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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL l a cAMARA Ac6RD.AO N. o 406/2016 PROCESSO N. 0 512-A/2016 (Recurso Ordimirio de Inconstitucionalidade) Em nome do povo, acordam em Sessao da Primeira Camara do Tribunal Constitucional: I. RELAT6R10 David Joaquim Cbinhenga Boio, com os demais dados de identifica<;ao nos autos, interp6s recurso ordinario de inconstitucionalidade, nos tennos da alinea c) do n.o 1 e do n.O 3 do artigo 36.° da Lei n.o 3/08, de 17 de Julho - Lei do Processo Constitucional -LPC, na sequencia do Processo n.o 59/2015 que correu os seus tramites na 2.a Sec<;ao da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial do Huambo, em que suscitou, na audiencia de julgamento, a inconstitucionalidade dos artigos 12.°, 13.° e 14.° do Decreto n.o 231179, de 16 de Julho - Que Disciplina 0 Transito Autom6vel. '" No citado processo, foi 0 aqui Recorrente acusado e pronunciado pelos 'v 0 crimes de Homicidio com culpa grave, de Of ens as Corporais com culpa \. grave e de Danos com culpa grave, previsto e punido pelos artigos 12.°,13.° e 14.° do Decreto n.o 231/79. Em audiencia de julgamento 0 aqui Recorrente inconfonnado com a pronuncia, levantou, a titulo de questao previa, a questao da inconstitucionalidade do Decreto n.o 231/79,por entender ter sido 1

REPUBLICA DE ANGOLA · nao do Decreto n.o . 231/79, de 16 de Julho. 2. 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao n.o . 328/2014 . conc1uiu a sua . aprecia~ao, dizendo, que com a entrada

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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

l a cAMARA

Ac6RDAO No 4062016

PROCESSO N 0 512-A2016

(Recurso Ordimirio de Inconstitucionalidade)

Em nome do povo acordam em Sessao da Primeira Camara do Tribunal Constitucional

I RELAT6R10

David Joaquim Cbinhenga Boio com os demais dados de identificaltao nos autos interp6s recurso ordinario de inconstitucionalidade nos tennos da alinea c) do no 1 e do nO 3 do artigo 36deg da Lei no 308 de 17 de Julho shyLei do Processo Constitucional -LPC na sequencia do Processo no 592015

que correu os seus tramites na 2a Secltao da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial do Huambo em que suscitou na audiencia de julgamento a inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto ~

no 231179 de 16 de Julho - Que Disciplina 0 Transito Autom6vel ~ l~

No citado processo foi 0 aqui Recorrente acusado e pronunciado pelos v 0 crimes de Homicidio com culpa grave de Ofensas Corporais com culpa ~ grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pelos artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 23179 Em audiencia de julgamento 0 aqui Recorrente inconfonnado com a pronuncia levantou a titulo de questao previa a questao da inconstitucionalidade do Decreto no 23179por entender ter sido

1

o mesmo diploma legal julgado inconstitucional pelo Ac6rdao no 3282014

do Tribunal Constitucional

Emsede de alega~6es 0 Recorrente fundamenta 0 seu pedido alegando no essencial que

1 Em sede de audiencia de julgamento em que ele aqui Recorrente era Reu acusado pela pnitica dos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofensas Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave suscitou a inconstitucionalidade do Decreto no 231179 de 16 de Julho

2 Procedeu mal 0 Tribunal da causa por considerar que 0 Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional que julgou inconstitucional 0

Decreto no 231179 de 16 de Julho apenas produzia efeitos no processo em que foi suscitada a questao da inconstitucionalidade

1 0 Tribunal foi infeliz no seu julgamento pois 0 Tribunal Constitucional ao apreciar 0 recurso que the havia sido interposto fez uma abordagem geral e concreta debru~ando-se sobre a vigencia ou nao do Decreto no 23179 de 16 de Julho

2 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao no 3282014 conc1uiu a sua aprecia~ao dizendo que com a entrada em vigor do Decreto-Lei no 5108 de 29 de Setembro que aprovou 0 novo C6digo de Estrada operou-se uma revoga~ao tacita do Decreto no 231179 no que respeita aos crimes e contraven~6es cometidos no exercicio da condu~ao autom6vel

3 0 Tribunal da causa ao julgar e condenar 0 ora Recorrente com base nos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto n o 23179 de 16 de Julho violou 0 principio da legalidade estabelecido nos nOs 1 e 2 do artigo 65deg da Constitui~ao da Republica de Angola - CRA

o Recorrente termina pedindo que se de provimento ao recurso de inconstitucionalidade da aplica~ao do Decreto no 231179 de 16 de Julho no que aos crimes e contraven~6es diz respeito e em consequencia seJa reformada a senten~a nos termos no no 2 do artigo 47deg da LPC

2

II COMPETENCIA DO TRIBUNAL

o presente recurso foi interposto nos tennos e com os fundamentos da alinea c) do n deg 1 do artigo 36deg da LPC nonna que estabelece 0 ambito do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional de senten~as dos demais tribunais que apliquem norma ja antenormente julgada

inconstitudonal pelo Tribunal Constitudonaf alia do ao facto de tratar-se de uma senten~a final proferida pel0 Tribunal da causa em respeito ao preceituado no no 3 do artigo 36deg da LPC

Pelo que 0 Tribunal Constitucional ecompetente para se pronunciar sobre 0 recurso em apre~o

ill LEGITIMIDADE

No presente processo tern legitimidade para interpor recurso ordinario de inconstitucionalidade As pessoas que de acordo com a lei reguladora do processo

em que a decisao foi proferida tenham legitimidade para dela interpor recurso

ordinario desde que tenham suscitado a inconstitucionalidade perante 0 tribunal que

proferiu a decisiio recomda e em termos deste estar obrigado a dela conhecer nos tennos da alinea b) do artigo 37deg da LPC

Consagrando 0 artigo 2deg da LPC a aplica~ao subsidiciria das nonnas do C6digo de Processo Civil aos processos de natureza juridico shyconstitucionais pode recorrer aquele que sendo parte principal na causa tenha ficado vencido nos tennos do nO 1 do artigo 680deg do C6digo do Processo Civil (CPC)

o aqui Recorrente e parte legitima pelo seu interesse em recorrer na qualidade de Reu no Processo no 592015 e por ter suscitado oportunamente a questao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13 deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho perante 0 tribunal que proferiu a decisao recorrida

3

IV OBJECTO DO RECURSO

o objecto do presente recurso e limitado a aprecia~ao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto ndeg 231179 de 16 de Julho no ambito do Processo no 592015

Ora e fundamento para 0 recurso ordinario de inconstitucionalidade a senten~a final proferida pelo Tribunal da causa da qual deve constar a norma ou principio cuja constitucionalidade tenha sido suscitada e que pretende que 0

Tribunal Constitucional aprecie nos termos da alinea b) do nO 1 do artigo 41deg daLPC

Foi 0 processo remetido a vista da Digna Representante do Ministerio Publico

Colhidos os vistos dos Venerandos Juizes Conselheiros cumpre agora apreciar para decidir

V APRECIANDO

Impende sobre este Tribunal 0 dever de apreciar se hci efectivamente materia para urn recurso ordinario de inconstitucionalidade pelo que vejamos

a) Enquanto meio de fiscaliza~ao concreta da constitucionalidade 0

Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade surge a prop6sito da aplica~ao de uma determinada norma a uma situa~ao da vida em que o tribunal e chamado a resolver

b) Tern uma dupla natureza objectiva (integra a componente de defesa da primazia da Constitui~ao e subjectiva (engloba a componente de tutela dos direitos fundamentais e demais interesses legitimos das

partes)

c) Ademais 0 recurso ordimlrio de inconstitucionalidade tern natureza incidental quer isso dizer que 0 efeito da decisao que venha a ser proferida pelo Tribunal Constitucional circunscreve-se a questao da

L ~

~

V ~

3 ~

inconstitucionalidade suscitada durante 0 processo 0 que resulta claro do previsto no no 1 do artigo 47deg da LPC A decisiio do recurso pelo

4

Tribunal Constitucional Jaz caso julgado no processo quanto d questiio da

inconstitucionalidade levantada e apenas no processo em que Joi levantada

(negrito e sublinhado nosso)

No rigor dos termos a decisao do Tribunal Constitucional no ambito do recurso ordimirio de inconstitucionalidade nao produz efeito directo fora do processo em que foi proferida nos termos do nO 1 do artigo 47deg da LPC

Logo uma norma (entenda-se urn artigo especifico con stante de urn determinado diploma legal) julgada inconstitucional num determinado caso concreto pode continuar a ser aplicada noutros processos pelos tribunais a margem do pronunciamento anterior do Tribunal Constitucional

Da leitura da decisao do citado Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional e possiveller-se na parte final do mesmo a seguinte decisao Acordam em Plenario os Juizes Conselheiros do Tribunal Constitucional em dar

provimento ao recurso declarando inconstitucional a aplicafiio dos artigos 23 0 e 24 0

do Decreto n 0231179 de 16 de Julho (negrito e sublinhado nosso)

o juizo de inconstitucionalidade nesta especie de recurso recai sobre a aplicacao da normalartigo

Por outro lado

Cabe recurso ordinario de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as sentensas que apliquem norma ja anteriormente julgada

inconstitucional pelo Tribunal Constitucional alinea c) do ndeg 1 do artigo 36 deg da LPC (negrito e sublinhado nosso)

No presente recurso observamos que 0 Recorrente foi acusado e pronunciado pelos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofens as Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pe10s artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho

Porem aquando da condenacao 0 Tribunal da causa entendeu nao ter 0 ai Reu agido com culpa grave motivo que 0 levou a convolar os crimes de que o mesmo vinha acusado instituto previsto no artigo 447deg do C6digo de Processo Penal (CPP) condenando-o por crime de homicidio involuntmo em concurso com urn crime de ofens as corporais previsto e punido pe10s artigos 368deg e 360deg4deg respectivamente ambos do C6digo Penal (CP)

5

Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

6

OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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o mesmo diploma legal julgado inconstitucional pelo Ac6rdao no 3282014

do Tribunal Constitucional

Emsede de alega~6es 0 Recorrente fundamenta 0 seu pedido alegando no essencial que

1 Em sede de audiencia de julgamento em que ele aqui Recorrente era Reu acusado pela pnitica dos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofensas Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave suscitou a inconstitucionalidade do Decreto no 231179 de 16 de Julho

2 Procedeu mal 0 Tribunal da causa por considerar que 0 Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional que julgou inconstitucional 0

Decreto no 231179 de 16 de Julho apenas produzia efeitos no processo em que foi suscitada a questao da inconstitucionalidade

1 0 Tribunal foi infeliz no seu julgamento pois 0 Tribunal Constitucional ao apreciar 0 recurso que the havia sido interposto fez uma abordagem geral e concreta debru~ando-se sobre a vigencia ou nao do Decreto no 23179 de 16 de Julho

2 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao no 3282014 conc1uiu a sua aprecia~ao dizendo que com a entrada em vigor do Decreto-Lei no 5108 de 29 de Setembro que aprovou 0 novo C6digo de Estrada operou-se uma revoga~ao tacita do Decreto no 231179 no que respeita aos crimes e contraven~6es cometidos no exercicio da condu~ao autom6vel

3 0 Tribunal da causa ao julgar e condenar 0 ora Recorrente com base nos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto n o 23179 de 16 de Julho violou 0 principio da legalidade estabelecido nos nOs 1 e 2 do artigo 65deg da Constitui~ao da Republica de Angola - CRA

o Recorrente termina pedindo que se de provimento ao recurso de inconstitucionalidade da aplica~ao do Decreto no 231179 de 16 de Julho no que aos crimes e contraven~6es diz respeito e em consequencia seJa reformada a senten~a nos termos no no 2 do artigo 47deg da LPC

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II COMPETENCIA DO TRIBUNAL

o presente recurso foi interposto nos tennos e com os fundamentos da alinea c) do n deg 1 do artigo 36deg da LPC nonna que estabelece 0 ambito do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional de senten~as dos demais tribunais que apliquem norma ja antenormente julgada

inconstitudonal pelo Tribunal Constitudonaf alia do ao facto de tratar-se de uma senten~a final proferida pel0 Tribunal da causa em respeito ao preceituado no no 3 do artigo 36deg da LPC

Pelo que 0 Tribunal Constitucional ecompetente para se pronunciar sobre 0 recurso em apre~o

ill LEGITIMIDADE

No presente processo tern legitimidade para interpor recurso ordinario de inconstitucionalidade As pessoas que de acordo com a lei reguladora do processo

em que a decisao foi proferida tenham legitimidade para dela interpor recurso

ordinario desde que tenham suscitado a inconstitucionalidade perante 0 tribunal que

proferiu a decisiio recomda e em termos deste estar obrigado a dela conhecer nos tennos da alinea b) do artigo 37deg da LPC

Consagrando 0 artigo 2deg da LPC a aplica~ao subsidiciria das nonnas do C6digo de Processo Civil aos processos de natureza juridico shyconstitucionais pode recorrer aquele que sendo parte principal na causa tenha ficado vencido nos tennos do nO 1 do artigo 680deg do C6digo do Processo Civil (CPC)

o aqui Recorrente e parte legitima pelo seu interesse em recorrer na qualidade de Reu no Processo no 592015 e por ter suscitado oportunamente a questao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13 deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho perante 0 tribunal que proferiu a decisao recorrida

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IV OBJECTO DO RECURSO

o objecto do presente recurso e limitado a aprecia~ao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto ndeg 231179 de 16 de Julho no ambito do Processo no 592015

Ora e fundamento para 0 recurso ordinario de inconstitucionalidade a senten~a final proferida pelo Tribunal da causa da qual deve constar a norma ou principio cuja constitucionalidade tenha sido suscitada e que pretende que 0

Tribunal Constitucional aprecie nos termos da alinea b) do nO 1 do artigo 41deg daLPC

Foi 0 processo remetido a vista da Digna Representante do Ministerio Publico

Colhidos os vistos dos Venerandos Juizes Conselheiros cumpre agora apreciar para decidir

V APRECIANDO

Impende sobre este Tribunal 0 dever de apreciar se hci efectivamente materia para urn recurso ordinario de inconstitucionalidade pelo que vejamos

a) Enquanto meio de fiscaliza~ao concreta da constitucionalidade 0

Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade surge a prop6sito da aplica~ao de uma determinada norma a uma situa~ao da vida em que o tribunal e chamado a resolver

b) Tern uma dupla natureza objectiva (integra a componente de defesa da primazia da Constitui~ao e subjectiva (engloba a componente de tutela dos direitos fundamentais e demais interesses legitimos das

partes)

c) Ademais 0 recurso ordimlrio de inconstitucionalidade tern natureza incidental quer isso dizer que 0 efeito da decisao que venha a ser proferida pelo Tribunal Constitucional circunscreve-se a questao da

L ~

~

V ~

3 ~

inconstitucionalidade suscitada durante 0 processo 0 que resulta claro do previsto no no 1 do artigo 47deg da LPC A decisiio do recurso pelo

4

Tribunal Constitucional Jaz caso julgado no processo quanto d questiio da

inconstitucionalidade levantada e apenas no processo em que Joi levantada

(negrito e sublinhado nosso)

No rigor dos termos a decisao do Tribunal Constitucional no ambito do recurso ordimirio de inconstitucionalidade nao produz efeito directo fora do processo em que foi proferida nos termos do nO 1 do artigo 47deg da LPC

Logo uma norma (entenda-se urn artigo especifico con stante de urn determinado diploma legal) julgada inconstitucional num determinado caso concreto pode continuar a ser aplicada noutros processos pelos tribunais a margem do pronunciamento anterior do Tribunal Constitucional

Da leitura da decisao do citado Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional e possiveller-se na parte final do mesmo a seguinte decisao Acordam em Plenario os Juizes Conselheiros do Tribunal Constitucional em dar

provimento ao recurso declarando inconstitucional a aplicafiio dos artigos 23 0 e 24 0

do Decreto n 0231179 de 16 de Julho (negrito e sublinhado nosso)

o juizo de inconstitucionalidade nesta especie de recurso recai sobre a aplicacao da normalartigo

Por outro lado

Cabe recurso ordinario de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as sentensas que apliquem norma ja anteriormente julgada

inconstitucional pelo Tribunal Constitucional alinea c) do ndeg 1 do artigo 36 deg da LPC (negrito e sublinhado nosso)

No presente recurso observamos que 0 Recorrente foi acusado e pronunciado pelos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofens as Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pe10s artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho

Porem aquando da condenacao 0 Tribunal da causa entendeu nao ter 0 ai Reu agido com culpa grave motivo que 0 levou a convolar os crimes de que o mesmo vinha acusado instituto previsto no artigo 447deg do C6digo de Processo Penal (CPP) condenando-o por crime de homicidio involuntmo em concurso com urn crime de ofens as corporais previsto e punido pe10s artigos 368deg e 360deg4deg respectivamente ambos do C6digo Penal (CP)

5

Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

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OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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Page 3: REPUBLICA DE ANGOLA · nao do Decreto n.o . 231/79, de 16 de Julho. 2. 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao n.o . 328/2014 . conc1uiu a sua . aprecia~ao, dizendo, que com a entrada

II COMPETENCIA DO TRIBUNAL

o presente recurso foi interposto nos tennos e com os fundamentos da alinea c) do n deg 1 do artigo 36deg da LPC nonna que estabelece 0 ambito do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional de senten~as dos demais tribunais que apliquem norma ja antenormente julgada

inconstitudonal pelo Tribunal Constitudonaf alia do ao facto de tratar-se de uma senten~a final proferida pel0 Tribunal da causa em respeito ao preceituado no no 3 do artigo 36deg da LPC

Pelo que 0 Tribunal Constitucional ecompetente para se pronunciar sobre 0 recurso em apre~o

ill LEGITIMIDADE

No presente processo tern legitimidade para interpor recurso ordinario de inconstitucionalidade As pessoas que de acordo com a lei reguladora do processo

em que a decisao foi proferida tenham legitimidade para dela interpor recurso

ordinario desde que tenham suscitado a inconstitucionalidade perante 0 tribunal que

proferiu a decisiio recomda e em termos deste estar obrigado a dela conhecer nos tennos da alinea b) do artigo 37deg da LPC

Consagrando 0 artigo 2deg da LPC a aplica~ao subsidiciria das nonnas do C6digo de Processo Civil aos processos de natureza juridico shyconstitucionais pode recorrer aquele que sendo parte principal na causa tenha ficado vencido nos tennos do nO 1 do artigo 680deg do C6digo do Processo Civil (CPC)

o aqui Recorrente e parte legitima pelo seu interesse em recorrer na qualidade de Reu no Processo no 592015 e por ter suscitado oportunamente a questao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13 deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho perante 0 tribunal que proferiu a decisao recorrida

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IV OBJECTO DO RECURSO

o objecto do presente recurso e limitado a aprecia~ao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto ndeg 231179 de 16 de Julho no ambito do Processo no 592015

Ora e fundamento para 0 recurso ordinario de inconstitucionalidade a senten~a final proferida pelo Tribunal da causa da qual deve constar a norma ou principio cuja constitucionalidade tenha sido suscitada e que pretende que 0

Tribunal Constitucional aprecie nos termos da alinea b) do nO 1 do artigo 41deg daLPC

Foi 0 processo remetido a vista da Digna Representante do Ministerio Publico

Colhidos os vistos dos Venerandos Juizes Conselheiros cumpre agora apreciar para decidir

V APRECIANDO

Impende sobre este Tribunal 0 dever de apreciar se hci efectivamente materia para urn recurso ordinario de inconstitucionalidade pelo que vejamos

a) Enquanto meio de fiscaliza~ao concreta da constitucionalidade 0

Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade surge a prop6sito da aplica~ao de uma determinada norma a uma situa~ao da vida em que o tribunal e chamado a resolver

b) Tern uma dupla natureza objectiva (integra a componente de defesa da primazia da Constitui~ao e subjectiva (engloba a componente de tutela dos direitos fundamentais e demais interesses legitimos das

partes)

c) Ademais 0 recurso ordimlrio de inconstitucionalidade tern natureza incidental quer isso dizer que 0 efeito da decisao que venha a ser proferida pelo Tribunal Constitucional circunscreve-se a questao da

L ~

~

V ~

3 ~

inconstitucionalidade suscitada durante 0 processo 0 que resulta claro do previsto no no 1 do artigo 47deg da LPC A decisiio do recurso pelo

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Tribunal Constitucional Jaz caso julgado no processo quanto d questiio da

inconstitucionalidade levantada e apenas no processo em que Joi levantada

(negrito e sublinhado nosso)

No rigor dos termos a decisao do Tribunal Constitucional no ambito do recurso ordimirio de inconstitucionalidade nao produz efeito directo fora do processo em que foi proferida nos termos do nO 1 do artigo 47deg da LPC

Logo uma norma (entenda-se urn artigo especifico con stante de urn determinado diploma legal) julgada inconstitucional num determinado caso concreto pode continuar a ser aplicada noutros processos pelos tribunais a margem do pronunciamento anterior do Tribunal Constitucional

Da leitura da decisao do citado Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional e possiveller-se na parte final do mesmo a seguinte decisao Acordam em Plenario os Juizes Conselheiros do Tribunal Constitucional em dar

provimento ao recurso declarando inconstitucional a aplicafiio dos artigos 23 0 e 24 0

do Decreto n 0231179 de 16 de Julho (negrito e sublinhado nosso)

o juizo de inconstitucionalidade nesta especie de recurso recai sobre a aplicacao da normalartigo

Por outro lado

Cabe recurso ordinario de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as sentensas que apliquem norma ja anteriormente julgada

inconstitucional pelo Tribunal Constitucional alinea c) do ndeg 1 do artigo 36 deg da LPC (negrito e sublinhado nosso)

No presente recurso observamos que 0 Recorrente foi acusado e pronunciado pelos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofens as Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pe10s artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho

Porem aquando da condenacao 0 Tribunal da causa entendeu nao ter 0 ai Reu agido com culpa grave motivo que 0 levou a convolar os crimes de que o mesmo vinha acusado instituto previsto no artigo 447deg do C6digo de Processo Penal (CPP) condenando-o por crime de homicidio involuntmo em concurso com urn crime de ofens as corporais previsto e punido pe10s artigos 368deg e 360deg4deg respectivamente ambos do C6digo Penal (CP)

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Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

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OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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IV OBJECTO DO RECURSO

o objecto do presente recurso e limitado a aprecia~ao da inconstitucionalidade dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto ndeg 231179 de 16 de Julho no ambito do Processo no 592015

Ora e fundamento para 0 recurso ordinario de inconstitucionalidade a senten~a final proferida pelo Tribunal da causa da qual deve constar a norma ou principio cuja constitucionalidade tenha sido suscitada e que pretende que 0

Tribunal Constitucional aprecie nos termos da alinea b) do nO 1 do artigo 41deg daLPC

Foi 0 processo remetido a vista da Digna Representante do Ministerio Publico

Colhidos os vistos dos Venerandos Juizes Conselheiros cumpre agora apreciar para decidir

V APRECIANDO

Impende sobre este Tribunal 0 dever de apreciar se hci efectivamente materia para urn recurso ordinario de inconstitucionalidade pelo que vejamos

a) Enquanto meio de fiscaliza~ao concreta da constitucionalidade 0

Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade surge a prop6sito da aplica~ao de uma determinada norma a uma situa~ao da vida em que o tribunal e chamado a resolver

b) Tern uma dupla natureza objectiva (integra a componente de defesa da primazia da Constitui~ao e subjectiva (engloba a componente de tutela dos direitos fundamentais e demais interesses legitimos das

partes)

c) Ademais 0 recurso ordimlrio de inconstitucionalidade tern natureza incidental quer isso dizer que 0 efeito da decisao que venha a ser proferida pelo Tribunal Constitucional circunscreve-se a questao da

L ~

~

V ~

3 ~

inconstitucionalidade suscitada durante 0 processo 0 que resulta claro do previsto no no 1 do artigo 47deg da LPC A decisiio do recurso pelo

4

Tribunal Constitucional Jaz caso julgado no processo quanto d questiio da

inconstitucionalidade levantada e apenas no processo em que Joi levantada

(negrito e sublinhado nosso)

No rigor dos termos a decisao do Tribunal Constitucional no ambito do recurso ordimirio de inconstitucionalidade nao produz efeito directo fora do processo em que foi proferida nos termos do nO 1 do artigo 47deg da LPC

Logo uma norma (entenda-se urn artigo especifico con stante de urn determinado diploma legal) julgada inconstitucional num determinado caso concreto pode continuar a ser aplicada noutros processos pelos tribunais a margem do pronunciamento anterior do Tribunal Constitucional

Da leitura da decisao do citado Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional e possiveller-se na parte final do mesmo a seguinte decisao Acordam em Plenario os Juizes Conselheiros do Tribunal Constitucional em dar

provimento ao recurso declarando inconstitucional a aplicafiio dos artigos 23 0 e 24 0

do Decreto n 0231179 de 16 de Julho (negrito e sublinhado nosso)

o juizo de inconstitucionalidade nesta especie de recurso recai sobre a aplicacao da normalartigo

Por outro lado

Cabe recurso ordinario de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as sentensas que apliquem norma ja anteriormente julgada

inconstitucional pelo Tribunal Constitucional alinea c) do ndeg 1 do artigo 36 deg da LPC (negrito e sublinhado nosso)

No presente recurso observamos que 0 Recorrente foi acusado e pronunciado pelos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofens as Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pe10s artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho

Porem aquando da condenacao 0 Tribunal da causa entendeu nao ter 0 ai Reu agido com culpa grave motivo que 0 levou a convolar os crimes de que o mesmo vinha acusado instituto previsto no artigo 447deg do C6digo de Processo Penal (CPP) condenando-o por crime de homicidio involuntmo em concurso com urn crime de ofens as corporais previsto e punido pe10s artigos 368deg e 360deg4deg respectivamente ambos do C6digo Penal (CP)

5

Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

6

OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

7

Page 5: REPUBLICA DE ANGOLA · nao do Decreto n.o . 231/79, de 16 de Julho. 2. 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao n.o . 328/2014 . conc1uiu a sua . aprecia~ao, dizendo, que com a entrada

Tribunal Constitucional Jaz caso julgado no processo quanto d questiio da

inconstitucionalidade levantada e apenas no processo em que Joi levantada

(negrito e sublinhado nosso)

No rigor dos termos a decisao do Tribunal Constitucional no ambito do recurso ordimirio de inconstitucionalidade nao produz efeito directo fora do processo em que foi proferida nos termos do nO 1 do artigo 47deg da LPC

Logo uma norma (entenda-se urn artigo especifico con stante de urn determinado diploma legal) julgada inconstitucional num determinado caso concreto pode continuar a ser aplicada noutros processos pelos tribunais a margem do pronunciamento anterior do Tribunal Constitucional

Da leitura da decisao do citado Ac6rdao no 3282014 do Tribunal Constitucional e possiveller-se na parte final do mesmo a seguinte decisao Acordam em Plenario os Juizes Conselheiros do Tribunal Constitucional em dar

provimento ao recurso declarando inconstitucional a aplicafiio dos artigos 23 0 e 24 0

do Decreto n 0231179 de 16 de Julho (negrito e sublinhado nosso)

o juizo de inconstitucionalidade nesta especie de recurso recai sobre a aplicacao da normalartigo

Por outro lado

Cabe recurso ordinario de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as sentensas que apliquem norma ja anteriormente julgada

inconstitucional pelo Tribunal Constitucional alinea c) do ndeg 1 do artigo 36 deg da LPC (negrito e sublinhado nosso)

No presente recurso observamos que 0 Recorrente foi acusado e pronunciado pelos crimes de Homicidio com culpa grave de Ofens as Corporais com culpa grave e de Danos com culpa grave previsto e punido pe10s artigos 12deg13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho

Porem aquando da condenacao 0 Tribunal da causa entendeu nao ter 0 ai Reu agido com culpa grave motivo que 0 levou a convolar os crimes de que o mesmo vinha acusado instituto previsto no artigo 447deg do C6digo de Processo Penal (CPP) condenando-o por crime de homicidio involuntmo em concurso com urn crime de ofens as corporais previsto e punido pe10s artigos 368deg e 360deg4deg respectivamente ambos do C6digo Penal (CP)

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Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

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OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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Page 6: REPUBLICA DE ANGOLA · nao do Decreto n.o . 231/79, de 16 de Julho. 2. 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao n.o . 328/2014 . conc1uiu a sua . aprecia~ao, dizendo, que com a entrada

Assim vemos que nao obstante terem sido os artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho cuja dec1ara~ao de inconstitucionalidade se peticiona pelo Recorrente aplicados pelo Ministerio Publico aquando da acusa~ao e confinnados pela pronuncia do Tribunal da causa nao se verificou sequer uma aplica~ao efectiva desses mesmos artigos no Ac6rdao condenat6rio

Ora a falta de aplica~ao efectiva dos artigos 12deg 13deg e 14deg do Decreto no 231179 de 16 de Julho na senten~a final aliada a natureza incidental do Recurso Ordinario de Inconstitucionalidade da lugar aextincao da instancia por inutilidade superveniente da presente lide nos termos da aline a e) do artigo 287deg do CPC

Acresce que com a entrada em vigor da Lei no 11116 de 12 de Agosto - Lei da Amnistia se constata que nos termos do n deg 1 do artigo 1deg da referida Lei 0 crime pelo qual 0 Recorrente foi condenado foi amnistiado

DECIDINDO

N estes termos

Tudo visto e ponderado

Acordam em Sessao os Juizes Conselheiros da Primeira Camara do

TribunalConstitucionalem ~ ~~Q ~~iQ ~O Oeeult1V ~L IlI(~ampamp ~~~~e camp ~lt-

Sem custas (nos termos do artigo lSoda Lei do Processo Constitucional)

Notifique

Tribunal Constitucional em Luanda aos 19 de Setembro de 2016

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OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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Page 7: REPUBLICA DE ANGOLA · nao do Decreto n.o . 231/79, de 16 de Julho. 2. 0 Tribunal Constitucional no seu Ac6rdao n.o . 328/2014 . conc1uiu a sua . aprecia~ao, dizendo, que com a entrada

OS ruizES CONSELHEIROS

Dra Luzia de Almeida Sebastiao (pre middot Dra Guilhermina Prata (Relatora) --A~~-clloAL4-----------

Dr Raul Carlos Vasques Araujol __-I-J~===l==-4=-____

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