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Resenha Crítica
"A dinâmica da cultura: Ensaios de antropologia", por Neusa Sutil
Taniguchi
DURHAM, Eunice Ribeiro. A dinâmica da cultura: ensaios de antropologia.
Autora: Editora: Cosac Naify. Número de páginas: 478.
Eunice Ribeiro Durham possui graduação em Ciências Sociais pela
Universidade de São Paulo (1954), mestrado em Ciência Social (Antropologia
Social) pela Universidade de São Paulo (1964) e doutorado em Ciência Social
(Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1967). Atualmente é
professor titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de
Antropologia, com ênfase em Antropologia Urbana. Atuando principalmente nos
seguintes temas: obra etnográfica, Bronislaw Malinowski.
Na obra proposta, Eunice nos apresenta um problema filosófico-teórico de
Malinowski que na sua concepção “funcionalista” de abordagem cartesiana no
conceito restrito de “instituição” concebendo o fenômeno social como as partes
de um todo e nessas partes perdendo a própria imagem do todo, segundo este
também elogia a capacidade de conseguir transpor para a sociedade moderna
comportamentos e crenças dos povos aborígenes por eles estudados, de
maneira que as pessoas modernas se identificassem com eles, também faz
comentário sobre o método comparativo utilizado por ele.
Ela elabora também o papel importante da KULA que segundo Malinowski,
constitui na sociedade tronbriandeira um fato social total, englobando
elementos econômicos, religiosos, materiais e sociais. Em suma o
comportamento aparente enquanto referencial primário de investigação não
pode ser restrito em si mesmo, mas segundo a autora, é um processo de
realidade que deve ser reconstruído em suas bases econômico político,
jurídico, religioso, etc, sendo a primazia do econômico aos demais, em
coerência que ao fenômeno cultural deve ser estudado na totalidade, e isto
constitui a análise do objeto de investigação.
A o método funcionalista de Malinowski, precisa ser revisto, porque as somas
das partes não formam o todo na e a reconstrução do “quebra cabeça” deixa
de fora importantes elementos criando uma caricatura do original observado,
devendo, portanto o investigador construir meios de unir interpretar as
conexões gerais dos agentes envolvidos.
Eunice também comenta que Malinowski, peca também que não leva em conta
as explicações dos fenômenos culturas sejam lês universais ou específicos,
que posam ser explicados pela difusão cultural ou processos históricos, por um
processo estrutural formal como é de praxe das ciências sociais, mas procura
justificar seus argumentos pelo viés da biologia apresentando elementos
reducionistas e de nenhum conteúdo.
Nesse sentido a autora se preocupa com a especificidade de cada cultura,
entendo o fenômeno humano de outra sociedade diferente da nossa, como o
erro Malinowski em querer caracterizar o homem primitivo como ignorante,
irracional, atrasado, supersticioso, infantil, caracterizado pela autora como
“defeito de observação e não como reflexão do objeto estudado.” A sua
contribuição esta em reconstruir um universo integrado de significados, em
uma experiência cultural específica, não deixando de mencionar que a
manipulação dos dados pelo investigador em uma abordagem sintética excluía
as verdadeiras informações de uma abordagem geral, suam contribuição se
firmou em apresentar um conjunto de informações em uma síntese integrada
de multiplicidade de aspectos.
A autora utiliza o método indutivo, recorrendo a métodos e procedimentos
analíticos e interpretativos, fornecidos pela antropologia e sociologia cultural, a
teoria estrutural-funcionalista se filia a escola sociológica de São Paulo
Florestan Fernandes e outros.
É uma obra original e valiosa indicada principalmente aos estudantes e
pesquisadores de Sociologia, Antropologia, Etnografia e Comunicação Social.
Resenha Crítica
"Trabalhos de Campos: Gilberto Velho”, por Neusa Sutil Taniguchi
VELHO, Gilberto. Observando o Familiar. In: NUNES, Edson de Oliveira – A
Aventura Sociológica, Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
Gilberto é professor titular e decano do Departamento de Antropologia do
Museu Nacional da UFRJ. Tem publicados os seguintes livros: A utopia urbana
(1973), Desvio e divergência (1974), Individualismo e cultura (1981),
Subjetividade e sociedade (1986), Projeto e metamorfose (1994) e Antropologia
urbana (2002). É autor ainda de Nobres & anjos (1998), entre outras obras.
No presente obra o autor nos apresenta a necessidade intrínseca não só as
Ciências Sociais, mas as demais ciências, que o pesquisador tem que ter “uma
distância mínima de seu objeto”, ou seja, a objetividade, neutralidade,
imparcialidade evitando implicações que possam obscurecer ou deformar os
julgamentos e conclusões, mas nesta busca caímos numa busca de uma
neutralidade perfeita, onde esta não existe, pois essa visão de uma
neutralidade plena do observador tem raízes implícitas no paradigma
mecanicista-newtoniano, mas que não só no campo da física (gato de
Schrödinger), mas da própria sociologia viemos a constatar. Então podemos
inferir que os métodos quantitativos mais “neutros”!? Desse modo podemos
concluir quem os envolvimentos são inevitáveis? Sendo assim, induzimos que
nenhum fenômeno social por mais insignificante quem posa parecer é natural,
mas antes disso, é uma fabricação de nosso tecido social, onde a própria
natureza humana é fruto direto da cultura onde ela esta inserida, ou seja nossa
subjetividade sempre está presente.
Gilberto fala ainda, que tradicionalmente a antropologia esta alinhada aos
métodos qualitativos, haja vista por estes trabalharem com as qualidades
particulares dos seres humanos, que não podem ser quantificadas, ou sejas
subjetivas, tais como: os significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes. Que depende da entrevista aberta e de um contado direto e pessoal.
Para se conseguir criar uma empatia é preciso um contato, e esse contato tem
que ser longo, durante um período plausível de tempo, pois somente com a
“intimidade” e a confiança, e a convivência podemos ver os aspectos culturais
que não são apontados, que não estão na superfície, mas submerso no objeto
exigindo um esforço maior e mais detalhado de observação.
Ainda para Gilberto, o problema de “pôr-se no lugar do outro” que exige um
mergulho na profundidade, por conta da distância social e da distância
psicológica, que pode transformar o exótico em familiar e o familiar em exótico
– aquele algo em comum que podemos ter com pessoas de outra cultura e
podemos não ter com pessoas de nossa própria cultura por conta da
complexidade social, por exemplo, de um grande centro urbano, como é o caso
da cidade de São Paulo, por exemplo, sugerido por Da Matta, mas preferências
gostos, indissiocrasias, experiências comuns, partilháveis, experiência comum
e acentuada como de classe, econômico, histórico para Karl Marx, por
exemplo.
O autor também argumenta, que o antropólogo relativizar essas noções, o
familiar embora não sendo um conhecimento científico é uma fonte de
informação da maior importância interpretações diferentes, conflitos, disputas,
acusações, momentos de descontinuidade, e particularmente útil, contornos de
diferentes, grupos ideologia, interesses, subculturas, etc, sendo as grandes
metrópoles como Rio de Janeiro e Nova York as relações são anônimas
complexas e nas pequenas sociedades as relações são pessoais e simples,
em sociedades complexas o desconhecido pode ser exótico, porque as
categorias que organizam a hierarquia podem estereotipar. Desse modo o
familiar e também o exótico no tocante ao conhecimento do outro e se colocar
no seu lugar, deve levar em conta de importância que o outro pode nos
surpreender, não podemos desse modo ser arrogantes achando que “sabemos
tudo em demasia sobre o outro” sendo assim é preciso vê-lo primeiro e não
esquecer que o conhecer depende da interação.
O autor utiliza o método indutivo, recorrendo a métodos e procedimentos
analíticos e interpretativos, fornecidos pela antropologia e sociologia cultural, a
teoria estrutural-funcionalista se filia a escola sociológica de São Paulo
Florestan Fernandes e outros.
É uma obra original e valiosa indicada principalmente aos estudantes e
pesquisadores de Sociologia, Antropologia, Etnografia e Comunicação Social.