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RESOLUÇÃO CFC Nº 1111/07 DE 29 DE NOVEMBRO DE 2007 APROVA O APÊNDICE II DA RESOLUÇÃO CFC Nº 750/93 SOBRE OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO a conveniência de um maior esclarecimento sobre o conteúdo e abrangência dos Princípios Fundamentais de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público, RESOLVE: Art. 1º. Aprovar o Apêndice II da Resolução CFC nº. 750/93 sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de novembro de 2007. Contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim Presidente INTERPRETAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE SOB A PERSPECTIVA DO SETOR PÚBLICO APÊNDICE II DA RESOLUÇÃO CFC Nº. 750/93 SOBRE OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE INTRODUÇÃO AO APÊNDICE O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem que institui. Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema. Adicionalmente, as novas demandas sociais estão a exigir um novo padrão de informações geradas pela Contabilidade Pública, e que seus demonstrativos – item essencial das prestações de contas dos gestores públicos – devem ser elaborados de modo a facilitar, por parte dos seus usuários e por toda a sociedade, a adequada interpretação dos fenômenos patrimoniais do setor público, o acompanhamento do processo orçamentário, a análise dos resultados econômicos e o fluxo financeiro. 1. INTERPRETAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE SOB A PERSPECTIVA DO SETOR PÚBLICO Resolução CFC 1111/07 http://www.crcsp.org.br/portal_novo/legislacao_contabil/resolucoes/Res... 1 de 6 17/09/2011 21:00

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  • RESOLUO CFC N 1111/07

    DE 29 DE NOVEMBRO DE 2007APROVA O APNDICE II DA RESOLUO CFC N 750/93 SOBRE OS PRINCPIOS

    FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE.

    O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exerccio de suas atribuies legaise regimentais,

    CONSIDERANDO a convenincia de um maior esclarecimento sobre o contedo eabrangncia dos Princpios Fundamentais de Contabilidade sob a perspectiva doSetor Pblico,

    RESOLVE:

    Art. 1. Aprovar o Apndice II da Resoluo CFC n. 750/93 sobre os PrincpiosFundamentais de Contabilidade.

    Art. 2. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 29 de novembro de 2007.

    Contadora Maria Clara Cavalcante BugarimPresidente

    INTERPRETAO DOS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADESOB A PERSPECTIVA DO SETOR PBLICO

    APNDICE IIDA RESOLUO CFC N. 750/93

    SOBRE OS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE

    INTRODUO AO APNDICE

    O ponto de partida para qualquer rea do conhecimento humano deve ser sempreos princpios que a sustentam. Esses princpios espelham a ideologia de determinadosistema, seus postulados bsicos e seus fins. Vale dizer, os princpios so eleitoscomo fundamentos e qualificaes essenciais da ordem que institui.

    Os princpios possuem o condo de declarar e consolidar os altos valores da vidahumana e, por isso, so considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema.

    Adicionalmente, as novas demandas sociais esto a exigir um novo padro deinformaes geradas pela Contabilidade Pblica, e que seus demonstrativos itemessencial das prestaes de contas dos gestores pblicos devem ser elaborados demodo a facilitar, por parte dos seus usurios e por toda a sociedade, a adequadainterpretao dos fenmenos patrimoniais do setor pblico, o acompanhamento doprocesso oramentrio, a anlise dos resultados econmicos e o fluxo financeiro.

    1. INTERPRETAO DOS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADESOB A PERSPECTIVA DO SETOR PBLICO

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  • 1.1. O PRINCPIO DA ENTIDADE

    1.1.1. O enunciado do Princpio da Entidade

    Art. 4 O Princpio da ENTIDADE reconhece o Patrimnio como objeto daContabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao deum Patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes,independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a umasociedade ou a uma instituio de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem finslucrativos. Por conseqncia, nesta acepo, o patrimnio no se confunde comaqueles dos seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio.

    Pargrafo nico. O PATRIMNIO pertence ENTIDADE, mas a recproca no verdadeira. A soma ou a agregao contbil de patrimnios autnomos no resultaem nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econmico-contbil.

    Perspectivas do Setor Pblico

    O Princpio da Entidade se afirma, para o ente pblico, pela autonomia eresponsabilizao do patrimnio a ele pertencente.A autonomia patrimonial tem origem na destinao social do patrimnio e aresponsabilizao pela obrigatoriedade da prestao de contas pelos agentespblicos.

    1.2. O PRINCPIO DA CONTINUIDADE

    1.2.1. O enunciado do Princpio da Continuidade

    Art. 5 A CONTINUIDADE, ou no, da ENTIDADE, bem como a sua vida definida ouprovvel, devem ser consideradas quando da classificao e da avaliao dasmutaes patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

    1 A CONTINUIDADE influencia o valor econmico dos ativos e, em muitos casos, ovalor de vencimento dos passivos, especialmente quando a extino da ENTIDADEtem prazo determinado, previsto ou previsvel.

    2 A observncia do Princpio da CONTINUIDADE indispensvel corretaaplicao do Princpio da COMPETNCIA, por efeito de se relacionar diretamente quantificao dos componentes patrimoniais e formao do resultado, e de seconstituir dado importante para aferir a capacidade futura de gerao de resultado.

    Perspectivas do Setor Pblico

    No mbito da entidade pblica, a continuidade est vinculada ao estritocumprimento da destinao social do seu patrimnio, ou seja, a continuidade daentidade se d enquanto perdurar sua finalidade.

    1.3. O PRINCPIO DA OPORTUNIDADE

    1.3.1. O enunciado do Princpio da Oportunidade

    Art. 6 O Princpio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, tempestividade e integridade do registro do patrimnio e das suas mutaes,determinando que este seja feito de imediato e com a extenso correta,independentemente das causas que as originaram.

    Pargrafo nico. Como resultado da observncia do Princpio da OPORTUNIDADE:

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  • I - desde que tecnicamente estimvel, o registro das variaes patrimoniais deve serfeito mesmo na hiptese de somente existir razovel certeza de sua ocorrncia;

    II - o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplandoos aspectos fsicos e monetrios;

    III - o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variaes ocorridas nopatrimnio da ENTIDADE, em um perodo de tempo determinado, base necessriapara gerar informaes teis ao processo decisrio da gesto.

    Perspectivas do Setor Pblico

    O Princpio da Oportunidade base indispensvel integridade e fidedignidadedos registros contbeis dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar opatrimnio da entidade pblica, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidadeaplicadas ao Setor Pblico.

    A integridade e a fidedignidade dizem respeito necessidade de as variaes seremreconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento dasformalidades legais para sua ocorrncia, visando ao completo atendimento daessncia sobre a forma.

    1.4. O PRINCPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

    1.4.1. O enunciado do Princpio do Registro pelo Valor Original

    Art. 7 Os componentes do patrimnio devem ser registrados pelos valores originaisdas transaes com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do Pas,que sero mantidos na avaliao das variaes patrimoniais posteriores, inclusivequando configurarem agregaes ou decomposies no interior da Entidade.

    Pargrafo nico. Do Princpio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:

    I - a avaliao dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores deentrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentesexternos ou da imposio destes;

    II - uma vez integrados no patrimnio, o bem, o direito ou a obrigao no poderoter alterados seus valores intrnsecos, admitindo-se, to-somente, sua decomposioem elementos e/ou sua agregao, parcial ou integral, a outros elementospatrimoniais;

    III - o valor original ser mantido enquanto o componente permanecer como partedo patrimnio, inclusive quando da sada deste;

    IV - os Princpios da ATUALIZAO MONETRIA e do REGISTRO PELO VALORORIGINAL so compatveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenasatualiza e mantm atualizado o valor de entrada;

    V - o uso da moeda do Pas na traduo do valor dos componentes patrimoniaisconstitui imperativo de homogeneizao quantitativa dos mesmos.

    Perspectivas do Setor Pblico

    Nos registros dos atos e fatos contbeis ser considerado o valor original doscomponentes patrimoniais.

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  • Valor Original, que ao longo do tempo no se confunde com o custo histrico,corresponde ao valor resultante de consensos de mensurao com agentes internosou externos, com base em valores de entrada a exemplo de custo histrico, custohistrico corrigido e custo corrente; ou valores de sada a exemplo de valor deliquidao, valor de realizao, valor presente do fluxo de benefcio do ativo e valorjusto.

    1.5. O PRINCPIO DA ATUALIZAO MONETRIA

    1.5.1. O enunciado do Princpio da Atualizao Monetria

    Art. 8 Os efeitos da alterao do poder aquisitivo da moeda nacional devem serreconhecidos nos registros contbeis por meio do ajustamento da expresso formaldos valores dos componentes patrimoniais.

    Pargrafo nico. So resultantes da adoo do Princpio da ATUALIZAOMONETRIA:

    I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, no representaunidade constante em termos do poder aquisitivo;

    II - para que a avaliao do patrimnio possa manter os valores das transaesoriginais (art. 7), necessrio atualizar sua expresso formal em moeda nacional, afim de que permaneam substantivamente corretos os valores dos componentespatrimoniais e, por conseqncia, o do patrimnio lquido;

    III - a atualizao monetria no representa nova avaliao, mas, to-somente, oajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicao deindexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variao do poder aquisitivo damoeda nacional em um dado perodo.

    Perspectivas do Setor Pblico

    Na hiptese de que o consenso em torno da mensurao dos elementos patrimoniaisidentifique e defina os valores de aquisio, produo, doao, ou mesmo, valoresobtidos mediante outras bases de mensurao, desde que defasadas no tempo,necessita-se de atualiz-lo monetariamente quando a taxa acumulada de inflao notrinio for igual ou superior a 100%, nos termos da Resoluo CFC n. 900/2001.

    1.6. O PRINCPIO DA COMPETNCIA

    1.6.1. O enunciado do Princpio da Competncia

    Art. 9 As receitas e as despesas devem ser includas na apurao do resultado doperodo em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem,independentemente de recebimento ou pagamento.

    1 O Princpio da COMPETNCIA determina quando as alteraes no ativo ou nopassivo resultam em aumento ou diminuio no patrimnio lquido, estabelecendodiretrizes para classificao das mutaes patrimoniais, resultantes da observnciado Princpio da OPORTUNIDADE.

    2 O reconhecimento simultneo das receitas e das despesas, quando correlatas, conseqncia natural do respeito ao perodo em que ocorrer sua gerao.

    3 As receitas consideram-se realizadas:

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  • I - nas transaes com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ouassumirem compromisso firme de efetiv-lo, quer pela investidura na propriedade debens anteriormente pertencentes entidade, quer pela fruio de servios por estaprestados;

    II - quando da extino, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo,sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;

    III - pela gerao natural de novos ativos independentemente da interveno deterceiros;

    IV - no recebimento efetivo de doaes e subvenes.

    4 Consideram-se incorridas as despesas:

    I - quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferncia de suapropriedade para terceiro;

    II - pela diminuio ou extino do valor econmico de um ativo;

    III - pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

    Perspectivas do Setor Pblico

    O Princpio da Competncia aquele que reconhece as transaes e os eventos naocorrncia dos respectivos fatos geradores, independentemente do seu pagamentoou recebimento, aplicando-se integralmente ao Setor Pblico.

    Os atos e os fatos que afetam o patrimnio pblico devem ser contabilizados porcompetncia, e os seus efeitos devem ser evidenciados nas DemonstraesContbeis do exerccio financeiro com o qual se relacionam, complementarmente aoregistro oramentrio das receitas e das despesas pblicas.

    1.7. O PRINCPIO DA PRUDNCIA

    1.7.1. O enunciado do Princpio da Prudncia

    Art. 10 O Princpio da PRUDNCIA determina a adoo do menor valor para oscomponentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentemalternativas igualmente vlidas para a quantificao das mutaes patrimoniais quealterem o patrimnio lquido.

    1 O Princpio da PRUDNCIA impe a escolha da hiptese de que resulte menorpatrimnio lquido, quando se apresentarem opes igualmente aceitveis diante dosdemais Princpios Fundamentais de Contabilidade.

    2 Observado o disposto no art. 7, o Princpio da PRUDNCIA somente se aplicas mutaes posteriores, constituindo-se ordenamento indispensvel corretaaplicao do Princpio da COMPETNCIA.

    3 A aplicao do Princpio da PRUDNCIA ganha nfase quando, para definiodos valores relativos s variaes patrimoniais, devem ser feitas estimativas queenvolvem incertezas de grau varivel.

    Perspectivas do Setor Pblico

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  • As estimativas de valores que afetam o patrimnio devem refletir a aplicao deprocedimentos de mensurao que prefiram montantes, menores para ativos, entrealternativas igualmente vlidas, e valores maiores para passivos.

    A prudncia deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo jescriturado por determinados valores, segundo os Princpios do Valor Original e daAtualizao Monetria, surgirem possibilidades de novas mensuraes.

    A aplicao do Princpio da Prudncia no deve levar a excessos ou a situaesclassificveis como manipulao do resultado, ocultao de passivos, super ousubavaliao de ativos. Pelo contrrio, em consonncia com os PrincpiosConstitucionais da Administrao Pblica, deve constituir garantia de inexistncia devalores fictcios, de interesses de grupos ou pessoas, especialmente gestores,ordenadores e controladores.

    Publicada no Dirio Oficial da Unio de 05 de dezembro de 2007.

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