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1 INFORME ECONÔMICO 2 de junho de 2017 Em razão dos riscos atrelados ao calendário de reformas, Copom sinaliza ritmo menor de flexibilização na próxima reunião. No comunicado, o comitê pouco alterou sua leitura conjuntural refleda através de mudanças marginais em suas projeções de inflação até 2018 sob as hipóteses de câmbio e juros consideradas. Houve elevação apenas marginal no cenário de mercado de 4,5% para 4,6% na projeção para 2018 considerando uma taxa Selic terminal próxima a 8,5%. No entanto, diante da mudança no calendário de reformas, a assimetria de recuo nas esmavas de juro estrutural usadas pela autoridade monetária diminuiu substancialmente. Em outras palavras, mesmo com os modelos corroborando o cenário de taxa de juros terminal em 8,5%, os riscos sobre as projeções de inflação aumentaram, afetando a estratégia de antecipação do ciclo incialmente planejada pelo Comitê. Naturalmente, essa estratégia está condicionada ao desempenho dos principais determinantes da inflação até a próxima reunião. No entanto, sem a dissolução dos riscos sobre a agenda de reformas é pouco provável que o comitê mude a estratégia já comunicada esta semana. Dessa forma, esperamos um corte de 75 pontos base (p.b.) na taxa juros na próxima reunião. Safra recorde de grãos impulsiona PIB do 1º trimestre, demais setores mostram acomodação. O PIB do 1º trimestre cresceu 1% na margem e recuou 0,4% na comparação interanual. Pelo lado da oferta, a agricultura foi o principal destaque com alta de 15% na comparação interanual, a indústria recuou 1,1% e os serviços ainda em contração relevante de 1,7%, na mesma base de comparação. A análise na margem nos mostra uma agricultura forte (+13,5%), indústria com alguma recuperação (+0,9%) e serviços estagnado (0%). A óca dos componentes de demanda corrobora a leitura de que a avidade RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS Copom reduz Selic em 100 pontos base e sinaliza ritmo menor na próxima reunião. Safra agrícola re- corde impulsiona resultado do PIB referente ao 1º trimestre. Fonte: BC, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 2 de junho de 2017

Em razão dos riscos atrelados ao calendário de reformas, Copom sinaliza ritmo menor de flexibilização

na próxima reunião. No comunicado, o comitê pouco alterou sua leitura conjuntural refletida através

de mudanças marginais em suas projeções de inflação até 2018 sob as hipóteses de câmbio e juros

consideradas. Houve elevação apenas marginal no cenário de mercado de 4,5% para 4,6% na projeção

para 2018 considerando uma taxa Selic terminal próxima a 8,5%. No entanto, diante da mudança no

calendário de reformas, a assimetria de recuo nas estimativas de juro estrutural usadas pela autoridade

monetária diminuiu substancialmente. Em outras palavras, mesmo com os modelos corroborando o

cenário de taxa de juros terminal em 8,5%, os riscos sobre as projeções de inflação aumentaram,

afetando a estratégia de antecipação do ciclo incialmente planejada pelo Comitê. Naturalmente, essa

estratégia está condicionada ao desempenho dos principais determinantes da inflação até a próxima

reunião. No entanto, sem a dissolução dos riscos sobre a agenda de reformas é pouco provável que o

comitê mude a estratégia já comunicada esta semana. Dessa forma, esperamos um corte de 75 pontos

base (p.b.) na taxa juros na próxima reunião.

Safra recorde de grãos impulsiona PIB do 1º trimestre, demais setores mostram acomodação. O PIB do

1º trimestre cresceu 1% na margem e recuou 0,4% na comparação interanual. Pelo lado da oferta, a

agricultura foi o principal destaque com alta de 15% na comparação interanual, a indústria recuou 1,1%

e os serviços ainda em contração relevante de 1,7%, na mesma base de comparação. A análise na

margem nos mostra uma agricultura forte (+13,5%), indústria com alguma recuperação (+0,9%) e

serviços estagnado (0%). A ótica dos componentes de demanda corrobora a leitura de que a atividade

RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

Copom reduz Selic em 100 pontos base e sinaliza ritmo menor na próxima reunião. Safra agrícola re-

corde impulsiona resultado do PIB referente ao 1º trimestre.

Fonte: BC, BRAM

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econômica ainda é fraca de modo geral. O consumo das famílias recuou marginalmente 0,2%, o consumo

do governo encolheu 0,6% e a formação bruta de capital fixo segue em queda mais pronunciada de 1,6%.

Pelo lado do setor externo, as exportações cresceram 4,8% e as importações 1,8% na margem, fechando o

trimestre com uma contribuição positiva do setor externo no período. Naturalmente, o processo de

estabilização do crescimento ao longo do 1º trimestre (exceto a forte expansão da agricultura) está

alinhado com as defasagens da política monetária e com as etapas de retomada do crescimento. Contudo,

a velocidade de recuperação nos próximos trimestres segue incerta e comprometida pela interrupção do

calendário de reformas. Para o fechamento do ano, mantemos nossa perspectiva de um resultado

próximo a zero reconhecendo as incertezas sobre essa estimativa.

Em abril, a indústria devolveu parte da queda expressiva de março, subindo 0,6% após queda de 1,3%,

ritmo do 2º trimestre ainda incerto. A PIM registrou queda de 4,5% em abril frente ao mesmo período

de 2016 e alta de 0,6% na margem, ficando acima da expectativa do mercado, de +0,1% na margem. A

abertura por categoria de uso mostrou uma melhora na margem na produção de bens de capital (+1,5%),

bens intermediários (+2,1%) e bens duráveis (1,9%), apenas a produção de não duráveis registrou queda

no período (-0,8%). Assim, a atividade industrial iniciou o 2º trimestre um pouco melhor que o esperado,

mas é prematuro dizer que sinaliza uma recuperação no período, especialmente pelo efeito dos feriados

no período. Assim, esse desempenho não muda nossa expectativa de queda para o PIB do 2º trimestre.

Indicadores da Zona do Euro corroboram manutenção da política monetária do Banco Central Europeu.

O núcleo da inflação da zona do Euro voltou para 0,9% em maio, saindo de 1,4% em abril, depois da alta

(0,5%) influência pelo período de Páscoa. Essa desaceleração se deu principalmente pela inflação de bens

de consumo (0,1%) e deflação de serviços (-0,1%). Dessa forma, o núcleo da inflação voltou aos patamares

do início do ano, se mantendo praticamente estável ao longo de 2017. O resultado foi um pouco abaixo

das expectativas do mercado (1%). Com relação a inflação cheia, houve recuo de 0,5 p.p., atingindo 1,4%

ao ano saindo de 1,9%. A abertura do indicador mostra pressão concentrada entre os grupos alimentação

(+1,5%) e energia (4,6%). O desemprego continuou em queda no mês de maio, atingindo 9,3% ante 9,5%

em abril, ficando abaixo da expectativa do mercado (9,4%). É a menor taxa desde março de 2009, o que

Fonte: IBGE, BRAM

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reafirma a trajetória melhor da economia na Zona do Euro. Além disso, o PMI industrial avançou a 57

pontos em maio, maior valor desde 2011, muito influenciado pelo indicador de novas encomendas. No

entanto, a dispersão do índice entre os países vem diminuindo nos últimos meses, merecendo atenção. De

forma geral, os dados divulgados essa semana corroboram o discurso do BCE de manutenção, pelo menos

por ora, de sua política monetária expansiva, especialmente no contexto de inflação ainda muito abaixo

de sua meta.

Na China, PMI industrial se manteve estável e, no México, o Banxico publicou a ata da última reunião

sinalizando que o final do ciclo de aperto está próximo. A divulgação do PMI chinês referente a maio

aponta um ritmo mais suave de crescimento no 2º trimestre naquele país. O PMI industrial se manteve

estável a 51,2. Em sua abertura, a queda no componente de produção foi compensada pelo aumento no

componente de emprego. Entre as categorias de uso, destaca-se o forte crescimento no componente de

bens de consumo, de 1,6 pontos. No México, o Banxico através de sua ata expressou a preocupação com o

recente choque cambial inflacionário que vem sendo minimizado pelo fraco crescimento econômico,

mantendo o hiato do PIB em terreno negativo até o final de 2018. Os relatórios indicam que o ciclo de alta

de juros deve estar próximo do fim, dado que apesar de uma provável inflação acima da meta em 2017, as

expectativas de inflação de médio e longo prazo se mantiveram relativamente estáveis e as perspectivas

de crescimento são moderadas.

Fonte: Eurostat, BRAM

Fonte: Bloomberg, NBS, BRAM

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Na próxima semana, na agenda interna, serão dois os destaques. A divulgação da ata do Copom na terça-

feira, que trará um balanço mais completo das razões para o último corte na Selic e as intenções da próxima

reunião, e o IPCA referente ao mês de maio, em que projetamos alta de 0,49%. Na Zona do Euro, a agenda

será cheia. As atenções se voltam para a o PMI de serviços e composto, a divulgação do PIB do primeiro

trimestre e a reunião do Banco Central Europeu, que não deve provocar mudanças taxa de juros. Com

relação a China, a Balança Comercial de maio e o CPI serão os focos da semana. Nos Estados Unidos,

destaque para a divulgação do ISM de serviços.

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CALENDÁRIO E PROJEÇÕES

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Tel.: 3847-9171 [email protected]

As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-

danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições

atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exati-

dão e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma ofer-ta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a em-

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Material produzido em 02/06/2017 às 16h20

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MARCELO CIRNE DE TOLEDO

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