Resenha Crítica William p. Loewe

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  • 7/25/2019 Resenha Crtica William p. Loewe

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    FAIFAFACULDADES INTEGRADAS FAMA

    FERNANDO MAIA

    RESENHA:

    PECADO HOJE?

    GOINIA

    2015

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    FERNANDO MAIA

    RESENHA:

    PECADO HOJE?

    Resenha crtica para obteno de notapara a matria de A Doutrina dos Anjos,da Humanidade, do Pecado e a

    relativizao dos valores bblicos, soborientao do Prof. Doutor JeovRodrigues dos Santos, no curso de Ps-graduao em Teologia Sistemtica, daFaifaFaculdades Integradas Fama.

    GOINIA

    2015

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    LOEWE, William P. Introduo Cristologia. So Paulo: Paulus, 2000. Pginas 193-210.

    Natural de New Rochelle, Nova Iorque, William P. Loewe um telogo catlico com

    Ph.D. em teologia sistemtica. Membro do corpo docente CUA desde 1973, ele concentrou

    seus estudos em cristologia e soteriologia. Foi chefe de departamento, reitor associado, e

    presidente do Senado Acadmico, com atividades na Sociedade Teolgica Catlica da

    Amrica e da College Theology Society, da qual foi presidente.

    O captulo XII do livro de Loewe descreve sua percepo sobre a realidade do pecado

    nos dias atuais. Enfaticamente, logo no incio de suas reflexes, o autor descreve quebiblicamente se pode dizer que pecado indica a realidade de processo de alienao e

    desumanizao dinamicamente em expanso. Seu posicionamento quanto a esta realidade

    enftica: Chamar esta realidade pelo termo pecado interpret-la como contrria vontade

    de Deus, pois este tipo de posicionamento um constructo humano.

    Confrontando os termos pecado e realidade, LOEWE descreve que o conceito

    bblico para pecado geral e abstrato, e sendo suas consequncias histricas, deve ser

    percebido de maneira concreta a partir da realidade histrica. Tendo o pecado consequncias

    concretas e histricas, o autor percebe que indispensvel de uma abordagem que pontua a

    necessidade compreenso destas cosmovises no decorrer das pocas.

    Para o autor, o pesquisador que pretende compreender de maneira correta a realidade

    do pecado desde os anos finais do sculo XX at os dias atuais, deve iniciar suas reflexes na

    percepo das influncias geradas pela Dialtica do Iluminismo. Segundo LOEWE, o

    pecado tem uma formacontempornea de expresso e para fundamentar suas anlises, o

    autor se utiliza de tericos como Lonergam, Horkheimer e Adorno, este dois ltimos,

    fundadores da chamada Escola de Frankfurt.

    Para LOEWE analisar esta nova roupagem do pecado, ele segue dois passos:

    Primeiramente prope uma anlise do Iluminismo e seu impacto sobre a cultura, que o autor

    denomina de vazio cultural, e em um segundo momento, seu intento descrever atravs de

    quatro pornsa resposta a questo inicial: o que pecado em nossa situao atual?.

    A leitura a partir deste ponto, evidncia a metodologia utilizada pelo autor. Em um

    primeiro momento seu objetivo analisar as influncias do iluminismo sobre a cultura

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    visando entender o vazio culturalcomo produto deste influxo. Em um segundo momento, o

    autor se prope a indicar o que poder preencher este vazio criado pelo iluminismo e a partir

    deste ponto, LOEWE comea a desenvolver quatro propostas que podero dar resposta

    problemtica levantada no incio do captulo: O que pecado em nossa realidade

    contempornea?.

    importante pontuar algumas questes levantadas pelo autor na busca de uma

    resposta atual para o pecado. Tendo isto em mente, o leitor perceber que em suas reflexes,

    questes importantes so levantadas. Percebe-se primeiramente a inteno do movimento

    Iluminista como uma revoluo em prol da libertao da humanidade, desejando se libertar de

    todas as formas irracionais de autoridade. Nesta busca de libertao, a Razo como

    movimento evoluiu, o que no princpio era um resgate do modelo grego, no decorrer do

    movimento, esta maneira de perceber a razo se esvaeceu, dando lugar a outras percepes

    como as de HUME e KANT, formando assim, a chamada Razo Cientfica.

    Para LOEWE, esta maneira de pensar da Razo Cientfica construiu a problemtica da

    polaridade entre objetividade e subjetividade. A Razo Cientfica se limita em observar e

    quantificar, no determinando como proceder em relao aos dados alcanados pelo mtodo

    cientfico, criando, segundo o autor,uma ciso entre fato e valor, entre objetividade e

    subjetividade, entre conhecimento objetivo e preferncia pessoal, tendo como resultado o

    vazio no centro de nosso bolo cultural.

    Outro ponto levantado pelo autor que merece reflexo que quando da transformao

    da razo em Razo Cientfica, perdeu-se o objetivo libertador do Iluminismo, o que

    consequentemente, destruiu o centro norteador da sociedade, que at ento era a religio. Sem

    centro gravitacional, pois a religio perdeu seu lugar e a Razo Cientfica no o quis ocupar,

    um terceiro coadjuvante entrou em cena: A Revoluo Industrial.

    Para o autor, este novo elemento na sociedade trouxe profundas consequncias para a

    humanidade e so estas consequncias que, segundo LOEWE, redesenham o pecado em sua

    forma contempornea. Alguns resultados que so descritos pelo autor em relao Revoluo

    Industrial afetaram profundamente as relaes entre os homens. Desde a teoria de Adam

    Smith, at a valorao dos seres humanos pela eficincia, produtividade e competncias, a

    Revoluo Industrial mudou profundamente a maneira dos homens se perceberem na

    sociedade.

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    Para concluir esta srie de questes levantadas pelo autor, o leitor perceber na pgina

    201, o quarto porm, que segundo LOEWE, resume em trs pontos principais: Vaidade,

    Prazer e Lazer, os aspectos da vida humana que foram redesenhados pelos resultados da

    Revoluo Industrial. Percebendo a tendncia por parte deste esprito econmico, LOEWE

    enfatiza que existe claramente uma fora coerciva que tenta influenciar todas as esferas da

    vida humana, o que evidencia a alienao e desumanizao do ser humano.

    A partir da pgina 203, o autor comea a desenvolver reflexes sobre o papel da

    religio em meio realidade construda pelos resultados do movimento Iluminista.

    Comeando pela conscincia de que historicamente as religies so parte importante na

    construo das identidades nacionais, LOEWE enfatiza que existiram diferentes abordagens,

    quanto religio, aps as grandes revolues. Se na Frana houve sentimentos anti-religiosos,

    na Amrica do Norte, ela teve participao importante na construo da nova repblica.

    Em um segundo momento, o autor descreve que h uma ntida necessidade por parte

    da humanidade de se sentir parte de algo maior que ela mesma, e principalmente, ser aceita

    pelo que . Para a humanidade, indispensvel tambm, a experincia de comunidade.

    Independente de se ter sucesso ou no, segundo LOEWE, isto explica a vitalidade contnua

    que a religio mantm.

    Antes de desenvolver suas concluses, o autor, quanto o papel da religio, percebe que

    exatamente este posicionamento da religio que produz o pecado na poca atual. Para

    LOEWE, se a religio aceita o papel de apenas ser teraputica, e satisfazer as necessidades da

    humanidade que o setor pblico ignora, a religio se torna o principal agente de pecado.

    Em suas concluses, a partir da pgina 205, e aps descrever as abordagens quanto ao

    pecado em : original, pessoal, mortal e venial, LOEWE descreve as abordagens quanto ao

    tema de Agostinho, Pelgio e Toms de Aquino, enfatizando que este o histrico no qual o

    dogma catlico do pecado original surgiu.

    No entanto, importante segundo LOEWE, perceber que a humanidade tem sido

    coagida pelo que nutri, alimenta e perpetua o pecado. Para ele, a questo do dogma quanto ao

    pecado original est mais prximo da dinmica da alienao e desumanizao, enquanto

    permeia a situao na qula nascemos e na qual somos socializados. Para o autor, a questo

    principal no ao nascer, ser uma tabua rasa, mas nascer neste mundo em meio ao caosdinmico que desumaniza a humanidade.

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    Concluses

    A concluso a que LOEWE chega que se estas dinmicas j existem antes mesmo de

    nossa existncia humana, esta humanidade no culpada de nenhum pecado original.Segundo ele, quanto a humanidade internaliza os antivaloresda cultura e comea a agir

    segundo estes padres, que o processo do pecado tem sua continuidade. Assim, a humanidade

    que perpetua esta realidade, se torna agente do pecado. A polarizao do pecado em venial e

    mortal, segundo o autor, apenas evidencia a responsabilidade que a humanidade tem por ter se

    tornado agente perpetuador desta realidade.

    Crtica e indi cao

    O que se evidncia aps a leitura deste material, so as claras influncias da Teologia

    da Libertao na fala do autor. Para ele, pecado no est relacionado com a deciso que Ado

    teve em no perceber na advertncia Divina a possibilidade do no cumprimento dos

    propsitos do criador em sua existncia humana, mas sim nos resultados da alienao gerada

    pelo afastamento do homem e seu Criador.

    O que o autor esquece-se de pontuar, possivelmente pela sua abordagem liberal quanto

    ao pecado, que uma das consequncias do pecado incapacitar a humanidade de desejarretornar ao projeto inicial estabelecido pelo Criador, revelar sua imagem e semelhana e

    perpertu-la por meio de sua descendncia.

    A abordagem de LOEWE em limitar e descrever o pecado em termos de decises

    humanas que geram injustias sociais vai de encontro, de maneira contraditria, ao que o

    texto bblico ensina. Se por um lado, para o autor, o pecado apenas resultado de dinmicas

    sociais coercivas, por outro, para as Escrituras Sagradas, o pecado resultado de um claro

    posicionamento de oposio Vontade Divina.

    O texto apresentado por LOEWE importante para qualquer tipo de reflexo teolgica

    que presa por construir uma teologia puramente bblica, no sentido de se perceber o que tem

    sido pensado teologicamente no escopo da comunidade teolgica. Dito isto, importante

    perceber que as questes levantadas pelo autor devem estar na pauta da comunidade

    protestante. Apesar de seu conceito de pecado se afastar do ensino ortodoxo das Escrituras,

    seus questionamentos quanto os caminhos que a humanidade trilhou para construir a realidade

    contempornea e que revela graves injustias, devem ser motivos de esforos reflexivos da

    comunidade protestante.

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