102
ANALISE DA VIBRAÇÃO DE NAVIOS APLICANDO MODELAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS EM DUAS DIMENSÕES LUIZ OCTÁVIO PALETTA PICORELLI TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE P& - GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA OBTENÇAO DO GRAU DE MESTRE EM CIENCIAS (M.Sc.) EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Aprovada por : Piof. Tiago Alberto Piedras Lopes, M. Sc. ( Presidente ) / 'pra5~c&~do Ornar Tyoco Miano,# RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL ABRIL DE 1991

REQUISITOS NECESSARIOS MESTRE EM - ledav.oceanica.ufrj.brledav.oceanica.ufrj.br/storage/teses/analise-da-vibracao-de-navios... · Análise da vibração de navios aplicando ... a

  • Upload
    dokhanh

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ANALISE DA VIBRAÇÃO DE NAVIOS APLICANDO MODELAÇÃO

POR ELEMENTOS FINITOS EM DUAS DIMENSÕES

LUIZ OCTÁVIO PALETTA PICORELLI

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE P& - GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSARIOS PARA OBTENÇAO DO GRAU DE

MESTRE EM CIENCIAS (M.Sc.) EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Aprovada por :

Piof. Tiago Alberto Piedras Lopes, M. Sc.

( Presidente )

/ ' p r a 5 ~ c & ~ d o Ornar Tyoco Miano,#

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

ABRIL DE 1991

Análise da vibração de navios aplicando modelação por elementos

finitos em duas dimensões [ Rio de Janeiro ] 1991

vii, 94 p. 29.7 cm ( COPPE / UFRJ, M.Sc. , Engenharia

Oceânica, 1991 )

Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE.

1. Análise Estrutural I. COPPE / UFRJ 11. Título ( Série ).

iii

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Tiago, por sua orientação e exemplo de

trabalho e dedicação.

Ao Prof. Severino, pela co-orientação, amizade e pelas horas cle

apoio e companhia no laboratório.

Aos meus pais, Eli e Veia Líicia, pelo carinho e incentivo com os

quais sempre pude contar.

A Veroline Estaleiros Reunidos do Brasil S.A., pela liberação para

assistir hs aulas c10 curso cle mestraclo e pelo incentivo para perseguir sempre o

aprimoramento profissional.

A Coordenadoria para Projetos Especiais, Ministério da Marinha,

pela liberação para desenvolver o trabalho inicial desta Tese.

Ao Instituto cle Pesquisas da Marinha, pela colaboração para a

elaboração da parte final deste trabalho de mestrado.

Aos meus amigos e coinpanheiros de trabalho, pelo incentivo e

apoio para desenvolver esta Tese.

Aos Funcionários do Laboratório de Estruturas Navais da UFRJ,

pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.

Resumo da Tese apresentada à COPPE / UFRJ corno parte dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANALISE DA VIBRAÇÃO DE NAVIOS APL1CANI)O MODELAÇÁO

POR ELEMENTOS FINITOS EM DUAS DIMENSÕES

LUIZ OCTAVIO PALETTA PICORELLI

Abril, 1991

Orientador : Prof. Tiago Alberto Piedras Lopes (M.Sc.)

Programa : Engenharia Oceânica

Neste trabalho é apresent ado um procedimento para modelar

navios por elementos finitos em duas dimensões, a ser aplicado nas primeiras

fases do projeto e que, representando adequadamente a vibração do navio nas

frequências de interesse, possibilita o cálculo das frequências naturais, dos

modos de vibração e da resposta às excitações com um grau razoável de

precisão e com o mínimo esforço coinputacional e de modelação possíveis. O

modelo obtido permite verificar se o nível de vibrações é excessivo e, servinclo

para simulação a baixo custo, torna viável o estudo de soluções e de

alternativas para o projeto proposto.

Um navio transportador de produtos claros foi utilizado para

testar o procedimento de moclelação. Será apresentada uma comparação entre

os resultados obtidos c0111 o modelo e os obtidos com um modelo do mesmo

navio em três dimensões.

Abstract of Thesis presented to COPPE / UFRJ as partia1 fulfillrnent of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

SHIP'S VIBRATION ANALYSIS BY APPLICATION OF TWO

DIMENSIONAL FINITE ELEMENT MODELLING

LUIZ OCTAVIO PALETTA PICORELLI

April, 1991

Thesis Supeivisor : Piof. Tiago Alberto Piedias Lopes (M.Sc.)

Departinent : Ocean Engineeiing

Tliis Thesis desciibes a procedui-e to inodel ships in two

dimensions, using the Finite Element Method, to be applied at the initial

stage of design piocess. Repiesenting the ship's vibratioa oa the significaiit

fiequency range, it maltes possible the calculation of natural fiequencies,

modes of vibration and structuie response with minimum modelization effoit

and computei time. The obtained model permits to veiify if the vibration

leve1 is excessive and, applied to peifoiin low cost simulations, maltes possible

the study of solutions and alternatives to ship design.

A product cairier ship was used to test the procedure. A

comparison between the results obtained with the two-diinensional model aacl

the results obtained with a thiee-dimensional model of tlie same ship is

presented.

CAPÍTULO I : REVISÃO DA LITERATURA

CAPÍTULO I1 : ANALISE DE SISTEMAS EM VIBRAÇÃO

11.1 - ANÁLISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS

11.2 - ANALISE DA VIBRAÇÃO LIVRE

11.3 - ANALISE DA VIBRAÇÃO FORÇADA

CAP~TULO 111: PROCEDIMENTO DE MODELAÇAO

111.1 - CONSIDERAÇ~ES GERAIS

111.2 - IDEALIZAÇÃO E DIVISÃO DA ESTRUTURA

111.3 - ESCOLHA DOS ELEMENTOS FINITOS

111.4 - MODELAÇÃO DA ESTRUTURA

111.5 - RIGIDEZ DO MODELO

CAPÍTULO IV : DETERMINAÇAO DA MASSA

IV.1- MASSA DO NAVIO

IV.2 - MASSA ADICIONAL

rV.3 - PROGRAMAS DE COMPUTADOR

IV.3.1 - Introdução

IV.3.2 - Programa PPlMASSA

IV.3.3 - Programa PP2ELEMA

vii

V.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS

V.2 - MODELO EM 2D

V.2.1 - Estrutura

V.2.2 - Massa

V.3 - TESTES

CAP~TULO VI : RESULTADOS

V1.1- COMPARAÇÁO ENTRE MODELAÇÁO 2D E 3D

VI. 1.1 - Frequências Naturais

VI.1.2 - Frequência Natural da Superestrutura

VI.1.3 - Resposta da Estrutura

VI.2 - COMPARAÇÃO CONSIDERANDO MASSAS

ADICIONAIS DIFERENTES

V1.3 - AvALIAÇÃO DOS TEMPOS POR ATIVIDADE

VI.3.1 - Tempos Gastos na Modelação e Análise

VI.3.2 - Tempo de Processamento

v11.1- CONCLUS~ES

VlI.2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vibração é um fenômeno que está presente em todos os navios,

ocorrendo em diferentes modos e afetando diversas regiões da sua estrutura.

Forças de excitação de vários tipos estão atuando continuamente e o navio,

sendo um corpo elástico, responde a elas vibrando com intensidades de maior

ou menor grau de severidade.

As principais fontes de vibração a bordo são as forças e momentos

de desbalanceamento e de combustão provocados pelo motor principal e as

pressões induzidas pelo propulsor no casco.

Níveis altos de vibração a bordo de navios podem causar ruídos,

afetar a durabilidade e a integridade das várias estruturas de aço do casco e

causar desgaste excessivo e problemas mecânicos, estruturais ou de

funcionamento em máquinas e equipamentos essenciais. Além disto, tainbéin

trazem incômoclos à tripulação devido à redução do conforto, influindo no seu

desempenho e provocando perda de concentração e fadiga.

Por estas razões, o controle de vibrações está atraindo atualmente

uma atenção crescente, sendo uma consideração importante no projeto do

navio. Um grande níiinero de requisitos e recomendações relativas a vibrações

está sendo publicado por organismos e autoridades marítimas nacionais e

internacionais e é usual que os armadores estipulem, como objetivos de projeto

nas especificações de construção, os níveis ináximos de vibração que seus

navios devem atender.

A vibração em navios pode ser classificada em dois tipos. O

primeiro é a vibração local em estruturas como conveses e anteparas, que pode

ser reduzida a níveis aceitáveis através de simples modificações na rigidez do

painel, evitando ressonância. O segundo tipo, e mais importante, é a vibração

global do casco, que atinge o navio como um todo, fazendo com que o casco se

comporte dinarnicament e como sub-estruturas acopladas. Suas características

influenciam também os comportamentos dinâmicos de estruturas maiores

como, por exemplo, a superestrutura e o fundo duplo. Geralmente é difícil e

caro diminuir o nível de vibração global do casco depois de iniciada a

construção do navio.

As formas da vibração global do casco podem ser:

- vibração nos planos vertical ou horizontal;

- vibração torcional;

- vibração longitudinal;

- uma combinação das anteriores.

Problemas de vibração em navios convencionais, como petroleiros

e graneleiros, movidos a motores de combustão interna de baixa rotação,

estão, geralmente, associados à vibração vertical. Este é o tipo mais

importante e, portanto, deve ser o problema a ser atacado.

O comportamento dinâmico do navio depende do valor e da

distribuição da rigidez da estrutura, do valor e da distribuição da massa

(própria, carregamento e adicionada) a bordo, da quantidade de

amorteciinento na estrutura e da intensidade e frequência das forças de

excitação.

O combate a vibrações consiste em criar uma situação de baixa

excitação e evit ar condições de vibração em ressonância. Baixa excitação

pode ser conseguida de diversas formas como, por exemplo, escolher

adequadadamente motores com baixas forças e momentos de

desbalanceamento, aplicar compensadores e balanceadores e usar tipos

otimizados de propulsor. Para evitar condições de vibração em ressonância é

necessário controlar as frequências naturais do casco. Para este fim, os íinicos

parâmetros que podem ser alterados são:

- a distribuição da rigidez da estrutura do casco;

- a condição de carregamento, o que quase sempre não se

enquaclra nos objetivos do armador para o navio em

questão.

A aplicação destes conceitos em problemas de vibração em navios

construídos resultam, frequentemente, em soluções de compromisso que

tomam muito tempo e são extremamente caras.

Por todos os fatos apresentados é muito importaiite que o

comportamento dinâmico da estrutura do navio seja determinado na fase de

projeto, quando ainda existe flexibilidade nas outras restrições de projeto e até

mesmo grandes modificações poclem ser realizadas sem provocar grandes

alterações nos custos envolvidos.

Existem diversos métodos e ferramentas disponíveis para analisar

vibrações na fase de projeto. Um aspecto importante é o tempo limitado que

está disponível para se tomar decisões que afetem o projeto. O custo cla

análise também deve ficar sob controle, embora o custo de medidas de

correção após a construção do navio justifique urna soma siibstancial de

recursos a ser aplicada ao trabalho de rninimizar vibrações ainda nesta fase.

Atualmente, a análise de vibrações nesta fase é realizada utilizando-se

métodos semí+mpíricos desenvolvidos a partir de medições. Eles só podem

ser aplicados a um número pequeno de problemas de vibração e tipos de navio.

Seus resultados limitam-se aos três primeiros modos e sua precisão possibilita

apenas a indicação da necessidade ou não de estudos mais detalhados,

utilizando-se outros métodos.

Entre as ferramentas disponíveis, uma das mais potentes é o

Método dos Elementos Finitos. Nele, toda a estrutura do navio é subdividida

e representada por uma malha de pequenos elementos. Cada um desses

elementos é definido com massa e rigidez equivalentes às da região do navio

que esteja sendo representado. São também levadas em consideração a massa

dos equipamentos, da carga e dos cons~imíveis, e a massa adicional devida ao

fato de o navio estar vibrando iinerso em água.

O navio pode ser modelado por elementos finitos em uma

dimensão (lD), em duas diinensões (2D) ou em três diineiisões (3D). A

modelação em 3D é a única que pode representar completamente o

comportamento dinâmico do navio e de todas as suas sub-estruturas, mas a

modelação 2D, ou até mesmo a lD, pode levar em consideração a influência de

sub-sistemas como o fuildo d~iplo.

Quanto mais refinada a mallia, mais próximo do real fica o

modelo, mas maiores são também os custos da análise. Geralmente, o custo

da análise de vibração atinge valores altos. Embora o ciisto do tempo de

coinput ador seja usualmente muito importante, os homens-hor as gastos

durante a modelação, correção de erros e interpretação dos resultados podem

ter uma alta participação no ciisto final.

A vibração vertical do casco em navios convencionais está restrita

a um único plano devido à simetria do arranjo estrutural e à simetria das

forças de excitação que agem sobre ele. Neste caso existe a possibilidade de

diminuir o custo da análise modelando-se o navio em 2D. Outra vantagem

deste tipo de modelação é poder efetuar a análise numa fase mais inicial do

projeto, devido ao fato de que ela necessita um número menor de informações

se comparada com modelações mais detalhadas.

O objetivo deste trabalho é apresentar um procedimento para

modelar navios em duas dimensões (2D), a ser aplicado nas primeiras fases do

projeto e que, representando adequadamente a vibração do navio nas

frequências de interesse, possibilita o cálculo das frequências naturais, dos

modos de vibração e da resposta às excitações com um grau razoável de

precisão e com o mínimo esforço computacional e de modelação possíveis. O

modelo obtido permite verificar se o nível de vibrações é excessivo e, servindo

para simulação a baixo custo, torna viável o estudo de soluções e de

alternativas para o projeto proposto.

Um navio transportador de produtos claros foi utilizado para

testar o procedimento de modelação. Será apresentada uma comparação entre

os resultados obtidos com o modelo e os obtidos com um modelo do mesmo

navio em 3D.

O capítulo I apresenta urna revisão da literatura disponível,

consistindo dos principais estudos feitos até este momento a respeito de

modelação de navios por elementos finitos para cálculo de vibrações.

No capítulo I1 são apresentados os tipos de análises efetuaclas, as

equações e os métodos utilizados para solução.

No capítulo I11 é descrito o procedimento de modelação,

apresentando detalhadamente todos os passos para se obter um modelo, a

geometria, os critérios e aproximações utilizadas e as características e

propriedades dos elementos.

O capítulo IV apresenta o procedimento para modelação da massa

do navio, o método de cálculo da massa hidrodinâmica adicional e o seu

cálculo para cada um dos diferentes modos de vibração. São apresentados

também o programa de computador elaborado para calcular a massa adicional

tridimensional e para determinar a massa em cada nó e o pré-processador

elaborado para gerar os códigos cle entrada dos elementos de massa do modelo.

O capítulo V apresenta o navio escolhido pasa testas a modelação,

as características das condições de carregamento e dos modelos, o cálculo da

massa adicional e uma explicação sobre os testes que foram realizados.

No capítulo VI são apresentados os res~iltados obtidos com as

modelações em 2D e em 3D, a comparação entre eles, a comparação entre os

tempos de modelação através do tamanho dos arquivos de entrada e a

comparação entre os tempos de processamento. Os resultados obtidos com o

modelo 2D mantendo a massa adicional constante são comparados com os

resultados variando a massa adicional para cada modo de vibração.

No capítulo VI1 são apresentadas as conclusões e as considerações

finais do trabalho.

O programa de análise estrutural COSMOS/M, versão 1.52 A,

instalado em rnicro-computadores do tipo A T 286 e 386120 MHz foi utilizado

pasa efetuai- os cálculos.

REVISÃO DA LITERATURA

Atualmente existe uma vasta bibliografia englobando todos os

aspectos da vibração a bordo de navios. Sob o ponto de vista da previsão de

vibrações utilizando o Método dos Elementos Finitos na fase inicial do projeto

do navio, sempre haverá pressões no sentido de se restringir a análise a um

mínimo com respeito ao tempo e ao custo. Por esta razão, grande parte do

trabalho atualmente desenvolvido nesta área está voltado para a simplificação

dos métodos de modelação e dos procedimentos de análise.

HANSEN e SKAAR [ 1 1, apresentam um método cle análise para

previsão da resposta do casco e da superestrutura baseado no Método dos

Elementos Finitos. São feitos cálculos de frequência natural, modos de

vibração e resposta da estrutura à excitação forçada. Os resultados são

comparados com medições, indicando a aplicabilidade do método.

São apresentados diversos exemplos de modelação incluindo

modelos em lD, 2D, 3D e híbridos. O programa SESAM-69, desenvolvido

especialmente para aplicação em engenharia naval, foi utilizado para os

cálculos. Nele a vibração livre é calculada pelo método de Householder e a

vibração forçada pelo método da superposição modal. A técnica de

superelementos e a redução de graus de liberdade pelo inétodo de Guyan são

utilizados para modelos 3D grandes e complexos.

O amortecimento da estriitura é estimado como uma fração do

amortecimento crítico e a massa adicional é calculada por métodos baseados

na teoria de faixas.

Os resultados indicam a importância do amortecimento no cálculo

da resposta. Os autores recomendam um modelo híbrido para o cálculo, mas é

ressaltado que o modelo 2D pode ser utilizado quando o navio tiver

superestrutura bem apoiada na estrutura do casco.

CARLSEN [ 2 1, realizou um estudo paramétrico sobre o cálculo

de vibrações utilizando o Método dos Elementos Finitos com o objetivo de

indentificar a influência das diversas variáveis envolvidas. Foram estudados

os efeitos, no cálculo da vibração forçada, da vibração do fundo duplo e as

influências do cisalhamento, da extensão do modelo, da condição de

carregamento e da distribuição do campo de pressões iiiduzidas.

As frequências naturais dos modos mais baixos são comparadas

com os resultados obtidos utilizando como modelo a viga de Timoshenko, e

com meclições. São apresentados dois exeinplos de modelação, uin navio

graneleiro em 2D e um navio multipurpose em 3D. O programa SESAM-69

foi utilizado para os cálculos.

Quanto ao aspecto da modelação, as conclusões indicam que o

modelo 2D pode ser utilizado para determinar as frequências naturais e modos

de vibração c10 casco e da superestrutura com grau de precisão suficiente para

determinação do níimero de pás do hélice e que, para cálculo apenas do

comportamento da superestrutura, não é necessário representar totalmente a

região de carga do navio.

NORRIS e CATLEY [ 3 ] apresentam a aplicação do Método dos

Elementos Finitos no cálculo da resposta do navio em vibração vertical

utilizando diversos modelos 2D. O objetivo do trabalho foi estabelecer um

procedimento para criar modelos simples para serem utilizados nas fases

iniciais do projeto.

São apresentados os passos da modelação, exemplos da aplicação e

a comparação dos resultados do cálculo dos movimentos da estrutura com os

movimentos medidos durante testes utilizando um excitador mecânico. São

mostrados também comparações entre um modelo membrana-barra e os

modelos de viga e llíbrido correspondentes. E utilizado um modelo de

amortecimento modal, a massa adicional é calculada por um método baseado

na teoria de faixas e a redução da rigidez ao cortante é obtida através de

coeficientes desenvolvidos pelos autores a partir de medições.

O modelo membrana-barra é indicado como o que melhor se

encaixa no objetivo do trabalho e os resultados mostram que ele não só é

capaz de prever o comportamento dinâmico de navios em vibração vertical,

como também é capaz de demonstrar o efeito de modificações no projeto.

SKAAR e CARLSEN [ 4 1, descrevem o estado da arte da análise

de vibrações em navios e apresentam as dificuldades relativas à modelação por

elementos finitos. Eles fornecem sugestões no sentido de orientar a modelação

levando em consideração os objetivos da análise, a confiabilidade cios dados, o

tempo disponível e o custo final.

E feita uma comparação entre a aplicação de modelos 2D e 3D e

são fornecidas explicações detalhadas sobre os tipos disponíveis de estimativa

de massa adicional, sobre a conveniência de reduzir graus de liberdade em

modelos grandes e complexos, sobre amortecimento e sobre as forças de

excitação originadas pelo propulsor.

Como exemplo é apresentado um estudo comparativo entre os

resultados obtidos com a modelação de um navio em 3D e medições. O

programa SESAM-69 foi utilizado para os cálculos.

JOHANNESSEN e SKAAR [ 5 1, apresentam um manual com um

procedimento para fazer a checagem da vibração em navios durante a fase de

projeto com o objetivo de evitar que vibrações severas apareçam depois que o

navio entrar em operação. Esse manual traz explicações sobre as fontes de

excitação, sobre a vibração do eixo propulsor, da viga navio, da superestrutura

e sobre vibrações locais. Ele traz também critérios para avaliação com

respeito à habitabilidade, fadiga da estrutura e vibração de máquinas e

equipainent os.

A análise é dividida em três estágios que devem ser aplicados

desde o início do projeto. Para cada estágio são apresentados um pequeno

resumo dos problemas a serem enfrentados, os métodos de cálculo disponíveis

e os critérios de avaliação dos resultados. Somente devem ser efetuadas um

número mínimo de investigações e o estágio seguinte só deve ser realizado se o

anterior indicar a possibilidade de que algum problema sério pode ocorrer.

O manual é muito bem explicado, mostrando como e quando fazer

cada tipo de análise. São apresentados exemplos da sua aplicação através de

estudos efetuados em alguns navios, incluindo modelação por elementos

finitos.

PICORELLI e SILVA NETO [ 6 1, realizaram um estudo com o

objetivo de verificar as condições para o desenvolvimento de um procedimento

para modelação de navios por elementos finitos em duas dimensões, para

aplicação no cálculo de vibração vertical na fase inicial do projeto.

Um procedimento foi idealizado e o estudo mostra cada fase da

modelação, todos os parâmetros e métodos utilizados e as aproximações

assumidas. Foram feitos os cálculos das frequências naturais e dos modos de

vibração de um navio graneleiro. São apresentadas a comparação entre os

resultados obtidos com modelações com grau de refinamento diferentes e a

comparação destes com resultados de medições realizadas em prova de inar.

Este estudo foi o primeiro passo para esta tese. Os resultados

foram satisfatórios e as conclusões indicam alguns dos caminhos que foram

seguidos durante sua e1a;boração.

CAPITULO 11

ANALISE DE SISTEMAS EM VIBRAÇÃO

11.1 - ANALISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS

A análise dinâmica de sistemas de engenharia, por exemplo uma

estrutura, pode ser dividida em quatro etapas. O primeiro passo consiste em

desenvolver um modelo analítico, no qual são utilizadas hipóteses

simplificadoras para transformar a estrutura real em uma forma na qual suas

propriedades físicas estejam representadas. O segundo passo é criar um

modelo matemático, aplicando as leis físicas para obter equações que

descrevam o modelo analítico em linguagem matemática. O terceiro passo é

resolver as equações obtendo o comportamento ou resposta do modelo. A

etapa final é a interpretação dos resultados.

Os modelos analíticos podem ser discretos ou contínuos. No

modelo discreto, a resposta é determinada diretamente pela solução de

sistemas de equações algébricas, com um número finito de variáveis. No

modelo contínuo, a resposta é determinada através da solução de sistemas de

equações diferenciais. A solução exata dessas equações, satisfazendo todas as

condições de contorno, só é possível em casos relativamente simples e métodos

numéricos são geralmente empregados para encontrar a resposta. Este

procedimento reduz o modelo contínuo de sistemas complexos a m a

modelação discreta que pode ser analisada.

Existem diversas maneiras de discretizar o modelo. As técnicas

utilizadas no Método dos Elementos Finitos e sua aplicação em computadores

possibilitaram a sistematização da modelação matemática e da solução de

modelos analíticos contínuos. Explicações detalhadas sobres métodos de

solução empregados pelo programa COSMOS - 1.52A podem ser encontradas

em BATHE [ 7 1.

Um evento dinâmico é um fenômeno que envolve parâmetros

variando no tempo. Desta forma, força dinâmica é aquela em que seu valor,

posição ou direção varia com o tempo e o comportamento dinâmico de

estruturas sob sua influência é caracterizado por tensões e deslocamentos que

também variam com o tempo.

A vibração é um evento dinâmico. Quando o Método dos

Elementos Finitos é usado para analisar a vibração do casco de navios, a

equação diferencial de equilíbrio dinâmico pode ser escrita da seguinte forma :

onde M - matriz de massa da estrutura -

C - matriz de amortecimento da estrutura -

K - matriz de rigidez da estrutura

u, u e u - vetores aceleração, velocidade e deslocamento, - - -

respectivamente

F(t) - vetos de forças externas

t - tempo

Na modelação de estruturas complexas, a equação (1)

transforma-se em um sistema de n equações com n incógnitas, onde n é o

número de graus de liberdade.

11.2 - ANALISE DA VIBRAÇAO LIVRE

Um sistema está oscilando em vibração livre quando não há forças

externas de excitação agiiido sobre ele. Neste caso, a influência do

aiiiortecimento é muito pequena e normalmente omitida e o vetor

deslocamentos pode ser representado por uma função correspondente a

movimentos harmônicos. Desta maneira temos :

F(t) = O - -

C = o - -

11 = Asen ( w . t ) -

Aplicando estas condições, a equação ( 1 ) é reduzida ao seguinte

problema de autovalor :

onde w - frequência natural

A - vetor amplitude de vibração

Para se resolver esta equação foi utilizado o Método de Iteração

por Subespaço. Os autovalores encontrados são as frequências naturais da

estrutura e os autovetores são os seus respectivos modos de vibração.

11.3 - ANALISE DA VIBRAÇAO FORÇADA

A excitação da vibração em navios provocada por motores e

apuo

: ouro:, sppgap xas apod 'sopuu~saqap s?:,o~ ma sps:,gds 'o.e5r!q9xa ap v5soj

v .ss.rIausm svs,raq ap opvurgsa Jas apod anb 'oquamy:,aq;roms o og5r!sapysuo:,

ura ssnaT o~qssa3au 9 sqsodsas ap sapnqgdurs ssp opl.3 ON

.sopsqdr! sas mapod sr!3~u~m.~sq sagkrqy~ ap

o p q y sswl so31s?runa sopoq?m a scq?!sad spssap~sao:, Ias apod salospdo~d

CAP~TULO 111

PROCEDIMENTO DE MODELAÇÃO

111.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

A modelação por elementos finitos é aplicável a qualquer tipo de

estrutura. Ela consiste no processo de geração da malha com suas

coordenadas, nós, incidências e propriedades dos elementos, carregamentos e

condições de contorno. Na análise dinâmica, o modelo deve ser capaz de

representar a vibração da estrutura na faixa de frequência das forças de

excitação. O tipo de modelo (1D, 2D ou 3D) e o grau de refinamento da

malha devem ser escolhidos levando em consideração diversos fatores como o

tipo do problema, dados disponíveis, precisão requerida nos resultados e o

tempo e orçamento disponíveis.

Após a escolha do tipo de modelo que melhor se aplica a um

determinado tipo de problema, o primeiro passo na modelação é dividir a

estrutura em um número apropriado de elementos com propriedades físicas

conhecidas. Estes elementos são unidos pelos vértices, que são chamados

pontos nodais ou nós. Os deslocamentos dos nós, incógnitas do problema, são

as coordenadas generalizadas da estrutura e o seu número é chamado de graus

de liberdade do modelo idealizado.

Desta maneira, a deflexão de toda a estrutura pode ser expressa

em termos destas coordenadas generalizadas através de um conjunto de

funções assumidas, usadas para representar o comportamento aproximado das

incógnitas em cada elemento.

De uma maneira geral, a modelação por elementos finitos é a

maneira mais eficiente de expressar, através de um iiúmero limitado de

coordenadas, os deslocamentos de configurações estruturais arbitrárias e o seu

objetivo é descrever o comportamento da estrutura da maneira mais precisa

possível.

A figiira 3.1 é um fluxograma do processo de modelação adaptado

de NORRIS e CATLEY [ 3 1.

111.2 - IDEALIZAÇÃO E DIVISAO DA ESTRUTURA

O nhnero de dados e de detalhes estruturais do navio dispoiiíveis

na fase inicial do projeto não é milito grande, consistindo basicamente c10

arranjo geral, condições de carregamento e escantilhões da seção mestra, mas é

siificiente para a determinação das propriedades dos elementos para a geração

de um modelo em 2D.

A modelação de um navio em 2D consiste em projetar a sua

estrutura em um plano ao longo do seu eixo longitudiiial, transformando

adequadamente suas propriedades físicas. A malha deve ser idealizada de

maneira que os nós, e consequentemente as fronteiras dos elementos,

coincidam o máximo possível com aspectos importaiites da estrutura, como

anteparas, conveses, cavernas, pisos, et c.

As principais propriedacles físicas do modelo, como a área

seccional, a posição do eixo neutro e a clistiibuição de massa, devem ser

similares às da estriitura real. Simplificações podem ser assuniclas desde que

se esteja atento à elas e que se tenha alguma maneira de levar em

I ESTUDO PRELIMINAR D O S DESENHOS DO NAVIO I

I A P L I C A R R E D U Ç A O DO CO RT ANT E I

I DISTRIBUIR PELOS NÓS A MASSA NÁO ESTRUTURAL

DENSIDADE DOS MODELO = ELEMENTOS PESO-LEVE

SIM 4

I D IS T R IB U I R PELOS N ~ S A MASS A D A C O N D I F R O ~ D E C A R RE G A M E N T O E CALCULAR E DISTRIBUIR A MASSA HIDRODINAMICA ADICIONAL I

D E T E R M I N A R F O R C A S DE E X C I T A ~ Ã O , ES COLHE R MO DOS A SEREM U TILIZADOS E DETERMINAR O AMORTECIMENTO PARA O CALCULO

DA RESPOSTA DA ESTRUTURA

] T I R A R LISTAGENS E PLOTAR G R ~ I C O S COM A RESPOSTA DA ESTRUTURA

PLOTAR MODOS

V I B R A ~ ~ ~ O L

FIGURA 3.1 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE MODELACÃO

consideração as suas influências. É importante ressaltar as hipóteses

utilizadas para simplificar e viabilizar os cálculos:

- o coinportamento do sistema discreto (modelo) é similar ao do

sistema real (navio) ;

- o comportamento do sistema real é definido como linear;

- os materiais utilizadas são considerados isotrópicos e lloinogêneos

e, portanto, certas deformações e suas correspondentes tensões são

desprezadas.

111.3 - ESCOLHA DOS ELEMENTOS FINITOS

Os elementos de membrana e de barra são utilizados para a

modelação de navios em 2D para cálculo da vibração vertical. A seguir são

descritas as caracteiísticas e propriedades dos elementos de membrana

(PLANE2D) e de barra (TRUSS2D) conforme indicadas no manual de

utilização do programa COSMOS/M [ 8 1.

O elemento PLANE2D, estado plano de tensões e deformações,

possui 3 ou 4 nós no plano XY e 2 graus de liberdade por nó. O outro grau de

liberdade de translação e os três de rotação devem ser restringidos.

O parâinetro geométrico necessário para a sua definição é a

espessura da membrana e as propriedades do material a serem aplicadas são o

módiilo de elasticidade na direção X, o coeficiente de Poisson e a densidade.

O elemento TRUSS2D, treliça, possui 2 nós no plano XY e 2 graus

de liberdade por nó, trabalhando apenas com tração e compressão.

O parâmetro geométrico necessário para a sua definição é a área

da seção e as propriedades do material a serem aplicadas são também o

módulo de elasticidade na direção X, o coeficiente de Poisson e a densidade.

111.4 - MODELAÇAO DA ESTRUTURA

Na modelação de navios, é necessário que cada aspecto da

estrutura real seja representado por elementos finitos de tipo adequado.

O elemento de membrana é utilizado para representar todas as

estruturas longitudinais, continuas, carregadas por esforços cortantes no plano

da linha de centro do navio. Nesta definiçlio podem ser classificados :

- o chapeamento do costado e do bojo;

- o chapeamento das anteparas longitudinais;

- os membros longitudinais;

- parte do chapearnento de estrutur- inclinadas.

FIGURA 3.2

A espessura de cada elemento de membrana do modelo é a soma

das espessuras das chapas, através da seção do navio, na região do casco onde

ele esta localizado. Por exemplo, a espessura de um elemento representando

uma parte do tanque central de um navio petroleiro é determinada através da

seguinte equação (ver figura 3.2) :

onde tel - espessura do elemento

c - espessura do costado

L t l - espessura da antepara longitudinal

O elemento de barra é utilizado para representar todas as

estruturas longitudiiiais, contínuas, carregadas por esforços axiais no plano

perpendicular ao plano da linha de centro do navio. Ele também é utilizado

para representar toda a estrutura transversal do navio. Nestas definições

podem ser classificados :

- o chapeamento dos conveses, pisos e cobertas;

- o chapeainento do fundo e do teto do fundo duplo;

- o chapeamento das anteparas traiisversais;

- os membros transversais;

- parte do chapeamento de estruturas inclinadas;

- reforços em geral.

A área seccional de cada elemento de barra do modelo é a soma

das áreas seccionais da região do casco que ele está representando. Por

exemplo, a área seccional de um elemento de barra que representa o piso de

um convés da superestrutura é igual a espessura do chapeameiito do piso

multiplicada pela largura da superestrutura e a área seccional de um elemento

de barra que representa uma antepara transversal na região de carga do navio

é igual a espessura média do chapeamento da antepara multiplicada pela boca

do navio.

111.5 - RIGIDEZ DO MODELO

A rigidez ao cortante é um parâmetro importante no cálculo da

vibração vertical em navios, principalmente para seus modos mais elevados.

Pode-se assumir que a força cortante é exercida sobre o chapeaineiito vertical

do costado e das anteparas longitudinais do casco. Ao transformar a estrutura

triclimensional do navio em um modelo bidimensional, através da soma das

espessuras das chapas verticais, provoca-se um aumento na rigidez devido ao

fato de que as distorções transversais do navio não são levadas em

consicleração. Um método de correção deve ser utilizado para reduzir a rigiclez

ao cortante do modelo.

Um método de cálculo da rigidez ao cortante nas direções vertical

e horizontal é apresentado por VAN HORSSEN [ 9 1. Nele, o valor da rigidez

é expresso através da área da seção e de um coeficiente I.( que depende cla

geometria da seção. O trabalho fornece uma série de valores para os

coeficientes K a serem aplicados em seções típicas do navio, tais como proa,

tanques centrais, praça de máquinas e superestrutura, e popa. As figuras 3.3 à

3.10 mostram estas seções e os respectivos coeficientes Kv para a direção

vertical.

A espessura dos elementos de membrana em cada seção do modelo

deve ser multiplicada por coeficientes Kv adequados, reduzindo a rigidez.

K = 0.82 v FIGURA 3.3

K = 0.83 sem supersestrutura v Kv = 0.84 com supèrestrutura

FIGURA 3.5

K = 0.86 v FIGURA 3.4

I Kv = 0.75

FIGURA 3.6

onde

Desta maneira a espessura final de cada elemento é :

- telf - tel Kv

e ~ f - espessura final do elemento

e1 - espessura do elemento calculada como em 111.4

I< - coeficiente na direção vertical para a seção do v

navio.

CAPITULO IV

DETERMINAÇÃO DA MASSA

A massa do modelo deve ser a mais próxima possível da massa

real do navio. Ela é a soma do Peso Leve ao Lastro ou Carga, conforme a

condição de carregamento. A massa hidrodinâmica adicional devida ao fato

do navio estar vibrando imerso em água também deve ser considerada.

IV. 1 - MASSA DO NAVIO

O peso leve ( PL ) é constituído de toda a massa do aço,

tubulações, equipamentos permanentes e acabamento do navio. Para efeito da

sua introdução no modelo ele é dividido em :

- massa não estrutural localizada ( MNEL )

. devem ser considerados neste ítem o motor principal, os motores

auxiliares, o hélice, o leme, a chaminé, as ancoras e amarras, o

acabamento da superestrutura e outros equipamentos similares;

. massas equivalentes devem ser concentradas nos nós do modelo

que estão mais próximos da localização real do equipamento.

- massa estrutural de aço ( MEA )

. seu valor é fornecido através da densidade dos elementos do

modelo que deve ser ajustada para levar em consideração que

existem a bordo tubulações, acabamentos e iníimeros

equipamentos com massa pequena, que não foram incluídos no

ítem anterior, e que diversos elementos estruturais do navio são

desprezados durante a modelação;

. a densidade é calculada pela seguinte fórmula :

( PL - MNEL ) P =

VOLM

onde VOLM - volume do modelo.

A massa da carga do navio ( MC ), consistindo dos consumíveis e

de lastro ou carga, conforme o caso considerado, deve ser dividida e

distribuída nos nós do modelo que formam os tanques e porões.

IV.2 - MASSA ADICIONAL

Devido ao fato do navio estar imerso em água, a sua vibração

provoca movimentos na água ao seu redor. A análise do feiiômeno indica que

flutuações de pressão aparecem na superfície submersa do casco. Sua

influência pode ser separada em componentes de velocidade e de aceleração. A

primeira representa dissipação de energia e deve ser incluída no

amortecimento. A segunda pode ser considerada como uma força de inércia

aplicada sobre a seção do navio e seu efeito pode ser siimlado adicionado-se

uma massa de água vibrando junto com o navio. Essa massa recebe a

denominação de massa virtual ou massa hidrodinâinica adicional (MAD).

A massa adicional representa uma grande parcela da massa tot a1

vibrando, sendo em alguns casos maior do que a massa do navio incluindo o

carregamento. Ela pode ser estimada por diversos métodos tais como a teoria

de faixas, incluindo transformação conforme ou técnicas de fonte-sumidouro,

elementos finitos fluídos ou elementos de contorno.

Apesar de serem mais precisos, elementos finitos ou de contorno

não devem ser utilizados nas fases iniciais do projeto porque uma

representação completa da água em volta do navio é muito complexa, levando

a custos altos devidos aos grandes tempos de modelação e coinputacional

iiecessários.

O método mais utilizado atualmente para a sua estimativa é o

método de LEWIS [ 10 1, baseado na teoria de faixas com transformação

conforme. Sua grande vantagem é a facilidade da iinplementação em

computadores e o baixo ciisto para a obtenção dos resultados. A massa

adicional para escoamentos bidimensionais, em uma determinada seção do

navio é calculada pela fórmula :

onde Mtv - massa adicional por unidade de compriniento

Pa - inassa específica da água

b - meia boca da seção

C - coeficiente para massa adicional vertical v

Os coeficientes Cv, para cada tipo de seção do navio, representam

a razão entre a massa adicional de um corpo cilíncliico com seção igual à do

navio e a inassa adicional de um cilindro de revolução com diâmetro igual à

boca da seção em consideração, por unidade de coinprimento.

Estes coeficientes foram plotados, figura 4.1 , por

LANDWEBER [ 11 ] em função do coeficiente da área da seção ( a ) e da

razão entre a meia boca e o calado da seção ( X ), na linha d'água.

FIGURA 4.1

Os valores de a e X são calculados por :

onde S - área da seção

b - meia boca na linha d'água

d - calado da seção na linha d'água

Este método tem precisão aceitável para escoamentos

bidimensionais e multiplicando-se o resultado obtido de ( 4 ) por fatores de

correção para escoamentos tridimensionais, obtem-se bons resultados no caso

da vibração vertical do casco. Estes fatores de correção, Jn, são funçgo do

modo de vibração e da razão entre a boca e o comprimento entre

perpendiculares do navio. O coeficiente Jn s6 deve ser aplicado até o sexto

modo (J7) porque não há diferenças significativas no valor da inassa adicional

acima deste modo.

O Jn pode ser calculado [ 12 ] pela fórmula :

onde n - número de nós do modo de vibração

B - boca do navio na seção mestra

L - comprimento entre perpendiculares

A massa adicional tridimensional por unidade de comprimento

(MADT), em cada seção, e para cada modo é calculada pela fórmula :

MADT = J, x Mly

IV.3 - PROGRAMAS DE COMPUTADOR

IV.3.l - Introdução

O eleineiito de inassa ( MASS ) disponível no programa

COSMOS/M age concentrando a massa especificada no nó foriiecido na sua

definição. Por exemplo, a massa concentrada em um nó correspondente a

praça de máquinas do navio pode ser :

Mlló = MC i- MNEL + MADT

onde MC - massa de óleo combustível ( carga )

MNEL - massa do motor principal

MADT - massa adicional desta seção do navio

Desta maneira, para especificar corretamente a massa de uin nó é

necessário criar até 3 elementos de massa diferentes. Este fato ocorre

praticamente em todos os nós do modelo e especialmente nos nós localizados

abaixo da linha d'água do carregamento.

Além disto, conforme citado no ítem IV.2, a massa adicional

varia de acordo com o modo de vibração, multiplicando-se o iiúineio de

elementos de massa a serem gerados pelo número de modos desejados. Tudo

isto faz com que o níiinero de elementos com massas diferentes seja muito

grande.

O programa C 0 SMO S/M possui lirnit ações na maneira de definir

as propriedades dos elementos, sendo a principal o fato de que só é possivel

especificar um número máximo de 100 grupos de elementos, incluindo todos os

tipos utilizados em uin modelo (membranas, barras, massas, etc.). Isto obriga

que seja definido o maior número possível de elementos dentro de um mesmo

grupo, isto é, com a mesina espessura, área ou massa.

Para auxiliar na limitação do número de grupos necessários para a

definição dos elementos cle massa de modelos foram desenvolviclos os

progranias PPlMASSA e PP2ELEMA , em linguagem BASIC, cuja operação

é feita através de telas interativas. Eles estão instalados e disponíveis para

utilização nos micro-computadores do tipo IBM - PC compatível, no

LABORATÓRIO DE ESTRUTURAS NAVAIS da COPPE - UFRJ.

IV.3.2 - Programa PPlMASSA

O Programa PPIMASSA é um pré-processador para o programa

COSMOS/M que realiza as seguintes funções :

- calcula o valor do fator de correção Jn para todos os modos

desejados ( é possivel também fornecer o valor diretamente);

- calcula a massa adicional tridimensioual ( MADT) em cada nó,

para cada J, ;

- soma as massas ( MNEL, MC e MADT ) que estão agindo sobre

um mesmo nó;

Os dados necessários para a sua utilização são :

- númei-o de nós com massa ;

- número de modos para cálculo do Jn ou valor do Jn ;

- número do nó, MNEL, MC e MAD para cada nó com massa.

O programa imprime uma listagem com todos os nós ordenados

por ordem crescente de massa para facilitar a divisão por grupos e gera iun

arqiiivo com os nós para servir como entrada de dados para o programa

PP2ELEMA. A figura 4.2 é o fluxograma do progiama.

IV.3.3 - Programa PPZELEMA

O Programa PP2ELEMA é um pré-processador para o progiama

COSMOS/M e seu objetivo é distribuir os elementos/nós pelos grupos

pré-escolhidos. Sua vantagem é simplificar e deixar mais clara a entrada cle

M h D T z M h D # J N

MNO= M N E L t MC t

'-r

N O i M N E L l M C l M A D r M A D T i MNO

N O i M N O ( O R D E M C R E S . )

PPIELEHEI O FIGURA 4.2 - FLUXOGRAMA DO PROGRAMA PPlMASSA

dados de elementos de massa, evitando a utilização de mais de um elemento

por nó.

Os dados necessários para a sua utilização são :

- arquivo de nós/massas gerado pelo programa PPIMASSA ;

- número de grupos ;

- número do grupo, limite superior da massa e valor médio da

massa para este grupo ;

- número do primeiro elemento de massa a ser gerado.

O programa gera um arquivo com os códigos dos elementos de

massa para leitura direta pelo programa COSMOS/M, eliminando os

trabalhos de digitação destes elementos e de verificação de erros. A figura 4.3

é o fluxograma do programa.

NGRUPOS NGRUPOiLIMINFr LIMSUPiMED NOiMNO NIELEM h DISTRIBUIGO

GRUPOS

ELEMENTOS PARA O

PROGRAMA

FIGURA 4.3 - FLUXOGRAMA DO PROGRAMA PP2ELEMA

V.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS

Para testar o procedimento de modelação em 2D e verificar suas

vantagens em comparação a modelação mais detalhada, foi escolhido um navio

transportador de produtos claros, cujas características principais se encontram

na tabela ( V. 1 ).

Características Principais

Comprimento Total (m)

Comp. entre Perpendiculares (m)

Boca Moldada (m)

Ponta1 Moldado (m)

Calado Moldado à Vante (m)

Calado Moldado à Re (m)

Deslocamento (t)

Coeficiente de Bloco

Motor : M.A.N. - B & W

Potência Maxima

Potência de Serviço

Propulsor : Diâmetro (m)

Número de Pás

Carregado Lastro

5 L 50 MC

7430 BHP x 127 rpm

6685 BHP x 123 rpm

5.4

4

TABELA V. 1 - CARACTER~ STICAS PRINCIPAIS DO NAVIO

FIGURA 5.1

FIGURA 5.2

MODELO 2 D

FIGURA 5.3

V.2.1 - Estrutura

A posição dos nós no modelo 2D foi escolhida de maneira que eles

coincidissem com a posição dos nós no modelo 3D. A partir dos planos

estruturais e demais dados fornecidos pelo estaleiro, foram determinadas as

propriedades de cada um dos elementos de membrana e de barra, conforme o

procedimento indicado no ítem 111.4. Após a determinação de todos os

elementos de membrana, suas espessuras foram multiplicadas pelos

coeficientes de VAN HORSSEN (ver ítem 111.5).

V.2.2 - Massa

Foram efetuados cálculos para duas condições de carregamento,

isto é, para o navio carregado e para o navio em lastro. A tabela ( V.3 )

mostra as características destas condições e a comparação com os valores

obtidos com o modelo. Para ajustar o valor do peso leve do modelo, foi

considerada uma densidade de 16.92 t/m3 .

Características

Deslocamento

LCG (O = Espelho de Popa)

KG (O = Linha de Base

Lastro

Navio Modelo

Carregado

Navio Modelo

TABELA V.3 - CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO

Como é possível observar, a massa calculada pelo programa é

idêntica à massa do navio e as posições horizontal e vertical do centro de

gravidade estão bastante próximas das suas posições reais no navio.

As tabelas ( V.4 ) e ( V.5 ) mostram o cálculo da massa adicional

bidimensional, em toneladas, para as condições em lastro e carregado,

respectivamente. O programa PPlMASSA foi utilizado para calcular a massa

adicional tridimensional dos 6 primeiros modos de vibração.

Seção s/2 b x o cv MI \7/l 1 M ' ~

Tot a1 10646.06 179.67 51567.42

Seção d

TABELA V.4 - CALCULO DA MASSA ADICIONAL - LASTRO

Tot a1 12136.73 179.67 58089.28

Seção d

TABELA V.5 - CÁLCULO DA MASSA ADICIONAL - CARREGADO

V.3 - TESTES

O programa COSMOS/M, versão 1.52, foi utilizado para realizar

os cálculos dos dois modelos, nas duas condições de caregamento.

Como os modelos não possuem pontos de apoio, foi dado um

SHIFT na frequência [ 7 ] com os objetivos de garantir que os modos de

movimento de corpo rígido fossem calculados e de que o programa não fosse

interrompido ao calcular aiitovalores próximos a zero. O valor do SHIFT foi

calculado aut omaticainente pelo programa.

Para cada condição de carregamento foram calculados os modos

de vibração e suas respectivas frequêiicias naturais, com a massa adicional

eq~~ivalente à do modelo 3D, utilizando o mesmo valor para o fator de

correção para escoameiito tridimeiisional ein todos os modos (J = 0.67). 2

A técnica da superposição inodal foi usada para calcular a resposta

à excitação provocada pelo momento de desbalanceainento de segunda ordem

do motor principal.

As comparações coin o modelo 3 0 e os resultados estão

apresentados i10 capítulo VI.

Finalmente, foram calciiíadas também as 6 primeiras frequências

naturais do modelo 2D, variando o valor da massa adicional para cada modo,

utilizando o coeficiente J, apropriado. As frequências foram comparadas com

as obtidas coin a massa adicional referente ao segundo modo ( J ) e os 2

resultados estão apresentados i10 capítulo VI.

RESULTADOS

VI.1- COMPARAÇÃO ENTRE MODELAÇÁO 2D E 3D

VI. 1.1 - Frequência Natural

A tabela ( VI.1 ) mostra as frequências natmais e as figuras 6.1 à

6.24 mostram os modos de vibração obtidos com os modelos 2D e 3D.

Lastro Carregado

4.628 4.836 4.072 4.251 5.808 5.958 5.202 5.274 7.014 6.854 6.298 6.078

TABELA VI.1- FREQUÊNCIAS NATURAIS - MODELOS 2D E 3D

A partir da comparação entre os valores das frequências naturais

verificamos que o modelo 2D mostra precisão aceitável na faixa de frequência

correspondente à excitação provocada por motores diesel de baixa rotação

(terceiro ao sexto modos) e, portanto, o procedimento é bastante útil para

analisar este tipo de vibração. Os resultados podem ser melhorados através de

ajustes no modelo, como os que estão propostos no ítem VII.2.

Nas figuras, é possível observar que os modos estão conforine o

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.1

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.2

2 D - COND. LASTRO

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.4

49

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.5

50

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.6

51

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.7

52

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.8

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.9

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.10

55

3 D - COND, LASTRO

FIGURA 6.11

56

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.12

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.13

58

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.14

59

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.15

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.16

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.17

62

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.18

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.19

64

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.20

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.21

66

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.22

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.23

68

3 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.24

esperado, representando de maneira correta o fenômeno da vibração vertical

de navios, qualquer que seja o modelo.

VI. 1.2 - Frequência ~ a t u r a l da Superestrutura

As figuras 6.25 e 6.26, modelo 2D e as figuras 6.27 e 6.28, modelo

3D, mostram a superestrutura se movimentando de forma independente da

popa do navio. Isto caracteriza o seu primeiro modo de vibração. As

frequências calculadas são aproximadamente 8.3 Hz para o modelo 2D e

8.6 Hz para o modelo 3D, com diferença de apenas 3.6 %.

É possível utilizar qualquer um dos procedimentos de modelação

para identificar o primeiro modo da superestrutura e sua correspondente

frequência natural.

VI.1.3 -Resposta da Estrutura

O cálculo da resposta da estrutura à uma excitação forçada foi

realizado com o objetivo de avaliar as diferenças entre os modelos 2D e 3D,

com relação a este aspecto.

O problema idealizado consistiu em aplicar a um dos nós dos

modelos, correspondente ao manca1 de escora, o momento de

desbalanceamento de segunda ordem gerado pelo motor principal. Foi

utilizado um momento de 910 kN.m, conforme o valor fornecido pela

referência [ 14 1, referente ao motor B & W 5L50 MC sem compensador de

momento. O cálculo foi realizado para o navio na condição carregado.

O amortecimento é sempre um aspecto crítico no cálculo da

2 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.25

71

2 D - COND. CARREGADO

FIGURA 6.26

3 D - COND. LASTRO

FIGURA 6.27

73

3 D - COND. CARREGADO

r;" /.--. J.1 .""."- ---- ---

FIGURA 6.28

resposta da estrutura. Apesar do grande progresso no sentido de compreender

o fenômeno, não existem métodos para o seu cálculo com precisão. Diversos

autores e estudos recomendam a utilização de um fator de amortecimento

igual a 2 % do amortecimento crítico. Este valor, que é baseado em medições

e largamente empregado, foi utilizado para os cálculos.

Foram escolhidos 4 pontos para a avaliação e a tabela ( VI.2 )

mostra para cada um deles, a direção analisada, o nó que representa o ponto, o

número da figura do gráfico frequência x velocidade correspondente, a maior

velocidade calculada e o valor da máxima velocidade permitida de acordo com

a norma ISO/DIS 6954 [ 15 1, que corresponde ao limite superior da faixa

"ADVERSE COMMENTS NOT PROBABLE".

Dir .

Vert.

Long.

Vert.

Vert.

Fig.

6.29

6.31

6.33

6.35

Vel. Fig.

Velocidades em (rnrn/s)

TABELA VI.2 - RESPOSTA DA ESTRUTURA

Vel.

Vel. Lim. 1s O

A análise dos gráficos mostra que, embora exista uma pequena

diferença entre as frequências relativas ao maior valor de velocidade, os

resultados do modelo 2D podem ser usados para estimar qualitativamente a

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.29

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.30

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.31

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.32

79

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.33

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.34

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.35

RESPOSTA DA ESTRUTURA

FIGURA 6.36

vibração vertical de navios, excitada pelo motor principal, com precisão

equivalente à do modelo 3D. O grau de incerteza aceito internacionalmente

para este tipo de cálculo ( 50 % ) permite que os resultados sejam comparados

quantitativamente com os limites estabelecidos para vibrações de navios.

Uma análise similar à realizada na referência [ 13 ] mas utilizando

um modelo 2D levaria à conclusões semelhantes às citadas no referido

relatório.

VI.2 - COMPARAÇAO CONSIDERANDO MASSAS ADICIONAIS

DIFERENTES

As tabelas ( VI.3 ) e ( VI.4 ) mostram os resultados obtidos

variando a massa adicional para os seis primeiros modos, para as condições em

lastro e carregado, respectivainent e. São apresentadas as frequências naturais

calculadas para cada modo e a diferença percentual entre as calculadas

utilizando o Jn apropriado e a calculada utilizando J . 2

Como podemos observar, as diferenças ficaram abaixo de 9%, o

que, em princípio, nos leva a acreditar que para estes modos não é necessário

utilizar Jn diferentes, pois as diferenças estão dentro da precisão esperada do

método, não compensando o esforço computacional empregado.

Uma melhor verificação da necessidade ou não da utilização de

massas adicionais diferentes para cada modo só poderá ser realizada após a

comparação dos resultados obtidos com os valores das frequências naturais

reais do navio, que serão medidas após a sua construção.

Frequência (Hz)

Modo J z . 6 7 4 J 2 . 5 9 2 A% J k . 5 5 0 A % J k . 5 2 6 A % Jfk.509 A % J7=.497 A%

TABELA VI.3 - FREQUÊNCIAS NATURAIS - LASTRO

Frequência (Hz)

Modo J E . 6 7 4 5 2 . 5 9 2 A % J4=.550 A % J k . 5 2 6 A % Jik.509 A% J7=.497 A%

TABELA VI.4 - FREQUÊNCIAS NATURAIS - CARREGADO

VI.3 - AVALIAÇÃO DOS TEMPOS POR ATIVIDADE

VI.3.1 - Tempos Gastos na Modelação e Análise

A comparação direta entre os tempos gastos na modelação e na

digitação não pode ser realizada porque as modelações em 3D e 2D foram

problema consiste no cálculo de 20 frequências naturais e modos de vibração e

também no cálculo da resposta da estrutura em 4 pontos, para uma condição

de carregamento e um valor de massa adicional. O programa usado para esta

comparação foi executado em um computador COMPAQ DESKPRO-386120,

com co-processador aritimético e 6144 kBytes de disco virtual.

Tempo de Computador Operação

Input

Observações

Leitura direta de ~rquivos digitados

Processamento :

Vúm. Equações

V. Elem. da Matriz

Vúm. Iterações

VIont. M. Rigidez

VIont. Matriz Massa

>ecomposição da VIatriz Rigidez

Jálc. Autovalores

Método da iteração lor subespaço com ,olerância para :onvergência de ).O0001

Output Jravação do irquivo de saída

Xlc. da Resposta hperposição moda1 120 frequências)

Tempo Total

TABELA VI.6 - TEMPOS DE PROCESSAMENTO

Como podemos verificar, o gasto computacional para resolver o

problema modelado em 2D é menor do que 15% do valor do gasto se for

utilizado um modelo 3D.

A tabela ( VI.7 ) mostra a comparação entre o tempo real, em

minutos, para executar o programa utilizando cada um dos modelos para o

mesmo problema acima.

Operação

Input

Solução

Output

Cálculo da Resposta

Tempo Total

Tempo Real (minutos)

TABELA VI.7 - TEMPO REAL D E EXECUÇÃO

CAPITULO VII

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do navio transportador de produtos claros do estaleiro

Caneco para testar o procedimento foi devida ao fato de que a estrutura deste

navio é uma nova concepção para navios tanques, com uma nova topologia de

seção mestra que atende aos últimos regulamentos internacionais exigidos pela

International Maritime Organization, orgão da ONU, referentes à proteção

contra derramamento de óleo devido a acidentes.

Esta nova topologia faz com que o seu comportamento estrutural

seja diferente do comportamento estrutural dos navios tanques até agora

construídos.

Os resultados alcançados permitem afirmar que o procedimento

para modelar navios em duas dimensões e o Método dos Elementos Finitos

podem ser utilizados na fase inicial do projeto de navios para efetuar a

estimativa da vibração vertical. As frequências naturais, os modos de

vibração e a resposta da estrutura são calculadas com razoável precisão e

também é possível identificar a frequência natural correspondente ao primeiro

modo de vibração da superestrutura.

É bastante significativa a economia em tempo e custo da análise e

o procedimento permite que ela seja efetuada utilizando as poucas informações

disponíveis nesta fase do projeto. Ele é uma ferramenta barata e acessível, ,

que deve ser amplamente utilizada.

O advento de microcomputadores, com capacidade cada vez

maior, faz com que a economia no tempo de processamento não seja tão

siginificativa, mas a modelação em 2D viabiliza a simulação de soluções e

alternativas para o projeto, permitindo que um mesmo problema seja rodado,

analisado e modificado diversas vezes em um curto espaço de tempo, a custo

muito baixo.

VII. 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

1 - A tabela VI.l mostra que , no modelo 2D, as frequências mais

baixas estão menores e as mais altas estão maiores do que as correspondentes

aos mesmos modos no modelo 3D. Este resultado pode ser melhorado através

de ajustes no modelo. Uma maneira de efetuar este ajuste é aumentar,

através de um coeficiente, a área da seção dos elementos de barra e diminuir,

na mesma proporção, a espessura dos elementos de membrana, modificando a

rigidez do modelo e fazendo com que as frequências se aproximem.

O valor do coeficiente deve ser determinado para um navio cujos

valores das frequências naturais sejam conhecidos (medidos). Este coeficiente

pode ser usado para outros navios do mesmo tipo e o seu valor deve ser

sempre ajustado cada vez que resultados de medições de vibração nestes

navios estejam disponíveis.

2 - Conforme explicado no ítem 111.5, a rigidez do modelo em 2D é

maior do que a do modelo em 3D. Este fato faz com que as velocidades do

movimento de vibração, determinadas na fase de cálculo da resposta da

estrutura, sejam menores para este modelo (tabela VI.2)) mas é importante

ressaltar que elas são da mesma ordem de grandeza.

Para o ajuste da resposta nos resultados do modelo 2D é possível

utilizar um fator de amortecimento menor que os 2 % usados neste trabalho.

3.- Os coeficientes Kv (item 111.5) foram utilizados nos cálculos para

redução da rigidez do modelo por sua simplicidade de aplicação, dentro do

objetivo de manter o procedimento de modelação simples, barato e

necessitando de poucas informações.

Existem outros métodos para se atacar este problema, que podem

levar a melhores resultados. Uma maneira é calcular a rigidez em cada seção

levando em consideração a efetiva largura colaborante do convés principal.

4 - Existem métodos simples e totalmente confiáveis para a

estimativa da frequência natural da superestrutura. O procedimento não deve

ser utilizado para calcular apenas este valor, que deve ser considerado um

resultado adicional aos cálculos para obter o comportameilto dinâmico do

casco.

5 - Os resultados apresentados podem ser reavaliados quando

estiverem disponíveis os resultados das medições de vibração, que serão

realizadas no navio utilizado para os testes.

6 - Este trabalho pode ser ampliado, estudando-se alternativas para

aplicação do procedimento para a modelação de outros tipos de navio.

[ 1 ] HANSEN, H. R. e SKAAR,K. T., Hdl and Superstructure

Vibrations Design Calculations by Finite Elements, Sym~osium

on High - Powered Pro~ulsion of Large Ships, Wagenigen, 1974.

[ 2 ] CARLSEN, C. A., A Parametric Study on Global Hull and

Superstructure Vibration Analysis by Means of the Finite

Element Method, Transactions of RINA, vol. 120, pp. 161-178,

1978.

[ 3 ] NORRIS, C. e CATLEY, D., Application of TwwDimensiond

Finite Element Model to Ship Vertical Vibration and Comparison

with Ship Mobility Measurements, RINA Svmposium on

Pro~eller Induced Ship Vibrations, London, 1979.

[ 4 ] SKAAR, K. T. e CARLSEN, C. A., Modelling Aspectsfor

Finite Element Analysis of Ship Vibrations, Computer &

Structures, vol. 12, pp. 409419, 1980.

[ 51 JOHANNESSEN, H. e SKAAR, K. T., Guidelines for

Prevention of Excessive Ship Vibration, Transactions of

SNAME, vol. 88, pp. 319-356,1980.

[ 6 ] PICORELLI, L. O. P. e SILVA NETO, S. F., Previsão de

Vibrações em Navios - Aplicação de Modelação por Elementos

Finitos em Duas Dimensões, 120 Congresso Nacional de

Trans~ortes Marítimos e Construcão Naval, S OBENA, 1988.

[ 7 ] B ATHE, K-J, Finite Element Procedures in Engineering

Analysis, Prentice-Hall Inc. , 1982.

[ 8 1 COSMOS/M USER GUIDE, Release Version 1.52, Structural

Research and Analysis Corporation, 1989.

[ 9 ] VAN HORSSEN, W., A Reduced Method for the Calculation of

the Shear Sti&ess of a Ship Hull, R e ~ o r t No. 148 S,

Netherlands S h i ~ Research Centre TNO, 1971.

[ 10 ] LEWIS, F. E., The Inertia of the Water Surrounding a vibrating

Ship, Transactions of SNAME, vol. 37, 1929.

[ 11 ] LANDWEBER, L. e DE MACAGNO, M. C., Added Mass of

Two-Dimensional Forms Oscillating in a Free Surface, Journal

of S h i ~ Research, No. 3, 1957. -

[ 1 2 ] TOWNSIN, R. L., VirtualMass ReductionFactors J' Values for

Ship Vibration Calculation Derived £com Tests with Bems,

Including Ellipsoids and Ship Models, Transactions' of RINA,

vol. 111, 1969.

[ 13 ] Relatório da Análise da Vibração Global do Casco 316, 018-89,

LEN / COPPE / UFRJ, 28/06/89.

[ 14 ] Project Guide - MC Program ( 5L50 MC ) - Instalation Manual,

M.A.N. - B & W Diesel, Edition 2, 1986.

[ 15 ] ISO/DIS 6954 , Mechanical Vibration and Shock - Guidelines

for the Overall Evaluation of Vibration in Merchant Ships,

International Organization for Standardization, 1983.

[ 16 ] BRYNDUM, L. e JAKOBSEN, S. B., Vibration Characteristcs

of Two-Stroke Low Speed Diesel Engines ,M.A.N. - B & W Diesel,

1986.

[ 17 ] WARD, G., The Application of Current Vibration Technology

to Routine Ship Design Work, Transactions of RINA, vol. 125,

1983.

[ 18 ] Recommendations Designed to Limit the Effects of Vibrations

on Board Ships, Guidance Note NI 138 A - RD3 - Bureau

Veritas, 1979.

[ 19 ] SKAAR, I<. T. Vibrations Parameters, Det Norske Veiitas

Seminar on Ship Vibrations, 1977.

[ 20 ] Handbook on Ship Vibration, Preliminarv, Report

No. 79 - 1003, Det Norske Veritas, 1979.

[ 2 1 ] LEENARS,C.E. J. e FORBESP.E.,AnApproachtoVibration

Problems at the Design Stage, RINA Symposium on Propellei

Induced Ship Vibrations, London, 1979.

[ 22 ] SKAAR, K. T., Finite Element Analysis to Investigate Resonant

Vibration and Forced Response, Det Norske Veritas Noise and

Vibration Seminar, Rio de Janeiro, 1981.

[ 23 ] HYLARIDES, I. S., Critical Consideration of Present Hull

Vibration Analysis, Report No. 144 S. Netherlands Ship Research

Centre TNO, 1971.

[ 241 TIMOSHENKO, S., YOUNG, D. H. e WEAVER JR., W.,

Vibration Problems in Engineering, Fourth Edition, John Wiley

& Sons, 1979.

[ 25 ] LOPES, T. A. P. e TROYMAN, A. C. R., Apostila de Vibrações

do Navio, Escola de Engenharia NFRJ, 1980.

Confidencial