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PLANO DE MANEJO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN ROGÉRIO MARINHO Petrópolis, RJ Julho, 2014

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

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PLANO DE MANEJO

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

RPPN ROGÉRIO MARINHO

Petrópolis, RJ

Julho, 2014

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PLANO DE MANEJO

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ROGERIO MARINHO

(Áreas 01, 02,03 e 04)

Petrópolis - Rio de Janeiro

Proprietários

RM 02 PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S/A

Supervisão Geral Eduardo Marinho Christoph

Equipe Técnica do Plano de Manejo (Autores)

Yara Valverde (Coord.) – Bióloga, DSc. em Geografia, Pós-Doutoranda em Ciências Ambientais e Florestais:

Coordenação dos trabalhos, diagnósticos e trabalhos de campo, análise documental, organização dos dados, revisão, zoneamento, monitoramento ambiental, elaboração

planejamento e programas de manejo.

Orlando Graeff - Eng. Agrônomo, Especialista em Flora: Diagnóstico e análise dos estudos florísticos e do meio físico, proposição dos programa de

pesquisa, monitoramento ambiental e registros fotográficos.

Flavia Rocha – Bióloga, DSc. em Conservação da Biodiversidade: Diagnóstico e análise da fauna, pesquisa de campo, proposição de programas e projeto de

pesquisa.

João Oswaldo Cruz - Geógrafo, Especialista em Geoprocessamento: Geoprocessamento, mapeamentos, diagnósticos, pesquisa de campo, registros

fotográficos.

Flavio Brasil – Geógrafo, Especialista em Análises Ambientais: Diagnóstico, pesquisa de campo, análise dos estudos socioeconômicos, registros

fotográficos.

Leonardo Freitas – Biólogo, DSc. em Geografia: Mapeamentos, análise espacial, zoneamento e planejamento.

Bruno Coutinho - Biólogo, DSc. em Geografia: Mapeamentos, análise espacial.

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Ao Jornalista e Ambientalista Rogério Marinho (in memoria)

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Lista de Siglas e Abreviações

APA Área de Proteção Ambiental API Área de Proteção Integral APP Área de Preservação Permanente AUS Área de Uso Sustentável CDB Conservação sobre Diversidade Biológica CEIVAP Comitê para a Gestão Integrada da Bacia do Rio Paraíba do Sul GT Grupo de Trabalho IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade MMA Ministério do Meio Ambiente NEA Núcleo de Educação Ambiental ONG Organização Não-Governamental OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PARNA Parque Nacional PM Plano de Manejo PNAP Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (Decreto Federal nº 5.758/2006) PNEA Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 9.795/1999) PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PP Paisagem Protegida ProNEA Programa Nacional de Educação Ambiental REBIO Reserva Biológica RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural RVS Refúgio da Vida Silvestre SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente SIG Sistema de Informações Geográfica SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente SNAP Sistema Nacional de Áreas Protegidas SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei 9.985/00) SPP Sistema de Paisagens Protegidas UC Unidade de Conservação UICN União Internacional para a Conservação da Natureza UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura ZVS Zona de Vida Silvestre

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 1

PARTE A – INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4

1. Localização e Acessos...................................................................................... 4

2. Histórico de Criação e Aspectos Legais da RPPN ......................................... 6

3. Ficha – Resumo da RPPN ................................................................................. 7

PARTE B – DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 10

1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN ........................................................................ 10

1.1. Clima ............................................................................................................. 10

1.2. Relevo - Geomorfologia .............................................................................. 15

1.3. Hidrografia ................................................................................................... 18

1.4. Vegetação e Flora ........................................................................................ 19

1.5. Áreas de Preservação Permanentes .......................................................... 57

1.6. Fauna ............................................................................................................ 58

1.7. Trilhas ........................................................................................................... 77

1.8. Pesquisa e Monitoramento ......................................................................... 77

1.9. Riscos, Pressões, Ameaças ....................................................................... 78

1.9.1. Ocorrência de Fogo ................................................................................. 79

1.10. Sistema de Gestão ................................................................................... 89

1.10.1. Atividades Desenvolvidas ................................................................... 89

1.10.2. Infra-Estrura, Equipamentos e Serviços (Cercas) ............................. 89

1.10.3. Pessoal .................................................................................................. 90

1.10.4. Recursos Financeiros .......................................................................... 90

1.10.5. Formas de Cooperação........................................................................ 91

2. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ....................................................... 91

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO .............................................. 93

4. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ...................................................... 109

5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ............................................................. 109

PARTE C – PLANEJAMENTO ....................................................................................... 112

1. OBJETIVOS DO MANEJO ............................................................................. 112

2. ZONEAMENTO ............................................................................................... 113

2.1. Zona Silvestre ............................................................................................ 117

2.2. Zona de Proteção ...................................................................................... 118

2.3. Zona de Transição ..................................................................................... 118

2.4. Zona de Recuperação ............................................................................... 119

3. PROGRAMAS DE MANEJO. .......................................................................... 120

3.1. Programa de Administração ..................................................................... 120

3.2. Programa de Proteção .............................................................................. 121

3.3. Programa de Recomposição da Vegetação ............................................ 126

3.4. Programa de Pesquisa e Monitoramento ................................................ 127

3.5. Programa de Comunicação e Educação Ambiental ............................... 131

4. PROJETOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 133

4.1. Projeto de Monitoramento da Fauna de Vertebrados ............................ 133

5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................................................. 138

PARTE D - INFORMAÇÕES FINAIS ............................................................................. 140

1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 140

2. ANEXOS ......................................................................................................... 147

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Lista de Figuras, Fotos, e Outras Ilustrações

Figura 1: Localização da RPPN Rogério Marinho na divisão distrital do município de Petrópolis .................................................................................................................................. 5

Figura 2: Limites do Sítio do Cavalo Baio e das Áreas 1, 2 e 5 que incluem a RPPN Rogério Marinho, áreas 1, 2, 3 e 4, e Remanescentes do Sítio do Cavalo Baio incorporadas ao PARNA Serra dos Órgãos. ...................................................................... 9

Figura 3: Vista de parte da Serra dos Órgãos tomada de Itaipava: A montanha mais elevada, à esquerda, é a Pedra do Mamute, surgindo a Pedra do Cone, no centro da grota, à direita. O Vale do Mata Porcos esconde-se entre essas duas elevações .... 17

Figura 4: Matinha de candeia (Eremanthus erythropappus) destruída pelo incêndio de 1999, tendo ao fundo o Vale do Mata Porcos e a Pedra do Cone .......................... 21

Figura 5: Um dos autores do Diagnóstico da Fazenda do Cavalo Baio examina e faz imagens de uma densa população de bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis), em 1998. Essa população, que se estendia por grande área de afloramento rochoso, foi completamente destruída pelo mesmo incêndio de 1999 ........................ 24

Figura 6: Uma das áreas de ocorrência das bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis), da Fazenda do Cavalo Baio – atualmente integrando o Parque Nacional da Serra dos Órgãos – logo após o incêndio de 1999 .................................................... 25

Figura 7: Aspecto interno de uma floresta de fundo de vale, no interior da RPPN Rogério Marinho – Excelente estado de conservação ................................................... 27

Figura 8: Vriesea pseudatra. Família Bromeliaceae. Planta característica das beiras de afloramentos rochosos e de campos de altitude. Na imagem, aspecto de seu florescimento noturno, que atrai morcegos especializados na polinização ......... 35

Figura 9: Barbacenia squamata. Família Velloziaceae. Espécie restrita aos afloramentos rochosos e bordas de campos de altitude mais conservados. Extremamente vulnerável ao fogo e à invasão do capim-gordura ................................ 35

Figura 10: Alcantarea imperialis. Família Bromeliaceae. Bromélia de dimensões monumentais que é capaz de armazenar até mais de dez litros de água em seu tanque e suportar ali inúmeras espécies de animais ...................................................... 36

Figura 11: Vellozia variegata. Família Velloziaceae. Pequena espécie de canela-de-ema que habita os afloramentos rochosos da região ............................................... 36

Figura 12: Grobya ahmerstiae. Família Orchidaceae. Orquídea exclusiva dos substratos de madeira em decomposição. Geralmente, quando os velhos troncos mortos que as abrigam vão ao solo, essas belas plantas também se perdem .......... 39

Figura 13: Epidendrum secundum. Família Orchidaceae. Apresenta inúmeras variedades, em diversas colorações, desde o rosado, como a da foto, que abunda na RPPN Rogério Marinho, até o amarelado ................................................................... 39

Figura 14: Vriesea guttata. Família Bromeliaceae. Planta que já foi outrora muito coletada, no Vale do Bonfim, que é contíguo ao Mata Porcos, onde hoje encontra abrigo seguro. (Desenho – Orlando Graeff) ..................................................................... 40

Figura 15: Vriesea guttata. Família Bromeliaceae. Aspecto de indivíduos de uma população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local ............................................................................................. 41

Figura 16: Hoffmannsegella cinnabarina. Família Orchidaceae. Orquídea restrita aos campos de altitude da Região Sudeste, estando ameaçada de desaparecimento, devido ao fogo ...................................................................................... 41

Figura 17: Cyrtopodium glutiniferum. Família Orchidaceae. Orquídeas rupícolas/saxícolas conhecidas vulgarmente como rabos-de-tatu ou sumarés.

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Surgem frequentemente junto com as bromélias-imperiais, como na foto obtida nas proximidades da RPPN Rogério Marinho ......................................................................... 43

Figura 18: Em sentido horário, desde o topo: Três orquidáceas do gênero Zygopetalum que habitam a RPP Rogério Marinho: Z. crinitum e Z. intermedium, que preferem ambientes iluminados associados a campos de altitude e afloramentos rochosos; Z. maxillare que é exclusiva da floresta densa, vegetando nos caules de samambaias arborescentes ................................................................................................ 44

Figura 19: Tibouchina grandifolia. Família Melastomataceae. Arbusto ornamental bastante comum em cultivo, nos jardins urbanos, sendo originário das encostas rochosas da Floresta Atlântica ............................................................................................ 53

Figura 20: Geonoma schottiana. Família Arecaceae. Delicada palmeira do sub-bosque da Serra dos Órgãos. Abunda nas florestas mais densas da RPPN Rogério Marinho: Indicadora de qualidade ambiental .................................................................... 54

Figura 21: Ceiba speciosa. Família Malvaceae. A paineira-rosa é árvore característica das matas da Serra dos Órgãos, tendo sido intensamente plantada nos reflorestamentos realizados entre 1998 e 1999 na reserva ................................... 54

Figura 22: Hyptidendron asperrimum. Família Lamiaceae. Arvoreta que medra na base dos afloramentos rochosos e que apresenta florescimento bastante atraente. 55

Figura 23: Senna multijuga. Família Fabaceae. Arvoreta comum nas florestas secundárias, apresentando florescimento anual muito vistoso ..................................... 55

Figura 24: Epidendrum cf. floribundum. Família Orchidaceae. Espécie fotografada em 1998, no alto Vale do Mata Porcos. ....................................................... 56

Figura 25: Esterhazia sp. Família Orobanchaceae. Planta característica dos campos rupestres e formações de altitude, em vegetação aberta ............................... 56

Figura 26: Cyalonoxia glaucocaerulea Fonte http://www.wikiaves.com.br ............. 60

Figura 27: Trogon surrucura . Fonte http://www.wikiaves.com.br/surucua-variado.................................................................................................................................................. 60

Figura 28: Tijuca condita. Fonte: http://www.wikiaves.com.br/saudade-de-asa-cinza ........................................................................................................................................ 60

Figura 29: Sporophila caerulescens. Fonte http://www.wikiaves.com.br/coleirinho.................................................................................................................................................. 61

Figura 30: Spizaetus tyrannus. Fonte http://www.wikiaves.com.br/gaviao-pega-macaco.................................................................................................................................... 61

Figura 31: Chiroxiphia caudata. Fonte http://www.wikiaves.com.br/tangara ........... 61

Figura 32: Basileuterus leucoblefarus. Fonte http://www.wikiaves.com.br/pula-pula-assobiador ..................................................................................................................... 61

Figura 33: Tayassu pecari. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tayassu_pecari.jpg .................................... 73

Figura 34: Tamandua tetradactyla. Foto de Frans Lanting. Fonte: http://franslanting.photoshelter.com/image/I00005I6fFmLbBLI) ....................... 73

Figura 35: Silvilagus brasiliensis: Fonte: http://www.sfbaywildlife.info/species/mammals.htm ........................................... 74

Figura 36: Sciurus aestuans. Fonte: http://guiaaventura.blogspot.com.br/2009_10_01_archive.html ....................... 74

Figura 37: Puma concolor: Fonte: http://catbg.net/divi/index.php?sta=83&catid=2 .. 74

Figura 38: Potos flavus: Fonte: http://travel.mongabay.com/costa_rica/images/costa-rica_0605.html ....................................................................................................................... 75

Figura 39: Didelphis aurita - foto de Leonardo de Souza Machado. Fonte: http://calphotos.berkeley.edu/cgi/img_query? ...................................................... 75

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Figura 40: Carollia perspicillata. Fonte: http://www.warrenphotographic.co.uk/12828-trinidad-fruit-bat...................................................................................................................... 75

Figura 41: Cabassous unicinctus. Fonte: http://www.nationalgeographicstock.com/ngsimages/explore/explorecomp.jsf?xsys=SE&id=1294359 .......................................................................................................... 76

Figura 42: Bradypus variegatus. Fonte: https://picasaweb.google.com/lh/photo/gaHjSb6aViO_yTLWpWGJLQ ........... 76

Figura 43: Allouata guariba. Foto de Júlio César Bicca-Marques Fonte: http://centrodeestudosambientais.wordpress.com/tag/bugio-ruivo/ ................. 76

Figura 44: Imagem extraída do relatório sobre o fogo no Vale do Mata Porcos (GRAEFF, 1999) exibindo as principais frentes de propagação de incêndios ........... 80

Figura 45: Vista parcial dos resultados do incêndio de 1999, com destruição completa da flora rupestre ................................................................................................... 84

Figura 46: Vista parcial da vegetação queimada pelo incêndio de 1999, notando-se completa exposição do solo ................................................................................................ 85

Figura 47: Detalhe de orquídea rupícola Hoffmannseggella cinnabarina irreversivelmente destruída pelo incêndio de 1999 ......................................................... 85

Figura 48: Mapa com a representação do caminho percorrido pelo fogo no incêndio ocorrido em 1999. Adaptado de Graeff, 1999 .................................................................. 86

Figura 49: Imagem das Bacias Hidrográficas (limite em azul) da RPPN Rogério Marinho (limite em verde). ................................................................................................... 93

Figura 50: Mapa de Pessoas Residentes (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado)................................................................................................................................ 95

Figura 51: Mapa de Domicílios Particulares Permanentes com Abastecimento de Água por Rede Geral (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado). .......................... 97

Figura 52: Mapa de Percentual de Domicílios Particulares Permanentes com Lixo Queimado na Propriedade (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado). ................. 99

Figura 53: Foto com detalhes das moradias e infraestruturas na localidade Vale das Flores (data: 13/08/12). ...................................................................................................... 101

Figura 54: Foto com detalhes das moradias e infraestruturas nas encostas da localidade Vale do Bonfim (data: 13/08/12). ................................................................... 102

Figura 55: Despejo de esgoto doméstico na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12)............................................................................................................................... 102

Figura 56: Detalhe da infraestrutura (calçamento nas vias, rede elétrica e telefonia publica) na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12). ......................................... 103

Figura 57: Foto de detalhe do acúmulo de lixo na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12). .................................................................................................................. 103

Figura 58: Foto do Posto de Saúde (esquerda) e Escola Municipal (direita) na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12). ............................................................. 104

Figura 59: Detalhe das culturas de hortaliças na localidade do Pinheiral (data: 13/08/12)............................................................................................................................... 104

Figura 60: Detalhe da queima de “lixo verde” e do uso de técnicas de irrigação de culturas na localidade de Pinheiral (data: 13/08/12). .................................................... 105

Figura 61: Detalhes da infraestrutura da localidade de Pinheiral (data: 13/08/12). 106

Figura 62: Detalhes dos dois padrões construtivos que dominam a paisagem da localidade de Pinheiral (data: 13/08/12). ......................................................................... 107

Figura 63: Detalhes da via principal do loteamento do vale do Mata Porcos (data: 13/08/12)............................................................................................................................... 108

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Figura 64: Imagem Google Earth com parte das UCs que protegem os maiores fragmentos florestas da região da RPPN Rogério Marinho (Legenda da imagem: REBIO Tinguá em Laranja; APA Petrópolis em amarelo; PARNA Serra dos Órgãos em vermelho; e RPPN Rogério Marinho em verde. ...................................................... 111

Figura 65: Organograma funcional proposto para a RPPN Rogério Marinho .......... 121

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Quadro de Indices Pluviométricos .......................................................... 12

Tabela 2: Temperaturas Médias na Região de Petrópolis ................................... 14

Tabela 3: Caracterização da hidrografia da RPPN Rogério Marinho. ................ 19

Tabela 4: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na RPPN Rogério Marinho .............................................................................................. 30

Tabela 5: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Área de Estudos ........................................................................................................... 31

Tabela 6: Tabela das Áreas de Preservação Permanente (APPs) da RPPN Rogério Marinho. ......................................................................................................... 57

Tabela 7: Tabela de caracterização quanto à situação da Cobertura Vegetal das Áreas de Proteção Permanente (APPs) da RPPN Rogério Marinho. ......... 57

Tabela 8: Espécies de aves de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, com base em dados da literatura (Alves et al., 2009; Mallet-Rodrigues et al., 2007; Plano de Manejo PARNASO, 2008). A taxonomia e a sistemática seguem CBRO (2011). Categorias de ameaça seguem Machado et al. (2008) e Alves et al. (2000). Legenda: PA = presumivelmente ameaçada; VU = vulnerável; NT = ameaçada; EN = em perigo; CP = criticamente em perigo; DI = dados insuficientes. ..................................................................................................... 62

Tabela 9: Espécies de mamíferos de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, com base em dados da literatura (Olifiers et al., 2007; Plano de Manejo PARNASO, 2008; Rocha et al., 2009). A taxonomia e a sistemática seguem CBRO (2011). Categorias de ameaça seguem Machado et al. (2008). Legenda: PA = presumivelmente ameaçada; VU = vulnerável; NT = ameaçada; EN = em perigo; CP = criticamente em perigo; EP = presumivelmente extinta. 71

Tabela 10: Quadro de funcionários do Sítio Cavalo Baio que atendem à RPPN Rogério Marinho. ......................................................................................................... 90

Tabela 11: Características de área das Zonas da RPPN Rogério Marinho. ... 114

Tabela 12: Características de Cobertura Vegetal e Uso do Solo das Zonas (hectares) da RPPN Rogério Marinho .................................................................... 115

Tabela 13: Características de Cobertura Vegetal e Uso do Solo das Zonas (hectares) da RPPN Rogério Marinho .................................................................... 116

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na RPPN Rogério Marinho. ............................................................................................. 30

Gráfico 2: Gráfico de distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo por Bacias Hidrográficas na Área de Estudos ............................................... 31

Gráfico 3: Perfil longitudinal da Trilha da RPPN Rogério Marinho. .................... 77

Gráfico 4: Composição da Cobertura Vegetal e Uso do Solo em cada uma das Zonas da RPPN Rogério Marinho. ......................................................................... 117

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APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que apresentamos a proposta do PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ROGÉRIO MARINHO, uma das unidades de conservação que compõem o Corredor da Mata Atlântica da Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro. A proposta foi elaborada sob a coordenação do empresário Eduardo Marinho Christoph, diretor presidente da empresa proprietária da reserva, a RM 02 Participações e Investimentos SA. Coube à empresa a contratação, com recursos próprios, de especialistas em manejo e gestão da conservação para a elaboração deste documento.

As motivações que fazem um proprietário transformar suas terras, em parte ou na sua totalidade, numa reserva são muitas: proteção contra avanços da degradação; proteção da paisagem, de encostas e de mananciais; exploração do turismo ecológico; adequação às ações governamentais de conservação, em áreas circunjacentes, evitando desapropriação; pesquisa científica ou ponto de observação de aves e outros elementos da fauna; conservação das condições naturais de uma propriedade herdada, mesmo que seja por motivação sentimental. Porém, todas convergem para uma motivação central que é a da efetiva proteção dos seus recursos naturais em perpetuidade, o que implica ações de longo prazo, transcendendo o período de toda uma vida.

Diversas nações têm desenvolvido programas de incentivo à criação de áreas protegidas privadas, como: O Programa do Patrimônio Natural e os Sítios de Importância para a Conservação, desenvolvidos na África do Sul; e o Sistema de Reservas Naturais Privadas, administradas pelo The Nature Conservancy (TNC), nos Estados Unidos (MESQUITA & LEOPOLDINO, 2002). No Brasil, o estabelecimento de áreas protegidas privadas está previsto na legislação desde o primeiro Código Florestal, em 1934, na figura das Florestas Protetoras (MEDEIROS, 2006). Mas, somente em 2000, com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC, Lei nº 9.985), as Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN, foram definidas como unidades de conservação da natureza de domínio privado (Art. 21). São criadas por ato do poder público, gravadas com perpetuidade por intermédio de Termo de Compromisso, a ser averbado no Registro Público de Imóveis.

A criação de Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPN) tem contribuído significativamente para a conservação da biodiversidade, complementando os esforços do poder público. Embora pequenas, na sua grande maioria, as RPPN constituem uma excelente ferramenta para as estratégias de formação de corredores ecológicos e proteção de zonas de amortecimento de grandes unidades públicas (MESQUITA, 2004). Um estudo

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recente avaliando a importância das RPPN para conservação da biodiversidade identificou que, em uma amostra de 127 RPPN da Mata Atlântica, estão protegidas cerca de 140 espécies de animais e 60 espécies de plantas listadas como ameaçadas de extinção (OLIVEIRA et al, 2010). Cerca de 25% das espécies de animais oficialmente listadas como ameaçadas de extinção na Mata Atlântica estão presentes nessas RPPN.

Ainda que estejam incluídas no Grupo das Unidades de Uso Sustentável, essas unidades de conservação prevêem a proteção integral de seus recursos naturais, sendo admitidas somente atividades de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e/ou educacionais. Essas atividades devem estar previstas no Plano de Manejo da RPPN, que indicará aquelas prioritárias e, no caso da pesquisa, se esta envolver coleta, os procedimentos exigidos na legislação pertinente que os pesquisadores deverão adotar.

O presente Plano de Manejo está embasado nas normas legais vigentes para essa categoria e no Zoneamento Ambiental. Sua formatação foi adaptada do Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural elaborado pelo Ibama (FERREIRA, 2004), utilizando dados e informações coletadas em campo, dados secundários obtidos em várias fontes, além de imagens e mapas. A base de dados da RPPN – físicos, bióticos, socioeconômicos e culturais, legislativos e de planejamento do uso e ocupação das terras, é bastante significativa, face aos sucessivos levantamentos, estudos técnicos e pesquisas realizadas na região onde se insere a reserva ao longo das últimas décadas e, mais recentemente, pelas informações geradas durante este trabalho.

O trabalho aborda os conceitos de gestão da conservação e os instrumentos dessa gestão presentes na área, procurando disponibilizar estes elementos para os responsáveis pela administração da RPPN. Foi considerada a complexa superposição de legislações que incidem sobre o território desta RPPN, seja disciplinando o seu uso como impondo restrições à ocupação. Neste contexto estão o Código Florestal, a Lei da Mata Atlântica e os planos de manejo de outras unidades relacionadas a esta RPPN: a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis – APA Petrópolis, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos – PARNASO. Essas unidades são formadoras do Mosaico Central Fluminense de Unidades de Conservação, assim como a RPPN Rogério Marinho, e também dispõem de instrumentos de planejamento e gestão próprios. Assim, o êxito da gestão da conservação desta RPPN dependerá da integração das suas ações com as dessas unidades do Mosaico, definindo claramente as competências e o compartilhamento das responsabilidades entre elas.

O conteúdo das partes e dos itens deste Plano é sumarizado a seguir:

Parte A – Introdução: Destaca a linha conceitual adotada no trabalho e a sua concepção, segundo os conceitos de planejamento da gestão da conservação in situ. Apresenta um breve histórico da criação da RPPN e seus aspectos legais, destacando a Portaria do ICMBio que a criou, assim como seus objetivos. Traz também a ficha com o resumo das informações sobre a RPPN.

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Parte B – Diagnóstico da RPPN: Aborda sua localização geográfica; sua importância para o meio ambiente, em nível nacional, regional e local; as implicações ambientais e as possibilidades de acordos e parcerias. Compreende a análise e avaliação sintética de todos os parâmetros de natureza biológica, física, socioeconômica e cultural da UC; a ocupação do território, o uso e os problemas decorrentes; bem como os aspectos institucionais como recursos humanos e de infraestrutura. Os estudos e o planejamento abrangeram três escalas distintas: a) da área da RPPN propriamente dita; b) da área da propriedade onde está inserida o imóvel; c) da área do entorno, compreendida como aquela das bacias de inserção da RPPN e/ou que influenciam o seu funcionamento.

Parte C – Planejamento: Onde se encontram as principais informações sobre o zoneamento e a proposta do plano de manejo, compreendendo os objetivos e a definição de cada zona de gestão do território; o zoneamento ambiental; a matriz de planejamento; a listagem de ações gerenciais gerais e diretrizes para a conservação da RPPN. As ações gerenciais serão apresentadas por temas, compreendendo o enquadramento das ações em uma matriz de planejamento, segundo os programas temáticos estabelecidos em consenso com os proprietários.

Parte D – Informações finais: Contém os anexos, com os mapas referenciados no texto que não foram inseridos diretamente; a Portaria que criou a RPPN; o mapa do Zoneamento Ambiental no nível de percepção equivalente à escala de 1:10.000; as fichas descritivas das Zonas estabelecidas no Zoneamento Ambiental; a equipe envolvida na elaboração do documento; e a relação dos participantes na oficina que discutiu a Versão Preliminar do Plano de Manejo. Nessa parte do documento, também estão as referências bibliográficas e o glossário.

Os programas listados poderão se materializar em projetos setoriais, porém integrados, buscando sempre uma transversalidade que contemple todos os programas e, na medida do possível, buscando a gestão da conservação efetiva da reserva. Destacam-se as vantagens e os avanços já conseguidos na conservação da reserva, não só pela experiência acumulada e infraestrutura existente, mas também pelo patrimônio de que ela já dispõe: Suas trilhas, aceiros e inventários anteriormente executados.

Portanto, a elaboração do Plano de Manejo da RPPN Rogério Marinho representa mais um passo dado por seus proprietários rumo ao cumprimento dos objetivos de conservação iniciados pelo Dr. Rogério Marinho. Sabemos das dificuldades a serem enfrentadas, pois até mesmo a maioria das UC governamentais ainda carece dos instrumentos de planejamento e gestão. Por isso, essa iniciativa, somada às em andamento nas demais nas unidades do Mosaico, é de suma importância para a conservação regional. Esperamos que este seja um exemplo a ser multiplicado e, com o tempo, ampliado e melhorado.

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PARTE A – INTRODUÇÃO

1. Localização e Acessos

A RPPN Rogério Marinho está localizada no final da Estrada do Cavalo Baio, no loteamento Mata Porcos, Bairro de Correas, 2º Distrito do Município de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro (Anexo 1). A RPPN faz fronteira com os limites geográficos das unidades de conservação federais APA Petrópolis e Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

O principal acesso a Petrópolis se dá pela BR-040, que liga o Rio a Belo Horizonte, além de outras localidades fluminenses mais próximas, como Duque de Caxias, ao sul, e Areal, ao norte. Outra rodovia federal é a BR-495, que liga o distrito de Itaipava a Teresópolis (Anexo 1). A antiga estrada União e Indústria, em Itaipava, se junta à RJ-134, na altura do distrito de Posse, seguindo para São José do Vale do Rio Preto, a nordeste. A RJ-107 desce a serra em direção a Magé. A rodovia RJ-117, recentemente pavimentada, parte da localidade de Araras, em direção a Paty do Alferes, a oeste. Outra rodovia parcialmente asfaltada é a RJ-123, que liga a região de Pedro do Rio ao distrito de Avelar, também em Paty do Alferes.

O acesso por veículos à RPPN Rogério Marinho é realizado apenas pela Estrada União e Indústria, na altura da localidade de Correias, de onde segue-se, em direção leste, pela Rua Dr. Augustinho Goulão até a estrada do Mata Porcos. No final da estrada do Mata Porcos, já nos limites do loteamento, encontra-se a entrada do Sítio do Cavalo Baio (Figura 1). As cordenadas geográficas do ponto de acesso são 695.965 O / 7.516.590 S (UTM Sirgas 2000 Fuso 23S).

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Figura 1: Localização da RPPN Rogério Marinho na divisão distrital do município de Petrópolis

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2. Histórico de Criação e Aspectos Legais da RPPN

A partir de iniciativa inaugural do entusiasta e ativista da conservação Jornalista Rogério Marinho, seguida por seu neto Eduardo Marinho Christoph, em setembro de 2008, o Institito Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, reconhece a RPPN Rogério Marinho, Áreas 01, 02, 03 e 04 através da Portaria nº 67, publicada no Diário Oficial da União em 10 de setembro de 2008. A RPPN incluiu parte das terras do Sítio do Cavalo Baio, Sítio da Mangueira, Sítio da Estrela parte 1 e Sítio da Estrela parte 2, então propriedades do Dr. Rogério Marinho e sua esposa, Sra. Elisabeth Marinho (Figura 2).

O processo para a criação da RPPN Rogério Marinho iniciou-se, concomitantemente ao processo de ampliação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, após entendimentos com o ICMBio sobre a abrangência da área a ser preservada pelas duas unidades. Isso porque, na época, estava em análise no órgão federal uma proposta para incorporar toda a área florestada da propriedade ao parque. Não obstante a intenção dos proprietários em dar continuidade à efetiva preservação daqueles ecossistemas, que vinha sendo realizada há mais de quatro décadas e demonstrada por estudos técnicos e científicos, a maior parte da área florestada foi incluída no parque. De fato, o Decreto Federal de ampliação do Parque foi firmado no mesmo dia da assinatura da Portaria que criou a RPPN.

A RPPN Rogério Marinho tem como objetivo contribuir para a conservação voluntária de importante fragmento da Mata Atlântica no Município de Petrópolis. A relevância desta RPPN é demonstrada pela sua localização estratégica, situada entre o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a APA Petrópolis, com importantes remanescentes florestais nas cabeceiras do rio Mata Porcos e abrigando exemplares raros da fauna e da flora do bioma Mata Atlântica.

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3. Ficha – Resumo da RPPN

Nome da RPPN: RPPN ROGERIO MARINHO

Nome do proprietário: RM 02 PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S/A,

CNPJ/MF 09.634.535/0001-99, Rua Timóteo da Costa, n. 120 - Apto. 701, Leblon - Rio de Janeiro - RJ. CEP. 22450-130.

Nome do representante técnico: Yara Valverde

Contato: (24) 2221.1006

Endereço da RPPN: Estrada Mata Porcos, s/n, Correas, Petrópolis, RJ

Área da RPPN: 91,86 hectares

Principal município de acesso à RPPN: Petrópolis

Coordenadas: 695.965 O / 7.516.590 S / UTM

Data e número do ato legal de criação: Portaria ICMBio n˚ 67 de 10.09.2008

Referências importantes dos limites e confrontantes:

RPPN

Cavalo Baio

848.615,74m² = 84,86 ha

Confrontantes

Frente Sul 947,50 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Divisa Leste 1.265,46 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Divisa Oeste 1.146,19 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Fundo Norte 1.629,59 m Imóvel Cavalo Baio (excluído da RPPN)

RPPN Área 2

16.873,39 m² = 1,68 ha

Frente Norte 111,01 m Imóvel Área 1 (excluído da RPPN)

Divisa Oeste 143,51 m Imóvel Área 2 (incluído na RPPN)

Divisa Leste 163,21 m Imóvel Cavalo Baio (incluído da RPPN)

Fundo Sul 112,27 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

RPPN Área 3

43.365,33 m² = 4,33 ha

Frente Sul 164,11 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Divisa Leste 236,62 m Imóvel Área 2 (incluído na RPPN)

Divisa Oeste 256,34 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Fundo Norte 239,07 m Imóvel Área 3 (excluído da RPPN)

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RPPN Area 4

9.763,71 m² = 0,97ha

Frente Sul 65,00 m Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Divisa Leste 143,51 m Imóvel Área 1 (incluído na RPPN)

Divisa Oeste 152,15 m Imóvel Área 5 (incluído na RPPN)

Fundo Norte 66,33 m Imóvel Área 2 (excluído da RPPN)

Bioma: Mata Atlântica

Distâncias de centros urbanos mais próximos: Petrópolis: 10,5 Km; Correas: 4 km; Itaipava: 7,5Km

Meio principal de chegada à UC: de veículo pela Estrada do Mata Porcos

Atividades ocorrentes: preservação e pesquisa.

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Figura 2: Limites do Sítio do Cavalo Baio e das Áreas 1, 2 e 5 que incluem a RPPN Rogério Marinho, áreas 1, 2, 3 e 4, e Remanescentes do

Sítio do Cavalo Baio incorporadas ao PARNA Serra dos Órgãos.

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PARTE B – DIAGNÓSTICO

1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN

A partir da década de 1990 foram desenvolvidos alguns estudos sobre a ecologia e a proteção da Fazenda do Cavalo Baio, onde se insere a RPPN Rogério Marinho (GRAEFF, 1998 e 1999). Portanto, para o desenvolvimento do plano de manejo, considerou-se as informações produzidas sobre a área por esses estudos. Sendo assim, optou-se por fortalecer, no diagnóstico, as informações e avaliações em temas importantes que não foram contemplados ou que necessitavam uma melhor avaliação para o planejamento da unidade.

A avaliação dos atributos físicos e do uso público, o melhor conhecimento da flora através de dados primários e a compilação e análise do conhecimento sobre a fauna da unidade foram os temas definidos como prioritários na revisão do plano de manejo da RPPN.

1.1. Clima

O estado do Rio de Janeiro possui climatologia tropical, sendo que, acima da Serra do Mar, por seus reversos, continente adentro, observam-se os domínios do clima tropical de altitude. Na classificação de Nimer (1977 in GRAEFF et al., 2006), a região serrana de Petrópolis, onde se encontra situada a RPPN Rogério Marinho, é do tipo tropical mesotérmico brando superúmido a úmido. Segundo este mesmo autor, esse tipo de clima ocorre na Serra do Mar, onde a altitude está situada acima dos 700m, que é o caso da área da Fazenda Itaipava. Considerando os domínios climatológicos propostos por Mendonça & Danni-Oliveira (2007), o clima do Rio de Janeiro não se diferencia dos domínios do Clima Tropical do Brasil Central, no qual sobressaem dois períodos bastante distintos, quais sejam: a) Uma estação com temperaturas mais elevadas, acompanhada por maiores índices pluviométricos; b) Outra estação com decréscimo de temperaturas médias, acompanhada pelo declínio da pluviometria. De forma geral, ainda que a Região Serrana apresente climatologias tópicas de exceção, como a seguir referido, são desconsideráveis os perímetros onde as temperaturas médias mínimas sejam de ordem inferior aos 18oC.

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Segundo Nimer (1977 in GRAEFF et al., 2006), a ação do relevo, acima dos 700m, faz com que as temperaturas médias anuais oscilem entre 18º e 19ºC, sendo que, mesmo durante o verão, raramente as temperaturas médias ultrapassariam os 20ºC. No inverno a temperatura média chegaria aos 15ºC, porém, jamais decrescendo de 10ºC. Contudo, a complexidade climática da região serrana de Petrópolis contradiz as tabelas climáticas, uma vez que o relevo altamente ramificado e variado, confrontado com o desenho da Baixada Fluminense e da Serra da Carioca, cria corredores específicos de deslocamentos de massas de ar úmido e das correntes termais provenientes do Oceano Atlântico e sul do Brasil.

Além das determinações mesoclimáticas inerentes ao relevo altamente movimentado e ramificado, sabe-se que as características de temperatura e precipitação se modificam sensivelmente, à medida que se avança da Baixada Fluminense em direção ao interior de Petrópolis e Vale do Paraíba. É o efeito relacionado à continentalidade, opondo-se à maritimidade que reina próximo ao oceano. Além disso, deve-se considerar a operação do efeito climatológico das encostas a sotavento, através do qual se observa uma topossequência típica de climas, em função do resfriamento e subsequente aquecimento adiabático das massas de ar úmido provenientes do litoral (AYOADE, 1998; MENDONÇA E DANNI-OLIVEIRA, 2007).

O efeito de encostas a sotavento se caracteriza quando massas de ar úmido, originadas sobre regiões litorâneas ou de grande evapotranspiração efetiva, se deslocam contra barreiras orográficas situadas continente adentro. Quando colidem com as montanhas, essas massas se elevam e se resfriam, por força da diminuição da pressão atmosférica. Ao fazê-lo, perdem umidade, através da condensação, sendo ela transferida ao solo e à vegetação, principalmente, por efeito de precipitação adiabática – chuvas orográficas, nevoeiros e interceptação pela vegetação. Subsequentemente, quando adentra territórios situados a sotavento, ou seja, na vertente oposta da serra, este ar novamente se aquece, já destituído de grande parte de sua umidade, determinando uma zona de sombra pluviométrica, até que se desloque mais para dentro do continente e novamente ganhe alguma umidade. É por isso que, nessas regiões a sotavento, os índices de precipitação pluviométrica são usualmente inferiores, tanto àqueles das zonas de baixadas litorâneas, quanto aos do restante do território continental.

Observe-se, pois, primeiramente, o quadro de precipitações, em diferentes estações, entre as localidades de Xerém, na Baixada Fluminense, ainda no município de Duque de Caxias, e Pedro do Rio, 4º Distrito de Petrópolis, situado bem ao interior. Observa-se, também, um valor tomado para Teresópolis, no fundo da Baía de Guanabara.

Pelo que se observa nos dados apresentados na Tabela e nos mapas em anexo (Anexos 2 e 3), nota-se uma série decrescente de valores anuais de precipitação, exibindo variação da ordem de 1.600mm, entre a região de climatologia de influências marítimas (Xerém e Teresópolis) e aquelas situadas na vertente continental. Graeff et al. (2006) apresentaram dados obtidos em duas estações meteorológicas, situadas no município de Petrópolis, com períodos de observação

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diferentes: Pedro do Rio e Granja Juriti, situada esta segunda na Serra do Taquaril, também em limites de climatologia continental.

Tabela 1: Quadro de Indices Pluviométricos

Local Índice pluviométrico Localidade

Xerém 2.600mm Centro da Cidade

Teresópolis 2.800mm Parna - Serra dos Órgãos

1.700mm Centro da Cidade

Petrópolis 2.000mm Centro da Cidade

Araras 1.603mm Estação de Coleta

Pedro do Rio 1.166mm Estação de Coleta

**Fonte: Plano de Gestão da APA Petrópolis (Instituto Ecotema, 1997).

Apesar da relativa distância e das altitudes diversas, nas duas estações, os dados mensais e anuais das duas estações são similares, o que reforça sua interpretação como climas locais (topoclimas) sob domínio Tropical do Brasil Central, com influência da topossequência da Serra do Mar, onde se observa o efeito de encostas a sotavento. A estação meteorológica situada no distrito de Pedro do Rio acusou média anual de precipitação de 1.175,8mm, tomando-se os dados existentes entre os anos de 1938 e 1977, bastante consideráveis, portanto. Os dados mês a mês, por seu turno, apontam uma notável concentração das chuvas nos meses de verão, entre dezembro e março, com inverno marcadamente estival, onde o mês de junho, que é o mais seco, apresentava média de apenas 16,7mm de chuva, enquanto o mês de dezembro, que é o mais chuvoso, registrou de 182,9mm. Denota-se, a partir desses dados, forte estacionalidade nas precipitações, conforme se reforça a seguir. Segundo dados do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, as médias mensais, em milímetros de chuva, para essa área são as seguintes:

janeiro 182,3mm fevereiro 130,5mm março 122,3mm abril 56,5mm maio 36,5mm junho 16,7mm julho 22,9mm agosto 22,2mm setembro 48,0mm outubro 102,1mm novembro 143,7mm dezembro 182,9mm

Na estação situada na Granja Juriti, com período de observação entre os anos de 1988 e 1998, a média anual de chuvas para esse mesmo período é de 1305,0mm, ou seja, levemente superior àquela da estação de Pedro do Rio, que aponta um valor médio de 1175,8 mm. No entanto, os períodos de observação para as duas

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estações são distintos dificultando, portanto, a comparação. Quanto à distribuição média mensal de chuvas, nesta segunda estação, os resultados são os seguintes:

janeiro 250,4mm fevereiro 166,5mm março 153,2mm abril 60,7mm maio 59,1mm junho 22,5mm julho 16,8mm agosto 14,3mm setembro 82,7mm outubro 97,0mm novembro 174,1mm dezembro 210,5mm

Apesar de a estação meteorológica da Granja Juriti apresentar médias um pouco superiores às da estação de Pedro do Rio, ambas apontam uma inequívoca concentração das chuvas para o período compreendido entre os meses de novembro a março. Assim, o formato característico do climatograma de ambas as localidades é praticamente o mesmo e se insere naquilo que se poderia esperar dos domínios do Clima Tropical do Brasil Central, a partir do que definiram Mendonça e Danni-Oliveira (2007).

Graeff et al. (2006) chamaram atenção para os maiores riscos de deslizamentos e erosão dos solos concentrados nos meses de primavera/verão, ou seja, de novembro a março. Segundo eles o Lagesolos (Laboratório de Geomorfologia Ambiental e Degradação dos Solos), do Departamento de Geografia da UFRJ, instalara um pluviômetro, no Centro de Referência Ambiental Rogério Marinho, sede da APA Petrópolis, no Centro de Itaipava (Petrópolis), em novembro de 2004. Os dados de chuva passaram a ser coletados diariamente, a partir de então. Apesar do curto período de observação que antecedeu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de um empreendimento próximo, realizado pelos autores (GRAEFF et al., 2006) - 21 meses, até a realização do referido estudo - comparado com as outras duas estações anteriormente referidas, também foi possível observar essa concentração das chuvas nos meses de verão.

Os totais pluviométricos obtidos, através do monitoramento diário, comprovaram as médias das outras duas estações citadas, de que os meses mais chuvosos corresponderiam efetivamente àqueles do verão. Por exemplo, em dezembro de 2004, choveu 253,6mm, sendo que em janeiro de 2005 choveu 214,2mm, fevereiro, 108,6mm e março, 208,8mm. O ano de 2006 foi atípico, chovendo bem menos, com totais pluviométricos em torno dos 100mm. Opostamente, os meses de maio a setembro são bem menos chuvosos, não ultrapassando os 50mm mensais, comprovando também os dados das outras duas estações, situadas em Petrópolis, que possuem médias calculadas, a partir de longos períodos de observação.

Afora o que ora se apresenta, essa contrastância notável do clima, em Petrópolis, tornou-se definitivamente reconhecida, depois das trágicas ocorrências de janeiro

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de 2011, que se estenderam por quase toda a região serrana do estado do Rio de Janeiro e não pouparam parte do território petropolitano, como relataram Graeff et al. (2011), em seu trabalho sobre os movimentos de massa de magna ordem que se abateram sobre o Vale do Cuiabá, no distrito de Itaipava, não mais que seis quilômetros da RPPN Rogério Marinho. Naquela ocasião, o Vale do Cuiabá foi completamente arrasado por uma corrida de lama e detritos, que arrastou residências e vitimou mais de sessenta pessoas, além de feridos e desaparecidos.

A temperatura, por seu turno, também sofre alterações graduais nas médias, à medida que se vencem as distâncias entre a Baixada Fluminense e o Vale do Paraíba, ou seja, na mesma proporção em que se deixam para trás as influências oceânicas, adentrando-se os domínios continentais (Anexos 4 e 5). Temperaturas mais altas são detectadas abaixo da cota de 250m, no pé das serras, sendo suas variações muito menores, tanto no período de um dia como em períodos mais longos — menor amplitude térmica. Nas vertentes da serra, as variações são bastante frequentes, mercê da rápida circulação de correntes ascendentes e descendentes de ar que equilibram as temperaturas entre a Baixada Fluminense e a Serra do Mar.

Nas vertentes interioranas, voltadas frontalmente para o quadrante norte da imensa superfície de aplainamento da Serra dos Órgãos, a amplitude térmica é ainda mais marcante: as temperaturas da noite e do dia se distanciam, assim como a diferença entre temperaturas de inverno e verão. O gradiente das médias volta a se alterar quando se caminha para o interior e mostra temperaturas sempre mais quentes à medida que se toma o rumo norte e do Vale do Paraíba.

A seguir, mostra-se um quadro de temperaturas médias obtidas em diversas localidades da região **.

Tabela 2: Temperaturas Médias na Região de Petrópolis

Xerém 21,3o C

Petrópolis 17,9o C

Teresópolis 17,6o C

Araras 18,3o C

** Fonte: Plano de Gestão da APA Petrópolis, Instituto Ecotema (1997 in GRAEFF et al., 2006)

Apesar da ausência de dados específicos para Itaipava e região, no quadro apresentado, podem ser esperadas médias superiores às de Petrópolis e inferiores às de Xerém. A seguir, algumas características marcantes do clima regional:

Os meses mais chuvosos são também os mais quentes na região e correspondem a dezembro, janeiro e fevereiro. É esse o trimestre mais chuvoso;

A distribuição espacial das chuvas é mais uniforme nesse trimestre mais chuvoso, período em que se encontra mais ativo o Anticiclone do Atlântico;

No período mais seco — junho, julho e agosto — encontra-se mais ativo o anticiclone polar que resseca o ar. A pouca precipitação registrada então se

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concentra nos locais mais altos, tais como o alto da Serra do Couto, da Maria Comprida e dos Órgãos, aos pés da qual se encontra situada a RPPN Rogério Marinho.

1.2. Relevo - Geomorfologia

A Serra dos Órgãos representa conjunto de paisagens vinculadas à faixa de dobramentos remobilizados da Cadeia Brasiliana, arco orogenético produzido pela tectônica de placas, no Pré-Cambriano (mais de 500 milhões de anos a.p.), que teria formado o Megacontinente Pangea (PIRES, 1998; SILVA-FILHO et al., 2007). O Lineamento Transbrasiliano, como é chamado, constitui uma sutura proterozóica entre o Brasil e a África, tendo formado múltiplos dobramentos, em arcos e bacias, o que teria originado, desde o Cambriano, até boa parte do Paleozóico, aquilo que Caby, Arthaud & Archanjo (1995) denominaram “cadeia hymalaiana”, pela semelhança com a cadeia asiática hodierna.

O Batólito da Serra dos Órgãos, por sua vez, é um magno corpo intrusivo, originado por ocasião da fase tectônica mais tardia da Orogênese Brasiliana (HEILBRON et al. 1995). Empurrando a rocha encaixante (sobrejacente), o Batólito da Serra dos Órgãos provocou intenso metamorfismo, além da captura de parte desse material metamorfizado, no interior da própria rocha intrusiva, que também sofreu metamorfização. Posteriormente, quando do início da nova deriva continental, cerca de 180 milhões de anos a.p., ocorreu o surgimento de uma rede de falhas geológicas, orientadas regionalmente no sentido Sudoeste-Nordeste. De modo bastante simplificado, pode-se relacionar a macropaisagem dessa região da Serra Fluminense ao gradual aprofundamento da rede de drenagem sobre esse sistema de falhas, associado à exposição dos velhos testemunhos, tanto da rocha encaixante, intensamente metamorfizada, quanto dos afloramentos do próprio Batólito da Serra dos Órgãos (GUERRA & GUERRA, 1997; PIRES, 1998; PENHA, 2007).

Assim, o quadro geomorfológico atual da região central da Serra dos Órgãos, na qual se encontra inserida a RPPN Rogério Marinho, pode ser explicado pela longa erosão diferencial – que afeta diferentemente rochas de variada composição e dureza – das rochas Pré-Cambrianas (GUERRA & GUERRA, 1997; PENHA, 2007). Em Petrópolis, mais especificamente na região do Bonfim, onde está situada a unidade de conservação (RPPN Rogério Marinho), a Serra dos Órgãos representa uma grande superfície de aplainamento erosivo, inclinada na direção do rio Paraíba do Sul, ao norte, superfície esta que denominamos reversos da Serra do Mar (GRAEFF et al., 2006). Os reversos serranos se opõem às escarpas, que são voltadas à Baía de Guanabara e Oceano Atlântico.

As escarpas da Serra dos Órgãos (cadeia esta vinculada geograficamente à Serra do Mar) se mostram angulosamente quebradas, muito inclinadas e perenemente mergulhadas em forte umidade oceânica, que vem operando seu recuo, de forma tão mais intensa que na face interiorana, onde imperam condições estacionais de clima, como vimos anteriormente. Os reversos serranos, por sua vez, formam extensa superfície de aplainamento, com dezenas de quilômetros, ao longo dos quais vão se sucedendo escarpas rochosas ou pontões em pães de açúcar,

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seguidos por morros arredondados e colinosos, cujas altitudes vão decrescendo, gradualmente, até as margens do rio Paraíba do Sul. A essas paisagens interioranas, Ab’Sáber (2003; 2006) emprestou a denominação de mares de morros florestados, reconhecendo-as como um de seus Domínios de Paisagem. A RPPN Rogério Marinho se encontra situada na fronteira superior dessa grande superfície de aplainamento e, por conseguinte, agrega influências de ambos os compartimentos paisagísticos.

Ocorre que o Vale do Mata Porcos, no ponto onde está situada a RPPN Rogério Marinho, dista cerca de 6km, apenas, da quebra do altiplano organense, onde se iniciam as escarpas do maciço voltadas à Baía de Guanabara. Ao leste, a bacia do rio Mata Porcos confina diretamente com a bacia do rio Soberbo, que corre para Guapimirim, sendo que este divisor de águas se eleva na faixa dos 2.000m. Por isso, a RPPN Rogério Marinho, assim como grande parte das bacias do Mata Porcos e do Bonfim, agrega traços paisagísticos bastante similares àqueles que caracterizam as escarpas atlânticas da Serra do Mar. Isso pode ser traduzido numa geomorfologia típica, que reúne formas bastante movimentadas.

A bacia do córrego do Mata Porcos, contando com cerca de 646,67ha, aduz a bacia do rio Bonfim, afluente da margem direita do rio Piabanha, com cerca de 1900,9ha. O córrego do Mata Porcos é formado por uma rede complexa de nascentes, que são incontáveis alívios de tensão freática produzida pelas duas encostas muito íngremes: A nordeste, o paredão de pedra do morro do Mamute, que divide com a região do Jacó e Boa Esperança; a sudoeste, uma série de encostas mais desgastadas, mas também ostentando afloramentos rochosos, confinando com o Vale do Bonfim. O canal do córrego do Mata Porcos é bastante encaixado entre as duas referidas vertentes, sendo de leito pedregoso e marcado por enormes matacões graníticos, por entre os quais murmuram as águas límpidas e perenes do riacho.

Entre sua mais alta nascente, situada em torno dos 1.800m de altitude, e a RPPN Rogério Marinho, o córrego do Mata Porcos desce mais de setecentos metros, em apenas 3km de extensão de seu leito, o que produz elevada energia, que somente se vê refreada pela série de blocos rochosos de que se falou. Esse quadro geomorfológico, como seria de se esperar, condiciona diversidade vegetacional e florística proporcionalmente complexa, que será comentada adiante, em capítulo próprio. A fauna encontra aí abrigo relativamente seguro, ainda que a exiguidade relativa da bacia limite consideravelmente os fluxos de circulação, de vale a vale.

Os solos mais frequentemente encontrados, na bacia do rio Mata Porcos, são relacionados à degradação milenar dos terrenos gnaisse-graníticos da Serra dos Órgãos, sendo predominantemente ácidos e pobres em nutrientes. Sobre as cristas das escarpas e montanhas mais elevadas, predominam neossolos com diversas espessuras, desde neossolos hísticos, que representam praticamente rochas, cobertas pelos restos decompostos da matéria orgânica, até neossolos quartzarênicos, que evoluem sobre depósitos de colúvios, nas encostas. Em meia encosta, observam-se cambissolos e latossolos medianamente profundos, ambos originados sobre depósitos de colúvios originados ex situ, ou seja, materiais produzidos pela degradação de rochas, encostas acima, posteriormente carregados pela erosão ou pelos movimentos de massa que caracterizam as escarpas da Serra

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do Mar. Essa elevada energia do relevo petropolitano produziu magníficos escorregamentos, em tempos recentes, a nordeste da RPPN Rogério Marinho, na região do Vale do Cuiabá, poucos quilômetros dali, acarretando sérios prejuízos humanos e materiais, tendo sido descritos por GRAEFF et al. (2011).

Da sumária descrição da geomorfologia do Vale do Mata Porcos, no qual se encontra inserida a RPPN Rogério Marinho, resta segura sua importância para toda a região. Para o município de Petrópolis, mais especialmente sua região de distritos, o Mata Porcos representa garantia de suprimento de recursos hídricos, uma vez que contribui com a bacia de captação do Bonfim, a mais importante para Corrêas. No que diz respeito aos bairros situados à jusante, tais como o Condomínio Mata Porcos e Corrêas, a conservação das florestas acima da RPPN reduz os riscos de deflagração de movimentos de massa, que poderiam ocasionar catástrofes de grande ordem. Para a própria natureza local, importa sobremaneira o grau de diversidade biológica imposto pela complexidade dessa geomorfologia de encostas.

Figura 3: Vista de parte da Serra dos Órgãos tomada de Itaipava: A montanha mais

elevada, à esquerda, é a Pedra do Mamute, surgindo a Pedra do Cone, no centro da grota, à direita. O Vale do Mata Porcos esconde-se entre essas duas elevações

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Topografia e Geomorfologia da RPPN

As formas do relevo da RPPN Rogério Marinho são referidas adiante, no âmbito da descrição diagnóstica, abrangendo a bacia do córrego do Mata Porcos, assim como a Serra dos Órgãos, na qual está contida (Anexos 6, 7, 8 e 9). Dentro dos limites da RPPN, observam-se algumas características topográficas típicas da região, como se verifica a seguir:

1) Afloramentos rochosos: Que são geralmente encostas convexas, dispersoras de fluxos e de notável declividade. Na região, costumam apresentar inclinação igual ou superior aos 75º, sendo por isso que se apresentam desnudas ou esparsamente ocupadas por bromeliáceas gigantes (Alcantarea imperialis), ciperáceas, aráceas e veloziáceas, entre outras plantas adaptadas – Ver Vegetação Rupestre (Vr).

2) Encostas convexas: Contando com solos residuais de maior espessura

(latossolos, cambissolos e depósitos de colúvios), são superfícies também dispersoras de fluxos, sendo comum se encontrarem ocupadas por vegetação florestal semidecídua ou por capoeiras remanescentes de utilização agropastoril. Apresentam-se frequentemente distróficas (solos pobres e lixiviados, ácidos e com muito alumínio tóxico) e, por isso, tornam-se vulneráveis aos incêndios florestais. Na RPPN, são encontrados, principalmente, na vertente sul/sudoeste, recobertos por florestas em estágio inicial (Fi) ou vegetação arbustiva (Va).

3) Depósitos de base de encosta: Mais conhecidos na Geomorfologia como

depósitos de tálus, são superfícies situadas na base dos afloramentos rochosos e contam com solos do tipo neossolo, com forte presença de fragmentos clásticos (rocha fragmentada), areias e matéria orgânica. Quando não abrigam florestas semidecíduas, podem estar recobertos por vegetação rupestre (Vr), sendo comuns em ambas as vertentes da RPPN.

4) Encostas côncavas: São as partes das encostas que concentram fluxos,

apresentando-se, geralmente, em fundos de vales, onde se verificam solos espessos, com maior umidade e, por conseguinte, com maiores reservas nutricionais (argissolos, neossolos e cambissolos). Costumam abrigar florestas densas (Fma) e predominam na área da RPPN.

1.3. Hidrografia

A bacia do córrego do Mata Porcos é profundamente encaixada e possui nascentes difusas, formando conjunto complexo de canais de ordem zero (subcanais adutores, com vazão intermitente) e linhas de vazão torrencial que drenam águas pluviais, provenientes de altas encostas e afloramentos rochosos. Os pontos de alívio freático, que formam nascentes propriamente ditas, variam consideravelmente, entre estações chuvosas e secas, mudando ciclicamente suas cotas. Toda essa complexidade indica importância na conservação das florestas que revestem a alta bacia do referido córrego, que centraliza a RPPN Rogério Marinho.

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O córrego do Mata Porcos possui extensão aproximada de 4.500m, entre sua cabeceira, situada aproximadamente aos 1.800m de altitude, e sua confluência com o rio Bonfim, afluente da margem direita do rio Piabanha, que encontra na localidade de Corrêas. Os levantamentos expeditos levados a termo durante a elaboração do Plano de Manejo, apontaram a existência de pelo menos três canais de primeira ordem (subcanais de vazão perene – integrantes primários da bacia hidrográfica), entre as áreas inseridas nos limites da RPPN Rogério Marinho e o território do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Anexos 10 e 11).

A vazão estimada do córrego do Mata Porcos, quando atravessa a RPPN Rogério Marinho, é da ordem de 25m3/s. Suas águas são límpidas e de razoável qualidade, por força do grau de conservação das florestas que lhe protegem a alta bacia de captação. Seu leito continuamente revestido de blocos arredondados de granito e gnaisse (matacões) garante razoável contenção de energia e estabilidade do processo de dissecação do relevo local. Não há notícias de movimentos de massa associados à evolução recente da calha do córrego do Mata Porcos, conquanto tenha ocorrido ao menos um evento de vazão extrema, no ano de 2008 que ocasionou danos às residências situadas próximas às margens deste curso d’água, abaixo dos limites da RPPN, mais especificamente no Condomínio Mata Porcos.

Tabela 3: Caracterização da hidrografia da RPPN Rogério Marinho.

Nome Comprimento (m) %

Rio do Mata Porcos 840,86 50,95

Canal 1 241,94 14,66

Canal 2 567,57 34,39

Total 1.650,37 100

1.4. Vegetação e Flora

As prolongadas atividades levadas a cabo na RPPN Rogério Marinho, entre 1998 e 1999, proporcionaram aos técnicos envolvidos no trabalho uma razoável vivência, no que diz respeito à flora local, assim como seus arranjos vegetacionais. O Diagnóstico Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998), que possuía abrangência de quase toda a alta bacia do rio Mata Porcos, foi devidamente atualizado, com vistas a compor o presente trabalho. Naquela época, foram realizadas inúmeras excursões exploratórias, por praticamente todas as terras acima da atual RPPN, antecedendo sua posterior transformação em áreas protegidas pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Também foram feitas investigações sobre dois episódios de incêndios florestais ocorridos naqueles anos, que causaram imensos estragos à vegetação e à flora dos Vales do Mata Porcos e do Bonfim, tendo sido alguns dos dados trazidos igualmente ao presente relatório.

Sobre base cartográfica planialtimétrica, na escala 1:5.000, elaborada naquela época, a partir de levantamentos da Prospec e Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Petrópolis, referente à década de 1990, foram analisadas diversas formações vegetais encontradas em toda a bacia, pertencentes ao bioma Mata

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Atlântica. GRAEFF et al. (1998) fazem menção aos tipos de vegetação presentes na antiga Fazenda do Cavalo Baio. Segundo aquele estudo, existiam cerca de 190ha de florestas densas, em estágio avançado a médio de regeneração ou mesmo em sua forma primitiva; 128ha de vegetação em estágio inicial de regeneração ou em clímax-edáfico que mantinha seu porte reduzido ou aberto; pouco mais de 113ha de afloramentos rochosos, além de algo em torno de 19ha de áreas que foram chamadas de aculturadas, sendo compostas de culturas e jardins.

Da análise das florestas de 1998, restou diagnóstico de seu posicionamento na classificação geral de floresta ombrófila densa. Considerável parte delas pôde ser enquadrada como floresta em clímax ou pouco alterada pelo homem, especialmente na alta bacia, hoje incorporada ao Parna-SO. Mas, uma vez que possuem acesso através da RPPN Rogério Marinho ou do próprio Parna-SO, pelo Vale do Bonfim, esse aspecto ganha importância, para ambas as unidades de conservação. Havia também outra grande parte das matas com características secundárias, ou seja, em estágio de médio a avançado de regeneração espontânea. De forma geral, todas elas se encontravam relativamente bem conservadas, por ocasião do diagnóstico de 1998, o que faz pensar na sua evolução para estágios de maior conservação, até os dias de hoje. Acredita-se que pesquisas a ser realizadas no âmbito do manejo da RPPN, poderão revelar importantes aspectos dessa transformação.

Análises realizadas por ocasião do presente relatório, tanto sobre imagens remotas, quanto a partir de visitas à RPPN, apontaram pouca alteração no quadro situacional da vegetação, haja vista terem sido bem conservadas essas florestas. Não tendo ocorrido desflorestamento, abertura de arruamentos, ou novas construções na propriedade, desde então, acredita-se na manutenção das condições da flora e da fauna. Algumas áreas, hoje incorporadas à RPPN, foram reflorestadas pelo proprietário – Dr. Rogério Marinho – que, em memória, emprestou seu nome à recém-criada unidade de conservação. Tratavam-se de extensos pinheirais exóticos, que foram substituídos por stands de floresta nativa, em locais previamente selecionados. Futuramente, o manejo da UC poderá contemplar iniciativas de estudo ecológico e fitossociológico dessas áreas, de forma a tirar partido de tão singular iniciativa, conhecendo a dinâmica dessas florestas reintroduzidas, seu possível papel de captação de carbono e restauração de processos morfoclimáticos.

As diferenças entre florestas ripárias, ou seja, aquelas situadas às margens dos rios (florestas ciliares) e as demais matas de terra firme são quase imperceptíveis, uma vez que o ambiente permanentemente saturado de umidade do vale promove abundância de plantas epífitas e trepadeiras em todos os locais, além do que o quadro de espécies arbóreas pouco se altera entre margens de rio e áreas drenadas. Contudo, não haverá como deixar de reconhecer a influência da rede de corpos d’água do vale, de intensa dinâmica, como a responsável pela manutenção das condições que ensejam tamanho viço e diversidade.

Uma variação fisionômica se mostra perfeitamente evidente, nas florestas do Vale do Mata Porcos. É aquela atribuível ao gradiente altitudinal da bacia e à sustentação edáfica da vegetação. Ela faz notar, pelo menos, dois tipos de matas em clímax: 1) florestas densas e fechadas, circunscritas ao fundo do vale; 2) matinhas de candeia à beira dos paredões de rocha, ou florestas nebulares, encontradas principalmente

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acima dos 1.400m. Sob olhar generalista, essas florestas de borda de costões rochosos sugerem certa uniformidade, o que acaba revelando diferenças substanciais, quando examinadas em detalhe, como o foram, na década de 1990, no âmbito do diagnóstico (GRAEFF et al., 1998). Assim, para efeitos de estudos ecológicos e fitogeográficos da propriedade e do local, existem algumas diferenças:

Matinhas de Candeia:

Como diz o próprio nome, predomina a espécie botânica Eremanthus erythropappus (família Asteraceae) conhecida vulgarmente como candeia. Os solos locais são extremamente bem drenados e lixiviados - bordas de afloramentos - havendo dominância muito notável desta espécie botânica no segmento arbóreo, assim como algumas outras similares, da família Asteraceae, não obstante a penetração de outras espécies adaptadas. O aspecto geral dos troncos é xerofítico, com cascas gretadas e suberificadas.

São extremamente suscetíveis ao fogo e, por isso, já se encontram predominantemente alteradas. No alto Vale do Mata Porcos, existem preciosas reservas desse tipo de floresta junto às suas divisas sul, confrontando as cumeadas do Vale do Bonfim. Calculou-se em cerca de 9ha a área total dessas matinhas, que sofreram severos danos, durante os incêndios da década de 1990 (Figura 4).

Figura 4: Matinha de candeia (Eremanthus erythropappus) destruída pelo incêndio de 1999, tendo ao fundo o Vale do Mata Porcos e a Pedra do Cone

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Matinhas de Altitude:

Também possuindo a candeia como espécie integrante de sua flora, essas matinhas são muito mais ricas do ponto de vista florístico. Vegetam sobre solos mais espessos e com maior índice de umidade. A diferença marcante destas florestas para as demais, situadas abaixo dos 1.400m, é que as espécies dessas formações altitudinais são bem distintas e formam conjunto próprio.

Predominam arvoretas delgadas e baixas, das famílias botânicas Myrtaceae e Asteraceae, havendo também imensas populações de Fabaceae (=Leguminosae), Rubiaceae, Clusiaceae e Melastomataceae. O ambiente é essencialmente nebular, ou seja, sujeito ao contato direto com nuvens espessas, que tocam as cumeadas da serra a cada dia, cedendo finas gotículas d’água que saturam o ambiente e condicionam o aparecimento de inúmeras epífitas delicadas. São briófitas, líquens, pteridófitas, cactáceas, bromeliáceas e orquidáceas que fazem a festa aos olhos de qualquer naturalista ou apreciador da natureza.

Essas matinhas estão concentradas principalmente nas divisas leste, sudeste e parte de nordeste da bacia do Mata Porcos, dentro da atual área do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Lamentavelmente, boa parte das reservas dessa vegetação também foi destruída pelo fogo, no setor nordeste, próximo às altitudes de 1.700 a 1.800m. Sua ocorrência total, dentro desta bacia, gira em torno de 17ha.

Nas cotas mais altas da bacia, acima dos 1.400m, aparecem florestas em miniatura, praticamente formando minibiomas, na acepção de WALTER (1986). São matinhas nebulares, assentadas sobre suportes edáficos muito rasos e submetidas às fortes correntes de ar, com variações de temperatura de notável ordem. Vistas de longe, se assemelham a capoeiras, que efetivamente não são, pois representam clímaces-edáficos. Somente não são campestres por vegetarem sobre superfícies inclinadas, que drenam vigorosamente a umidade adiabática e assim permitem o enraizamento de elementos arbóreos, porém, limitando severamente seu desenvolvimento.

Especializações extremas como a acima descrita são usuais, nas paisagens complexas da Serra dos Órgãos. Caracterizadas genericamente como macegas, nos trabalhos de restituição aerofotogramétrica, no campo revelam botânica estruturada e complexa e podem ser destacadas duas formas típicas de vegetação, ora exibindo sinúsia arbustivo-arbórea, ora convergindo para campos abertos. MARTINELLI (1994) investigou a flora dessa faixa alto-montana sob a denominação geral de campos de altitude. Considerando suas particularidades, descrevemos aqui, de modo sucinto, algumas de suas fácies, a saber:

Afloramentos Cobertos ou Vegetação Rupestre:

Nas bases dos íngremes afloramentos rochosos, onde o gradiente de inclinação se torna às vezes menor (quebra de talude), depositam-se sedimentos finos que montam neossolos litólicos, com forte natureza coluvionar. São formados por

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material erodido e rolado à montante e recebem a denominação de depósitos de tálus (GUERRA & GUERRA, 1997). Surge aí uma vegetação muito característica e com flora singular, apesar de ser associada aos afloramentos e até aos campos de altitude, situados nas cotas mais altas.

Nessa zona, entre a base dos afloramentos rochosos e os depósitos de tálus, o ambiente se vê dominado pelas gigantescas e ornamentais bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis – família Bromeliaceae), hoje atingindo estágio crítico de conservação, tanto pela coleta sistemática, para o comércio ilegal, quanto pelo só efeito dos incêndios florestais. Surgem também aí grandes populações de melastomatáceas e asteráceas (compostas) arbustivas, juntamente a lamiáceas e fabáceas tolerantes às condições de acidez e lixiviação características desses ambientes. As famílias Velloziaceae, Clusiaceae, Malvaceae e Gesneriaceae também são bem representadas. Em meio a essas macegas, surgem de forma episódica árvores isoladas, com maior porte, que aproveitam pequenas brechas no solo e dão ao local a falsa impressão de que já foram matas degradadas pela mão do homem. Essas árvores, devido à farta iluminação por todos os lados, costumam se mostrar repletas de epífitas, especialmente bromélias e orquídeas que são características das matas densas abaixo.

Boa parte dessas vegetações rupestres, que também adentram os limites da RPPN Rogério Marinho, estão situados na faixa de transição entre os paredões propriamente ditos e as florestas densas do vale do córrego do Mata Porcos. As fortes inclinações do paredão da margem direita do vale (setor norte-nordeste) reduzem a representatividade deste tipo de paisagem, que se torna mais comum na margem esquerda, no setor sul e nas vertentes voltadas para o norte. A orientação cardeal de encostas voltadas ao quadrante geral norte é vital para a vegetação rupestre, por ser ela afeita a maiores índices de radiação solar. Infelizmente, boa parte deles se encontra invadida pelo capim gordura (Melinis minutiflora – família Poaceae), espécie introduzida e muito suscetível ao fogo.

Campos de Altitude:

Os legítimos campos de altitude da Serra dos Órgãos estão situados muito acima dos locais onde se observam os já referidos afloramentos cobertos. Dominando alguns trechos das cumeadas do Vale do Mata Porcos, alguns situados próximos aos 2.000m, esses campos são do tipo herbáceo-arbustivo, daí sua caracterização cartográfica como macega. Sua flora, contudo, é singular e não se relaciona com aquela dos campos artificialmente introduzidos, que surgiram como pastagens e se encontram situados em cotas muito inferiores. Os campos de altitude se entremeiam às florestas nebulares de altitude, mostrando a natureza dos solos a que cada uma dessas vegetações está associada, naquelas alturas. Onde surgem solos pouco mais profundos, surgem florestas, mesmo que de porte reduzido, como já se tratou. Nos neossolos litólicos típicos, aparecem os campos de altitude.

É local de ocorrência de espécies quase exclusivas, como a bromeliácea Vriesea pseudoatra, por vezes confundida com Alcantarea imperialis, quando em fase estéril, mas que somente ocorre em altitudes superiores aos 1.400m, ao contrário

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da segunda, mais amplamente distribuída. A partir do estudo de GRAEFF et al. (1998), as vegetações rupestres (afloramentos cobertos) revestem cerca de 40ha da bacia do Mata Porcos, correspondendo a 9% da área total acima da RPPN Rogério Marinho. Os campos de altitude, por sua vez, se restringem às mais altas cumeadas e representam 7% deste recorte geográfico, ou seja, algo em torno de 30ha.

Os afloramentos rochosos, propriamente ditos, ou seja, as áreas nas quais a rocha sã se vê exposta e, geralmente, com acentuada inclinação, ocorrem de forma bastante importante, no interior da bacia do Mata Porcos. Com sua flora típica, na qual sobressai a bromélia imperial (Alcantarea imperialis), encontram-se lamentavelmente degradados pelo fogo. Essa espécie típica mencionada, que também ocorre nos afloramentos cobertos e mesmo nos campos de altitude, é elemento de suprema importância, nesses afloramentos. Representa importante segmento no controle ambiental e microclimático local, assim como na ecologia desses paredões. O fogo as tem destruído de maneira radical e existe o risco de seu irreversível desaparecimento nesses costões rochosos.

Figura 5: Um dos autores do Diagnóstico da Fazenda do Cavalo Baio examina e faz imagens de uma densa população de bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis), em 1998.

Essa população, que se estendia por grande área de afloramento rochoso, foi completamente destruída pelo mesmo incêndio de 1999

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A distribuição da vegetação nos afloramentos rochosos é caracteristicamente descontínua, fazendo-se à mercê da natureza da rocha e da rugosidade das superfícies. Não pode ser precisa a avaliação do percentual médio de cobertura vegetal deles, havendo largos espaços de rocha absolutamente nua justapostos a densas colônias de plantas xerofíticas e litofíticas. O diagnóstico ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998) apontou o estado de conservação desses ambientes, que foram então minuciosamente examinados. Foram caracterizadas as áreas mais ou menos conservadas desses paredões para se analisar o grau de degradação desse ambiente. De tal análise, resultaram 73ha de paredões bem conservados, com suas plantas mantidas razoavelmente intactas, o que correspondia, àquele tempo, a 65% dos afloramentos situados na bacia do Mata Porcos, acima da atual RPPN Rogério Marinho. Os restantes 35% se apresentavam degradados, parte em estado crítico, principalmente devido aos incêndios.

Figura 6: Uma das áreas de ocorrência das bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis), da

Fazenda do Cavalo Baio – atualmente integrando o Parque Nacional da Serra dos Órgãos – logo após o incêndio de 1999

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Pôde se afirmar, naquele estudo, que os afloramentos mais degradados pelo fogo eram aqueles situados nos paredões íngremes da margem direita do Córrego do Mata Porcos, ou seja, aqueles relacionados às divisas norte e nordeste da propriedade. Investigações sobre a propagação de incêndios florestais, nas áreas limítrofes, apontaram a região do Jacó e Vale da Boa Esperança, situados ao norte do vale, como principais focos de incêndios, onde se iniciavam em lavouras e pastos, avançando em alta montanha e atingindo os vales do Mata Porcos e Bonfim, sem poderem ser combatidos. Esforços realizados pelo Sistema Prevfogo, a partir do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, têm reduzido sobremaneira a destruição dessas áreas silvestres. Porém, em face do crescimento desenfreado da cidade de Petrópolis, em direção às montanhas, tem incrementado os riscos de novos incêndios.

Outras Considerações Sobre a Vegetação

Além das áreas naturais de que se acabou de tratar, havia também áreas caracterizadas como capoeiras, a partir da cartografia então disponibilizada. Surgiam como áreas de vegetação ressurgente, em fases diversas de regeneração. As antigas atividades agropastoris e de exploração de lenha ou madeira haviam legado à fazenda do Cavalo Baio grandes áreas com vegetação descaracterizada. Para que se definam as naturezas primitivas dessas áreas e se faça a reclassificação desses fragmentos, associando-os aos processos de conservação já levados a cabo, até os dias atuais, deveriam ser feitos estudos mais detalhados. O manejo da RPPN Rogério Marinho promete trazer oportunidades para semelhantes avanços. De todo modo, verificou-se, pelo diagnóstico de 1998, que as vegetações silvestres representavam cerca de 97% da área total da bacia do Mata Porcos, acima da atual RPPN, ou seja, sua esmagadora maioria.

Por fim, cabe comentar a floresta ombrófila densa, que é a vegetação matricial, na localidade, e representa o clímax-climático-edáfico da RPPN Rogério Marinho. Também ela apresenta suas variações tópicas, que revelam, acima de tudo, as condições de suporte edáfico do vale. O porte das árvores, assim como as associações florísticas a ele relacionadas, varia conforme a espessura em geral dos solos, no fundo dos vales e, em determinados casos, nas cumeadas de morros, onde também surgem vegetações de índole florestal. A floresta se mostra mais densa e com porte mais elevado nos locais onde se consorciam solos profundos e condições de maior umidade. Nas áreas relacionadas aos já referidos depósitos de tálus, assim como naquelas em que os solos se mostram mais rasos, a floresta se mostra mais seca e penetrada por elementos da floresta estacional.

Os solos mais profundos do Vale do Mata Porcos são todos descendentes de materiais originados ex situ, como tivemos chance de verificar, ao tratarmos da Geomorfologia da RPPN. Constituem materiais originados em velhas superfícies de cimeira, a partir da degradação de rochas ácidas do Pré-Cambriano, posteriormente erodidas e/ou transportadas por movimentos de massa, em direção ao fundo do vale, onde se depositaram, voltando a ser intemperizados, predominantemente sob o coberto florestal. Daí surgirem, principalmente, solos de natureza câmbica (cambissolos) e, mais raramente, onde se encontram depósitos de colúvio mais

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longevos, com características latossólica. Porém, mesmo onde se exibem perfis latossólicos, mais profundos e drenados, encontram-se, em sua maioria, sob domínio de lixiviação contínua, assumindo horizontes superficiais podzólicos (argissolos). Levantamentos florísticos e fitossociológicos, a serem propostos e realizados, no âmbito do manejo, deverão contemplar topossequências que elucidarão essa diversidade de habitats.

Figura 7: Aspecto interno de uma floresta de fundo de vale, no interior da RPPN Rogério Marinho – Excelente estado de conservação

Encontrando aí maior disponibilidade de espaço para enraizamento, além de maiores estoques de nutrientes e água, vegetam florestas mais ricas de grandes árvores, entre as quais se nota diversidade elevada. Contando com gradiente de recursos mais amplo, um número maior de espécies passa a disputar espaço, resultando flora variada e de estrutura complexa. Nessas matas, normalmente encontradas na área baixa do vale e, por conseguinte, adentrando a RPPN Rogério Marinho, aparecem grandes exemplares de meliáceas, lecitidáceas e outras famílias típicas da floresta ombrófila densa da encosta atlântica. Curiosamente, um dos elementos mais expressivos deste tipo de floresta, quase sempre abundante nas matas da região, é raro no Vale do Mata Porcos: o palmito-jussara (Euterpe edulis – família Arecaceae), importante recurso faunístico, pela produção abundante de frutos consumidos pelo animais. Velhos exemplares de fabáceas fornecedoras de madeira, tais como o pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha) e o angico (Anadenanthera colubrina), ambos circunscritos à subfamília Mimosoideae, demonstram o avançado estágio de conservação dessas matas, contrastando com as árvores pequenas, conquanto numerosas, de suas espécies, comuns na região.

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Há também florestas densas regenerativas, em diversos estágios, do inicial ao avançado, nas quais a flora é menos expressiva, ainda que se mostrem com portentosa biomassa. Observa-se que as espécies encontradas nas matas em clímax podem estar presentes nessas regenerações. Isso costuma ocorrer a partir da fase ou estágio médio da sucessão. Também ocorrem diversas coincidências de espécies nas diferentes formações ou associações descritas.

Sobre a Flora e a Biodiversidade

A descrição das vegetações da Fazenda do Cavalo Baio, precursora da RPPN Rogério Marinho, faz esperar-se uma flora rica para o local. De fato, este recorte geográfico representa um santuário para a flora original de Petrópolis e da Serra dos Órgãos, já tão pressionada por anos de escalada destruidora do ser humano. Desde a criação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em 1939, o Vale do Bonfim, situado próximo, se constituiu no seu mais tradicional portal de entrada, pelo lado de Petrópolis. O Parque sempre recebeu intensa visitação de turistas que buscavam suas montanhas para passeios, alpinismo e mesmo coleta de plantas. Somando-se esses visitantes aos caçadores, extratores de palmito, orquídeas e coleta de recursos triviais como lenha e madeira, suas matas passaram por uma verdadeira pilhagem desde há muito. Dispondo, até recentemente, de apenas um portão oficial, situado na Cidade de Teresópolis, essa importantíssima unidade de conservação federal sofreu grandes perdas em seu lado petropolitano. A recente ampliação da área do Parna-SO, acompanhada da instalação de um pórtico, no vale do Bonfim, representou importante marco para a conservação e o manejo dessas áreas.

Pelo Bonfim, onde se inicia a famosa trilha do Açu, adentram imensos contingentes de visitantes. Também nesse vale se instalaram diversas pequenas hortas e pastos, ao longo dos anos e, mais recentemente, bairros de populações de baixa renda. A destruição das florestas do Bonfim foi inevitável e, com ela, eliminaram-se enormes populações de plantas que se julgavam próximas do desaparecimento no local. Os trabalhos de campo, realizados no Vale do Mata Porcos, por ocasião da elaboração do Diagnóstico Ambiental de 1998 (GRAEFF et al., 1998), revelaram importantes populações das espécies botânicas outrora existentes no Vale do Bonfim. Ali, na antiga Fazenda do Cavalo Baio, elas se encontravam muito bem conservadas. Acredita-se que um trabalho continuado de pesquisa, na RPPN Rogério Marinho, poderá ajudar a encontrar e mapear muitos outros elementos botânicos da Serra dos Órgãos, preparando caminho para sua conservação.

Vegetação da RPPN Rogério Marinho A descrição da flora e das vegetações da região da RPPN Rogério Marinho é trazida adiante, mostrando os principais tipos fisionômicos primários da bacia do córrego Mata Porcos e zona de entorno. No interior da RPPN, predominam fragmentos de vegetação secundária, oriundos da regeneração florestal espontânea, sucessora de antigas atividades agropecuárias. Podem ser associados aos solos subjacentes, que lhes influenciaram os processos ecológicos de

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restabelecimento, assim como à micro e mesoclimatolgia (formas do relevo), que influenciam a vegetação, por conta da quantidade de radiação solar incidente, no caso da orientação cardeal, assim como dos fluxos de umidade. Fluxos convergentes originam áreas úmidas; fluxos divergentes propiciam áreas drenadas.

O mapa de vegetação e uso do solo apresentado neste Plano de Manejo (Anexos 12 e 13) mostra sete tipos de vegetação dentro dos limites da RPPN, a saber:

1) Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão (Fma): São as florestas mais densas do vale, contando com dossel fechado e vegetação densa; Apresentam relativa estratificação, sendo suas sinúsias (grupamentos morfológico-funcionais) razoavelmente definidas. As florestas mais conservadas permitem distinção de sinúsia herbáceo-arbustiva; subarbórea ou arbórea inferior; arbórea; lianas (trepadeiras); e considerável quantidade de ervas epífitas; Árvores emergentes são raras, havendo indivíduos remanescentes da antiga flora, hoje reintegrados à vegetação; Palmeiras são ocasionais e provavelmente induzidas pela antiga ocupação do solo pelo homem.

2) Floresta em Estágio Inicial de Sucessão (Fi): Representam capoeiras ou florestas em plena recuperação, nas quais a flora é mais pobre, composta de muitos indivíduos de poucas espécies adaptadas; O dossel não é fechado, havendo grande quantidade de elementos arbustivos e herbáceos campestres interpenetrados (especialmente plantas exóticas invasoras); Representam fragmentos de elevada suscetibilidade à propagação de incêndios florestais. Há possibilidade de interpretação cartográfica em confusão com fragmentos de vegetação florestal de altitude, em função do seu grau de alteração antrópica, o que recomenda pesquisas detalhadas para distingui-las.

3) Vegetação Arbustiva (Vr): Correspondem via de regra às áreas repetitivamente perturbadas pelos incêndios florestais cíclicos, em função da natureza de seus solos, geralmente distróficos (pobres em nutrientes). São vulgarmente reconhecidos como pelados, por se apresentarem resistentes à regeneração florestal secundária, nunca ultrapassando o estágio de capoeiras, pelo que se mostram alvos especiais de projetos de recuperação de áreas degradadas (PRADs).

4) Vegetação Rupestre (Vr): Apresentando-se nas imagens remotas como vegetações arbustivas, essas vegetações rupestres possuem flora própria, adaptada aos solos litólicos sobre os quais vegetam. Predominam espécies arbustivas e herbáceas de grande diversidade, apesar do adiantado estado de degradação em que muitos se encontram, devido à destruição contumaz pelo fogo.

5) Afloramentos Rochosos (Ar): Representam superfícies de rocha quase nua, sobre a qual vegetam poucas espécies extremamente adaptadas, que conseguem se fixar diretamente na pedra. Relacionam-se intimamente com as vegetações rupestres, com as quais trocam alguns elementos. Porém,

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apresentam-se com superfície predominantemente desnuda, ressaltando-se bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis).

6) Gramíneas (G): Há um fragmento de velhas pastagens, no interior da área da RPPN, não sendo de grande importância florística, por ser composta de gramíneas exóticas. Recomenda-se sua inclusão em projetos de recuperação de áreas degradadas (PRADs).

7) Silvicultura (Si): Existem pequenos fragmentos de plantações de pinheiros-americanos (Pinus cf. elliottii) que adentram os limites da RPPN, sendo de todo interessante que sejam substituídos por reflorestamentos com espécies nativas, através de projetos de recuperação de áreas degradadas (PRADs).

Cobertura Vegetal e Uso do Solo (%) na RPPN Rogério Marinho

4,095,56

70,88

1,630,39 1,10

16,35

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Afloramento rochoso Floresta em Estágio

Inicial de Sucessão

Floresta em Estágio

Médio/Avançado de

Sucessão

Gramíneas Silvicultura Vegetação Arbustiva Vegetação rupestre

Gráfico 1: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na RPPN Rogério

Marinho.

Tabela 4: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na RPPN Rogério Marinho

Classe Hectares

Afloramento rochoso 3,76

Floresta em Estágio Inicial de Sucessão 5,11

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão 65,11

Gramíneas 1,50

Silvicultura 0,35

Vegetação Arbustiva 15,02

Vegetação rupestre 1,01

Total 91,86

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Cobertura Vegetal e Uso do Solo por Bacia Hidrográfica

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Afluente do Jacó Afluente do

Piabanha

Afluente do Santo

Antonio

Rio Bonfim Rio Mata Porcos

Vegetação rupestre

Vegetação Arbustiva

Solo exposto

Sítios

Silvicultura

Ocupação urbana de média densidade

Ocupação urbana de baixa densidade

Ocupação urbana de alta densidade

Ocupação rural

Movimento de Massa

Gramíneas

Floresta em Estágio Médio/Avançado de

SucessãoFloresta em Estágio Inicial de Sucessão

Estradas

Culturas

Campo de altitude

Área de lavra

Água

Afloramento rochoso

Gráfico 2: Gráfico de distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo por

Bacias Hidrográficas na Área de Estudos

Tabela 5: Distribuição das classes de Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Área de Estudos

Classe Hectares

Afloramento rochoso 839,34

Água 3,76

Área de lavra 3,73

Campo de altitude 80,43

Culturas 77,55

Estradas 41,29

Floresta em Estágio Inicial de Sucessão 235,38

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão 2.126,67

Gramíneas 484,79

Movimento de Massa 2,28

Ocupação rural 22,93

Ocupação urbana de alta densidade 15,67

Ocupação urbana de baixa densidade 48,08

Ocupação urbana de média densidade 40,12

Silvicultura 31,08

Sítios 135,92

Solo exposto 1,45

Vegetação Arbustiva 441,61

Vegetação rupestre 405,93

Total 5.038,01

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Os remanescentes de vegetação nativa que cobrem esta Unidade de Conservação são comoponentes do Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica da Serra do Mar, e estão incluídos na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Flora

De modo introdutório, com base nas investigações de campo já efetuadas, descreve-se a seguir um pouco da flora da RPPN Rogério Marinho, em conjunto com o restante da alta bacia do córrego Mata Porcos. As plantas são referidas, acompanhadas de comentários sobre sua natureza e estado de conservação, sendo agrupadas pelo seu porte ou sinúsia.

Espécies Herbáceas e Arbustivas de Menor Porte:

Dicksonia sellowiana – família Dicksoniaceae: Conhecida vulgarmente por samambaiaçu ou xaxim, é uma importante espécie de feto arborescente que ocorre desde o sul da América do Sul e é muito encontrada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, junto às famosas matas de pinhais. Entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, vai se tornando mais rara em populações naturais. É pouco numerosa, na Serra dos Órgãos, vegetando ao longo do Vale do Mata Porcos, nas zonas mais sombrias e úmidas.

Cyathea delgadii – família Cyatheaceae: É outro tipo de samambaiaçu. É muito mais numeroso na região de Petrópolis, particularmente na RPPN. Prefere ambientes mais iluminados e produz magníficas frondes, à beira de riachos e clareiras naturais. Existe uma espécie de orquídea - Zygopetalum maxillare - que ocorre intimamente associada a este feto arborescente (ver espécie).

Pteridium aquilinum – família Polypodiaceae: A conhecida samambaia-das-taperas é planta que assume dominância absoluta, em áreas degradadas pelo fogo na Serra do Mar, especialmente em grandes altitudes. Aprecia solos ácidos e lixiviados e, com sua contínua expansão, aumenta o risco de incêndios e de desaparecimento de diversas espécies serranas.

Polypodium sp. – família Polypodiaceae: É outro tipo de samambaia, possuindo porte exclusivamente herbáceo. Ocorre de forma frequente, no Vale do Mata Porcos. Vegeta sobre pedras ou de forma epífita, podendo mesmo ser encontrada em relictos rupestres. Suas folhas duras são muito decorativas e aguarda-se oportunidade para se proceder sua identificação precisa.

Anthurium spp. – família Araceae: Ainda necessitando de trabalho minucioso de identificação, as plantas do gênero Anthurium estão amplamente representadas, pelo menos em quantidade. Ocorrem de forma rupícola (em pedras) e epífita, além de no próprio chão da mata;

Philodendron cf. imbe – família Araceae: É o conhecido cipó-imbé dos jardins. Planta extremamente abundante, nos vales dos rios, ocorrendo de forma epifítica

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(ou hemiepifítica) ou nos ambientes saxícolas (aqueles entre pedras). Alguns trechos, na base de afloramentos do Mata Porcos, têm o chão absolutamente coberto por estas ervas ornamentais.

Begonia spp. – família Begoniaceae: Representativo segmento da flora da Serra dos Órgãos, bem merecerá trabalho de catalogação sistemática, visto haverem inúmeras espécies dessas ervas ornamentais, nas matas do Vale.

Aphelandra squarrosa – família Acanthaceae: Outra planta tropical introduzida há mais de um século em cultivo, na Europa, mundialmente reconhecida como planta ornamental. Tanto folhas como flores são especialmente belas.

Justicia spp. – família Acanthaceae: Nessa mesma família, ocorrem diversas espécies que deveriam ser corretamente identificadas e cultivadas.

Hippeastrum spp. – família Amaryllidaceae: São lírios, plantas bulbosas decorativas, de notável valor ornamental. Ocorrem tanto nos afloramentos rochosos quanto em ambientes epifíticos ou rupícolas.

Alstroemeria caryophyllaea – família Alstroemeriaceae: Outra espécie ornamental bastante reconhecida, que surge especialmente acima dos 1.400m, florescendo de forma vistosa, entre os rochedos, acima dos afloramentos. Suas flores alaranjadas contrastam contra os matacões de granito enegrecido.

Fridericia speciosa – família Bignoniaceae: Trepadeira ornamental, que ocorre na Serra dos Órgãos.

Pyrostegia venusta – família Bignoniaceae: Trepadeira conhecida como cipó-de-são-joão. É muito conhecida no Brasil, especialmente em áreas já muito antropizadas, como pastos e capoeiras, onde prolifera abundantemente e produz belíssimas e vistosas florações alaranjadas no inverno.

Alcantarea imperialis – família Bromeliaceae: Uma das mais vistosas bromélias, sendo que indivíduos adultos podem atingir dois metros de diâmetro, produzindo inflorescências de até três metros de altura. Tanto a planta em si como a inflorescência, que pode surgir apenas após quarenta anos, são de uma beleza sem rival. Habitam exclusivamente os costões rochosos e são plantas em grande ameaça de desaparecimento. O fogo e as coletas criminosas são seus piores inimigos.

Billbergia horrida – família Bromeliaceae: Planta bastante comum em toda Petrópolis, costuma assumir aspecto tubular e elegante nas grandes altitudes. Habita galhos altos e ventilados de árvores isoladas ou grandes matacões rochosos.

Billbergia zebrina – família Bromeliaceae: Bromélia tubular, com folhas levemente variegadas (devido à grande quantidade de tricomas) e inflorescências lindamente rosadas, apesar de efêmeras. Habita locais muito iluminados, especialmente galhos altos de angicos nas matas regenerativas.

Bromelia antiacantha – família Bromeliaceae: Planta típica da família. Ocorre desde as restingas litorâneas até as montanhas da Serra do Mar. Prefere o solo e forma

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barreiras intransponíveis, devido aos seus espinhos. Ocorre principalmente nos terrenos da divisa sul da RPPN Rogério Marinho.

Pitcairnia flammea – família Bromeliaceae: Conhecida como lírio das pedras, ocorre essencialmente nos afloramentos e forma belos espetáculos quando produz suas inflorescências vermelhas ígneas.

Nidularium ferdinando-coburgii – família Bromeliaceae: Espécie característica das matas de altitude da Serra dos Órgãos, ocorre na RPPN, principalmente à beira do córrego do Mata Porcos, vicejando sobre pedras ou mesmo de forma epífita. Sua coroa central se tinge de vermelho profundo por ocasião do florescimento e chama a atenção na mata escura

Quesnelia lateralis – família Bromeliaceae: Difere das demais bromélias por emitir suas inflorescências, não somente do centro da roseta, mas das laterais. São plantas de relativa abundância, no Vale do Mata Porcos e ocorrem principalmente sobre pedras, em locais úmidos. Suas flores de cor violeta forte contrastam vistosamente com as brácteas avermelhadas.

Tillandsia geminiflora – família Bromeliaceae: Ocorre por toda a área, especialmente nos ambientes iluminados e arejados. Nas matinhas de altitude, ocorre de forma ocasional, entre a espessa camada de musgos e usnéias que cobrem quase todos os galhos das arvoretas.

Tillandsia stricta – família Bromeliaceae: É uma das bromeliáceas mais comuns neste gênero e é também uma espécie atmosférica, ou seja, que aprecia ambientes muito arejados e tira seus nutrientes e água do ar. Ocorre por toda a propriedade.

Tillandsia usneoides – família Bromeliaceae: É a famosa barba-de-velho ou spanish-moss. Também ocorre em toda a região, especialmente sobre árvores muito altas e velhas, formando cascatas esbranquiçadas que quase tocam o chão e dançam com o vento da serra.

Tillandsia gardneri – família Bromeliaceae: Planta de coloração prateada, devido à grande quantidade de tricomas que desenvolve sobre as folhas, emite belas inflorescências rosadas e opacas. É mais comum na propriedade nas matas de candeia, próximo à divisa sul.

Vriesea pseudatra – família Bromeliaceae: Importante referencial botânico das bordas dos campos de altitude da Serra dos Órgãos. Pode ser encontrada sempre acima dos 1.300m, crescendo em afloramentos do tipo coberto (vegetados) ou na rocha nua, praticamente substituindo Alcantarea imperialis, com quem guarda certa similaridade morfológica. Suas inflorescências, de matiz bronzeado, são como pequenas esculturas recurvadas e apresentam florescimento noturno.

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Figura 8: Vriesea pseudatra. Família Bromeliaceae. Planta característica das beiras de afloramentos rochosos e de campos de altitude. Na imagem, aspecto de seu florescimento

noturno, que atrai morcegos especializados na polinização

Figura 9: Barbacenia squamata. Família Velloziaceae. Espécie restrita aos afloramentos rochosos e bordas de campos de altitude mais conservados. Extremamente vulnerável ao

fogo e à invasão do capim-gordura

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Figura 10: Alcantarea imperialis. Família Bromeliaceae. Bromélia de dimensões

monumentais que é capaz de armazenar até mais de dez litros de água em seu tanque e suportar ali inúmeras espécies de animais

Figura 11: Vellozia variegata. Família Velloziaceae. Pequena espécie de canela-de-ema que habita os afloramentos rochosos da região

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Vriesea bituminosa – família Bromeliaceae: Bromélia de grande porte que ocorre por toda a região, sendo abundante nas maiores altitudes. Possui pequenas manchas negras, nas pontas das folhas, que lhe emprestaram o epíteto de betuminosas. Como desenvolvem tanques d’água volumosos, são de grande importância ecológica para essas matas.

Vriesea guttata – família Bromeliaceae: Outrora muito numerosa, no Vale do Bonfim, ao sul da propriedade, é agora espécie já rara em Petrópolis. No Vale do Mata Porcos, existem grandes populações desta espécie, especialmente acima dos 1.200m de altitude. Conhecida mundialmente como dusted feather (pluma empoeirada em inglês), é planta vistosa pelo aspecto gotejado de suas folhas e pela beleza de suas inflorescências pêndulas.

Vriesea gigantea – família Bromeliaceae: Também uma bromélia de grande porte e formadora de tanque, existe abundantemente na RPPN, especialmente nas matas em recuperação da divisa sul, próximas à Pedra do Cone (Morro do Mata Porcos). São também de florescimento noturno, sendo polinizadas por morcegos.

Vriesea triligulata – família Bromeliaceae: Espécie ornamental, por suas inflorescências vermelhas, de coloração sanguínea. Ocorre nas partes mais iluminadas, no alto Vale do Mata Porcos, acima dos 1.400m.

Vriesea pallidiflora – família Bromeliaceae: Domina quase por completo o ambiente epífita do Vale do Mata Porcos, também sendo encontrada no Vale do Rio do Jacó, do outro lado da Serra dos Órgãos, na interface nordeste da propriedade. Em ambos os lados, ela substitui curiosamente o endemismo dominante de Vriesea heterostachys, espécie muito semelhante, que ocorre em quase toda a serra, em ambientes similares.

Schlumbergera truncata – família Cactaceae: É a famosa flor-de-maio, planta muito utilizada em cultivo ornamental no Brasil e no Mundo. Não chegaram a ser encontradas plantas, em estado natural. Porém, abundam nos jardins da área habitada da RPPN e deve estar presente, em altitudes maiores.

Rhipsalis spp. – família Cactaceae: Diversos cactos epifíticos estão presentes na RPPN, especialmente no gênero Rhipsalis. R. elliptica parece ser uma das espécies mais numerosas.

Sinningia spp. – família Gesneriaceae: As chamadas gloxínias estão amplamente representadas, no Vale do Mata Porcos, crescendo de forma rupícola ou saxícola, nos paredões de pedra e também de forma epífita, junto a bromélias, orquídeas e begônias. Parecem predominar plantas dos gêneros Sinningia (com seus enormes bulbos), Besleria e Nematanthus, todos emitindo flores vistosas e delicadas.

Chusquea spp. e Merostachys spp. – família Poaceae: São diversas espécies de taquarinhas que simplesmente dominam as encostas mais inclinadas, acima dos 1.200m e que dificultam sobremaneira o deslocamento. Formam verdadeiras redes intrincadas, muito difíceis de serem transpostas. São muito suscetíveis à propagação do fogo e deveriam receber cuidados especiais em estratégias de proteção e combate a incêndios florestais.

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Neomarica gracilis – família Iridaceae: Chamada popularmente de íris, enfeita boa parte dos canteiros de subida do Condomínio do Mata Porcos e mesmo dos jardins residenciais da região. Suas flores são efêmeras, porém muito vistosas e abundantes. Nas florestas, são encontradiças nas margens dos córregos.

Heliconia sp. – família Heliconiaceae: Pelo menos uma espécie de helicônia foi observada, nas matas da RPPN. São plantas vistosas e ornamentais, ocorrendo sempre associadas aos córregos e locais de solos saturados de umidade.

Fuchsia regia – família Onagraceae: Outra planta famosa pelo seu caráter ornamental. É o famoso brinco-de-princesa, planta trepadeira que ocorre por toda a floresta e mesmo nas matinhas de altitude.

Campylocentrum organense – família Orchidaceae: O segmento das orquídeas é amplamente representado, nas diversas vegetações do Vale do Mata Porcos. Pela dificuldade de se atingirem seus locais de ocorrência natural (altos galhos de árvores, rochedos etc.), muito ainda ficou por se conhecer deste empolgante capítulo da flora local. Campylocentrum organense ocorre em locais sombreados, constituindo-se, talvez, na única orquidácea com crescimento monopodial no Brasil.

Dichaea pendula - família Orchidaceae: Delicada orquídea que surge em troncos e rochas sombreadas à beira dos córregos e grotas.

Encyclia patens – família Orchidaceae: Fragrante orquídea que perfuma o ar da mata com suas flores numerosas, em tons de verde e bege. Ocorre sobre pedras e galhos, em locais bem iluminados.

Epidendrum secundum – família Orchidaceae: Comum nos afloramentos rochosos, onde viceja junto a bromélias e aráceas, formando grandes populações, com notáveis exemplares. Exibe inflorescências rosadas durante quase todo o ano.

Epidendrum cf floribundum. – família Orchidaceae: Ainda dependendo de correta identificação, foi encontrada variação com flores rosadas, que vicejava à beira do Córrego do Mata Porcos.

Gomesa recurva – família Orchidaceae: É provavelmente a espécie mais bem representada quantitativamente em todo o Vale do Mata Porcos. De aspecto delicado, mas formando mesmo grandes colônias, esta orquídea produz grande quantidade de inflorescências esverdeadas, quase amarelas, que possuem aspecto gracioso. Sua dominância é marcante à beira dos cursos d’água, onde cresce sobre galhos e mesmo pedras.

Grobya amherstiae – família Orchidaceae: Orquídea delicada, com flores muito belas e que aprecia substratos saprofíticos, ou seja, com matéria orgânica em acelerada decomposição, tal qual madeira velha e restos vegetais. Ocorre predominantemente à margem dos rios.

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Figura 12: Grobya ahmerstiae. Família Orchidaceae. Orquídea exclusiva dos substratos

de madeira em decomposição. Geralmente, quando os velhos troncos mortos que as abrigam vão ao solo, essas belas plantas também se perdem

Figura 13: Epidendrum secundum. Família Orchidaceae. Apresenta inúmeras variedades,

em diversas colorações, desde o rosado, como a da foto, que abunda na RPPN Rogério Marinho, até o amarelado

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Figura 14: Vriesea guttata. Família Bromeliaceae. Planta que já foi outrora muito coletada,

no Vale do Bonfim, que é contíguo ao Mata Porcos, onde hoje encontra abrigo seguro. (Desenho – Orlando Graeff)

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Figura 15: Vriesea guttata. Família Bromeliaceae. Aspecto de indivíduos de uma população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de

reconhecimento da flora local

Figura 16: Hoffmannsegella cinnabarina. Família Orchidaceae. Orquídea restrita aos

campos de altitude da Região Sudeste, estando ameaçada de desaparecimento, devido ao fogo

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Octomeria spp. – família Orchidaceae: Gênero com taxionomia difícil, assim como Pleurothallis e Stelis, todos possuindo diversas espécies no vale, nenhuma ainda

identificada com precisão. Coppensia blanchetii – família Orchidaceae: Planta essencialmente saxícola, cresce nos campos-de-altitude e afloramentos cobertos, junto às bromélias e aráceas. Produz longas inflorescências cachos amarelo-ouro que se destacam na paisagem.

Brasilidium praetextum – família Orchidaceae: Orquídea também muito comum, em toda a região de Petrópolis, incluindo o vale do rio Mata Porcos. Produz belas e longas inflorescências, com flores grandes e de coloração ferrugínea. Também é planta muito conhecida nos meios orquidófilos de todo o mundo, frequentemente pelo nome Oncidium enderianum.

Acianthera saundersiana (=Pleurothallis josephensis) – família Orchidaceae: O antigo gênero Pleurothallis foi recentemente desmembrado, tendo originado novos taxa. Muitas dessas plantas estão representadas na RPPN e no Vale do Mata Porcos.

Stelis spp. – família Orchidaceae: Também é gênero farto em espécies na Serra dos Órgãos e predominam plantas delicadas e pequenas. Assim como Pleurothallis e Octomeria, são de difícil identificação e deveriam ser objeto de estudos.

Bifrenaria harrisoniae – família Orchidaceae: É planta que ocorre em toda a Floresta Atlântica, sendo suas flores curiosamente curtas e muito perfumadas.

Bifrenaria spp. – família Orchidaceae: Muito semelhantes entre si, quando sem flores, as orquídeas deste gênero já estiveram separadas parcialmente, no gênero Stenocoryne, que foi remembrado definitivamente a Bifrenaria. Muitas estão presentes na propriedade e deverão ser corretamente identificadas.

Vanilla sp. – família Orchidaceae: Representante do grupo das baunilhas. Foi observada uma espécie de Vanilla, que vegetava sobre um velho tronco morto de Pinus elliottii, em meio a um pinheiral, em 1998.

Zygopetalum spp. – família Orchidaceae: Este gênero também contribui com belas espécies de orquídeas, nas altitudes acima dos 1.200m. Muitas devem estar presentes acima dos 1.600m, até onde conseguiu chegar o grupo de estudos. Nas matas abaixo, crescendo essencialmente sobre samabaiaçús dos gêneros Dicksonia e Cyathea, foram vistos alguns exemplares de Zygopetalum maxillare. Nos afloramentos rochosos, apreciaram-se inúmeras Z. intermedium. Passiflora spp. – família Passifloraceae: Os maracujás e trepadeiras afins, muitas delas presentes na flora da RPPN, possuem papel ecológico muito importante, desde o ponto de vista de seu potencial alimentar, para animais, até seu estrito relacionamento com a fauna entomológica (insetos).

Peperomia spp. – família Piperaceae: As delicadas peperômias estão presentes na flora epífita e rupícola dos ambientes mais conservados e sombreados da floresta no Vale do Mata Porcos. São plantinhas minúsculas, muito decorativas, com folhas arredondadas e carnosas.

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Cyrtopodium glutiniferum – família Orchidaceae: Também conhecidas como rabo-de-tatu ou sumaré, são plantas que exibem vistosas florações amarelas, ao final do inverno. Formam grandes populações nos costões rochosos.

Figura 17: Cyrtopodium glutiniferum. Família Orchidaceae. Orquídeas rupícolas/saxícolas conhecidas vulgarmente como rabos-de-tatu ou sumarés. Surgem

frequentemente junto com as bromélias-imperiais, como na foto obtida nas proximidades da RPPN Rogério Marinho

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Figura 18: Em sentido horário, desde o topo: Três orquidáceas do gênero Zygopetalum que habitam a RPP Rogério Marinho: Z. crinitum e Z. intermedium, que preferem ambientes iluminados associados a campos de altitude e afloramentos rochosos; Z. maxillare que é

exclusiva da floresta densa, vegetando nos caules de samambaias arborescentes

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Arbustos, Arvoretas e Árvores

Senna aff. bicapsularis – família Fabaceae-Caesalpinoidae: Arbusto com flores amarelas, muito comum nas bordas dos afloramentos, junto às matinhas de candeia. A espécie S. bicapsularis, segundo o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ, 2012), não ocorre no Brasil, o que faz crer se tratar de espécie afim. Nas áreas de capoeira e florestas em regeneração, elas assumem caráter de abundância.

Tibouchina spp. – família Melastomataceae: São as famosas quaresmas arbustivas que, à semelhança de suas congêneres arbóreas, produzem belíssimas floradas arroxeadas. Existem inúmeros arbustos do gênero, na região, sendo os mais comuns T. grandifolia e T. moricandiana, ambas presentes no Vale do Mata Porcos. T. grandifolia ocorre, especialmente, nos afloramentos rochosos, produzindo inflorescências abundantes de um roxo muito escuro. As Melastomataceae apreciam solos ácidos, chegando a ser sinalizadoras dessas condições, juntamente com a samambaia-das-taperas (Pteridium aquilinum - Polypodiaceae).

Bathysa australis família - Rubiaceae: Árvores com folhas macrofilas, que se destacam no andar arbóreo inferior.

Coussarea sp. – família Rubiaceae: Também são árvores de sub-bosque, como Bathysa spp., mostrando-se relativamente frequentes, no Vale do Mata Porcos.

Hamelia sp. – família Rubiaceae: Ostentando vistosas inflorescências avermelhadas, destacam-se também no sub-bosque da floresta densa;

Psychotria nuda – família Rubiaceae: Uma das mais características rubiáceas do sub-bosque da Mata Atlântica, com flores amarelas e vermelhas, formando densas populações, nas áreas mais úmidas;

Esterhazia sp. – família Orobanchaceae: Pelo menos uma das belas espécies deste gênero estava presente, florescendo nas capoeiras de altitude, durante as excursões realizadas pelo grupo de pesquisa. É planta de grande potencial ornamental e se espalha desde os campos rupestres, em Minas Gerais, até os campos de altitude do Rio de Janeiro.

Smilax spp. – família Smilacaceae: Quem trabalha no interior das florestas tropicais sabe o perigo que representam essas perseverantes plantas trepadeiras, guarnecidas por fortes espinhos. Muito discretas, elas surgem em todos os ambientes e podem causar ferimentos nas mãos e partes expostas do corpo. Apesar disso, possuem importante papel na formação da biomassa altamente complexa da mata atlântica. Na RPPN, parecem surgir, com maior frequência, Smilax japicanga, S. spicata.

Lantana spp. – família Verbenaceae: Com flores muito vistosas, essas plantas abundam nas capoeiras de altitude e nas regenerações espontâneas da floresta tropical. Na RPPN e cercanias, surgem Lantana camara e L. lundiana.

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Costus sp. - Zingiberaceae: As canas-bravas são plantas muito ornamentais características dos sub-bosques mais úmidos e quentes do Vale do Mata Porcos.

Hyptidendron asperrimum – família Lamiaceae: Arvoretas delgadas que vegetam nas vertentes mais inclinadas, especialmente na base de paredões íngremes. São atrativas para pássaros e insetos polinizadores;

As plantas acima listadas representam uma ínfima parte da composição florística, não apenas da RPPN Rogério Marinho, mas de todo o Vale do Mata Porcos, cujas cotas mais elevadas passaram a integrar o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Tratam-se de espécies notáveis, que foram identificadas, durante as atividades da equipe responsável pelo Diagnóstico Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998). Não se pode ter dúvidas de que um levantamento florístico formal será de grande interesse para a conservação de todo o vale, sendo imperioso que seja conduzido oportunamente em toda a bacia, desde suas cotas menos elevadas, junto à sede da RPPN, até os campos de altitude ligados ao Açu, nas altitudes da ordem de 2.000m.

Há ainda outras espécies arbóreas e arvoretas que caracterizam a flora geral da Serra dos Órgãos, ocorrendo desde a localidade em foco, até o restante do município, em florestas que misturam elementos atlânticos e continentais, estes últimos relacionados às florestas estacionais (Seasonally Dry Tropical Forests – SDTF). Conforme já se afirmou, a RPPN Rogério Marinho representa compartimento de transição entre as florestas da encosta atlântica perúmida, voltada à Baía de Guanabara, e as florestas estacionais semideciduais da bacia do rio Paraíba do Sul, que se estendem pelos reversos interioranos da Serra do Mar.

A seguir, são listadas algumas das mais importantes espécies presentes na localidade e que integram a flora arborescente das florestas que adentram a RPPN Rogério Marinho e o alto Vale do Mata Porcos:

Anacardiaceae

Lithrea molleoides aroeira-branca

Schinus terebinthifolius aroeirinha, pimenteira

Annonaceae

Guatteria spp. pindaíba-preta, pindaíba

Xylopia brasiliensis pindaíba

Xylopia sericea pindaíva-vermelha

Rollinia sylvatica araticum-do-mato

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Apocynaceae

Aspidosperma spp. peroba

Araliaceae

Schefflera sp. mandiocão

Arecaceae

Euterpe edulis palmito-jussara

Geonoma schottiana aricanga

Syagrus romanzoffiana jerivá, coco-babão

Asteraceae

Eremanthus erythropappus candeia

Vernonanthura discolor (=Vernonia discolor) vassourão

Bignoniaceae

Cybistax antisyphilitica caroba-de-flor-verde

Jacaranda puberula jacarandá-caroba

Zeyheria tuberculosa ipê-tabaco

Handroanthus chrysotrichus ipê-amarelo

Sparattosperma leucanthum caroba-branca

Boraginaceae

Cordia Trichotoma louro-branco

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Cannabaceae

Trema micrantha pau-pólvora

Elaeocarpaceae

Sloanea hirsuta ouriço, carrapicheiro

Erythroxylaceae

Erythroxylum sp.

Euphorbiaceae

Alchornea glandulosa tapiá

Croton floribundus capixingui

Croton urucarana urucurana

Sapium glandulosum pau-de-leite

Fabaceae-Caesalpinioideae

Bauhinia forficata pata-de-vaca

Cassia ferruginea chuva-de-ouro

Schyzolobium parahyba guapuruvu

Sclerolobium sp. carvoeiro

Senna macranthera fedegoso

Senna multijuga cássia-aleluia

Swartzia langsdorffii pacová-de-macaco

Melanoxylon brauna braúna

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Fabaceae-Faboideae

Bowdichia virgilioides sucupira-preta

Dalbergia nigra jacarandá-caviúna

Deguelia hatshbachii embira-de-sapo

Erythrina falcata suinã

Machaerium aculeatum sapateiro, bico-de-pato

Platypodium elegans faveiro

Pterocarpus rohrii sangue-de-drago

Fabaceae-Mimosoideae

Anadenathera macrocarpa angico

Enterolobium contortisiliquum orelha-de-negro

Inga sp p. ingás

Piptadenia gonoacantha pau-jacaré

Leucochloron incuriale chico-pires

Plathymenia foliolosa vinhático

Stryphnodendron polyphyllum barbatimão

Anadenanthera colubrina angico

Lacistemataceae

Lacistema pubescens baga-de-jabuti

Lamiaceae

Hyptidendron asperrimum catinga-de-bode

Vitex polygama tarumã

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Vitex triflora tarumã

Lauraceae

Nectandra rigida canela

Lecythidaceae

Cariniana legalis jequitibá-rosa

Cariniana estrellensis jequitibá-rei

Magnoliaceae

Magnolia ovata pinha-do-brejo, baguaçu

Malvaceae

Ceiba speciosa

Luehea candicans açoita-cavalo

Luehea grandiflora açoita-cavalo

Pseudobombax grandiflorum embira

Melastomataceae

Miconia spp. jacatirão

Tibouchina granulosa quaresmeira

Tibouchina spp.

Meliaceae

Cabralea cangerana canjerana

Cedrela fissilis cedro

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Moraceae

Ficus adhatodifolia figueira-da-mata

Sorocea bonplandii cincho

Myristicaceae

Virola gardneri bicuíba

Myrsinaceae

Rapanea guianensis capororoca

Rapanea ferruginea capororoca

Myrtaceae

Calyptranthes spp. guamirim

Gomidesia spp. guamirim

Myrceugenia spp. guamirim

Myrcia spp. guamirins

Eugenia spp. eugênias ou guamirins

Campomanesia spp. guamirins

Psidium spp. araçás

Nyctaginaceae

Guapira opposita maria-mole

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Proteaceae

Roupala Montana var. brasiliensis carne-de-vaca, carne-assada

Rubiaceae

Bathysa australis cauassu

Coussarea speciosa falsa-quina

Hamelia patens hamélia

Palicourea sp.

Psychotria nuda

Rutaceae

Dictyoloma vandellianum canela-pimenta

Hortia brasiliana casca-d’anta

Zanthoxyllum rhoifolium mamica-de-cadela

Salicacea

Casearia sylvestris guaçatonga

Sapindaceae

Cupania vernalis camboatá

Sipuranaceae

Siparuna brasiliensis

Siparuna guianensis

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Solanaceae

Solanum spp.

Urticaceae

Cecropia hololeuca imbaúba-branca

Cecropia pachystachya imbaúba

Vochysiaceae

Vochysia tucanorum pau-de-tucano

Vochysia saldanhana

Figura 19: Tibouchina grandifolia. Família Melastomataceae. Arbusto ornamental bastante comum em cultivo, nos jardins urbanos, sendo originário das encostas rochosas da

Floresta Atlântica

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Figura 20: Geonoma schottiana. Família Arecaceae. Delicada palmeira do sub-bosque da Serra dos Órgãos. Abunda nas florestas mais densas da RPPN Rogério Marinho:

Indicadora de qualidade ambiental

Figura 21: Ceiba speciosa. Família Malvaceae. A paineira-rosa é árvore característica das

matas da Serra dos Órgãos, tendo sido intensamente plantada nos reflorestamentos realizados entre 1998 e 1999 na reserva

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Figura 22: Hyptidendron asperrimum. Família Lamiaceae. Arvoreta que medra na base dos afloramentos rochosos e que apresenta florescimento bastante atraente

Figura 23: Senna multijuga. Família Fabaceae. Arvoreta comum nas florestas

secundárias, apresentando florescimento anual muito vistoso

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Figura 24: Epidendrum cf. floribundum. Família Orchidaceae. Espécie fotografada em 1998, no alto Vale do Mata Porcos.

Figura 25: Esterhazia sp. Família Orobanchaceae. Planta característica dos campos

rupestres e formações de altitude, em vegetação aberta

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1.5. Áreas de Preservação Permanentes

As Áreas de Preservação Permanente – APP são áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. De acordo com estabelecido no Código Florestal atual (Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012), são APPs as faixas marginais de qualquer curso d’água natural (perene e intermitente, excluídos os efêmeros); as áreas no entorno de nascentes, dos lagos e lagoas naturais e dos reservatórios d’água artificiais; os topos de morros; as restingas e manguezais; as encostas com inclinação maior que 45º; e as áreas em altitude superior a 1.800 metros.

As APPs se destinam a proteger solos, águas e matas ciliares. Nessas áreas só é possível o desmatamento total ou parcial da vegetação com autorização do governo federal e, mesmo assim, quando for para a execução de atividades de utilidade pública ou de interesse social.

Conforme Tabela 6, 17,9% da RPPN Rogério Marinho é caracterizada como de preservação permanente, sendo a maior parte dessa área representada por margens de rio. Essas APPs encontram-se em bom estado de conservação, com mais de 90% das suas terras cobertas por florestas e demais formas de vegetação natural (Tabela 7 e anexos 14 e 15).

Tabela 6: Tabela das Áreas de Preservação Permanente (APPs) da RPPN Rogério Marinho.

Classes Hectares % da RPPN

Margem de lago ( 30 m) 0,67 0,73

Margem de rio ( 30 m) 9,71 10,57

Topo de morro 5,44 5,92

Acima de 45o 0,65 0,71

Total 16,47 17,93

Tabela 7: Tabela de caracterização quanto à situação da Cobertura Vegetal das Áreas de Proteção Permanente (APPs) da RPPN Rogério Marinho.

APP/Covertura Vegetal

Floresta em Estágio

Médio/Avançado de Sucessão

Gramíneas Silvicultura Vegetação Arbustiva

Afloramento rochoso

Total

Margem de lago 0,67 0,67

Margem de rio 8,84 0,09 0,01 0,77 9,71

Topo de morro 0,16 5,28 5,44

Acima de 45o 0,32 0,33 0,65

Total 9,98 0,09 0,01 6,05 0,33 16,46

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1.6. Fauna

Tendo em vista o tempo disponível para a elaboração de um Plano de Manejo e a necessidade de implementação de um programa de monitoramento da fauna da reserva de longo prazo, não foram realizados levantamentos de fauna na área. Porém, a grande disponibilidade de dados secundários para a região, incluindo das áreas contíguas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, torna as informações da literatura confiáveis e suficientes para o planejamento do manejo da reserva.

A organização dos dados secundários envolveu um amplo levantamento bibliográfico, sendo os dados oriundos dos trabalhos compilados para a elaboração dos textos e das listas de espécies de potencial ocorrência na RPPN. Este procedimento foi feito para os grupos de aves, répteis, anfíbios e mamíferos. As listas de espécies foram relacionadas à lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil e da IUCN (MACHADO et al., 2005, 2008) para identificação do status de conservação de cada uma delas, destacando aquelas com alto grau de ameaça.

Anfíbios e répteis

A Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro abriga mais de 100 espécies endêmicas de anfíbios do bioma, sendo cerca de 30 de ocorrência restrita ao estado, todas da ordem Anura. A porção da Serra dos Órgãos, região contígua à RPPN Rogério Marinho, é considerada área-chave para a conservação de anfíbios do Estado do Rio de Janeiro, pela alta concentração desses endemismos (VAN SLUYS et al., 2009) e de espécies ameaçadas de extinção, embora alguns outros municípios da região serrana ainda representem lacunas de informação para este grupo. Desde a década de 1980, por exemplo, não são encontrados indivíduos de Thoropa petropolitana na Serra de Petrópolis, sendo esta espécie atualmente considerada ameaçada de extinção no Estado (CARAMASHI et al., 2000) e no país (MACHADO et al., 2005).

Em relação aos répteis, é conhecida a ocorrência de cerca de 130 espécies para o estado do Rio de Janeiro (ROCHA et al., 2009), e mais uma vez a região da Serra dos Órgãos e adjacências é uma das que têm a maior concentração de endemismos e espécies ameaçadas. Entretanto, também neste caso, muitas são as lacunas de conhecimento em relação a estas espécies, não apenas sobre a ocorrência, em muitos remanescentes florestais no Estado, mas também no que diz respeito a informações básicas de taxonomia e ecologia. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), imediatamente vizinho à RPPN Rogério Marinho, possui registros de 82 espécies de répteis, que representam 40% daquelas registradas para a Mata Atlântica (PLANO DE MANEJO DO PARNASO, 2008).

Entretanto, Barros-Filho (2008) destaca o fato de que os levantamentos feitos na Região Serrana do Rio, mais especificamente na região do PARNASO, não contemplam a heterogeneidade da vegetação, especialmente no que diz respeito aos campos de altitude. O mesmo autor destaca a ocorrência, na porção do município de Petrópolis, de Atractus trihedrurus, serpente rara, de biologia pouco conhecia e ameaçada de extinção (BARROS-FILHO, 2008).

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Diante destas informações, não é possível termos uma lista confiável de espécies para a área, sendo fundamental que sejam desenvolvidos, de forma prioritária, inventários direcionados a estes grupos, uma vez que a RPPN tem potencial de abrigar uma série de espécies da herpetofauna endêmicas e/ou ameaçadas de extinção, cujos registros ainda sejam inéditos para a ciência.

Aves

O Estado do Rio de Janeiro é um dos mais bem inventariados em relação à avifauna do país, com cerca de 730 espécies (ALVES et al., 2000), o que corresponde a aproximadamente 40% do total de aves do Brasil, sendo, também, o estado que concentra o maior número de espécies ameaçadas das Américas (MANNE et al., 1999). A Região Serrana Central, onde está incluída a RPPN Rogério Marinho, é uma das que se destacam no Estado do Rio de Janeiro, em relação à concentração de endemismos e de espécies ameaçadas de extinção (ALVES et al., 2009).

A região da Serra dos Órgãos, contígua à RPPN, tem a avifauna mais rica já registrada para a Mata Atlântica, com 462 espécies (MALLET-RODRIGUES et al., 2007). Destas, 142 são endêmicas ao bioma. Contudo, persistem sérias deficiências, no conhecimento deste segmento, passando a impressão de que há muito ainda a ser realizado. Os ambientes florestais são usualmente mais visitados para a observação de aves e, no caso da Região Serrana Central, a maior parte dos estudos se concentra na vertente Atlântica na Serra dos Órgãos, entre Teresópolis e Guapimirim, havendo pouco ou nenhum conhecimento para os campos de altitude e algumas localidades na região de Petrópolis (PLANO DE MANEJO DO PARNASO, 2008).

Algumas espécies merecem destaque, como a saudade-de-asa-cinza, Tijuca condita, que ocorre acima dos 1300m de altitude, sendo endêmica da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro e considerada uma das espécies mais raras do planeta (ALVES et al., 2008). A Tabela 8 apresenta uma lista das aves de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, com um total que ultrapassa 300 espécies. Faz-se necessário validar esta lista com projetos que busquem fazer o levantamento da avifauna da reserva, seguindo metodologias sistematizadas, a fim de verificar a ocorrência de espécies raras, ameaçadas e outras, que representem novos registros para a ciência.

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Figura 26: Cyalonoxia glaucocaerulea Fonte http://www.wikiaves.com.br

Figura 27: Trogon surrucura . Fonte http://www.wikiaves.com.br/surucua-variado

Figura 28: Tijuca condita. Fonte: http://www.wikiaves.com.br/saudade-de-asa-cinza

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Figura 29: Sporophila caerulescens. Fonte http://www.wikiaves.com.br/coleirinho

Figura 30: Spizaetus tyrannus. Fonte http://www.wikiaves.com.br/gaviao-pega-macaco

Figura 31: Chiroxiphia caudata. Fonte http://www.wikiaves.com.br/tangara

Figura 32: Basileuterus leucoblefarus. Fonte http://www.wikiaves.com.br/pula-pula-assobiador

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Tabela 8: Espécies de aves de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, com base em dados da literatura (Alves et al., 2009; Mallet-Rodrigues et al., 2007; Plano de Manejo

PARNASO, 2008). A taxonomia e a sistemática seguem CBRO (2011). Categorias de ameaça seguem Machado et al. (2008) e Alves et al. (2000). Legenda: PA =

presumivelmente ameaçada; VU = vulnerável; NT = ameaçada; EN = em perigo; CP = criticamente em perigo; DI = dados insuficientes.

Lista de Espécies

Ameaçadas

Espécie Nome Comum IUCN IBAMA RJ Endemismo

Tinamidae

Crypturellus obsoletus inhambuguaçu

Crypturellus tataupa inhambu-chintã

Cracidae

Penelope obscura Jacuaçu

Odontophoridae

Odontophorus capueira Uru EN PA Mata Atlântica

Ardeidae

Nycticorax nycticorax Savacu

Threskiornithidae

Theristicus caudatus Curicaca

Cathartidae

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta

Accipitridae

Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza

Elanoides forficatus gavião-tesoura

Elanus leucurus gavião-peneira

Harpagus diodon gavião-bombachinha

Accipiter striatus gavião-miúdo

Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo

Leucopternis polionotus gavião-pombo-grande NT PA Mata Atlântica

Heterospizias meridionalis gavião-caboclo

Urubitinga coronata águia-cinzenta EN VU DI

Parabuteo leucorrhous gavião-de-sobre-branco

Rupornis magnirostris gavião-carijó

Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco

Geranoaetus melanoleucus águia-chilena

Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta

Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco PA

Falconidae

Milvago chimachima carrapateiro

Micrastur ruficollis falcão-caburé

Falco sparverius quiriquiri

Falco rufigularis Cauré

Falco femoralis falcão-de-coleira

Rallidae

Aramides saracura saracura-do-mato Mata Atlântica

Porzana albicollis sanã-carijó

Page 73: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

63

Pardirallus nigricans saracura-sanã

Scolopacidae

Tringa flavipes maçarico-de-perna-amarela

Calidris fuscicollis maçarico-de-sobre-branco

Columbidae

Columbina talpacoti rolinha-roxa

Claravis geoffroyi pararu-espelho CR CP CP Mata Atlântica

Columba livia pombo-doméstico

Patagioenas plumbea pomba-amargosa

Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira

Geotrygon montana Pariri

Psittacidae

Primolius maracana maracanã-verdadeira

Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã

Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha Mata Atlântica

Forpus xanthopterygius Tuim

Brotogeris tirica periquito-rico

Touit melanonotus apuim-de-costas-pretas EN VU CP Mata Atlântica

Pionopsitta pileata cuiú-cuiú PA Mata Atlântica

Pionus maximiliani maitaca-verde

Triclaria malachitacea sabiá-cica NT CP Mata Atlântica

Cuculidae

Coccyzus euleri papa-lagarta-de-euler

Piaya cayana alma-de-gato

Crotophaga ani anu-preto

Guira guira anu-branco

Tapera naevia Saci

Strigidae

Megascops choliba corujinha-do-mato

Megascops atricapilla corujinha-sapo Mata Atlântica

Pulsatrix koeniswaldiana murucututu-de-barriga-amarela Mata Atlântica

Strix hylophila coruja-listrada

Asio clamator coruja-orelhuda

Nyctibiidae

Nyctibius griseus mãe-da-lua

Caprimulgidae

Lurocalis semitorquatus Tuju

Hydropsalis albicollis Bacurau

Nyctiphrynus ocellatus bacurau-ocelado

Hydropsalis longirostris bacurau-da-telha

Hydropsalis forcipata bacurau-tesoura-gigante Mata Atlântica

Apodidae

Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca

Streptoprocne biscutata taperuçu-de-coleira-falha

Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento

Page 74: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

64

Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal

Trochilidae

Phaethornis ruber rabo-branco-rubro

Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado

Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada

Eupetomena macroura beija-flor-tesoura

Aphantochroa cirrhochloris beija-flor-cinza Mata Atlântica

Florisuga fusca beija-flor-preto

Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta

Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete Mata Atlântica

Lophornis magnificus topetinho-vermelho

Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho

Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta Mata Atlântica

Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco Mata Atlântica

Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca

Amazilia lactea beija-flor-de-peito-azul

Clytolaema rubricauda beija-flor-rubi Mata Atlântica

Heliothryx auritus beija-flor-de-bochecha-azul PA

Calliphlox amethystina estrelinha-ametista

Trogonidae

Trogon surrucura surucuá-variado Mata Atlântica

Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela

Bucconidae

Nystalus chacuru joão-bobo

Malacoptila striata barbudo-rajado Mata Atlântica

Ramphastidae

Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde Mata Atlântica

Selenidera maculirostris araçari-poca Mata Atlântica

Pteroglossus bailloni araçari-banana NT Mata Atlântica

Picidae

Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado Mata Atlântica

Melanerpes candidus pica-pau-branco

Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela Mata Atlântica

Veniliornis maculifrons picapauzinho-de-testa-pintada Mata Atlântica

Piculus aurulentus pica-pau-dourado NT Mata Atlântica

Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado

Colaptes campestris pica-pau-do-campo

Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca

Thamnophilidae

Batara cinerea matracão

Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora Mata Atlântica

Mackenziaena severa borralhara Mata Atlântica

Biatas nigropectus papo-branco VU VU PA Mata Atlântica

Thamnophilus caerulescens choca-da-mata

Page 75: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

65

Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho

Dysithamnus stictothorax choquinha-de-peito-pintado NT Mata Atlântica

Dysithamnus mentalis choquinha-lisa

Dysithamnus xanthopterus choquinha-de-asa-ferrugem Mata Atlântica

Myrmotherula gularis choquinha-de-garganta-pintada Mata Atlântica

Myrmotherula unicolor choquinha-cinzenta NT Mata Atlântica

Drymophila ferruginea trovoada Mata Atlântica

Drymophila rubricollis trovoada-de-bertoni Mata Atlântica

Drymophila genei choquinha-da-serra NT Mata Atlântica

Drymophila ochropyga choquinha-de-dorso-vermelho Mata Atlântica

Drymophila malura choquinha-carijó Mata Atlântica

Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul Mata Atlântica

Myrmeciza loricata formigueiro-assobiador Mata Atlântica

Conopophagidae

Conopophaga lineata chupa-dente Mata Atlântica

Grallariidae

Grallaria varia tovacuçu

Rhinocryptidae

Psilorhamphus guttatus tapaculo-pintado Mata Atlântica

Merulaxis ater entufado Mata Atlântica

Scytalopus speluncae tapaculo-preto

Eleoscytalopus indigoticus macuquinho NT Mata Atlântica

Formicariidae

Formicarius colma galinha-do-mato

Chamaeza campanisona tovaca-campainha

Chamaeza meruloides tovaca-cantadora

Chamaeza ruficauda tovaca-de-rabo-vermelho

Scleruridae

Sclerurus scansor vira-folha Mata Atlântica

Dendrocolaptidae

Dendrocincla turdina arapaçu-liso Mata Atlântica

Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde

Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca Mata Atlântica

Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande

Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado Mata Atlântica

Lepidocolaptes squamatus arapaçu-escamado Mata Atlântica

Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto Mata Atlântica

Furnariidae

Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama

Furnarius rufus joão-de-barro

Asthenes moreirae garrincha-chorona Mata Atlântica

Synallaxis ruficapilla pichororé Mata Atlântica

Synallaxis cinerascens pi-puí

Synallaxis albescens uí-pi

Synallaxis spixi joão-teneném

Page 76: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

66

Cranioleuca pallida arredio-pálido Mata Atlântica

Phacellodomus rufifrons joão-de-pau Phacellodomus erythrophthalmus joão-botina-da-mata Mata Atlântica

Anabacerthia amaurotis limpa-folha-miúdo NT Mata Atlântica

Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete

Philydor atricapillus limpa-folha-coroado Mata Atlântica

Philydor rufus limpa-folha-de-testa-baia Mata Atlântica

Anabazenops fuscus trepador-coleira Mata Atlântica

Cichlocolaptes leucophrus trepador-sobrancelha Mata Atlântica

Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco Mata Atlântica

Lochmias nematura joão-porca

Heliobletus contaminatus trepadorzinho Mata Atlântica

Xenops minutus bico-virado-miúdo

Xenops rutilans bico-virado-carijó

Oxyruncidae

Oxyruncus cristatus araponga-do-horto

Tyrannidae

Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza Mata Atlântica

Leptopogon amaurocephalus cabeçudo

Hemitriccus diops olho-falso Mata Atlântica

Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha Mata Atlântica

Poecilotriccus plumbeiceps Tororó

Todirostrum poliocephalum teque-teque Mata Atlântica

Tyranniscus burmeisteri piolhinho-chiador

Phyllomyias virescens piolhinho-verdoso Mata Atlântica

Phyllomyas fasciatus piolhinho

Phyllomyias griseocapilla piolhinho-serrano NT Mata Atlântica

Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta

Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela

Elaenia mesoleuca Tuque

Elaenia obscura Tucão

Camptostoma obsoletum risadinha

Serpophaga nigricans joão-pobre

Serpophaga subcristata alegrinho

Capsiempis flaveola marianinha-amarela

Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato

Phylloscartes oustaleti papa-moscas-de-olheiras NT CP Mata Atlântica

Phylloscartes difficilis estalinho NT Mata Atlântica

Myiornis auricularis miudinho Mata Atlântica

Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta

Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo

Platyrinchus mystaceus Patinho

Onychorhynchus swainsoni maria-leque-do-sudeste VU CP Mata Atlântica

Myiophobus fasciatus Filipe

Myiobius barbatus assanhadinho

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Myiobius atricaudus assanhadinho-de-cauda-preta

Hirundinea ferruginea gibão-de-couro

Lathrotriccus euleri enferrujado

Contopus cinereus papa-moscas-cinzento

Pyrocephalus rubinus Príncipe

Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado

Knipolegus lophotes maria-preta-de-penacho

Knipolegus nigerrimus maria-preta-de-garganta-

vermelha Mata Atlântica

Satrapa icterophrys suiriri-pequeno

Xolmis cinereus primavera

Xolmis velatus noivinha-branca

Muscipipra vetula tesoura-cinzenta Mata Atlântica

Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada

Colonia colonus Viuvinha

Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro

Myiozetetes cayanensis bentevizinho-de-asa-ferrugínea

Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-

vermelho

Pitangus sulphuratus bem-te-vi

Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado

Megarynchus pitangua Neinei

Empidonomus varius Peitica

Tyrannus melancholicus Suiriri

Tyrannus savana tesourinha

Sirystes sibilator Gritador

Myiarchus swainsoni Irré

Myiarchus ferox maria-cavaleira

Ramphotrigon megacephalum maria-cabeçuda

Attila phoenicurus capitão-castanho

Attila rufus capitão-de-saíra Mata Atlântica

Cotingidae

Phibalura flavirostris tesourinha-da-mata NT PA

Carpornis cucullata corocochó NT Mata Atlântica

Procnias nudicollis araponga VU PA Mata Atlântica

Tijuca atra Saudade NT Mata Atlântica

Tijuca condita saudade-de-asa-cinza VU VU PA Mata Atlântica

Lipaugus lanioides tropeiro-da-serra NT CP Mata Atlântica

Pipridae

Neopelma chrysolophum Fruxu Mata Atlântica

Ilicura militaris tangarazinho Mata Atlântica

Chiroxiphia caudata tangará-dançarino Mata Atlântica

Tityridae

Schiffornis virescens Flautim Mata Atlântica

Laniisoma elegans Chibante PA Mata Atlântica

Pachyramphus viridis caneleiro-verde

Page 78: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

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Pachyramphus castaneus caneleiro

Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto

Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-preto

Vireonidae

Cyclarhis gujanensis pitiguari

Vireo olivaceus juruviara

Hylophilus poicilotis verdinho-coroado Mata Atlântica

Hylophilus amaurocephalus vite-vite-de-olho-cinza

Corvidae

Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo

Hirundinidae

Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branco

Progne tapera andorinha-do-campo

Progne chalybea andorinha-doméstica-grande

Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa

Atticora tibialis calcinha-branca

Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora

Hirundo rustica andorinha-de-bando

Troglodytidae

Troglodytes musculus Corruíra

Turdidae

Turdus flavipes sabiá-uma

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira

Turdus leucomelas sabiá-barranco

Turdus amaurochalinus sabiá-poca

Turdus albicollis sabiá-coleira

Mimidae

Mimus saturninus sabiá-do-campo

Coerebidae

Coereba flaveola cambacica

Thraupidae

Orchesticus abeillei sanhaçu-pardo NT Mata Atlântica

Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo

Cissopis leverianus Tietinga

Orthogonys chloricterus catirumbava Mata Atlântica

Thlypopsis sordida saí-canário

Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha Mata Atlântica

Lanio melanops tiê-de-topete

Piranga flava sanhaçu-de-fogo

Habia rubica tiê-do-mato-grosso

Tachyphonus coronatus tiê-preto Mata Atlântica

Tangara sayaca sanhaçu-cinzento

Tangara cyanoptera sanhaçu-da-serra NT Mata Atlântica

Tangara ornata sanhaçu-de-encontro-amarelo Mata Atlântica

Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro

Page 79: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

69

Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade

Pipraeidea melanonota saíra-viúva

Tangara seledon saíra-sete-cores Mata Atlântica

Tangara desmaresti saíra-lagarta Mata Atlântica

Tangara cyanoventris saíra-douradinha Mata Atlântica

Tangara cayana saíra-amarela

Dacnis nigripes saí-de-pernas-pretas NT PA Mata Atlântica

Dacnis cayana saí-azul

Hemithraupis ruficapilla saíra-ferrugem Mata Atlântica

Emberizidae

Zonotrichia capensis tico-tico

Haplospiza unicolor cigarra-bambu Mata Atlântica

Donacospiza albifrons tico-tico-do-banhado

Poospiza thoracica peito-pinhão Mata Atlântica

Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro

Sicalis luteola Tipio

Emberizoides herbicola canário-do-campo

Volatinia jacarina Tiziu

Sporophila frontalis Pixoxó VU VU CP Mata Atlântica

Sporophila falcirostris cigarra-verdadeira VU VU CP Mata Atlântica

Sporophila nigricollis Baiano

Sporophila caerulescens coleirinho

Sporophila leucoptera Chorão

Cyanoloxia moesta negrinho-do-mato NT CP Mata Atlântica

Tiaris fuliginosus cigarra-do-coqueiro

Arremon semitorquatus tico-tico-do-mato Mata Atlântica

Cardinalidae

Saltator fuliginosus pimentão Mata Atlântica

Saltator maxillosus bico-grosso Mata Atlântica

Cyanoloxia glaucocaerulea Azulinho

Cyanocompsa brissoni Azulão EN

Parulidae

Parula pitiayumi mariquita

Geothlypis aequinoctialis pia-cobra

Basileuterus culicivorus pula-pula

Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador Mata Atlântica

Icteridae

Psarocolius decumanus Japu

Cacicus haemorrhous Guaxe

Molothrus bonariensis vira-bosta

Fringillidae

Sporagra magellanica pintassilgo

Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro

Euphonia chalybea cais-cais NT PA

Euphonia cyanocephala gaturamo-rei PA

Page 80: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

70

Euphonia pectoralis ferro-velho Mata Atlântica

Chlorophonia cyanea gaturamo-bandeira

Passeridae

Passer domesticus Pardal

Mamíferos

A Mata Atlântica possui 298 espécies de mamíferos, das quais 90 são endêmicas (cerca de 30%; PAGLIA et al., 2012). A Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro possui alto grau endemismo de mamíferos (BERGALLO et al., 2009). No entanto, há deficiências nos inventários desta região, especialmente no que diz respeito aos remanescentes florestais do município de Petrópolis contíguos ao contínuo da Serra dos Órgãos, como é o caso da RPPN Rogério Marinho. Mesmo o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Unidade de Conservação brasileira com o maior número de projetos de pesquisa sendo desenvolvidos na sua área (PLANO DE MANEJO DO PARNASO, 2008), é subamostrado em relação às suas espécies de mamíferos.

Em toda a Mata Atlântica os pequenos mamíferos são mais abundantes do que as espécies de médio e grande porte. As comunidades de pequenos mamíferos tendem a ser diversificadas de acordo com as diferentes cotas altimétricas e fitofisionomias (CUNHA et al., 2003). Espécies de pequenos mamíferos restritas aos campos de altitude, como Akodon paranaensis, Brucepattersonius griserufescens, Delomys collinus e Julliomys rimofrons provavelmente são vítimas de eventos de incêndios florestais que ocorrem nas Unidades de Conservação da Região Serrana (BERGALLO et al., 2009), como os já registrados na área da RPPN Rogério Marinho. Será de extrema importância confirmar a ocorrência destas e outras espécies exclusivas desta fisionomia na área e avaliar seu status de conservação, uma vez que suas populações já estão ameaçadas pela paisagem altamente fragmentada na qual se encontram.

Há relatos de registros de antas nos campos de altitude da região (PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS, 2008) que necessitam ser verificados, uma vez que se trata de uma espécie “Vulnerável”, segundo a IUCN, e “Em Perigo”, segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al., 2008), e importante para a estrutura das florestas tropicais, sendo possivelmente um dos últimos dispersores de grandes sementes (FRAGOSO & HUFFMAN, 2000).

A tabela 9 mostra uma lista das espécies de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, segundo dados secundários.

Page 81: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

71

Tabela 9: Espécies de mamíferos de potencial ocorrência na RPPN Rogério Marinho, com base em dados da literatura (Olifiers et al., 2007; Plano de Manejo PARNASO, 2008; Rocha

et al., 2009). A taxonomia e a sistemática seguem CBRO (2011). Categorias de ameaça seguem Machado et al. (2008). Legenda: PA = presumivelmente ameaçada; VU = vulnerável; NT = ameaçada; EN = em perigo; CP = criticamente em perigo; EP =

presumivelmente extinta.

Lista de Espécies

Ameaçadas

Espécie Nome Comum IUCN IBAMA RJ

Ordem Marsupialia

Didelphidae

Didelphis aurita gambá

Marmosops paulensis cuíca

Monodelphis sorex cuíca VU

Monodelphis dimidiata cuíca NT Monodelphis gr. Americana cuíca NT

Monodelphis sp. cuíca

Chironectes minimus cuíca-d'água NT

Philander frenatus cuíca-de-quatro-olhos-cinza

Ordem Xenarthra

Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla tamanduá-de-colete

Bradypodidae

Bradypus tridactylus preguiça-de-três-dedos

Bradypus variegatus preguiça

Dasypodidae

Cabassous unicinctus tatu PA

Dasypus novencinctus tatu-galinha

Ordem Chiroptera

Phyllostomidae

Micronycteris megalotis

Anoura caudifer

Glossophaga soricina

Lonchophylla bokermanni VU VU VU

Carollia perspicillata

Platyrrhinus recifinus VU VU

Artibeus lituratus

Artibeus fimbriatus NT

Pygoderma bilabiatum NT

Desmodus rotundus morcego-vampiro

Vespertilionidae

Myotis nigricans VU

Myotis ruber VU VU

Myotis levis

Molossidae

Molossus molossus

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Ordem Primates

Callitrichidae

Callithrix aurita sagui VU VU VU

Cebidae

Callicebus nigrifrons sauá NT VU VU

Cebus nigritus macaco-prego

Atelidae

Alouatta guariba bugio NT PA

Ordem Carnivora

Canidae

Cerdocyon thous cachorro-do-mato

Procyonidae

Nasua nasua quati

Potos flavus jupará PA

Mustelidae

Eira barbara irara PA

Felidae

Puma concolor onça-parda NT VU VU

Leopardus pardalis jaguatirica VU VU

Leopardus wiedii gato-maracajá VU VU

Leopardus tigrinus gato-do-mato NT VU PA

Ordem Perissodactyla

Tapirus terrestris anta VU VU EP

Ordem Artiodactyla

Tayassuidae

Tayassu tajacu cateto VU

Tayassu pecari queixada EP

Ordem Rodentia

Sciuridae

Sciurus aestuans caxinguelê

Muridae

Oligoryzomys nigripes

Delomys dorsalis

Delomys sublineatus

Akodon montensis

Akodon serrensis

Oxymycterus quaestor

Oxymycterus gr. Judex

Juliomys sp.

Brucepattersonius sp.

Thaptomys nigrita VU

Erethizontidae

Sphiggurus cf. villosus ouriço-caixeiro

Agoutidae

Agouti paca paca VU

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Dasyproctidae

Dasyprocta agouti cutia

Echimydae

Phyllomys pattoni

Trinomys dimidiatus

Ordem Lagomorpha

Leporidae

Sylvilagus brasiliensis tapeti

Figura 33: Tayassu pecari. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tayassu_pecari.jpg

Figura 34: Tamandua tetradactyla. Foto de Frans Lanting. Fonte: http://franslanting.photoshelter.com/image/I00005I6fFmLbBLI)

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Figura 35: Silvilagus brasiliensis: Fonte: http://www.sfbaywildlife.info/species/mammals.htm

Figura 36: Sciurus aestuans. Fonte: http://guiaaventura.blogspot.com.br/2009_10_01_archive.html

Figura 37: Puma concolor: Fonte: http://catbg.net/divi/index.php?sta=83&catid=2

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Figura 38: Potos flavus: Fonte: http://travel.mongabay.com/costa_rica/images/costa-rica_0605.html

Figura 39: Didelphis aurita - foto de Leonardo de Souza Machado. Fonte: http://calphotos.berkeley.edu/cgi/img_query?

Figura 40: Carollia perspicillata. Fonte: http://www.warrenphotographic.co.uk/12828-trinidad-fruit-bat

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Figura 41: Cabassous unicinctus. Fonte: http://www.nationalgeographicstock.com/ngsimages/explore/explorecomp.jsf?xsys=SE&id=1294359

Figura 42: Bradypus variegatus. Fonte: https://picasaweb.google.com/lh/photo/gaHjSb6aViO_yTLWpWGJLQ

Figura 43: Allouata guariba. Foto de Júlio César Bicca-Marques Fonte: http://centrodeestudosambientais.wordpress.com/tag/bugio-ruivo/

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1.7. Visitação e Trilhas

A RPPN Rogério Marinho não oferece estrutura para recepção de visitantes e não serão indicadas atividades turísticas no manejo desta unidade. Atualmente, existem duas trilhas internas na RPPN, utilizadas apenas para manutenção e proteção da unidade e, eventualmente, pelos proprietários e seus familiares, que transitam pelas trilhas em direção aos córregos. No entanto, essas trilhas deverão ser utilizadas no desenvolvimento de pesquisas científicas.

A trilha principal tem inicio fora da RPPN, na mata de pinus localizada atrás da casa principal da propriedade, e segue em direção ao fundo do vale, passando pelas duas pontes e ao largo dos dois represamentos d’água, até os limites da RPPN com o PARNASO (Anexo 16).

Essa trilha apresenta 1.090 metros de comprimento e ao longo do seu percurso possui um desnivelamento de 110 metros, com inclinação média entre 16%, à 7%. O tempo médio de deslocamento nesta trilha é de 30 min a 40 min (Gráfico 3).

Perfil Longitudinal da Trilha

1030

1060

1090

1120

1150

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Comprimento (m)

Alt

itu

de

(m

)

Trilha

Gráfico 3: Perfil longitudinal da Trilha da RPPN Rogério Marinho.

1.8. Pesquisa e Monitoramento

Na década de 1990 foram realizados estudos sobre o ambiente do Sítio do Cavalo Baio, sobretudo sobre sua flora, pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Graeff. Esses estudos tiveram como objetivo subsidiar as ações de conservação da propriedade, que, na época, abrangia todo o fundo do Vale do Mata Porcos.

Em 2008, com o andamento da proposta de ampliação do PARNASO pelo ICMBio, foram realizados estudos sobre a evolução da paisagem dos vales do Bonfim e Mata Porcos, visando subsidiar a proposta. Posteriormente, esses estudos foram apresentados em eventos técnicos e científicos e publicados.

Atualmente, não é realizada nenhuma pesquisa da RPPN, não obstante existirem vários estudos acadêmicos em andamento na área de entorno do PARNASO. No entanto, há possibilidade de inúmeros estudos sobre a biodiversidade e aspectos físicos naturais como relacionado aos solos, relevo, vegetação e outros.

O monitoramento realizado na área restringe-se a certificação do não acesso de pessoas estranhas à área e de cuidados contra ocorrência de fogo nas áreas

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circunvizinhas. A área situa-se no interior do Sítio do Cavalo Baio e parte de seu limite é margeado pela atividade agrícola desenvolvida no Vale do Bonfim. Dessa forma, a fiscalização é realizada constantemente pelos funcionários do Sítio, os quais podem identificar rapidamente alguma irregularidade nas cercas e nos limites da RPPN. A localização dos limites da RPPN em relação à sede da propriedade é outro fator positivo, pela facilidade de sua visualização, o que permite o cuidado quanto ao risco de incêndio, caça e outras eventualidades.

Apesar de seu potencial para a pesquisa científica, principalmente com relação à fauna e flora, a RPPN não dispõe de infraestrutura como alojamento e/ou laboratório. No entanto, a sede da propriedade dispõe de infraestrutura necessária para acomodar os pesquisadores. Em vista da filosofia dos proprietários, os quais propõem priorizar a pesquisa em sua área, bem como a possibilidade de parcerias com o PARNASO e universidades, acredita-se que, num futuro próximo, sejam efetivadas melhorias para acomodações dos pesquisadores com objetivo científico.

1.9. Riscos, Pressões, Ameaças

O diagnóstico dos riscos, pressões, ameaças e ocorrência de fogo foi realizado sobre Mapa de Vegetação e Uso do Solo da RPPN, indicando os vizinhos imediatos, acompanhado de planilha descritiva, com a seguinte legenda:

R para Riscos: Áreas ou situações que possam colocar em risco a integridade física das pessoas (funcionários ou visitantes). Ex.: Tromba d’água, queda de blocos, deslizamentos, fluxos detríticos, fauna peçonhenta, queda de árvores.

P para Pressões: Atividades que causam impactos negativos no interior da unidade realizados por terceiros. Essas atividades não podem ser realizadas pelo proprietário ou seus prepostos no interior da RPPN (nesse caso, além de pressão, também se configura em infração pela qual responderá o proprietário). Ex.: Caça, coleta

A para Ameaças: atividades que têm probabilidade de ocorrer e causar impacto negativo na unidade, em geral provenientes do entorno. Para melhor entendimento e localização das ameaças, indicamos no mapa qual o uso da terra nas áreas limítrofes da RPPN. Ex.: Desafetação do Vale do Bonfim do PARNA-SO

Para fins de apresentação no PLANO DE MANEJO, denominaremos de “Mapa dos Riscos, Pressões e Ameaças” (Anexo 17). Esse incluirá as áreas susceptíveis à erosão hídrica, indicadas para serem mantidas intangíveis (sem acesso ao público) ou para recuperação da sua vegetação, definidas a partir do Mapa de Susceptibilidade à Erosão Hídrica da área de estudos (Anexo 18).

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1.9.1. Ocorrência de Fogo

Como se pôde observar, ao longo do diagnóstico da RPPN Rogério Marinho, especialmente em seus capítulos dedicados à Flora e Fauna, o fogo representa uma das mais importantes ameaças à conservação da UC. Ficou claro também que essa ameaça também atinge o PARNASO, que é unidade de conservação lindeira, representando um dos mais importantes Parques Nacionais da Mata Atlântica (Figura 44). O Programa de Manejo ora intitulado PROGRAMA DE PREVENÇÃO E COMBATE AO FOGO, assume capital importância, no âmbito do Plano de Manejo da RPPN Rogério Marinho. Como veremos, essa preocupação já se manifestara, havia muito anos, por parte do Dr. Rogério Marinho (in memoriam), que envidara notáveis esforços para proteger essas florestas e campos de altitude deste que vem provando ser um de seus mais perigosos inimigos – o fogo na Serra dos Órgãos.

Por iniciativa do Dr. Rogério Marinho, em 1998, foi contratada equipe, coordenada pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Graeff para a realização do estudo intitulado “Diagnóstico e Zoneamento Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio” (GRAEFF et al., 1998). Daquele trabalho constava seção referente às recomendações técnicas para manejo da propriedade, onde era sugerido que se efetuasse um estudo mais acurado dos problemas referentes à propagação dos incêndios vindos de outras propriedades. Essas ocorrências vinham causando danos gravíssimos às áreas silvestres de todo o Vale do Mata Porcos, assim como de boa parte da Serra dos Órgãos. No inverno de 1997, por exemplo, um desses incêndios atravessara as divisas das terras da Fazenda, vindo da região da Estrada Teresópolis-Petrópolis e atravessando altitudes elevadas. Esse incêncio danificou, irreversivelmente, diversas populações naturais de espécies de plantas da propriedade.

Visando prevenirem-se novos episódios dessa natureza e atendendo às recomendações feitas naquele estudo, iniciaram-se esforços, no sentido de reconhecer os problemas relacionados à propagação desses incêndios, invariavelmente, iniciados em terras de terceiros, muito longe da propriedade (atual RPPN Rogério Marinho) e do Vale do Mata Porcos. Esses estudos conduziram a equipe técnica responsável pelo diagnóstico (GRAEFF et al., 1998) às áreas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, assim como à região agrícola do Jacó e à Fazenda Boa Esperança, principais confrontantes das terras da reserva.

Com intuito de embasar uma estratégia emergencial de prevenção e combate aos incêndios florestais do inverno do ano de 1999, foi elaborado um primeiro documento, destinado a levar ao conhecimento do Dr. Rogério Marinho um pouco sobre a conjuntura dos pontos críticos (GRAEFF, 1999). Neste mesmo ano, irrompeu novo episódio de incêndios, talvez o mais grave dos últimos anos, iniciando-se no Vale do Bonfim, bairro razoavelmente populoso, com história e processo fundiário complexos, como pode ser verificado, no presente trabalho, em capítulos próprios (Meio Socioeconômico). Até a ocasião da elaboração do primeiro relatório de Graeff (1999), não havia ocorrido episódios mais recentes de propagação de incêndios, vindos daquela região do Vale do Bonfim. Este incêndio, que terminou por ocorrer em final de agosto daquele mesmo ano de 1999, estendeu-se descontrolado, pelos primeiros dias de setembro e destruiu mais de

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uma centena de hectares de florestas, vegetações rupestres e campos de altitude das montanhas que separam os vales do Mata Porcos e do Bonfim.

Somando-se aos casos precedentes, este incêndio acabou sendo relatado em novo relatório (GRAEFF, 1999-B), que se somou ao anterior, tendo subsidiado grande parte do atual Programa de Manejo. Com a destruição de mais de 150 hectares (1.500.000m2) de vegetação nativa deste segmento da Serra dos Órgãos, o grande incêndio iniciado ainda no dia 29 de agosto daquele ano, um domingo à tarde, se iniciara alguns metros acima de hortas comerciais, situadas no Vale do Bonfim. Assim, o Vale do Bonfim foi definitivamente reconhecido como importante área de risco e aduziu novo relatório, que foi igualmente utilizado pela equipe técnica responsável pelo Plano de Manejo, sendo atualizado, de forma a compor seu Programa de Prevenção e Combate ao Fogo. De ambos os documentos, então, extraíram-se alguns pontos determinantes para o atual Plano de Manejo da RPPN Rogério Marinho, sobretudo com relação à influência das áreas de entorno, conforme apresentamos a seguir.

Figura 44: Imagem extraída do relatório sobre o fogo no Vale do Mata Porcos (GRAEFF, 1999) exibindo as principais frentes de propagação de incêndios

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O Parque Nacional da Serra dos Órgãos - PARNASO

O Parque Nacional enfrenta problemas relacionados à imensa dificuldade de acesso às áreas potencialmente perigosas. O incêndio que atingiu a Fazenda do Cavalo Baio, em 1997, também se alastrou para esta unidade de conservação, ocasionando severos danos aos campos de altitude e florestas, principalmente aquelas voltadas para o norte. A procedência desse incêndio, ocorrido pouco antes do início dos trabalhos que levaram à elaboração do Diagnóstico Ambiental (GRAEFF et al., 1998),como se pôde constatar, relacionara-se aos mesmos focos de propagação que atingiram o Vale do Mata Porcos, como se verá adiante.

Constatou-se, contudo, naquela ocasião, que o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, não oferecia riscos diretos de propagação de incêndios para o Vale do Mata Porcos, pelo contrário, seria ele vulnerável a episódios nele eventualmente originados. Porém, restou evidente que deveriam ser integrados esforços com aquela UC, de forma a prevenir e combater incêndios que potencializariam riscos de destruição para ambas as terras.

As Áreas Agrícolas do Jacó

Algumas visitas preliminares foram então realizadas às áreas agrícolas do Jacó, situadas na vertente norte da Serra dos Órgãos. Sobre essas terras, cabem importantes observações, especialmente no que se refere à história e situação social por lá vigentes. Trata-se de uma comunidade muito particular, dada sua complexa história de ocupação e uso do solo.

Segundo as últimas medições demarcatórias realizadas pelo ICMBio, a maior parte das terras ocupadas pela comunidade do Jacó está fora dos limítes do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, mas em área pertencente ao IBAMA, dentro dos limítes da APA Petrópolis. Ocorre, contudo, que a comunidade, formada por pouco mais de 30 famílias de produtores rurais, já ocupava a área antes da sua compra pelo IBDF, antecessor do IBAMA e ICMBio, e sempre dependera das terras que ocupava para a sua produção. Existe, assim, nítido e notável conflito de posse que está sendo alvo de mediação pelo Ministério Público Federal.

Observou-se, àquela época, que agricultura então praticada no Vale do Jacó mostrava natureza primitiva e ambientalmente danosa, ocasionando consideráveis prejuízos à natureza, principalmente decorrentes de erosão e desestruturação dos solos; desmatamento progressivo; contaminação das águas e da biota circundante com defensivos agrícolas e esgotos; vazamentos de lixo e também riscos de propagação de incêndios florestais, por conta do uso continuado do fogo. Também a situação socioeconômica da comunidade se apresenta insustentável, uma vez que não havia dispositivos que pudessem ordenar seu crescimento físico.

No tocante ao fogo e aos incêndios florestais, contudo, para surpresa dos responsáveis pelo estudo, não havia notificação de qualquer episódio nos últimos vinte anos, pelo menos. Essa informação foi corroborada por funcionários do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, assim como das propriedades vizinhas e pelos técnicos da EMATER –RJ (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

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RJ), que foram ouvidos. Porém, como existiam riscos reais de surgimento de futuros focos de incêndio, a partir do Vale do Jacó, sugeriu-se que se desse especial atenção àquela região como alvo de campanhas de natureza educativa.

Fazenda Boa Esperança

Esta interface mostrou então ser a mais importante, do ponto de vista da propagação potencial de incêndios entre a Estrada Teresópolis-Petrópolis e o Vale do Mata Porcos. Nos estudos de imagens aerofotogramétricas e cartográficas, além de visitas realizadas, ainda durante a elaboração do Diagnóstico e Zoneamento da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998), já se havia percebido esta importância da referida propriedade como interface da atual RPPN Rogério Marinho. Após o reconhecimento das terras da Fazenda Boa Esperança, percebeu-se seu papel decisivo para a conservação do Vale do Mata Porcos, o que inclui a RPPN Rogério Marinho e também afeta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. São áreas de colonização muito antiga, remontando a mais de dois séculos, onde existem velhas pastagens e matas regenerativas, todas muito suscetíveis à ocorrência de incêndios florestais no inverno seco serrano. Nestes locais, o risco de recidivas da destruição pelo fogo é superlativo.

Percorreram-se, naquela ocasião, grandes extensões de terras da Fazenda Boa Esperança, tendo sido detectados os pontos onde se haviam iniciado os últimos incêndios e através dos quais tinham eles percorrido a serra no rumo do Vale do Mata Porcos e do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Foram então precisamente localizados esses pontos e caminhos, proporcionando maior conhecimento para se prevenir e combater o fogo na serra, nos anos seguintes.

A seguir, são comentados esses aspectos levantados na região da Fazenda Boa Esperança, em 1999:

1) Ponto de Risco Máximo: Cachoeira do 13 - Pertencente à Fazenda Boa Esperança, uma bela cachoeira, às margens da rodovia que liga Itaipava a Teresópolis representava o mais importante ponto crítico dos episódios de fogo ocorridos em tempos recentes. O lugar era muito utilizado pelos adeptos do candomblé, para realização de suas cerimônias religiosas. Constitui-se num atraente ponto turístico e também costuma ser utilizado na prática de esportes radicais, tais como o rapel, na bela queda d’água ali existente. A despeito da grande distância rodoviária entre a RPPN Rogério Marinho, no Vale do Mata Porcos, e o Macumbódromo, no vale do rio Jacó, os dois pontos distam apenas 4.500m entre si, separando-os um conjunto de elevadas montanhas, em grande altitude, da ordem de 2.000m, razão maior do alto risco de propagação do fogo.

2) Trajetória do Fogo: Em ilustração extraída do estudo de 1999 (figura 44 – anterior), é mostrado como o fogo se alastra, a partir dos pontos críticos da Fazenda Boa Esperança, percorrendo pastagens e coberturas vegetais ralas e ganhando as altíssimas montanhas da Serra dos Órgãos – principalmente o inexpugnável Morro do Mamute, a cerca

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de 2.000m de altitude. De lá, torna-se inevitável sua propagação para o Vale do Mata Porcos e Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

3) Estratégias de Prevenção - Aceiros e Estradas Corta-Fogo: Ao contrário do que se supunha então, os proprietários da Fazenda Boa Esperança se preocupavam muito com a complexa questão do fogo. Como se pôde verificar, através de estudos aerofotogramétricos, assim como pelo que se levantou, no campo, vinham sendo levados a cabo inúmeros aceiramentos e proteções contra o fogo, naquela região, nas épocas críticas do ano. Contudo, durante as épocas secas, o fogo se torna demasiado difícil de ser contido e, com bastante frequência, escapa ao controle e invade toda a serra, destruindo cada vez mais a natureza, em alta montanha.

Sobre o Vale do Bonfim e o Incêndio de 1999

O incêndio que foi relatado por Graeff (1999-B) destruiu mais de 150 hectares (1.500.000m2) de vegetação nativa deste segmento da Serra dos Órgãos. Como se afirmou antes, ele se iniciou no dia 29 de agosto de 1999, um domingo à tarde, alguns metros acima de hortas comerciais, situadas no Vale do Bonfim. O local onde o fogo foi ateado situava-se poucas centenas de metros distante de duas conhecidas pousadas ecoturísticas, que então realizavam atividades de montanhismo e lazer ecológico, no Parna-SO. Originou-se numa pequena lavoura, na qual se produziam hortaliças, devido à queima de resíduos orgânicos.

Em poucos minutos, o fogo subiu pela vegetação de capim gordura e capoeiras em regeneração, que circundava as referidas lavouras olerícolas, e ganhou a encosta rochosa, rumo às altitudes de 1.300m a 1.500m das cumeadas, alastrando-se com grande facilidade pela vegetação ressecada pelo intenso frio e pela seca severa, já avançada, àquela época. Alguns montanhistas se encontravam pendurados a cabos, fazendo práticas de alpinismo diretamente sobre as áreas incendiadas e, por pouco, o fogo não causou tragédias humanas, uma vez que os jovens conseguiram descer a tempo da encosta que logo se incendiou, enquanto enormes bromélias imperiais despencavam incandescentes pelo rochedo, ateando mais fogo à vegetação abaixo.

Bloqueado inicialmente pela vegetação mais densa de um pequeno vale, que liga o Bonfim e Mata Porcos, o fogo seguiu em direção às mais altas cotas, no sentido sudeste, rumo às terras do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A estas alturas, continuando-se nos dias seguintes, o incêndio ganhou importância regional e passou a ser combatido pelo Corpo de Bombeiros, Ibama (Sistema Prev-Fogo) e voluntários de toda a região. Helicópteros particulares se juntaram a aeronaves militares e da Polícia Civil do RJ, para levar equipes e proceder resfriamentos localizados em pontos inacessíveis da serra. O próprio autor dos estudos diagnósticos (GRAEFF, 1999; 1999-B) tomou parte na definição das estratégias de combate, em alta montanha, participando de sobrevoos e emprestando seu conhecimento sobre as particularidades dos terrenos elevados do Vale do Mata Porcos, nos quais realizara intensos estudos, juntamente com sua equipe.

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A fase mais intensa do combate ao incêndio durou cerca de uma semana, levando combatentes e colaboradores aos extremos da fadiga e de alguma frustração, diante de batalha tão inglória e, em parte, inútil. Ainda durante aquela semana, outros focos diversos de incêndios criminosos foram ateados, em locais próximos, driblando a vigilância dos bombeiros e do Ibama e obrigando mesmo, a certa altura, a convocação do Batalhão Florestal da PMERJ para coibir a determinação destruidora dos maníacos incendiários.

Um desses focos queimou boa parte do que restara das matas e campos de altitude da Fazenda do Cavalo Baio, no rumo noroeste, próximo à Pedra do Cone (Morro do Mata Porcos), enquanto um outro ateado na estrada da pedreira, em Correas, avançou ameaçadoramente sobre as matas da outra margem do Córrego do Mata Porcos, pondo em risco a integridade do Vale do Mata Porcos e Pedra do Mamute, também na Fazenda do Cavalo Baio, em áreas hoje pertencentes ao Parna-SO.

Ambos os focos foram debelados, não sem muito esforço, antes de liquidarem de vez com as florestas da serra. Os resultados deste impressionante incêndio podem ser vistos nas ilustrações apresentadas no presente trabalho, extraídas do Projeto de Prevenção e Combate ao Fogo na Serra – Reserva do cavalo Baio (GRAEFF, 1999-B). As terras devastadas pertenciam, principalmente, ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos e à Reserva Natural do Cavalo Baio.

Figura 45: Vista parcial dos resultados do incêndio de 1999, com destruição completa da flora rupestre

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Figura 46: Vista parcial da vegetação queimada pelo incêndio de 1999, notando-se completa exposição do solo

Figura 47: Detalhe de orquídea rupícola Hoffmannseggella cinnabarina irreversivelmente destruída pelo incêndio de 1999

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Este importante episódio de incêndio iniciou-se num ponto onde olericultores, em franca expansão, tentavam a abertura de mais terras, para plantio de hortaliças, que abasteceriam o mercado carioca. Analisando-se o exato local de início do fogo, percebeu-se claramente a intenção de se provocar incêndios na vegetação, para abertura de novas áreas. Desconsiderando os aceiros que dividiam suas hortas do capim gordura e das capoeiras, que iam ter às florestas lindeiras, o incendiário ateou fogo, deliberadamente, à vegetação ressequida, o que evidenciou sua intenção criminosa.

Figura 48: Mapa com a representação do caminho percorrido pelo fogo no incêndio ocorrido em 1999. Adaptado de Graeff, 1999

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A própria reincidência do incêndio na vertente ainda não atingida, enquanto bombeiros e Ibama tentavam o combate, veio a comprovar a determinação em se destruir a mata, tirando proveito da situação. Ninguém foi punido ou advertido, àquela época, e nenhuma autoridade se manifestou posteriormente, no sentido de averiguar as causas da terrível tragédia natural que destruiu irreversivelmente mais uma grande fatia da biodiversidade serrana fluminense. Graeff (1999-B) alertou, em seu relatório e projeto de prevenção, que a impunidade tenderia a potencializar novas ocorrências para os próximos anos. O Ministério Público do RJ ainda interpelou o Ibama e a Prefeitura Municipal de Petrópolis para que avançassem no caso, mas nada acabou sendo efetivamente apurado.

O segundo relatório de Graeff (1999-B) referiu vistorias realizadas após o final do incêndio, mostrando impressionantes aspectos desta destruição, tendo sido algumas de suas imagens utilizadas no presente trabalho. Grandes superfícies de vegetação dos afloramentos rochosos, campos de altitude e florestas de altitude foram varridas pelo fogo, danificando, irreversivelmente, populações de plantas nativas ameaçadas, especialmente bromélias, orquídeas, aráceas, cactáceas, veloziáceas, gesneriáceas, entre outras tantas famílias endêmicas da Serra dos Órgãos.

O inverno de 1999 havia sido um dos mais frios e secos daqueles anos e o consórcio entre temperaturas baixas e seca prolongada resultou num grau máximo de destruição da flora, quando por ocasião do avanço das chamas. Praticamente todos os relictos de preciosa flora de altitude foram varridos, queimando cada fresta ou canto dos afloramentos atingidos. No estudo fotográfico, apresentado naquele trabalho (GRAEFF, 1999-B), podem ser vistos aspectos deste grau máximo de destruição da biodiversidade das montanhas do Mata Porcos/Bonfim. Acredita-se que tenha sido aquele um dos mais graves incêndios a acometer estas montanhas, em tempos recentes. Segundo o autor, seriam necessários mais de dez anos para que se pudesse avaliar a qualidade da regeneração dessas áreas, sendo bastante provável o caráter irreversível dos danos, no que tange flora e fauna. Isso reforça a importância da elaboração de estudos, no âmbito do manejo da RPPN Rogério Marinho, no sentido de determinar os verdadeiros níveis desses danos e a capacidade da natureza em refazer sua flora.

Conclusões

Dos Estudos de 1999, originaram-se as reflexões do presente Plano de Manejo. A despeito da relativa necessidade de atualização de relatórios elaborados há cerca de treze anos, pouca coisa parece ter realmente mudado, no que diz respeito ao problema do fogo, nesta região. Pelo contrário, tudo leva a crer no agravamento da situação, haja vista a repetição cíclica dos incêndios, não obstante a atuação cada vez mais intensa das brigadas oficiais. O que se depreendeu dos relatórios de 1999 (GRAEFF, 1999; GRAEFF, 1999-B) veio ao total encontro do que já apontara o Diagnóstico e Zoneamento Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al.,1998). Senão, vejamos:

1) As Causas do Fogo: Os incêndios que devastam ciclicamente esta seção da Serra dos Órgãos e que atingem, de forma progressiva, o

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Vale do Mata Porcos e o PARNASO são estritamente relacionados à estação seca do ano – iniciando-se entre junho e setembro. Alguns episódios surgem ainda durante o verão, nos veranicos (secas ocasionais), mas jamais se espalham ou atingem os altiplanos. Normalmente, os incêndios são causados por velas e fogueiras deixadas acesas em despachos de candomblé, no vale do rio Jacó, mas podem também ser causados propositadamente por incendiários que vagam pelas estradas ou por pequenos agricultores, que realizam limpezas de roças. Durante uma das excursões de reconhecimento, na própria Fazenda do Cavalo Baio (área atualmente incorporada ao PARNASO), foi achado um aro de balão na cumeada de um morro, a cerca de 1.600m de altitude. Isso mostra que episódios de fogo podem também surgir desta forma, dificultando ainda mais seu controle. Esses fatos, contudo, não são de todo comuns e ainda predomina o fogo subindo da Estrada Teresópolis-Petrópolis no rumo da serra.

2) A Forma de Propagação: A natureza da vegetação secundária ou campestre, que hoje recobre essas encostas das vertentes da Fazenda Boa Esperança e Vale do Jacó, associando-se ao mesoclima bem mais seco dessas vertentes (incomparavelmente mais seco do que aquele do Mata Porcos – apesar de tão próximo geograficamente), cria condições perfeitas para a rápida propagação dos incêndios. O fogo se alastra a uma velocidade espantosa, impulsionado pelo ar seco, pela forte declividade e pela fácil combustão da vegetação. Como não encontra barreiras ou, quando as encontra, são elas insuficientes, esse fogo se espalha numa miríade de focos que escapam totalmente ao controle após chegarem à serra. Pode-se dizer com segurança que, após atingir os campos de altitude e franjas de encostas, torna-se impossível qualquer controle desses incêndios.

Quando por ocasião dos levantamentos de 1999, eram efetivamente envidados esforços na prevenção e controle de incêndios, na Fazenda Boa Esperança. Observou-se, então, que, não fossem os procedimentos rotineiros, levados a cabo todos os anos, muitos outros incêndios poderiam ter ocorrido e atingido os campos de altitude. Infelizmente, porém, mesmo esses esforços vinham se revelando insuficientes, bastando o evento de um grande incêndio, em descontrole, para destruir anos de trabalhos e de recuperação espontânea da vegetação.

A quantidade e a insistência na ocorrência das causas do fogo terminam por superar todas as estratégias de combate ou prevenção levadas a termo, seja pela Fazenda Boa Esperança, seja por outros demais agentes particulares ou mesmo por parte do próprio PARNASO. Tudo leva a crer que o mais acertado seria uma integração generalizada, sob a chancela de políticas públicas sérias e determinadas, de forma a unir os diversos esforços num só programa, a contemplar a região inteira. Os relatórios de Graeff (1999, 1999-B) enunciaram algumas recomendações técnicas, de modo a embasar a necessária atualização do tema, conduzindo a estratégias a serem enunciadas no Plano de Manejo, tendo em vista a imensa importância do tema.

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1.10. Sistema de Gestão

A RPPN não possui um sistema de gestão propriamente dito, sendo administrada conforme as necessidades que se apresentam, cotidianamente, através de ações dos funcionários do próprio Sítio do Cavalo Baio, com a coordenação realizada pelo proprietário. Desta forma, o planejamento e a gestão das atividades na RPPN vinculam-se às ações do Sítio, visto que a unidade de conservação não dispõe de instalações nem infraestrutura, o que ressalta seu grau de preservação.

1.10.1. Atividades Desenvolvidas

Desde a criação da RPPN, as principais atividades desenvolvidas são a vigilância da propriedade, a conservação das cercas, porteiras e vias de acesso, bem como a instalação e manutenção de aceiros e trilhas.

1.10.2. Infra-Estrura, Equipamentos e Serviços (Cercas)

Na RPPN não existe infraestrutura específica à sua gestão. Toda estrutura que atende a RPPN está localizada nas terras do Sítio do Cavalo Baio e refere-se às suas atividades.

As construções envolvem cinco casas, sendo uma delas a sede do Sítio do Cavalo Baio, além de cocheiras, canil e galinheiro. Uma estrada calçada de pedras dá acesso e percorre toda a propriedade. As vias internas da propriedade servem somente para a realização dos serviços inerentes ao Sítio.

As duas trilhas internas da RPPN, criadas há décadas pelos proprietários, encontram-se ativadas e são destinadas à vigilância da área.

As cercas existentes nos limites da área da RPPN cobrem seu perímetro total. Estas, associadas às demais cercas da propriedade, são suficientes para demarcar e impedir o acesso à área da RPPN.

A energia elétrica é fornecida pela Companhia AMPLA de Energia Elétrica e o abastecimento de água é realizado por fonte natural existente na propriedade.

O sistema de saneamento é formado por fossas sépticas que se localizam a cerca de 500 metros do limite mais próximo da RPPN.

Com relação aos resíduos sólidos, todo lixo produzido na propriedade que não pode ser utilizado para compostagem, é recolhido ao centro urbano mais próximo para ter seu destino final no Aterro Municipal, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis - COMDEP.

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A RPPN não dispõe de equipamentos específicos à pesquisa, educação ambiental ou à visitação turística, visto que nenhuma destas atividades é realizada dentro da sua área até o momento.

O sistema de comunicação é realizado por telefonia móvel e duas linhas fixas disponíveis na sede da propriedade.

A propriedade dispõe de ferramentas básicas utilizadas para manutenção e limpeza das trilhas e entorno da RPPN, como roçadeira, serras e outros equipamentos necessários à manutenção. Também possui equipamentos de segurança e de proteção utilizados pelos funcionários, como botas, lanternas e capacetes.

1.10.3. Pessoal

Não existe pessoal com funções específicas destinadas a gestão da RPPN. Tais ações são realizadas com auxílio dos funcionários do próprio Sítio do Cavalo Baio. Na Tabela 10 está demonstrado o quadro funcional presente no Sítio do Cavalo Baio (setembro de 2012) que atende às atividades da RPPN RM, todos com Carteira de Trabalho assinada e plano de saúde.

Tabela 10: Quadro de funcionários do Sítio Cavalo Baio que atendem à RPPN Rogério

Marinho.

Funcionário Função Qualificação

1 Administrador e Motorista

2º grau completo

2 Auxiliar - serviços 1º grau completo

3 Auxiliar - serviços 1º grau completo

4 Auxiliar - serviços 1º grau completo

5 Auxiliar - serviços 1º grau completo

1.10.4. Recursos Financeiros

As despesas decorrentes da gestão da RPPN são cobertas com os investimentos efetuados pelos proprietários. De acordo com levantamento realizado junto aos proprietários, o gasto anual com a RPPN e o Sítio do Cavalo Baio em 2011 foi de aproximadamente R$139.000,00 (cento e trinta e nove mil reais), sendo:

Material = St1: R$ 800,00

Custo anual de pessoal:

Salário+ férias e 13º salário = R$ 96.545,00

INSS = R$ 11.950,00

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Plano de Saúde = R$ 21.790,00

Despesas de conservação:

Material permanente =R$ 930,00

Replantio de arvores = R$ 600,00

Manutenção e limpeza das nascentes = R$ 1.780,00

Conservação de estradas = R$ 4.600,00

TOTAL ANUAL (2011): R$ 138.995,00

1.10.5. Formas de Cooperação

Não existe qualquer forma de cooperação firmada entre a RPPN e os órgãos ou entidades públicas ou privadas. Entretanto, em 1999, as parcerias informais com o PARNASO e moradores da região, conduzidas pelo então proprietário do Sítio do Cavalo Baio, Dr. Rogério Marinho, viabilizaram a implantação de uma subsede para o PARNASO, na subida do Vale do Bonfim, o que permitiu uma maior proteção ambiental da área de entorno das duas unidades (PARNASO e RPPNRM). Esse fato foi comprovado pelos estudos sobre a evolução da paisagem do Rio Bonfim nos últimos quarenta anos (VALVERDE et al., 2008).

Além disso, está sendo analisada, pelos proprietários, a proposta de parceria da RPPN com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), através da Pós-Graduação Internacional em Práticas de Desenvolvimento Sustentável, envolvendo também o PARNASO e a Associação dos Produtores Rurais do Bonfim. Esta visará o apoio às atividades acadêmicas e científicas que estão sendo atualmente realiazadas na região. Essas atividades estão relacionadas a projetos de pesquisa e de conservação, em vista da proposta de redelimitação do Parque, recentemente encaminhada à administração central do ICMBio, que desafetará dos limites do Parque a área com ocupação humana consolidada do Vale do Bonfim.

2. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

O Sítio do Cavalo Baio tem como principais formas de uso o laser, em especial para os familiares dos proprietários, o cultivo de frutas e hortaliças

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para o consumo próprio familiar, além da criação de alguns animais domésticos (cães, gansos, galinhas e patos) e dois cavalos utilizados nos serviços do sítio e no lazer dos proprietários (dados de setembro de 2012).

A propriedade dispõe das seguintes estruturas e equipamentos para sua operação:

02 Casas utilizadas pelos proprietários;

03 Casas utilizadas pelos empregados;

01 Carro;

01 Estrutura de manejo dos animais domésticos (baias, curral, canil);

01 Galpão para armazenagem de equipamentos e materiais;

01 Estufa para plantas ornamentais.

Observou-se que as atividades desenvolvidas no Sítio do Cavalo Baio não oferencem riscos à integridade da RPPN RM ou que venham a comprometer a unidade de conservação, no que diz respeito a sua categoria de manejo. No entanto, há que se considerar relações pontuais entre algumas formas de uso, principalmente, no entorno imediato à RPPN, como a manutenção de espécies arbóreas exóticas e a circulação de animais domésticos.

Quanto às potencialidades das formas de uso com possíveis atividades a serem realizadas pela RPPN, é possível indicar as atividades voltadas à recuperação e proteção de florestas nativas, favorecendo, assim, uma possível atração de avifauna e dispersão de sementes.

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO

Para o presente estudo foram consideradas como áreas de entorno da UC, além da bacia hidrográfica do rio Mata Porcos, na qual a UC está localizada, mais 04 bacias hidrográficas que fazem limite com a bacia do rio Mata Porcos (figura 49 e anexo 19). Portanto, a área de estudos do entorno da UC é composta pelas bacias hidrográficas do rio Mata Porcos (local da RPPN); do rio do Bonfim (limite sul); do afluente do rio Piabanha (limite noroeste), do rio Santo Antônio (limite norte); e, finalmente, pela bacia hidrografia do afluente do rio Jacó (limite nordeste).

Figura 49: Imagem das Bacias Hidrográficas (limite em azul) da RPPN Rogério Marinho

(limite em verde).

Para a caracterização socioeconômica do entorno, optou-se por apresentar, em um primeiro momento, uma breve caracterização dos aspectos relacionados à população infraestrura de abastecimento de água e destino do lixo. Posteriormente, é apresentada uma descrição mais detalhada das localidades inseridas num raio de até 2km da RPPN.

Centro de Petrópolis

Estrada União e Indústria

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Pessoas Residentes

Segundo o Censo Demográfico do IBGE para o ano de 2010, o entorno imediato (conjunto das 05 bacias hidrográficas) possuía cerca de 5.500 pessoas residentes e 2.200 domicílios particulares permanentes.

As áreas mais adensadas desse recorte estão localizadas próximas a Estrada União e Indústria, na porção oeste dessa área de estudos (figura 50). Com destaques para os adensamentos nas localidades de Águas Lindas, Bonfim, Vale das Flores, Mata Porcos e Pinheiral, sendo as 04 ultimas localizadas mais próximas a RPPN Rogério Marinho (figura 50).

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Figura 50: Mapa de Pessoas Residentes (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado)

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Formas de Abastecimento de Água

Os domicílios na área do entorno caracterizam-se por duas formas principais de abastecimento de água: abastecimento por rede geral; e abastecimento por captação em nascentes e/ou poço.

Segundo os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 para o recorte dos setores censitários, os domicílios mais próximos da Estrada União e Indústria (porção oeste do entorno) apresentaram maiores percentuais de abastecimento através de rede geral (figura 51). Enquanto que os domicílios localizados nas áreas mais altas do entorno (porção leste) apresentaram percentuais menores de acesso à rede geral de abastecimento e aumento dos percentuais de domicílios com abastecimento realizado por captação de água em nascentes próximas.

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Figura 51: Mapa de Domicílios Particulares Permanentes com Abastecimento de Água por

Rede Geral (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado).

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Destinos do Lixo

As características das formas de destino do lixo nas propriedades do entorno da UC representam aspectos importantes a serem observados para sua gestão.

Áreas com coleta domiciliar de lixo deficiente, possuem, de forma geral, um aumento no numero de domicílios que queimam o lixo na propriedade. Esta prática pode vir a ser uma ameaça à integridade da RPPN, caso o fogo de estenda aos limites dessa UC.

De forma geral a coleta de lixo nos domicílios na área do entorno se apresenta satisfatória; a grande maioria dos domicílios do entorna encontra-se atendida pelo sistema de coleta municipal (Censo IBGE, 2010).

Entretanto, observa-se uma proporção considerável de domicilios que queimam o lixo no interior da propriedade, nas localizades do Pinheiral e Fazenda Marambaia. Áreas que apresentam porcentuais de domicílios que queimam o lixo na propriedade são, respectivamente, as faixas entre 6 a10% e 11 a 20% (figura 52).

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Figura 52: Mapa de Percentual de Domicílios Particulares Permanentes com Lixo

Queimado na Propriedade (Censo Demográfico IBGE/2010 – adaptado).

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Caracterização das Localidades do Entorno Imediato da UC

As principais comunidades do entorno da RPPN encontram-se distribuídas entre as bacias hidrográficas do Rio Bonfim, do Afluente do Rio Piabanha e do Rio Mata Porcos (Anexo 19).

Na bacia hidrografia do Rio Bonfim localizam-se as comunidades Fazenda Marambaia, Vale das Flores, Vale do Bonfim e Pinheiral, esta ultima ocupa as áreas altas dessa bacia (Anexo 19). Já a bacia hidrográfica do Afluente do Rio Piabanha, apresenta as maiores concentrações de pessoas dentre as demais bacias, incorporando as localidades Promenade, Águas Lindas, Calembe e Cascata. Além de parte da localidade de Nogueira (Anexo 19). Na bacia hidrográfica do Rio Mata Porcos, local da RPPN, localiza-se o Condomínio Mata Porcos (Anexo 19).

No raio de 2km da UC (entorno imediato), localizam-se 04 localidades, distribuídas entre as bacias hidrográficas do rio Mata Porcos (localidade do Vale do Mata Porcos) e do rio Bonfim (localidades dos Vales das Flores e Bonfim e do Pinheiral).

Localidades da Bacia Hidrográfica do Rio Bonfim

Bairro Bonfim

O bairro Bonfim se divide em 03 localidades: Vale do Bonfim, Vale das Flores e Pinheiral. Tanto o Vale do Bonfim quanto o Vale das Flores, apresentam características semelhantes, possuindo a área mais urbanizada do bairro. Enquanto que a comunidade do Pinheiral caracteriza-se pelas atividades agrícolas e residências mais espaçadas (figura 50 - anterior).

Localidade de Vale das Flores

Esta localidade, assim como o Vale do Bonfim, se apresenta como a área mais urbanizada de todo o bairro. A infraestrutura conta com rede elétrica (serviço fornecido pela AMPLA), rede de telefonia e abastecimento de água (serviço fornecido pela empresa Águas do Imperador), e possui calçamento em todas as suas vias. Apresenta moradias de média e baixa renda (figura 53), e os serviços públicos de educação e saúde são compartilhados com a comunidade do Vale do Bonfim (escola municipal e Posto de Saúde).

A infraestrutura sanitária é deficiente, com a grande maioria dos domicílios com esgotamento captado por valas e posteriormente lançados “in natura” no rio Bonfim.

A localidade ainda possui uma acanhada produção de hortaliças, localizadas em pequenas áreas em alta e média encosta.

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Figura 53: Foto com detalhes das moradias e infraestruturas na localidade Vale das Flores

(data: 13/08/12).

Localidade de Vale do Bonfim

A localidade de Vale do Bonfim representa o núcleo do bairro, concentrando a maior parte dos serviços e o comercio na bacia hidrográfica do Rio Bonfim.

As edificações ocupam, predominantemente, as áreas de encosta pouco íngremes (figura 54), combinando moradias de média e baixa renda.

Em relação à infraestrutura, o Vale do Bonfim apresenta calçamento em todas as vias (figura 56), rede elétrica domiciliar e pública (serviço fornecido pela empresa AMPLA), além de rede de telefonia e abastecimento de água (fornecido pela empresa Águas do Imperador). Um dos principais problemas da localidade é o sistema de esgotamento sanitário.

Assim como a localidade do Vale das Flores, o esgoto doméstico segue para valas e daí para o Rio Bonfim, sem qualquer tratamento ou manejo (figura 55).

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Figura 54: Foto com detalhes das moradias e infraestruturas nas encostas da localidade

Vale do Bonfim (data: 13/08/12).

Figura 55: Despejo de esgoto doméstico na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12).

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Figura 56: Detalhe da infraestrutura (calçamento nas vias, rede elétrica e telefonia publica) na localidade do Vale do Bonfim (data: 13/08/12).

Atualmente, a coleta de lixo é outro problema no bairro. Segundo moradores, a falta de periodicidade da coleta vem acarretando acúmulo de lixo em diversos pontos no Vale do Bonfim, assim como nas demais localidades dessa bacia hidrográfica (Figura 57).

.

Figura 57: Foto de detalhe do acúmulo de lixo na localidade do Vale do Bonfim (data:

13/08/12).

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Em relação à oferta de serviços públicos, existe na localidade uma escola pública (Escola Municipal Odette Young Monteiro) e um Posto de Saúde Municipal para atender as demandas de todas as localidades do bairro (Figura 58).

Figura 58: Foto do Posto de Saúde (esquerda) e Escola Municipal (direita) na localidade do

Vale do Bonfim (data: 13/08/12).

Localidade de Pinheiral

Pinheiral pode ser caracterizado como a área rural do bairro do Bonfim. Esta localidade apresenta lotes maiores e áreas de agricultura que sobem do fundo do vale às encostas (Figura 59).

O sistema de produção caracteriza-se pela cultura de hortaliças com mão-de-obra familiar e local, em pequenas propriedades. É comum a utilização de defensivos agrícolas e métodos de irrigação (Figura 59) – com a captação em nascentes do entorno – no manejo das culturas.

Figura 59: Detalhe das culturas de hortaliças na localidade do Pinheiral (data: 13/08/12).

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Segundo moradores/produtores da localidade, é comum a queima do “lixo verde1” (Figura 60) no interior das propriedades, além de algumas queimadas controladas para o manejo agrícola. Entretanto, esta última, tem se tornado uma pratica cadê vez menos frequente, tendo em vista a fiscalização e o aumento da conscientização dos produtores.

Ocorrências de incêndios na região, segundo entrevistados, são cada vez menores e, quando ocorrem, ficam restritas, principalmente, entre os meses de inverno (junho a agosto). Geralmente, as causas estão relacionadas ao manejo inadequado do fogo em áreas agrícolas e à soltura de balões.

Figura 60: Detalhe da queima de “lixo verde” e do uso de técnicas de irrigação de culturas

na localidade de Pinheiral (data: 13/08/12).

Em relação à infraestrutura, há calçamento em quase toda a localidade, rede elétrica e de telefonia (Figura 61).

1 Restos vegetais retirados dos terrenos como galhos, troncos, folhas, etc.

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Figura 61: Detalhes da infraestrutura da localidade de Pinheiral (data: 13/08/12).

O abastecimento de água ocorre, majoritariamente, com a captação em nascentes próximas, não havendo distribuição pela concessionária Águas do Imperador.

O esgoto sanitário, tal como nas localidades do Vale do Bonfim e Vale das Flores, ocorre diretamente em “valões” que deságuam no rio. Um dos entrevistados destacou que houve um projeto público de instalação de fossas sépticas, partindo a iniciativa da Fazenda Marambaia, porém, ficou restrito a poucas moradias da localidade.

O padrão construtivo das edificações varia de médio a baixo poder aquisitivo, entre moradores e alguns veranistas (Figura 62).

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Figura 62: Detalhes dos dois padrões construtivos que dominam a paisagem da localidade

de Pinheiral (data: 13/08/12).

A proximidade desta comunidade com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) é um tema particular nessa região. Segundo a administração do PARNASO, as praticas de caça e queimadas, apesar de cada vez menores ainda são percebidas como um impacto a ser considerado. Entretanto, políticas de conscientização e educação ambiental, através de mutirões voluntários, têm estreitado a relação entre o PARNASO e comunidades, reduzindo os conflitos entre os mesmos.

Para os moradores o tema é ainda mais sensível, a questão central passa pela demarcação dos limites do PARNASO, que dificulta a utilização de algumas áreas na localidade.

Quanto ao diálogo com o parque, moradores apontaram divergências, questionando que algumas de suas demandas não são observadas pela administração dessa Unidade de Conservação.

Bacia Hidrográfica do Rio Mata Porcos

A bacia hidrográfica do rio Mata Porcos incorpora um grande loteamento de propriedades de médio a alto poder aquisitivo, aqui neste relatório, tratado como localidade de Mata Porcos.

Localidade de Mata Porcos

A localidade conhecida como Mata Porcos apresenta características bem diferentes das demais localidades descritas neste estudo. Trata-se de um loteamento de sítios e chácaras de veraneio com acesso restrito, controlado por uma cancela com vigia (Figura 63)

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Figura 63: Detalhes da via principal do loteamento do vale do Mata Porcos (data: 13/08/12).

A gestão do loteamento (segurança e manutenção) é realizada pela Associação dos Moradores do Mata Porcos, composta pelos proprietários dos lotes dessa localidade. As ocupações encontram-se inseridas entre fragmentos florestais de Mata Atlântica em bom estado de conservação, sendo estes, alvos de pesquisas científicas. Cabe ressaltar, que a RPPN Rogério Marinho encontra-se na cabeceira desta bacia hidrográfica.

A localidade possui infraestrutura com rede elétrica, rede de telefonia e abastecimento de água fornecido pela concessionária Águas do Imperador.

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4. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE

Do ponto de vista da localização da RPPN no contexto da fragmentação da Mata Atlântica na região, a UC encontra-se inserida no grande fragmento florestal da Serra dos Órgãos, cuja maior parte encontra-se protegida pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos, sendo contígua a essa UC (Anexos 12 e 13).

Por sua vez, este fragmento florestal da Serra dos Órgãos encontra-se conectado ao fragmento de floresta, em bom estado de conservação, situado da Serra do Tinguá e protegido pela Reserva Biológica do Tinguá, através dos fragmentos florestais da Serra da Estrela (Anexo 12).

Cabe ressaltar, que este “corredor florestal” encontra-se em bom estado de conservação, especialmente pela presença das UCs acima citadas.

5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

Embora com uma área pequena em relação às demais UCs no seu entorno, a RPPN Rogério Marinho é de grande relevância para o contexto ambiental em que se insere. Com relação às Áreas Prioritátias para a Conservação da Mata Atlântica e Campos Sulinos definidas pelo MMA (2000), esta RPPN encontra-se na área da Serra dos Órgãos, considerada de importância ecológica extremamente alta. No contexto regional, a RPPN Rogério Marinho está na região de abrangência do Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense (Anexo 20), um dos três mosaicos federais reconhecidos pelo MMA no Corredor da Serra do Mar, através da Portaria MMA nº 350, de 11 de dezembro de 2006 (LINO et al, 2007). Entre as paisagens incluídas nos limites desses dois recortes territoriais estão ecossistemas que contêm Mata Atlântica em vários estágios sucessionais e ecossistemas associados como os campos de altitudes, áreas de endemismo e com espécies ameaçadas de extinção.

No nível local, a localização desta RPPN, junto ao PARNA Serra dos Órgãos, e as possibilidades de conectividade entre este grande fragmento remanescente da Mata Atlântica e outros fragmentos da APA Petrópolis fazem desta RPPN um importante elemento de conectividade (Anexo 21 e figura 64). A criação desta UC, com suas florestas bem conservadas, afloramentos ricos em vegetação rupestre e nascentes de águas cristalinas, contribui para a conservação da biodiversidade florística, faunística, edáfica e aquática local e da dinâmica dos seus processos naturais.

Importante considerar as características fitofisionômica e florística da RPPN, marcada por diversas vegetações, todas elas pertencentes ao bioma Mata Atlântica. Considerável parte delas pôde ser enquadrada como floresta em clímax ou pouco alterada pelo homem. A floresta ombrófila densa, que é a vegetação matricial, na localidade, representa o clímax-climático-edáfico da RPPN Rogério Marinho. Em vista da estreita ligação desta vegetação com o equilíbrio climático e regulador das águas pluviais, a conservação desta RPPN é necessária, inclusive, para a recarga dos mananciais que abastecem grande parte da população local.

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Ressalta-se também a vegetação rupestre dos afloramentos rochosos, dominada pelas gigantescas e ornamentais bromélias-imperiais (Alcantarea imperialis – família Bromeliaceae), hoje em estágio crítico de conservação, tanto pela coleta sistemática, para o comércio ilegal, quanto pelo só efeito dos incêndios florestais.

Cabe também comentar aspectos da fauna da região, com algumas espécies de ocorrência ameaçadas de extinção, como, por exemplo, Thoropa petropolitana, Puma concolor (onça-parda) e Alouatta guariba (bugio).

Entretanto, existe a necessidade da realização de novos levantamentos florísticos e faunísticos para aprofundar as análises sobre suas espécies. Nesse sentido, a partir da aprovação do Plano de Manejo esses estudos serão incentivados, sobretudo com a implementação do Programa de Pesquisa, o qual oferece as condições para realização dessas atividades.

Portanto, torna-se inequívoca a importância desta Unidade de Conservação na proteção de remanescente significativo da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta.

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Figura 64: Imagem Google Earth com parte das UCs que protegem os maiores fragmentos florestas da região da RPPN Rogério Marinho (Legenda da imagem: REBIO Tinguá em Laranja; APA Petrópolis em amarelo; PARNA Serra dos Órgãos em vermelho; e RPPN Rogério

Marinho em verde.

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PARTE C – PLANEJAMENTO

Como diretriz geral para o planejamento da RPPN Rogério Marinho, foi considerada a publicação do IBAMA “Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural” (FERREIRA et.al., 2004), principalmente no que se refere ao conteúdo, nível de detalhamento, estrutura e etapas de desenvolvimento.

1. OBJETIVOS DO MANEJO

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) - Lei Federal 9.985/2000 em seu Art. 21o, especifica como objetivo básico para esta categoria “conservar a diversidade biológica”, onde serão permitidas apenas a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

O manejo da RPPN Rogério Marinho tem como objetivo geral conservar remanescentes da Mata Atlântica local, protegendo ecossistemas e espécies e incentivando a pesquisa científica, principalmente sobre a sua flora e fauna.

Os objetivos específicos desta RPPN são:

Promover a conservação da sua fauna e flora; Promover a proteção de ecosistemas existentes na RPPN, considerando a diversidade da Mata Atlântica local de espécies e recursos genéticos, assim como de serviços ecossistêmicos associados; Oferecer a RPPN como área de estudo para pesquisa científica sobre a conservação da diversidade biológica e o monitoramento ambiental; Apoiar pesquisas sobre a fauna e a flora locais; Apoiar ações que contribuam para a conectividade da RPPN com as demais Unidades de Conservação do Mosaico Central Fluminense; Promover ações de educomunicação ambiental junto à comunidade do entorno.

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2. ZONEAMENTO

Os processos de análise e definição da proposta do zoneamento e dos programas do plano de manejo consideraram como fundamento metodológico a teoria geo-ecossistêmica, numa abordagem geográfica e espacial, com enfoque na paisagem. Essa teoria envolve uma visão do mundo como um sistema hierárquico, baseada na teoria geral dos sistemas e suas novas abordagens transdisciplinares e holísticas, que envolvem a complexidade, a auto-organização e a coevolução da natureza e da sociedade (NAVEH, 2002).

De acordo com Tricart (1977), o conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente, pois ele permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise e a necessidade contrária de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação eficaz sobre esse meio ambiente.

Para a sistematização, processamento e análises das informações cartográficas referentes aos aspectos ambientais da RPPN, foi criado e implantado um Sistema de Informações Geográficas - SIG. Este é um sistema computacional que reúne um conjunto de ferramentas para entrada, armazenamento, recuperação, transformação, análise e representação de dados da realidade para um propósito determinado, sendo que o princípio básico de seu funcionamento é o georreferenciamento (XAVIER-DA-SILVA, 2007).

O zoneamento contém a delimitação e a descrição das zonas, definidas de acordo com as potencialidades de cada área e com a afinidade dos usos que serão reunidos em cada um desses espaços com suas normas próprias (FERREIRA et.al., 2004). Para a definição do zoneamento da RPPN Rogério Marinho, foram utilizados os seguintes critérios:

Condição atual de preservação; Fragilidade natural do ambiente; Entorno da RPPN; Objetivos da RPPN e interesses dos proprietários.

Para a delimitação de cada zona foram observados as características da cobertura vegetal e uso do solo, de classes de declividade, além dos objetivos pretendidos para a gestão da UC.

O Zoneamento da UC contempla um total de quatro Zonas distintas, sendo estas: Zona Silvestre (ZS), Zona de Recuperação Natural (ZR); Zona de Transição (ZT) e, finalmente, Zona de Proteção (ZP). Dessas quatro Zonas planejadas, a Zona Silvestre e da Zona de Proteção são contínuas, enquanto que as zonas de Transição e Recuperação Natural são descontínuas e apresentam mais de uma porção, conforme observado na tabela 11 e no anexo 22.

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Tabela 11: Características de área das Zonas da RPPN Rogério Marinho. Nome da Zona Perímetro (km) Área (km2) Hectares % (hectares) da RPPN

ZT - Zona de Transição -1 1,29 0,01 0,64 0,69

ZT - Zona de Transição - 2 0,19 0,00 0,24 0,26

Total Zona de Transição 1,49 0,01 0,87 0,95

ZR - Zona de Recuperação - 1 1,25 0,08 7,63 8,31

ZR - Zona de Recuperação - 2 0,47 0,01 1,16 1,27

Total Zona de Recuperação 1,72 0,09 8,79 9,57

ZP - Zona de Proteção 3,97 0,32 31,67 34,48

Total Zona de Proteção 3,97 0,32 31,67 34,48

ZS - Zona Silvestre 3,59 0,51 50,52 55,00

Total Zona Silvestre 3,59 0,51 50,52 55,00

Total Geral 10,76 0,92 91,86 100

A Zona Silvestre é a que apresenta maior área, com cerca de 50 hectares, e incorpora pouco mais da metade do território da RPPN. Esta zona, junto com a Zona de Proteção (segunda zona com maior extensão, cerca de 30 hectares), constitui quase 90% do território da UC e está majoritariamente coberta por florestas (tabelas 12 e 13 e gráfico 4).

As demais zonas representam pouco mais de 10% da área total da RPPN, cerca de 10 hectares, sendo a Zona de Recuperação a maior entre essas duas, contanto com 8,79 hectares. A Zona de Transição apresenta 0,87 hectares, representando apenas 0,95% de toda a área da RPPN.

Page 125: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RPPN … · população do Vale do Mata Porcos, fotografada em 1998, durante excursões de reconhecimento da flora local .....41 Figura 16:

Tabela 12: Características de Cobertura Vegetal e Uso do Solo das Zonas (hectares) da RPPN Rogério Marinho

Zonemanento / Classes de Cobertura Vegetal e Usos do Solo

Afloramento rochoso

Floresta em Estágio

Inicial de Sucessão

Floresta em Estágio

Médio/Avançado de Sucessão

Gramíneas Silvicultura Vegetação Arbustiva

Vegetação rupestre

ZP - Zona de Proteção 3,73 27,21 0,29 0,02 0,42

ZR - Zona de Recuperação 0,96 1,16 6,67

ZS - Zona Silvestre 0,02 5,11 36,10 0,34 0,03 8,32 0,59

ZT - Zona de Transição 0,84 0,03

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Tabela 13: Características de Cobertura Vegetal e Uso do Solo das Zonas (hectares) da RPPN Rogério Marinho

Classe de Cobertura Vegetal e Usos do Solo Zoneamento Hectares % na RPPN

Afloramento rochoso ZP - Zona de Proteção 3,73 4,07

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão ZP - Zona de Proteção 27,21 29,62

Silvicultura ZP - Zona de Proteção 0,29 0,32

Vegetação Arbustiva ZP - Zona de Proteção 0,02 0,02

Vegetação rupestre ZP - Zona de Proteção 0,42 0,46

Total Zona de Proteção 31,67 34,48

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão ZR - Zona de Recuperação - 1 0,96 1,04

Vegetação Arbustiva ZR - Zona de Recuperação - 1 6,67 7,27

Gramíneas ZR - Zona de Recuperação - 2 1,16 1,27

Total Zona de Recuperação 8,79 9,57

Afloramento rochoso ZS - Zona Silvestre 0,02 0,02

Floresta em Estágio Inicial de Sucessão ZS - Zona Silvestre 5,11 5,56

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão ZS - Zona Silvestre 36,10 39,29

Gramíneas ZS - Zona Silvestre 0,34 0,37

Silvicultura ZS - Zona Silvestre 0,03 0,04

Vegetação Arbustiva ZS - Zona Silvestre 8,32 9,06

Vegetação rupestre ZS - Zona Silvestre 0,59 0,65

Total Zona Silvestre 50,52 55,00

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão ZT - Zona de Transição - 2 0,24 0,26

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão ZT - Zona de Transição -1 0,61 0,66

Silvicultura ZT - Zona de Transição -1 0,03 0,03

Total Zona de Transição 0,87 0,95

Total Geral 91,86 100

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Distribuição (%) de Classes de Cobertura Vegetal e Usos do Solo por Zonas da RPPN Rogério

Marinho

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ZP - Zona de

Proteção

ZR - Zona de

Recuperação

ZS - Zona Silvestre ZT - Zona de

Transição

Vegetação rupestre

Vegetação Arbustiva

Silvicultura

Gramíneas

Floresta em Estágio Médio/Avançado de Sucessão

Floresta em Estágio Inicial de Sucessão

Afloramento rochoso

Gráfico 4: Composição da Cobertura Vegetal e Uso do Solo em cada uma das Zonas da RPPN Rogério Marinho.

2.1. Zona Silvestre

A Zona Silvestre (ZS), como dito anteriormente, representa a maior em tamanho dentre as zonas da RPPN (50,52 hectares), e abrange toda a metade leste da UC (Gráfico 4 e Anexo 22).

Esta zona engloba os ecossistemas em melhor estado de conservação, caracterizados, principalmente, por florestas, que representam cerca de 80% dessa zona. Com destaque para as formações florestais em estágio médio/avançado de sucessão vegetal e em estágio inicial de sucessão, compreendendo, respectivamente, 71% e 10% da área total desta zona (tabela 13 e Gráfico 4). O restante da cobertura vegetal é composto por vegetação arbustiva (8,32 hectares ou 16,48% da ZS), vegetações rupestres (0,59 hectare ou 1,18% da ZS) e gramíneas (0,34 ha ou 0,67% da ZS); além das classes de uso do solo: silvicultura e afloramento rochoso, que juntas somam cerca de 0,06 hectare (tabela 12 e Gráfico 4).

Normas de uso:

Por se tratar da área menos alterada na RPPN, ou seja, a que menos sofreu com incêndios ou outras forma de alteração dos ecossistemas, nesta zona só podem ocorrer atividades que visem à sua conservação como o monitoramento e proteção da unidade, como o combate a incêndios florestais, ou à pesquisa científica com fins

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conservacionistas. Será admitida a implantação de placas de sinalização, que deverão seguir projeto específico (locais, modelo/desenho e materiais) definido para essa RPPN, de forma a minimizar o seu impacto sobre os ecossistêmas.

2.2. Zona de Proteção

A Zona de Proteção (ZP) possui 31,67 hectares, que abrangem grande parte da porção oeste da Reserva (Anexo 22).

As florestas em estágio médio/avançado de sucessão vegetal recobrem 85% dessa zona, o que representa, aproximadamente, 27 ha (tabela 12). Porém, boa parte dessa floresta já sofreu com incêndios, de modo que as características ecológicas e botânicas dessa floresta são inferiores àquelas observadas na Zona Silvestre.

A classe de afloramento rochoso também se destaca nesta zona, representando cerca de 10% de sua extensão, pouco mais de 03 hectares (tabela 13).

Normas de uso:

Nesta zona só podem ocorrer atividades relacionadas à pesquisa, monitoramento e fiscalização, além de ações de manejo que visem à conservação, como implantação e manutenção de aceiro e combate a incêndios. Será permitida Infraestrutura temporária para atender atividades ligadas à pesquisa científica, fiscalização, prevenção e combate à incêndios florestais.

2.3. Zona de Transição

A Zona de Transição (ZT) apresenta 0,87 hectares de extensão, divididos em duas áreas. Uma situada no extremo sul da RPPN, junto ao divisor de águas, e outra no extremo nordeste, formando uma faixa de 10 metros a partir do limite da UC (Anexo 22).

Ambas as áreas da ZT, são formadas, basicamente, por florestas em estágio médio/avançado de sucessão vegetal, que soma 0,84 hectare, além de contar com uma pequena porção de área silvícola (tabela 12).

Essa Zona corresponde à áreas de transição situadas junto ao perímetro da UC, servindo de “amortecimento” para possíveis pressões no entorno.

Normas de uso:

Sendo uma zona de amortecimento, serão permitidas atividades e implantação de infraestrutura de prevenção e combate à incêncios florestais, como a abertura e manutenção de aceiros, e intervenções para controle de espécies exóticas.

E são permitidas instalações de infraestrutura e equipamentos necessários ao manejo da reserva.

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2.4. Zona de Recuperação

A Zona de Recuperação (ZR) possui pouco menos de 09 hectares, que se encontram divididos entre duas áreas descontínuas. A maior delas localiza-se no topo do morro situado na porção sul da reserva, e outra menor encrustrada entre a Zona de Proteção e o limite noroeste da RPPN (Anexo 22).

Formada, basicamente, por gramíneas (a menor área) e vegetação arbustiva (a maior), sobre as quais ocorreram incêndios.

Limites da maior área são os limites da UC, a sul, uma curva de nível, a norte, e uma ZT, a leste. Para a área menor os limites norte são os limites da UC e o limite sul é o limite da ZP.

Sua indicação justifica-se pelo significativo grau de alteração dos ecossistemas nessas áreas.

Normas de uso:

Sendo uma zona temporária, pois, uma vez recuperada, deverá ser reclassificada, serão permitidas ações de recuperação para essas áreas. Podem haver atividades de pesquisa, desde que não comprometam a recuperação dessas áreas. São permitidas instalações de infraestrutura e equipamentos necessários ao manejo proposto, de recuperação natural e de controle de espécies exóticas, bem como de prevenção e combate à incêncios florestais, como cercas e aceiros.

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3. PROGRAMAS DE MANEJO.

3.1. Programa de Administração

Este Programa trata das atividades e normas relacionadas à organização, administração e recursos humanos necessários para o funcionamento efetivo da unidade de conservação, bem como do monitoramento das atividades de manejo da unidade.

Para consecução dos objetivos e execução dos demais programas da RPPN, deverão ser definidos os recursos humanos necessários e de que maneira estes deverão ser capacitados.

Objetivo

Dotar a RPPN de estrutura administrativa para garantir a implementação deste plano e adequar os recursos humanos alocados na Reserva.

Resultados esperados:

Programas de manejo implementados; Funcionamento da unidade de conservação adequado, conforme seus

objetivos de criação; Equipamentos bem conservados e em bom estado para uso; Pessoal necessário à Reserva, devidamente capacitado e alocado; Rotinas de administração e manutenção estabelecidas; Sistema de monitoramento das atividades implantado.

Atividades:

1. Elaborar uma agenda de trabalho conforme o planejamento e adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo;

2. Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN; 3. Elaborar um programa de capacitação dos recursos humanos da unidade; 4. Estabelecer a coordenação da unidade de conservação para o qual deverá

ser enviado todas as solicitações acesso externo e de pesquisa na unidade 5. Integrar a RPPN à outros projetos e programas existentes na região; 6. Acompanhar o desenvolvimento dos Programas, compatibilizando as

atividades relativas aos mesmos; 7. Atualizar a rotina de manutenção.

Atualmente as atividades realizadas na RPPN são executadas por 5 funcionários (Tabela 10). Há um profissional de nível médio na equipe e os demais cargos ocupados por profissionais com ensino fundamental. Algumas atividades são tercerizadas por empresas da região. Os funcionários tem contrato com a empresa RM 02 PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S/A, proprietária da RPPN.

Propõe-se que a médio prazo haja uma re-estruturação do quadro de pessoal da RPPN, tendo como modelo o organograma apresentado na Figura 65.

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Figura 65: Organograma funcional proposto para a RPPN Rogério Marinho

Somente os cargos de coordenação e o responsável técnico deverão ter como exigência o nível superior e o envolvimento com todos os programas de manejo propostos. O cargo proposto de Auxiliar Administrativo e responsável pela Proteção

Física poderá ser de nível médio e deverá ter contrato diretamente pela empresa proprietária da RPPN, para poder efetuar as rotinas no sistema interno da propriedade.

O Programa de Proteção é o único que deverá envolver todos os funcionários, evidenciando sua importância para o bom funcionamento da RPPN e, conseqüentemente, para a implantação deste Plano de Manejo.

3.2. Programa de Proteção

As recomendações presentemente efetuadas servem para subsidiar a necessária elaboração dos projetos para atender a esse Programa, sobretudo com relação ao Projeto de Prevenção e Combate ao Fogo. Pode-se afirmar que um de seus pontos fundamentais será o estabelecimento de um esforço cooperativo entre a RPPN Rogério Marinho, o PARNASO, a APA Petrópolis, a Fazenda Boa Esperança e demais órgãos públicos e áreas privadas, no sentido de se proceder as medidas necessárias que garantirão a proteção e fiscalização desta reserva.

Objetivo

O Programa visa a conservação da biodiversidade e manutenção da dinâmica dos ecossistemas, do patrimônio imobiliário e dos equipamentos existentes na RPPN.

Resultados Esperados

1. Placas indicativas e reguladoras nos limites da RPPN e nas vias de acesso implementadas;

2. Ações de controle e prevenção de erosões implementadas, com trilhas e acessos em constante manutenção e causando menor impacto possível;

3. Sistema de prevenção e combate aos incêndios implementado; 4. Responsáveis equipados e capacitados;

COORDENADOR

Responsável pela Manutenção e Proteção

Auxiliares de Administração, Proteção e Manutenção

(3)

Coordenador Técnico do Manejo

Monitores e Pesquisadores (2)

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5. Rotinas de rondas estabelecidas e implantadas; 6. Ações para fiscalização contra a caça e coleta ilegal de plantas

implementadas; 7. Manejo de resíduos sólidos na área da RPPN definido e implantado.

Atividades:

1. Criar e implementar projeto de sinalização da RPPN

Será contratado os serviços de criação da logomarca e desenho das placas indicativas e placas reguladoras nos limites da RPPN. As placas serão fixadas nas vias de acesso e pontos estratégicos nos limites da unidade, de acordo com o zoneamento e manejo propostos, visando o menor impacto, sobretudo nos limites da Zona Silvestre.

2. Implementar ações de prevenção e controle da RPPN

Deverão ser adotadas ações de redução da velocidade de águas pluviais a fim de diminuir sua capacidade de carrear o solo. O manejo de troncos e galhos caídos constitui ótima barreira tanto para diminuir a velocidade da água, como para fechar atalhos e caminhos paralelos. Mas é importante ressaltar que não haverá a retirada de materiais da UC para a construção de pontes ou barreiras, mesmo que rústicas. A construção eventual desses equipamentos será realizada com materiais alóctones.

Quando as trilhas estiverem alagadas, recomenda-se a construção de pontes rústicas, passarelas suspensas ou similares com material adquirido fora da RPPN. Através das trilhas, poderão ser empreendidas atividades de prevenção essenciais, tais como:

1) Supervisão de Segurança: Vistorias frequentes podem ser realizadas para detecção de invasões furtivas de caçadores ou visitantes não autorizados; abertura, manutenção e observação de aceiros; transporte de materiais e equipamentos de combate ao fogo com antecedência etc. 2) Projetos de Recuperação de Áreas Degradas: Para sua realização, são necessárias trilhas que permitam acesso a qualquer tempo, além da subida de materiais necessários. 3) Estudos e Mapeamentos: As excursões pela RPPN Rogério Marinho e por áreas hoje pertencentes ao Parna-SO notificaram a existência de diversas populações botânicas de importância, algumas ainda intactas, nas grandes altitudes. Para seu mapeamento e estudo, as trilhas também serão decisivas.

As trilhas deverão receber constante manutenção quanto às medidas de contenção de erosões. O material orgânico do solo das trilhas não deve ser retirado totalmente, pois forma uma camada natural de proteção ao impacto mecânico da chuva, prevenindo erosões. A drenagem deverá ser feita por meio de canais laterais, em sentido perpendicular ou diagonal (tanto em nível, quanto subterrâneo). Deverão ser adotadas valas e barreiras oblíquas à superfície das trilhas internas, facilitando o escoamento e diminuindo a velocidade da água. A largura das trilhas deve ser

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planejada conforme o tipo de solo e declividade do terreno e a função das mesmas. Quanto menor a largura, menor a área impactada, conseqüentemente, menor o impacto ambiental.

3. Sistema de Prevenção e Combate ao Fogo

No caso da prevenção ao fogo, um aceiramento rigorosamente bem conduzido poderá ser uma das principais medidas. Cabe notar que ocorreu a ampliação dos limites originais do PARNASO na bacia do Mata Porcos, abrangendo áreas anteriormente sob domínio privado. Assim, as ações previstas neste plano irão contribuir com as ações de prevenção e proteção desse parque.

Um programa dessa estatura prevê reuniões de trabalho, envolvendo pessoal das diversas propriedades do entorno da RPPN, para se estabelecerem metas e agendas de trabalho conjunto. Necessário será a oficialiação de uma parceria com a administração do PARNASO, uma vez que também será do seu interesse barrar o fogo que acaba por atingir suas áreas de campos de altitude.

Enfatiza-se a importância do desenvolvimento de uma eficiente brigada anti-incêndio que contará com pessoal de diversas propriedades, buscando apoio com o Ibama e o ICMBio (PARNASO, APA-Petrópolis), com os Bombeiros de Petrópolis e Teresópolis e, por fim, junto à sociedade civil (trabalho voluntário). Tudo se fará para que não ocorram novos episódios graves de fogo. Mas, ocorrendo, deverão existir esforços organizados para combatê-lo.

Brigadas anti-incêndio não se constituem apenas de gente disposta a combater o fogo, mas sim grupos preparados e treinados. Desta forma, a questão educativa e organizacional tem que ser levada muito a sério. Treinamentos e simulações devem ser realizados, cursos e palestras ministrados. Enfim, percebe-se que não são apenas apelos e mobilizações que conseguem formar uma brigada anti-incêndio, em seus moldes mais apropriados. Para tanto serão adotadas as seguintes medidas:

Implantação de um sistema de comunicação portátil entre a administração da unidade, pesquisadores e a administração das demais unidades;

Disponibilização de estojo de primeiro socorros válido para pesquisadores, administradores e brigadistas;

Disponibilização de um kit completo para prevenção e combate a incêndios florestais.

Indicam-se estratégias de prevenção e combate aos incêndios florestais, na localidade e no entorno da atual RPPN Rogério Marinho que, sem a pretensão de esgotar o tema, poderão subsidiar a cabível atualização, no âmbito do Plano de Manejo da RPPN Rogério Marinho, conforme se verifica, a seguir:

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Manutenção do Sistema de Trilhas

Para implementação de um projeto adequado de prevenção e combate ao fogo nas grandes altitudes, torna-se essencial a manutenção do sistema de trilhas existente que permite o acesso a qualquer tempo às áreas sujeitas a incêndios. Nas altitudes acima de 1.500m, o fogo se propaga com uma velocidade espantosa, fazendo frente a toda e qualquer operação de combate improvisada, como ficou evidente, durante o incêndio de 1999.

Com o sistema de trilhas, podem ser empreendidas atividades de prevenção essenciais, tais quais:

4) Supervisão de Segurança: Vistorias frequentes podem ser realizadas para detecção de invasões furtivas de caçadores ou visitantes não autorizados; abertura, manutenção e observação de aceiros; transporte de materiais e equipamentos de combate ao fogo com antecedência etc. 5) Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas: Para sua realização, são necessárias trilhas que permitam acesso a qualquer tempo, além da subida de materiais. 6) Estudos e Mapeamentos: As excursões pela RPPN Rogério Marinho e por áreas hoje pertencentes ao Parna-SO notificaram a existência de diversas populações botânicas de importância, algumas ainda intactas, nas grandes altitudes. Para seu mapeamento e estudo, também serão decisivas a manutenção das trilhas abertas.

Além da prevenção, entram em cena as atividades de combate a ocorrências semelhantes às de 1999 – os incêndios florestais. Para essas atividades, também serão importantes as trilhas:

1) Subida de Tropas e Brigadas: Durante o incêndio de 1999, a falta de acesso foi o verdadeiro calcanhar-de-aquiles para as operações de combate ao fogo. Tropas do Corpo de Bombeiros e Equipes do Prev-Fogo do Ibama, além de pessoal voluntário tiveram que providenciar a abertrura de trilhas para chegar próximos aos focos, devido à inexistência de caminhos adequados. 2) Transporte de Materiais e Equipamentos de Combate: Bombas d’água, mangueiras, enxadas, abafadores, víveres e tantos outros pertences destinados a dar suporte ao fogo poderão ser transportados em lombo de animais, microtratores ou mesmo a pé. 3) Preparo de Pontos de Apoio: A abertura de pontos para instalação de acampamentos para prevenção e combate ao fogo em grandes altitudes assume capital importância. Na situação de ocorrência de incêndios, estes pontos de apoio precisam ser atingidos, primeiramente a pé, para que se procedam roçadas e limpeza, permitindo pouso seguro.

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Definição e Implantação dos Pontos de Apoio

O trabalho de Graeff (1999-B) mencionava a necessidade de definição de pontos de apoio ou bases de desembarque e/ou permanência de equipes de combate aos incêndios florestais. Estes pontos de apoio nada mais seriam do que praças propícias à instalação de barracas ou acampamentos; guarda temporária de equipamentos; ou desembarque de pessoal. Incêndios podem ocasionar ferimentos às pessoas envolvidas em seu combate. Se estiver disponível um ponto de apoio como sugerido, a operação pode ser mais fácil e menos perigosa.

Na permanência das equipes de combate também é necessário local para descanso e recomposição do pessoal. Mas não somente durante operações de combate seriam úteis esses pontos de apoio. Ao longo das atividades preventivas, quando são abertos ou mantidos aceiros, esses pontos se mostram de grande valia para pernoite e realização de refeições. Mudas de espécies florestais, adubos e materiais poderiam ser transportados para estes pontos e neles mantidos. Estações de estudo poderiam ser ocasionalmente instaladas, abrigando equipes que precisassem permanecer naquelas grandes altitudes.

Definição e Manutenção Programada de Aceiros

Não somente as trilhas e pontos de apoio devem ter caráter regional, integrando diversas propriedades. Também os aceiros de corte ao fogo devem ser projetados em conjunto, sem obrigatória coincidência com divisas, como ocorre atualmente. É tradicional em Petrópolis a abertura de aceiros por iniciativa individual de proprietários interessados em barrar o fogo que se propaga na direção de suas propriedades. Desta forma, essas áreas capinadas cortam os locais menos apropriados, ocasionando erosão, descaracterização da paisagem e, em verdade, pouco ou nada fazendo contra os incêndios de grandes proporções.

A manutenção do sistema de aceiros deverá priorizar o isolamento de redutos de maior risco e prever o deslocamento do fogo através das montanhas. Essa manutenção terá que ser feita respeitando-se redutos de vegetação preciosa, declividades acentuadas e os prováveis caminhos do fogo pela serra. Essa estratégia já vem sendo trealizada na RPPN Rogério Marinho. Os aceiros, isoladamente, não conseguem barrar incêndios de grandes proporções. Isto já foi demonstrado na prática, em Petrópolis, e noutros locais. Porém, eles deveriam sempre ser integrados a roçadas e barreiras vivas, além de formarem sistemas lógicos, prestando-se a isolar áreas e proceder a aplicação de contra-fogos e demais táticas de combate. Cabe notar, contudo, que a manutenção de aceiros deve ser programada a partir das prioridades relacionadas ao risco efetivo de fogo, em cada ano.

Formação e Capacitação de Brigadas Anti-Incêndio

Este é um dos principais pontos que precisam ser empreendidos, no sentido de se atingir a capacidade máxima de combate aos focos de incêndios florestais. Uma

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brigada anti-incêndio precisa ser organizada para lograr algum êxito no combate aos incêndios florestais. Empregados de fazendas e sítios, convocados às pressas para realizar o combate a chamas descontroladas na floresta nada conseguem a não ser ficar expostos aos riscos de acidentes.

Sondagens feitas durante a elaboração deste plano apontaram a intenção de diversos proprietários de formar pessoal treinado especialmente para o combate a incêndios florestais.

Atualmente, existe um profissional, o administrador da fazenda, treinado pelo Previfogo, em curso desenvolvido no início da década de 2000 pela APA Petrópolis. No entanto, no âmbito do Mosaico Central Fluminense, tanto o Ibama (Previfogo) quanto o ICMBio e INEA têm possibilidade de auxiliar na formação e treinamento de novos profissionais e de brigadas. Este trabalho abriria a possibilidade de se formar uma brigada ampla, que envolvesse pessoal proveniente de diversas propriedades, no sentido de integrar o combate a focos de incêndio. A brigada da RPPN deverá ser equipada e estar integrada ao sistema de prevenção adotado pelas demais unidades do Mosaico Central Fluminense, principalmente o Parque e a APA.

Registrar as ocorrências em um relatório de ronda e encaminhadas aos órgãos governamentais competentes

Toda ocorrência deverá ser registrada no sistema de fiscalização, a fim de gerar um relatório mensal, apontando os pontos críticos e reincidentes e as ações que devam ser implementadas. As ocorrências registradas deverão ser encaminhadas ao Ibama, ICMBio ou INEA, conforme legislação vigente.

Considerações Finais

Um trabalho como propunham os relatórios de Graeff (1999), que permearam praticamente todo o presente Programa de Manejo, não se considerava definitivo, quanto à complexa questão do fogo na Serra dos Órgãos. Servirá, contudo, para inaugurar um ciclo de debates e troca de informações que poderão culminar em ações concretas para a solução do problema. O próprio Diagnóstico e Zoneamento Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998) referia: “Nada consegue destruir mais do que o fogo na Serra dos Órgãos”. Acredita-se que esse fato confira ao assunto caráter decisivo e emergencial que realmente ele possui. Um palito de fósforo em mãos mal intencionadas poderá por a perder anos de esforços e enormes quantidades de recursos financeiros despendidos na conservação.

3.3. Programa de Recomposição da Vegetação

Durante os anos de 1998 e 1999, a Fazenda do Cavalo Baio empreendeu esforços para e recuperação das florestas do Vale do Mata Porcos. As áreas mais próximas à sede da Fazenda foram reflorestadas com técnicas agronômicas corretas que incluíram correção de solos e indução à regeneração do banco de espécies. Muitas

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dessas áreas se regeneraram em florestas razoavelmente imunes à propagação de incêndios.

Essas iniciativas de recomposição florestal e da flora serão estendidas a outros pontos da zona de recuperação da RPPN Rogério Marinho. Aproveitando as trilhas e pontos de apoio existentes, serão monitoradas essas áreas da unidade, buscando a gradativa recuperação de vegetação, da flora e até da fauna, que jamais lograriam êxito se submetidas aos processos naturais e à passagem ocasional do fogo. Serão realizadas gestões junto aos demais proprietários e mesmo ICMBio, para que este trabalho seja estendido a outros locais no entorno da RPPN.

Objetivo:

Elaborar e implementar projeto, com a indicação das ações de recomposição na zona de recuperação, utilizando espécies da flora nativa da RPPN e técnicas específicas para auxiliar o processo de regeneração natural, sempre com a orientação de um especialista.

Atividades:

Elaboração do projeto de recuperação da flora, a partir das informações dos levantamentos e mapeamentos realizados

Implantação projeto de recuperação da flora nativa da RPPN

3.4. Programa de Pesquisa e Monitoramento

O Programa de conhecimento visa aprofundar o conhecimento sobre os aspectos bióticos, abióticos, sócio-econômicos e culturais da reserva, bem como acompanhar os agentes de degradação e as alterações ambientais ocorridas na RPPN, para seu melhor manejo e administração. Divide-se em subprogramas de pesquisa da fauna e de monitoramento ambiental.

3.4.1 Sub Programa de Fauna

Objetivo

O conhecimento dos ecossistemas e das espécies que os compõem, assim como dos processos em que estão envolvidos, é fundamental para que as ações de conservação sejam adequadas e efetivas. Assim, programas de pesquisa que visem ao monitoramento contínuo e de longo prazo da biota são necessários para garantir que os objetivos da unidade de conservação sejam alcançados.

Este programa deve proporcionar ambiente de estudo e pesquisa dentro da área da RPPN para pesquisadores da área das ciências ambientais, gerando conhecimento que poderá ser utilizado na permanente atualização do manejo da unidade de conservação e nas ações de educação ambiental.

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Atividades, Diretrizes e Resultados Esperados

Estabelecer parcerias e interação com instituições de ensino e pesquisa. As pesquisas em relação à fauna devem ser lideradas por especialistas, com vínculo com instituições reconhecidas.

Definição de pesquisas prioritárias. Recomenda-se que sejam realizadas, inicialmente, pesquisas que visem a validar as listas de espécies apresentadas no presente Plano de Manejo, e que preencherão lacunas de conhecimento a respeito da biodiversidade faunística da Unidade de Conservação. Mais adiante são sugeridas algumas linhas de pesquisa de especial interesse.

Desenvolvimento de projetos, respeitando as normas estabelecidas para pesquisa pelos órgãos competentes e pelos proprietários da RPPN. Recomenda-se a criação de um procedimento de realização de pesquisa, que inclua um plano de trabalho, com informações sobre o estudo a ser desenvolvido, o pesquisador e a instituição, além do cronograma de realização e da apresentação da licença especial de coleta, quando for o caso, emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

As amostragens de fauna devem ser distribuídas espacialmente na RPPN de forma a representar toda a heterogeneidade da paisagem, contemplando todas as categorias de vegetação apontadas pelo mapa apresentado no presente plano.

O esforço amostral das pesquisas de fauna deve ser suficiente para estimar a abundância relativa das espécies e deve ser capaz de representar a possível sazonalidade na ocorrência das espécies.

Criação de um banco de dados de espécies da fauna, aumentando o conhecimento sobre o patrimônio natural da RPPN.

Divulgação dos resultados no meio científico e para o público em geral. A RPPN tem grande potencial como geradora de material para monografias, dissertações e teses, contribuindo com a formação de uma série de estudantes, além de poder abrigar atividades práticas de cursos e disciplinas, aumentando a produção de conhecimento científico sobre a própria Reserva. Cópias dos relatórios, resultados e publicações gerados a partir destes trabalhos devem ser repassadas à RPPN e as demais Unidades de Conservação existentes no entorno (PARNA Serra dos Órgãos e APA Petrópolis).

Linhas de Pesquisa de Especial Interesse

(a) Inventários biológicos

Os inventários biológicos dos vertebrados são importantes para a validação das listas de espécies que constam deste documento, produzindo registros georreferenciados sobre a fauna da Unidade de Conservação, além de gerarem

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informações sobre a biologia e ecologia das espécies. Recomenda-se que sejam feitos também inventários de peixes e invertebrados.

(b) Ecologia de Populações e Comunidades

O conhecimento da dinâmica das populações e das comunidades biológicas é fundamental para a compreensão dos mecanismos que afetam a biodiversidade. Recomenda-se que os projetos desenhados para os inventários biológicos utilizem metodologias capazes de obter dados a respeito da dinâmica das populações e comunidades dos grupos de espécies em questão. Os estudos devem incluir também investigação sobre a interação entre as espécies, especialmente aquelas consideradas chave, como a dispersão de sementes pela fauna.

(c) Ecologia de Paisagem

Tendo em vista a importância da RPPN no contexto da paisagem da região, estudos que avaliem a importância da paisagem sobre a ecologia das espécies devem ser incentivados, especialmente aqueles que levem em conta a influência espaço-temporal nos processos ecológicos e as pressões antrópicas mais importantes sobre a biota. A compreensão destas relações pode ser de grande valia para ações de manejo e projetos de proteção da Unidade de Conservação.

3.4.2 Subprograma de Flora

No Diagnóstico e Zoneamento Ambiental da Fazenda do Cavalo Baio (GRAEFF et al., 1998), foram listadas inúmeras espécies importantes da flora local. Especialmente a flora altimontana, constituída de espécies ameaçadas de desaparecimento, foi referida como extremamente vulnerável e passível de recuperação ou conservação. Bromeliáceas como Alcantarea imperialis, Vriesea pseudoatra, Vriesea guttata; orquidáceas como Hoffmannseggella cinnabarina; além de outras ervas ornamentais das famílias botânicas Amaryllidaceae, Velloziaceae, Gesneriaceae etc.

Naquele mesmo trabalho, foi feito um zoneamento que distribuía as diversas fisionomias vegetacionais da Fazenda do Cavalo Baio. Muitas dessas tipologias locais da Mata Atlântica foram calcinadas pelo incêndio daquele ano de 1999 e tantas outras ainda se encontravam em recuperação dos incêndios de 1997, igualmente danosos. Para uma melhor compreensão dos processos de conservação, sugere-se que se reiniciem os estudos de ocorrência da flora relíquia de toda a região do Mata Porcos/Bonfim, a fim de se estabelecerem estratégias de recuperação e conservação definitiva da flora.

Serão organizadas expedições para mapeamento, catalogação e obtenção de propágulos naturais destas tantas espécies, com a finalidade científica e de recuperação, tendo em vista reinseri-las nos locais danificados, agora passíveis de serem recuperados e protegidos. Para tanto, os gestores da RPPN buscarão parcerias com entidades de pesquisa e fomento, no sentido de se realizarem

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levantamentos e catalogação de material florístico. Esta, seguramente, será uma das frentes de trabalho que poderá captar recursos e meios junto aos órgãos financiadores, visto o seu grande alcance cultural, ecológico e científico.

3.4.3 Subprograma de Monitoramento Ambiental

Objetivos

O objetivo desse subprograma é acompanhar quaisquer fenômenos ou alterações, naturais ou induzidos, que ocorram na RPPN Rogério Marinho, registrando sua forma, freqüência, intensidade e impactos, que permitam previsões para seu prévio controle.

Atividades:

Estabelecer parceria com instituição de pesquisa e/ou técnica para a elaboração e implantação de projeto de um sistema de monitoramento ambiental para a RPPN;

Obter dados para o manejo das atividades de pesquisa; O sistema deverá conter as rotinas, os atributos e atividades a serem

monitorados; Monitorar a integridade os hábitats mais frágeis sob pressão antrópica; Trilhas e locais de uso devem ser monitorados; A atividade de monitoramento poderá ser auxiliada por monitores e

funcionários da RPPN devidamente capacitados e/ou por pesquisadores; Deverá ser estabelecido um sistema de indicadores e espécies-chave que

facilitem o monitoramento da evolução dos recursos e das alterações causadas pelas atividades da reserva;

Instruções para a escolha desses indicadores deverão ser discutidas junto a instituições e pesquisadores especializados;

Estabelecer convênios e acordos de cooperação técnica com instituições de pesquisa para colaborar no monitoramento da RPPN;

Alimentar um banco de dados para o monitoramento com informações sobre as espécies da fauna, flora, variações dos parâmetros limnológicos dos rios; modificações nas áreas rupestres, incidência de localização de focos de erosão em trilhas e demais informações pertinentes ao manejo da reserva;

Registrar e monitorar e o aparecimento e a interferência de espécies exóticas registradas na reserva;

Instruções para o controle ou erradicação destas espécies deverão ser procuradas junto a instituições e pesquisadores especializados.

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3.5. Programa de Comunicação e Educação Ambiental

Até os dias atuais, muitas mudanças ocorreram, tanto no meio socioambiental da região, quanto na conjuntura de proteção à natureza, em si. Entretanto, a única coisa que pouco se alterou foi o nível extremo de risco de ocorrência de novos incêndios, tais como aquele de agosto a setembro de 1999, que deixou suas marcas impressas na biota. Com isso, parece ainda bastante razoável que se retomem esforços para incremento da prevenção aos incêndios florestais na região de entorno da RPPN Rogério Marinho, o que poderá permear as atividades deste programa.

Na realidade, a maioria das ações propostas neste Plano de Manejo poderão ser prejudicadas sem uma adequada mobilização da sociedade e moradores locais – muito em especial as comunidades de entorno. Nesse sentido, a educação ambiental e a comunicação deverão estar presentes em todas as atividades previstas nesse plano, principalmente, aquelas dos programas de proteção. Com relação à educação ambiental, deverão ser feitos esforços para estendê-la às escolas e comunidades do entorno, no sentido de se conseguir a mobilização a favor das mudanças necessárias à efetiva proteção da RPPN.

Objetivo:

O programa visa divulgar e incentivar a formação de cidadãos com uma visão conservacionista, por meio de ações e atividades que reforcem a visão da RPPN Rogério Marinho como unidade de conservação do Mosaico Central Fluminense e área núcleo de biodiversidade da APA Petrópolis relevante para a conectividade e proteção de espécies e ecossistemas ameaçados da Mata Atlântica.

Resultados Esperados

RPPN Rogério Marinho reconhecida como Unidade de Conservação do Mosaico Central Fluminense e Centro de Referência em pesquisa para a conservação da Mata Atlântica da região;

Diminuição das atividades conflitantes no entorno da RPPN; Adoção pela comunidade local de técnicas de mínimo impacto e o

desenvolvimento de ações que possibilitem a manutenção dos recursos naturais;

Reconhecimento pela comunidade local da necessitade proteção especial através da RPPN.

Atividades:

As atividades propostas deverão envolver não só os proprietários e funcionários da RPPN, mas também técnicos, representantes de instituições e empresários locais. Elas partem da necessidade de se entender que através da conservação se estaria gerando uma melhor qualidade de vida e que isso poderá trazer benefícios maiores à economia do que as práticas potencialmente danosas ao ambiente.

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Participação e apoio aos eventos e atividades que prevejam a transformação do Vale do Bonfim e cercanias em polo de desenvolvimento sustentável;

Participação e apoio às reuniões dos colegiados gestores das UCs e do Mosaico Central Fluminense;

Desenvolvimento da imagem institucional da RPPN Rogério Marinho e sua aplicação em materiais, como placas de sinalização e de divulgação;

Criação de Banco de Dados Digital sobre a natureza da RPPN Rogério Marinho;

Publicação de livro sobre a conservação da Mata Atlântica da RPPN Rogério Marinho.

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4. PROJETOS ESPECÍFICOS

4.1. Projeto de Monitoramento da Fauna de Vertebrados

Nesta seção é sugerido um projeto de monitoramento de fauna de vertebrados, a ser desenvolvido em parceria com instituição de pesquisa e ensino reconhecida no Estado do Rio de Janeiro. Objetivos: - Investigar composição, riqueza e diversidade de espécies de répteis, anfíbios, aves e mamíferos que ocorrem na RPPN Rogério Marinho, nas diferentes cotas altimétricas e fisionomias vegetacionais, identificando padrões sazonais e possíveis respostas a variações ambientais e/ou pressões externas e ações de conservação e manejo. Mais especificamente, para cada grupo:

Inventários; Auto-ecologia; Avaliação de impactos antrópicos, como estimativas de pressão de caça; Levantamento de espécies invasoras; Influência da estrutura da paisagem; Estudos sobre interações ecológicas.

Metodologia geral proposta resumida:

1. Herpetofauna

Para amostrar a herpetofauna serão utilizadas linhas de armadilhas de queda (pitfall) com cerca-guia (drift fence). As armadilhas de interceptação e queda têm sido amplamente aplicadas a estudos com répteis, anfíbios e pequenos mamíferos (WILLIAMS & BRAUN, 1983; MENGAK & GUYNN, 1987), com a vantagem de, no caso da herpetofauna, capturar espécies que raramente são amostrados através dos métodos tradicionais de procura visual (CECHIN & MARTINS, 2000). O desenho amostral constará em linhas com baldes de capacidade de cerca de 100 litros, enterrados de modo que suas aberturas fiquem no nível do solo. As bordas dos baldes devem ser interligadas por cerca-guia (de lona plástica preta, por exemplo) de aproximadamente um metro de altura, sustentadas por estacas, para direcionar os répteis e anfíbios a caírem nas armadilhas. As armadilhas serão abertas durante cerca de 15 dias, vistoriadas diariamente pela manhã. Os pitfalls são abertos na tarde do dia anterior do início de cada amostragem, sendo os baldes fechados ao fim do último dia de amostragem. Sugere-se que as amostragens sejam feitas pelo menos uma vez a cada estação do ano, com acompanhamento em longo prazo. A cada captura devem ser registradas as informações referentes ao ponto e às características das espécies. Os indivíduos devem ser marcados e libertados onde foram capturados. Aqueles com identificação duvidosa devem ser retirados para

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serem levados para especialistas para correta classificação. Várias espécies de pequenos mamíferos podem ser também capturadas nas armadilhas de queda e seguirão protocolo descrito no item “Mastofauna”. Para complementação da lista de espécies da área, deve ser utilizado o método de busca ativa, que consiste em caminhar lentamente ao longo de transectos, vistoriando os ambientes propícios ao encontro de espécies da herpetofauna: serrapilheira, troncos em decomposição, cavidades de troncos, vegetação, buracos no solo e outros locais que podem servir de abrigo. 2. Avifauna As aves silvestres são reconhecidas como as melhores bio-indicadoras dos ecossistemas terrestres, principalmente os florestais. As espécies da avifauna ocupam muitos nichos ecológicos e tróficos das florestas, distribuindo-se desde o solo até a copa das árvores (ALMEIDA & ALMEIDA, 1998). Para o estudo das comunidades de aves será utilizado o método do ponto fixo, que consiste no registro de todos os indivíduos detectados (avistamento direto ou vocalização) dentro de um raio (ou em uma distância ilimitada) a partir de um ponto durante um período que varia de 10 a 20 minutos (REYNOLDS et al., 1980; THOMPSON et al., 1998). Quanto mais tempo o observador permanecer no ponto, maior a chance de detecção de espécies mais raras, mas também aumenta a chance de contar o mesmo indivíduo mais de uma vez (DEVELEY, 2003). São estabelecidas trilhas dentro da área de estudo e nessas, os pontos de observação. Os pontos fixos em cada trilha devem estar distantes o suficiente para garantir independência estatística entre as detecções. Segundo Bibby et al. (1993), uma distância mínima de 200 metros seria o mais apropriado. Os pontos devem ser amostrados nos horários de maior atividade das aves (logo após o nascer do dia até cerca de 10h e ao cair da noite, entre 16 e 18h), nos meses da primavera. Nos pontos amostrados nas primeiras horas do dia o número de aves registradas será maior, devido a maior atividade neste horário. Por isso, a seqüência de amostragem dos pontos em diferentes dias deve ser alterada (DEVELEY, 2003). Em cada detecção deverá ser anotado o nome da espécie, a localização e o tipo de detecção (visual ou vocalização), além de outras informações que parecerem relevantes, como a alimentação. No caso da não identificação imediata da ave, sua vocalização pode ser gravada para consulta a posteriori a arquivos sonoros. Além deste método quantitativo, também serão anotadas todas as espécies observadas durante o deslocamento entre as trilhas ou pontos de amostragem. Deste modo, além dos dados quantitativos, é possível ter uma lista qualitativa mais completa. As espécies podem ser identificadas através de observação direta com binóculos e/ou vocalização. Pode ser também utilizada a técnica do playback, que consiste em tocar a vocalização de determinadas espécies, principalmente as raras, para provocar uma resposta caso algum indivíduo esteja presente (PARKER, 1991). Isto pode ser feito, inclusive na primeira amostragem, para validar a lista de espécies proposta neste relatório.

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Será calculado o Índice Pontual de Abundância (IPA), correspondente ao número de contatos com uma determinada espécie, dividido pelo número de amostras, sendo anotadas todas as observações em uma distância ilimitada ou dentro do raio de detecção pré-determinado. 3. Mastofauna

2.1. Mamíferos de médio e grande porte

a) Transectos lineares O método dos transectos lineares (BUCKLAND et al., 2001) está entre as metodologias mais utilizadas na estimativa de densidade de populações de mamíferos. O observador conduz um censo ao longo de uma série de linhas ou trilhas previamente selecionadas, procurando pelas espécies de interesse. Para cada indivíduo observado, anota-se a distância perpendicular entre ele e a trilha. Nem sempre todos os indivíduos presentes serão detectados, mas um dos pressupostos fundamentais desta metodologia é o de que todos os indivíduos presentes sobre a linha de estudo devem ser detectados (CULLEN JR. & RUDRAN, 2003). Serão definidas trilhas dentro da RPPN, que tentem cobrir o máximo da sua área e sua heterogeneidade. Estas devem estar separaras por uma distância suficiente para garantir a independência das observações (300 a 500 metros). As trilhas devem ser percorridas por um ou dois observadores (máximo), em silêncio, em dois horários distintos (entre 6h e 10h e 14h e 18h), numa velocidade média de 1km/h. Paradas breves a cada 50 metros são importantes para melhor observação e audição do ambiente. As trilhas devem ser percorridas durante cerca de 10 dias consecutivos, pelo menos uma vez a cada estação do ano, para se ter uma ideia da flutuação temporal de densidade. Ao final do estudo, o ideal é que se tenha um número mínimo de 40 detecções independentes, embora tamanhos amostrais menores possam gerar estimativas robustas, se analisados cautelosamente (Peres, 1999). Quando um animal é detectado, o observador deve marcar a posição exata da detecção (utilizando um aparelho de GPS e/ou marcações previamente feitas na trilha), caminha na trilha até a posição perpendicular em relação à observação (90º) e mede com uma trena a distância do animal até a trilha. No caso de grupos de animais, mede-se a distância perpendicular do primeiro indivíduo observado. As análises serão feitas por espécie observada durante o estudo, utilizando-se o programa DISTANCE (BUCKLAND et al., 2001; http://www.ruwpa.st-and.ac.uk/distance). Para complementar a lista de registros de mamíferos serão considerados também outros vestígios, diretos ou indiretos, da presença de espécies na região, como fezes, carcaças, rastros, ossadas e visualizações fora da amostragem em transecto linear. Aves de médio e grande porte também podem ser detectadas por este método. Sempre que possível, os avistamentos e vestígios serão fotografados, para auxiliar na identificação.

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b) Armadilhas fotográficas As armadilhas fotográficas ativadas por sensores infravermelhos vêm se tornando uma ferramenta importante para o monitoramento da fauna terrestre das florestas tropicais, especialmente espécies crípticas e raras (CUTTLER & SWANN, 1999; WALLACE et al., 2003; SRBEK-ARAUJO & CHIARELLO, 2007). O uso das máquinas fotográficas em estudos populacionais permite determinar a distribuição (presença/ausência), abundância relativa, e, em alguns casos, a abundância, desde que combinado com um modelo de marcação-recaptura (YORK et al., 2001). O sistema fotográfico consiste, basicamente, de uma câmera fotográfica comum (analógica ou digital) com lente de 35mm, disparo de flash, foco automático e registro de data e hora (útil para registro de período de atividade), acoplada a um sistema disparador (infravermelho ou acionado mecanicamente). Este conjunto é acondicionado em envoltório de material resistente que protege contra excesso de umidade e ação danosa de animais curiosos. As câmeras também podem ser reguladas para disparar em intervalos fixos, economizando baterias e material (filmes ou cartões de memória), otimizando os custos (THOMAS & MIRANDA, 2003). Atualmente já existem empresas nacionais que fabricam este equipamento, viabilizando a condução de uma quantidade maior de estudos que utilizam este método de levantamento. As armadilhas serão dispostas em trilhas em que já tenham sido detectados rastros e/ou vestígios de animais, indicando algum grau de atividade. Se possível, o desenho experimental seguirá o recomendado para estudos de captura-marcação-recaptura, para que possam ser feitas estimativas de densidade populacional ao invés de apenas registros de presença e ausência (WHITE et al., 1982). Em cada ponto estabelecido nessas trilhas serão colocadas duas armadilhas, uma de frente à outra, para garantir a identificação daquelas espécies que possuem marcas individuais (como alguns felinos). Serão utilizadas preferencialmente câmeras digitais, pois, embora tenham um custo inicial alto, a manutenção é mais simples e barata. As câmeras serão revisadas a cada 10 a 15 dias, para troca de baterias e filmes ou cartões de memória. As análises dos dados de captura-marcação-recaptura serão feitas utilizando-se o programa MARK (http://welcome.warnercnr.colostate.edu/~gwhite/mark/mark.htm; WHITE & BURNHAM, 1999). As armadilhas fotográficas mais modernas também são capazes de detectar animais de outros grupos, como répteis e aves, e serão úteis para ampliar a gama de informações sobre estas espécies. 3.2. Pequenos mamíferos Para a captura de pequenos mamíferos será utilizado um protocolo de captura-marcação-recaptura (OTIS et al., 1978). Serão utilizadas armadilhas do tipo gaiola com pedal, de dois tamanhos (44 x 21 x 21cm e 30 x 16 x 16cm) e do tipo Sherman (25 x 8 x 8cm), ambas de fabricação nacional. As armadilhas serão dispostas em pontos fixos (separados por cerca de 25 metros) dentro de grupos de linhas de capturas. Esses grupos são formados por linhas paralelas, separadas por cerca de

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200 metros para garantir minimamente a independência entre os pontos. Em cada um desses pontos serão colocadas quatro armadilhas, duas no chão e duas no estrato arbóreo, a cerca de 2 metros de altura, sendo, uma de cada tipo em cada estrato. Em cada armadilha será utilizada uma isca feita de uma mistura de banana, pasta de amendoim (ou paçoca), sardinha e fubá, disposta sobre uma rodela de lingüiça calabresa. Esta isca produz um cheiro forte, capaz de atrair várias espécies de pequenos mamíferos. Em pelo menos quatro ocasiões durante o ano, uma em cada estação, serão feitas excursões a campo, com duração de quinze noites consecutivas de captura. No primeiro dia, as armadilhas são abertas até o nício da tarde, e verificadas a cada manhã em cada um dos dias seguintes. Os animais capturados serão marcados com brincos de metal em cada orelha, com numeração individual, para obtenção de dados sobre a dinâmica populacional para análises futuras. Depois de marcados, as seguintes informações serão tomadas: biometria do animal, peso, sexo, condição reprodutiva, ponto de captura (anteriormente mapeados com o uso de GPS), tipo e posição da armadilha e comportamento ao ser libertado. Os animais que forem capturados nas armadilhas de queda passarão pelo mesmo procedimento descrito acima. É importante a utilização de ambos os métodos de captura de pequenos mamíferos porque os baldes são mais adequados a algumas espécies enquanto outras preferem as armadilhas de alumínio e do tipo gaiola. Os animais serão soltos no ponto onde forem capturados, após a manipulação. No caso de morte natural ou sacrifício para identificação, será feita a taxidermia do mesmo, sendo a pele e esqueleto depositados na coleção de Mastozoologia do Museu Nacional (RJ).

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5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma da RPPN Rogério Marinho estabelece um prazo de três anos para a implantação das propostas de programas do Plano de Manejo. As atividades a serem executadas são adequadas à realidade de funcionamento da RPPN, bem como à disponibilidade e a possibilidade de captação de recursos.

Programas - Ações ANO

I II III

1. Programa de Administração

1.1 Elaborar a agenda de trabalho e adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo

X

1.2 Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN

X X X

1.3 Estabelecer a coordenação da unidade de conservação para o qual deverão ser enviadas todas as solicitações acesso externo e de pesquisa na unidade

X X X

1.4 Integrar a RPPN à outros projetos e programas existentes na região

X

1.5 Acompanhar o desenvolvimento dos Programas, compatibilizando as atividades relativas aos mesmos

X X X

1.6 Atualizar a rotina de manutenção das cercas, porteiras e demais áreas da RPPN

X X

2. Programa de Proteção

2.1. Criar e implementar a sinalização da RPPN X

2.2. Implementar ações de prevenção e controle da RPPN X X X

2.3. Implementar a prevenção e o combate ao Fogo X X X

3. Programa de Recomposição da Vegetação

3.1 Elaborar projeto de recuperação da flora X

3.2 Implantar projeto de recuperação da flora nativa da RPPN X

4. Programa de Pesquisa e Monitoramento

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Subprograma de Fauna

4.1.1 Estabelecer parceria com instituição de pesquisa para a elaboração de projeto e captação de recursos

X

4.1.2 Implantar projeto de pesquisa X X X

Subprograma de Flora

4.2.1 Estabelecer parceria com instituição de pesquisa para a elaboração de projeto e captação de recursos

X

4.2.2 Implantar do projeto de pesquisa X X X

Subprograma de Monitoramento Ambiental

4.3.1 Estabelecer parceria com instituição de pesquisa e/ou técnica para a elaboração e implantação de projeto de um sistema de monitoramento ambiental para a RPPN

X X

5. Programa de Comunicação e Educação Ambiental

5.1 Participar e apoiar os eventos e atividades que prevejam a transformação do Vale do Bonfim e cercanias em polo de desenvolvimento sustentável

X X X

5.2 Participar das reuniões dos colegiados gestores das UCs e do Mosaico Central Fluminense

X X X

5.3 Desenvolver a imagem institucional da RPPN para a aplicação em materiais, como placas de sinalização e material de divulgação

X

5.4 Criar Banco de Dados Digital sobre a natureza da RPPN X

5.5 Publicar livro sobre a RPPN Rogério Marinho X X

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PARTE D - INFORMAÇÕES FINAIS

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2. ANEXOS

Diário Oficial da União de 10 de setembro de 2008

Portaria 67, de 9 de setembro de 2008, que cria a RPPN Rogério Marinho.

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Diário Oficial da União de 22 de outubro de 2008

Retificação da Portaria 67, de 9 de setembro de 2008.