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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM POLÍMEROS RESINAS METALOCÊNICAS DE POLIETILENO: CONTRÔLE DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO Antônio Cosmo da Silva Rio de Janeiro 2012

RESINAS METALOCÊNICAS DE POLIETILENO Cosmo da Silva.pdf · Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Polímeros Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com ... ( PEAD

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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM POLÍMEROS

RESINAS METALOCÊNICAS DE POLIETILENO:

CONTRÔLE DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO

Antônio Cosmo da Silva

Rio de Janeiro

2012

ii

ANTÔNIO COSMO DA SILVA

Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Polímeros

Matricula 0623800285

RESINAS METALOCÊNICAS DE POLIETILENO:

CONTRÔLE DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO

Trabalho de Conclusão de Curso, TCC,

apresentado ao Curso Superior de Tecnologia

em Polímeros, da UEZO como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de

Tecnólogo em produção industrial de

polímeros, sob a orientação do Professor Alex

da Silva Sirqueira.

Rio de Janeiro

Dezembro de2012

iii

RESINAS METALOCÊNICAS DE POLIETILENO:

CONTRÔLE DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO

Elaborado por Antônio Cosmo da Silva

Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Polímeros

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com

Grau:..................................

Rio de Janeiro,______de_____________de 2012

_____________________________________

Professor Florêncio Gomes de Ramos Flho, D.Sc

_____________________________________

Professor Alex da Silva Sirqueira, D.Sc

_____________________________________

Professora Patrícia Soares da Costa Pereira,D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

DEZEMBRO DE 2012

iv

A minha família - que me incentivou

e em todos os momentos difíceis;

Aos meus amigos e colegas, pela

caminhada solidária;

Ao meu orientador, Prof. Alex da Silva

Sirqueira, que forneceu orientações

seguras para o desenvolvimento desse

trabalho.

v

Resumo

O Polietileno Metalocênico Linear de Baixa Densidade (mPELBD) é obtido a partir

de uma família de catalisadores a base de zircônio que permite a produção de cadeias

poliméricas de polietilenos com estrutura mais organizada do que os polietilenos

produzidos com catalisadores tradicionais, Ziegler-Natta. Os metalocênicos representam a

mais nova tecnologia de catalisadores para produção de poliolefinas, em especial

polietilenos; entretanto, existem diferenças entre os polietilenos metalocênicos comerciais.

Este trabalho tem por objetivo estudar o controle das variáveis do processo de producão de

um tipo de resina metalocênica, cuja principal aplicação é na obtenção de filme

termoencolhível (shrink). As vantagens na utilização desse filme são a capacidade de

encolhimento sob calor, alta claridade, brilho e superior desempenho mecânico, quando

comparado aos filmes termoencolhivel padrão de mercado. Este trabalho deu enfoque aos

parâmetros de controle das variáveis de processo para atingir uma resina de qualidade, com

a segurança que o processo exige.

Palavras-chaves: Metalocênico, resina , catalisadores, zircônio, polietileno,

termoencolhível, vantagem de Mercado.

vi

"A águia reuniu coragem através de uma sabedoria

inata. Enquanto os filhotes não descobrissem suas

asas, não haveria objetivo em suas vidas. Enquanto

não aprendessem a voar, não compreenderiam o

privilégio de ter nascido águia. O empurrão era o

maior presente que a águia-mãe tinha para lhes dar.

Era seu supremo ato de amor. E por isso, um a um, ela

os empurrou, e eles voaram!"

David McNally (junho 1990)

vii

SUMÁRIO

Lista de Figuras...................................................................................................................viii

Lista de Tabelas..................................................................................................................viii

Lista de Quadros.................................................................................................................viii

Resumo...................................................................................................................................v

1. Objetivo..............................................................................................................................1

2. Introdução .........................................................................................................................1

3. Polietileno............................ ..............................................................................................2

3.1 Histórico ............... ..........................................................................................................3

3.2. Propriedades ...................................................................................................................4

3.3. Processos de Obtencão ...................................................................................................5

3.3.1. Processo de Alta Pressão..............................................................................................6

3.3.2. Processo Ziegler-natta.................................................................................................6

3.3.3. Processo Phillips...........................................................................................................8

3.3.4. Processo Standard Oil (Indiana )................................................................................8

3.3.5. Processo de Produção de Metalocênicos.....................................................................8

3.4. Propriedades Comerciais..........................................................................................11

3.4.1. Propriedades óticas....................................................................................................15

3.4.2. Grau de encolhimento................................................................................................16

3.4.3. Módulo Secante – Rigidez.........................................................................................17

3.5. Processo Industrial de Obtenção do mPELBD............................................................18

3.5.1. Processo UNIPOL® de Polietileno e Controle das Variáveis.................................20

3.5.1.1. Reação.....................................................................................................................20

3.5.1.2. Extrusão..................................................................................................................23

4. Filmes Termoencolhíveis: Controle das Variáveis..........................................................26

4.1. Máquinas Com Cabeçote Giratório...............................................................................27

4.2. Máquinas Com Cabeçote Fixo com Torre Giratória.....................................................27

5. – Referências Bibliográficas............................................................................................32

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Linha do tempo dos vários tipos de catalisadores...............................................10

Figura 2. Propriedades Óticas.............................................................................................16

Figura 3. Grau de encolhimento..........................................................................................17

Figura 4. Módulo secante – Rigidez....................................................................................18

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Peso molecular e densidade do polietileno em diferentes processos.....................9

Tabela 2. Relação entre estrutura e propriedades do polietileno.........................................12

Tabela 3. Propriedades do polietileno.................................................................................14

Tabela 4. Variação da viscosidade do polietileno em função da temperatura....................19

Tabela 5. Condições de processamento por injeção do polietileno.....................................25

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Tipos de polímeros de Polietileno e suas características.....................................4

Quadro 2. Comparação entre os catalisadores Ziegler e o Metalocênico...........................10

OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo apresentar as diferenças básicas entre as resinas

produzidas a partir de catalisadores da família Ziegler-Natta, Phillips e Metalocênicas. A

partir do conhecimento da composição básica do catalisador, seu principal sítio ativo, tipos

principais de resinas produzidas e suas propriedades finais. Iremos apresentar um estudo de

caso da melhora da aplicação da resina de metalocênica, na máquina do transformador,

com o objetivo final de aplicação para filmes de empacotamento e recobrimento de

material, filmes termoencolhíveis ou shrink. Estudaremos o processo Unipol® como

exemplo, para um estudo dos parâmetros de controle das variáveis, desde o recebimento de

matérias primas até o cliente, passando pela purificação, reação, extrusão e silagem de

produto acabado.

1. INTRODUÇÃO

Até meados de 1950 o polietileno comercial foi produzido por processos de alta

pressão, entretanto, esses materiais eram ramificados e de peso molecular médio

moderado, geralmente menor de 50.000.

Em 1954 dois outros métodos foram desenvolvidos: um usando catalisadores de óxidos

metálicos, processo Philips, e outro usando alquil alumínio ou materiais similares, processo

Ziegler. Por esses processos os polímeros podem ser preparados em temperaturas e

pressões menores. Devido a essas modificações, os polímeros apresentaram densidades

mais elevadas, ficaram mais rígidos e com alto ponto de amolecimento.

Atualmente, o polietileno é produzido tanto pelo processo de alta pressão, patenteado

em 1933 pela I.C.I. como processo de baixa pressão ( processo Phillips ). O processo

Ziegler fornece polietilenos com características intermediárias.

Em 1980, foram descobertos os catalisadores metalocênicos, com o emprego de metais

de transição como titânio e zircônio, sítios únicos de polimerização e estruturas

moleculares definidas.

O polietileno Metalocênico Linear de Baixa Densidade (mPELBD) é obtido a partir de

uma família de catalisadores a base de zircônio que permite a produção de cadeias

poliméricas com estrutura mais organizada do que os produzidos com catalisadores

tradicionais Ziegler-Natta. Os metalocênicos representam a mais nova tecnologia de

catalisadores para produção de poliolefinas de polietileno. No entanto, existem diferenças

2

entre os tipos comerciais de Polietilenos Metalocênicos. Este trabalho tem por objetivo

estudar o controle das variáveis de processo de produção de um tipo de resina

metalocênica, cujo objetivo principal aplicação é na obtenção de filme termoencolhível (

shirink), cujas vantagens são a capacidade de encolhimento com o uso de calor, claridade,

brilho e superior desempenho mecânico, se comparados aos filmes termoencolhíveis

padrão de mercado. Seu principal diferencial e que, dependendo da aplicação, pode ser

utilizado na forma pura, o que dispensa a utilização de outros tipos de polietileno. O

produto também oferece maior flexibilidade e soldabilidade, alem de apresentar mais

transparência e brilho. O processo de produção para este polímero é via extrusão com

aplicação principal para empacotamento automático de sólidos e líquidos, na forma final

de filme. Além de ter uma estrutura organizada, o filme de resina metalocênica é um

polietileno linear processado de forma equivalente ao polietileno de baixa densidade

(PEBD), ou seja, é de fácil processabilidade. Estudaremos, como estudo de caso para

controle das variáveis de processo, o processo Unipol®, fase-gás da Univation Co.,

tecnologia iniciada pela Union Carbide, em 1977, na fase de fabricação da resina e o

processo de fabricação de filmes, na fase de transformadores para embalagens de sólidos e

líquidos.

3. POLIETILENO

O polietileno (PE) foi desenvolvido comercialmente em 1940 e é o plástico mais

vendido no mundo atualmente. Isso ocorre principalmente pela grande versatilidade desse

material. Outro fator relevante é o preço baixo comparado a outras matérias-primas para

embalagens. A estrutura básica do polietileno é uma cadeia do tipo ( CH2CH2 )n , que não

tem grupos substituintes, ou seja, não tem ramificações em sua cadeia principal. Esta

estrutura é equivalente a do polimetileno, preparado primeiramente por acidente, com

baixo peso molecular, a partir do diazometano por Von Pechmann em 1898. Muitos anos

depois polietileno de alto peso molecular eram preparados, alguns contendo alquis

substituintes. No polietileno comercial n pode ser algo entre 400 e 50000; alquil

substituinte, chamados ramificações de cadeia curta, geralmente estão presentes nas

cadeias principais. PE é um sólido cristalino na maior parte, flexível, cujas propriedades

são altamente influenciáveis pela relação entre as suas partes cristalinas e amorfas da

cadeia. As menores estruturas cristalinas são chamadas de lamelas. As formas lamelares

3

maiores, esféricas, são chamadas de esferulitas. A fase cristalina fornece rigidez e uma

alta temperatura de amolecimento, ao passo que a forma amorfa, que é relativamente

flexível, providencia resistência ao impacto e flexibilidade. O tamanho das esferulitas

influencia grandemente as propriedades do polímero.

3.1 Histórico

1933, foi descoberto nos laboratórios ICI, na Inglaterra, acidentalmente, que o metileno,

em presença de oxigênio, poderia ser polimerizado, resultando em uma cadeia tipo

polimetileno ramificada. Nesta descoberta, o produto estudo de reações à altas pressões

criou a base para uma ampla classe de polietilenos de baixa densidade ( PEBD ), agora

sendo produzidos via polimerização por radicais livres à altas pressões, isto é, pressões

da ordem de 40000 psi. O primeiro PE linear foi produzido pela Du Pont via

polimerização por radicais livres com temperatura na faixa de 50 – 80º C e pressão de

7000 psi, uma condição não possível comercialmente. Em 1977, a Union Cabide Corp.

anunciou uma nova família de copolímeros de 1-buteno com densidade na faixa de 0,915 a

0,950 g/cm³. Este processo chamado Unipol®, emprega um leito fluidizado, tecnologia

fase-gás para homopolímeros e copolímeros de alta densidade. Por este processo pode-se

produzir uma grande variedade de polietilenos quanto ao peso e distribuição de peso

molecular. Mais recentemente, foi usado o 1-hexeno de forma a obter um filme com

propriedades competitivas com o copolímero de 1-octeno produzido por solução pela Dow

Chemical Co.. Copolímeros contendo -olefinas são agora chamados de polietilenos

lineares de baixa densidade ( PELBD ). Atualmente, resinas de PELBD contém variadas -

olefinas tendo sido produzidas experimentalmete e comercialmente com uma variedade de

catálises de metais de transição em altos valores de pressão e temperatura ( 21000 psi –

200º C ) com diluentes a base de hidrocarbonetos ou solventes e vários tipos de reatores.

Por volta de 1950, Ziegler e colaboradores descobriram acidentalmente que polietilenos

com densidade relativamente alta, isto é, 0,945 a 0,960 g/cm³ e alta cristalinidade

poderiam ser preparados sob pressão atmosférica e 50 a 100º C em presença de sistema

catalítico baseados em haletos de titânio e compostos de alquil-alumínio ( catalisador tipo

Ziegler ). Na mesma época, pesquisadores da Phillips Petroleum Co. usando pressões

moderadas desenvolveram uma catálise baseada em trióxido de cromo suportado em sílica

( Catalisador tipo Phillips ) para uma preparação de polímeros de 0,960 a 0,970 g/cm³ de

4

densidade. Esses dois tipos de catálise são usado para todos os tipos de PE lineares ( PEAD

) usualmente fabricados . Standard Oil usou óxido de Molibidênio suportado em alumina

para produção de PE, mas esse processo não é muito usado comercialmente.

3.2 Propriedades

Podemos inferir três tipos de polímeros de polietileno, levando em consideração a sua

densidade, em função da sua forma estrutural e peso molecular:

– Polietileno de Baixa Densidade;

– Polietileno Linear de Baixa Densidade;

– Polietileno de Alta Densidade.

No quadro abaixo são mostradas as principais diferenças dos tipos de PE:

Quadro 1 – Tipos de polímeros de Polietileno e suas características.

TIPO PEAD PEBD PELBD

NORMA

Densidade (g/cm³) 0,960-0,970 0,915-0,930 0,915-0,940 ISO

1183

T transição vítrea (ºC) -90 -110 -100

T fusão (ºC) 137 115 125 ISO

3146

Cristalinidade (%) 70-90 40-50 60-80

- Temperatura de transição vítrea: corresponde a temperatura em que o polímero passa do

estado sólido amorfo a um estado sólido com características elastoméricas ( nem sólido

nem líquido viscoso ).

- Temperatura de fusão: corresponde a temperatura em que o polímero passa do estado

sólido a um estado líquido viscoso.

- Cristalinidade: arranjo atômico mais complexo, é conseqüência do empacotamento das

cadeias moleculares de modo a ordená-las, ou seja, quanto mais ramificações menor será a

cristalinidade.

5

3.3. Processos de obtenção

O etileno é obtido a partir do “Cracking” do etano ou de naftas virgens provenientes do

gás natural e do petróleo, segundo a reação:

H3C ----- CH3 desidrogenação H2C ____ CH2

Etano etileno

Quando utilizam-se naftas virgens, o produto proveniente do reator é constituído por

vários hidrocarbonetos. A separação desses hidrocarbonetos é feita por sucessivas

destilações fracionadas. Como, em geral, as temperaturas de ebulição destes componentes

são muito baixas ( no caso do etileno é -104ºC ) a destilação é feita sob pressão. À pressão

normal ( 1 atm ) o etileno é um gás, com ebulição a -104ºC e tem alto calor de

polimerização ( 800 – 1000 cal/g ).

Como as impurezas podem afetar tanto a reação de polimerização como as propriedades

do produto, elas precisam ser removidas rigorosamente. Para e conseguir uma boa

polimerização, deve-se utilizar etileno com aproximadamente 99,8% de pureza. Os

principais contaminantes do etileno são monóxido de carbono, acetileno, oxigênio e água.

Muitas patentes requerem nível de monóxido de carbono menor que 0,02%. O oxigênio,

dependendo do processo empregado na polimerização do etileno reduz a eficiência do

iniciador e pode ser removido por passagem sobre catalisador de cobre reduzido.

A polimerização de etilenos ocorre via iniciador ou radical livre, via catalisador

Phillips e via catálise de Coordenação com catalisador Ziegler-Natta ou catalisadores de

Metalocenos e podem ser em:

- Suspensão ou “Slurry” - Sistema com meio dispersante, monômero insolúvel, iniciador

solúvel no solvente.

- Solução – Sistema com solvente, monômero solúvel e iniciador solúvel.

- Emulsão – Sistema com meio dispersante, monômero e polímero insolúvel e iniciador

solúvel no dispersante (água).

- Fase- gás – Ocorre em reatores de leito fluidizado.

O método usado depende de vários fatores:

- Se o material é termoplástico ou termofixo;

- da temperatura de fusão se for termoplástico;

- da estabilidade atmosférica;

6

- da geometria e tamanho da peça a ser fabricada

Para todos esses processos de reação o processo final pode ser de extrusão, variando

os processos nos transformadores, injeção, moldagem, sopro, filme e etc..

Assim, existem quatro métodos de polimerização do etileno:

a) Processo de alta Pressão;

b) Processo Ziegler;

c) Processo Phillips;

d) Processo Standar Oil (Indiana)

3.3.1. Processo de Alta Pressão

A pressão utilizada neste processo é elevada, da ordem e 1.000 a 3.000 atm à

temperatura de 80 a 300ºC. A polimerização ocorre via radical livre, normalmente

utilizando como iniciadores peróxido de dibenzoila, azodiisobutironitrila, oxigênio, etc. O

processo pode ser operado continuamente, passando-se os reagentes através de reatores

tubulares ou em reatores em bateladas. Devido ao elevado calor de polimerização, são

necessários cuidados a fim de prevenir a aceleração da reação podendo causar obstrução

nos reatores. Num processo típico, 10 a 30% do monômero é convertido em polímero.

Depois da purificação, este é extrudado e granulado.

A temperatura elevada torna a reação mais rápida produzindo polímero de baixo peso

molecular e médio, além de causar reações parelelas, formando grafite, hidrogênio e

metano. Essas reações também são exotémicas e podem facilmente descontrolar a

polimerização.

A violência da reação, em pressão elevada, leva ao aparecimento de uma grande

quantidade de ramificações na cadeia polimérica, o que tem extrema influência sobre as

propriedades do produto.

Os polietilenos obtidos sob este processo, são conhecidos por polietilenos de baixa

densidade ( PEBD ).

3.3.2. Processo Ziegler-natta

Em 1953, Karl Ziegler e colaboradores descobriram que a combinação de certos

compostos de metais de transição e compostos organometálicos polimerizavam o etileno a

baixas pressões e temperaturas. O polietileno de alta densidade (PEAD) obtido com o novo

catalisador era mais denso, rígido e resistente ao calor do que o produto obtido com alta

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pressão, polietileno de baixa densidade (PEBD). Em 1954, Giulio Natta e colaboradores

estenderam suas pesquisas para a área de síntese de polímeros cristalinos. Catalisadores

Ziegler-Natta são complexos catalíticos formados pela combinação de um sal de metais de

transição dos grupos IV a VIII, da tabela periódica, principalmente halogenetos de titânio,

cobalto e vanádio, e compostos organometálicos de metais dos grupos I a III,

principalmente alquis-alumínio.

Catalisador Ziegler-Natta:

-- Sal de Metal de transição + Composto Oganometálico.

Neste processo, o etileno é fornecido em baixa pressão, 2 a 4 atm, para o reator, que já

contém hidrocarbonetos líquidos para agir como diluente. A reação é realizada a

temperaturas abaixo de 100ºC ( geralmente em torno de 70 a 80ºC ).

Os catalisadores empregados neste processo são do tipo organo – metálicos, sendo que

o mais empregado é a mistura de tetra cloreto de titânio e um alquil alumínio, por exemplo

o cloreto de dietil alumínio.

O polímero, a medida que é formado, precipita-se e forma uma mistura de polímero

com monômero, cuja viscosidade aumenta à medida que a reação se processa. Antes que a

viscosidade se torne alta, a ponto de afetar seriamente a remoção do calor da reação, os

reagentes são descarregados em um vaso de decomposição catalítica, onde o catalisador é

destruído pela ação do álcool etílico, água e soda cáustica. A remoção completa dos

fragmentos metálicos provenientes do catalisador é importante para que as propriedades

elétricas do polímero não seja afetada.

A densidade dos polímeros de Ziegler está entre os de alta pressão e os de Phillips, por

isso são conhecidos por polietilenos de média densidade e varia em torno de 0,940g/cm³.

Na sua composição química, para o processo Unipol®, complexo tetraclorado de titanio

como metal de transição, pré-ativado com alquil alumínio e suportado em cloreto de

magnésio. A sua produtividade media e de 5.000g PE/g de catalisador a 20.000g PE/g de

catalisador dependendo do tipo de catalisador utilizado (M ou J). A faixa de trabalho para o

, Índice de Fluidez, IF,trabalhando com IF2,16 é de 0,5 a 150 dg/min, de baixo a altíssimo

IF. São produzidos os seguintes produtos: Polietileno Linear de baixa Densidade

(PEBDL),Polietileno de Média Densidade (PEMD) e Polietileno de Alta Densidade

(PEAD), numa faixa de densidade de 0,916 a 0,965 g/cc, para atender os segmentos de

filme (PEBDL); injeção (PEBDL/PEAD); rotomoldagem(PEMD).

8

3.3.3. Processo Phillips:

Neste processo o etileno é dissolvido em um hidrocarboneto líquido, tal como ciclo

hexano, sendo polimerizado sob uma pressão de 30 a 40 atm, em torno de 130 a 160ºC na

presença de um catalisador óxido-metálico. Utiliza-se solvente para dissolver o polímero

formado e transferir o calor que se dissolve na reação de polimerização. O catalisador mais

eficiente deve conter 5% de óxido de cromo, principalmente CrO3, impregnado com sílica

alumina ( 75 – 90% sílica ). Para separar o polímero formado da solução, diminui-se a

temperatura e este é precipitado.

Certos materiais, tais como nitrogênio, oxigênio, acetileno e cloro são prejudiciais para

o catalisador, portanto, devem ser usados reagentes muito puros.

Os polietilenos obtidos por este processo possuem densidade em torno de 0,960g/cm³,

por isto são conhecidos como polietilenos de alta densidade ( PEAD ).

-- Catalisador Phillips: Sal de Cromo suportado em Sílica.

3.3.4 Processo Standard Oil (Indiana)

Este processo tem muita similaridade com o processo Phillips, é baseado no uso de

suporte óxido-metal de transição em combinação com um promotor. A temperatura da

reação é da ordem de 230 – 270ºC, e a pressão da ordem de 40 – 80 atm. Os catalisadores

mais empregados são trióxidos de molibdênio, dióxido de titânio ou dióxido de zircônio. A

reação também é realizada com hidrocarbonetos líquidos como solventes.

3.3.5. Processo de Produção de Metalocênicos

Os catalisadores Ziegler e Phillips produzem partículas de polímeros com peso

molecular e distribuição largos; por outro lado, os catalisadores metalocênicos produzem

polímeros com peso molecular e distribuição de monômeros uniforme, sendo considerado

um sistema catalítico de alta eficiência com atributos de produzirem poucas cinzas, sem

natureza ácida e polímeros muito estáveis.

O processo pode ser Solução, Fase Gás e em lama. Por ser de alta seletividade, exige

uma pureza maior tanto das matérias-primas quanto do processo como um todo. Assim,

visando uma campanha de produção com este tipo de catalisador, temos que realizar uma

rigorosa limpeza de todo o sistema de produção, para evitar possíveis contaminação e

9

perda da eficiência do sistema catalítico, perda de produção e formação de sub produtos

indevidos. O produto apresenta uma alta sensibilidade à presença de Oxigênio, seja na

reação ou na extrusão, impactando principalmente na aparência do produto final. Como

aplicação final e principal, temos: empacotamento automático de sólidos e líquidos,

empacotamento de alimentos congelados e objetos perfurantes.

Catalisador Metalocênico:

-- Catalisadores a base de Zircônio.

Os catalisadores metalocênicos são classificados segundo a sua geração em primeira e

segunda gerações. Essa família de catalisadores permite a produção de cadeias poliméricas

com estrutura mais organizada do que a dos polietilenos produzidos com catalisadores

tradicionais, Ziegler-Natta. Seu principal diferencial é que , dependendo da aplicação, pode

ser utilizado na forma pura, o que dispensa a utilização de outros tipos de polietileno numa

mistura.

As principais características dos polietilenos obtidos pelos processos descritos aparecem

na tabela 1.

Tabela 1 – Peso molecular e densidade do polietileno produzidos por diferentes processos.

Processo de Polimerização Mn Densidade

Processo Alta Pressão

Processo Ziegler

Processo Phillips

Processo Standard

Oil (Indiana)

Processo Metalocênico

20.000

15.000

15.000

15.000

25.000

0,92

0,94

0,96

0,96

0,94

No quadro 2 é mostrada a comparação entre as propriedades do catalisador Ziegler e o

Metalocênico, para o processo Unipol®.

10

Quadro 2 – Comparação entre os catalisadores Ziegler e o Metalocênico:

Ziegler - Natta Metaloceno

PELBD PELBD

Comonômeros: C4, C6 e C8 Comonômeros: C6 e C8

Distribuição heterogênea de comonômero Contrôle do teor e da distribuição de comonômero

Média distribuição de peso molecular ( MFI~25 )

Distribuição de peso molecular estreita ou larga MFI ~3 ou ~50

Ramificações curtas Presença de ramificações longas

Na figura abaixo é mostrada uma linha do tempo para as descobertas dos vários tipos de

catalisadores comerciais.

Figura 1 – Linha do tempo para descoberta dos vários tipos de catalisadores

11

3.4. PROPRIEDADES COMERCIAIS

Os polímeros comerciais apresentam diferentes propriedades por quatro razões básicas:

- grau de ramificação do polímero;

- peso molecular e sua distribuição;

- presença de impurezas.

A presença de ramificações na estrutura do polímero causa interferências na

cristalização, alterando suas propriedades. Os polietilenos ramificados possuem baixa

densidade, uma vez que a cristalinidade é reduzida (50 – 60%), e são mais transparentes,

pois não formam-se grandes estruturas cristalinas. Além disso, esses polímeros são mais

flexíveis, apresentam menor dureza superficial, menor resistência química, amolecem à

temperaturas baixas e são

mais permeáveis a gases e vapores. Um aumento do peso molecular, aumenta a resistência

a tração, tenacidade, a temperatura de amolecimento, a resistência ao “stress -cracking”

porém, o coeficiente de fricção e a resistência ao impacto diminuem.

Uma distribuição do peso molecular estreita produz acréscimo na resistência ao

impacto, à tração, tenacidade, rigidez e resistência ao “stress-cracking”, porém com uma

perda de facilidade de processamento. No caso do polietileno, a distribuição de peso

molecular varia em função do tamanho das ramificações presentes na sua estrutura.

Polidispersividade de 20 a 50 são consideradas típicas para polímeros de baixa densidade e

2 para polietileno não ramificado.

A presença de impurezas, como fragmentos metálicos, provenientes dos catalisadores

empregados nos processos Ziegler e Phillips, ou traços de materiais incorporados na cadeia

do polímero podem causar sérias influências nas propriedades elétricas do polímero, ou no

comportamento durante sua vida útil.

Na Tabela 2, podemos observar a influência da densidade, do peso molecular e da

polidispersividade nas principais propriedades do polietileno.

12

Tabela 2 – Relação entre estrutura e propriedades do polietileno.

Propriedades

Aumentando-se a

densidade

(cristalinidade)

Aumentando-se o

PM(maior viscosidade

)

Distribuição do peso

molecular estreita

Rigidez Aumenta Aumenta Ligeiramente maior

Resistência a tração Aumenta Aumenta Ligeiramente maior

Resistência ao impacto Diminui Ligeiramente maior Difícil para definir

Resistência ao risco Muito maior Ligeiramente maior Não afeta

Dureza Muito maior Ligeiramente maior Aumenta

Ponto de

amolecimento

Muito maior Ligeiramente maior Ligeiramente maior

Viscosidade Aumenta Aumenta

Flexibilidade a baixa

temperatura

Diminui Aumenta Aumenta

Resistência ao Stress

Cracking

Diminui Aumenta Aumenta

Permeabilidade aos

gases

Diminui Ligeiramente maior Não afeta

Resistência Química à

temperatura ambiente

Aumenta Aumenta Não afeta

Isolação Elétrica Maior Não afeta Não afeta

Contração Aumenta Aumenta Não afeta

Brilho Aumenta Diminui Não afeta

Transparência Diminui Diminui Não afeta

O polietileno é um termoplástico de aspecto ceroso, translúcido, mas que sob a forma

de filmes pode ser transparente. Apresenta excelente característica dielétrica, muito boa

resistência química, tenacidade e moderada resistência a tração.

Todas as propriedades mecânicas do polietileno são dependentes da história térmica da

amostra. Se resfriarmos rapidamente o material, desde o estado fundido, o sólido terá

13

densidade e cristalinidade menores, portanto, será mais mole, mais flexível, mais resistente

ao “stress-cracking” e mais transparente.

O resfriamento lento e ou o recozimento da amostra, por exemplo, por tratamento em

água fervente, dá um produto mais cristalino, mais duro, mais rígido, menos resistente ao

impacto, mais resistente a tração e menos transparente.

As propriedades elétricas do polietileno são excelentes: ele tem baixa perda dielétrica,

baixa constante dielétrica, alta resistividade e alta resistência dielétrica.

Um aumento do índice de fluidez é provocado pela formação de ligações cruzadas,

causando um aumento da fragilidade à baixas temperaturas e provocando a ruptura das

cadeias moleculares. Finalmente este é seguido por extensiva descoloração e

decomposição química com perda de produtos voláteis, porém o material não se

despolimeriza em etileno. O ponto no qual começa o ataque é no átomo de carbono

terciário que se encontra nas estruturas moleculares ramificadas. Portanto, os polietilenos

com moléculas altamente ramificadas são mais sensíveis a oxidação que os de moléculas

com pouca ramificação. Disto, deduz-se que os polietilenos de densidades elevadas se

oxidam mais lentamente do que os de baixa densidade. Isto pode ser evitado com a

incorporação de anti-oxidantes adequados. O polietileno degrada-se no vácuo ou em

atmosfera inerte a uma temperatura de aproximadamente 300ºC, gerando produtos que

consistem principalmente de hidrocarbonetos de baixo peso molecular.

Devido a baixa energia de coesão molecular, o polietileno amolece a uma temperatura

relativamente baixa, da ordem de 80 – 130ºC. Esta propriedade varia com o peso molecular

ou índice de fluidez e com a densidade ou cristalinidade. Assim, um polietileno com

densidade igual a 0,920g/cm³ e com um índice de fluidez de aproximadamente 20, amolece

a 80ºC, ao passo que um outro com índice de fluidez 0,3 e densidade 0,940g/cm³ amolece a

117ºC.

O calor específico do polietileno é superior ao de muitos outros termoplásticos e é

fortemente dependente da temperatura. Materiais de baixa densidade tem um valor

aproximadamente de 0,55 cal/g à temperatura ambiente e um valor de 0,70 cal/g à 120 -

140ºC. As principais propriedades físicas dos polietilenos aparecem na Tabela 3.

14

Tabela 3 – Propriedades do polietileno

Propriedades Método ASTM Baixa

Densidade

Média

Densidade

Alta Densidade

Densidade (g/cm³) D 792 0,91 – 0,925 0,926 – 0,940 0,941 – 0,965

Resistência à tração

( psi )

D 638 600 - 2300 1200 - 3500 3100 - 5500

Alongamento (%) D 1703 90,0 – 800,0 50,0 – 600,0 20,0 – 1000,0

Resistência a

compressão (psi)

D 695 - - 2700 - 3600

Resistência ao

impacto izod ft.lb/in,

entalhe

D 256 Não quebra 0,5 - 16,0 0,5 – 20,0

Dureza(shore D) D 785

Ponto de

amolecimento Vicat

( ºC)

D 1525 80 - 100 98 - 120 110 - 125

Expansão térmica

(ºC)(10/in/in/ºC)

D 696 10,0 – 20,0 14,0 – 16,0 11,0 – 13,0

Constante dielétrica

60Hz

D 150 2,25 – 2,35 2,25 – 2,35 2,25 – 2,35

Resistividade

volumétrica

(0ohm/cm)(50%UR

e 23ºC)

D 257 >10¹ >10¹ >10¹

Resistência ao arco

(segundos)

D 495 135 - 160 200 - 235 -

Fator de potência,

60 ciclos

D 150 0,0005 0,0005 0,0005

Índice de refração

Nd

D 542 1,51 1,52 1,54

Transmitãncia (%) - 0 - 75 10 - 80 0 - 40

Quimicamente os polietilenos são resistentes a maioria dos produtos químicos, com

exceção dos ácidos fortemente oxidantes, halogênios livres e certas cetonas. Em

15

temperatura ambiente, o polietileno é insolúvel em todos os solventes orgânicos, porém a

elevadas temperaturas a solubilidade em hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos e clorados

aumenta rapidamente.

A solubilidade num dado solvente, depende muito da densidade do polímero, sendo que

os de alta densidade possuem a menor solubilidade. Embora insolúveis à temperatura

ambiente, os polietilenos absorvem lentamente os hidrocarbonetos com inchamento. Os

polietilenos podem absorver lentamente certos compostos orgânicos que contenham

enxofre, ou mesmo o enxofre elementar, afetando as suas propriedades elétricas. A

permeabilidade a líquidos é baixa, porém, alguns líquidos tais como éteres,

hidrocarbonetos e hidrocarbonetos clorados difundem-se rapidamente através do mesmo.

Esta propriedade é afetada diretamente pela cristalinidade. Assim, quanto maior a

cristalinidade (densidade) menor a permeabilidade a gases e líquidos.

Um importante fenômeno que deve ser levado em conta quando se estuda a resistência

química do polietileno é a resistência ao “stress-cracking” (resistência a fissuração, sob

tensão, na presença de meios ativos). Quando o polietileno é submetido a esforços

multiaxiais, em contato com certos líquidos, tais como sabões metálicos, ésteres orgânicos,

álcoois sulfonados e sulfatados, ésteres de poliglicol, hidrocarbonetos líquidos, silicones

fluídos, pode ocorrer uma fissuração. A probabilidade de ocorrência destas fissurações

decresce com o aumento do peso molecular.

A radiação ultra-violeta provoca a foto-oxidação do polietileno em contato com o ar a

tempertaturas normais. Uma prolongada exposição ao calor, também acelera a oxidação

com conseqüente deterioração da aparência, das propriedades mecânicas e elétricas. A

adição de anti-oxidantes tais como fenóis substituídos, aminas aromáticas, etc., supera a

oxidação em temperaturas elevadas, mas a foto-oxidação previne-se melhor pela

incorporação de 2 a 3% de negro de fumo, que filtra os raios ultra-violetas.

Além de poder ser usado puro, as propriedades dos polietilenos obtidos com o

catalisador metalocênico são melhores do que uma mistura referência de mercado, por

exemplo maior brilho e menor opacidade.

3.4.1. PROPRIEDADES ÓTICAS

O produto puro ou na forma de blenda com PEBD, classificação MF-28006 da Riopol,

apresentou melhores propriedades óticas e, além disso, as propriedades dos polietilenos

16

obtidos com o catalisador metalocênico são melhores do que uma mistura referência de

mercado por exemplo maior brilho e menor opacidade, conforme mostrado na figura 2.

Figura 2 – Propriedades Óticas

Fonte: BOLETIM TÉCNICO, Agosto 2007

3.4.2. GRAU DE ENCOLHIMENTO

Uma propriedade muito importante para aplicação de termoencolhível é o grau de

encolhimento do filme sob o calor. Embora o MF-28006 puro ou com PEBD tenha

apresentado grau de encolhimento inferior quando comparado à mistura pobre, ainda assim

17

os níveis alcançados são compatíveis aos requisitos do mercado, conforme mostrado na

figura 3.

Figura 3 – Grau de encolhimento

Fonte: BOLETIM TÉCNICO, Agosto 2007

3.4.3. MÓDULO SECANTE – RIGIDEZ

Outra característica importante para aplicação de termoencolhível é o módulo secante

do material. Esta propriedade indica o nível de rigidez do filme. Pacotes com

termoencolhível devem apresentar nível adequado de rigidez, para evitar que o produto se

movimente dentro da embalagem, quer durante a produção no túnel de encolhimeto, quer

18

durante o manuseio. O MF-28006 apresenta elevado módulo, mesmo quando misturado

com 20% de PEBD, mantendo-se superior à mistura de referência., conforme a figura 4.

Figura 4 – Módulo secante - Rigidez

Fonte: BOLETIM TÉCNICO, Agosto 2007

201227

284313

255 266

0

50

100

150

200

250

300

350

Módulo Secante

1%(Filme) -

DM(Mpa)

Módulo Secante

1%(Filme) -

DT(Mpa)

Referência

100%MF-28006

80%MF-28006 +20%PEBD

3.5. PROCESSSO INDUSTRIAL DE OBTENÇÃO DO POLIETILENO LINEAR

DE BAIXA DENSIDADE METALOCÊNICO, mPELBD

O polietileno Metalocênico Linear de Baixa Densidade ( mPELBD ) é obtido a partir

de uma família de catalisadores a base de Zircônio, produzindo polietilenos com estrutura

mais organizada do que os de Ziegler e Phillips. Esta é a mais nova tecnologia de

catalisadores para produção de poliolefinas, em especial o polietileno. Por ser um processo

19

de produção complexo, porém que vai dar uma grande vantagem de mercado , exige um

rigoroso controle das variáveis e limpeza dos equipamentos da planta. Uma de suas

aplicações principal é para filme termoencolhível e o principal diferencial é que,

dependendo da aplicação, pode ser usado na forma pura, dispensando outros tipos de

polietilenos. Também oferece maior flexibilidade e soldabilidade, maior transparência,

brilho, capacidade de encolhimento com uso do calor, claridade e superior desempenho

mecânico, se comparado a outros filmes termoencolhíveis padrão de mercado.

Os polietilenos podem ser processados por várias técnicas de transformação, entretanto,

as mais empregadas são: injeção e extrusão.

As principais características que devem ser observadas no processamento dos

polietilenos são:

a) A baixa absorção de umidade do polímero evita a necessidade de pré-secagem,

exceto quando aditivos higroscópicos estão presentes.

b) O material, principalmente em estado fundido não deve ficar muito tempo em

contato com o ar, pois oxida-se facilmente.

c) Embora a temperatura de processamento seja baixa, comparada com muitos outros

materiais plásticos, o calor específico, que varia com a temperatura, é alto.

d) A viscosidade do polietileno fundido diminui a medida que aumenta a temperatura.

Na Tabela 4, pode-se observar o efeito da temperatura na viscosidade do

produto fundido.

Tabela 4 – Variação da viscosidade do polietileno em função da temperatura.

Tempetura ( ºC ) Viscosidade ( poise )

110 600 x 10³

150 1200 x 10³

190 33 x 10³

230 10 x 10 ³

270 3,6 x 10³

e) A cristalinidade é responsável pela contração do material no molde durante o

resfriamento, assim, quanto maior o grau de cristalinidade ( densidade ) do

polímero, mais este se contrai.

20

3.5.1. PROCESSO UNIPOL®DE PRODUÇÃO DE POLIETILENO E CONTROLE

DAS VARIÁVEIS:

2.5.1.1. Reação:

O sistema de Reação do processo Unipol® PE, de tecnologia Univation fase gás, é um

projeto simples no que tange aos equipamentos, porém com um controle bastante rigoroso,

principalmente para a produção de campanhas de resinas metalocênicas.

O sistema de contrôle começa pela segurança do processo, onde:

• Se houver, a qualquer tempo, uma liberação de resina granular para a atmosfera,

pessoas nas proximidades necessitam usar proteção para os olhos e respiradores.

Isto pode acarretar uma “explosão de areia”.

• Há também o risco de fogo da resina não purgada bem como a possibilidade de

alquis estarem presentes por catalisadores;

• Mesmo se uma fonte de ignição não for aparente pode-se ocasionar eletricidade

estática. Sistema de dilúvio existe em todo a área de reação.

• O sistema de reação da Unipol PE contém um grande volume de gases de

hidrocarbonetos de baixa pressão. Esses poderão ser liberados para a atmosfera,

uma nuvem de vapor muito perigosa poderá existir;

A principal área potencial para uma liberação grande de vapor de hidrocarbonetos são

os selos dos equipamentos, como compressores de gás de reciclo, folgas de flanges e juntas

de expansão. Checagem de todos os flanges e testes de vazamentos programados deverão

serem feitos e, em caso de vazamentos, reparos antes do início da operação por equipes

especializadas.

Cuidados extras deverão ser utilizados quando trabalhamos em equipamentos que

contenham ou que tenham sido prestados serviços com alquis. Seguir procedimento de

desativação para co-catalisadores tri-Etil Alumínio (TEAL), di-Etil Cloro Alumínio

(DEAC) e catalisadores (tipo Ziegle, Phillips ou Metalocênico) antes da abertura de linhas

e vasos.

O sistema de reação do processo Unipol® PE, também para processo metalocênico,

consiste de :

• Ciclo de reação: O ciclo de reação consiste de um reator, um resfriador de gás de

reciclo, um compressor de gás de reciclo e uma bomba de água de reciclo;

21

• Leito Fluidizado: O monitoramento do leito fluidizado é executado com uma série

de transmissores de diferencial de pressão, os quais indicam peso do leito, nível do

leito e densidade aparente;

• Sistema de Alimentação de Catalisador: Há dois sistemas de alimentação de

catalisador, sendo um para cada linha de produção dependendo do tipo de

catalisador, se produto de Alta ou Baixa densidade;

• Sistema de Descarga de Produto: é o sistema automático de descarregamento de

produto, resina, do reator, que consiste de uma câmara de produto e um tanque

pulmão de produto, que o envia ao processo de extrusão.

Todo processo se dá no reator de processo metalocênico Unipol® PE em função de uma

boa Fluidização do leito. A fluidização do gás é definida como uma suspensão de

partículas que estão livres para se mover com o gás. É um fenômeno no qual um leito de

partículas sólidas é transformado, dentro de uma condição de fluido semelhante, por uma

corrente superior de líquido ou gás. Há dois tipos de fluxo de gás em um leito fluidizado: a

maior parte do gás flui através de espaços entre as partículas de resina promovendo

fluidização; o resto do gás flui para cima em forma de bolhas e causam a mistura dos

sólidos. A boa mistura dos sólidos é necessária para a distribuição rápida do catalisador e

para uma eficiente transferência de calor e prevenir os aglomerados da resina e produção

de um produto uniforme.

Em um reator fase-gás, uma boa transferência de calor dos sólidos para o gás de

fluidização é requerida para remover eficientemente o calor da polimerização do leito e

para prevenir as partículas de se fundirem formando aglomerados. Dependendo da família

de catalisadores e produto, a geração de calor pode variar entre 1500 – 1700BTU`s por

libra, isto é 3500 – 400 KJ/Kg, de resina produzida. A taxa de calor transferido é

proporcional a taxa de produção. A taxa de produção do reator fase gás é limitada por sua

capacidade de remover calor. Um modo de aumentar a remoção de calor,

consequentemente, aumentar a taxa de produção do reator é operá-lo em modo

condensado, onde o gás de reciclo é uma mistura de gás e condensado de Isopentano ou

Agente de Condensação Induzida, ICA, como é chamado na planta de produção.

As características de fluidização são afetadas por Parâmetros de Fluidização como:

Densidade do Gás, Velocidade do Gás, tamanho da Partícula e distribuição do tamanho da

partícula.

22

Velocidade do gás muito baixa: menos homogeneização, resultando em aglomerados e

grandes partículas;

Velocidade do gás muito alta: finos carreados para fora que podem resultar em obstrução

no sistema de reciclo e da placa de distribuição do gás no leito de resina;

Densidade do Gás: aumento da razão da densidade do gás/densidade da partícula, o leito

expande mais.

O controle da composição do gás no sistema é um dos mais importantes. As

composições e suas relações uma com as outras fazem a maioria dos controles do produto.

A temperatura do reator, pressão, nível do leito, velocidade superficial do gás e o tempo de

residência fazem o resto da maioria dos controles. Assumimos que todo gás que entra no

reator contém algum grau de veneno, mesmo que pequeno, para o catalisador que esta

sendo alimentado. Sendo assim, as correntes de alimentação passam através de uma série

de sistemas de purificação e remoção de venenos para mantê-los a níveis baixos e estáveis

tanto quanto possíveis. Um nível mínimo e estável é um parâmetro de controle para uma

boa operação.

Para a análise da composição do gás de reciclo, o sistema de reação utiliza um

cromatógrafo a gás. Essas saídas para o computador/controlador mantem as razões

desejadas para o controle das propriedades da resina. A análise é feita em percentagem

molar. Os hidrocarbonetos e hidrogênio são necessários para o controle das propriedades

da resina. Esses números precisam ser exatos. O Nitrogênio é inerte no processo.

O índice de fluidez é uma medida inversa do comprimento médio da cadeia de

polietileno. É a variável de controle primário no reator, através da razão H2/C2. O controle

secundário é a razão comonômero/eteno, que pode afetar também a densidade do

polietileno. Em laboratório, o índice de fluidez, MI ou IF, é medido pela quantidade de

resina que flui através de um orifício de tamanho padrão em uma temperatura padrão com

uma quantidade padrão de pressão aplicada. Expressa em gramas/10 min. O índice de

fluidez pode ser usado como um indicador da resistência do polímero. Com o aumento do

IF, decréscimo do peso molecular, a resistência à tensão, ao rasgo, à quebra por fadiga, ao

calor, durabilidade, à impacto e decréscimo de encolhimento, diminui.

No reator o hidrogênio é usado no processo como um terminador de cadeia. Isto

significa que ele interrompe o crescimento dela e controle o índice de Fluidez, ou MI.

23

Cadeias menores originam moléculas de peso molecular mais baixo os quais será indicado

por um alto índice de fluidez no laboratório.

A densidade é determinada durante a polimerização pelo grau de moléculas

ramificadas, que é controlado pela adição de comonômeros em processo metalocênico

Unipol®, pela adição de 1-Hexeno ou 1-buteno, dependendo do grade a ser produzido.

Uma maior adição de comonômero acarreta menor densidade da resina e o índice de

fluidez aumenta. A alimentação de comonômero deve ser controlada também pela

possibilidade da existência de venenos na corrente, sendo desta forma purificada antes e

monitorada por “cromatógrafos de linha”, que são instrumentos de controle que mandam

informações para uma sala de controle central.

Por ser um processo muito sensível a impurezas e venenos, com o objetivo de evitar

contaminações e venenos, torna-se necessário alguns cuidados para enfrentarmos esses

riscos. A Preparação e limpeza rigorosa dos sistemas como: limpeza da placa e do rotor do

compressor, limpeza e manutenção do sistema de dosagem de catalisador, limpeza do

sistema de mastermix, modificação da alimentação de polímero no “hopper” da extrusora.

Pode haver a necessidade também de limpeza da placa distribuidora e seção expandida do

reator, troca do cooler, limpeza do sistema de descarga de produto do reator e eliminação

de entradas de oxigênio na extrusão e troca de mangas de filtros.

3.5.1.2. Extrusão:

Toda resina que sai do reator, através do Sistema de Descarga de Produto, irá ser

processada na área de extrusão. Resina e aditivos sólidos são alimentados através do

“hopper” para o interior da extrusora, onde são misturados e fundidos. O polímero fundido

é descarregado diretamente para o interior de uma bomba de resina e esse material

descarregado é , então, peletizado, após passar por uma matriz. Os pellets são bombeados

por uma corrente de água para um Removedor de aglomerados e secador de Pellets. A água

retorna para o sistema de água de peletização e os pellets secos são descarregados e

transportados para a silagem.

Por suas características e sensibilidades, as condições de controle para uma boa

operação de extrusão de resinas metalocênicas de polietileno são muito rigorosas. As

resinas de polietileno precisam de certas condições de processamento para alcançar

propriedades que satisfaçam as qualidades de um bom produto final. Antes da partida

efetiva da extrusão, estas condições precisam ser atendidas:

24

• As temperaturas das zonas devem estar maiores que 160ºC, exceto a zona do

“hopper”, que deve ser resfriada com água;

• As demais temperaturas devem estar maiores do que 220ºC: Válvula de purga,

bomba de polímero, filtro, matriz;

• Aumento de Nitrogênio para vaso de purga antes da partida da máquina. O produto

é muito sensível a entrada de O2, seja na reação, perda de produtividade, ou

extrusão, aparência do filme;

• A temperatura da água de peletização deve estar em torno de 60ºC;

• Verificar posição do slot, que deve estar em torno de 30mm;

• Cortador na posição recuada e com velocidade em torno de 300rpm;

• Sistema de aditivação preparado, com uma batelada de aditivos adequada para o

produto a ser processado;

• Extrusora com o motor principal em velocidade baixa, também podendo trabalhar

com cargas baixas. Em testes, ficou mostrado que trabalhar com rotação alta não

altera em nada as propriedades do polímero, só há aumento na demanda de energia.

• Uma cesta de aditivos, previamente estudada e preparada especificamente para

cada produto, se faz necessário, tanto para proteger a resina durante a extrusão,

quanto para dar características após a mesma. Desta forma, um antioxidante será

utilizado para a melhora da aparência do filme ou evitar ataques indevidos de O2.

Estes, geralmente são a base de compostos fenólicos. Podemos observar que

sistemas catalíticos de alta eficiência têm como atributos geração de poucas cinzas,

sem natureza ácida o que elimina necessidade de utilização de certos aditivos como

estearatos e produzem polímeros mais estáveis.

As variáveis controladas na extrusão são de vital importância para um produto de

qualidade, visto que é nesta fase do processo que teremos o produto acabado, que, se

estiver fora de especificação, só poderemos reprocessá-lo numa determinada faixa estreita

de desvio de parâmetros. Controles como Índice de Fluidez, IF ou MI ( inglês Melt Index),

contaminação de Produto, Quantidade de pellets-grama, forma aparente dos grãos, índices

de Amarelecimento e Brancura e aditivação serão rigorosamente controlados.

Podemos ter como exemplo para o índice de fluidez a aplicação do material numa

extrusão e posterior injeção para fabricação de peças. Os materiais com maior índice de

fluidez são menos viscosos e, conseqüentemente, fluem mai facilmente. Essa propriedade

25

conduz a um melhor enchimento do molde, determinando, assim, a aparência da peça

moldada. Por esta razão, pode-se notar que uma resina de alto índice de fluidez e de fluxo

mais fácil, produzirá peças de maior brilho. A resistência ao “stress-cracking” da peça

moldada, também esta relacionada com o índice de fluidez, pois, quanto menores forem as

cadeias carbônicas do polímero, menor será sua resistência a essa propriedade. Portanto,

deduz-se que, para aplicações onde esta propriedade é importante, deve-se escolher uma

resina de alto peso molecular, consequentemente, de baixo índice de flluidez.

O índice de fluidez é também de considerável importância no ciclo de moldagem, uma

vez que a temperatura necessária para atingir uma aparência satisfatória é substancialmente

menor para um material de alto índice de fluidez, portanto é necessário menor resfriamento

de molde, para alcançar o ponto de solidificação. A temperatura de injeção também influi

nas propriedades do polietileno. A experiência tem demonstrado que, aumentando-se a

temperatura de injeção, diminui a resistência a tração, aumenta a resistência ao “stress-

cracking”, melhora a resistência à delaminação superficial, diminui a concentração durante

o resfriamento e melhora o brilho da peça moldada. Devido a tendência do polímero a se

cristalizar, este sofre uma contração relativamente alta durante o resfriamento.

Normalmente a contração do polietileno de baixa densidade é da ordem de 1 a 3% e do

polietileno de alta densidade é de 2 a 4%.

Algumas condições para moldagem por injeção dos três tipos de polietileno requeridas

na extrusão são fornecidas na Tabela 5.

Tabela 5 – Condições de processamento por injeção do polietileno.

Temperaturas Média e Baixa Alta Densidade

Temperatura do cilindro(ºC)

Zona 1 (ºC)

Zona 2 (ºC)

Zona 3(ºC)

Zona 4(ºC)

150 – 230

170 – 230

200 – 230

200 – 250

150 – 300

170 – 300

170 – 300

170 - 300

Temperatura do bico (ºC) 200 - 300 200 - 280

Temperatura do molde (ºC) 5 - 90 5 - 90

Pressão de Injeção (psi) 8000 -25000 10000 - 30000

26

4. FILMES TERMOENCOLHÍVEIS: CONTROLES E PROBLEMAS

Cerca de 75% do polietileno produzido são processados por extrusão, na forma de

filmes,

laminados, revestimento de fios e papeis, tubos, peças ocas. A relação L:D ou C:D da rosca

e taxa de compressão utilizada na extrusão do polietileno é de 16:1 a 20:1 e a taxa de

compressão esta compreendida entre 2,5:1 e 4:1. A temperatura empregada na extrusão

deste polímero, normalmente é de 180 a 230ºC. Para o processamento de filmes tubulares,

utiliza-se razões de sopro de 2,2:1 e 4,5:1 para PEBD e PEAD, respectivamente.

Na fabricação de peças por extrusão a sopro a temperatura do molde normalmente

empregada é de 10 a 80ºC, diminuindo-se esta temperatura ocorrerá uma redução do ciclo

de moldagem, o material contrairá menos e a peça ficará mais flexível. A pressão do ar

normalmente empregada é de 30 a 100 psi, aumentando-se esta pressão, nota-se que o

produto contrai menos durante o resfriamento.

A redução de variação de espessura é uma preocupação constate dos fabricantes de

filmes. Variação de espessura significa aumento de custo, pois, entre outras implicações, a

espessura média tem de ser elevada para que a menor espessura obtida ainda atinja as

especificações das propriedades mecânicas da aplicação.

Apresentamos abaixo algumas observações que poderão ser úteis no caso de variação

excessiva de espessura. O presente trabalho não tem pretensão nem condições de esgotar

por completo o assunto, dada a grande variedade de fontes de variação de espessura, no

entanto poderá servir de subsídio para o processo de identificação de causa desse problema

e para sua redução.

No caso de a variação ser inferior à especificada pelo fabricante do equipamento

(extrusora) e mesmo assim não atender as necessidades da aplicação: deverão ser

realizados investimentos no equipamento ou em periféricos para a redução da variação do

processo. Supondo que a variabilidade obtida seja superior a informada pelo fabricante da

extrusora, podemos verificar qual a causa dessa variação excessiva. Vamos dividir o

problema em duas partes, uma até a matriz e outra após a saída do material.

4.1. MAQUINAS COM CABEÇOTE GIRATORIO

No caso de maquinas com cabeçote giratório, alguns componentes da variação de

espessura antes da saída da matriz poderão ser identificados interrompendo o movimento

do cabeçote. Caso a variação de espessura deixe de ser aleatória e fique localizada em

27

determinadas posições do filme, a variação será proveniente de fatores antes da saída do

material pela matriz. No entanto, caso a variação de espessura continue aleatória, mesmo

com o giratório parado, a origem ainda poderá estar antes ou após a saída do produto pela

matriz.

No caso acima, se a variação deixar de ser aleatória e ficar localizada em alguns

pontos, como o giratório parado, será uma indicação de que a causa da variação esta

localizada na região do cabeçote (helicoidal) ou da matriz. Poderemos, nesse caso,

investigar fontes do tipo (alguns exemplos):

Caso a variação de espessura deixa de ser aleatória e fique localizada em determinadas

posições do filme, a variação será proveniente de fatores antes da saída do material pela

matriz. No entanto, caso a variação de espessura continue aleatória, mesmo com o giratório

parado, a origem ainda poderá estar antes ou após a saída do produto pela matriz.

Variação de temperatura ao longo da circunferência da matriz:

Temperaturas diferentes em diferentes regiões da matriz promoverão temperaturas

diferentes do material fundido ao longo da circunferência da matriz. Isso poderá ser

decorrente de aquecimento não-uniforme da matriz, sujeira, resfriamento não-uniforme

pelo ar de resfriamento do anel de ar, anel de ar desnivelado ou com o separador do anel de

ar da matriz com altura não-uniforme, etc..

Um ponto da matriz com temperatura mais elevada fará com que o material mais

aquecido seja tensionado mais facilmente, alongue mais e, com isso, apresente redução

4.2. MÁQUINAS COM CABEÇOTE FIXO COM TORRE GIRATÓRIA

No caso de cabeçote com torre giratória, deveremos buscar primeiro as fontes

provenientes antes da saída do produto pela matriz, caso não se encontre uma causa

provável nesses fatores após a saída da matriz, descritos no final do texto.

O componente que pode ser influenciado pela resina/mistura de produtos é o que vai do

funil até a matriz. Para que o produto chegue de forma homogênea á matriz ele tem de

respeitar dois requisitos:

a. A mistura dos produtos no funil deve ser homogênea;

b. Essa mistura de resinas + aditivos + material recuperado que entra na rosca deverá

ser perfeitamente fundida e homogeneizada e atingir a matriz com a mesma

28

composição e temperatura em todos os pontos.

As sugestões para verificar a provável causa de variação de espessura originada antes

da saída do produto pela matriz são:

a. Quando for observada variação excessiva de espessura, interromper a utilização da

mistura e rodar somente um produto na máquina (PEAD, por exemplo). Caso a

variação seja significativamente reduzida ao processar somente uma resina, isso poderá

ser um indicativo de que o equipamento não consegue homogeneizar bem os

componentes da mistura utilizada.

b..O mesmo vale para o caso de a variação aumentar quando a porcentagem de um dos

componentes da mistura for alterada. A eficiência na capacidade de homogeneizar uma

determinada composição não significa que o equipamento consiga homogeneizar

qualquer tipo de mistura (várias resinas em diferentes porcentagens). Possíveis

alterações para resolver ou minimizar esse problema são o aumento da contrapressão,

utilizando telas (filtros) mais fechadas, a redução da abertura da matriz e/ou a redução

do perfil de temperaturas na região da rosca. Sugere-se também a escolha de produtos

com fluidez mais próxima, o que facilitará o trabalho de homogeneização dos produtos

pela rosca da extrusora.

No entanto poderá ocorrer o seguinte:

c. A mistura pode não estar homogênea no funil de alimentação. Se isso estiver

acontecendo, não haverá rosca ou cabeçote que consigam homogeneizar bem a

mistura. A simples vibração do funil poderá provocar a separação dos materiais,

devido à diferença de densidade dos componentes da mistura. Nesse caso, um

alimentador gravimétrico poderá solucionar o problema. Esse tipo de problema

pode ser verificado em filmes coloridos pela variação da cor do filme durante o

processamento, em função da diferença de densidade entre o máster e a resina.

d. Excessivo número de componentes da mistura: os equipamentos de produção de

filmes são, em geral, projetados para receber uma mistura homogênea, de poucos

componentes, e promover um elevado bombeamento do material para assim

conseguir uma elevada produção. Quando utilizadas misturas de muitos

componentes, será agregada à própria dificuldade de mistura e homogeneização no

misturador e no funil também a dificuldade de homogeneização da massa fundida

29

pelo trabalho da rosca. Como resultado, regiões da massa fundida com diferentes

composições apresentarão diferentes viscosidades, com variação de resistência do

filme durante o resfriamento após a saída da matriz.

e. Caso, rodando somente um produto, a variação se mantenha elevada, deverá ser

verificado se a massa fundida chega com a mesma temperatura a todos os pontos da

matriz. Nesse caso, deverá ser efetuada a medida de temperatura ao longo da

circunferência da matriz com um termômetro de contato e com a resina saindo pela

matriz. Diferenças de temperatura geram diferenças de viscosidade da massa

fundida.

f. Não devemos esquecer que a rosca e o cabeçote são projetados para um

determinado tipo de produto. Nos cálculos são levados em consideração a fluidez

do produto (M), a consideração do material (m) e seu índice de potência (n).

Normalmente são utilizados valores que proporcionem uma boa processabilidade

para vários produtos, mas, se as propriedade da resina pura ou da mistura utilizada

estiverem distantes dos valores utilizados para o projeto do equipamento,

poderemos ter a ocorrência de problemas como o de gomos no balão. Algumas

vezes conseguimos minimizar essa diferença pela utilização de uma mistura de

produtos ou alterações nas condições de processamento.

g. Condições de processamento muito severas poderão promover a degradação do

produto, com variação da viscosidade da massa fundida. A redução da viscosidade

do produto com a temperatura elevada resultará em menor resistência do produto ao

estiramento do filme. Assim, pequenas variações de temperatura poderão gerar

maior variabilidade de espessura do que seria observado com o filme não-

degradado.

A degradação também poderá gerar a adesão de material no cabeçote ou na matriz

(deposição). O material degradado aderido ao equipamento provocará uma alteração da

orientação molecular (efeito memória) que poderá provocar faixas ou gomos no balão.

Recomenda-se no caso de faixas ou gomos localizados no filme, a parada do equipamento

e a verificação de existência de material degradado (deposições) não só na matriz, como

também em todo o helicoidal.

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Caso, após todas essas verificações, não seja encontrada a causa do problema, deverão

ser avaliados os fatores após a saída da matriz, como vazão ou temperatura não-uniforme

do ar do anel de ar, furos nas mangueiras de ar, correntes de ar sobre o pescoço e o balão,

desalinhamento da maquina, tensionamento não-uniforme do filme e/ou qualquer outro

fator que possa estar atuando de forma não-homogênea sobre o filme.

- Poderá ainda ocorrer um caso no qual a variação de espessura esteja dentro do

especificado pelo fabricante do equipamento, mas acima das necessidades da

aplicação.

Mesmo que a mistura esteja adequada, com todos os componentes da extrusora

funcionando perfeitamente, ainda assim haverá variação natural do processo, decorrente de

variações das propriedades das resinas dentro das faixas de tolerância, variações de tensão

(V), que provocam variações de rotação da rosca e da velocidade do motor de puxamento

do filme, além das variações naturais de pesagem e homogeneização dos componentes da

mistura. Admite-se uma variação de aproximadamente 10% na espessura de filmes

soprados. Para reduzir a variação natural do processo, pode-se atuar no controle da

espessura, o que normalmente pode ser feito com a utilização de recursos no anel de ar ou

na matriz que permitam:

-Variação do volume de ar no anel de ar (circunferência do anel de ar);

-Variação da temperatura do ar no anel de ar (na circunferência do anel de ar);

-Variação da temperatura na matriz (na circunferência da matriz);

-Variação da abertura da matriz (mais usada);

-Manutenção da vazão de material constante, pelo uso de dosadores gravimétricos.

Os periféricos, como alimentadores gravimétricos, sistema de troca-tela contínuo,

dosadores contínuos de máster por rosca sem-fim, contribuem para a estabilidade do

processo e a obtenção de filme com maior regularidade de espessura, menor nível de géis,

menor nível de degradação e, consequentemente, maior resistência mecânica.

Alterações nos equipamentos sem a prévia consulta ao fabricante não é recomendável.

Um exemplo é a retirada do separador do anel de ar da matriz. O anel de ar, ao encostar na

matriz, pode provocar seu resfriamento, o que ocasionará não só variações de espessura,

mas outros problemas, como fratura (escamas) no filme.

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Por fim, verifique com frequência o estado de limpeza e desgaste do equipamento.

Sujeira no helicoidal ou na matriz provoca vazão não uniforme de material pela matriz.

Sujeira no anel de ar resulta em variação da vazão de ar de resfriamento, o que pode levar

à variação de espessura do filme.

- O que ganhamos com a redução da variação de espessura?

A redução da variação da espessura dos filmes faz parte dos requisitos da qualidade do

filme. Com a redução da variação da espessura, não só a resistência mecânica e as

propriedades ópticas serão mais homogêneas, como também poderá ser obtida uma

economia considerável no final do ano. Vejamos o exemplo simples seguinte:

Um filme de 80 micra por parede e que apresente uma variação de mais ou menos 10%.

Isso significa que haverá uma faixa de variação de 72 até 88 micra. Na prática, a espessura

mínima será de 72 micra, pois abaixo disso o filme apresentará problemas e tudo o que for

produzido acima de 72 micra será prejuízo para o fabricante.

Considerando uma produção mensal de 100 tons desse filme, a espessura média de 80

micra representará 8 micra a mais que o mínimo necessário, ou seja, aproximadamente

11% de perdas no mês, ou 11 tons/mês, que literalmente vão para o ralo somente nessa

aplicação.

Obviamente não é possível zerar a variação de espessura e produzir um filme com

exatamente 72 micra, mas, se investimentos forem feitos para reduzir a variação para, por

exemplo, 5% ( a espessura média passaria para 75,8 micra pp ), o volume mensal de

produto acima do mínimo necessário (72 micra pp) cairia para aproximadamente 5,3

tons/mês, o que resultaria em uma economia de mais de 5,8 tons/mês somente para essa

aplicação de 100 tons/mês. Pode ser que, em função do preço do produto final, do ganho

resultante de redução de variação de espessura ou do preço da matéria-prima, não se

justifiquem os investimentos, mas é recomendável fazerem-se as contas, pois

eventualmente os investimentos na redução da variação da espessura dos filmes poderão

ser pagos num tempo menor do que o imaginado inicialmente e no final será obtido não só

um produto com menor custo, como também com mais qualidade, em função de sua maior

regularidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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– 1973.

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Edição – 1975 ( Tradução ).

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