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RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: PRODUÇÃO LIMPA
Leena Tavares Monteiro, Estudante de Engenharia Civil, Centro Universitário do Norte –
Uninorte, Manaus, e-mail: [email protected]
Eng./Arq. Arlindo Rubens de Oliveira Frota, Orientador do Centro Universitário do Norte
RESUMO
O presente artigo aborda a temática da sustentabilidade ressaltando a relação da Produção Limpa e a construção civil refletindo sobre o reaproveitamento e reciclagem dos resíduos de construção civil (RCC). Tem como objetivo analisar o reaproveitamento dos resíduos na construção civil refletindo sobre o processo de produção limpa, bem como a reutilização dos resíduos proveniente da construção civil na produção de matéria-prima secundária que possam ser aplicadas no próprio setor da construção civil. A pesquisa parte de uma revisão bibliográfica de caráter descritivo e exploratório que prever a elaboração de um material reflexivo sobre a aplicação da Produção Limpa na construção civil. A metodologia configura-se no âmbito da revisão de literatura de caráter descritivo, fazendo uso do método exploratório por meio da análise de conteúdo. Dessa forma, os resultados apontam para uma positividade da Produção Limpa na construção, tendo em vista a gestão ambiental dos resíduos na construção civil. Sendo assim, o artigo fomenta que o processo de reaproveitamento e reciclagem na construção civil viabiliza o corte de custo e redução da produção de resíduos tornando o setor mais seguro, com maior qualidade nos produtos e serviços obedecendo assim as leis normalizadoras do desenvolvimento sustentável dos recursos.
Palavras-chave: Construção Civil. Resíduos. Produção Limpa.
ABSTRACT
This article deals with the sustainability theme, highlighting the relation between Clean Production and civil construction, reflecting on the reuse and recycling of construction waste (RCC). Its objective is to analyze the reuse of waste in civil construction, reflecting on the clean production process, as well as the reuse of waste from construction in the production of secondary raw material that can be applied in the civil construction sector itself. The research starts from a descriptive and exploratory bibliographical review that predicts the elaboration of a reflective material on the application of Clean Production in civil construction. The methodology is set within the scope of literature review of a descriptive character, making use of the exploratory method through content analysis. In this way, the results point to a positivity of Clean Production in construction, considering the environmental management of waste in construction. Thus, the article encourages that the process of reuse and recycling in the construction industry makes it possible to cut costs and reduce waste production, making the sector safer, with higher quality in products and services, thus complying with the normalizing law for the sustainable development of resources.
Keywords:Construction. Waste. Clean Production.
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INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores que mais contribui para o PIB brasileiro
e que fomenta a oferta de emprego, pois está dentro dos setores que mais faz uso
dos recursos e ao mesmo tempo o que mais produz resíduo. No que se refere ao
reaproveitamento de resíduos na construção civil, percebe-se a existência de
ferramentas de gestão e a aplicabilidade disposto na Resolução nº 307 do CONAMA
de 2002 estabelecendo a redução de resíduos e preservação dos recursos (BRASIL,
2002).
Nessa perspectiva, surge a Produção Limpa ou Produção mais Limpa (P+L)
compreendida como uma ferramenta da gestão ambiental que caráter econômico e
tecnológico que prever o aceleramento da produção visando a redução de custos e
a minimização dos resíduos.
Diante desse contexto, a pesquisa nasce com o objetivo de analisar o
reaproveitamento dos resíduos na construção civil refletindo sobre o processo de
produção limpa, bem como a reutilização dos resíduos proveniente da construção
civil na produção de matéria-prima secundária que possam ser aplicadas no próprio
setor da construção civil.
Nesse sentido, o presente artigo visa mostrar por meio da revisão literária a
importância das inovações tecnológicas e ambientais na área da construção civil,
refletindo sobre as alternativas de aproveitamento dos resíduos de construção e
demolição.
Aborda-se ainda os aspectos da Produção Limpa, uma ferramenta
metodológica da gestão ambiental com aplicabilidade para a redução de custos e
diminuição de resíduos no sentido de atender as expectativas do setor industrial da
construção civil frente as inovações tecnológicas.
A metodologia parte da pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e
exploratório sob a ótica da análise de conteúdo possibilitando mensurar de forma
sucinta os benefícios da Produção Limpa no setor da construção civil.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O presente artigo tem por finalidade analisar o reaproveitamento dos
resíduos na construção civil refletindo sobre o processo de produção limpa, bem
3
como a reutilização dos resíduos proveniente da construção civil na produção de
matéria-prima secundária que possam ser aplicadas no próprio setor da construção
civil. Nessa perspectiva, apresenta-se os resíduos sólidos e a construção civil
mostrando que nos últimos anos o setor construtivo avançou significativamente
oportunizando o mercado a crescer e viabilizando novas vagas de trabalho.
Nesse sentido o presente artigo visa mostrar a importância das inovações
tecnológicas na área da construção civil, buscando alternativas para o
aproveitamento dos resíduos de construção e demolição, demonstrando ser possível
produzir de forma limpa através de um sistema de gestão ambiental para o uso e
reaproveitamento dos resíduos sólidos proveniente da construção civil que possa
atender as expectativas do setor da industrial da construção civil frente as inovações
tecnológicas (EVANGELISTA; BASTOS COSTA; ZANTA, 2010).
A Revolução Industrial transformou os setores de produção e a construção
civil foi um dos setores que sofreu grande impacto com a presença de equipamentos
modernos, qualificação dos profissionais, e novas metodologias para a produção de
projetos que pudessem atender as necessidades nas normas ambientais, que criou
um novo parâmetro para a produção chamada de Produção Limpa ou Produção
Mais Limpa (P+L) (FARIAS; MEDEIROS; FREITAS, 2015).
A produção mais Limpa é uma vertente do desenvolvimento sustentável
ligado as inovações nas empresas, que norteia o setor industrial na direção de um
desenvolvimento econômico competitivo e sustentável pautado sustentabilidade dos
recursos naturais e preservação da matéria-prima, ou seja, é uma estratégia
econômica, ambiental e tecnológica que visa a eficiência no uso de matérias-primas,
economizando água e energia, bem como promovendo a reciclagem e a redução de
resíduos oriundo do processo industrial (DE MAGALHÃES WERNER, 2010).
Sendo assim, a Produção mais Limpa é uma metodologia ambiental de
cunho preventivo que visa minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente
equacionado os processos, produtos e serviços a necessidade de preservação dos
recursos juntamente com a elevação do consumo (BARBIERI, 2007). Ver figura 1.
Figura 1: Fluxograma Produção Mais Limpa (P+L)
4
Fonte: Disponível em<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1751789/mod_resource/content/1/O_que_Produo_mais_Limpa.pdf>. Acesso em 04 mar 2019.
Quanto a relação da construção civil e as inovações tecnológicas nota-se a
necessidade da promoção e criação de uma regulamentação ambiental que viesse
possibilitar a gestão ambiental promovendo os incentivos ao investimento e a
inovação tecnológica no sentido de acelerar a produção diminuído o desperdício da
matéria-prima (FARIAS; MEDEIROS; FREITAS, 2015).
Com relação ao reaproveitamento dos resíduos da construção civil essa
estratégia ambiental volta-se produção externa dos resíduos, bem como a
fiscalização do descarte de forma segura dos resíduos não reciclados maximizando
o processo de reaproveitamento (DA CUNHA FERNANDES, 2015).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Premissas
O presente trabalho tem por objetivo analisar o reaproveitamento dos
resíduos na construção civil refletindo sobre o processo de produção limpa, bem
como a reutilização dos resíduos proveniente da construção civil na produção de
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matéria-prima secundária que possam ser aplicadas no próprio setor da construção
civil. Sendo assim, a pesquisa encontra-se está estruturado em sessões.
A primeira apresenta brevemente a temática e a premissa da pesquisa, a
segunda faz um aporte teórico fazendo uma reflexão histórica dos resíduos sólidos
na construção civil, discutindo o processo de desenvolvimento da produção limpa, a
construção civil e as inovações tecnológicas, e o reaproveitamento dos resíduos da
construção civil, a terceira discorre sobre os resultados e discussões e por fim
apresentam-se as considerações finais.
2.2. Resíduos da Construção Civil (RCC)
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas - ABNT, NBR 10004 de 2004,
define resíduo sólido como resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que
resultam de atividades da comunidade de origem, industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de variações, bem como os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água lançados nas redes públicas de esgotos ou
córregos d’água. Com relação a construção civil a NBR 10004 de 2004 enquadra na
classe II B – Inertes os resíduos de construção civil (RCC) (EVANGELISTA;
BASTOS COSTA; ZANTA, 2010).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é instituída pela Lei nº
12.305/10 que dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos,
salvaguardado as diretrizes referentes ao gerenciamento e gestão integrada dos
resíduos sólidos. A lei dispõe ainda aos fomentos aplicáveis, responsabilidades do
poder público e geradores, bem como aos perigos gerenciamento e gestão dos
resíduos sólidos (BRASIL, 2012, p. 09).
Quanto à gestão integrada de resíduos sólidos a lei se volta ao conjunto de
ações que visem soluções no processo de gerenciamento para os resíduos sólidos,
sob a ótica do desenvolvimento sustentável considerando todos os aspectos que
permeiam a sociedade como as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e
social (BRASIL, 2012, p. 11).
Cabe frisar que antes da Conferência Rio 92 o Brasil não apresenta
nenhuma política voltada para os Resíduos de Construção Civil. Destarte, torna-se
fundamental ressaltar a importância das Normas como a NBR 10004 de 2004 e a
Resolução nº 307 do CONAMA que passa a direcionar estratégias e medidas para o
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setor construtivo gerenciar de forma sustentável seus recursos naturais,
promovendo o desperdício de material e o uso responsável de matéria-prima (SILVA
et al.; 2015).
Em conformidade com a Resolução nº 307 do CONAMA (BRASIL, 2002),
Evangelista; Bastos Costa; Zanta (2010) citam que:
Os RCC são provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (EVANGELISTA; BASTOS COSTA; ZANTA, 2010).
De acordo com a Resolução CONAMA n° 307 de 2002, Silva et al.; (2015)
ressalta que os resíduos da construção civil não podem ser descartados de qualquer
forma ou em qualquer lugar, pois esse material tem alto teor de poluição devido ser
originado de diversos materiais, metálicos, rochas, e químicos como tintas,
argamassas, tijolo e concreto. Ver figura 2.
Figura 2: Resíduos de Construção Civil (RCC).
Fonte: Disponível em<http://servicos2.sjc.sp.gov.br/noticias/noticia.aspx?noticia_id=19194>. Acesso em 04 mar 2019.
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Conforme Farias; Medeiros; Freitas (2015) existe uma dicotomia no contexto
das atividades da construção civil, pois o setor é o que mais consome recursos
naturais cerca de 20% a 50% do total absorvido pela sociedade e, ao mesmo tempo
é o maior produtor de resíduos, fruto de reformas, novas construções, reparos,
demolições de obras, escavação de terrenos que por consequência leva o setor a
pensar em um sistema de gestão para esses resíduos que segue uma classificação
tipológica. Ver figura 3.
Figura 3: Tipos de resíduos da Construção Civil.
Fonte: Disponível em<https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-residuos/>. >. Acesso em 04 mar 2019.
Conforme a produção e classificação dos resíduos, o setor busca na Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) sustentabilidade para gerenciar seus
resíduos e estabelecer novos parâmetros para construção civil a partir da
perspectiva da Produção Mais Limpa (FARIAS; MEDEIROS; FREITAS, 2015).
Sendo assim, a gestão dos resíduos sólidos voltados para a construção civil
necessita estabelecer um processo organizacional que possibilite uma visão
diferenciada dos investidores a respeito da gestão dos resíduos, no sentido de
reaproveitar o máximo de matéria e envolvam nesse processo todos os segmentos
da sociedade que possa a vir ser beneficiado (PINTO et al.; 2005).
A gestão dos resíduos sólidos necessita partir de políticas públicas que
contemple as empresas privadas e públicas, bem como todos os envolvidos no
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processo de fabricação e destino final dos resíduos assumindo responsabilidades na
conservação e qualidade de vida, tanto de quem constrói, quanto de quem vai
usufruir das construçõesvisando construir um futuro mais sadio as próximas
gerações (SILVA et al.; 2015).
2.3 Produção Limpa ou Produção Mais Limpa (P+L)
Entende-se por Produção Limpa ou Produção Mais Limpa a metodologia de
prevenção e gestão ambiental que visa dentro dos atuais padrões de
desenvolvimento econômico e tecnológico a produção com o mínimo de impacto
socioeconômico sem frear o crescimento, bem como considerando os resíduos
como matéria de valor econômico (GASI; FERREIRA,2006).
Dessa forma, Produção Mais Limpa (P+L) é uma das metodologias de
gestão ambiental que nasceu dentro do setor industrial como medida de minimizar
perdas e resíduos podendo ser aplicada de maneira eficiente em todos os setores
industriais com intuito de produzir de maneira limpa atuando na qualidade dos
serviços e produtos e redução de resíduos. Nesse sentido, a P+L é aplicada na
construção civil para prevenir e gerenciar a produção de resíduos (FARIAS;
MEDEIROS; FREITAS, 2015).
A Produção Mais Limpa (P+L) é uma ferramenta de gestão que facilita e
otimiza a compra de materiais reduzindo custos e desperdícios na produção, pois
permite fácil interpretação dos servidores objetivando a diminuição dos resíduos e o
processo de reaproveitamento dessas matérias (sobras) na própria fonte geradora
de resíduos (DA CUNHA FERNANDES, 2015).
Nesse contexto, Farias; Medeiros; Freitas (2015) ressaltam que:
A ferramenta P+L significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo, por produtos ou serviços (FARIAS; MEDEIROS; FREITAS, 2015, p. 371).
Quando comparado com os demais métodos de gestão de recursos naturais,
a Produção Mais Limpa (P+L) se enquadrar como uma ferramenta inovadorano
gerenciamento de resíduos industriais com de caráter preventivo diferentes das
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metodologias de tratamento corretivo a tecnologias de fim de tubo1 que visa corrigir
um problema gerado pelos resíduos industriais (SILVA et al.; 2015).
Ou seja, a P+L é uma ferramenta preventiva que visa a redução dos
resíduos e sua emissão considerando sua periculosidade e quantidade. Sendo
assim, a Produção Mais Limpa busca integrar os objetivos ambientais de prevenção
aos processos de produção dos bens e serviços (ARAÚJO, 2002).
De acordo com Farias; Medeiros; Freitas (2015) essas ações preventivas da
Produção Mais Limpa (P+L) são equacionado a partir dos seus princípios
mensurados nos níveis de ação da ferramenta dividida em cinco sessões: primeiro
nível (eliminação dos resíduos), segundo nível: (minimizar a produção de
resíduo), terceiro nível: (reciclagem dentro da empresa), quarto nível: (reciclagem
fora do processo produtivo), e o quinto nível: (tratamento para disposição final
dos resíduos). Esses níveis norteiam o processo de implantação da Produção Mais
Limpa (P+L) que pode ser expressa conforme figura 4.
Figura 4: Fluxograma de implantação da Produção Mais Limpa na Construção Civil.
Fonte: Da Cunha Fernandes (2015)
O processo de implantação da Produção mais Limpa na construção civil está
permeada a luz do Programa de Gestão Ambiental de Resíduos que define um
1Técnicas de Fim de Tubo são ações que apenas ajudam a diminuir o impacto ambiental de determinados resíduos, ao dar-lhes tratamento. Portanto, o Fim de Tubo só é válido para tratar aqueles resíduos que não puderam ser evitados no processo, sendo considerado uma alternativa de remediação, enquanto a Produção Mais Limpa é uma proposta de solução. Disponível em: <http://rocassianacarlos.blogspot.com/2011/05/producao-mais-limpa-e-tecnicas-de-fim.html>. Acesso 04 de mar 2019.
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conjunto de ações que prever as “etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” que devem ser contemplada
no processo de implantação da Produção Mais Limpa. Ver tabela 1.
Tabela 1: Processo de implantação da Produção Mais Limpa P+L.
Planejamento e Organização Pré-avaliação e diagnóstico Avaliação
Comprometimento da direção da empresa.
Pré-avaliação. Balanços de massas e energia.
Elaboração dos fluxogramas. Avaliação das causas de
geração dos resíduos.
Sensibilização dos funcionários.
Elaboração dos fluxogramas. Geração das opções de Produção mais Limpa.
Definição dos indicadores. Avaliação técnica, ambiental
eeconômica.
Formação do Ecotime. Avaliação dos dados coletados. Seleção da opção
Barreiras. Implementação e Plano de
Continuidade.
Apresentação da metodologia. Seleção do foco de avaliação e
priorização.
Implementação.
Plano de monitoramento e continuidade.
Fonte: Da Cunha Fernandes (2015)
Conforme Pinto et al.; (2005) após a implementação do plano de ação e o
inicio das medidas propostas pela Produção Mais Limpa, alguns benefícios e
possibilidade de melhoras já podem ser evidenciados no setor da construção civil.
Ver tabela 2.
Tabela2: Possibilidade e benefícios da Produção Mais Limpa P+L.
Possibilidades Benefícios
A obtenção de ganhos financeiros pela otimização dos processos produtivos, por meio da melhor utilização da matéria-prima, água,
energia e da não geração de resíduos;
O controle de resíduos na fonte leva à diminuição radical da quantidade;
A adequação à legislação ambiental e colaborar para o bem-estar das comunidades local e
global;
A prevenção de resíduos, diferentemente do tratamento de resíduos, implica em benefício econômico, tornando-a mais atrativa para as
empresas;
Facilitar etapas da implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) para certificação ISO
14001; Melhoria da imagem ambiental;
Aumentar a competitividade pela redução de custos de produção;
Maior facilidade em cumprir as novas leis e regulamentos ambientais.
Utilizar o marketing ambiental para consolidar uma imagem positiva no mercado;
- - - - -
Reduzir o impacto ambiental pela reciclagem dos efluentes e resíduos.
- - - - -
Fonte: Da Cunha Fernandes (2015)
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Diante do exposto percebe-se que a Produção Mais Limpa além de ser uma
ferramenta preventiva estimula e possibilita o controle dos resíduos otimizando os
dos processos produtivos, através de um sistema de gestão dos recursos naturais e
da utilização cada vez melhor da matéria-prima equacionado o uso da matéria e o
aproveitamento dos resíduos (DA CUNHA FERNANDES, 2015).
2.4 Reaproveitamento dos resíduos da construção civil
Com relação ao reaproveitamento dos resíduos da construção civil Pinto et
al.; (2005) frisa que esses resíduos podem ser reutilizados de diversas maneiras
antes de ser descartados obedecem alguns aspectos ambientais e de viabilidade
econômica e financeira para o setor como:
Volume e fluxo estimado de geração; investimento e custos para a reciclagem (equipamento, mão-de-obra, consumo de energia etc.);tipos de equipamentos disponíveis no mercado e especificações; alocação de espaços para a reciclagem e formação de estoque de agregados;possíveis aplicações para os agregados reciclados na obra;controle tecnológico sobre os agregados produzidos;custo dos agregados naturais; custo da remoção dos resíduos (PINTO et al.; 2005, p. 25)
Conforme a Resolução CONAMA n° 307 de 2002, o reaproveitamento dos
resíduos devem obedecer as disposições das leis normalizadoras que para os
resíduos provenientes da construção civil devem passar por uma triagem para
classificar os tipos de resíduos para o armazenamento e destinação adequada
considerando o âmbito da segurança das pessoas e garantia da saúde (SILVA et
al.; 2015). Ver tabela 3.
Tabela 3: Procedimento e cuidados exigidos para o reaproveitamento dos RCC. Tipos de materiais
ou resíduos Cuidados requeridos Procedimento
Painéis de madeira provenientes da desforma de lajes, pontaletes, sarrafos etc.;
Retirada das peças, mantendo-as separadas dos resíduos inaproveitáveis;
Manter as peças empilhadas, organizadas e disponíveis o mais próximo possível dos locais de reaproveitamento. Se o aproveitamento das peças não for próximo do local de geração, essas devem formar estoque sinalizado nos pavimentos inferiores (térreo ou subsolos);
Blocos de concreto e cerâmicos parcialmente danificados;
Segregação imediatamente após a sua geração, para evitar descarte;
Formar pilhas que podem ser deslocadas para utilização em outras frentes de trabalho;
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Solo. Identificar eventual necessidade do aproveitamento na própria obra para reaterros.
Planejar execução da obra compatibilizando fluxo de geração e possibilidades de estocagem e reutilização.
Fonte: Pinto et al.; (2005).
Corroborando com a pesquisa Evangelista; Bastos Costa; Zanta (2010)
mencionam que os resíduos podem ser reaproveitados de acordo com os seguintes
procedimentos (Doação, Reaproveitamento na obra, Reaproveitamento em outra
obra, e Queima de resíduos). Ver tabela 4.
Tabela 4: Procedimento e cuidados exigidos para o reaproveitamento dos RCC.
Procedimento Tipos de resíduos Reaproveitamento
Doação
Resíduos de PVC/PEXoriundo de instalações hidráulicas; as latas de tintas, da etapa de pintura; embalagens plásticas (PET) e os resíduos de papel.
São doados aos operários do projeto que reutilizam ou revendem esses materiais de formas variadas, sem qualquer vinculo com o projeto.
Reaproveitamento na obra
Resíduos de madeira, da etapa de instalação do canteiro e da etapa de fundação. Além dos resíduos de madeira, são aproveitados na obra os resíduos de revestimentos cerâmicos, de manta asfáltica, de gesso e de pedras nobres acabamentos de pequenas dimensões ou aterros.
São aproveitados na própria obra, os pequenos, para fabricação de piquetes para topografia e, os maiores, para fabricação de formas que são utilizadas na etapa de concretagem.
Reaproveitamento em outra obra
De resíduos de revestimentos cerâmicos, mas ocorre eventualmente.
São eventualmente reaproveitado em outras obras.
Queima de resíduos
Sacos de papelão e plásticos, das etapas de alvenaria, salpique/reboco/encunhamento, revestimento cerâmico e, da etapa de colocação de pedras nobres, louças e metais. Além desses, os resíduos de lixa, da etapa de pintura também.
São queimados na própria obra e as cinzas depositadas no solo para servirem de adubo para plantas.
Fonte: Farias; Medeiros; Freitas (2015).
Sendo assim, os Resíduos de Construção Civil (RCC) são definidos pela
Resolução 307/2002 do CONAMA e pela Lei 12.305/2010 que classifica o RCC
como resíduos de classe A, apresentado como de grande potencial de reciclagem e
reaproveitamento, pode reutilizado de diversas formas com objetivo de minimizar os
impactos negativos ao meio ambiente, bem como redução de custos e de resíduo
(EVANGELISTA; BASTOS COSTA; ZANTA, 2010).
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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O recorte metodológico do estudo parte da pesquisa bibliográfica,
exploratória e descritiva sob a ótica da análise de conteúdo.A pesquisa bibliográfica
faz parte de qualquer estudo e tem diferentes conceitos que se complementam de
acordo com Gil (2008):
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza (GIL, 2008, p.44).
Quanto a pesquisa exploratória, Gil (2008) destaca que a mesma é
desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral a cerca de determinado
fato. Portanto, esse tipo de pesquisa é realizado, sobretudo, quando o tema
escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e
operacionalizáveis.
Já a pesquisa descritiva na visão de Prodanov; Freitas (2013) estabelece
que:
O pesquisador apenas registra e descreve osfatos observados sem interferir neles. Visa a descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relaçõesentre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados:questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 52).
Quanto aos procedimentos de coleta de dados, estes foram coletados
através de levantamento bibliográfico levando em consideração as peculiaridades do
tema. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos o estudo tem como suporte
para mensurar os resultados a análise de conteúdo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Análisedo reaproveitamento dos resíduos da construção civil.
A pesquisa por se tratar de uma revisão literária buscou em autores como
Evangelista; Bastos Costa; Zanta (2010), silva et al.; (2015), Pinto et al.; (2005), Da
Cunha Fernandes (2015), Farias; Medeiros; Freitas (2015), De Magalhães Werner
(2010), Barbieri (2007), Brasil (2012), Gasi; Ferreira (2006) entre outros para
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embasar os principais conceitos e contextualizações a respeito da construção civil,
Produção Limpa, resíduos e sustentabilidade.
Com base nesse suporte teórico e através da pesquisa exploratória, pode-se
evidenciar que o reaproveitamento dos resíduos da construção civil ganha ênfase
com as novas políticas ambientais que prever que as indústrias passem a produzir
sobe a ótica da sustentabilidade e preservação dos recursos e matéria-prima.
No que tange o reaproveitamento e reciclagem dos resíduos RCC a
pesquisa ressalta que o primeiro passo é realizar a classificação dos resíduos para
assim direcionar sua reutilização. Dessa forma os resíduos podem ser de classe A
(tijolo, concreto, argamassa); classe B (plásticos, papéis, gesso, metais, vidros);
classe C (isopor, massa corrida, massa de vidro etc); e classe D (tintas, solventes,
ferramentas) dentre a classificação somente a classe C não apresenta tecnologia
para a reciclagem desses materiais.
É importante mencionar que o reaproveitamento dos resíduos através da
Produção Limpa auxilia na organização dos canteiros de obras das construções
civis, promovendo a preservação do meio ambiente, bem como gerando retorno
financeiro para a construtora, pois o reaproveitamento e a reciclagem reduzem os
desperdícios transformando os resíduos em blocos de cimentos, tijolos, e britas que
como matéria-prima secundária pode ser reutilizada no próprio setor.
Diante desse contexto, a pesquisa frisa que cada vez é mais comum a
presença de RCC (concreto, argamassa, cerâmicas, vidros, madeiras e peças de
vedação) em locais inadequados como depósitos clandestinos, terrenos baldios, e
próximos as nascentes mananciais. Dessa forma, o reaproveitamento e reciclagem
dos RCC contribuem para a vida útil dos aterros sanitários, pois reduz a produção
dos resíduos e controla o uso dos recursos naturais abrindo mercado para os
produtos reciclados que vem se tornando tendência na construção civil.
CONCLUSÃO
Conforme a revisão de literatura compreende-se que os resíduos sólidos são
materiais (sobras) em estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da
comunidade podendo ser de origem, industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de variações como a construção civil.
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Entretanto, quando se trata dos resíduos sólidos de construção civil a
Resolução nº 307/2002 do CONAMA estabelece que esses são provenientes de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras
e compensados, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulhos de
obras, caliça ou metralha.
Logo, a construção civil como mostra as literaturas analisadas são de fato o
setor que mais polui gerando grande quantidade de resíduos. Por outro lado, esses
excesso podem ser caracterizados e potencializados como matéria prima para a
produção de novos produtos ou produtos secundários que podem ser reaproveitados
tendo utilidade novamente dentro do próprio setor caracterizando o que chama-se
de Produção Limpa respondendo as diretrizes da construção sustentável.
Diante da análise dos resultados e respondendo ao objetivo da pesquisa de
analisar o reaproveitamento dos resíduos na construção civil refletindo sobre o
processo de produção limpa, bem como a reutilização dos RCC dentro do próprio
setor. A pesquisa evidencia que essa política de proteção ambiental introduzida pelo
método da Produção Limpa causa um impacto positivo nas dimensões política,
econômica, ambiental, cultural e social, pois trata-se de uma estratégia econômica,
ambiental e tecnológica.
Nesse sentido, pode-se perceber que a construção civil não pode fugir aos
parâmetros ambienteis de produção e necessita considerar o desenvolvimento
econômico e tecnológico optando por uma produção com o mínimo de impacto
socioeconômico sem frear o crescimento, e conceber os resíduos como matéria de
valor econômico que pode fomentar outras áreas do mercado, bem como o próprio
setor que reduz perdas e diminui custos.
Dessa forma, a pesquisa aponta para uma positividade da Produção Limpa
na construção, tendo em vista a gestão ambiental dos resíduos na construção civil.
Sendo assim, o artigo fomenta que o processo de reaproveitamento e reciclagem na
construção civil viabiliza o corte de custo e redução da produção de resíduos
tornando o setor mais seguro, com maior qualidade nos produtos e serviços
obedecendo assim às leis e normas do desenvolvimento sustentável dos recursos.
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REFERÊNCIAS
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