao dos metadados considera as seguintes entidades: documento, eventode gesto, classe, agente, componente digital e evento de preservao.

    O e-ARQ Brasil deve ser levado em considerao para a implementao dos repositriosarquivsticos digitais, j que a integrao dos repositrios aos sistemas informatizados de gestoarquivstica de documentos (SIGADs) fundamental para o sucesso das iniciativas de gesto.

    III.9Protocolo para coleta de metadados OAI-PMH

    FONTE:Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting OAI-PMH, Version 2.0 Open Archives Initiative: junho de 2002.

    um protocolo para coleta de metadados que permite a interoperabilidade entre repositrios. Estbaseado nas normas abertasHTTPeXML, e visa a facilitar a disseminao eficiente de contedo. OOAI-PMH17no realiza pesquisas em dados, mas possibilita a reunio dos dados num s lugar.

    III.10Padro de codificao e transmisso de metadados METS

    FONTE:METSMetadata Encoding & Transmission Standard.

    um esquema XML que permite a codificao e o intercmbio dos metadados descritivos,administrativos e estruturais relativos a objetos digitais. Trata-se de um padro para empacotamentoque permite organizar, em um nico arquivo compactado, tanto os dados quanto os metadados.Atualmente, oMETS mantido pela Biblioteca do Congresso dos EUA (Library of Congress), que

    17 Disponvel em: http://www.openarchives.org/OAI/2.0/openarchivesprotocol.htm.

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    mantm um stio oficial.18

    Algumas implementaes do padro OAISutilizam o METSpara estruturar os pacotes SIP, AIPeDIP. Alm disso, alguns repositrios digitais utilizam oMETSpara intercmbio de objetos.

    A estrutura de um pacote METS definida por um modelo que detalha os elementos para aestruturao de um objeto digital. Basicamente, um pacote METS possui, obrigatoriamente, umcabealho (header) e at seis sees, que abrangem os metadados descritivos, os metadadosadministrativos, a lista de arquivos do pacote, seus relacionamentos e comportamento.

    O METS neutro em relao aos formatos de metadados encapsulados no pacote digital. Dessaforma, necessrio que se defina como o pacote digital ser estruturado, estabelecendo os formatosde metadados que sero utilizados. Essa configurao-padro denominada perfil de aplicao.

    Como boa prtica, deve-se, antes de criar uma novo perfil para um determinado repositrio,pesquisar se os perfis existentes atendem aos requisitos desejados.

    III.11Descrio arquivstica codificada EAD

    FONTE:EADEncoded Archival Description: dezembro de 2002.

    Trata-se de uma codificao desenvolvida e utilizada para a descrio de metadados arquivsticosbaseados na linguagem de marcao XML. O projeto, iniciado na Universidade da Califrnia em

    1993, teve como base o padro MARC (machine-readable cataloging), dando origem EAD.DTD, que foi publicada, em sua verso 1.0, em 1998, e consolidada em dezembro de2002.19 A verso vigente atualiza e incorpora metadados relacionados aos padres de metadados

    MARC,ISAD(G)eDublin Core.

    A EAD permite a descrio, estruturao e interoperabilidade dos metadados arquivsticosreferenciais, que, quando associados ao XML, possibilitam a decodificao e a apresentao dasinformaes referenciais de forma estruturada aos usurios. O padro EAD, atualmente, mantido

    peloNetwork Development and MARC Standards Officeda Biblioteca do Congresso dos EUA, emparceria com a Society of American Archivists.

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