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Edição 655 - 29.12.2016 Informativo eletrônico semanal do mandato Depois de aumentar impostos, atrasar salários, jogar o RS no obscurantis- mo e confiscar o 13º salá- rio, Sartori é vaiado em cerimônia de formação de Policiais Militares, nesta quinta-feira (29). POPULARIDADE CORROÍDA Resistir contra o golpe, o obscurantismo e a “desgauchização" A mobilização dos trabalhadore(a)s, depois da votação que extinguiu fundações, mostra uma enorme resistência popular contra o retrocesso no estado. Evidencia que Sartori e seus aliados não venceram no plenário da Assembleia impondo cortes acompanhados de bombas e gases na Praça da Matriz. A luta seguirá, com a mudança do calendário em 2017, contra a injustiça, a desigualdade e o apequenamento do nosso RS. PÁGINA 02

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Edição 655 - 29.12.2016Informativo eletrônico semanal do mandato

Depois de aumentarimpostos, atrasar salários,jogar o RS no obscurantis-mo e confiscar o 13º salá-rio, Sartori é vaiado emcerimônia de formaçãode Policiais Militares, nestaquinta-feira (29).

POPULARIDADECORROÍDA

Resistir contra o golpe, oobscurantismo e a “desgauchização"

A mobilização dos trabalhadore(a)s, depois da votação que extinguiufundações, mostra uma enorme resistência popular contra o retrocesso noestado. Evidencia que Sartori e seus aliados não venceram no plenário da

Assembleia impondo cortes acompanhados de bombas e gases naPraça da Matriz. A luta seguirá, com a mudança do calendário em 2017,

contra a injustiça, a desigualdade e o apequenamento do nosso RS.

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(DES)GOVERNO SARTORI

a quarta-feira (28), o deputado estadual Adão Villaverde (PT) participou da grande mobilização dos servidores da FEPAGROe da TVE contra a extinção das fundações por parte do obscurantista e desgauchizador governo Sartori. O ato ocorreu em frenteà sede da Fepagro, no bairro Menino Deus. Após, os manifestantes seguiram até a Secretaria Estadual de Agricultura, ondeentregaram um documento a um dos diretores executivos, que se comprometeu a repassá-lo ao secretário da pasta. Nomanuscrito (em detalhe na foto superior), assinado por tod@s, os servidores destacam a importância da fundação para odesenvolvimento do estado.

Na manhã de segunda-feira (26), Villaverde participou do ato de resistência à extinção da TVE e da FM Cultura, que reuniuservidores da fundação e de demais categorias. Na atividade, que ocorreu em frente à Fundação Piratini, o parlamentar reforçouseu apoio ao movimento destacando que o pacote apresentado pelo governo Sartori, que extingue fundações, penaliza servidorese prejudica toda a sociedade gaúcha, é inaceitável. "Extinguir as fundações é a rendição do Estado. O governo é um deserto depolíticas e está levando o Estado para uma condição submissa de se desfazer do seu patrimônio e de sua inteligência", acentuou.

Extinção das fundações é enormeretrocesso para o Rio Grande do Sul

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ARTIGOS

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O obscurantismo, a “desgauchização” e o novo continente de Atlântida*

ADÃO VILLAVERDE ELUIZ FERNANDO MAINARDI**

pacote de Sartori, alinhado às po-líticas de Temer, revelou seus objeti-vos: não resolver a crise das finançasdo RS e buscar somente restabelecer aausteridade como um fim em si mes-mo, diminuindo o Estado, sem apresen-tar projeto para crescermos. Quem co-nhece economia sabe, esta receita nãoresolve crise, só faz aumentá-la.

As extinções das fundações de pes-quisa, ciência, tecnologia, criatividade,memória e comunicação pública foramum duro golpe na sociedade, só servempara expatriar nossa inteligência eviabilizar consultorias a peso de ouro.

A mobilização social e um bloco deresistência na Assembleia conseguiramimpedir que se rasgasse a Constituiçãoe se completasse o retrocesso. Evita-ram o ataque aos direitos e conquis-tas, como o confisco e a “pedalada” nasdatas de pagamento dos salários e do13°, e o fim da exigência de plebiscito

para vender patrimônio gaúcho.A derrota de Sartori na tentativa de

levar o caos aos outros poderes é tam-bém emblemática. Por isso, de um lado,toda a manipulação no tema doduodécimo, que não atacava as injus-tiças e privilégios no interior dos pode-res, que existem e devem ser enfren-tados. E de outro, provocações cínicasno fechamento das fundações e nasperversas 1200 demissões que, às vés-peras do natal, revelaram um caráterinsensível e de desprezo aos servido-res e seus familiares.

Sem diálogo e sem negociação comninguém, a soberba e o autoritarismodeste governo trouxeram de volta mé-todos repressivos da ditadura. Sartoritenta materializar seus objetivos des-de o primeiro dia de seu governo, ven-dendo a ideia do caos sistemático.

Cuidado com a versão únicasartoriana, que tem todo o espaço na

mídia para se auto elogiar, enquantobusca adjetivos escolhidos a dedo paradesqualificar opositores.

Não poderíamos esperar outra ati-tude dos defensores do neoliberalismoconservador: não aceitar que as mobi-lizações de rua, mesmo sob forte re-pressão e, a aliança democrática, tra-balhista e de esquerda na Assembleia,impedissem que a agenda obscurantis-ta, de “desgauchização” expatriadoracom a transformação do RS em um novocontinente de Atlântida, se completas-se por inteiro em solo riograndense.

*Continente de Atlântida refere-se a uma len-

da grega sobre uma ilha ancestral que sub-

mergiu no mar na antiguidade.

**Professor, engenheiro e deputado estadual

(PT-RS)

O

Desmonte do Estado, ataque aos direitos,mais poder, mas sem enfrentar os privilégios*

ADÃO VILLAVERDE**

pacote do governador Sartori demons-trou claramente seu objetivo: não resol-ver a crise das finanças e estabelecer aausteridade como um fim em si mesmo,qual seja, a diminuição do Estado.

A entrega das funções públicas, atra-vés da extinção das nossas fundamen-tais fundações, e as tentativas deprivatizações das empresas públicaseram seus objetivos centrais. É, por-tanto, um pacote ideológico e não pararesolução do equilíbrio das finanças doRS e nem das demandas da sociedade.Por isso não tratamos os projetos caso-a-caso, mas sim na sua totalidade.

Sofremos um enorme golpe, porquea sociedade foi derrotada ao não se per-mitir mais ter instituições públicas re-conhecidas de pesquisa, inteligência,criatividade, memória e democratiza-

ção da informação. Sartori é um exter-minador do futuro que joga os gaúchosàs trevas e ao obscurantismo.

Conseguimos resistir porque impedi-mos retrocessos nos direitos e conquis-tas dos que trabalham no setor público epor termos evitado a subtração do di-reito da sociedade decidir sobre o que éseu: o patrimônio público. Continua naConstituição Estadual a necessidade deplebiscito para vender estatais. Não per-mitimos mexer nas licenças prêmios,acabar com liberação de dirigentes sin-dicais, confiscar datas de pagamento dossalários e atrasar e pedalar o 13° salá-rio, retirar benefícios fiscais dos peque-nos, atacar direitos dos servidores dasegurança pública, em especial da Bri-gada Militar, dentre outros.

Nosso balanço geral é de que valeu

a resistência. Como o pacote era ideo-lógico, se formou, de um lado, um blo-co nacional desenvolvimentista em sologaúcho, e de esquerda (PC do B, PDT,PSOL, REDE, PT); e de outro, a direitacom seu papel a serviço dos interessesprivados e a intolerância contra os debaixo e menos favorecidos, com exce-ção do PPL.

A derrota de Sartori na tentativa delevar o caos aos outros poderes é tam-bém emblemática. Por isso toda a rai-va da grande mídia no tema doduodécimo e as “lágrimas de crocodi-lo” cínicas no fechamento das funda-ções e nas insensíveis mais de 1200demissões às vésperas do natal.

Logo é fundamental explicar o temado duodécimo. A autonomia dos pode-res é o principal pressuposto do Estado

O

Artigo publicado no jornal Zero Hora em 28 de

dezembro de 2016 com pequenas adaptações

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ARTIGOS

Democrático de Direito. E eles, comoos golpistas em Brasília, depois dedesconstruírem a política, os partidose as instituições, queriam tirar tambéma autonomia e a independência dos po-deres.

O pacote era só de diminuição derepasses, não enfrentava nada dodesequilíbrio, das desigualdades, dasinjustiças e privilégios salariais no in-terior de cada poder, que existe e deveser enfrentado. Mas nós (PC do B, PDT,PSOL, REDE, PT) aceitamos a agendado repasse dos poderes e propusemosuma regra de transição. O governo,sabendo que ia perder neste tema, etambém já estava derrotado no seuobjetivo principal, que eradesconstitucionalizar os plebiscitos para

Sofremos um enorme golpe,porque a sociedade foi

derrotada ao não se permitirmais ter instituições públicasreconhecidas de pesquisa,inteligência, criatividade,

memória e democratizaçãoda informação

venda de Estatais, resolveu não nego-ciar, para imputar a este bloco suas fra-gilidades e responsabilidades e por de-corrência sua derrota.

Aliás, a soberba e o autoritarismodeste governo que trouxe de volta mé-todos repressivos da ditadura para o RS,fica revelado também neste tema. Nãoconversa, não dialoga e não negocia comninguém e ainda solta o “cassetete de-mocrático”, balas de borracha e bom-bas de efeito moral nos trabalhadores.É importante que todos saibam: do or-çamento do poder Executivo, 65% é parapessoal. Portanto, Sartori não paga emdia seus servidores porque não quer. Etem o apoio da grande mídia para en-cobrir isto. Olívio e Tarso tinham amesma condição: não atrasaram nuncao salário e não venderam um parafuso.

Só de receitas especiais até 2018,Sartori receberá R$ 24 bilhões, quandoo déficit anual não é mais que R$ 4 bi-lhões. Afora os R$ 7 bilhões/ano da so-negação que não enfrenta e os R$ 9 bi-lhões de renúncias fiscais que poderi-am ser revisadas.

Podem ter certeza, ele busca mate-rializar seus objetivos desde o primei-ro dia de seu governo. Por isto vendeua ideia do caos, cujo ápice se expres-

sou no não pagamento em dia dos ser-vidores e agora com o confisco do 13°,que aliás, já tem decisões judiciais paraser pago para algumas categorias, comoo caso dos professores. Cuidado com aversão única do sartorismo extermina-dor do futuro, que tem todo o espaçona mídia para se auto-elogiar, enquan-to que busca adjetivos escolhidos adedo para desqualificar os opositores,aqueles que divergem.

E para finalizar, provavelmente digoo óbvio. Pois não poderíamos esperaroutra coisa dos defensores doneoliberalismo conservador e atrasadode Sartori – que não deu certo nem aqui,com Britto e outros, nem em vários lu-gares do mundo – que não esta atitude:estão furiosos porque a mobilização deruas, mesmo sobre forte repressão, ea aliança democrática, trabalhista e deesquerda impediram que a agendasartoriana se realizasse por completona Assembleia Legislativa gaúcha.

O calendário muda, mas a Luta con-tinua!

*Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21

em 28 de dezembro de 2016

**Adão Villaverde e Luiz Fernando Mainardi

são deputados estaduais pelo PT-RS.

A farsa da modernização trabalhista*

ão foi contra a corrupção e o aumentode impostos que os empresários da Fiespinflaram aquele pato amarelo na AvenidaPaulista e em frente ao Congresso Nacio-nal, durante o golpe do impeachment,apoiados pelos batedores de panelas ves-tidos com a camiseta da CBF.

Os empresários que atropelaram ademocracia e financiaram o afastamen-to da presidenta Dilma possuem outrosinteresses, cuja fatura já foi devidamen-te cobrada do presidente ilegítimo MichelTemer. Não existe almoço grátis.

A pretexto de tirar o país da crise,eles buscam alterar a legislação para re-tirar direitos dos trabalhadores. Direitos,aliás, que nunca foram empecilho paraque as empresas crescessem e o Brasilse tornasse uma potência mundial.

Além de patrocinar o golpe, a Fiesp eoutras federações empresariais querem

CLAUDIR NESPOLO**

tirar proveito da composição mais favo-rável no Congresso para aprovar projetosque certamente, se apresentados em cam-panha eleitoral, não renderiam votos.Querem fazer o trabalhador pagar o pato!

O projeto de lei ainda não foi envia-do por Temer ao Congresso, mas o quefoi anunciado às vésperas do Natal, semqualquer participação da CUT, já é su-ficiente para revelar que se trata damaior reforma trabalhista na históriado país, pois visa flexibilizar a CLT e aConstituição de 1988. Por exemplo, como negociado sobre o legislado, em ple-na recessão, com 12 milhões de desem-pregados, o governo propõe aprecarização do trabalho, o que vai ge-rar menos renda, menor consumo e pro-dução, comprometendo a retomada docrescimento econômico.

Ao invés de avanço trabalhista, como

propagandeiam golpistas de plantão, exis-tem retrocessos inegáveis. Dizer que é umaproposta de modernização na legislação éuma farsa. É uma reforma feita sob medi-da para empresários gananciosos, que des-respeitam leis e querem se livrar de açõestrabalhistas. Segurança jurídica é cumprira legislação vigente. Legalizar fraudes éroubar direitos dos trabalhadores.

Temos agora mais uma frente deresistência em defesa dos direitos, aolado do combate à reforma da Previdên-cia que visa tirar da maioria dos traba-lhadores o direito de se aposentar.

*Artigo publicado no jornal Zero Hora em 29

de dezembro de 2016**Presidente da CUT-RS

Leia mais em https://goo.gl/fpvmf0

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Livrodenunciao golpe epropõeresistência

É GOLPE, SIM!

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Na página seguinte,confira os principais atosde lançamento do livro

Charges internas do livrosão de autoria docartunista Edgar Vasques

á na principal afirma-ção do título, “É Golpe,sim! Terceiro turno semurnas, o ataque aos direi-tos sociais e oentreguismo”, de autoriade Adão Villaverde, secumpre a função de denun-ciar o brutal ataque à de-mocracia e ao Estado Cons-titucional de Direito, queviolou o cargo dapresidenta legitimamenteeleita com mais de 54 mi-lhões de votos.

O livro faz um resgatecronológico do golpe atravésde artigos do deputado pu-blicados logo após a reelei-ção de Dilma Rouseff em2014 que marcou a quartaderrota eleitoral consecutivadas elites, dos neoliberais edo capital financeiro e geroua reação devastadora, deuma maioria parlamentar cir-cunstancial e de parte do ju-diciário, com o apoio damídia, contra os avanços econquistas da população dasduas últimas décadas.

A publicação ainda carac-teriza a continuidade golpistacom os ataques aos direitossociais, trabalhistas eprevidenciários e revela suaessência de renúncia à sobe-rania, com a dependênciatécnico científica e a entre-ga da exploração do pré-sala empresas estrangeiras.

É GOLPE, SIM!

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O formato de edição compartilhada com a instituição de um bônus promocional,pela metade do valor da capa, não foi somente uma forma de viabilizar os custos deimpressão da Editora Sulina, mas foi uma forma de partilhar a edição com militantes,democratas e progressistas que contribuíram para desnudar o golpe de 2016 no Brasil.

Com o Plenarinho da Assembleia lotado, o bônus foi disponibilizado de forma coo-perativa para os interessados em ajudar a viabilizar a edição. Colaboradores do con-teúdo do livro, os cientistas sociais Céli Pinto, Benedito Tadeu César e Ilton Freitasestavam presentes no evento.

Apresentação do bônus promocional

Com imagem de capa de autoria do fotógrafo Luiz Eduardo Achutti e ilustrações deEdgar Vasques o livro foi apresentado ao público, que lotou o salão de eventos doSindicato dos Bancários de Porto Alegre, no dia 17 de outubro. Na ocasião, o ex-ministro José Eduardo Cardozo revelou tantos desvios jurídicos e criações oportunis-tas com aparência de legalidade cometidas ao longo do processo com ares desurrealismo.

Pré-lançamento com José Eduardo Cardozo

A partir das 19h, do dia 9 de novembro, na Praça dos Autógrafos, da 62ª edição daFeira do Livro da capital, Villaverde recebeu leitores, companheiros, amigos e famili-ares em busca de um exemplar do livro. Por mais de uma hora, o autor atendeu opúblico elaborando dedicatórias pessoais, conclamando à resistência necessária dian-te dos prejuízos do golpe.

Lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre

Convidado pela fundação da Fundação Friedrich Ebert e pelo Instituto NovosParadigmas (INP), o deputado Adão Villaverde lançou o livro no dia 2 de dezembro, noSeminário internacional Frentes Políticas na América Latina, no Hotel Windsor Leme,no Rio de Janeiro. Entre os palestrantes do evento que formaram fila de autógrafosestavam Guilherme Boulos e Camila Vallejo (Chile), entre outros convidados.

Lançamento nacional no Rio de Janeiro

O autógrafo de Adão Villaverde para a senadora Laurence Cohen emblematiza olançamento oficial do livro em Paris em 17 de dezembro.

Nesta data, o autor foi representado pelo advogado Carlos Frederico Guazelli, quecoordenou a Comissão da Verdade do Rio Grande do Sul, durante um debate na CGT(saiba mais na página seguinte), na capital francesa. Antes, no dia 13, Villaverdevisitou o Senado da França e presenteou Laurence com o livro. O deputado gaúcho foia Paris a convite do Instituto dos Altos Estudos para a América Latina para participarde um debate com o pesquisador Christophe Ventura sobre a dependência tecnológicado Brasil, que assunto do terceiro capítulo da obra.

Lançamento internacional em Paris

Na página a seguir, o debatecom Guazzelli em Paris.

o último dia 16, em Paris, reuniram-se membros da comunidade brasileirana França, ligados ao Núcleo local doPartido dos Trabalhadores (PT), junta-mente com sindicalistas daConfedération Géneral du Travail (CGT),para discutir a atual situação políticado Brasil, bem como as ameaças aosdireitos sociais e trabalhistas na Fran-ça, depois da recente aprovação da cha-mada loi travail.

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ARTIGO

Encontro em Paris discute a crise brasileira*

CARLOS FREDERICO BARCELLOSGUAZZELLI**

O aprofundamento recenteda crise brasileira se deve,em parte, ao descontrole

sobre os “jovens turcos” dosistema de justiça federal,

que voltaram suas bateriascontra os políticos do PMDB,

inclusive o presidenteilegítimo e seus ministros

Aproveitando viagem à capital fran-cesa, tive a oportunidade de participardo evento, para o qual foi convidado,igualmente, o deputado Adão Villaverde,que ali acorrera para outra agenda – eque, infelizmente, não pôde compare-cer, diante da necessidade de retornaràs pressas a Porto Alegre para a vota-ção do famigerado pacote, enviado desurpresa à Assembléia Legislativa peloGovernador do Estado.

O primeiro a falar foi Benoit Martin,responsável pela Secretaria Internacio-nal da CGT/Paris, que fez um apanha-do sobre o conteúdo e as consequênciasnefastas da mencionada reforma da le-gislação trabalhista francesa – ditada porBruxelas e nitidamente inspirada na ide-ologia neoliberal. O sindicalista lembrouque, sob o pretexto chantagista de im-pedir o desemprego, o conjunto demedidas imposto pelo presidenteFrançois Hollande – contra a vontademajoritária do povo francês – instituiua desregulamentação e a flexibilizaçãodas leis de proteção ao trabalho e aotrabalhador.

A nova legislação, imposta por de-creto presidencial (o que é autorizadopelo artigo 49 da Constituição France-

sa), implicou a derrogação do Códigodo Trabalho, bem como das demais leissociais em contrário, o que segundo odepoente caracteriza manifesto retro-cesso legislativo. A própria ação sindi-cal restou restringida, e a negociaçãoentre patrões e empregados, ao níveldas empresas, foi adotada como regrageral, subvertendo a tradicional hierar-quia normativa do Direito do Trabalho –sobrepondo-se às leis, inclusive à Cons-tituição.

Ele concluiu que, mesmo desconhe-cendo em detalhes a história brasilei-ra, a repercussão no noticiário interna-cional dos atuais eventos em nosso país,parece evidenciar que o mesmo mode-lo está em vias de implantação nas duasnações, a exigir pronta reação dos tra-balhadores organizados, sob a égide dointernacionalismo e da democracia.

Em seguida, me foi dada a palavra,e conforme o combinado com a organi-zação do evento, em apertada síntese,procurei discorrer sobre os movimen-tos em pinça – originários, de um lado,do parlamento e dos partidos políticos;e de outro, de setores do sistema dejustiça – que redundaram na deposiçãoilícita da Presidenta Dilma, sob o pre-texto de prática de “crime de respon-sabilidade”.

Considerando a presença dos anfitri-ões, declaradamente desconhecedoresda realidade brasileira, resolvi fazer di-gressão sobre a natureza dos dois prin-cipais partidos da direita brasileira, oPSDB e o PMDB, a fim de poder explicaras circunstâncias do desembarque des-te último do governo petista – naurdidura que redundou na instauração,desenvolvimento e desfecho do lamen-tável processo de “impeachment”.

Busquei chamar a atençãopara o caráter messiânico

da ação dos procuradores epoliciais federais que, em

Curitiba, sob a coordenaçãodo juiz Moro, desenvolvemas investigações seletivas

Referi, a seguir, o movimento de-sencadeado a partir da chamada “forçatarefa da operação lava-jato”, que ser-viu de gatilho para a decisão depeemedebistas e tucanos se aliarem nopropósito de formar a maioria parla-mentar necessária ao golpe contraDilma. E fiz questão, na linha do quetenho defendido em outros artigos pu-blicados nesse Sul21 – posição partilha-da, aliás, por outras pessoas – deenfatizar a linha autônoma da movi-mentação da chamada “República deCuritiba”, em relação àquela dos parti-dos e parlamentares da direita. De fato,os magistrados que conduzem as inves-tigações acerca dos crimes praticadospor dirigentes e servidores daPETROBRÁS, em conluio com políticosde alguns partidos (o PT e seus alia-dos), agem deliberadamente no senti-do de desconstituir o sistema de poderinstituído, e sua colaboração na maqui-nação para derrubar a Presidenta elei-ta, em conjunto com o PMDB e o PSDB,foi circunstancial, obedecendo a razõesestratégicas: era preciso antes apeá-lado governo, para depois prosseguir emsua ação saneadora.

Busquei chamar a atenção para o ca-ráter messiânico da ação dos procura-dores e policiais federais que, emCuritiba, sob a coordenação do juizMoro, desenvolvem as investigaçõesseletivas (pois jamais atingem os polí-ticos do PSDB, embora haja provas con-tundentes de sua participação nos fatosinvestigados), tendo como pretexto oscrimes contra o patrimônio público en-volvendo a maior estatal brasileira, e asmaiores empreiteiras nacionais – osquais efetivamente ocorreram, e devemser apurados e, uma vez comprovados,reprimidos, dentro das regras legais.

Leia mais em https://goo.gl/J5EtDc

*Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21

em 22 de dezembro de 2016

**Carlos Frederico Barcellos Guazzelli é De-

fensor Público aposentado, Coordenador da

Comissão Estadual da Verdade/RS (2012-2014).

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