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REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: A ORGANIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DOS PROCESSOS ELEITORAIS. (SISTEMAS PARTIDÁRIOS E ELEITORAIS NO BRASIL)

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REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: A ORGANIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DOS PROCESSOS

ELEITORAIS. (SISTEMAS PARTIDÁRIOS E ELEITORAIS NO BRASIL)

REPRESENTAÇÃOprocedimento pelo qual se faz com que “algo que não esteja presente se ache de novo presente”; “ato de fazer presente alguém que está ausente”.

Tem três significados, em campos distintos:

a)no Direito: significa um mandato delegado a alguém para que cumpra uma função específica dentro de limites previamente estabelecidos pelo mandante. Como o mandatário exerce ou manifesta a vontade de quem lhe outorgou poderes, é um simples executor da vontade alheia que lhe é imperativa. Exemplo: a procuração que alguém outorga a seu advogado para representa-lo juridicamente.

b)na Sociologia: significa “representatividade”, uma condição que, por similitude, exprime os requisitos gerais de um conjunto, espelhando-o. É uma faculdade intrínseca e não atribuída por alguém. Exemplo: quando dizemos que alguém representa sua classe social, significa que a pessoa tem as mesmas características da classe social a que pertence.

c)na Ciência Política: refere-se a uma relação de confiança, pela qual um agente é um executor dotado de autonomia e, portanto, responsável perante aos seus constituintes. Porém, aquele que exerce o mandato eletivo não está vinculado à vontade dos que lhe outorgam os poderes de representação.

• José Antônio Giusti Tavares : "a representação política é uma relação entre o conjunto dos cidadãos que integram uma comunidade política nacional e os seus representantes, na qual os primeiros, enquanto comitentes e constituintes, autorizam os últimos a tomarem as decisões que obrigam em comum e universalmente a todos, nelas consentindo por antecipação e assumindo, cada um, todas as consequências normativas derivadas das decisões do corpo de representantes como se as tivesse efetiva e pessoalmente adotado, e na qual, por outro lado, cada um dos representantes se obriga a tornar efetivos, no corpo legislativo, ao mesmo tempo os valores fundamentais e comuns da ordem política e as concepções particulares acerca do interesse e do bem públicos daquele conjunto especial de constituintes que, com sua confiança, concorreram para a consecução de seu mandato.”

• O modelo dominante de representação política nas democracias contemporâneas, cristalizado nos séculos XVIII, XIX e XX, definiu o legislativo como lócus da representação, vinculando políticos eleitos, eleições e eleitores, e, mais tarde, partidos políticos de massas como instâncias de mediação e ordenação da relação entre representantes e representados.

• Essa configuração do sistema de representação política, expressa como “governo representativo”, define claramente: quem representa (o político), mediante que mecanismos é autorizado a representar e a que tipo de sanção ou controles estará submetido (as eleições), quem é representado (o eleitor) e, ainda que de forma vaga, qual o conteúdo ou mandato a ser representado (programa, promessas de campanha).

• Hanna Pitkin vários conceitos• Representação simbólicaos representantes são

símbolos do corpo político.• Representação VirtualIdentidade de interesses

entre os que escolhem os representantes e os que não o fazem.

• Representação Autorizativa (Hobbes; Weber)os representados “autorizam” o representante a agir em seu nome e se tornam responsáveis pelas suas ações.

• Questão fundamental : a quem o representante deve o fidelidade? Ao povo, à nação, ao partido, à circunscrição eleitoral? Até onde deve ir sua independência e conseqüente capacidade de divergir de seus eleitores e de sua agremiação partidária?

Mandato eletivo significa o espaço de tempo no qual um agente, escolhido mediante processos eleitorais, é designado e exerça, em caráter provisório, um cargo ou função pública.

A representação política é um sistema institucionalizado de controle e responsabilidade política, que expressa um vínculo entre os governados e os governantes pelo qual estes agem em nome daqueles e devem trabalhar pelo bem ou interesse dos representados e não pelo próprio bem ou interesse.

Há três teorias que visam a esclarecer sobre a natureza do mandato eletivo, abordadas a seguir: 1 – Teoria do mandato imperativo A origem do mandato imperativo encontra-se no fim na Idade Média, quando os mandatários assumiam essa função pela delegação das corporações de ofício, dos burgos ou dos locais de origem. O mandato imperativo se assemelhava ao conceito do contrato de mandato do direito privado, por meio do qual, o mandatário deve seguir estritamente as determinações e os poderes outorgados pelo mandante, no instrumento do mandato, qual seja, a procuração. Os representantes eleitos pela população eram meros mandatários da vontade popular, estando impedidos de tomar quaisquer decisões na esfera política. Agiam como meros procuradores, sendo necessária a ratificação prévia da população para que os seus atos pudessem ser validados.

ROUSSEAU foi o principal pensador que defendia o mandato imperativo, uma vez que considerava o povo o único soberano e a sua vontade era a expressão viva da soberania, sendo certo que ninguém poderia almejar em suprimir a vontade soberana do povo, salvo o próprio povo.

E. BURKE:“O Parlamento não é um congresso de embaixadores de interesses diferentes e hostis; de interesses que cada qual tivesse que manter como agente e advogado, contra outros agentes e advogados; mas é o parlamento uma assembléia deliberativa de uma nação, com um interesse, o do todo; que se não deve guiar por interesses locais, preconceitos locais, mas pelo bem comum, oriundo da razão geral do conjunto.”

P.BONAVIDES Nos governos da democracia semidireta, é possível argumentar que o mandato seja imperativo, não somente por exigências morais ou políticas. A regra constitucional que prescreve a revogação do mandato, em certos casos, mediante o recall ou o Abberufungsrecht admite juridicamente o mandato imperativo.

2 – Teoria do Mandato representativo

Com o surgimento da teoria da representação política o mandato eletivo passou a ser visto como um instituto de direito público, divorciando-se por completo da sua origem privada.

A representação política passou a se apresentar como uma relação fiduciária, na qual o representante tem autonomia para buscar o melhor interesse dos representados, tendo, portanto, um mandato independente.

Também é chamado de mandato representativo, no qual se pretende representar toda a Nação, o representante “podendo deliberar livremente”.

Teoria do Mandato representativo

Formalizou-se primeiramente na Constituição Francesa de 1791, pela qual os representantes eleitos pelos departamentos não seriam mais representantes de nenhum departamento em particular, mas sim de toda a nação.

• A teoria do mandato representativo pressupõe a passagem da soberania nacional para o órgão representativo, sendo certo que os representantes não estão obrigados a cumprir fielmente as diretrizes estabelecidas pelos representados.

• No Brasil vigora o princípio do mandato independente ou mandato representativo

3 – Teoria do Mandato partidário

O mandato partidário surgiu do conceito de democracia partidáriadefendida pelo jurista e filósofo Hans Kelsen (1881-1973, Áustria) naqual o partido político é visto como centro do direito público.

Kelsen defende a ideia de que no “Estado de Partidos” os eleitoresnão escolhem os candidatos ao mandato eletivo e sim votam em umaideologia política, um programa partidário.

Nesta perspectiva, o mandato eletivo está diretamente ligado aoprincípio da fidelidade partidária, que se funda na possibilidade dadecretação da perda do mandato daquele candidato eleito por umaagremiação partidária, que mudar injustificadamente de partido, apósas eleições.

Teoria do Mandato partidário

Manoel Gonçalves Ferreira Filho na perspectiva dademocracia partidária, o partido passa a ser a peça chave daestrutura democrática, sendo o verdadeiro responsável pelasbases políticas e indispensável para a eleição dos representantespolíticos.

Daí porque, para que um cidadão possa se candidatar ao cargoeletivo, ele precisa estar devidamente filiado a uma agremiaçãopartidária. No Brasil, não se admite a candidatura avulsa e o STFjá estabeleceu que o mandato pertence ao partido e não aoeleito.

SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

Sistemas Eleitorais são conjuntos de regras que ordenam o processo eleitoral e permitem definir , através do número de votos, quem deve ocupar os cargos ou postos em disputa.

Referem-se a: fórmula eleitoral (formas de contabilização dos votos), estrutura da votação (voto em candidato ou em partido ou ambos; escolha única ou ordenação de preferências), número e natureza dos postos ou cadeiras em disputa, periodicidade das eleições, número de candidatos que cada partido pode apresentar para cada cargo, o tamanho do distrito eleitoral (a quantidade de representantes que um determinado distrito pode eleger), etc.

O sistema eleitoral funciona como a regra de um jogopolítico no qual cada partido ou candidato deseja obtero maior número de votos para se eleger influenciaas decisões dos diversos agentes políticos envolvidos.

Questões

De que maneira cada sistema eleitoral facilita oudificulta a resolução de conflitos entre líderes departidos?

Qual a efetiva influência do partido sobre os indivíduoseleitos por este mesmo partido?

O sistema estimula o individualismo ou a vinculaçãoaos ideais partidários?

Qual a influência que determinado sistema tem sobre afidelidade partidária?

Tipos de sistemas eleitorais

a) sistemas de pluralidade ou maioria,

b) sistemas proporcionais e

c) sistemas mistos.

SISTEMAS MAJORITÁRIOS

O princípio dos sistemas majoritários, de pluralidade ou de maioria baseia-se na noção básica de maioria:

Realizada a votação e os votos contabilizados, os candidatos ou partidos com mais votos são declarados

vencedores.

Privilegiam o aspecto territorial, em detrimento da diversidade de interessesa determinação do

candidato vencedor refere-se ao número de votos obtidos no distrito eleitoral a que está vinculado o candidato. Exemplo: Senador, Governador, Prefeito

Há diversos tipos de maioria.

Maioria SimplesÉ a forma mais tradicional: O candidato vencedor éaquele que obtém mais votos, mesmo se não obtiver a maioriaabsoluta de votos válidos.

Normalmente a opção para o eleitor é única, com distritos demagnitude um – ou seja, para aquele distrito eleitoral só há umrepresentante – e os eleitores votam em candidatos em vez devotar em partidos políticos.

Lei de Duverger Se for aplicado a todos os cargos por muitotempo induzirá ao bipartidarismo A aglutinação detendências opostas tende a ocorrer de modo que minoriaspróximas se fundem na busca de uma maioria. Forma-se umapolarização dos pontos principais da sociedade levando aexistência de dois macro-partidos.

Sistema Segunda Votação ou Segundo Turno

É um sistema majoritário no qual, se nenhum candidatoalcançar uma determinada porcentagem sobre o total devotos, ocorre uma segunda eleição.

Geralmente esse patamar é o da maioria absoluta naprimeira votação, como no caso brasileiro.

No Brasil, o acesso à segunda votação não tem comocritério o percentual de votos atingidos, mas sim o númerode candidatos: somente os dois mais votados no primeiroturno vão a segunda votação.

Na França, caso exista segundo turno, todos os candidatoscom mais de 12,5% (doze e meio por cento) dos votospodem concorrer novamente.

Sistema Majoritário

É o sistema adotado pelo Art. 77, §§ 2º e 3º, da CF/88, para aeleição do Presidente da República. Em virtude da simetriafederativa é adotado ainda nas eleições para Governador ePrefeito.

Sistema de Segunda Votação ou Segundo Turno

O Brasil adota o sistema de segundo turno para a presidência daRepública, para os governos estaduais e para os governos dosmunicípios com mais de 200.000 (duzentos mil habitantes),tendo em vista a necessidade de maioria absoluta em primeiraeleição.

Sistema Majoritário Brasileiro

O Brasil adota este sistema na forma mais simples para eleição dosSenadores, havendo uma alternância na magnitude do distrito em cadaeleição – alternância entre um e dois representantes em cada eleição.

No caso do Senado e no caso das prefeituras dos municípios com menos de200.000 (duzentos mil habitantes), adota-se o sistema majoritário puro: Nãohá segundo turno.

Apesar das vantagens já apontadas de um sistema majoritário, o mesmo estásujeito a diversas distorções, especialmente num sistema onde a preferênciados eleitores se concentra na pessoa dos candidatos como é o caso brasileiro.

Sistema de Voto em BlocoNormalmente é aplicado em distritos com mais deum representante. O eleitor poderá votar em tantoscandidatos quantas forem as vagas em disputa,sendo eleitos os mais votados.

Sistema do Voto em Bloco PartidárioOs partidos apresentam a lista de candidatos e oeleitor vota uma só vez, em uma das listas. Opartido mais votado elege todos os representantesdo distrito. Esse sistema favorece uma identificaçãodo eleitor com um partido, ou seja, com uma pautapolítica.

Sistema de Voto Único Não Transferível

Cada partido apresenta tantos candidatos quantas forem asvagas existentes. O eleitor vota em apenas um candidato.Os mais votados são eleitos. Este sistema guarda relaçãocom o anterior, porém o foco deixa de ser o partido e passaa ser o candidato.

Sistema do Voto Alternativo

O eleitor recebe uma cédula onde terá de preencher assuas opções de candidato, por ordem de preferência. Casonenhum candidato alcance metade dos votos, eliminar-se-áo candidato com menor número de primeiras opções,sendo seus votos redistribuídos pela segunda opção, emprocesso sucessivo, até que alguém alcance aquelepatamar.

SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL

Os sistemas de representação proporcional sãoconcebidos para gerar uma proporcionalidadecorrespondente entre os votos de determinadopartido e a quantidade de vagas parlamentares.

Quanto maior o número de cargos a preencher emdeterminado distrito eleitoral e quanto menor opatamar requerido para representação nalegislatura, mais proporcional seráo sistema eleitoral e maiores as probabilidades depequenos partidos minoritários obteremrepresentação.

Sistema de Representação Proporcionalutilizado para cargos que se caracterizam por um grande número de cadeiras em disputa.Privilegia a expressão da diversidade de interesses da população dentro de um distrito eleitoral. Usa-se geralmente para a Câmara Baixa, as Assembléias estaduais e Câmaras municipais: Deputados federais, deputados estaduais e vereadores.

Sistema proporcional Um candidato pode se eleger com votos de qualquer lugar do seu distrito. O que determina quantas cadeiras cada partido terá é a soma da votação de legenda e da votação nominal dos candidatos do partido. Os mais votados ocupam as vagas.

Apresenta duas variantes:

Sistema do Voto Único Transferível

No sistema de voto único transferível, concebido pelojurista Thomas Hare em 1859, em cada distrito os eleitoresordenam sua preferência na cédula, independente dopartido de cada candidato. São eleitos oscandidatos que cumprirem uma quota determinada paracada distrito.

Após este primeiro momento transfere-se os votosrecebidos além da quota proporcionalmente à segundapreferência dos eleitos. Se ainda assim essa transferêncianão for suficiente para outros candidatos atingirem aquota, os menos votados transferem todos os seus votos,proporcionalmente, para os demais – e assimsucessivamente, até que se preencha todas as cadeiras.

Sistema Representação Proporcional de Lista

Em 1880, o belga Victor Hondt, crítico do sistema majoritário, propôs uma nova forma de representação proporcional, a de lista. Sistema de Listacada partido apresenta uma lista de candidatos; as cadeiras no Parlamento são distribuídas entre os partidos de acordo com o porcentual de votos recebido por cada um deles. Essa é a forma geral. Mas algumas regras particulares podem tornar o sistema mais complexo, como a fórmula para a distribuição de cadeiras, a de exclusão, regras para a seleção de candidatos da lista e a possibilidade de os partidos fazerem coligações

TIPOS DE LISTAS

a) listas abertas; b) listas livres; c) listas fechadas e d) listasflexíveis.

Lista aberta o eleitor pode votar em qualquer um doscandidatos de qualquer partido. Os partidos não poderãoestabelecer ordem de preferência para seus próprioscandidatos. A soma dos votos em todos os candidatos deum partido é a base de cálculo para a divisão proporcionaldas cadeiras. Serão eleitos os mais votados. Exemplo:Brasil, Chile, Finlândia, Peru e Polônia.

Lista livre o eleitor pode votar ou em um partido (e nestahipótese seu voto valerá para todos os candidatos da listapartidária) ou em diversos candidatos, podendo votar emtantos candidatos quantas sejam as vagas.

Lista fechadaO eleitor vota no partido, que previamenteestabelece a ordem dos candidatos. A lista apresentada aoeleitor é definida em convenção partidária, pela ordem dapreferência do partido. Essa ordem será utilizada parapreencher as cadeiras de acordo com a votação delegenda que for obtida por aquele partido. Se após a aplicaçãodo quociente eleitoral se verificar que o partido preencheu trêscadeiras, estas serão ocupadas pelos três primeiros candidatosda lista.

Listas flexíveis são uma conciliação entre as listas abertas e asfechadas. Nas listas flexíveis, pode ser facultado ao eleitor, porexemplo, efetuar dois votos: Um voto na legenda, a ser apuradocomo lista fechada; e um voto em candidato, a ser apuradocomo uma lista aberta.

No Brasil, usa-se o sistema de lista aberta, que permite que o eleitor escolha o candidato ou dê o voto na legenda.

O voto partidário é contado no cálculo das cadeiras que cabem à legenda, mas são os candidatos mais votados, pela ordem, que ganham o mandato parlamentar.

No sistema brasileiro também é permitida a coligação nas eleições proporcionais, isto é, se cinco partidos estiverem coligados, a contagem de cadeiras será feita como se a coligação fosse um único partido. Nessa aliança, são eleitos os mais votados.

Sistema Proporcional BrasileiroNo Brasil, o sistema proporcional é adotado nas eleições

para deputado federal, deputado estadual e vereador. Está disciplinado nos arts. 105 a 113 do Código Eleitoral.

O procedimento é o seguinte:• 1) primeiro, se somam os votos válidos obtidos pelos

partidos e seus candidatos;• 2) divide-se o total pelo número de cadeiras a

preencher, obtendo-se assim o quociente eleitoral;• 3) divide-se os votos de cada partido ou coligação pelo

quociente eleitoral, obtendo-se assim o número de cadeiras a que terá direito o partido;

• 4) as cadeiras serão preenchidas pelos candidatos em ordem de sua maior votação dentro de cada partido.

Exemplo:

Partido/Coligação A: 1.900 VOTOS

Partido/Coligação B: 1.350 VOTOS

Partido/Coligação C: 550 VOTOS

Partido/Coligação D: 2.250 VOTOS

TOTAL DE VOTOS VALIDOS (LEI Nº 9.604/97) = 6.050;

VAGAS A PREENCHER= 9

QE= VOTOS VÁLIDOS / Nº VAGAS = 6.050 dividido por 9 = 672,22= 672 (DESPREZA-SE A FRAÇÃO)

Exemplo:

Logo, apenas os partidos/coligações A,B e D, conseguiram atingir o quociente eleitoral e apenas esses terão direito à distribuição de vagas, ficando assim dispostas:

Partido/Coligação A: 1.900/672 = 2,8273... quocientes (2 vagas garantida para A)

Partido/Coligação B: 1.350/672 = 2,0089... quocientes (2 vagas garantidas para B)

Partido/Coligação C: 550/672 = 0,8184... quociente (não atingiu o quociente, sem direito a vaga)

Partido/Coligação D: 2.250/672 = 3,3482... quocientes (3 vagas garantidas para D)

O PROBLEMA DAS SOBRASPara dividir a sobra (no exemplo, 2 vagas), divide-se o número (parte inteira e fracionária) de quocientes pelo número de vagas conseguidas + 1, exemplo, a coligação X alcançou 5,5 quocientes, já tem 5 vagas garantidas, divide-se 5,5 por 6 (6 seria o número de vagas pretendidas) = 0,91666... Continuando o exemplo:

1º vaga da sobra a ser preenchidaPartido/Coligação A: 1.900/672 = 2,8273 / 3 = 0,9424 (constitui a maior fração, ganha a 1º vaga da sobra)Partido/Coligação B: 1.350/672 = 2,0089 / 3 = 0,6696Partido/Coligação C: 550/672 = 0,8184... quociente (não atingiu o quociente, sem direito a vaga)Partido/Coligação D: 2.250/672 = 3,3482 / 4 = 0,83705

O PROBLEMA DAS SOBRAS

2º vaga da sobra a ser preenchidaPartido/Coligação A: 1.900/672 = 2,8273 / 4 = 0,7068Partido/Coligação B: 1.350/672 = 2,0089 / 3 = 0,6696Partido/Coligação C: 550/672 = 0,8184... quociente (não atingiu o quociente, sem direito a vaga)Partido/Coligação D: 2.250/672 = 3,3482 / 4 = 0,83705 (constitui a maior fração, ganha a 2º vaga da sobra)

Ficando assim as vagas distribuidas:Partido/Coligação A: 3 vagasPartido/Coligação B: 2 vagasPartido/Coligação C: 0 vagasPartido/Coligação D: 4 vagas

Sistema Proporcional Brasileiro

O art. 5.º da Lei n. 9.504/97, alterando o art. 106 do Código Eleitoral (lei 4.737, de 15 de Julho de 1965), excluiu do conceito de votos válidos os votos brancos e os votos nulos.

Caso nenhum partido venha a atingir o quociente eleitoral, as vagas serão preenchidas pelos candidatos mais votados, independentemente do partido.

Sistema Distrital

No sistema distrital, cada estado é dividido em um número de distritos equivalente ao de cadeiras no Legislativo. Os partidos apresentam seus candidatos e ganha o mais votado em cada distrito (regra majoritária).

A condição básica para dividir o mapa é que cada área tenha um número equivalente de eleitores. Os distritos do podem abranger vários municípios pequenos, ou grandes municípios podem ser divididos em vários distritos.

Sistema Distrital Mistoos estados são divididos num número de distritos equivalente à metade do número de vagas no Legislativo. Metade dos deputados é eleita pelos distritos e metade, por listas de candidatos feitas pelos partidos.

Os nomes e a ordem de preferência na relação são definidos nas convenções de cada partido. Quanto mais votos de legenda um partido tiver, mais vagas poderá preencher com os candidatos eleitos pelos distritos. Se eles forem insuficientes para preencher todas as vagas, chega a vez dos que estiverem na lista.

SISTEMAS MISTOS

Os sistemas mistos combinam sistemas eleitorais,para que o sistema proporcional equilibre a parte majoritária, e a partemajoritária aumente a capacidade dos eleitores monitorarem os seusrepresentantes.

JAIRO NICOLAUDois tipos: de combinação e de correção.

Sistema de combinação: uma parte das cadeiras é preenchida pelo votoproporcional, a outra pelo majoritário. Em alguns países, o eleitor tem direito adois votos, um no candidato distrital e outro no partido, e este é utilizado paradivisão das cadeiras preenchidas pelo critério de proporcionalidade. Em outrospaíses, o eleitor vota somente no candidato que concorre no distrito. Nesse caso,as cadeiras proporcionais são distribuídas de acordo com o total de votos dadosao partido.

Sistema de correção: O eleitor tem direito a dois votos: um no candidato dodistrito, outro na lista partidária. O voto dado na lista é a base para cálculo donúmero de cadeiras obtidas pelos partidos no sistema proporcional.

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO

Representação partidária

Um partido político é um grupo organizado formal e legalmente constituída, com base em formas voluntárias de participação, em uma associação orientada para influenciar ou ocupar o poderpolítico em um país determinado.

Além das suas funções de canalizar a participação, agregar interesses, selecionar lideranças, transmitir o questionamento político da sociedade, o que efetivamente diferencia os partidos políticos modernos de todas as demais instituições de mobilização política é a sua função de preenchimento de cargos públicos por meio da competição eleitoral

Os partidos políticos desempenham também outras funções:

Agregar e exprimir a diversidade dos interesses dos cidadãos;

Materializar a representação nos sistemas políticos representativos;

Intermediar perante o Estado, os diversos interesses da sociedade;

Organizar e canalizar a participação;

Selecionar e desenvolver lideranças políticas;

Suscitar e transmitir o questionamento político da sociedade.

Origem dos Partidos PolíticosNa Grécia e Roma antigas, dava-se o nome de partido a um grupo de seguidores de uma ideia, doutrina ou pessoa.

Inglaterra, no século XVIII, que se criaram pela primeira vez, instituições de direito privado, com o objetivo de congregar partidários de uma ideia política dentro do parlamento reconhecimento da sociedade como dividida, fragmentada.

A ideia de organizar e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no mundo todo, a partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da revolução francesa e da independência dos Estados Unidos.

WEBERum partido político é uma associação que visa a um fim deliberado, seja ele objetivo - como a realização de um plano com intuitos materiais ou ideais - seja ele pessoal, isto é, destinado a obter benefícios, poder e glória para seus chefes e seguidores, ou voltado para todos esses objetivos conjuntamente.

Aspectos:

caráter associativo

ação voltada para a conquista do poder político em uma comunidade;

multiplicidade de estímulos e motivações da ação política;

finalidades objetivas ou pessoais, ou ambas

Max Weber Partido de notáveis pretendiam agregar membros que tivessem relevo na

sociedade, os seus “notáveis”. Poderiam ser médicos, professores universitários, gentes abastadas ou clérigos que não considerassem a política como a sua principal função, meio de subsistência. Era um tipo de partido estritamente parlamentar e aristocrático, que tinha uma estrutura organizacional informal e incipiente. Considerava-se que o estatuto do “notável” ou a sua capacidade econômica eram os fatores de atração da confiança dos eleitores.

Maurice DUVERGER tipologia clássicaPartidos de Quadros ou de Notáveisoriginários das facções que atuavam dentro do parlamentoCaracterizam-se pela priorização de cooptação de figuras conhecidas no meio político social, pessoas ilustres, portanto, de individualidades com certa identidade de opiniões, que se reúnem para preparar eleições; por isso são partidos flexíveis, sem disciplina rígida e pouco estruturados, em que predomina a preocupação com a qualidade dos seus membros efetivos e não com a quantidade.Objetivo do partidoconquistar o poder político mediante a conquista dos notáveis que controlavam as políticas públicas, eram capazes de gerir a máquina administrativa ou controlavam consideráveis recursos políticos ou econômicos

Partidos de Massasaparecem numa fase histórica de consolidação do sufrágio universal, com a abolição ou fragilização dos critérios censitários de voto, à medida que o eleitorado se alargou e os cidadãos mais passivos do regime liberal se tornavam mais reivindicativos e participantes na vida pública. Formaram-se como amplas camadas de aderentes e de militantes, com programas definidos, centralizados, disciplinados; e procuravam recrutar e formar o máximo de militantes ativos, vivendo das secções de base territorial. O partido de massas assumiu, ao longo da história, três tipos fundamentais: o tipo socialista, o tipo comunista e o tipo fascista. Objetivo do partidorecrutar e formar o maior número de militantes, a fim de difundir sua ideologia, valores e instrumentalizar a ação política de massas.

MAURICE DUVERGEREstabelece uma distinção principal quanto à origem dos partidos modernos: a)Os partidos de origem interna são aqueles que possuemorigem eleitoral e parlamentar. Nascem e se desenvolvem com ademocracia, isto é, com a extensão das prerrogativasparlamentares e do sufrágio popular.

b)Os partidos que foram gerados fora do mecanismo eleitoral eparlamentar, que possuem “origem externa”, são “partidos decriação exterior”, essencialmente estabelecidos por umainstituição preexistente, cuja atividade própria situa-se fora daseleições e do parlamento: sociedades de pensamento,agrupamentos profissionais de camponeses, agrupamentosreligiosos, associações de antigos combatentes, sindicatos eagrupamentos industriais e financeiros. Tem um caráter maiscentralizado, disciplina e coerência mais fortes, preponderânciados dirigentes internos (e não dos eleitos) e um pouco dedesapego, até de desconfiança, em relação ao jogo parlamentar

OUTRAS TIPOLOGIAS:

Partido catch-all ou pega-tudo. São partidos que se aproximam do centro político do espectro ideológico, onde se concentra o maior número de eleitores, a fim de se tornarem atraentes à maioria. Se a maioria tiver preferência indefinida, o partido também o terá, a fim que conquistar seu apoio.

Partidos Especializadosorganizados com base na adesão compulsória dos membros de determinadas categorias, profissionais, religiosas, ou outras.

Partidos Totalitários são partidos fortemente ideológicos, que buscam instituir um regime totalitário com absoluto controle de todas as esferas da vida pública e privada, ordenando verticalmente a sociedade e eliminando toda forma de competição partidária. Forte ideologia e disciplina. Ex: partido facista, nazista, bolchevista

SISTEMA PARTIDÁRIODIVERSAS DEFINIÇÕES

conjunto estruturado, formado pelas relações, ora de oposição, ora de cooperação, entre os partidos políticos em uma sociedade política.

refere-se às características de competição e cooperação entre várias unidades que disputam o poder político através do voto, e as formas e modalidades desta competição.

qualquer sistema que legitime a escolha de um poder executivo através de votações e que abranja eleitores, um ou mais partidos e uma assembleia.

Giovanni SARTORIo sistema partidário resulta da combinação de 4 grandes fenômenos:

1-a organização interna dos partidos, incluindo as relações entre dirigentes, membros, aderentes, eleitores, massas;

2-relações entre diferentes forças, tendências e projetos, bem como as clivagens sócio-políticas relevantes que dividem a sociedade;

3-a natureza da competição eleitoral e parlamentar entre os partidos (sistema eleitoral)

4-as relações entre os partidos quanto à participação de cada um no mercado eleitoral e no exercício da representação política do Governo.

QUESTÃO: COMO CONTAR QUANTOS PARTIDOSEXISTEM? INDICE DE PARTIDOS EFETIVOS

O índice de partidos efetivos (de Laakso e Taagepera) éuma medida para obter um número ajustadode partidos políticos no sistema partidário de um país epoder avaliar a fragmentação do sistema partidário.

A ideia subjacente a esta medida é contar os partidos e,ao mesmo tempo, ponderar esta contagem pela suaforça relativa.

A força relativa se refere à sua parte nos votos ("númeroefetivo de partidos eleitorais") ou sua parcela decadeiras no parlamento ("número efetivo de partidosparlamentares").

INDICE DE PARTIDOS EFETIVOS

O número total de partidos é igual ao número departidos efetivos somente quando todos os partidostêm igual força.

Em todos os outros casos, o número de partidosefetivos é inferior ao número total de partidos.

Há duas alternativas principais para medir o númerode partidos efetivos: O índice de John K. Wildgen,de "hiperfracionalização" atribui um peso especialaos pequenos partidos. E o índice Juan Molinar, quedá um peso especial para o maior partido.

TIPOLOGIA DOS SISTEMAS PARTIDÁRIOS

MAURICE DUVERGER:

a)Sistemas Unitários possuem um só partidos político, como nos regimes facista, nazista e comunista.

b)Sistemas Bipartidáriosaqueles em que o exercício do poder se reveza entre dois partidos

c)Sistemas Pluripartidáriosvários partidos disputam e se sucedem no exercício do poder político.

TIPOLOGIA DOS SISTEMAS PARTIDÁRIOS

GIOVANNI SARTORI

A-SISTEMAS PARTIDÁRIOS MONISTAS

NÃO COMPETITIVOS

Sistemas de partido único: formalmente só pode haver um partido; geralmente ocorrem em regimes totalitários.

Sistemas de partido hegemônico: formalmente o sistema é multipartidário, mas um só partido conquista e mantém, por longo período, a maioria absoluta da representação no Parlamento e controla o Governo. Nenhum outro partido possui potencial de governo ou de coalizão para ameaçá-lo. Ex. o PRI no México.

B-SISTEMAS PARTIDÁRIOS PLURALISTAS COMPETITIVOS

1-Sistemas Bipartidáriossubdividem-se em:

1.1-Bipartidarismo estritoapenas dois partidos conseguem governar sozinhos, sem recorrer a uma coalizão, mesmo que formalmente existam vários partidos.Ex: EUA

1.2-Sistema de dois partidos e meioapenas dois partidos conseguem conquistar o poder e se tornar governo, mas para isso dependem do apoio de um terceiro partido, sensivelmente menor e incapaz de vencer, por si mesmo, eleições gerais, o que lhe permite decidir qual dos dois grandes partidos efetivamente conquistará o governo.

2-Sistemas Multipartidáriosocorrem quando existem 3 ou mais partidos políticos realmente competitivos na disputa pelo poder num sistema político. Variedades

2.1-Multipartidarismo limitado e moderadoquatro ou cinco partidos relevantes competem pelas preferências majoritárias do eleitorado, apresentado pouca distância ideológica, baixo radicalismo, orientando-se em direção ao centro (dinâmica de competição centrípeta). Tendem a formar duas coalizões, uma de governo e uma de oposição.

2.2-Multipartidarismo extremo e polarizadomais de cinco partidos disputam as preferências da maioria dos eleitores, com grande distância e polarização ideológica, uma dinâmica de competição centrífuga levando à instabilidade governamental.

2.3-Multipartidarismo atomizadoa constituição e alternância do governo via partidos torna-se inviável devido a extrema fragmentação do sistema e à inconsistência de qualquer coalizão que se forme.

RELAÇÕES ENTRE SISTEMAS PARTIDÁRIOS E SISTEMAS ELEITORAIS

Leis de M. Duverger:1-O sistema uninominal(majoritário) facilita o bipartidarismo e dificulta o multipartidarismo.2-Os sistemas proporcionais facilitam o multipartidarismo.

EM SÍNTESE:O sistema eleitoral majoritário favorece a concentração partidária, enquanto o proporcional facilita a proliferação dos partidos.

Quando o sistema eleitoral produz uma forte dinâmica de fragmentação e proliferação partidária admitem-se medidas de correção: “Cláusulas de barreira”, de desempenho ou de exclusão.

País Cláusula%

Forma de Utilização

Alemanha 5 Em nível nacional ou ganhar em 3 distritos

Argentina 3 Na circunscrição eleitoral*

Dinamarca 2 Em nível nacional para participar do 2º. turno

Espanha 3 Na circunscrição eleitoral

Israel 1,5 Em nível nacional

Itália 4 Em nível nacional

Japão 4 Em nível nacional

N. Zelandia 4 Em nível nacional

Sri Lanka 12,5 Em nível nacional

Suécia 4 Em nível nacional ou 12% na circunscrição

Cláusulas de Barreira ou de Desempenho em alguns países

*A circunscrição eleitoral pode ser o município, nas eleições municipais, o estado nas estaduais ou o país todo nas eleições presidenciais. FONTE: NOGUEIRA, O., 2007

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROA primeira vez que se usou o termo “partido político” no Brasil foi por ocasião da Independência do Brasil, em que se falava em Partido Português e Partido Brasileiro. Os primeiros partidos políticos brasileiros que tiveram existência legal foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, no II Reinado (1840-1889). Além destes, havia o Partido Progressista, o Partido Liberal-Radical e o Partido Republicano.

O sistema se caracterizava como bipartidário, alternando-se o Partido Conservador e o Liberal.

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO

Na República Velha (1889-1930), os partidos políticos eram organizações regionais, existindo um Partido Republicano em cada estado, cada qual tendo estatutos e direções próprias, representando o poder das oligarquias locais. O sistema se caracterizava como bipartidário, alternando-se o PR de São Paulo e o PR de Minas Gerais, na chamada “política do café com leite”.

PERÍODOS DE EXCEÇÃO

1)1937-45Regime do Estado Novo no Brasil: Partidos foram extintos e substituídos pelo Conselho Administrativoórgão auxiliar de governo ao lado da Interventoria Federal nos estados.

2)Durante o regime militar instaurado pelo golpe de 1964, os partidos políticos foram extintos pelo Ato Institucional No. 2, implantou-se artificialmente o bipartidarismo, organizando-se as forças políticas entre a representação do governo Aliança Renovadora Nacional (ARENA); e da oposição Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO

Primeira Fase 1945 a 1966, com cinco eleições gerais: 1945, 1950, 1954, 1958, 1962.

O sistema partidário chegou a ter 13 partidos representados no Congresso Nacional.

Deles, três eram grandes partidos: o Partido Social Democrático (PSD), organizado por Vargas nos estados; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), também organizado por Vargas com base nas instituições trabalhistas; a União Democrática Nacional (UDN) que assumiu o papel de oposição a Vargas.

Havia dois partidos médios: o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Social Progressista (PSP) de Ademar de Barros.

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROPrimeira Fase

Esse sistema partidário passou por fusões e cisões (facções que se tornaram partidos) e acabou se esfacelando devido, em grande parte , ao sistema eleitoral.

Apresentava forte tendência à proliferação partidária, agravada pela permissão de coligações nas eleições proporcionais. As eleições produziam dois resultados simultâneos: um sistema partidário fragmentado e um outro, paralelo, constituído pelas alianças políticas na Câmara dos Deputadoshavia uma disjuntiva entre a representação partidária e a representação parlamentar.

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROSegunda Fasesete eleições gerais: 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010.

1979reforma partidária transformando o bipartidarismo em um multipartidarismo moderado, controlado “pelo alto”.

O período se inicia nas eleições de 1982, com apenas cinco partidos políticos: Partido Democráticos Social (PDS, ex-ARENA), Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, ex-MDB), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Partido dos trabalhadores (PT).

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROSegunda FaseNa eleição de 1986, já eram 29 partidos, mas apenas 12 conseguiram representação na Câmara dos Deputados.

Em 1989 o TSE habilitou 22 partidos para disputar a eleição presidencial, na qual foram para o segundo turno os candidatos de dois partidos pequenos, na época: o PT e o PRN.

Os dois maiores partidos, PMDB e o PFL(ex-ARENA e ex-PDS) ficaram em 7º. E 8º. Lugar na eleição de 1989.

Em 1991 mais de 40 partidos estavam registrados no TSE, 20 dos quais representados no Congresso a partir das eleições de 1990.

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROSegunda Fase

Duas alterações Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1995; a Lei das Eleições, de 1997; e a a EC No. 19/98, que introduziu a reeleição dos chefes do Executivo federal, estadual e municipal.

Houve várias fusões partidárias entre 1993 e 1996, com um impacto moderador sobre o multipartidarismo nas eleições de 1998 e 2002.

Distorções persistentes:

bancada mínima de 8 deputados para as UFsmenores e bancada máxima de 70 deputados para as Ufs maiores.

voto de legenda, com coligações nem sempre consistentes + sobras eleitorais

SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIROSegunda FasePeríodo 1997-2002 encolhimento do sistema partidário em 1995 (fusões) e realinhamento a partir de 1996 por troca de legendasEm outubro de 2007 o STF decidiu que a infidelidade partidária burla o sistema eleitoral estabelecido pela Constituição, no qual o acesso aos cargos políticos representativos deve ser realizado por intermédio de partido político; nas eleições proporcionais, a enorme maioria dos cargos é obtida pela legenda, e não pelo político; a infidelidade partidária dificulta o exercício da oposição política, protegida pela Constituição. Em 2011 o STF decidiu que a vaga decorrente do licenciamento de titulares de mandato parlamentar deve ser ocupada pelos suplentes das coligações, e não dos partidos.Lei Orgânica dos Partidos Políticos (1995)dificulta a organização de novas legendas, mas a ausência de cláusula de barreira e a permissão de coligações em eleições proporcionais ainda favorecem a fragmentação partidária.

Distorções do sistema partidário brasileiro:

o eleitor vota prioritariamente no candidato e não no partido;

candidatos não se comprometem com programas partidários

partidos assumem, no período eleitoral, a forma de confederações, sendo intensa a disputa i

Intrapartidária

surgimento de legendas de aluguel fragmentação partidária

descompasso entre a representação partidária e a representação parlamentar infidelidade partidária

O FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS, LEGISLATIVOS E DE JUSTIÇA

MECANISMOS ADMINISTRATIVOS E LEGISLATIVOS DE CONTROLE ESTATAL.

CONTROLE consiste no conjunto das ações necessárias para verificar se as políticas, planos, objetivos e padrões estão sendo obedecidos.

Pressupõe o estabelecimento e a comunicação dos objetivos, estratégias e padrões aos envolvidos em sua realização.

Exige medidas de desempenho e ações corretivas destinadas a assegurar a consecução dos objetivos.

Quando vários planos estão sendo executados, o controle é essencial para a coordenação e consistência entre eles.

O controle pode levar a modificação de planos e objetivos prévios ou até mesmo na formulação de novos planos, em modificações das operações.

CONTROLE é uma das funções clássicas da administração, sendo antecedido, no seio das organizações, pelas funções de planejamento, organização e coordenação. Na administração pública, o valor da função controle é mais robusto em virtude do dever de “prestar contas” a que todo ente estatal está sujeito.

O CONTROLE é relevante na garantia de que os recursos repassados pelo Estado sejam efetivamente empregados para o alcance dos objetivos dos programas e ações que compõem as políticas públicas – mitigando o mau uso e o desvio de recursos públicos por meio da corrupção.

Dois tipos de controle: (McCUBINS & SCHWARTZ, 2002, apud SANTOS, 1999)

1-“Patrulha de Polícia”é o modelo tradicional de controle, centralizado, ativo e direto, no qual o órgão de controle examina, por amostragem, as atividades de unidades da Administração Pública com o objetivo de detectar e sanar qualquer irregularidade ou desvio. Este é o controle institucional, sob responsabilidade do Estado.

2- “Alarme de Incêndio”é menos centralizado e envolve intervenção menos ativa e direta que o anterior em vez de examinar as atividades das unidades por amostragem, o tipo Alarme de Incêndio estabelece um sistema de regras, procedimentos e práticas informais que permitem que cidadãos e grupos organizados acompanhem as decisões e ações administrativas das unidades e reportem qualquer irregularidade ou desvio aos órgãos competentes.

Este é o controle social, realizado pela sociedade sob supervisão do Estado

BUGARIN (2002, apud Pires Junior, 2003), representou a rede de controle dos

recursos públicos da seguinte forma:

O Sistema de Controle Interno dos poderes da República está consagrado na CF-88:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:I - avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

A pirâmide que compõe o controle dos recursos públicos:

• se origina no controle interno administrativo – de

natureza operacional, sob responsabilidade de cada

unidade administrativa;

• inclui a auditoria interna – certificadora dos controles

administrativos;

• a supervisão ministerial – sob responsabilidade dos

ministérios;

• e o Sistema de Controle Interno de cada poder da

República.

No Poder Executivo, a Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão responsável por assistir direta e imediatamente ao Presidente da República quanto aos assuntos relativos à defesa do patrimônio público e à transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria.

A Controladoria-Geral da União - CGU exerce o papel de órgão central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, sendo responsável pelo cumprimento das atribuições previstas na CF-88

No Poder Legislativo, o Congresso Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) representa o controle externo da administração. Responde tanto pelo controle das contas públicas, como pela supervisão de rotina (oversighting) dos atos do Executivo

No Poder Judiciário, o Ministério Público é a instituição

permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis

(artigo 127 da CF-88).

1- O governo Lula aparece em uma posição de continuidade com as políticas de

participação que surgiram no Brasil desde a década de 1990. Desde 2003, a

participação passou a fazer parte do funcionamento cotidiano do governo federal

no Brasil por duas vias principais: os conselhos e as conferências nacionais.

Assinale o item CORRETO:

a)Ainda não há, no governo federal, um papel claro para os Conselhos Nacionais

fora dos sistemas de gestão que incluem a saúde, a assistência social, a criança e

o adolescente e o meio ambiente.

b)As Conferências Nacionais iniciaram o projeto de consolidação de uma agenda

nacional mínima de negociação entre o Estado e a sociedade civil em áreas como

meio ambiente, saúde, segurança pública, entre outras.

c) As Conferências Nacionais exibem acentuadas variações quanto a sua

preparação das conferências nas unidades da Federação, seu caráter deliberativo

ou consultivo e a existência e número de resoluções que apresentam

d)Embora as Conferências nacionais tenham avançado no estabelecimento de

uma agenda comum na área de políticas sociais ainda não há uma maneira clara

de o governo federal negociar a implementação dessa agenda.

e)No que se refere à democratização da participação, um dos maiores avanços foi

a intensificação do envolvimento e o amadurecimento da participação dos

beneficiários dos programas de transferência de renda.

2-Desde a década de 60 a análise política vem mostrando preocupações com o fato de que, embora tenham legitimidade eleitoral, muitos governos não conseguem ser eficazes na tomada de decisões e/ou na sua implementação. No Brasil do final do século XX problemas como a crise de governabilidade e as deficiências de governança passaram a ocupar um espaço central no debate político. Sobre esse tema, examine os enunciados abaixo e indique qual deles é INCORRETO.

a) A governabilidade consiste no conjunto de condições sistêmicas de exercício do poder, que expressa as características do sistema político, tais como a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e o sistema de intermediação de interesses.b) Uma das causas da crise de governabilidade é a situação resultante de uma sobrecarga de problemas que recebe como resposta a expansão de serviços e da intervenção do Estado.c) A governança compreende os modos de uso da autoridade e de exercício do poder na administração dos recursos econômicos e sociais, expressos mediante arranjos institucionais que coordenam e regulam as transações dentro e fora do limite da esfera econômica.d) A crise de governabilidade resulta da incapacidade de a burocracia governamental atrair grupos privados para o seu interior, oferecendo-lhes bens e serviços de modo a atender as suas demandas e representar seus interesses, obtendo em troca apoio para suas políticas nos âmbitos doméstico e internacional.e)A crise de governabilidade consiste na combinação da incapacidade do sistema administrativo de compatibilizar os imperativos de controle provenientes do sistema econômico com a incapacidade do sistema de legitimação de mobilizar os níveis necessários de lealdade da sociedade.

3-O clientelismo consiste em uma modalidade de intermediação política presente na maior parte das sociedades, sejam tradicionais, sejam modernas. Examine as características listadas a seguir e assinale a resposta correta.1- O sistema de clientela é organizado em uma estrutura piramidal, tendo no topo o chefe político, que exerce o poder político segundo padrões fortemente personalizados.2- Os chefes das redes de clientela são reconhecidos pelo Estado como interlocutores autorizados e são diretamente incorporados ao processo de formação e gestão das decisões públicas.3- A dinâmica da intermediação clientelista baseia-se na troca de bens públicos, privadamente controlados, por bens privados.4- O sistema de intermediação clientelista organiza-se em cadeias de relações diádicas constituindo redes verticais de lealdades pessoais.

a) Todos os enunciados estão corretos.b) Somente o enunciado de número 1 está incorreto.c) Somente o enunciado de número 2 está incorreto.d) Somente o enunciado de número 3 está incorreto.e) Somente o enunciado de número 4 está incorreto.

4-A análise de questões relativas à governabilidade e à governança passa, entre outras coisas, pela reflexão sobre os mecanismos de intermediação de interesses. Indique quais das opções abaixo são Falsas (F) ou Verdadeiras (V) e depois assinale a resposta correta.( ) O corporativismo consiste em um modelo de intermediação de interesses múltiplos e variados, não competitivos, organizados a partir do Estado segundo um padrão orgânico, que visa estabelecer condições de governabilidade em sociedades democráticas complexas.( ) Tanto nas sociedades tradicionais como nas modernas, a construção da governabilidade e de governança envolve a administração de redes de lealdades pessoais marcadas pela assimetria e pela verticalidade, baseadas na troca de todo tipo de recursos públicos por legitimação e apoio.( ) O neocorporativismo, arranjo específico de formação das opções políticas pelo Estado, tende a surgir nas sociedades onde as formas clássicas de intermediação de interesses amadureceram o bastante para gerar soluções estáveis para o conflito entre o capital e o trabalho.( ) Embora os partidos políticos modernos tenham como referência da sua ação vínculos horizontais de classe ou de interesses, também neles os políticos profissionais envolvem-se em redes de clientelas que tendem a se integrar e a operar em uma posição subordinada ao sistema político.a) F, F, F, Fb) V, V, V, Vc) F, F, F, Vd) F, F, V, Ve) V, F, F, V

5- Padrão de intermediação de interesses que persiste por meio de todo o processo de formação do Estado brasileiro, o clientelismo exibe, no Brasil, todas as características abaixo, exceto:

a) Há um conjunto de redes de relações personalistas que atravessam partidos, burocracias e outras instituições políticas.b) Os partidos que apóiam o governo têm acesso, por meio do aparelho do Estado, a recursos materiais que alocam como privilégios: nomeações para cargos, obras públicas, linhas de crédito, etc.c) Parte da burocracia pública apóia a operação do sistema e suplementa a ação dos partidos, integrando-se ao conjunto da rede mediante contatos pessoais e relações de lealdade política.d) Por meio das nomeações para cargos no aparelho do Estado e da formulação de leis para contemplar interesses particulares, as relações pessoais assumem características formais.e) Constitui-se uma estrutura piramidal que organiza as elites e a sociedade em uma complexa rede de corretagem que se estende dos altos escalões até as localidades menores.

6- Os partidos políticos e os sistemas eleitorais representam mecanismos essenciais ao funcionamento da democracia representativa. Sobre esse tema, indique que itens abaixo estão corretos, assinalando a opção correspondente.

1 - Os sistemas eleitorais majoritários, que tomam a vontade da maioria dos eleitores como critério exclusivo na distribuição dos cargos públicos e na formação das decisões políticas, levam, a longo prazo, à concentração do poder de orientação do Estado em poucos, mas amplos agrupamentos sociais.

2 - Em todas as sociedades democráticas o progressivo desenvolvimento organizacional, a crescente complexidade dos objetivos e das decisões, a profissionalização e estabilização das lideranças levam os partidos políticos ao exercício de um poder do tipo oligárquico.

3 - Os sistemas eleitorais proporcionais destinam-se a estabelecer a perfeita igualdade de voto e a dar a todos os eleitores o mesmo peso, de modo a admitir a representação política de todas as idéias, interesses e necessidades de uma sociedade.

4 - Os sistemas eleitorais proporcionais resolvem uma das grandes contradições da política nas sociedades complexas ao promover a representação da totalidade do sistema social com estabilização do suporte governamental.

a) Somente 1, 2 e 3 estão corretos.

b) Somente 2 e 3 estão corretos.

c) Somente 1 e 2 estão corretos.

d) Somente 1 e 3 estão corretos.

e) Somente 1, 3 e 4 estão corretos.

7- Identifique, na seqüência abaixo, qual dos conceitos corresponde ao neocorporativismo.

a) Formas de mobilização coletiva autônoma, transitória, sem estrutura organizacional, porém dotada de lideranças e objetivos próprios fundados em um conjunto de valores comuns, e que visam a provocar mudanças em um ou mais aspectos da vida em sociedade ou na própria estrutura desta.

b) Conjunto de indivíduos dotados de motivações comuns que, sem participar diretamente do processo eleitoral, recorrem a sanções negativas ou positivas, ou ainda a ameaças, a fim de influenciar decisões públicas.

c) Arranjo cooperativo entre o poder público e atores privados por meio do qual fazem-se barganhas e estabelecem-se compromissos mediante os quais certas políticas têm a sua implementação garantida pelo consentimento dos interesses privados, os quais se encarregam inclusive de assegurar os necessários mecanismos de controle.

d) Estrutura de acesso e contato com o sistema político pela qual políticos profissionais constituem redes de fidelidades pessoais mediante a distribuição de recursos públicos como ajuda a particulares, em troca de legitimação e apoio.

e) Arranjo político que se estabelece dentro do Estado, resultante da captura de agências governamentais ou de alguns de seus membros por setores de sua clientela privada e, ao mesmo tempo, da aliança de atores privados, especialmente representantes do empresariado, com segmentos da burocracia, em defesa de propostas de interesse específico.

8- Num dos trabalhos mais importantes da sociologia política brasileira, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso criou o conceito “anéis burocráticos”. Entre as opções abaixo, aponte a que representa mais apropriadamente este conceito.

a)“(...) quanto menos se considera a organização com relação ao futuro da carreira, mais contam os contatos pessoais como meio de promoção. Ademais, depois de algumas mudanças entre diferentes órgãos, todo burocrata pertence a uma rede de ex-colegas de trabalho, agora distribuídos pelo aparato de Estado, com os quais pode contar para informação e apoio. A circulação, portanto, cria não apenas o desejo como também a oportunidade para a política pessoal”.

b) “(...) um sistema de representação de interesses no qual as unidades constitutivas são organizadas em número não-especificado de categorias múltiplas, voluntárias, competitivas, não-hierarquicamente ordenadas e autodeterminadas (em termos do tipo ou escopo de seus interesses), que não são especialmente licenciadas, reconhecidas, subsidiadas, criadas ou controladas de qualquer forma em seus processos de seleção de lideranças ou articulação de interesses pelo Estado e que não exercem um monopólio na atividade de representação em suas respectivas categorias”.

c) “(...) um processo sócio-político específico no qual organizações representando interesses funcionais monopolísticos se engajam em trocas políticas com agências estatais para definir políticas públicas que envolvem essas organizações, e assumem um papel que combina a representação de interesses e a implementação da política via delegação auto-imposta”.

c) “(...) um sistema de representação de interesses em que as unidades constitutivas estão organizadas em um número limitado de categorias singulares, compulsórias, não-competitivas, hierarquicamente ordenadas e funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou permitidas (senão criadas) pelo Estado e que têm a garantia de um deliberado monopólio de representação dentro de suas categorias respectivas, em troca da observância de certos controles na seleção de líderes e na articulação de demandas e apoios”.

e) “(...) uma teia de cumplicidades mais difusas (que os lobbies), mais orientada para relações e lealdades pessoais que tornavam cúmplices desde o vereador, o deputado, o funcionário de uma repartição fiscal, o industrial, o comerciante ou o banqueiro, até o ministro, quando não o próprio presidente. A „burocracia‟ funcionava, portanto, como parte de um sistema mais amplo e segmentado: não existindo eficazmente partidos e classes, (...) os interesses organizavam-se em círculos múltiplos (...) que cortavam perpendicularmente e de forma multifacética a pirâmide social, ligando em vários subsistemas de interesse e cumplicidade segmentos do governo, da burocracia, das empresas, dos sindicatos etc.”.

9- Os partidos políticos, instituições clássicas da

democracia representativa, cumprem diversas funções

políticas, muitas delas também desempenhadas por

outras instituições políticas. Uma dessas funções,

porém, é atribuição exclusiva dos partidos políticos.

Selecione-a entre as opções abaixo.

a) Agregação e organização de interesses.

b) Canalização e expressão de demandas.

c) Competição eleitoral por cargos públicos.

d) Participação da sociedade na formação das

decisões políticas.

e) Fiscalização e controle dos atos do governo.

10-A representação política é um mecanismo essencial ao funcionamento da democracia nas sociedades complexas. Examine os enunciados abaixo sobre a representação política e marque a resposta correta.

1-A representação política é um sistema institucionalizado de controle e responsabilidade política, realizada mediante a designação eleitoral livre de certas instituições políticas fundamentais da democracia moderna, em geral, os parlamentos.

2- A representação política pode se configurar como uma relação de delegação, quando o representante é o executor privado do desejo dos representados, tendo, portanto, um mandato independente.

3-A representação política pode se apresentar como uma relação fiduciária, quando o representante tem autonomia para buscar o melhor interesse dos representados, tendo, portanto, um mandato imperativo.

4-A representação política pode ser entendida como uma relação na qual os representantes são símbolos do corpo político ou nação, replicando fielmente em todas as características da população, sendo, portanto, uma representação simbólica.

a) Todos os enunciados estão corretos.

b) Todos os enunciados estão incorretos.

c) Somente o enunciado de número 1 está correto.

d) Somente o enunciado de número 2 está correto.

e) Somente os enunciados 3 e 4 estão corretos.

11-Analise os enunciados abaixo e marque a alternativa certa:1)Sistemas eleitorais majoritários regem-se pela alocação proporcional dosvotos dos eleitores a partidos políticos, em cadeiras nos parlamentos, sejamesses locais ou nacionais2) Em um sistema de distritos uninominais, em que se elege umrepresentante por maioria simples, fortalecem-se as preferências políticasmajoritárias em cada distrito.3) A exigência de votação mínima em nível nacional, regional ou local e aconsecução do quociente eleitoral não são barreiras à representação depequenos partidos.4)Em sistema de distritos plurinominais, em que partidos minoritários têmalguma chance de eleger pelo menos um candidato, o Congresso Nacional sevitaliza com a renovação do debate parlamentar, ao garantir que minoriastenham voz e representação no parlamento nacional.

a)Somente o enunciado 1 está erradob)Somente o enunciado 3 está erradoc)Os enunciados 1 e 2 estão erradosd) Os enunciados 1 e 3 estao erradose)Os enunciados 1,2 e 3 estão errados

12-Sobre o sistema partidário e eleitoral brasileiro, assinale a única respostaCORRETA:a)Um das mais importantes modificações na legislação eleitoral e em parte dareforma política executada até hoje, no Brasil, foi a mudança, no sistema eleitoral, delista aberta para lista fechada dos partidos, ocasionando uma relevantetransformação nas estratégias de campanha e nos mecanismos de financiamento dospartidos e das campanhas eleitorais.

b)No Brasil, cada estado é um distrito com um número mínimo e um númeromáximo de deputados federais. Uma das consequências disso é uma distorção darepresentação da sociedade na Câmara dos Deputados.

c)O sistema eleitoral de representação proporcional brasileiro garante ao eleitor doisvotos desvinculados: um no partido de sua preferência e outro no nome ou númerodo candidato de sua escolha.

d)Nas eleições a partir de 1989, passou-se a considerar como inválidos os votos embranco, excluindo-os do cálculo do quociente eleitoral utilizado para o cálculo dadistribuição de cadeiras nas eleições proporcionais da Câmara dos Deputados, dasAssembléias Legislativas estaduais e das Câmaras de Vereadores.

e)Uma das causas principais da forma ineficaz de representação política nos partidoscom bancada no Congresso Nacional tem base no sistema de representaçãomajoritária para a composição da Câmara dos Deputados

13-A sociedade e a política brasileiras experimentou presença de vários partidos ao longo da segundametade do século XX. Nesse período,três diferentes momentos destacam-se na organização política dospartidos.A esserespeito,apontea respostaCERTA.

a)A UDN, o PSD e o PTB, partidos predominantes durante o multipartidarismo no período de 1946 a 1964,foram responsáveis pela perfeita organização de partidos políticos no Brasil, uma vez que estavamprofundamente sintonizados com os interesses dos eleitores, e seus parlamentares, plenamentesubordinadosaointeressecomum.

b)-Os partidos brasileiros, independentemente dos regimes políticos, sempre tiveram organização eestruturarigidamentedesenhadaspelasdiferentesleisorgânicasdospartidospolíticos.

c)A grande qualidade do sistema partidário brasileiro consiste na sua pequena fragmentação e na suaconsistêncianosdiversosestados eregiões.

d)Entre os anos de 1964 e 1979, nos quais ocorreu a mudança do bipartidarismo para multipartidarismo,houveuma criteriosaadministraçãodaoposiçãoconsentida,porpartedosgovernosmilitares.

e)O Brasil desenvolveu um sistema partidário de relativa fragilidade, mas os partidos competem no mercadoeleitorale atuamcomoagentesativosnoprocessodecisório.

14-COM REFERÊNCIA À REPRESENTAÇÃO POLÍTICA,IDENTIFIQUE A RESPOSTA CERTA.

a-Governo representativo é o mecanismo pelo qual uma distribuição de assentos pordistritos eleitorais que seguem rigidamente as clivagens culturais ou étnicas de umapopulação produzirá representantes que privilegiam ideias políticas nacionais.

b- A representação política é um sistema institucionalizado de controle e responsabilidadepolítica, que expressa um vínculo entre os governados e os governantes pelo qual estes sãodelegadospara agir conformeas escolhasdaqueles.

c-Ao explicar as tendências oligárquicas dos partidos políticos, Robert Michelsigualmente explica a questão da representação dos partidos políticos, especialmenteos partidos europeus fortes, uma vez que o eleitor vota no partido, mas o partido équem escolhe o candidato. Portanto, o candidato é mais do partido do que doseleitores.

d-O grau de proporcionalidade com que os sistemas eleitorais traduzem votos emassentos parlamentares e seus efeitos nos sistemas partidários, as diferentes formasde representação, a magnitude do distrito, o número de representantes eleitos pordistrito e o mínimo de votos de que um partido precisa para ter representantes sãoformas equivocadas de identificar a representação política.

e-A distribuição de representantes e representados no Brasil é uma indicação clarada correspondência existente entre a estrutura social e a representação parlamentar.

15-ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:a)No Brasil, o impeachment do presidente da República consiste na suadestituição pelo Congresso Nacional juntamente com o Poder Judiciário.

b)A conquista do posto máximo do Poder Executivo no Brasil estácondicionada a um bom desempenho na conquista de cadeiras noLegislativo.

c)Os arranjos e instituições políticas brasileiras têm sido dominados porelites regionais que exercitam clientelismo político, controle oligárquico departidos políticos ligados ao executivo estadual e restrições à competição —limites à entrada de novos concorrentes.

d)A predominância de alianças pragmáticas, não ideológicas, e a utilizaçãodas nomeações para cargos públicos para obter apoio parlamentarcontribuem para o fortalecimento partidário e para a consolidação dademocracia brasileira.

e)A sincronização das eleições legislativas com a dos executivos federal eestadual contribuiu decisivamente para consolidar a governabilidade noBrasil

16-ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

a)Em um sistema de partidos institucionalizados, o comportamento e aprodução legislativa dos parlamentares, assim como o seu relacionamentocom os líderes do executivo, são absolutamente irrelevantes para o êxitoeleitoral do candidato.

b)Os partidos hegemônicos que levam aos sistemas de partido único nopresidencialismo produzem estabilidade, ainda que acarretando situações deautoritarismo civil.

c)Os sistemas majoritários, como o inglês e o norte-americano, são sistemaspotencialmente desagregadores, pois pulverizam a representação política.

d)Em caso de sistema tripartidário, a preferência por partidos não ésimplesmente uma extrapolação do caso bipartidário, pois a decisão eleitoralse dá pelo voto mais racional no segundo partido em preferência, quando seavalia que o partido preferido venha a perder.

e)Os problemas em exercer a responsabilização dos governantes são maisacentuados onde existem sistemas partidários institucionalizados devido àrigidez das regras em vigor.

17-(ESAF\CGU\2008) O clientelismo consiste em uma modalidade de intermediação política presente na maior parte das sociedades, sejam tradicionais, sejam modernas. Examine as características listadas a seguir e assinale a resposta correta.

1- O sistema de clientela é organizado em uma estrutura piramidal, tendo no topo o chefe político, que exerce o poder político segundo padrões fortemente personalizados.2- Os chefes das redes de clientela são reconhecidos pelo Estado como interlocutores autorizados e são diretamente incorporados ao processo de formação e gestão das decisões públicas.3- A dinâmica da intermediação clientelista baseia-se na troca de bens públicos, privadamente controlados, por bens privados.4- O sistema de intermediação clientelista organiza-se em cadeias de relações diádicasconstituindo redes verticais de lealdades pessoais.

a) Todos os enunciados estão corretos.b) Somente o enunciado de número 1 está incorreto.c) Somente o enunciado de número 2 está incorreto.d) Somente o enunciado de número 3 está incorreto.e) Somente o enunciado de número 4 está incorreto.

18-(ESAF\STN\2005) A análise de questões relativas à governabilidade e à governança passa, entre outras coisas, pela reflexão sobre os mecanismos de intermediação de interesses. Indique quais das opções abaixo são Falsas (F) ou Verdadeiras (V) e depois assinale a resposta correta.

( ) O corporativismo consiste em um modelo de intermediação de interesses múltiplos e variados, não competitivos, organizados a partir do Estado segundo um padrão orgânico, que visa estabelecer condições de governabilidade em sociedades democráticas complexas.( ) Tanto nas sociedades tradicionais como nas modernas, a construção da governabilidade e de governança envolve a administração de redes de lealdades pessoais marcadas pela assimetria e pela verticalidade, baseadas na troca de todo tipo de recursos públicos por legitimação e apoio.( ) O neocorporativismo, arranjo específico de formação das opções políticas pelo Estado, tende a surgir nas sociedades onde as formas clássicas de intermediação de interesses amadureceram o bastante para gerar soluções estáveis para o conflito entre o capital e o trabalho.( ) Embora os partidos políticos modernos tenham como referência da sua ação vínculos horizontais de classe ou de interesses, também neles os políticos profissionais envolvem-se em redes de clientelas que tendem a se integrar e a operar em uma posição subordinada ao sistema político.a) F, F, F, Fb) V, V, V, Vc) F, F, F, Vd) F, F, V, Ve) V, F, F, V

19-(ESAF\Gestor\2003) Q Na maior parte das sociedades, tradicionais ou modernas, constatam-se arranjos diversificados de intermediação política, destacando-se entre eles, pela sua disseminação e generalidade, o clientelismo. Entre as características abaixo, indique aquela que não se aplica ao clientelismo.

a) Troca de bens públicos, privadamente controlados, por bens privados, como base das lealdades pessoais.b) Assimetria das relações entre as partes e personalização do exercício do poder político.c) O Estado confere às unidades o seu reconhecimento institucional e o monopólio na representação dos interesses do grupo em uma dada área.d) Não há número fixo ou organizado de unidades constitutivas, e estas disputam o controle de recursos em um dado território utilizando-se de mecanismosde troca.e) Os arranjos hierárquicos que caracterizam as relações entre as partes baseiam-se no consentimento individual, mas são institucionalizados na forma de leis.

20 (ESAF\APO\2003) Identifique, na seqüência abaixo, qual dos conceitos corresponde ao neocorporativismo.

a) Formas de mobilização coletiva autônoma, transitória, sem estrutura organizacional, porém dotada de lideranças e objetivos próprios fundados em um conjunto de valores comuns, e que visam a provocar mudanças em um ou mais aspectos da vida em sociedade ou na própria estrutura desta.b) Conjunto de indivíduos dotados de motivações comuns que, sem participar diretamente do processo eleitoral, recorrem a sanções negativas ou positivas, ou ainda a ameaças, a fim de influenciar decisões públicas.c) Arranjo cooperativo entre o poder público e atores privados por meio do qual fazem-se barganhas e estabelecem-se compromissos mediante os quais certas políticas têm a sua implementação garantida pelo consentimento dos interesses privados, os quais se encarregam inclusive de assegurar os necessários mecanismos de controle.d) Estrutura de acesso e contato com o sistema político pela qual políticos profissionais constituem redes de fidelidades pessoais mediante a distribuição de recursos públicos como ajuda a particulares, em troca de legitimação e apoio.e) Arranjo político que se estabelece dentro do Estado, resultante da captura de agências governamentais ou de alguns de seus membros por setores de sua clientela privada e, ao mesmo tempo, da aliança de atores privados, especialmente representantes do empresariado, com segmentos da burocracia, em defesa de propostas de interesse específico.

21 (ESAF\Gestor\2000) - Acerca do conceito de Neocorporativismo nãose pode fazer a seguinte afirmação:A)Relaciona-se a um tipo de estrutura interpenetrada com as agências do Estado e composta por organizações que agregam e representam interesses com a mediação do Estado.B) Está relacionado ao resultado (output) do processo político, isto é, à maneira pela qual as opções se formam e são geridas. C) Está relacionado com a insuficiência do arranjo pluralista para atender às demandas da sociedade civil e administrar os conflitos entre o capital e o trabalho de modo a reduzir as incertezas das decisões, especialmente na esfera da economia.D) Está relacionado com a forma específica de incorporação das organizações sociais na máquina decisória, estando implícita a participação do Estado no que se refere à organização desses interesses.E) Está relacionado ao conceito de consensualidade, ou seja, a atuação do Estado está baseada na expectativa dos agentes sociais que competem entre si para influenciar o Estado.

GABARITO:

1-E 2-D

3-C 4-C

5-D 6-C

7-C 8-E

9-C 10-C

11-D 12-B

13-E 14-C

15-C 16-D

17-C 18-D

19-C 20-C 21-E