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DIÁRIO República Federativa do Brasil DO CONGRESSO NACIONAL SEÇÃO I ANO XLllI - 68 CAPITAL FEDERAL QUINTA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 1988 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATA DA 61- SESSÃO DA 2- SESSÃO LEGIS· LATlVA DA 48' LEGISLATURA EM 10 DE AGOS- TO DE 1988 I- Abertura da Sessão 11 - Leitura e assiuatura da ata da sessão anterior DI - Leitura do Expediente PROJETO APRESENTADO Projeto de Resolução n' 46, de 1988 (da CPI INAMPS, INPS, lAPAS e DATAPREV) - Apro- va o relatório, as recomendações e as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar irregularidades ocorridas no INAMPS, INPS, lAPAS e DATAPREY.. IV - Pequeno Expediente NILSON GIBSON - Implantação, pelo Minis- tério da Educação, do Programa de Expausão e Me- lhoria do Ensino Técnico. DORETO CAMPANARI-Paridade de venci- mentos entre trabalhadores inativos e ativos. JOSÉ GENOINO - Apoio ao Comitê de Read- missão dos Funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. FARABULINI JÚNIOR - Convocação, pelo Ministério da Previdência .,e Assistência Social, de concursados aprovados para a carreira de fiscais pre- videnciários. ' CÉSAR MAIA - Expansão dometrô em direção a bairros de classe média alta na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro. PAULO PAIM-Alteraçáo da legislação sobre as Comissões Internas sobre Prevenção de Aciden- tes-CIPA. OLÍVIO DUTRA - Oficialização ,do Conselho Federal de Desestatização. Repúdio à anunciada privatização do Banco Meridional do Brasil. ADYLSON MOTTA - Providências da Mesa da Assembléia Naéional Constituinte para agilização dos trabalhos de elaboração constitucional. Não re- cebimento pelo orador de resposta a requerimento de informações encaminhada à Casa pelo Ministro Aureliano Chaves, das Minas e Energia. MÁRIO LIMA - A estabilidade no emprego na futura Carta Magna. IRMA PASSONI - Implantação das Zonas de Processamento de Exportação - ZPE no País. ADHEMAR DE BARROS FILHO-Proposi- ção de ação popular contra o Governador Orestcs Quércia, do Estado de São Paulo, pela Deputada estadual Ruth Escobar, por gastos excessivos em publicidade. FRANCISCO KÚSTER - Política econômica do Governo Federal. OSVALDO BENDER-Extensão para os re- presentantes comerciais autônomos da isenção do IPI concedida aos taxistas, na aquisição de veículos automotores destinados ao exercício da profissão, m AREZ ANTUNES - Mobilização dos traba- lhadores peja manutenção dos direitos da classe na futura Constituição. Providências da Mesa da Câma- ra dos Deputados para apuração dos responsáveis por assalto à residência do orador. Brasília, Distrito Federal. AMAURY MÜLLER-Protesto contra mano- bras protelatórias dos trabalhos de elaboração cons- titucional. Interferência da área militar no processo de retomada da democracia no País. PRESIDENTE - SOlicitação de brevidade aos oradores inscritos no período do Pequeno Expe- diente, para passagem â homenagem â memória do ex-Ministro Mário David Andreazza. DEL BOSCO AMARAL-Descontentamento do Palácio do Planalto com denúncia de corrupção no Governo Federal formuladas pelo orador. NORBERTO SCHWANTES - Artigo "Ao agricultor, as batatas", de autoria do Ministro Íris Rezende, publicada na revista Veja. LÉZIO SATHLER - Educação, no lugar da re- pressão e da punição, para diminuir o número de acidentes de trânsito no País. Implantação de Polí- tica Nacional de Trânsito. STÉLIO DIAS - Participação da sociedade bra- sileira na reforma bancária proposta pelo Banco Central. FERES NADER - Oficialização da fabricação de refrigerantes dietéticos no Brasil. Desmatamento do Sítio Caetês, Teresópolis, Estado do Rio de Ja- neiro. PAULO ZARZUR - Excelente desempenho da Secretaria de E'sportes e Turismo do Governo Quêr- cia, Estado de São Paulo. Providências dos Minis- térios da Previdência e Assistência Social e da Saúde junto ao setor hospitalar-nefrológico, para regulari- zação da hemodiálise. ONOFRE CORRÊA - Disputa pela Prefeitura do Município de Zedoca, Estado do Maranhão. MENDES RIBEIRO - Manobras protelatórias dos trabalhos de elaboração constitucional. SÓLON BORGES DOS REIS - A realidade da educação no País. IVO MAINARDI - Política econômica do Go- verno Federal. CARLOS VINAGRE-Manifesto da Associa- ção Terapêutica Educacional para Crianças Autistas - ASTECA -a respeito da "sÚldrome do autismo" no Brasil. MAURÍLIO FERREIRA LIMA - Apoio go' vernamental aos portadores da Síndrome de Imuno- deficiéncia Adquirida - Aids. DENISAR ARNEIRO-Artigo "A greve e a futura Constituição", publicado no jornal O Estado de S. Paulo. JOSÉ CAMARGO -Crise no ensino superior. GERALDO ALCKMIN FILHO - Reconside- ração do Presidente do Senado Federal da decisão de mandar construir prédio anexo, de 17 andares, em Brasília, Distrito Federal. PAULO MACARINI-Realização, em Floria- nópolis, Estado de Santa Catarina, da 9' Conferência Estadual de Advogados Catarinenses. FERNANDO BEZERRA COELHO - Reivin- dicações dos pequenos produtores rurais do sertão pernambucano do São Francisco. UBIRATAN AGUIAR-Inclusão, no futuro texto constitucional da participação dos empregados na direção das empresas. ANTÓNIO SALIM CURIATI-Indiferença dos órgãos do Poder Executivo com relação a postu- lações apresentadas da tribuna da Assembléia Na- cional Constituinte. . J<?SÉ MARIA EYMA?L - Projeto de lei de ini- ciativa do orador que dispõe sobre a responsabi- lidade técnica em drogarias. OSCAR CORRÊA JÚNIOR-Atuação do Dr. Paulo Munhoz na presidência da Rede Ferroviária Federal S.A.

República Federativa do Brasil DIÁRIO DO …imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD11AGO1988.pdf · NORBERTO SCHWANTES - Artigo "Ao agricultor, as batatas", de autoria do Ministro

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DIÁRIORepública Federativa do Brasil

DO CONGRESSO NACIONALSEÇÃO I

ANO XLllI - N~ 68 CAPITAL FEDERAL QUINTA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 1988

CÂMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

1- ATA DA 61- SESSÃO DA 2- SESSÃO LEGIS·LATlVA DA 48' LEGISLATURA EM 10 DE AGOS­TO DE 1988

I - Abertura da Sessão

11 - Leitura e assiuatura da ata da sessão anterior

DI - Leitura do Expediente

PROJETO APRESENTADO

Projeto de Resolução n' 46, de 1988 (da CPIINAMPS, INPS, lAPAS e DATAPREV) - Apro­va o relatório, as recomendações e as conclusõesda Comissão Parlamentar de Inquérito destinadaa investigar irregularidades ocorridas no INAMPS,INPS, lAPAS e DATAPREY..

IV - Pequeno Expediente

NILSON GIBSON - Implantação, pelo Minis­tério da Educação, do Programa de Expausão e Me­lhoria do Ensino Técnico.

DORETO CAMPANARI-Paridade de venci­mentos entre trabalhadores inativos e ativos.

JOSÉ GENOINO - Apoio ao Comitê de Read­missão dos Funcionários da Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos.

FARABULINI JÚNIOR - Convocação, peloMinistério da Previdência .,e Assistência Social, deconcursados aprovados para a carreira de fiscais pre-videnciários. '

CÉSAR MAIA - Expansão dometrô em direçãoa bairros de classe média alta na cidade do Riode Janeiro, Estado do Rio de Janeiro.

PAULO PAIM-Alteraçáo da legislação sobreas Comissões Internas sobre Prevenção de Aciden­tes-CIPA.

OLÍVIO DUTRA - Oficialização ,do ConselhoFederal de Desestatização. Repúdio à anunciadaprivatização do Banco Meridional do Brasil.

ADYLSON MOTTA - Providências da Mesa daAssembléia Naéional Constituinte para agilizaçãodos trabalhos de elaboração constitucional. Não re­cebimento pelo orador de resposta a requerimentode informações encaminhada à Casa pelo MinistroAureliano Chaves, das Minas e Energia.

MÁRIO LIMA - A estabilidade no emprego nafutura Carta Magna.

IRMA PASSONI - Implantação das Zonas deProcessamento de Exportação - ZPE no País.

ADHEMAR DE BARROS FILHO-Proposi­ção de ação popular contra o Governador OrestcsQuércia, do Estado de São Paulo, pela Deputadaestadual Ruth Escobar, por gastos excessivos empublicidade.

FRANCISCO KÚSTER - Política econômicado Governo Federal.

OSVALDO BENDER-Extensão para os re­presentantes comerciais autônomos da isenção doIPI concedida aos taxistas, na aquisição de veículosautomotores destinados ao exercício da profissão,

mAREZ ANTUNES - Mobilização dos traba­lhadores peja manutenção dos direitos da classe nafutura Constituição. Providências da Mesa da Câma­ra dos Deputados para apuração dos responsáveispor assalto à residência do orador. Brasília, DistritoFederal.

AMAURY MÜLLER-Protesto contra mano­bras protelatórias dos trabalhos de elaboração cons­titucional. Interferência da área militar no processode retomada da democracia no País.

PRESIDENTE - SOlicitação de brevidade aosoradores inscritos no período do Pequeno Expe­diente, para passagem â homenagem â memória doex-Ministro Mário David Andreazza.

DEL BOSCO AMARAL-Descontentamentodo Palácio do Planalto com denúncia de corrupçãono Governo Federal formuladas pelo orador.

NORBERTO SCHWANTES - Artigo "Aoagricultor, as batatas", de autoria do Ministro ÍrisRezende, publicada na revista Veja.

LÉZIO SATHLER - Educação, no lugar da re­pressão e da punição, para diminuir o número deacidentes de trânsito no País. Implantação de Polí­tica Nacional de Trânsito.

STÉLIO DIAS - Participação da sociedade bra­sileira na reforma bancária proposta pelo BancoCentral.

FERES NADER - Oficialização da fabricaçãode refrigerantes dietéticos no Brasil. Desmatamentodo Sítio Caetês, Teresópolis, Estado do Rio de Ja­neiro.

PAULO ZARZUR - Excelente desempenho daSecretaria de E'sportes e Turismo do Governo Quêr-

cia, Estado de São Paulo. Providências dos Minis­térios da Previdência e Assistência Social e da Saúdejunto ao setor hospitalar-nefrológico, para regulari­zação da hemodiálise.

ONOFRE CORRÊA - Disputa pela Prefeiturado Município de Zedoca, Estado do Maranhão.

MENDES RIBEIRO - Manobras protelatóriasdos trabalhos de elaboração constitucional.

SÓLON BORGES DOS REIS - A realidade daeducação no País.

IVO MAINARDI - Política econômica do Go­verno Federal.

CARLOS VINAGRE-Manifesto da Associa­ção Terapêutica Educacional para Crianças Autistas- ASTECA-a respeito da "sÚldrome do autismo"no Brasil.

MAURÍLIO FERREIRA LIMA - Apoio go'vernamental aos portadores da Síndrome de Imuno­deficiéncia Adquirida - Aids.

DENISAR ARNEIRO-Artigo "A greve e afutura Constituição", publicado no jornal O Estadode S. Paulo.

JOSÉ CAMARGO -Crise no ensino superior.GERALDO ALCKMIN FILHO - Reconside­

ração do Presidente do Senado Federal da decisãode mandar construir prédio anexo, de 17 andares,em Brasília, Distrito Federal.

PAULO MACARINI-Realização, em Floria­nópolis, Estado de Santa Catarina, da 9' ConferênciaEstadual de Advogados Catarinenses.

FERNANDO BEZERRA COELHO - Reivin­dicações dos pequenos produtores rurais do sertãopernambucano do São Francisco.

UBIRATAN AGUIAR-Inclusão, no futurotexto constitucional da participação dos empregadosna direção das empresas.

ANTÓNIO SALIM CURIATI-Indiferençados órgãos do Poder Executivo com relação a postu­lações apresentadas da tribuna da Assembléia Na­cional Constituinte.. J<?SÉ MARIA EYMA?L - Projeto de lei de ini­

ciativa do orador que dispõe sobre a responsabi­lidade técnica em drogarias.

OSCAR CORRÊA JÚNIOR-Atuação do Dr.Paulo Munhoz na presidência da Rede FerroviáriaFederal S.A.

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2744 Quinta-feira 11

SAMIR ACH6A - Necessidade de revisão doDecreto-Lei n' 2.423, de 7 de abril de 1988, queestabelece critérios para o pagamento de gratifica­ções e vantagens aos titulares de cargos e empregosda administração federal direta e autárquica.

FÁBIO RAUNHEITTI - Reivindicações da po­pulação de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janei­ro, relativamente ao Porto de Angra dos Reis.

v- Comunicações das Lideranças

Não houve

VI - Apresentação de proposições

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

JORGE UEQUED, ÁLVARO VALLE, JOÁOREZEK, PAULO PAIM, OLÍVIO DUTRA, OS­VALDO BENDER, FRANCISCO AMARAL,ANT6NIO SALIM CURIATI, JOSÉ MARIA EY­MAEL, VICTOR FONTANA E BENEDITA DASILVA.

VIJ - Ordem do Dia

Não houve

VUI - Grande Expediente

LEVY DIAS, VICTOR FACCIONI. ELIASMURAD - Homenagem à memória do ex-MinistroMário David Andreazza.

Agosto de 1988

PRESIDENTE - Solidariedade da mesa às ho­menagens prestadas pela Casa à memória do ex-Mi­nistro Mário David Andreazza.

IX - Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DE PARTIDOS(Relação dos membros)

4 - COMISSÕES (Relação dos membros das Co­missões Permanentes e de Inquérito)

5 - ATOS DA MESA

Ata da 61~ Sessão, em 10 de agosto de 1988Presidência dos Srs.: Homero Santos, jq-Vice-Presidente; Irma Passoni, Suplente de Secretário;

Adylson Motta, artigo 76 do Regimento Interno.

ÀS 9:00 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:

Acre

Francisco Diógenes - PDS; Geraldo Fleming ­PMDB; José Melo - PMDB; Maria Lúcia - PMDB;Narciso Mendes - PFL; Osmir Lima - PMDB; Ru­bem Branquinho -PMDB.

Amazonas

Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize - PSDB;Carrel Benevides - PTB; Eunice Michiles - PFL;Ézio Ferreira - PFL; José Dutra - PMDB; SadieHauache - PFL.

Rondônia

Arnaldo Martins - PMDB; Assis Canuto - PFL;Chagas Neto - PMDB; Francisco Sales - PMDB;José Guedes - PSDB; José Viana - PMDB; RaquelCândido - PDT; Rita Furtado - PFL.

Pará

Ademir Andrade - PSB; Aloysio Chaves - PFL;Amilcar Moreira - PMDB; Arnaldo Moraes ­PMDB; Asdrubal Bentes - PMDB; Benedicto Mon­teiro - PTB; Carlos Vinagre - PMDB; Dionísio Hage- PFL; Domingos Juvenil- PMDB; Eliel Rodrigues- PMDB; Fausto Fernandes - PMDB; Fernando Ve-lasco -PMDB; Gabriel Guerreiro -PMDB; GersonPeres - PDS; Jorge Arbagc - PDS; Manoel Ribeiro- PMDB; Paulo Roberto - PMDB.

Maranhão

Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar ­PMDB; Cid Carvalho - PMDB; Costa Fcrreira ­PFL; Eliézer Moreira - PFL; Enoc Vieira - PFL;Francisco Coelho - PFL; Haroldo Sabóia - PMDB;Jayme Santana - PSDB; Joaquim Haickel - PMDB;José Carlos Sabóia - PSB; José Teixeira - PFL; Ono­fre Corrêa - PMDB; Vieira da Silva - PDS; WagnerLago-PMDB.

Piauí

Átila Lira - PFL; Felipe Mendes - PDS; HeráclitoFortes - PMDB; Jesualdo Cavalcanti - PFL; Jesus

. Tajra - PFL; José Luiz Maia - PDS; Mussa Demes- PFL; Myriam Portella - PDS; Paes Landim - PFL;Paulo Silva ~ PSDB.

Ceará

Aécio de Borba - PDS; Bezerra de Melo - PMDB;Carlos Benevides - PMDB; Etevaldo Nogueira ­PFL; Expedito Machado - PMDB; Firmo de Castro- PMDB; Furtado Leite - PFL; Gidel Dantas ­PDC; José Lins - PFL; Lúcio Alcântara - PFL; LuizMarques - PFL; Manuel Viana - PMDB; Mauro Sam­paio - PMDB; Moema São Thiago - PSDB; MoysésPimentel- PMDB; Orlando Bezerra - PFL; Osmun-

do Rebouças - PMDB; Paes de Andrade - PMDB;Raimundo Bezerra - PMDB; Ubiratan Aguiar ­PMDB.

Rio Grande do Norte

Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL;Henrique Eduardo Alves - PMDB; Iberê Ferreira ­PFL; Ismael Wanderley - PMDB; Wilma Maia ­PDT.

Paraíba

Adauto Pcreira - PDS; Agassiz Almeida - PMDB;Aluízio Campos - PMDB; Antonio Mariz - PMDB;Cássio Cunha Lima - PMDB; Edivaldo Motta ­PMDB; Edmc Tavares - PFL; Evaldo Gonçalves ­PFL; João Agripino - PMDB; João da Mata - PDC;José Maranhão - PMDB.

Pernambuco

Egídio Ferreira Lima - PMDB; Fernando BezerraCoelho - PMDB; Fernando Lyra - PDT; GeraldoMelo - PMDB; Gilson Machado - PFL; GonzagaPatriota - PMDB; Harlan Gadelha - PMDB; Inocên­cio Oliveira - PFL; Joaquim Francisco - PFL; JoséCarlos Vasconcelos - PMDB; José Jorge - PFL; JoséMendonça Bezerra - PFL; José Moura - PFL; JoséTinoco - PFL; Luiz Freire - PMDB; Marcos Queiroz- PMDB; Maurílio Ferreira Lima - PMDB; NilsonGibson - PMDB; Osvaldo Coelho - PFL; RicardoFiuza - PFL; Robcrto Frcirc - PCB; Salatiel Carvalho- PFL; Wilson Campos - PMDB.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PFL; Antonio Ferreira - PFL;Eduardo Bonfim - PC do B; Geraldo Bulhões ­PMDB; José Costa - PSDB; Renan Calheiros ­PSDB; Roberto Torres - PTB; Vinicius Cansanção-PFL.

Sergipe

Acival Gomes - PMDB; Antonio Carlos Franco ­PMDB; Bosco França - PMDB; Cleonâncio Fonseca- PFL; Djenal Gonçalves - PMDB; Joáo MachadoRollemberg - PFL; José Queiroz - PFL; Messias Góis-PFL.

Bahia

Abigail Feitosa - PSB; Ângelo Magalhães - PFL;Benito Gama - PFL; Carlos Sant'Anna - PMDB;Celso Dourado - PMDB; Domingos Leonelli ­PMDB; Eraldo Tinoco - PFL; Fernando Gomes ­PMDB; Fernando Santana - PCB; França Teixeira- PMDB; Francisco Benjamim - PFL; Francisco Pin­to - PMDB; Gencbaldo Correia - PMDB; HaroldoLima - PC do B; Jairo Azi - PDC; Jairo Carneiro- PDC; Joaci Góes - PMDB; João Alves - PFL;

João Carlos Bacelar - PMDB; Jonival Lucas - PDC;Jorge Hage - PSDB; Jorge Medauar - PMDB; JorgeVianna - PMDB; José Lourenço - PFL; Leur Loman­to - PFL; Lídice da Mata - PC do B; Luiz Eduardo- PFL; Luiz Vianna Neto - PMDB; Manoel Castro- PFL; Marcelo Cordciro - PMDB; Mário Lima-PMDB; Milton Barbosa - PDC; Miraldo Gomes ­PDC; Nestor Duarte - PMDB; Raul Ferraz - PMDB;Sérgio Brito - PFL; Uldurico Pinto - PMDB; Virgil­dásio de Senna - PSDB; Waldeck Ornélas - PFL.

Espírito Santo

Hélio Manhães - PMDB; Lezio Sathler - PMDB;Nelson Aguiar - PDT; Nyder Barbosa - PMDB; Pe­dro Ceolin - PFL; Rita Camata - PMDB; Rose deFreitas - PSDB; Stélio Dias - PFL; Vasco Alves­PSDB; Vitor Buaiz - PT.

Rio de Janeiro

Adolfo Oliveira - PL; Aloysio Teixeira - PMDB;Álvaro Valle - PL; Amaral Netto - PDS; Anna MariaRattes - PSDB; Arolde de Oliveira - PFL; Arturda Távola - PSDB; Benedita da Silva - PT; BocayuvaCunha - PDT; Brandão Monteiro - PDT; CarlosAlberto Caó - PDT; César Maia - PDT; Daso Coim­bra- PMDB; Denisar Arneiro - PMDB; Edésio Frias- PDT; Edmilson Valentim - PC do B; Fábio Rau­nheitti - PTB; Feres Nader - PTB; Flavio Palmierda Veiga - PMDB; Francisco Dornelles - PFL; Gus­tavo de Faria - PMDB; Jorge Leite - PMDB; JoséCarlos Coútinho - PL; José Luiz de Sá - PL; JoséMaurício - PDT; Juarez Antunes - PDT; LysâueasMaciel- PDT; Márcio Braga - PMDB; Messias Soa­res - PTR; Miro Teixcira - PMDB; Nelson Sabrá- PFL; Noel de Carvalho - PDT; Osmar Leitão ­PFL; Oswaldo Almeida - PL; Paulo Ramos - PMN;Roberto Augusto - PTB; Roberto D'Ávila - PDT;Roberto Jefferson - PTB; Ronaldo Cezar Coelho­PSDB; Rubem Medina - PFL; Sandra Cavalcanti ­PFL; Simão Sessim - PFL; Sotero Cunha - PDC;Vivaldo Barbosa -PDT; VI~dimirPalmeira -PT.

Minas Gerais

Aécio Neves - PMDB; Álvaro Antônio - PMDB;Alysson Paulinelli - PFL; Bonifácio de Andrada ­PDS; Carlos Cotta - PSDB; Carlos Mosconi - PSDB;Célio de Castro - PSDB; Chico Humberto - PDT;Christóvam Chiaradia - PFL; Dálton Canabrava ­PMDB; Elias Murad - PTB; Genésio Bernardino­PMDB; Hélio Costa- PMDB; Homcro Santos - PFL;Humberto Souto - PFL; Israel Pinheiro - PMDB;Joáo Paulo - PT; José da Conceição - PMDB; JoséGeraldo - PMDB; José Santana de Vasconcellos ­PFL; José Ulísses de Oliveira - PMDB; Lacl Varclla- PFL; Leopoldo Bessone -.PMDB; Luiz AlbertoRodrigues - PMDB; Marcos Lima - PMDB; MárioAssad - PFL; Mário de Oliveira - PMDB; MaurícioCampos - PFL; Maurício Pádua - PMDB; Mauro

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Agosto de 1988

Campos - PSDB; Melo Freire - PMDB; Mello Reis- PDS; Milton Reis - PMDB; Octávio Elísio ­PSDB; Oscar Corrêa - PFL; Paulo Delgado - PT;Pimenta da Veiga - PSDB; Raimundo Rezende ­PMDB; Raul Belém - PMDB; Roberto Brant - ;Roberto Vital- PMDB; Ronaldo Carvalho - PMDB;Ronaro Corrêa - PFL; Rosa Prata - PMDB; SérgioWerneck - PMDB; Sílvio Abreu - PSDB; VirgílioGalassi - PDS; Virgílio Guimarães - PT; Ziza Vala­dares-PSDB.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho - PDT; Afif Domingos- PL; Agripino de Oliveira Lima - PFL; Airton San­doval-PMDB; Antoniocarlos Mendes Thame -PFL;Antônio Perosa - PSDB; Antônio Salim Curiati ­PDS; Arnaldo Faria de Sá - PJ; Arnold Fioravante- PDS; Caio Pompeu - PSDB; Cardoso Alves ­PMDB; Cunha Bueno - PDS; Del Bosco Amaral ­PMDB; Delfim Netto - PDS; Dirce Tutu Quadros- PSDB; Doreto Campanari - PMDB; Eduardo Jorge- PT; Fábio Feldmann - PSDB; Farabulini Júnior- PTB; Fausto Rocha - PFL; Fernando Gasparian- PMDB; Florestan Fernandes - PT; Francisco Ama-ral- PMDB; Francisco Rossi - PTB; Gastone Righi- PTB; Geraldo Alckmin Filho - PSDB; Gerson Mar­condes-PMDB; Gumercindo Milhomem - PT; HélioRosas - PMDB; Irma Passorú - PT; Jayme Paliarin- PTB; João Cunha - PDTB; João Herrmann Neto- PSB; João Rezek - PMDB; Joaquim Bevilacqua- PTB; José Camargo - PFL; José Carlos Grecco- PSDB; José Egreja - PTB; José Genoíno - PT;José Maria Eymael-PDC; José Serra -PSDB; JoséYunes - PMDB; Koyu Iha - PSDB; Luis Gushiken- PT; Luis Inácio Lula da Silva - PT; Maluly Neto- PFL; Manoel Moreira - PMDB; Mendes Botelho- PTB; Michel Temer - PMDB; Paulo Zarzur-PMDB; Plínio Arruda Sampaio - PT; Ricardo Izar- PFL; Robson Marinho - PSDB; Samir Achôa ­PMDB; Sólon Borges dos Reis - PTB; Theodoro Men­des - PMDB; Tito Costa - PMDB; Ulysses Guima­rães-PMDB.

Goiás

Aldo Arantes - PC do B; Antonio de Jesus ­PMDB; Délio Braz - PMDB; Iturival Nascimento­PMDB; Jalles Fontoura - PFL; João Natal- PMDB;Lúcia Vânia - PMDB; Luiz Soyer- PMDB; MaguitoVilela - PMDB; Mauro Miranda - PMDB; NaphtaliAlves de Souza - PMDB; Nion Albernaz - PMDB;Paulo Roberto Cunha - PDC; Pedro Canedo - PFL;Roberto Balestra - PDC; Siqueira Campos - PDC.

Distrito Federal

Augusto Carvalho - PCB; Francisco Carneiro ­PMDB; Geraldo Campos - PSDB; Jofran Frejat ­PFL; Márcia Kubitschek - PMDB; Maria de LourdesAbadia - PSDB; Sigmaringa Seixas - PSDB; ValmirCampelo - PFL.

Mato Grosso

Antero de Barros - PMDB; Joaquim Sucena ­PTB; Jonas Pinheiro - PFL; Júlio Campos - PFL;Norberto Schwantes - PMDB; Osvaldo Sobrinho ­PTB; Rodrigues Palma - PTB; Ubiratan Spinelli ­PDS.

Mato Grosso do Sul

Gandi Jamil-PFL; Ivo Cersósimo -PMDB; JoséElias - PTB; Levy Dias - PFL; Plínio Martins ­PMDB; Ruben Figueiró - PMDB; Valter Pereira ­PMDB.

Paraná

Airton Cordeiro - PFL; Alarico Abib - PMDB;Alceni Guerra - PFL; Antônio Ueno - PFL; BasilioVillani - PTB; Darcy Deitos .....,. PMDB; Dionísio DalPrá - PFL; Ervin Bonkoski - PTB; Euclides Scalco- PSDB; Hélio Duque - PMDB; Jacy Scanagatta- PFL; José Carlos Martinez - PMDB; José Tavares- PMDB; Jovanni Masini - PMDB; Matheus Iensen- PMDB; Maurício Fruet - PMDB; Maurício Nasser- PMDB; Max Rosenmann - PMDB; Nelton Frie-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

drich - PSDB; Nilso Sguarezi - PMDB; Osvaldo Ma­cedo - PMDB; Oswaldo Trevisan - PMDB; PauloPimentel - PFL; Renato Bernardi - PMDB; RenatoJohnsson - PMDB; Sérgio Spada - PMDB; TadeuFrança - PDT; Waldyr Pugliesi - PMDB.

Santa Catarina

Alexandre Puzyna - PMDB; Antônio Carlos Kon­der Reis - PDS; Artenir Werner - PDS; CláudioÁvila - PFL; Eduardo Moreira - PMDB; FranciscoKüster - PSDB; Henrique Córdova - PDS; Ivo Van­derlinde - PMDB; Luiz Henrique - PMDB; OrlandoPacheco - PFL; Paulo Macarini - PMDB; RenatoVianna - PMDB; Ruberval Pilotto - PDS; VictorFontana - PFL; Vilson Souza - PSDB; Walmor deLuca-PMDB.

Rio Grande do Snl

Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta - PDS;Amaury Müller - PDT; Antônio Britto - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Carlos Cardinal- PDT; DarcyPozza - PDS; Erico Pegoraro - PFL; Floriceno Paixão- PDT; Hermes Zaneti - PSDB; Hilário Braun ­PMDB; Ibsen Pinheiro - PMDB ; Ivo Lech - PMDB;Ivo Mainardi - PMDB; João de Deus Antunes ­PTB; Jorge Uequed - PMDB; Júlio Costamilan ­PMDB; Lélio Souza - PMDB; Luís Roberto Ponte- PMDB; Mendes Ribeiro - PMDB; Nelson Jobim- PMDB; Olívio Dutra - PT; Osvaldo Bender -PDS; Paulo Mincarone - PMDB; Paulo Paim - PT;Rospide Netto - PMDB; Telmo Kirst- PDS; VicenteBogo - PSDB; Victor Faccioni - PDS.

Amapá

Anrúbal Barcellos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovarú Borges - PFL.

Roraima

Chagas Duarte - PFL; Marluce Pinto - PTB; Moza­rildo Cavalcanti - PFL; Ottomar Pinto - PMDB.

I - ABERTURA DA SESSÃO

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passorú) - A lista depresença registra o comparecimento de 167 SenhoresDeputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão

anterior.

H - LEITURA DA ATA

o SR. PAULO PAIM, servindo como 2'-Secretário,procede à leitura da ata da sessáo antecedente, a qualé, sem observações, assinada.

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Passa-seà leitura do expediente.

IH - EXPEDIENTE

PROJETO DE RESOLUÇÃON" 46, de 1988

(Da CPI INAMPS, INPS, lAPAS e DATAPREV)Aprova o Relatório, as Recomendações e as Con­

clusões da Comissão Parlamentar de Inquérito des­tinada a investigar irregularidades ocorridas noJNAMPS, INPS, lAPAS e DATAPREV.

Será publicado em suplemento a e55e diário

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Passa-seao

IV - Pequeno ExpedienteTem a palavra o Sr. Nilson Gibson

O SR. NILSON GIBSON (PMDB - PE. PronunciaO seguinte discurso.) - SI' Presidente Irma Passoni,que muito nos honra por estar presidindo esta sessão,Sr" e Srs. Deputados, o Ministro Hugo Napoleão disse

Quinta-feira 11 2745

que duas idéias são básicas para a implantação do Pro­grama de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico:atendimento às peculiaridades regionais na oferta deensino de 2' grau, diversificando as habitações, ondefosse nccessário, para atender ao mercado de trabalho,e a interiorização do ensino profissionalizante, com acriação de escolas agrícolas de l' grau, visando a ade­quação do ensino ao sistema produtivo do País.

O Ministro Hugo Napoleão lembrou que, dentro des­sa filosofia, uma das preocupações quanto à implan­tação desse programa é com a melhoria do ensino agro­técnico, informando que estão previstas a construçãode 20 escolas agrotécnicas de 2' grau, até dezembrode 1989, e a implantação de 73 escolas agrícolas del° grau, que serão entregues aInda este ano à comuni­dade. Disse o Ministro Hugo Napoleão que o Governodo Presidente José Sarney está consciente de que nãodispõe de meios para ampliar a oferta de educação se­cundária, mas pretende, na medida do possível, preen­cher essa lacuna com o ensino técnico ajustando-se àsnecessidades de modernização do País no meio rurale urbano. Vale ressaltar que o Programa de Expansãoe Melhoria do Ensino Técnico distingue-se de iniciativasanteriores pela ênfase na interiorização da educaçãotécrúca, pois através de novas escolas agrícolas de l'grau e de escolas agrotécnicas de nível médio se procuracapacitar os recursos humanos com vistas a padrõesmais elevados de desempenho e melhoria de renda,teutaudo-se evitar o êxodo dos jovens do campo à pro­cura de melhores oportunidades.

Sr. Presidente, SI" e Srs. Deputados, para implan­tação das escolas de l' grau, o Ministério da Educaçãodeu prioridade aos Municípios onde não havia cursocompleto de I' grau (5' à 8- série) com o objetivo deoferecer uma educação teórico-prática, que favoreçaa produção ou consolidação de conhecimentos e técni­cas adaptadas às áreas rurais. A escola funcionaria emtempo integral, em regime de semi-internato, com oitohoras de trabalho diário e, em casos específicos, emregime de internato. Além disso, o curso visa propiciarao educando os conhecimentos básicos indispensáveisao desenvolvimento de suas potencialidades, como ele­mento de auto-realização.

A proposta pedagógica, medida que será implantadanessas escolas, que vão começar a funcionar já no cor­rente ano, foi elaborada por uma equipe do Ministérioda Educação, com base na experiência acumulada coma implantação da metodologia do sistema escola-fazen­da, nas escolas agrotéenicas federais da rede Coagri,que busca conciliar o trinômio educação-trabalho-pro­dução.

Com este programa, o Ministro Hugo Napoleão pre­tende, juntamente com os Estados, Municípios e setorprivado, aumentar a oferta de vagas em escolas agrícolasde l' e 2' graus no meio rural, que emprega cerca de30% da população economicamente ativa e só dispõede 2% dos estabelecimentos de ensino secundário.

As 73 escolas agrícolas de l' grau do Programa deExpansão e Melhoria do Ensino Técnico quc estão sen­do implantadas pelo Ministro Hugo Napoleão, ainda­este ano, vão beneficiar 18 mil estudantes, que irúciarãoseus cursqs em março de 1989. O Ministério da Educa­ção já aplicou, na sua construção e em equipamentos,Cz$ 2.700.000.000,00. Os terrenos, de no mínimo 50hectares cada um, foram doados pelos Municípios bene­ficiados com o programa.

Paraberúzo o Ministro Hugo Napoleão pelo excelentetrabalho que vem desenvolvendo no Ministério da Edu­cação, destacando também, na área universitária, suaênfase para a aquisição de equipamentos para labora­tórios de ensino, substituição de outros atualmente de­teriorados, melhoria das redes de abastecimento deágua dos campi, no setor de saneamento e energia elé­trica.

Parabéns, Ministro Hugo Napoleão. Aliás, não foisurpresa para nós, que conhecemos de perto o ilustreParlamentar do Piau\.

O SR. DORETO CAMPANARI (PMDB - SP. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - SI' Presidente, Sr~ eSrs. Deputados, a redução de vencimentos dos que vãopara a inatividade não é matéria nova em nosso sistema,tanto no que tange aos servidores estatutários comono que se refere aos trabalhadores, que sofriam restri­ções já na década de quarenta.

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Mas o fenômeno agravou-se a partir de 1967, coma primeira reforma administrativa feita pela Revolução,período em que se inventou uma figura nova de servi­dor, que ficava "encostado" como excedente no DASP,aguardando oportuna designação para um cargo vago.

Foi, sobretudo, na política previdenciária que a ques­tão salarial se agravou, todos os aposentados recebendomenos do que percebiam na atividade. ;

Mas a Nova República, nos seus três anos de vigência,ainda não conseguiu fazer justiça aos inativos da Previ­dência Social, com uma defasagem salarial, nos últimosvinte anos, de duzentos e cinqüenta a trezentos porcento.

Dentre sete a oito milhões de aposentados existentesno País, cerca de duzentos mil são ex-funcionários fede­rais, tendo o salário da inatividade calculado pela médiadas trinta e seis últimas contribuições previdenciáriasantes da aposentadoria.

Esse artifício servia para promover o achatamentosalarial na aposentadoria, como ocorre até hoje, en­quanto o trabalhador espera uma solução constitucio­nal. Dir-se-ia que se trata de assunto de lei ordinária.

Mas, mediante le( ordinária, jamais a maioria parla­mentar buscou alterar o assunto, sem qualquer influên­cia junto ao Presidente da República, a quem cabe,pela atual Constituição, a iniciativa da matéria.

Por isso, os aposentados da Previdência Social, quan­do ainda com energias físicas e mentais, procuram ­encontrando-o quase sempre - um novo emprego, aoqu,!l emprestam sua longa experiência.

E preciso que a nova Constituição corrija isso, deter­minando que os aposentados ganhem os mesmos salá­rios percebidos na inatividade.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente. Sr" eSrs. Deputados.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Sem revisão doorador.)-Sr'.Presidente, Sr"e Srs. Deputados, solicitoa transcrição nos Anais da Câmara dos Deputados da"Carta Aberta à População" assinada pelo Comitê deReadmissão dos Funcionários da Empresa Brasileirade Correios e Telégrafos. Ao manifestar apoio às reivin­dicações desses trabalhadores, apelamos para o Minis­tério das Comunicações no sentido de que reveja suaposição intransigente de manter a política de não-read­missão, de retaliação aos trabalhadores dos Correios.

Algumas das reivindicações, como a que diz respeitoàs conquistas salariais, caminham para o atendimento.No entanto, a dispensa de centenas de trabalhadoresdos Correios é a continuidade da política adotada nasprimeira e segunda greves. Isso cria um clima de insegu­rança, de perseguição, de chantagem e de repressãocontra os funcionários dos Correios.

Portanto, ao solicitar a transcrição dessa "Carta",manifestamos nosso apoio aos carteiros de São Pauloque se encontram em greve. Apelamos para o Minis­tério das Comunicações para que reabra negociaçõesno sentido da readmissão dos demitidos. Caso perma­neça essa situação, em que centenas de trabalhadoressão dispensados por motivos exclusivamente políticos,por uma intransigência do Ministério das Comunica­ções, as razões que levaram os trabalhadores à grevecontinuam e, agora, num sentido até mais elevado, por­que se trata de uma questão política, com repressãoe a retaliação dos trabalhadores dos Correios e Telé­grafos.

Portanto, solicito a V. Ex' a transcrição da "CartaAberta à População".

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO

OS carteiros de São Paulo se enconiram em greve,desde o dia 11 de julho de 1988, com a participaçãoativa de 85% da categoria do estado. Como resultadodeste movimento, mais de 14 milhões de correspon­dências estão retidas nas dependências da Empresa deCorreios e Telégrafos - ECT.

Apesar desta representatividade, o Ministro das Co­municações, Antônio Carlos Magalhães, e a direçãoda ECT se encontram intransigentes e já demitiram,em 25 dias, mais de mil funcionários. O Governo negadialogar com a categoria as suas justas reivindicações,que são as seguintes:

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

1-Elevação salarial, pois hoje os carteiros têm amédia salarial entre Cz$ 25.000,00 a Cz$ 29.000,00.

2 - Tratamento respeitoso entre a Direção da ECTe os seus funcionários, já que as arbitrariedades têmfeito parte do dia-a-dia da empresa.

3 - Aumento do vale-refeição, que se encontra emCz$ 200,00.

4 - Mudança da administração, já que a atual vemse caracterizando pela completa Incapacidade de rela­cionar-se com os servidores e de gerir o patrimônio

. da Empresa. Há numerosas denúncias, muitas compro­vadas, de corrupção e malversação de recursos da ECT.

5 - Manutenção do monop6lio estatal, isto é, a nãoentrega dos correios para empresas multinacionais.

Durante esta greve e após seguidas denúncias, veioa público documentos comprovando a podridão da ad­ministração da Empresa, onde campeia o arbítrio, atal ponto que o Ministro das Comunicações se viu força­do a demitir dois dos·seus "confiáveis" administradores:o presidente da ECT, Laumar Melo Vasconcelos, eum do diretores, que uuma espúria e ilegal transaçãocom um coronel da ditadura militar, pretendiam venderparte do patrimônio da ECT, conforme noticiou O insus­peito Jornal do Brasil, na edição de 4-8-88.

Após várias greves, sem o diálogo por parte do Minis­tro Antônio Carlos Magalhães e a Direção da ECTcom os carteiros, e mais de 5 mil demissões, os serviçosdos correios pioraram. É necessário impedir que as au­toridades continuem destruindo este patrimônio da so­ciedade. Os servidores da ECT manifestaram o seu inte­resse em encerrar a greve, restabelecendo os serviçostão importantes que exercem, desde que a direção daECT e o Governo cumpram seu dever de negocüu eencontrar uma solução.

Neste sentido, o Comitê de Readmissão dos Funcio­nários da ECT, conforme decisão de Assembléia reali­zada em Brasília, no dia 04 de agosto de 1988, conclamaa população a expressar sua solidariedade ao movimen­to grevista e a exigir o diálogo entre as autoridadesgovernamentais e os funcionários da ECT paulista.

Comitê de Readmissão dos Funcionários da ECT.

o SR. FARABULINI JÚNIOR (PTB - SP. Sem revi­são do orador.) - Sr' Presidente, Srs. Deputados, oPoder Executivo recalcitra e prejudica por demais todauma estrutura que leva a conceitos até nobres. -Todosnós, Deputados desta Casa, entendemos que a apresen­tação de títulos e provas é o caminho adequado parao preenchimento das vagas nos concursos públicos. Estetambém é o ponto dc vista da maioria esmagadora doCongresso Constituinte, tanto que se inserin no textoaprovado no primeiro turno esse modelo, que-é corretoe que deve ser seguido tanto pelo Poder Executivo quan­to pelo poder Judiciário e também pelo Poder Legis­lativo.

Ocorre, Sr' Presidente, que os candidatos atendemaos editais, freqüentam bibliotecas. abandonam até em­pregos para melhor preparar-se. Aos milhares - sabe­se - comparecem brasileiros para enfrentar o concursopúblico. São dez, vinte mil candidatos, para disputaremcento e cinqüenta, duzentas, trezentas vagas. Aprova­dos, no modelo do edital, eles aguardam a convocação,e aí está o problema: ela não surge, fica para depois.Esses concursados ficam, entra ano e sai ano, na expec­tativa daquilo que considero seu direito, uma vez queforam aprovados em concurso de títulos c provas.

Evidentemente, cumpre ao Poder Executivo convo­car os aprovados, e isto não ocorre no Ministério doTrabalho, no Ministério da Previdência Social, nem emoutros Ministérios. Porém, no momento, vou referir-metão-somente ao Ministério do Previdência Social.

Houve, faz mais ou menos trés anos, concurso públicode títulos e provas para o recrutamento de fiscais previ­denciários. Esses cidadãos - homens e mulheres ­na verdade, estão na expectativa de assumir, e o Minis­tério não os convoca.

Sabemos que em São Paulo há quinhentos cargospara fiscais previdenciários. O mesmo ocorre; em núme­ro menor, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiroe também na Bahia.

Fiz um levantamento neste País e verifiquei que oclamor é nacional, Pois bem, ocupei esta tribuna váriasvezes, apresentei emendas à Assembléia NacionalConstitninte, já com parecer favorável d.o Relator, para

Agosto de 1988

que esses sejam recrutados com prioridade sobre osnovos concursados.

Ocorre, também, que em meio a tudo isso o PoderExecutivo abre novos concursos e pretere os candidatoshabilitados anteriormente. Portanto, há um clima dedesconforto total.

Conclno dizendo que, enquimto o Ministro diz quea Previdência Social não tem recursos para dar cober­tura àquilo que a Constituiute decidiu como bom emelhor para atender aos aposentados, sabe-se perfeita­mente que o fiscal previdenciário é aquele que fiscalizaas empresas, onde o empresário muitas vezes é relapsoe não recolhe a contribuição qne já retirou da folhade pagamento do trabalhador.

Sabemos que há inadimplehtes em grande número.tanto que existem Deputados que pedem anistia paraaqueles que devem à Previdência Social. Estou certode quc isto não ocorrerá; pois ninguém aprovará emen­da com esse teor.

Faço agora um apelo dramático ao Sr. Ministro daPrevidência Social, recentemente nomeado, para querecrute os concursados, moralize a administração públi­ca e impeça que haja sonegação, pois empresários nãorecolhem aquilo que estão obrigados.

O SR. CÉSAR MAIA (PDT - RJ. Sem revisãodo orador.) - SI" Presidente, SI'" e Srs. Deputados,é fácil para um Governador de Estado, em face derazões estritamente políticas .,.- diria de política menor- fazer afirmações à opinião pública a propósito doseu respeito pela nova Constiutição e da sua vontadede vê-Ia pl"omulgaa·a ó ínais breve possível. Mas quandoesse mesmo governador não respeita os mínimos princí­pios inspirados nesse novo texto constitucional, defi­ne-se uma situação de falsidade em relação à populaçãoa que ele se dirige. É o caso do Governador do Riode Janeiro. No texto da nova Constituição, no Capítulorelativo ao Orçamento, no art. 173, que trata das veda­ções, há três incisos comezinhos na prática orçamentáriaem qualquer regime democrático.

Ele diz:

"São vedados:I~O início de programas ou projetos não incluí­

dos na lei orçamentária anual.

lf - A realização de despesas ou assuução deobrigações diretas que excedam os créditos orça­mentários ou adicionais."

Já o inciso IX, § l' diz:

"Nenhum inv~stimento,cuja execução ultrapas­se um exercício financeiro, poderá ser iniciado semprévia inclusão no plano plurianual, ou sem leique autorizea inclusão, sob pena de crime de res­ponsabilidade."

Pois bem. Sr' Presidente, o Governo do Rio de Janei­ro tem um problema muiti:> grave: a forma como foifinanciado o metrô na capital. Isso cria problemas gra­víssimos e r~percussões muito maiores do que se poderiaimaginar. E o caso, por exemplo, do Banco do Estadodo Rio de Janeiro, gravado permanentemente por fi­nanciamento inadeqnado, cujo sujeito responsável eavalista foi o próprio banco, para parte dos seus investi­mentos. Agora, o Governador fecha um conjunto depraças na. cidade do Rjo de Janeiro, para expansãodo metrô, em direção.à. zona sul, aos bairros de classemédia mâis alta. Discordamos dessa prioridade, masnão qucremos entrar no mérito.

Sr' Presi?ente, o absurdo é que o metrô do Rio deJaneiro, no macroprojeto idealizado pelo Governador,não tem financiamento. O Banco Nacional de Desen­volvimento Econômico e Social não aprovou nem libe­rou o projeto, porque essas decisão ganha Foro de umadecisão irresponsável.

O que cstá fazendo o Governador do Estado d~ Riode Janeiro? Está buscando a rcdc bancária para descon­tar suas duplicatas, ou seja, para fazer uma operaçãode crédito por antecipação de reéeitas, oferecendo comogarantia o Imposto sobre Circulação de Mercadoriasuo montante de 100 milhões de dólares para ser pagoainda nesse exercício fiscal, portanto, até janeiro de1989, numa situação com que, financeiramente, o Go­verno do Rio de Janeiro não tem possibilidade de arcar.

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Agosto de 1988

Está-se criando uma situação 'de fato que pode tercomo desdobramento, de um lado, o endividamentodo Estado e, do outro, a interrupção dessas obras.

Acho, Sr' Presidente, que é uma decisão muito grave.Certamente vai onerar mais uma vez O Banco'do Estadodo Rio de Janeiro, que será, com toda possibilidade,o coordenador dessa espécie de d<;sconto de duplicatasque o Governo do Estado fará. E uma decisão gravee irresponsável.

Chamo a atenção da popúlação do Rio de Janeiropara isso.

Outras decisões do mesmo calibre foram tomadasem relação metrô do Rio de Janeiro, principalmentedurante a administração do Sr. Chargas Freitas, e re­dundaram no encilhamento financeiro do Banco do Es­tado e dificuldades profundas do Governo do Estadopara realizar sua~ tarefas precípuas.

Gostaria de afirmar isso e dizer que são falsas asafirmações do Governador do Estado do Rio de Janei­ro, quanto a seu respeito por este texto constitucional.Uma prova disto é o metrô.

Em segundo lugar, essa é uma decisão que vai lançar,mais uma vez, o Estado do Rio de Janeiro, não seise este Governo ou b próximo, nunia sitação mais difícildo que a que já enfrenta.

É apenas isto Sr' Presidente.

O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Sem revisão doorador.) - SI" Presidente, Sr" e Srs, Deputados, esta­mos apresentando hoje a esta Casa projeto de lei quevisa a alterar o que consta na CLT sobre as CIPAs,Comissões Internas sobre Prevenção de Acidentes.

Antes de ser sindicalista e Constituinte fui supervisordo trabalho c também presidente dc CIPA. Já naquelaoportunidade tínhamos elar,!s as deficiências da atuallegi~lação. As CIPAs, com seu espírito de formação,foram muito importantes para evitar os acidentes dotrabalho e dar mais scgurança aos trabalhadores. Masnão funcionam como deviam, pois, infelizmente, o Bra­sil continua sendo campeão mundial em acidentes detrabalho, com cerca de 2 milhões de acidentes, hoje.O que pretendemos com este projeto é acabar comas deficiências existentes dentro da pr6pria empresa,onde as Comissôes Internas de Prevenção de Acidentessão reapresentadas por trabalhadores que defendem osinteresses do ~mpregado e por outros indicados peloempregador, para defenderem supostamente 05 inte­resses dos trabalhadores mas na prática isto não fun­ciona.

A segunda questão diz respeito ao fato de que oPresidente da CIPA não é eleito pelos trabalbadores.É indicado, de forma indireta, pelo empregador, nor­malmente um chefe do departamento de pessoal, o queé outra incoerência.

Nosso projeto aponta no seguinte sentieio: a CIPA- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ­será composta de trabalhadores das fábricas, 05 quais,todos - dez, vinte, trinta, cinqüenta ou sessenta ­serão eleitos proporcionalmente pelo voto direto dos'trabalhadores. O Presidente da CIPA também passaa ser eleito pelo voto direto e não mais será uma pessoade confiança do empregador.

Nesse mesmo projeto, ainda propomos que o man­dato dos membros da CIPA seja de dois anos e quetenham garantia no emprego durante o mandato e peloano posterior. Vamos mais além: a reeleição dos mem­bros da CIPA"quc hoje não é permitida, deve ser umdireito. Os pr6prios trabalhadores devem decidir se de­vem ou não reeleger os membros da CIPA. Normal­mente, como infelizmente ocorre hoje, depois de umano de mandato muitos companheiros cipistas acabam- se se colocarem frontalmente contra os interessesdo empregador e defendendo os interesses do empre­gado - sendo demitidos, porqu.e não lhcs é permitidaa reeleição. Eles terão de esperar um mandato, e somen­te no outro poderão ser reconduzidos.

Assim, em nóssa avaliação, nosso projeto deverá tero apoio do conjunto do· movimento sindical brasileiroe, cntendo, de todos 05 Líderes desta Casa, pois vemao encontro dos interesses do pr6prio empregado e doempregador, porque, evitando o acidente de trabalbo,tanto uma parte quanto a outra estará ganhando. Nomeu entender, o maior prejudicado é sempre o trabalha­dor, que acaba perdendo o dedo, o braço, as mãosou até mesmo a vida.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Dados sobre o assunto nos mostram que o que oPaís perdeu até boje em decorrência dos acidentes detrabalho quase daria para pagar a dívida externa brasi­leira.

Este é o assunto que trago ao conhecimento da Casa,Sl" Presidente, e que encaminharei à Mesa no momentooportuno.

Concluo, na certeza de que nosso projeto, ao servotado em regime de urgência, será aprovado o maisrapidamente possível.

O SR, OLÍVIO DUTRA (PT - RS. Sem revisãodo orador.) - SI" Presidente, Sr" e Srs. Deputados,hoje à tarde, o SI. Presidente da República oficializaráo Conselbo Federal de Desestatização.

Preciso dizer que este Conselho já existia na práticae já vinha trabalhando há cerca de três meses. Massabemos que há muito mais tempo o Governo vemdesenvolvendo uma política do interesse do grande capi­tal privado nacional e multinacional, ou seja, a de entre­gar empresas rentáveis, que hoje estão sob controlepúblico, à chamada iniciativa privada.

Essa política vinha sendo feita sem nenhum conheci­mento do Congresso Nacional e da opinião pública bra­sileira. Tudo vinha sendo tratado nos gabinetes oficiaiscom as partes interessadas, os grandes grupos econô­micos e financeiros do País. Essa política é tambémfundamental ao compromisso do Governo da Nova Re­pública com o Fundo Monetário Internacional. É exi­gência da cooperativa dos nossos credores internacio­nais, para que haja a menor participação possível doEstado no ordenament~ econômico do País. Isso signi­lica o Estado diminuir investimentos sociais, empresaspúblicas serem transferidas para a iniciativa privada;significa o sistema financeiro brasileiro se reordenado,no sentido de que haja acentuada sua privatização ouseu caráter privado, com enormes prejuízos para o povobrasileiro e demonstrando subserviência das autorida­des governamentais em relação a interesses de forçaseconômicas poderosas localizadas no País e lá fora.

Por isso, aproveito a oportu,nidade para apresentar,hoje, projeto de lei que dá nova redação ao art. Iada Lei n' 7.315, de 24 dc maio de 1985, que criouo Banco Meridional do Brasil. A Nação sabe que oBanco Meridional do Brasil s6 existiu graças à luta demilhares de pequenos produtores rurais, pequenos co­merciantes, pequenos e médios empreendedores gaú­chos e da região Sul, dos milhares de funcionários doantigo Sulbrasileiro, que por má administração da ini­ciativa privada foi à falência e se recuperou com outronome, o de Meridional, graças a uma injeção de recur­sos públicos. Agora, quando o Banco Meridional mos­tra que sob o controle público, com a dedicação dosseus funcionários e atendendo aos interesses de finan­ciamento da região Sul, começa a dar lucro, a apresentarbons resultados, o Governo aceita pressões da iniciativaprivada, do SI. Mathias Machline, do Bradesco e deoutros grupos e passa a estudar, de forma acelerada,a maneira de transferir o controle acionário do Meri­dional para a iniciativa privada. Por isso queremos alte­rar o art. 10 da Lei n' 7.315, para que seja asseguradaa manutenção do controle do Banco Meridional do Bra­sil S/A por parte da União, podendo o Poder Executivopromover a venda de ações da companhia, contandoque fique com 51% do total das ações.

Esperamos que o projeto tenha tramitação rápidanesta Casa, a fim de que, em tempo, possamos evitarmais essa medida de privatização, que não atende aosinteresses da Nação nem aos dos pequenos comerciantcs.e pequenos produtores rurais da minha região - RioGrande, Paraná e Santa Catarina - mas, sim, aos inte­resses dos grandes empresários e do Fundo MonetárioInternacional.

Voltaremos, em outra oportunidade, a analisar me­lhor a composição do Conselho Federal de Desesta­tizaçãci, uma vez que cstará lá, reprcsentando os' traba­lhadores, um sindicalista cuja indicação não sei em queinstância foi resolvida. Entendo que a representaçãodos trabalhadores no Conselho Federal de Desestati­zação deve ser resultado da indicação das entidadessindicais representativas dos trabalhadores a nível na­cioual, jamais por ordem do Presidente José Sarney,que quer ter nesse Conselho pessoas d6ceis à sua políticade privatização.

Brevemente voltaremos ao assunto.

Quinta-feira 11 2747

O SR. ADYLSON MOTTA (PDS - RS. Scm revisãodo orador.) -Sl" Presidente, aproveito minha inscriçãode hoje para fazer um apelo a V. Ex', para que transmitaà Mesa meu pedido para que volte a constar de nossostrabalhos a Ordem do Dia.

Meu pedido baseia-se no fato de que n6s estamosencaminhando - se continuar a acontecer o que ocor­reu ontcm - para o término dos trabalhos da Assem­bléia Nacional Constituinte. A partir daí, evidentemen­te, esta Casá entrará em recesso branco, tendo em vistaas eleições municipais que se avizinbam, o que ocasio­nará prejuízo para o funcionamento da Câmara, doSenado e do Congresso Nacional. Para que possamosaproveitar esse período de votação do segundo turnoda Constituição, simultaneamente com os trabalhos daCãmara, sugiro que se acione aqui o Regimento Internod~ Casa e conste na pauta das sessões a Ordem doDia.

Também solicitaria à Mesa, providências - e estepedido já foi apresentado na Assembléia NacionalConstituinte - no que respeita à resposta aos pedidosde informações encaminhados ao Poder Executivo.

Apenas para dar um exemplo a V. Ex', Sr. Presidcntehá, mais ou menos 5 meses encaminhei pedido de infor­mação ao Poder Executivo. No mês de junho, o Sr.Ministro das Minas e Energia, Dr. Aureliano Chaves,teve a gentileza de telefonar para o meu gabinete, dizen­do que já havia entregue as respostas - uma vcz queo pedido se referia a assuntos atinentes à sua área deatuação - ao Ministro-Chefe da Casa Civil.

Pois bem, são passados dois meses e até boje nãofui honrado com resposta formal do Poder Executivo.Assim, peço a V. Ex' que, através da Presidência daMesa desta Casa,. tome providências para que isso nãomais ocorra, a fim de que possamos ter as informaçõesque solicitamos, importantes para o desempenho donosso mandato nesta Casa.

Era apenas este o registro, Sr' Presidente. Agradeçoa V. Ex' a gentileza de me ouvir.

A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - A Presi­dência encaminhará a solicitação de V. Ex'

O SR. MÁRIO LIMA (PMDB - BA. Sem revisãodo orador.) -SI" Presidente, Srs. Deputados, a Consti­tuinte decidiu ontem manter, no Texto Constitucional,a mesma redação aprovada em primeiro turno, no quese refere à estabilidade no emprego. Apresentei emendaobjetivando mudar o texto. Minha emenda foi rejeitadapor 230 votos contra 144 e 5 abstenções. O que preten­dia?Pre!endia eu, com essa emenda, que o art. 79 daConstituição, inciso I, ficasse com a seguinte redação:

"Relação' de emprego protegida contra despe­didas arbitrárias ou sem justa causa, nos termosda lei."

Neste sentido, outros Constituintes também apresen­taram emendas. Cito aqui os companheiros AmauryMüller, do PDT; Pompeu de Sousa, do PSDB; LuizInácio Lula da Silva, do PT; e Haroldo Sabóia, doPMDB. Queríamos consagrar na Constituição o princí­pio da estabilidade, permitindo aos trabalhadores ummínimo de segurança, remetendo para a lei ordináriaos detalhes desse instituto.

Constatamos, SI' Presidente, que esta f6rmula, queontem todas as lideranças vinculadas ao movimento sin­dical brasileiro pretendiam ver aprovada, esteve ao nos­so alcance na Comissão de Sistematização. Algumasdas lideranças que ontem buscaram firmar esse princípiona Constituição votaram contra ele na fase da Comissãode Sistematização, pois constava no texto do Antepro-'jeto Cabral I. .

E ontem, o que vimos? O próprio Relator, por forçada di!làmica políticad?eu parecer contrário .ao 9.u~.el~

havia consagrado no anteprojeto denominadoCabral-I. .

Este fato, SI" Presidente, mostra-nos como a emoção,o vanguardismo, sem visão política, podem prejudicara causa do trabalhador. Se tivéssemos fechado questãoem torno do assunto na Comissão de Sistematização,talvez hoje o "Centrão" não existisse com a força quetem, porque ele nasceu para combater a estabilidade..Os companheiros que deram início ao movimento cha­mado "Centrão" começaram combatendo a estabilida­de. evoluindo dai para outras questões. Mas· sempreteve como ponto fundamental o combate à estabilidade,

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instituto que nos parecia difícil aprovar num Plenárioonde a maioria era ligada à ala conservadora, faltandoà ala progressista uma visão realista do quadro político.Ao tentar-se uma fórmula vanguardista, isto fez comque os conservadores se arregimentassem. E hoje cons­tatamos que o texto que consta na Constituição, noque se refere à estabilidade, podcria ser melhor sc tives­se havido uma compreensão mais clara da situação.

Tentei, desesperadamente, apresentar uma emenda,ela foi derrotada. O companheiro Luiz Inácio Lula daSilva também teve a sua emenda derrotada por 226votos contra 150. Os números mostram como a votaçãofoi praticamcnte igual, pois minha emenda teve 230votos contra, enquanto a do companheiro Lula teve226. Isso demonstra que faltou aos setores progressistasuma visão política mais nítida do quadro real da Assem­bléia Nacional Constituinte.

Passada a emoção da fase dos retratos colados emlugares públicos, onde qucm tinha bom senso era consi­derado inimigo do trabalhador, peço aos trabalhadoresque examinem com calma quem teve visão históricae quem quis, no vanguardismo inconseqüente, jogarpor terra os interesses maiores dos trabalhadores,

Fica o registro para que a classe operária, agora co­nhecendo todos os fatos, examine e veja quem agiubem e quem agiu mal, quem colocou os interesses dostrabalhadores acima dos interesses partidários e pes­soais.

Muito obrigado. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Mário Lima, a S,.Irma Passoni, Suplente de Secretário, deixa a cadei­ra da presidência, que é ocupada pelo Sr. AdylsonMotta, artigo 76 do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Adylson Motta) - Tem a pala­vra a Sr' Irma Passoni (Pausa.)

A SRA. IRMA PASSONI (PT - SP. Sem revisãoda oradora.) - SI. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,a revista IstoÉ, Senhorpublicou entrevista com o Sr.Wilson Suzigan, da Unicamp, em que ele analisa a cria­ção das ZPE no Brasil. A entrevista tem o seguintetítulo:

"As ZPE são desastres. Elas vão espalhar peloNordeste os males da Zona Franca de Manaus.Política industrial não é isso, diz especialista noassunto: Wilson Suzigan, da Unicamp."

O Presidentc Sarney criou essas ZPE por dccreto-lei.Há um consenso na nação de quc as ZPE não sãoinstru­menta real de desenvolvimento social em qualquer área,muita menos no Nordeste. Esse economista, especia­lista na área, diz que essa proteção permanente resultaem atraso e ineficiência. Além disso, coloca claro queas fábricas automatizadas não darão emprego no Nor­deste, e as experiências nesse sentido nos outros paísesjá estão até superadas. Então, o que leva o Presidenteda República a elaborar um projeto desse e implantá-lopor meio de decreto-lei, o que consideramos um ab­surdo?

Portanto, solicito a V. Ex', SI. Presidente, que aentrevista seja transcrita nos Anais, na íntegra, e divul­gada para conhecimento desta Casa. Que fiquem regis­trados também os questionamentos em relação a esteassunto. _

Nesse momento, SI. Presidente, está havendo umreunião no Senado com as Lideranças da Cãmara. Espe­ramos que os Srs. Líderes examinem e rejeitem essedecreto-lei, porque há um consenso nacional de queessas ZPE não devem ser implantadas.

Portanto, essc decreto-lei deve entrar como pontode negociação com o Presidentc do Senado, para que,na sessão do Congresso Nacional, possamos rejeitá-lo,pois não há interesse, por parte da Nação, em queesses zonas específicas sejam implantadas.

ENTREVISTA A QUE SE REFERE A ORA­DORA:

AS ZPE SÃO UM DESASTRE

Elas vão espalhar pelo Nordeste os males da ZonaFranca de Manaus. Política industrial não é isso, dizum especialista no assunto: Wilson Suzigan, da Unicamp

Fora Sarney e alguns técnicos de Brasília (ou doMIC), todo mundo parece ser contrário à implantação

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE),criadas na semana passada sob a forma de decreto-leida Fiesp (que pretende convencer o Congresso a revo­gar o decreto) aos especialistas. Trata-se de áreas livrespara a instalação de indústrias exportadoras, preferen­cialmente no Nordeste, sem impostos, taxas aduaneirasou controles cambiais, e ainda podendo vender 10%da produção no mercado interno - a única exigêncianesses enclaves é saldo comercial favorável. Campo fér­til para o contrabando, desconectadas de uma políticaindustrial ampla (ao contrário do que aconteceu na Co­réia), estabelecendo privilégios em relação a todas asoutras indústrias já instaladas, as ZPE "são um anacro­nismo", na opinião de Wilson Suzigan. Paulista de 46anos, professor da Unicamp, doutor pela Universidadede Londres, autor de vários trabalhos sobre a industria­lização brasileira, Suzigan coordenou o projeto indus­trial que a Copag realizou para Tancredo Neves. Coor­denou também um aprofundado estudo feito recente­mente pela Unicamp (para o BNDES) sobre as mudan­ças tecnológicas que estão ocorrendo nos países ricose nos países asiáticos. É disto que fata nesta entrevista:

P - As ZPE deram certo em algum lugar? Essespaíses podem ser comparados ao Brasil?

R - As ZPE hoje representam o único assunto sobreo qual, talvez, exista um consenso quase que nacional.Consenso contrário à idéia. No entanto, ela acabousendo implementada, a meu ver, de uma forma inteira­mente inoportuna e inadequada em termos de instru­mento de política industrial. As ZPE surgiram no finalda década de 60 e na década de 70. Naquela épocafaziam sentido do ponto de vista do movimento do capi­tal internacional, que era baseado na busca de mão-de­obra barata para cumprir a fase final de montagem,basicamente, de alguns produtos manufaturados. Emgeral os países que acolheram as ZPE tinham caracte­rísticas totalmente diferentes das caractcrísticas do Bra­sil atual. Eram cidades-estado com um mercado extre­mamente limitado.

P - Cingapura, Hong Kong...R - Mesmo Coréia do Sul, até certo ponto, Formosa,

Cingapura, Hong Kong. Para eles, a plataforma de ex­portação (que é o que significam as ZPE no fundo)era uma idéia válida, porque ao mesmo tempo cumpriaduas funções: a acumulação de capital das empresastransnacionais combinada com um maior avanço decrescimento. As ZPE cram uma fontc de emprego paraessa mão-de-obra pouco qualificada e barata para aque­las funções mais simples de montagem de produtos ele­trônicos, fabricação de produtos manufaturados maissimples. O mundo mudou. Há um avanço tecnológicono mundo, que tende a reduzir a participação da mão­de-obra no produto final e reduz até o conteúdo dematerial que entra nos bens finais. Essas duas coisa~'

tendem a fazer com que aquele antigo fator de atrativi­dade dos capitais - a mão-de-obra barata -desapareçaou pelo menos seja...

P - A mão-de·obra barata já não é mais...R - Já não é mais um elemento de custo importante.

Ou melhor, tcnde a ser cada vez menos um elementode custo importante, determinante do deslocamento decapacidade produtiva em busca de mão-de-obra, queera o que as ZPE permitiam.

P - Quer dizer, os investimentos viriam para umpaís como o Brasil independentemente desse elemento,ou levando em conta muito menos a mão·de-obra barata.

.R - Muito menos. Esse é um aspecto. O outro éque o Brasil é um país totalmente 'diferente dessas plata­formas de exportação; um país com um mercado internoextremamente grande e com um potencial ainda emgrande parte inexplorado. Tem uma estrutura industrialpraticamente completa, consolidada e já tem pratica­mente todos os fatores que poderiam atrair (õu naoatrair) os investimentos diretos de capital estrangeiro.Então, desse ponto de vista as ZPE são- um anacro­nismo.

P - O que vai acontecer com as ZPE hrasileiras?Haverá contrabando? Há jeito de controlar o câmbio?Haverá reação nos setores industriais já instalados emoutros Ingares e que não terão os mesmos benefícios?Vai virar simplesmente uma Zona Franca de Manaus?Dará emprego?

R - O grande perigo reside exatamente na possibi­lidade de se estar criando não mais uma, mas várias

Agosto de 1988

Zonas Francas de Manaus, que poderão trazer todasas incoveniências em termos da evolução da estruturaindustrial hrasileira que a Zona Franca de Manaus trou­xe. Ou seja, abre-se uma espécie de buraco pelo qualum elo da cadeia produtiva poderá ser sugado, poderádesaparecer. No caso da Zona Franca de Manaus, qualfoi? Foi a indústria de bens de consumo duráveis, eletrô­nicos de consumo de um modo geral. Toda a indústriaquc já estava instalada em outras regiões do País transfe­riu-se para lá. E como'na Zona Franca de Manausimportam-se todos os componentes (ela simplesmenteé uma zona de montagem), ficou praticamente inviabi­lizado o desenvolvimento da indústria de componenteseletrônicos que farão parte desses bens eletrônicos deconsumo. Pode-se repetir essa experiência em outrasáreas.

P - Então, não há nenhuma absorção de tecnologia?R - Bom, fala-se muito nas vantagens em termos

de criação de tecnologia, de acelerar o desenvolvimentotecnol6gico, de criar emprcgos, de rcdução de dcscqui­líbrios regionais. Isso tudo é pura balela. Pode-se verisso até mesmo na experiência dos outros países. Nocaso do desequilíbrio tecnológico brasileiro há duas pos­sibilidades: ou as empresas interessadas nas ZPE brasi­leiras virão para cá com uma tecnologia mais avançadae com toda certeza não vão transferir essa tecnologiapara o sócio brasileiro (mesmo porque não há, queeu saiba, qualquer exigência em termos de associação,transferência e absorção de tecnologia); ou, na outraalternativa, que eu acho mais provável, elas vão trans­ferir para cá plantas industriais tecnologicamente já ul­trapassadas, ou pelo menos defasadas. O que tambémnão vai contribuir em nada..

P - E quanto à'mão:de-obra?R - Aplica-se o mesmo comentário. Se vier uma

empresa com tecnologia mais avançada, a absorção demão-de-obra é mínima: as plantas são mais automa­tizadas, os processos de fabricação são altamente inte­grados e automatizados; ou se eriariio empregos numnível tal de especialização, que o Nordeste não temcondições de suprir.

P - Como foi a experiência da Coréia? O Sr. coorde­nou aqui na Unicamp um estudo sobre a reestruturaçãoindustrial em vários países•••

R - Eu acho que o caso mais interessante é o daCoréia do S\l1. Embora seja um país radicalmente dife­rente em termos de estrutura econômica e da própriasociedade, sua política industrial é ilustrativa para n6s.Eles tiveram ZPE como parte de uma estratégia geralde desenvolvimento, algo muito pequeno em relaçãoa todo o conjunto de instrumentos utilizados. Honveplanejamento: "Nós.vamos admitir dentro das ZPE taisindústrias, em associação com q capital local, com prazopara transferência de tecnologia", enfim, com uma sériede exigências e com a obrigação de orientar a produçãopara o mercado externo. Implementaram uma políticaindustrial extremamente ampla e abrangente, envol­vcndo desde o início a estatização do sistema financeiroe a orientação desse sistema financerros para canalizarrecursos para setores prioritários, até o estabelecimentode metas específicas em termos de redução do hiatotecnológico, formação de recursos humanos. Junto comisso, ;fizeram duas reformas muito importantes: agráriae educacional.

p .:.. Regulação estatal, participação do setor fman·ceiro,· proteção a certos setores privados, associações,tudo isso exíste na Coréia. Seu caso é muito parecidocom o do Japão.' .

R ':- Eles declaram explicitamente que emularamo caso japonês. A estrutura foi criada em torno decinco lirandes conglomerados, o papel do Estado foifundamental no sentido de, através do planejamento,dos planos qüinqüenais e de uma política industrial rela­cionada com esses planos qüinqüenais, articular o papeldo próprio Estado com o capital privado, apoiando essescinco conglomerados, basicamente, c o capital estran­geiro. Quer dizer, o capital estrangeiro sempre foi admi­tido sob determinadas condições, como prazos para atransferência de tecnologia, como a obrigação de produ­zir prioritariamente para a exportação. Então, o Estadoteve esse papel.

P - Nesses termos, o Brasil tem política indnstrial?

R - Vale a pena voltar um pouquinho para ver comoé que n6s chegamos a esta situação. Desde os anos

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50 até o final dos anos 70 a indústria brasileira cresceua uma taxa relativamente alta, dentro de um modelosubstituidor de importações. O Estado teve papeI ativoe o Plano de Metas do governo Kubitschek permitiuintroduzir setores novos, como a indústria pesada oua indústria de bens duráveis. Posteriormente, na décadade 70 com o II PND houve um novo esforço de forma­ção de capital industrial com o Estado mais uma vezdesempenhando um papel Importante para o investi­mento privado nacional, para o investimento estra?­geiro e o próprio investimento estatal? quando enta?praticamente se completa a estrutura IOdustnal braSI­leira.

P - Tudo com protecionismo.R-É. As políticas eram exageradamente protecio­

nistas, com um protecionismo de caráter pennanente.Com isso a indústria brasileira se despreocupou em ter­mos de eficiência: ou não havia competição das impor­tações ou a estrutura era oligopolizada. O o~tro 'p~?ble­

ma, além da superproteção que gerou a m~flclen~la

da indústria, foi que o próprio modelo da mdustr~a­

lização substitutiva não requer criação de tecnologra,talvez nem mesmo a absorção de tccnologia. Ficamoscom uma estrutura industrial tecnologicamente defa­sada.

P - Com essa virada tecnológica mundial ...R - Exatamente nesse período - de 1977178 em

diante - tem início todo esse processo de rcestrutu­ração da indústria internacional. Então, a partir dosanos 80, quando se fazia mais do que necessáno umesforço de tomar a estrutura industrial brasileira co~pe­titiva e mais eficiente, o Estado pulou fora. DeIXOUde desempenhar um papel ativo e, ao contrário,. atétornou-se pernicioso à indústria no sentido de ter cnadouma recessão industrial, a mais séria que a indústriabrasileira já sofreu, de 1981 a 1983, como parte daestratégia de ajuste da economia ao obj~t!vo de curtoprazo, que era a geração de saldos ComerCIaIS para paga!a dívida externa. Obtivemos saldo, mas por força daqUI­lo que o Fernando Fajnzylber (economista da Cepal)chamou de "competitividade espúria". Quer. dlz~r"compctitividade" alcançada através de desvalonzaçaoreal da taxa de câmbio, restrição da demanda interna,compressão do salário real. Enquanto isso, os paísesavançados tratavam de aumentar a competitividadeatravés de ganhos de produtividade e de incorporaçãode progressos técnicos. Esta é que é a "competitividadeautêntica".

P - Paramos no tempo, então?R - Praticamente estamos parados. Durante 1985

a 1987 houve várias tentativas, todas elas fracassadas,a meu ver; pela gninde dificuldade em articular Estado,capital privado nacional, capital. estraJ.!geiro: pelas pró­prias dificuldades de. o Estado mvestlr e.m mfra-estru­tura básica ou cumprrr o seu papel tradICional de supn­dor de recursos para o investimento privado atravésdas agências públicas de fomento. Em 1987 já começaa surgir a idéia das ZPE, E agora nasce a chamadanova política industrial. Bem, ela pelo menos demonstraa consciência de que é necessário de alguma formaacompanhar o avanço tecnológico a nível mundial, fa­zendo com que a indústria brasileira se torne mars com­petitiva, mais eficiente.

P - Ela é uma coletânea de incentivos fISCais•.R - Em vez de forçar a indústria a melhorar o seu

nível de eficiência, de produtividade, o que a nova polí­tica industrial faz é criar um novo período de concessãode benefícios fiscais para a fonnação de capital indus­trial. E é inconsistentc com a política de refonna datarifa aduaneira proposta pela Comissão de PolíticaAduaneira (CPA). O que havia no Brasil eram tarifaselevadíssimas, de um lado, com uma malha enormede isenções ou reduções do imposto de importação.Era preciso racionalizar esse sistema. Então, a idéiaera acabar com esse sistema de isenções, reduzir asbarreiras tarifárias e criar uma estrutura de proteçãotarifária nacional.

P - Permitiria aumentar as importações e aumentara produtividade nos setores superprotegidos?

R - Exatamente. Setores que ainda estão em fasede consolidação teriam de ter mais um tempo e, port~­to, proteção durante esse tempo para que se consol~­

dassem. E em setores que já estão maduros e têm condi­ções (talvez eles não achem Aue têm condições, eles

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

nunca acham) se pennitiria um certo nível de compe­tição com os importados. Do jeito q.ue fi:ou, ~á ~m

conflito: não se desmontaram as barrelIas nao tanfánase não se eliminou o sistema de isenção ou de reduçãodo imposto de importação.

P - Se não vamos ser uma autarquia e se o grandecapital está·se movimentando de país rico para país rico,de olho nos setores tecnologicamente nobres, como éque o Brasil poderia arrumar um nicho, um lugar nes,semovimento? Se o bonde está passando lá fora, comoé que nós vamos botar o pé no estribo do bonde?

R - Se não se fizer nada obviamente nós vamosperder o bonde. Há conseqüências sérias da r~estru~u­

ração industrial mundial em países como o Brasil. HOJe,n6s estamos inseridos na economia mundial com baseem mão-de-obra barata, em bens intensivos de recursosnaturais ou interosivos em energia. Se nós não fizermosnada, é provável que a médio, a longo prazos, a ge~te

venha a perder posição na exportação de produtos lU­tensivos de mão-de-obra. A automatização de processostende a reduzir a importância da mão-de-obra barata,que é um fator perverso de competitivid~de da indústri~ .brasileira. É bom quc se lembre sempre ISSO. A compel!­tividadc baseada em recursos naturais também tendea ser progressivamcnte reduzida, na medida em quehá toda uma área de novos materiais que está passandotambém por avanços tecnológicos substanciais com asubstituição de materiais - mais ou menos com o mes­mo efeito de época do surgimento dos sintéticos, quevieram a substituir a borracha e outros produtos natu­rais. Há a substituição de ferro por novas ligas metálicas,por alumínio, por plásticos de engenharia, por cerâ­micas etc. Podemos simplesmente acabar ficando comas indústrias "sujas" que outros países industrializadosnão se interessam.

P - Então, não vai ser com as ZPE que vamos pegaresse bonde?

R - Certamente que não. As ZPE, pelo contrário,nos jogam alguns vagões para trás na composição.

o SR. ADHEMAR DE BARROS FILHO (PDT ­SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidcnte, Sras.e Srs. Deputados, ocupo a tribuna na sessão desta ma­nhã para aplaudir a iniciativa da Deputada EstadualRuth Escobar, do Partido Democrático Trabalhista deSão Paulo. S. Ex' deu entrada numa ação popular contrao Governador do Estado Orestes Quércia. Essa açãotem dois objetivos: primeiro, levar o Governador a ces­sar imediatamente a propaganda que vem fazendo doseu Governo e de si pr6prio; segundo, obrigá-lo a devol­ver aos cofres públicos as importâncias que vem despen­dendo em publicidade.

Alicerça-se a ilustre Parlamentar na Lei n' 3.717/83,que proíbe, em seu art. 1', que os órgãos da adminis­tração direta e indireta do Estado promovam qualqu:respécie de propaganda que, dc alguma forma, benefi~leou promova, coletiva ou individualmente, seus funCIO­nários ou dirigentes. S. Ex' fala, certamente, em nomeda bancada cstadual do PDT de São Paulo, do nobreLíder Hilk:ias de Oliveira, dos Deputados Miguel Mar­tini e AntônÍo Calixto e, principalmente, do DiretórioRegional que temos a honra de, no momento, presidirem nossa Estado.

Entendo que a iniciativa da nobre Deputada RuthEscobar vem ao encontro daquilo que se chama buscada dignidade pública. Não podemos accitar, com rela­.ção ao Governador de São Paulo ou de qualquer outroEstado, que verbas públicas sejam utilizadas para apromoção pessoal de seus ~overoos. Elas devem serusadas estritamente para prestação de serviços ou cons­trução de obras públicas.

São Paulo tem carências enonnes nos setores educa­ciona� de saúde e habitação. A grande cidade de SãoPaulo 'possui aproxlmadamente dois milhões de habi­tantes, que vivem em cortiços ou barracos. Há, po~tan­to, uma imensidade de problemas no campo socral aexigir a aplicação inteligente, correta e honesta dos re­cursos públicos.

Por isso,'a atitude da nobre Deputada Ruth Escobarneste momento, tomando sobre seus ombros a iniciativade uma ação popular, merece nosso aplauso. Temosesperança de que sua iniciativa inspire Parlamentaresde outros Estados a fiscalizarem seus governos, para

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que verbas públicas sejam utilizadas estritamente emprol do serviço público e de obras do interesse do povo.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. FRANCISCO KUSTER (PMDB - Se. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,a imprensa divulga hoje, em manchete de primeira pági­na o contato do Ministro da Fazenda, Maílson da N6­br~ga, com oficiais do Estado-Maior das Forças Arm,a­das. Estavam presentes ao encontro sessenta generais.E de forma muito otimista, a própria imprensa registraq~e desse encontro resultou uma solução ou um encami­nhamcnto que, parece-me, trará um pouco de esperançae tranqüilidade a toda a Nação brasileira. Decidiram,nesse encontro, que não teremos uma hiperinflação.

Pasmem, Sr. Presidente e Srs. Deputados, isso chega.a ser meio cômico. É claro que os Ministros militaresquerem ouvir do Ministro da Fazenda a afirmação jáfeita aos civis. Ouçam bem. A sociedade castrense, pa-·rece-me, não vai além de um milhão e meio dc homens,no País, e já estamos ultrapassando a casa dos 140 mi­lhões de brasileiros.

Pois bem, se os nossos irmãos fardados resolveramesse problema ontem, com o Ministro da Fazenda, érealmente muito bom. Mas é preciso que alguém acre­dite nisso, porque eu, pessoalmente, não creio. Achoque o Ministro Maílson da Nóbrega está blefando, brin­cando com coisa séria. A inflação já atingiu a marcade 24% e há uma perspectiva de que, daqui para frente,seja maior ainda. Então, para que S. Ex' possa dizercom segurança que não teremos hiperinflação é precisoque dê uma batida no comércio, na indústria e principal­mente nos supennercados, para ver que o trabalho maisincessante não é o dos caixas, nem daqueles funcio­nários que repõem as mercadorias nas pratileiras, massim o das máquinas de remarcação de preços.

Em alguns supermercados os preços são remarca~os

:duas vezes por dia. Isso é um caso realmente mUitosério e grave. Condenar única e exclusivamente essagentc que age desta forma parcce-me um ge.sto de insen­satez. A culpa é de todo um contexto eXIstente hOJc,principalmente do Governo, que tem sido coniventecom a usura e a ganância dos banqueiros, ao cobraremjuros extorsivos dos pequenos empresários, dos produ­tores rurais e das pessoas que querem trabalhar nestePaís.

O Governo soltou as rédeas da economia, principal­mente ao que se refcre a preços. Os brasileiros estãoentregues à própria sorte, a mercê dessas pessoas queagem inescrupulosamente. Pois bcm, o culpado númeroum é o Governo; o número dois, o Governo e o númerotrês, os gananciosos, que não se contentam em ganharpouco.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, fala-se em medidasdrásticas, ou em choque na economia, porque se avizi­nham as eleições. Os partidos do Governo, aquelesque lhe dão sustentação política, como o PMDB, oPFL, o PDS, o PTB e o PDC, precisam ter um desem­penho razoável nas eleições. Com uma inflação desseporte, é impossível conse&uir boa colheita eleitoral. Pa­ra tanto, anunciam-se medidas de choque ,mais um tabe­lamento de preços, talvez, e isso faz com que os super­mercadistas e o comércio não percam tempo e estejam';prevenidos". entre aspas, no processo ganancioso deremarcação dc preços.

As declarações que a imprensa traz - não culpoa imprcnsa - são, de certa forma, muito interessantee até otimistas, ma< pecam pela falta de legitimidadee seriedade de quem as fez, no caso o próprio MinistroMar1son da Nóbrega. Até agora não vi essc Ministrorealizar algo com vistas a frear a loucura da inflaçãodo País. Vi apcnas S. Ex' penalizar os funcionários pú­blicos, da fonna mais vil e sórdida, resolvendo encami­nhar, como solução para o,déficit público e para infla-'ção, o assalto ao bolso dos funcionários.

Portanto, Sr. Presidente, não é pessimismo, nem équerer ser pregoeiro do quanto pior melhor, mas nãodá para acreditar neSSa gente. Poderia até dizer queos militares estão dispostos a resolver o problemadainflação. No entanto, eles não têm esse poder. A solu-.ção não está nas mãos deles, mas nas do Ministro daFazenda, que não está levando a sério a situação do

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trabalhador brasileiro. Está S. Ex' conduzindo a classemédia ao empobrecimento acelerado, como nunca seviu na hist6ria do País; está levando as micro, pequenase médias empresas, os pequenos e médios produtoresrurais à quebradeira e a um processo de falência genera­lizados.

Hoje, é mais tranqüilo e seguro viver da especulação,pura e simplesmente, do quc trabalhar. Trabalhar éconsiderado desonroso. Num País desgovernado deagiotas e especuladores, é mais fácil viver praticandoa usura do que trabalhar.

Sr. Presidente, Deus queira que esse otimismo, es­tampado hoje na imprensa, dê certo. Talvez isso acon­teça até por dois ou três meses, pois os partidos queestão dando sustentação ao Governo pretendem fazeruma colheita eleitoral nas urnas.

Espcramos que o povo saiba prevenir-se e, espelhan­do-se no que aconteceu no passado, não caia no contodo vigário, ou em esparrela desse gênero.

o SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,volto mais uma vez a tratar de assunto que já esteveem pauta no ano passado. Sabemos que, com a grandedisparidade que se estabeleceu durante o Plano Cruzadoem relação a determinados produtos, o poder aquisitivode certas categorias tornou-se verdadeiramente aber­rante. Sabemos hoje que aquele representante comer­ciaI que depende de um veículo para ganhar o seu pãode cada dia não tem condições de adquirir outro novo,tal foi a disparidade econômica que se estabeleceu de­pois do Plano Cruzado. Se antes era fácil para um traba­lhador autônomo, para um representante comercial­aliás, muito importante, especialmente para a colocaçãode produtos fabricados em nosso País - adquirir umveículo novo, hoje se torna muito difícil. Tratando-sede sua própria ferramenta de trabalho, voltamos a re­presentar, mais uma vez, o projeto de lei que isentaesses veículos do IPI, evidentemente dentro de regula­mentação rígida e rigorosa. Apenas poderão usufruirdesse benefício aqueles que realmente se enquadraremnessas condições. Pedimos a isenção do IPI para· osveículos de fabricação nacional, quando adquiridos porviajantes e representantes comerciais autônomos, damesma forma como se concedeu mais uma vez aos taxis­tas, porquanto também seria difícil para eles adquiriremhoje veículos novos.

Queremos apenas justificar aqui a apresentação donosso projeto.

Em qualquer regime democrático, o sistema tribu­tário adotado deve pautar-se pelo princípio da justiçafiscal, procurando distribuir o ônus dos tributos queo Estado arrecada de tal forma que as pessoas queganham mais, ou possuem mais reeursos, paguem, pro­porcionalmente, mais do que as que ganham menosou possuem menos bens.

Os impostos chamados indiretos, como o impostosobre operações relativas à circulação de mercadorias- ICM, e o Imposto sobre Produtos Industrializados- IPI, que transferem o ônus da tributação para oconsumidor final, são, geralmente, impostos regressi­vos, ou seja, oneram, proporcionalmente, mais aquelesque possuem pouco do que os que possuem muito.Para atenuar essa característica indesejável, dos impos­tos indiretos, o IPI, desde o seu antecessor, o Impostode Consumo, vem adotando alíquotas seletivas, em fun­ção da essencialidade dos produtos. Assim, os produtosconsiderados supérfluos, ou de consumo predominantedas classes ricas, ficam sujeitos a alíquotas mais elevadasdo que aqueles imprescindíveis para o sustento, a educa­ção ou a higiene das classes menos abastadas, muitosdos quais ficam, inclusive, isentos da tributação. Damesma forma, os produtos que constituam instrumentode trabalho, ou meio de produção, são contempladospor alíquotas bem mais baixas do que as incidentessobre os bens de consumo propriamente ditos.

Em perfeita consonância com o princípio da justiçafiscal, o Governo Federal e o Congresso Nacional járeconheceram a necessidade de isentar do IPI os auto­m6veis de passageiros, com motor a áleool, de até 100CV, adquiridos por motoristas de táxi, por cooperativasde trabalho que sejam permissionárias ou concessio­nárias de transporte público de passageiros, na categoriade aluguel (táxi), ou por pessoas portadoras de defi-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ciência físico-paraplégica, de conformidade com a Lein' 7.613, de 13 de julho de 1987.

A legislação vigente, entretanto, vcm injustiçandoa laboriosa classe dos viajantes e representantes comcr­ciais autônomos, para os quais o autom6vel de passa­geiros é ferramenta de trabalho, tão importante e im­prescindível, quanto o é para os motoristas de táxi.

A importante tarefa de promover a comercializaçãoda produção do País tem sofrido redução do seu nívelde eficiência pela dificuldade que os profissionais doramo vêm enfrentando para adquirirem ou renovaremou simplesmente manterem o seu carro, tão importantepara a execução do seu trabalho. Os sucessivos aumen­tos das tabelas de carros novos e, conseqüentemente,também dos preços dos carros usados, acima dos níveisda inflação, estão chegando ao ponto de, no presenteano, quase inviabilizarem o desenvolvimento das ativi­dades do setor.

Em face da ca6tica situação em que se encontra oreferido setor, temos certeza de que esta Casa, assim'como os eminentes pares do Senado Federal, hão deatender aos reclamos que nos cheguam de todos osquadrantes do País, destacando-se, em especial, o Nú­cleo dos Viajantes de Santa Rosa, Rio Grande do Sul,o qual inclusive nos remeteu sugestões para a clabo­ração do projeto.

Sr. Presidente, apresentamos mais uma vez o projeto,tcndo em vista que no ano passado nossa emenda aoprojcto quc isentava os taxistas lamentavelmente foirejeitada.

Acreditamos que essa situação piorou o processo deaquisição de veículos automotores novos ou mesmo,como já disse, os usados, na proporção da diferençade preços cm relação ao ganho desses representantescomerciais.

Por isso mesmo, acreditamos na aprovação, na regu­lamentação e sanção por parte do Executivo, porqueesse Poder haverá de compreender a necessidade dessacategoria.

O SR. JUAREZ ANTUNES (PDT - RI. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,quero abordar dois pontos.

Primeiro, não faz muitos minutos, um colega apre­sentou uma preciosidade em termos de solução. Afir­mou S. Ex' que, se não fôssemos intransigentes na defe­sa das reivindicações que interessam aos trabalhadores,o "Centrão" faria acordo.

Ora, no sindicalismo, os sindicalistas pelegos ou imo­hilistas também pensam assim. Na mesa de negociaçõesnão reivindicam nada; trocam amenidades e gentilezas, tomam cafezinho e fazem um ótimo acordo para osempregadorcs. Para os trabalhadores, nada.

Vêm aí as questões ditas polêmicas, aquelas que tra­zem algum benefício real para os trabalhadores, como,por exemplo, o turno de seis horas a estabilidade noemprego e o direito de greve. Ora, se eliminarmos tudoisso, o "Centrão" aceitará o acordo tranqüilamente.

Os trabalhadores têm de pressionar os Deputadosdo "Centrão" em suas bases, tendo em vista a proximi­dade das eleições municipais. Este é o caminho, e nãooutro . Nas duas cidades onde fui mais votado e ondeatua nosso sindicato, levantamos mais de quinze milassinaturas e as entregamos aos Deputados do "Cen­trão" que tiveram votos naquelas duas cidades. Deve-sefazer isso no Brasil inteiro: marcar colado, perturbá-losmesmo nas eleiçôes municipais, porque em política nin­guém foge do princípio da coerência.

.Se o PFL, o PL, o PTB, o PMDB e o PDS sustentameste Governo impopular, têm de arcar com o ônus dessepeso tremendo. Não somos n6s, os trabalhadores, quedevemos esconder essa coisa para amenizar a situaçãodos nossos adversários.

Com relação à questão do turno das seis horas, outraimportante reivindicação do trabalhador, obtida no pri­meiro turno da Constituinte, o que temos de fazer édeixar que "quem pariu Mateus que o embale". E o"Centrão", dono do Governo, que arque com o ônusdo desgaste. Se eles daqui saírem para que não hajaquorum, ou mesmo votarem contra essas questões, ire­mos marcá-los em cada cidade, porque eles dizem quesão representantes do povo, quando, na verdade, repre­sentam apenas parte, e não todo o povo.

a segundo assunto, Sr. Presidente, é uma denúnciasobre o assalto à minha casa ocorrido no sábado último,

Agosto de 1988

às 18h. Havia viajado duas horas antes. Meu filho eum amigo estavam na garagem lavando um aut6movel,e minha mulher, na cozinha, fazia o jantar. Dois assal­tantes renderam os rapazes na garagem, foram à cozinhae lá rederam também minha esposa. Durante três horase meia, sob a mira de um rev6lver, eles nada puderamfazer.

O que é estranho é que dois dias antes obtive o primei­ro lugar na convenção de meu partido. Mais estranhoé que, tendo chamado o Tribunal de Contas da União,este fez levantamentos de irregularidades estarrecedo­ras ocorridas na Siderúrgica Nacional. Causa estranhezatambém que, durante três horas e meia, usando o tele­fone e indo um dos assaltantes à cidade por duas vezes,o que furtaram não chega a dois milhões de cruzados'-- talvez um milhão e setecentos, pois eram pequenascoisas. Por que se arriscam tanto tempo dentro de casa,quando poderiam ter furtado em dez, quinze minutos,no máximo? E ainda perguntavam a meu filho e à minhaesposa qual o meu horário de chegada, comentandoem seguida que eu estava demorando.

Finalizo, Sr. Presidente. O que queremos não é umguarda em nossa porta, pois, assim, dcveria.mos ter umpara cada Constituinte, para cadá cidB.dão:,):\rasileiro,uma vez que todo o mundo anda assu!Ít'açIb~Queremos,sim, que a Mesa da Câmara dos Dêputioo:Hàça gestãojunto à Secretaria de Segurança d0 Esiado do Rio eas Delegacias de Volta Redonda e Barra Mansa ­o carro levado de nossa casa foi deixado no dia seguintecm Barra Mansa intacto, sem u,m arranhão -no sentidode procurar desvendar esse' t':rime, pois achamos queé de cunho político, e não simplesmente um furto. Ofurto foi para despistar, pois levaram apenas .lIma televi­são, um aparelho de som, uma aliança e dois anéisde minha esposa. .

Faço agora esta denúncia informando que pretendorepeti-Ia logo mais na Assembléia Nacional Constituin­te.

Muito ohrigado.

O SR, PRESIDENTE (Homero Santos) - A Mesadeterminará as devidas providências.

Durante a discursa da Sr. Juarez Antunes, a Sr.Adylson Motta, artigo 76 da Regimento Interna,deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelaSr. Homero Santas, l'-Vice-Presidente.

O SR, PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o Sr. Amaury Müller. (Pausa.)

O SR. AMAURY MÜLLER (PDT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sra'. e Srs. Deputados,o ranço do autoritarismo e da intolerância permanecemlatentes na vida intestina da Assembléia Nacional Cons­tituinte. Prova disso é que grupos ultraconservadores,que representam os interesses da minoria rica e privile­giada. insistem em votar em bloco, em dia previamentedeterminado, matérias altamente polêmicas, como, porexemplo. o turno de revezamento de seis horas. o direitoao voto facultativo aos maiores de dezesseis e menoresde dezoito anos de idade e questões ligadas intimamenteà temática econômica, a eomeçar pela nacionalizaçãodo subsolo.

Ora, Sr. Presidente, se não houver um acordo entreas lideranças da Assembléia Nacional Constituinte, nosentido de minimizar o número excessivo de emendassupressivas e de adequação de texto. se persistir essaameaça permanente de obstrução, com a ausência deConstituintes eleitos e pagos para elaborar o novo textoconstitucional, certamente o processo se arrastará alémdo dia 7 de setembro, o que é extremamente ruim.A Nação não suporta mais a crise econômico-socialteimosamente mantida por uma política equivocada emonetarista do Presidente José Sarney. A política dofeijão com arroz, do SI. Maílson da N6brega, que nãotem feijão e muito menos arroz, está levando rapida­mente o País à deterioração político-institucional, eco­nômica e social.

Estamos diante de uma eleição municipal da maiorimportãncia, que definirá inclusive as possibilidadeseleitorais para o pleito presidencial do ano que vem.Como o povo está revoltado, e com justa razão, é possí­vel que esse pleito municipal, à medida que os trabalhosconstitucionais não sejam concluídos e a nova Carta

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Agosto de 1988

promulgada, expresse nas umas o protesto e a revoltada sociedade brasileira, diante do quadro de angústiae aflição que aí está.

O trabalhador já não tem para quem apelar. Rou­bam-lhe o fundamental e retribuem-lhe com um saláriode fome que não corresponde, em momento algum,à remuneração que deveria receber para prover o sus­tento de sua faJlli1ia.

Este País está mergulhado na anarquia econômicae no caos social e, a continuar assim , é possível atéque desemboquemos numa indesejável convulsão so­cial. Por isso me surpreendo ao ver que enquanto al­guns, que têm a responsabilidade do mandato e estãosempre presentes, procurando de todas as formas cor­responder ao cargo que lhes foi confiado pela sociedadebrasileira, outros, de forma irresponsável e até crimi­nosa, procuram, de todos os modos, boicotar a dinâmicado processo de elaboração constitucional. Até mesmoquestões já aprovadas em fases anteriores e que princi­palmente no primeiro turno de votação não suscitarammaiores polêmicas estão sendo transformadas em ins­trumentos de desentendimento para que, na verdade,os trabalhos não andem e a sociedade continue a cobrarde n6s aquilo que nos propusemos fazer.

Por isso, Sr. Presidente, as medidas que o PresidenteUlysses Guimarães vem anunciando para obrigar osConstituintes a permanecerem em Brasília e votar anova Constituição são meramente epidérmicas, não le­varão a nada. De nada vale descontar parte dos subsí­dios de quem é rico e não depende do que ganha naAssembléia Nacioanal Constituinte. O que importa éimpor sanções mais duras, mais drásticas e mais contun­dentes para que sejam chamados à responsabilidadehistórica aqueles que contmuam faltando às sessões eprejudicando os nossos trabalhos.

Propus ontem que se examinasse a possibilidade dese utilizar o texto constitucional em vigor para imporsanções aos que continuam faltando. A resposta, comosempre, foi vaga, há a intenção de se empurrar as coisascom a barriga para amanhã ou para depois de amanhãou para nunca, sem que exista uma solução. As pessoasque continuam lesando o interesse nacional e que detêmmandato e que têm a responsabilidade de elaborar anova Constituição não se intimidam com punições su­perficiais que não levam a nada. É preciso adotar provi­dências mais duras a fim de que esses grupos de ultradi­reita, inconformados com os pequenos e tímidos avan­ços até aqui conquistados, desempenhem seu papel enão se furtem a participar dos trabalhos da AssembléiaNacional Constituinte.

Para concluir, Sr. Presidente, quero crer que nãopodemos continuar sob a permanente ameaça de umaintervenção militar na vida brasileira. Ainda hoje nosjornais, com surpresa e perplexidade, que o MinistroMaílson da Nóbrega respirou aliviado depois de umencontro com o General Leônidas Pires Gonçalves, quelhe assegurou que não haverá qualquer lesão ao pro­cesso dc retomada da democracia no País.

Ora, Sr. Presidente, um Ministro militar exerce umcargo de confiança do Presidente da República, e somosnós, o povo brasileiro, que estamos operando a transi­ção, que estamos aqui como resultado da vontade sobe­rana das urnas, que temos o compronússo histórico demanter o País na rota que haverá de nos levar à demo­cracia, à liberdade, e não os ministros militares. Nãose pode esperar que a estabilidade político-institucionaldo Brasil dependa exclusivamente do bom humor oudas c6licas hepáticas de um Ministro militar.

Ficam registrados o protesto e a denúncia de quecontinuam agindo aqui dentro inimigos da democraciapara apunhalar e punir o povo brasileiro, que quer cons­truir um país que seja de todos, não de uma minoriaprivilegiada e asquerosa.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - A Mesasolicita aos oradores que sejam breves, tendo em vistaa exigüidadc do tempo dcstinado ao Pequeno Expe­diente e já estar presente na casa a família do ex-Mi­nistro Mário Andreazza, cuja memória será homena­geada na sessão de hoje.

O SR. DEL BOSCO AMARAL(PMDB - SP. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,precisávamos, no Pequeno Expediente -e a Mesa com­pete fazer isso - exigir simplesmcnte que o horárioregimental fosse cumprido.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Quero fazer uma observação: ontem, fui procuradopor políticos anúgos que me trouxeram a agradável notí­cia de que o Palácio do Planalto não estava contentecom o pronunciamento cm que eu falava da escaladada corrupção no Governo Sarney. O Palácio do Planaltonão tem que ficar contente nem triste comigo. Fui eleitopelo povo brasileiro e não pelo Palácio do Planalto.Aliás, devo ao Palácio do Planalto apenas os dissaboresde ver realmente crescer a impunidade e prosperaremos ilícitos à sombra da omissão de um govcrno fraco.Considero inoportunas as eleições neste ano e um gran­de descalabro a política do atual Governo. Este Paíss6 se salva por meio de uma eleição presidencial quandoo Sr. Brizola, o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ou ocandidato de meu partido, que venha a ser escolhido,possam todos dividir as responsabilidades dos acertose desacertos com o povo brasileiro.

Vcjo aqui Deputados e Senadores - e é muito graveisso - que falam em corrupção, apontam fatos eviden­tes de corrupção. Há dois dias, a Deputada Dirce TutuQuadros ahordou - e comprovei que é verdade ­o escândalo da construção de um hotel em Maceió,que, simplesmente, não é um mar de lamas, mas estáafundando na lama, porque não tem fundações, e umbilhão e alguns milhões de cruzados já foram liberadospara sua edificação. Não estou interessado se a famíliaSarney tem ou não qualquer ligação com esse hotel.O País precisa terminar com a irresponsabilidade denão se apurar às últimas conseqüências aquilo que sedenuncia. Ontem as notícias que me trouxeram, notíciasde elementos fidedignos, pessoas da mais alta responsa­bilidade, foram de que eles estavam constristados ­esta foi a expressão - com as críticas que vêm fazendoà corrupção que reina no País. O País não esta nemmais nem menos .corrupto; só que hoje a corrupçãoé transparente, porque há realmente um avanço demo­crático, mas nada se apura sobre a corrupção.

Deixo aqui um recado amistoso e cordial ao Presi­dente José Sarney. Votei mesmo pelos 4 anos; semprevotei de acordo com a minha consciência; algumas vc­zes, contra as teses da esquerda; outras, contra as tesesda direita. Se o SI. Presidente José Sarney encontrarneste País alguém que, indicado por mim, simpatizantemeu, esteja ocupando cargo público em qualquer esca­lão, pode dispensá-lo, que a porta da casa é a serventiade todos. S. Ex' simplesmente tem o poder de nomear.Que fique claro que os meus vínculos com o Paláciodo Planalto são apenas os vínculos de amargura, porsaber. que S. Ex' teve uma oportunidade histórica defazer alguma coisa e, porque esta rodeado por pessoasna sua grande maioria medíocres, realmente vem fazen­do um governo de desacertos.

Encerro as minhas palavras, colaborando com a Mesapelo apelo que me faz.

Muito obrigado.

O SR. NORBERTO SCHWANTS (PMDB - MT.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, o Brasil do futuro ccrtamente será tambémum País agrícola. Temos terras adequadas e clima favo­rável à atividade agrícola. O que nos falta é uma culturado trabalho e uma política agrícola que nos permitaviabilizar esta nossa vocação. Alguns passos neste senti­do foram dados em nossa história.

Há 164 anos chegavam ao País os primeiros agricul­tores livres. Há 100 anos abolimos a escravatura.

O povo brasileiro esperava para 1988 que a novaConstituição definisse uma política agrária a longo pra­zo que viesse substituir o latifúndio escravocrata pelapequena e média empresas agrícolas familiares que,na prática, já demonstraram suficientemente suas van­tagens técnicas, sociais e econômicas. Infelizmente, ain­da não chegamos a tanto.

Mas, quanto a uma política agrícola, que tambémainda não chegamos a definir, pelo menos tivemos oimenso prazer de ler na revista Veja n' 31 a opiniãodo ilustre Ministro da Agricultura Íris Rezende. PropõeS. Ex' que se desvincule a inflação do crédito bancáriodestinado à agricultura e se adote uma equivalênciade produto, ou seja, sc o agricultor tomou no bancoo equivalente a mil sacas de milho, pagará no venci­mento o equivalente às mesmas mil sacas de milho,como informa o ilustre Ministro nesse artigo.

Considerando as idéias de S. Ex', o Ministro Íris Re­zende, básicas para a adoção de uma política agrícola

Quinta-feira 11 2751

capaz de livrar os agricultores da pura aventura e dar­lhes condições mínimas de calcular os imensos riscosque o setor encerra, proponho que o artigo seja trans­crito nos Anais dest~Casa. Porque, se adotadas as idéiasdo ilustre Ministro Iris Rezende, daremos mais um pas­so importante rumo ao Brasil agrícola do futuro.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR:

AO AGRICULTOR, AS BATATAS

Íris Rezende .Há poucos meses, assistimos à uma explosão da pro­

dução da batata que levou o seu preço a despencarde.SOO cruzados o quilo para 180 cruzados. Feliz, apopulação das cidades consumiu a batata a preços inex­pressivos, mas o produtor perdeu o dinheiro e reduziua sua plantação. Hoje, todos pagam quinze vezes maispela mesma batata porque a nova safra não é suficientepara o amplo consumo. Está nas mãos do presidenteda República uma proposta que, com os pés na terra,oferece uma nova perspectiva e dá um outro ânimoao agricultor. É uma solução para a complicada e con­trovertida questão do crédito rural- o maior problemada agricultura, só perdendo para as intempéries do cli­ma.

Trata-se da vinculação entre o crédito bancário e osprodutos aos quais sc destina. É simplcs: no momentoem que o agricultor toma um empréstimo no hanco,o seu ,valor passará a ser medido em produtos. Estabe­lece-se uma equivalência de produto - se o agricultortomou no banco o equivalente a 1.000 sacas de milho,ele pagará no vencinaento o equivalente às mesmas1.000 sacas de milho na cotação do momento, maisuma percentagem em juros, sem indexação direta aosníveis de inflação ou das OTN que a cidade grandeinventou. Naturalmente, será necessário equilibrar ati­vos e passivos do sistema financeiro. Por isso, assegu­ra-se aos bancos retorno do empréstimo não inferiorà OTN ou outro parâmetro que venha a substituí-la.

O governo cuidaria de providenciar recursos orça­mentários para a formação de um fundo, a ser utilizadono caso de ocorrência de diferenças entre o valor docompromisso a ser quitado, expresso e!Jl produto-equi­valência e a evolução da OTN. É uma solução quesurge sem artificialismo, simples e natural como os ne­gócios que se fazem no campo. O agricultor paga coma sua produção. Com maior segurança no pagamento,investe mais, produz mais e gera mais renda para todos.O desempenho atual da agropecuária demonstra a suacapacidade em resistir a vários tipos de pressões quasehistóricas, como a tendência das autoridades em conser­tar a economia à custa da produção rural. Para reduzirem um ponto o índice da inflação de um mês qualquer,achatam-se os preços dos produtos agrícolas sem levarem conta os insumos - não se tabela, por exemplo,o preço de uma enxada, mas o dos produtos que elagera.

Essas pressões levaram a agricultura ao fundo dopoço, do qual ela emerge com uma força que precisade consolidação para evitar, no futuro, novos mergu­lhos. E a receita do agricultor para o seu trabalho ésimples: precisa apenas de financiamentos na hora certae no volume adequado. Isso envolve, por conseqüência,a certeza quanto à quantidade de dinheiro que teráde devolver no vencimento dos empréstimos. São finan­ciamentos que o agricultor resgata rapidamente quandosão de custeio - em quatro, cinco ou seis meses, játem o resultado de sua produção, salda o seu débitoe vai em frente. Mas os recursos para investimentodemandam mais tempo na devolução. Vão de dois aseis anos, abrindo-se no horizonte do produtor ruraluma insegurança quanto a sua capacidade em resga­tá-los, pois não dispõe de preços e de uma políticaagrícola estáveis e sequer pode imaginar os estragosque a inflação avassaladora ainda vai-lhe causar coma correção monetária.

Com essas incertezas, observa-se no Brasil de hojeum imenso cassino-o do mercado financeiro. Quantosempresários e profissionais liberais não deixam de inves­tir em sua própria atividade para colocar o dinheirona ilusão da cadcrneta de poupança? Se colocam100.000 cruzados na poupança, dizem no final do mês:"Ganhei 20.000 cruzados". Mas essa sua satisfação,além de ser uma ilusão, tem uma contrapartida no ho­mem do campo que investe na sua produçáo. Se pega

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100.000 cruzados no banco, no final do mês ele poderiadizer: "Perdi 20.000 cruzados. Devia 100.000, agoradevo 120.000 cruzados". E, frustrado, sente-se incapazde resgatar seu débito.

É por isso que adotar a equivalência do produto emvez da correção monetária é uma maneira mais justade o agricultor saldor o seu débito. Se ele pega ummilhão de cruzados para comprar uma máquina ou im­plemento, o volume do negócio terá de ser calculadoem termos dos produtos que gera. Que se calcule, então,.os cruzados do empréstimo em volume de sacas de ar­roz. Essa é a linguagem que o agricultor entende: ade sua produção, a de sacas de arroz e a de arrobasde carne. De um modo geral, o agricultor pode aténão saber direito o que é uma OTN, mas sabe quantovale a sua produção. Se deseja um empréstimo de300.000 cruzados para irrigar uma área onde plantafeijão, deve saber que uma saca de feijão custa 3.000cruzados e que, no vencimento, terá de pagar ao banco100 sacas de feijão mais os juros.

Com esse sistema de equivalência, o agricultor ganha­rá mais segurança para o seu trabalho e oferecerá àcidade a garantia de abastecimento a preços mais '~tá­veis. Não interessa à sociedade a inviabilização do agri­cultor porque sua alimentação depende dele. É a neces­sidade de estabilizar a produção e o abastecimento quenos leva a· propor o novo plano de equivalência, emque se planta para o futuro. Mas é preciso examinara nova idéia a partir da compreensão de que o atualsistema não tem dado certo - ao contrário da agricul­tura. O bom desempenho agrícola reafirma a necessi­dade de se compreender que o agricultor precisa deum sistema duradouro que não fique à mercê de suces­sos ou insucessos na economia em geral.

Íris Rezende é Ministro da Agricultura e da ReformaAgrária

oSR. LÉZIO SATHLER (PMDB - ES. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,a síndrome da punição, do autoritarismo e da repressãoé uma realidade ainda hoje no País. E vejam bem V.Ex" que uma geração formada à luz do regime da repres­são, psicologicamente afetada pelos atos antidemocrá­ticos, por uma educação escolar moldada didática epedagogicamente pela falta de ação, de liberdade e depensamento, é justamente a geração de condutores epedestres, que passa a ser vítima dos efeitos da faltade ação das autoridades competentes e da falta da cria­ção e da implantação de uma política nacional de trân­sito.

Vejam bem, Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,que o assunto tem sido a tônica dos nossos pronuncia­mentos, tanto nas sessões da Câmara quanto nas doCongresso Nacional e até da Assembléia NacionalConstituinte. Inclusive tivemos oportunidade de vercompreendido, pelos Constituintes, a importância daeducação do trânsito.

Iniciei meu pronunciamento dizendo que a geração. de hoje deste País é marcada pela repressão dos últimosvinte anos. Agora vêm o Governo Sarney, o Ministroda Justiça e as autoridades de trânsito querer alcançarredução de acidentes de trânsito utilizando-se da repres­são, num País campeão mundial - e a televisão estámostrando isso fartamente - de acidentes de trânsito.

Querem o Ministro Paulo Brossard e as autoridadesdo Governo Sarney reduzir acidentes de trânsito nabase da repressão e da punição, como se o fato dese triplicarem os valores das multas, mexendo no bolsodos brasileiros, s6 e somente reduzisse os acidentes detrânsito. Esquecem-se as autoridades competentes deque a base de tudo está na educação. Enquanto nãotivermos definido, criado e implantado uma políticade educação para O trânsito, nossas rodovias e avenidascontinuarão registrando altíssinios índices de acidentesde trânsito.

Sr. Presidente, esta é a nossa posição em relaçãoao último "pacote" baixado pelo Governo Sarney .:..."pacotran", o "pacote de trânsito" - o qual foi ampla­mente divulgado e que, em São Paulo, até visa aospedestres que já passam a ser vítimas da repressão,como que se a multa dirigida ao pedestre conseguissedisciplinar o trânsito e se diminuíssem os acidentes detrânsito, na forma de atropelamentos.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Sr. Presidente, Srs. Deputados, na condição de ex-Di­retor de Detran do Estado do Espírito Santo e na condi­ção de um identificado com a causa da educação, querodeixarregistrada a bandeira levantada pelo ilustre Cons­tituinte e capixaba, nacionalmente conhecido, oSena­dor João Calmon, da luta pela tese da necessidade deinvestir-se na educação. Um País e um Governo quenão aCreditam na educação não têm o direito de sesocorrer da repressão, da punição e da multa para coibiras infrações de trânsito.

Ainda falaremos muito sobre o assunto, para pro­testar contra a forma pela qual o Governo Sarney querreduzir os acidentes de trânsito.

O SR. STÉLIO DIAS (PFL - ES. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,há algum tempo, vê-se na imprensa e no noticiário deTV a opinião de segmentos da área financeira, especial­mente do Banco Central, sobre a reforma bancária queo Governo quer implantar no País.

O projeto respectivo, cuja.cópia tenho em mão, indi­ca que o Banco Central pretende implementá-lo viaConselho Monetário Nacional, a exemplo do últimoreordenamento do Sistema Financeiro, profuovido atra­vés do Voto CMN 045/86, de 30-1-86..•Cabe lembrar que, por ocasião daquele Voto, o Presi­

dente da República havia determinado que o assuntofosse amplamente discutido pelos setores interessados,o que não foi cumprido na oportunidade.

Consultas já efetuadas dão conta de que os Bancosdo Brasil, do Nordeste,da Amazônia, a Caixa Econô­mica Federal e outras mstituiçôes oficiais de créditonão participaram dos estudos levados a efeito pelo Ban­co Central, até porque não foram mobilizados.

O fato mais grave é que a pr6pria Assembléia Consti­tuinte entendeu que a lei deverá regular o sistema finan­ceiro, cabendo, então, exclusivamente, ao Congressolegislar sobre a matéria, tão logo a nova Constituiçãoseja promulgada. .

'Pude verificar, lendo o item XV da minuta de resolu­ção do Banco Central, que ele pretende "legislar" sobreassunto de tal magnitude, quando afirma (sic) " ... bemcomo a legislação e~mplementar pertinente, emanadadeste Banco Central e da Comissão de Valores Mobi­liários".

Mesmo sem avaliar o mérito do' projeto em foco,surpreende-me o fato de O Congresso Nacional estarcompletamente alijado de discussôes que, na futuraConstituição, serão de sua exclusiva competência. Cabeobservar que, à primeira vista, os bancos oficiais fede­rais, pelo projeto, estarão impedidos de praticar opera­çôes de longo prazo (investimento) e de desenvolvi­mento (fomento), não havendo, por outro lado, mençãofática às funções atribuídas à CaixaEconômica Federal.

Se o momento é de transição e todos vivem a expec­tativa da nova ordem jurídica, para a consolidação dademocracia no País, quero questionar as razões pelasquais o Banco Central tem conduzido assunto de tama­nh,! magnitude e importância de forma tão singular.

E preciso que a Assembléia Nacional Constituinteinterfira no processo e lute para que o problema sejadiscutido no Congresso, com a participação, inclusive,de todos que lidam na área diretamente afetada.

Não há razão visível para que a reforma bancáriaseja imposta sem consulta à sociedade brasileira, e achoque a direçâo do BACEN e os integrantes do CMNtêm bastante lucidez e bom senso para não procederde maneira pouco clara.

Convém ficarmos atentos, para agirmos contra osfatos consumados. ~

O SR. FERES NADER (PTB - RJ. Pronuncia Oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,acompanhamos, com redobrada atenção, o empenhodesenvolvido pelos interessados na oficialização da fa­bricação de refrigerantes dietéticos, no Brasil. A maté­ria nos tem interessado, em face das controvérsias surgi­das sobre a sua eficiência. Vimos realizando diversaspesquisas sobre o assunto.

A American Cancer Society, sociedade americanacontra o câncer, fez-uma indagação em seu último estu­do: se 100 milhões de americanos estão consumindorefrigerantes dietéticos, por que é que de cada quatroamericanos um é obeso? A resposta teve várias formas;nenhuma, porém, capaz de convencer inteiramente to­dos os interessados.

Agosto de 1988

Ainda nos Estados Unidos, segundo pesquisa feitacom 78 mil mulheres, as que tomaram refrigerantesdietéticos ao invés dos refrigerantes com sacarose ouaçúcar ganharam peso ao final da pesquisa. Por acharque não tinham mais que se preocupar com o açúcar,as mulheres simplesmente comeram mais do que asque tomaram refrigerantes açucarados normalmente.Alguns estudos sugerem, inclusive, que os refrigerantesdietéticos podem provocar um maior consumo de co­mida.

Uma pesquisa é confirmada por outro estudo, feitona University of Leeds, na Inglaterra, onde os estu­dantes que tomavam refrigerantes dietéticos tinhammais fome do que os que bebiam refrigerantes comaçúcar.

Segundo o estudo, há um alerta de um nutricionistade que "os dietéticos aumentam o desejo por coisasdoces que não foi suprido com a falta do açúcar norefrigerante" .

Mas há também alertas para quem quer tirar conclu­sões de que os dietéticos aumentam o peso das pessoas.A área dos dietéticos é muito difícil, de acordo coma professora Barbara Rolls, da John Hopkins MedicaiSchool e uma das participantes do estudo.

Por isso, Sr. Presidente, acreditamos, até o momento,que a ajuda dos dietéticos no controle de peso é umaquestão ainda em aberto. Para parar com o aumentode peso, a pessoa tem'que não s6 beber o refrigerantedietético como também não comer. Assim, se ele incen­tiva o apetite, então não é solução para a obesidade.

Com base nos estudos que temos realizado, entende­mos que há necessidade de uma advertência aos consu­midores assíduos dois tefrigerantes dietéticos: os resul­tados s6 serãoefiCientes se se deixarem envolver pelo

.efeito psicol6gico.Outro assunto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, toma­

mos conhecimento pela grande imprensa de que o Esta­do do Rio de Janeiro está elaboran<~o amplo programade reflorestamento, no qual seriam aplicados Cz$ 66,4bilhões em seis anos. O objetivo, segundo a informação,é deixar o Rio de Janeiro bem pr6ximo do índice reco­mendado pelos organismos internacionais: trinta porcento de florestas para cada região politicamente deli­mitada.

Entretanto, o q'!adro que temos diante de n6s é en­tristecedor,. sombrio. No Muni~ípio de Teres6polis, si­tuado na Região das montanhas, por exemplo, por or­dem de uma autoridade local, formou-se um movimentovisando a cortar eucaliptos e cedros 'no Sítio Caetésalegando perigo de queda. Houve reação natural da;entidades preservacionistas, que provaram que a ordempartira de pessoa que não é técnico capacitado paradeliberação dessa natureza. .,. Acompanhado por ecologistas da mais alta compe­tência profissional, apuramos que o engenheiro agrô­nomo e pesquisador Honório da Costa Monteiro Netonão detectou no local pragas nem doenças que pudes­sem comprometer as espécies, afinnando, concomitan­temente, que as árvores não devem ser mutiladas.

A bacia do rio Frades, com mais de dez afluentese que desemboca no rio Preto e abastece a cidade,está correndo sérios riscos diante dos desmatamentosclandestinos, que poderão gerar transformação climá­tica .e, conseqüentemente, comprometer os mananciais.Há v~rios outros pontos vulneráveis, em Teres6polis,e qúe precisam ser preservados para evitar desastresecol6gicos irreversíveis, o mesmo oCQrrendo com tre-cho.s da Mata Atlântica. ..

Não se pode olvidar que a ecoiogia requer plena expli­citaçã? da conservação dos recursos,inclusive dos cultu­rais... A dimensão física do espaço.tem de :agregar-sea concepção valoritícia da culturâ', sobretudo na verten­te dos componentes não-materiais do meio. É neces­sário identificar a condição ou o estado do espaço comseus componentes e perceber as características dos fatosnão-materiais em relação ao mesmo. Afinal, o meioambiente pode ser delimitado pelas 'características espe­ciais e temporais, ou pelos fenômenos físicos da terrae sociais da vida humana.

O recém-ingresso da Nação em uma formulação cons­~itucion:,l com atendimen~o à aspiração do povo, quantoa questao naCIOnal do melO ambiente, implica a predis­posição de permanência do estado de alerta. Tarefapermanente deve ser exercitada sempre na antevisão

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A~osto de 1988

dos fatos e das ações que podem gerãr impactos sobreo meio.

Por tudo isto, Sr. Presidente, defendemos a necessi­dade de uma ação conjunta do Instituto Estadual deFlorestas e do IBDF na fiscalização, com poder de apli­car multas em caso de desmatamento ilegal e cobrartaxa florestal para a utilização de madeira. É impres­cindível que todos se unam na proteção ao meio ambien­te, pois somente assim nossas vidas não serão reduzidasabruptamente, por falta de oxigênio, principalmente.

O SR. PAULO ZARZUR (PMDB - SP. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,desejo elogiar, desta tribuna do Parlamento brasileiro,a excepcional gestão do Dr. Wagner Rossi à frenteda Secretaria de Esportes e Turismo do Governo doEstado de São Paulo. São inúmeras atividades que vêmsendo desenvolvidas tendo em vista, principalmente,o atendimento a uma necessidade básica de toda a popu­lação: esporte e lazer.

O Projeto Paulistinha, por exemplo, desde maio de1987, quando foi lançado, até julho de 1988, já levouà Capital de nosso Estado cerca de 15.000 escolaresdo interior. Assim, esses jovens puderam conhecer,bem de perto, os pontos interessantes da Capital, emfins de semana educativos e divertidos.

Neste ano, Sr. Presidente, o número de vagas nos28 cursos gratuitos - esportivos e de educação física- mantidos pela Secretaria no Ibirapuera e na ÁguaBranca cresceu de 12 mil para 20 mil, demonstrandoa enorme aceitação da população, principalmente' dosjovens.

Estão em franco andamento as obras de 232 empreen­dimentos esportivos, em mais de duzentos Municípios.Quando assumiu a governadoria, Orestes Quércia pro­clamou que até o término de sua administração queriaque todas as cidades de São Paulo tivessem, no mínimo,um ginásio de esportes. Isto está sendo realizado, Srs.Deputados, graças à administração Wagner Rossi, queatravés de convênios com as Prefeituras já repassouvalores que atingem dois bilhões de cruzados.

Por outro lado, é também digno de elogios o posicio­namento da Secretaria em face de inúmeros outros seto­res: turismo em Campos do Jordão, com a moderni­zação dos trens que servem à estância; valorização dasbandas de música e fanfarras, através de projeto especí­fico; grande incentivo aos Jogos do Interior; ampliaçãodas espécies existentes no Parque Zoológico. Mas, Sr.Presidente, desejo ressaltar o Programa "O Sol nasceupara todos", que permite a construção de terminaisturísticos nas estâncias e em outras importantes cidadesdo interior, proporcionando conforto e segurança aosturistas que se dirigem a esses locais. Já estão em plenofuncionamento os terminais de Itanhaém, Ubatuba,Bertioga, Guarujá e São Sebastião. Mais oito deverãoestar funcionando até o ano de 1991. Esses terminaistêm capacidade para reeeber até cineo mil pessoas/dia,estando equipados com lanchonetes, banheiros, guarda­volumes, posto médico, posto policial e área de lazer.

Deixo, assim, registrado oreconhecimento da popu­lação paulista ao Governador Orestes Quércia e ao di­nâmico Secretário Wagner Rossi. Eles, com rara com­petência, estão permitindo que o esporte e o turismodesempenhem um papel relevante na humanização davida. São Paulo produz muito, seus filhos trabalhamem ritmo de progresso. Mas também têm todo o direitoao lazer e aos esportes. E isto está sendo possível graçasa esses inúmeros projetos que vêm sendo desenvolvidos,cuja filosofia principal é a de permitir que as classesmenos favorecidas também possam desfrutar desses mo­mentos alegres e sadios de desconcentração e prazer.

Passo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a enfocaro seguinte: li, com alguma angústia e preocupação, notí­cias da imprensa paulistana dando conta de que maisdois hospitais deverão fechar seus departamentos denefrologia, agravando, ainda mais, a situação angus­tiante dos pacientes que necessitam de hemodiálise:são eles o Oswaldo Cruz e o Samaritano.

Os doentes renais no País, Srs. Deputados, vivemuma situação de calamidade, no dizer do próprio Dr.Altair Jacob Mocelin, Presidente da Sociedadc Brasi­leira de Nefrologia. Isto porque a remuneração pagapelo Inamps é totalmentc insuficiente e está provocandoa dispersão dos nefrologistas e o fechamento de departa­~entos dessa especialidade.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

O que mais causa tristeza e revolta é que três doentesrenais crônicos, dentre dez, morrem por ano, no Brasil,devido às deficiências no tratamento da hemodiálise.Os altos índices de mortalidade são devidos à falta demanutenção e à não-renovação dos equipamentos, bemcomo à total insensibilidade das autoridades governa­mentais do setor saúde.

No Brasil há cerca de onze mil doentes crônicos,e anualmente surgem mais cinco mil. Para tratá-los,existem apenas duas mil máquinas, das quais 80% estãoobsoletas ou sem condições de funcionamento. Saben­do-se que cada doente renal crônico necessita de trêsscssões semanais de hemodiálise, é fácil calcular o tristequadro. Segundo estatísticas mundiais, cerca de 50 mildesses doentes deveriam estar sendo tratados. Mas qua­se trinta mil morrem ao longo dos anos, por falta detratamento adequado. São realizados apenas mil trans­plantes no País, quando o número deveria, também,ser bem maior.

Todo esse quadro é assustador, Sr. Presidente. OInamps paga apenas Cz$ 1.429,00 por sessão de hemo­diálise, enquanto a tabela da Associação Médica Brasi­leira é de valor equivalente a Cr$ 5.800,00. Essa. sessãodura de quatro a scis horas. Evidentemente, o que o.Inamps paga não cobre qualquer tipo de custo nempermite a renovação dos equipamentos. É estarrecedorsaber-se que os tipos de máquinas utilizados no Brasilnão existem na Europa há mais de quinze anos.

Deixo, desta tribuna da Câmara dos Deputados, umapelo bem veemente ao Ministério da Previdência eAssistência Social e a todas as demais autoridades go­vernamentais responsáveis pelo setor saúde: cuidem,com carinho e com urgência, da difícil situação dosdoentes renais crônicos que necessitam da hemodiálise.Precisamos encontrar, o mais rapidamente possível,uma solução para esse problema, que é dos mais terrí­veis. Não podemos permitir que um número tão grandede pessoas continue padecendo desse calvário.

Existem verbas para tantas bobagens, Sr. Presidente.Existem verbas para tantas promoçôes inúteis ou quepodem, perfeitamente, ceder lugar a essa questão fun­damentai das hemodiálises. Apesar de todas as difieul­dades econômicas que estamos enfrentando, confio emque o próprio Presidente José Sarney será sensível aessa questão e determinará providências heróicas e ime­diatas para resolver satisfatoriamente esse grave pro­blema.

Era o que tinha a dizer.

O SR. ONOFRE CORRÊA (PMDB - MA. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, acabo de retornar do Maranhão, onde participeida convenção do meu Partido, no recém-criado Muni­cípio de Zedoca. As forças progressistas daquela comu­nidade uniram-se em torno dos nomes de José Adersone Ubirajara, candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito e,com esse gesto, rcaccnderam a chama da esperançade dias melhores para um povo que, até agora, temsido sistematicamente espoliado pela ação de políticosinescrupulosos e oportunistas, como o atual interventor.

Sr. Presidente, não poderia acontecer algo pior aum nascente Município do que a indicação de um inter­ventor que, como Deputado, jamais se interessou pelosproblemas do povo ou participou de qualquer luta pelaemancipação daquela localidade.

A indicação dos nossos cándidatos surgiu de um am­plo acordo entre PMDB, PL e PC do B, que tem pormeta principal devolver a esperança àquele sofrido po­vo. Nenhum dos integrantes d~ coligação partidária de­fende interesses pessoais ou pretende atingir objetivosmeramente vaidosos. Temos a certeza de que os candi­datos escolhidos darão a Zedoca tudo aquilo que, hálongos anos, lhe tem sido negado.

Esses candidatos trazem o compromisso maior deurbanização da sede do Município (hoje totalmenteabandonada), aí compreendida a infra-estrutura de sa­neamento básico (água e esgotos) e até mesmo o recapa­menta asfáltico das principais vias. Mas a atenção delesnão estará voltada apenas para a sede. Existe o compro­misso de reurbanizar e oferecer centro de lazer paraos moradores de Vila Barroso, na sua grande maioriaconstituída de trabalhadores expulsos de suas terras.

Com a vitória dc nossos candidatos, tcremos de voltaa merenda escolar; as estradas vicinais serão recupe­radas de modo a permitir o trânsito durante todo o

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ano, pois as máquinas da Prefeitura estarão semprea serviço do povo, e não, como vem acontecendo agora,beneficiando exclusivamente os apaniguados ou pessoasligadas ao impopular interventor·.

Levaremos o progresso e a assistência até os maisdistantes povoados de Barracão de Madeira, Ebenezer,Paraiso e outros. A luta pela energização em IgarapéGrande será intensificada, bem como a ampliação darede escolar de primeiro e de segundo graus, por todosos núcleos, quadras e povoados.

Também, Srs. Constituintes, jamais iremos concor­dar em pagar salários de miséria aos professores queensinam, dedicadamente, os filhos dos mais humildes.

Tenho a ~erteza, Sr. Presidente, de que a adminis­tração de Aderson e Ubirajara estará voltada, únicae exclusivamente, para os humildes. E, para realizarintegralmente as sonhadas mudanças exigidas pelo povode Zedoca,há de se destacar a chapa dos candidatosa Vereador, indicados pelos três partidos: todos cida­dãos honrados, trabalhadores, com passado limpo eque jamais fugiram à luta democrática. Nossos adversá­rios, principalmente os candidatos à Prefeitura, já nãopodem apresentar uma ficha criminal limpa, pois, con­forme é comentado abertameute, possuem ligações comO crime organizado.

Desejo, nesta oportunidade, e para que conste dosAnais da Assembléia Nacional Constituinte, declarara minha alegria cívica pela escolha de tão competcntese honrados companheiros para a próxima disputa muni­cipal. Tenho a certeza da vit6ria, embora esteja previstauma luta desigual. Estaremos enfrentando o crime ea corrupção, enquanto teremos, do nosso lado, as ban­deiras da verdade, da paz, do bem e da democracia.A batalha será árdua: mas visitaremos casa por casa,bairro por bairro, povoado por povoado, até a vitóriafinal.

Para finalizar, Srs. Constituintes, desejo registrar queo mais novo Município do Estado do Maranhão terá,no ano dc 1989, dois honrados e competentes homenspúblicos à frcntc dc seus destinos políticos e adminis­trativos. Unidos ao povo e sustentados pelo ideal depromoverem o bem comum e as tão desejadas mudan­ças, posso afirmar que José Aderson e Ubirajara reali­zarão obras que, efetivamente irão transformar Zedocaem um dos mais prósperos municípios maranhcnses.

Era o que tinha a dizer

O SR. MENDES RlliEIRO (PMDB -ES. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamen­tares, dizem.

Escuto.Creio? Sim e não.Sim, porque nada é impossível. Não, porque pelo

menos isto deveria ser.Não querem aprovar a Carta.Escrevi ontem. Pcrder dinheiro? Perder Poder? É

o cerne do problema. Toda a questão.Providências? Acredito em uma só. Pressionar. Pelos

meios ao alcance. Fácil. Objetivo. Simples. Eficaz:Se cada jornal nominar os gazeteiros do Estado em

que circula, a Constituinte termina a tarefa. Em Brasí­lia, as manchetes começaram a definir quem é quem.Porém, se os órgãos de comunicação não pretenderemlevar a cabo a missão, a Assembléia poderia fazê-lo.Os espaços em televisão seriam aproveitados listandoos presentes e os faltosos em cada uma das unidadesfederativas.

Seria, aposto, bater e valer.As mauobras existentes são de uma clareza meri­

diana. Quantos vislumbram ceder um nada em lucroou mando! Tendo naufragado em seus anseios preserva­cionistas no primeiro turno, procuram brecar a segundavotação.

Sem argumentos, sem chance de maioria, vale o tudoou nada. E, está provado, a força do dinheiro e domando vai além do que os ingênuos mortais podemimaginar. O número se enrolhe e ameaça cmpurrara decisão com a barriga e torcer o resultado.

Pode alguém, de sã consciência, desejar o Brasil mer­gulhado no caos? Eu asseguro: não apenas pode. Nãoé difícil de encontrar. Se a forma de escrever a Consti­tuição foi bonita, particiÍlativa, aberta, deixando todoschegarem, acarretou o pecado mortal de pessoas detodos os cantos desembocarem por aqui, trazendo inte­resses corporativistas, subalternos e colocados. quam:io

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não deveriam, acima, mu~to acima, do melhor parao futuro desta terra.

É tão triste o comportamento que o voto fica delado.

Por quê?Porque o voto significa presença. Além da presença,

definição. Definição é assumir, perante o eleitor, o tipode representação que está sendo desempenhada.

No plenário, a fórmula é votar.O voto mostra a cara de quem vota.E o eleitor cobra.Pensam muitos que, escondidos, cuidando de tudo,

menos daquilo para o que foram especificamente vota­dos para cuidar, podem se salvar na confusão criadae na absoluta indefinição.

Bobagem!Na pior das hipóteses naufragariam com o todo. Na

melhor, serão, um por um, identificados e julgados co­mo devem.

Repito.O caso é de não deixar votar.Como se isso apagasse o decidido.O consagrado na vontade popular.Mas, para os poderosos chefões, é importante conser­

var seus pedaços, mesmos fazendo em pedaços o povo.a resto? O resto, como sempre, que se dane.

o SR. SÓLON BORGES DOS REIS (PTB - SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, como Relator da Comissão Parlamentarde Inquérito destinada a investigar o destino de aplica­ção, pelo Ministério da Educação, dos recursos prove­nientes da chamada Emenda Calmon, ouvi, com meuscompanheiros de Comissão, numerosos depoimentosde especialistas, autoridades da área educacional e des­tacadas expressões do magistério brasileiro.

Dentre os depoimentos prestados àquela Comissão,dois surpreenderam pelo inesperado de suas conclusões,apresentadas de viva voz, que comportam séria reflexãopor parte de quantos se preocupam com a situação doensino neste País e com as desoladoras perspectivasda nossa realidade educacional.

Dois eminentes depoentes propuseram, nada mais,nada menos que a extinção, não apenas de um ou outroórgão da alta administração federal do ensino, mas dopróprio Ministério da Educação, criado por GetúlioVargas há meio século, com o alto propósito de adminis­trar, acoroçoar, em última análise, promover o desen­volvimento educacional, ou, pelo menos, escolar doBrasil.

A primeira vista, pode parecer extremamente extra­vagante a sugestão dos dois especialistas enfronhadosno estudo da questão educacional brasileira. Mas, seexaminarmos mais detidamente a proposta deles, senos aprofundarmos mais na reflexão que essas coloca­ções sugerem, vamos à raiz de seu desencanto coma máquina burocrática que, segundo os proponentesacreditam, prejudica mais do que serve ao desenvol­vimento educacional do Brasil.

É voz corrente nos meios educacionais brasileiros,mormente entre os que mais se debruçam sobre o estudode nossas enormes dificuldades para garantir igualdadede oportunidade em educação a todos os brasileirose anseiam pela recuperação qualitativa da nossa escola,que os órgãos-meios da administração federal do ensinoconsomem proporcionalmente muito mais recursos doque lhes seriam necessários para desincumbir-se de suastarefas. E, ao invés de contribuir para a expansão daescola e para sua melhoria, concorrem para barrar seucrescimento em quantidade e qualidade.

Trata-se, realmente, de uma verdadeira elefantíaseno organograma da administração oficial do ensino noBrasil. As repartições criadas para dirigir o ensino dis­põcm de mais recursos e gastam mais do que as escolas,instituídas para ensinar.

Enquanto há escolas no interior do País que sequertêm carteiras para as crianças sentarem, nem mesmogiz para os professores trabalharem, nada falta aos gabi­netes e demais dependências dos órgãos da alta adminis­tração pública, no campo do ensino.

Ademais, a estrutura e a composição desses órgãos­meios, alheios às condições precárias das escolas (quesão os órgãos-fins), padecem de defeitos muito sériose não correspondem à expectativa da legislação que

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

os criou. Para cada medida nova que se aventa no ensi­no, mais um órgão desnecessário, oneroso e compli­cador acrescenta-se, quase sempre, ao já caríssimo esofisticado aparelhamento da alta administração escolardo País.

Ao apontar como supérfluos, senão prejudiciais aoensino, órgãos diversos da alta cúpula administrativada educação no País, a ponto de proporem a supressão,pura e simplesmente, do próprio Ministério da Educa­ção, os ilustres depoentes na Comissão Parlamentarde Inquérito sobre a aplicação orçamentária da Lei Cal­mon, convidam os brasileiros a refletirem seriamentesobre a realidade e os destinos da educação no Brasil.E chamam às falas os governantes que subestimam aimportância da educação, que é o verdadeiro caminhopara fazer destc País uma grande Nação e assegurara implantação de um verdadeiro regime democrático,na medida em que estiver garantida a igualdade deoportunidades para todos os brasileiros.

O SR. IVO MAINARDI (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,os índices inflacionários divulgados na semana passadapelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística reve­lam o descontrole total que vive nossa economia e queleva trabalhadores e empresários à mais completa in­tranqüilidade.

Uma inflação ao redor de vinte e cinco por centoao mês c que revela uma tendência sempre crescente,mês a mês, torna impensável qualquer programaçãoeconômica, seja a médio, ou a longo prazo.

De outra parte, os trabalhadores brasileiros, mesmocom a URP, sofreram, neste ano, uma perda salarialao redor de vinte e cinco por cento. Isso significa que,com a perda constante de poder de compra, aumentam,em conseqüência, as dificuldades no comércio e na in­dústria.

Quanto a esse aspecto, vale ressaltar que pior aindaé a situação dos funcionários públicos, que somam aessa perda de vinte e cinco por cento o congelamentoda URP por dois meses, o que eleva sua perda salarial,neste ano, para o patamar de sessenta por cento.

Comprometendo mais ainda a nossa já dramática si­tuação, vemos que nossa dívida externa exige, a cadamês, desembolsos vultuosos, empobrecendo-nos cadavez mais.

Nossa dívida interna, de dimensões gigantescas, pres­siona, por outro lado, impulsionando a espiral inflacio­nária.

Começamos o ano projetando uma expectativa infla­cionária de 300 por cento para O exercício de 1988.E, a continuarmos com essas taxas mensais, fecharemoso ano muito acima dos 800 por cento.

O que se evidencia, por trás desses números, é quea atual política econômica, dirigida pelo Ministro Mail­son da Nóbrega, demonstra que se exauriu. Mais umavez se comprova que a política econômica ortodoxa,aquela que segue a orientação do FMI, leva à recessão,ao desemprego, à compressão salarial e, por fim, àinstabilidade política.

Não há sociedade organizada, não há ordenamentojurídico, não há país que consiga sobreviver a tamanhodescontrole.

Nós, que lutamos mais de duas décadas pelo restabe­lecimento da normalidade democrática, vemos comapreensão o atual momento por que passa a sociedadebrasileira. Tememos, com fundadas razões, pelas conse­qüências que podem advir.

Não podemos silenciar, diante da gravidade dessequadro. Por isso, lançamos este alerta: É urgente umamudança na condução e nos rumos da economia nacio­nal. Precisamos evitar o caminho do caos econômico,político e social. Precisamos estancar essa dramáticasituação, antes que seja tarde.

O SR.CA&LOS VINAGRE (PMDB - PA. Pronun­cia o seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, a Associação Terapêutica Educacional para Crian­ças Autistas - Asteca, com sede em Brasília, publicoumanifesto, assinado por sua ilustre diretora, SI' Magalide Fátima Morais Roriz, resultado da reunião das Asso­ciações de Amigos dos Autistas - AMA, acontecidaem São Paulo nos dias 26 e 27 de março próximo pas­sado.

Agosto de 1988

Esse manifesto, produto de uma avaliação minuciosado problema do autismo no Brasil, reflete a angústiac as lágrimas de muitos pais e mães e amigos das criançasautistas, vítimas de uma síndrome até agora pouco co­nhecida. Alastra-se pelo Brasil, entretanto, uma vigo­rosa e positiva reação contra essa patologia, e muitasassociações já sé criaram para cuidar dessas crianças.

Clamando por uma política global e pelo reconhe­cimento e divulgação desse grande problema, para quesua resolução seja menos difícil, o referido manifestoenumera 05 seguintes pontos prioritários:

1. O recolhecimento oficial e legal, em todas asesferas, da síndrome do autismo como patologia dife­renciada;

2. Criação de legislação específica e adaptação dalegislação já existente, com respeito à assistência aosautistas e amparo a seus familiares;

3. Criação, dentro dos cursos de Especialização emPedagogia, de habilitação formal em Pedagogia do Au·tismo;

4. Viabilização de convênios entre as AMAs e univer­sidades, para o desenvolvimento de pesquisas sobre oautismo, inclusive envolvendo entercâmbio com orga­nismos internacionais;

5. Criação de classes especiais para atender às crian­ças autistas nas escolas das redes oficiais federal, esta­duais e municipais de ensino; e

6. Capacitação dos órgãos oficiais e de e1asse nasáreas de saúde e assistência social para diagnóstico,encaminhamento e atendimento aos autistas c suas fa­mnias.

Esse veemente e oportuno apelo, Srs. Deputados,deve merecer de nossa parte a melhor acolhida. A discri­minação de que vêm sendo vítimas, nas escolas, nosclubes e até nos lares, as crianças autistas, nas maisdas vezes por absoluta ignorância da extensão do pro­blema, precisa ser cortada pela raiz, para que não sepercam, na imensidão do mutismo autista, dezenas demilhares de preciosas vidas, quando não as tornandodependentes da caridade pública para O resto da vida,quando, se tratadas convenientemente, podem ser total­mente recuperadas para a vida normal de todos 05 sereshumanos.

Era o que tinha a dizer.

O SR. MAURÍLIO FERREIRA LIMA (PMDB ­PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Deputados, a revista Veja desta semana trouxeum compungente relato das vítimas da Síndrome deImuno-deficiência Adquirida AIDS. Hoje, o SenadoFederal aprecia um projeto de lei de minha autoria,concedendo um mínimo de apoio aos que foram afeta­dos por esta doença insidiosa e fatal. A PrevidênciaSocial, apesar dos esforços empreendidos pelo ex-Mi­nistro Renato Archer, ainda é um ponto fraco nas obri­gações do Estado para com o contribuinte. mesmo as­sim, é o único suporte com que centenas de doentesde AIDS poderiam contar. Acho desnecessário avançarminha fala sobre as imensas filas de homens. mulherese crianças à espera de um leito no Hospital EmílioRibas. Não precisamos lembrar a total carência parao tratamento da AIDS nos Estados do Norte e Nordeste.

No entanto, preciso dizer que a triste realidade destadoença não é reconhecida. A AIDS está no mesmopatamar da caxumba, da gripe ou do mais simples res­friado, pelo menos no quc se refere às normas do Minis­tério da Saúde e da Previdência Social. Meu projetode lei visava a corrigir esta distorção, isentando do pe­ríodo de carência de 12 meses todos os pacientes deAIDS. Não se trata de um benefício exclusivo. Outrasenfermidades já cstão abrangidas pela isenção do perío­do de carência. Em verdade, trata-se de um dispositivoque visa às chamadas doenças graves, que normalmenteafetam uma parcela pequena da população. Hoje aAIDS é mais do que uma doença grave. Ela é fatal.Não s~ conhece na literatura médica qualquer caso decura. E uma sentença de morte.

Por outro lado, a disposição do Governo em corrigirum quadro tão cruel e distorcido até agora não se tradu­ziu em uma ação direta. a Ministro da Saúde Borgesda Silveira diversas vezes prometeu a jornalistas quecuidaria desta impropriedade da lei. Nenhuma medidafoi tomada, no entanto. A falha em um texto legalé perfeitamente explicável. No tempo de sua elabora­ção, a AIDS inexistia. O que não pode ser justificado

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Agosto de 1988

é a negligência em reconhecer a gravidade deste malpelo Governo Sarney, marginalizando milhares de cida­dãos.

Hoje, o Brasil já está em segundo lugar nas estatís­ticas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Osnúmeros assustam, c o crescimento da doença é geomé­trico. Apesar disso, nossas estimativas não são acura­das. A aprovação de meu projeto de lei, por outrolado, permitirá a realização de estudos mais completos.A atualização das estatísticas seria mais rápida e osdados mais confiáveis. Só assim poderemos ver umapolítica, preventiva e atuante, de combate a AIDS serinstituída no Brasil.

O SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr", e Srs.Deputados, preocupa-nos a aprovação no segundo tur­no de vários artigos já aprovados da nossa Constituição.Caso não sejam revistos alguns artigos, parágrafos, itensou alíneas, iremos para um impasse sem precedentesna História da Nação, principalmente nos arts. 9' c38 - item VII, e mais, no art. 9', das DisposiçõesConstitucionais Transitórias. Tratam todos eles do pro­blema greve.

O jornal O Estado de S. Panlo do dia 31 de julhoúltimo aborda com muita propricdade este assunto, sobo seguinte título:Estado de S. Paulo - 31-8-88

A GREVE E A FUTURA CONSTITUIÇÃODesencadeada para forçar o pagamento, com au­

mento, das URP congeladas de abril e maio, desen­volveu-se a greve dos funcionários do Banco doBrasil, com a adesão de mais da metade do pessoalque integra o quadro do principal estabelecimentode crédito do País. A parede terminou no finalda última sexta-feira e prejudicon o funcionamentodas agências em todas as capitais (exceto Rio Bran­co e Porto velho), chegando a ganhar o interior.Apesar de ser manifestamente ilegal essa parali­sação do trabalho, negociou-se a antecipação dedois salários a fim de que cessasse; e ninguém foidemitido. Com boas cartas na mão, os grevistaspagaram para ver. E que o cacife de que dispunhamera bom prova-o o desfecho do movimento, sempunições. Entende-se que se não fosse assim osfuncionários faltosos não revelariam a confiançaque denotaram. Essa mesma confiança, aliás, de­monstram os carteiros rebelados contra a Empresade Correios e Telégrafos, a fim de que lhes sejampagas integralmente as URP diminuídas no mo­mento em que a inflação explode e a defasagementre preços e salários cresce assustadoramente.Em períodos como o de agora, é sabido que ospreços sobem pelo elevador; os salários, pela esca­da.

Ora, é indispensável considerar que essa violên­cia, muito bem suceddia, na prática, acontece en­quanto a legislação que deveria vigorar para serfielmente respeitada estabelece que "são de inte­resse da segurança nacional, dentre as atividadesessenciais em que a greve é proibida pela Consti­tnição, as relativas a serviços de água e esgoto (... ),bancos (... ), comunicações", etc. É fácil antevero tumulto que .engolfará o Brasil quando for pro­mulgada a nova Carta: ela prevê a greve, ampla,geral e irrestrita. Sendo a "Constituição dos miserá­veis", é também a "Constituição-cidadã".

Todos devem ter em conta: contra quê inves­tiram e investem os grevistas? Apenas contra adecisão de outro Poder do Estado, desta vez oJudiciário. Contestaram e contestam o Executivo.que lhes tomou uma parcela da URP. Obtiveramliminares, aqui e ali. E recorreram e recorrem àviolência quando o presidente do Supremo Tribu­nal Federal cassa tais liminares. O comentário épuramente técnico; nada tem de político. É impres­cindível que seja feito no instante em que o País,enlouquecido, começa a se atirar ao caos e páta.Afinal. o Banco do Brasil não deixa de ter algumaimportância para a economia nacional... Ou nâotem importância alguma? Sem operar, suspendeupagamentos e empréstimos vitais a indústria, co­mércio e agricultura. No tocante ao serviço de en­trega de correspondência, das cartas aos telegra­mas, se ele não funciona fica sobrestada a cobrança

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

de contas cujo valor é incalculável, com danos mui­tas vezes irrecuperáveis para quantos carecessemde numerário para tocar suas atividades. Quempagou os prejuízos decorrentes da greve no Bancodo Brasil? Quem pagará a conta dos outros, impos­tos pela parede na ECT? A sociedade, como umtodo, é claro. Isso, repita-se, antes de ser promul­gada a Constituição que estimulará todo tipo demovimentos de paralisação do trabalho, legalizan­do-os.

A vista dos fatos que dão ensejo a este comen­tário, é justo dizer que o malsinado Projeto B,aprovado em bloco nesta semana, no plenário doCongresso, e que vai "semear e defender a vida".como quer o Sr. Ulysses Guimarães, contém errosgritantes, que cumpre reconhecer e corrigir scmdemora. Pois, uma vez incrustados na Lei Magna,terâo o condão de criar impasses fatais. Infeliz­mente, olha-se ao de!Tedor e constata-se que nãohá bom senso e nâo sobram razões para que aindase tenha esperança; só existem motivos para desas­sossego. O governo, desta vez, fez saber que estavadispensando grevistas. Cabe lembrar, entretanto.que, com a vigência da "Constituição-cidadã", teráde readmitir todos os empregados e servidores quemandar embora, agora. A tanto será compelidose a Carta (que se supõe será promulgada até ofinal do ano) mantiver a disposição lucubrada paracompor o parágrafo quinto do artigo 9' das varie­gadas Disposições Transitórias do Projeto em ques­tão-redigido, ao que tudo faz crer, com requintesde matreirice: "A anistia concedida nos termos des·te artigo aplica-se aos servidores públicos civis eempregados em todos os níveis de governo, ouem suas fundações, empresas públicas ou empresasmistas com controle estatal, exceto nos ministériosmilitares, que tenham sido punidos ou demitidospor atividades profissionais interrompidas em vir­tude de decisão de seus empregadores, bem comoem decorrência do Decreto-Lei n' 1.632, de 4 agos­to de 1978..."

Atente-se para o fato de que o diploma citadoé precisamente o que define quais são os serviçosessenciais. A ementa com que foi sancionada ébastante clara: "Dispõe sobre a proibição de grevenos serviços públicos e em atividades essenciaisde interesse da segurança nacional". É dele, deresto, o texto transcrito em primeiro lugar, paracaracterizar a ilegalidade da greve que acometeuo Banco do Brasil e da que congela a EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos. Dito isto, nadamais será preciso dizer."

Não podemos entender seja feita irresponsavelmenteuma Constituição praticamente no início de um novomilênio. Recusamos-nos a aceitar que serviços essen­ciais que podem afetar toda uma população fiquem res­tritos à decisão de uma centena de pseudos-Iíderes detrabalhadores, desde que, no seu entendimento, achemque são prejudicados seus interesses. Tem que ficardefinido em lei o que é serviço essencial, c todo aqueleque lá trabalha, ou quando prestar éoncurso para tal.já fique sabendo ser proibido paralisar o serviço. Asgreves eclodem nessas áreas exatamente por saberemas lideranças que estarão respaldadas até a assinaturada nova Constituição.

As demissões não terão valor jurídico, já que a voltaao trabalho está sendo garantida por artigos constitu­cionais. Além do alerta do "Estado", também quere­mos deixar o nosso: todo cuidado é pouco com artigose parágrafos como estes que, para nós, são altamenteexplosivos.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. JOSÉ CAMARGO (PFL - SP. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Depu­tados, a crise do ensino superior se traduz, hoje, pelaexistência de cadeiras vazias nos anfiteatros das univer­sidades, nâo apenas das particulares, 'mas das oficiais;no primeiro caso, pela crise econômico-financeira; nosegundo, pelos critérios de admissão.'

Por isso, a Universidade Federal I'\uminense, alar­mada com o índice de reprovações nos seus vestibulares,resultante do excessivo rigorismo das provas e do menorpreparo dos candidatos, resolveu reduzir de setenta pa-

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ra quarenta por cento de acertos o exigível para a apro·vação no vestibular.

A ocorrência relembra um fato verificado no ensinosuperior no Brasil, que começa nas instâncias inferiores:a diminuição da qualidade da formação e o despreparodos candidatos, chamados por outras solicitações, alémdo trabalho, para atender ao consumismo crescente emnossa economia.

Os mais pobres não têm condições de freqüentar oscursinhos preparatórios. levando, por isso, enorme des­vantagem ante os concorrentes mais preparados, daclasse média superior e daquela que se concentra noápice da pirâmide econômica.

Apenas os mais talentosos conseguem. com imensoesforço, superar essa inferioridade, conquistando, de­pois do curso superior, brilhantes galardões, que seconferem às pessoas de mentalidade superior, ou seja,com elevado quociente intelectual.

A redução de matrículas nas universidades públicastambém resulta do afunilamento provocado pela infla­ção, preferindo os jovens em idade de formação supe·rior enfrentar diretamente o mercado de trabalho, porvia de cursos técnicos de nível médio, principalmenteno campo da informática.

Havia os eliminados, por notas baixas, na 'etapa classi­ficatória. Agora, naquela universidade fluminense, bas­tará ao vestibulando conseguir apenas uma. nota supe­rior a zero.

Isso pode ser bom para os jovens, aparentemente.Mas, diminuindo-se a qualidade do ensino, ficarão elesdesarmados para enfrentar a concorrência, cada vezmaior, em face 1:\0.mímeto 'dé iibiversidades existentesno País.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

O SR. GERALDO ALCKMIN FILHO (PSDB - SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr"e Srs, Deputados, no momento em que o País atravessaa mais grave crise de sua história econômica, exigindode toda a Nação enormes sacrifícios, no sentido de setentar reduzir o déficit público - um dos maiores res­ponsáveis pela escalada inflacionária; no' momento emque destinar recursos ao absolutamente essencial torna­se imperioso, estarrece-nos a notícia de que o SenadoFederal, ~ revelia da maioria dos próprios senadores,contrata a construção de um-a obra que tanto tem deexagerada quanto de desnecessária: um prédio com 17andares e 50 mil metros quadrados.

Ao que tudo indica, os Srs. Senadores nem mesmotomaram conhecimento do edital, nem de que a concor­rência seria encerrada no dia 8 de agosto, j:Onformeinforma o jornalista Gilbert9 Dimenstein, da- Folha deS. Paulo. -

Comenta-se, ainda, que houve alterações de arquite­tura, que não foram corrigidos os cálculos estruturais'e, pior que ninguém conhece o custo total da obra.

Não é, pois, sem razão, que o ilustre Senador AffonsoCamargo, com toda a sua experiência em coneorrênciaspúblicas, quando à testa da Pasta dos Transportes, qua­lifica tal decisão de um "monumental desperdício" .

Na verdade, não há como discordar dessa opinião.Se.a Câmara dos Deputados, com 487 representantes,consegue acomodar seu pessoal em um prédio de 10andares, como pode o Senado, com apenas 72 parla­mentares, justificar a contratação de semelhante obra,ou· o açodamento, da decisão de fazê-la, pretextandofalta de espaço para os atuais é máis nove senadoresa serem eleitos quando vigorat 11 nova Constituição?

Não obstante a carta explicativa enviada pelo dignoPresi,dente do Senado Federal à Folha de S. Paulo, publi­cada por aquele jornal, o fato é 'que continuam a pairardúvidas e suspeições quanto à lisura da decisão - nomínimo intempestiva - dando margem a interpretaçõesde que possa beneficiar possíveis candidatos, por ocor­rer justamente num ano eleitoral.

Ademais, ainda que realmente imprescindwel - oque não é o caso desta obra - a gravidade do momentoestá a exigir dos homens públicos posturas coerentesna definição de prioridades consentâneas com a reali~

dadc nacional, quando não há recursos sequer paradar continuidade aos mais comezinhos programas decunho social, ou à melhoria e ampliação dos serviçospúblicos mais essenciais.

Transforma-se, assim, esse absurdo numa provocaçãopública, num inomináve! golpe contra o indefeso e ex-

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piorado contribuinte que, em última análise, pagaráa conta, e numa completa desmoralização para o Con­gresso Nacional, além de constituir um triste exemplode inconsciência ética por parte dos representantes dopovo, que aqui estão para defender seus interesses,e não para tripudiar sobre quem já convive com a angús­tia da decomposição diária do valor da moeda e doseu poder de compra.

Assim, em nome do bom-senso, do respeito ao povobrasileiro, esperamos que a Presidência do Senado Fe­deralreconsidere sua decisão, desistindo de levar avanteo supérfluo projeto que tanta revolta vem gerando,até entre os próprios parlamentares, e somente contri­bui para denegrir a imagem, já tão desgastada, do PoderLegislativo perante a opinião pública.

O SR. PAULO MACARlNI (PMDB -Se. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, sob o patrocínioda Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de SantaCatarina, será realizada, em Florianópolis, a Nona Con­ferência Estadual de Advogados Catarinenses, no pe­ríodo de 11 a 13 do mês em curso.

O evento será comandado pelo advogado João JoséRamos Schaeffer, Presidente da OAB-SC, e tem duplasignificação:

a) há 30 anos, também em Florianópolis, realizou-sea primeira Conferência Estadual;

b) 11 de agosto, remonta a 1.827, data da criaçãodos Cursos Jurídicos do Brasil.

A seu turno, o Presidente João José Ramos Schaefferassinala:

"O momento histórico que ora vivemos, antece­dente à promulgação da Nova Carta Constitucio­nal, é adequado para analisar inovações do novotexto dizentes com a 'advocacia, para repensar opapel e a função social do advogado, bem comopara analisar os temas que envolvem e desafiamo dia-a-dia da profissão, tais como o mercado detrabalho, as prerrogativas e a ética profissional,dentre outros" .

Por isto, creio que o temário da Conferência, divididoem três assuntos - a) As Garantias Fundamentais doCidadão na Nova Constituição; b) a OAB, seu Papel,Suas Lutas e as Mudanças Conjunturais; c)Aspectosda Atividade Profissional do Advogado - permitirágrande debate em favor da sociedade brasileira.

Pois bem, a OAB-SC, que já prestou tantos e tãograndes serviços à coletividade, por certo escreverá na9' Conferência Estadual mais uma página de civismona História deste País.

Era o que tinha a dizer.

O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (PMDB- PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi­dente, Sr" e Srs. Deputados, é com sentimento de pro­funda apreensão que desejo ocupar-me hoje, mesmode forma breve, dos problemas que afligem os pequenosprodutores rurais do sertão do São Francisco, amea­çados pelo Governo com a suspensão de todos os em­préstimos agrícolas, no corrente ano.

Conforme acentuado pelo "Diário de Pernambuco",edição de 25 de julho último, uma onda de insatisfaçãoinvade a classe rural dos perímetros irrigados de Petro­lina c Juazeiro, entre outras áreas, já que o anunciadocorte do crédito para o custeio agrícola poderá levarcentenas de agricultores da região do São Franciscoà falência.

Ressalto, dentro dessa moldura, a situação de descon­tentamento que se verifica no Projeto Senador NiloCoelho, antigo Projeto Massangano, onde estão assen­tados mais de vinte mil lavradores, que poderão perdertoda a safra do corrente ano - não obstante as chuvasque caíram sobre a região, abrindo perspectivas parauma excelente colheita de frutas e cereais - caso sejammantidas as restrições relativas aos empréstimos rurais.Destaco, a propósito, que os agricultores da área, queobtiveram financiamento para as primeiras etapas doplantio, não dispõem de recursos para a contrataçãoda mão-de-obra necessária ao trabalho da colheita, si­tuação que, se não for imediatamente corrigida, poderácausar incalculável prejuízo notadamente aos pequenosprodutores.

Não julgo necessário enfatizar, Sr. Presidente, queas circunstâncias que cercam a realidade desse impor­tante setor da economia nordestina demonstram que

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

a situação é profundamente desalentadora e mesmocrítica, exigindo dos órgãos federais uma resposta pre­cisa e positiva, que contribua para a manutenção dosmecanismos oficiais do crédito rural e para a expansãocontinuada dessa relevante área de produçãO.

Não tenho dúvidas de que a estratégia governamentalpara a política agrícola, mantendo e aprofundando asdistorções evidentes do sistema de crédito, inibe o apri­moramento dessas atividades e desestimula as inicia­tivas particulares mais arrojadas.

Nessas condições, ao associar-me, por justas e perti­nentes, às reivindicações dos pequenos produtores ru­rais do sertão pernambucano do São Francisco, em es­pecial dos colonos do Projeto Senador Nilo Coelho,com vistas à imediata liberação do crédito relativo aocusteio agrícola, encareço ao Ministro da Agriculturaa adoção das providências pertinentes, que se afiguramcaminho essencial, seja para a superação dos entravesque estrangulam o setor, seja para revitalizar essa im­portante atividade econômica.

O SR. UBIRATAN AGUIAR (PMDB - CE. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Se" e Srs.Deputados, a participação de representante dos empre­gados na direção das empresas públicas e sociedadesde economia mista constitui medida do maior alcancee significação.

Essa providência se liga a uma das orientações funda­mentais da Encíclica "Mater et Magistra".

Trata-se de introduzir nas empresas modificações quealterem sua estrutura no sentido da humanização.

A participação dos empregados na vida da empresaem que trabalham é uma exigência da maior impor­tância. Deve-se sempre tender, segundo o documentosocial, para que as empresas se tornem verdadeiras co­munidades humanas.

Além de representar um instrumento de humanizaçãoda empresa, a participação de representantes dos em­pregados na direção das empresas despertará o naturalinteresse dos servidores no progresso de suas atividades.

A experiência daqueles que trabalham diretamenteno seio da empresa contribuirá, também, para o aperfei­çoamento dos processos e método~ de trabalho, coope­rando, assim, para a obtenção de melhores resultados,facilitando ainda o entendimento entre a direção e osempregados, e o estabelecimento de um clima de har­monia e tranqüilidade.

Cabe-nos, portanto, nesse particular, reivindicar ainclusão no texto constitucional do mandamento da par­ticipação dos empregados na direção das empresas.

Assim, contamos com o apoio dos nobres colegasno sentido dc que tão importante melhoria conste dotexto da nova Carta Magna.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

O SR. ANTÔNIO SALIM CURIATI (PDS - SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr"e Srs. Deputados, neste Plenário, que é a caixa de resso­nância da opinião pública, onde a voz do povo, nassuas queixas c angústias e nos seus mais sentidos pleitos,far-se-ia supostamente ouvir, a sonoridade mostra-seultimamente muito baixa e não atinge os gabinetes daPresidência da República, dos Ministérios e dos demaisórgãos da Administração Federal.

Das postulações aqui formuladas e das colocaçõesque são feitas dessa tribuna deveriam resultar. pelomenos, respostas razoáveis que nos indicassem, a nós,que fomos eleitos pelo povo seus representantes e quepor isso somos os naturais intérpretes de seus anseiose de suas carências, que nossas palavras não caíramno vazio, que foram registradas devidamente e que asreclamações que transmitimos e as sugestões que faze­mos merecerão um tratamento adequado, na exata pro­porção da importância do mandato popular que nosfoi outorgado pelas urnas.

Se não devo esperar medidas concretas como conse­qüência imediata das falhas que aqui aponto, denuncioa fraquíssima repercussão dos trabalhos parlamentaresda Câmara, cuja tribuna é hoje um tambor furado esem eco, quer na Esplanada dos Ministros, quer nospalácios da Nova República. Há uma desconexão acen­tuada entre membros de poderes que deveriam ser tãointerdependentes quão independentes um do outro, oque se traduz em ineficácia de nossa atuação reivindi­catória e representativa.

Agosto de 1988

O fortalecimento do Legislativo, que a Constituintepromoveu, incluirá forçosamente a criação de meca­nismo eficiente, institucional, que preste contas a cadaum de nós, delegados da vontade do povo, das provi­dências que forem sendo tomadas, no ãmbito do Execu­tivo, em virtude dos pronunciamentos que fizermos apartir das tribunas do Congresso.

Na nova correlação de forças que se estabelecer jáno corrente ano, em função da Carta Magna ora emtrabalhos finais, a Casa tem de exigir, desde o primeiroinstante, desde agora, o atendimento ou, no mínimo.a resposta circunstanciada e específica a cada uma dascolocações c sugestões aqui feitas, por intermédio darepresentação parlamentar do Ministério, ou de setorcompetente, previamente designado.

Entendo que essa cobrança não será um privilégiodo parlamentar, mas, antes, um direito do povo aquirepresentado, tanto quanto sei que, ao instituir-se essetipo de acompanhamento, estaremos atribuindo-nosmaior responsabilidade no encaminhamento de nossospleitos.

Não desejo outra atitude que não a seriedade nabusca das soluções e a presteza na tomada de decisões.

O SR. JOSÉ MARIA EYMAEL (PDC - SP. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'- e Srs.Deputado~. a sociedade brasileira há muito conheceu,admira e mesmo venera a figura do "homem da farmá­cia", no qual se conjugam e se completam a persona­lidade do empreendedor e a vocação de apóstolo dobem comum.

Ao longo de toda a história brasileira, a própria cria­ção dos povoados, das vilas e das cidades viabilizou-se.em grande parte, devido ao pioncirismo e a vocaçãode servir à comunidade ~ características marcantes dosproprietários de farmácia.

Com a evolução do processo econômico e social ea crescente industrialização na produção de medica­mentos, a tradicional farmácia, sem perder seu alcancesocial e sua função de instrumento básico de saúde pú­blica, tem assumido predominantemente a caracterís­tica de drogaria, ou seja, de estabelecimento onde seprocessa a comercialização de medicamentos já indus­trializados.

Esta nova realidade estabelece como entidades abso­lutamente distintas a farmácia de manipulação, vocacio­nada para o aviamento de receitas, e a drogaria, a qualse caracteriza como ponto de comercialização de medi­camentos já industrializados.

Assim sendo, é imperativa a alteração da legislaçãovigente, a qual exige que, mesmo nas drogarias ondenão se preparam medicamentos, seja obrigatória a pre­sença do farmacêutico, ou seja, do profissional de nívelsuperior, diplomado por Faculdade de Farmácia.

Aliás, é importante assinalar que hoje esta exigência,além de desnecessária, tornou-se maior figura de retó­rica, cuja conseqüência mais grave foi o surgimentoda constrangedora situação do farmacêutico responsá­vel técnico, remunerado tão-somente para satisfazer a~xigência legal.

Para corrigir tão séria distorção, a XIII ConvençãoNacional do Comércio Farmacêutico, realizada em Bra­sília, em agosto de 1987, aprovou por unanimidade pro­posta apresentada pelos Srs. Pedro Zidoi c Pedro Na­varro, no sentido de elaboração de Projeto de lei regula­mentando esta nova realidade sócio-econômica no co­mércio farmacêutico.

Inteirei-me profundamente da matéria e formei omeu convencimento pessoal no sentido da absoluta jus­teza e relevância da tese defendida pelos ilustres brasi­leiros Pedro Zidoi e Pedro Navarro.

Assim sendo e dando seguimento prático ao meuentendimento sobre a matéria, estou encaminhandoprojeto de lei que dispõe de forma diversa da atualsobre a responsabilidade técnica em drogaria.

Para conhecimento das Sr" e Srs. Deputados, dou,desde já, conheci!llento à Casa dos termos e justifi­cativas da medida legal que proponho.

Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, concluindo,desejo, com emoção e senso de justiça, render a minhahomenagem aos homens c mulheres, proprietários defarmácias, que, em todo o País, na área rural e urbana,mesmo nas regiões mais adversas, como a periferia dasgrandes cidades e os pequenos lugarejos do interiorbrasileiro, têm, através de seu espírito empreendedor

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Agosto de 1988

c sua vocação de servir à população, contribuído deforma tão relevante para o bem-estar, a segurança sociale a saúde das comunidádes onde convivem.

PROJETO A QUE SE REFERE O ORADOR:

PROJETO DE LEI,de 1988

(Do Deputado José Maria Eymael)

Dispõe sobre a responsabilidade técnica em dro­garia.

O Congresso Nacional decreta:Art. l' Fica concedido à Empresa - drogaria ­

qualificada no parágrafo XI do art. 4' da Lei n' 5.991de 17 de dezembro de 1973, o direito de funcionarsob responsabilidade técnica de profissionais qualifi­cados no parágrafo IH do art. 15 da referida lei.

Art. 2" O proprietãrio ou co-proprietário da em­presa - drogaria - para requerer a responsabilidadetécnica do estabelecimento deverá ser portador de di­ploma de curso Oficial de Farmácia, Prático de Farmá­cia, Auxiliar de Farmácia ou Técnico em Farmácia,devidamente reconhecido pelo Conselho Federal deEducação ou Órgão a este subordinado.

Art. 3" Aos proprietários ou co-proprietários defarmácias e drogarias não portadores dos diplomas alu­didos no art. 2', e que comprovarem mais de dez anosde estabelecidos, mesmo ininterruptos, confere-se o di­reito de assumirem a responsabilidade técnica de droga­ria de sua propriedade ou co-propriedade.

Art. 4' O Órgão que concederá o licenciamento dorequerente em assumir responsabilidade técnica da dro­garia, em todo o território nacional, será a Secretariade Vigilância Sanitária ou Órgãos estaduais, por dele­gação.

Arl. 5' O processo devidamente instruído será de­ferido no prazo máximo de 90 dias, a contar da datado protocolo, cabendo ao requerente, findo esse prazo,a imediata assinatura do termo dc rcsoonsabilidade téc-nica do estabelecimento. •

Justificação

São atribuições privativas dos farmacêuticos, a dis­pensão ou manipulação de fórmulas magistrais e farma­copéicas. Portanto, a farmácia cstá voltada para os far­macêuticos que assim podem pôr em prática os conheci­mentos científicos adquiridos nas faculdades.

Enquanto que as drogarias são estabelecimentos dedispensação e comércio de drogas,-medicamentos, insu­mos farmacêuticos e corrclatos, em suas embalagensoriginais e não praticam qualquer tipo de atividade pri­vativa do profissional farmacêutico.

As drogarias negociam, vendem e dispensam ao pú­blico especialidades farmacêuticas na sua totalidade jáindustrializadas e licenciadas pelo Serviço Nacional deFiscalização Sanitária, sob responsabilidade dc um far­macêutico.

Conseqüentemente, não há necessidade de mais umoutro profissional habilitado para a comercializaçãodessas mesmas especialidades.

O substitutivo proposto fará justiça aos profissionaisque ao longo de muitos anos têm se dedicado à saúdepública com zelo, dedicação, devotamento, preenchen­do a contento, lugar vago, já que 97% dos estabeleci­mentos varejistas de produtos farmacêuticos não sãopropriedade de farmacêuticos universitários.

Sala das Sessões, de de 1988. - José Ma-ria Eymael.

o SR. OSCAR CORRÊA (PFL - MG. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,não resta a menor dúvida de que, apesar de nestesúltimos anos, a administração da RFFSA ter sido entre­gue a administradores de inegável capacidade, a assun­ção do Dr. Paulo Munhoz ao mais alto posto funcionaldaquela instituição representou o ahnejado sonho dosferroviários de carreira, em ver um dos seus mais ilustresrepresentantes gerindo os destinos da maior empresade transportes do Brasil. Homem acostumado ao traba­lho em equipe, o Dr. Paulo Munhoz angariou rapida­mente a simpatia e a cooperação de todas as superinten- _

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

dências regionais, que, incorporando o seu espírito, di­nâmico e empreendedor, levaram a RFFSA a obterresultados altamente satisfatórios. Com cada um dividiuum pouco das suas funções, lado a lado na trincheirada árdua luta da administração da empresa. Enfren­tando pressões externas, partindo daqueles que buscamna política apoio para interesses escusos, viu-se o Dr.Paulo Munhoz frente a frente com o dicotômico desafioda eficiência administrativa em contraste com a manipu­lação de natureza pessoal. Se, de um lado, sobravam-lherazões para que em nome da manutenção da hierarquia,da preservação dos valores morais da empresa, da buscade melhores resultados c da unidade na equipe de traba­lho de cada Superintendência. ele atuasse firmementeneste sentido, de outro agiam sorrateira e traiçoeira­mente os que, não se importando com os resultados,manipulavam em proveito próprio o tradicional equilí­brio da instituição.

O Dr. Pauto Munhoz da Rocha soube conviver comessas inconveniências de maneira admirável, podandoexcessos para torná-las suportáveis. Sua administraçãonão se notabilizou apenas nesse particular. A firmezaque conseguiu infundir entre seus companheiros de tra­balho fizeram despertar a necessária confiança em orga­nizações como o Banco Mundial, o BNDES e outras.trazendo, como conseqüência, realizações e investimen­tos da maior significação para a Rede Ferroviária Fe­deral.

Em especial beneficiou-se o Estado de Minas Gerais,onde estão sendo investidos nada menos que US$1.060.000 x 103 (um bilhão e sessenta milhões de dóla­res), distribuídos de modo coerente:

1') na conclusão da Ferrovia do Aço: US$ 136.000x lO' (cento e trinta e seis milhões de dólares);

2') na transposição de Belo Horizonte; US$ 640.000x lO' (seiscentos e quarenta milhões de dólares):

3') na variante Capitão Eduardo/Congo Soco US$:90.400 x lO' (noventa milhões c quatrocentos mil dóla­res);

4') no corredor Minas/Goiás/Espírito Santo: US$192.000 x 103 (cento e noventa e dois milhões de dóla­res);

5') no tratamento dos dejetos industriais da oficinade Divinópolis: US$ 200 x lO' (duzentos mil dólares).

Na gestão de Paulo Munhoz da Rocha mereceu aindadestaque a iniciativa de complementar as obras já emexecução com um investimento de US$ 436.000.000 des­tinados a:

a) concluir a transposição de Belo Horizonte: US$270.000 x 103 (duzentos e setenta milhões de dólares):

b) construir a variante Tapirai'lPratinha, com umaextensão aproximada de 55Km: US$ 47.000 x lO' (qua­renta e sete milhões de dólares);

c) projeto da uniformização de tração entre Tapiraíe Brasília; US$ 31.600 x lO' (trinta e um milhões eseiscentos mil dólares).

Foram investimentos marcados pelo comedimento esobriedade, traços marcantes do caráter desse grandeadministrador. Esta é a realização autêntica do sonhoferroviário, ou seja, o aumento de capacidade de trans­porte, que se traduzirá na verdadeira economia opera­cional.

Fez-se justiça, portanto, a Minas Gerais, cstado devocação ferroviária por excelência, onde a Rede Ferro­viária Federal transporta 57,3% do que realiza em todoo País e ainda conta com a EFVM (Estrada de FerroVitória-Minas), elevando a participação de Minas a69,2% de todo o transporte ferroviário nacional.

Com estas palavras buscamos manifestar nossos pro­fundos agradecimentos e solidariedade ao Dr. PauloMunhoz da Rocha, que acaba de deixar a Presidênciada RFFSA, onde, de maneira admirável, com o brilhode seu descortino e retidão de comportamento, prestouos melhores e mais relevantes serviços ao País.

O SR. SAMIR ACHÔA (PMDB - SP. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr"e Srs. Depu­tados, o Decreto-Lei n' 2.423, de 7 de abril de 1988,estabelecendo critérios para o pagamento de gratifi­cações e vantagens pecuniárias aos titulares de cargose empregos da açlministração federal direta e autár­quica, vem produzir uma onda de justa insatisfaçãono seio do funcionalismo.

Por esse decreto, que atinge principalmente os médi­cos da Previdência Social e os professores, fica suspenso

Quinta-feira 11 2757

o pagamento de gratificações e demais vantagens pecu­niárias em percentual máximo que é, em média, cin­qüenta por cento, para todo e qualquer servidor públicofederal que exercer outro emprego no setor privadoou a atividade profissional autônoma.

Pretende-se, com isso, extinguir as gratificações empercentual máximo do funcionário que não cumprir oregime dc dedicação exclusiva no serviço público fede­ral.

A análise do art. l' demonstra que somente serãoconcedidas as gratificações no percentual máximo seo servidor assumir o compromisso de não exercer outroemprego em atividade privada ou no exercício profis-sional. .

Deve-se assiimlar, desde logo, que o servidor públiconão exerce atividades técnicas e profissionais fora doemprego apenas por necessidade econômico-financeira,mas parll desenvolvimento dos seus talentos naturaisc dos seris conhecimentos técnicos ou científicos, comosucede COm médicos, dentistas e advogados, precisandode aperfeiçoar, cada vez mais, o domínio da sua profis­são, para exercê-la dentro de novas perspectivas, o queseria obstaculizado pela nova legislação.

Além disso, as gratificações são prova de esforço,no cargo ou emprego, não se dão gratuitamente.

Quanto à parte financeira, ninguém pode negar queo salário do funcionalismo está defasado pela suspensãoda URP, e em muitos casos pelo apetite do "Trileão'·.Assim, para que se possa cumprir a exigência do citadodecreto-lei, há necessidade premente de sua atualiza­ção, de acordo com a profissão exercida pelo funcio­nário fora do emprego.

Reveja-se com urgência esse documento legal outor­gado pelo Presidente da República, a fim de que nãose cometam injustiças e aO mesmo tempo seja possívelproporcional a quem se utiliza dos serviços dos funcio­nários atingidos a substituição por pessoal capacitado.

Era o que tínhamos a dize.r, Sr. Presidente.

O SR. FÁBIO RAUNHEIITI (PTB - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,em recente pronunciamento nesta tribuna, abordei as­pectos da situação em que se encontram os portos noRio de Janeiro e, particularmente, o de Angra dos Reis,de grande importância para a economia regional, quecarecem de melhoramentos em suas instalações e infra­estrutura.

Os serviços portuários contribuem com significativaparcela para o desenvolvimento nacional, proporcio­nando condições de escoamento de nossos produtospara outras regiões e ao mercado internacional, ao mes­mo tempo viabilizando as importações que realizamosdas diferentes partes do mundo.

Um país que otimiza o funcionamento dos seus com­plexos portuários, dotando-se de características pró­prias aos chamados corredores de exportação e, inclu­sive, integrando-se devidamente às malhas rodoviáriae ferroviári a, constrói a base indispensável à consecuçãodos seus objetivos permanentes.

Assim procederam os países que trilharam o caminhodo desenvolvimento c hoje oferecem ao seu povo eleva­dos padrões de vida, exemplos em que o Brasil devebuscar inspiração para reverter o quadro sombrio dapresente conjuntura, originada na falta de investimen­tos durante considerável período.

O Porto de Angra dos Reis, Sr. Presidente, desfrutade excelentes condições oceânicas para o exercício desuas atividades, facilitadas pela ação das correntes mari­nhas naquela região, e localiza-se em posição geográficabastante estratégica, servindo para o escoamento daprodução da Companhia Siderúrgica Nacional e cum­prindo uma tradição iniciada nos primórdios da coloni­zação brasileira, quando por ali transitaram exportaçõesde pau-brasil, açúcar, aguardente e café.

Por tudo isso, o Porto de Angra dos Reis mereceadequado tratamento por parte da administração fede­ral, à qual cabe a responsabilidade de gerir os interessesdo setor portuário em nosso País.

Mas, Sr. Presidente, a maior demonstração de perti­nência das reivindicações por mim apresentadas, emnome dc Angra dos Reis, na'referida oportunidade,e que reitero neste momento, são as sucessivas manifes­tações de lideranças representativas do município, polí­ticos, empresários, sindicatos, associações de morado­res, enfim, a população em geral, sem dúvida, um coro

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2758 Quinta-feira 11

uníssono em favor da unidade portuária de fundamentalimportância para a geração de empregos e a economiada região.

Os anscios do povo angrense, aqui traduzidas nasexpressões deste que o representa com muita honn;le alegria, podem ser alinhados da mesma forma comoconsubstanciaram documento de notável adesão de assi·naturas a mim encaminhado:

1. Conclusão do 3' berço do cais do Porto de Angrados Reis e, conseqüentemente, de sua área de estoca·gem, sonho acalentado há mais de 20 anos pelos angren­ses;

2. Dragagem da baía de evolução do cais de Porto;3. Manutenção constante da linha férrea do ramal

Barra Mansa - Angra dos Reis.Importante, ainda, que se proceda à liberação urgen­

te de contrato em exame pela Petrobrás, para a constru­ção de galpão metálico paralelo ao armazém n' 3 daque- I

le porto, destinado à movimentação e estocagem de30.000 toneladas mensais.

Considerando relevantes os pleitos dc Angra dosReis, que ora defendo, renovo o apelo ao Presidenteda República e às autoridades federais da área dos trans­portes, na certeza de que Angra dos Reis saberá corres­ponder, ainda com maior contribuição ao Estado doRio de Janeiro, aos incentivos e à confiança que o aten­dimento dessas reivindicações certamente irá ensejar.

Era o que tinha a dizer.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

CARTA-GERPAR·N' 219/88

Angra dos Reis, 20 de junho de 1988

Exm' Sr.Dr. Fábio RaunheittiMO. Deputado FederalBrasília-DF.

Scnhor Deputado,Com a presente remeto a V. Ex' quadros estatísticos

das Unidades Portuárias da CDRJ, onde predominao Porto de Angra dos Reis, com o maior índice demovimentação de carga.

2 - Visto isto, solieito de V. Ex' que se torne públicoe que junto as autoridades competentes o incentivono crescimento do terceiro berço, com isso este pequenoporto possa oferecer mais aos usuários.

Atenciosamente, Nilson Risso, Gerente do Porto dcAngra dos Reis.

COMPANHIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO

SÍNTESE

Preliminarmente, neste mês, maio, foram movimen­tadas, em toda CDRJ, 4.938.069 toneladas, as quaisapresentaram, com relação ao mês anterior. um acrés-

Agosto de 1988

cimo de 13,7%. no qual os Granéis Líquidos foramo principal peso.

Dentro das instalações foram movimentadas 758.837toneladas, as quais, com relação ao mês de abril, obtive­ram um decréscimo de 9,2%. Fora das instalações, ouseja, através dos Terminais Privativos, foram movimen­tadas 4.179.232 toneladas, tendo as mesmas, com rela­ção ao mês anterior, acrescido em 19,1%, no qual oGranel Líquido - Petróleo, na Importação de LongoCurso, foi o responsável.

Por sentido da navegação o Longo Curso e a Cabota­gem, movimentaram, respectivamente: 3.187.060 e1.751.009 toneladas.

O sistema Roll-onIRoll'-off embarcou 6.999 veículosnovos, tendo a Empresa de Navegação Barlavento, ob·tido o primeiro posicionamento no embarque por estesistema.

A movimentação de conteineres foi de 5.606 unidadesem TEU com 44.104 toneladas. Na uniformizaçáo paraconteineres de 20 pés, houve, com relação ao mês ante­rior, um acréscimo de 17,0%.

A participação dos portos filiados, neste mês, para'o consolidado CDRJ, foi a seguinte: Rio dc Jancirocom 32,3%; Angra dos Reis com 50,6%; Niterói com1,2%; Forno com 1,8% e Sepetiba com 14,1%.

Os principais produtos movimentados, neste mês, fo­ram: Petróleo, Derivados, Produtos Siderúrgicos, Tri­go, Minério de Ferro e Sal.

1 tI.::SESRIOPCR AREPOR NITF OR FORPOR SETPOR CORJ

1987 198' 1987 19B, 19B 7 1ge, 19B7 19B' 19B7. 198' 19B' 19B.

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Angra dos Reis, 22 de abril de 1988

Exm' Sr. Fábio RaunheittiM.D. Deputado Federal

Estamos encaminhando a Vossa Excelência, em ane­xo, um abaixo-assinado integrado pelos diversos seg­mentos da população de Angra dos Reis, concernentea diversas reivindicações, envolvendo o Porto da cidade.

Por ser expressão inconteste da comunidade, pleitea­mos de Vossa Excelência todo o apoio para a execuçãodos anseios das realizações enunciadas no referido docu­mento.

Na oportunidade, apresentamos a Vossa Excelênciaos nossos agradecimentos.

Atenciosamente, Diretório Municipal, PTB - Parti­do Trabalhista Brasileiro.

Abaixo-Assinado

Nós, os abaixo-assinados, solicitamos ao DeputadoFábio Raunheitti que interceda junto a S. Ex' O Presi­dente da República o que se segue abaixo:

1. Conclusão do 3' Berço do Cais do Porto de Angrados Reis e conseqüentemente de sua área de estocagem,sonho antigo dos Angrenses, acalentado há mais de20 anos.

2. Dragagem da Baía de Evolução do Cais do Porto.

3. Manutenção constante da linha férrea do ramalBarra-Mansa/Angra dos Reis.

4. Apressamento da libeJ;ação de um contrato quese encontra na PORTOBRAS, quando a firma DU­PERCO interessou construir um Galpão Metálico para­lelo ao P.TJllazém n' 3 no Porto de Angra, para movi­mentação e estocagem de 30.000ton. mensais.

5. Manter o atual Gerente do Porto de Angra dosReis, Nilson Risso, que em apenas 30 (trinta) dias nasua Direção, deu uma dinâmica há muito tempo nãovista no Porto de Angra.

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Agosto de 1988 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quinta-feira 11 2759

realizada, de uma vida interior plena de idealismo ededicada a servir ao seu povo e à sua Pátria.

Perdoem-me, portanto, aqueles que esperavam umpronunciamento choramingueiro. Preferi trocar os la­mentos e os dados biográficos pela exaltação honestadas inúmeras realizações de sua vida. Elas, indiscuti­vehnente, serviram para o engrandecimento do Brasile como exemplo para a nossa e as novas gerações.

Com efeito, Sr. Presidente, Mário David Andreazza,sempre brilhante tanto nos estudos quanto na carreiramilitar, só começou a receber o devido destaque navida política e social do Brasil na segunda metade dosanos 60, quando o País começava a luta para reorganizarsua economia de modo a expandir a produção no ritmonecessário ao atendimento de um crescimento popula­cional acima da capacidade de investimento existentenaquela época.

O crescimento econômico que se pretendia esbar­rava, no entanto, em vários obstáculos aparentementequase intransponíveis, ressaltando-se, dentre eles, a au­sência de uma infra-estrutura de transportes capaz deescoar a produção que se previa.

O triste e lamentável espetáculo da perda de produ­ções por falta de rodovias, ferrovias e portos era umexemplo do subdesenvolvimento que grassava entre nóscomo erva daninha a sugar o suor e o sangue de nossopovo.

O Governo de então, decidido a enfrentar o desafionacional de desenvolvimento em ritmo acelerado a nos­sa economia, recorreu a um homem que, como poucos,acreditava no futuro e na força criativa da livre empresae que estava decidido tanto a sacudir a tecnoburocraciaestatal, que emperrava a Nação e o Governo, quantoa modernizar o Ministéríd dós Transportes com a forçae a decisão que dedicaria ao melhor de seus empreendi­mentos. Este homem, Sr. Presidente e nobres Pares,.foi aquele cuja memória homenagiamos neste dia.

Fez ele daquele ministério, a sua própria vida. Diasantes de sua posse como ministro, em 1967, já tinhatoda sua equipe formada e trabalhando no planejamen­to das ações que viria a desenvolver com tanto ardore eficiência.

O seu feitio dinâmico, a sua aversão à burocraciao levavam a escrever bilhetes que eram verdadeirassínteses de suas idéias e diretrizes, e em três deles pode­mos entrever a sua férrea vontade demonstrada na fir­meza da sua ação ao longo dos anos de sua fecundagestão.

Escreveu ele num desses brilhetes:

"Temos que assumir com toda a energia. A Ro­dovia Dutra está no chão, com o trágico temporalocorrido.na serra das Araras.

Há mais de cem anos fala-se na ponte Rio-Ni­terói.

Centenas de obras encontram-se inacabadas.A navegação em decadência. O frete marítimo,

em sua quase totalidade, está em poder de ban­deiras estrangeiras. A rede ferroviária inoperante,vítima de empreguismo e·com um déficit cada vezmaior.

Nosso sistema portuário em decadência.O DNER em desânimo, asfaltando 500km por

ano.Com nosso entusiasmo e vontade faremos todo

o Governo se engajar em nossa obra".Em outros bilhetes, recomendava:

"É preciso eriar"uma mística. Deveremos entrarno ministério decidindo - como um vendaval.Mostrap que somos 'clipàzes de fazer mais do quequalquer governo.

Administração é sobretudo coragem. Coragemde fazer e coragem de fiéar indiferente aos medío­cres enfurecidos que não perdoam o sucesso deninguém."

Eis, Sr. Presidente e Srs. Deputados, uma demons­tração da vontade férrea, da energia, da. coragem, doentusiasmo contagiante com que Andreazza assumiuo Ministério dos Transportes.

A sua força de trabalho e o seu idealismo não ficaramapenas nas intenções, no papel dos bilhetes, nas pala­vras candentes dos seus pronunciamentos ou nos escri­tos dos documentos arquivados.

Logo nos primeiros dias de trabalho, Andreazza en­frentou, com um estilo Que impressionou a Nação, o

FRANCISCO AMARAL - Projeto de Lei Comple­mentar que dispõe sobre a elaboração de leis.

ANTONIO SALIM CURIATI - Projeto de Lei qm;disciplina o pagamento de dividendos distribuídos pelassociedades de capital aberto.

- Projeto de Lei que regulamenta o exercício profis­sional da acupuntura, e determina outras providências.

- Projeto de Lei que concede isenção do Impostode Renda às pessoas físicas que percebam os rendi­mentos que especifica.

- Projeto de Lei que proíbe a utilização de cloro­fluorcarbono em aerossóis e dá outras providências.

JOSÉ MARIA EYMAEL - Projeto de Lei que dis­põe sobre a responsabilidade Técnica em Drogaria.

VICTOR FONTANA - Projeto de Lei que disci­plina o pagamento de títulos apontados para protesto.

BENEDITA DA SILVA - Projeto de Lei que incluia disciplina "História e Cultura da África" nos currí­culos que especifica.

- Projeto de Lei que dispõe sobre a concessão, peloEstado, de assistência médica e social às familias caren­tes.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Passa-seao

VII - GRANDE EXPEDIENTE

Destinado à memória do ilustre brasileiro, Mário An­dreazza, ex-Ministro dos Transportes e do Interior, re­centemente falecido.

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Concedoa palavra ao Sr. Levy Dias, como autor da proposiçãoe pelo PFL.

O SR. LEVY DIAS (PFL - MS. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Ministros, Srs. Depu­tados, demais autoridades presentes, Srs. familiares doex-Ministro Mário David Andreazza, ao pensar na ela­boração deste pronunciamento, imaginei que o climadesta sessão solene em homenagem à memória do gran­de brasileiro que foi Mário David Andreazza poderiaser de tristeza, pois nos lembraríamos que ele não maisse encontra entre nós e, sem'dúvida algunla, a sua ausên­cia se constitui em motivo para sentimentos de dor,tanto para seus parentes quanto para os seus amigos.

Todavia, ao pensar naquele homem que foi um exem­plo de grandeza humana, de fé inabalável nos destinosdeste País, de fidelidade ao amigos e de extraordináriacapacidade de trabalho, veio-me à mente a sua imagemsempre jovial e alegre que era o retrato de uma pessoa

SINDICATOS:

v - COMUNICAÇÕES DASLIDERANÇAS

VI - APRESENTAÇÃO DEPROPOSIÇÕES

Não há oradores inscritos.

Delegacia dos· Consertadores nos PortosEstado do Rio de Janeiro

DQlegaoia do Sindioato dos Vigias Portuários

(SL:GUE1-l-SE OUTRAS ASSINATURAS) ---.

Delegacia dos Conferentes dos-Portos doEstado do de J.aneiro -=-A~~~~~~~~~~=r~i

Delegacia do Sindicato de Blocos doEstado do R10 de Janeiro

Sindicato dos Arrumadores deAngra dos Reis

Sindicato dos Estivadores deAngra dos Reis

Delegacia do Sind. dos Portuãrios dosPortos do Estad~ do Rio de Janeiro

o SR. PRESIDENTE (Homero Santos) -Está findoo tempo destinado ao Pequeno Expediente.

Vai-se passar ao Horário de

o SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.Deputados que tenham proposições a apresentar, quei­ram fazê-lo.

Apresentam proposições os Srs.:JORGE UEQUED - Requerimento de designação

de grande expediente de sessão da Câmara dos Depu­tados para homenagear a memória do ex-Deputado Jai­ro Brum.

ÁLVARO VALLE - Projeto de Lei que introduzalteração na Lei n' 6.649, de 16 de maio de 1979, queregula a locação predial urbana, assegurando ao locatá­rio o direito de participar das decisões relativas às despe­sas ordinárias de condomínio.

- Projeto de Lei que acrescenta dispositivo à Lein' 6.494, de 7 de dezembro dc 1977, que disciplinao estágio de estudante junto ao serviço público e àatividade privada, para o fim de estendê-lo aos excep­cionais.

JOÃO REZEK - Requerimento de consignação nosAnais da Câmara dos Deputados de votos de congratu­lações com o povo e alltoridades de Pereira Barreto,Estado de São Paulo, pelo transcurso do aniversárioda cidade.

PAULO PAIM - Projeto de Lei que altera os dispo­sitivos da Seção III do Capítulo V, do Título 11, daConsolidação das Leis do Trabalho, que trata dos Ór­gãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Em­presas) e dá outras providências.

OLIVIO DUTRA - Projeto de Lei que dá novaredação ao art. 10 da Lei n' 7.315, de 24 de maio de1985, e dá outras providências.

OSVALDO BENDER - Projeto de Lei que conce­de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializadosaos automóveis de passageiros de fabricação nacional,classificados nos códigos 87.02.01.01 e 87.02.01.03, daTabela de Incidência desse imposto, quando adquiridosdesse imposto, quando adquiridos por viaj antes e repre­sentantes comerciais autônomos, nas condições que es­pecifica, e dá outras providências.

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2760 Quinta-feira 11

desafio dá duplicação dâ rodovia Dutra, e o venceuem tempo recorde, dando, com essa arrancada, a pri­meira demonstração do que seria a sua pujante açãoadministrativa.

Esse seu denodado estilo prosseguiria nos vários seto­res de transportes e, posteriormente, nas diversas áreasdo Ministério do Interior. O que levou a ser chamadoe' respeitado como "tocador de obras", apelido quea imprensa, carinhosamente, se encarregou de divulgarna época.

Em seu planejamento inicial, colocou, como diretrizmáxima, a integração nacional, tanto no campo econô­mico como no político, bem como a procura da integra­ção continental, através dc obras que facilitaram o inter­câmbio com os países limítrofes.

Para a concretização de tal diretriz, Andreazza deter­minou que os investimentos fossem regidos por critérioseconômicos, justificados cm estudos de viabilidade eobedecendo a rigorosos projetos finais. Com isso, cercade 130 grandes estudos de viabilidade foram execu­tados, dando origem a 128 importantes projetos finais.

Esse período marcou o intenso desenvolvimento dasempresas de planejamento e consultoria brasileiras.

No setor rodoviário federal esse esforço permitiu quea rede rodoviária asfaltada expandisse de 14.000 quilô­metros, em 67, para 38.000 quilômetros, em 74, sendoque a rede pavimentada no Sul cresceu 5.000 quilôme­tros, no Nordeste 6.500 quilômetros, no Sudeste 7.000quilômetros, no Centro-Oeste 3.500 quilômetros e noNorte 2.000 quilômetros.

No sistema rodoviário asfaltado, buscou-se a interli­gação de todas as capitais dos Estados com Brasília,dando continuidadc às grandes longitudinais e cons­truindo-se transversais em cada Estado, que integraramsuas economias e buscaram alcançar os países da Amé­rica do Sul, atraindo-os, economicamente, para o Atlân­tico.

Dentro desse elenco de obras, destaco, por sua ex­pressão técnica e por ser um segmento da BR-lOI, aponte Rio-Niterói, que foi um exemplo de capacidadeda engenharia brasileira, a qual necessitou, somente,de 10% do valor de seu custo em financiamento externo(US$ 20,0 milhões). A ponte projetada para ser autofi­nanciada pelo pedágio já se encontra totalmente paga.

Todos sabemos que, antes da ação de Andreazzana Pasta dos Transportes, as obras desse ministérioeram, em sua quase totalidade, voltadas para as áreasonde havia maior concentração eleitoral, o que deixavasempre a região de Mato Grosso do Sul excluído doplanejamento nacional.

Como político daquela área, confesso aos senhoresque recebi surpreso a notícia de que Andreazza iriaconcluir a pavimentação das estradas São Paulo -Cam­po Grande e Campo Grande - Cuiaba, e lhes afirmotambém que fiquei impressionado eom o ritmo das obrasque começando nas margens do Rio Paraná, em PortoEpitácio, logo chegaram às capitais de Mato Grossodo Sul e de Mato Grosso, numa extensão superior a1.000 quilômetros.

Pariíaquele grande homem, Sr. Presidente, não haviaunidade da Federação melhor ou maior, menor ou pior,com mais ou menos eleitores. Havia o Brasil de Nortea Sul e de Leste a Oeste.

Tive a honra, meus nobres Pares, de percorrer todoeste País, ao lado de Andreazza, durante a sua campa­nha como candidato a Presidente da República, e cons­tatei não haver local sem obra sua.

Do extremo Nordeste as margens do Paraguai, teste­munhei a sua ação realizadora, como o dique quc prote­ge a cidade de Porto Murtinho. Até hoje, lá se encontraaquele verdadeiro mar artificial e de água doce ao ladoda cidade, e esta numa verdadeira e gigantesca baciade terra firme e seca.

Além do programa de asfaltamento que atendeu asestradas economicamente prioritárias, criou ele váriosprogramas especiais que objetivaram o desenvolvimen­to e integração econômica de novas áreas do territóriobrasileiro. Destaca-se, pela importância, o Programade Integração Nadonal da Amazônia, envolvendo apavimentação da Belém-Brasília, as construções daCuiabá-Santarém da Cuiabá-Porto Velho e da Porto­Velho-Manaus, e a implantação da estrada pioneiraTransamazônica, que aceleraram a integração política

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

e econômica, ao País, de cerea de 50% de seu território,até então isolada da ação do Governo.

Ao contrário do que muitos pensam, a Transama­zônica foi a estrada de quilômetro mais barato que seconstruiu na época, e não foi usado nenhum empréstimoexterno.

Programas idênticos foram desenvolvidos no Centro­Oeste, através do Prodoeste e no vale do São Francisco,através do Provale.

O preço relativo por quilômetro construído, na épo­ca, era de 1 para o quilômetro de rodovia asfaltadae de 6 para o de ferrovia construída. Na hidrovia essarelação passava para 10, no mínimo.

Portanto, era na rodovia que o País tinha condiçõesde dar a melhor e a mais rápida resposta exigida, paraque o setor de transportes fosse capaz de suportar epromover o desenvolvimento necessário.

Mesmo assim, no setor ferroviário foram construídoscerca de 3.000 quilômetros de novas linhas, remode­lados 11.000 quilômetros e modernizada grande parteda rede, com uma diminuição no efetivo de pessoal,somente na RFFSA, de 154.000 para 110.000 funcio­nários.

o Sr. Osvaldo Coelho - Deputado Levy Dias, pelaspalavras de V. Ex', pelo convívio antecipado que tive­mos com os amigos e companheiros de trabalho doMinistro Mário Andreazza, pela análise fria e desapai­xonada que vimos fazendo da sua vida, desde que denós se distanciou definitivamente, temos que concluirque o homenageado, morto parece maior do que vivo.Venho lá do Nordeste, de uma região onde só se falavaem fome, seca, miséria, analfabetismo, mão estendidaaos governos, à procura de um alento, que não davamais do que para socorrer um dia ou horas aquelaspopulações abandonadas. E, hoje, concluo que o Minis­tro Mário Andreazza nunca chegava para a collheita,mas sempre para a semeadura. Até semeou no SãoFrancisco, uma nova civilização. Mas não teve tempo,porque não tinha tempo mesmo para participar da co­lheita do que plantara. E quero dizer que, por obraou decisão de Andreazza de implantar no São Franciscoum grande projeto pioneiro de irrigação, aquela minharegião tão carente vive hoje de esperança, de presença,de futuro, sonha com a riqueza e com um Brasil melhor.Hoje as regiões onde chegaram as influências de An­dreazza, as pessoas são bem alimentadas, bem vestidas,bem educadas, têm espaço no concerto nacional. Então,eu não me poderia omitir de interromper V. Ex' e parti­cipar desta homenagem, sobretudo porque Andreazzapara nós todos, para toda a nossa geração, foi um exem­plo de inconformismo. Ele não se conformava com oatraso e esta era a grande motivação do seu trabalho.Elc era, realmente, um patriota, tinha amor a este Paíse nos testou enorme exemplo. Se fosse falar em navega­ção fluvial no São Francisco, na ligação Petrolina-Re­cife, nas obras de ferrovia e rodovia, em tudo, entãoeu não seria um aparteante de V. Ex', mas o próprioorador. Então contenho-me apenas para louvar a inicia­tiva de V. Ex' e concluir com os amigos de Andreazza'que ele parece maior do que vivo; ele sempre chegavapara a semeadura, não tinha tempo para a colheita.

o Sr. José Lourenço - Meu caro colega, interrompiuma reunião para vir aqui prestar, em meu nome pes­soal, já que V. Ex' o faz em nome do nosso partido,o PFL, uma homenagem a um grande brasileiro nascidono Rio Grande do Sul que estabeleceu o mapa de todoo Brasil como seu grande campo de ação. Em todosos lugares em que possamos andar nesta grande Naçãoencontramos a marca de Mário Andreazza. Não há Es­tado por onde ele não tenha passado, não há cidadeque ele não tenha visitado, não há região em que elenão tenha participado de seu processo de desenvol­vimento, O Brasil é outro depois de Mário Andreazza.Passamos a acreditar em nós próprios, no nosso poten­cial, na nossa capacidade de realizar a grandeza destaNação. Recordemos o otimismo, a determinação devencer os nossos obstáculos no campo econômico e nocampo social dessa grande figura que agigantou a Na­ção. Vejo aqui o Ministro Delfim Netto, que era odono do caixa. Mário Andreazza, nas suas palavras,era o Ministro gastador. Mas como ele gastou bem paraO bem do Brasil. Integrou o Brasil. Se consideramoso gigantismo da nossa Nação, percebemos simultanea-

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mente que houve um gigante que soubera focalizar,avaliar c projetar o Brasil de amanhã. Esse grande ho­mem, esse grande construtor do hoje e do amanhã temo nome Mário David Andreazza. Por isso, estamos aquireunidos para homenagear sua memória e prestar asua Exm' esposa, aos seus filhos, à família e aos amigosa nossa solidariedade, o nosso pesar e, acima de tudo.a nossa estima e saudade.

O SR. LEVY DIAS - Agradeço aos Deputados Os­valdo Coelho e José Lourenço os apartes, que enrique­cem profundamente este singelo trabalho que prepareisobre a vida de Mário Andreazza. As colocações doDeputado Osvaldo Coelho fortalecem o pensamentoque me motivou a requerer da Mesa da Câmara estasessão em homenagem à memória de Mário Andreazza.S. Ex' é maior do que antes. Era realmente um semea­dor que semeava em todos os rincões da Pátria, semdistinçâo de raça ou de cor. Nas suas colocações, oDeputado Osvaldo Coelho disse que Andreazza, mes­mo sendo um homem nascido no Sul, realizou o maiorvolume de rodovias pavimentadas no Nordeste, numademonstração da sensibilidade que tinha com relaçãoà situação do Brasil.

Porto Murtinho é uma pequena cidade no extremoOeste do Brasil, nas margens do rio Paraguai, que tem,no máximo, dois mil eleitores. Certa feita, uma reporta­gem do programa "Globo Repórter" comentou o dramada cidade de Porto Murtinho, que vivia afastada dasua sede em razão das cheias. Nesse ano, pela primeiravez, o dique construído por Andreazza foi testado comuma enchente recorde no rio Paraguai. Uma das coisasmais bonitas que se pode ver hoje, de avião, é o marformado pelo rio Paraguai e o Pantanal sul-mato-gros­sense, e, lá no meio, seca, dentro dc uma bacia, acidade de Porto Murtinho. Por isso, digo que os pronun­ciamentos de Osvaldo Coelho e José Lourenço enrique­ceram muito o meu próprio.

Ouço o Deputado Júlio Campos.O Sr. Júlio Campos - Nobre Deputado Levy Dias,

disse o escritor brasileiro Guimarães Rosa que morre­mos para provar que vivemos. Mas Mário Andreazzanão precisaria morrer para provar que viveu. Basta con­templar o seu trabalho de homem público brasileiropor todo o País para provar sua passagem por nossaterra. No dia da morte de Mário Andreazza, tivemosa oportunidade de ocupar essa mesma tribuna em queV. Ex' está hoje. Disse, naquela oportunidade que cho­ravam o Brasil, a Amazônia, o Centro-Oeste e, emespecial, o Estado de Mato Grosso a perda desse grandehomem. Nós, que tivemos a oportunidade de convivercOm esse grande brasileiro, como Deputado Federale, posteriormente, eomo Governador de Estado, pode­mos avaliar de perto o seu acendrado amor ao nossoPaís. Reahnente, Mário Andreazza foi um gigante aquem a nossa região deve muito. Mato Grosso era umEstado abandonado, fora do contexto nacional. Foi Má­rio Andreazza, quando Ministro dos Transportes doGoverno do saudoso Presidente Médici, que levou aonosso Estado o Prodoeste, interligando, com rodoviaasfaltada, Cuiabá a Brasília e São Paulo e Cuiabá aGoiânia e Brasília, rasgando a rodovia pioneira, aBR-163, Cuiabá-Santarém, que na époea foi denomi­nada "Rodovia das Onças", porque ligava nada ao na­da. Era considerada uma obra faraônica. Essa obra,que Mário Andreazza, na sua visão de estadista, plane­jou c cxecutou naquele pcríodo, hoje responsável pelaintegração do Sul com o Norte do País. Ligou-se Cuiabáa Santarém, e no eixo dessa rodovia mais de quarentanovas cidades foram criadas nesses últimos oito, dezanos, fixando uma população de mais de um milhãode habitantes. Hoje, Mato Grosso, que era um Estadofora do contexto nadonal, já é o terceiro maior produtorde grãos do País, graças à política dc ocupação dasmargens das rodovias que Mário Andreazza executou.Além do mais, foi na sua grande passagem pelo Minis­tério do fnterior que tivemos a política da habitação,de saneamento básico e os grandes programas de desen­volvimento municipal das cidades de Mato Grosso. Seiperfeitamente que V. Ex', quando ocupava o cargo dePrefeito Municipal de Campo Grande, recebeu do Mi­nistro Mário Andreazza todo o apoio para transformarCampo Grande na grande capital do sul de Mato Gros­so. Mato Grosso, neste dia, está presente, não só pelanossa pessoa como Constituinte, mas fez questão de

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trazer, também, para esta homenagem, o ex-Gover­nadordo nosso Estado, Dr. Frederico Campos que tam­bém conviveu com Mário Andreazza e recebeu, duranteo seu período de governo, grande apoio para fazer omaior programa habitacional do nosso Estado, que re­cebe brasileiros do Centro-Sul do País, aumentandoa sUa população em cerca de 12 a 15% ao ano. O Minis­tro Mário Andreazza, na percepção do que era aqueleproblema para o Estado, injetou grande apoio, atravésdo extinto BNH, para que na época pudéssemos cons­truir mais de trinta mil casas populares para minoraro sofrimento daqueles que acreditavam no Mato Gros­so. Portanto, neste momento em que a Câmara dosDeputados, mais uma vez, presta homenagem à memo­ria desse grande brasileiro, o Estado de Mato Grossonão poderia ficar calado, sem trazer a sua mensagemde gratidão, mensagem esta que já foi assinalada emlei da Prefeitura Municipal de Várzea Grande, denomi­nando, naquela cidade, uma grande avenida, que seráinaugurada nos'próximos dias, de Ministro Mário An­dreazza, signu;elmdo a gratidão em bronze perene, aeste grande brasileiro a cuja memoria prestamos nossahomenagem.

O SR. LEVY DIAS - Muito obrigado, nobre Depu­tado Júlio Campos.

Falando sobre a participação do Ministro Mário An­dreazza no desenvolvimento dos Estados de Mato Gros­so do Sul e de Mato tIrosso, queria relembrar umapequena passagem no dia em que O Ministro anunciavapela televisão, e eu não o conhecia, que faria a estradaPresidente Epitácio-Campos Grande. Era uma estradaque vinha, durante uma década, sendo construída, empedacinhos, no período da seca e destruída no períododas águas. Quando o Ministro Mário Andreazza falavanum programa de televisão, eu jantava com alguns ami­gos, que deram muitas gargalhadas, porque S. Ex' anun­ciava, mais uma vez, que O Governo faria a rodoviaque ligaria São Paulo a Campo Grande. Na oportu­nidade, propus uma aposta, e alguém me perguntoupor que apostava no Miui.stro Mário Andreazza. Res·pondi: não o conheço, m~ acho que leva jeito.

Tempos depois, eu era Prefeito de Campo Grande,já estava concluída a estrada Porto XV - Campo Gran·de, e o MinisíÍ\J quis chegar até Cuiabá, num pequenotrecho de 700 Krn. Eu o esperei no aeroporto - estavacom minha agenda lotada de compromissos, mas nãopoderia deixar de aguardá-lo. S. Ex' não estava emviagem oficial, mas de trabalho. Foi quando conheciMário Andreazza, quc desembarcou de um avião Avro,da FAB, com um casacão de xantungue. Sem dar boatarde, passou a mão no meu pescoço e disse: "Prefeito,vamos fiscalizar a obra?" Falei: "Vamos". Saímos paraviajar, nem mala levamos. S. Ex' era o tipo do chefe,do líder, que impunha confiança e segurança. Viajamosde carro. Embora normalmente as autoridades sentemno banco de trás, S. Ex' só viajava no banco da frente,junto ao motorista. Viajamos para Cuiabá e fomos pa­rando nos acampamentos das empresas. Havia cercade dez empresas trabalhando no trecho. Tomávamoscafé em um acampamento, almoçávamos em outro ejantávamos em outro. Quando chegamos em Cuiabá,despedimo-nos. S. Ex' p~gou seu rumo e eu voltei paraCampo Grande. Esse el1l o Mário Andreazza que per­corria este Brasil.

Eu achava\ nobre Deputado Júlio Campos, que' onosso estado era privilegiado, porque merecia a atençãode um Ministro do porte de Mário Andreazza, mas,depois, quando viajei pelo Brasil a fora ao seu lado,percebi que a marca do seu trabalho, do seu amor edo seu patriotismo era bem maior do que eu imaginava,porque percorri o Nordeste, o Norte e o Sul e poronde passamos encontramos marca do que ele fez. Sem­pre desprendido, sempre não querendo aparecer, nuncaquerendo elogios, mas executando o que dizia: "Temosque decidir como um vendaval e enfrentar até os medío­cres, que não aceitam o sucesso de ninguém". O seutrabalho ficou marcado.

Com muito prazer, concedo o aparte ao DeputadoPaulo Pimentel.

O Sr. Paulo Pimentel- Deputado Levy Dias, é commuita emoção que venho a este microfone. Convivie muito com o ex-Ministro Mário Andreazza. Fui Go­veJ.llador do Estado do 'paraná, ainda em tenra idade,

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

durante cinco anos, e parte do sucesso do meu governocredito a S. Ex'. Foi ele quem rasgou a BR-277, quesai dc Paranaguá, passa por Curitiba, vai a Guarapuava,Laranjeiras, Cascavel e chega a Foz do Iguaçu e à ponteda Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai. Foi o grandeconstrutor de estradas em todo o Brasil. Convivi comele fraternalmente durante longo tempo, e posso teste­munhar que foi muito mais meu amigo nos momentosde baixa na minha vida pública do que nos momentosde alta. Por isso quero enaltecer aqui não aquilo quetodos já conhecemos à saciedade: a capacidade de luta,a tenacidade, o espírito público magnífico de que era'portador o grande brasileiro, o saudoso Mário Andreaz­za! Quero enaltecer aqui não isto, mas as suas quali­dades pessoais e humanas. Ele nunca tão-somente aper­tou a minha mão, mas puxava-me para o abraço. Eracarinhoso, fraterno, amigo, afetivo. naquela sua esta­tura imensa. Quem não o conhcccsse podia supó-Ioum homem violento. Não, ele até feria a sua formaçãomilitar, porque era extremamente afetivo. Como chefede família, como amigo dos seus filhos e de sua esposa,não posso deixar de dizer que ele foi, talvez, um dosmaiores entre os maiores. Ncstc aparte eu o cumpri­mento pela iniciativa desta sessão solene. Quero dizerque o que mais pontificou nesse grande inesquecívelamigo, nesse magnífico brasileiro foram seus sentimen­tos. Ele trazia dentro de si aquela origem magníficado italiano afável - sou casado com uma italiana; enal­teço sempre as qualidades deste povo da península itáli­ca, onde nasceu a nossa língua a última flor do lácio,como dizia o poeta. Andreazza merece o meu respeitosaudoso. Com ele convivi fraternal e intimamente duorante quase vinte anos. E presto meu depoimento nestasessão solene, para dizer que, entre todas as suas excep­cionais qualidades, a maior delas foi o sentimento huma­no com que sempre agiu no poder ou fora dele.

O SR. LEVY DIAS - Muito obrigado, DeputadoPaulo Pimentel, representante do grande, rico e pode­roso Estado do Paraná, que vem aqui ratificar, maisuma vez, que a obra de Andreazza percorreu todo oBrasil.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado João da Mata.

O Sr. João da Mata - Meu caro Deputado LevyDias, é com prazer que compareço a esta sessão dehomenagem à memória de um dos maiores brasileirosque se conheceu em toda a nossa História. Como Depu­tado paraibano, na realidade, teria muito que dizer so­bre o que representou o ex-Ministro Andreazza paraa Paraíba e principalmente para o Nordeste. Mas, emespecial, gostaria de ressaltar que o ex-Ministro An­dreazza foi O responsável, durante o período em quedirigiu O Ministério dos Transportes, pelo asfaltamentode mais de 80% das estradas paraibanas. Devo dizerque S. Ex', como Ministro do Interior, foi o responsávelpelo soerguimento da economia paraibana, em virtudedo dinamismo com que na realidade implantou a políticade incentivos ou os dinamizou, por meio da Sudene,fazendo um trabalho sério, que na realidade estimulouas empresas a investirem naquela área, tendo em vistao seu cronograma de trabalho e de investimento. ComoMinistro do Interior, S. Ex' revelou grande preocupaçãocom o Nordeste, como todos sabem. É preciso queo brasileiro conheça a realidade do que foi feito emtermos de açudagem. O que hoje, sem nenhuma dúvida,demonstra a validade daqueles investimentos é o fatode que em um inverno como o deste ano todos aquelesviam armazenado água suficiente para permitir à Paraí­ba produção considerada ótima e proporcionar, acimade tudo, irrigação satisfatória, utilizando tecnologiaavançada. Todos esses foram projetos pioneiros, quena época não mereceram o crédi'lo da sociedade, mastodos foram implantados graças, na realidade, à ener­gia, ao dinamismo e - por que não dizer? - à capaci­dade técnica do cx-Ministro, o engenheiro Mário DavidAndreazza, que contaminava as pessoas com sua ener­gia e sua força, e conquistava o nordestino, em virtudedo amor que tinha àquelas terras. Nunca me esquecide uma passagem em que ouvi de S. Ex' O dcsabafo,apesar do cansaço, da exaustão e do calor, após umalmoço concorrido em que se sentou ao meu lado: "Co­mo gosto desta região"! Então, Deputado Levy Diasé familiares do ex-Ministro Andreazza, na realidadeestas palavras comoviam-nos e faziam-nos crer no futu-

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TO do Nordeste. Quero aqui, registrar, mais uma vez,que em realidade o ex-Ministro Andreazza foi marcodeterminante do desenvolvimento do Nordeste.

O SR. LEVY DIAS - Muito obrigado, DeputadoJoão da Mata.

Concedo o aparte ao Deputado Mozarildo Cavai·canti.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti - Deputado Levy Dias,ouvimos aqui o testemunho de Parlamentares do Sul,do Nordeste e do Centro-Oeste. Não poderia faltara palavra do representante do extremo Norte do Brasil:o Território de Roraima, que, antes da passagem doMinistro Mário David Andreazza pelos Ministérios dosTransporte e do Interior, era na realidade, como semprese ouviu dizer, um fim de mundo. Era uma unidadeda Federação insulada e sem perspectiva de desenvol­vimento a curto prazo. Foi exatamente o trabalho ea visão, aqui já descritas, de estadista do Ministro MárioAndrcazzff' que propiciaram a Roraima o despertar eO caminhar para efetivamente transformar-se, como vaiacontecer, num Estado pujante da Federação brasileira.Poderia enumerar uma série de obras de infra·estruturaque S. Ex', propiciou ao Território de Roraima, masbastaria citar duas: a BR-174 e a BR-2Ül, a famosaPerimetral Norte, que lamentavelmente não pôde serconcluída em virtude da interferência de forças muitopoderosas que tinham interesses em que essas regiões,que seriam penetradas por essa rodovia, não se desen­volvessem. Em Roraima, o trecho dessa estrada quefoi construída propiciou o surgimento de dois novosmunicípios pujantes, com uma agricultura forte e umamineração também muito poderosa. Quero, portanto,em nome do povo de Roraima, deixar aqui os parabénsa V. Ex&, pela iniciativa do requerimento desta reuniãoe também meu abraço aos familiares e amigos do Minis­tro Andreazza, dizendo que Roraima, na sua história,tem gravado, com letras de profunda gratidão, o traba­lho dc S. Ex' tanto à frente do Ministério dos Trans­portes quanto do Ministério do Interior.

O SR. LEVY DIAS - Ouço o nobre Deputado Ma­guito Vilela.

O Sr. Maguito Vilela - Em nome de Goiás, tambémgostaria de associar-me a essas justas homenagens-pre",­tadas à memória desse insigne brasileiro, o ex-Ministro'Mário Andreazza. S. Ex' desenvolveu um trabalho damaior importância para o Brasil, em todos os setorespor onde passou, especialmente no dos transportes.Lembro-me de que foi na minha cidade, em Jataí, queS. Ex' assinou várias ordens de serviços, das mais impor­tantes, principalmente a Construção da rodovia Goiâ­nia-elliabá, passando exatamente por Jataí, uma obraque beneficia todo o Centro-Oeste brasileiro. Hoje,prestamos homenagem póstuma a um estadista que real­mente teve a visão de um futuro grandioso para o Brasil.Todos os grandes estadistas deste País foram criticadospelas obras que vislumbravam da maior importânciapara esta Nação, haja vista a própria construção deBrasília, da Belém-Brasília e tantas outras obras qlle'antes eram consideradas faraónicas. Espero que o Bra­sil de amanhã também se solidarize e apóie os estadistasde hoje, como o Ministro dos Transportes José Rey­naldo, que está tendo a visão de um Brasil com muitomais progresso, um Brasil extraordinário, mas que parachegar a esse ponto precisa necessariamente passar pelaconstruçaõ de ferrovias, principalmente a Norte-Sule a Leste-oeste. Espero, repito, que a História façajustiça aos homens de hoje, que estão defendendo essasobras, porque sem elas, o Brasil não progredirá, nãocaminhará. Presto, portanto, minhas mais sinceras ho­menagens, em nome de Goiás e do povo goiano, ãfamília do ex-Ministro Mário Andreazza, um homemque, repito, teve a visão um pouco acima dos parâme­tros normais.

O SR. LEVY DIAS - Ouço, com prazer, o apartedo nobre Deputado Anníbal Barcellos.

O Sr. Anníbal Ban:ellos - Caros amigos e familiaresdo saudoso Ministro Mário Andreazza, já estou ficandobastante emocionado, mas não poderia deixar de dizerda minha: saudade daquele caro Ministro. Trabalhei comele durante seis anos, e já' o conhecia, como militarque sou, das suas andanças pelo Exército. Lembro-memuito bem quando, em 1978, Andreazza queria formar

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sua equipe para o Governo e chamou-me. Trabalhavaeu com o Almiraute Faria Lima, quaudo recebi umconvite para falar com o Ministro Andreazza. Lá che­gando, S. Ex' me convidou para ser o Governador doAmapá. Pensei e meditei sobre o fato de o Amapáestar tão longe. O Ministro disse-me que queria umaresposta em 24 horas. Respondi-lhe que, como militar,estava pronto para cumprir qualquer missão, mas quetinha de falar com minha esposa e, se ela concordasse,iria com muito prazer. Falei com Mariinha, minha espo­sa, e ela concordou prontamente. Assim, fiquei duranteseis anos tendo um contato permanente com o MinistroAndreazza. Devo dizer, com satisfação, que com eleconseguimos recursos, trabalhamos durante seis anose, se hoje o Amapá se transforma em Estado, devemuito ao Ministro Mário Andreazza. S. Ex' mesmo,antes de sair do Governo, criou uma comissão paraestudar a transformação do Amapá e de Roraima emEstados. Dessa maneira, sinto-me bastante confortadoem dizer essas palavras. Fiz um pronunciamento porocasião de sua morte, do qual cito agora alguns trechos:"Andreazza não era homem de gabinete. Dava o exem­plo como bom soldado, seguindo à frente de todos,abrindo caminhos e perseguindo objetivos e projetos.Nada o detinha no cumprimento do dever e na ânsiade realizar". Mais adiante eu dizia: "Quando Gover­nador do Territ6rio Federal do Amapá, de março de1979 a julho de 1985, pude sempre contar com aconfian­ça e o apoio do então Ministro do Interior Mário DavidAndreazza, que jamais nos negou recursos, proporcio­de 15 anos em apenas 6 de trabalho e muita persistência.Hoje, podemos dizer, sem exageros, que O Territ6rioFederal do Amapá deve muito a Mário Andreaza. Du'rante nosso Governo, no Territ6rio, iniciamos a cons­trução da Assembléia Legislativa do futuro Estado doAmapá, pois com o apoio do Ministro Andreazza jávislumbrávamos esta transformação. Por isso, sofri mui­tas críticas. Houve até uma ação popular contra mim,dizendo que eu era um Governador meio maluco, por­que estava construindo uma Assembléia Legislativa pa­ra a qual não havia os Deputados estaduais e um bancoque não tinha carta patente. E está aí, agora. Iniciamosuma arrancada no Amapá, porque tínhamos a certezade que iríamos transformá-lo em Estado. Isso tudo de­vemos aos amapaenses, pois, para Deputado pelo Ama­pá, fui o mais votado na última eleição. De maneiraque também não poderia deixar de prestar nossas home­nagens à mem6ria do ex-Ministro Andreazza. Tragomeu sincero abraço aos familiares do ex-Ministro MárioAndreazza, e gostaria de dizer Ç/uil minha mulher gostamuito da esposa do ex-Ministr6. N6s, sempre, mesmodepois de sua morte, estivem~Jlresentes. Conte sem­pre conosco, SI" Liana Andrcazza.

O SR. LEVY DIAS - Concedo o aparte ao nobreDeputado Simão Sessim.

O Sr. Simão Sessim - Meu caro Levy Dias, confes­so-me emocionado neste instante. Mas faltaria com omais sagrado dos deveres, o da gratidão, se nesta manhãnão estivesse aqui para registrar a devida homenagemà mem6ria do grande Mário Andreazza. Os homenspúblicos se notabilizam pela fecundidade do trabalhoque realizam e pela importância - creio eu - dasobras que constroem em favor da pátria e das futurasgerações: Essa, sem dúvida, foi a marca preponderantedo Ministro Mário Andreazza. Ele foi, acima de tudo,um forte, um bravo que aceitou e venceu desafios, aolongo de toda a vida, desde sua origem humilde, noRio Grande do Sul. Venceu na carreira militar, na admi­nistração pública, enfim, em tudo o que se apresentoua ele. E nas derrotas, se houvmam, saiu-se sempre demaneira bastante airosa. Por isto, esta singela homena­gem tem o sentido da reiteração da nossa expressãode carinho, de amizade, de re.i;peito e de admiraçãopor esse imortal brasileiro, um homem cujo legado deobras, não tenho dúvida, atravessará gerações.

Os que o conheceram, nesta manhã, perfilaram-seem depoimentos. Todo o povo brasileiro há de reco­nhecer seu valor, e também as futuras gerações haverãode prestar-lhe homenagem p6stuma. Esse homem foigrande em tudo, desde a compleição física até o coraçãoe o abraço. Não há quem esqueça, como já foi ditopelo Deputado Paulo Pimentel, aquele abraço gostoso,que nos afagava completamente. Desse homem lembro-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

me a todo instante, principalmente no Rio de Janeiro,ao atravessar a ponte Rio-Niter6i. Questiono sempreo que é maior: Andreazza ou a ponte? Quem realizoumais? Apresento meu respeito à sua família - D. Liana,Rubens e Mário - e transmito-lhe a certeza de quen6s, aqui ou fora desta Casa, estaremos sempre home­nageando sua figura, certos de que lá no céu, juntode Deus, ele gostaria de ter tido mais tempo de vidapara servir à Pátria que tanto amou.

O SR. LEVY DIAS - Muito obrigado a V. Ex' peloaparte.

Concedo aparte à nobre Deputada Sadie Hauache.

A Sr' Sadie Hauache - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, D. Liana, Mário e Rubens, familiares do Dr. MárioAndreazza antes de prestar minha homenagem, preten­do apresentar-me, porque não me conhecem. Sou selvá­tica, amazônida, bem do Norte do Brasil. Conheci oDr. Mário Andreazza quando fui presidente da Tele­visão Ajuricaba, _em Manaus. Tive bons momentos emsua companhia e causou-me alegria conhecer o MinistroMário Andreazza. Minha famr1ia e a equipe da televisãovárias vezes viajaram de avião pelo interior do Amazo­nas em companhia de S. Ex', ocasião em que se grava­vam tapes _para que ele tivesse melhor conhecimentodas necessidades da nossa Amazônia. Realmente, co­munguei da amizade do Ministro Mário Andreazza porvários anos. No Ministério, embora pequenina, eraatendida com o mesmo sorriso e alegria com que elerecebia Ministros de Estado. Quero, pois, prestar ho­menagem e trazer minha solidariedade à família de Má­rio Andreazza. Com o coração enorme, imenso, dotamanho do nosso Amazonas, espero recebê-los de bra-,ços abertos em nosso Estado, a qualquer momento, ­caso queiram visitar-nos. Contem com a nossa solidarie­dade e com o nosso amor. Devo dizer que conheciMário Andreazza e seu trabalho. Na época em quese candidatou, lutei junto com ele por sua eleição. Da­queles momentos, tive a alegria de bater várias fotos,quc verão, se forem à minha casa, onde as guardo comolembrança de um amigo que valorizava o trabalho damulher. Mais uma vez, 'lucro fixar o meu abraço esolidariedade e expressar a tristeza, que comungo coma família Andreazza, pela perda do grande amigo. Obri­gada.

O SR. LEVY DIAS - Concedo o aparte à DeputadaRita Furtado.

A SI" Rita Furtado - Se. Deputado Levy Dias, ilus­tríssima família do ex-Ministro Mário Andrcazza, comorepresentante do povo de Rondônia e também - nãoestaria exagerando - como amiga do homenageado,até porque tive. como os que me precederam nestemicrofone, oportunidade de acompanhar de perto opensamento e o trabalho desse grande Ministro - nãopoderia deixar de manifestar-me neste instante. O povode Rondônia deve o nascimento e desenvolvimento deseu Estado ao ex-Ministro Mário Andreazza. Quis odestino que a nossa geute encontrasse em seu caminhoum homem com visão de futuro e cuja paixão era trans­formar o sonho em realidade. Ao olhar para o Centro­Oeste e para a Amazônia, sentiu ele, -naquela imensi­dão, o desafio que não enfrentaria apenas em nomedaquela região. Tinha o Ministro Mário Andreazza acapacidade de ver de forma macro, o que significariaO desenvolvimento do Brasil. Por iniciativa dele, foiincentivada a migração para a região Amazônica, orde­nada e planejadamentc. Em Rondônia fpram feitos osmais organizados assentamentos do ·País. O Estado foicortado, de Norte a Sul, pela rodovia ~nstruída peloMinistro Mário Andreazza, que se tornou sua espinhadorsal. Foi ali, caminhando ameu lado por aquela estra­da, ainda enlameada, que começamos nossas conversassobre o Estado de Rondônia. Hoje, essa rodovia, asfal­tada, traz o progresso e o desenvolvimento para a re­gião. Não poderia citar e enumerar todas as obras que,por iniciativa de Andreazza, foram feitas no Estadode Rondônia, nem as realizadas por ele em todo oPaís. Gostaria de deixar este registro. E volto a dizer:o Ministro Mário Andreazza foi um brasileiro, um ami­go, um estadista, um homem capaz de, com os pésno chão, transformar sonhos nas realidades mais cons­trutivas. Agradeço o aparte ao nobre Deputado LevyDias.

Agosto de 1988

O SR. LEVY DIAS - Concedo o aparte ao DeputadoFernando Coelho.

O Sr. Fernando Coelho - Prezado companheiro, De­putado Levy Dias, não poderia deixar de associar-me,neste momento, às homenagens que a Câmara dos De­putados presta à memória do ex-Ministro e grande ho­mem público que foi Mário David Andreazza. Nessemomento, gostaria de trazer alguns fatos que presenciei.Como pernambucano e sertanejo, poderia reverenciara memória do Miuistro Mário Andreazza lembrandoa sua decisiva colaboração na pavimentação da estradaque liga minha cidade, Petrolina, a Salgueiro. Poderialembrá-lo também pela imponente obra de irrigação- a maior do Nordeste brasileiro - o Projeto SenadorNilo Coelho. Ainda poderia recordá-lo por enfrentaro enorme desafio de resolver o problema de abasteci­mento de água da capital pernambucana, com a constru­ção do sistema Botafogo. Entretanto, quero dar hojeO testemunho de que o Ministro Mário David Andreaz­za foi, sobretudo, um grande administrador. dada asua capacidade de formar grupos de trabalho. E quemse der ao cuidado de verificar qual era sua equipe encon­trará na Codevasf o Dr. Erasmo Almeida; lembrar-se-àdo Dr. Camilo Calazans à frente do Banco do Nordeste;do Sr. Walfrido Salmito na Sudene; o atual.MinistroJosé Reynaldo, no DNOCS. Foi revelando talentos paraa administração pública brasileira que Andreazza conse­guiu superar-se, deixando marcado na hist6ria da admi­nistração pública do nosso País um acervo importantede obras e realizações. Mas conheci o Ministro MárioDavid Andreazza na condição de Deputado Estadual,e gostaria de falar sobre isto _A Assembléia Lcgislativade Pernambuco era um prédio antigo, acanhado, comdificuldades para modernizar-se e dotar-se de infra-es­trutura, de novas instalações, a fim de permitir um tra­balho à altura da expectativa que o povo pernambucanotinha em relação ao seu Poder Legislativo. Fui mcmbrode uma comissão formada pelo Presidente da Casa,o então Deputado Felipe Coelho. Deslocamo·nos paraBrasília, atrás do apoio e da ajuda do ~stro MárioDavid Andreazza, para construir o anexo do prédioda Assembléia Legislativa de Pernambuco, o que permi­tiu a modernização e a informatização de todos os seusserviços. O Poder Legislativo de Pernambuco deve mui­to a Mário David Andreazza. Sua amizade não tinhalimites. Gostaria até de fazer uma brincadeira: An­dreazza não respeitava nem mesmo o seu amigo DelfimNetto. Para ele não havia orçamento, nada significavao que estava escrito, valia a amizade e o desejo defazer e atender. Parabenizo a Câmara dos Deputadospela iniciativa de reverenciar a mem6ria deste grandehomem público que tantos serviços prestou ao País.

O SR. LEVY DIAS - Muito obrigado, nobre Depu­tado.

Ouço o nobre Deputado Edme Tavares.

O Sr. Edme Tavares - Nobre Deputado Levy Dias,permita-me interromper a bela oração em que evocao nome e reverencia a mem6ria de Mário Andreazza,um dos vultos maiores do Brasil. Conheci esse homempúblico e com ele convivi, testemunhando sua vocaçãopatri6tica, dinamismo, desprendimento e extraordiná­ria vontade de servir ao Brasil como arautd do Nordestee defensor das mais nobres causas deste País.

Mário Andreazza viveu toda a dimensão panorâmicae universal das coisas e teve o conhecimento dos traçosmarcantes do homem. Ele desbravou o Brasil. Por ondepassamos, nos rincões mais distantes do País, vemospedras fincadas no chão. Foram obras de infra-estruturabásica e de cunho social realizadas por ele. Andreazzapreparou, desta forma, o desenvolvimento nacional.Guardo traços importantes e detalhes fundamentaisdesse homem público, com quem convivi. Recordo-mede uma das viagens que fiz com o então Ministro MárioAndreazza ao Nordeste, quando ele me dizia: "Tenhoque redimir o Nordeste. Se Juscelino construiu Brasfliae sc imortalizou, quero imortalizar-me redimindo oNordeste brasileiro". Essa era a sua maior vontade.seu desejo, um dos seus maiores sonhos. O Nordestebrasileiro perdeu um brasileiro que desejava governareste País para redimi-lo. Creio que com a morte deMário Andreazza o Nordeste também perdeu uma dasesperanças de redimir-se. Traçaríamos aqui a longa ca­minhada de Andreazza: sua convivência, sua vida públi-

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Agosto de 1988

ca, traços marcantes de um homem simples, que escon­dia extraordinárias virtudes. Pois bem parece que estouvendo do tamanho do Brasil. Lembro-me agora da sen­tença de Lincoln: "S6 depois que as grandes árvorestombam é que é possível medir-se.a sua altura".

o SR. LEVY DIAS - Muito obrigado, nobre Depu­tado Edme Tavares.

Foi com Andreazza, Sr. Presidente, que se conseguiua integração de todo o sistema ferroviário brasileiro,aumentando sua participação no transporte global decarga de 14 para 22%. No período, foram adquiridos356 locomotivas e 10.100 vagões.

No setor de portos e vias navegáveis foram realizadasimportantes obras, buscando-se a concretização de in­fra-estrutura capaz de atender ao esforço de exportação.

Implantaram-se terminais portuários especializadose estruturaram-se os corredores de exportação. Paraatingir tal programa, foram construídas obras da maisalta importância, como o quebra-mar do porto de Reci­fe; o porto de Itaqui, no Maranhão; a ampliação de400 metros no cais de Macei6; a recuperação dos portosde Salvador e Belém; a ampliação do porto de Santos;a construção do porto de Ilhéus; a construção do portode Rio Grande; a construção de terminais de fertili­zantes, em Santos; de sal, no Rio Grande do Norte(Termisa); de minérios, em Sepetiba (Rio de Janeiro);de petr6leo e derivados, em Paranaguá e em Santos;e açucareiro, em Recife.

No setor de hidrovias, a ação de Andreazza tambémfoi intensa. Destacam-se a criação das vias navegáveis,com a construção de barragens e eclusas nos rios: Ta­quari e Jacuí, no Rio Grande so Sul; sistema Tietê-Pa­raná, em São Paulo; eclusas de Boa Esperança; melho­ramentos dos sistemas de navegação do rio São Fran­cisco e na Amazõnia.

Ao assumir, Andreazza encontrou um quadro críticotambém na marinha mercante, que pode ser assim resu­mido: - o Lloyd Brasileiro e demais companhias delongo curso encontravam-se em situação crítica por faltade carga e inadequação de seus navios; os estaleiros,praticamente paralisados; a navegação costeira e inte­rior em estado precário; ínexistência de uma políticade fretes que levasse em conta os interesses nacionais;deficiências na indústria de reparos navais.

Graças a ele, o Governo decidiu estabelecer umacorajosa política de fretes, enfrentando os grandes inte­resses que se opunham a maior participação de nossabandeira no mercado mundial. Nossa participação nãoia além de 10% sobre os fretes gerados nas transaçõescomerciais do Brasil com o resto do mundo.

Rompida essa situação, abriram-se condições paraencomendas de navios pelas empresas brasileiras. Oque ocorreu a partir dessa decisão foi a rápida recupe­ração e organização da marinha mercante brasileira ea correção de todo o quadro de deficiências encontradono setor, permitindo ao País até mesmo tornar-se expor­tador de navios.

Ap6s esse período, à frente do Ministério dos Trans­portes, Andreazza foi para a iniciativa privada, pois,para sobreviver, precisou trabalhar, no dia seguinte aode sua saída do Ministério, como empregado em umacompanhia de seguros. Mais tarde, teve oportunidadede dirigir a implantação de uma empresa de peças na­vais, fato que enriqueceu sua experiência administra­tiva.

Passado esse interregno, Andreazza voltou ao gover­no como Ministro do Interior, impregnado da idéia deuma ação enérgica no sentido da integração social dodesenvolvimento brasileiro.

O Ministério do Interior ganhou, com sua presença,uma dimensão nacional, concretizada pela presença físi­ca desse homem incansável, sempre presente em todosos eantos do País.

Toda a programação estabelecida nos diferentes seto­res de atuação foi perturbada pela mais inclemente secaque se abateu, durante cinco anos consecutivos~ sobreO Nordeste.

Foram contingentes superiores a um milhão os detrabalhadores mantidos em obras hídricas e preparode terras para plantação. Todo esse esforço deixou,ao fim do período de governo, um saldo pouco divul­gado. Andreazza encontrou o Nordeste com uma capa­cidade de acumulação de água de cerca de 13 bilhõese o deixou com cerca de 25 bilhões de metros cúbicos.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Não foram s6 as secas, mas as grandes enchentes queenfrentou.

Somente no vale do São Francisco deparou-se, em1981, com 250 mil desabrigados. Mandou projetar nascidades às margens do Velho Chico diques de proteçãoe relocou as populações para as partes altas, construindocentenas de novos conjuntos habitacionais. Nunca maisse ouviu falar em enchentes no vale do São Francisco.Andreazza prometeu e fez todas as obras em apenasum ano desenvolvendo e ampliando as ações nos progra­mas especiais e habitacionais. O Ministério do Interior,na sua administração, apesar de ser ele nascido no extre­mo Sul, aplicou mais de 50% do total de seus recursosno Nordeste, caracterizando, dessa forma, a prioridadena correção do desequilíbrio de desenvolvimento entreo Nordeste e as demais regiões do País.

Em sua gestão, cerca de dois milhões de habitaçõesforam construídas, sendo que os programas especiaispara atendimento às favelas e alagados tiveram priori­dade.

Através do Planasa, cerca de 80% da população brasi­leira teve acesso ao consumo de água tratada.

Sua ação fez-se sentir na Amazônia e no Centro­Oeste através da intensificação de programas especiaisde desenvolvimento.

A irrigação recebeu apoio e incentivo com o desenvol­vimento de projetos do vale do São Francisco, no Nor­deste, Centro-Oeste e Sul do País.

Vale a pena lembrar também que o Brasil deve aAndreazza a construção, recuperação, ampliação e con­clusão de projetos de irrigação do porte do "Nilo Coe­lho", que se constituiu em grande pólo de irrigaçãona região de Petrolina, Pernambuco; o projeto do baixoAçu, no Rio grande do Norte, a transposição de águasdo rio São Francisco, permitindo a irrigação de manchasde terras férteis da região; o Jaíba, em Minas Gerais,Juturnaíba, no norte fluminense, ou Chasqueiro, noRio Grande do Sul, e tantos outros.

O DNOS, no período Andreazza, implementou di­versos projetos de drenagens e recuperação de várzeas,agregando grandes áreas de terras férteis à agricultura.

Neste contexto, importantes medidas foram tomadaspor Andreazza ao reconhecer o papel da ABID comoentidade mais indicada para estimular a participaçãoda iniciativa privada nos projetos de irrigação e drena­gens, através da sua capacidade de aglutinação dos em­preendimentos privados e ao indicar a associação comoórgão representativo do Brasil junto' às organizaçõesinternacionais.

É evidente, Sr. Presidente e nobres pares, que muitasoutras poderiam ser aqui mencionadas, não fosse a limi­tação do tempo desta oração.

Muitos, se não todos os Srs. Parlamentares que aquise encontram, são testemunhas oculares da ação daque­le homem simples e humilde, mas que detinha umaforça de trabalho incomparável e cuja meta era traba­lhar em benefício da população brasileira.

Ao longo de muitos anos de convivência com ele,pude distinguir uma diferença entre o cidadão Andreaz~

za e o Ministro Andreazza, homem público.Como cidadão, Andreazza era uma pessoa de hábitos

simples, bom amigo, tímido, retraído, sentimentalmen­te afetivo e voltado para o vida do [ar, de onde poucosaía. Não tinha ambições materiais, até mesmo despre­zava-as ou as desconhecia. Era um exemplo de lealdade,de pureza de alma e de dignidade. Pela sua honestidadede caráter, chegava quase a ser ingênuo e confiava de­mais nas pessoas com quem palestrava ou convivia.Era não s6 um companheiro de trabalho e de lutas,mas também um amigo leal e sincero.

Como Ministro, era audaz, corajoso, lutador, até porvezes agressivo, sempre firme em suas posições, probo,grande líder e formidável empreendedor. Foi um verda­deiro bandeirante de nosso século e um exemplo paraas novas gerações que haverão de governar a grandezadeste País que ele tanto ajudou a crescer.

Com sua morte, desapareceu o ser humano, mas afigura do Ministro, do homem público, do grande brasi­leiro que foi Andeazza ficará para sempre como exem­plo de grandeza, de luta e principalmente de dinamismoe realizações que, em todo o País, estão materializadasem seus incontestáveis feitos.

Desapareceu, Sr. Presidente e Srs. Deputados o gran­de tocador de obras.

Quinta-feira 11 2763

Hoje, sensibilizado pela emoção e pela saudade, que­ro, concluindo, salientar o orgulho que tenho por tersido um dos seus leais amigos e poder, nesta data, relem­brar, da tribuna desta Casa, o fulgor da sua ação.

Presto, assim, a minha singela, mas sentida homena­gem à mem6ria do cidadão brasileiro Mário David Ane

dreazza, sem dúvida alguma, um dos her6is do desen­volvimento nacional. (Palmas.)

O SR. PRESlDENTE (Homero Santos) - Concedoa palavra ao Sr. Victor Faccioni, pelo PDS.

O SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS) - Sr. Presi­dente, Srs. Deputados, permitam-me primeiro saudarD. Liana e seus filhos Mário e Rubens nesta justa home­nagem que a Câmara dos Deputados presta à mem6riade seu dileto esposo e pai, Mário Andreazza, que soubeser grande para o Brasil, sem deixar de sê-lo para suafamília; saudar na presença do eminente Senador Dival­do Suruagy, colega de chapa de Mário Andreazza nadisputa pela Presidência e Vice-Presidéncia da Repú­blica, todos os presentes e aqueles que aqui uão pude­ram vir c que se incorporaram à luta política de MárioAndreazza, que queria, com sua candidatura, contri­buir, tão-só, para o aperfeiçoamento e a consolidaçãoda democracia no País.

Todos conhecem as realizações de Mário Andreazza.Mas poucos se deram conta da valiosa contribuição quetambém deu à obra política, porque nos grandes mo­mentos da vida política do País, nos últimos vinte anos,tentando segurar as pontas da democracia, nos basti­dores ou publicamente, muitas vezes esteve Mário An­dreazza.

Creio que o Brasil tem dois dilemas: o desenvol­vimento e a democracia. Na área do desenvolvimento,Andreazza conseguiu realizar uma obra como ninguém,neste País. Quanto à luta pela democracia, confessa­va-me ele - c o fez mais de uma vez - a razão dasua vontade de ser Presidente da República: realizaro desenvolvimento sob o comando da democracia. Su­bordinar, condicionar desenvolvimento e democracia.Dizia-me: "Falta fazer algo no Brasil que, não sei porque, tem tudo para ser uma democracia plena e nãoconsegue sê-lo. Se conseguirmos dominar os desafiosda infra-estrutura física e material, por que não havere­mos de dobrar também os desafios da infra-estruturapolítica da vida nacional, juntal}lente com um povofabuloso como o é o brasileiro?" E que Mário Andreaz­za acreditava no povo brasileiro porque, mais do queninguém. acreditava na pessoa humana. Tanto, que emtodos acreditava. Acreditava demais, até cegamente,diria. Sincero, franco e leal, assim também imaginavao fossem todos que com ele tratavam. E porque emtodos acreditava, não conseguiu realizar sua maior am­bição e o seu grande sonho: obreiro que era, fazera obra política da democracia.

Permitam-me que saúde aqui, na presença desta figu­ra humilde, pequena e gigante ao mesmo tempo, daIrmã Maura, do Rio Grande do Norte, a lembrançade todos aqueles que neste imenso Brasil se dedicamà obra social. Quando Mário Andreazza administravao Ministério dos Transportes ou o Ministério do Inte­rior, poucos se deram conta do quanto de efetivamentesocial havia na obra por ele comandada.

Permitam-me que saúde também a presença do Mi­nistro Reynaldo Tavares, dos Transportes, que foi umcolaborador de Mário Andreazza, c do Ministro PriscoViana; do ex-Ministro Delfim Netto; enfim, de todosos ex-colegas de Mário Andreazza que aqui se encon­tram ou estão representados.

Na presença dos seus colaboradores junto conosconesta homenagem - e citando Rocha Maia, que foiSecretário-Geral do Minter - permanece a idéia deque ninguém realiza sozinho uma grande obra. Paraorganizar uma grande equipe é preciso ter pereepçãoe grande visão.

Mário Andreazza realizou grande obra, porque con­seguiu montar uma equipe eficiente, e montou essaequipe porque tinha grande visão, grande percepção.Percepção e sensibilidade humana como poucos.

Venho a esta tribuna para, em nome da bancadado meu partido, homenagear a memória da extaordi­nária figura que foi Mário Andreazza, companheirode escol na luta pela democracia social. .

Confesso que desde o instante em que recebi estamissão senti-me um pouco atrapalhado, sem saber como

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2764 Quinta-feira 11

fazê-lo. Até onde a emoção trairia a missão? A emoçãode amigo c conterrâneo poderia prejudicar a missãode companheiro, ao falar.

Tanto queria dizer de Mário Andreazza que nadaconsegui escrever, senão algumas anotações, feitas aquie agora, sem saber o que mais destacar, porque tudonele era significativo, e tão amplo quanto foi seu traba­lho na amplitude do território nacional.

Ainda há pouco lembravam-se um jornalista, meuconterrâneo, que hoje se noticia que os Estados dispu­tam Ministérios - inclusive o meu Rio Grande - quese diz sem pai neste Governo. Andreazza, gaúcho, eraMinistro de todos os Estados, inclusive do seu Rio Gran­de, porque era Ministro para todo o Brasil. (Palmas.)

Concedo, com muito prazer, o aparte ao nobre Depu­tado Gerson Peres.

o Sr. Gerson Peres - Permita-me interromper poralguns momentos o brilhante discurso de V. Ex' Nãoestaria satisfeito se hoje não lhe oferecesse este aparte.Conheci o Ministro Mário Andreazza desde o inícioda Revolução de 1964. Privei com S. Ex' no meu Estado,o Pará, e penso que este aparte interpreta um senti­mento de gratidão de toda a Amazônia - em cujavida e história dois homens gaúchos se integraram. OpriQleiro, para consolidar a permanência da Amazôniano Brasil - Plácido de Castro - e o segundo, emnosso tempo, Mário Andreazza. O maior amigo daAmazônia neste século foi este gaúcho. Não há umcaboclo ribeirinho que não o conheça. Mensalmenteestava junto de nós. Foi um dos nossos grandes amigos,levando o trabalho, o desenvolvimento e o progressopara a nossa região. O que temos para nos integrarao País dentro do pensamento de Andreazza, que eraintegrar a Amazônia, a fim de que ela não fosse entre­gue, devemos à visão política e administrativa daquelegrande Ministro. Poucos brasileiros fizeram pela Ama­zônia tanto quanto este homem. A ponto de os amazô­nidas o apelidarem de "o uosso trator amigo". -Arris­cou sua vida tantas vezes, numa das quais escapou damorte, quando o helic6ptero que o conduzia explodiu,ocasião em que toda a Amazônia cantou um cânticonovo de agradecimento a Deus, porque ele ainda estavano início da caminhada pela implantação das grandesobras de integração da Amazônia ao Brasil. Portanto,penso que interpreto, em nome da Amazônia, as nossashomenagens à memória desse grande brasileiro, quehaverá de ter na nossa história um carinho bem cinti­lante e no coração da Amazônia, um momento hist6ricode gratidão pelo muito que fez por todos nós. Daí meuaparte em nome do Pará e da Amazônia. Muito obri­gado.

O SR. VICTOR FACCIONI - Nobre DeputadoGerson Peres, sabe V. Ex' que sou conterrâneo de Má­rio Andrcazza, da nossa querida Caxias do Sul, a "Pé­rola das Colônias". Fico também, por isso orgulhosoe sumamente honrado com o aparte de V. Ex' porqueum gringo lá de Caxias do Sul, um filho de colonos,consegue ser homenageado como um dos pró-homensda Amazônia, a mesma Amazônia à qual se dedicoue pela qual tanto foi citicado. Os que criticam a obrade Mário Andreazza na verdade deveriam criticar osque não deram continuidade a ela, os que não a comple­mentaram, os que não a entenderam. Mário Andreazzapensou longe e maior do que muitos grandes críticosque tevc. Disse bem V. Ex': o que seria da Amazôniasem Mário Andreazza? E o que seria hoje do meuRio Grande do Sul e o que seria do Brasil sem MárioAndreazza? Se ele tanto fez pela Amazônia, como disseV. Ex' outro tanto fez pclo Nordeste, pelo Centro­Oeste, o Norte todo, o Litoral e o Sul. No Rio Grandedo Sul Andreazza esteve entre os mais gaúchos de todosos Ministros, a sua obra nas áreas rodoviárias, ferroviá­rias, portuárias, do transporte marítimo e fluvial, o sa­neamento básico - água, esgoto - de casas populares,habitação para morar, desenvolvimento urbano e rural,superou a tudo quanto todos juntos fizeram antes oudepois.

Pergunto aos críticos das obras feitas, das obras ditasfaraônicas: o que seria deste·País sem elas, hoje, quandonem obras se realizam ou mal se as conservam? O termofaraônico, na verdade, nas obras de Andreazza, o quan­to injustamente foi aplicado.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Ainda há pouco me dizia o ex-Ministro Delfin Netto,que conheceu Mário Andreazza como poucos, porquecom ele trabalhou, e trabalhou do outro lado do caixa,Mário Andreazza nunca descumpriu qualquer dotaçãoorçamcntária. Lutava como um leão para consignar ver­bas no Orçamcnto para as obras que entendia vitaispara o País. Mas nunca fugiu das dotações aprovadaspelo Presidente da República e pelo Congresso Nacio­nal. Poucos se detinham nesta observação. Mas o teste­munho de Delfim Nctto é da maior importância. ES. Ex' deu-me este testemunho quando'eu perguntavase ele lembrava qual a cifra, o parâmetro de referência,de valor monetário que o Ministro Simonsen havia atri­buído a Andreazza. E ele me disse: um bilhão. Umbilhão de cruzados, ou seja, um trilhão de cruzeiros.

Pode-se avaliar o valor monetário de uma obra oude um homem pelo seu custo, mas também pelos seusresultados, seus benefícios, pelas suas realizações. SeAndreazza valia um trilhão, como seria bom para estePaís, onde faltam homens e recursos, termos hoje "Má­rios Andreazzas", mormente numa hora em que tantoshomens públicos valem tão pouco. Efetivamente, MárioAndreazza valia um trilhão. Mas quantos homens háneste País que não valem um tostão?

Agradeço-lhe, nobre Deputado Gerson Peres, oaparte, também porque V. Ex' entrou no meu pronun­ciamento cxatamente no momento em que, falando emnome da nossa bancada - ambos pertencemos ao PDS- senti a necessidade de resgatar uma injustiça quecometemos todos nós - ou melhor pelos que deixaramde fazê-lo, não tcndo consagrado o seu nome para candi­dato à Presidência da República, porque hoje seria ou­tro o destino do nosso País. Mas evidentemente, estáva­mos lá - uns entendendo o Brasil de uma forma, juntoscom Mário Andreazza, na proposta de um novo Bràsil,e outros, de outra. Tudo foi questão de concepção,mas também de conseqüências; porém nisto poucospensam. Agem sem pensar ou pensam s6 em si.

Hoje, estamos aí, com um novo desafio: como desdo­brar o processo político brasileiro e, -ao mesmo tempo,processo de desenvolvimento econômico e social?Quanta falta faz Mário Andreazza, com sua visão, dis­posição, otimismo e principalmente, seu coração! Oque para nós ele tinha de mais forte foi exatamenteo que fraquejou - o seu coração. É que o homemaceita tudo, mas o homem leal, como Andreazza, nãoaceita a traição.

A propósito, anotei uma observação feita pelo nobreDeputado Simão Sessim a respeito de Mário Andreaz­za. S. Ex' dizia, em aparte ao brilhante depoimentoe pronunciamento que fez o nobre Deputado Levy Dias,autor da proposta desta homenagem a que t9dos nóse todo o Brasil se associam, que "Mário Andreazza.era um forte" . E aí ocorreu-me dizer que Simão Sessimtinha e tem razão. Só que os fortes não se dobram,nobre Deputado Simão Sessim, mas se quebram quandonão mais podem resistir. Andreazza nunca se dobrou,e daí algumas inimizades gratuitas que granjeou. Mas,quando não pôde mais resistir, não se dobrou, que­brou-se pela infâmia da traição.

Ouço com prazer o nobre Deputado Denisar Arneiro.

O Sr. Denisar Arneiro - Sr. Presidente, Sr" e Srs.Congrcssistas. D. Liana esposa do falecido Ministroe seus filhos, sentimo-nos pequenos ao homenagear amemória de um dos maiores brasileiros que tivemosa oportunidade de conhecer. Mário Andreazza era dedi­cado às suas atividades, com a perseverança de poucosneste País. Tivemos a oportunidade de, em várias épo­cas, conviver com o Ministro Mário David Andreazza,exatamente pelas nossas obrigações quando ocupáva­mos a Presidência da Associação Nacional das Empre­sas de Transportes Rodoviários de Carga. Em nomcdos transportadores rodoviários de carga e passageiros,estamos aqui, Sr. Presidente e família Andreazza, pres­tando a nossa homenagem póstuma a este homem quefoi o maior construtor de estradas de rodagem no Brasil.Se somarmos o tempo que teve oportunidade de serMinistro dos Transportes e o volume de quilômetrosque conseguiu construir e asfaltar, podemos dizer: foio maior Ministro dos Transportes que esta Nação játeve. Não podíamos, de forma alguma, deixar de nosassociar a esta homena,.gem. Queremos prestar tambémalguns depoimentos. Eramos transportadores e ajuda-

Agosto de 1988

mos a levar material para a construção da ponte Rio-Ni­ter6i, no meu Estado. E não foi uma, duas, ou dezvezes que lá chegávamos, às seis horas da manhã ouàs dez da noite, e encontrávamos o Ministro dos trans­portes do lado das barcaças que iriam transportar parao mar aquela mercadoria. Era uma demonstração deque a ponte Rio-Niterói para S. Ex' constituia obrasagrada que desejava realizar com afinco, porque sabiaque outro não faria. Outro não suportaria, de formaalguma, a campanha de difamação que se fazia contraas obras faraônicas naquele momento, e a ponte Rio-Ni­terói, era considerada uma delas. Entretanto, hoje oBrasil precisa não de uma ponte Rio-Niterói, mas devárias. Por isso dizemos que o Brasil precisa de váriosMário David Andreazza para resgatar esta Nação. Aci­ma de tudo, nós, Constituintes, Deputados Federais,temos por Mário Andreazza um carinho todo especial,pois quando Ministro dos Transportes e Ministro doInterior, recebeu a todos, independente de partido. Euera do partido adversário de S. Ex' c sempre fui porele atendido. Por isso, Sr. Presidente, quero deixar estetestemunho de que o Brasil deve a Mário Andreazzaobras que poucos brasileiros conseguiram realizar atéhoje. Esperamos que outros empreendedores desse por­te apareçam, pois a Nação está precisando de homenscomo ele. Muito obrigado.

O SR.VICTOR FACCIONI - O depoimento deV. Ex' nobre Deputado Denisar Aroeira, é sumamentevalioso. Valioso pela bancada do PMDB do Rio deJaneiro que integra, e principalmente por ser quemé V. Ex' Denisar Arneiro, Parlamentar que a Câmarados Deputados co",~eçe.n:t!1ito bem, um homem públicode escola, empresário de primeira linha numa das áreasmais difíceis e sofridas do nosso País, a dos transportesrodoviários. Disse V. Ex' que Mário Andreazza realizoua maior obra rodoviária do País, como poderíamos dizertambém a maior obra ferroviária, portuária, marítimae fluvial.

Eu, que fui Secretário de Estado duas vezes, no RioGrande do Sul, primeiro na chefia da Casa Civil deEuclides Triches, depois da Secretaria do Interior eDesenvolvimcnto Regional e Obras Públicas de Amaralde Souza, à época em que Mário Andreazza fora Minis­tro dos Transportes e depois do Interior, posso testemu­nhar o que fez no Rio Grande, e os depoimentos deDeputados de todos os partidos e de outros Estadosmostram o que ele fez em todo o Brasil, na área desaneamento básico, de infra-estrutura urbana, de desen­volvimento urbano regional e na área de casa popular,não tivesse eu já citado, antes, suas realizações no meuEstado nas. áreas dos transportes, como o superportode Rio Grande, a ree·way e a maior soma de rodoviase asfalto para escoamento da produção riograndensc.

Conversando com o ex-Presidente do BNH, José Lo­pes de Oliveira, aqui presente, comentávamos o erroque o atual Governo cometeu ao extinguir o BNH.Em nome de quê? Por quê? Basta lembrarmos quantosmilhÕes de brasileiros passaram a ter casa para morargraças ao BNH.

Antes de Mário Andreazza chagar ao Ministério doInterior e ao BNH, muitos brasileiros já possuíam casa,mas quantos milhões mais passaram a tê-Ia em decor­rência da gestão e da obra de Mário Andreazza!

Durante o período em que fui Secretário do Intcrior,graças às verbas liberadas pelo Ministro Mário Andrcaz­za, lá se realizou a maior obra de saneamento básicoe casas populares - isto acontecia no Rio Grande enos demais Estados -:não'sei se com o conhecimentodo então Ministro Delfim Netto - sem que os Estadoscolocassem um tostão de contrapartida no Planasa. Mui­tas vezes levávamos ao Ministro Delfim Netto - e istoporque diziam que era um ditador (imaginem se nãoo fosse!) - apenas a proposta orçamentária, que diziarespeito à contrapartida do Estado. A proposta nãoera executada no que diz respeito à contrapartida doEstado e o Planasa acabava suprindo os recursos daUnião e do Estado, financiando duplamente o Estado,eis que supria inclusive a contrapartida que ao Estadocabia assegurar. E havia gente no Rio Grande que aindaachava pouco. Imagino o que devem achar hoje donada que lá se faz.

Somente em dois anos em que estive à frente daSecretaria do Interior e Obras Públicas, graças ao apoiodecisivo de Mário Andreazza. seu bom relacionamento

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Agosto de 1988

e entrosamento com o Governador e o Secretário, maisde dois milhões de gaúchos tiveram água tratada, equantos milhões em cada Estado e em cada região doPaís! Hoje já náo se sabe a quem está afeto o sanea­mento básico, ou os recursos e se eles exitem. Comrelação à casa popular, o déficit habitacional está-setransformando num monstro capaz de devorar, inclu­sive, a pr6pria democracia, na medida em que atentacontra o direito de morar, contra o direito de viver,contra o direito de propriedade. O cidadão que nãotem casa para morar também não tem o direito de viver- casa tem até o joão-de-barro, até o bem-te-vi. Ocidadão vai morar embaixo das pontes e dos viadutos- das muitas pontes e viadutos que Mário Andreazzaconstruiu quando Ministro dos Transportes ou Ministrodo Interior.

Então, meu caro Deputado Denisar Arneiro, efetiva­mente V. Ex' tem razão. Precisávamos de muitos An­dreazzas mais. Mas já que aqui estamos lamentandosua ausência, chorando seu passamento, exaltando suasqualidades, colhamos pelo menos sua mensagem, queé O que, além de suas obras, aqui ficou.

Disse o nobre Deputado Osvaldo Coelho - falandopelo Nordeste - que "Mário Andreazza nunca partici­pava da colheita, pois chegava antes para o plantio".Acrscentaria: e plantou - quanto plantou! - para ou­tros colherem, e quantos colheram e colherão aindada messe que ele semeou! Ele foi efetivamente um pre­cursor. Saibamos secundar sua obra.

Mário Andreazza era um teimoso em favor do bem,porque filho de uma estirpe de teimosos, como teimosossão todos aqueles oriundos da Itália que para aqui vie­ram em busca de dias melhores. Basta relembar ­e eu vejo a presença de um colega e conterrãneo deCaxias do Sul, o nobre Deputado Júlio Costamilan(PMDB - RS) - a obra que realizaram e realizamos colonos na encosta superior do nosdeste gaúcho.

Os imigrantes italianos foram jogados na encosta su­perior do Nordeste, área onde nada se podia plantare sequer pensar em morar. A imigração alemã haviaocupado antes os vales do Rio Grande, e os bandei­rantes e os lageanos haviam ocupado os campos da"pampa bravia". O que sobrava era a encosta agresteda região, que depois se denominou "colônia italiana".

Lá, o imigrante italiano precisou realizar o milagrede tirar da pedra espaço para plantar parreiras, colheruvas para fazer vinho, implantar indústrias e fazer oprogresso que lá, em toda a região, hoje está. Foi essateimosia que Mário Andreazza herdou, trouxe paraBrasília e levou 'para todo o Brasil. Diria que S. Ex'serviu ao Brasil com dedicação total e, assim se consu­miu. Serviu a todos que o procuravam, e nunca se serviudos cargos públicos. Mas muitos dele se serviram. Erahomem que não tinha malícia, quase um ingênuo; comodisse antes, em todos acreditava. Não tinha tempo parafofocas, para intrigas ou para o mal-querer. Onde todosprocuravam problemas, Mário Andreazza procuravaapenas soluções.

E eu, que vejo o eminente Senador Jarbas Passari­nho, Presidente Nacional do meu Partido - presençamuito significativa - digo que essas duas ilútres figurasassemelham-se como vítimas que ambos foram do míli­tarismo. Sim, Mário Andreazza, como Jarbas Passari­nho,foi uma das mais expressivas vítimas do militaris­mo.

Não chegou à Presidência da República porque foivetado por muitos daqueles que, chefes militares ounão, usaram e abusaram do poder militar. E chegoua vez de alguém, que não pertencia a "eles", que entãoMário Andreazza e Jarbas Passarinho não eram "quatroestrelas", ou era hora dos civis, como se civis nãofossem. Eram dois coronéis, e somente não diriam queo Brasil os conhecia muito mais por serem homens pú­blicos de escol, cidadãos, homens de virtude na famíliae na vida pública. Mas como na fábula do "lobo eo cordeiro", as virtudes foram apontadas como se defei­tos fossem.

A Andreazza a Hist6ria não dará novas oportuni­dades, porque ele consumiu todas as que tivera. Porém,tenho esperança de que o Brasilpossa redimir em tempoo que não deu a Andreazza, dando a Passarinho (pal­mas) a Presidência da República, para dar seqüência.a uma obra inacabada. que não pode ser interropida,

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

e fazer desta Nação efetivamente uma grande demo­cracia. Por que não? Creio que sim.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Senadores, auto­ridades presentes e familiares de Mário Andreazza, queminhas últimas palavras neste momento sejam de fée esperança no nosso Brasil, porque Andreazza eraum homem de fé e de esperança. E a melhor maneirade relembrarmos sua obra, os serviços que-prestou aoPaís é colhendo os frutos do que ele plantou. E, seele semeou e plantou entusiasmo, vigor, trabalho, espe­rança, fé, confiança, por todo o Brasil, vamos colherda planta da fé, da confiança e da esperança os frutospara saciar a expectativa de fome pela democracia quehoje sentimos em todo o País e em todos os brasileiros.

Ouço, com prazer, o aparte do nobre Deputado Si­mãoSessim.

O Sr. Simão Sessim - Meu caro Deputado VictorFaccioni. nosso aparte vem muito mais para tentar evi­tar que nesta manhã possamos cometer a injustiça denão ferir o Regimento - era o que mais se deveriafazer-porque se encontra conosco, participando destahomenagem, o Senador Jarbas Passarinho. Ele, ao serinserido no seu discurso, comparado na homenagemà memória do Ministro Mário Andreazza, gostaria deaqui estar nesta tribuna aplaudindo e dizendo quantode emoção sente pela homenagem prestada, mas tam­bém por ter sido citado. Se o Regimento não o permite,eu faço em seu nome, por sua solicitação. Em seu nome,inclusive presto a homenagem devida à faUll1ia de MárioAndreazza

O SR. VICTOR FACCIONI - Agradeço a V. Ex',nobre Deputado Simão Sessim, e ao Senador JarbasPassarinho, que o fez intérprete nessa manifestação.

A mim sequer ocorreu a idéia de que estávamos emuma sessão da Cãmara dos Deputados; por um momen­to, tive a impressão de estarmos ou em uma sessãodo Congresso Nacional ou em uma sessão da Assem­bléia Nacional Constituinte.

Talvez devêssemos ter tido a presença de Mário An­dreazza na Assembléia Nacional Constituinte. Certafeita disse-lhe: "Ministro, os desígnios de Deus às vezessão um pouco diferentes dos desígnios dos homens.Dizem que o homem propõe, mas Deus é que dispõe.Quem sabe V. Ex' não tenha chegado à Presidêncianessa hora talvez para contribuir, com sua experiênciae com sua vivência, para uma outra obra política quenão na Chefia do Poder Executivo? Concorra entãoao Legislativo. Participe da Assembléia Nacional Cons­tituinte. Sua voz terá muito peso e muitos lá a acatarão,bem como as suas propostas. Sua experiência, vivência,relacionamento nacional serão valiosos também naConstituinte. "

Fico, então, com esta sensação, tal a multiplicidadede representantes, Deputados e Senadores, de Estadose de partidos diferentes aqui presentes, de que estamosem uma sessão da Assembléia Nacional Constituinte.Mas sessão da Constituinte teremos logo mais. Oxaláos Srs. Constituintes gravem bem a mensagem de união,de solidariedade e de entendimento, pois só com enten­dimento conseguiremos construir a obra cbnstitucionalde aperfeiçoamento e consolidação da democracia nonosso País. Este eu sei e todos n6s o sabemos, erao pensamento e o desejo de Mário Andreazza. Daípor que aqui fica a nossa homenagem. (Muito bem!Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Concedoa palavra ao Sr. Elias Murad, pelo PTB.

O SR. ELIAS MURAD (PTB - MG. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Srs.Senadores presentes trago minha homenagem especialà família do Ministro Mário Andreazza, cuja memóriacultuamos neste momento.

Acredito que minha indicação para falar em nomedo meu partido, o PTB, deve-se também ao fato deter conhecido Mário Andreazza por intermédio de umamigo comum, o Ministro Eliseu Rezende. Aliás, adupla Mário Andreazza e Eliseu Rezende tornou-seconhecida no Brasil inteiro e até mesmo em outrospaíses em virtude da revolução que realizou no sistemarodoviário do nosso País. Dois grandes amigos, grandesempreendedores, extraordinários ministros.

Quinta-feira 11 2765'

Sr. Presidente, Srs. Deputados, há homens públicosque, pelo extraordinário amor ao trabalho e preocu­pação com o bem comum, imprimem marcas profundasdurante sua passagem pelo mundo.

Mário David Andreazza representa essa estirpe infe­lizmente cada vez mais rara em nossos dias, cuja condu­ta como cidadão, homem público e chefe de famíliaconstitui-se em exemplo para as gerações vindouras

Em meu nome e no do Partido Trabalhista Brasileiro,cuja bancada tenho a honra de representar, rendo justahomenagem à memória do trabalhador incansável quefoi Andreazza, pela vida pautada na rígida disciplinaa que se impôs e da qual nunca se afastou duranteos anos em que esteve à frente dos Ministérios dosTransportes e do Interior.

Mantinha ele sempre a atenção voltada para os legíti­mos interesses coletivos, colocados acima de benefíciospessoais ou de grupos, na busca incansável dos objetivossuperiores que perseguia.

Aquele velho sangue gaúcho indicou a seus contem­poràneos e, agora, aos que vão suceder-lhe os verda­deiros rumos por onde deve caminhar a administraçãopública brasileira, sempre norteado por três qualidadesque Andreazza cultivou com afinco ao longo de suacarreira: a lealdade, a disposição para o trabalho e acoragem física, conforme depoimento de seus colabora­dores mais íntimos.

À frente do Ministério dos Transportes, Andreazzajamais faltou um único dia ao trabalho. Sempre foio primeiro a chegar a seu gabinete e o último a sair.

Punha o mesmo amor e obstinação em todas as obrasque empreendia - algumas das quais geram polêmicasainda hoje - com os olhos voltados para o desenvol­vimento econômico e social da Nação, tal como o grandemineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira

Durante a construção da ponte Rio - Niterói, mu­dou-se para o fundão, de onde acompanhou de pertoas obras daquele gigantesco empreendimento, sonhocentenário da população do Rio de Janeiro e de Niterói,orgulho da engenharia brasileira e até mesmo - porque não dizê-lo? - da engenharia mundial. Emborapolêmica à época, a ponte, sem dúvida, é um dos maio­res empreendimentos já realizados neste País.

Ali, -levantando-se diariamente às quatro e meia damadrugada, Andreazza misturava-se aos trabalhadoresmais humildes, num exemplo ímpar de incansável ope­rosidade.

Mesmo trabalhando em campos diferentes, forçosoreconhecer que perdemos, na pessoa de Mário DavidAndreazza, brilhante homem público, cujos relevantesserviços prestados à Nação perpetuam-se incontáveisobras plantadas em todo o território nacional.

Estás as palavras e o pensamento do Partido Traba­lhista Brasileiro.

Mário Andreazza morreu; porém, suas obras ficaram.(Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - D. LianaAndreazza; filhos Mário Andreazza e Rubens Andreaz­za; Srs. Ministros Prisco Viana, José Reynaldo Tavares,João Alves; Dr. Galerano, representante do MinistroAntônio Carlos Magalhães; Dr. Nísio Tostes, represen­tante do Ministro Paulo Brossard; Dr. Santos Filho,Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal; Srs. De­putados e Senadores aqui presentes, pediu-me o Presi­dente Ulysses Guimarães - que por motivo imperiosonão pôde estar presente -'que presidisse esta soleni­dade. Todos sabem do empenho e da dedicação doilustre Presidente Ulysses Guimarães para com a As­sembléia Nacional Constituinte. Tendo surgido algunsproblemas, S. Ex' está agora reunido com as Liderançaspartidárias no Congresso Nacional, mas nem por issoquis .deixar passar a oportunidade de dizer à Sr' Lianae a seus filhos que -se solidariza com todos aqueles queneste instante, de maneira tão carinhosa e tão justa,lembram a figura extraordinária do brasileiro MáriqDavid Andreazza.

Srs. Deputados e Srs. Senadores Constituintes as pai­xões políticas procuram muitas vezes toldar a imagemdo homem público. Mas, ao desaparecer este, começaa ser visto através de outro prisma. E a verdade aflorae se impõe permanentemente, quando o perfil e a obrapassam a ser julgados com lucidez e serenidade.

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2766 Quinta-feira 11

A sabedoria antiga ensina que o tempo só respeitao que a ele resiste. Só passam à História aqueles cujosfeitos e virtudes sobrevivem à pessoa humana.

Mário Andreazza insere-se na categoria dos brasi­leiros que não deixaram somente obras para serem con­templadas ou utilizadas pela posteridade. Deixa ele,antes de tudo, o exemplo de dedicação a um ideal quesempre sustentou ao longo de uma vida inteiramenteconsagrada à Pátria.

Homem simples, com quem convivi, de hábitos mo­destos, voltado ao trabalho, sem reivindicar louros, nemproclamar vitórias. pouco falava de si mesmo, mas deixapara reflexão às futuras gerações o seguinte depoimen­to:

"A herança que recebi, e que jamais acabará,é a herança do amor. Essa é a maior força queexiste no mundo - amor ao próximo, o amor aotrabalho, o amor à vida."

Esse amor permeia suas ações e reflete-se na preocu­pação constante pelo bem comum e pelo progresso doPaís.

Com a mesma disposição e coragem com que cons­truiu obras de repercussão nacional e internacional ­como a ponte Rio-Niterói, a Transamaz6nica e tantasoutras - edificou habitações populares, sistemas desaneamento básico para beneficiar as populações maiscarentes. Enfrentou, com igual denodo e determinação,os cinco anos seguidos de seca do Nordeste, empre­gando os pr6rios flagelados na construção de centenasde pequenos e grandes açudes e projetos de irrigação.

Procurou estar sempre pr6ximo dos problemas paraalcançar soluções mais adequadas. "O homem públiconão deve perder jamais o contato com o povo. Se nosisolarmos nossa função não terá mais sentido" - dissecerta vez.

Nesta singela confissão revela a origem de seu acen­drado amor ao País:

"A noção de pátria ocupa um lugar tão destacadona formação militar, que acaba nos levando a ima­ginar e a estudar soluções nacionais para os proble­mas nacionais. Não que se cultive uma xenofobiaidiota. Mas se procura sempre oferecer um trata­mento preferencial para uma solução nacional,mesmo tendo de aproveitar as lições das experiên­cias alheias. "

Vencido por insidiosa doença, s6 mesmo "a morteque aos fortes abate" poderia derrubar um homem dacepa de Mário Andreazza, que resumia desta formasua filosofia de vida:

"O ser humano é mais forte do que tudo. Maisforte do que a calúnia e o mal. Quando a gente

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

tem realmente vontade de vencer, até as dificul­dades ajudam."

Assim foi Mário Andrcazza, a cuja memória a Presi­dência da Cãmara dos Deputados, em inteira conso­nância com os oradores que aqui se fizeram ouvir, rendejusta homenagem. (Palmas.)

VIII - ENCERRAMENTO

o SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Nada maishavendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

Acre

Alércio Dias - PFL.

Amazonas

José Fernandes - PDT.

Maranhão

Davi Alves Silva - PDS;Edivaldo Holanda - PL;Victor Trovão - PFL.

Ceará

Carlos Vigília - PDS;César Cals Neto -PSD.

Rio Grande do Norte

Jessé Freire - PFL;Vingt Rosado - PMDR

Paraíba

Lúcia Braga - PFL.

Pernambuco

Cristina Tavares - PSDB;Paulo Marques - PFL.

Alagoas

José Thomaz Nonô - PFL.

Rio de Janeiro

Luiz Salomão - PDT.

Minas Gerais

Aloisio Vasconcelos - PMDB;Mário Bouchardet-PMDB;Milton Lima - PMDB.

São Paulo

Felipe Cheidde - PMDB;Nelson Seixas - PDT.

Agosto de 1988

Goiás

José Freire - PMDB.

Mato Grosso do Sul

Saulo Queiroz - PSDB.

Paraná

Mattos Leão - PMDB;Santinho Furtado - PMDB.

Rio Grande do Sul

Irajá Rodrigues - PMDB;Ruy Nedel- PMDB.

Amapá

Raquel Capiberibe - PSB.

oSR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Está encer­rada a Sessão:

Encerra-se a Sessão às 12 horas e 34 minutos.

ATOS DA MESA

A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atri­buições que lhe conferem o artigo 14, inciso V, doRegimento Interno e O artigo 10Z da Resolução n' 67,de 9 de maio de 1962, resolve conceder exoneração,de acordo com o artigo 137, item I, § 1', item I, dacitada Resolução, a Cláudio Ribeiro Gomes de Almei­da, do cargo de Secretário Particular, CD-DAS-10Z.1,do Quadro Permanente da Câmara dos Deputados, queexerce no Gabinete dos Suplentes dos Secretários.

Câmara dos Deputados, 10 de agosto de 1988. ­mysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Depu­tados.

A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atri­buições que lhe confere o artigo 14, inciso V, do Regi­mento Interno, combinado com o artigo 10Z 'da Reso­lução n' 67, de 9 de maio de 1962, resolve nomear,na forma do artigo 103, alínea b, da Resolução n' 67,de 9 de maio de 1962, Carla Ripeiro Gomes de AlmeidaPessanha, para exercer, no Gabinete dos Suplentes dosSecretários, o cargo de. Secretário Particular, CD­DAS-102.1, do Quadro Permanente da Câmara dosDeputados, transformado pelo artigo 3' do Ato da Mesan' 15, de 26 de maio de 1987.

Câmara dos Deputados, 10 de agosto de 1988. ­mysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Depu­tados.

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MESA MAIORIA LIDERANÇASPT

PMDB e PFLLíder:

Líder: Vice-Líderes:Luiz Inácio Lüla da Silva

Presidente: Carlos Sant'AnnaVice-Líderes:

Ulysses Guimarães - PMDB Inocêncio Oliveira Plínio Arruda SampaioPMDB Ricardo IzarLíder: Erico Pegoraro

José Genoíno19- Vice-Presidente: Ibsen Pinheiro PDC

Jesus TajraHomero Santos - PFL Vice-Líderes: José Teixeira

Líder:

João Herrmann Neto Iberê Ferreira Siqueira Campos

2"-Vice-Presidente: Miro Teixeira Dionísio Hage Vice-Líderes:

Paulo Mincarone - PMDB Ubiratan Aguiar Stélio DiasJairo Carneiro

Walmor de Luca Luís Eduardo José Maria Eymael

19-5ecretário: Gabriel Guerreiro Ronaro Corrêa Roberto Balestra

Paes de Andrade - PMDB Genebaldo Correia Rita Furtado PSB

Maun1io Ferreira Lima PSDBLíder:

29-Secretário:João Natal Líder~

José Carlos SabóiaPL

Albérico Cordeiro - PFLMárcia Kubitschek Pimenta da VeigaDenisar Arneiro Líder:

Dáltqn Canabrava PDS Adolfo Oliveira

3'-Secretário: Maguito Vilela Líder: Vice-Líder:

Heráclito Fortes - PMDB Ronaldo Carvalho Amaral Netto Afif Domingos

Raimundo Bezerra Vice-Líderes: PCdoB,~

4°-Secretário: Maurício Pádua ' ,Bonifácio de Andrada Líder:

Cunha Bueno - PDSCid Carvalho Aécio de Borba Aldo Arantes

Rospide Neto PTB Vice-Líder:

José Ulisses de Oliveira Líder: Eduardo Bonfim

Manoel Moreira Gastone Righi PCBJorge Uequed Vice-Líderes: '-, Líder:

José Tavares Joaquim Bevilacqua 'Roberto FreireSuplentes Sérgio Spada Sólon Borges dos Reis Vice-Líderes:

Fernando Gasparian Elias Murad Fernando SantanaJosé Carlos Vasconcellos Roberto Jefferson Augusto ,Carvalho

Daso Coimbra - PMDB Ruy Nedel PDT PTRFernando Velasco Líder: Líder:

Mendes Botelho - PTBRenato Vianna Brandão Monteiro Messias Soares

Vice-Líderes: PMB

Amaury MüllerLíder:

Irma Passoni - PT PFL Vivaldo BarbosaArnaldo Faria de Sá

PSDLíder: Adhemar de Barros Filho Líder:

Osvaldo Almeida - PL José Lourenço José Fernandes César Cals Neto

DEPARTAMENTO DE Titulares Suplentes

COMISSÕES PFL

Diretor: Carlos Brasil Araujo João Alves Enoc Vieira Denisar Arneiro Júlio Costamilan

Local: Anexo II - telefone ramal 7053 Jofran Frejat Furtado Leite Firmo de Castro Lézio Sathler

Coordenação de Comissões Permanentes Benito Gama Simão Sessim Francisco Sales Maria Lúcia

Diretora: Silvia Barroso Martins Mussa DemesIvo Cersósimo Paulo Silva

Local: Anexo II - Telefone: 224-5719, ramal 6890Joaquim Haickel Percival Muniz

PDS

COMISSÃO PERMANENTE Jorge Arbage

Comissão de Fiscalização e Controle José Luiz Maia PFL

Presi~ente: Fernando Gasparian - PMDBPDT Alércio Dias Dionísio Dal Prá

19-Vice-Presidente: Benito Gama - PFL José Fernandes Arolde de Oliveira Fausto Rocha

2°-Vice-Presidente: Jorge Arbage - PDSPTB Arnaldo Prieto Lael Varela

Ottomar de Souza Pinto Cláudio ÁvilaPT

Titulares Irma PossoniPMDB PL PDS

Domingos Juvenil José Serra Adolfo Oliveira Francisco Diógenes

Edivaldo Motta Joaci Góes Mello Reis

Fernando Gasparian Miro Teixeira PDT

Genebaldo Correia Nilso Sguarezi Suplentes Moema São Thiago

Ismael Wanderley Nion Albernaz PMDB PTIrajá Rodrigues Osmundo Rebouças Aécio Cunha Luiz Gushiken

Ivo Vanderlinde Roberto Brant Aluízio Campos José Costa PDCJosé Carlq~ Vasconcellos B'1sCO França José Dutra Siqueira Campos

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DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL

PREÇO DE ASSINATURA

(Inclusas as despesas de correio via terrestre)

SEÇÃO I (Câmara dos Deputados)

Semestral.................................. Cz$ 2.600,00Exemplar awlso Cz$ 16,00

seçÃo 11 (Senado Federal)

Semestral.................................. Cz$ 2.600,00Exemplar avulso Cz$ 16,00

Os pedidos devem ser acompanhados de cheque pagávelem Brasília, Nota de Empenho ou Ordem de Pagamento pela

Caixa Econômica Federal - Agência - PS-CEGRAF, conta cor­

rente nl? 920001-2, a favor do

CENTRO GRÁFICO DO SENADO FEDERAL

Praça dos Três Poderes - Caixa Postal 1.203 - Brasília - DFCEP: 70160.

Maiores informações pelos telefones (061) 211-4128 e 224-5615,na Supervisão de Assinaturas e Distribuição de Publicações - Coordenaçãode Antendimento ao Usuário.

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LEIS ORGÂNICAS DOS MUNiCípIOS

2~ edição - 1987

Textos atualizados e consolidados das Leis Orgânicasdos Municípios de todos os Estados da Federação brasileira..

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Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nomi­nal à Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal oude vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

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SENADO FEDERALSUBSECRETARIA DE EDIÇÕES TÉCNICAS

PUBLICAÇÕES PARA A CONSTITUINTE- Constituição da República Federativa do Brasil- 1O~ edição, 1986 - formato bolso. Texto constitu­

cional vigente consolidado (Constituição de 1967, com redação dada pela Emenda Constitucionaln\> 1, de 1969, e as alterações feitas pelas Emendas Constitucionais números 2, de 1972, a 27, de1985) - Notas explicativas das alterações com as redações anteriores -'minucioso índice temático.(Preço: Cz$ 50,00)

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- Constituições do Brasil (2 volumes - ed. 1986). 19 volume: textos das Constituições de 1824, 1891,1934, 1937, 1946 e 1967 e suas alterações. Texto constitucional vigente consolidado. 29 volume: índicetemático comparativo de todas as Constituições. (Preço: Cz$ 300,00)

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Cz$ 200,00)- ~egimentos das Assembléias Constituintes do Brasil (Obra de autoria da Subsecretaria de Arquivo

do Senado Federal- edição: 1986) - Antecedentes históricos. Regimentos das Assembléias Consti­tuintes de 1823, de 1890-91, de 1933-34 e de 1946. Textos comentados pelos Constituintes. Normasregimentais disciplinadoras do Projeto de Constituição que deu origem à Constituição de 1967. Índicestemáticos dos Regimentos e.dos pronunciamentos~ndicesonomásficos. (Preço: Cz$ 150,00)

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- Anteprojeto Constitucional- Quadro comparativo: Anteprojeto da Comissão Provisória de EstudosConstitucionais - Texto constitucional vigente. Notas. Índice temático da Constituição vigente (edição1986). (Preço: Cz$ 100,00)

- Leis Orgânicas dos Municípios --2~ edição -' 1987. Textos attlalizados e consolidados. Índice temáticocomparativo. 3 volumes. (Preço: Cz$ 300,00)

- Revista de Informação Legislativa (Preço do exemplar: Cz$ 150,00) (assinatura para 1988: Cz$ 600,00)- Constituição do Brasil e Constituições Estrangeiras (com índice .temático comparativo) - 3 volumes

- ed. }987 - Textos integrais e ,comparação das Constituições de 21. países (Preço da' coleção:Cz$ 1.000,00

- Constituições Estrangeiras - série (com índice temático comparativo) (edição, 1987/88)Volume 1-Alemanha (Repúblíca Democrática); Bulgária; Hungria; Polôiüa; Romênia; .Tchecoslováquia , .Volume 2 - República da Costa Rica e República da Nicarágua .Volume3-Angola; CabdVerde; Moçambique; São Tomé e Príncipe ; .Volume 4 - Dinamarca, Finlândia, Nomega e Suécia .

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Atende-se. também. pelo sistema de reembolso postal.

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REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 96

(outubro a dezembro de 1987)

Está circulando o n9 96 da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral depesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 352 páginas. contém as seguintes matérias:

Os dilemas institucionais no Brasil - Ronaldo PolettiA ordem estatal e legalista. A política como Estado e o

direito como lei - Nelson SaldanhaCompromisso Constituinte.- Carlos Roberto PellegrinoMas qual Constituição? - Torquato JardimHermenêutica constitucional - Celso BastosConsiderações sobre os rumos do federalismo nos Esta-

dos Unidos e no Brasil - Fernanda Dias Menezesde Almeida

Rui Barbosa, Constituinte - Rubem NogueiraRelaciones y convenios de las Provincias con sus Munici­

pios, con el Estado Federal y con Estados extranjeros- Jesús Luis Abad Hernando

Constituição sintética ou analítica? - Fernando HerrenFernandes Aguillar

Constituição americana: moderna aos 200 anos - Ricar­do Arnaldo Malheiros Fiuza

A Constituição dos Estados Unidos - Kenneth L. Pe­negar

A evolução constitucional portuguesa e suas relações coma brasileira - Fernando Whitaker da Cunha

Uma análise sistêmica do conceito de ordem econômicae social - Diogo de Figueiredo Moreira Neto eNey Prado

A intervenção do Estado na economia - seu processoe ocorrência históricos - A. B. Cotrim Neto

O processo de apuràção do abuso do poder econômicona atual legislação do CADE -José Inácio GonzagaFranceschini

Unidade e dualidade da magistratura - Raul MachadoHorta

Judiciário e minorias- Geraldo Ataliba

Dívida externa do Brasil e a argüição de sua inconstitucio­nalidade - Nailê Russomano

O Ministério Público e a Advocacia de Estado - PintoFerreira

Responsabilidade civil do Estado - Carlos Mário da SilvaVelloso

.Esquemas privatísticos no direito administrativo -J. Cre­tella Júnior

A sindi'cância administrativa e a punição disciplinar - Ed­mir Netto de Araújo

A vinculação constitucional. a recorribilidade e a acumu­lação de empregos no Direito do Trabalho - PauloEmflio Ribeiro de Vilhena

Os aspectos jurídicos da inseminação artificial e adisciplinajurídica dos bancos de esperma - Senador NelsonCarneiro

Casamento e família na futura Constituição brasileira: acontribuição alemã - João Baptista Villela

A evolução social da mulher - Joaquim Lustosa So­brinho

Os seres monstruosos em face do direito romano e docivil moderno - Sflvio Meira

Os direitos intelectuais na Constituição - Carlos AlbertoBittar

O direito autoral do ilustrador na literatura infantil- Hilde­brando Pontes Neto

Reflexões sobre os rumos da reforma agrária no Brasil- Luiz Edson Fachin

À venda na Subsecretariade Edições TécnicasSenado Federal.Anexo I, 229 anda"rPraça dos Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DFTelefones: 211-3578 e

211-3579

PREÇO DO

EXEMPLAR:

Cz$ 15{),OO

Assinaturapara 1988

(n 9S 97 a 100):Cz$ 600,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à SUbsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

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CONSTITUiÇÃO DO BRASIL ECONSTITUiÇÕES ESTRANGEIRAS

A Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal está lançando a obra Constituição

do.Brasil e Constituições Estrangeiras.

A publicação, em 3 volumes, apresenta os textos integrais e um fndice temático comparativo

das Constituições de 21 paises.

Volume 1

BRASIL - ALEMANHA, República Federal da - ARGENTINA

CHILE - CHINA, República Popular da

CUBA - ESPANHA - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

FRANÇA - GRÃ-BRETANHA - GUINÉ-BISSAU

Volume 2

ITÁLIA - JAPÃO - MÉXICO

PARAGUAI - PERU - PORTUGAL - SUrÇA

URSS - URUGUAI - VENEZUELA

Volume 3

rNDICE TEMÁTICO COMPARATIVO

Preço = Cz$ 1.000,00

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas (Telefone: (061) 211-3578) Sena<lo Federal Anexo I 22. Andar- Praça dos Tré"s Poderes, CEP 70160 - Brasflia, DF. ' ,

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicas do SenadoFederal ou de vale postal, remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

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CONSTITUiÇÕES ESTRANGEIRAS

A Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal está publi­cando a série Constituições Estrangeiras, com índice temático compa­rativo.

Volume ~ - República Democrática da Alemanha, Bulgária, Hun-gria, Polônia, Romênia e Tchecoslováquia............... Cz$ ~OO,OO

Volume 2 - República da Costa Rica e República da Nicará-gua............................................................................................... Cz$ 200,00

Volume 3 - Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé ePrincípe........................................................................................ Cz$ 300,00

Volume 4 - Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Cz$ 300,00Volume 5 - Áustria e Iugoslávia..................................... Cz$ 500,00

Encomendas pelo reembolso postal ou mediante cheque visadoou vale postal a favor da Subsecretaria de Edições Técnicas do SenadoFederal (Brasília - DF - CEP 70160) .

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1 EDIÇÃO DE HOJE: 32 PÁGINAS-----

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