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REPRODUÇÃO INDUZIDA, ONTOGENIA INICIAL, ETOLOGIA LARVAL E ALEVINAGEM DA PIABANHA (Brycon insignis, STEINDACHNER, 1877) GUILHERME DE SOUZA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ JULHO – 2004

REPRODUÇÃO INDUZIDA, ONTOGENIA INICIAL, ETOLOGIA … · extrusão dos ovócitos foi de 159,01 ± 8,56 HG, a uma temperatura média de 26,19 ± 1,19 °C. Os ovócitos recém extrusados

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REPRODUÇÃO INDUZIDA, ONTOGENIA INICIAL, ETOLOGIA

LARVAL E ALEVINAGEM DA PIABANHA (Brycon insignis,

STEINDACHNER, 1877)

GUILHERME DE SOUZA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

JULHO – 2004

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REPRODUÇÃO INDUZIDA, ONTOGENIA INICIAL, ETOLOGIA

LARVAL E ALEVINAGEM DA PIABANHA (Brycon insignis,

STEINDACHNER, 1877)

GUILHERME DE SOUZA

Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal

Orientador: Prof. Dálcio Ricardo de Andrade

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

JULHO - 2004

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REPRODUÇÃO INDUZIDA, ONTOGENIA INICIAL, ETOLOGIA LARVAL E

ALEVINAGEM DA PIABANHA (Brycon insignis, STEINDACHNER, 1877)

GUILHERME DE SOUZA

Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal

Aprovada em 18 de junho de 2004

Comissão Examinadora

_____________________________________________ Prof. Manuel Vasquez Vidal Júnior

_____________________________________________

Prof. Ronaldo Novelli

_____________________________________________ Prof. Hugo Pereira Godinho

_____________________________________________ Prof. Dalcio Ricardo de Andrade

Orientador

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Aos meus pais, avó, sogro e sogra, pela enorme dedicação e apoio aos meus sonhos que, aos poucos, estão se concretizando. A minha esposa, Cátia, e aos meus queridos filhos, Pablo, Mariana e Camila que, com os seus incessantes beijos e sorrisos, me conduziram para o término desta dissertação.

A Deus, por eu estar vivo e com muita saúde. DEDICO

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AGRADECIMENTO

À FAPERJ, pela bolsa de estudos concedida; Ao professor Dalcio Ricardo de Andrade, pela orientação, amizade e, o mais importante, pela forma serena de me mostrar o caminho da pesquisa científica; Ao professor Manuel Vazquez Vidal Júnior, pela amizade e co-orientação, ambas indispensáveis para o término deste trabalho; Ao professor Alexandre, pela compreensão e clareza em suas aulas de Estatística; Ao professor Ronaldo Novelli, pelos seus ensinamentos zoológicos, além da grande amizade construída; Aos professores do Curso de Pós Graduação em Produção Animal (CCTA/UENF) e do Laboratório de Ciências Ambientais (CBB/UENF), pela contribuição a minha formação profissional; À Ana Paula Ribeiro Costa,a Denilson Buckert, George Shigueki Yasui, Eduardo Shimoda e Marcelo Cordeiro Pereira, pela ajuda e convívio durante este momento estudantil; Aos Técnicos de laboratório (CCTA/CBB), funcionários da biblioteca e da secretaria do CCTA, que me auxiliaram e contribuíram para a realização deste trabalho; Ao Presidente da Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Paraíba do Sul (APARPS), Benígno Bairral Júnior, pelo apoio irrestrito aos meus sonhos. Ao diretor de Captação de Recursos do Projeto Piabanha, Luíz Felipe Daudt, pelo apoio crucial em importantes momentos; A todos os integrantes da Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Paraíba do Sul (APARPS), Itaocara - RJ.

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Aos funcionários do Projeto Piabanha, Evódio e Calisto, pelo acompanhamento em todas as reproduções induzidas de piabanha; Ã Ashoka Empreendedores Sociais que, apesar de não estar envolvida diretamente neste trabalho científico, será sempre lembrada por ser parte da minha vida; Àqueles que, embora não tenham sido nominalmente citados, estiveram presentes de alguma forma na minha vida acadêmica e que me possibilitaram, aos 37 anos, fazer parte de um reduzido grupo de brasileiros que consegue chegar a um curso de pós-graduação.

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BIOGRAFIA

GUILHERME SOUZA, filho de Divaldo Souza e Alcidea Souza, nasceu em 27 de

dezembro de 1967, na cidade do Rio de Janeiro – RJ.

Em junho de 1994, concluiu o curso de Ciências Biológicas na

Universidade Santa Úrsula – RJ. Neste mesmo ano, foi convidado a trabalhar em

uma estação de piscicultura, no setor de reprodução induzida, as margens do rio

Paraíba do Sul, em Itaocara – RJ.

Com o passar dos anos, com o irrestrito apoio de sua esposa, Cátia

Medeiros Souza, passou a se dedicar às causas ambientais dando ênfase aos

estudos relacionados à ictiofauna do rio Paraíba do Sul quando, em 1998,

participou da fundação da Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Paraíba

do Sul, entidade sem fins lucrativos gestora do Projeto Piabanha.

Com o intuito de aprofundar os conhecimentos a respeito da reprodução

induzida da piabanha, espécie ameaçada de extinção do rio Paraíba do Sul, em

2001, ingressou no Curso de Pós-graduação em Produção Animal, Mestrado,

Reprodução de Peixes de Água Doce, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se a defesa

de tese para a conclusão do curso em junho de 2004. Atualmente ocupa o cargo

de Diretor Geral da ONG Projeto Piabanha.

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CONTEÚDO

RESUMO................................................................................................................ xii

ABSTRACT............................................................................................................ xiv

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 3

3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 4

3.1. O gênero Brycon ........................................................................................ 4

3.2. O gênero Brycon na produção de pescado ................................................ 5

3.3. A piabanha (Brycon insignis) ...................................................................... 6

3.4. Aspectos reprodutivos ............................................................................... 6

3.5. Hábito alimentar no gênero Brycon ............................................................ 9

3.6. Aspectos etológicos e ontogênicos da fase larvar...................................... 11

3.7.A alimentação das pós-larvas de peixes ..................................................... 13

3.8.Larvicultura.................................................................................................. 15

4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 16

4.1. Local e época de trabalho................................................................................ 16

4.2. Plantel de reprodutores.................................................................................... 18

4.3. Seleção e preparo dos reprodutores para o processo de indução .................. 18

4.4.Indução hormonal ............................................................................................. 20

4.5. Comportamento dos reprodutores durante o processo de indução

de desova ........................................................................................................ 22

4.6. Extrusão dos gametas ..................................................................................... 22

4.6.1. Avaliação do ovo durante o processo de hidratação............................... 25

4.7. Incubação dos ovos......................................................................................... 25

4.7.1. Estimativa da taxa de fecundação e desenvolvimento embrionário ........ 26

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4.7.2. Eclosão, desenvolvimento e etologia das larvas e pós-larvas................. 27

4.7.3. Fase de canibalismo pós-larval intra e interespecífico ............................ 29

4.8. Crescimento das pós-larvas em tanques externos .......................................... 29

4.9. Análise estatística............................................................................................ 30

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 31

5.1. Indução Hormonal ........................................................................................... 31

5.2. Comportamento dos reprodutores durante a indução ..................................... 33

5.3. Extrusão, caracterização, quantificação e medição dos ovócitos .................... 38

5.4. Desenvolvimento do ovo e do embrião até o momento da eclosão................. 40

5.5. Comportamento alimentar da pós-larva na fase de canibalismo ..................... 54

5.6. Desenvolvimento das pós-larvas e alevinos em tanque de alevinagem.......... 56

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 57 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela 1 - Média, desvio padrão e

coeficiente de variação do peso total das fêmeas (g),

temperatura média da água (°C), horas-grau (°C),

peso total de ovócitos extruídos (g), ovócitos em um

grama, horas-grau ao fechamento do blastóporo (°C)

e percentagem de ovos fecundados ......................................................................... 33

Tabela 2 - Descrição estágios embrionários de

Brycon insignis nos diferentes intervalos de horas-

grau............................................................................................................................ 41

Tabela 3 – Média, desvio padrão e coeficiente de

variação do tempo eclosão necessário para a

eclosão dos ovos referente a 36 diferentes desovas

de piabanha, em diferentes temperaturas, com suas

respectivas horas-grau ............................................................................................. 43

Tabela 4 – Valores da biometria das larvas de

piabanha em diferentes horas-grau, média do

comprimento da larva (mm), média do comprimento

do vitelo (mm) e média da altura do vitelo (mm) ....................................................... 46

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Tabela 5 - Descrição dos eventos morfológicos mais

marcantes entre o momento da eclosão e o

momento do canibalismo entre larvas de piabanha,

em horas e horas-grau .............................................................................................. 49

Tabela 6 - Média, desvio padrão e coeficiente de

variação do número de horas, temperatura média e

número de horas-grau para o início da alimentação

exógena, para larvas de piabanha ............................................................................ 53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplar juvenil da piabanha ................................................... ................06

Figura 2 - Exemplar adulto da piabanha.................................................... ................06

Figura 3 - Fêmea de piabanha apresentando

abdome avolumado e papila genital hiperemiada. ................................... ................19

Figura 4 - Fêmea de Brycon insignis recebendo a

aplicação da primeira dose de extrato de hipófise na

base da nadadeira pélvica......................................................................... ................21

Figura 5 - Fêmea de Brycon insignis recebendo a

aplicação da segunda dose de extrato de hipófise,

na base da nadadeira pélvica. Notar o ventre

abaulado e papila genital hiperemiada... ................................................... ................21

Figura 6 - Extrusão dos ovócitos de piabanha. ......................................... ................24

Figura 7 - Extrusão do sêmen de piabanha............................................... ...............24

Figura 8 - Desenho esquemático de uma larva de

piabanha mostrando as variáveis morfométricas

mensuradas. ............................................................................................. ...............28

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Figura 9 - Lesões cutâneas no pedúnculo caudal do

macho de piabanha provocadas pela fêmea logo

após a primeira dosagem hormonal. ......................................................... ...............35

Figura 10 - Reprodutor de piabanha do sexo

masculino, morto antes mesmo da finalização do

processo reprodutivo. ............................................................................... ...............35

Figura 11 A - Larva com uma hora após a eclosão................................................ .48

Figura 11 B - Larva com oito horas após a eclosão ................................. ...............48

Figura 11 C - Zoom da glândula de aderência, oito

horas após a eclosão ................................................................................ ...............48

Figura 11 D - Larva na décima hora, após a eclosão............................... ...............48

Figura 11 E - Larva na vigésima primeira hora, após

a eclosão ................................................................................................... ...............48

Figura 11 F - Larva na vigésima sétima hora, após a

eclosão...................................................................................................... ...............48

Figura 11 G - Larva na trigésima segunda hora, após

a eclosão ................................................................................................... ...............48

Figura 11 H - Zoom do canibalismo, trigésima

segunda hora, após a eclosão .................................................................. ...............48

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RESUMO

Foram utilizados reprodutores da espécie piabanha (Brycon insignis)

pertencentes ao plantel do Projeto Piabanha, localizado no município de Itaocara

– RJ, no período de dezembro de 1999 a março de 2003, com o objetivo de

determinar aspectos reprodutivos desta espécie, incluindo a descrição

morfológica da ontogenia inicial e o acompanhamento do desenvolvimento das

larvas, pós-larvas e alevinos. Foram induzidas 43 fêmeas utilizando-se extrato

bruto hipofisário. A quantidade de horas-grau médias (HG) necessárias para a

extrusão dos ovócitos foi de 159,01 ± 8,56 HG, a uma temperatura média de

26,19 ± 1,19 °C. Os ovócitos recém extrusados apresentaram-se esféricos, não

aderentes, de coloração azul acinzentada em sua grande maioria e possuíam

diâmetro de 1,35 ± 0,02 mm, sendo que um grama continha 762,81 ± 92,35

ovócitos. Após a fertilização e hidratação, os ovos demoraram em média 16,00 ±

1,00 minutos para o endurecimento do córion. O diâmetro médio do ovo hidratado

passou para 2,40 ± 0,08 mm, atingindo um peso médio de 14,06 ± 0,66

miligramas. Verificou-se uma alta correlação (p > 0,05) entre a temperatura da

água do tanque de reprodutores e a taxa de fecundação. Uma hora após a

fertilização houve a formação do blastodisco. O fechamento do blastóporo ocorreu

5 horas após a fertilização, na temperatura média de 25,5 ± 1°C, o que equivale a

170,55 ± 14,01 HG, a partir da segunda dose hormonal. Nove horas e meia após

a fecundação, observou-se a flexão da notocorda seguida pela expansão da

região posterior do embrião e a visualização de 26 pares de somitos. A média

geral de horas necessárias para o processo de eclosão da larva foi de 18,29 ±

2,32 horas, equivalente a 477,39 ± 35,08 HG. Observou-se a ocorrência de

canibalismo intraespecífico em média com 29,67 ± 1,57 horas após a eclosão, a

uma temperatura de 26,41 ± 0,80 °C. A eficácia na captura de larvas forrageiras

pelas pós-larvas de Brycon insignis esteve relacionada ao local de inserção da

mordida. Ao final do período experimental, no vigésimo quinto dia de vida, os

peixes possuíam o formato típico dos juvenis desta espécie e apresentaram a

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seguinte biometria: peso total de 0,94 ± 0,12 g, comprimento total de 51,60 ± 1,82

mm e altura total de 10,1 ± 0,22 mm.

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ABSTRACT

In this experiment, broods of piabanha (Brycon insignis) from Projeto

Piabanha, located in the city of Itaocara - Rio de Janeiro State - Brazil was

studied, in the period of December 1999 to March of 2003, objectifying to

determine the reproductive aspects of this specie, including morphologic

description of initial ontogenesis, and the accompaniment of fry, post-fry and

fingerlings development. For that, 43 females had been induced to spawn, using

common carp pituitary gland. The average of hour-degree (hd) necessary for

stripping was 159,01 ± 8,56 hd, at 26,19 ± 1,19 °C. The stripped oocytes

presented spherical aspect, was not adherent, with gray/blue coloration in its great

majority and 1,35 ± 0,02 mm diameter with 762,81 ± 92,35 oocytes per gram. After

fertilization and hydratation, eggs spent 16,00 ± 1,00 minutes for corion hardening.

The average diameter of hydratated eggs was above 2,40 ± 0,08 mm, reaching an

average weight of 14,06 ± 0,66 milligrams. A high correlation (p > 0,05) among

temperature of brood’s tank and fecundity rate was found. One hour after

fertilization, blastodisc was formed. The blastopore closure occurred

approximately 5 hours after fertilization, at an average temperature of 25,5 ± 1 °C,

corresponding to 170,55 ± 14,01 dh, from 2nd hormonal inducing. Nine hours and a

half after the fertilization, flexion of notochord was observed followed by the

expansion of posterior region of the embryo and visualization of 26 pairs of somits.

The general average of the larvae’s eclosion process was 18,29 ± 2,32 hours,

equivalent to 477,39 ± 35,08 dh. It was observed the occurrence of intra-specific

cannibalism, 29,67 ± 1,57 hours after the eclosion, at 26,41 ± 0,80 °C. The

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effectiveness capture of forragery larvae by Brycon insignis post-fry was related to

the place of bite. At the end of the experimental period, in the 25th day of life,

fishes had the typical format of juveniles of this specie, and presented the

following measurements: total weight of 0,94 ± 0,12 g, total length of 51,60 ± 1,82

mm and total height of 10,1 ± 0,22 mm.

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1. INTRODUÇÃO

O aumento da população global e o conseqüente aumento da demanda

mundial por alimentos vêm elevando a pressão de captura sobre os recursos

pesqueiros, gerando déficit acentuado em seus estoques. A intensa exploração,

sem estudos populacionais prévios, não respeita a capacidade de suporte das

espécies e assim a utilização de técnicas pesqueiras impactantes causa grande

prejuízo à ictiofauna e aos ecossistemas.

O resultado da elevada e intensa degradação dos ecossistemas tem

promovido a extinção de muitas espécies, sendo que a maioria sequer foi

estudada. Se para qualquer país a perda deste patrimônio natural constitui

elevado prejuízo, ela se maximiza para um país como o Brasil, em cujas fronteiras

encontra-se um dos maiores valores em biodiversidade do planeta (BERGALHO

et al., 2000).

Estudos exploratórios da ictiofauna da costa brasileira constataram a

inexistência dos estoques capazes de gerar ou sustentar um aumento significativo

na produção pesqueira (CARVALHO FILHO, 2003).

Como alternativa de produção do pescado destaca-se a piscicultura por

sua capacidade de produzir alimento rico e saudável.

O Brasil possui a maior biodiversidade de peixes do mundo, sendo

algumas espécies com grande potencial para a piscicultura. Entre as espécies

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nativas, a pirapitinga, o tambaqui e o híbrido tambacu são os mais populares

entre os piscicultores do Noroeste Fluminense (Observação pessoal).

Seja pela abordagem ecológica, seja pela econômica, a necessidade de

se aprimorar o conhecimento sobre os peixes nativos brasileiros é primordial.

Inserida no gênero Brycon, a piabanha Brycon insignis (STEINDACHNER,

1876), outrora a 4ª espécie mais pescada na década de 50, no rio Paraíba do Sul

(MACHADO & ABREU, 1952), atualmente está com sua população reduzida.

Segundo MAZZONI et al. (2000), esta espécie é considerada, na lista oficial de

peixes do Estado do Rio de Janeiro, como insuficientemente conhecida e

ameaçada de extinção.

Atualmente o gênero Brycon possui inúmeras espécies que já estão

sendo utilizadas nas pisciculturas da América do Sul, atingindo bons resultados

zootécnicos e econômicos, podendo-se, neste caso, citar a matrinxã (Brycon

cephalus) e a piracanjuba (Brycon orbignyanus).

A piabanha possui potencial para ser utilizada na piscicultura regional por

possuir excelente aceitação no mercado das cidades próximas a seus locais de

ocorrência natural; em razão da sua carne saborosa e esportividade que atrai os

amantes da pesca esportiva.

A piabanha é uma espécie reofílica (migradora), o que maximiza a

necessidade de adequado conhecimento sobre seu processo reprodutivo bem

como do processo de indução hormonal em cativeiro, pois isso possibilitará o

incremento da produção de alevinos, contribuindo para a preservação dessa

espécie e sua possível inclusão na piscicultura regional. Entretanto, nos estudos

realizados com esse peixe, os aspectos reprodutivos assim como a larvicultura

dessa espécie ainda não estão bem definidos.

O canibalismo na fase de pós-larva é freqüente em espécies do gênero

Brycon, inclusive na piabanha (observação pessoal). Tal fato é responsável pela

elevada mortalidade durante a larvicultura, o que em alguns casos inviabiliza a

produção comercial desse peixe.

Um melhor entendimento da reprodução induzida e larvicultura desta

espécie, possivelmente, resultará em aumento na disponibilidade de alevinos, o

que impulsionará a piscicultura regional, minimizando, assim, o esforço de captura

nos estoques naturais remanescentes. Outro aspecto importante do domínio

sobre a produção de alevinos de piabanha em cativeiro é a possibilidade de

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garantir um estoque dessa espécie para a formação de banco genético em vista

da diminuição de sua população outrora abundante na bacia hidrográfica do rio

Paraíba do Sul.

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2. OBJETIVOS

Os objetivos propostos para os experimentos ora descritos foram:

a) Determinação das variáveis relativas à indução da desova e ao

desenvolvimento dos ovócitos de piabanhas, submetidas à indução

hormonal.

b) Descrição da ontogenia inicial e monitoramento biométrico da piabanha

até a fase de alevino.

c) Descrição do acompanhamento etológico da larva, pós-larva e alevinos

da piabanha.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. O Gênero Brycon

O gênero Brycon (Characiformes, Characidae, Bryconinae) possui

espécies economicamente relevantes tanto para a atividade pesqueira comercial

(CECCARELLI e SENHORINI, 1996) quanto para a pesca esportiva e de

subsistência (CONTE et al., 1995; BIZERRIL, 1998).

Os estoques de várias espécies desse gênero têm sido afetados pela

sobrepesca (PAIVA, 1982; CONTE et al.,1995), um indicativo disto é a escassez

da oferta destas espécies no mercado (CECCARELLI & SENHORINI, 1996).

PAIVA (1982) estudando a piracanjuba (Brycon orbignyanus), relata que

as populações dessa espécie encontram-se muito reduzidas devido ao grande

número de barragens hidrelétricas, que impedem sua migração reprodutiva. O

desmatamento das matas ciliares, reduzindo a disponibilidade de alimento

natural, e a poluição ambiental também concorrem para a redução das

populações desses peixes.

O gênero Brycon distribui-se pelas principais bacias hidrográficas

brasileiras. Na região Amazônica ocorre o matrinxã (Brycon cephalus); na bacia

Paraná-Uruguai a piracanjuba (Brycon orbignyanus), na do São Francisco o

matrinxã (Brycon lundii); na do Pantanal-Paraguai a piraputanga (Brycon sp.); e

na bacia do Leste, a piabanha (Brycon insignis) (MENDONÇA, 1996).

Segundo FOWLER (1950), a piabanha Brycon insignis, é uma espécie

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nativa e endêmica do rio Paraíba do Sul. Contudo, estudos recentes, realizados

pela ONG Projeto Piabanha e pela Universidade de Mogi das Cruzes (dados não

publicados), permitem afirmar que esta espécie, também, ocorre em algumas

bacias localizadas no entorno da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, como

por exemplo, a bacia hidrográfica do rio São João (RJ).

3.2. O Gênero Brycon na produção de pescado

Alguns estudos para a viabilização do cultivo em cativeiro de espécies do

gênero Brycon foram conduzidos no Brasil. WERDER e SAINT PAUL (1981) e

GRAEF et al. (1986) estudaram o crescimento e produção do matrinxã (Brycon

sp.), em viveiros e pequenas represas. CONTE et al. (1995) avaliaram sistemas

de alimentação para a piracanjuba, Brycon orbignyanus, em gaiolas flutuantes. No

mesmo sistema de cultivo, CARVALHO et al. (1997) determinaram o efeito da

densidade de estocagem no desempenho do matrinchã, Brycon cephalus, no

período do inverno. Para esta última espécie, GOMES et al. (2000) determinaram

a densidade de cultivo na larvicultura.

REIMER (1982) estudou a influência das enzimas digestivas na dieta do

matrinxã e CYRINO et al. (1986) determinaram a digestibilidade da proteína de

origem animal e vegetal pelo matrinxã (Brycon cephalus, 1869). MENDONÇA et

al. (1993) determinaram influência da origem da proteína no crescimento do

matrinxã, Brycon cephalus e PEREIRA-FILHO et al. (1995) determinaram a

exigência de proteína e fibra para a mesma espécie.

BORGHETTI et al. (1991) estudaram a influência da proteína no

crescimento do matrinxã (Brycon orbignyanus) criado em tanques-rede.

MATEUS et al. (2002) avaliaram o estoque pesqueiro da piraputanga

Brycon microlepis na bacia do rio Cuiabá, Pantanal Mato-grossense.

3.3. A piabanha (Brycon insignis)

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A piabanha esteve relacionada entre os peixes que apresentavam maior

freqüência nas capturas em todos os domínios geoambientais da bacia do rio

Paraíba do Sul, segundo levantamento realizado por BIZERRIL (1998), que

relatou, também, que esta espécie habita as margens vegetadas, próximas às

corredeiras, ou pontos de conexão fluvial.

Essa espécie atinge aproximadamente 8,0 a 10,0 Kg de peso e é

bastante apreciada na região Noroeste Fluminense assim como em outras

regiões da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul por apresentar carne fina e

saborosa (MACHADO e ABREU, 1952; NOMURA, 1984; SANTOS, 1987;

PEREIRA, 1986).

Figura 1 – Exemplar juvenil de piabanha Figura 2 – Exemplar adulto de

piabanha

3.4. Aspectos reprodutivos

O período reprodutivo da piabanha, no município de Paraibuna (SP),

estende-se de dezembro a fevereiro. Os machos estão aptos à reprodução a

partir do segundo ano de vida, quando alcançam cerca de 20 cm de comprimento

total, e as fêmeas a partir do terceiro ano de vida, quando, em geral, atingem 25,0

cm de comprimento total (GIRARDI et al. 1993).

A fecundação é externa e as desovas ocorrem quando o nível das águas

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está em ascensão, durante as chuvas de verão. A desova e o desenvolvimento

dos embriões ocorrem nas áreas inundadas ou remansos, nestes locais os

alevinos encontram alimento e refúgio para o seu desenvolvimento (SALGADO et

al., 1997).

MACHADO-ALLISON (1990) refere-se à três evidências que suportam a

hipótese de sazonalidade reprodutiva em peixes tropicais: (1) migrações

reprodutivas geralmente ocorrem durante o período da estação chuvosa ou no

período de subida da água; (2) a maturação gonadal final ocorre imediatamente

antes da estação chuvosa, de modo que as fêmeas estejam prontas para a

desova no início da enchente; (3) o aparecimento de larvas e juvenis acontece

imediatamente depois da subida da água.

WOOTTON (1990) cita que dentre outros gatilhos usados pelos peixes

para assegurar um momento correto para sua propagação, está incluída a

percepção de variações sutis na temperatura e no fotoperíodo.

HURTADO e USECHE (1986) descrevem que a yamú (Brycon

siebenthalae), no ambiente natural, necessita migrar culminando com a desova.

Ainda em relação a esta espécie, LUGO (1989) relata que a fecundidade é

elevada e que não existe cuidado parental.

NAKATANI et al. (1997) citam que espécies migradoras geralmente

desovam no canal principal do rio ou dos tributários, apresentando ovos e larvas

pelágicas que são carreadas para áreas inundadas e lagoas marginais, onde

iniciam seu desenvolvimento. Segundo os mesmos autores, existem espécies que

desenvolvem todas as fases do ciclo de vida nas áreas inundadas (espécies

sedentárias), enquanto que outras utilizam essas áreas apenas em parte do seu

ciclo de vida (espécies migradoras).

O sincronismo entre o período reprodutivo e as cheias visa assegurar

quali-quantitativamente a máxima disponibilidade de alimento às fases iniciais de

desenvolvimento, propiciando um rápido crescimento e ultrapassando os estágios

vulneráveis à predação mais intensa (WELCOMME, 1979).

Ensaios experimentais relacionados à reprodução induzida da piabanha

foram realizados por GIRARDI et al. (1993) com uso de extratos de hipófise de

salmão e de carpa comum, associados ou não com hCG. ANDRADE-TALMELLI

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(1997), estudando diferentes indutores hormonais para a reprodução da mesma

espécie, obteve melhores resultados quando utilizou hCG em uma única dose de

5 UI/g de peso.

PARRA (1995), no momento da segunda aplicação do indutor, testou

diferentes dosagens de extrato de hipófise de carpa comum - 2,2; 3,3; 4,4 e

5,5mg, em yamú (Brycon siebenthalae). Este autor obteve melhores resultados

quando utilizou as concentrações de 4,4 e 5,5 mg/kg.

CECCARELLI e SENHORINI (1996), reproduzindo piracanjuba (Brycon

orbignyanus) e matrinxã (Brycon lundii), obtiveram resultados positivos utilizando

extrato hipofisário de carpa. As fêmeas receberam duas dosagens hormonais

através de injeção intraperitonial, atrás da nadadeira peitoral. Na primeira

dosagem cada fêmea recebeu de 0,4 a 0,5 mg/kg e após um intervalo de 8 a 12

horas, as mesmas fêmeas receberam de 4,0 a 5,0 mg/Kg. Nos machos foi

aplicada dose única de 0,5 mg/Kg simultaneamente à aplicação da segunda dose

nas fêmeas. Após a segunda dosagem hormonal, tanto para a piracanjuba quanto

para a matrinxã, a desova ocorreu entre 150 e 220 horas-grau, numa temperatura

de 27 a 30 °C.

Segundo ainda CECCARELLI e SENHORINI (1996), a quantidade de

ovócitos de piracanjuba e matrinxã varia entre 10 e 15% de peso vivo das fêmeas

e a quantidade de esperma dos machos é grande se comparada com o pacu e

tambaqui. A incubação das larvas de piracanjuba e matrinxã foi feita, pelos

autores acima citados, em uma densidade de 1000 a 1500 larvas por litro

resultando em uma sobrevivência média de 75 a 95% totalizando um tempo de

incubação entre 10 e 14 horas com temperatura entre 26 a 29 ºC.

Para Brycon lundii, a quantidade de horas-grau médias para a obtenção

das reproduções utilizando dose única de extrato bruto de hipófise de carpa foi de

216 ± 5, entretanto ao se usar duas dosagens esse período foi reduzido para 144

± 3 horas-grau (SATO, 1999).

COSTA et al. (2001), induzindo a piabanha (Brycon insignis), obtiveram

as extrusões entre 161-184 horas-grau (23 °C). Ainda no mesmo experimento, os

autores encontraram os seguintes resultados: 495 óvulos não hidratados/g de

ova, com ovócito apresentando 1,7 ± 0,1 mm de diâmetro e alcançando 4,6 ± 0,3

mm de diâmetro após a hidratação. A fertilização foi realizada “a seco” e, após a

hidratação, os ovos foram incubados em incubadoras cilíndrico-cônicas com

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capacidade de 60 a 200 litros. A taxa média de fertilização foi de 87% para os

óvulos extrusados, sendo maior que a obtida pelos mesmos autores para desova

natural, após indução hormonal, dentro do tanque do laboratório (52%).

BRANCO (1972) relata que por se tratarem de animais ectotérmicos, o

metabolismo e as atividades biológicas dos peixes, em geral, são alterados com a

variação da temperatura, podendo ser acelerados ou retardados em função dela.

LOPES (1995), estudando a morfologia externa e a duração média dos

estágios larvais de Brycon cephalus, observou que a eclosão, a uma temperatura

média de 30 °C, ocorreu após 10 horas e 30 minutos da fecundação (315 horas-

grau).

Outros autores encontraram temperaturas distintas para o

desenvolvimento embrionário em outras espécies. KAMLER (1992), observou que

a temperatura ótima para o desenvolvimento embrionário da carpa comum

(Cyprinus carpio) varia de 14 a 24 °C. Para o Tinca tinca este valor varia de 19 a

24 °C (KOKUREWICZ, 1970). Para o bagre africano (Clarias garipinus), os

melhores resultados no desenvolvimento embrionário foram à temperatura de 20

a 35 °C (KAMLER et al. 1994).

Blaxter (1969), Naesje e Jonson (1988) (citados por MACIEL JÚNIOR,

1996), acrescentaram que temperaturas elevadas podem acelerar o metabolismo

e intensificar os movimentos do embrião e que, associados ao aumento da

atividade das enzimas de eclosão, facilitam o rompimento do córion.

3.5. Hábito alimentar no gênero Brycon

Na natureza, os peixes dispõem de grande variedade de alimentos,

incluindo também nutrientes dissolvidos na água, os quais são ingeridos e

absorvidos em parte, suprindo as necessidades nutricionais para seu

desenvolvimento.

De acordo com NUNES (1998) pode-se considerar alimento todo material

tomado intencionalmente pelo indivíduo para atender suas funções vitais.

Entretanto para Harris (1970) (citado por NUNES, 1998), alimento significa todo

material comestível consumido e capaz de fornecer energia ou nutrientes para

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sua dieta. Esta definição, embora mais completa, não leva em conta a

alimentação via saco vitelínico e nem o aspecto da ingestão voluntária, que

distingue a preferência alimentar de determinadas espécies (NUNES, 1998).

O gênero Brycon apresenta hábito alimentar onívoro (Goulding,

1980)(citado por MENDONÇA et al. 1993; CONTE et al. 1995; BIZERRIL, 1998,

MENIN et al. 1992), alimentando-se preferencialmente de frutos e sementes

(MENDONÇA, 1996), o que levou Menezes (1969)(citado por PEREIRA-FILHO et

al. 1995) a considerar o gênero como tendo hábito alimentar preferencialmente

herbívoro. O hábito alimentar das diferentes espécies de peixes está relacionado

à disponibilidade dos alimentos consumidos com mais freqüência pelos peixes no

ambiente em que vivem, satisfazendo as necessidades dos nutrientes essenciais

e de energia.

Geralmente nos ecossistemas florestais, a matéria orgânica está

concentrada nos primeiros centímetros de solos que normalmente possuem baixa

capacidade de retenção de nutrientes. Perdas de nutrientes são ocasionadas por

carreamento e lixiviação. Estes nutrientes podem chegar até os corpos d’água

sob várias formas: seja totalmente descaracterizados sob a forma de compostos

orgânicos e inorgânicos ou até mesmo intactos oriunda da queda das flores,

frutos e sementes, originários das matas ciliares. Estudos desenvolvidos em rios

de regiões tropicais têm demonstrado que algumas espécies de peixes dependem

de recursos alimentares alóctones (SABINO e CASTRO, 1990).

PIZANGO-PAIMA et al. (2001), após a análise do conteúdo estomacal de

205 exemplares da espécie matrinxã (Brycon cephalus), coletados em ambiente

natural durante um período de um ano, encontraram diferentes itens alimentares.

Os itens de origem vegetal foram: sementes (51,4%), flores (26%) e frutos (9,5%).

Segundo estes autores, a oferta alimentar está relacionada às oscilações do nível

da água, existindo uma sazonalidade na dieta. A maior disponibilidade de proteína

na dieta do matrinxã ocorre no período da seca, estando relacionada ao consumo

de alimento de origem animal. Entretanto, no período da enchente e da cheia a

alimentação é composta de frutos e sementes, o que refletiu no aumento da

quantidade de energia consumida.

No ambiente natural, durante a fase juvenil, a piabanha é ictiófaga e

insetívora e eventualmente frugívora (frutas e sementes). Quando adulta come

frutos, sementes, insetos e eventualmente pequenos peixes (GIRARDI et al.

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1993).

ZANIBONI-FILHO (2002) relata que a dinâmica alimentar pode influenciar

nos resultados das reproduções. O consumo contínuo de alimentos e o aumento

dos depósitos lipídicos podem resultar em um menor desenvolvimento gonadal e

por sua vez, em uma menor fecundidade devido à falta de espaço na cavidade

abdominal para o desenvolvimento ovariano.

3.6. Aspectos etológicos e ontogênicos da fase larvar

NAKATANI et al. (1997) constataram que as larvas de alguns grupos de

peixes da planície de inundação do alto rio Paraná, que possuem comportamento

essencialmente pelágico, são pouco pigmentadas. Ainda segundo os mesmos

autores, mudanças no padrão de pigmentação ocorriam em larvas que passavam

a explorar zonas litorâneas intensamente cobertas por macrófitas aquáticas e

estas mudanças consistiam no desenvolvimento de máculas na região da e do

corpo.

SANTOS (1992) e MACIEL JÚNIOR (1996) estudando Prochilodus

marggravii observaram que logo após a eclosão, as larvas apresentaram-se

completamente despigmentadas. MACIEL JÚNIOR (1996) constatou que as

larvas recém-eclodidas de Prochilodus marggravii apresentam em média as

seguintes medidas biométricas: 3,922 mm (distância entre a extremidade anterior

da cabeça e a extremidade posterior da notocorda), 2,977 mm (altura do corpo),

1,484 mm (comprimento do vitelo) e 0,735 mm (altura do vitelo).

ANDRADE-TALMELLI (1997) observou que, na primeira hora após a

eclosão, as larvas de piabanha (Brycon insignis) possuem 6,0 mm ± 0,22.

Para outras espécies, SANTOS e GODINHO (1992) encontraram os

seguintes comprimentos totais após a eclosão: 3,7 mm para o dourado (Salminus

brasiliensis), 3,4 mm para o pacu (Piaractus mesopotamicus), 2,6 mm para o piau

(Leporinus elongatus), 3,1 mm para o curimba (Prochilodus affinis), 3,2 mm para o

curimatã-pacu (Prochilodus marggravii) e 3,3 mm para o pintado

(Pseudoplatystoma coruscans).

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REYNALTE-TATAJE et al. (2002), mensurando larvas de

Steindachneridion scripta, encontraram os seguintes valores: comprimento total

de 6,32 ± 0,16 mm, comprimento do vitelo de 1,62 ± 0,16 mm e altura do vitelo de

1,26 ± 0,13 mm.

Alguns autores observaram a ocorrência do órgão de aderência em larvas

de espécies brasileiras. SANTOS e GODINHO (1992) verificaram que o dourado

Salminus brasiliensis utiliza o órgão de aderência e SATO (1999) verificou que

esta estrutura também ocorre para Brycon lundii e Salminus hilarii.

SANTOS e GODINHO (1992) observaram que o deslocamento das larvas

de Salminus brasiliensis, Piaractus mesopotamicus, Leporinus elongatus,

Prochilodus affinis, Prochilodus marggravii e Pseudoplatystoma coruscans, no

sentido horizontal, iniciou no momento em que as nadadeiras peitorais e a bexiga

gasosa estavam desenvolvidas e funcionais.

BARAS et al. (2000), acompanhando a ontogênese de Brycon moorei,

constataram que, após a primeira hora da eclosão, tal espécie apresentava a

seguinte medida biométrica: 3,7 mm (comprimento total) e 0,4 mg (peso total).

Ainda em relação à Brycon moorei, os mesmos autores, acompanhando a

ontogenia inicial, fizeram as seguintes observações: a abertura do ânus deu-se na

quinta hora após a eclosão, enquanto a abertura da boca iniciou-se na sexta hora

sendo que, na nona hora, a boca estava completamente aberta. Vinte e quatro

horas após a eclosão, as larvas de Brycon moorei possuíam em média 6,00 mm e

1,2 mg, e suas nadadeiras peitorais já se encontravam diferenciadas.

3.7. A alimentação das pós-larvas de peixes

Segundo WOYNAROVICH e HORVÁTH (1983), o estágio de larva inicia-

se após a eclosão do embrião e termina quando a bexiga natatória enche-se de

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ar, quando os movimentos natatórios são evidenciados e ocorre a alimentação

exógena; neste momento, o animal passa a ser denominado pós-larva.

A alimentação das larvas é considerada um dos fatores críticos da

larvicultura e deve ocorrer logo após a diminuição das reservas lipídicas oriundas

do saco vitelínico. Segundo Rosa Júnior e Schubart (1945), citados por MACIEL

JÚNIOR (1996), a quantidade de vitelo das larvas de Prochilodus é suficiente para

os três primeiros dias de vida; no quarto dia as larvas iniciam a alimentação

exógena.

A sobrevivência e o crescimento das pós-larvas dependem da quantidade

e qualidade do alimento (zooplâncton) produzido no viveiro de criação. Estas

variáveis serão mais elevadas quanto maior for a disponibilidade do alimento mais

adequado (GEIGER, 1983).

Após o enchimento da bexiga natatória, a larva necessita de alimento

exógeno, o qual nem sempre está disponível, tornando crítica esta fase, uma vez

que na falta de alimento adequado pode ocorrer elevada mortalidade

(CECCARELLI e SENHORINI, 1996). Em larvas ictiófagas, a necessidade de

alimento exógeno pode levar ao processo de canibalismo intraespecífico logo nas

primeiras horas da alimentação exógena, provocando, neste caso, também,

elevado índice de mortalidade, como ocorre com a larvicultura de Brycon lundii

(WOYNÁROVITCH e WOYNÁROVITCH, 1991) e Brycon moorei (BARAS et al.

2000).

CECCARELLI e SENHORINI (1996) citam que, na fase de procura de

alimento das pós-larvas de piracanjuba e matrinxã, ocorre alta incidência de

canibalismo entre 30 e 36 horas após a eclosão, quando não se adiciona alimento

nas incubadoras. Estes autores preconizam de 5 a 7 larvas de peixe forrageiro

para cada pós-larva de matrinxã, nesta fase.

WOYNAROVICH e SATO, (1989), visando diminuir o canibalismo entre as

pós-larvas de matrinxã (Brycon cephalus), forneceram larvas de curimbatá

(Prochilodus scrofa) 34 horas após a eclosão dos ovos da matrinxã. LOPES et al.

(1995), verificaram que o início do canibalismo entre larvas de Brycon cephalus

ocorre 36 horas após a eclosão, a uma temperatura média de 30 °C.

As pós-larvas de matrinxã e piracanjuba apresentam preferência

alimentar por crustáceos zooplanctônicos e larvas de insetos aquáticos

(CECCARELLI e SENHORINI, 1996).

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BARAS et al. (2000) observaram que a predação de pequenas presas,

como náuplios de artêmia, iniciou-se após a décima oitava hora a partir da

eclosão, enquanto o canibalismo só ocorreu após a vigésima primeira hora após a

eclosão quando os dentes das pós-larvas de dorada (Brycon moorei) já estão

formados. A maior parte do canibalismo entre as pós-larvas de Brycon moorei

aconteceu após a vigésima quarta hora após o início da alimentação exógena. O

mesmo autor inoculando náuplios de artêmia para a alimentação das pós-larvas

de dorada, antes de a dentição estar formada, reduziu o canibalismo de 41 para

15 % promovendo um crescimento mais homogêneo e uma maior sobrevivência.

O tamanho e habilidade de escape das presas são considerados como os

principais fatores que influenciam a seleção alimentar das larvas de peixes

(FREGADOLLI, 1993). O mesmo autor estudando a seleção alimentar das larvas

de pacu e tambaqui, identificou quatro principais unidades de comportamento

envolvidas na captura de uma presa com a seguinte seqüência de ocorrência:

fixação, aproximação, ataque e captura. Ainda em relação ao trabalho de seleção

alimentar, FREGADOLLI (1983), observou que com o crescimento e o

desenvolvimento ontogenético da pós-larva predadora, ocorre um aumento na

capacidade de capturar e ingerir as presas maiores e mais evasivas. As pós-

larvas de pacu e tambaqui, com 13,0 a 17,0 mm de comprimento padrão,

selecionaram preferencialmente a larva de mosquito quando esta foi fornecida

junto com cladóceros. Mesmo as pós-larvas que estavam habituadas apenas com

presas zooplanctônicas e capturando preferencialmente cladóceros preferiram a

larva de mosquito.

BARAS et al. (2000), observando o canibalismo entre Brycon moorei, e

baseados em 47 observações, constataram que as presas são atacadas

primeiramente pela cabeça ou pela cauda, em uma proporção de 12 a 7% e de 4

a 2% respectivamente. Porém, para estes autores, as capturas mais freqüentes

(80 a 89%) ocorrem por ataques laterais com o predador agarrando o pedúnculo

caudal da presa, girando-a progressivamente até o momento de ingestão, no caso

pela região caudal.

Como dado ecológico, BARAS et al. (2000) afirmam que a espécie

bocachico (Prochilodus magdalena) é o maior componente da assembléia de

peixes do rio Magdalena e sua desova ocorre simultaneamente à desova da

dorada (Brycon moorei). O bocachico, por possuir alta fecundidade e larvas com

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um menor comprimento total (de 5 a 8 mm), é utilizado como larva forrageira para

a alimentação da pós-larva da dorada.

3.8. Larvicultura

PEDREIRA (2001) observou que a administração de ração comercial, três

dias após a eclosão, aumentou a sobrevivência da piracanjuba na larvicultura,

entretanto, quando as pós-larvas foram alimentadas exclusivamente com ração

na primeira semana de vida, a sobrevivência foi baixa (≤ 1.0%).

BARAS et al. (2000) citaram que as pós-larvas de dorada (Brycon moorei)

foram criadas extensivamente em viveiros com baixa densidade de estocagem (≤

100 pós-larvas/m²).

GOMES et al. (2000), estudando o efeito da densidade de estocagem

para a matrinxã (Brycon cephalus), obtiveram o melhor resultado utilizando 120

larvas/m².

PEDREIRA (2003) comparou o efeito de três tipos de cultivo (aeração

com pedras porosas, air-lift e recirculação em sistema fechado) na sobrevivência

e desenvolvimento das larvas de piracanjuba (Brycon orbignyanus) visando

avaliar a qualidade da água após cada sistema.

Senhorini (1999) citado por PEDREIRA (2003), estocando pós-larvas de

Brycon orbigyanus com sessenta e duas horas de vida em uma densidade de

estocagem de 0,02 a 0,03 pós-larva/litro em tanques de 350 m² obteve 40,1 ±

7,0% de sobrevivência.

ANDRADE-TALMELLI et al. (2001) acompanhando a larvicultura da

piabanha (Brycon insignis), em tanques de 200 m², previamente preparados,

contendo uma produção planctônica composta de rotíferos, cladóceros além de

larvas forrageiras de curimba, observaram que, após o quinto dia de alevinagem,

as pós-larvas atingiram um comprimento total médio de 1,2 cm ± 0,24.

Prosseguindo a biometria, os mesmos autores, após o décimo quinto dia,

constataram um comprimento total médio de 3,4 cm ± 0,39.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

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4.1. Local e época de trabalho

O experimento foi realizado no período de dezembro de 1999 a março de

2003. As reproduções induzidas, incubações e acompanhamento do crescimento

de piabanhas foram conduzidos nas instalações do centro de produção de

alevinos da ONG “Projeto Piabanha”, localizada no município de Itaocara (RJ),

latitude 21° 41’ 15” S e longitude 42° 03’ 45” W. O clima da região é quente e

úmido no verão e frio e seco no inverno. No verão, a temperatura máxima da

água chega a 33 °C. No inverno, durante dois meses, a temperatura mínima

chega a atingir 18 °C. As primeiras chuvas ocorrem na primavera, no início do

mês de novembro.

As análises experimentais assim como as medições de larvas e alevinos

foram feitas no Setor de Aqüicultura do Laboratório de Zootecnia e Nutrição

Animal do Centro de Ciências Tecnológicas Agropecuárias, localizado na

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos

Goytacazes - RJ.

4.2. Plantel de reprodutores

Os reprodutores utilizados foram oriundos dos lotes de Brycon insignis

que compõem o plantel do Projeto Piabanha/Associação de Pescadores e Amigos

do Rio Paraíba do Sul - (APARPS). Estes lotes foram compostos por peixes

capturados em diversos pontos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul

(estoque fundador) e por peixes pertencentes a gerações F1 que estavam

estocados, separadamente, em tanques de terra de 1.300 m², segundo os

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critérios genéticos utilizados por TOLEDO FILHO (1992). Ao todo foram utilizados

43 fêmeas e 60 machos de piabanha.

Durante o período pré-experimental a densidade de estocagem dos

reprodutores foi de um peixe para cada três m².

Os reprodutores eram alimentados com ração comercial extrusada. O

nível de proteína e a quantidade ofertada variaram conforme o período do ano.

Nos quatro meses que antecediam a desova (fase de pré desova), era ministrada

ração contendo 36% de proteína bruta (PB), duas vezes ao dia, a 3% da

biomassa. Nos oito meses seguintes após a fase de pós desova, foi ministrada

ração contendo 32% de PB, uma vez ao dia, a 2% da biomassa. Tal procedimento

visou evitar o acúmulo excessivo de gordura na época da desova.

4.3. Seleção e preparo dos reprodutores para o processo de indução

Três meses antes do início do período reprodutivo, foram feitas

amostragens mensais nos tanques de estocagem de reprodutores, utilizando rede

de arrasto, visando observar a evolução dos sinais externos de maturação

gonadal nas fêmeas e nos machos. Para as fêmeas, os critérios utilizados para a

escolha dos reprodutores foram a presença de abdome avolumado e flácido e a

de papila urogenital hiperemiada e saliente. Para os machos os critérios foram a

ocorrência de fluidez de sêmen após massagem abdominal, e a de aspereza

acentuada nos raios da nadadeira anal.

Os peixes selecionados foram conduzidos ao laboratório de reprodução

em recipientes apropriados, com capacidade volumétrica de 50 litros. A distância

dos tanques de estocagem de reprodutores ao laboratório de reprodução era

inferior a 100 m, o que permitiu o transporte sem o uso de aeração ou anestésico.

No laboratório de reprodução os peixes foram alojados em tanques de

concreto de três m3 (2 m de comprimento x 1,5 m de largura x 1 m de altura). Em

seguida, um peixe por vez foi anestesiado utilizando-se solução de benzocaína na

proporção de 10 mL de anestésico/50litros de água em recipiente similar ao

utilizado para o transporte. Oito minutos após a imersão nesta solução, o peixe

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encontrava-se sedado, sendo, então, pesado para a obtenção do peso total, o

que possibilitou determinar a dose individual de hormônio. A pesagem foi feita

com auxílio de dinamômetro, com precisão de 50g.

Logo após, os peixes foram novamente alojados nos tanques de concreto

do laboratório de reprodução na proporção de um ou dois casais para cada

tanque. A renovação de água foi constante na proporção de três litros por minuto.

Na figura 3 pode-se observar os sinais externos de maturação gonadal da

fêmea de piabanha Brycon insignis.

Figura 3 – Fêmea de piabanha apresentando abdome avolumado e papila genital hiperemiada. 4.4. Indução hormonal

O indutor utilizado para maturação gonadal foi a hipófise desidratada de

carpa comum, na forma de extrato bruto, injetado na base da nadadeira pélvica

ou da nadadeira peitoral. As fêmeas receberam duas dosagens, sendo a primeira

de 0,5 mg de hipófise/kg de peso vivo e a segunda de 5,0 mg de hipófise/kg de

peso vivo, com intervalo de doses de 08 a 14 horas. Os machos receberam uma

única dose, na concentração de 2,5 mg de hipófise/Kg de peso vivo,

simultaneamente à segunda dose das fêmeas. Esta metodologia foi uma

adaptação da técnica descrita por WOYNAROVICH e HORVÁTH (1983).

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Nas figuras 4 e 5, pode-se observar a aplicação do extrato de hipófise em

uma fêmea de piabanha.

Para a obtenção do extrato hipofisário, as hipófises foram maceradas

utilizando pistilo e cadinho de porcelana e, a seguir, foi adicionado soro fisiológico

na proporção de 1 mL /kg peixe. Uma fração deste preparado foi imediatamente

aplicada nas fêmeas, sendo o restante acondicionado em seringas de 3 a 5 mL e

armazenado em geladeira a 5 °C para ser aplicado na segunda dose das fêmeas

e na dose única dos machos, respeitando-se as doses anteriormente citadas. O

tempo de armazenamento foi de 8 a 14 horas.

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Figura 4 – Fêmea de Brycon insignis recebendo a aplicação da primeira dose de extrato de hipófise na base da nadadeira pélvica.

Figura 5 – Fêmea de Brycon insignis recebendo a aplicação da segunda dose de extrato de hipófise na base da nadadeira pélvica. Notar o ventre abaulado e papila genital hiperemiada.

Após a segunda dosagem, a temperatura foi monitorada a cada hora

visando à obtenção do valor de horas-grau (HG), que é o somatório das

temperaturas a cada intervalo de uma hora. Foram feitas correlações entre o valor

de HG e a ocorrência de desova, entre a temperatura do tanque de reprodução e

as horas-grau para extrusão dos ovócitos (desova), entre o peso do reprodutor e

HG para a desova, entre o peso do reprodutor e o peso da massa de ovócitos

extrusados e entre a massa de ovócitos extrusados e o número de ovócitos por

grama de desova.

O oxigênio dissolvido, o pH e a condutividade foram monitorados no

momento da aplicação da primeira dose de hipófise e no momento da desova,

utilizando-se, respectivamente, oxímetro eletrônico com precisão de 0,01 mg /L de

água, peagâmetro eletrônico com precisão de duas casas decimais e

condutivímetro eletrônico com precisão de 1µS.

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4.5. Comportamento dos reprodutores durante o processo de indução de

desova

Durante o processo de hipofisação, foi realizada a observação visual e

constante dos reprodutores nos tanques onde estavam alojados, visando

descrever à possível ocorrência de comportamento agressivo, comportamento de

corte e de sinais indicadores do momento da ovulação.

4.6. Extrusão dos gametas

A extrusão dos gametas foi a seco; para tal, os reprodutores tiveram suas

papilas genitais e regiões adjacentes enxugadas, com auxílio de tolhas de

algodão, antes da coleta dos gametas extrusados mediante a massagem

abdominal no sentido crânio-caudal. Coletou-se os ovócitos em uma bacia

plástica, previamente seca, procedeu-se à pesagem dos mesmos e, a seguir, o

sêmen foi adicionado sobre os ovócitos.

O peso da massa dos ovócitos extrusados foi obtido com auxílio de

balança eletrônica digital com precisão de 0,01 g. Este dado foi correlacionado

com o peso total da fêmea e fertilidade. Para a estimativa do número total de

ovócitos em cada desova, foram coletadas três amostras de 1 g para posterior

contagem.

Os gametas masculinos e femininos foram misturados com auxílio de uma

colher de plástico em movimentos suaves e circulares. Apenas após a

homogeneização, foi adicionada a água, possibilitando assim a movimentação

dos espermatozóides e a fertilização dos ovócitos. Nas figuras 6 e 7, pode-se

observar a extrusão de ovócitos e sêmen de reprodutores de piabanha.

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Figura 6 – Extrusão dos ovócitos de piabanha.

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Figura 7 - Extrusão do sêmen de piabanha.

4.6.1. Avaliação do ovo durante o processo de hidratação

Antes e após a fertilização, alíquotas de ovócitos e ovos respectivamente,

foram separadas para posterior caracterização da conformação, coloração e

adesividade. A conformação e a coloração foram avaliadas visualmente, já a

adesividade foi avaliada indiretamente pela ocorrência ou não de ovócitos e ovos

aderidos às paredes da incubadora.

Ovócitos e ovos foram medidos individualmente utilizando-se ocular

micrométrica acoplada a um microscópio estereoscópio, com aumento de 40X,

obtendo-se o diâmetro médio do ovo não hidratado, o diâmetro médio do ovo

hidratado e o peso pós-hidratação de um grama de ovócitos.

Para mensurar o tempo necessário para o endurecimento do córion,

foram coletados ovos fertilizados a cada um minuto, e estes foram, a cada dois

minutos, submetidos a uma leve pressão entre os dedos para determinar o

momento em que a resistência do córion fosse estabilizada.

4.7. Incubação dos ovos

Os ovos foram incubados em incubadoras cilíndrico-cônicas de 60, 160 e

200 litros, em densidade de 0,5 grama de ovos/litro.

Com o objetivo de promover aporte de oxigênio para ovos e larvas e a

retirada de metabólitos, foi mantida uma vazão de água de valor constante. Esta

vazão variou em função do tamanho da incubadora e seu valor era avaliado

indiretamente pela posição dos ovócitos, os quais eram mantidos circulando no

terço inferior da incubadora.

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4.7.1. Estimativa da taxa de fecundação, desenvolvimento embrionário

A taxa de fecundação foi obtida no Laboratório de Reprodução Induzida

do Projeto Piabanha, por meio de microscópio esteroscópio, com aumento de

20X. Desovas provenientes de trinta e duas fêmeas foram incubadas e

acompanhadas visando à determinação exata, em horas-grau, do momento do

fechamento do blastóporo.

O acompanhamento do desenvolvimento embrionário foi feito no mesmo

local, porém, os ovos utilizados foram oriundos de uma única reprodução,

coletados em intervalos de meia hora. Após a hidratação, tomou-se uma alíquota

de 30 ovos. Esta foi separada e acondicionada em uma peneira plástica flutuante,

localizada dentro da incubadora de origem. A cada momento de observação, a

alíquota foi levada ao microscópio estereoscópio, e neste momento, procedeu-se

à mensuração da temperatura da água com auxílio de um termômetro digital, com

precisão de 0,01 °C, para a obtenção do valor em horas-grau.

Foram feitas observações acerca das seguintes fases de

desenvolvimento embrionário: formação do blastodisco, blástula, gástrula,

fechamento do blastóporo, conformação do embrião, surgimento da vesícula

óptica, da vesícula de Kupffer, da vesícula auditiva, início da flexão da notocorda,

início do batimento cardíaco e eclosão. Para cada fase, foi obtido o tempo durante

o qual o evento ocorreu e o valor equivalente em horas-grau.

Para determinação da taxa de fecundação de cada desova foram

coletadas, das incubadoras três amostras de ovos logo após o fechamento do

blastóporo, as amostras foram observadas em microscópio estereoscópio com

aumento de 20X. Cada amostra possuía em torno de 100 ovos. O cálculo da taxa

de fecundação foi realizado conforme a fórmula a seguir.

Taxa de Fecundação = n° de ovos fertilizados na amostra x 100

n° total de ovos na amostra

4.7.2. Eclosão, desenvolvimento e etologia de larvas e pós-larvas

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Imediatamente após a eclosão, iniciou-se a coleta de larvas e,

posteriormente ,de pós-larvas nas incubadoras visando descrever a ontogenia da

piabanha.

Inicialmente a coleta foi a cada uma hora e, a partir da décima quinta

hora, a coleta foi a cada duas horas, perdurando assim até a vigésima quinta

hora, quando voltou a ser a cada hora até o início da observação do canibalismo

intraespecífico. As larvas e pós-larvas coletadas foram fixadas em formol 4% e,

após 24 horas, transferidas para álcool 70%.

As análises morfométricas foram realizadas no Setor de Aqüicultura do

Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, do Centro de Ciências Tecnológicas

Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

(UENF), por meio de microscópio estereoscópio equipado com ocular

micrométrica (40X).

Na figura 8, pode-se observar as definições das variáveis morfométricas

mensuradas.

As descrições morfológicas foram complementadas com fotomicrografias

feitas com o auxílio de microscópio estereoscópio STEMI SV 11 – ZEISS

equipado com câmera fotográfica, interligado a um temporizador eletrônico marca

ZEISS, no Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e

Biotecnologia da mesma universidade.

As variáveis morfométricas, mensuradas em micrômetros, foram:

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CT – Distância entre a extremidade anterior da cabeça e a extremidade

posterior da nadadeira caudal;

AV – Altura do vitelo;

CV – Comprimento do vitelo;

Figura 8 – Desenho esquemático de uma larva de piabanha, mostrando as variáveis morfométricas mensuradas.

Além das mensurações, foi realizada a verificação, com auxílio de

microscópio, das seguintes características: pigmentação, nadadeira ventral,

otólitos, arcos branquiais, nadadeiras peitorais, tubo digestivo, glândula de

aderência, fendas branquiais, raios na nadadeira caudal, orifício bucal, estômago,

mandíbula, miómeros, orifício olfativo, bexiga natatória, dentição, opérculo, linha

lateral, musculatura do estômago e intestino.

Durante o processo de incubação, o comportamento das larvas e pós-

larvas de piabanha foi observado e descrito. Os eventos mais importantes foram

correlacionados com as horas-grau e com os estágios de desenvolvimento

morfológico.

4.7.3. Fase de canibalismo pós-larval intra e interespecífico

CT

AV

CV

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46

Próximo ao momento da alimentação exógena das pós-larvas de

piabanha, larvas de curimatã (Prochilodus lineatus) foram ministradas nas

incubadoras, como alimento vivo para as pós-larvas de piabanha. A densidade

utilizada foi de 6 a 7 larvas de curimatã para cada pós-larva de piabanha. Vinte

quatro horas após a constatação do início da fase de canibalismo (cinqüenta e

seis horas após a eclosão), finalizou-se a etapa de larvicultura nas incubadoras, e

as pós-larvas foram coletadas e conduzidas, em recipientes plásticos de 10 litros,

ao tanque de alevinagem.

Visando conhecer e descrever a estratégia da pós-larva de piabanha na

captura das presas, durante a fase de canibalismo, 30 pós-larvas de piabanha

foram acondicionadas em seis recipientes plásticos transparentes, com

capacidade para 1.000 mL, juntamente com larvas de curimatã (Prochilodus

lineatus) na proporção de 6 a 7 larvas de curimatã por pós-larva de piabanha.

4.8. Crescimento das pós-larvas em tanques externos

As pós-larvas de piabanha, 56 horas após a eclosão, foram transferidas a

um tanque externo escavado e de fundo de terra compactada, com 1600 m2 (80 m

de comprimento x 20 m de largura x 0,80 m de profundidade), situado na área

contígua ao Laboratório de Reprodução do Projeto Piabanha.

A renovação da água foi realizada apenas para a manutenção da altura

da coluna d’água, resultante das perdas por evaporação e infiltração.

Sete dias antes de receber as pós-larvas de piabanha, o

tanque foi adubado com 35 g de esterco bovino curtido/m², 1,5 g

de superfosfato simples/m² e 1 g de uréia/m².

A partir do segundo dia de estocagem, os peixes foram alimentados ad

libtum com farinha de carne e ração comercial farelada (40% de PB). Após o

oitavo dia de estocagem, passou-se a usar ração extrusada (36% PB) com

grânulo de 2,8 mm de diâmetro.

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Durante os 23 dias seguintes ao povoamento, foram realizadas 14

biometrias e, de cada uma, foram coletados aleatoriamente exemplares de pós-

larva de piabanha. As amostras foram acondicionadas em frascos plásticos

etiquetados e fixadas em formol 4%. Após 24 horas, o fixador foi substituído por

álcool 70%.

Nos 10 primeiros dias, as pós-larvas e alevinos foram capturados com

rede de arrasto de 1 mm entre nós e, nas amostragens seguintes, passou-se a

adotar rede de 5 mm entre nós.

Foram realizadas biometrias de cada exemplar capturado mensurando-se

o comprimento total, a altura e o peso total, utilizando-se paquímetro com

precisão de 0,1 mm e balança com precisão de 0,0001 g.

As descrições morfológicas foram complementadas com ilustrações feitas

com o auxílio de microscópio estereoscópio STEMI SV 11 – ZEISS equipado com

câmara fotográfica, marca ZEISS, no Laboratório de Ciências Ambientais do

Centro de Biociências e Biotecnologia – UENF.

A concentração de oxigênio dissolvido, o pH e a condutividade da água

do tanque de alevinagem foram monitorados semanalmente utilizando-se os

mesmos equipamentos anteriormente descritos.

4.9. Análise estatística

Foi realizada análise estatística descritiva para todas as variáveis

observadas. Os dados obtidos foram analisados com auxílio do Sistema de

Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG).

Procedeu-se análise de correlação de Pearson para as variáveis

estudadas.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Indução Hormonal

Nos três anos deste experimento em que foram coletados dados, os

sinais externos de maturação gonadal dos reprodutores foram perceptíveis a

partir da segunda quinzena de outubro. Paralelamente verificou-se que, no

ambiente natural, na região médio inferior do rio Paraíba do Sul, já era possível

encontrar reprodutores em estágio de maturação avançada. As estações

reprodutivas, período propício à indução hormonal em cativeiro, tiveram inicio em

outubro e término no mês de março, nos três anos deste período experimental.

O período reprodutivo, observado no experimento ora descrito, foi

superior ao verificado por GIRARDI (1993) para a piabanha na região de

Paraibuna (SP), também em condições de cultivo. Segundo este autor, tal período

é de dezembro a fevereiro. Cabe ressaltar que o referido autor não informou o

tamanho dos reprodutores.

Esta diferença pode estar relacionada à variação da localização

geográfica ou ao manejo utilizado com os reprodutores no período pré-desova.

Das 43 fêmeas hipofisadas, do presente trabalho, 37 fêmeas (86,05%)

desovaram. Sobre esse aspecto reprodutivo, supõe-se que o manejo alimentar

adotado para os reprodutores pode ter influenciado na alta porcentagem de

desovas obtidas neste experimento.

ZANIBONI-FILHO (2002) relata que a dinâmica alimentar pode influenciar

os resultados das reproduções tendo em vista que, caso haja um consumo

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contínuo de alimentos na fase de maturação gonadal e a conseqüente não

redução dos depósitos lipídicos, ocorrerá um menor desenvolvimento gonadal, o

que terá como reflexo uma menor fecundidade devido à falta de espaço na

cavidade abdominal.

Considerando a percentagem de fêmeas que responderam positivamente

à indução, pode-se inferir que o uso de extrato de hipófise como indutor foi efetivo

e a seleção de reprodutores aptos à hipofisação, baseada na observação das

características externas, mostrou-se uma técnica eficiente que pode ser adotada

por facilitar o manejo reprodutivo da piabanha.

Em estações de produção de alevinos com maiores recursos tecnológicos

pode-se utilizar a metodologia descrita por ANDRADE-TALMELLI (1997), que

além das características externas descritas anteriormente, utilizou também as

características ovocitárias como: homogeneidade dos ovócitos, coloração e a

posição da vesícula germinativa, visando o melhor momento para a aplicação dos

hormônios indutores. O mesmo autor obteve apenas 27,9% de sucesso na

ovulação utilizando extrato de hipófise, e 77,1% utilizando hCG.

SATO (1999) reproduzindo matrinxã (Brycon lundii), também obteve

resultados positivos ao utilizar o extrato hipofisário de carpa, obtendo taxa de

fecundação média de 55,83% ± 9,09. Este autor também utilizou somente as

características externas de maturação gonadal como critério de seleção dos

reprodutores aptos à indução.

PARRA (1995), na segunda dosagem testou diferentes dosagens de

extrato de hipófise de carpa comum - 2,2; 3,3; 4,4 e 5,5mg, em yamú (Brycon

siebenthalae). Este autor obteve melhores resultados quando utilizou as

concentrações de 4,4 e 5,5 mg/Kg. Estes resultados ficaram próximos aos

encontrados por CECCARELLI e SENHORINI (1996) que, reproduzindo a

piracanjuba (Brycon orbignyanus) e matrinxã (Brycon lundii), obtiveram melhores

resultados quando foi utilizado, na segunda dose, extrato hipofisário de carpa na

concentração de 4,0 a 5,0 mg/Kg.

No experimento ora descrito, durante o período reprodutivo, as fêmeas de

piabanha pesavam entre 227,60 e 2792,00 gramas, (média de 590,31 ± 495,16

g), e os machos, que pesavam entre 150,0 e 280,0 gramas apresentaram sêmen

com coloração branca e consistência densa.

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Tabela 1 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso total das fêmeas (g), temperatura média da água (°C), horas-grau (°C), peso total de ovócitos extruídos (g), ovócitos em um grama, horas-grau ao fechamento do blastóporo (°C) e percentagem de ovos fecundados

Peso total

das fêmeas (g)

Temperatura média da água (C°)

Horas-grau à extrusão

(C°)

Peso total de ovócitos

extruídos (g)

Ovócitos em um grama

(N°)

Horas-grau ao fechamento do blastóporo (C°)

Ovos fecundados

(%)

Média 590,31 26,19 159,01 58,2 762,81 171,32 52,97

Desvio Padrão 495,16 1,19 8,56 46,27 92,35 14,28 27,82

Coeficiente de Variação 83,88 4,53 5,38 79,48 12,1 8,33 52,52

A piabanha segue os padrões de dimorfismo sexual de outras espécies da

família Characidae, como encontrados nos gêneros Astyanax e Salminus (SATO,

1999). Os machos de piabanha, durante o período reprodutivo apresentaram

aspereza acentuada na nadadeira anal, e apenas nela. A aspereza é causada

pelo elevado número de espículas nos raios desta nadadeira.

ANDRADE-TALMELLI (1997) afirma que a aspereza na nadadeira anal da

piabanha ocorre apenas em machos, entretanto, neste experimento foi possível

observar também aspereza na nadadeira anal de fêmeas ainda que raramente e

de forma menos acentuada que nos machos.

.

5.2. Comportamento dos reprodutores durante a indução

Após a primeira dosagem hormonal, foi observado um maior deslocamento

natatório dos machos, enquanto as fêmeas ficaram praticamente imóveis. Quando

ocorria o deslocamento da fêmea, dentro dos tanques de reprodução, esta

geralmente visava o ataque ao macho, ferindo-o na região do pedúnculo caudal.

Tais ataques provocaram múltiplas lesões, caracterizadas pela perda de tecidos,

como pode ser observado na figura 9.

Além de agredirem os machos, as fêmeas se agrediam mutuamente; em

geral as fêmeas maiores atacavam as menores. Entre os machos também foi

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51

observado comportamento agressivo.

Nas quatro primeiras horas após a segunda dosagem hormonal, as

fêmeas praticamente não se movimentaram nos tanques de reprodução. Todos

os machos apresentavam movimentação constante, nadando por toda a periferia

do tanque, inclusive aqueles que apresentavam lesões.

Nas reproduções, no referido experimento, em que foram utilizados até

dois casais de piabanha por tanque de reprodução, foi observada agressividade.

Em alguns casos houve óbito antes da finalização do processo reprodutivo. Na

figura 10, pode-se observar reprodutor de piabanha levado a óbito em decorrência

da agressividade sofrida durante a reprodução.

Nas reproduções em que foram utilizados dois machos por fêmea, em um

mesmo tanque de reprodução, a agressividade foi sempre superior à observada

nos tanques onde apenas um casal fora alojado. Não pôde ser verificada

correlação entre o comportamento agressivo e o tamanho do reprodutor, uma vez

que a maior parte do plantel utilizado possuía tamanho semelhante.

Para Brycon lundii, SATO (1999) observou que quando duas ou mais

fêmeas são mantidas juntas, no momento da desova, tornam-se agitadas e

agressivas, sendo as menores atacadas pelas maiores, ocorrendo ferimentos e

perda de escamas.

O mesmo autor cita que representantes das famílias Bryconinae e Salmininae,

quando colocados em ambientes restritos, semelhantes ao proporcionado pelos

tanques de reprodução induzida, passam a apresentar comportamento agressivo.

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Figura 9 - Lesões cutâneas no pedúnculo caudal do macho de piabanha, provocadas pela fêmea logo após a primeira dosagem hormonal.

Figura 10 - Reprodutor de piabanha, do sexo masculino, morto antes mesmo da finalização do processo reprodutivo.

Nas quatro primeiras horas após a segunda dosagem hormonal, as

fêmeas praticamente não se movimentaram nos tanques de reprodução. Todos

os machos apresentaram movimentação constante, nadando por toda a periferia

do tanque, inclusive aqueles que apresentavam lesões.

Nas duas últimas horas que antecederam a ovulação, as fêmeas

passaram a apresentar natação constante e deslocavam-se lenta e paralelamente

aos machos. Com a intensificação deste comportamento natatório, os casais

passaram a nadar em uma pequena e única trajetória circular, abrangendo um

diâmetro máximo de 70 cm. Pode-se inferir que este comportamento é um

indicador da proximidade do momento da ovulação.

Logo a seguir a fêmea retornou ao ponto de origem, na porção mais

profunda do tanque. O macho continuou nadando na periferia do tanque de

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reprodução, aguardando a fêmea para uma nova e igual trajetória. Neste

momento não foi observado, comportamento agressivo entre os reprodutores.

Trinta minutos antes da ovulação, tanto os machos quanto as fêmeas

apresentaram um novo comportamento natatório. As natações circulares ficaram

mais rápidas e freqüentes. Ao invés de um único e lento trajeto circular, os

reprodutores passaram a apresentar natação circular rápida, com no mínimo

quatro voltas curtas. Nestes movimentos, a extremidade anterior do crânio da

fêmea encostava na extremidade posterior da nadadeira caudal do macho e vice-

versa, apresentando natação tipo “carrossel”.

Simultaneamente à intensificação destes movimentos circulares,

observou-se a presença de alguns ovócitos na água, indicando que a ovulação

estaria ocorrendo, ou seja, que o ovócito estava solto no lúmen do ovário e pronto

para ser liberado.

SATO (1999) estudou quinze espécies da ordem Characiformes, na bacia

do São Francisco. Em apenas uma espécie (Hoplerythrinus unitaeniatus) não foi

verificado sinalização no momento da desova. Segundo o mesmo autor, a

sinalização do Brycon lundii tornou-se mais evidente quando no tanque de

reprodução, era mantido apenas um casal.

Neste experimento, em uma única reprodução, em que o processo

reprodutivo natural não foi interrompido pela extrusão após o tradicional carrossel

reprodutivo, o casal seguiu em natação linear, rápida e paralela chegando a bater

contra as paredes do tanque, roçando mutuamente as laterais dos corpos e

culminando com a liberação dos gametas próxima à superfície da água. Este

comportamento repetiu-se quatro vezes, totalizando seis minutos.

Após a quarta liberação natural de ovócitos, a fêmea passou a apresentar

natação mais lenta. Neste momento, a reprodutora foi capturada e, mesmo

mediante a tentativa de extrusão não se obteve mais ovócitos, indicando não

haver mais ovócitos no lúmen dos ovários.

Tal comportamento foi semelhante ao observado por pescadores, ligados

ao Projeto Piabanha, em ambiente natural, nas áreas marginais inundadas

(informação pessoal).

Os ovos coletados no tanque, oriundos da reprodução induzida com

desova natura,l apresentaram taxa de fecundação de 55%. Esta alternativa de

manejo para indução reprodutiva, se melhor estudada, poderá vir a apresentar

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taxa de fecundação mais elevada e, também, reduzir o estresse e a morte dos

reprodutores, uma vez que a manipulação dos animais é menos intensa,

minimizando o estresse que tanto prejudica os peixes de uma forma geral.

Na maioria das extrusões realizadas, tanto os machos quanto as fêmeas

perderam escamas, isto, somado às inúmeras lesões derivadas do

comportamento agressivo da espécie, contribuiu para a mortalidade observada.

Durante o experimento ora descrito, 12 fêmeas (27,90%) e 20 machos (33,33%)

acabaram morrendo ao longo do processo reprodutivo ou logo após este.

Nos machos, a mortalidade pode ser atribuída às lesões causadas tanto

pelas fêmeas quanto por outros machos que estavam confinados no mesmo

tanque de reprodução. Observações de campo, feitas por pescadores artesanais

que presenciaram o comportamento reprodutivo da piabanha em ambiente natural

(informação pessoal), não relataram o comportamento agressivo observado neste

experimento.

A mortalidade em fêmeas pode ser atribuída ao estresse, ou a lesões

internas causadas pelo processo de extrusão manual e a lesões externas fruto

das agressões promovidas por outras fêmeas, quando estas permaneceram

juntas durante o processo de reprodução.

5.3. Extrusão, caracterização, quantificação e medição dos ovócitos

A quantidade de horas-grau (HG) médias entre a segunda dose hormonal

e a extrusão dos ovócitos de Brycon insignis foi de 159,01 ± 8,56 HG, a uma

temperatura média de 26,19 ± 1,19 °C, conforme pode ser observadas na tabela

1.

SATO (1999), estudando a reprodução de várias espécies de peixes do

rio São Francisco, agrupou-as em três grupos usando como critério o valor de

horas-grau para o intervalo da aplicação da dose decisiva à ovulação. Grupo I

196-216 HG (1 dose) e 132-144 HG (2 doses), são representantes deste grupo

espécies dos gêneros Brycon e Salminus. Grupo II, 283-350 HG (1 dose) e 203-

233 HG (2 doses) com espécies dos gêneros Astyanax, Tetragonopterus,

Leporinus, Shizodon, Curimatella, Prochilodus, Conorhynchus, Lophiosilurus,

Pimelodus, Pseudopimelodus, Pseudoplatystoma, Rhamdia e Rhinelepis; e o

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grupo III, 418-442 HG (1 dose) e 279-296 HG (2 doses), constituído por espécies

dos gêneros Hoplerythrinus e Franciscodoras.

Para o piauçu Leporinus macrocephalus, a extrusão dos ovócitos ocorre

com 170 HG (25 °C) após a aplicação da dose decisiva (REIDEL et al. 2002).

CECCARELLI E SENHORINI (1996), reproduzindo a piracanjuba (Brycon

orbignyanus) e matrinxã (Brycon lundii), obtiveram extrusões ocorrendo entre 150

e 220 horas-grau, numa temperatura de 27 a 30 °C, a partir da 2ª dosagem

hormonal.

Sendo assim os valores encontrados por diversos autores, para espécies

da ordem Characiformes, estão próximos aos encontrados no experimento aqui

descrito, em que a correlação entre a temperatura da água e a quantidade de

horas-grau, após a segunda dose hormonal aplicada para que ocorresse a

ovulação, foi significativa (p < 0,01) e de 41%.

Para as 37 fêmeas que desovaram, a análise de correlação permitiu

verificar a existência (p > 0,08) de uma baixa correlação (24%) positiva entre o

peso da matriz e a quantidade de horas-grau entre a aplicação da segunda dose

de extrato hipofisário e a ovulação, evidenciando que o valor determinado em

horas-grau pode ser aplicado a matrizes com pesos distintos, ao menos na faixa

estudada.

Observou-se uma alta (77%) correlação (p > 0,01) entre o peso da matriz

e o peso da massa de ovócitos, indicando que fêmeas maiores são mais

prolíficas.

Os ovócitos recém-extrusados de Brycon insignis, possuíam forma

esférica e de coloração azul acinzentada.

O diâmetro médio do ovócito não hidratado foi de 1,35 ± 0,02 mm, e cada

um grama de massa de ovócitos continha em média 762,81 ± 92,35 ovócitos

(Tabela 1). Foi observada uma correlação negativa (48%) (p > 0,07) entre a

massa de ovócitos extruídos e o número de ovócitos por grama, evidenciando-se

que quanto maior a massa de ovócitos menor o número de ovócito,

conseqüentemente maior a massa individual dos ovócitos.

Após a fertilização e hidratação dos ovos de Brycon insignis, não se

observou a presença de adesividade. Os ovos levaram, em média, 16,00 ± 1,00

minutos para o endurecimento do córion, sugerindo ser este o tempo mínimo para

a colocação da desova na incubadora, uma vez que estariam mais resistentes ao

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atrito e aos choques mecânicos. Nesta etapa, o diâmetro médio dos ovos passou

a 2,40 ± 0,08 mm devido à hidratação. Um grama de ovos não hidratados

equivaleu a 14,06 ± 0,66 gramas de ovos hidratados.

ANDRADE-TALMELLI (1997), reproduzindo a mesma espécie, porém no

município de Paraibuna (SP), descreveu os ovos como sendo esféricos,

demersais e não adesivos. Segundo a mesma autora, o diâmetro médio do

ovócito a seco foi de 1,4 mm, resultado similar ao obtido no experimento descrito,

entretanto o diâmetro, após a hidratação, foi inferior ao obtido pela referida autora

(3,78 a 3,90 mm).

A mesma autora observou que havia dois padrões de coloração dos

ovócitos verde escuro e verde acastanhado. Como para a região de Paraibuna -

SP a coloração dos ovócitos estava relacionada com o tamanho dos mesmos,

pode-se supor que a coloração azul acinzentada, encontrada no experimento ora

descrito, seja característica do único padrão de diâmetro observado.

SATO (1999) descreveu os ovócitos de Brycon lundii como não adesivos

e com coloração verde-escuro e lilás. Um grama de desova possuía 1370 ± 60

ovócitos com diâmetros variando entre 1,38 a 1,58 mm quando não hidratado, e

2,94 a 3,26 mm de diâmetro quando hidratado. Estes dados diferem parcialmente

aos obtidos para piabanha, no experimento ora descrito indicando não haver um

padrão ao menos entre as espécies Brycon insignis e Brycon lundii.

Dentre as diversas variáveis que podem ter afetado a taxa de fecundação,

neste experimento, a temperatura apresentou a maior correlação (p < 0,01; 64%),

mostrando como é de se esperar que o desenvolvimento embrionário, dentre

outros fatores, está intimamente relacionado com esta variável. Reforça esta

observação a correlação positiva (p < 0,01; 40%) verificada entre a temperatura

da água da incubadora e o tempo decorrido até o fechamento do blastóporo.

BRANCO (1972) relata que em animais ectotérmicos como os peixes, o

metabolismo e as atividades biológicas são alterados com a variação da

temperatura, de forma diretamente proporcional.

5.4. Desenvolvimento do ovo e do embrião até o momento da eclosão

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As incubações ocorreram sob condições normais de temperatura, pH e

oxigênio dissolvido para as espécies de peixes tropicais.

Os eventos embrionários foram acompanhados a partir de um único lote de

ovócitos em processo de incubação, e podem ser observados na tabela 2.

Tabela 2 - Descrição dos estágios embrionários de Brycon insignis nos diferentes

intervalos de horas-grau

Estágio Embrionário Hora Horas-grau (°C) após a fertilização Descrição

1. Formação do blastodisco 1.0 29,30

Migração do citoplasma granular para um dos pólos; formação do pólo animal (blastodisco); delimitação do pólo vegetal; clivagem do blastodisco.

2. Blástula alta 2.0 58,60 Continuação da clivagem do blastodisco.

3. Blástula baixa 3.5 102,50 Blastômeros em formato plano.

4. Gástrula 4.5 131,85 Expansão do blastodisco; cobertura do pólo vegetal.

5. Fechamento do blastóporo 5.5 161,00

Fusão das bordas do blastodisco. Delimitação do corpo do embrião e do saco vitelínico.

6. Conformação do embrião 6.5 190,00 Diferenciação da cabeça e cauda do

embrião.

7. Vesícula óptica 7.5 218,50 Visualização da vesícula óptica e de 6 pares de somitos.

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8. Vesícula de Kupffer 8.5 247,00 Visualização da vesícula de Kupffer.

9. Vesícula auditiva 9.0 261,00 Visualização da vesícula auditiva e de 16 pares de somitos; notocorda bastante evidente.

10. Flexão da notocorda 10.0 289,50

Flexão da notocorda; desprendimento da cauda e visualização de 26 pares de somitos.

11. Batimento cardíaco 13,0 373,50 Visualização dos batimentos

cardíacos.

12. Eclosão 17,0 480,00 Fortes batimentos do embrião contra o córion culminando com sua ruptura. Eclosão.

Uma hora após (29,30 horas-grau) a fertilização foi verificada a formação

do blastodisco com suas diferentes fases de segmentação. Na hora seguinte

(58,60 horas-grau), a blástula apresentou-se alta e 3,5 horas (102,50 horas-grau)

após a fertilização a mesma já estava baixa, com blastômeros em formato plano.

Com a expansão do blastodisco, a gástrula, por volta de 4,5 horas

(131,85 horas-grau) após a fecundação, já cobria o pólo vegetal e, 60 minutos

após (161,00 horas-grau), houve a fusão das bordas do blastodisco delimitando o

corpo e o saco vitelínico do embrião, constituindo o momento do fechamento do

blastóporo às 5,5 horas após a fecundação, para uma temperatura média de 25,5

± 1 °C. O valor médio de horas-grau para o fechamento do blastóporo de Brycon

insignis, nas 36 observações foi de 171,32 ± 14,28 (Tabela 1).

Observou-se, a partir de 36 incubações, uma correlação negativa (21%)

(p > 0,11) entre as horas-grau de incubação e a fecundidade, evidenciando que

incubações em que as horas-grau foram mais elevadas os resultados

encontrados foram inferiores.

Resultados semelhantes foram obtidos por ANDRADE-TALMELLI (1997)

que, estudando a mesma espécie em temperatura média de 26,0 ± 1 °C, verificou

o início da expansão do blastodisco com quatro horas após a fecundação.

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LOPES et al. (1995), acompanhando o desenvolvimento embrionário de

Brycon cephalus a uma temperatura média de 30 °C, observaram o fechamento

do blastóporo cinco horas após a fertilização. ROMAGOSA et al. (2002),

estudando o Pseudoplatystoma fasciatum a uma temperatura de 25,0 ± 1,0 °C,

observaram o fechamento do blastóporo quatro horas e trinta minutos após a

fertilização. Para Pseudoplatystoma coruscans, este intervalo foi de seis horas a

uma temperatura entre 23,5 a 25,5°C (CARDOSO et al. 1995).

Desta forma, o valor de tempo e de horas-grau encontrado para

fechamento do blastóporo em Brycon insignis esteve similar ao observado por

diversos autores para a mesma espécie e para outros teleósteos neotropicais.

No entanto, outras espécies apresentam desenvolvimento embrionário

mais lento. REYNALTE-TATAJE et al. (2002), estudando o desenvolvimento

embrionário de Steindachneridion scripta, observaram um maior tempo para o

fechamento do blastóporo a uma temperatura média de 25,1 °C, culminando a 8

horas e quarenta e cinco minutos após a fertilização.

Continuando o desenvolvimento embrionário, 5,5 horas após a

fecundação, o saco vitelínico delimitou-se e foi possível perceber a delimitação do

embrião, que apresentou coloração avermelhada. Com 6,5 horas (190,00 horas-

grau), podia-se diferenciar a cabeça e a cauda (Tabela3).

No período de 7,5 a 9,0 horas após a fecundação (218,50 a 247,00 horas-

grau) as seguintes estruturas, em ordem cronológica, foram evidenciadas:

vesícula óptica e 6 pares de somitos, vesícula de Kupffer, vesícula auditiva e 16

pares de somitos bem como a evidência da notocorda. Dez horas após a

fertilização (289,50 horas-grau), observou-se a flexão da notocorda, 26 pares de

somitos e a movimentação da cauda. Os batimentos cardíacos só foram

observados 13 horas após a fertilização, perfazendo 373,50 horas-grau.

A eclosão das larvas, referente ao lote em observação, ocorreu 17 horas

após a fertilização (480,00 horas-grau), ocasionada pelos fortes batimentos do

embrião contra o córion, promovendo o rompimento do mesmo e a eclosão da

larva (Tabela 3). A média geral encontrada para este evento, nas 36 incubações

que constituíram este experimento, foi de 18,29 ± 2,32 horas ou 477,39 ± 35,8

horas-grau.

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Tabela 3 – Média, desvio padrão e coeficiente de variação do tempo eclosão necessário para a eclosão dos ovos referente a 36 diferentes desovas de piabanha, em diferentes temperaturas, com suas respectivas horas-grau

Tempo de eclosão (h)

Temperatura média (°C)

Horas-grau (°C)

Média 18,29 26,47 477,39

Desvio Padrão 2,32 1,7 35,8

Coeficiente de Variação 12,66 6,44 2,79

Para a mesma espécie, ANDRADE-TALMELLI (1997) constatou que a

eclosão ocorreu 14 horas após a fertilização a uma temperatura média de 26 °C

aproximadamente 364 horas-grau.

SATO (1999), reproduzindo Brycon lundii, obteve um valor de 500 a 520

horas-grau para a eclosão a uma temperatura de 24,0 °C. LOPES et al. (1995),

acompanhando o desenvolvimento embrionário de Brycon cephalus a uma

temperatura média de 30 °C, observaram a eclosão dez horas e trinta minutos

após a fertilização, totalizando 315 horas-grau. ROMAGOSA et al. (2001)

utilizando a mesma espécie (Brycon cephalus) em um experimento semelhante,

incubada à temperatura média de 26.0 ± 2.0 °C, observaram que as eclosões

ocorreram entre 10 e 11 horas após a fertilização.

OTERO (1988) em um experimento semelhante, porém com Brycon

moorei sinuensis, incubado à temperatura média de 27 °C, observou a eclosão 14

horas após a fertilização.

Rana (1990) e Polo et al. (1991), citados por MACIEL JÚNIOR (1996),

observaram que, em espécies de clima tropical, a elevação da temperatura

antecipa a eclosão. Blaxter (1969), Naesje e Jonson (1988) citados pelo mesmo

autor, acrescentaram que temperaturas elevadas podem acelerar o metabolismo

e intensificar os movimentos da larva e que, associados ao aumento da atividade

das enzimas de eclosão, facilitam o rompimento do córion. Os mesmos autores

relataram que o estresse ocasionada pelo fluxo de água constituiu um estímulo

mecânico que, associados aos demais estímulos, citados anteriormente, podem

antecipar a eclosão.

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Observou-se, a partir de 36 incubações, uma correlação negativa (21%)

(p>0,11) entre as horas-grau de incubação e a fecundidade, evidenciando que

incubações em que as horas-grau foram mais elevadas os resultados

encontrados foram inferiores.

Na figura 11, pode-se observar eventos marcantes do desenvolvimento

embrionário de piabanha com suas respectivas horas grau de ocorrência.

Na primeira hora após a eclosão (24 HG) as larvas de piabanha

apresentaram o comprimento total (CT) de 5,51 ± 0,03 mm (Tabela 4). Este valor

é similar ao encontrado por ANDRADE-TALMELLI et al. (2001) para a mesma

espécie, que foi de 6,0 mm ± 0,22. Porém é muito superior se comparado com

Brycon moorei, pois BARAS et al. (2000), acompanhando a ontogênese deste

Brycon, constataram que após a primeira hora da eclosão, tal espécie

apresentava a medida biométrica 3,7 mm (comprimento total) e 0,4 mg (peso

total). Ainda em relação à mesma espécie, BARAS et al. (2000) constataram que,

na vigésima quarta hora após a eclosão, as larvas possuíam em média 6,00 mm e

1,2 mg. Esta comparação evidencia que as larvas de Brycon insignis são grandes

se comparadas às de Brycon moorei.

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Tabela 4 – Valores da biometria das larvas de piabanha em diferentes horas-

grau, média do comprimento da larva (mm), média do comprimento do vitelo (mm) e média da altura do vitelo (mm)

Nº de Horas

Hora-grau (°C)

Comprimento da larva (mm)

Comprimento do vitelo (mm)

Altura do vitelo (mm)

1 24 5,51 ± 0,03 1,96 ± 0,13 1,63 ± 0,28

2 49 5,78 ± 0,19 1,95 ± 0,48 1,44 ± 0,48

3 75 5,88 ± 0,15 1,36 ± 0,52 1,49 ± 0,46

4 102 5,83 ± 0,28 2,01 ± 0,07 1,45 ± 0,05

5 129 6,01 ± 0,09 2,03 ± 0,03 1,42 ± 0,11

6 157 6,01 ± 0,38 2,04 ± 0,06 1,45 ± 0,05

7 185 6,23 ± 0,15 1,98 ± 0,04 1,45 ± 0,11

8 213 6,34 ± 0,16 2,97 ± 0,07 1,45 ± 0,05

9 241 6,67 ± 0,15 1,91 ± 0,04 1,38 ±0,04

10 270 7,02 ± 0,08 2,20 ± 0,12 1,47 ± 0,11

13 354 6,89 ± 0,15 1,84 ± 0,08 1,43 ± 0,15

17 464 7,54 ± 0,30 1,93 ± 0,05 1,37 ± 0,07

19 516 7,59 ± 0,23 1,85 ± 0,07 1,26 ± 0,11

21 566 8,28 ± 0,21 1,73 ± 0,11 1,24 ± 0,02

23 616 8,01 ± 0,17 1,72 ± 0,06 1,36 ± 0,05

25 666 8,09 ± 0,03 1,66 ± 0,11 1,30 ± 0,06

27 718 8,55 ± 0,12 1,68 ± 0,14 1,18 ± 0,07

29 774 8,83 ± 0,15 1,52 ± 0,03 1,03 ± 0,27

30 802 9,55 ± 0,29 1,42 ± 0,09 1,09 ± 0,21

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31 830 8,46 ± 0,68 1,41 ± 0,08 0,82 ± 0,08

32 859 9,42 ± 0,07 1,54 ± 0,09 0,70 ± 0,04

SANTOS e GODINHO (1992) encontraram comprimentos totais após a

eclosão de 3,7 mm (Salminus brasiliensis), 3,4 mm (Piaractus mesopotamicus),

2,6 mm (Leporinus elongatus), 3,1 mm (Prochilodus affinis) e 3,2 mm (Prochilodus

marggravii).

Sendo assim, o comprimento total das larvas de Brycon insignis à eclosão

foi superior ao de outros representantes da ordem Characiformes, citados neste

trabalho.

Logo após a eclosão, as larvas de Brycon insignis permaneceram em

decúbito lateral, no fundo das incubadoras e, ocasionalmente, uma parcela se

movimentava verticalmente até a superfície e, a seguir, retornava ao fundo

passivamente.

SANTOS e GODINHO (1992), observando o comportamento das larvas

recém-eclodidas de Salminus brasiliensis, Piaractus mesopotamicus, Leporinus

elongatus, Prochilodus affinis, Prochilodus marggravii, Pseudoplatystoma

coruscans, mantidas em incubadoras e em diferentes fotoperíodos, com 1 a 2

dias de vida, constataram que as mesmas permaneceram a maior parte do tempo

em decúbito lateral no fundo das incubadoras. Segundo os mesmos autores, este

comportamento pode estar relacionado ao peso do saco vitelínico e à ausência da

bexiga natatória e das nadadeiras peitorais.

REYNALTE-TATAJE et al. (2002), mensurando larvas de

Steindachneridion scripta (Pimemolodidae), encontraram os seguintes valores:

6,32 ± 0,16 mm para o comprimento total; 1,62 ± 0,16mm para o comprimento do

vitelo; e 1,26 ± 0,13 mm para a altura do vitelo. MACIEL JÚNIOR (1996),

mensurando larvas de Prochilodus marggravii encontrou médias menores para o

vitelo: 1,48 mm (CV) e 0,73 mm (AV).

Rogers e Westin (1981), citados por MACIEL JÚNIOR (1996), sugerem que

o tamanho dos ovos e conteúdo de vitelo, além das condições ambientais, afetam

o tamanho da larva ao eclodir.

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64

O saco vitelínico da larva recém-eclodida de Brycon insignis possuía

coloração azul acinzentado, formato elíptico, CV de 1,96 ± 0,12 mm e AV de 1,63

± 0,04 mm, podendo ser considerado relativamente grande quando comparado a

de outros characídeos. Ainda em relação à morfologia das larvas recém-

eclodidas, estas apresentavam-se praticamente despigmentadas, salvo à região

anterior ao globo ocular e na região do tubo digestivo. A nadadeira ventral estava

inserida na margem posterior do saco vitelínico (Figura 11).

A B C

D F

E

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G H

Figura 11 - Larva com uma hora após a eclosão (A). Larva com oito horas após a eclosão (B). Zoom da glândula de aderência, oito horas após a eclosão (C). Larva na décima hora após a eclosão (D). Larva na vigésima primeira hora após a eclosão (E). Larva na vigésima sétima hora após a eclosão (F). Larva na trigésima hora após a eclosão (G). Zoom do canibalismo, trigésima hora após a eclosão (H).

Os eventos morfológicos mais marcantes, ocorridos após a eclosão, estão

descritos na tabela 5.

Tabela 5 - Descrição dos eventos morfológicos mais marcantes entre o momento

da eclosão e o momento do canibalismo entre larvas de piabanha, em horas e horas-grau

Eventos morfológicos marcantes de Brycon insignis a partir da eclosão

N° de horas

N° HG

Larva transparente com pigmentação apenas na região anterior do globo ocular e no tubo digestivo. Secção da nadadeira ventral inserida na margem posterior do saco vitelínico

1 24

Presença dos otólitos. Saco vitelínico grande e elíptico com coloração azul escuro. Desenvolvimento dos arcos branquiais e nadadeiras peitorais na região antero-posterior do saco vitelínico. Raios na nadadeira caudal. Cromatóforos ao longo da proto nadadeira anal

2 49

Prolongamento do tubo digestivo no sentido da nadadeira caudal. Cromatóforos na região do rostro, entorno do globo ocular e na base dos miómeros

3 75

Aumento do número de cromatóforos na região opercular e na lateral do saco vitelínico. Início da formação da glândula de aderência

5 129

Aparecimento das fendas branquiais. Região bucal definida, apresentando o orifício bucal. Evidência das nadadeiras peitorais, da mandíbula primitiva, do estômago e dos arcos branquiais

7 185

Glândula de aderência bem desenvolvida e escura. Aparecimento de cromatóforos na região superior da notocorda e região cardíaca

8 213

Boca bem definida e aberta. Globo ocular completamente pigmentado 10 270

Nadadeiras peitorais com o diâmetro do globo ocular 13 354 Presença de 50 miómeros. Observação do orifício olfativo próximo ao globo ocular. Mandíbula menor que a maxila

17 464

Evidência da bexiga natatória 19 516

Aparecimento dos primeiros dentes. Opérculo encontra-se evidente. Saco vitelínico completamente pigmentado

21 566

Bexiga natatória e estômago ocupando grande parte da região abdominal. Nadadeira peitoral 1,5 vezes o tamanho do globo ocular. Diminuição da glândula de aderência. Evidência da linha lateral

27 18

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Ausência da glândula de aderência. Saco vitelínico muito reduzido. Observação da musculatura do estômago e intestino. Globo ocular localizado próximo à região frontal.

30 802

Início da alimentação exógena - canibalismo 32 859

Sete horas após a eclosão, ou 185 horas-grau, as larvas já apresentavam

fendas branquiais, região bucal definida apresentando o orifício bucal. Neste

momento, as médias biométricas foram: 6,23 ± 0,15 mm (CT), 1,98 ± 0,04 mm

(CV) e 1,45 ± 0,10 mm (AV).

Para Salminus brasiliensis, reproduzidos em laboratório, SANTOS e

GODINHO (2002) observaram o órgão adesivo seis horas após a eclosão. SATO

(1999) observou órgão adesivo em Brycon lundii, Salminus hilarii e S. brasiliensis.

Outros autores, como, WOYNAROVICH e SATO (1989), observaram órgão de

aderência em Brycon sp.

Oito horas, ou 213 HG após a eclosão, as seguintes estruturas foram

evidenciadas: fendas branquiais, nadadeiras peitorais, estômago e mandíbula

embrionária, porém sem distinguir a maxila. No mesmo instante, observou-se a

glândula de aderência, bem desenvolvida e escura localizada na região superior

do crânio. Esta possibilitava a adesão das larvas às laterais da tela das

incubadoras e à película da superfície de contato ar-água A pigmentação da

região superior da notocorda (antero dorsal) e cardíaca (antero lateral) era

evidente. As larvas encontravam-se distribuídas por toda a incubadora,

entretanto, a maioria localizava-se no fundo. As médias biométricas foram: 6,34 ±

0,16 mm (CT), 1,96 ± 0,07 mm (CV) e 1,45 ± 0,049 mm (AV).

Dez horas após a eclosão (Figura 11 d), ou 270 horas-grau, as bocas das

larvas já estavam bem definidas e abertas e o globo ocular muito pigmentado. As

médias biométricas foram: 7,02 ± 0,08 mm (CT), 2,20 ± 0,12 mm (CV) e 1,47 ±

0,11 mm (AV).

A partir da décima terceira hora, ou 354 HG após a indução, as

nadadeiras peitorais possuíam o tamanho equivalente ao diâmetro do globo

ocular. As médias biométricas foram: 6,89 ± 0,15 mm (CT), 1,84 ± 0,08 mm (CV) e

1,43 ± 0,15 mm (AV).

Dezessete horas após a eclosão, ou 464 HG, as características

morfológicas mais marcantes foram: a presença de 50 miómeros, o orifício olfativo

próximo ao globo ocular e à mandíbula apresentando-se menor que a maxila. As

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médias biométricas foram: 7,54 ± 0,3 mm (CT), 1,94 ± 0,05 mm (CV) e 1,37 ± 0,07

mm (AV).

Dezenove horas após a eclosão, ou 516 HG, a bexiga natatória foi

evidenciada. Com 566 HG, ou vigésima primeira hora, observou-se os primeiros

dentes tanto na mandíbula quanto na maxila. Os cromatóforos estavam

distribuídos por toda a região do saco vitelínico. O opérculo já se encontrava

evidente.

Apesar da glândula de aderência ainda estar presente e funcional, muitas

larvas de piabanha já apresentavam natação horizontal. Nestas, as médias

biométricas foram: 8,28 ± 0,22 mm (CT), 1,73 ± 0,11 mm (CV) e 1,24 ± 0,02 (AV).

BARAS et al. (2000), estudando Brycon moorei, observaram que os

dentes das pós-larvas surgem a partir da vigésima primeira hora e que estas já

conseguiam capturar náuplios de artêmia, o que, segundo ele, promoveu um

crescimento homogêneo das pós-larvas.

A função da glândula de aderência em ambiente natural pode estar

relacionada à manutenção das larvas presas as macrófitas aquáticas e vegetação

marginal das áreas alagadas, evitando que as larvas cheguem à calha principal

do rio durante as constantes flutuações do seu nível, o que é peculiar à época de

maior pluviosidade.

Entre a vigésima segunda e a vigésima sexta horas após a eclosão,

houve poucas modificações morfológicas.

Vinte e sete horas, ou 718 horas-grau após a eclosão, a bexiga natatória

e o estômago ocupavam grande parte da região abdominal. A glândula de

aderência apresentava-se muito reduzida e a linha lateral já estava evidente. A

partir desta hora, não foram mais observadas larvas aderidas à superfície da

incubadora. As nadadeiras peitorais apresentaram-se bem desenvolvidas

possibilitando a natação no sentido horizontal. Nesta fase, as larvas de piabanha

apresentavam as seguintes médias biométricas: 8,55 mm ± 0,12 (CT), 1,68 ± 0,14

mm (CV) e 1,18 ± 0,07 mm (AV),

SANTOS e GODINHO (1992) também observaram que o deslocamento

das larvas de Salminus brasiliensis, Piaractus mesopotamicus, Leporinus

elongatus, Prochilodus affinis, Prochilodus marggravii e Pseudoplatystoma

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coruscans, no sentido horizontal, foi iniciado no momento em que as nadadeiras

peitorais e a bexiga natatória estavam desenvolvidas.

Na trigésima hora, ou 802 horas-grau após a eclosão, as larvas já

possuíam uma intensa movimentação em toda a coluna d’água e apresentavam

as seguintes características: ausência da glândula de aderência e o saco

vitelínico apresentou-se muito reduzido. Neste momento, foi possível a

identificação das musculaturas do estômago e do intestino. Os globos oculares

localizavam-se na região frontal do crânio (Figura 11 g) (Tabela 5). Nesta fase, as

larvas apresentavam as seguintes médias biométricas: 9,55 mm ± 0,29 (CT), 1,42

± 0,09 mm (CV) e 1,09 ± 0,21 mm (AV),

O canibalismo intraespecífico, no lote de animais utilizados para descrição

da ontogênese, ocorreu a partir da trigésima segunda hora, ou 859 HG após a

eclosão. Neste momento, as larvas apresentavam as seguintes médias

biométricas: 9,42 mm ± 0,07 (CT), 1,54 ± 0,09 mm (CV) e 0,70 ± 0,04 mm (AV).

Porém, a média geral encontrada para o conjunto de desovas, realizadas em

trinta observações para que ocorresse o início do canibalismo, foi de 29,67 ± 1,57

horas após a eclosão a uma temperatura de 26,41 ± 0,80 °C (783,66 ± 42,64

horas-grau) (Tabela 6). Podemos considerar que o canibalismo é um indicativo do

início da fase de pós-larva ao menos para o sistema de incubação empregada.

Neste momento, as pós-larvas de Brycon insignis apresentaram as seguintes

médias 9,42± 0,07 mm (CT), 1,54 ± 0,09 mm (CV) e 0,7 ± 0,04 mm (AV).

Segundo WOYNAROVICH e HORVÁTH (1983), o estágio de larva inicia-

se após a eclosão do embrião e termina quando a bexiga natatória enche-se de ar

e os movimentos natatórios são evidenciados. Ainda segundo os mesmos

autores, o início da alimentação exógena também caracteriza o começo do

estágio de pós-larva.

BARAS et al. (2000) observaram que a maior parte do canibalismo

intraespecífico de pós-larvas de Brycon moorei aconteceu após 24 horas do início

da alimentação exógena. Já CECCARELLI e SENHORINI (1996) e MENDONÇA

(1996) observaram alta incidência de canibalismo em piracanjuba e matrinxã

entre a trigésima e trigésima sexta hora após a eclosão. ROMAGOSA et al.

(2001) observaram o canibalismo trinta e seis horas após a fertilização, porém a

uma temperatura média de 26 °C, quando o saco vitelínico estava muito reduzido.

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LOPES (1995) também verificou o canibalismo entre pós-larvas de Brycon

cephalus 36 horas após a eclosão, porém a uma temperatura média de 30 °C.

Desta forma pode-se inferir que o canibalismo entre as pós-larvas de

Brycon insignis ocorre mais precocemente se comparado ao canibalismo

intraespecífico para outras espécies do mesmo gênero, citados neste trabalho.

LOPES et al. (1995) observaram que, em Brycon cephalus, ao início do

canibalismo, a maioria das pós-larvas apresentava grande reserva do saco

vitelínico (≅ 50%) e, ainda nadava na posição vertical. Fato não observado para

Brycon insignis no experimento ora descrito.

Tabela 6 – Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de horas,

temperatura média e número de horas-grau para o início da alimentação exógena, para larvas de piabanha

Número de horas (h)

Temperatura média (°C)

Horas-grau para o início da alimentação exógena (°C)

Média 29,67 26,41 783,66

Desvio Padrão 1,57 0,8 42,64

Coeficiente de Variação 5,29 3,03 5,44

BARAS et al. (2000), em experimento com Brycon moorei, observaram

que, decorridas 24 horas após o início do canibalismo, 50% das larvas ainda não

o praticavam, indicando falta de sincronismo desta espécie ao menos para esta

fase. KESTEMONT et al., (2003), estudando a larvicultura da Perca fluvialis,

constataram que as larvas que nascem mais tarde são menos competitivas além

de formarem um grupo heterogêneo ampliando assim o índice de canibalismo

intra-específico. BARAS (1998) (citado por KESTEMONT et al. (2003), relatou que

a heterogenia entre pós-larvas promove um canibalismo mais acentuado se

comparado com outras faixas etárias, mesmo que a variação de tamanho seja

bem pequena.

No início do canibalismo, grande parte da reserva vitelínica das pós-larvas

de piabanha já estava exaurida. Neste momento, as pós-larvas encontravam-se

agrupadas em pequenos cardumes, próximas à superfície, nadando

perfeitamente na posição horizontal.

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No experimento ora descrito, foi observada sincronia no início do

canibalismo das pós-larvas de piabanha. PATRICK et al., (2003) observaram que,

na larvicultura da perca (Perca fluviatilis), o canibalismo foi inversamente

proporcional à densidade de estocagem, uma vez que as pós-larvas tiveram um

maior índice de sobrevivência quando foi utilizada uma baixa densidade de

estocagem.

É possível que a piabanha desove simultaneamente a espécies

forrageiras da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul sugerindo que, na

natureza, ela consuma larvas de outros peixes, realizando, portanto uma

predação interespecífica. BARAS et al. (2000) afirmaram que a desova da

espécie da dorada (Brycon moorei) ocorre simultaneamente à desova da

bocachico (Prochilodus magdalena). Esta última espécie possui alta fecundidade,

sendo utilizada como larva forrageira da pós-larva da dorada.

Estas observações indicam a necessidade de introdução de larvas

forrageiras no momento em que as larvas de piabanha estejam nadando na

horizontal e as mesmas estejam com as reservas vitelínicas reduzidas.

CECCARELLI e SENHORINI (1996), trabalhando com a larvicultura de

espécies do gênero Brycon, logo no início da constatação do canibalismo,

introduziram de cinco a sete larvas de peixe forrageiro para cada larva de Brycon,

reduzindo o canibalismo e obtendo de 70 a 90% de sobrevivência das pós-larvas

de Brycon.

5.5. Comportamento alimentar da pós-larva na fase de canibalismo

Percebeu-se que a eficácia na captura de larvas forrageiras pelas pós-

larvas de piabanha (Brycon insignis) esteve relacionada ao local de inserção da

mordida. Foram identificados quatro diferentes padrões de ataque da pós-larva de

piabanha à larva de curimatã (Prochilodus lineatus). Estes padrões estão

descritos a seguir:

Ataque na região do pedúnculo caudal. Primeiramente a presa fica

apreendida pelo pedúnculo caudal e, gradualmente, vai sendo ingerida pela pós-

larva de piabanha. Este ataque mostrou-se pouco funcional por possibilitar, em

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sua maioria, a fuga das presas. As fugas concretizavam-se no momento em que a

pós-larva de piabanha abria a boca para continuar o processo de ingestão.

Ataque na região mediana. A inserção da mordida ocorreu na região

central do corpo da larva forrageira. Como na estratégia anterior, ao tentar

encontrar a melhor posição para a ingestão, na maioria das tentativas, possibilitou

a fuga da presa.

Ataque na região próxima ao opérculo. Logo após a apreensão, a pós-

larva, através de rápidos movimentos, muda o ponto de inserção da mordida para

a região frontal da presa, facilitando assim a ingestão, porém, em alguns casos,

ainda possibilitou a fuga da presa.

Ataque na região frontal. Esta posição, além de dificultar a respiração da

larva forrageira, faz com que ela, ao tentar fugir nadando para frente, acabe

facilitando o processo de ingestão. Este padrão de ataque foi o mais efetivo em

impedir a fuga da presa.

Foi observado que as larvas forrageiras de Prochilodus lineatus, que

conseguiam escapar após o ataque, morriam após alguns minutos em

decorrência dos ferimentos causados pela dentição das pós-larvas de Brycon

insignis. As larvas feridas e as larvas mortas permaneciam no fundo dos

recipientes e não eram ingeridas pelas piabanhas, indicando que esta espécie

não captura itens alimentares que não apresentem movimentação.

Para todas as observações dos comportamentos de ataque, a estratégia

de aproximação deu-se da mesma forma, sendo possível distinguir três etapas

seqüenciais que antecediam o momento do ataque.

Percepção visual - a pós-larva mantém-se estática ou com movimentos

lentos, na posição horizontal, tendo a larva forrageira em seu campo visual;

Aproximação - suave deslocamento em direção a larva forrageira,

mantendo o corpo em posição retilínea;

Captura - a pós-larva projeta-se e captura a larva forrageira.

FREGADOLLI (1993), estudando a seletividade alimentar das larvas de

pacu (Piaractus mesopotamicus) e tambaqui (Colossoma macropomum) em

cativeiro, descreveu a mesma seqüência de captura. Segundo este autor, as pós-

larvas mostraram preferência pelas presas maiores e com maior movimentação,

como os cladóceros.

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Pouco se conhece sobre a nutrição de pós-larvas de Brycon insignis,

tanto em ambientes naturais quanto em cativeiro. No ambiente natural, mais

precisamente na porção médio inferior e baixo rio Paraíba do Sul, existem indícios

de que as larvas de grumatã (Prochilodus vimboides), espécie presumivelmente

extinta do rio Paraíba do Sul, fossem o alimento das pós-larvas de Brycon

insignis.

Atualmente acredita-se que a espécie que participa desta relação trófica

seja a curimatã (Prochilodus lineatus), espécie exótica a bacia hidrográfica do rio

Paraíba do Sul, pertencente à bacia do Prata.

Os índices de sobrevivência das pós-larvas de espécies do gênero

Brycon podem ser comprometidos caso não ocorra uma complementação

alimentar logo no início do canibalismo. Observou-se que a metodologia utilizada

por CECCARELLI e, SENHORINI (1996) e MENDONÇA (1996), quando

empregada para Brycon insignis controlou parcialmente o canibalismo.

Apesar de tal metodologia ser mitigadora do canibalismo, é onerosa sob o

aspecto financeiro, uma vez que existe uma demanda por larva forrageira, fato

este que inevitavelmente acarretará em um elevado custo de produção do alevino

de piabanha.

5.6. Desenvolvimento das pós-larvas e alevinos em tanque de alevinagem

Os eventos morfológicos observados entre o terceiro e sexto dia de vida

das piabanhas foram caracterizados pelo aumento do número de cromatóforos

por toda a região corporal, além da diferenciação dos lóbulos da nadadeira caudal

em lóbulo superior e inferior.

No terceiro dia após a colocação das pós-larvas, nos tanques de

alevinagem (quinto dia de vida), as piabanhas apresentavam as seguintes

medidas biométricas: 0,02 ± 0,008 g peso total (PT), 14,36 ± 1,34 mm

comprimento total (CT) e 2,80 ± 0,43 mm altura total (AT).

No oitavo dia de alevinagem (décimo dia de vida), as pós-larvas

apresentavam as seguintes médias biométricas: 0,14 ± 0,04 g (PT), 24,86 ± 0,74

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mm (CT), 5,2 ± 0,57 mm (AT). O opérculo já se encontrava bem desenvolvido e

os ocelos umeral e caudal já estavam evidentes.

No décimo quinto dia de alevinagem, todas as nadadeiras já estavam

formadas e a linha lateral já estava evidente.

No vigésimo terceiro dia, os peixes já apresentavam o formato típico dos

juvenis desta espécie. Nesta fase, os alevinos possuíam as seguintes biometrias:

0,94 ± 0,12 g (PT), 51,60 ± 1,82 mm (CT) e 10,1 ± 0,22 mm (AT).

6. CONCLUSÕES

O presente estudo abordou os aspectos reprodutivos, ontogênese e

etologia da piabanha (Brycon insignis), e dele podemos concluir que:

- O período reprodutivo da espécie Brycon insignis, na região do Noroeste

Fluminense, ocorre no período de outubro a março.

- A indução hormonal com extrato de hipófise é efetiva para promover a

maturação final dos ovócitos e a desova.

- A seleção de fêmeas aptas à indução tendo como base os caracteres

externos de maturação gonadal é eficiente.

- A presença de espículas na nadadeira anal dos machos pode ser

considerada uma característica sexual secundária confiável para determinação do

sexo do indivíduo, quando maduro sexualmente.

- As fêmeas apresentam elevada agressividade durante o processo de

reprodução induzida, atacando tanto as outras fêmeas quanto os machos na

região do pedúnculo caudal, provocando assim múltiplas lesões e, em alguns

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casos, causando óbito.

- Nas reproduções onde foram utilizados dois machos por fêmea, em um

mesmo tanque de reprodução, a agressividade foi sempre superior à observada

nos tanques onde apenas um casal fora alojado.

- A indução hormonal seguida de desova natural, dentro dos tanques de

reprodução, proporciona boa taxa de fecundação além de reduzir o estresse e a

morte dos reprodutores, uma vez que reduz a manipulação dos mesmos.

- O tempo decorrido entre a segunda dose e a ovulação é curto (158,69 ±

8,11 HG, a uma temperatura média de 26,25 ± 1,15 °C).

- Os ovócitos recém-extrusados de Brycon insignis possuem forma

esférica, não aderentes e, em sua maioria, possuem coloração azul acinzentada,

com diâmetro médio de 1,35 ± 0,02 mm, e cada um grama de massa de desova

contém em média 760,45 ± 86,78 de ovócitos.

- O desenvolvimento embrionário é rápido fazendo com que a eclosão,

em média, ocorra em 18,15 ± 2,40 horas ou 451,54 ± 114,98 horas-grau.

- As larvas nascem completamente despigmentadas, com comprimento

total (CT) de 5,51 ± 0,04 mm. O saco vitelínico apresenta coloração azul

acinzentado, de formato elíptico com 1,96 ± 0,12 mm de comprimento (CV) e 1.63

± 0.04 mm de altura (AV).

- O canibalismo intraespecífico ocorre, em média, com 29,87 ± 1,53 horas

após a eclosão, a uma temperatura de 26,41 ± 0,80 °C. A partir de 783,66 ±

42,64 horas-grau totais, ocorre a mudança do estagio larval da piabanha

passando à pós-larva, quando possui as seguintes medidas biométricas: 9,42±

0,07 mm (CT), 1,54 ± 0,09 mm (CV) e 0,7 ± 0,04 mm (AV).

- A eficácia nas capturas de larvas forrageiras está associada ao local de

inserção da mordida e o ataque na região frontal foi o padrão mais efetivo em

impedir a fuga da presa.

- As pós-larvas de piabanha não capturam itens alimentares que não

apresentem movimentação.

- Os eventos morfológicos observados durante a alevinagem demonstram

que no vigésimo terceiro dia, os peixes já apresentam o formato típico dos

juvenis desta espécie. Nesta fase, os alevinos possuem as seguintes biometrias:

0,94 ± 0,12 g (PT), 51,60 ± 1,82 mm (CT) e 10,1 ± 0,22 mm (AT).

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

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Tabela 1A - Peso total das fêmeas (g), temperatura média da água (°C), horas-

grau (°C), peso total dos ovócitos extruídos (g), ovócitos em um grama, horas-grau ao fechamento do blastóporo (°C) e percentagem de ovos fecundados

Peso total das fêmeas

(g)

Temperatura média da água

(°C)

Horas-grau à extrusão

(°C)

Peso total de ovócitos extruídos

(g)

Ovócitos em um grama

Horas-grau ao fechamento do blastóporo (°C)

Ovos fecundados

(%)

227,60 27,29 163,00 17,80 ................. 181,75 16,33 239,90 24,76 173,30 30,20 873 149,70 66,60 266,40 25,50 153,00 33,40 675 ................. ................. 274,30 27,29 163,00 29,10 ................. 181,75 45,66 278,40 25,92 155,50 13,30 ................. 191,40 49,00 283,50 25,92 155,50 25,40 ................. 191,40 70,00 283,50 24,76 173,30 ................. ................. 149,70 41,00 287,20 25,92 155,50 8,00 854 191,40 30,00 287,50 25,50 153,00 36,20 672 163,00 52,00 291,70 26,00 143,00 13,30 881 192,00 57,00 293,90 29,00 160,00 39,80 760 151,50 2,00 294,60 25,50 153,00 36,00 710 163,00 0,76 305,20 25,50 153,00 38,20 ................. 163,00 75,00 308,90 26,00 143,00 25,40 783 172,50 25,00 311,60 25,50 153,00 46,60 625 163,00 81,33 314,20 25,92 155,50 31,60 ................. 191,40 84,33 316,50 25,92 155,50 49,00 ................. 191,40 60,00 318,20 29,00 170,00 33,50 852 ................. ................. 327,70 25,92 155,50 28,40 ................. 191,40 55,00 330,10 29,00 170,00 56,10 834 ................. ................. 348,20 25,50 153,00 40,20 719 163,00 60,00 394,90 26,58 159,50 74,70 577 161,00 18,00 468,10 27,29 163,00 69,10 ................. 181,75 33,66 592,80 26,58 159,50 62,20 810 161,00 71,00 630,00 24,50 151,00 50,80 ................. 164,00 85,00 650,60 26,58 159,50 111,10 823 161,00 10,00 702,00 26,50 160,50 20,00 ................. 156,00 20,00 789,00 27,18 163,10 46,60 ................. 180,25 73,00 905,00 24,50 151,00 110,20 ................. 164,00 80,00

1.003,00 24,50 151,00 100,30 ................. 164,00 88,00 1.007,00 24,50 151,00 100,30 ................. 164,00 88,00 1.050,00 25,42 178,00 104,80 ................. ................. 77,00 1.060,00 25,78 180,50 195,30 ................. 185,60 52,33 1.115,00 26,50 160,50 115,20 ................. 156,00 85,00 1.192,00 26,58 159,50 65,60 757 161,00 12,00 1.301,00 27,18 163,10 31,80 ................. ................. ................. 2.792,00 27,18 163,10 205,80 ................. 180,25 84,00

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87

Tabela 2A - Parâmetros físico-químicos da água durante as incubações de Brycon

insignis Parâmetros físico-químicos (média)

Data das incubações Oxigênio dissolvido (mg/l) pH Temperatura (°C)

17/01/2002 5,60 6,15 27,50

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

14/10/2002 5,65 6,70 27,60

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

22/10/2002 7,85 7,12 30,04

28/10/2002 7,76 7,38 30,04

28/10/2002 7,76 7,38 30,04

28/10/2002 7,76 7,38 30,04

25/11/2002 7,50 7,21 30,50

25/11/2002 7,50 7,21 30,50

25/11/2002 7,50 7,21 30,50

25/11/2002 7,50 7,21 30,50

25/11/2002 7,50 7,21 30,50

7/12/2002 5,40 6,93 27,30

7/12/2002 5,40 6,93 27,30

7/12/2002 5,40 6,93 27,30

25/2/2003 5,20 6,70 25,00

15/3/2003 6,30 6,70 28,40

15/3/2003 6,30 6,70 28,40

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Tabela 3A - Tempo necessário para a eclosão dos ovos referente a diferentes desovas de piabanha, em diferentes temperaturas, com suas respectivas horas-grau

Eclosão dos ovos

Tempo (h) Temperatura média (°C) Horas-grau

20,00 24,00 504,00 20,00 24,00 504,00 20,00 24,00 504,00 20,00 24,00 504,00 17,00 26,00 442,00 17,00 26,00 442,00 15,00 25,50 382,50 19,30 26,00 500,50 17,00 26,03 442,50 17,00 26,03 442,50 17,00 26,03 442,50 17,00 26,03 442,50 17,00 26,03 442,50 17,00 26,03 442,50 26,00 23,40 576,00 26,00 23,70 403,00 19,00 26,08 495,52 19,00 26,08 495,52 19,00 26,08 495,52 19,00 26,08 495,52 19,00 26,08 495,52 19,00 26,08 495,52 17,00 27,50 467,50 17,00 27,50 467,50 17,00 27,50 467,50 17,00 28,23 480,00 17,00 28,23 480,00 17,00 28,23 480,00 17,00 28,23 480,00 17,00 28,23 480,00 19,00 27,30 518,70 19,00 27,30 518,70 19,00 27,30 518,70 15,00 31,95 479,20 17,00 28,18 479,10 17,00 28,18 479,10

Tabela 4A - Número de horas, temperatura média e número de horas-grau do

início da alimentação exógena, para larvas de piabanha

Número de Temperatura Horas-grau do início da

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89

horas média alimentação exógena

24,00 28,14 703,50

27,66 26,00 725,00

27,66 26,00 725,00

28,00 26,44 740,00

28,00 26,44 740,00

28,00 26,44 740,00

28,30 26,20 739,50

29,00 26,31 763,00

29,00 26,31 763,00

29,00 26,31 763,00

30,00 25,50 766,20

30,00 25,50 766,20

30,00 25,50 766,20

30,00 25,50 766,20

30,00 25,50 766,20

30,00 25,50 766,20

30,50 26,05 794,50

30,50 26,05 794,50

30,50 26,05 794,50

30,50 26,05 794,50

30,50 26,05 794,50

31,00 27,50 852,50

31,00 26,69 827,39

31,00 26,69 827,39

31,00 26,69 827,39

31,00 26,69 827,39

31,00 26,69 827,39

31,00 26,69 827,39

31,00 28,40 860,60

31,00 28,40 860,60