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LAZER&INFORMAÇÃO PAGINA 7 •_ DOMINGO, 3 DE MARÇO DE 1991 A TARDE COLUNA DO IGUATEMI. Últimos dios do liquidação e promoção dos carros Aproveite os últimos dias para comprar barato na Liquidação Premiada do Iguatemi e concorrer ao sorteio dos últimos nove carros. A liquidação termina no dia 9 de março {sábado), mas você só poderá trocar suas notas fiscais no valor de Cr$30 mil por um cupom até as 22 horas do dia 8 de março. Isto porque o sorteio dos Fiat Uno Mille será realizado no dia 9 de março pela Loteria Federal, Entáo corra para a Liquidação Premiada, que tem preços abaixo da labela nas 350 lojas do iguatemi. Além de comprar abaixo do congelamento. você ainda poderá levar para a sua casa um carro zerinho. Dicas da Liquidação Premiada Iguatemi E 'Jeito de Viver, 2? Piso Blusa de viscose Cr$1.990,00; conjunlo jeans blusa e : bermuda Cr$3.990.00. e calça estampada pantalona Cr$3.590,00. 'Impressão Digital, 2? Piso Bermuda de brim várias cores Cr$1.990.00; camiseta de malha Cr$1 690,00; blusa de malha Cr$2.290.00 e biquini CrSI ,990,00. •Adrielle,.^ Pi 50 . Sapatilha de camurça Cr$1-99O,Ò0; sapatilha de lona Cr$2.500.00; Sandália Melissa 05930,00, e Scarpan New Face e Pára-Raio CrS3,500.00, 'Kosmétfca, 2? Piso, Baton Coty Girl Cr$400.00; shampoo Capi Vida CrS200.00; talco Herbíssimo CrS250.00 e bronzeador ^Califórnia Max Falor Cr$600,00, "'Sandpiper, Alameda das Griffes, 3? Piso, Camisa de malha com diversas estampas Cr$2:520,00; camisa popeline Cr$4,030.00; camiseta básica Cr$1 750.00 e shorl TacTel Cr$3.770.00. •Crls & Co, 3? Piso, Macacão Cr$3.880.00: blusa de linho Cr$l ,980,00 e conjunto javanesa Cr$9,980,00, 'Espaço Infantil, Alameda Infantil, 3? Piso. Vestido Cotton Lycra Cr$2.550.00; conjunto seia jeans Cr$4,700, e conjunto bermuda de menino Cr$3-900,00, Bahia. Camaval e Povo: fotos de Tadeu Miranda €xposições & Lançamento •Bahia, Carnaval e o Povo, Praça Jorge 1 Amado, 1? Piso. Tudo o que aconteceu - ao longo do trecho Campo Grande-Praça I Castro Alves durante o Carnaval foi I registrado pelo fotógrafo Tadeu Miranda ; para esta exposição. Fantasias originais, i blocos de trios e afros, foliões de todos I os tipos, enfim, todos os detalhes da folia 1 estão retratados em diversas fotografias ; que compõem esta mostra. Nesta exposição, quem se interessar pelas fotografias também poderá comprá-las. •Fotografia na Tela, Praça Clemenlino Fraga, 3? Piso. Exposição do fotógrafo Osmar Souto Gomes, que mostra sua técnica de fototelas. São fotografias em telas semelhantes a uma pintura. ,'Abstração Geométrica, 1? Piso, junto ;ao busto de Jorge Amado. Exposição de Irabalhos contemporâneos do artista plástico Antõnio Salles, que, através de jeores fortes, utiliza uma linguagem ;espacial em primeiro plano. /Dever de Rua... Uma Rebelião [Pedagógica. Título do 11? livro do professor Geraldo Soares, que será jjançado nesta quinta-feira (07/03). a partir •de 18 horas, na Praça Gal Cosia, 1? Piso. i r. O SHOPPING QA BAHIA a quinta-leira, 14 de teve- |TT| relro, os trios elétricos aln- LkJ da não tinham dado os pri- meiros acordes do Carnavai de 1991, quando um grupo de pes- soas de diversas profissões e de idades que variavam de 22 a 57 anos deu os primeiros pas- sos de uma caminhada que era também um desafio: percorrer 130km, a pé, da Praia do Forte até Mangue Seco, onde o Rio Real dá um ponto final à fron- teira norte do estado da Bahia. Os andarilhos ou trekkistas praticantes de longas caminha- das) teriam seis dias para ven- cer as distâncias e as dificul- dades próprias da empreitada: o caior, o soi forte do Verão, as areias que ampliavam os es- forços, a travessia dos rios, distensões musculares e bo- lhas nos pés, alérn, é claro, dos imprevistos que todos sabiam serem próprios desse tipo de aventura. Enfim, eles trocavam as multidões e o barulho ensur- decedor das avenidas por hori- zontes de céu, mar e siiénclo; a agitação peia serenidade e o risco pelo risco — uma expe^ riência inesquecível, construí- da com os laços fortes do com- panheirismo e da solidarieda- de. REPÓRTER L&l CARLOS RIBEIRO Aventura sobre os pés mais, alargados às vezes pelo fascínio, às vezes pela dor. De repente, cada pes- soa se percebia como comandante e marinheiro do seu próprio barco nave- gando no seu próprio oceano. Augusto Faria, 25 anos, professor de Inglês (um dos nove que conseguiram fazer todo o percurso a pé), chegou a Mangue Seco às 20h30min, da Quarta- Feira de Cinzas, com passos de múmia (fortes dores nos músculos da perna es- querda impediam-no de dobrá-la), mas com uma felicidade contagiante. mui- to importante pra mim pensar que eu conheço todo aquele litoral, centímetro por centímetro, que eu andei por aque- les espaços amplos, e eu vi aquele mar imenso que parecia não ter fim, e que eu cheguei ao fim do caminho que eu »• w*. V - n iii. ^.âfíkãÊà 1 H expedição, organizada pelos jor- nalistas Ney Sá, Carlos Ribeiro e peta terapeuta Lúcia'Barreto, exi- giu alguns meses de esludo da região e das necessidades que os participantes teriam para superar as dificuldades. As- sim, o percurso entre cada ponto de apoio, bem como os horários adequa- dos para a caminhada, foram calculados com base em distâncias médias de 20km diários e na tábua de maré. Para cumprir o objetivo inicial de conhecer uma das mais belas regiões do litoral brasileiro sem sacrificar os participantes com esforços desnecessários, optou-se de, porque essa história de caminhar pela inclusão de um microônibus que • não é só caminhar; é uma terapia, às faria o percurso por terra, transportando vezes dolorosa, mas sempre válida. É barracas, água e alimentos, além das eventuais "baixas" no grupo, ató os lo- cais onde seriam feitas as pernoites. O andarilho levaria na mochila, durante a caminhada, apenas o essencial: uma ra- ção diária de alimentos balanceados, protetor solar, medicamentos e cantil com água. Um facão foi também um ins- trumento valioso para a obtenção de água e comida abundantes nos coquei- rais que margeiam todo o caminho. AMPLIANDO OS HORIZONTES No decorrer da caminhada, logo ce- do, o grupo percebeu que o objetivo ini- cial de conhecimento das paradisíacas praias do litoral norte era apenas um ponto do partida. De repente, cada pes- soa divisava uma paisagem interior cu- jos horizontes se ampliavam mais e um proporciona uma reflexão sobre a própria vida. num sentido mais amplo. Isso está ligado estritamente ao ato de caminhar, que é um ato individual. Os veículos modernos igualam as potencia- lidades humanas, A caminhada, no en- tanlo, coloca as pessoas diante das suas próprias possibilidades, que sâo diferentes para cada uma. A pessoa se depara com o cansaço, com a dor física, com o meio ambiente praticamente sem nenhum abrigo, sem nenhuma proteção artificial. Então você tem que sintonizar o seu ritmo com o ritmo da natureza e com o próprio ciclo vital dos dias e das noites, da Lua. do Sol. das marés. Você experimenta contalos individuais profundos e partilha isso com outras pessoas, o que leva a um entendimento da solidariedade. Uma coisa é certa: nin- doca e minho g uérT1 vol,a da maneira que . foram foi apesaras Na caminhada, a solida- dificuldades, nedade e a vitória podem ser vividas de (ormas dife- rentes e lerem um signifi- cado às vezes diversos pa- ra cada pessoa Para Lu- crécia Ribeiro, 32 anos. que desistiu de seguir a pé logo após o primeiro trecho, da Praia do Forte a Porto Sauí- pe, a satisfação maior foi prestar uma valiosa colabo- ração, no grupo de apoio, para que os demais (in- cluindo ai o seu marido. Jo- sé Ribeiro Cosia. 43 anos) tivesse todas as facilidades possíveis para alcançar o objetivo de chegar cami- nhando ao destino final. Para Valmór Pereira da Mata, 36 anos, fotógrafo e funcionário do Pólo Pelro- químico, dono de um Inveja» vel preparo físico, a recom- pensa maior foi a gratidão dos companheiros mais es- tropiados, os últimos da fila, aos quais preslou um im- prescindível apoio físico e moral. Por outro lado, Júlio Danlas Filho, 39 anos. ad- ministrador de empresas, preferia chegar primeiro aos pontos de apoio e aju- dar nos preparativos para receber os que chegavam depois. Júlio foi o primeiro a chegar a Mangue Seco e era um dos que maia se preocupavam com a segu- rança no trajeto. Retornou paracasasãoesalvo, sem queixar-se da menor dor. Na manhã seguinte (sexta- feira 14) foi atropelado quando corria na Avenida Anlônio Carlos Magalhães, em frente ao Parque da Ci- dade. Morreu quando dava enlrada no Hospilal Geral do Estado — uma lacuna dolorosa e pungente no grupo, que durante uma se- mana compartilhou a dor e a alegria de um desafio. "É estranho isso", diz Vilor Luís Curvelo Sarno, 22 anos, estudante de Econo- mia. "A gente faz um per- curso de 130 km de risco, de perigo e nào aconlece nada, lodos voltam felizes da vida, E, no enlanto, aqui na cidade, a genle dois passos e morre, Enlão, não é uma coisa tão absurda, esquisita, fazer uma aven- tura daquela. Arriscado é vi- ver". Participaram da cami- nhada: Luiz Trinchâo, Eneida Barreto Leite, Ana Maria Vieira, Nilton Ribeiro Couli- nho, Júlio Dantas Filho, Lyn Browne de Moraes Ribeiro, Lucrécia Ribeiro Costa, Jo- sé Ribeiro Costa, Sérgio Luiz Souza Sanlos, Gilvan- dro de Almeida Rosa. Neu- sa Dias Andrade, Valmôr Pereira da Mala. Vilor Luis Curvelo Sarno, Simone de Souza Cam- pos, Auguslo Fana. Ivone Gazoli Davi, Albano Davi, Márcia Araujo. Alexandre Castanho. Alexandre Castanho Filho, Lúcia Barreto, Ney Sá e Carlos Ribeiro OUTRAS CAflfllNHADAS Considerado um dos exercícios mais completos e saudáveis, o trekkmg pode ser também uma lorma eficaz e barata de conhecimenlo da natureza e, sobre- tudo, de auloconhecimento. Com o obje- tivo de eslimular e difundir essa prática, de forma organizada e enaliva, os jorna- listas Carlos Ribeiro e Ney Sá criaram em Salvador o Núcleo de Expedições Veredas. Dentre as-atividades previstas para o primeiro semesire deste ano es- tão rogramados o l Curso de Sobrevi- vência em Ambientes Selvagens, incur- sões ao Vale do Rio das Almas. Ca- choeira da Fumaça por baixo. Vale do Paly. Tabuleiro da Pedra Branca. Gruta dos Brejôes e Vale do Jequmçá, entre outras. O núcleo realiza também ativida- des científicas de conhecimento de ecossistemas através do Clube de Ob- servadores de Aves. além de palestras, apresentação de slides e trabalhos edu- cativos em escolas, universidades e ins- tituições diversas Os interessados po- dem entrar em contato com o núcleo através dos telefo- nes 240-1785 e 230-6043 ' ou na Rua do Paraíso, 37. sala 5, Centro. . CARLOS RIBEIRO f> /omalista e colaborador' "Iree-lancer do Qualquer embarcação serviu para cruzar os rios, na árdua tarefa de percorrer I30km a pé. me propus chegar. Eu absorvi aquela plenitude; a nalureza me ensinando a viver com ela e como conviver com pes- soas em momentos de dificuldade. Vol- tei com uma carga nova para viver, em- bora não saiba ainda como vou colocar isso na prática". Simone de Souza Campos, 28 anos, veterinária, foi oulra que conseguiu che- gar ao destino a duras penas, mas com o coração leve. Para se ter uma ideia do seu humor, no último Irecho da cami- nhada, afirmou quo. caso sobrevivesse e esta, criaria uma agência de excur- sões; a Calos & Bolhas Cia. Ltda. 'Pra mim foi uma transformação muilo gran- quando a gente descobre qualidades e supera defeitos; é quando a gente des- cobre que pode viver com muito menos do que a gente vive no nosso dia-a-dia. O importanle é cumprir o objelivo que a gente se dispôs a cumprir com alegria e solidariedade: lodo mundo em torno daquela história de chegar andando. É um sentimento compartilhado que pas- sa a ser uma experiôncia coletiva. En- fim, voltei outra pessoa, não sou mais a mesma. Ainda bem: as mudanças não me desagradam, muilo pelo contrário". VITÓRIA Ney Sá. 31 anos. jornalista e um doa organizadores da expedição, entende que a viagem é, antes de tudo. uma experiência de transformação. "Os con- talos com os limiles pessoais de cada • POMTOb Ct PARftCA • " " ' ITlNERARO

REPÓRTER L&l COLUNA DO IGUATEMI. Aventura sobre os pés - … · 2013-08-02 · meiros acordes do Carnavai de 1991, quando um grupo de pes soas de diversas profissões e de idades

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LAZER&INFORMAÇÃO PAGINA 7 • _

DOMINGO, 3 DE MARÇO DE 1991 A TARDE

COLUNA DO IGUATEMI.

Últimos dios do liquidação e promoção dos carros

Aproveite os últimos dias para comprar barato na Liquidação Premiada do Iguatemi e concorrer ao sorteio dos últimos nove carros. A liquidação termina no dia 9 de março {sábado), mas você só poderá trocar suas notas fiscais no valor de Cr$30 mil por um cupom até as 22 horas do dia 8 de março. Isto porque o sorteio dos Fiat Uno Mille será realizado no dia 9 de março pela Loteria Federal, Entáo corra para a Liquidação Premiada, que tem preços abaixo da labela nas 350 lojas do iguatemi. Além de comprar abaixo do congelamento. você ainda poderá levar para a sua casa um carro zerinho.

Dicas da Liquidação Premiada Iguatemi

E 'Jeito de Viver, 2? Piso Blusa de viscose Cr$1.990,00; conjunlo jeans blusa e

: bermuda Cr$3.990.00. e calça estampada pantalona Cr$3.590,00. 'Impressão Digital, 2? Piso Bermuda de brim várias cores Cr$1.990.00; camiseta de malha Cr$1 690,00; blusa de malha Cr$2.290.00 e biquini CrSI ,990,00. •Adrielle,.^ Pi50. Sapatilha de camurça Cr$1-99O,Ò0; sapatilha de lona Cr$2.500.00; Sandália Melissa 05930,00, e Scarpan New Face e Pára-Raio CrS3,500.00, 'Kosmétfca, 2? Piso, Baton Coty Girl Cr$400.00; shampoo Capi Vida CrS200.00; talco Herbíssimo CrS250.00 e bronzeador

^Califórnia Max Falor Cr$600,00, "'Sandpiper, Alameda das Griffes, 3? Piso,

Camisa de malha com diversas estampas Cr$2:520,00; camisa popeline Cr$4,030.00; camiseta básica Cr$1 750.00 e shorl TacTel Cr$3.770.00. •Crls & Co, 3? Piso, Macacão Cr$3.880.00: blusa de linho Cr$l ,980,00 e conjunto javanesa Cr$9,980,00, 'Espaço Infantil, Alameda Infantil, 3? Piso. Vestido Cotton Lycra Cr$2.550.00; conjunto seia jeans Cr$4,700, e conjunto bermuda de menino Cr$3-900,00,

Bahia. Camaval e Povo: fotos de Tadeu Miranda

€xposições & Lançamento •Bahia, Carnaval e o Povo, Praça Jorge

1 Amado, 1? Piso. Tudo o que aconteceu - ao longo do trecho Campo Grande-Praça I Castro Alves durante o Carnaval foi I registrado pelo fotógrafo Tadeu Miranda ; para esta exposição. Fantasias originais, i blocos de trios e afros, foliões de todos I os tipos, enfim, todos os detalhes da folia 1 estão retratados em diversas fotografias ; que compõem esta mostra. Nesta exposição, quem se interessar pelas fotografias também poderá comprá-las.

•Fotografia na Tela, Praça Clemenlino Fraga, 3? Piso. Exposição do fotógrafo Osmar Souto Gomes, que mostra sua técnica de fototelas. São fotografias em telas semelhantes a uma pintura.

,'Abstração Geométrica, 1? Piso, junto ;ao busto de Jorge Amado. Exposição de Irabalhos contemporâneos do artista plástico Antõnio Salles, que, através de jeores fortes, utiliza uma linguagem ;espacial em primeiro plano.

/Dever de Rua... Uma Rebelião [Pedagógica. Título do 11? livro do professor Geraldo Soares, que será jjançado nesta quinta-feira (07/03). a partir •de 18 horas, na Praça Gal Cosia, 1? Piso.

i r. O SHOPPING QA BAHIA

a quinta-leira, 14 de teve-|TT| relro, os trios elétricos aln-L kJ da não tinham dado os pri­meiros acordes do Carnavai de 1991, quando um grupo de pes­soas de diversas profissões e de idades que variavam de 22 a 57 anos deu os primeiros pas­sos de uma caminhada que era também um desafio: percorrer 130km, a pé, da Praia do Forte até Mangue Seco, iá onde o Rio Real dá um ponto final à fron­teira norte do estado da Bahia.

Os andarilhos ou trekkistas praticantes de longas caminha­das) teriam seis dias para ven­cer as distâncias e as dificul­dades próprias da empreitada: o caior, o soi forte do Verão, as areias que ampliavam os es­forços, a travessia dos rios, distensões musculares e bo­lhas nos pés, alérn, é claro, dos imprevistos que todos sabiam serem próprios desse tipo de aventura. Enfim, eles trocavam as multidões e o barulho ensur­decedor das avenidas por hori­zontes de céu, mar e siiénclo; a agitação peia serenidade e o risco pelo risco — uma expe^ riência inesquecível, construí­da com os laços fortes do com­panheirismo e da solidarieda­de.

REPÓRTER L&l CARLOS RIBEIRO

Aventura sobre os pés

mais, alargados às vezes pelo fascínio, às vezes pela dor. De repente, cada pes­soa se percebia como comandante e marinheiro do seu próprio barco nave­gando no seu próprio oceano.

Augusto Faria, 25 anos, professor de Inglês (um dos nove que conseguiram fazer todo o percurso a pé), chegou a Mangue Seco às 20h30min, da Quarta-Feira de Cinzas, com passos de múmia (fortes dores nos músculos da perna es­querda impediam-no de dobrá-la), mas com uma felicidade contagiante. "É mui­to importante pra mim pensar que eu conheço todo aquele litoral, centímetro por centímetro, que eu andei por aque­les espaços amplos, e eu vi aquele mar imenso que parecia não ter fim, e que eu cheguei ao fim do caminho que eu

»• w*. • V -n iii.

^ .âf íkãÊà

1

Hexpedição, organizada pelos jor­nalistas Ney Sá, Carlos Ribeiro e peta terapeuta Lúcia'Barreto, exi­

giu alguns meses de esludo da região e das necessidades que os participantes teriam para superar as dificuldades. As­sim, o percurso entre cada ponto de apoio, bem como os horários adequa­dos para a caminhada, foram calculados com base em distâncias médias de 20km diários e na tábua de maré. Para cumprir o objetivo inicial de conhecer uma das mais belas regiões do litoral brasileiro sem sacrificar os participantes com esforços desnecessários, optou-se de, porque essa história de caminhar pela inclusão de um microônibus que • não é só caminhar; é uma terapia, às faria o percurso por terra, transportando vezes dolorosa, mas sempre válida. É barracas, água e alimentos, além das eventuais "baixas" no grupo, ató os lo­cais onde seriam feitas as pernoites. O andarilho levaria na mochila, durante a caminhada, apenas o essencial: uma ra­ção diária de alimentos balanceados, protetor solar, medicamentos e cantil com água. Um facão foi também um ins­trumento valioso para a obtenção de água e comida abundantes nos coquei­rais que margeiam todo o caminho.

AMPLIANDO OS HORIZONTES

No decorrer da caminhada, logo ce­do, o grupo percebeu que o objetivo ini­cial de conhecimento das paradisíacas praias do litoral norte era apenas um ponto do partida. De repente, cada pes­soa divisava uma paisagem interior cu­jos horizontes se ampliavam mais e

um proporciona uma reflexão sobre a própria vida. num sentido mais amplo. Isso está ligado estritamente ao ato de caminhar, que é um ato individual. Os veículos modernos igualam as potencia­lidades humanas, A caminhada, no en­tanlo, coloca as pessoas diante das suas próprias possibilidades, que sâo diferentes para cada uma. A pessoa se depara com o cansaço, com a dor física, com o meio ambiente praticamente sem nenhum abrigo, sem nenhuma proteção artificial. Então você tem que sintonizar o seu ritmo com o ritmo da natureza e com o próprio ciclo vital dos dias e das noites, da Lua. do Sol. das marés. Você experimenta contalos individuais profundos e partilha isso com outras pessoas, o que leva a um entendimento da solidariedade. Uma coisa é certa: nin-

docaeminho guérT1 v o l , a d a maneira que . foram foi

apesaras Na caminhada, a solida-dificuldades, nedade e a vitória podem

ser vividas de (ormas dife­rentes e lerem um signifi­cado às vezes diversos pa­ra cada pessoa Para Lu­crécia Ribeiro, 32 anos. que desistiu de seguir a pé logo após o primeiro trecho, da Praia do Forte a Porto Sauí-pe, a satisfação maior foi prestar uma valiosa colabo­ração, no grupo de apoio, para que os demais (in­cluindo ai o seu marido. Jo­sé Ribeiro Cosia. 43 anos) tivesse todas as facilidades possíveis para alcançar o objetivo de chegar cami­nhando ao destino final.

Para Valmór Pereira da Mata, 36 anos, fotógrafo e funcionário do Pólo Pelro­químico, dono de um Inveja» vel preparo físico, a recom­pensa maior foi a gratidão dos companheiros mais es­tropiados, os últimos da fila, aos quais preslou um im­prescindível apoio físico e moral. Por outro lado, Júlio Danlas Filho, 39 anos. ad­ministrador de empresas, preferia chegar primeiro aos pontos de apoio e aju­dar nos preparativos para receber os que chegavam depois. Júlio foi o primeiro a chegar a Mangue Seco e era um dos que maia se preocupavam com a segu­rança no trajeto. Retornou paracasasãoesalvo, sem queixar-se da menor dor. Na manhã seguinte (sexta-feira 14) foi atropelado quando corria na Avenida Anlônio Carlos Magalhães, em frente ao Parque da Ci­dade. Morreu quando dava enlrada no Hospilal Geral do Estado — uma lacuna dolorosa e pungente no grupo, que durante uma se­mana compartilhou a dor e a alegria de um desafio.

"É estranho isso", diz Vilor Luís Curvelo Sarno, 22 anos, estudante de Econo­mia. "A gente faz um per­curso de 130 km de risco, de perigo e nào aconlece nada, lodos voltam felizes da vida, E, no enlanto, aqui na cidade, a genle dá dois passos e morre, Enlão, não é uma coisa tão absurda, esquisita, fazer uma aven­tura daquela. Arriscado é vi­ver".

Participaram da cami­nhada:

Luiz Trinchâo, Eneida Barreto Leite, Ana Maria Vieira, Nilton Ribeiro Couli­nho, Júlio Dantas Filho, Lyn Browne de Moraes Ribeiro, Lucrécia Ribeiro Costa, Jo­sé Ribeiro Costa, Sérgio Luiz Souza Sanlos, Gilvan-dro de Almeida Rosa. Neu­sa Dias Andrade, Valmôr Pereira da Mala. Vilor Luis

Curvelo Sarno, Simone de Souza Cam­pos, Auguslo Fana. Ivone Gazoli Davi, Albano Davi, Márcia Araujo. Alexandre Castanho. Alexandre Castanho Filho, Lúcia Barreto, Ney Sá e Carlos Ribeiro

OUTRAS CAflfllNHADAS

Considerado um dos exercícios mais completos e saudáveis, o trekkmg pode ser também uma lorma eficaz e barata de conhecimenlo da natureza e, sobre­tudo, de auloconhecimento. Com o obje­tivo de eslimular e difundir essa prática, de forma organizada e enaliva, os jorna­listas Carlos Ribeiro e Ney Sá criaram em Salvador o Núcleo de Expedições Veredas. Dentre as-atividades previstas para o primeiro semesire deste ano es­tão rogramados o l Curso de Sobrevi­vência em Ambientes Selvagens, incur­sões ao Vale do Rio das Almas. Ca­choeira da Fumaça por baixo. Vale do Paly. Tabuleiro da Pedra Branca. Gruta dos Brejôes e Vale do Jequmçá, entre outras. O núcleo realiza também ativida­des científicas de conhecimento de ecossistemas através do Clube de Ob­servadores de Aves. além de palestras, apresentação de slides e trabalhos edu­cativos em escolas, universidades e ins­tituições diversas Os interessados po­dem entrar em contato com o núcleo através dos telefo­nes 240-1785 e 230-6043 ' ou na Rua do Paraíso, 37. sala 5, Centro. .

CARLOS RIBEIRO f> /omalista e colaborador'

"Iree-lancer do

Qualquer embarcação serviu para cruzar os rios, na árdua tarefa de percorrer I30km a pé.

me propus chegar. Eu absorvi aquela plenitude; a nalureza me ensinando a viver com ela e como conviver com pes­soas em momentos de dificuldade. Vol­tei com uma carga nova para viver, em­bora não saiba ainda como vou colocar isso na prática".

Simone de Souza Campos, 28 anos, veterinária, foi oulra que conseguiu che­gar ao destino a duras penas, mas com o coração leve. Para se ter uma ideia do seu humor, no último Irecho da cami­nhada, afirmou quo. caso sobrevivesse e esta, criaria uma agência de excur­sões; a Calos & Bolhas Cia. Ltda. 'Pra mim foi uma transformação muilo gran-

quando a gente descobre qualidades e supera defeitos; é quando a gente des­cobre que pode viver com muito menos do que a gente vive no nosso dia-a-dia. O importanle é cumprir o objelivo que a gente se dispôs a cumprir com alegria e solidariedade: lodo mundo em torno daquela história de chegar andando. É um sentimento compartilhado que pas­sa a ser uma experiôncia coletiva. En­fim, voltei outra pessoa, não sou mais a mesma. Ainda bem: as mudanças não me desagradam, muilo pelo contrário".

VITÓRIA

Ney Sá. 31 anos. jornalista e um doa organizadores da expedição, entende que a viagem é, antes de tudo. uma experiência de transformação. "Os con­talos com os limiles pessoais de cada

• POMTOb Ct PARftCA

• " " ' ITlNERARO