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FLÁVIA CRISTINA COSTA MORENO REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BARUERI SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO E ATIVIDADES CORRELACIONADAS CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO 2012

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE ...The thesis work investigates the social representations that teachers of elementary school of Barueri’s city elaborate on the teaching-learning

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FLÁVIA CRISTINA COSTA MORENO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BARUERI SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO E ATIVIDADES

CORRELACIONADAS

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO

2012

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2  FLÁVIA CRISTINA COSTA MORENO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BARUERI SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO E ATIVIDADES

CORRELACIONADAS          

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO

2012

Dissertação  apresentada  à  Banca  Examinadora  do   Curso   de   Pós-­‐Graduação   em   Psicologia  Educacional,   do   Centro   Universitário   FIEO,  para   a   obtenção   de   título   de   Mestre   em  Psicologia  Educacional.  Área  de  concentração:  Ensino  /  Aprendizagem  Linha  de  Pesquisa:  Ensino  /  Aprendizagem  no  contexto  social  e  político  Orientadora:   Prof.ª   Dr.ª   Maria   Laura   Puglisi  Barbosa  Franco  

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3  

Dedico este trabalho aos meus pais, Luzia e

Zezinho, meu orgulho, admiração e eterna gratidão.

Pois, em toda sua simplicidade, me ensinaram que

sonhos são possíveis, que a honestidade, a

determinação e a perseverança devem nos guiar e

que crer em Deus é habilidade dos humildes e

segredo dos vencedores.

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4  Agradecimentos

“Fazei todas as vossas obras com amor.”

1 Coríntios 16:14

Considero o exercício da gratidão essencial, pois é preciso dizer às

pessoas o bem que nos fizeram, essa é uma das formas de propagarmos

aquilo que é bom e fazer com que permaneça.

Agradeço inicialmente e simplesmente a Deus, assim... sem muitas

explicações, pois Deus não se explica, se vivencia. “Obrigada meu Deus, por

ser meu mais íntimo interlocutor e por todas as bênçãos concedidas”.

Agradeço a minha querida orientadora Prof.ª Maria Laura, a quem

admiro profundamente, por ser alguém tão sábia e ao mesmo tempo tão

humilde, alguém que sabe ouvir e que, espontaneamente, nos faz acreditar em

nós mesmos e seguir adiante. “Obrigada professora, pela paciência, pelos

ensinamentos, pela amizade e por ter sido mais que uma orientadora para

mim, mas uma referência de vida”. Agradeço também ao Dr. Vanderlei, esposo

da professora, por seu carinho e colaboração.

Agradeço ainda a professora Leda Barone tanto por suas aulas

transformadoras e mobilizadoras, como por sua colaboração compondo a

Banca Examinadora da minha dissertação. Assim como, agradeço aos valiosos

apontamentos e disponibilidade da professora Marília Claret, convidada

especial para a Banca, que impulsionou importantes reflexões e avanços na

pesquisa que realizamos.

Agradeço aos meus pais, minha irmã e meu amor “Ricardo” pelo apoio e

encorajamento a todo momento. E agradeço a minha filha, Mirella, por desde

muito pequena entender e respeitar minhas ausências em nome do trabalho e

do estudo, além de ter contribuído diretamente para esse propósito, me

ajudando nas tabulações e transcrições da dissertação.

Agradeço aos amigos que tornaram o mestrado uma oportunidade de

encontro não só de pessoas, mas de ideais, de valores, de sonhos e de

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5  forças... Portanto, agradeço aos queridos: Edna, Carol, Pepe, Paulo, Solange e

Suzana.

Não poderia deixar de agradecer aos gestores e professores da Escola

Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil Prof.ª Elvira Lefrèvre

Salles Nemer por, tão prontamente, colaborarem para essa pesquisa.

E encerro agradecendo ao Secretário de Educação de Barueri, Celso

Furlan, pela amizade, apoio, confiança e oportunidades de crescimento

profissional. E nesse sentido, agradeço ainda as amigas Janete, Rosália,

Isabel, Edilaine e Andréia, por tudo...

   

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6  MORENO,   Flávia   Cristina   Costa.  Representações Sociais de Professores de Barueri sobre o material didático utilizado e atividades correlacionadas. 2012. Dissertação (Mestrado em Psicologia Educacional) – Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, Centro Universitário FIEO, Osasco.

RESUMO O trabalho em tese buscou investigar as Representações Sociais que

professores do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Barueri elaboram

sobre o material didático-pedagógico distribuído aos alunos da referida Rede,

denominado “Cadernos de Apoio”. A adoção de um material didático unificado

divide opiniões, constituindo basicamente dois posicionamentos distintos,

sendo um referente aos que consideram a iniciativa facilitadora e/ou norteadora

da prática docente e outro aos que a desprezam por a considerarem

cerceadora e/ou inibidora da autonomia do professor. O diferencial desse

material de apoio ao docente é seu processo de produção particularizado, que

é realizado por professores da própria Rede de Ensino e a possibilidade

dialética de que os demais professores, mediante o uso do material, possam

através de apontamentos feitos diretamente aos autores, interferir em sua

produção. Considerando que a identificação e a interpretação das

Representações Sociais requerem o levantamento do entorno sócio-histórico

de quem as elabora, principiamos nossa pesquisa com um questionário

composto de perguntas abertas e fechadas, que foi complementado com a

realização de um Grupo Focal Temático e a expressão gráfica dos

participantes, no intuito de investigarmos a subjetividade que permeia a

complexa construção das Representações Sociais e seus elementos mais

genuínos que constituem a zona muda das Representações Sociais. Os dados

coletados foram contextualizados e tratados pelos procedimentos da análise de

conteúdo e levantamento de indicadores e categorias. Evidenciou-se que o uso

dos Cadernos de Apoio é avaliado de forma positiva pela maioria dos

participantes, por facilitar e nortear suas práticas, que consideram a oferta de

um material didático aos alunos imprescindível, preferencialmente no formato

apostilado, por razões funcionais e condicionado à preservação da autonomia

docente para complementá-lo e ajustá-lo conforme julgar necessário.

Palavras-Chave: Professores. Material Didático-Pedagógico. Representações

Sociais

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MORENO, Flávia Cristina Costa. Social Representations of the Barueris’s Teachers about teaching materials used and correlated activities. 2012. Master Research Paper (Master in Educational Psychology). Pos-Graduation Class in Educational Psychology, University Center FIEO, Osasco.

ABSTRACT

The thesis work investigates the social representations that teachers of

elementary school of Barueri’s city elaborate on the teaching-learning materials

distributed to students of that network called “Cadernos de Apoio”. The adoption

of a unified educational materials divides opinion and is basically two different

positions, being a reference to which consider the initiative facilitator and/or

guiding the teaching practice and another for those who despise to consider

constraining and/or or inhibit the teacher’s autonomy. The differential of this

material to support the teaching is individualized production process, which is

conducted by teachers of their own education network and the possibility that

the dialectic of other teachers through the use of the material, through to notes

made directly to the authors, interfere in this production. Whereas the

identification and interpretation of social representations requires the lifting of

the socio-historical environment of those who elaborates the, we began our

research with a questionnaire consisting of open and closed questions, which

was complemented by the creations of a focus group theme and participants’s

graphic expression in order to investigate the subjectivity that permeates the

complex construction of social representations and is more genuine elements

that constitute the Social Representations’s mute zone. The collected data were

contextualize and treated by the procedures of content analysis and survey

indicators and categories. It was found that the use “Caderno de Apoio” is rated

positively by most participants, to facilite and guide their practices, consider the

provision of an essential learning materials to students, preferably in booklet

format for functional reasons and subject to preservation of teachers’s

autonomy to complement it and adjust it as you deem necessary.

Keywords: Teachers. Teaching Materials. Social Representations.

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8   LISTA DE FIGURAS (DESENHOS) Desenho 1: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................69 Desenho 2: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................70 Desenho 3: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................70 Desenho 4: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................71 Desenho 5: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................71 Desenho 6: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................72 Desenho 7: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................73 Desenho 8: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................73 Desenho 9: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................74 Desenho 10: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................75 Desenho 11: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................75 Desenho 12: O que o Caderno de Apoio representa para você. Professor (a) da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011.............................................................................76

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Em sua opinião, o que é o Caderno de Apoio?..................................85

Tabela 2: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Você se identifica com as atividades propostas no Caderno de Apoio?................................................................................................................86

Tabela 3: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Você utiliza outros materiais didático-pedagógicos? Comente..........................................................................................................88

Tabela 4: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Que critérios você utiliza para avaliar a qualidade de um material didático-pedagógico?.........................................................................................88

Tabela 5: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: O Caderno de Apoio atende a esses seus critérios? Comente............................................................................................................89

Tabela 6: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Como você distribui sua atuação docente entre o Caderno de Apoio e outros materiais didático-pedagógicos?............................................................90

Tabela 7: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Você já fez alguma sugestão aos elaboradores do Caderno de Apoio? Comente................................................................................................90

Tabela 8: Levantamento de categorias, subcategorias e indicadores com base no questionário aplicado aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil “Prof.ª Elvira Lefrève Salles Nemer”, 2011. Questão: Você já fez alguma critica aos elaboradores do Caderno de Apoio? Comente............................................................................................................91

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10   LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIERS-ed Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e

Subjetividade – Educação

DF Distrito Federal

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

GT Grupo de Trabalho

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

LD Livro Didático

MEC Ministério da Educação, Cultura e Desporto

ONG Organização Não Governamental

PIB Produto Interno Bruto

PNLD Programa Nacional do Livro Didático

PUC Pontifícia Universidade Católica

RS Representações Sociais

SP São Paulo

UR Unidade Regional

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SUMÁRIO

1.  INTRODUÇÃO  ............................................................................................................................  13  

         1.1.  Dados  do  Contexto  de  Produção  do  Material  Didático-­‐Pedagógico  ..........................................  14  

         1.2.  Dialética  do  Processo  de  Produção  ............................................................................................  15    

 2.  JUSTIFICATIVA  ...........................................................................................................................  18  

         2.1.  Por  que  Representações  Sociais  ?  .............................................................................................  20  

         2.2.  Reflexões  sobre  o  uso  de  Material  Didático-­‐Pedagógico:  Livro  Didático  e  Apostilas  ................  22  

         2.2.1.  O  Livro  Didático.  .....................................................................................................................  22  

         2.2.2.  A  inserção  de  apostilas  nos  Sistemas  de  Ensino.  ....................................................................  27  

 3.  A  PESQUISA  ...............................................................................................................................  33  

         3.1.  Objetivos  ....................................................................................................................................  33  

         3.2.  Estudo  de  Caso  ..........................................................................................................................  34  

         3.3.  Procedimentos  Metodológicos  /  Instrumentos  .........................................................................  34  

         3.3.1.  Coleta  de  dados  ......................................................................................................................  34  

         3.3.2.  Análise  de  conteúdo  ...............................................................................................................  38  

 4.  DISCUSSÃO  DOS  RESULTADOS  ...................................................................................................  39  

         4.1.  Caracterização  do  Grupo  ...........................................................................................................  39  

         4.2.  Caracterização  Contextual  .........................................................................................................  41  

         4.2.1.  Histórico  da  Educação  de  Barueri  ...........................................................................................  41  

         4.2.2.  Histórico  da  Escola  ..................................................................................................................  42  

         4.3.  Representações  Sociais  ..............................................................................................................  43  

         4.4.  O  Grupo  Focal  ............................................................................................................................  45  

         4.5.  Categorias,  Subcategorias  e  Indicadores  ...................................................................................  46  

         4.6.  Análise  da  expressão  gráfica  ......................................................................................................  68  

         4.7.  Considerações  Finais  ..................................................................................................................  76  

   5.  REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS  ..................................................................................................  80  

 APÊNDICES  ....................................................................................................................................  84  

         A.  Tabela  1  –  Em  sua  opinião,  o  que  é  o  Caderno  de  Apoio?  ...........................................................  84  

         B.  Tabela  2  –  Você  se  identifica  com  as  atividades  propostas  no  Caderno  de  Apoio?  Comente  ......  85  

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12            C.  Tabela  3  –  Você  utiliza  outros  materiais  didático-­‐pedagógicos?  Comente  ..................................  87  

         D.  Tabela  4  –  Que  critérios  você  utiliza  para  avaliar  a  qualidade  de  um  material  didático-­‐  pedagógico  ...................  87  

         E.  Tabela  5  –  O  Caderno  de  Apoio  atende  esses  seus  critérios?  Comente  .......................................  88  

         F.  Tabela  6  –  Como  você  distribui  sua  atuação  docente  entre  o  C.  A.  e  outros  materiais  didático-­‐pedagógicos?  .......  89  

         G.  Tabela  7  –  Você  já  fez  alguma  sugestão  aos  elaboradores  do  C.A.?  Comente.  ...........................  89  

         H.  Tabela  8  –  Você  já  fez  alguma  crítica  aos  elaboradores  do  C.A.?  Comente.  ................................  90  

         I.  Questionário  ..................................................................................................................................  91  

           

ANEXOS  .........................................................................................................................................  94  

         A  -­‐  Mostra  do  “Caderno  de  Apoio”.  

                                                             

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13      

1. INTRODUÇÃO

“A paciente perguntou à psicóloga: - Não sei por onde começar?

- Você já começou. – respondeu a psicóloga encorajando-a.”

Flávia Moreno

É quase inerente à condição de ser professor o gosto por materiais

didático-pedagógicos em geral, numa busca incessante daquele que mais

aproximadamente materialize suas concepções epistemológicas e

metodológicas ou venha ressignificá-las, conferindo suporte ao exercício

docente.

Assistimos, com certa frequência, os professores estabelecendo

parcerias de trabalho entre si e, nessas parcerias, partilhando materiais

didático-pedagógicos, pois sem essas interações o exercício da docência pode

ser muito solitário, estagnado e alienado. Segundo Vigotski, as interações

sociais são fundamentais no processo de formação do conhecimento e, ao

referir-se ao conhecimento, esse autor pontua que “essa estrutura humana

complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente

enraizado nas ligações entre a história individual e história social.” (VIGOTSKI,

2007, p.20).

Rego também faz referência a Vigotski para destacar o papel das

interações entre os semelhantes,

[...] na teoria histórico-cultural o indivíduo se constitui enquanto tal principalmente, através das interações sociais, a partir das trocas estabelecidas com seus semelhantes. As funções psíquicas humanas estão intimamente vinculadas ao aprendizado, à apropriação (por intermédio da linguagem) do legado cultural de seu grupo. (REGO, 2008, p. 109).

Entre outros elementos, meu objeto de pesquisa se delineia justamente

a partir das interações com o grupo de professores do Sistema de Ensino do

qual sou integrante – Escolas Municipais de Educação Básica de Barueri.

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14  

1.1. DADOS DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DO MATERIAL

DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

A produção de material didático-pedagógico a que me refiro é realizada

por um grupo de professores designados ao exercício de atividades correlatas,

em razão do bom desempenho, perfil e interesse em compor o grupo de

trabalho.

O segmento do Ensino Fundamental foi implantado na Rede de Ensino

Municipal de Barueri em 1996, que até então era composta unicamente por

escolas de Educação Infantil e Ensino Médio Técnico. Inicialmente, o material

pedagógico utilizado era o fornecido pelo MEC, através do PNLD – Programa

Nacional do Livro Didático, que talvez em razão da dimensão da logística

exigida apresentava muitos impasses na distribuição dos livros, como: entrega

de livros que não haviam sido escolhidos pelos professores; número

insuficiente de livros para todos os alunos; entrega de livros mistos para uma

mesma série, entre outros.

Esse contexto gerou a demanda do trabalho com o sistema apostilado,

em virtude da garantia de um currículo único que conferisse identidade à Rede

de Ensino em construção.

Após 4 (quatro) anos de trabalho com um sistema apostilado comprado

pelo município, no intervalo de 2002 a 2005, duas razões majoritárias

impulsionaram o corpo técnico da Secretaria de Educação Municipal a instituir

condições para a produção de material didático-pedagógico próprio.

A primeira razão foi o descontentamento do grupo de professores que

frequentemente queixava-se das lacunas e saltos na sequência didática do

material apostilado, da concepção pedagógica do material, do público para

quem era idealizado e da não sistematização de aprendizagens essenciais.

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15  A segunda razão foi a experiência acumulada da Educação Infantil na

produção de material didático-pedagógico num sistema de co-autoria entre

professores do segmento.

Sendo assim, a motivação para implantação do trabalho de elaboração

de um material didático-pedagógico próprio assentou-se sobre necessidades

epistemológicas e metodológicas (concepção de base, organização didática e

adequação de público alvo), e também práticas (distribuição de um mesmo

material a todos os, aproximadamente, 60 mil alunos da Rede de Ensino).

Segundo Leontiev (2004),

[...] as necessidades humanas são geradas pelo desenvolvimento da produção. Afinal, a produção é também diretamente consumo, o qual cria a necessidade. Em outras palavras, o consumo é mediado pela necessidade de um objeto, sua percepção ou sua apresentação mental. Nesta, em sua forma refletida, o objeto aparece como motivo ideal, internamente gerado.

Desse modo, a necessidade do objeto instaurou na Secretaria de

Educação Municipal um grupo de aproximadamente 30 (trinta) professores, de

diferentes áreas e representantes dos segmentos que compõem a Rede de

Ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental – anos iniciais e séries finais e

EJA – Educação de Jovens e Adultos que trabalham na produção de material

didático-pedagógico. Esse grupo não é fixo, ou seja, a cada encerramento de

ano letivo há uma rotatividade parcial, onde, alguns professores retornam às

salas de aula e outros ingressam na composição do grupo, para que a

produção de material não seja desvinculada da sala de aula e das

necessidades por ela impostas.

1.2. DIALÉTICA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

O material didático-pedagógico produzido e distribuído gratuitamente

aos alunos e professores da Rede de Ensino de Barueri denominou-se

“Caderno de Apoio”, na intenção de que ficasse explícito o lugar que o mesmo

ocupa de apoio ao exercício da docência, não excluindo porém, nenhum outro

material, principalmente aquele produzido particularmente por cada professor.

Os Cadernos de Apoio são elaborados especificamente para cada etapa

do segmento (1º ano, 2º ano...) e atendem às disciplinas do currículo

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16  obrigatório: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências,

Língua Estrangeira (Inglês) e Arte, com exceção da Educação Física. A

distribuição do material é semestral e está organizada em dois volumes (em

cada semestre), para melhor manuseio dos alunos.

Essa experiência do município foi comentada por Tredici (2007) quando

relata que em 2007 o Tribunal de Contas solicitou às DF’s e UR’s que

encaminhassem requisições às prefeituras municipais para que respondessem

qual o método adotado por elas e, no caso de material apostilado que

identificassem a empresa contratada.

A resposta da Secretaria de Educação de Barueri foi a única destacada

e citada na íntegra pelo autor em seu artigo. Segundo Tredici (2007) os

professores de Barueri têm autonomia para dirigir suas aulas, e a partir disso

criaram “Cadernos de Apoio” idealizados e escritos por representantes do

corpo docente da Rede de Ensino.

Outro aspecto relevante que caracteriza o processo de produção dos

Cadernos de Apoio é a utilização de avaliações anuais ou bienais abertas aos

professores da Rede a respeito desse material didático-pedagógico. É a voz do

professor, expressa por meio dessas avaliações, que desencadeia a

reformulação do material. Assim, quando as sugestões dos professores são

incorporadas, há uma transformação mútua, tanto do material em si como dos

próprios professores, que passam a utilizar Cadernos de Apoio reformulados,

isso confere com o que diz Vigotski (2007) que ao mesmo tempo em que o

homem transforma o meio para atender suas necessidades, transforma-se a si

mesmo.

Em síntese, esse processo permite ao professor:

ü Fazer uso de um material (ferramenta) que parte de uma realidade

próxima, imediata e familiar;

ü Poder interferir em sua produção;

ü Conhecer e dialogar com os autores diretos;

ü Reconhecer sua participação mediante as reformulações ou ações

desencadeadas.

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17  

Consideramos que as possibilidades anteriormente descritas conferem

produção de sentido à referida ferramenta, divergindo tanto da realidade da

oferta de um material único para um Brasil que comporta tantos outros “Brasis”,

como da prática do apostilamento, que normalmente vende pacotes

educacionais oriundos da rede de ensino privada e, portanto, desvinculados da

proposta pedagógica de cada Rede especificamente.

A particularidade dos Cadernos de Apoio, de se configurarem como um

material produzido “por” e “para” professores da Rede de Ensino, tonaliza de

forma peculiar os significados e sentidos desse material. E esse conjunto de

significados e sentidos pode ser captado na investigação das Representações

Sociais.

Representações Sociais estas que nos falam, concomitantemente, do como

se estrutura o conhecimento de um objeto em seu grupo de pertencimento

(seus significados) e de como esse conhecimento se ancora, se integra à grade

de leitura do mundo do sujeito (seus sentidos).

A produção de sentidos possui uma lógica interna personificada, que tem

como ponto de partida os significados objetivados e cristalizados. Nas palavras

de Smolka (2004),

Os sentidos podem ser sempre vários, mas dadas certas condições de produção, não podem ser quaisquer uns. Eles vão se produzindo [...] no jogo das condições, das experiências, das posições, das posturas e decisões desses sujeitos; [...] numa certa lógica de produção, coletivamente orientada, a partir de múltiplos sentidos já estabilizados, mas de outros que também vão se tornando possíveis.

Aproximar-se desses sentidos, que os professores (sujeitos) atribuem

aos Cadernos de Apoio, é o ponto fulcral de nossa pesquisa, através da

investigação das Representações Sociais que elaboram sobre o referido

material didático-pedagógico.

É esse sujeito ativo e criativo que elabora Representações Sociais que

são, por sua vez, conforme define Arruda ao citar Jodelet (2002), “[...] uma

forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, com um

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18  objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a

um conjunto social”.

Na experiência relatada, a produção de material didático-pedagógico

próprio gerou novas demandas de produção, como: CD de áudio de Inglês e

Língua Portuguesa, com canções, parlendas, contos e diálogos; Caderno do

Professor e Caderno de Jogos e Brincadeiras de 1 (um) a 6 (seis) anos e já

existe o projeto para a elaboração de um Caderno de Apoio Digital que terá

início em 2011. Esse movimento, como discorre Vigotski, se justifica pelo fato

de que:

[...] quando produz os bens necessários à satisfação de suas necessidades, o homem estabelece novos parâmetros na sua relação com a natureza, o que gera novas necessidades, que também, por sua vez, deverão ser satisfeitas. (apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA 2008, p. 90).

2. JUSTIFICATIVA

Considerando que o material didático-pedagógico constitui-se enquanto

ferramenta a serviço do exercício docente, investigar as Representações

Sociais elaboradas pelos professores sobre essa ferramenta, no âmbito

acadêmico, adquire relevância para as tomadas de decisão no contexto das

políticas educacionais.

Na revisão de literatura sobre o uso de materiais didático-pedagógicos

realizada, encontramos apenas em Bunzen (2001) a referência à pesquisa

sobre a produção de materiais de apoio, no caso específico, de apostilas, pelos

professores da instituição. No entanto, a experiência tinha formato distinto da

aqui proposta.

Os demais autores tratam ou de reflexões sobre o uso dos livros

didáticos, e forçosamente, do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

gerido pelo Ministério da Educação, existente desde 1929, ou de reflexões

sobre o apostilamento das redes públicas de ensino.

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19  Raymundo de Lima (2006), um dos autores que denuncia a

mercantilização e massificação do conhecimento, anuncia a veemência de que

pesquisas sobre o ensino apostilado sejam feitas, pois faltam argumentos

científicos consistentes favoráveis ou contrários à essa realidade.

Além da revisão de literatura que posteriormente será pormenorizada, a

experiência de participar dos Grupos de Trabalho (GT’s)1 permitiu-nos

conhecer o fato de que a prática existente em Barueri, de produção de material

didático-pedagógico por professores, era inédita e também o propósito de

algumas redes públicas de ensino.

Identificar as Representações Sociais que os professores elaboram

sobre os Cadernos de Apoio nos permitirá ampliar a experiência do município.

O que o professor busca, precisa e espera de um material didático-pedagógico

são algumas das importantes questões que pretendemos ver respondidas.

E quando o professor pode interferir na produção do material, ocupando

a posição de coautor, torna esse material mais legítimo? É uma das perguntas

que nos fazemos e acreditamos que respostas a ela e a outras poderão auxiliar

no desenho das políticas públicas, especificamente, destinadas a reflexão da

oferta de materiais didático-pedagógicos.

Talvez as repostas que buscamos e outras ainda que possam emergir

com a pesquisa ressignifiquem as regras gerais que massificam um Brasil com

tantas peculiaridades, como a oferta de livros comuns de norte a sul do país e

ressignifiquem também a adoção de apostilas “importadas” de outros Estados e

Redes de Ensino, com a promessa de equiparação aos sistemas privados.

O material é só o material, não substitui de forma alguma o professor,

porém pode ser um material que o auxilie no planejamento e execução de suas

aulas ou um material que o atrapalhe e adquira status de “tarefa pra casa”.

                                                                                               1   Os   GT’s   foram   uma   iniciativa   do  Ministério   da   Educação   e   parte   do   programa   “Compromisso   pela  Educação”   (Brasil,   2007),   que   reunia   representantes  das   Secretarias   de   Educação  dos  municípios   com  população  superior  a  200  mil  habitantes  para  o  debate  de  assuntos  afins.  

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20  

2.1. POR QUE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS?

Compreender o que os professores pensam a respeito do referido

material, ou seja, as Representações Sociais construídas num período de 05

anos é essencial para fomentarmos algumas inferências e hipóteses a respeito

da relação estabelecida entre eles: professores e Caderno de Apoio.

O estudo das Representações Sociais possibilita uma melhor

compreensão da realidade, dado o simbolismo que as RS trazem em seu bojo,

expressado através da palavra e do gesto. Por meio da linguagem oral ou

escrita, homens e mulheres exteriorizam o que pensam, relatam suas

percepções e opiniões entre outros. O conteúdo exteriorizado pela linguagem é

construído histórica e socialmente e está, necessariamente, ancorado na

esfera individual e concreta de quem o explicita. (FRANCO, 2004).

Pensando na expressão de Representações Sociais, ressaltamos que

quando nos referimos à linguagem, referimo-nos as diferentes formas de

expressão da linguagem, seja essa a palavra falada, escrita ou imagética.

Moscovici (2010) sistematiza os fundamentos da Teoria das

Representações Sociais recorrendo a dois processos que são como faces da

mesma moeda: um denominado objetivação e o outro ancoragem.

A objetivação é um processo que torna o conceito concreto, palpável e

que, através de um processo histórico-social com recorrentes evocações

cristaliza-se, constituindo o núcleo central de uma determinada representação.

O núcleo central é o guardião dos elementos simbólicos objetivados e

cristalizados na sociedade. De acordo com Franco,

é no âmbito do núcleo central que as representações sociais cristalizam-se, solidificam e estabilizam, a partir da vinculação de ideias, de mensagens de homogeneização reificadas, as quais são mediadas pela realização de ações concretas e, basicamente, resistentes a mudanças. (Franco, 2004, p. 173).

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21  A ancoragem, segundo Moscovici (2010), é o processo que transforma

algo estranho, intrigante ao nosso sistema particular de categorias em algo

familiar, como um barco antes a deriva que é ancorado em um porto seguro.

O processo de ancoragem confere ao significado do núcleo central um

sentido, de ordem pessoal, particularizando-o. Considerando o processo de

ancoragem do sujeito, em face da vivência, é fundamental que haja uma

cuidadosa análise contextual do entorno em questão.

Compreender determinadas Representações Sociais implica considerar

a condição de sujeito histórico daquele que as emite, a realidade que o cerca,

dificuldades e expectativas vivenciadas e nível de leitura crítica desse contexto.

Identificar e interpretar determinadas Representações Sociais de um

determinado grupo permite além do acesso ao seu campo das ideias, o acesso

ao seu campo de possibilidades de ações. Conforme escreve Leontiev (2004),

“as representações sociais são comportamentos em miniatura” ou uma prévia

daquilo que está por vir manifesto na ação concreta.

Segundo Franco (2004) através delas é possível fazermos antecipações

a partir do que o sujeito diz, não apenas inferências sobre suas concepções de

mundo, mas também sua orientação para ação. Esse atributo preditivo confere

importância às Representações Sociais, enquanto indicadores que se

desdobram na vida cotidiana.

A relevância de se identificar e interpretar as Representações Sociais

dos professores de Barueri sobre os Cadernos de Apoio vai ao encontro da

primeira diretriz do Programa “Compromisso Todos pela Educação” (Brasil,

2007), que é garantir a aprendizagem apontando resultados concretos, pois o

sistema que elege como meta principal a aprendizagem, obrigatoriamente,

precisa refletir e subsidiar o ensino. A pergunta que aqui se faz é: O Caderno

de Apoio é, na opinião do professor, um subsídio indispensável à sua prática

pedagógica?

2.2. REFLEXÕES SOBRE O USO DE MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: LIVRO DIDÁTICO E APOSTILAS

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22  

2.2.1. O Livro Didático (LD)

O que antecede a discussão sobre o uso de material didático apostilado

nos sistemas de ensino é a reflexão sobre o uso do livro didático, objeto do

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o mais antigo programa voltado à

distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede brasileira de ensino

público que teve início, com outra denominação, em 1929.

Em levantamento bibliográfico realizado a respeito do uso do livro

didático, nota-se que este vem sendo criticado desde 1940 e mais

intensamente a partir da segunda metade da década de setenta.

Nos últimos quinze anos, uma das autoras mais citadas nos artigos

veiculados na internet é Marisa Lajolo que em seu artigo “Livro didático: um

(quase) manual de usuário” escrito para o periódico – Em Aberto – do MEC, em

1996, define como livro didático aquele que é usado de forma sistemática no

processo de ensino e aprendizagem de um conteúdo já consolidado como

disciplina escolar.

A autora aponta a relevância desse material num país como o Brasil, em

decorrência de sua precária situação educacional e adverte ainda que o

sucesso desse material depende inicialmente de seu processo de seleção e

sua trajetória na sala de aula. Ao professor cabe saber escolher qual o livro que

mais se aproxima da realidade de seus alunos e planejar seu uso em relação

aos conteúdos com os quais trabalha. Dessa forma, poderá estabelecer o

necessário diálogo entre o que diz o livro e o que pensam os alunos, permitindo

que haja progressão de conhecimento.

Embora o processo de seleção do livro didático tenha avançado muito

nos últimos anos, ainda encontramos nas mãos dos alunos livros com erros

conceituais, gramaticais e preconceitos subliminares, conforme indica a autora,

o que exige do professor um esforço extra para evitar ou pelo menos atenuar

consequências danosas.

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23  Minimizar os danos de um mau livro começa pela atividade que precisa preceder o uso de qualquer livro didático, bom ou ruim, voluntariamente escolhido ou autoritariamente imposto: leitura integral e atenta do livro, de capa a capa, da folha de rosto até a última página [...]. (LAJOLO, 1996, p. 06)

No primeiro semestre de 2011, assistimos a uma intensa polêmica sobre

a qualidade dos livros didáticos do PNLD do Ministério da Educação. Conforme

notícia da Folha, em 14 de maio de 2011, um livro de uma respeitada ONG,

distribuído a 4.236 escolas do país, afirma que, na variedade linguística

popular, pode-se dizer “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”

e que os alunos devem estar atentos para não serem vítimas de preconceito

linguístico.

Além dos aspectos negativos mencionados, muitas vezes o livro didático

é inadequado pela irrelevância do que comunica, pela monotonia e carência de

sentido das atividades que propõem, ficando novamente a encargo do

professor, substituí-las, complementá-las, torná-las favoráveis ao aprendizado.

Concordamos com Lajolo quando diz que o melhor dos livros didáticos

não pode competir com o professor.

O caso é que não há livro que seja à prova de professor: o pior livro pode ficar bom na sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor. Pois o melhor livro, repita-se mais uma vez, é apenas um livro, instrumento auxiliar na aprendizagem. Nenhum livro didático, por melhor que seja, pode ser utilizado sem adaptações. [...]. (LAJOLO, 1996, p. 06)

Embora tenhamos assistido a melhorias no PNLD, como a seriedade e

rigorosidade nos critérios para a inserção de um livro no Programa, ainda não

alcançamos a descentralização de políticas educacionais públicas anunciada

na Lei N.º 9394 / 1996 que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação

Básica Nacional. Os professores continuam escolhendo livros didáticos

previamente selecionados e os problemas com a logística de distribuição

permanecem, ou seja, nem sempre os livros indicados chegam às escolas,

tratam-se de títulos variados, em quantidades insuficientes para a classe toda,

conforme observa-se na realidade da rede de ensino municipal de Barueri.

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24  As escolas municipais de Barueri receberam em média 50% do total

devido do PNLD 2010 / Anos Finais, sendo a maioria referente à 1ª opção de

escolha. Embora, constasse nos registros do site do FNDE que a remessa

faltante tinha sido postada, a mesma não havia chegado às escolas, o que

comprometeu o trabalho pedagógico, considerando o atraso de 3 (três) meses

após o início do ano letivo, ou ainda, o encerramento do 1º bimestre letivo.

O professor precisa ser considerado enquanto sujeito no processo de

seleção do material didático, pois no dia a dia escolar é ele que reescreve o

livro didático, adaptando-o às necessidades, possibilidades e potencialidades

de seus alunos. Nesse sentido, o professor é sujeito de sua prática

pedagógica, um quase coautor dos materiais didáticos que utiliza.

Uma outra questão de igual relevância ao tema aqui tratado é trazida no

mesmo periódico – Em aberto – pelo professor Ezequiel Theodoro da Silva.

Para esse autor, boa parte dos professores brasileiros utiliza o livro didático2

como muleta e a falta de autonomia desses professores cresce na mesma

medida do lucro estrondoso das editoras de livros didáticos. O autor é incisivo

em sua crítica à qualidade e aos propósitos do livro didático quando afirma que

sua filosofia é

[...] “quadrada”, obedece ao mesmo padrão [...] é extremamente “rasa” no intuito de acomodar informações aligeiradas e não muito fiel às fontes primeiras. É “pegajosa” e “fria”, congelando as possibilidades de movimento no âmbito do ensino-aprendizagem [...]. É “descartável” e “perecível”, considerando os meios modernos de circulação do conhecimento. (SILVA, 1996, p. 09).

No entanto, discordamos da colocação rígida e generalizada do autor,

pois sabemos que os LD se constituem como importantes ferramentas à prática

docente e que, como qualquer produto, varia em qualidade e relativiza-se

conforme o uso empregado.

O professor Nilson José Machado, que também escreveu para o

periódico – Em Aberto - na mesma ocasião em que escreveram Lajolo e Silva,

                                                                                               2  O  livro  didático  a  que  se  refere  o  autor  não  é  específico  de  uma  ou  outra  disciplina,  mas  tratado  em  seu  aspecto  geral.  

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25  se posiciona de forma contrária à Silva. Ele acredita ser inaceitável a

proposição categórica de que todos os livros didáticos são de má qualidade.

O autor insiste na necessidade de que o livro didático tenha seu papel

redimensionado, equiparando sua importância a mesma atribuída a outros

instrumentos didáticos como o caderno, textos paradidáticos, não didáticos,

diferentes portadores de textos e redes on line. Diminuir a importância e

hegemonia do livro didático não implica em eliminá-lo da sala de aula, afinal

quando usado adequadamente, o livro mais deficitário é melhor que nenhum,

enquanto o mais sofisticado e completo pode tornar-se desastroso se utilizado

de forma rígida e alienada.

Ainda sobre o lucro estrondoso das editoras, mencionado por Silva

(1996), Élcia Arruda (2007), pesquisadora dos gastos financeiros da educação

brasileira com materiais didáticos entre outros, afirma que independente de

qualquer que seja a razão pedagógica, a função do livro está subordinada à

lógica de produção de mercadorias. Segundo a autora, a escola atualmente é

uma oportunidade de meganegócio, que movimentou só em 2003, 13,5% do

PIB brasileiro, o setor educacional sozinho é maior do que os setores de óleo e

gás, energia e telecomunicações juntos.

Arruda (2007) cita Zilberman quando diz que a escola é o mercado-alvo

das editoras e o livro didático é o primo rico que assegura uma rentabilidade

segura, por contar não apenas com o apoio dos sistemas de ensino, mas

principalmente, do Estado, devido às políticas públicas que garantem sua

compra.

Quando comparado ao setor privado, o governo é responsável por

grande parte do total de exemplares vendidos, algo em torno de 50%, porém, é

importante ressaltar que “o preço do livro comprado pelo governo é cerca de

1/3 menor do que aquele comprado pelo setor privado”. (ARRUDA, 2007).

Acreditamos que todo o investimento aplicado à educação nunca será

exagero, pois há centenas de escolas espalhadas pelo país que provavelmente

possuem em seu acervo apenas os LD distribuídos pelo MEC.

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26  

São tão conhecidas nossas, e ao mesmo tempo são tantas as carências

das práticas de ensino, tais como: a deficitária formação dos professores, a

remuneração irrisória da categoria, a desvalorização do magistério e a

escassez de diversificação dos materiais de apoio. Só não são claramente

conhecidas as reais intenções das políticas educacionais que regem essa

orquestra.

Sem dúvida é motivo de comemoração a ressignificação da imagem do

Brasil diante do mundo, seu crescimento econômico e participação em grupos

de políticas globais, no entanto, segundo um editorial da “Isto É”, de março de

2011, embora o Brasil esteja atualmente entre as dez nações mais ricas do

mundo, nos investimentos em educação alcançou a 73ª posição, pois enquanto

a média global de investimento nessa área gira na casa de 10% do PIB, a

média brasileira não passa de mirrados 3% a 4%.

Zaballa (1998) fez um levantamento das principais críticas ao livro

didático, dentre elas, o tratamento unidirecional dos conteúdos, dogmatismo e

apresentação axiomática dos conhecimentos, dados como verdades absolutas,

inquestionáveis, além do fato de não considerar a realidade extraescolar do

aluno.

Qual seria então o material didático ideal, que considerasse o entorno do

aluno, as peculiaridades dos meninos e meninas de cada sala de aula e as

concepções pedagógicas de cada professor? Um material produzido pelo

próprio professor? Será que outros profissionais, por exemplo, um médico

também precise recorrer a livros de sua autoria para que estes lhe subsidiem?

Segundo Zaballa,

Nossa tarefa prioritária como educadores não consiste na confecção dos materiais que devem nos ajudar a desenvolver as atividades educativas. A tarefa de ensinar envolve ter presente uma quantidade enorme de variáveis, entre elas as que nos indicam as necessidades particulares de cada menino e menina e de selecionar as atividades e os meios que cada um necessita. [...] O fato de ter que utilizar materiais elaborados por outros não significa uma dependência total, nem a incapacidade de confeccionar os materiais necessários quando a oferta do mercado não se ajusta ás necessidades que queremos atender. (ZABALLA, 1998, p. 176).

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27  

São consonantes com Zaballa os autores Deo e Duarte, citados por

Arruda (2007), quando afirmam que deve haver esforços conjuntos para a

criação de novos materiais didáticos que auxiliem o professor a realizar o seu

papel, propiciando, assim, alternativas para a superação da crise educacional

brasileira e para a possível falência do sistema educacional.

Ao professor é necessário um vasto e variado repertório de materiais

didáticos, para que este possa os pinçar e articular no propósito de ensinar de

diferentes maneiras, àqueles que também aprendem de diferentes maneiras.

2.2.2. A inserção de apostilas nos Sistemas de Ensino

Cada vez mais assistimos a difusão do uso de apostilas nos Sistemas de

Ensino, que começou a aparecer na década de 1950, chamada de apostilismo.

Essa temática é discutida no artigo de Clécio Bunzen, sob o título polemizador:

O antigo e o novo testamento: livro didático e apostila escolar.

A palavra apostila vem do latim postilla que significa após aquelas coisas. Segundo o Aurélio, “recomendação à margem de um documento, acréscimo ao fim de uma carta, pontos ou matérias de aulas publicados para uso de alunos”. (BUNZEN, 2001, p. 39).

Bunzen (2001) concebe as apostilas como materiais complementares e

não elementares e como o próprio nome sugere “aquilo que vem depois”,

depois, por exemplo, da ampla apresentação, discussão e sistematização de

um conteúdo por parte do professor. Segundo o autor, o risco posto pelas

apostilas é que estas partem da “lapidação” dos livros didáticos, numa tentativa

de tratar os conteúdos de forma mais sucinta e direta e com isso, muitas vezes,

de maneira superficial.

Conforme dispõe Carvalho Neto (2004), historicamente, a técnica do

apostilismo, por condensar e registrar estritamente o necessário ao ensino e

aprendizagem, permitiu a produção de um material de apoio às aulas capaz de

responder ao problema de limitação de tempo. Associado a isso, a organização

de módulos, aulas ou unidades de ensino das apostilas uniformizam ações e

garantem o cumprimento do programa em várias unidades ou escolas de uma

mesma rede.

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28  

No entanto, o autor acrescenta que o modelo educacional inaugurado

pelo apostilismo se define como “a gestão de processos de ensino-

aprendizagem calcados no decoreba [...]”.

Eleger um produto como responsável pelas falhas do nosso sistema

educacional não nos parece consistente. Caso a metodologia do “decoreba”

fosse decorrente do uso de apostilas seria simples de se resolver, bastaria

extinguir o uso das mesmas. A prática do “decoreba”, assim como muitos de

nós a conhecemos, está a desserviço da educação, pois se trata da

memorização mecânica de informações seguidas de seu descarte.

Contudo, até mesmo o “decoreba” merece ser relativizado, pois existem

alguns conteúdos escolares que quando memorizados auxiliam na agilidade e

proficiência do conhecimento, como por exemplo, a tabuada e a tabela

periódica. Porém, para que a memória seja fixada em longo prazo, é

necessário que haja o estabelecimento de elos de sentido, de conexões

neurais, conforme cita a neurocientista Elvira Souza Lima (2006).

Bunzen (2001) investigou o fenônemo do ensino apostilado em 4

escolas particulares entrevistando coordenadores, professores e alunos, pois

buscava compreender por que as escolas utilizavam esse material, que para o

autor, em muitos casos, resumia-se num uso mecânico, sem reflexão ou então

numa prática de dependência dos professores em relação às apostilas.

O autor encontrou 4 (quatro) tipos de apostilas: produzidas na própria

escola por um educador; produzidas na própria escola por um grupo de

professores; produzidas por sistemas integrados de ensino e fotocópias de

livros didáticos.

Foram as apostilas produzidas pelos sistemas integrados de ensino que

demonstraram impor mais dificuldade na relação entre professor e aluno, pois

padronizam conteúdos e metodologias indiscriminadamente. Já as apostilas

feitas a partir de fotocópias de livros didáticos desrespeitam a lei de direitos

autorais e perdem na qualidade de imagens. E as apostilas produzidas por um

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29  educador ou um grupo de educadores comprometem a autonomia do professor

em criticar o material apostilado, pois se o fizer estará criticando um colega ou

colegas próximos de trabalho.

Na Rede de Ensino de Barueri a experiência de adquirir apostilas de

sistemas integrados de ensino não foi exitosa, conforme dito inicialmente, pois

a proposta metodológica e mesmo epistemológica do material não atendia a

demanda específica da Rede.

Em 2006, Raymundo de Lima, no artigo “Escola apostilada: ilusão ou

barbárie?” aponta um dado significativo, dentre os 645 municípios do estado de

São Paulo, 129 haviam adotado sistemas apostilados. A discussão que ganhou

manchete no jornal Folha de São Paulo anunciou um custo de R$ 145,00 a R$

260,00 por aluno / ano para o serviço prestado por convênios com empresas

particulares que fornecem materiais e treinamento aos professores.

O fato de 20% dos municípios de São Paulo terem optado pela adoção

de sistemas apostilados chama a atenção e aponta para a necessidade de que

esse movimento seja melhor pesquisado, além de avaliado em seus aspectos

positivos e negativos.

A perspectiva mercantil sobre o serviço prestado por esses sistemas

integrados de ensino é ampliada com as pesquisas de Arruda (2008), que

analisa a comercialização de material didático-pedagógico por grupos privados

para escolas de ensino fundamental e médio em uma capital brasileira de

médio porte.

Segundo a autora a expansão da educação escolar anunciada com a

bandeira de uma “Educação para todos” fez surgir uma considerável demanda

por produtos e serviços destinados à escola. Em quinze anos (1991 – 2006) o

número de matrículas nas escolas públicas cresceu 30%: que outro segmento

de mercado teve essa possibilidade de expansão? – interroga a autora.

A tentativa de inserção desses sistemas integrados nas Redes Públicas

de Ensino é realmente apelativa, podemos dizer isso com base na experiência

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30  de uma das pesquisadoras à frente da coordenação geral das escolas de

ensino fundamental da Rede Municipal de Ensino de Barueri.

As solicitações de agendamento e tentativas de persuasão dos

representantes de grupos que vendem estes pacotes educacionais, incluindo

formação de professores e os mais variados materiais didático-pedagógicos,

são frequentes, no entanto, a compra é opcional e precisa ser refletida

enquanto possibilidade de consumo responsável e necessário.

Arruda (2008) cita ainda que a indústria escolar assume o formato de

cadeia produtiva assim como qualquer outra organização industrial. Uma das

marcas desse formato é o descarte do produto que não serve mais ou já não

atende às necessidades do cliente. Da rede de ensino investigada pela

pesquisadora, 25% das escolas haviam mudado de sistema de ensino

fornecedor.

Essa oscilação entre sistemas ou pacotes educacionais pode dificultar a

consolidação de um processo mais coeso e contínuo, estabelecendo uma

lógica imediatista, em que a todo o momento tudo é recomeçado e como diz o

aforismo popular “o bebê é jogado junto com a água da bacia”.

Retomando o mérito pedagógico das apostilas, notamos que um dos

impasses frente ao uso do livro didático é posto também diante do ensino

apostilado, que é o estreitamento da autonomia docente. Quando o uso desse

material é conduzido de forma rigorosa e arbitrária pelos dirigentes

educacionais, pouco resta ao professor na tentativa de adequá-lo ou de, a

partir dele, desencadear outras propostas.

O fato é que o apostilamento divide opiniões e causa polêmica, como a

divergência de ideias entre Júlio Groppa Aquino (2007) e Cláudio de Moura

Castro, ambos escritores de colunas educacionais.

Aquino (2007), em um de seus artigos para a Revista Educação critica

duramente a prática do apostilamento nas Redes de Ensino, ao dizer que,

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31  Idealizado como corretivo tanto para a malemolência docente quanto para a dispersão discente, o ensino apostilado propõe-se a disciplinar e normatizar os usos e costumes de sala de aula, imprimindo-lhes um ritmo cadenciado, aligeirado, fabril, de modo que não reste tempo hábil para o vago e moroso trabalho do pensamento, este cativo da interrogação (às vezes, da refração), jamais da reiteração compulsória.

Segundo o autor, a imposição e organização do tempo exigido na prática

do apostilamento coíbem o tempo de reflexão, pesquisa, estudo, enfim, as idas

e vindas necessárias aos processos de ensinar e de aprender.

Porém, o posicionamento de Aquino é enfaticamente rebatido por Castro

(2007) ao afirmar que conforme resultados de pesquisas, quanto mais

planejado o ensino, mais os alunos aprendem. Para ele, “quanto mais o livro

facilita a vida do professor, mais ele pode se dedicar àquelas dimensões

artesanais e afetivas, tão críticas para o aprendizado.”

Além da estruturação do ensino, também são citadas por Castro (2007),

como pontos favoráveis do apostilamento a integração curricular e a formação

de professores.

Integração curricular pelo fato de serem coleções completas, o que

permite o diálogo entre os livros ou apostilas das diferentes etapas de ensino e

formação de professores, pois auxiliam na utilização eficiente dos conteúdos e

das metodologias propostas, além da facilidade de avaliação do ensino.

Castro acrescenta ainda que 60% das escolas associadas a um dos

sistemas de ensino apostilado (aqui mantido em anonimato) encontram-se

dentre as três melhores de suas cidades na prova do Enem, e este por sua

vez, afere raciocínio e não “decoreba”.

O autor encerra seu artigo denunciando o fato de que a grande maioria

das instituições de ensino e professores “vive desgarrada e sem apoio técnico

das secretarias de educação”, nesses casos, seria de muita valia a associação

a um sistema apostilado.

A experiência a frente da coordenação geral de ensino fundamental na

Secretaria de Educação de Barueri nos leva a considerar os apontamentos

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32  tanto de Aquino (2007) como de Moura (2007): a que haver tempo de reflexão

docente e apoio técnico dos dirigentes educacionais.

Ao mesmo tempo em que é necessário que seja garantido tempo de

reflexão, estudo e pesquisa entre os docentes para que as unidades escolares

adquiram identidade e as ações pedagógicas ganhem sentidos, também a que

ser garantido apoio técnico e o estabelecimento de “linhas mestras” ou “eixos

norteadores”, representantes do exercício democrático e coletivo, anunciados

por parte das dirigências educacionais.

Esses eixos norteadores não podem ser rígidos ao ponto de engessar e

tampouco flácidos ao ponto de fragilizar, não dando sustentação. É importante

que seja garantido o que a LDB assegura aos professores, enquanto

possibilidade de organizarem suas práticas a partir de necessidades locais ou

iniciativas próprias.

Após a reflexão sobre o uso de livros didáticos ou apostilas, evidencia-se

que o cerne da questão não está em usar ou não usar, mas em “como” usar,

“qual” usar e “por que” usar, ou seja, o uso precisa ser refletido e debatido, pois

o material didático-pedagógico é uma extensão do docente, constitui-se como

um de seus instrumentos de trabalho e, portanto, precisa lhe fazer sentido.

Longe de uma apologia ao material didático-pedagógico “X” ou “Y”,

conferindo a um ou outro a panaceia da educação, o êxito, ao que tudo indica,

reside exatamente no processo e não no produto. Importar soluções tem sido

uma prática frustrada em muitas esferas do nosso país, denunciando nossos

estereótipos de povo colonizado e sobreposição da cultura do colonizador.

Segundo Vigotski (2007), a ação do homem sobre a realidade que,

obrigatoriamente ocorre em sociedade, é um processo histórico. Nesse sentido,

a produção de instrumentos ou procedimentos educacionais precisa partir da

historicidade, da necessidade e da reflexão dos protagonistas da situação.

Raymundo de Lima (2006), citado anteriormente, encerra seu artigo com

uma chamada da necessidade de que pesquisas sobre os efeitos concretos do

ensino apostilado sejam feitas, pois faltam argumentos científicos consistentes

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33  prós ou contra essa realidade. Nesse sentido, a presente pesquisa sobre as

“Representações Sociais de professores de Barueri sobre o material didático

utilizado e atividades correlacionadas” poderá fornecer algumas pistas para a

reflexão proposta pelo autor.

Tendo em vista o panorama anteriormente apresentado, decidimos

realizar uma pesquisa sobre as Representações Sociais dos professores de

Barueri sobre os referidos Cadernos de Apoio, expressadas mediante o uso da

linguagem verbal escrita, falada e imagética.

3. A PESQUISA

Para realização dessa pesquisa foi efetuado um estudo de caso com 38

professores da Rede Municipal de Ensino Fundamental de Barueri. Por tratar-

se de uma Rede de aproximadamente 2 (dois) mil professores, o estudo de

caso ocorreu na escola que, na ocasião, atendia ao maior número de alunos e

conciliava os segmentos do ciclo I e II do Ensino Fundamental, além do

atendimento da Educação Infantil.

3.1. OBJETIVOS

Com a presente investigação, objetivou-se:

1. Identificar as caracterizações pessoais, sociais, econômicas e familiares

dos professores envolvidos;

2. Identificar e interpretar as Representações Sociais que os mesmos

elaboram sobre o material didático-pedagógico denominado “Caderno

de Apoio”;

3. Identificar outras atividades pedagógicas por eles desenvolvidas.

3.2. ESTUDO DE CASO

Os estudos de caso levam em conta os elementos processuais, as

próprias situações investigadas e a possibilidade de transformação dessas

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34  situações. Segundo Franco (2007), o estudo de caso pretende retratar uma

configuração que, embora particular, funcione como ponto de partida para uma

análise que busque o estabelecimento de relações sociais mais amplas de um

determinado objeto de estudo.

São infundadas as críticas de que o estudo de caso é uma modalidade

de pesquisa restrita e, portanto, sem abrangência social, e que oferece pouca

base para generalização. Mazzoti (2006) cita Yin para explicitar que há

situações em que o estudo de caso é a modalidade mais indicada e a lógica

que o rege não é a da amostragem, mas a da replicação.

A generalização do estudo de caso, conforme postula Franco (2007), é

tratada como um processo de interação objetivada. Na medida em que o leitor

reconhece semelhanças, diferenças, equivalência ou não, do caso particular

investigado com outros casos ou situações de sua prática social, pode estender

a reflexão a outros contextos similares.

Portanto, é fundamental que a análise de um estudo de caso seja baseada

numa pormenorizada interpretação de contexto.

3.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS / INSTRUMENTOS

3.3.1. Coleta de Dados

Questionário

Como instrumento inicial, utilizamos um questionário composto de

questões abertas e fechadas (anexo) para a caracterização dos 38

participantes e investigação das Representações Sociais que os mesmos

elaboram sobre o Caderno de Apoio. Na ocasião da aplicação foi explicitado

aos respondentes os objetivos da pesquisa e a utilização dos dados coletados,

além da garantia do anonimato dos mesmos.

Grupo Focal

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35  Num segundo momento, utilizamos o Grupo Focal Temático, e embora,

nosso propósito fosse o de selecionarmos uma amostra de aproximadamente

08 participantes, dentre os respondentes da primeira etapa de investigação,

houve necessidade de ajustes e trabalhamos com 12 participantes.

Segundo Bernadete Gatti (2005), o grupo focal é uma técnica derivada

das muitas formas de trabalho com grupos e mais difundida na psicologia

social.

O grupo focal atua nas lacunas que podem ser deixadas pelos

questionários, conforme citado anteriormente, pelo controle e impessoalidade

que os mesmos possuem, possibilitando diante daquilo que o participante julga

mais ajustado, pertinente ou ainda, esperado, manipular sua resposta,

conforme cita Gatti,

O grupo focal permite fazer emergir uma multiplicidade de pontos de vista e processos emocionais, pelo próprio contexto de interação criado, permitindo a captação de significados que, em outros meios, poderiam ser difíceis de manifestar. [...] Quanto ao uso dos questionários, o grupo focal, ao propiciar a exposição ampla de ideias e perspectivas, permite trazer à tona respostas mais completas e possibilita também verificar a lógica ou as representações que conduzem à resposta. (GATTI, 2005, p. 9-10).

Os grupos focais podem ser empregados com diferentes finalidades,

sendo que uma delas é exatamente checar opiniões sobre materiais ou

propostas implantados. Gatti (2005) alerta para situações em que não se

recomenda o emprego do grupo focal, como por exemplo, aquelas em que se

deseja que as pessoas cheguem necessariamente a um consenso, ou quando

se buscam informações delicadas que não podem ser partilhadas no grupo.

A técnica é muito útil quando se quer compreender as diferenças

existentes em perspectivas, ideias, sentimentos, representações, valores e

comportamentos de grupos diferenciados de pessoas, bem como, as

motivações que subsidiam determinadas ações e posicionamentos. O grupo

focal, quando realizado de forma adequada, ou seja, com a atuação adequada

do moderador e adesão voluntária dos participantes, ajuda a ir além das

respostas simplistas ou simplificadas.

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36   A autora cita ainda que, embora no Brasil a técnica do grupo focal seja

utilizada com mais frequência na área da saúde, seu uso tem sido ampliado em

vários outros campos como os da psicologia, da educação, do serviço social e

da sociologia.

Como estávamos interessadas em captar as Representações Sociais

em sua amplitude, incluindo sua zona muda, diversificamos os instrumentos de

coleta de dados. Iniciamos com o questionário, acrescido da técnica

exploratória do grupo focal e finalizamos com a produção gráfica.

Ou seja, foi considerando a possibilidade de captar a zona muda das

Representações Sociais, discutida por Menin (2006) e, posteriormente, por

Scoz e Martinez (2009), que citam Abric para explanar sobre certos elementos

centrais das Representações Sociais que ficam “escondidos”, “mascarados” ou

ainda, elementos não conscientizados, que recorremos, na ocasião do Grupo

Focal, à solicitação da expressão da linguagem pictórica ou imagética dos

participantes.

Abric (2003), um dos principais nomes na esfera da teoria das

Representações Sociais, traz importantes contribuições aos estudos iniciados

por Moscovici, levanta o problema da confiabilidade dos dados obtidos e se

pergunta se “as pessoas que interrogamos nos dizem mesmo o que pensam?”

(apud GATTI, 2005, p. 44).

Nessa ocasião, o referido autor estava fazendo referência ao

desencontro entre as pesquisas eleitorais e o resultado da eleição presidencial

na França, em 2002. Para ele, provavelmente as pessoas entrevistadas não

revelaram suas intenções de voto por receio de serem mal vistas. Essas

surpresas, não se restringem à França, muito menos ao contexto das eleições,

com frequência assistimos a pessoas que modulam suas opiniões

convenientemente, resguardando aquilo que realmente pensam a respeito de

um determinado assunto ou objeto, para se preservar ou até mesmo proteger.

Essa esfera, denominada de zona muda, é composta, segundo Abric, de

elementos das representações sociais que não são ditos pelos sujeitos pelos

métodos clássicos de coleta de dados.

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37  Segundo Menin (2006), a zona muda das Representações Sociais são

espaços de representações que não se revelam facilmente nos discursos

diários e, ainda mais, nos questionários de investigação, pois são consideradas

como não adequadas em relação às normas vigentes.

As Representações Sociais são construções complexas em que se inter-

relacionam aspectos cognitivos, sociais, culturais, históricos e afetivo-

emocionais. Como diz Jodelet (2008, p. 50),

“La más difícil, porque las representaciones sociales son fenómenos complejos que ponen en juego numerosas dimensiones que deben ser integradas en una misma aprehensión y sobre las cuales se tiene que intervenir conjuntamente.”

  O   professor   Tedesco   esteve   em   agosto   de   2011   num   seminário   do   Centro  

Internacional   de   Estudos   em   Representações   Sociais   e   Subjetividade   –   Educação  

(CIERS  –  ed)  do  Departamento  de  Pesquisas  Educacionais  da  Fundação  Carlos  Chagas  

e  em  sua  palestra  destacou  a  relevância  de  que  no  estudo  das  Representações  Sociais  

sejam  acrescentados  outros  aspectos  que  não  apenas  o  da  centralização  social,  como  o  

percurso  subjetivo,  explicitado  no  processo  de  ancoragem.  

O  acesso  ao  que  particulariza  o  sujeito,  ao  que  o  torna  único,  considerando  sua  

subjetividade,  alicerçada  e  sustentada  por  sua  historicidade  não  é  tarefa  simples.  Por  

isso,   quando  não   são   as   respostas   convencionais   que   interessam,  mas,   os   conteúdos  

genuínos,  instrumentos  metodológicos  diferenciados  precisam  ser  pensados.  

Acrescenta-se à consideração anterior, a ideia de seja mais fácil para o

participante responder expressando as ideias que julga desviantes, em face de

uma pessoa menos próxima e que não partilhe do mesmo sistema de

referência. (MENIN, 2006).

Justamente por entendermos que talvez alguns professores não

respondessem às questões propostas no questionário exatamente como

pensam e considerando o fato de uma das pesquisadoras partilhar do sistema

de referência dos participantes, utilizamos mais duas técnicas de coleta de

dados: o grupo focal e a expressão gráfica.

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38  Partimos do pressuposto que, ao estabelecer como recurso

complementar o uso da expressão gráfica dos participantes, sendo esta uma

forma indireta de exposição, poderíamos avançar na compreensão dos dados,

congregando três linguagens: escrita, falada e pictográfica ou imagética.

Assim, ao final do grupo focal, solicitamos aos professores que

desenhassem o que pensavam sobre os Cadernos de Apoio e, posteriormente,

que escrevessem no verso o que seu desenho representava.

Notamos que, conforme prevíamos, no momento em que os

participantes passaram a desenhar houve maior descontração do grupo.

Acreditamos que as atividades manuais tendem a tornar o ambiente mais

espontâneo, podendo romper com posturas defensivas.

Os desenhos foram escaneados e acrescidos à pesquisa e as falas

foram gravadas, para transcrição e análise de conteúdo dos trechos que

consideramos significativos.

3.3.2. Análise de Conteúdo

Sendo assim, os dados obtidos foram submetidos à Análise de

Conteúdo, concebida como um procedimento utilizado para fazer inferências a

partir das mensagens, sejam elas: verbal (escrita ou falada), gestual,

silenciosa, figurativa ou documental.

De acordo com Franco, a análise de conteúdo é uma técnica de

pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um texto, em

que a inferência é o procedimento intermediário que permite a passagem da

descrição à interpretação.

Produzir inferência é, pois, la raison d’etre da análise de conteúdo. É ela que confere a esse procedimento relevância teórica uma vez que implica, pelo menos, uma comparação, já que a informação puramente descritiva, sobre o conteúdo, é de pequeno valor. Um dado sobre o conteúdo de uma mensagem (escrita, falada e/ou figurativa) é sem sentido até que seja relacionado a outros dados. [...] Assim, toda análise de conteúdo implica comparações; o tipo de comparação é ditado pela competência do investigador no que diz respeito a sua maior ou menor compreensão acerca de diferentes situações vivenciadas e refletidas e acerca do nível de conhecimento

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39  assimilado sobre diferentes abordagens teóricas (FRANCO, 2007, p.29).

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO

O grupo foi composto por 38 professores da Escola Municipal de

Educação Infantil e Ensino Fundamental “Prof. Elvira Lefrève Salles Nemer”,

situada na cidade de Barueri – SP, sendo 34 mulheres (89,5%) e 04 homens

(10,5%).

Segundo os dados apresentados no programa “Todos pela Educação”,

as mulheres compõem 81,5% do total de professores da Educação Básica do

País. Em todos os níveis de ensino dessa etapa, com exceção da Educação

Profissional, elas são maioria lecionando.

Esse percentual pode ser explicado historicamente, como aponta a

socióloga Magda de Almeida Neves, da Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais (PUC Minas). Segundo ela, a sociedade brasileira associa a

função do professor a características geralmente consideradas femininas,

como a atenção, a delicadeza e a meiguice.

A faixa etária predominante caracteriza-se entre 40 e 55 anos,

equivalendo a 58% do total de participantes.

Dentre os participantes, 63%, especificamente, são casados (as), 18%

separados (as) ou divorciados (as), 15% solteiros (as), 5% viúvos (as) e 2%

amasiados (as). Sendo que 74% têm filhos.

No que diz respeito a formação desses profissionais da educação, 95%

possuem ensino superior, 40% têm, além do ensino superior, alguma pós-

graduação e 5% são mestres.

O tempo de docência de 61% dos participantes é de 01 a 05 anos,

sendo que 26% já atuam há mais de 10 anos e 11% de 05 a 10 anos.

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40  Na rede de ensino municipal de Barueri temos 42% com atuação de

mais de 10 anos, 32% de 05 a 10 anos, 18% de 01 a 05 anos e 8%

ingressantes.

O segmento de atuação predominante é o Ciclo I do Ensino

Fundamental com 60% dos professores, seguidos de 37% do Ciclo II e 18% da

Educação Infantil.

Nos momentos de folga dos professores, 53% faz passeios ou apenas

fica com família, 40% leem e 18% estudam, pesquisam e preparam aulas.

Cuidar dos afazeres domésticos e assistir TV são apontados por 21% e em

porcentagem menor são citadas atividades esportivas, musicais e religiosas.

Embora as atividades religiosas sejam apontadas nos momentos de

folga num percentual de 10%, 84% dos participantes afirmam participar das

mesmas de forma constante. Apenas 8% fazem suas orações em casa e 6%

posicionam-se como agnósticos ou livre-pensadores.

O tempo de utilização do Caderno de Apoio para 68% dos professores é

demarcado deste a implantação do mesmo na rede de ensino (2005), 11% o

utilizam há 1 ano, 8% há 2 anos, 5% há 3 anos e 5% há 4 anos.

4.2. CARACTERIZAÇÃO CONTEXTUAL

4.2.1. Histórico da Educação Municipal de Barueri3

Com a Lei Municipal N.º 538 de 12 de setembro de 1985 foi criado o

SEMEC – Serviço Municipal de Educação e Cultura sob forma de autarquia,

com os objetivos principais de coordenar e executar os serviços relacionados

com a manutenção e desenvolvimento do ensino, em todos os seus níveis,

abarcando também as atividades culturais, a partir de 1º de janeiro de 1986.

                                                                                               3  Informações  extraídas  do  Portal  Pedagógico  da  Educação  de  Barueri  –  www.educ.net.br  

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41  Em 1991, por meio da Lei Municipal N.º 811, de 29 de dezembro, o

SEMEC – Serviço Municipal de Educação e Cultura foi desmembrado em duas

autarquias:

SEMEI – Serviço Municipal de Educação Infantil, para coordenar e

executar serviços relacionados com a manutenção e desenvolvimento

da educação infantil (maternal e pré-escola) e educação especial.

SIEC – Serviço Integrado de Educação e Cultura para coordenar e

executar os serviços relacionados com a manutenção e o

desenvolvimento de ensino profissionalizante de 1º e 2º graus, inclusive

da escola técnica.

Essa denominação foi alterada por meio da Lei Complementar N.º 87 de

8 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a estrutura administrativa dos

órgãos da Administração Pública, passando a ser Secretaria de Ensino

Fundamental e Secretaria de Educação Infantil, como órgãos de execução da

administração direta, ficando a cargo da SEI a Educação Infantil e da SEF o

Ensino Fundamental.

Somente em 2005, por força da Lei Complementar N.º 153, de 19 de

janeiro, houve a unificação da SEI e da SEF em uma única secretaria, a

Secretaria de Educação.

Trazemos também para ilustração a evolução do Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do município.

Trajetória do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Barueri

IDEB 2005

(N x P)

IDEB 2007

(N x P)

IDEB 2009

(N x P)

Projeções

2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021

Anos

Iniciais

4,5 5,2 5,4 4,6 4,9 5,3 5,6 5,8 6,1 6,3 6,6

Séries

Finais

4,2 4,4 4,7 4,2 4,4 4,6 5,0 5,4 5,6 5,9 6,1

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42  4.2.2. Histórico da Escola

A escola municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Prof.ª

Elvira Lefèvre Salles Nemer, situada à Av. Henriquieta Mendes Guerra, 1.668,

no bairro Jardim São Pedro, em Barueri, com CEP 06401-160, no Estado de

São Paulo, foi criada através do Decreto Municipal nº 4579, de 16/03/2000,

publicado no Jornal Notícias de Barueri.

A escola está subordinada à Secretaria de Educação do município de

Barueri e ao CME – Conselho Municipal de Educação de Barueri.

Em Barueri, 100% das escolas de Ensino Fundamental são

municipalizadas, totalizando 92 unidades escolares, entre a Educação Infantil -

creches, pré-escolas - e escolas de Ensino Fundamental. No ensino médio

técnico existem 6 Institutos Tecnológicos de Barueri – ITB e a modalidade

normal é mantida pelo Estado. De acordo com o quadro de alunos de fevereiro

de 2011, essa rede de ensino possui mais de 60 mil alunos e aproximadamente

2.500 professores.

A escola municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Prof.ª

Elvira Lefèvre Salles Nemer mantém o nível de ensino da Educação Infantil e

do Ensino Fundamental, em regime de progressão seriada, com duração de 09

anos, funcionando em período parcial: das 7h às 12h e das 13h às 18h.

A escola funciona em prédio próprio de alvenaria construído em 2007 e

reinaugurado em 2008, onde estão dispostas 24 salas de aula, distribuídas em

03 pavimentos com 03 sanitários inclusive para pessoas com necessidades

especiais, sala de informática, sala de leitura e biblioteca, sala de vídeo, sala

de multimeios e laboratório de ciências.

A escola possui pátio e quadra cobertos, além da parte administrativa,

com secretaria, sala de professores, sala para direção, sala para orientador

educacional e coordenador pedagógico e sala de reuniões.

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43  Para 88% dos pais e responsáveis 4 dessa Unidade Escolar, a presença

se faz necessária na escola nas reuniões de pais, 77% quando convocados,

61% nas comemorações escolares e 15% em outras ocasiões.

Os pais, em sua maioria, são assalariados exercendo funções de mão

de obra em indústria e comerciários, com renda variando em 32% com até 2

salários mínimos, 42% de 3 a 5 salários, 14% de 6 a 10 e 12% com mais de 10

salários. Existindo atualmente uma porcentagem relevante de desempregados.

No quesito média de escolaridade, 44% dos pais têm ensino médio

completo, 10% têm o ensino fundamental completo e os outros 46% estão

encaixados nas demais faixas de escolaridade.

O corpo de funcionários geral conta com 79 pessoas, entre gestores,

professores e funcionários de apoio e aproximadamente 1.700 alunos.5

4.3. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Os dados coletados no questionário aplicado nos trouxeram muitas

mensagens escritas. Ressaltamos que são elas, as mensagens: verbais

(escritas ou faladas), gestuais, simbólicas... vias de expressão das

Representações Sociais na qualidade de elaborações mentais construídas

socialmente, que constituem-se como ponto de partida para o processo de

análise de conteúdo.

A análise de conteúdo demandou inicialmente uma pré-leitura flutuante

com idas e vindas às respostas dadas pelos participantes que resultou na

criação das categorias. A partir das convergências notadas nos conteúdos que

expressavam mesmo significado e sentido, foram destacados os indicadores

(núcleo das respostas) e criadas as categorias.

Na primeira questão aberta, por exemplo, que perguntava a opinião dos

professores sobre o Caderno de Apoio, notamos que havia duas categorias de                                                                                                4  Esses  dados  foram  extraídos  da  Proposta  Pedagógica  da  Escola,  e  conforme  consta,  ao  referirem-­‐se  aos  pais  e  responsáveis,  o  termo  “pais”  inclui  “mães”.    

 5  Dados  relativos  ao  ano  letivo  de  2010.  

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44  respostas ou ainda dois grupos com núcleos de respostas aproximados. Uma

categoria era ligada aos aspectos relacionados à concepção de suporte

pedagógico e outra à concepção de norteador do trabalho pedagógico.

Na primeira categoria notamos ainda uma diversidade de opiniões que

iam desde um posicionamento satisfatório “pra mim é um material a mais, que

dá suporte para que o professor desenvolva os conteúdos” até respostas que

indicavam necessidade de correções gráficas “precisa melhorar em sua

qualidade, há muitos erros” ou necessidade de reformulações didáticas “é

muito cansativo, repetitivo” demandando a criação de subcategorias.

Muitas vezes uma única resposta possui mais de um núcleo e, por isso,

quando desmembrada, serve como indicador de mais de uma categoria, por

exemplo “é uma ferramenta a mais que desenvolve a aprendizagem do aluno

(concepção de suporte pedagógico) e orienta o planejamento das aulas

(concepção de norteador do trabalho pedagógico), por isso a incidência de

indicadores é superior a quantidade de participantes.

As categorias incluem o significado e o sentido das respostas emitidas.

Segundo Franco (2007), o significado está associado ao conteúdo do

núcleo central, conteúdos estes cristalizados e mais estabilizados, enquanto o

sentido está relacionado à ancoragem, processo pelo o qual o sujeito

particulariza esses conteúdos.

4.4. O GRUPO FOCAL

Solicitamos ao diretor da escola que fizesse o convite aos professores

para a participação voluntária no Grupo Focal Temático, porém, em razão da

rotatividade comum no processo de atribuição de aulas, dos 38 (trinta e oito)

participantes que haviam participado da primeira etapa, uma minoria

permaneceu na mesma escola e apenas 02 (dois) tinham disponibilidade para

participar do Grupo Focal. Contudo, outros 10 (dez) professores demonstraram

interesse e solicitaram autorização para integrar o grupo.

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45  Considerando que o tema do Grupo Focal era comum também a esses

professores, além da dificuldade de reunirmos os primeiros participantes,

decidimos trabalhar com os professores que haviam se voluntariado,

totalizando 12 (doze) participantes, pois, para descartamos 04 (quatro),

entendemos que poderia soar de forma antipática, já que todos estavam

presentes para a realização da pesquisa, embora houvéssemos orientado o

diretor da escola a selecionar apenas 08 (oito) professores.

Dessa forma, dos 12 (doze) participantes, 02 (dois) haviam participado

da primeira etapa e os outros 10 (dez) não, porém eram da mesma escola e

demonstraram interesse em participar do Grupo Focal e conforme explicita

Gatti (2005), a predisposição dos participantes é fundamental para essa forma

de trabalho.

Dos 12 (dozes) participantes, 09 (nove) eram mulheres e 03 (três)

homens. Sendo que a maioria deles era docente do ciclo II do ensino

fundamental (6º ao 9º ano).

Consideramos o fato da maioria dos participantes ser do referido

segmento como positivo para nosso propósito, pois notamos, ao longo de

nossa experiência, que talvez em razão do vínculo desse professor ser mais

tênue com a escola, o mesmo possui uma criticidade mais declarada ao expor

seus pensamentos relacionados ao âmbito educacional. Alguns passam

apenas um período ou menos nesse espaço, por completarem a carga horária

em outras escolas, diferentemente dos professores do ciclo I (1º ao 5º ano) que

acabam estabelecendo laços mais fortes, por permanecerem mais tempo no

espaço escolar.

A duração do Grupo Focal foi de aproximadamente uma hora e quarenta

minutos e sua realização foi na sala de professores da escola selecionada para

a pesquisa. A moderadora foi uma das pesquisadoras, que contou com a ajuda

de uma outra técnica da Secretaria de Educação para as anotações.

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46  Os dados coletados no Grupo Focal foram tratados em conjunto com os

dados do questionário, ainda que devidamente identificados, pois eles se

complementam.

4.5. CATEGORIAS, SUBCATEGORIAS E INDICADORES

As tabelas com o levantamento das categorias constam dos anexos e o

texto a seguir apresenta e discute de forma discursiva os dados que as

mesmas contemplam.

Também consta no anexo uma mostra do Caderno de Apoio, para que o

leitor tenha a possibilidade de conhecer o material que é objeto dessa

pesquisa.

Tabela 1 – Em sua opinião, o que é o Caderno de Apoio?

Em linhas gerais, podemos notar que mais de 70% dos participantes

associam o Caderno de Apoio à ideia de suporte pedagógico, sendo que desse

contingente, mais de 80% o concebem como um suporte pedagógico

satisfatório. Nessa subcategoria, temos como um forte indicador a

representação de apoio do material, sendo exatamente esta a imagem

idealizada pelo grupo de organizadores e elaboradores dos Cadernos de

Apoio.

Ainda para os que definem o material como suporte pedagógico, 16%

dos participantes dizem que o material requer que sejam retificados seus erros

gráficos (ortografia, imagens distorcidas...) e realizadas reformulações

didáticas, por considerarem suas atividades cansativas, repetitivas e “fracas”.

Uma parcela de 14% dos professores pesquisados define o Caderno de

Apoio como norteador do trabalho pedagógico, um referencial que orienta e

direciona a prática docente.

Como já foi dito anteriormente, os Cadernos de Apoio foram assim

denominados justamente para que não fossem tomados como “material único”,

pois sendo uma das pesquisadoras integrante do corpo técnico da Secretaria

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47  de Educação de Barueri, podemos aqui explicitar que, segundo a linha de

trabalho do referido órgão, nenhum material didático-pedagógico é concebido

como suficientemente completo, pela própria natureza da construção do

conhecimento, que se constitui de frequentes idas e vindas, ampliando-se em

diferentes direções. Podemos notar que essa proposta foi disseminada entre

uma parcela significativa de professores.

As críticas feitas sobre os erros ortográficos e imagens distorcidas do

material são pertinentes e referem-se às edições utilizadas até 2010, pois uma

nova reformulação “pente fino” sanou essas falhas. Ressaltamos que alguns

Cadernos de Apoio que haviam sido distribuídos anteriormente permaneceram

com os erros, porém no Portal Pedagógico da Secretaria de Educação de

Barueri, a edição 2011 corrigida está disponível para download.

Atribuímos essas falhas a alguns fatores: o olhar viciado do autor que de

tanto revisitar o material familiariza-se e deixa passar desapercebidamente,

letras excedentes, faltantes, erros de concordância, dentre outros. Notamos

que mesmo tendo a validação do revisor de texto, algumas falhas permanecem

pela mesma familiaridade com o texto talvez. Outra questão é o processo de

diagramação que ora ou outra altera o texto original prejudicando o conjunto,

como por exemplo, a supressão ou repetição de uma comanda de atividade e a

inversão da ordem de aparição dos exercícios.

Notamos que da 1ª edição do material, em 2006, para a última, em

2011, esse problema foi significativamente reduzido, provavelmente em razão

da experiência adquirida pelo grupo e que embora as erratas continuem sendo

emitidas, seus apontamentos são menores tanto em quantidade como no

impacto pedagógico.

As colocações dos professores de que as atividades do Caderno de

Apoio são cansativas, repetitivas e fracas foram melhores esclarecidas com o

Grupo Focal. Pareceu-nos que dizem respeito a algumas áreas e conteúdos

específicos e estão intimamente ligadas a maneira como o professor concebe

sua disciplina e organiza sua sequência didática, por isso, o mesmo material é

ora elogiado e ora criticado pelos docentes.

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48  Acreditamos que no momento em que o material se torne cansativo,

repetitivo ou fraco, seja necessária a intervenção do professor, que pode

diversificar e intensificar a complexidade das propostas didáticas, pois é ele o

conhecedor das potencialidades e limitações de seu grupo de alunos, e

conhecedor também, das individualidades desse grupo.

Notamos uma incoerência nesses apontamentos, pois ao mesmo tempo

em que os Cadernos de Apoio são concebidos como apoio, como norteadores

do trabalho pedagógico, existe a expectativa de que eles deem conta de todas

as necessidades didáticas do professor, sendo que essa lacuna foi também

discutida no Grupo Focal.

Por se tratar de um posicionamento contraditório, à colocação do mesmo

poderia gerar algum incômodo nos participantes, já que analisado

precipitadamente, talvez, sugerisse que o professor não sabe ao certo o que

quer.

O que caracterizaria por um lado um discurso “politicamente correto” ao

afirmar que o material didático-pedagógico é um apoio à sua prática e que

como bom professor direciona seu fazer docente e por outro, o desejo de se

apoiar em um material pronto e completíssimo, que dispense suas

intervenções.

No momento em que propusemos aos participantes do Grupo Focal que

comentassem o referido posicionamento, acrescentamos que “alguns

professores” haviam se colocado assim ao responder o questionário, e que

essa talvez não fosse a opinião deles ali presentes, mas que gostaríamos que

eles nos ajudassem a levantar hipóteses sobre o que os professores que

responderam dessa maneira estavam de fato dizendo.

Alguns foram categóricos em afirmar que o posicionamento era mesmo

uma contradição “... acho que já é um contradição mesmo... porque o Caderno,

ele de fato é um apoio, e o professor também tem que fazer a parte dele de

não querer se acomodar e querer tudo pronto, e ir buscar também.” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

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49  Outros, porém, trouxeram uma informação interessante que era o fato de

que na primeira edição do Caderno de Apoio havia muito mais páginas e

atividades.

“... os professores sentiram falta dessas atividades dentro da apostila ...

as cruzadinhas que vinham...complete... caça-palavras... Isso tinha na

outra...dentro da própria apostila. Depois foi tirado...e deixou-se os textos, e

caiu de novo naquelas questões: ahh...eu estou em Ciências...ah, quais são os

órgãos do corpo humano, gente? Então aí o professor cai naquela mesmice,

né? (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“E tem a questão de facilitar, imagina você pegar uma cruzadinha, e

você vai passar na lousa! Vai ter que pegar vinte minutos pra passar a

cruzadinha na lousa...e xerocar?” (trecho extraído da transcrição do Grupo

Focal)

“Não sei mas, na nossa escola, nós temos algumas dificuldades...não é

todo dia que você consegue xerocar, um dia quebrou a máquina, outro dia

acabou o toner, um dia não tem sulfite, então...tem dia que nós ficamos de mão

amarradas! Então, antes nós tínhamos isso nela, né?” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

A partir desses comentários notamos que dizer que o Caderno de Apoio

é um apoio, mas que faltam atividades não é incoerente, pois são duas

informações separadas. A primeira traz a clareza do professor sobre a função

de uma apostila ou material didático qualquer e a segunda traz a necessidade

que o professor tem da oferta de atividades prontas e diversificadas para

otimizar sua aula, considerando a brevidade de seus 50 minutos.

Realmente, a primeira edição dos Cadernos de Apoio em 2006

contavam com apostilas de muitas páginas, o que gerou alguns problemas de

ordem prática: para o aluno, o peso do material a ser carregado diariamente, já

que a maioria das escolas da Rede de Ensino de Barueri não possuem

armários; e para o professor, o engessamento de sua autonomia, que diante de

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50  tantas páginas poderia se focar em seu cumprimento, não sobrando espaço

para colocar sua marca em suas aulas.

A expressão “faltam atividades” pareceu-nos então fazer referência à

primeira experiência, que por ser a primeira adquiriu status de base de

comparação. Portanto, de fato não faltam atividades, mas seria muito útil se

houvesse mais.

No início do 2º semestre de 2011 houve um problema na contratação da

gráfica que imprime os Cadernos de Apoio gerando, além de atraso, a não

tiragem de alguns Cadernos, de forma que os Anos Finais do Ensino

Fundamental (6º ao 9º ano) tiveram que organizar suas aulas sem esse

material didático-pedagógico.

Esse fato gerou inúmeras queixas de pais e professores, que

constantemente telefonam para a Secretaria de Educação exigindo

informações de quando serão entregues os Cadernos de Apoio. O fato torna

evidente a utilidade e necessidade desse material nas salas de aula,

apontamento que foi endossado nos primeiros depoimentos do Grupo Focal.

“Então, não veio esse semestre o de matemática e fez muita falta, né...

porque lá tem as explicações, os conteúdos que sempre complementam o livro

didático. Tem muitos exercícios, tem até aquela parte que é um tipo de

avaliação, que a gente destaca e o aluno faz e entrega, então tudo isso eu não

tive. Como é matemática, eu tive que passar muita coisa na lousa, a parte de

explicação, exercício e situação-problema, o que me dificultou bastante esse

semestre. Então, eu estou sentindo muita falta, eu gostaria que voltasse. Tem

falhas...mas, no geral, pra mim ele é bom.”   (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

 

“E a parte de matemática, só complementando, fez bastante falta,

inclusive, eu tirei cópia do caderno do segundo semestre, porque eles não

trazem os livros...eles ganharam os livros mas eles acham muito pesado e

acabam não trazendo. Então eu tive que tirar cópia e a maioria dos professores

fizeram isso. E, eu, falando com a professora de Geografia, ela também

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51  comentou que usa muitas imagens, e que ela precisa disso. Então assim, os

livros que são utilizados, ela comentou que são muitos, e se fosse só a

apostila, seria melhor. Como era antigamente.” (trecho extraído da transcrição

do Grupo Focal)

“Então, mas a professora de Geografia reclamou que ela tinha que tirar

cópia, e os livros não tinham tudo em um livro só. São muitos livros... Aposto

que na apostila tinha, pois ela usava só a apostila.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

“Outra professora reclamou dos textos... nossa professora de Português,

que teve bastante dificuldade, ela é cadeirante e pra ela passar os textos na

lousa ficou bem complicado, ela reclamou bastante da falta da apostila.” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

Como podemos observar, não apenas as questões epistemológicas ou

metodológicas guiam as escolhas ou preferências dos professores, mas

existem questões extremamente funcionais, como o fato dos alunos não

levarem todos os livros didáticos às aulas, ou ainda, o dispêndio de tempo para

passar lição na lousa e esperar que a mesma seja copiada por todos, além das

dificuldades relacionadas à estrutura oferecida aos professores como a

questão das fotocópias, fotocópias em preto e branco...

Tabela 2 – Você se identifica com as atividades propostas no Caderno de Apoio? Comente.

Os Cadernos de Apoio, além de sequências didáticas de conteúdos

referentes às disciplinas que compõem o currículo obrigatório, incluem

atividades destinadas aos alunos, sendo elas: atividades de interpretação de

texto (questionários, associação de ideias, checagem de informações...);

atividades de retomada e sistematização de conteúdos (exercícios de

identificação, comparação, análise e síntese de informações); propostas de

produção e revisão de texto; atividades de resolução de situações-problema

dentre outras.

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52   Ao investigar o grau de identificação dos professores com essas

atividades propostas nos Cadernos de Apoio, notamos que 27% indicam ter

uma identificação plena com as mesmas, sendo que os indicadores mais

frequentes foram os relacionados aos aspectos didáticos, como tratamento do

conteúdo e sequência didática.

Outros 27% dos participantes demonstraram identificação condicionada

ao complemento, ou seja, concebem o material como um elemento a mais na

oferta de oportunidades de ensino e de aprendizagem.

Uma parcela de 39% dos sujeitos da pesquisa identificam-se, porém

com ressalvas, sendo estas relacionadas aos aspectos didáticos, como

discordância de seleção de conteúdos, propostas repetitivas, inadequação de

complexidade nas atividades e restrição aos temas relacionados ao município.

A não identificação foi representada por 7% dos participantes que

alegam a necessidade de adequar o material com mais jogos, cruzadinhas e

caça-palavras, além de propostas consonantes com a realidade do aluno que

não pode realizar as atividades que requerem o uso da Internet, por não terem

acesso a esse recurso.

Na ocasião do Grupo Focal retomamos essa questão de maneira

simplificada, perguntamos aos participantes se eles gostavam do Caderno de

Apoio e mais uma vez obtivemos respostas diversificadas.

Há professores que parecem gostar ou ainda se identificar

consideravelmente com o material.

“Eu vejo ele...como um caderno de apoio mesmo, eu tenho meus livros

didáticos, mas eu sinto firmeza no caderno de apoio. O que falta eu sempre

complemento... mas ele é um norteador pra mim, é um ótimo apoio né, eu

gosto, tem suas falhas, às vezes tem exercícios com respostas incorretas, mas

aí eu corrijo é claro, mas eu gosto, eu gosto mesmo.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

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53  Outros depoimentos, quando recortados, parecem absolutos no sentido

da não identificação.

“É eu gostaria que tivesse algo mais diferenciado nisso, eu não me vejo

muito nesse caderno. Eu acho ele, um tanto quanto...falho.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

Porém, ao analisarmos todas as falas da participante em questão

(seguem outros trechos), notamos que seu posicionamento oscila, o que nos

faz pensar que gostar ou ainda se identificar com o referido material didático

pode ser relativo.

“O meu, de Artes, é... eu trabalho na rede já faz doze anos, né, e quando

implementaram esse caderno de apoio pra mim ajudou bastante...” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

“Então se o caderno não atinge o objetivo com aquele determinado

aluno, a gente implementa com mais atividades para eles. Então pra mim é

muito importante.” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“Poderia ter um espaço no próprio caderno de apoio pra que eles

pudessem fazer o exercício lá mesmo...” (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

Houve um depoimento que destacou a relevância de que a adoção de

um determinado material didático não deva cercear a autonomia docente.

“Então... no início, estou há 11 anos na prefeitura, nós tínhamos que

seguir só aquilo né... a primeira mensagem que foi passada foi essa... então eu

acho que nós ficávamos muito restritos... mas aí depois falaram que não é só

um apoio um caminho, um norteador, que vocês podem utilizar outros métodos,

aí eu pensei...perfeito, aí sim! Comecei a ver com outros olhos, porque até

então nós tínhamos que ficar ali, restritos, apostila, apostila, apostila...

Principalmente, quando tinha aquela questão das páginas...”Que página você

está? A partir do momento que houve essa flexibilidade, eu acho que melhorou

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54  bastante. Nós começamos a gostar (risos).” (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

O comentário da participante procede, pois houve uma gestão na

Secretaria de Educação em que o controle do uso do material didático era

rígido. Essa postura foi modificada na troca de gestão.

Em menor incidência, encontramos a subcategoria referente ao

sentimento de co-autoria no material, em que 5% dos professores mencionam

o fato de terem contribuído para a elaboração das atividades e de notarem a

crescente qualidade dos Cadernos de Apoio.

Na realização do Grupo Focal perguntamos aos participantes o que

pensavam a respeito do fato do material (Caderno de apoio) ser elaborado por

pessoas próximas, no caso, professores da própria Rede de Ensino. Os

comentários não foram densos como esperávamos, apenas três professores de

pronunciaram, embora a moderadora tenha os provocado a falar.

“O material é diferenciado...” (trecho extraído da transcrição do Grupo

Focal)

“Eu tenho filhos que também estudam na rede, né... e tem os

menininhos, lá, os personagens, eles usam o uniforme de Barueri. Né,

então...só tem isso nessa apostila, então...exatamente porque as pessoas que

fazem são de Barueri. Não sei ao certo se isso é bom ou não... É minha filha

mesma fez uma pergunta um dia, ela pegou a apostila dela e tinha uma

menininha lá e...acho que o legal do bonequinho, independente do uniforme , é

que tem bonecos que todos os tipos, tem o negro, o japonês, tem o

branquinho, tem todos... e ela me perguntou isso né, então ela viu o

japonesinho lá e falou: - Mãe, por que esse japonesinho tá usando o uniforme

de Barueri? Na minha sala não tem nenhum Japonês... Eu não sei a cabeça da

criança né... até que ponto ela consegue acompanhar isso né? - De que escola

ele é, a senhora sabe? Ai eu falei: - Não, da minha também não é, porque não

tem...” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

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55  A participante estava fazendo referência aos Cadernos da Educação

Infantil e dos Anos Iniciais que têm alguns mascotes, que crescem juntamente

com os alunos.

A preocupação da participante com o pensamento literal de sua filha,

comum nessa faixa etária, não nos pareceu negativa, pelo contrário, os

mascotes atraíram a atenção da criança e a fizeram questionar a realidade que

a cerca.

A colocação de um dos participantes, muito pertinente, trouxe à

discussão um dos grandes embates a respeito do uso de um material didático

unificado, que é a desconsideração do atendimento particularizado e

personalizado para as diferentes Redes, diferentes escolas, diferentes classes

e por fim, diferentes alunos.

“Todo material didático que se elabora... se eu partir do pressuposto que

na 8ª A, na escola Elvira, não é a mesma coisa que a 8ª C, são realidades

diferentes, dificuldades diferentes... e dentro da 8ª A você tem alunos com um

desenvolvimento cognitivo, um conhecimento acumulado, diferente... a gente

pode entender que todo material didático ele de certa forma idealiza um tipo de

aluno. Nesse sentido, nunca vai existir um material didático que sirva

adequadamente a todas as escolas, como as unidades de Barueri. Portanto só

o que a gente pode buscar é um... é um material que minimamente contemple

o básico a ser trabalhado. Cabendo ao professor escolher o que ele vai

trabalhar, o que ele não vai conseguir trabalhar... forjar outros materiais, né.

Dentro da realidade de cada escola, pra cada sala, pra cada aluno, né. Nesse

sentido, o professor deveria ter mais tempo pra se dedicar a isso. Já que ele é

o gestor da construção do conhecimento em sala de aula. E menos tempo pra

outras coisas e se dedicar mais à essas questões.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

Sem dúvida, essa humanização dos planos de ensino romperia com as

“grades”, das grades curriculares e resultaria no atendimento das diversidades

de forma ética, sólida, real e eficaz. Porém, os impasses, as conquistas que

antecipam essa possibilidade são muitas, como o próprio depoimento do

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56  participante sugere que é preciso, entre outras coisas, haver mais tempo

remunerado para o professor preparar suas aulas, foco na aprendizagem,

qualificação docente, classes menos numerosas e famílias parceiras da

educação e do desenvolvimento da autonomia.

Dentre esses pontos destacamos, no Grupo Focal, a questão da

qualificação docente ou da formação acadêmica. Perguntamos aos

participantes se a formação que tiveram subsidiava a elaboração de materiais

didáticos voltados para a diversidade de alunos que atendem.

“Acho que depende do ano de formação de cada um né?” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

“É... eu que me formei em 1900 e bolinha... eu tenho que tá sempre me

atualizando né... Preciso estar em constante pesquisa né...” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

“... Você não tem esse tempo... então assim... tem a apostila? Excelente!

Como já foi falado, vai complementar... então esse complemento, que é o

material novo, isso já demora muuuuito! E o que você vai olhar, você vai

pesquisar... sei lá... Agora vêm as coisas diferentes da apostila, eu

complemento, né. Então, eu vejo um monte de coisa que eu já fiz, e que de

repente eu consigo usar, né... Mas assim, eu tenho muita coisa que já fiz e não

consigo usar! Mas tem algumas coisas que eu mudo, pesquiso mais... são

algumas coisas que a gente consegue fazer... Não dá pra ter a ilusão de “eu

vou preparar minha apostila” ...assim, você pegar um livro, a apostila do outro,

a ideia do outro, pesquisar na Internet...quero dizer...inclusão né...” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

“Eu acho que sendo em Barueri ou em qualquer município que se está, o

conteúdo tem que ser dado... Não se pode deixar de dar conteúdo... Se vai ser

apoiado na apostila, no livro didático, seja o que for, o professor tem que

trabalhar conteúdos, eu acho que não existe professor sem conteúdos. Por que

o que nós vamos ensinar, não é? Podemos diversificar de várias maneiras,

depende de cada professor. Se tiver um tempo maior pra ele inovar, pesquisar

Page 57: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE ...The thesis work investigates the social representations that teachers of elementary school of Barueri’s city elaborate on the teaching-learning

57  ótimo! Se não tiver, a apostila norteia e muito bem também. É a minha opinião.”

(trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

O material didático para essas participantes é um subsídio e contribui

tanto para a gestão do tempo, como para a organização didática. Ambas

mencionam que o complementam, de maneira que ele serve como norteador.

Talvez possamos, num trocadilho, dizer que o bom material didático é

aquele que serve de bússola, porém o dono do mapa é o professor.

Uma outra participante, com posicionamento diferente, menciona que

preferencialmente dispensaria o uso de um material didático padronizado, mas

que, considerando os entraves contemporâneos da docência, acredita que ele

possa ser ressignificado e cumprir com a função de apoio ao trabalho docente.

“... Então, a minha formação é recente... vim de universidade pública,

então se você pensar nesse aspecto que está sendo tratado aqui, eu diria que

a minha formação dá mesmo esse respaldo do professor pesquisador.

Inclusive durante a minha formação que foi de cinco anos e meio em

Pedagogia foi colocado e a gente até chegou a comprar essa ideia, pelo menos

a da nossa turma, é contra Caderno de Apoio, por exemplo. Como o feito aqui

em Barueri, por exemplo, sabe... porque parte do princípio que cada realidade

é uma realidade. Só que como a professora bem colocou, o professor também

tem muito pouco tempo pra poder se dedicar a esta pesquisa porque tem

professores que trabalham em dois turnos, três turnos, então como ele poderia

ter esse tempo para poder correr atrás disso, né? Então aí, nesse sentido, o

Caderno de Apoio subsidia o professor nessa questão mesmo do tempo dele,

porque daí também ele também serve como um norte... eu acredito que a

secretaria de Barueri, ela tem uma proposta pedagógica e isso se reflete no

Caderno de Apoio, que está de acordo com o projeto político-pedagógico da

escola, e que é cobrado na avaliação externa. Então nesse sentido, o Caderno

de Apoio já vem na verdade orientando o trabalho do professor né.. e é da

autonomia do próprio professor se colocar diante disso e querer buscar outros

meios e complementar isso que está no Caderno de Apoio, né...” (trecho

extraído da transcrição do Grupo Focal)

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58   A avaliação externa a que a participante se refere é resultado de um

decreto do prefeito, que prevê o pagamento de um abono produtividade aos

professores, gestores e pessoal de apoio, conforme o rendimento escolar dos

alunos, adequação do ambiente escolar e registro dos documentos que regem

a dinâmica escolar. O conteúdo da avaliação realizada pelos alunos segue a

Base Curricular prevista para cada ano do ensino fundamental.

Ainda sobre a concepção que os participantes demonstraram sobre a

formação acadêmica que tiveram, notamos em síntese que, duas revelaram

certa insegurança decorrente do tempo em que se formaram, os demais não

fizeram menção ao tema incitado e apenas uma, disse seguramente que tinha

respaldo acadêmico para produzir seu próprio material didático ou como ela

mesma colocou, atuar como professora-pesquisadora, pois havia se formado

recentemente, em universidade pública.

Levando em conta a possibilidade de avaliar anos de formação com

habilidades em elaborar material didático, gostaríamos de retomar e ampliar

alguns dados de caracterização de professores que possam ser

esclarecedores.

Conforme os dados coletados através do questionário, 95% dos

professores da escola selecionada para a pesquisa possuem ensino superior,

índice superior ao da Região Sudeste que é de 82%, segundo o censo escolar

de 2010.

Sendo que 03 deles têm formação em universidade pública, o que

equivale a aproximadamente 7% e outros 16% tiveram formação em EAD.

Fazer qualquer julgamento entre as universidades públicas, privadas ou

EAD sobre a competência para capacitar professores seria arbitrário, pois não

temos dados para isso dentro desse contexto.

O tempo de docência dos professores pesquisados em 61% dos casos é

de 01 a 05 anos, sendo que 26% atuam a mais de 10 anos.

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59  Podemos dizer que a maioria dos professores possui formação em nível

superior e mais da metade deles uma carreira recente, muito embora isso não

implique em segurança para assumir a produção de seu próprio material

didático.

No entanto, todos os envolvidos mencionaram suas intervenções

metodológicas por meio de complementos e ajustes no Caderno de Apoio.

Nesse ínterim, voltamos a citar Zaballa em razão da pertinência ao

tratado. Nossa tarefa prioritária como educadores não consiste na confecção dos materiais que devem nos ajudar a desenvolver as atividades educativas. A tarefa de ensinar envolve ter presente uma quantidade enorme de variáveis, entre elas as que nos indicam as necessidades particulares de cada menino e menina e de selecionar as atividades e os meios que cada um necessita. [...] O fato de ter que utilizar materiais elaborados por outros não significa uma dependência total, nem a incapacidade de confeccionar os materiais necessários quando a oferta do mercado não se ajusta às necessidades que queremos atender. (ZABALLA, 1998, p. 176).

Tabela 3 – Você utiliza outros materiais didático-pedagógicos? Comente.

Ao perguntarmos aos professores sobre sua utilização de outros

materiais didático-pedagógicos notamos que todos têm essa prática, sendo que

mais de 50% insere em sua metodologia de trabalho materiais como, jogos,

músicas e vídeos. Outros livros didáticos e paradidáticos são inseridos por 33%

dos pesquisados e 10% referem-se ao uso de espaços educativos da escola,

como recursos extras.

Esse dado foi endossado na ocasião do Grupo Focal quando os

participantes mencionaram a prática da congregação de diferentes materiais,

conforme a demanda de ensino e suas preferências.

“E na minha área eu procuro sempre estar fazendo algo diferente né...

em cima do conteúdo que vem, então geralmente tem a parte do conteúdo e a

parte da ilustração, e eu sempre tive o hábito de procurar alguma coisa pra

chegar até o aluno. Então eu sempre estou inventando uma coisinhas...”

(trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

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60   É difícil imaginar um professor que trabalhe unicamente com um livro ou

apostila, de capa a capa, pois o próprio movimento dos alunos costuma nos

impelir a caminhos inesperados. Existe até uma piadinha interna a respeito do

interior de carros de professores que normalmente possui jornais, revistas,

livros..., enfim como para qualquer bom profissional, boas ferramentas fazem a

diferença.

Tabela 4 – Que critérios você utiliza para avaliar a qualidade de um material didático-pedagógico?

Destacam-se como maioria (84%) os pesquisados que utilizam como

critérios de avaliação de um material didático-pedagógico seus aspectos

didáticos como, adequação dos conteúdos e habilidades trabalhadas,

adequação à realidade do aluno e adequação do nível de complexidade e

desafio proposto nas atividades.

Referem-se aos critérios relacionados aos aspectos gráficos, como

layout e qualidade visual, 16% dos participantes.

Durante o Grupo Focal foram feitas referências a esses critérios.

“Sou professora de Português e acho muito bom no caderno de apoio a

parte de tratar o gênero, o estudo dos gêneros, as características, né. Mas, a

parte da gramática eu gostaria que fosse ampliada. Mais exercícios, mais

específicos, até pra que ele possa fazer em casa.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

“Em Artes a visualização desperta né, o interesse...e se a gente ficar só

na parte teórica, pra eles a aula se torna muito cansativa.” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

Notamos que os critérios têm um viés subjetivo considerável, pois são

convergentes não apenas àquilo que o professor julga importante, mas àquilo

que é importante para ele.

Tabela 5 – O Caderno de Apoio atende seus critérios? Comente.

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61   Ao investigarmos se os Cadernos de Apoio atendem aos critérios de

qualidade indicados pelos professores pesquisados, ao avaliarem um material

didático-pedagógico, notamos que para 50% do grupo o atendimento é parcial,

pois requer reformulações em seus aspectos didáticos, como inserção e

diversificação de atividades, retificação dos erros ortográficos e mais espaço

para a resolução das atividades.

Uma parcela de 22,5% dos pesquisados afirma que os Cadernos de

Apoio atendem plenamente aos critérios que eles estabelecem como condição,

para a qualidade de um material didático-pedagógico, já que não deixam

escapar nenhum aspecto didático, direcionando e contribuindo com o processo

de criatividade do professor.

Para 27,5% dos participantes, os Cadernos de Apoio não atendem a tais

critérios, pois são poucas as atividades propostas e as existentes são

desinteressantes e descontextualizadas, além dos erros ortográficos

encontrados e escassez de ilustrações.

Entendemos que essa questão foi abordada e complementada com

trechos da transcrição do Grupo Focal na discussão da questão 02.

Tabela 6 – Como você distribui sua atuação docente entre o Caderno de Apoio e outros materiais didático-pedagógicos?

Perguntamos aos professores pesquisados como distribuíam os

diferentes materiais didático-pedagógicos utilizados em suas aulas, pois

tínhamos a intenção de verificar o lugar reservado ao Caderno de Apoio nessa

distribuição e o que pudemos notar foi que uma maioria significativa, 80,5%,

afirma que distribui os materiais com o propósito de complementar o trabalho,

partindo do Caderno de Apoio para outros auxiliares. Nesse caso, o Caderno

de Apoio ocupa um papel central. Outros 19,5% dos participantes distribuem os

materiais disponíveis conforme as necessidades e interesses dos alunos.

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62  Durante o Grupo Focal perguntamos aos participantes se para eles o

uso de um material didático era prescindível ou imprescindível e em coro

afirmaram que é imprescindível. Complementar à essa questão, lançamos uma

provocação a respeito do comodismo que o material didático geraria no

docente, apontado por alguns estudiosos. O grupo foi pronto em refutar tal

colocação, em se tratando de si mesmos.

“Eu acho que depende muito do profissional, varia de pessoa pra

pessoa, isso é totalmente relativo. Deve ter sim, pessoas desse tipo, e não é o

meu caso (risos), mesmo porque, na área de Inglês, você não pode se basear

só no que está ali, você tem que pesquisar, principalmente atividades lúdicas

que busquem fixar o conteúdo nos alunos...” (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

“Acredito né, sempre tive a visão de que o material didático ele

enriquece, né. Ele tem o objetivo de enriquecer a aula, não vejo motivo pra

justificar comodismo...” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“Então a apostila, ela te dá ali, um pontinho de luz, e tem professores

que fazem esse pontinho virar um holofote, né?! Acredito eu... outros não!

Então eu acho que depende muito do profissional...” (trecho extraído da

transcrição do Grupo Focal)

Talvez, dificilmente um professor teria a consciência de que possui uma

postura acomodada e se assim a tivesse, talvez não tivesse a coragem de

assumi-la publicamente.

Frente à coordenação geral do ensino fundamental da Secretaria de

Educação de Barueri, muitas vezes fiquei atônita diante da cegueira que alguns

profissionais têm de suas limitações, acreditam que oferecem o melhor, uma

vez que oferecem o que podem... e várias justificativas, normalmente de ordem

pessoal ou até passional são lançadas para encobrir o conteúdo do qual lhe

acusam.

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63  Tabela 7 – Você já fez alguma sugestão aos elaboradores do Caderno de Apoio? Comente.

Do grupo pesquisado, 49% responderam que não fizeram sugestões aos

elaboradores dos Cadernos de Apoio por falta de oportunidade.

Alguns mencionam que tiveram colegas que já foram consultados,

outros disseram que gostariam de sugerir, porém não conhecem os

procedimentos para tal.

Outros 43% afirmam que já tiveram oportunidade na própria escola, ou

no Centro de Aperfeiçoamento de Professores (CAP), alguns chegaram a

enviar atividades e outros deram sugestões por telefone.

Uma parcela menor, 9%, diz que não sentiu necessidade de fazer

sugestões porque considera o material muito bom.

Essa questão foi retomada durante o Grupo Focal, pois a procura pelos

elaboradores dos Cadernos de Apoio é muito restrita e isso faz pairar no ar

uma pergunta sem resposta: Já que, em sua maioria, os professores têm várias

críticas e sugestões sobre o material, por que não as encaminham a quem é de

direito?

Uma das participantes recebeu endosso dos demais colegas diante da

seguinte colocação:

“Eu acho que é a condução mesmo. Vocês conduziram isso agora. Nós

estamos aqui pra isso e estamos falando, né? Então, como já foi colocado aqui,

eu acho que a questão do tempo é muito importante, e tem que ser vista

quando se trata do profissional da educação, no caso, o professor. O nosso

tempo é cronometrado. São os minutos de aula dentro da sala de aula que não

são só pra dar aula, se fosse seria excelente...metade do tempo a gente tem

que colocar o aluno sentado na cadeira pra ele ouvir o que a gente quer falar,

explicar a matéria...entram aí várias outras questões dentro de sala de aula

né... Então eu acho que realmente foi isso, não teve um momento pra isso. Não

foi pedido um momento pra isso né. E nós por si só como profissionais, é...

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64  professores, não temos esse tempo pra, ah, vamos fazer isso agora! Partir de

nós.” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

O depoimento faz referência a algumas ideias como a de que, embora a

comunicação virtual tenha avançado a passos largos, a interação pessoal não

perdeu seu lugar de excelência. Pois, como já foi mencionado, existe um e-mail

de contato para o envio de comentários sobre o Caderno de Apoio e seu

acesso é praticamente nulo, durante o ano de 2011 tivemos não mais que 05

acessos.

Lembro-me de que numa ocasião comprei um produto que veio com

defeito e anotei os dados para enviar um e-mail ao SAC da empresa, mas

passado mais de um ano, ainda não concretizei minha intenção. Numa outra

situação, por alguns dias mantive o propósito de acessar a ouvidoria de um

determinado município para elogiar uma de suas ações, outra ação

interrompida. Em ambos os casos, penso que tenha sido a baixa prioridade de

tais planos que os tenha protelado.

Sendo assim, podemos dizer que o fato de haver abertura para a

colocação de opiniões somada à motivação para expor opiniões, não resulta

necessariamente na exposição de opiniões.

A razão apresentada pelos participantes faz sentido, pois a dinâmica

cotidiana nos escraviza e romper com nossos muitos afazeres não é tão

simples como parece, há que ser algo deveras importante para nos tirar de

nossa rotina.

Portanto, nos parece que somente aquilo que no Caderno de Apoio

incomoda profundamente o professor seja digno de nota, pois no demais, como

disseram os participantes, eles próprios alteram, complementam e corrigem.  

Tabela 8 – Você já fez alguma crítica aos elaboradores do Caderno de Apoio? Comente.

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65   Ao perguntarmos aos professores participantes se já haviam feito

alguma crítica aos elaboradores dos Cadernos de Apoio, notamos que mais da

metade, 58% deles, afirma não ter havido necessidade para tal, alguns

mencionam inclusive que o material melhorou bastante desde a sua

implantação. Já para 30,5% do grupo, foi necessário pontuar críticas e o

fizeram por diferentes meios: via coordenação pedagógica da escola, via

relatórios, via reuniões no Centro de Aperfeiçoamento de Professores (CAP) ou

indiretamente, através de colegas próximos aos elaboradores.

No entanto, segundo 11% dos participantes, não houve oportunidade, ou

não conhecem o trâmite para tal, sendo que alguns mencionam essa pesquisa

como primeira oportunidade, demonstrando satisfação por isso.

A discussão feita na questão anterior também se aplica a esta.

Ficam aqui registrados os depoimentos do Grupo Focal que trazem

sugestões / críticas ao Caderno de Apoio, sendo que os mesmos foram

repassados aos elaboradores do material para análise.

“Acho muito bom no caderno de apoio a parte de tratar o gênero, o

estudo dos gêneros, as características, né... Mas, a parte da gramática eu

gostaria que fosse ampliada. Mais exercícios, mais específicos, até pra que ele

possa fazer em casa.” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“Poderia ter um espaço no próprio caderno de apoio de Artes, pra que

eles pudessem fazer o exercício lá mesmo.” (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

“É, não devia separar o caderno C da apostila. Porque o aluno sempre

esquece... isso é uma prática deles...” (trecho extraído da transcrição do Grupo

Focal)

“É... sou professor de História, eu tenho três sugestões a fazer. Primeira,

é que eu achei que havia poucas situações de aprendizagem. Em geral vem

um texto, corrido mas, ficaria a cargo do professor essas situações de

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66  aprendizagem, mas eu acho que poderia constar, como apoio, algumas

sugestões para o professor. A segunda, crítica, é uma ausência de mapas... E

a terceira sugestão, pra apostila no caso, é uma sugestão simples: que o

conteúdo de Geografia estivesse junto com o conteúdo de História. No mesmo

livro. Porque não tendo mapa de história... Tá bom vamos ver no livro de

Geografia, ah mas, hoje não tem Geografia...tá no outro. São essas três

sugestões.” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“É, uma sugestão, que é mais para os professores, por causa de

algumas atividades de Ed. Física... percebi que para muitos professores alguns

conteúdos são novos pra eles, poderia ter nesse caderno de apoio. Como

ginástica localizada, aeroboxe ... né, porque eles não têm esse conhecimento e

na Internet é muito difícil você pesquisar esses temas, é muito focado em

reportagens e matérias, assim. Então se tivesse um caderno de apoio para Ed.

Física facilitaria bastante viu, a parte teórica.” 6 (trecho extraído da transcrição

do Grupo Focal)

“Em inglês, eu acho que os textos são bons, principalmente da 5ª e 6ª

séries mas, na 7ª e 8ª séries, os textos também são menores, e eu sinto falta

de um glossário na apostila. Porque eles não sabem todo o vocabulário e eles

querem que a gente fique falando a tradução, ou temos que trabalhar com um

dicionário, que na minha opinião, não é realmente o objetivo, quando se

trabalha com Inglês utilizar o dicionário.” (trecho extraído da transcrição do

Grupo Focal)

“Então, eu concordo com tudo que os amigos falaram, mas acho que no

de Língua portuguesa, às vezes, os textos são muito extensos...as crianças

têm dificuldade de leitura...o vocabulário é precário, e a gente tem que outra

vez trabalhar com o dicionário...quantas vezes eu levei o dicionário pra sala de

aula...acho que se tivesse um glossário, um glossário mais...que os fizessem

entender o texto sem precisar do dicionário...ajudaria muito também. E o texto

extenso, quando chega no finalzinho, ele já esqueceu o primeiro parágrafo...a

introdução, o capítulo e a linguagem poderia também ser um pouco mais atual,

digamos assim...” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)                                                                                                6  Não  é  elaborado  Caderno  de  Apoio  para  a  disciplina  de  Educação  Física.  

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67  “É... no meu caso, filosofia, não temos caderno de apoio e como

estamos trabalhando com crianças, se houvesse, os textos deveriam ser mais

específicos, né... esses que a gente tem são mais pro ensino médio e os

alunos vão ter mesmo dificuldade, o vocabulário não é fácil...desses textos...e

ainda são muito grandes. Gostaria de algo voltado pro primário..me ajudaria

muito.” 7(trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

“É... isso que ela falou de interdisciplinar seria legal, porque ai, ah, o que

apareceu aqui em Geografia, também apareceu um pouco em Artes... Então a

gente pode fazer um trabalho juntas, trabalhar isso com os alunos em duas

matérias... isso iria ajudar. Se trabalharmos as disciplinas em conjunto, rende

muito mais!” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)

4.6. ANÁLISE DA EXPRESSÃO GRÁFICA

Como foi dito anteriormente, para encerrar o Grupo Focal, solicitamos

aos participantes que ilustrassem o que o Caderno de Apoio representava para

eles, pois nosso propósito era o de ampliar as possibilidades de emersão da

zona muda das Representações Sociais (Menin, 2005), baixando os níveis de

objetivação dos participantes. Para isso, foram disponibilizados papéis, lápis

coloridos e canetinhas hidrográficas.

Foi um momento de maior descontração, em que os participantes mais

espontaneamente conversaram entre si, houve mais risos e uma espécie de

“faz-de-conta” de inversão de papéis, onde os professores de outrora, sérios,

compenetrados e até mesmo silenciosos e reservados tornaram-se alunos.

Colocações como “pode ser em dupla?”; “vai valer nota?”; “eu não consigo...” ;

“faz pra mim” caracterizaram esse brincar ou ainda, esse movimento

espontâneo.

Solicitamos também que, em razão do caráter simbólico da atividade,

que escrevessem no verso da folha a ideia implícita na figura.

Seguem cópias dos desenhos e análise do conteúdo dos mesmos.

                                                                                               7  Não  é  elaborado  Caderno  de  Apoio  para  a  disciplina  de  Filosofia.  

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68  Desenho 1

Notamos nessa representação que o participante demonstra atenção à

ideologia que permeia os materiais didáticos em geral, o que é mesmo

esperado de um formador de opinião como o professor no caso.

Interessantemente para esse participante, a confiança absoluta e

doutrinária em um material didático soa como ação pueril ou alienada o que

nos faz pensar que talvez exista aí uma Representação Social de que a

satisfação plena ou o contentamento não pertençam ao universo do adulto, que

deve sempre “desconfiar” do que o cerca.

Desenho 2

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69  Desenho 3

A relevância de que haja a congregação de diferentes fontes de

informação para a definição do saber pedagógico do professor, amplamente

discursada pelos participantes, é também o mote dessas ilustrações.

Além do destaque dado a figura do professor que é quem, a partir da

reunião, análise e confronto dessas informações, seleciona e organiza seu

trabalho.

Desenhos 4 e 5

A ideia de luz e de iluminação são representadas nessas imagens. E

embora a autora do desenho 4 não tenha escrito sobre sua imagem, durante o

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70  Grupo Focal ela mencionou “É o que eu falei, a apostila pra mim é o meu ponto

de luz, eu pego ela e amplio...” (trecho extraído da transcrição do Grupo Focal)  

A simbologia da luz foi o cerne da denominação do movimento

iluminista, no século XVIII, e estava associada à ideia da razão, da cisão com o

espiritual, mais precisamente, com os abusos da igreja. Representar o Caderno

de Apoio como um ponto de luz é muito significativo e confere ao mesmo um

lugar de destaque, pois ele seria o princípio da razão, de onde se derivam os

demais pensamentos.

No desenho 5, podemos acrescentar a concepção de professor como

detentor do saber, ele tem a luz e os demais o seguem, obedientemente. Essa

é uma Representação Social cristalizada por muitos educadores, sendo um dos

pilares da escola tradicional.

Desenho 6

A imagem parece fazer uma crítica à desconsideração dos diferentes

universos que preenchem cada um dos alunos, suas motivações, anseios,

teorias prévias e expectativas. Entre o que é ensinado e o que é aprendido

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71  parece haver um abismo do qual não temos conhecimento, a não ser que haja

a garantia de tempo e espaço para que o aluno seja ouvido, e assim,

resguardada sua individualidade.

Foi esse participante que durante o Grupo Focal desencadeou a

discussão sobre as demandas de ensino particulares, não atendidas por um

material didático unificado.

Sua representação pictográfica foi coerente com sua fala e inclusive com

o texto que escreveu no verso da folha. Sua referência é a subjetividade, seja

dele mesmo, seja do próximo. Como explicar o que é para ser sentido? Haveria

palavras suficientes e existentes para exprimir o todo de sua experiência?

Como diz um poeta anônimo “a experiência não pode ser compartilhada, ela é

servida em frascos individuais”.

Desenho 7

A ilustração é bastante concreta em sua mensagem e vale ressaltar que

esse participante foi um dos que se manteve em silêncio durante todo o Grupo

Focal.

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72  Desenho 8

A imagem representa não o que é, mas o que falta em uma disciplina

específica. Provavelmente, essa falta deva incomodar e até atrapalhar, pois

impede que o real, o que existe seja destacado, ou seja, a representação sobre

o material didático está calcada no que não existe e na ausência.

Desenho 9

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73  Temos aqui a Representação Social de que os estudos conduzem à

ascensão, às conquistas materiais e profissionais, sendo este um caminho

longo, íngreme e principalmente, solitário.

Em uma pesquisa realizada com jovens, sobre as Representações

Sociais de seus sonhos de vida (Moroto e Moreno, 2011), nota-se que, para

eles, os estudos são concebidos como condição para se alcançar os sonhos, o

que pode gerar grande frustração, pois essa lógica não é tão lógica assim.

Assistimos a um mercado cada vez mais seleto e a vasta oferta de mão de

obra em alguns ramos empurrando os pisos salariais para baixo.

Estudar é fundamental, concordamos, e uma importante ferramenta para

conquistar autonomia intelectual e financeira, mas estudar simplesmente não é

garantia. É preciso, além de estudar efetivamente, cultivar um “network”, o que

exige constante interação com profissionais do ramo, comunidades associadas

e buscar um diferencial, tornar-se interessante, atrativo enquanto potencial

humano, desenvolvendo habilidades de vida.

Desenho 10

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74  Desenho 11

As ilustrações (10 e 11) demonstram a concepção de que o material

didático oferece ideias, amplitude, conteúdo criativo, possibilidades, muito

embora ele não tenha o fim em si mesmo, configura-se como um importante

recurso de saída.

Desenho 12

A representação alude ao Mito das Cavernas e traz a bandeira de que

também a disciplina de Filosofia seja incluída no Caderno de Apoio.

Para o participante, desconsiderar a Filosofia no material parece

simbolizar estagnação, apego ao concreto, ao comum e a resistência em se

abrir para as possibilidades.

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75   As disciplinas de Educação Física e Filosofia realmente não foram

incluídas no material didático e a justificativa para essa decisão foi em razão da

marca pragmática dessas áreas. Houve o receio, por parte do corpo técnico da

Secretaria de Educação, de que essas aulas ficassem teorizadas ou estanques

com a implementação do material, o que não significa que isso não possa ser

revisto.

Em geral, percebemos que ao desenhar, algumas Representações

Sociais dos professores sobre o Caderno de Apoio foram endossadas como a

ideia de suporte, apoio e ponto de partida.

No entanto, também emergiram algumas Representações Sociais mais

cristalizadas associadas aos âmbitos educacional e pessoal, como a

Representação Social latente de que o professor está no centro ou à frente dos

alunos, a Representação Social latente de que o professor é o detentor do

conhecimento e os alunos seus seguidores passivos, a Representação Social

latente de que estudar é condição para vencer na vida, a Representação Social

latente de que espontaneidade e maturidade não coincidem, pois isso implica

em alienação, a Representação Social latente de que ser adulto é ser sério,

desconfiado e a Representação Social latente de que a satisfação plena não

existe.

Eis aqui conteúdos da zona muda das Representações Sociais, pois em

momento algum essas concepções foram expostas no questionário ou no

Grupo Focal de forma explícita, pelo contrário, o que obtivemos foi um discurso

que colocava o aluno como protagonista e não como figurante.

Apenas um dos participantes (desenho 6) demonstrou em sua

expressão gráfica a preocupação com as particularidades, com a subjetividade

do aluno, tão propagada no discurso de todos os demais.

4.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das questões motivadoras dessa pesquisa, que era saber se para

os professores a oferta do material didático-pedagógico unificado era relevante

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76  ou não, foi respondida, para a maioria deles é fundamental. Preferencialmente,

no formato apostilado como o Caderno de Apoio em razão das dificuldades

práticas impostas pelo excesso de livros, como a locomoção e o

armazenamento dos mesmos.

Ficou evidente também, que o material didático sempre requererá

complementos e a congregação com outros materiais, na tentativa de atender

às particularidades de ensino e às próprias preferências metodológicas do

professor. Nesse sentido, quanto mais atividades diversificadas forem

oferecidas no material, mais atrativo ele se torna para o professor, pois facilita

seu trabalho.

O uso impositivo de qualquer material-didático foi acirradamente

repudiado, demarcando a necessidade de que seja resguardada a autonomia

docente, o material-didático é um apoio, um suporte e não o “senhor” das

aulas.

O Caderno de Apoio, especificamente, bem avaliado por mais de 70%

dos participantes, reside numa área interessante de dissenso, indo desde o

professor que o emprega como base-norteadora até aquele que diz não se

identificar com o material, em razão de suas muitas lacunas metodológicas,

erros ortográficos e escassez de imagens. Muito embora, esses mesmos

professores sejam favoráveis aos ajustes e adequações do material e não a

sua extinção, pois a experiência de terem ficado sem recebê-lo durante o

semestre foi considerada negativa.

Um mesmo material didático pode agradar alguns por algum tempo e

outros por muito tempo, pois existe nesse meandro um viés afetivo, da ordem

do gostar ou não gostar e sabemos o quanto nossas preferências podem

oscilar. Portanto, nos parece que mais importante do que saber se o professor

gosta do material, é saber se o mesmo lhe é útil, pois essa é sua função,

tornar-se ferramenta nas mãos do professor, subsidiando sua prática e, nesse

aspecto, notamos que o Caderno de Apoio tem 85% de aprovação dos

participantes.

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77  O diferencial do Caderno de Apoio, que é ser elaborado por professores

da própria Rede de Ensino e para essa Rede especialmente, foi apontado

como positivo pela maioria dos participantes.

Tendo em vista que somente 5% dos participantes mencionaram o

senso de coautoria em relação aos Cadernos de Apoio, pensamos que isso se

deva a pelo menos duas possibilidades:

1. Apenas a abertura para o recebimento de críticas e sugestões não

seja o suficiente para trazer o professor mais próximo, portanto é preciso

buscá-lo pela mão, ou seja, organizar tempos e espaços para, a exemplo do

Grupo Focal, ouvir, dar vez e voz ao colegiado, caso contrário, a imersão nas

rotinas frenéticas de trabalho elegem esse senso de coautoria como

secundário;

2. O senso de coautoria implica em responsabilidade, ao passo que

tornar-se responsável ou “respondere” (latim) por algo é “ficar por seu fiador”.

Nesse sentido, a coautoria é via de mão dupla, pois oferta a possibilidade de

interferir no produto ao mesmo tempo em que exige a responsabilidade pelo

produto. Portanto, o lugar de simples usuário acaba sendo mais confortável.

Espaços de escuta são importantes não apenas para que possamos

conhecer melhor quem são os professores de uma determinada Rede de

Ensino, suas concepções, suas crenças... os significados e os sentidos que

atribuem aos elementos diversos da educação tão plasmados dos vícios da

educação tradicional, mas principalmente para que possamos pensar formas

de atuar nessas complexas construções de pensamentos.

Atuar para possibilitar diferentes ancoragens, ou seja, ressignificações

alternativas dessas Representações Sociais e consequentemente, condutas

alternativas.

Como cita Jodelet (2008, p. 50),“... las maneras en que los sujetos ven,

piensan, conocen, sienten e interpretan su mundo de vida, su ser en el mundo,

desempeñan un papel indiscutible en la orientación y la reorientación de las

prácticas.”

 

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78  O espaço da escuta ou ainda o espaço da narrativa são condições para

a constituição do sujeito, conforme cita Tedesco (2004, p.570),

 ...la constitución del sujeto también está associada a la capacidad de

articular em um relato las imágenes y representaciones vinculadas a

la trayetoria de vida. Desde el momento que uma persona puede

relatar ló que há sucedido, sus sentimientos y sus interacciones com

el medio se modifican.

Mudar é difícil, pois nos viciamos em nosso jeito de ser, mas mudar

sozinho beira o impossível, pois quem nos servirá de espelho, se não o outro,

nosso interlocutor?

Com isso queremos indicar a necessidade de pesquisas que saiam do

concreto para a escuta dos envolvidos, identificando suas Representações

Sociais sobre determinados elementos e, posteriormente, desdobrando-se em

ações efetivas no meio em que estão inseridos, visando melhorias na

qualidade de vida dos mesmos.

E em se tratando da investigação de Representações Sociais indicamos

também que seja considerada a utilização de instrumentos de coleta de dados

diversificados, para que elas, as RS, sejam captadas em sua amplitude e

complexidade.

Os resultados dessa pesquisa em particular serão norteadores de

algumas ações relacionadas não apenas ao processo de produção dos

Cadernos de Apoio, mas servirão de base para outros aspectos que precisam

ser discutidos com o professor.

Diante do exposto, concluímos que os objetivos propostos na pesquisa

foram cumpridos, contudo, por entendermos que cabe às investigações

científicas não apenas responder questões, esclarecer posicionamentos ou

informar sobre determinados eventos, mas principalmente, ampliar

perspectivas, provocar reflexões e mobilizar ações, traremos aqui ainda mais

alguns aspectos a serem discutidos.

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79  Conforme citamos na introdução desse trabalho, a adoção de materiais

didático-pedagógicos unificados divide opiniões e esse foi um dos

impulsionadores da presente pesquisa.

Um dos principais questionamentos que estudiosos propõem a respeito

do tema seria a relação entre uniformidade e diversidade. E de que maneira, a

oferta de um material pronto não incentivaria condutas imobilistas.

Entendemos que nenhum material unificado tenha o poder de prejudicar

a diversidade ou ainda imobilizar, pois um mesmo material nunca é lido da

mesma forma por diferentes pessoas, tampouco da mesma forma pela mesma

pessoa, em diferentes períodos. A apreensão individual não pode ser pré-

estabelecida, pois ela é personificada.

Um bom material didático-pedagógico norteia, auxilia e facilita a ação

docente, de forma particular, num processo decisório que cabe em última

instância ao professor e a história que fez dele quem ele é.

As lutas do magistério são muitas, mas residem mais em questões como

a valorização profissional, a formação docente, o rompimento do modelo

cartesiano de currículo, tempos e espaços educacionais, bem como, a relação

com a comunidade entre outros. Avanços nessas frentes certamente refletirão

na qualidade da produção docente, num processo dialético que envolve

produtor e produto.

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80  5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADRIÃO, T et al. Uma modalidade peculiar de privatização da educação pública: A aquisição de “Sistemas de Ensino” por municípios paulistas. Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n.108, p. 799-818, out. 2009. Disponível em <http://www.sielo.br>. Acesso em dez. 2010. AQUINO, J. G. Os desmandos da educação. Revista Educação. São Paulo, v.111, p.54-54, 2007. Disponível em: <http://www.revistaeducacao.uol.com>. Acesso em dez. 2010. ARRUDA, A. Teorias das Representações Sociais e Teorias de Gênero. Cadernos de Pesquisa, n. 117, p. 127-147, Nov, 2002. ARRUDA, E. E; KINJO, C. N. e OLIVEIRA, L. D. S. O Segmento escolar como o “maná” do mercado editorial. Intermeio – Revista do Mestrado em Educação da UFMS, 2007. Disponível em: <http://www.sielo.br>. Acesso em dez. 2010. ARRUDA, E. E; KINJO, C.N e BARBOZA, M. M. O processo de mercantilização do ensino no nível fundamental e médio, em uma capital brasileira de porte médio. Intermeio – Revista do Mestrado em Educação da UFMS, 2008. Disponível em: <http://www.sielo.br>. Acesso em dez. 2010. BARUERI. Secretaria Municipal de Educação. Histórico da Educação Municipal de Barueri. Disponível em: <www.educ.net.br>. Acesso em jun. 2011. ________. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Pedagógica da Escola de Ensino Fundamental e Educação Infantil Prof. Elvira Lefèvre Salles Nemer. Barueri, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Plano de Metas Compromisso todos pela educação. Brasília, 2007. _______. Ministério da Educação. Censo Escolar 2010. Brasília, 2010. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em jan. 2012. BUNZEN, C. O antigo e o novo testamento: livro didático e apostila escolar. Revista ao pé da letra, v.3, n.1, p. 35-46, 2001. Disponível em: <http://www.sielo.br>. Acesso em dez. 2010. CASTRO, C. de M. Satanás apostilado? Revista Veja, ano 40, p.20, 2007. Disponível em: <http://vejaonline.com.br>. Acesso em dez. 2010. FRANCO, M. L. P. B. Representações sociais, ideologia e desenvolvimento da consciência, Cadernos de Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas, v.34, n.121, p.169 -186, jan./abr. 2004.

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84  APÊNDICES

A. Tabela 1 - Em sua opinião, o que é o Caderno de Apoio?

Categorias Indicadores Incidência Qte

Incidência %

Aspectos relacionados à concepção de suporte pedagógico Subcategoria – Suporte pedagógico satisfatório Subcategoria – Suporte pedagógico que requer correções gráficas Subcategoria – Suporte pedagógico que requer reformulações didáticas

• Suporte pedagógico 3 • Atividade de complemento 4 • Material a mais, que dá suporte para que o

professor desenvolva os conteúdos pedagógicos 1

• Material de apoio ao professor e ao aluno 3 • Ótimo na utilização para o trabalho bem feito e

planejado 1 • Um material a mais no auxílio da

aprendizagem escolar 1 • Apoio ao professor 5 • Como o próprio nome diz, apoio 5 • Auxílio para atividade da sala 1 • Material de apoio bom 2 • Subsídio de boa qualidade para auxiliar o

professor 2 • Ferramenta a mais que desenvolve a

aprendizagem do aluno 3 • Instrumento que auxilia nas aulas 3 • Economiza nas xerox 1 • Não deve ser visto como único modo de

trabalho 1 • Grande suporte no cotidiano 1

• Precisa melhorar em sua qualidade, há muitos

erros • Necessita apenas de correções gráficas • Tem muitos erros

• É muito cansativo, repetitivo • Material de apoio fraco, mas melhor que nada • Um pouco fraco, requer outros recursos

31

3

3

74%

84%

8%

8%

Aspectos relacionados a concepção de norteador do trabalho pedagógico

• Material essencial, que aprimora o saber dos alunos

• Norte 2 • Referencial • Orienta o planejamento das aulas • Um material didático que direciona o trabalho

em sala • Eixo norteador do aprendizado

7 14%

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85  B. Tabela 2 - Você se identifica com as atividades propostas no Caderno de Apoio?

Comente. Categorias Indicadores Incidência

Qte Incidência

% Respostas relacionadas à identificação plena Subcategoria – Aspectos didáticos / formais Subcategoria – Aspectos didáticos / conteúdos Subcategoria – Sentimento de co-autoria / participação Respostas relacionadas à Identificação condicionada ao complemento Subcategoria – Sentimento de autonomia para complementar Subcategoria – Sentimento de necessidade de complementar

• Sim, porque todas as atividades têm sequência e isso ajuda o professor a elaborar melhor suas aulas

• Sim, pois nos favorece muito nos planos de aula

• Sim, são boas • Sim, elas são simples, fáceis de serem

trabalhadas e compreendidas • Sim, principalmente com a matéria de

matemática • Sim, são bem elaboradas, principalmente no

Caderno C

• Sim, me identifico muito, principalmente com o conteúdo do Caderno do 9º ano e do Caderno C, as atividades são diversificadas

• Sim, porque no momento que foi elaborado contribuímos com atividades que já utilizávamos

• Sim, acredito que com o passar do tempo a equipe de elaboração está cada vez mais numa linha coerente e eficaz

• Sim, através dele posso complementar com demais atividades

• Sim, as atividades apresentadas servem de reforço e ampliam os conteúdos trabalhados

• Sim, porém sempre enriqueço com outras atividades 2

• Sim, elas possibilitam mesclar as atividades levando o aluno a desenvolver-se de forma global

• Sim, porém acho necessário complementá-lo 2 • Sim, mas precisa ser complementado com a

sequência do conteúdo • As atividades deixam muito a desejar e não

desenvolvem todas as habilidades do aluno, até porque tratam-se de um auxiliar nas aulas

• Ás vezes gosto muito, porém acho que o conteúdo é muito pincelado, abreviado, por

8

1

2

5

6

27%

20%

2%

5%

27%

12%

15%

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86   Respostas relacionadas à identificação com ressalvas Subcategoria – Aspectos didáticos / conteúdos Subcategoria – Aspectos didáticos / formais Subcategoria – Aspectos gráficos / formato

isso utilizo outras didáticas para complementar, sistematizar

• Sim, mas algumas atividades são resumidas

• Sim, mas o último que utilizei tinha falhas e

falta de atividades • Sim, mas o conteúdo de inglês para a 8ª série

está avançado e alguns exercícios são confusos para o entendimento do aluno

• Sim, com algumas, são extremamente importantes os textos e os exercícios de fixação, porém discordo do conteúdo de muitos desses textos e da repetição, requer mais diversidade

• Nem sempre, pois algumas atividades tratam somente do município

• Nem sempre, pois os textos de história,

geografia e ciências são muito extensos • Sem dúvida é um material ótimo,

principalmente porque o aluno pode levá-lo para casa e explorar antes da aula, mas poderia conter mais atividades e menos textos para serem lidos pelo professor

• Quase todas, algumas eu considero muito complexas, cansativas para o nível da classe

• Algumas, há textos muito longos e alguns erros nas atividades, em poucas, mas têm

• Algumas sim, penso que em algumas atividades é bem diversificado, mas aborda determinados temas com textos fora da realidade

• Nem sempre, alguns temas e assuntos necessitam ser abordados de forma mais abrangente, por exemplo, a referência a Barueri e ao Brasil

• Nem sempre, mas procuro adequar à realidade do aluno

• Sim, acho que está bom, mas poderia ficar melhor

• Sim, mas algumas atividades têm sentido dúbio

• A cada término de conteúdo poderia haver uma avaliação para correção á parte

4

11

1

39%

10%

27%

2%

Respostas relacionada a Não identificação Subcategoria – Aspectos didáticos / formais

• Não, acho que é necessário adequar o material com jogos, cruzadinhas, caça-palavras e outros

• Não, porque as atividades propostas fogem da realidade do aluno, eles não têm acesso a Internet, material que desenvolve o proposto

3

7%

7%

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87  

C. Tabela 3 - Você utiliza outros materiais didático-pedagógicos? Comente.

Categorias Indicadores Incidência Qte

Incidência %

Utilização de livros didáticos e paradidáticos

• Sim, com outros livros didáticos e paradidáticos

13 33%

Utilização de materiais diversos

• Sim, com materiais diversos (jogos, materiais concretos, música, vídeos)

22 56%

Utilização dos espaços educativos da escola

• Sim, com a sala multimídia, sala de música 4 10%

D. Tabela 4 - Que critérios você utiliza para avaliar a qualidade de um material didático-pedagógico?

Categorias Indicadores Incidência

Qte Incidência

% Critérios relacionados aos aspectos didáticos

• Adequação dos conteúdos e habilidades que desenvolve15

• Atividades compreensivas 5 • Atividades interessantes, interativas e

diversificadas para os alunos 10 • Comparação com outros livros didáticos,

internet, outros colegas 2 • Coerência das atividades 4 • Adequação à realidade do aluno 7 • Abrangência das atividades 2 • Linguagem adequada 4 • Sequência didática 4 • Qualidade das informações • Nível de complexidade adequado 9 • Sem erros ortográficos 2

65 84%

Critérios relacionados aos aspectos gráficos / formato

• Aspectos visuais favorecedores, letras, layout 12

16%

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88  

E. Tabela 5 - O Caderno de Apoio atende a esses seus critérios? Comente. Categorias Indicadores Incidência

Qte Incidência

% Respostas indicativas de que atende aos critérios parcialmente Subcategoria - Aspectos didáticos / formais Subcategoria – Aspectos didáticos / ortográficos Subcategoria – Aspectos gráficos / formato

• Sim, mas precisa de mais exercícios 2 • Sim, mas tenho que acrescentar atividades

8 • Sim, em partes 4 • Às vezes, pois as atividades são iguais as

dos livros didáticos • Nem sempre, alguns assuntos são

limitados

• Sim, mas precisa que os erros ortográficos sejam corrigidos 2

• Sim, mas falta espaço para resolução de atividades

• Mais ou menos, poderia ser bimestral abrangendo todas as áreas num único volume e vir com os livros paradidáticos e CD’s

16

2

2

50%

80%

10%

10%

Respostas indicativas de que não atende aos critérios Subcategoria - Aspectos didáticos / formais Subcategoria – Aspectos didáticos / ortográficos Subcategoria – Aspectos gráficos / formato

• Não, são poucos exercícios 2 • Não poderia haver atividades mais concisas • Não, poderia ter atividades que

desenvolvem mais as potencialidades dos alunos

• Sem comentários, em hist. e geo, as atividades deixaram muito a desejar 2

• Não, apenas em 40%, no restante foge aos assuntos atuais ou está fora da idade e série

• Tem muitos erros 2

• Falta ilustração

8

2

1

27,5%

73%

18%

9%

Respostas indicativas de que atende aos critérios plenamente Subcategoria - Aspectos didáticos / formais

• Sim, direciona-me e não deixa escapar

nada • Sim, ajuda muito na criatividade 2 • Sim, auxilia muito, mas depende de nossa

criatividade • Sim, estão sempre indo ao encontro do

5

22,5%

56%

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89   Subcategoria – Aspectos didáticos / conteúdos

proposto

• Sim, não deixa escapar nada • Sim, o conteúdo é próprio para a idade 2 • Sim, pois tem todos os conteúdos do

planejamento

4

44

F. Tabela 6 - Como você distribui sua atuação docente entre o Caderno de Apoio e outros materiais didático-pedagógicos?

Categorias Indicadores Incidência

Qte Incidência

% Aspectos relacionados à distribuição para complementar o trabalho

• Inicio com o conteúdo trabalhado no Caderno de Apoio e utilizo materiais e informações para ampliá-lo 13

• É muito cansativo trabalhar só com o Caderno de apoio, sempre busco novos caminhos

• Um material complementa o outro 11 Praticamente 50% 4

29 80,5%

Aspectos relacionados à distribuição conforme necessidades dos alunos

• De acordo com as necessidades e interesses dos alunos 7

7 19,5%

G. - Tabela 7 - Você já fez alguma sugestão aos elaboradores do Caderno de Apoio? Comente.

Categorias Indicadores Incidência

Qte Incidência

% Respostas indicativas de que não houve oportunidade

• Não, ainda não tive essa oportunidade 4 • Não, mas gostaria 3 • Não, mas tenho colegas de disciplina que já • Não, porque não conheço o trâmite para

isso • Não 8

17 49%

Respostas indicativas de que houve oportunidade

• Sim, na escola 2 • Sim, já fui chamada ao CAP para ajudar a

elaborar e dar sugestões 5 • Sim, acho que melhorou bastante o nível

das dificuldades das atividades • Sim, sempre que existe a possibilidade • Sim, enviei atividades para ajudar 2 • Sim, por telefone • Sim 3

15 43%

Respostas indicativas de que não houve necessidade

• Não, porque o material é muito bom 2 • Não, não achei necessário

3 9%

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90  H. Tabela 8 - Você já fez alguma crítica aos elaboradores do Caderno de Apoio?

Comente.

Categorias Indicadores Incidência Qte

Incidência %

Respostas indicativas de que não houve necessidade

• Não 19 • Não, não achei necessário • Não, no momento não me ocorre, pois o

Caderno melhorou bastante do início até hoje

21 58%

Respostas indicativas de que houve oportunidade

• Sim, pela coordenadora da escola • Sim, quando somos convidados a participar

de reuniões 2 • Sim, através de relatórios 2 • Sim 5 • Sim, indiretamente, através dos colegas

próximos

11 30,5%

Respostas indicativas de que não houve oportunidade

• Não, mas já encontrei vários erros, o que não deveria acontecer

• Não, mas gostaria que repensassem o conteúdo de inglês da 8ª série

• Não, até agora, gostei dessa oportunidade • Não, porque não conheço o trâmite para

isso

4 11%

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91  I - Modelo de Questionário – Professor

1. Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade: _______

3. Estado cívil

( ) solteiro (a)

( ) casado (a)

( ) separado (a)

( ) divorciado (a)

( ) amasiado (a)

4. Tem filhos?

( ) não ( ) sim Quantos:_________

5. Formação

Ensino Médio: ( ) Regular ( ) Modalidade Normal

Ensino Superior: ( ) Incompleto (   ) Completo

Qual curso? ______________

Pós-graduação: ( ) Incompleta ( ) Completa

Qual curso? ______________

( ) Mestre ( ) Mestrando Qual curso? __________________________

( ) Doutor ( ) Doutorando Qual curso? __________________________

6. Há quanto tempo você concluiu seu último curso de formação (graduação,

extensão, especialização, aprimoramento, pós-graduação...)?

7. Tempo de docência

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92  ( ) Menos de 01 ano

( ) De 01 a 05 anos

( ) De 05 a 10 anos

( ) Mais de 10 anos

8. Segmento em que atua

( ) Educação Infantil – Creche ( ) Educação Infantil – Pré

( ) Ensino Fundamental - 1º ao 5º ano ( ) Ensino Fundamental - 6º ao 9º ano

( ) Ensino Médio

( ) Ensino Superior

9. O que você faz em seus momentos de folga?

10. Você participa de atividades religiosas?

( ) Sim Quais?

( ) Não Por quê?

A respeito do Caderno de Apoio utilizado por você, professor, e alunos dessa Rede de Ensino, por favor, responda:

11. Há quanto tempo você utiliza o Caderno de Apoio?

12. Em sua opinião, o que é o Caderno de Apoio?

13. Você se identifica com as atividades propostas no Caderno de Apoio?

Comente.

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93  14. Você utiliza outros materiais didático-pedagógicos? Comente.

15. Que critérios você utiliza para avaliar a qualidade de um material didático-

pedagógico?

16. O Caderno de Apoio atende a esses seus critérios? Comente.

17. Como você distribui sua atuação docente entre o Caderno de Apoio e

outros materiais didático-pedagógicos?

18. Você já fez alguma sugestão aos elaboradores do Caderno de Apoio?

Comente.

19. Você já fez alguma crítica aos elaboradores do Caderno de Apoio?

Comente.

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94  ANEXOS A – Mostra do “Caderno de Apoio”