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EST. ECON., SãO PAULO, V. 40, N. 3, P. 617-649, JULHO-SETEMBRO 2010 Eficácia dos Controles de Capitais no Brasil: Uma Abordagem Teórica e Empírica Alternativa Guilherme Jonas Costa da Silva Marco Flávio da Cunha Resende Resumo Este artigo tem por objetivo aprofundar a discussão sobre a eficácia dos controles de capitais no Brasil, no final da década de 1990. Avalia-se a hipótese de que os controles de capitais no Brasil foram endógenos. Em seguida, busca-se testar se controles exógenos são superiores aos endógenos e, mais, se, em momentos de crise cambial, os controles via preços seriam tão eficientes quanto os controles de capitais quantitativos. Para tanto, emprega-se, de modo pioneiro, o método de estimação VAR para testar tais hipóteses. Os resultados observados sugerem que os controles de capitais no Brasil foram de fato endógenos e eficazes em conter uma parte significativa da fuga de capitais no período analisado. A hipótese de que os controles exógenos seriam relativamente melhores não foi rejeitada, embora também não fossem suficientemente eficazes para reverter totalmente a crise cambial de 1999. Com efeito, as evidências permitem inferir que, nos momentos de grande instabilidade financeira, apenas os controles de capitais quantitativos seriam capazes de conter totalmente uma massiva fuga de capital. Palavras-Chave vulnerabilidade externa, controles de capitais, economia brasileira Abstract The aim of this paper is to evaluate the effectiveness of capital controls in Brazil, at the end of the 1990s. To do this, we test some hypotheses about capital controls in Brazil. The first hypothesis is that capital controls in Brazil were endogenous during the 1990s. The second one is that exogenous capital controls were more effective than the endogenous one. The third hypothesis is that capital controls by prices have the same effectiveness as quantitative controls when an external crisis is happening. To test these hypotheses the Autoregressive Vector method was used. This method is used in a pioneer way to test hypotheses about capital controls. The results highlight that capital controls in Brazil were endogenous and partially successful to obstruct the capital flight in 1999, although the exogenous controls seem to be more effective than the endogenous one. Another conclusion of the paper is that in periods of large financial instability only the quantitative capital controls are capable to obstruct all the capital flight. Keywords external vulnerability, capital controls, Brazilian economy JEL Classification F32, G18, E12 Instituto de Economia, Universidade Federal de Uberlândia (IE-UFU) e Centro de Planejamento e Desen- volvimento Regional da UFMG (CEDEPLAR/UFMG). E-mail: [email protected]. Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional, UFMG (CEDEPLAR/UFMG) e CNPq. E-mail: re- [email protected]. Endereço para contato: Av. João Naves de Ávila, 2121 – Campus Santa Mônica – Bloco 1J – Sala 1J241 – Bairro Santa Mônica – Uberlândia – MG – Brasil. CEP 38400-902. (Recebido em março de 2008. Revisões requeridas em março de 2009. Aceito para publicação em dezembro de 2009).

Resende,MarcoFC v40n3a05

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  • Est. Econ., so Paulo, v. 40, n. 3, P. 617-649, JulHo-sEtEMBRo 2010

    Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil: Uma Abordagem Terica e Emprica Alternativa

    Guilherme Jonas Costa da Silva Marco Flvio da Cunha Resende

    ResumoEste artigo tem por objetivo aprofundar a discusso sobre a eficcia dos controles de capitais no Brasil, no final da dcada de 1990. Avalia-se a hiptese de que os controles de capitais no Brasil foram endgenos. Em seguida, busca-se testar se controles exgenos so superiores aos endgenos e, mais, se, em momentos de crise cambial, os controles via preos seriam to eficientes quanto os controles de capitais quantitativos. Para tanto, emprega-se, de modo pioneiro, o mtodo de estimao VAR para testar tais hipteses. Os resultados observados sugerem que os controles de capitais no Brasil foram de fato endgenos e eficazes em conter uma parte significativa da fuga de capitais no perodo analisado. A hiptese de que os controles exgenos seriam relativamente melhores no foi rejeitada, embora tambm no fossem suficientemente eficazes para reverter totalmente a crise cambial de 1999. Com efeito, as evidncias permitem inferir que, nos momentos de grande instabilidade financeira, apenas os controles de capitais quantitativos seriam capazes de conter totalmente uma massiva fuga de capital.

    Palavras-Chavevulnerabilidade externa, controles de capitais, economia brasileira

    AbstractThe aim of this paper is to evaluate the effectiveness of capital controls in Brazil, at the end of the 1990s. To do this, we test some hypotheses about capital controls in Brazil. The first hypothesis is that capital controls in Brazil were endogenous during the 1990s. The second one is that exogenous capital controls were more effective than the endogenous one. The third hypothesis is that capital controls by prices have the same effectiveness as quantitative controls when an external crisis is happening. To test these hypotheses the Autoregressive Vector method was used. This method is used in a pioneer way to test hypotheses about capital controls. The results highlight that capital controls in Brazil were endogenous and partially successful to obstruct the capital flight in 1999, although the exogenous controls seem to be more effective than the endogenous one. Another conclusion of the paper is that in periods of large financial instability only the quantitative capital controls are capable to obstruct all the capital flight.

    Keywordsexternal vulnerability, capital controls, Brazilian economy

    JEL ClassificationF32, G18, E12

    Instituto de Economia, Universidade Federal de Uberlndia (IE-UFU) e Centro de Planejamento e Desen-volvimento Regional da UFMG (CEDEPLAR/UFMG). E-mail: [email protected].

    Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional, UFMG (CEDEPLAR/UFMG) e CNPq. E-mail: [email protected].

    Endereo para contato: Av. Joo Naves de vila, 2121 Campus Santa Mnica Bloco 1J Sala 1J241 Bairro Santa Mnica Uberlndia MG Brasil. CEP 38400-902.(Recebido em maro de 2008. Revises requeridas em maro de 2009. Aceito para publicao em dezembro de 2009).

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    1 Introduo

    Os controles de capitais podem ser pea importante para uma estratgia de cresci-mento econmico sustentado, principalmente em economias marcadas pela instabi-lidade macroeconmica. Tais controles selecionam os fluxos de capital, confinando os capitais especulativos a volumes administrveis e isolando a economia, em algum grau, dos choques externos. Assim, os controles de capitais atuam no sentido de reduzir a volatilidade das taxas de cmbio e de juros, ajudando a estimular as de-cises de investimento na economia (CARVALHO; SICS, 2007, cap. 7; PAULA; OREIRO; SILVA, 2003).

    Recentemente, observou-se o crescimento e a diversificao dos fluxos financeiros internacionais, acompanhados do aumento da participao de ativos de elevada li-quidez na estrutura do passivo externo das economias. O horizonte de curto prazo passou a prevalecer no mbito dos fluxos internacionais de capital e o humor dos mercados financeiros internacionais tornou-se relevante na determinao de tais fluxos (FFRENCH-DAVIS, 2003).

    Se este contexto das finanas internacionais amplia a vulnerabilidade externa das economias, as moedas das economias cujo sistema nacional de inovaes (SI) pou-co desenvolvido tornam-se ainda mais vulnerveis s vicissitudes dos mercados fi-nanceiros mundiais (RESENDE, 2005; RESENDE; AMADO; 2007; AMADO et al., 2008). A partir do estudo da interao de elementos de cunho Neo-Schumpeteriano com elementos de cunho ps-Keynesiano, estes autores demonstram que os ciclos de crescimento das economias em desenvolvimento so mais afetados pelos ciclos da liquidez internacional vis--vis aos ciclos das economias desenvolvidas. O baixo desenvolvimento relativo do SI de uma economia afeta o grau de sua vulnerabilidade externa, com efeitos sobre o posicionamento do sistema financeiro internacional em relao a esta economia e sobre seus ciclos de crescimento.

    Sendo assim, no caso das economias com menor desenvolvimento relativo de seus SIs, a poltica de controle de capitais torna-se ainda mais relevante, visto que estas economias so caracterizadas por elevada vulnerabilidade externa de carter estru-tural. Segundo Albuquerque (1999), so as economias em desenvolvimento aque-las que apresentam pequeno desenvolvimento relativo de seus SIs e, entre estas, encontra-se a economia brasileira. Ademais, autores como Carvalho e Sics (2007, cap. 7) e Paula, Oreiro e Silva (2003) argumentam que os controles de capitais j foram adotados com sucesso em diversos pases. Portanto, o estudo e aplicao de controle de capitais pertinente para o caso brasileiro.

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    As evidncias de controles de capitais, adotados no Brasil na dcada de 1990, su-gerem que estes eram aplicados sobre a entrada e a sada de recursos estrangeiros e feitos por intermdio da cobrana de imposto sobre operaes financeiras (IOF). Estudos recentes demonstraram que os controles de capitais feitos sobre a entra-da de capitais externos eram endgenos, ou seja, o governo reagia aumentando o controle nos perodos de boom e liberalizando nos perodos de crise. Conforme Schneider (2000), os controles de capitais no Brasil no foram eficientes em conter as presses contra a moeda domstica. Entretanto, no h estudos sobre os contro-les via preos adotados na sada dos capitais externos, se estes foram endgenos ou exgenos e sua eficcia em conter parte dos movimentos de capitais, entre outras coisas, o que justificaria o esforo de reexame da (in)eficcia dos controles de ca-pitais no Brasil.

    O presente artigo tem por objetivo aprofundar a discusso sobre a eficcia dos controles de capitais no Brasil, no final da dcada de 1990. Busca-se, tambm, avaliar se controles exgenos so superiores aos endgenos e, ainda, se, em momen-tos de crise cambial, os controles via preos so to eficientes quanto os controles quantitativos. Para tanto, o trabalho foi estruturado em quatro sees, alm desta introduo. Na segunda seo, define-se o comportamento do sistema financeiro internacional, baseando-se na abordagem Minskyana de instabilidade financeira, com intuito de entender os motivos para a maior volatilidade dos fluxos de capitais nas economias em desenvolvimento (cujo SI relativamente menos desenvolvido) vis--vis s economias desenvolvidas. Na seo seguinte, discute-se a teoria dos controles de capitais, os tipos, os objetivos e seus possveis desdobramentos para a economia brasileira; na quarta seo, a metodologia economtrica e as evidncias empricas so apresentadas. Na ltima seo a ttulo de concluso , resgatam-se os principais resultados encontrados no artigo.

    2 Sistema Nacional de Inovao, Fluxos de Capitais e os Ciclos das Econo-mias em Desenvolvimento

    Nas ltimas dcadas, observou-se o crescimento e a diversificao dos fluxos finan-ceiros internacionais. Este fenmeno vem acompanhado pela substituio do crdito bancrio de longo prazo por fluxos de investimento de portflio, financiamento bancrio de mdio e curto termo e fluxos de capitais ligados a fuses e aquisies. Isto resultou no aumento da participao de ativos de elevada liquidez na estrutura do passivo externo das economias (FFRENCH-DAVIS, 2003).

    Deste modo, os fluxos financeiros nos ltimos anos tornaram-se bem mais volteis vis--vis aos fluxos de perodos anteriores. Os agentes predominantes no mercado

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    financeiro especializaram-se em investimentos de alta liquidez, tornando-se mais responsivos a mudanas nas variveis que afetam os retornos de curto prazo. O horizonte de curto prazo passou a prevalecer no mbito dos fluxos internacionais de capital e o humor dos mercados financeiros internacionais tornou-se relevante na determinao de tais fluxos (FFRENCH-DAVIS, 2003; FFRENCH-DAVIS; OCAMPO, 2001; PLIHON, 1995).

    Segundo Resende e Amado (2007), esta volatilidade dos fluxos de capitais ampli-ficada pelo comportamento Minskyano do sistema financeiro internacional em um contexto de incerteza e de ausncia de instituies coordenadoras e flexibilizadoras da oferta de liquidez em nvel mundial. Mais ainda, tal comportamento do sistema financeiro internacional implica maior volatilidade dos fluxos de capitais nas eco-nomias em desenvolvimento vis--vis s economias desenvolvidas. Este fenmeno pode ser explicado por meio da interao de elementos de cunho Schumpeteriano com elementos de cunho ps-Keynesiano, que produz especificidades no vnculo das economias em desenvolvimento com os mercados financeiros mundiais, conforme se argumenta a seguir.

    O conceito de Sistema Nacional de Inovaes (doravante SI) est elaborado na lite-ratura neo-Schumpeteriana.1 Nelson (2005), Freeman (2004), Fagerberg (1994), Dosi et al. (1994), entre outros, ressaltam os efeitos positivos do SI sobre a produ-tividade e a competitividade de uma economia, considerando, inclusive, a impossi-bilidade de substituio do SI pela importao de tecnologias, visto que a tecnologia tem um carter local. Assim, a despeito do processo recente de globalizao, o SI permanece fundamental para o desenvolvimento do progresso tcnico e sua difuso (FREEMAN, 2004). Com respeito relao entre SI e a competitividade de uma economia, Freeman (2004, p. 25, apud PORTER, 1990) argumenta que:

    A vantagem competitiva criada e sustentada atravs de um pro-cesso altamente localizado. Diferenas em estruturas econmicas nacionais, valores, culturas, instituies e histrias, contribuem profundamente para o sucesso competitivo. O papel da nao parece ser to forte quanto ou mais forte do que nunca. Enquanto a globalizao da competio pode fazer parecer o papel da nao

    1 Trata-se de uma construo institucional que impulsiona o progresso tecnolgico (...) atravs da construo de um sistema nacional de inovaes, viabiliza-se a realizao de fluxos de in-formao e conhecimento cientfico e tecnolgico necessrios ao processo de inovao. Esses arranjos institucionais envolvem firmas, redes de interao entre empresas, agncias governa-mentais, universidades, institutos de pesquisa e laboratrio de empresas, bem como a atividade de cientistas e engenheiros: arranjos institucionais que se articulam com o sistema educacional, com o setor industrial e empresarial e com as instituies financeiras, compondo o circuito dos agentes que so responsveis pela gerao, implementao e difuso das inovaes tecnolgicas. (ALBUQUERQUE, 1996. p. 228).

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    menos importante, ao contrrio, ele torna-se ainda mais impor-tante. Com poucas barreiras ao comrcio para proteger firmas e indstrias domsticas no competitivas, a nao ganha crescente importncia porque ela a fonte de habilidades e de tecnologia que leva vantagem competitiva.

    Fajnzylber (1983), estudando a competitividade das economias perifricas (em de-senvolvimento) no contexto da relao Centro x Periferia desenvolvida em estudos da Comisso Econmica para a Amrica Latina (CEPAL), aproximou-se da Escola neo-Schumpeteriana e de seu conceito de SI. Segundo este autor, uma indstria desprovida de um ncleo endgeno de dinamizao tecnolgica no permitiria a superao da vulnerabilidade externa das economias perifricas. Por ncleo endge-no de dinamizao tecnolgica ele entende uma infraestrutura cientfico-tecnolgica estreitamente inserida e vinculada ao aparato produtivo, nos moldes propostos pelos neo-Schumpeterianos para o SI.2

    Segundo os neo-Schumpeterianos, o progresso tecnolgico e seus efeitos positivos sobre a produtividade e a competitividade da economia so espacialmente localiza-dos (FAGERBERG, 1994, p. 1156-1161). Portanto, quanto menos desenvolvido for o SI de uma economia, menor ser o progresso tcnico desta e, ento, menor ser sua competitividade (FREEMAN, 2004; FAGERBERG, 1994; DOSI et al., 1994; BERNARDES; ALBUQUERQUE, 2003). Menor ser, tambm, sua capacidade de produzir bens que esto na fronteira tecnolgica ou prximos a ela. Assim, menor tende a ser a diversificao da estrutura produtiva da economia e maior tende a ser seu coeficiente de importao em relao ao seu coeficiente de exportao, princi-palmente nas fases ascendentes dos ciclos de crescimento econmico.

    A relao entre desenvolvimento do SI, ganhos de competitividade e reduo da vulnerabilidade externa da economia foi estudada em Resende e Torres (2008) e em Amado et al. (2008). Estes autores demonstraram que, no pas onde o SI relativamente menos desenvolvido, a despeito de sua industrializao, sua elastici-dade-renda da demanda de exportao tende a ser inferior sua elasticidade-renda da demanda de importao, ensejando uma vulnerabilidade externa estrutural, nos moldes propostos por autores da Cepal, como Prebisch (2000), e de cunho Kaldoriano, como McCombie e Thirwall (1994). A vulnerabilidade externa estru-tural das economias em desenvolvimento, que decorre do menor desenvolvimento

    2 Ou seja, na sua constituio, participaria uma ampla gama de agentes e motivaes: plantas in-dustriais, institutos de tecnologia, institutos de cincia bsica, organismos que preparam pessoal qualificado dos distintos nveis e os ministrios e rgos centrais que definem polticas e normas; na interao entre esses agentes e motivaes que se d o processo de criatividade (...) associa-do ao processo de aprendizagem, que fator determinante da competitividade a longo prazo. (FAJNZYLBER, 1983, p. 281).

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    de seus SIs em relao aos SIs das economias desenvolvidas, produz efeitos distintos sobre o comportamento do sistema financeiro internacional em relao ao grupo das economias desenvolvidas e ao grupo das economias em desenvolvimento.

    A relao entre a vulnerabilidade externa estrutural de uma economia e o sistema financeiro internacional compatvel com o paradigma ps-Keynesiano e pode ser estudada por meio deste. A abordagem Minskyana de instabilidade financeira e seus reflexos sobre a economia real tm sido resgatados recentemente para explicar as crises cambiais por que tm passado as economias ditas em desenvolvimento.

    Embora as anlises de Minsky (1986) estejam associadas a economias fechadas, recentes trabalhos tm procurado fazer o mesmo tipo de anlise para crises cam-biais em diversas economias, sobretudo economias em desenvolvimento (PAULA; ALVES JR., 2000; ARESTIS; GLICKMAN, 2002; RESENDE, 2005; RESENDE; AMADO, 2007). Estes trabalhos tendem a tratar o sistema financeiro internacional nos moldes dos desenvolvimentos de Minsky (1986) e tratam os pases como unida-des econmicas (hedge, especulativa ou ponzi), que esto prximas categorizao sobre vulnerabilidade desenvolvida por aquele autor. Estabelecem, assim, medidas para a vulnerabilidade e procuram mostrar como, atravs do ciclo recente dessas economias, chega-se crise cambial.

    Dow (1993, p. 171-176) demonstrou a natureza especfica da relao das economias em desenvolvimento com o sistema financeiro internacional. Este exerce um contro-le discricionrio no que diz respeito distribuio e ao volume de crdito externo, em um contexto de incerteza.3 Quanto maior a incerteza sobre a capacidade dos devedores em honrar seus compromissos, maior ser a preferncia pela liquidez do sistema financeiro. Mesmo supondo que o crdito internacional seja perfeitamente endgeno, as economias cuja possibilidade de default alta (incerto) sofrero racio-namento de crdito externo.

    Segundo Resende (2005), economias classificadas na categoria especulativa/ponzi pelos mercados financeiros mundiais seriam aquelas com menor capacidade rela-tiva em gerar o influxo lquido de divisas externas necessrio (seja pela balana comercial, de servios ou de capitais) para honrar seus compromissos financeiros internacionais. Assim, as economias cujo SI possui baixo desenvolvimento rela-tivo so menos competitivas e apresentam menor capacidade relativa de gerar os recursos necessrios para honrar seus compromissos financeiros internacionais. Consequentemente, tais economias apresentam elevada vulnerabilidade exter-na e so classificadas pelo sistema financeiro internacional como unidades espe-

    3 O conceito de incerteza est definido na literatura ps-Keynesiana e difere do conceito de risco. Ver, por exemplo, Dow (1985, p. 184-203) e Carvalho (1992, p. 54-69).

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    culativas ou ponzi. De outro lado, Albuquerque (1999) demonstrou que as eco-nomias com menor desenvolvimento relativo de seus SIs so as economias em desenvolvimento.

    O sistema financeiro internacional, por seu turno, se comportaria conforme esque-ma semelhante ao proposto por Minsky (1986). Em funo do aumento cclico da liquidez internacional, em grande parte endogenamente gerada atravs de inovaes financeiras, os mercados financeiros externos aceitam financiar pases com caracte-rsticas de unidade especulativa e mesmo ponzi. Ou seja, nos perodos de ascenso cclica da liquidez mundial, o otimismo que prevalece nos mercados externos esti-mula o finance internacional e a captao de recursos, inclusive pelas economias de carter especulativo/ponzi. Os resultados positivos de seus balanos de pagamentos denotam ampliao da oferta de finance e amenizam a incerteza quanto disponibi-lidade futura de divisas externas, mitigando aumentos na preferncia pela liquidez. Deste modo, ao mesmo tempo em que desequilbrios em transaes correntes po-dem acumular-se como contrapartida de supervits na conta financeira do balano de pagamentos, a reduo temporria da preferncia pela liquidez (e da escassez de moeda externa) viabiliza o aumento dos investimentos e o crescimento econmico nos pases especulativos/ponzi.4

    Todavia, nos perodos de reverso cclica do nvel da liquidez mundial, o sistema financeiro internacional teria um comportamento assimtrico: o racionamento de crdito seria mais intenso para as economias especulativas/ponzi vis--vis s eco-nomias hedge, aguando, ao invs de contornar, a tendncia escassez de divisas externas daquelas economias. A crise cambial que ento se instala nessas economias, muitas vezes amplificada pela sua abertura financeira, alimenta as expectativas quanto desvalorizao de suas taxas de cmbio e, assim, o decorrente aumento da preferncia pela liquidez satisfeito atravs da demanda por moeda externa, provocando fuga de capitais.5

    Nestes termos, a reduo da vulnerabilidade externa estrutural torna-se parte fun-damental numa estratgia de crescimento sustentado de uma economia. Resende e Amado (2007) e Amado et al. (2008) consideram que os ciclos de crescimento das economias em desenvolvimento se verificam de modo reflexo aos ciclos da liquidez internacional. Estes autores demonstram que os ciclos de crescimento das economias em desenvolvimento so mais aderentes aos ciclos do sistema financeiro

    4 O crescimento econmico viabilizado, inclusive, pelo afastamento da restrio de divisas ex-ternas. Tal restrio est relacionada Lei de Thirlwall. Sobre a Lei de Thirlwall e a experincia brasileira, ver Jayme Jr. (2003).

    5 Conforme Dow (1999, p. 154-155): (...) na economia internacional h uma gama de moedas (...) suponha que, para um dado grau de preferncia pela liquidez, ocorra uma perda de confiana na estabilidade do valor da moeda domstica relativamente s outras moedas, ento as moedas estrangeiras iro satisfazer melhor aquela preferncia pela liquidez.

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    internacional, em relao aos ciclos das economias desenvolvidas. Mais ainda, tais resultados reforam a tese de que os fluxos financeiros so mais instveis e volteis nas economias em desenvolvimento vis--vis s demais economias, o que constitui um argumento favorvel adoo de controles de capitais naquela categoria de pa-ses. A proposta de adoo dos controles de capitais, sugerida neste artigo, se deve ao fato de que as economias em desenvolvimento no possuem duas das principais condies necessrias para se beneficiar da conversibilidade plena da conta de ca-pitais, quais sejam, um SI maduro e um sistema financeiro domstico desenvolvido o suficiente para absorver um fluxo excessivo de capitais.

    3 Controles de Capitais: Teoria e Evidncia

    A instabilidade crnica do mercado financeiro internacional e seus desdobramentos para as economias em desenvolvimento favorecem a recorrncia de crises cambiais nessas economias, classificadas no sistema financeiro internacional como unidades especulativas e ponzi. Assim, deve-se pensar uma estratgia complementar que reduza a vulnerabilidade externa das mesmas. Estudos recentes sugerem a adoo de medidas restritivas sobre os fluxos de capitais como uma alternativa vivel para esse propsito (CARVALHO; SICS, 2007; OREIRO; PAULA; SILVA, 2004).

    As medidas restritivas sobre o fluxo de capitais podem ser utilizadas como ins-trumentos temporrios ou permanentes e divididos em seletivos ou extensivos. Os controles de capitais seletivos cobrem determinadas modalidades de opera-es financeiras relacionadas a fluxos externos. Os controles extensivos so mais abrangentes, cobrem todas as operaes financeiras. Os controles utilizados como instrumentos temporrios servem como instrumentos transitrios no contexto de um processo gradual de liberalizao financeira ou de incertezas no mercado inter-nacional, at que o ambiente torne-se mais propcio para a integrao da economia com o mercado mundial. Os controles utilizados como instrumentos permanentes so usados para garantir uma maior estabilidade econmica e financeira ao pas.

    Os controles de capitais podem ser classificados ainda em controles administrati-vos (quantitativos) e controles de mercado (baseados em preos). Os controles de capitais diretos ou administrativos restringem determinadas transaes financei-ras e transferncia de fundos atravs da completa proibio ou limites quantita-tivos explcitos. Esse tipo de controle impe proibies ou limites para a atuao de investidores. Por exemplo, um pas pode proibir que investidores estrangeiros apliquem recursos na sua bolsa de valores. Portanto, os controles administrativos procuram afetar diretamente o volume de determinadas transaes financeiras. Os controles de capitais indiretos ou de mercado (baseados em preos) desencorajam o

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    movimento de capital e as transaes associadas, tornando-as mais onerosas. Esses controles funcionam via desestmulo aos fluxos de capitais, impondo custos para determinados tipos de operao financeira. Assim, um governo pode cobrar uma taxa de investidores estrangeiros que queiram aplicar na bolsa de valores. Segundo Paula (2003), os controles baseados em preos podem ser diferenciados de modo a desestimular certos tipos de transao ou maturidades.

    As medidas restritivas impostas sobre o fluxo de capitais so implementadas tanto na sua entrada quanto na sua sada: i) a implementao desses controles na entrada justifica-se pela funo preventiva, visando evitar os efeitos indesejveis do fluxo excessivo de capitais; ii) no caso da implementao das medidas restritivas na sada, o objetivo onerar a fuga de capitais; tenta-se desvincular a ligao entre as taxas de juros interna e externa. Segundo Neely (1999):

    Controls on capital inflows and outflows provide some slack for monetary policy discretion under fixed exchange rates, but in opposite directions. Controls on capital inflows, which allow for higher interest rates, have been used to try to prevent an expan-sion of the money supply and the accompanying inflation (...) In contrast, controls on capital outflows permit lower interest rates and higher money growth ... They most often have been used to postpone a choice between devaluation or tighter monetary policy, as they have been in Malaysia, for example. (NEELY, 1999, p. 23).

    Nesse contexto, acredita-se que a poltica de controles de capitais pode ser uma das peas fundamentais para garantir o sucesso da estratgia de reduo da vulne-rabilidade externa estrutural, tendo em vista que seleciona os fluxos de capital que se deseja absorver, priorizando os investimentos produtivos ou de maturidade mais longa, e confinando os capitais especulativos a volumes administrveis, isolando, em algum grau, o pas dos choques externos. Assim, os controles de capitais atuariam no sentido de guiar o estado de confiana no pas e atenuar a intensidade dos efeitos de uma eventual instabilidade no mercado financeiro internacional, reduzindo a vo-latilidade da taxa de cmbio e da taxa de juros, o que facilita e estimula as decises de investimento na economia.

    As evidncias empricas da eficcia dos controles de capitais, tal como descrita por Ariyoshi et al. (2000), mostram que a adoo de medidas restritivas confere maior autonomia poltica monetria, reduz a vulnerabilidade externa da economia e es-tabiliza as taxas de cmbio e de juros, garantindo um ambiente mais estvel e seguro para os investimentos produtivos. Nas palavras de Ariyoshi et al. (2000):

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    The effectiveness of capital controls has frequently been assessed on the basis of their impact on capital flows and policy objectives, such as maintaining exchange rate stability, providing greater monetary policy autonomy, or preserving domestic macroeco-nomic and financial stability. (ARIYOSHI et al., 2000, p. 5).

    Os resultados apresentados pelos pases que adotaram os controles de capitais do suporte a esse argumento. Tais evidncias mostram que h uma realocao de ca-pitais de curto prazo em favor dos capitais de longo prazo, dinamizando a econo-mia. Ademais, com a autonomia da poltica monetria adquirida a partir da ado-o dos controles de capitais, o governo poderia reduzir a taxa de juros e garantir um aumento da oferta de crdito a custos menores, favorecendo o crescimento econmico.

    As externalidades positivas da liberalizao, at meados da dcada de 1990, eram aceitas pela maioria dos acadmicos, mas, quando uma sucesso de crises cambiais comeou a ocorrer no final da dcada passada, reacendeu a discusso. Nas palavras de Edwards (2001):

    The opening of domestic capital markets to foreigners is, perhaps, the most reviled aspect of this consensus.... Indeed, a number of academics have argued that the free(er) mobility of private capital during the 1990s was behind the succession of crises that the emerging markets experienced during that decade. According to this view, increased capital mobility inflicts many costs and generates (very) limited benefits to the emerging nations. It has been argued that, since emerging markets lack modern financial institutions, they are particularly vulnerable to the volatility of global financial market. (EDWARDS, 2001, p. 1).

    A literatura ainda est longe de chegar a um consenso sobre a correlao entre libe-ralizao da conta de capitais e performance macroeconmica, por diversos fatores, tais como as diferentes metodologias utilizadas para o clculo da liberalizao, o tamanho e a heterogeneidade da amostra. Contudo, a anlise emprica internacional demonstrou que os controles sobre o influxo de capitais, adotados pela economia chilena, contribuiram para melhorar a performance macroeconmica do pas, na medida em que conseguiram conter a apreciao da taxa de cmbio a ponto de fi-nanciar seus dficits em transaes correntes fundamentalmente com investimento direto estrangeiro.6

    6 Mais detalhes, consultar Edwards, Gregrio e Valds (2000) e Ffrench-Davis e Villar (2003).

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    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    Nos anos recentes, as medidas de controles de capital implementadas pelo governo brasileiro caminharam no sentido de ajustar os fluxos de capitais s necessidades impostas pelas expectativas dos agentes e pela conjuntura econmica no merca-do mundial. Os controles de capitais no Brasil tomaram a forma de medidas ad-ministrativas (mudanas nos prazo mdio mnimo de amortizao para emprsti-mos) e medidas baseadas em preos (variaes no IOF Imposto sobre Operaes Financeiras), que foram continuamente revisadas para evitar que os participantes do mercado encontrassem maneiras de burlar as medidas restritivas sobre o fluxo de capitais. Todavia, Schneider (2000) afirmou que os controles de capitais no Brasil no foram eficientes em conter as presses contra a moeda domstica. Nas palavras do autor:

    The experience of Brazil illustrates the ineffectiveness of controls in an environment of pervasive macroeconomic imbalances. A complex mixture of direct and indirect controls was largely inef-fective in stemming inflows, shifting their composition towards longer-term flows and providing a greater degree of monetary independence. The inability of the state to reign in large fiscal deficits fuelled expectations of continued inflation and resulted in widening interest rate differentials. These interest differentials combined with a stable exchange rate to induce large inflows of capital. The imposition of direct and indirect capital controls in mid-1993 and their intensification under the Real plan in 1994 had little effect on the rising level of inflows. (SCHNEIDER, 2000, p. 43-44).

    Segundo Cardoso e Goldfajn (1998), Soihet (2002), Paula, Oreiro e Silva (2003), entre outros, os controles de capitais adotados no Brasil, na dcada de 1990, mos-tram que estes eram essencialmente endgenos, aplicados sobre a entrada de re-cursos estrangeiros e feitos fundamentalmente por intermdio da cobrana de IOF sobre os ganhos das aplicaes financeiras no Pas. Os controles de capitais eram principalmente baseados em preos, sob a forma de uma taxao direta sobre a entrada de capitais externos. Os controles eram endgenos porque o governo reagia aumentando o controle nos perodos de boom e liberalizando nos perodos de cri-se. Dessa forma, os fluxos externos de recursos acabavam por determinar o nvel dos controles de capitais, ao invs de serem determinados pelo nvel dos referidos controles.

    Apesar de a anlise desses autores estar aparentemente correta, h fortes indcios de que esto incompletas, j que os dados da Receita Federal demonstram que os controles de capitais no Brasil foram aplicados tambm na sada. Assim, deve-se

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    628 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    reexaminar a eficcia conjunta das medidas restritivas na entrada e na sada desses recursos externos.

    Apesar de alguns autores afirmarem que os controles endgenos no foram eficazes em conter a crise cambial da economia brasileira em 1999, a literatura carece de uma prova emprica da eficcia conjunta dos controles de capitais no Brasil. A pr-xima seo avaliar empiricamente a hiptese de que os controles de capitais foram endgenos e ineficazes em atenuar os movimentos de capitais de 1999. Em seguida, ser testada a hiptese de que os controles exgenos seriam melhores, naquele mo-mento, vis--vis aos controles endgenos. A partir dos resultados encontrados, ser possvel inferir se apenas os controles quantitativos seriam eficazes nos momentos de grande instabilidade no mercado financeiro internacional.

    4 Base de Dados, Metodologia e Resultados

    Esta seo visa, inicialmente, testar a hiptese de que os controles sobre a entrada e a sada de capitais no Brasil foram endgenos nos anos de 1990. Em seguida, pretende-se avaliar a hiptese de que tais controles no foram eficientes em conter os movimentos de capitais e, consequentemente, as presses contra a moeda do-mstica. Por fim, a ateno volta-se para a hiptese de que os controles de capitais exgenos (preventivos) seriam mais eficazes vis--vis aos controles endgenos.

    Para avaliar a evoluo das medidas implementadas sobre o fluxo de capitais ocorri-das na economia brasileira ao longo da dcada de 1990, a maioria dos trabalhos de-senvolvidos no Pas, tal como Soihet (2002), Oreiro, Paula e Silva (2004) e Ono et al. (2005) utilizam o ndice de Controle de Capitais (ICC), elaborado por Cardoso e Goldfajn (1998). O indicador avalia as mudanas mensais ocorridas na legislao que afetam o fluxo de capital por intermdio das alteraes ocorridas no controle entrada de capital.

    Apesar de interessante, o indicador desenvolvido por Cardoso e Goldfajn pode induzir ao erro de medida, j que baseado em nmero de medidas restritivas, implicando uma perda de sensibilidade das magnitudes das medidas restritivas efetivamente adotadas pelo Pas. Por isso, optou-se em trabalhar com o Imposto sobre Operaes Financeiras (IOF) por fato gerador, mais especificamente sobre as operaes cambiais, que o indicador que melhor se aproxima de uma medida de controles de capitais no Brasil. Neste caso, duas possibilidades se apresentam como alternativa: a primeira seria utilizar a prpria alquota do IOF; a segunda seria utilizar a arrecadao do IOF. Em funo da falta de disponibilidade dos da-dos requeridos para a primeira possibilidade, adotou-se, neste trabalho, a segunda

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 629

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    opo. A Receita Federal forneceu os dados sobre o valor do IOF arrecadado sobre operaes cambiais referentes entrada e sada de divisas externas no Balano de Pagamentos brasileiro. Tais dados tm periodicidade mensal e dizem respeito ao perodo janeiro de 1995 a dezembro de 1999. Estes dados foram tomados, neste trabalho, como proxy para os controles sobre a entrada e sobre a sada de capitais no Brasil no citado perodo, respectivamente.

    Conforme a Receita Federal, a incidncia de IOF sobre operaes de cmbio est regulamentada pela Lei n 8.894, de 21 de junho de 1994, art. 5. O fato gerador do IOF a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a re-presente, ou sua colocao disposio do interessado, em montante equivalente moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta disposio por este (Lei n 5.172/66, art. 63, inciso II). Ocorre o fato gerador e torna-se devido o IOF no ato da liquidao da operao de cmbio.7

    A alquota do IOF, incidente sobre operaes com cmbio, era de 25% (Lei n 8.894/94, art. 5). Entretanto, estava prevista a reduo da alquota do IOF para 2%, nas seguintes operaes: i) aplicao em fundo de renda fixa; ii) operao realizada entre instituies financeiras no exterior e bancos autorizados a operar com cmbio, no Brasil (interbancria), e iii) constituio de disponibilidade de curto prazo, no Brasil, de residentes no exterior. Alm disso, a alquota do IOF fica reduzida zero nas seguintes operaes de cmbio: i) efetuadas pela Unio, Estados, municpios,

    7 Configuram-se como hipteses para o IOF entrada de moedas, as seguintes operaes: i) ope-raes de cmbio relativas aos ingressos de receitas de exportaes de bens e servios; ii) opera-es de cmbio de transferncias do exterior, relativas s aplicaes em fundos de investimento; iii) operao de compra de moeda estrangeira por instituio autorizada a operar no mercado de cmbio; iv) operaes de cmbio relativas a transferncias do exterior, inclusive por meio de operaes simultneas, realizadas por investidor estrangeiro, para aplicao nos mercados financeiros e de capitais, na forma regulamentada pelo Conselho Monetrio Nacional CMN, etc. Configuram-se como hipteses para o IOF sada de moedas, as seguintes operaes: i) ope-raes de cmbio destinadas ao pagamento de importao de servios; ii) operaes de cmbio destinadas ao cumprimento de obrigaes de administradoras de carto de crdito ou de bancos comerciais ou mltiplos na qualidade de emissores de carto de crdito decorrentes de aquisio de bens e servios do exterior, por seus usurios; iii) operaes de cmbio de transferncias para o exterior, relativas as aplicaes em fundos de investimento; iv) pagamento de bens importados; v) operaes de cmbio relativas a transferncias para o exterior, inclusive por meio de opera-es simultneas, realizadas por investidor estrangeiro, para aplicao nos mercados financeiro e de capitais, na forma regulamentada pelo Conselho Monetrio Nacional CMN: zero, etc. No perodo de 1995-1999, a regulamentao do IOF era um pouco diferente da atual (Decreto 6.306, de dezembro/07). At 1997, a regulamentao se dava por meio de resolues do Conselho Monetrio Nacional (A resoluo CMN 1.301/87 o regulamento). A partir de 1997 (O Decreto 2.219/07 o regulamento), por decreto do Presidente da Repblica. Este ltimo fixava a alquota em 2% para as seguintes operaes: transferncias do exterior para aplicao em fundo de renda fixa; entre bancos no exterior e instituies brasileiras autorizadas a operar cmbio; disponibili-dades de curto prazo de residentes no exterior; zero para as demais transferncias do exterior. Havia iseno para as operaes de compra de bens do exterior e operaes dos Entes Federados e Itaipu. Nos demais casos, a alquota era de 25%. Mais detalhes, consultar site da receita federal: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Decretos/Ant2001/Ant1999/Dec221997.htm).

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    630 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Distrito Federal, suas fundaes e autarquias; ii) em que sejam pagadores ou recebe-dores, no exterior, agncias governamentais ou entidades internacionais acreditadas junto ao governo brasileiro; iii) relativas s demais transferncias financeiras do ex-terior e para o exterior, e iv) vinculadas importao de servios e exportao de bens e servios (Lei n 8.894/94, art. 5). Por fim, era isenta do IOF a operao de cmbio realizada para pagamento de bens importados (Decreto-Lei n 2.434, de 19 de maio de 1988, art. 6, e Lei n 8.402/92, art. 1, inciso XIII) e, tambm, em que o comprador ou o vendedor da moeda estrangeira seja a Itaipu Binacional e, ainda, operao realizada pelos executores do gasoduto Brasil/Bolvia, inclusive pelas em-presas especialmente por eles selecionadas para esse fim, obedecidas as condies previstas no Decreto n 2.142, de 5 de fevereiro de 1997, que promulgou o acordo entre os governos da Repblica Federativa do Brasil e da Repblica da Bolvia.

    Portanto, grande parcela da incidncia do IOF sobre operaes cambiais, relativa ao perodo abordado neste estudo, se d sobre a Conta Financeira do Balano de Pagamentos. Note que, para a balana comercial, por exemplo, a alquota do IOF era 0% ou havia iseno do mesmo, enquanto tal alquota era 0% para operaes efetuadas pela Unio, Estados, municpios, Distrito Federal, suas fundaes e autar-quias, etc. Neste estudo, os fluxos de capitais analisados correspondem seguinte rubrica da Conta Financeira do Balano de Pagamentos: investimento em carteira (portflio). Deste modo, constata-se que parcela relevante da incidncia do IOF sobre operaes cambiais se d sobre os fluxos de capitais que so objeto de anlise neste trabalho, o que credencia a arrecadao do IOF sobre operaes com cmbio para ser usada como proxy da varivel controle de capitais, no Brasil no perodo 1995-1999. A proxy nunca perfeita, isto , a proxy perfeita de uma varivel ela prpria. Deste modo, o uso de proxies s indicado na ausncia da prpria vari-vel em estudo. Este o caso da arrecadao do IOF como proxy para controles de capitais no Brasil, nos anos de 1990. Contudo, visto que a proxy uma substituta imperfeita da varivel com a qual se deseja trabalhar, seu uso requer cautela na anlise dos resultados e nas concluses do estudo.

    Para os exerccios economtricos realizados, utilizaram-se as seguintes variveis: Fluxo de Capitais de Curto Prazo (KCP), Taxa Bsica de Juros (TXSELIC), Taxa de Cmbio comercial para compra: real R$ / dlar americano (U$$) mdia (TXCMBIO) e Arrecadao do IOF sobre operaes cambiais referentes entra-da de divisas (IOFINF) e sobre as operaes cambiais referentes sada de divisas (IOFOUTF), (Figura 1). As primeiras variveis foram extradas do Ipeadata e as duas ltimas fornecidas pela Receita Federal.

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    ARRECADAO DO IOF - OPERAES DE CMBIO (ENTRADA DE MOEDA): 1995-2000

    IOFENTRADA

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    EVOLUO DA TAXA BSICA DE JUROS: 1995-2000

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    TAX

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    PERODO

    EVOLUO DA TAXA DE CMBIO: 1995-2000

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    R$

    MIL

    H

    ES

    PERODO

    EVOLUO DOS FLUXOS DE CAPITAIS NO BRASIL: 1995-2000

    INVESTIMENTO EM CARTEIRA

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do Ipeadata e Receita Federal.

    Figura 1 As Variveis Macroeconmicas em Nvel

    Como as variveis em considerao dependem uma das outras, neste trabalho ado-tou-se o mtodo de estimao de Vetores Autorregressivos (VAR),8 como uma metodologia alternativa para avaliar a (in)eficcia dos controles de capitais no Brasil. Nesse caso, cada varivel definida como sendo funo de seus prprios valores defasados e das defasagens das demais variveis consideradas na anlise. Com in-tuito de evitar arbitrariedade na ordenao das variveis, utilizou-se o Teste de

    8 Para mais detalhes da metodologia VAR, consultar Sims (1980) e Enders (1995).

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    632 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Causalidade de Granger para definir esse ordenamento de uma forma estatistica-mente consistente.

    A hiptese bsica do modelo, segundo Sims (1980), que as sries so estacion-rias; porm, nem sempre as sries so estacionrias. Assim, para decidir a melhor especificao de um modelo desse tipo, devem-se observar dois aspectos, a saber: a perda da eficincia e a perda de informao. As possibilidades que se apresentam como soluo para o problema so as seguintes:9 i) estimar todas as variveis em nvel, mesmo na presena de raiz unitria, j que o objetivo do VAR determinar as relaes existentes entre as variveis e no os parmetros estimados o problema que esta opo implica perda de eficincia na estimao; ii) diferenciar as sries, mas o ganho de eficincia na estimao se d em detrimento da perda de informa-es quanto s relaes de longo prazo entre as sries; iii) estimar o modelo com Vetor de Correo de Erros (VEC) quando h evidncias concretas de relaes de cointegrao entre as variveis. Com esta especificao, ganha-se eficincia na estimao sem perder as importantes relaes de longo prazo.

    Portanto, para a aplicao emprica, inicialmente verificou-se a ordem de integrao das sries econmicas por meio dos seguintes testes de estacionariedade: Dickey-Fuller Aumentado (ADF); Kwiatkowski, Phillips, Schmidt e Shin (1992), ou KPSS, e Dickey-Fuller GLS ou DF-GLS. Enquanto a hiptese nula do teste KPSS a de que a srie estacionria, nos testes ADF e DF-GLS, a hiptese nula de que a srie testada possui raiz unitria. O intuito de empregar testes com hipteses nulas opostas demonstrar o fato de que os testes de raiz unitria tm baixo poder de explicao, o que reduz o grau de confiabilidade dos mesmos (MADDALA; KIM, 1998). De acordo com o teste KPSS, as sries TXCMBIO, IOFINF e TXSELIC so I(1) Tabela 1. O teste DF-GLS sugere que todas as sries so I(1), com ex-ceo da srie de KCP (Tabela 2), enquanto o teste ADF indica que as sries de TXCMBIO e TXSELIC so I(1) e as sries de KCP, IOFINF e IOFOUT so esta-cionrias em nvel (Tabela 3).10 Assim, considera-se que apenas a srie da varivel KCP estacionria, pois a hiptese de que tal srie possui raiz unitria foi rejeitada em todos os testes realizados. Portanto, a maioria das sries apresenta raiz unitria. Segundo Campbell e Perron (1991), se pelo menos metade das sries apresentarem raiz unitria e havendo pelo menos um vetor cointegrante, pode-se obter estimado-res consistentes e eficientes por meio do mtodo de VEC.

    9 Mais detalhes, em Ramaswamy e Slk (1998) e Matsumoto (2000). 10 Mais detalhes dos testes podem ser obtidos em Hamilton (1994, cap. 17).

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 633

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    Tabela 1 Teste de Estacionariedade Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin (KPSS)

    Varivel Constante Tendncia Estatstica LM Valor Crtico: 5%

    KCP Sim No 0.106972 0.4630TXCAMBIO Sim Sim 0.216236* 0.1460IOFINF Sim Sim 0.157316* 0.1460IOFOUT Sim No 0.128910 0.4630TXSELIC Sim Sim 0.176659* 0.1460

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1.

    Notas: Para seleo da defasagem, foi utilizado o critrio de Newey-West using Bartlett kernel. *Significativo a 5%. H0: srie estacionria; H1: srie no estacionria.

    Tabela 2 Teste de Estacionariedade de Dickey-Fuller GLS (DF-GLS)

    Varivel Defasagem Estatstica t Valor Critico 1% Valor Critico 5% Valor Critico 10%

    KCP 0 -6.301863* -3.735800 -3.161200 -2.863000TXCAMBIO 3 -1.575839 -3.747200 -3.170800 -2.872000IOFINF 0 -2.322251 -3.735800 -3.161200 -2.863000IOFOUT 0 -3.476256 -3.735800 -3.161200 -2.863000TXSELIC 0 -2.174627 -3.735800 -3.161200 -2.863000

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1.

    Notas: Para seleo da defasagem, foi utilizado o critrio de Newey-West using Bartlett kernel. *Significativo a 1%. Hiptese Nula: raiz unitria (srie no estacionria).

    Tabela 3 Teste de Estacionariedade de Dickey-Fuller Aumentado

    Discriminao Defasagem Constante Tendncia Estatstica t Valor Critico 1%

    KCP 0 Sim No -6.293686* -3.546099DKCP 2 No No -7.865227* -2.606911TXCAMBIO 2 No No -2.199927 -2.606163DTXCAMBIO 2 No No -3.716265* -2.606911IOFINF 0 Sim No -7.430031* -3.546099DIOFINF 0 No No -8.549039* -2.605442IOFOUT 0 Sim No -3.797789* -3.546099DIOFOUT 2 No No -6.842476* -2.606911TXSELIC 0 No No -1.213128 -2.604746DTXSELIC 0 No No -7.241440* -2.605442

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1.

    Notas: Para seleo da defasagem, foi utilizado o critrio de informao de Schwarz (SC). A letra D refere-se primeira diferena da varivel. *Significativo a 1%. Hiptese Nula: raiz unitria (srie no estacionria).

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    634 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Visando a melhor especificao do modelo, buscou-se a escolha adequada do nme-ro de defasagens para realizar as estimaes. Para tanto, tomou-se como base o teste LM de autocorrelao serial e os Critrios de Informao de Akaike (AIC), Schwarz (SC) e Hannan-Quinn (HQ). Conforme a Tabela 4, os testes sugerem a adoo de uma defasagem. Aps verificar a ordem de integrao das variveis, realizou-se o teste de cointegrao de Johansen. Contudo, a estimao do modelo VAR, onde so contempladas as variveis KCP, TXCMBIO, TXSELIC, IOFINF e IOFOUT, no foi possvel em funo da presena de matriz singular. Este problema solucionado quando se elimina do modelo a varivel TXCMBIO. Deste modo, optou-se por eliminar esta varivel do VAR. A estatstica do trao ( traceLR ) apontou a presena de pelo menos um vetor de cointegrao ao nvel de 5% (Tabela 5).

    Tabela 4 Critrio de Seleo da Ordem de Defasagem do Modelo

    Defasagem AIC SC HQ0 89.21055 89.35654 89.267011 86.76288* 87.49282* 87.04516*2 86.92065 88.23454 87.428743 87.23269 89.13054 87.966604 87.62235 90.10414 88.58208

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1.

    Obs: AIC: Akaike information criterion; SC: Schwarz information criterion, e HQ: Hannan-Quinn information criterion.

    Tabela 5 Sumrio do Teste de Cointegrao de JOHANSEN e Valores para traceLR

    Data Trend: None None Linear Linear QuadraticRank or No Intercept Intercept Intercept Intercept InterceptN of CEs No Trend No Trend No Trend Trend TrendTrace 2 2 2 1 2

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1. Selected (5% level) Number of Cointegrating Relations by Model (columns).

    Obs.: Amostra: 1995:01 1999:12. Included observations: 57. Series: IOFINF IOFOUTF KCP TXSELIC. Lags interval: 1 to 2.

    Do exposto, deve-se estimar um modelo VAR, incluindo um vetor de cointegrao, para corrigir esses desequilbrios de curto prazo. Segundo Mendona (2005), con-siderando que os erros so ortogonalizados pela decomposio de Cholesky para a estimao do VEC, isto implica que o ordenamento das variveis torna-se relevante para a anlise da funo impulso-resposta e da decomposio da varincia. Para tan-to, o teste de Wald para exogeneidade em bloco (e causalidade de Granger) permite

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 635

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    afirmar a precedncia temporal das variveis consideradas no modelo. Os resultados esto apresentados na Tabela 6.

    Esse teste uma alternativa para ordenar as variveis das mais exgenas afetadas contemporaneamente apenas pelo seu prprio choque estrutural para as variveis mais endgenas afetadas contemporaneamente por todos os choques. A partir da estatstica Qui-Quadrado, ordenam-se as variveis das mais exgenas (meno-res valores da estatstica) para as mais endgenas (maiores valores da estatstica). De acordo com esse procedimento, tem-se a seguinte ordenao estatisticamente consistente: Fluxo de Capitais, IOF na Sada, Taxa Selic & IOF na Entrada. Portanto, a medida de controles de capitais na entrada a varivel mais endgena. Este resultado confirma a hiptese de endogeneidade dos controles de capitais no Brasil lanada pioneiramente por Cardoso e Goldfajn (1998). Adicionalmente, demonstrou-se que o IOF na sada tambm respondia contemporaneamente aos movimentos de capitais.

    Tabela 6 Teste de Wald para Exogeneidade em Bloco

    Dependente varivel 2 df Prob (total)IOFINF 13.62494 1 0.0035IOFOUTF 7.036382 1 0.0707KCP 3.752368 1 0.2895TXSELIC 11.80826 1 0.0081

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 4.1.

    Obs.: Amostra: 1995:01 1999:12. Observaes Includas: 59.

    Para analisar os resultados do modelo VEC, comum faz-lo por meio da funo de impulso-resposta e da decomposio da varincia. Dada a periodicidade mensal dos dados, utilizou-se, para as anlises, um perodo de 12 meses aps a ocorrncia dos choques. A funo de impulso-resposta utilizada para fazer uma anlise da sensibilidade de determinadas variveis a certos choques, sendo til principalmente para conhecer a direo e o tempo de reao das respostas aos impulsos (choques) de um desvio padro sobre os valores contemporneos e futuros das variveis en-dgenas do sistema. Por fim, observe que a metodologia VAR particularmente interessante para o exerccio realizado neste trabalho, por permitir definir ad hoc o IOF como a varivel mais exgena do modelo e, portanto, testar a hiptese de que os controles de capitais, nesse caso, seriam relativamente mais eficazes. Isto posto, as respostas do sistema aos choques esto apresentadas nas Figuras 2, 3 e 4.

    Com relao funo impulso-resposta com controles de capitais na entrada e na sada endgenos (Figura 2), o modelo estimado validou a hiptese de endogenida-

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    636 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    de dos controles de capitais adotados no Brasil, mas rejeitou a hiptese de que os mesmos foram ineficientes, principalmente no caso dos controles sobre a entrada (IOFINF).11 Este fato pode ser observado a partir da resposta dos movimentos de capitais de curto prazo a um choque nos controles de capitais na entrada, notado a partir do efeito positivo desse choque no volume positivo desses capitais de curto prazo no perodo subsequente. Entretanto, os controles de capitais no eliminaram totalmente os impactos dos fluxos de capitais sobre a taxa de juros. Ademais, a res-posta dos fluxos de capitais a um choque nesta mesma varivel sugere a presena de comportamento de manada" e de profecias autorrealizveis, captados pela inrcia dos fluxos de capitais. Este resultado de fato indica algum grau de ineficincia dos controles de capitais endgenos, j que no foram capazes de guiar totalmente as expectativas dos capitais de curto prazo naquele momento. Por fim, os efeitos de um choque do IOFOUTF e do IOFINF sobre os capitais de curto prazo no so revertidos nos 12 meses subsequentes, ou seja, so permanentes.

    A decomposio da varincia mostra a importncia de uma determinada varivel x quando se observa o erro de previso na outra varivel y. A decomposio da varincia dos erros de previso uma ferramenta til por mostrar a evoluo do comportamento dinmico apresentado pelas variveis em considerao n perodos frente.

    Os resultados da decomposio da varincia do fluxo de capitais, no caso de con-troles de capitais na entrada e na sada endgenos, esto apresentados na Tabela 7. Estes foram obtidos a partir de uma simulao de Monte Carlo com 1.000 re-peties. Isto posto, possvel identificar os efeitos dinmicos dos controles end-genos.12 A decomposio da varincia, para 12 meses aps o choque, mostra que a inrcia dos choques dos fluxos de capitais sobre a prpria varivel (comportamento de manada e profecias autorrealizveis) elevada: 66,6%. Constata-se, tambm, que os principais determinantes do fluxo de capitais no Brasil so a prpria varivel KCP (66%), a taxa bsica de juros (18%) e, em menor grau, o imposto sobre ope-raes financeiras na entrada (15%). Os controles de capitais na sada (IOFOUTF) apresentaram efeito desprezvel sobe os fluxos de capitais.

    Portanto, os resultados da funo impulso-resposta e da decomposio da varin-cia do fluxo de capitais, quando os controles de capitais na entrada e na sada so endgenos, indicam que tais controles endgenos na entrada apresentaram algum grau de eficincia, embora no fossem totalmente eficazes. Alm disso, os contro-

    11 Para a estimao da funo impulso-resposta, a ordenao das variveis se deu da mais exgena para a mais endgena, conforme sugerido no teste de causalidade de Granger.

    12 A ordenao das vaiveis se deu da mais exgena para a mais endgena, conforme sugerido no teste de causalidade de Granger.

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 637

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    les sobre a entrada de capitais se mostraram mais eficientes vis--vis aos controles sobre a sada.

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    Response of KCP to IOFOUTF

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    Response of KCP to TXSELIC

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    Response of KCP to IOFINF

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    Response of IOFOUTF to KCP

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    Response of IOFOUTF to IOFOUTF

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    Response of IOFOUTF to TXSELIC

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    Response of IOFOUTF to IOFINF

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    Response of TXSELIC to KCP

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    Response of TXSELIC to IOFOUTF

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    Response of TXSELIC to TXSELIC

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    Response of TXSELIC to IOFINF

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    Response of IOFINF to KCP

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    Response of IOFINF to IOFOUTF

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    Response of IOFINF to TXSELIC

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    Response of IOFINF to IOFINF

    Response to Cholesky One S.D. Innovations

    Figura 2 Funo Impulso-Resposta com Controles de Capitais na Entrada e na Sada Endgenos

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    638 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Tabela 7 - Decomposio da Varincia com Controle de Capitais na Entrada e na Sada Endgenos (%)

    Variance Decomposition of KCP:

    Period S.E. KCP IOFOUTF TXSELIC IOFINF

    1 4247.341 100.0000 0.000000 0.000000 0.000000

    2 5102.558 81.78152 0.594351 14.29393 3.330205

    3 5658.434 79.72880 0.484682 14.65444 5.132077

    4 6152.952 75.27422 0.657957 15.99810 8.069723

    5 6654.423 73.53510 0.604985 16.18371 9.676207

    6 7108.351 71.53571 0.608418 16.85480 11.00107

    7 7537.573 70.38795 0.584726 17.14119 11.88614

    8 7940.716 69.28182 0.580374 17.48028 12.65753

    9 8325.936 68.46562 0.569854 17.70200 13.26253

    10 8693.278 67.73556 0.564523 17.91615 13.78378

    11 9046.134 67.14185 0.558208 18.08244 14.21751

    12 9385.520 66.61989 0.553704 18.23275 14.59366

    Com respeito funo impulso-resposta com controles de capitais na sada ex-genos (Figura 3), os efeitos de um choque no IOFOUT, e tambm no IOFINF, sobre o fluxo de capitais tambm no so revertidos nos 12 meses subsequentes. O mesmo se observa em relao aos choques no fluxo de capitais sobre a taxa de juros e sobre a prpria varivel KCP. A inrcia nos fluxos de capitais e os efeitos destes sobre a taxa de juros sugerem algum grau de ineficincia desses controles de capitais na sada (exgeno) e controles de capitais na entrada. Constata-se, ainda, que estes ltimos respondem aos choques dos controles de capitais na sada, mas a recproca no verdadeira.

    Os resultados da decomposio da varincia do fluxo de capitais, no caso de contro-les de capitais na sada exgenos, esto apresentados na Tabela 8. A decomposio da varincia, para 12 meses aps o choque, mostra que a inrcia dos choques dos fluxos de capitais sobre a prpria varivel (comportamento de manada e profecias autorrealizveis) elevada: 65,2%. Os resultados encontrados tambm mostram que os principais determinantes do fluxo de capitais no Brasil so a prpria varivel KCP, a taxa bsica de juros e o imposto sobre operaes financeiras na entrada. Os controles de capitais na sada (IOFOUTF) novamente apresentaram efeito despre-zvel sobre os fluxos de capitais: 1,95% aps 12 meses da ocorrncia do choque.

    Os resultados da funo impulso-resposta e da decomposio da varincia, para controles de capitais na sada e na entrada endgenos e para controles exgenos na sada, indicam que o grau de eficincia dos controles de capitais endgenos muito

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 639

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    prximo daquele dos controles exgenos. A inrcia dos choques dos fluxos de capi-tais sobre a prpria varivel semelhante em ambos os casos de controles na sada endgenos e exgenos, quer na funo impulso-resposta, quer na decomposio da varincia do fluxo de capitais. O mesmo se verifica com relao aos efeitos dos controles de capitais na sada (exgenos) e controles de capitais na entrada sobre a varivel KCP.

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    Response of IOFOUTF to IOFOUTF

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    Response of IOFOUTF to KCP

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    Response of IOFOUTF to TXSELIC

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    Response of IOFOUTF to IOFINF

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    Response of KCP to IOFOUTF

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    Response of KCP to KCP

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    Response of KCP to TXSELIC

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    Response of KCP to IOFINF

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    Response of TXSELIC to IOFOUTF

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    Response of TXSELIC to KCP

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    Response of TXSELIC to TXSELIC

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    Response of TXSELIC to IOFINF

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    Response of IOFINF to IOFOUTF

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    Response of IOFINF to KCP

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    1500000

    2000000

    2500000

    3000000

    3500000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to TXSELIC

    500000

    1000000

    1500000

    2000000

    2500000

    3000000

    3500000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to IOFINF

    Response to Cholesky One S.D. Innovations

    Figura 3 - Funo Impulso-Resposta com Controles de Capitais na Sada Exgenos

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    640 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Tabela 8 - Decomposio da Varincia com Controle de Capitais na Sada Exgenos (%)

    Variance Decomposition of KCP:

    Period S.E. IOFOUTF KCP TXSELIC IOFINF

    1 4247.341 0.877045 99.12295 0.000000 0.000000

    2 5102.558 1.814548 80.56132 14.29393 3.330205

    3 5658.434 1.567788 78.64570 14.65444 5.132077

    4 6152.952 1.900751 74.03143 15.99810 8.069723

    5 6654.423 1.864063 72.27602 16.18371 9.676207

    6 7108.351 1.912248 70.23188 16.85480 11.00107

    7 7537.573 1.904589 69.06809 17.14119 11.88614

    8 7940.716 1.924964 67.93723 17.48028 12.65753

    9 8325.936 1.929430 67.10604 17.70200 13.26253

    10 8693.278 1.939227 66.36085 17.91615 13.78378

    11 9046.134 1.944358 65.75570 18.08244 14.21751

    12 9385.520 1.950377 65.22321 18.23275 14.59366

    Os resultados da funo impulso-resposta com controles de capitais na entra-da exgenos esto na Figura 4. Os efeitos de choques no IOFOUT e no IOFINF sobre o fluxo de capitais no so revertidos nos 12 meses subsequentes. O mesmo se observa em relao aos choques no fluxo de capitais sobre a taxa de juros e so-bre a prpria varivel KCP. Ainda que a inrcia nos fluxos de capitais e os efeitos destes sobre a taxa de juros permaneam elevados, se reduziram significativamente neste caso. Note que os efeitos dos controles de capitais sobre os fluxos de capitais aumentaram, tanto na entrada (exgenos) quanto na sada.

    Os resultados da decomposio da varincia do fluxo de capitais, no caso de contro-les de capitais na entrada exgenos, esto apresentados na Tabela 9. A decomposi-o da varincia, para 12 meses aps o choque, mostra que a inrcia dos choques dos fluxos de capitais sobre a prpria varivel (comportamento de manada e profecias autorrealizveis) elevada: 61,7%. Ainda, constata-se que os controles de capitais na entrada exgenos causaram um aumento da participao dos efeitos dos contro-les sobre os capitais de curto prazo, reduzindo a presso sobre as taxas bsicas de juros. Mais especificamente, o IOFINF, o IOFOUTF e a TXSELIC explicavam, 12 meses aps o choque, 22,3%, 9,2% e 6,8% da varincia do fluxo de capitais no Brasil, respectivamente.

    Em suma, para o caso de controles de capitais na entrada exgenos, a inrcia dos choques dos fluxos de capitais sobre a prpria varivel reduziu-se um pouco em comparao com os dois casos analisados anteriormente. Do mesmo modo, o

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 641

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    IOFINF e o IOFOUT aumentaram seu poder de determinao do fluxo de capitais no Brasil em comparao ao caso em que os controles de capitais na entrada e na sada so endgenos. Estes resultados sugerem um maior grau de eficincia de con-troles de capitais na entrada exgenos vis--vis aos controles endgenos.

    0

    1000000

    2000000

    3000000

    4000000

    5000000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to IOFINF

    0

    1000000

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    3000000

    4000000

    5000000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to KCP

    0

    1000000

    2000000

    3000000

    4000000

    5000000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to IOFOUTF

    0

    1000000

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    3000000

    4000000

    5000000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFINF to TXSELIC

    -2000

    -1000

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of KCP to IOFINF

    -2000

    -1000

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of KCP to KCP

    -2000

    -1000

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of KCP to IOFOUTF

    -2000

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    5000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of KCP to TXSELIC

    -4000000

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    6000000

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFOUTF to IOFINF

    -4000000

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    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFOUTF to KCP

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    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFOUTF to IOFOUTF

    -4000000

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    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of IOFOUTF to TXSELIC

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    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of TXSELIC to IOFINF

    -.3

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    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    Response of TXSELIC to KCP

    -.3

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    Response of TXSELIC to IOFOUTF

    -.3

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    Response of TXSELIC to TXSELIC

    Response to Cholesky One S.D. Innovations

    Figura 4 - Funo Impulso-Resposta com Controles de Capitais na Entrada

    Exgenos

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    642 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    Tabela 9 - Decomposio da Varincia com Controle de Capitais na Entrada Exgenos (%)

    Variance Decomposition of KCP:

    Period S.E. IOFINF KCP IOFOUTF TXSELIC

    1 4247.341 0.676381 99.32362 0.000000 0.000000

    2 5102.558 7.434059 79.90052 4.633464 8.031953

    3 5658.434 10.66683 77.02601 4.695778 7.611379

    4 6152.952 13.78660 72.06166 6.618937 7.532798

    5 6654.423 15.87659 69.86423 7.093131 7.166054

    6 7108.351 17.56179 67.54947 7.745624 7.143123

    7 7537.573 18.75766 66.14696 8.063237 7.032152

    8 7940.716 19.75393 64.84280 8.415442 6.987825

    9 8325.936 20.55248 63.86126 8.658618 6.927646

    10 8693.278 21.23072 62.99459 8.885393 6.889294

    11 9046.134 21.79972 62.28443 9.065336 6.850512

    12 9385.520 22.29074 61.66293 9.225927 6.820400

    Teste de Causalidade de Granger

    Pairwise Granger Causality Tests

    Sample: 1995M01 1999M12

    Lags: 1

    Null Hypothesis: Obs F-Statistic Probability

    DKCP does not Granger Cause DIOF 58 3.42007*** 0.06978

    DIOF does not Granger Cause DKCP 0.38314 0.53849

    DTXCAMBIO does not Granger Cause DIOF 58 0.51635 0.47545

    DIOF does not Granger Cause DTXCAMBIO 2.33574 0.13217

    DTXSELIC does not Granger Cause DIOF 58 0.03868 0.84481

    DIOF does not Granger Cause DTXSELIC 0.61269 0.43713

    DTXCAMBIO does not Granger Cause DKCP 58 0.82680 0.36717

    DKCP does not Granger Cause DTXCAMBIO 1.25446 0.26757

    DTXSELIC does not Granger Cause DKCP 58 16.1146* 0.00018

    DKCP does not Granger Cause DTXSELIC 1.70349 0.19727

    DTXSELIC does not Granger Cause DTXCAMBIO 58 5.84365** 0.01898

    DTXCAMBIO does not Granger Cause DTXSELIC 7.37002* 0.00884

    Fonte: Elaborao prpria a partir da sada do Eviews 5.

    Notas: *Significativo a 1%; **Significativo a 5%; ***Significativo a 10%.

    Portanto, os resultados das estimaes sugerem que tanto os controles de capitais endgenos como tambm os exgenos apresentaram, no perodo em anlise, algum grau de eficincia. Alm disso, pode-se afirmar, com certa confiabilidade, que os controles exgenos so mais eficazes para guiar as expectativas dos agentes, bem

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 643

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    entendido como comportamento de manada e profecias autorrealizveis. Por outro lado, no h evidncias de que os controles exgenos reverteriam totalmente os efeitos deletrios do fluxo de capitais e a crise cambial em 1999.

    Estes resultados indicam a superioridade dos controles de capitais quantitativos sobre aqueles adotados via preos em momentos de grande instabilidade macroeco-nmica, como aquele observado no final da dcada de 1990 na economia brasileira. E mais, este resultado compatvel com as hipteses de comportamento Minskyano do sistema financeiro internacional e de classificao do Brasil na categoria especu-lativa ou ponzi pelos mercados financeiros mundiais em perodos de otimismo e expanso do sistema financeiro internacional, o influxo de capitais cresce em todas as economias, mas, durante a reverso cclica dos mercados financeiros externos, o racionamento de crdito e a fuga de capitais so mais intensos para as economias especulativas e ponzi. Nestes perodos, apenas controles de capitais quantitativos seriam eficientes para impedir uma crise cambial.

    Observe ainda que, nos momentos de crise, aps 12 meses, apenas 18,2% (nos casos de controles endgenos sobre a entrada e a sada e de controle sobre a sada exgeno) ou 6,8% (controle sobre a entrada exgeno) do movimento desses capitais controlado pela taxa bsica de juros (Tabelas 7, 8 e 9). Portanto, estes resultados reforam a tese de que os custos de um aumento dessa taxa nos perodos de insta-bilidade macroeconmica so bem maiores que os potenciais benefcios obtidos de uma reverso da crise a partir da poltica monetria contracionista.

    Adicionalmente, os resultados sugerem que a taxa de juros e os controles sobre entrada e sada de capitais foram usados no perodo em anlise como instrumentos substitutos para controlar os fluxos de capitais. Este pode ser observado a partir das Figuras 2, 3 e 4: controles endgenos sobre a entrada e a sada, controle sobre a sada exgeno e controle sobre a entrada exgeno. Mais especificamente, notou-se que um aumento na taxa de juros provoca um aumento no IOFINF e uma reduo no IOFOUTF. Este fato facilmente observado no caso em que os controles de capitais na entrada foram exgenos (utilizados preventivamente). Nesse caso, h uma reduo da participao dos efeitos da taxa Selic sobre os fluxos de capitais vis--vis ao aumento dos efeitos dos controles de capitais na entrada e na sada. Em outras palavras, o estmulo ao influxo de capitais provocado pelo aumento na Selic era parcialmente compensado com o aumento do IOF sobre a entrada de capitais e uma reduo deste imposto sobre a sada de capitais.

    Em suma, os resultados das estimaes sugerem que os controles de capitais adota-dos no Brasil, nos anos de 1990, foram endgenos, mas no totalmente ineficientes, como afirmou Schneider (2000). Embora tenham sido colhidas evidncias de que

  • Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    644 Eficcia dos Controles de Capitais no Brasil

    os controles exgenos de capitais (preventivos) so relativamente mais eficazes, os resultados no permitem afirmar que estes reverteriam totalmente a crise de 1999. Portanto, deveriam ter sido adotadas, naquele momento de crise, medidas via preos mais agressivas ou medidas administrativas, evitando-se polticas desnecessrias e onerosas ao Pas, como os aumentos estratosfricos da taxa de juros. O efeito final desta poltica o aumento desnecessrio da vulnerabilidade externa, cujo resultado precisamente o oposto ao esperado pelas autoridades monetrias.

    5 Consideraes Finais

    Um crescente fluxo de capitais de entrada e de sada vem ocorrendo na eco-nomia brasileira nos anos recentes, fruto da liberalizao financeira, iniciada no princpio da dcada dos 1990, em um contexto de expanso da liquidez em escala mundial. Argumentou-se neste trabalho que economias cujo Sistema Nacional de Inovaes (SI) menos desenvolvido em relao ao SI de outras economias tendem a apresentar de modo recorrente dficits em transaes correntes. Como resultado, a vulnerabilidade externa dessas economias torna-se estrutural. Com efeito, essas economias com pequeno desenvolvimento relativo de seus SIs so, ento, classifica-das como unidade especulativa ou ponzi nos mercados financeiros mundiais, que, por seu turno, teriam um comportamento tipicamente Minskyano, conferindo um racionamento de crdito mais intenso para as economias especulativas e ponzi nos perodos de queda cclica da liquidez mundial.

    Segundo Albuquerque (1999), o SI da economia brasileira e das demais economias em desenvolvimento apresenta pequeno desenvolvimento relativo. Nesta perspec-tiva, o Brasil se insere no cenrio externo como unidade especulativa ou ponzi, devendo ser grande o potencial de desestabilizao macroeconmica proporcionado pelos crescentes fluxos de capitais no Pas, nos ltimos anos. A adoo de contro-les de capitais revela-se, portanto, instrumento importante para uma mudana na estratgia de crescimento da economia, tendo em vista que diminui a vulnerabi-lidade externa, seleciona os fluxos de capital que se deseja absorver, priorizando os investimentos produtivos ou de maturidade mais longa e confinando os capitais especulativos a volumes administrveis, alm de isolar, em algum grau, o Pas dos choques externos.

    Neste trabalho, foram testadas algumas hipteses sobre a adoo de controle de capitais na economia brasileira nos anos de 1990. Inicialmente, avaliou-se a hiptese de que os controles adotados naquele perodo foram endgenos, para, em seguida, testar se tais controles, adotados via preos, foram eficazes em reduzir a movimen-tao de capitais no mbito da crise cambial de 1999. Ademais, foram testados se

  • Guilherme Jonas costa da silva, Marco Flvio da cunha Resende 645

    Est. econ., So Paulo, 40(3): 617-649, jul.-set. 2010

    os controles exgenos seriam mais eficazes do que os endgenos. Para tanto, foi ado-tado, de modo pioneiro, o mtodo de estimao de Vetores Autorregressivos como uma metodologia alternativa para se testar tais hipteses. Os resultados observados mostram que os controles de capitais na entrada e na sada, no Brasil, foram de fato endgenos. O trabalho mostrou ainda que os controles de capitais endgenos via preos foram eficazes em reduzir os movimentos de capitais no perodo ana-lisado, mas esses resultados poderiam ter sido melhores se o grau dessas medidas restritivas fosse mais agressivo. A segunda hiptese de que (naquelas condies) os controles exgenos seriam relativamente melhores no foi rejeitada, embora no seriam suficientemente eficazes para atenuar os movimentos de capitais e, conse-quentemente, a crise cambial. Para finalizar, as evidncias permitem inferir que, nos momentos de grande instabilidade financeira, apenas os controles de capitais quantitativos seriam capazes de efetivamente controlar os capitais de curto prazo em alguns momentos.

    Assim, a adoo de controle de capitais pode ser uma das peas fundamentais para uma mudana na estratgia de crescimento de uma determinada economia. Encontrar a melhor estratgia de adoo dos controles de capitais torna-se relevan-te para os pases que desejam reverter essa instabilidade macroeconmica crnica (refletida em amplas e frequentes flutuaes nas taxas de cmbio e de juros) e os recorrentes comportamentos do tipo stop and go.

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