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  Resenha do texto “terras públicas e particulares”, adaptado de aulas do Prof. Dr. Girólamo D. Trecanni. Os autores começam o texto trazendo um conceito de bens públicos de Hely Lopes Meirelles, definindo que os mesmos “são todas as coisas, corpóreas e incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam a qualquer título, às entidades estatais, autárquicas fundacionais e paraestatais”. Tal conceito se coaduna com o disposto no artigo 98 do NCC/02. Afirma ainda que qualquer bem pode ser de propriedade pública, entretanto, há aqueles que já são predispostos a atender o interesse público, não cabendo sua apropriação privada. Logo após traz algumas classificações a que os bens públicos se submetem, por exemplo, quanto a titularidade, que nada mais é que a pertença a um dos entes públicos da federação pátria, ou quanto a destinação, nos moldes do artigo 99 do CC/02, a seguir transcrita: a) Bens de uso comum do povo, tais como os mares, rios, estradas, ruas e praças; b) Bens de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal; c) Bens de uso dominical , isto é, os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público: União, dos Estados ou dos Municípios, como objeto de direito pessoal, ou real de cada uma dessas entidades. Em seguida, os autores apresentam as características dos bens públicos, que são a inalienabilidade, tombamento, impenhorabilidade, não onerabilidade, intangibilidade, imprescritibilidade. Posteriormente, os ensinamentos de João Bosco Medeiros Souza são utilizados para conceituar as terras devolutas, que são definidas como os bens dominicais sobre os quais não tem as pessoas de Direito Público Interno posse, por estarem dispersas, sendo necessário, antes, discriminá-las para posteriormente integrá-las diretamente ao domínio público, não sendo tampouco propriedade de particulares, definição essa pari passu com o disposto nos ar tigos 3 ° da Lei 601/1850 e o 5 º do Decreto-L ei n.° 9.760/4 6 Assim sendo, os conceitos trazidos ajuda a entender que historicamente as terras públicas sempre foram definidas por exclusão daquilo

Resenha de Terras públicas

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Resenha do texto “terras públicas e particulares”, adaptado de aulasdo Prof. Dr. Girólamo D. Trecanni.

Os autores começam o texto trazendo um conceito de benspúblicos de Hely Lopes Meirelles, definindo que os mesmos “são todas ascoisas, corpóreas e incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes, créditos,direitos e ações, que pertençam a qualquer título, às entidades estatais,autárquicas fundacionais e paraestatais”. Tal conceito se coaduna com odisposto no artigo 98 do NCC/02.

Afirma ainda que qualquer bem pode ser de propriedade pública,entretanto, há aqueles que já são predispostos a atender o interesse público,não cabendo sua apropriação privada.

Logo após traz algumas classificações a que os bens públicos sesubmetem, por exemplo, quanto a titularidade, que nada mais é que a pertençaa um dos entes públicos da federação pátria, ou quanto a destinação, nosmoldes do artigo 99 do CC/02, a seguir transcrita:

a) Bens de uso comum do povo, tais como os mares,rios, estradas, ruas e praças;b) Bens de  uso especial, tais como os edifícios outerrenos aplicados a serviço ou estabelecimento federal,estadual ou municipal;c) Bens de uso  dominical, isto é, os que constituem opatrimônio das pessoas jurídicas de direito público: União,dos Estados ou dos Municípios, como objeto de direitopessoal, ou real de cada uma dessas entidades.

Em seguida, os autores apresentam as características dos bens

públicos, que são a inalienabilidade, tombamento, impenhorabilidade, nãoonerabilidade, intangibilidade, imprescritibilidade.

Posteriormente, os ensinamentos de João Bosco Medeiros Souzasão utilizados para conceituar as terras devolutas, que são definidas como osbens dominicais sobre os quais não tem as pessoas de Direito Público Internoposse, por estarem dispersas, sendo necessário, antes, discriminá-las paraposteriormente integrá-las diretamente ao domínio público, não sendotampouco propriedade de particulares, definição essa pari passu  com odisposto nos artigos 3° da Lei n° 601/1850 e o 5º do Decreto-Lei n.° 9.760/46

Assim sendo, os conceitos trazidos ajuda a entender quehistoricamente as terras públicas sempre foram definidas por exclusão daquilo

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que era terra particular. Desse modo, foi criado o procedimento dediscriminação, que pode dar-se de forma administrativa ou judicial, reguladopela Lei nº 6.383/76, muito importante para que se separar as terras devolutasdas particulares, tornando-as, assim, públicas por excelência, demonstrando,assim, sua monumental importância para o direito agrário.

No mesmo texto, o autor ainda faz algumas considerações sobreo terreno de marinha, informando que somente com a atual Constituição é queeste instituto ganha regulamentação (artigo 20, IV, da CF/88), inserindo-asentre os bens da União, matéria esta que era objeto de tratamento de leiordinária anteriormente.

Destacam que segundo Diógenes Gasparini, o instituto dosterrenos de marinha nasceu com o objetivo de fomentar a defesa do territórionacional à época da efetiva ocupação pelos portugueses. Apresenta ainda oconceito legal inserto no  Decreto Lei n° 9.760/46, em seu artigo 2º e os

esforços da Administração Pública em regularizar fundiariamente essas terras.

Os conceitos de terrenos marginais e faixas de fronteiras tambémsão averbados com intuito de demonstrar que os entes da federação, emespecial a União, apresentam a propriedade de uma significativa parcela deterras do território nacional, sendo aquelas últimas de suma importância para adefesa nacional, demonstrando ainda a rica evolução da conceituação legal-quantitativa destas.

Da leitura do texto, fica claro que impera uma insegurança jurídicatanto no que se pode entender como terra pública, quanto ao tamanho dessas,bastando verificar a inexatidão dos conceitos utilizados (afinal, quem sabe qualé a preamar média de 1831?), ou a constantes mudanças de mensuração dasfaixas de fronteira.

Assim, é praticamente impossível criar-se uma realidade fundiáriaque fomente a fixação do homem no campo e o desenvolvimento deste, semque se tenham algumas certezas sobre o elemento principal dessa equação,aterra.

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