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qualquer pessoa. Voc pode encontrar mais obras em nosso site:
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no lutando por dinheiro e poder, ento nossa sociedade enfim
evoluira a um novo nvel.
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978-85-02-15140-6 Dados Internacionais de Catalogao na Publicao
(CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
4. Responsabilidade civil: responsabilidade civil e sua
repercusso nos tribunais / Regina Beatriz Tavares da Silva,
coordenadora. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 2009. (Srie GVlaw) Vrios
autores. Bibliografia. 1. Responsabilidade (Direito) 2.
Responsabilidade (Direito) -
5. (Direito) - Jurisprudncia - Brasil I. Tavares da Silva,
Regina Beatriz. II. Srie. 08-00187 CDU-347.51 ndice para catlogo
sistemtico: 1. Responsabilidade civil : Direito civil 347.51
Diretor editorial Antonio Luiz de Toledo Pinto Diretor de produo
editorial Luiz Roberto Curia Produo editorial Lgia Alves / Clarissa
Boraschi Maria Coura Editora Manuella Santos Assistente editorial
Daniela Leite Silva Estagirio Vinicius Asevedo Vieira Arte e
diagramao Cristina Aparecida Agudo de Freitas / Claudirene de Moura
Santos Silva Reviso de provas Rita de Cssia Queiroz Gorgati /
Sandra Garcia Corts Servios editoriais Karla Maria de Almeida Costa
/ Carla Cristina Marques / Ana Paula Mazzoco Data de fechamento da
edio: 13-2-2009 Dvidas?
6. Acesse www.saraivajur.com.br Nenhuma parte desta publicao
poder ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prvia
autorizao da Editora Saraiva. A violao dos direitos autorais crime
estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Cdigo
Penal.
7. Aos alunos do GVlaw.
8. APRESENTAO DA 2 EDIO O projeto de produo do material
bibliogrfico do Programa de Especializao e Educao Continuada em
Direito GVlaw completou dois anos em outubro de 2008. De outubro de
2006 at o final de 2008 tivemos a publicao de 16 volumes, sobre os
mais diversos temas, como Responsabilidade Civil, Direito
Tributrio, Direito Societrio, Propriedade Intelectual, Contratos,
Direito Penal Econmico, Direito Administrativo, Sociologia Jurdica
e Soluo de Controvrsias. Alm da constante publicao de novos volumes
durante esse perodo, o sucesso de vendas das primeiras 13 obras da
srie foi tamanho que nos leva ao lanamento de sua segunda edio. A
produo da Srie GVlaw envolve o trabalho de diversos coordenadores e
professores do programa, uma equipe que alia formao acadmica a
experincia profissional. Atualmente, contamos com um grupo de 10
pesquisadores, todos ps-graduandos em Direito, para auxlio na
produo dos novos volumes e tambm para auxlio na atualizao dos
volumes j publicados. Nesse contexto, a Srie GVlaw se consolida
como um projeto inovador em nosso mercado editorial jurdico.
Ligadas ao projeto pedaggico diferenciado da Escola de Direito de
So Paulo da Fundao Getulio Vargas, as publicaes do programa GVlaw
so elaboradas a partir dos temas trabalhados nos cursos de
ps-graduao lato sensu do programa. Busca-se, assim, produzir
conhecimento til a estudantes, advogados e demais profissionais
interessados, considerando-se a necessidade de desenvolvimento de
novas habilidades para responder s complexas demandas do mercado de
trabalho globalizado. A partir de 2009, as metas de publicao
envolvem a produo de livros para todos os nossos cursos de
especializao, alm da publicao de obras relacionadas aos mdulos de
educao continuada do programa. Dessa forma, o objetivo dotar todos
os nossos cursos de obras de referncia prprias, elaboradas pelo
corpo docente do programa e ancoradas em pesquisa jurdica
criteriosa, inteligente e produtiva. O GVlaw espera, assim,
continuar a oferecer a estudantes, advogados e demais profissionais
interessados insumos que, agregados s suas prticas, possam
contribuir para sua especializao, atualizao e reflexo crtica.
Leandro Silveira Pereira
9. Diretor do GVlaw Fabia Fernandes Carvalho Veoso Coordenadora
de Publicaes do GVlaw
10. APRESENTAO DA 1 EDIO A FGV formada por diferentes centros
de ensino e pesquisa com um nico objetivo: ampliar as fronteiras do
conhecimento, produzir e transmitir idias, dados e informaes, de
modo a contribuir para o desenvolvimento socioeconmico do pas e sua
insero no cenrio internacional. Fundada em 2002, a Escola de
Direito de So Paulo privilegiou um projeto diferenciado dos
currculos tradicionais das faculdades de direito, com o intuito de
ampliar as habilidades dos alunos para alm da tcnica jurdica.
Trata-se de uma necessidade contempornea para atuar em um mundo
globalizado, que exige novos servios e a interface de diversas
disciplinas na resoluo de problemas complexos. Para tanto, a Escola
de Direito de So Paulo optou pela dedicao do professor e do aluno
em tempo integral, pela grade curricular interdisciplinar, pelas
novas metodologias de ensino e pela nfase em pesquisa e publicao.
Essas so as propostas bsicas indispensveis formao de um
profissional e de uma cincia jurdica altura das demandas
contemporneas. No mbito do programa de ps-graduao lato sensu, o
GVlaw, programa de especializao em direito da Escola de Direito de
So Paulo, tem por finalidade estender a metodologia e a proposta
inovadoras da graduao para os profissionais j atuantes no mercado.
Com pouco tempo de existncia, a unidade j se impe no cenrio jurdico
nacional atravs de duas dezenas de cursos de especializao,
corporativos e de educao continuada. Com a presente Srie GVlaw, o
programa espera difundir seu magistrio, conhecimento e suas
conquistas. Todos os livros da srie so escritos por professores do
GV law, profissionais de reconhecida competncia acadmica e prtica,
o que torna possvel atender s demandas do mercado, tendo como
suporte slida fundamentao terica. O GVlaw espera, com essa
iniciativa, oferecer a estudantes, advogados e demais profissionais
interessados insumos que, agregados s suas prticas, possam
contribuir para sua especializao, atualizao e reflexo crtica.
Leandro Silveira Pereira Coordenador do GVlaw
11. PREFCIO Esta obra, que integra o projeto do GVlaw da Fundao
Getulio Vargas de oferecer textos de referncia aos cursos de educao
continuada e de especializao, contm artigos sobre temas da
responsabilidade civil, selecionados em razo de suas repercusses
nos Tribunais. Nesta 2 edio, os artigos foram revistos, atualizados
e ampliados, com ateno especial ao acrscimo de julgados
recentemente proferidos por nossos Tribunais. Sua abrangncia e o
mtodo utilizado, que se volta ao estudo de acrdos, trazem
relevantes subsdios aos alunos do GVlaw e de outros programas de
ensino, da graduao educao continuada e ps-graduao. Tambm se destina
aos operadores do Direito e a outros profissionais que atuam em
diversos setores, j que o curso de educao continuada e de
especializao em Responsabilidade Civil aberto aos graduados em
Direito e em outras reas de conhecimento. A presente obra
corresponde a um dos semestres desse curso. Tais semestres podem
ser cursados em sua totalidade, com o acrscimo de disciplinas
complementares e a realizao de trabalho de concluso de curso, caso
em que conferido o ttulo de especialista. E tambm podem ser
cursados individualmente, como educao continuada, por aqueles que
no pretendem a titulao de especialistas. A teoria aliada prtica
norteia esse curso e esta obra, em que estudada, por meio de anlise
de julgados, a reparao civil de danos morais e materiais, instituto
cuja dinmica exige adaptao constante s necessidades sociais e
projeta-se em vrios setores. Nesta publicao analisada a
responsabilidade civil espraiada em diferentes reas, pelos
articulistas a seguir indicados: nas atividades de ensino privado
(Regina Beatriz Tavares da Silva), das concessionrias de servios
pblicos (Carlos Alberto Dabus Maluf), dos juzes e promotores de
justia (Cludio Luiz Bueno de Godoy), dos bancos (nio Zuliani), nos
compromissos de compra e venda (Francisco Eduardo Loureiro) em
contratos de construo, empreitadas e incorporaes (nio Zuliani), nos
transportes (Hamid Bdine Jnior), nos atos de terceiros e no fato de
coisas (Jos Fernando Simo), na perda de entes queridos (Hamid Bdine
Jnior) e nas ofensas memria de pessoa falecida (Regina Beatriz
Tavares da Silva). Espera-se, com este trabalho, em sua 2 edio
revista, atualizada
12. e ampliada, contribuir para o estudo dos entendimentos
jurisprudenciais, assim como apresentar solues e reflexes para
diferentes casos da vida real. Regina Beatriz Tavares da Silva
Coordenadora
13. SUMRIO Apresentao da 2 edio Apresentao da 1 edio Prefcio 1
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS ATIVIDADES DE ENSINO PRIVADAS Regina
Beatriz Tavares da Silva 1.1 Consideraes iniciais 1.2 Pressupostos
e fundamentos da responsabilidade civil 1.3 Obrigaes de meio e de
resultado. Distino fundamental. Natureza da obrigao da instituio de
ensino privada de domnio do conhecimento pelo aluno 1.4 Aplicao
prtica da distino entre obrigaes de meio e de resultado nas
obrigaes das instituies de ensino privadas 1.4.1 Obrigaes de meio
1.4.2 Obrigaes de resultado 1.5 Responsabilidade dos alunos e de
seus representantes legais perante a instituio de ensino 1.6
Consideraes finais 2 RESPONSABILIDADE CIVIL DAS CONCESSIONRIAS DE
SERVIOS PBLICOS Carlos Alberto Dabus Maluf 2.1 Introduo 2.2 Escoro
histrico 2.3 A responsabilidade civil das concessionrias de servio
pblico na Constituio de 1988 2.4 A responsabilidade civil das
concessionrias de servio pblico no direito consumerista 2.5 Das
concesses de servio pblico responsabilidade civil 2.6
Concluses
14. 3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO JUIZ E DO PROMOTOR DE JUSTIA
Cludio Luiz Bueno de Godoy 3.1 Introduo 3.2 Responsabilidade civil
do juiz 3.2.1 Responsabilidade do juiz e do Estado 3.2.2 As
hipteses legais de pessoal responsabilidade do juiz 3.2.3 Atividade
jurisdicional e atividade no jurisdicional do juiz. Abuso no
exerccio da funo judicante 3.2.4 Ao direta contra o juiz? 3.2.5
Concluso do item 3.3 Responsabilidade civil do promotor de justia
3.3.1 Pressupostos comuns ao item anterior 3.3.2 Fatores
particulares no regime da responsabilizao civil do promotor de
justia 3.3.3 As manifestaes pblicas do promotor de justia 4
RESPONSABILIDADE CIVIL NA REA BANCRIA nio Santarelli Zuliani 4.1
Introduo 4.1.1 Funo e importncia dos bancos e os reflexos da
atividade da responsabilidade civil 4.1.2 Responsabilidade
contratual e responsabilidade extracontratual ou aquiliana 4.1.3 As
novas vertentes da responsabilidade civil 4.2 O fator violncia e os
incidentes com as portas giratrias e detectoras de
15. metais, produzindo bloqueio de acesso, com constrangimento
aos consumidores 4.2.1 Assaltos no interior das agncias e em
estacionamentos 4.2.2 A questo de assaltos e mortes nos caixas
eletrnicos instalados fora do mbito das agncias ou em ruas e
logradouros pblicos 4.2.3 O problema da prova de furtos e roubos
annimos ou sigilosos 4.3 Abertura de contas correntes com
documentos falsos 4.4 Pagamento de cheques falsificados e
adulterados 4.4.1 O saque eletrnico fraudulento 4.4.2 Seqestro
relmpago 4.4.3 Carto clonado 4.5 A responsabilidade dos bancos pela
repercusso dos financiamentos que liberam para seus clientes 4.6
Concluso 5 RESPONSABILIDADE CIVIL NO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA
Francisco Eduardo Loureiro 5.1 O contrato preliminar 5.2 O
compromisso de compra e venda como contrato preliminar imprprio 5.3
O direito real de promitente comprador 5.4 Os regimes jurdicos do
compromisso de compra e venda 5.5As prestaes principais, acessrias
e os deveres laterais de conduta assumidos pelas partes no
compromisso de compra e venda 5.6 As obrigaes do promitente
comprador. O dever de consentir na celebrao do contrato definitivo.
O pagamento do preo. A mora. A resoluo. A clusula penal. As
benfeitorias e acesses. 5 . 7 As obrigaes do promitente vendedor. O
dever de consentir na celebrao do contrato definitivo. A adjudicao
compulsria. A entrega da posse. A documentao relativa ao imvel 5.8
Questes polmicas mais freqentes sobre o compromisso de compra e
venda. A outorga uxria. O condomnio edilcio. A responsabilidade
pelo fato da coisa
16. 5.9 Concluso 6 RESPONSABILIDADE CIVIL NOS CONTRATOS DE
CONSTRUO, EMPREITADAS E INCORPORAES nio Santarelli Zuliani 6.1
Introduo: funo social do contrato que versa sobre construo 6.2
Empreitadas e incorporaes 6.3 O controvertido art. 618 do CC e a
responsabilidade contratual decorrente de vcios e defeitos da
construo 6.4 Situaes reais e comentrios sobre os julgados
respectivos 6.4.1 Interrupo da obra e os riscos do abandono: a
posio do empreiteiro 6.4.2 A solidariedade entre empreiteiro e
engenheiro pelos danos decorrentes de defeitos na construo 6.4.3
Expectativa de que uma nova era se descortine a partir das
indenizaes por danos morais 6.5 Concluso 7 RESPONSABILIDADE CIVIL
POR DANOS DECORRENTES DO TRANSPORTE Hamid Charaf Bdine Jnior 7.1
Introduo 7.2 O contrato de transporte 7.3 Contrato de transporte e
legislao aplicvel 7.3.1 Conflitos entre o Cdigo Civil e o Cdigo de
Defesa do Consumidor 7.4 Transporte cumulativo e solidariedade 7.5
Transporte de pessoas e responsabilidade por danos 7.5.1 Danos
bagagem e extravio 7.6 Excludentes de responsabilidade 7.6.1 Fora
maior
17. 7.6.2 Conduta da vtima 7.6.3 Fato de terceiro 7.6.4 Clusula
excludente da obrigao de indenizar 7.7 Transporte gratuito 7.8
Transporte de coisas 7.8.1 Transporte rodovirio de cargas 7.9
Transporte areo 7.9.1 Atraso de vo 7.9.2 Perda ou extravio de
bagagem 7.9.3 Danos a terceiros 7.9.4 Acidente areo 7.9.5
Overbooking 7.10 A ttulo de concluso 8 RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS
ATOS DE TERCEIROS E PELO FATO DE COISAS Jos Fernando Simo 8.1
Introduo 8.2 Responsabilidade por ato de terceiro danos causados
por incapazes 8.2.1 Fundamento da responsabilidade por ato de
terceiro 8.2.1.1 Culpa dos representantes e empregadores: a
responsabilidade subjetiva 8.2.1.2 Presuno de culpa dos
representantes e dos empregadores 8.2.1.3 Fundamento no risco: a
responsabilidade objetiva 8.2.2 A responsabilidade subsidiria do
incapaz arts. 928 e 942, pargrafo nico
18. 8.2.2.1 Hipteses em que o incapaz deve indenizar a vtima
8.2.2.2 Valor da indenizao e a eqidade 8.3 Responsabilidade pelo
fato de coisa 8.4 Concluses 9 RESPONSABILIDADE CIVIL NA PERDA DOS
ENTES QUERIDOS Hamid Charaf Bdine Jnior 9.1 Introduo 9.2 Conceito
9.3Critrios para identificao do dano extrapatrimonial 9.4 Pessoas
que fazem jus indenizao decorrente do bito de outra 9 . 5 Critrio
para distribuio da indenizao em face da diversidade de titulares do
direito indenizatrio 9.6 Morte de filho 9.7 Morte de pais, mes,
cnjuges e companheiros 9.8 Outras relaes afetivas 9.9Notas
conclusivas 10 RESPONSABILIDADE CIVIL POR OFENSA MEMRIA DE PESSOA
FALECIDA Regina Beatriz Tavares da Silva 10.1 O caso em anlise
10.1.1 Razes da escolha do caso 10.1.2 Ofensas memria de pessoa
falecida 10.1.3 Caracterizao das ofensas memria da pessoa falecida
10.1.4 Demanda judicial de reparao de danos promovida pela filha da
falecida 10.2 Fundamento da reparao civil por ofensa memria de
pessoa falecida e seus pressupostos 10.2.1 Fundamento legal
expresso no Cdigo Civil de 2002
19. 10.2.2 Pressupostos da responsabilidade civil 10.2.3
Indispensvel anlise do primeiro pressuposto: ao ilcita 10.3 O
direito honra, o direito imagem e o direito vida privada do finado:
necessidade de reconhecimento do direito memria de pessoa falecida
10.3.1 Direito honra 10.3.2 Direito imagem 10.3.3 Direito vida
privada 10.3.4 Autonomia evidenciada do direito memria de pessoa
falecida 10.4 Violao memria da pessoa falecida no caso em tela
20. 1 RESPONSABILIDADE CIVIL NAS ATIVIDADES DE ENSINO PRIVADAS
Regina Beatriz Tavares da Silva Coordenadora e professora do
programa de educao continuada e especializao em Direito GVlaw,
mestre e doutora em Direito Civil pela Universidade de So Paulo,
membro da Comisso de Direito Civil do Instituto dos Advogados de So
Paulo, advogada e titular do escritrio Regina Beatriz Tavares da
Silva Sociedade de Advogados. 1.1 Consideraes iniciais A
responsabilidade civil tem em vista restabelecer o equilbrio moral
e/ou patrimonial violado pelo dano, em cumprimento da finalidade do
Direito, que possibilitar a vida em sociedade (BITTAR, 1991, p. 3).
Tornou-se a questo central da sociedade e, portanto, do Direito
contemporneo. O fornecimento de servios de ensino d-se numa tpica
relao de consumo estabelecida entre a instituio de ensino privada e
o aluno, o que, numa primeira vista, levaria ao enquadramento
incondicional da reparao civil de danos, nessa prestao de servios,
nas regras do Cdigo de Defesa do Consumidor Lei n. 8.078/90, com a
adoo dos princpios da responsabilidade objetiva, sem que coubesse
qualquer indagao sobre a culpa do agente ou causador do dano, j que
essa lei fundamenta a responsabilidade civil no risco (art. 14,
caput). No entanto esse enquadramento no absoluto, j que o contrato
celebrado entre a instituio de ensino e o aluno contm relaes
jurdicas complexas, com obrigaes para ambas as partes, algumas com
a natureza de obrigaes de resultado, em que o prestador dos servios
se obriga a alcanar determinada finalidade, mas muitas outras com a
natureza de obrigaes de meio, em que o fornecedor de servios no se
obriga a atingir o resultado, mas, sim, a utilizar todos os meios
ao seu alcance para tanto, nas quais indispensvel a perquirio da
inteno do agente dolosa, negligente, imprudente ou imperita. A
recproca verdadeira no que
21. se refere ao aluno ou consumidor e seus representantes ou
assistentes legais. Este o marco divisrio entre a responsabilidade
objetiva, fundamentada no risco, e a subjetiva, fundada na culpa,
que merece a devida anlise nos contratos que regem as relaes de
consumo, dentre as quais esto as relaes decorrentes das atividades
de ensino, como veremos neste artigo. Como dito acima o contrato de
ensino contm obrigaes para a instituio de ensino e para o aluno, de
modo que, neste artigo, tambm ser analisada a responsabilidade dos
estudantes perante as instituies de ensino privadas, j que, como em
todas as relaes jurdicas, a via de duas mos, de modo que os alunos
e seus representantes ou assistentes legais tambm no esto imunes
aplicao dos princpios da reparao de danos. Claro est que, em se
tratando de responsabilidade civil dos alunos, aplica-se a regra
geral da responsabilidade subjetiva, prevista no art. 186 do Cdigo
Civil, e, em casos excepcionais, ao arbtrio judicial, pode ser
aplicada a regra constante do pargrafo nico do art. 927, que
objetiva, quando a atividade normalmente exercida pelo agente
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Note-se que diante do espectro deste artigo, no analisaremos a Lei
de Diretrizes e Bases LDB e outras normas referentes, em carter
estrito, ao ensino. A legislao que apoiar nossos estudos ser o
Cdigo Civil e o Cdigo de Defesa do Consumidor. 1.2 Pressupostos e
fundamentos da responsabilidade civil So trs os pressupostos da
responsabilidade civil: ao, dano e nexo causal. Para que haja
responsabilidade civil, preciso existir a ao que importa na violao
a direito de outrem, o dano, seja moral, seja material, e o nexo
causal entre essa ao e o dano. Esses, efetivamente, so os
pressupostos da responsabilidade civil subjetiva e objetiva.
preciso separar os pressupostos dos fundamentos da responsabilidade
civil, para que esse tema deixe de ser uma teia que no tem incio ou
fim, para que no se perca a base segura em seu estudo.
22. So dois os fundamentos da responsabilidade civil: a culpa e
o risco. Na responsabilidade subjetiva, fundamentada na culpa,
preciso demonstrar o modo de atuao do agente, sua inteno dolosa,
isto , a vontade do lesante de causar o dano, ou o seu
comportamento negligente, imprudente ou imperito. Porm, quando se
fala em culpa, devemos ter em conta sua noo abstrata. A conduta do
agente deve ser apreciada em face do comportamento normal das
pessoas, colocadas nas mesmas circunstncias em que o ato se
realizou. Ningum consegue adentrar no psiquismo humano, ningum
consegue saber se, realmente, o lesante agiu dolosamente ou com
negligncia, imprudncia ou impercia. Trata-se, pois, de uma comparao
abstrata que se faz entre a conduta normal de uma pessoa diligente
e a conduta do agente. Assim, segundo Ren Savatier, a culpa a
inexecuo de um dever que o agente podia conhecer e observar
(SAVATIER, 1951, p. 5) e, para Alvino Lima, na verificao da culpa
deve-se examinar se o ato ou omisso lesivos foram alm dos extremos
da conduta normal do homem diligente (LIMA, 1960, p. 61). A
responsabilidade objetiva fundamentada no risco. Assim chamada essa
espcie de responsabilidade porque no cabe examinar a vontade do
agente, nem mesmo naquela comparao com a conduta normal das
pessoas. Aqui no importa se houve dolo, se houve negligncia, ou
imprudncia, ou impercia. Importa apenas a existncia da ao e do
dano. Havendo ao lesiva e a relao de causalidade entre a ao e o
dano, surge a responsabilidade civil. Em suma, no se cogita da
subjetividade do agente. A vtima somente precisa demonstrar a ao
ligada ao dano, para que surja o dever do lesante de repar-lo.
Evidencia-se a facilitao das provas a serem produzidas pelo lesado
na responsabilidade objetiva, j que bastar a comprovao da ao, do
nexo causal e do dano. Por outro lado, na responsabilidade
subjetiva o conjunto probatrio envolve, alm desses pressupostos, a
culpa do lesante, seu dolo, ou sua negligncia, sua imprudncia ou
sua impercia. No Cdigo Civil vigente, a regra geral continua a ser
a da responsabilidade subjetiva, fundamentada na culpa (arts. 186 e
927, caput). Em relao ao Cdigo Civil anterior, a novidade nesse
tema reside em que, embora em carter excepcional, isto , se a
atividade normalmente desenvolvida pelo agente implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem, ao juiz autorizado
aplicar a responsabilidade objetiva, dispensando-se a apurao da
culpa, alm do que j previa o ordenamento jurdico anterior sobre a
possibilidade de aplicao da responsabilidade
23. objetiva somente diante de lei expressa que a preveja (art.
927, pargrafo nico) (TAVARES DA SILVA, 2008, p. 881-890): Art. 186.
Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilcito. Art. 927. Aquele que, por ato ilcito,
causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. Pargrafo nico.
Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem. J no Cdigo de Defesa do Consumidor, o
fundamento geral da responsabilidade civil no fornecimento de
servios o risco, aplicando-se a teoria objetiva, segundo seu art.
14, caput, que dispe: Art. 14. O fornecedor de servios responde,
independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos
causados aos consumidores e relativos prestao dos servios, bem como
por informaes insuficientes ou inadequadas sobre fruio e riscos.
Ento, nas relaes de consumo, independentemente da existncia de
culpa, h responsabilidade do fornecedor de servios. O fornecedor de
servios s no ser responsabilizado quando provar que, tendo prestado
o servio, o defeito no existe (portanto, no h dano) ou a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro (portanto, no h nexo
causal), como estabelece o mesmo art. 14, em seu 3, I e II. E,
ainda, no Cdigo de Defesa do Consumidor, o art. 20, caput, e
incisos I, II e III, dispe sobre os chamados vcios de qualidade,
pelos quais responde o fornecedor se tornarem os servios imprprios
ao consumo ou lhe diminurem o valor, e tambm sobre as disparidades
entre as indicaes ou mensagem publicitria da oferta e os servios,
casos em que o consumidor pode exigir a reexecuo dos servios sem
custo adicional, ou a restituio imediata da quantia paga,
corrigida
24. monetariamente, sem prejuzo das perdas e danos, ou o
abatimento proporcional no preo. Indaga-se, ento, se as instituies
de ensino privadas respondem pelos vcios de qualidade. Por outras
palavras, se no houver o domnio do conhecimento pelo aluno, ao
trmino de um curso, existe um vcio de qualidade no servio, com o
fundamento da responsabilidade objetiva, baseada no risco, sem a
apurao da culpa da instituio de ensino? Essa indagao liga-se a
outra: as instituies de ensino privadas, como fornecedoras de
servios educacionais, enquadram-se na responsabilidade subjetiva ou
objetiva? O fundamento de sua responsabilidade a culpa ou o risco?
A resposta a essas indagaes merece o devido e prvio detalhamento
dos princpios a respeito de obrigaes de meio e de resultado, que
faremos a seguir. 1.3 Obrigaes de meio e de resultado. Distino
fundamental. Natureza da obrigao da instituio de ensino privada de
domnio do conhecimento pelo aluno Se nos restringirmos ao disposto
no art. 14 do Cdigo de Defesa do Consumidor, o fornecedor de
servios responde independentemente de culpa e, portanto, apenas com
a ao ou omisso e o dano, ou seja, com a demonstrao de que o aluno
terminou um curso sem dominar o conhecimento, surgir a
responsabilidade civil. Isso em razo da teoria objetiva adotada
pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, em que no h possibilidade de
indagar se houve dolo ou culpa em sentido estrito negligncia,
impercia ou imprudncia da instituio de ensino. Esse raciocnio
simplista no est correto. A responsabilidade das instituies de
ensino de iniciativa privada somente poder ser enquadrada como
objetiva, baseada no risco e sem apurao da culpa, quando a obrigao
descumprida for de resultado. Se a obrigao descumprida for de meio,
a responsabilidade civil ser subjetiva, ou seja, baseada na culpa,
em que haver a apurao do dolo, ou da negligncia, imprudncia ou
impercia do agente. O que obrigao de meio e o que obrigao de
resultado? Antes, faamos uma comparao entre hospitais e instituies
de ensino. Qual a obrigao principal de um hospital? a cura do
paciente. Algum hospital pode obrigar-se a curar um paciente?
evidente que no.
25. Por isso, as obrigaes de um hospital, quando no dizem
respeito aos servios exclusivos da entidade, como os de
fornecimento de equipamentos, so, via de regra, de meio, em que
devem ser utilizados todos os meios necessrios ao alcance do
resultado almejado, que a cura do paciente, mas sem que o hospital
se obrigue a alcanar propriamente este resultado (TAVARES DA SILVA,
2007, p. 3-32). E como poderia a instituio de ensino privada
obrigar-se a que o aluno domine o conhecimento? Claro que esta
tambm uma obrigao de meio e no de resultado. Nas obrigaes de meio,
o devedor obriga-se a empregar todos os meios e esforos para a
consecuo de um objetivo e no a alcanar certa finalidade. Nas
obrigaes de resultado, o devedor obriga-se a alcanar determinada
finalidade. Denota-se que, enquanto nas obrigaes de meio o alcance
do resultado no depende somente do devedor, mas tambm de
circunstncias outras que independem de sua vontade, dentre as quais
prepondera a atuao do credor da obrigao, razo pela qual o devedor
no pode obrigar-se a alcan-lo, nas obrigaes de resultado a
finalidade almejada depende somente do devedor, motivo pelo qual se
obriga a atingi-la. Assim, como para os hospitais aplica-se a
teoria da culpa, em termos de responsabilidade civil, sendo obrigao
de meio a cura, de modo que deve ser provado que o lesante agiu
dolosamente ou com negligncia, impercia ou imprudncia na utilizao
dos meios necessrios ao alcance da cura, para as instituies de
ensino tambm se aplica a teoria da culpa, sendo obrigao de meio, no
caso, o domnio do conhecimento pelo aluno. Note-se que, por
tratar-se de relao de consumo, o fundamento culposo, assim como os
prprios pressupostos da responsabilidade civil, consistentes na ao,
no nexo causal e no dano, podem ser presumidos pelo juiz numa ao
reparatria, quando for verossmil a alegao ou quando o consumidor
for hipossuficiente, como dispe o art. 6, VIII, do Cdigo de Defesa
do Consumidor. Mas essa presuno, quando determinada pelo juiz,
relativa, admitindo prova em contrrio. Desse modo, embora ocorra a
inverso do nus da prova, que passa a ser do ru na ao e no de seu
autor, continua a possibilitar-se o debate acerca da culpa. Por
outras palavras, o ru poder provar que agiu sem culpa (MONTEIRO DE
BARROS, 2007, p. 505). Portanto essa obrigao da instituio de ensino
privada de que o aluno domine o conhecimento da matria que cursa de
meio e no de resultado. Somente em outras obrigaes, desde que
dependam
26. exclusivamente do prestador de servios, sem que haja
interferncia do consumidor, ou seja, em obrigaes de resultado,
possvel aplicar a teoria objetiva, sem qualquer indagao sobre a
culpa do lesante, como veremos adiante. V-se em acrdo do Tribunal
de Justia do Rio de Janeiro o domnio do conhecimento como obrigao
de meio e no de resultado: Direito do consumidor. Contrato de
prestao de servios educacionais. Demanda reparatria de supostos
danos materiais e morais. No aprovao pela apelante no exame da
Ordem dos Advogados do Brasil. Inexistncia de nexo causal. No h
responsabilidade do apelado pelas tentativas frustradas da apelante
em obter aprovao no exame da OAB/RJ. Obrigao de meio da instituio
de ensino superior que no enseja garantia absoluta de insero no
mercado de trabalho ou aprovao em certame. Improvimento do recurso
(acrdo da 1 Cm. Cvel do TJRJ, Ap. 20.330/2008, Rel. Des. Maldonado
de Carvalho, j. 19-8-2008). 1.4 Aplicao prtica da distino entre
obrigaes de meio e de resultado nas obrigaes das instituies de
ensino privadas Realmente, as instituies de ensino tm a relevante
obrigao de meio de propiciar a seus alunos os meios necessrios ao
domnio do conhecimento (COL, 2004, p. 82-87). E, ao mesmo tempo, tm
a obrigao de resultado de controlar o seu desenvolvimento, dentre
outras a seguir vistas. Os julgados a seguir citados, embora alguns
deles refiram-se a fatos ocorridos em instituies ou pessoas
jurdicas de direito pblico, so teis ao entendimento e diferenciao
entre as obrigaes de meio e de resultado. 1.4.1 Obrigaes de meio
Vamos buscar um exemplo. Suponhamos que ex-aluno de uma
universidade, aps a obteno do grau em economia almejado, obtenha
rapidamente um emprego. Uma vez empregado, imaginemos que utilize
uma frmula que, segundo ele, havia aprendido na universidade. S que
essa frmula, referente a investimento, vem a causar empresa
empregadora
27. desse ex-aluno gravssimos prejuzos. O ex-aluno, ento,
despedido por justa causa da empresa e promove uma ao de indenizao
contra a universidade em que aprendera a frmula. Pede uma indenizao
de R$ 300 mil, a ttulo de lucros cessantes, e de R$ 150 mil pelos
danos morais. Vejam como seria, em nosso sistema jurdico, necessrio
que esse aluno, na ao reparatria, demonstrasse que houve, da parte
da instituio de ensino superior, culpa. No basta demonstrar que
aplicou a frmula e que esta lhe foi ensinada, um dia, na faculdade.
preciso demonstrar a culpa da instituio de ensino superior, sua
atuao negligente, imperita ou imprudente. Vejamos, portanto, que no
se trata de responsabilidade objetiva, pura e simplesmente baseada
na ao e no dano. Outra situao que poderamos imaginar: a maior parte
dos alunos de uma faculdade de direito, da mesma turma, no consegue
aprovao no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, da surgindo
danos morais e danos materiais. Danos emergentes e lucros
cessantes, despesas com cursos preparatrios, com exame da Ordem dos
Advogados do Brasil, perda de ganhos pela impossibilidade do
exerccio profissional etc. Do fato em si, isto , da reprovao em
massa, surgiria, pura e simplesmente, a responsabilidade da
instituio de ensino superior? No, porque se trata de
responsabilidade subjetiva. preciso demonstrar que a instituio de
ensino superior agiu culposamente, isto , que, por negligncia,
impercia ou imprudncia, no utilizou todos os meios para que aquela
turma dominasse o conhecimento da matria. Aqui a verossimilhana da
alegao estaria presente, assim como a hipossuficincia das vtimas em
face da instituio de ensino, e seria aplicvel o sistema da presuno
da culpa, com base no art. 6, VIII, do Cdigo de Defesa do
Consumidor Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Bem diversa a
questo retratada em v. acrdo do Tribunal de Justia do Rio de
Janeiro, anteriormente citado, em que uma nica ex-aluna promoveu a
ao reparatria em face da instituio de ensino, na qual obteve sua
graduao em Direito, porque no foi aprovada no exame da Ordem dos
Advogados do Brasil (acrdo da 1 Cm. Cvel do TJRJ, Ap. 20.330/2008,
Rel. Des. Maldonado de Carvalho, j. 19-8-2008). Claro est que no
caso no poderia ser tida como existente a verossimilhana da alegao
da autora da ao. Tambm como obrigao de meio enquadra-se o
reconhecimento de curso de graduao. A falta de reconhecimento
oficial do curso no acarreta a responsabilidade do instituto de
ensino, se este tiver agido com toda a diligncia necessria
(diligncia do bonus pater familiae), ou seja, se no tiver atuado
com culpa, se no tiver sido negligente, imperito ou imprudente. Os
alunos que iniciam um curso cnscios de que depende de
28. reconhecimento pelo Ministrio da Educao assumem o risco do
no-reconhecimento (acrdo da 8 Cm. do TJSP, Ap. 74.536-1, Rel. Des.
Fonseca Tavares, j. 6-8-1986). No mesmo sentido, em curso de
ps-graduao em perodo experimental, com validade de diploma
condicionada ao credenciamento posterior, desde que os alunos sejam
previamente informados da falta de credenciamento, no surge a
responsabilidade civil. Somente se provada a culpa da instituio de
ensino superior, por exemplo, pela falta de titulao adequada dos
professores, que caso de impercia, nasce o direito do aluno reparao
de danos (acrdo da 8 Cm. Cvel. do TJPR, AI 124.647-7, Rel. Des. A.
Renato Strapasson, j. 5-8-2002). No entanto, se o aluno foi
informado da ausncia de recomendao e reconhecimento do MEC, no
havendo por parte da instituio descuido no cumprimento das obrigaes
assumidas, no h dever de indenizar (acrdo da 32 Cm. do TJSP, Ap
1.171.699-0, Rel. Des. Ruy Coppola, j. 9-10-2008). Cite-se, a
propsito desse tema, acrdo que condenou instituio de ensino a pagar
indenizao a aluna que realizou vestibular em curso que dependia de
aprovao por parte do rgo oficial (MEC), o qual mais tarde
determinou a suspenso do mesmo, por no preencher os requisitos
necessrios, devendo arcar com os prejuzos sofridos pela autora da
ao, tanto no que se refere aos danos morais sofridos como no que se
refere aos danos materiais consistentes na devoluo das quantias
pagas. V-se nesse acrdo a negligncia ou impercia da instituio de
ensino que implantou curso e ofereceu vestibular, assim como um ano
de curso, sem que preenchesse os requisitos necessrios a essa
oferta (acrdo da 7 Cm. de Frias B de Direito Privado do TJSP, Rel.
Des. Rebouas de Carvalho, j. 19-8-1996, JTJ, 194/158). Observe-se
que em outro acrdo do Tribunal de Justia de So Paulo, foi
considerada objetiva a responsabilidade da instituio de ensino que
abre as inscries de curso de ps-graduao, possibilita a realizao do
curso na sua integralidade, mediante pagamento do respectivo preo,
qualifica o aluno em banca examinadora, mas no fornece o diploma de
grau de mestre porque o curso est irregular perante os rgos
competentes. Aqui, a obrigao foi havida como de resultado, j que
aplicada a responsabilidade objetiva e considerado que o
estabelecimento de ensino deveria primeiramente regularizar o curso
de mestrado para depois abrir as inscries (acrdo da 18 Cmara de
Direito Privado do TJSP, Ap. 7.287.878-1, Rel. Des. Carlos Alberto
Lopes, j. 22-9-2008). 1.4.2 Obrigaes de resultado
29. As instituies de ensino, contudo, assumem outras obrigaes
que so de resultado, dispensando-se a apurao da culpa. Controlar o
desenvolvimento do aluno, de modo a reprov-lo se no alcanar,
realmente, a mdia exigida nas avaliaes trata-se de obrigao de
resultado. A obrigao da instituio de ensino de realizar e terminar
o curso oferecido, mesmo que o nmero de alunos seja incompatvel com
o lucro almejado, obrigao de resultado, de modo que nem mesmo a
transferncia dos alunos para outra instituio de ensino elimina a
responsabilidade. Assim, no cabe a discusso a respeito da culpa da
instituio de ensino, se poderia ou no terminar o curso, a depender
do interesse econmico. J que essa obrigao de concluso do curso de
resultado, somente diante da interveno judicial no contrato, em
razo de pedido de aplicao da teoria da impreviso, nos moldes do
art. 478 do Cdigo Civil, realizado em ao prpria pela instituio de
ensino, desde que provada a alterao das circunstncias posterior
celebrao do contrato, com excessiva onerosidade para a instituio de
ensino e vantagem extrema para o aluno, caberia o encerramento
prvio ao trmino do curso. J que do contrato de prestao de servios
educacionais resulta essa obrigao de resultado, no pode a instituio
de ensino encerrar o curso antes de seu trmino sem a indispensvel
autorizao judicial. Cite-se julgado a respeito do tema, que foi
proferido pelo Tribunal de Justia de So Paulo, dentro dessa concepo
de que a obrigao em tela de resultado: Quando a instituio de ensino
se props a ministrar o referido curso, assumiu o compromisso de
lev-lo at o seu final.... E acrescenta o acrdo: ... porque no fazia
parte do contrato, nada estava previsto, em termos estatutrios, de
que o curso podia ser fechado antes do seu trmino. Houve, no caso,
condenao em indenizao por danos morais: frustrao no objetivo de
cursar aquele determinado curso na faculdade de livre escolha do
aluno, e por danos materiais: despesas decorrentes do no
cumprimento do pactuado e da forada transferncia (acrdo da 2 Cm. de
Direito Privado do TJSP, Ap. 272.796-1/5, Rel. Des. Linneu
Carvalho, j. 12-11-1996). A referida observao, constante do acrdo
acima citado, importante. Se a instituio de ensino tivesse
considerado o risco de no terminar o curso, deveria ter feito
constar essa possibilidade do contrato de prestao de servios
educacionais. Se tivesse constado expressamente que poderia a
instituio de ensino deixar de terminar o curso, caso em que
providenciaria a transferncia dos alunos para outra instituio, no
haveria sua responsabilizao, como ocorreu no caso antes
analisado.
30. Decidiu o extinto Primeiro Tribunal de Alada Civil de So
Paulo: Quando a faculdade instala um curso e admite inici-lo com
nmero reduzido de alunos, constitui ato incompatvel com a boa f
contratual encerr-lo porque tal nmero economicamente
desinteressante. Neste caso houve condenao no pagamento de
indenizao por danos morais, no valor de R$ 7.500,00 (acrdo da 4 Cm.
do extinto TAC, atual TJSP, Ap. 803.344-5, Rel. Des. Ricardo
Brancato, j. 7-4-1999). Vejamos outro acrdo que julgou pedido de
indenizao por danos morais configurados na frustrao do objetivo de
realizar o curso na faculdade, de livre escolha do aluno, e por
danos materiais consistentes nas despesas decorrentes do
no-cumprimento do pactuado. No caso, a instituio de ensino
superior, embora sem autorizao do Ministrio da Educao para
funcionamento de curso superior em Farmcia e Bioqumica, realizou o
vestibular e a matrcula condicional do aluno. O resultado danoso no
evitado pela matrcula condicional. Houve condenao por danos morais
em 200 salrios mnimos, consistentes na tenso provocada pela espera
da regularizao do curso e na dolorosa sensao de frustrao quanto ao
projeto de cursar a faculdade, e por danos materiais, fixados em
doze vezes o valor mdio dos salrios percebidos por farmacutico
recm-formado (acrdo da 1 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap.
271.461-1, Rel. Des. Alexandre Germano, j. 24-9-1996). Em outro
acrdo, o Tribunal de Justia de So Paulo deixou consignado que a
oferta de curso inexistente acarreta a responsabilidade da escola
pela falta de prestao dos servios educacionais, que prometera aos
alunos em curso ainda sujeito aprovao por rgos federais competentes
(acrdo da 6 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap. 262.304-1, Rel.
Des. Ernani de Paiva, j. 15-8-1996). Os acrdos citados so alguns de
tantos outros julgados que condenaram instituies de ensino no
pagamento de indenizao pela realizao de exames vestibulares tendo
em vista cursos no autorizados pelo Ministrio da Educao. Note-se
que, se a instituio de ensino, embora sem autorizao do Ministrio da
Educao para funcionamento de um curso superior, lana um vestibular,
o resultado danoso pode ser evitado se, aps o recebimento da
comunicao ministerial, comunicar o fato aos alunos, evitando,
assim, o constrangimento da intil realizao do exame. Se, por
exemplo, tal comunicao do Ministrio da Educao for recebida no
prprio dia do vestibular, com os candidatos em sala, espera-se que
sejam dali retirados, em vez de deix-los prestar um exame intil.
Imaginemos aquela condenao de R$ 7.500,00, constante do acrdo antes
citado, multiplicada pelo nmero de alunos da turma inicial
31. de um curso. Imaginemos uma anuidade de curso preparatrio
para vestibular, mais a importncia de doze salrios percebidos por
um indivduo na rea de formao pretendida, multiplicadas pelo nmero
de candidatos inscritos num exame vestibular. Em suma, tenhamos em
mente o montante indenizatrio em que pode ser condenada a instituio
de ensino nas circunstncias antes vistas. A reside a finalidade
didtica da responsabilidade civil, que pode ser utilizada em termos
preventivos, no sentido de evitar o dano. Mais uma obrigao de
resultado da instituio de ensino a entrega de diploma a aluno
aprovado. O Tribunal de Justia do Paran condenou instituio de
ensino no pagamento de indenizao a aluno pelo descumprimento dessa
obrigao. O acrdo determinou o pagamento de indenizao, a ser fixada
por arbitramento tendo em vista o perodo da demora de dez anos na
obteno do diploma e a impossibilidade do exerccio da profisso, na
questo em comento a advocacia. No caso, a instituio de ensino
superior recusava-se a conceder o diploma ao aluno porque achava
que havia um defeito em seu histrico escolar, que no existia (acrdo
da 4 Cm. do TJPR, Ap. Cvel 56.391-5, Rel. Des. Troiano Netto, j.
13-8-1997, RT, 750/381). O Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul
tambm condenou instituio de ensino a indenizar seus alunos pela
demora na expedio de seus respectivos diplomas, que, no caso, no
foi de dez anos, mas de dez meses (acrdo da 6 Cm. Cvel do TJRS, Ap.
Cvel 70022628663, Rel. Des. Jos Aquino Flres de Camargo, j.
9-10-2008 e acrdo do 3 Grupo Cvel do TJRS, EI. 70024774309, Rel.
Des. Jorge Luiz Lopes do Canto, j. 1-8-2008). A mesma obrigao de
entrega de diploma foi havida como de resultado em acrdo do
Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul, proferido na Apelao Cvel
n. 597236389. No caso, houve recusa quanto entrega do diploma a
aluno que estava aprovado, porque em dbito com a instituio de
ensino. Como deixou consignado o acrdo, Constitui ato ilcito a
universidade reter diploma de aluno em razo de dvida quanto s
mensalidades universitrias (acrdo da 5 Cm. Cvel do TJRS, Rel. Des.
Araken de Assis, j. 4-12-1997). Alis, as obrigaes tanto podem ser
de fazer como de no fazer, sendo estas ltimas, via de regra, de
resultado, como aquela de no-realizao de punies pedaggicas, no ano
letivo ou no semestre letivo, por falta de pagamento das
mensalidades escolares, como determina a Lei n. 9.870/99, em seu
art. 6. So exemplos de punies pedaggicas o impedimento realizao de
provas escolares, a reteno de documentos e a proibio quanto
utilizao da infra-estrutura da escola, como a biblioteca, o
laboratrio etc.
32. Mais uma obrigao de resultado o cancelamento da inscrio do
aluno nos servios de proteo ao crdito, aps o pagamento do dbito.
Como deixou consignado acrdo do Primeiro Tribunal de Alada Civil do
Estado de So Paulo, A abusividade do ato evidente, causou dano
moral autora, frustrando-lhe o crdito e constrangendo-lhe
indevidamente, maculando-lhe a honra e infringindo-lhe desconforto
e mal estar psquco. Houve condenao por danos morais em R$
10.000,00, sendo que os danos materiais no restaram provados (acrdo
da 4 Cm. de Frias de Julho de 2002 do extinto TAC, agora TJSP, Ap.
1.080.146-6, Rel. Des. Osas Davi Viana, j. 31-7-2002). No entanto,
se o aluno no cumpre suas obrigaes de pagar as prestaes do curso ou
de adimplir eventual dbito, foi considerada lcita a atitude da
instituio de ensino de impedir a colao de grau, em acrdo do
Tribunal de Justia de So Paulo, pelo qual a pendncia de dbito
autoriza o estabelecimento de ensino a no oferecer a graduao,
conforme clusula expressa no contrato, porque no pode ser obrigada
a custear o ensino do aluno, inexistindo qualquer abusividade nessa
clusula contratual, j que a todo servio corresponde uma
contraprestao (acrdo da 27 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap.
922.085-0/6, Rel. Des. Jesus Lofrano, j. 10-10- 2006). Em acrdo do
Superior Tribunal de Justia, v-se que a instituio de ensino
permitiu a participao de aluno no aprovado numa solenidade de
formatura de graduao de curso mdio, para depois inform-lo de sua
reprovao. A instituio de ensino foi responsabilizada por isto,
sendo condenada no pagamento de 50 salrios mnimos pelos danos
morais sofridos pelo aluno (acrdo da 4 Turma do STJ, REsp
304.844/PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Jnior, j. 12.-3-2002). Tambm
se classifica como obrigao de resultado a divulgao inequvoca de
cursos, em publicidade, da qual devem constar seus dados
essenciais. Como estabelece o Cdigo de Defesa do Consumidor Lei
8.078/90, em seu art. 20, o fornecedor de servios responde pelos
vcios decorrentes de disparidades com as indicaes constantes da
oferta ou mensagem publicitria. E dispe o art. 37, 3, da mesma lei
que a publicidade enganosa por omisso quando deixar de informar
dado essencial sobre o servio. Julgado do Tribunal de Justia do Rio
de Janeiro condenou estabelecimento de ensino por violao do dever
de informao ao corpo discente, quando da celebrao do contrato, da
falta de reconhecimento das suas atividades pelo rgo competente,
alm da falta de providncias necessrias regularizao do curso (acrdo
da 18 Cm. Cvel do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro, Ap.
40836/2008, Rel. Des. Rogrio de
33. Oliveira Souza, j. 12-8-2008). Em acrdo do Tribunal de
Justia de So Paulo, ficou expresso que: Deixando a universidade de
dar adequada divulgao da exata natureza do curso de curta durao,
seqencial e superior de Enfermagem Auxiliar e Gerncia Ambulatorial,
que no gradua, mas fornece diploma, que superior, mas forma mero
auxiliar de enfermagem, no enfermeiro, viola irrecusvel direito do
aluno-consumidor informao clara sobre o negcio que formaliza e se
obriga reparao, independentemente de culpa (acrdo da 28 Cmara de
Direito Privado do TJSP, Ap. 967.135-0/0, Rel. Des. Celso Pimentel,
j. 1-8-2006). Dar cincia inequvoca aos alunos de que o curso no tem
credenciamento perante o Ministrio da Educao tambm foi considerada
obrigao de resultado da instituio de ensino por outro acrdo do
Tribunal de Justia paulista; segundo o julgado: Trata-se, portanto,
de propaganda enganosa por omisso, consistente na ausncia de
informao sobre caracterstica negativa do produto (ou servio) com o
intuito de abranger uma maior parcela do mercado consumidor (acrdo
da 33 Cmara de Direito Privado do TJSP, Ap. 899411-0/9, Rel. Des. S
Moreira de Oliveira, j. 2-10-2008). A verificao do preenchimento
pelo candidato dos requisitos para a inscrio em curso tambm obrigao
de resultado da instituio de ensino. A instituio de ensino que
matricula aluno sem verificao dos requisitos necessrios a tanto
causa leso honra subjetiva do aluno, sua auto-estima, consoante
acrdo do Tribunal de Justia do Paran, proferido na Apelao Cvel n.
82.862-2, que fixou a indenizao em 100 salrios mnimos (acrdo da 6
Cm. Cvel do TJPR, Rel. Des. Acccio Cambi, j. 10-11-1999). A guarda
de veculo em estacionamento de instituio de ensino ou em empresa
contratada pela escola para esse fim outro tema relevante e de
grande alcance prtico. Acrdo do Tribunal de Justia de So Paulo
determinou o ressarcimento ao aluno de motocicleta furtada em
estacionamento de empresa contratada pela escola, que havia dado
permisso e senha ao aluno para esse fim, com fundamento na
caracterizao de depsito, j que havia vigilncia no local. A
indenizao foi fixada pelo acrdo em valor
34. equivalente ao valor de uma motocicleta na poca da efetiva
liguidao da sentena (acrdo da 7 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap.
133.059-1, Rel. Des. Benini Cabral, j. 6-3-1991). Segundo acrdo do
Tribunal de Justia do Paran, proferido na Apelao Cvel n. 125.708-9,
com aplicao da Smula 130 do Superior Tribunal de Justia, se h furto
dentro do ptio, a simples disponibilizao do estacionamento dispensa
a prova da ausncia de guarda ou de vigilncia quanto a veculos de
professores e alunos. Houve condenao em indenizao pelos danos
morais, decorrentes da intranqilidade e perturbao do lesado, e
pelos danos materiais, isto , pelos danos emergentes, equivalentes
ao valor do veculo, e pelos lucros cessantes (acrdo da 4 Cm. Cvel
do TJPR, Rel. Des. Jos Wanderlei Resende, j. 25- 9-2002). Segundo a
Smula 130 do Superior Tribunal de Justia, a respeito de furto de
veculo em estacionamento, j que a obrigao de guarda de veculos de
resultado, a responsabilidade objetiva: A empresa responde, perante
o cliente, pela reparao de dano ou furto de veculo ocorridos em seu
estacionamento. Descabe, portanto, a prova da inexistncia de culpa
da instituio de ensino, ou seja, a prova de que cuidou e zelou,
inclusive por meio de funcionrios, para que o veculo no fosse
danificado ou furtado, j que a responsabilidade objetiva. Manter a
incolumidade fsica do aluno, assim como sua higidez moral, por
vezes, considerado como obrigao de resultado da escola e, por
outras, como obrigao de meio. Isso em face das peculiaridades de
cada caso, em que se v que os julgados se voltam aos debates sobre
a existncia ou no de culpa da instituio de ensino. Tambm nesses
casos interessante o debate que se trava sobre a legitimidade da
escola em figurar no plo passivo da demanda, j que via de regra a
integridade fsica ou moral do aluno ofendida por funcionrio ou
preposto da escola. Assim, acrdo do Tribunal de Justia de So Paulo
examinou caso em que, aps o reconhecimento na esfera criminal de
maus-tratos perpetrados por professor de ensino fundamental contra
aluna de escola particular, alegando a instituio de ensino sua
ilegitimidade, foi considerada a escola como parte legtima, j que
quanto ao agressor, que desferiu tapa no rosto da aluna em plena
sala de aula, na frente de toda a turma de colegas: No importa ao
deslinde do caso se o professor era funcionrio da escola, ou do
Consulado Espanhol, ou do Governo
35. Espanhol. Aqui, o importante a circunstncia de, durante o
momento em que desferiu contra a autora, aluna do colgio da r, um
tapa ato ilcito reconhecido pelo Douto Juzo Criminal como crime de
maus-tratos (artigo 136, caput, do Cdigo Penal) em sentena
confirmada por v. acrdo proferido pelo E. Tribunal de Alada
Criminal estar ele no exerccio de suas atribuies, delegadas pela
instituio r, inerentes atuao de um professor (acrdo da 5 Cm. de
Direito Privado do TJSP, Ap. 132.024-4/2, Rel. Des. Rodrigues de
Carvalho, j. 7-8-2003). Foi considerada a aplicao da
responsabilidade objetiva nesse acrdo, que citou o Cdigo de Defesa
do Consumidor, assim como o art. 1.521, III, do Cdigo Civil de 1916
e os arts. 932, III, e 933 do Cdigo Civil de 2002, que determina a
absoluta presuno da culpa do empregador pelos atos de seus
empregados e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir
ou em razo desse trabalho. Sobre o quantum da indenizao do dano
moral, foi fixado em 335 salrios mnimos, ou dez vezes o valor anual
da mensalidade escolar, isto , em R$ 80.000,00, devidamente
corrigida da data da publicao do acrdo e acrescida de juros
moratrios da data da citao, considerando-se que para a fixao da
indenizao por dano moral deve o Magistrado ter em mente o aspecto
sancionatrio, com relao causadora do dano, com o intuito de coibir
venha a cometer outras infraes dessa natureza, alm do aspecto
compensatrio, no que tange vtima do dano perpetrado (acrdo da 5 Cm.
de Direito Privado do TJSP, Ap. 132.024-4/2, Rel. Des. Rodrigues de
Carvalho, j. 7-8- 2003). Caso de ofensa honra de aluna foi julgado
em acrdo do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro, segundo o qual
Faz jus indenizao por dano moral a aluna, menor de idade que foi
discriminada por escola pelo fato de ter engravidado, tendo sido
obrigada a se transferir para o turno noturno. Consoante esse
julgado, a escola forou a aluna mudana de turno porque sua
permanncia no horrio diurno poderia acarretar o abandono da escola
por outras alunas, tendo em vista o preconceito dos pais em relao
situao da autora da ao (acrdo da 10 Cm. Civil do TJRJ, Ap.
36. 2003.001.01412, Rel. Des. Jos Carlos Varanda, j.
29-6-2004). Ainda, sobre ofensa aos direitos da personalidade de
aluno, cite-se acrdo do Tribunal de Justia de So Paulo em que o
aluno sofreu acidente na escola que lhe ocasionou incapacidade
funcional parcial e permanente para o trabalho e atividades
correlatas, consistente na amputao traumtica das falanges distais
de trs dedos da mo esquerda, tendo sido comprovada a culpa, por
negligncia, da diretora e do engenheiro responsvel pela manuteno do
estabelecimento de ensino (acrdo da 6 Cm. de Direito Privado do
TJSP, Ap. Cvel 82.692-4, Rel. Des. Testa Marchi, j. 5-8-1999, JTJ,
230/101). Outro acrdo do Tribunal de Justia de So Paulo deixou
consignado que, por tratar-se de acidente previsvel, fica
evidenciada a culpa do preposto da escola, da qual emerge a culpa
presumida do patro (acrdo da 3 Cm. de Frias do TJSP, Ap. 212.462-1,
Rel. Des. Gonzaga Franceschini, j. 8-2-1994). Acrdo sobre a violao
vida de aluno foi proferido pelo Tribunal de Justia do Rio de
Janeiro, em que a instituio de ensino foi condenada a pagar
indenizao me do falecido, porque sua morte ocorreu diante de mtodo
arriscado de ensino em aula de natao realizada em faculdade de
Educao Fsica, que integrava o currculo regular desse
estabelecimento. A culpa do professor ficou provada na utilizao de
mtodo de mergulho na parte rasa da piscina, na passagem no interior
de um bambol, tendo em vista prtica de participantes na disputa de
provas. A culpa in vigilando e in eligendo da escola, alm de sua
culpa concorrente, ficaram consignadas no acrdo (acrdo da 2 Cm. do
TJRJ, Ap. 32.634, Rel. Des. Penalva Santos, j. 6-11-1984). At mesmo
se a atividade do aluno realizada fora do estabelecimento de ensino
mas por orientao da escola, h caso julgado pelo Tribunal de Justia
do Rio Grande do Sul, em que ocorreu a condenao do estabelecimento
de ensino no pagamento de indenizao pelo dano material e moral
sofrido em gincana. A tarefa da gincana era angariar recursos para
compra de leite, sendo que, aps a obteno de numerrio, dirigiam-se
os alunos a um mercado para a compra do produto, quando o aluno foi
abordado por um assaltante que, mo armada, ordenou-lhe que
entregasse o dinheiro, o relgio e o celular. Em face do dever de
guarda da escola, j que essa atividade importava pontuao positiva
nas atividades curriculares, a escola foi condenada a pagar a
indenizao pelo dano moral, considerada dispensvel a sua comprovao,
por tratar-se de dano in re ipsa (acrdo do 3 Grupo Cvel do TJRS, EI
70018765503, Rel. Des. Leo Lima, j. 4-5-2007). V-se quo polmica a
matria em anlise no acrdo do Superior
37. Tribunal de Justia que considerou aplicvel o regramento do
Cdigo Civil e no o Cdigo de Defesa do Consumidor, em caso de
acidente sofrido pelo aluno em aula de ginstica olmpica, em que o
aluno se exercitava, mas teve, em lanamento de seu corpo, a proteo
de couro que usava na mo presa na barra, o que ocasionou travamento
no movimento giratrio e fratura em seu membro superior direito com
rompimento de tendes nervosos e seqelas parciais, permanentes e
incapacitantes. Segundo o acrdo, se o dano causado pelo aluno a
terceiro, a escola responde com base na responsabilidade indireta
do estabelecimento de ensino pelos educandos (atual art. 932, IV,
do Cdigo Civil vigente), mas se o dano sofrido pelo prprio aluno, a
responsabilidade do estabelecimento educacional fica submetida ao
regramento geral do Cdigo Civil, inclusive no que diz respeito ao
nus da prova (acrdo da 3 Turma do STJ, REsp 331.809/SP, Rel. Min.
Ari Pargendler, j. 6-4-2006). Muito embora no se trate propriamente
de instituio de ensino, mas, sim, de empresa de intercmbio
cultural, esta foi condenada a indenizar aluno que, aps celebrar
contrato com essa pessoa jurdica, por meio de seus responsveis
legais, para realizar viagem ao exterior, foi acusado, sem provas
idneas, de prtica de ato ilcito, tendo a empresa cancelado o
programa de intercmbio, o que demonstra ser o cumprimento das
obrigaes de manuteno dos servios de intercmbio uma obrigao de
resultado (9 Cm. Cvel do TJRS, Ap. Cvel 70012450581, Rel. Des.
Odone Sanguin, j. 26-10-2005). No mesmo sentido, empresa contratada
por estudante para agenciar prestao de servios no exterior, sendo
que o estudante ao chegar no outro pas viu que no estava empregado,
razo pela qual a pessoa jurdica foi condenada a indenizar os
prejuzos por ele sofridos, j que descumpriu sua obrigao de
resultado de assegurar-lhe trabalho temporrio no exterior (2 Turma
Recursal Cvel dos Juizados Especiais Cveis do TJRS, Recurso
Inominado n. 71000874974, Rel. Dra. Mylene Maria Michel, j.
15-3-2006). 1.5 Responsabilidade dos alunos e de seus
representantes legais perante a instituio de ensino Interessante
caso retrata muito bem que a responsabilidade civil no existe
somente da instituio perante o aluno e da instituio de ensino
perante terceiros por atos dos alunos, mas tambm dos alunos perante
a instituio de ensino. Esse caso foi objeto de julgado proferido
pelo Tribunal de Justia de
38. So Paulo, em face de apelao contra sentena proferida em ao
promovida por aluno que pleiteava a condenao da escola no pagamento
de indenizao de R$ 50.000,00 por danos morais e R$ 2.000,00 por
danos materiais por alegada ofensa sua honra. Consta da ementa do
acrdo: Ao de Indenizao Danos morais e materiais Aluno que ficou
excitado na sala de aula, provocando risos dos colegas. A
temeridade da ao proposta com a inteno de transformar o culpado em
inocente e responsabilizar a demandada por danos morais suficiente
para entralhar os autores nas penas da litigncia de m-f. Recurso
improvido (acrdo da 8 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap. 86.765-4,
Rel. Des. Ricardo Brancato, j. 13-9-1999, JTJ, 223/67). Consta do
acrdo que (...) aluno da escola mantida pela apelada e, em plena
aula de Histria, estando com seu pnis ereto e provocando riso de
colegas prximos, fez com que a professora que ministrava a aula
levasse o fato ao conhecimento da Diretoria, que, depois de
deliberaes internas, resolveu propor aos pais do aluno a
transferncia deste para outro estabelecimento de ensino, obviando
assim a expulso do obsceno. A comeou o estardalhao: os apelantes (o
aluno representado por seus pais e estes por si) foram ao rgo
pblico do ensino e obtiveram a revogao do ato de excluso do rapaz
da escola onde estudava (porque hoje ele estudante de Direito). E
da se desencadeou a celeuma de que d mostra publicao em peridico
editado pelo corpo discente do colgio, que resolveu fazer coro com
o sensacionalismo iniciado pela famlia demandante. Ora, de tudo o
que dessume dos autos resulta a inteno dos recorrentes em sublevar
a verdade dos fatos, transpondo para os ombros da professora e do
colgio a responsabilidade pela propagao dita caluniosa e inverdica
do fenmeno erctil do rgo genital do aluno (acrdo da 8 Cm. de
Direito Privado do TJSP, Ap. 86.765-4, Rel. Des. Ricardo Brancato,
j. 13-9-1999, JTJ, 223/67).
39. E prossegue o julgado: ...no possvel deixar-se impune,
neste Pas de impunidades, aqueles estudantes, ou quem quer que
seja, que na sala de aula ou em pblico se deixem dominar pela
lascvia e passem a bulir a estrovenga por modo indecente, para
escndalo dos circunstantes e vilipndio ao decoro comum (acrdo da 8
Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap. 86.765-4, Rel. Des. Ricardo
Brancato, j. 13-9-1999, JTJ, 223/67). Por essas razes, a ao foi
considerada temerria, com inteno de transformar o culpado em
inocente e responsabilizar a demandada por danos morais cerebrinos,
de modo a serem os autores condenados ex officio nas penas da
litigncia de m-f, incursos nas previses legais do art. 17, II e V,
do Cdigo de Processo Civil, ou seja, em 1% do valo r da causa e
indenizao por perdas e danos a ser calculada em liquidao, nos
moldes do art. 18 do mesmo diploma processual (acrdo da 8 Cm. de
Direito Privado do TJSP, Ap. 86.765-4, Rel. Des. Ricardo Brancato,
j. 13-9- 1999, JTJ, 223/67). Exemplar esse julgado, como outros
tantos citados neste estudo, j que se percebe, na leitura dos
trechos antes citados, que ilicitude ocorreu por parte do aluno,
que, embora estivesse sob a guarda da escola, extrapolou os limites
da conduta razovel, provocou constrangimentos em alunos e na
professora e, apoiado por seus pais, ainda forou a escola a
readmiti-lo e provocou toda a divulgao de suas atitudes por meio de
jornal dos estudantes da escola. Seus pais, a ele unidos, ainda
tentaram tirar proveito da situao pelo prprio filho criada e
condenar a escola, esta, sim, atingida pela conduta dos autores,
razo pela qual ocorreu a rara, mas to salutar, condenao nas penas
da litigncia de m-f. No so s os alunos que tm direitos perante a
instituio de ensino, mas a escola tambm tem direitos perante os
estudantes, o que significa, como antes dito, uma via de duas mos.
Caso a escola pretendesse reparao de danos, independentemente da
condenao de ofcio do aluno e de seus pais nas penas da litigncia de
m-f, poderia ter promovido ao de reparao de danos, em sede
reconvencional ou em ao prpria. V-se em julgado do Tribunal de
Justia do Rio de Janeiro que aluno expulso da escola por atos de
indisciplina pleiteou danos morais, reputando
40. a excluso como o ato ilcito causador do dano. Porm, segundo
o acrdo, a expulso foi mero exerccio regular do direito, uma vez
que a instituio, assim como os professores e colegas no eram
obrigados a suportar o comportamento indisciplinado do autor (acrdo
da 6 Cm. Cvel do TJRJ, Ap. 27.027/2008, Rel. Des. Lindolpho Morais
Marinho, j. 16-9-2008). Certo , ento, que a disciplina, o
cumprimento das tarefas determinadas pela escola e, principalmente,
o respeito aos colegas e professores so obrigaes do aluno perante a
instituio de ensino. Caso no cumpridas, a conseqncia pode ser a
excluso do aluno do corpo discente da escola. Desde que no haja
arbitrariedade e abuso deste direito, no praticar a instituio ato
ilcito, mas, sim, estar exercendo seu direito regularmente.
Conhecido o caso chamado Escola Base, em que duas mes compareceram
em Distrito Policial e notificaram a autoridade policial de que
seus filhos, matriculados na Escola de Educao Infantil Base, de
propriedade de um casal e outros scios, dirigida por eles, teriam
sido vtimas de estupro e atentado violento ao pudor por parte dos
donos, professores e demais pessoas ligadas escola, que, em conluio
com os pais de outro aluno, teriam levado as crianas a apartamento
e as obrigado a assistir filmes pornogrficos, permitir que com elas
fossem praticados atos libidinosos e presenciar a prtica de relao
sexual, enquanto eram fotografadas por um dos co-autores do alegado
ilcito. Tal denncia era infundada, mas foi tornada pblica pelo
Delegado de Polcia, sem a necessria averiguao prvia, imprensa
escrita, falada e televisiva, gerando indignao e revolta da
populao. O inqurito policial foi a final arquivado, constatada a
improcedncia das acusaes, restando aos acusados danos graves de
ordem moral e material. Vrias aes foram promovidas, em face da
Fazenda do Estado de So Paulo, pelo ato do Delegado de Polcia, e
contra vrias empresas de comunicao ou rgos de imprensa escrita e
televisiva, com procedncia dos pedidos realizados e condenao no
pagamento de indenizao (2 Turma do STJ, REsp 351.779/SP, Rel. Min.
Eliana Calmon, j. 19-11-2002; 7 Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap.
Cvel 391.131-4/0-00, Rel. Des. Constana Gonzaga, j. 14-9-2005; 6
Cm. de Direito Privado do TJSP, Ap. Cvel 348.681-4/0-00, Rel. Des.
Sebastio Carlos Garcia, j. 11-8-2005; 3 Cm. de Direito Privado do
TJSP, Ap. Cvel 361.477-4/4-00, Rel. Des. Elcio Trujillo, j.
20-6-2006). Sem que se adentre na anlise da responsabilidade dos
rgos de imprensa, de anotar a responsabilidade das mes dos menores
que acusaram indevidamente a escola, as quais foram as primeiras
causadoras da calnia perpetrada contra os scios proprietrios da
escola em tela, e no s poderiam, mas, sim, em nosso modo, deveriam
ter figurado no plo passivo
41. de demanda indenizatria. 1.6 Consideraes finais Como foi
demonstrado neste artigo, a aplicao do Cdigo de Defesa do
Consumidor nas relaes entre a instituio de ensino e o aluno
norteada pela natureza das obrigaes decorrentes das atividades de
ensino. Numa ao reparatria de danos, somente aplicvel o regramento
da responsabilidade objetiva, estabelecida por aquele diploma
legal, sem que se indague sobre a culpa da instituio de ensino,
quando se trata de obrigao de resultado. Se a obrigao for de meio,
o debate sobre a culpa torna-se inevitvel na ao indenizatria,
aplicando-se o regramento da responsabilidade subjetiva. No
entanto, devemos sempre ter em mente que a formao em um curso no
pode somente ter em vista a aprovao e a diplomao. Os cursos que
deixam de ser um projeto de formao do cidado e de efetiva aquisio
de competncia so, de fato, mera passagem por um negcio praticado
numa rede privada. Certamente, o que se espera em atividades de
ensino vai muito alm disso. Muito embora devamos ter presentes as
restries aplicabilidade do Cdigo de Defesa do Consumidor em relaes
oriundas das atividades de ensino, desde sua celebrao, seu
cumprimento, at a sua extino, essas relaes contratuais devem ser
inspiradas e norteadas pelos princpios da probidade e da boa-f,
como estabelece o art. 422 do Cdigo Civil em vigor. Lembremos
sempre de que os deveres e direitos da instituio de ensino e dos
alunos so marcados por uma via de duas mos, embora no sejam
propriamente recprocos, ou, por outras palavras, h deveres dos
estabelecimentos de ensino e deveres dos alunos, que equivalem aos
direitos de cada qual, os quais, uma vez violados, com a ocorrncia
de danos morais e/ou materiais, podem importar em condenao na
indenizao cabvel. Com esse norte, aliado ao sentido preventivo do
instituto da responsabilidade civil, as atividades de ensino estaro
sempre aptas ao alcance de suas elevadas finalidades.
42. REFERNCIAS BITTAR, Carlos Alberto. Teoria geral do direito
civil. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1991. COL, Helder
Martinez Dal. Responsabilidade civil das instituies de ensino
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Des. Alexandre Germano, j. 24-9-1996. In: COVAC, Jos Roberto.
Prestao de servios educacionais: comentrios, legislao e
jurisprudncia. 2. ed. So Paulo: SEMESP, 2002. p. 117-119. SO PAULO.
Tribunal de Justia de So Paulo (2 Cmara de Direito Privado). Apelao
n. 272.796-1/5. Rel. Des. Linneu Carvalho, j. 12-11-1996, Revista
dos Tribunais, So Paulo, n. 738, p. 294. SO PAULO. Tribunal de
Alada Criminal de So Paulo (4 Cmara de Direito Privado). Apelao n.
803.344-5. Rel. Des. Ricardo Brancato, j. 7-4- 1999. In: COVAC, Jos
Roberto. Prestao de servios educacionais: comentrios, legislao e
jurisprudncia. 2. ed. So Paulo: SEMESP, 2002. p. 72-74. SO PAULO.
Tribunal de Justia de So Paulo (8 Cmara de Direito Privado). Apelao
n. 86.765-4. Rel. Des. Ricardo Brancato, 13-9-1999. Jurisprudncia
do Tribunal de Justia, So Paulo, n. 223, p. 67. SO PAULO. Tribunal
de Alada Criminal de So Paulo (4 Cmara de Frias de Julho de 2002).
Apelao n. 1.080.146-6. Rel. Des. Osas Davi Viana, j. 31-7-2002. In:
COVAC, Jos Roberto. Prestao de servios educacionais: comentrios,
legislao e jurisprudncia. 2. ed. So Paulo: SEMESP, 2002. p.
102-105. SO PAULO. Tribunal de Justia de So Paulo (5 Cmara de
Direito Privado). Apelao n. 132.024-4/2. Rel. Des. Rodrigues de
Carvalho, j. 7-8-
45. 2003. Disponvel em: . SO PAULO. Tribunal de Justia de So
Paulo (28 Cmara de Direito Privado). Apelao n. 967.135-0/0. Rel.
Des. Celso Pimentel, j. 1-8-2006. Disponvel em: . SO PAULO.
Tribunal de Justia de So Paulo (27 Cmara de Direito Privado).
Apelao n. 922.085-0/6. Rel. Des. Jesus Lofrano, j. 10-10-2006.
Disponvel em: . SO PAULO. Tribunal de Justia de So Paulo (18 Cmara
de Direito Privado). Apelao n. 7.287.878-1. Rel. Des. Carlos
Alberto Lopes, j. 22-9- 2008. Disponvel em: . Acesso em:
18-10-2008. SO PAULO. Tribunal de Justia de So Paulo (32 Cmara).
Apelao c/ reviso n. 1.171.699-0. Rel. Des. Ruy Coppola, j.
9-10-2008. Disponvel em: . Acesso em: 18-10-2008.
46. 2 RESPONSABILIDADE CIVIL DAS CONCESSIONRIAS DE SERVIOS
PBLICOS Carlos Alberto Dabus Maluf Professor do programa de educao
continuada e especializao em Direito GVlaw, mestre, doutor e
livre-docente em Direito Civil pela Faculdade de Direito da
Universidade de So Paulo, Professor Titular do Departamento de
Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo,
advogado. 2.1 Introduo Incumbiu-nos a Ilustre Professora Regina
Beatriz Tavares da Silva, digna Coordenadora desta obra coletiva,
de fazer algumas reflexes sobre a responsabilidade civil das
concessionrias de servios pblicos. Aceitamos o desafio, j que a
matria rdua e polmica, e para melhor compreenso do tema a ser
desenvolvido, entendemos de dividi-lo em seis tpicos: no primeiro
cuidamos da introduo ao tema; no segundo procedemos a um breve,
porm necessrio, escoro histrico sobre a responsabilidade civil,
tendo em mira a concesso do servio pblico; no terceiro examinamos a
responsabilidade civil das concessionrias de servios pblicos luz da
Constituio de 1988; no quarto cuidamos do tema tendo em foco o
direito consumerista; no quinto procuramos conceituar servio pblico
e dar uma rpida viso da responsabilidade civil das concessionrias
de servios pblicos nos tribunais; e no sexto expomos nossas
concluses. Comungamos com o entendimento da Professora Alice
Gonzalez Borges, amparada nas lies de Hector Jos Escola: (...) a
responsabilidade civil do Estado pelos danos que venham a causar
aos cidados-administrados erige-se categoria de um postulado
fundamental do Estado de Direito. a lio de Hector
47. Jos Escola: O Estado de Direito que com nossa organizao
constitucional adotamos, e cujos princpios e postulados regem e
obrigam ao prprio Estado, em salvaguarda dos direitos e interesses
de cada um de seus habitantes, sem deixar de ter em mira a
prevalncia do interesse pblico, impe necessariamente que o Estado
seja responsabilizado pelo resultado prejudicial dos atos que
cumpra, que incidam sobre os particulares, e que possa ser obrigado
a ressarcir tais prejuzos, na medida em que seja justo e razovel
(ESCOLA, 1990, apud BORGES, 2001, p. 1127). Conforme aponta a
autora, tambm Canotilho inclui, ao proclamar os princpios jurdicos
fundamentais, o do acesso ao direito e aos tribunais, do qual deduz
o princpio da responsabilidade da Administrao, assim apresentado:
Os particulares lesados nos seus direitos, designadamente nos seus
direitos, liberdades e garantias, por aes ou omisses de titulares
de rgos, funcionrios ou agentes do Estado e demais entidades
pblicas, praticados no exerccio das suas funes e por causa desse
exerccio, podem demandar o Estado responsabilidade do Estado
exigindo uma reparao dos danos emergentes desses actos (CANOTILHO,
1993 apud BORGES, 2001, p. 13-14). Interessante e merecedor de
destaque o entendimento de Marcos Monteiro da Silva, ao analisar a
responsabilidade do Estado luz da norma constitucional: O Estado
enquanto detentor do dever de zelar pela prestao adequada de
servios pblicos comunidade fica inteiramente responsvel pela
prestao destes. Nesse sentido, gerando o Poder Pblico, ainda que,
lcita ou ilcita, positiva ou negativamente, leso ao direito de
outrem, responde objetivamente pela ocorrncia destes danos. Tal
assertiva tem por esteio a redao dada pelo artigo 37, 6, da
Constituio de 1988, que, de maneira inquestionvel, sedimentou em
nossa doutrina
48. administrativista este entender acerca da responsabilizao
objetiva do ente estatal quando da ocorrncia de danos a seus
administrados. Diga-se de passagem, o constituinte originrio,
quando da elaborao do artigo em cotejo, afastou por completo a
celeuma referente responsabilizao das pessoas jurdicas de direito
privado prestadoras de servio pblico, frente aos danos causados aos
seus usurios. Com isto, aproveitou o legislador para fixar de vez,
no artigo 175 da referida Carta Magna, a responsabilizao dos
desdobramentos administrativos do Estado quando da prestao dos
servios pblicos. notrio que o ente estatal em face do aumento
incomensurvel das demandas pblicas, passou a delegar a execuo de
seus servios a terceiros interessados. Quando da ocorrncia desta
descentralizao do servio, a Administrao Pblica, alm de transferir a
execuo deste a outra entidade, transfere, conjuntamente, o nus da
responsabilidade objetiva pela prestao adequada do servio. Nesta
linha, o Estado fica subsidiariamente responsvel pela execuo do
servio, fazendo com que, desta forma, a assuno deste encargo passe
para os ombros da empresa prestadora da atividade contratada. neste
momento, portanto, que as empresas concessionrias de servio pblico
ingressam na relao jurdica geradora do dever de indenizar (MONTEIRO
DA SILVA, 2005). Claro est que o Estado, como prestador de servios
pblicos, diretamente, ou por meio de sua concessionria, sempre tem
o dever de indenizar, quer por mandamento constitucional, quer pela
lei civil. Com base nessa premissa que continuaremos o nosso
estudo. 2.2 Escoro histrico Desde o surgimento da noo de Estado e
mesmo nos primrdios do Estado moderno, vigorava a tese da absoluta
irresponsabilidade do Estado pelos danos decorrentes de sua atuao.
Como lembra Alice Gonzalez Borges: Centrada na concepo da
autoridade divina dos monarcas, expressava-se em regras como le roi
ne peut mal faire ou the
49. king can do no wrong. A Doutrina do Fisco desenvolvida nos
fins do sculo XVII por uma criao tal artificiosa quanto inteligente
dos chamados juscameralistas alemes, veio implantar algumas regras
de transio para a institucionalizao das novas idias que j
empolgavam os chamados dspotas esclarecidos, e que, j