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Respira, Inspira e Não pira

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Laryssa era apaixonada por Matheus ha 3 anos. E, se toda loucura por amor vale a pena, um perfil falso no Facebook os aproximou. Mas o que era para ter sido a noite mais magica da vida dela se transforma num mistério: se Matheus não foi a festa, quem ela beijou? Uma historia teen cheia de amor, amizade e confusões.

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Respira,

Inspira e

Nao pira!

Lica Fiori

2013

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Copyright ©, 2013 de Liana Cupini

Título: Respira, Inspira e Não Pira.

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos, pessoas ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Revisão: Giulia Ladislau

Beta Readeres: Vanessa Moglia de Lavigne, Mariana Ma-rins, Maria Luísa Diniz e Victoria Gorski.

Capa: Renato Klisman

Diagramação: Nath Souza

1º edição em 2013

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Prologo.............................................................................................15

Festa..................................................................................................19

Surtando............................................................................................28

Meninos..........................................................................................37

P lano...............................................................................................46

Dancei.............................................................................................55

Improvisando..................................................................................64

Visita...................................................................................................72

Finde..................................................................................................84

Novidades........................................................................................94

Ami gas........................................................................................103

Trabalho do Ingles......................................................................114

Falta.................................................................................................123

Espelho espelho meu...................................................................134Segura Peao.................................................................................147 Recalque........................................................................................155

Prova..............................................................................................165

Amor.............................................................................................170

Nao e nao....................................................................................175Aulas.............................................................................................185

Me belisca...................................................................................193

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Sumario´

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Mãe,

Te amo mais do que palavras podem expressar.

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Dedico esse livro às minhas “perfas” inspirado-ras, que me fazem pirar: Amaya, Bia B, Carol, Dani, Gianne, Giovanna, Iolanda, Isa, Laís, Paula, Gabi, Ju-liana, Bia M, Malu, Paola, Rafa e Thayene.

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Agradeço as primeiras leitoras: Vanessa Moglia

de Lavigne, Mariana Marins, Maria Luísa Diniz e

Victoria Gorski, que ajudaram essa obra a ganhar

forma.

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Querida Frank,

Primeiro eu queria te pedir desculpa. Não sei do que você se lembra do ataque, mas não foi nada bom.

Nas férias te esqueci em cima da cama e o Thor, meu cachorro, te pegou.

Foi um desastre completo. Achei que jamais conseguiria te recuperar, desisti de escrever por meses, mas aconteceu algo que não poderia deixar de te con-tar, e por isso acabei “arrumando” você!

A boa notícia é que agora você tem cheiro de melancia (para tentar disfarçar o cheiro da baba do Thor). A má é que sua aparência não é muito boa: você agora é metade diário, metade caderno de desenho do ano passado.

Dai que surgiu o seu nome, Frank. Sei que vampiros e lobisomens estão na moda, e tudo come-çou na festa de Halloween, então por que não um diá-rio Frankstein?

Prologo´

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Minha primeira opção de nome, que até en-tão você não tinha, era Frankitta. Só que achei meio funkeiro... melhor, não!

Frank não é um nome muito bom, mas vai ser-vir. E para compensar as perdas, vou colar as páginas que consegui re cuperar, e te contar tudo que você pos-sa ter esquecido.

Você será feito com amor e muita, mas mui-ta cola! E alguns prints de conversas, adesivos e tudo mais que eu conseguir achar para te deixar linda! *-*

Espero que pelo menos de mim, Laryssa, você se lembre.

Bom, agora me deixa desabafar, contar para você o momento mais mágico da minha vida!

Ele estava lindo, vestindo uma fantasia de ca-veira, que nada mais era do que uma roupa preta e uma maquiagem bem trabalhada, como nos parques de diversão. Eu estava de bruxa, e foi um sufoco con-seguir ficar com aquela peruca por tanto tempo. Ainda assim, não poderia ser mais romântico.

O beijo foi perfeito. Simplesmente perfeito!

Ele olhou nos meus olhos; eu, nos dele. Depois de meses conversando pela internet, sabia praticamen-te tudo sobre ele, não éramos dois estranhos.

Aproximei-me da varanda, onde ele estava me esperando. Ele me viu e sorriu. Sorri de volta.

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O cabelo dele estava mais escuro e com gel, e ele parecia um pouco mais alto. Talvez porque, mesmo nos conhecendo há quase três anos, foi a primeira vez que eu estava realmente relaxada (ou quase) perto dele.

— Oi - foi tudo o que consegui dizer.

— Você é linda! Fiquei te observando a noite toda e esperando o momento certo de falar contigo.

Fiquei vermelha e achei que desmaiaria. Nem nos meus melhores sonhos aquele encontro poderia ser tão perfeito.

Ele me abraçou, e nós nos beijamos.

Durou poucos segundos, mas parecia uma eter-nidade.

Então alguém chamou:

— Eddy, estamos indo.

Ele abaixou a cabeça, lançando-me um olhar triste. Entendi que ele precisava partir. Deu-me mais um selinho e se foi. Fiquei lá, nas nuvens, mais feliz do que nunca.

“Eddy”? Porque alguém chamaria o Matheus de Eddy? Mas o que isso importava diante da minha felicidade? Os meninos têm hábitos estanhos e apeli-dos mais estranhos ainda. Eu estudava com o Matheus desde o 6º ano e nunca soube que ele tinha um apelido. Estudar e ter amizade são duas coisas bem diferentes e distantes. E nunca fomos amigos, só depois do que

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rolou com a Bia - o que poderia ter sido um grande erro, mas mostrou-se como minha mais genial ideia!

Decidi parar de pensar no que não importava e concentrar-me no momento mais extraordinário da minha existência: meu primeiro beijo!

Voltei para a pista sentindo-me mais madura. Enfim eu não era mais BV1! Achei que todo mundo fosse notar a diferença, mas e daí se ninguém pareceu perceber? Eu sabia. Tinha acontecido, logo com o cara mais gato da escola.

Resolvi que tudo seria diferente a partir daquele momento. Mal podia esperar pela segunda-feira para vê-lo novamente. Mas, já que estava em uma festa, eu ia me divertir e dançar a noite toda com as minhas amigas. Às onze da noite meu celular tocou, era minha mãe avisando que já estava na porta me esperando.

A carruagem tinha virado abóbora!

1 BV — Boca Virgem

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Sexta-feira, 31 de outubro

Querida Frank,

Esse era para ser o relato sobre o meu primeiro beijo. E na verdade é. Eu sonhei tanto, esperei tanto e, enfim, aconteceu.

Tudo saiu como planejado. Ou quase tudo.

Mas deixa eu começar pelo início da noite, por-que o final é meio estranho.

A festa de Halloween na casa da Isadora é quase uma tradição do meu colégio. Se você não se lembra, a Isa é tipo a garota perfeita: tem pais perfeitos, uma irmã perfeita, uma casa perfeita e até um cachorro perfeito (um Golden Retriever lindo, que senta e dá a pata). Ela é a garota perfeita - ou “perfa”, como todo

A festa

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mundo diz. Cabelos loiros, olhos castanho-claros, um sorriso que derrete até as geleiras do Polo Norte e, para completar, ainda é simpática com todo mundo, inclu-sive comigo.

Não que eu tenha algo contra a Isa - ela é le-gal demais para alguém ter alguma coisa contra -, só queria que a minha vida fosse um pouco mais parecida com a dela. Como não tenho escolha, vivo a minha e a deixo brilhar nos corredores do colégio.

Mas voltando a falar da festa... Como todos os anos, a Isa daria um baile à fantasia e convidou a escola inteira.

Estava desesperada para ir, afinal há meses pla-nejava um jeito de me aproximar do Matheus.

Você sabe (ou sabia), diário, as loucuras que eu fiz para isso.

Hoje, quando acordei, não fiz outra coisa a não ser pensar no que aconteceria de noite.

Fui para escola obrigada porque minha mãe não acreditou na desculpa de que eu estava doente e até me ameaçou.

— Se a dor de cabeça é tão forte, nem pense em sair de noite.

Claro que eu pulei da cama, tomei um banho rápido e me troquei. Ela sabia que era mentira, assim como eu sabia que, se tentasse mais um pouco com a minha “terrível enxaqueca”, acabaria com as minhas

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chances de ir para festa.

Aulas chatas como sempre, que demoraram uma eternidade para passar; mas quem liga para um detalhe desses quando pode ficar babando no cara mais gato da escola?

E quando eu digo babando, é quase literalmen-te! Uma hora eu estava tão absorta em meus pensa-mentos, com a cabeça apoiada nas mãos e com a boca tão aberta (me imaginando nos braços dele), que quase engoli uma mosca.

Sorte que ninguém viu. Imagina o mico?

Saí do colégio e tive que esperar a minha prima, Carina, que está no 1º ano do ensino médio e por isso sai vinte minutos depois de mim (ainda estou no 8º ano).

Ter uma prima mais velha seria o máximo se nossos horários de intervalo batessem. Eu poderia des-filar com o grupinho dela, seria muito legal! Andar com gente mais velha é tudo o que uma garota precisa para ser popular!

Como isso não acontece e eu sou megatími-da, minha popularidade é igual à do bebedouro: todo mundo sabe que existe, mas quem quer água quando existe tanta Coca-Cola no mundo?

Quando a Carina finalmente apareceu, eu abri um sorriso e anunciei:

— Você precisa me ajudar! Preciso ficar mara-

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vilhosa hoje à noite.

Eu sou filha única (tá, eu não sou, mas meu irmão caçula, Robson, não conta, porque tudo o que ele sabe fazer, aos 10 anos, é gritar pela casa toda vez que ouve “não”), então a Carina é tipo minha irmã mais velha.

— Lary, do que você precisa?

— Laryssa! Já te implorei um milhão de vezes para você me chamar de Laryssa. Principalmente na escola! Lary parece tão infantil...

— Certo, Laryssa, a adulta. O que posso fazer por Vossa Majestade?

— Nascer de novo, como irmã gêmea da Demi Lovato, seria um ótimo começo. Como isso não vai acontecer, você seria um anjo se me ajudasse com unhas, maquiagem e cabelo.

Nem sei onde a Carina aprendeu a se maquiar, só sei que faz isso tão bem que deveria pensar em se-guir carreira.

De uma menina normal, com cabelos escu-ros e sem definição (não são cacheados ou lisos, são impossíveis), algumas espinhas e nada que chame a atenção (não tenho olhos claros, nariz perfeito ou covinhas na bochecha), ela conseguiu fazer surgir uma bruxa perfei-ta: unhas longas e pretas, vestido preto até os joelhos (um modelo básico, com

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corte bustier que era a coisa mais linda *-*), um sapato lindo com salto alto (sorte minha usar o mesmo nú-mero que a Carina, pois minha mãe jamais me daria um sapato tão legal quanto esse), maquiagem impecá-vel (quase não me reconheci!) e uma peruca roxa, lisa, com uma mecha clara na frente.

Talvez eu não seria a mais bonita da festa (era complicado competir com as “perfas”), porém, defini-tivamente, seria notada por todos. E já tendo combi-nado tudo com o Matheus pela conta fake da Bia no Facebook, enfim meu príncipe encantado ia me notar.

Até aquele momento, a ideia de ter criado um perfil falso com outro nome e uma foto que não era exatamente minha (tinha achado na internet) parecia uma ótima ideia.

Só que, quando eu já estava no carro, indo para festa, comecei a pensar: “e se o Matheus rir de mim?”, “e se ele, quando descobrir que a Bia não existe, não quiser nada comigo?”.

Foi só entrar no salão para toda a minha inse-gurança passar:

— Laryssa, você está fantástica! - disse a Paula.

Paula é a “fashion” do meu colégio. Tudo o que ela usa é moda; tudo que não usa, ninguém mais de-veria usar. E ela é superautêntica; então, se elogiou, era um sinal claro de que eu estava realmente bem (era a primeira vez que ela me elogiava e não me olhava com aquela cara de “gente, de onde saiu essa louca?”).

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Assim que cheguei, comecei a procurar o Ma-theus.

Estava escuro e, ao contrário do que pensei, muitos meninos resolveram se vestir de caveira. Mas a única bruxa da festa era eu, logo não teria como ele não me reconhecer.

Havíamos marcado de nos encontrar às oito da noite na varanda da casa. Ele estranhou como eu sabia tanto sobre a varanda, mas já tinha dito que era prima de uma colega dele (um rolo enorme), assim não per-guntou mais sobre isso.

Será que em algum momento ele perguntou para alguma menina da nossa sala se elas tinham uma prima que se chamava Bia? É um apelido comum, al-guém deveria ter uma prima Bia (X_X). Melhor nem pensar nessa possibilidade.

A festa estava superanimada. Minhas melhores amigas, Carol e Jú, também estavam tentando encon-trar alguém para deixarem de ser BVs, mas elas não queriam ninguém do colégio. Bom, tecnicamente, a Carol não era mais BV, mas o primeiro beijo dela foi ruim, e ela esperava uma experiência nova e maravi-lhosa.

A Jú, que foi vestida de pirata e estava uma gra-ça, tinha sido apaixonada pelo Lucas por anos, mas agora ele estava gostando da Rafaela, e isso acabou com o amor dela (ou era isso que ela nos dizia). A Carol, que usava um vestido azul claro com bolinhas brancas (tipo anos 60), já tinha ido ao cinema com o

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Guilherme, que era do 9º ano. Ela nunca contou exa-tamente o que aconteceu, mas sei que eles não ficaram, e isso a deixou traumatizada com os caras do colégio.

Para quem está de fora, pode parecer simples, mas a vida social de qualquer colégio é uma rede com-plicada de histórias, encontros e desencontros que fa-riam qualquer um pirar.

De mais a mais, o importante era que a minha noite seria especial. Podia sentir.

Fiquei olhando o meu celular o tempo todo. Quando faltavam cinco minutos para as oito, cami-nhei para a varanda. Estava nervosa, quase em pânico, e tentava parecer confiante para não despertar suspei-tas.

Mesmo não tendo visto o Matheus chegar, lá estava ele me esperando.

Parei por um instante, transbordando ansieda-de. E se eu não beijasse bem? E se ele não beijasse bem? E se nenhum de nós soubesse o que estava fazendo e tudo desse errado?

Nunca tinha ouvido que o Matheus já tinha ficado com alguma menina, pelo menos não do colé-gio. Tentei perguntar para o Thiago (meu único amigo menino), mas achei chato.

Aproximei-me, ele sorriu. Depois de uma con-versa rápida (uma frase minha, uma frase dele) veio aquele silêncio constrangedor.

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Pensei: “Ai meu Deus. E agora?”.

Revisei mentalmente tudo o que tinha aprendi-do sobre o primeiro beijo: hálito — ok (tinha chupado um pacote de balas); treino — ok (meses ensaiando com a laranja, no espelho e em tudo mais que me fa-lavam), frio na barriga - ok (dizem que é assim que se sabe quando estamos apaixonadas).

Eu estava preparada.

Então ele se aproximou, colocou a mão na mi-nha cintura. Eu não sabia o que fazer com as minhas mãos, por isso fiz o mesmo e coloquei-as na cintura dele (parecia que eu ia me queimar, pois mal conseguia parar de tremer).

Ele passou a outra mão nos meus cabelos deli-cadamente, como para me acalmar. Eu fechei os olhos e deixei acontecer.

Nossos lábios se tocaram e um calor me inva-diu.

Não foi um beijo de cinema. Eu não me atrevi a colocar a língua, e ele também não. Mas foi um beijo romântico e lindo.

Quando acabou, eu estava sem ar. Não conse-guia respirar enquanto ele me beijava e demorei alguns segundos para entender que realmente tinha aconte-cido.

Foi quando um amigo o chamou, e ele se des-pediu de mim com um selinho.

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Ainda tive tempo de curtir um pouco a festa, mas logo a minha mãe chegou para me buscar.

Voltei para casa com um sorriso bobo no rosto, sorriso que até agora não me deixou.

Continuo me sentindo leve, flutuando em cima dos lençóis da minha cama. Tenho medo de acordar de um sonho perfeito.

Mas foi real! Aconteceu!

Vou dormir e sonhar com o Matheus.

Boa noite, diário. 8)

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Sábado, 1º de novembro

Querida Frank,

Estou surtando!

Eu não sei nem como falar isso, ou escrever. É o meu pior pesadelo, algo que eu jamais poderia ima-ginar. Nem sei o que fazer agora...

Deixe-me tentar explicar de uma forma simples para você entender o meu desespero: eu não beijei o Matheus!

Isso mesmo! Ele não foi ontem.

Hoje de manhã, quando abri o Facebook da Bia (pensando em deletá-lo), tinha uma mensagem do Matheus dizendo:

Surtando

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Bia, desculpe não ter ido à festa.Quebrei o braço jogan-

do futebol. Espero te conhecer em breve. Bjs

É tão surreal que eu até dei print para você poder ver com seus próprios olhos!

Aí me pergunto: como? Quem? E agora? O.O

Como isso foi acontecer? Quem eu beijei? E agora? O que eu faço?

Claro que a primeira coisa que fiz foi ligar pras minhas amigas e marcar um encontro no shopping.

Eu não consegui fazer mais nada naquela ma-nhã. Deixei a lição de matemática para o domingo (e a pesquisa de geografia também), e fiquei feito uma boba olhando para tela, lendo e relendo a mensagem.

Enfim, às duas da tarde, parti rumo ao que po-deria ser a minha salvação (mas não foi):

— O que aconteceu? - perguntou a Juliana as-sim que me viu.

— Deixa a Carol chegar para eu contar tudo de uma vez.

A Juliana não gostou muito da ideia. Éramos melhores amigas desde sempre, crescemos juntas. Lembro-me de quando entramos na escola. Era o 1º ano do ensino fundamental, todos estavam se conhe-cendo naquele momento.

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A Jú mudou bem pouco durante todos esses anos. Claro que está mais alta (é mais alta do que eu), mas continua com os mesmos cabelos castanhos le-vemente cacheados, um nariz perfeito que rendeu a ela durante anos o apelido de Narizinho2 (culpa dos professores que nos davam para ler Monteiro Lobato), e olhos castanho-escuros, quase pretos.

Se fisicamente ela mudou pouco, pessoalmente evoluiu muito. Isso porque no começo, quando nos conhecemos, ela era uma chata!

A Juliana jura até hoje que é coisa da minha ca-beça, mas no começo a gente não se dava bem. Não sei o que ela tinha contra mim, mas, toda vez que passava atrás da minha carteira, derrubava a minha mochila, que, diga-se de passagem, eu adorava.

Era rosa, com estampa de filhote de cachorro, e todo mundo queria ter uma igual. Tinha ganhado de uma tia que mora nos Estados Unidos, então era única.

Quando ela derrubou pela terceira vez naquela primeira semana de aula, soube que era pessoal. Até tentei conversar, mas ela disse que não sabia do que eu estava falando.

Falei para os meus pais, e não adiantou nada. Ela continuava derrubando a minha mochila.

Ficamos anos sem conversar. Eu a evitava sem-pre - no recreio, nas aulas de educação física, etc. -;

2 Personagem da obra de Monteiro Lobato, Sítio do Picapau Amarelo.

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ela sempre me perseguia, querendo fazer dupla comigo em todas as aulas.

No 4º ano, se não me engano, fomos para uma festa, e uma menina derrubou suco em mim. Fiquei ensopada, triste e comecei a chorar. A Juliana imedia-tamente empurrou a menina - logo a aniversariante! - e por isso fomos expulsas.

Naquele momento, entendi que a única que podia derrubar qualquer coisa em mim (ou minha) era a Ju. E ela iria me defender para sempre.

Desde então somos inseparáveis.

A Juliana começou a fazer perguntas. Já desconfiava o que tinha acontecido, só não podia imaginar o quão complicado era.

— Você beijou o Matheus ontem, não beijou?

— Não exatamente.

Naquele momento, a Carol chegou. Como a Carolina não chega simplesmente, ela mais parece um furacão, não precisei falar mais nada.

A Carol entrou depois de nós na escola. Faz tempo, foi no 2º ano, e sempre nos demos bem.

Ela tem cabelos bem pretos, lisos, olhos casta-nho-claros e a pele bem branquinha. Qualquer sol que toma, fica vermelha como um camarão.

Mas a maior característica da Carol é o quanto

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ela fala: muito. Se eu sou uma múmia, ela é prima di-reta dos papagaios.

Mal chegou, o furacão Carol já contou tudo o que sabia que tinha acontecido na festa: quem ficou com quem; quem pediu, mas não ficou (tomou toco); e quem queria, mas ninguém pediu.

Só que nem ela, que é super bem-informada, sabia de mim (elas sabiam sobre a Bia, mas não que eu tinha marcado de “conhecer” o Matheus). Por isso contei a elas tudo o que tinha acontecido: meu encon-tro, o beijo mágico e a descoberta de que o cara não era o Matheus, afinal.

— E quem pode ser?

— Eu tenho certeza de que não era nenhum menino da nossa sala ou do colégio - afirmei.

— Como você pode ter certeza? Estava escuro, ele estava fantasiado, e a Isa nunca convida gente de fora — retrucou a Carol.

— Sei que não era. O jeito que ele me olhava, sei lá, mas ele não me conhecia... Eu acho.

— E tudo o que você sabe é que os amigos o chamaram de Eddy?!

— Isso - confirmei. — Vocês conhecem algum Eddy?

Ambas negaram, e eu já imaginava isso. Co-nhecíamos as mesmas pessoas, se eu não sabia quem

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era o Eddy, que dirá minhas amigas.

— Eddy é apelido.

— Jura, Carol? — debochou a Juliana.

— Apelido de quê? — questionei.

— Edmundo? — sugeriu a Carol.

— Ai meu Deus, eu beijei um Edmundo? Cre-do!

Edmundo não é o nome mais simpático que existe. E parece que beijar um Edmundo não é uma coisa boa. Quem é que quer contar para as amigas: “Sabe quem eu tô namorando? O Edmundo.”? Imagi-na a cara delas!

Comecei a surtar:

— Ai, meu Deus...

— Calma! Pode não ser. Vários meninos têm apelidos estranhos. O Tuga é José Antônio... Nada a ver!

— É - concordou a Carol. — Tem gente que tem apelido estranho mesmo. Mas se ele for gatinho...

— E se não for? E se eu beijei um menino hor-rível?

— Caridade?! - zoou a Carol.

— Para! Isso é sério.

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— Vamos pensar - interrompeu a Juliana. — Se não era o Matheus, só pode ser um conhecido de al-guém. Ou amigo de alguém da nossa sala, ou primo...

Aquilo era confuso. Na minha sala tinham 25 pessoas, e isso só no 8º ano C. Ainda tinham mais 25 pessoas em média nas outras duas salas. Eu era bem ruim de matemática, mas sabia que as possibilidades eram infinitas.

— Aposto que segunda-feira vão comentar al-guma coisa.

Gelei!

Viraria comentário da galera: a menina que beijou um desconhecido. A menina que beijava mal o primeiro que aparecesse (se eu não beijei meu príncipe encantado e tive um final feliz, tudo podia acontecer. E se o tal Eddy achou que eu beijava mal e por isso saiu correndo?!). Era o fim da minha vida.

— Ai, meu Deus...

— Gente, eu conheço a Isa. Ela pede para todo mundo confirmar antes da festa e não deixa vir gente de fora. Se o menino não é da escola, então deve ser um cara especial.

Um cara especial. Gostei. Era a frase menos ruim que eu tinha ouvido naquela tarde (porque nada de bom parecia estar acontecendo).

— E como descobrir? - perguntei.

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— Falando com a Isa.

— E confessando que eu saí beijando o primei-ro que apareceu? Nem morta!

— Então faremos uma missão secreta: vamos investigar sem levantar suspeitas.

A Juliana assistia a muitos filmes e séries e, às vezes, viajava.

— O que você está sugerindo?

— Não podemos perguntar direto: quem era o menino novo da sua festa. Mas podemos puxar assunto e descobrir quem ele era.

Era um plano atrapalhado, mas o único que tí-nhamos.

— Somos três, e as “perfas” também. Cada uma de nós vai perguntar para uma delas, e depois cruzamos as informações.

— As “perfas” são quatro - eu disse.

— Não, as “perfas” são três: Isa, Dani e Laís. A Paula é “fashion perfa”. Anda com elas, mas não sem-pre. Depende da fase...

— E as três “perfas” são inseparáveis - comple-tou a Carol. — Mas eu faço balé com a Dani. Você faz teatro com a Isa e a Jú inglês com a Laís. Será fácil per-guntar: “E aí? O que você achou da festa? Quem era o gatinho vestido de caveira?” Elas nem vão desconfiar.

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— A menos que... - comecei.

— Laryssa, para com esse pessimismo. Vamos conseguir.

E, dizendo isso, a Jú encerrou o assunto, até porque estava na hora de o filme começar. Sorte minha que ele era ótimo, só assim consegui parar de pensar na minha vida por duas horas. Pena que não vivo em um filme com a certeza de um final feliz.

Então é isso, diário. Agora tenho que esperar pra ver se esse plano maluco vai dar certo. E rezar pro Eddy ser gatinho. E para ele não falar mal de mim para ninguém.

Vou dormir, ou pelo menos tentar, que amanhã tenho muita lição para fazer.

Boa noite! :D

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Domingo, 02 de novembro

Querida Frank,

Hoje meu dia foi muito ruim. Detesto passar o meu tempo livre fazendo lição de casa, é muito chato.

Pior é que fazer lição me lembrava de escola. E escola me lembrava de que tinha ficado com alguém que não sabia quem era.

E se eu fiquei com alguém da minha escola, ou pior, da minha sala?

Não quis admitir para minhas amigas, mas é uma possibilidade.

Tudo o que eu sei é que ele era mais alto que eu. E como não sou a mais alta da minha sala, isso aumen-ta muito as possibilidades.

Meninos

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A relação entre meninos e meninas no colégio é complicada.

Eu tenho um único amigo menino, o Thiago, que é geralmente legal. Eu não sei o que acontece, mas todos os meninos da minha sala agem como crianças.

As brincadeiras são as mais bobas possíveis. Eles fazem piada de tudo e riem de tudo como um bando de bobos.

Na verdade, só existem dois tipos de meninos: os viciados em jogos e os viciados em jogos que são lindos. @.@

E se os meninos não sabem fazer outra coisa que não pensar em jogos (sejam cartas, computador, videogame, tablet ou celular), as meninas são bem di-ferentes.

Antes de falar sobre as fofocas de hoje, preciso e adicionar mais uma informação que estava no seu falecido corpo, que é a hierarquia da minha vida (ou escola, tanto faz, é a mesma coisa).

Na minha escola, nos dividimos por gosto. Além das “perfas” e das “fashions”, ainda temos as lei-toras, as inseparáveis, as “pinks” e as normais.

Claro que eu faço parte das normais. Sou “fashion”, só que por dentro (acho que isso não con-ta). E não tenho como viajar tanto ou tirar tantas fotos com artistas para ser uma “perfa”. Leio, mas não passo o intervalo fazendo isso, e gosto de meninos, mas eles

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não gostam de mim (que é o caso das “pinks”).

Assim como eu, Jú e Carol andamos sempre juntas, a Gianne e a Giovanna são inseparáveis. Elas são superlegais, sempre estão conosco, mas têm um elo que é incrível.

É como se elas fossem irmãs gêmeas que nunca brigam. E são até parecidas: as duas têm a mesma altu-ra, cabelos e olhos castanhos e o mesmo sorriso since-ro. A nossa professora de Português, Ana Carolina, até hoje as confunde.

No colégio, existem alguns irmãos gêmeos, mas não são tão idênticos como elas.

Elas poderiam ser primas, mas são apenas duas amigas que, desde muito cedo, se dão bem.

Eu adoro as minhas amigas, mas devo confessar que o jeito da Carol às vezes me irrita, e a ansiedade da Jú também.

Gosto de ler, mas não tanto quanto a Rafaela e a Thayene. Bom, a Rafaela é uma leitora nata. Ela pa-rece ter saído de um livro: magra, alta, óculos imensos, cabelos sempre presos e um livro na mão.

Se aparecesse na escola um garoto de óculos quebrados com uma marca de raio na cabeça ou um ruivo fofo, talvez ela olhasse. É difícil escolher entre o Ronny e o Harry3, concordo. Mas, tirando isso, a Rafa não aparenta ter nenhum interesse pelo gênero mascu-lino que não esteja nos livros.3 Ronny Weasley e Harry Potter, da saga Harry Potter de J.K. Rowling.

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Os personagens dos livros não fazem brincadei-ras idiotas, não dão apelidos bobos, nem nada pareci-do. Mas são fictícios, então ainda prefiro os de carne e osso.

Thayene também adora ler e margeia entre as normais e as leitoras. Ela passa uma boa parte do tempo conosco, mas nunca se interessa por meninos. Acho que, para ela, os personagens também são mais atraentes.

Se a Thayene fosse uma personagem de livros, seria a Annabeth4, do Percy Jackson. Ela é sem dúvida uma filha de Atena. A Thayene tem cabelos louro-es-curos, olhos castanhos (bem que podiam ser acinzen-tados) e uma inteligência que faz os nossos professores enlouquecerem. Ela sempre tem as respostas, sempre questiona, sempre mobiliza a classe e, logicamente, sempre consegue o que quer.

A Thayene era muito amiga da Paola, mas quando se é normal e se está no 8º ano, é fácil trocar de status. No começo do ano, a Paola era uma “nor-mal”, mas o Vitor se apaixonou por ela e agora ela está mais para “pink”.

Ela diz não querer nada com ele, mas, de uns tempos para cá, vejo que se arruma cada vez mais. Primeiro parou de usar calças de moletom e passou a usar jeans (pode na minha escola, desde que você use a camiseta do uniforme). Aí começou a aparecer levemente maquiada. Um rímel aqui, um batom ali, e você pode ter certeza: a menina está se transformando 4 Personagem da saga Os Heróis do Olimpo, de Rick Riordan.

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em uma “pink”.

Nós as chamamos de “pinks” porque, diferente de nós, elas têm uma vida social com os meninos. A Gabi é a chefe das “pinks”: baixinha, com cabelos cas-tanhos e pontas mais claras, sempre antenada em tudo. Ela e o Junior, que é do 8º B, estão sempre juntos, mas não namoram (sei que eles já ficaram). Completando o time rosa tem a Malu, que é linda e por isso faz o maior sucesso com os meninos. Ela faz o tipo “igno-ro”, e eles morrem por ela. Acho que as duas são as únicas da minha sala que sempre são convidadas para festas, passeios no shopping e assim por diante.

A única vez que um menino me chamou para sair foi para ir à Comic Fest, aqui na minha cidade. Claro que não era um MENINO, era só o Thiago. Aceitei porque queria entender o que há de tão fasci-nante nos jogos.

A feira era fantástica: milhares de gibis, jogos e pessoas fantasiadas. Era como entrar num universo paralelo. Muito legal.

Minha experiência só não foi melhor porque o Neto, grande amigo do Thiago, resolveu que queria emprestar um jogo para ele.

Não me pergunte por que não poderiam fazer aquilo na segunda-feira. O Neto convenceu o Thiago a ir à casa dele pegar o jogo. Caminhada básica de 45 minutos, só para chegar.

Eu tinha duas escolhas: ir junto ou ficar sozi-

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nha na feira. Optei pela primeira.

Nem havíamos alcançado a porta, minha mãe ligou dizendo que estava nos esperando na saída para nos levar em casa.

Sabe quando sua mãe nem precisa dizer que você não pode sair sozinha sem autorização, mas por ela não dizer você sai? É nesse dia que ela te pega no pulo.

Sabia que ficaria de castigo quando minha mãe descobrisse que não tinha ido só à Comic Fest. E quanto mais tentava enrolá-la com desculpas esfar-rapadas (“tô no banheiro”, “já estou chegando”), mais me enrolava.

O caminho de volta foi feito em impressio-nantes 25 minutos. Infelizmente eu estava suando em bicas, fato que não passou despercebido pela minha raivosa mãe.

Na frente do Thiago ela não falou nada. Bastou ele descer do carro (#eujasabia) para ela começar o interrogatório. Não só fiquei de castigo como ela ligou para mãe do Thiago e contou tudo, o que resultou no castigo dele também (30 dias sem videogame, pegar o jogo para quê?).

Talvez o Thiago tenha comentado com os me-ninos o que aconteceu. Fato é que ninguém nunca mais me convidou para nada, só as meninas.

Além da Jú e da Carol, adoro as sessões de cine-

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ma que fazemos com as outras garotas. Para mim não precisa ter luxo nem nada, uma tarde com as meninas já me deixa mais do que feliz.

Nunca vou me esquecer da primeira vez que fizemos (ou tentamos) pipoca normal. Estávamos na casa da Thayene, e levei Crepúsculo5, que tinha aca-bado de sair e todas nós queríamos rever (em três idas ao cinema, não havíamos decorado as falas). Só que filme sem pipoca não rola, ainda mais com a Thay (ela é viciada). Infelizmente, a Gabi, que tinha ficado de levar, acabou não indo, e não tinha pipoca de micro--ondas. Nenhuma de nós sabia fazer nada na cozinha, mas pipoca não parecia ser tão difícil assim.

A Jú falou:

— Quer que eu procure na internet?

— Não precisa - respondeu a Paola. — Eu já vi minha mãe fazer isso milhares de vezes. Só precisamos de óleo e uma panela.

A Paola colocou tudo na panela, ligou o fogo e ficamos esperando. Quando a primeira pipoca pulou lá dentro, tudo parecia perfeito. Aí começou a rajada de pipocas enlouquecidas, e a Paola largou a tampa da panela com o susto. Em uma fração de segundos, vimos a tampa ser jogada para o lado em uma erupção branca que começou a tomar conta de tudo.

O chão ficou forrado de pipocas, elas não para-vam mais de sair. E o cheiro de queimado impregnou

5 De Stephenie Meyer.

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o ar. É um pouco difícil decidir o que é mais impor-tante: desligar o fogo para parar de queimar as pipocas ou se proteger das pequenas assassinas.

Quando uma fumaça preta começou a sair, a Malu tomou coragem e desligou o fogo. O conteúdo da panela teve que ir direto para o lixo, as únicas pi-pocas boas eram as que estavam no chão. E, em meio àquela bagunça toda, fizemos a única coisa que pode-ríamos fazer: nos olhamos e rimos.

Minutos depois começamos a operação faxina e acabamos nem vendo o filme. Mas amiga é para essas coisas.

A Thayene é divertida e inteligente, a Malu é aquela que está lá quando você mais precisa, mas que também briga se for necessário. A Rafa, que é tímida, fala pouco, mas o pouco que fala te faz sentir a pessoa mais especial do mundo e dar boas risadas.

Também tem a Gabi, que fala besteira, gosta de uma fofoca, jura que vai casar com o Junior, mas que é amiga para todas as horas.

Enfim, elas já me viram rir, chorar, estiveram comigo quando estava doente, irritada, machucada e encanada.

Já brigamos e já nos entendemos, mas elas nun-ca me abandonaram.

Acho que sem as minhas amigas minha vida se-ria vazia demais.

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É legal gostar de um menino, ficar pensando nele, sonhar com o dia que ele vai te chamar para sair, imaginar o nome dos nossos futuros filhos...

Só que a vida não é só isso.

Eu quero sair e me divertir com as meninas. Sei que ainda teremos muitos momentos maravilhosos juntas. E mal posso esperar pela nossa viagem de for-matura no 9º ano.

Falando em viagem, olha eu viajando e esque-cendo que ainda tenho lição para terminar.

Beijos, diário.

P.S. Você também faz parte da minha vida! <3