RESPONSABILIDADE CIVIL POR DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO

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  • 7/28/2019 RESPONSABILIDADE CIVIL POR DISSOLUO DO CASAMENTO

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    Acrdos TRG Acrdo do Tribunal da Relao de Guimaresrocesso: 622/08.1TMBRG.G1elator: RITA ROMEIRAescritores: DIVRCIO LITIGIOSO

    CNJUGE CULPADODANOS NO PATRIMONIAISMONTANTE DA INDEMNIZAO

    do Documento: RGata do Acordo: 13-06-2013otao: UNANIMIDADE

    exto Integral: Sivacidade: 1eio Processual: APELAOeciso: PARCIALMENTE PROCEDENTEdicaes Eventuais: 1 SECO CVEL

    umrio: I - O cnjuge no culpado, quanto aos danos puramentedecorrentes do divrcio, dever nos termos do disposto no artigo1792 do Cdigo Civil, na prpria aco de divrcio, peticionar acondenao do cnjuge culpado, que a, deve ser condenado areparar os danos no patrimoniais causados ao outro pela

    dissoluo do casamento.II So estes factos, que no os que originaram a ruptura (factos-fundamento), os geradores da obrigao de indemnizar.III Apesar da subjectividade para quantificar o dano moral sofridopela recorrente, causado pela dissoluo do seu casamento, quedurava h mais de 26 anos e de, assim, ver ruir um projecto devida que se presume imaginou para toda a vida, no obstante terdeixado a casa onde sempre morou com o ru, sem que isso fosse

    impeditimento para que este fosse considerado o nico culpado dadissoluo do casamento, considera-se justa e equitativa, aquantia de 5 000,00 a ttulo de indemnizao pelos danos nopatrimoniais sofridos pela recorrente, em consequncia de ver oseu casamento terminado.

    eciso Texto Integral: Acordam na 1 Seco Cvel do Tribunal da Relao de Guimares

    I RELATRIOA A., L..., casada, residente na Rua ..., Braga, interps a presenteaco de divrcio litigioso, com processo especial e formaordinria, contra o seu marido, o R., M..., casado, residente na Rua..., Braga, onde pede que seja designada a tentativa de conciliaoa que se refere o art 1407, n1, do CPC e, a final seja decretado odivrcio entre a autora e o ru, com todas as consequncias daadvenientes, declarando-se o ru nico, principal e exclusivoculpado, quando aquela se frustre e condenando-o a pagar autora uma indemnizao no valor de 15.000,00 euros.

    Fundamenta o seu pedido na violao reiterada dos deveres derespeito, fidelidade, coabitao, cooperao e assistncia, pedindoa compensao por danos patrimoniais alegadamente sofridos, nosprecisos termos constantes da petio inicial, factos que, no seuentender, so consubtanciadores da invocada violao dedeveres, descrevendo a vida conjugal pautada pela violncia

    http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/Por+Ano?OpenView
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    exposto, decido:I - julgar a aco parcialmente procedente, por parcialmenteprovada e, em consequncia,- decretar a dissoluo, por divrcio, do casamento celebrado em24.07.1982 entre L... e M...;- declarar o ru exclusivamente culpado pelo divrcio;- condenar o ru a pagar autora a compensao de 3.000,00(trs mil euros) para ressarcimento de danos no patrimoniais,

    absolvendo-o do restante peticionado;II - julgar a reconveno improcedente, por no provada, e emconformidade,- absolver a autora dos pedidos reconvencionalmente deduzidoscontra ela pelo ru.Custas pelo ru, nos termos do artigo 446, n.s 1 e 2, do C.P.C..Inconformada com a deciso da mesma apelou a autora,terminando a sua alegao com as seguintes CONCLUSES:

    1 Nos autos principais, ficou, inequivocamente, provado que oR., ao longo dos 26 anos de casamento, violou o dever conjugal derespeito a que est vinculado nos termos do disposto no art.1672do C.C. e f-lo de uma forma grave, reiterada e culposa, o quecomprometeu, de forma irremedivel, a possibilidade de vida emcomum entre A. e R., tendo culminado com a sada da A. da casade morada de famlia, por temer pela sua vida.2 Em virtude disso, a Mertissima Juiz do tribunal a quo decretouo divrcio entre A. e R. e considerou o R. como nico e exclusivo

    culpado pela dissoluo do casamento.3 Consequentemente, a Mertissima Juiz do tribunal a quo,entendendo que o cnjuge inocente, a A., sofreu danos moraisdirectamente causados pela dissoluo do vnculo matrimonial, osquais, pela sua gravidade, merecem a tutela do direito, condenou oR. a pagar-lhe, a ttulo de compensao pelos mesmos, a quantiade 3.000,00 Euros.4 A A. no concorda com o montante fixado pelo tribunal a quo, a

    ttulo de compensao pelos danos morais sofridos pela dissoluodo casamento e, apenas no que a isso respeita, entende que adouta sentena merece reparo.5 O dever conjugal de respeito abrange as liberdades individuaisdo consorte, os seus direitos conjugais e, dum modo geral, a suaintegridade fsica e moral, o que quer dizer que cada um doscnjuges deve comportar-se por forma a no ofender a honra, adignidade, a considerao social e a integridade fsica e psquicado outro cnjuge.6 - Para que a conduta ofensiva do cnjuge culpado seja relevantecomo violao deste dever conjugal, para, assim, fundamentar adissoluo do casamento, torna-se essencial e necessrio queessa violao seja culposa, cometida com dolo, com inteno econscincia dos efeitos e prejuzos e que se tenha revestido de

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    uma tal gravidade, quanto sua natureza e efeitos, quecomprometa, irremediavelmente, a possibilidade de vida emcomum.7 - Como resulta provado nos autos, a violao do dever derespeito por parte do R. foi reiterada, porque ocorreu ao longo dos26 anos de casamento, culposa, porque o R. agiu sempre comconscincia do mal que fazia A. e com a inteno de a magoar ehumilhar e, suficientemente, grave para comprometer a

    possibilidade de vida em comum, uma vez que, a A., devido aomedo srio e justificado que sentia do R., para evitar agressesfsicas e psquicas maiores, no mais pode viver ao seu lado, oque, para si, significou um tormento.8 De facto, na constncia do casamento, o R. nunca respeitou aintegridade fsica e psquica da A., o que, concretamente, seconsubstanciava em constantes agresses fsicas e psquicas,incluindo insultos e ameaas de morte, contra a A., que, para

    agravar a situao, ocorriam as mais das vezes, perante os filhosdo casal e, algumas vezes, frente de outros familiares e at deterceiros.9 Apesar dos comportamentos do R., com a separao econsequente dissoluo do casamento entre ambos, a A. ficou,profundamente, abalada e perturbada, tanto a nvel emocional,como psicolgico, tendo encarado este desfecho matrimonial comoo ruir de um sonho, da famlia feliz, de um projecto pessoal efamiliar pelo qual tanto lutou e aguentou.

    8 A A., logo que abandonou o lar conjugal, caiu numa depressosevera, que a obrigou a procurar assistncia mdica e a tomarmedicao, que ainda hoje toma, passava os dias chorosa,angustiada, sem vontade de sair de casa, de se alimentar, de sevestir, de cozinhar, de limpar e arrumar a casa, tendo tido anecessidade de ser assistida pelos filhos e amigos.9 A A. tem fortes convices religiosas, casou muito nova eencarou e encara o casamento como um enlace para toda a vida,

    nunca lhe tendo passado pela cabea separar-se do seu marido,ora R., s o tendo feito, como j se disse, numa situao dedesespero absoluto, em que j temia pela sua vida.10 Por outro lado, esta situao causou-lhe vergonha econstrangimento por ter sado de casa e ser uma mulherdivorciada, principalmente, perante os pais, pessoas idosas,humildes, com pouca instruo e que vivem num meio pequeno efechado, onde todos se conhecem e as pessoas, inevitavelmente,comentam e recriminam.11 Economicamente, com a separao, a sua vida deu umareviravolta, tendo ficado, completamente, desamparada etotalmente dependente dos seus filhos, uma vez que, estava e estdesempregada e no dispe de quaisquer rendimentos, o que,agravou ainda mais o seu j dbil estado emocional.

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    12 Sendo o R., o cnjuge responsvel pela dissoluo docasamento e tendo o mesmo sido declarado como o nico culpado,est o mesmo obrigado a reparar os danos no patrimoniais suprareferidos causados A. pela dissoluo do casamento.13 - Nos termos do disposto no artigo 1792 do C.C., a A. temlegitimidade e o direito de pedir a reparao dos danos causadospelo R., em virtude da dissoluo do casamento, ou seja, a A.,como cnjuge inocente, tem o pleno direito de reclamar do R. o

    pagamento de uma compensao pelos danos morais que sofreu esofre devido dissoluo deste matrimnio, causada, unicamente,pelo R., no obstante ter sido a A. a sair da casa de morada defamlia, pelos motivos supra referidos.14 - Os factos que traduzam o sofrimento causado ao cnjugeinocente, bem como, aqueles que se repercutem negativamente naafirmao pessoal do mesmo cnjuge, seja na sua vertente familiarou afectiva, resultantes da prpria dissoluo do casamento, so

    desde logo indemnizveis.15 - Dispe o artigo 496, n 1 do C.C., que, apenas, os danos nopatrimoniais que, pela sua gravidade merecem a tutela do direito,devem ser considerados, acrescentando o art. 4 e o n 3 do art.496 do C.C. que o montante da indemnizao deve ser fixadoequitativamente, tendo em conta os factores referidos no art. 494do C.C., nomeadamente, o grau de culpabilidade do agente, a suasituao econmica e do cnjuge inocente, entre outrascircunstncias, por forma, a fixar-se um quantitativo que seja o

    bastante para contrapor as dores e sofrimentos ou, pelo menos,minorar, significativamente, os danos delas provenientes.16 - O dano no patrimonial sofrido, a fixar equitativamente pelotribunal, ter sempre em conta o pressuposto tico que est nabase da obrigao de indemnizar, ou seja, a sano da condutaculposa do agente, no caso em apreo, do R..17 - Posto isto, cumpre dizer e ficou provado nos autos que oquadro apresentado pela A., no que respeita aos danos sofridos,

    mais do que suficiente para atingir o nvel de gravidade exigido porlei, bem como, a conduta culposa do R. de tal forma grave ecensurvel que o obriga a indemnizar a A. pelos referidos danos.18 - A situao econmica do R. bastante confortvel, uma vezque, conforme consta dos autos, pensionista/reformado daG.N.R. e aufere um montante mensal elevado, ao contrrio da A.que desempregada de longa durao, no consegue encontrarum emprego devido sua idade e baixa escolaridade e no dispede qualquer outra fonte de rendimento.19 Atendendo ao sofrimento por que passou e de que aindapadece, em virtude da dissoluo do seu casamento, agravadapela longa durao do mesmo 26 anos, conduta culposa ereprovvel que o R. sempre adoptou e, por fim, atendendo suaequilibrada situao econmica face s enormes dificuldades por

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    dos seus filhos.10) A autora sofre por ver o casamento terminado.

    B) O DIREITOA recorrente insurge-se contra a deciso recorrida, porque,atendendo ao sofrimento por que passou e de que ainda padece,em virtude da dissoluo do seu casamento, agravada pela longadurao do mesmo 26 anos, conduta culposa e reprovvel que

    o R. sempre adoptou e, por fim, atendendo sua equilibradasituao econmica face s enormes dificuldades por que tempassado, considera que o montante de 3.000,00 Euros fica muitoaqum das suas expectativas e daquilo que entende ser umaquantia equitativa, justa e razovel, por forma, a tentar compensaraquilo por que passou e passa, pugnando pela fixao demontante nunca inferior a 8.000,00 Euros,Vejamos.Da anlise dos autos resulta que a, autora/apelante formulou opedido de condenao do ru/apelado no pagamento de umaindemnizao no montante de 15.000,00 , tendo a decisorecorrida fixado tal indemnizao na quantia de 3.000,00 .Acontece, como supra referido que a apelante discorda domontante que lhe foi arbitrado, a ttulo de reparao de danos nopatrimoniais a ela causados pela dissoluo do casamento,indicando como quantia equitativa justa e razovel, montantenunca inferior a 8.000,00 Euros.

    Nos termos do que dispe o artigo 1792 do C.Civil o cnjugedeclarado nico ou principal culpado deve reparar os danos nopatrimoniais causados ao outro cnjuge pela dissoluo docasamento.Resulta de tal preceito legal e vem sendo pacificamente entendidoa nvel da nossa jurisprudncia e doutrina, que por ele so tosomente abrangidos os danos no patrimoniais, designados,tambm, de danos morais, que resultaram directamente da

    dissoluo do casamento, ou seja, apenas aqueles danos nopatrimoniais causados pela prpria dissoluo do casamento, e jno tambm aqueles outros que resultaram dos factos queconstituram o fundamento para que fosse decretado o divrcio e,consequentemente, dissolvido o casamento, ou seja, aquelesoutros danos que resultaram da conduta violadora de algum dosdeveres conjugais que conduziu a que fosse decretado o divrcio,sendo que estes ltimos danos, ao contrrio dos primeiros (quecuja indemnizao ter que ser pedida na prpria aco que

    decretou a dissoluo do casamento), s podero obterindemnizao em aco autnoma e prpria instaurada para oefeito, cfr. Ac. do STJ de 28.05.1998, in BMJ 475-518; Ac. da RCde 4.04.1995, in BMJ 446-361; Ac. da RP de 8.03.1999, in CJ, AnoXIV, Tomo 2, pg. 176, etc. e, Pires de Lima e A. Varela, in Cdigo

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    Civil Anotado, Vol. IV, pgs. 568 e 569 e Pereira Coelho eGuilherme de Oliveira, in Curso de Direito de Famlia, Vol. I, pgs.753 e 754.Esta interpretao restritiva tem obtido a concordncia do TribunalConstitucional, cfr. Ac. n 118/2001 de 14.03.2001, proc. N475/2000, 2 seco, in www.dgsi.pt.Tal como defendem Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira, inobra citada, pgs. 753 e 754, por danos no patrimoniais

    resultantes da dissoluo do casamento costuma-se apontar adesconsiderao social que, sobretudo, ainda em certos meiosmais fechados da nossa comunidade, o divrcio ter trazido aodivorciado; a dor sofrida pelo cnjuge divorciado ao ver desfeitasas expectativas que tinha legitimamente criado com o casamento,etc. assim nus de alegao e de prova do cnjuge que deduz opedido da respectiva indemnizao, quais os concretos danos

    sofridos com a dissoluo do casamento, para alm de ter ainda,como pressuposto desse direito, necessidade de obter em seuproveito uma sentena que, ao decretar o divrcio, declare o outrocnjuge, de quem reclama a indemnizao, o nico ou, pelomenos, o principal culpado pela dissoluo do matrimnio.So assim, pressupostos do direito indemnizao consagrado noart 1792 do C.Civil:a) existncia de uma sentena judicial que declare o cnjuge dequem se reclama indemnizao, como o nico ou, pelo menos, o

    principal culpado pela ruptura conjugal;b) a existncia de danos (no patrimoniais) que resultemdirectamente da dissoluo do casamento;c) que essa indemnizao seja deduzida na prpria aco quedecretou o divrcio.Segundo o disposto no art 496 n1 do C.Civil, so indemnizveisa ttulo de danos morais ou no patrimoniais aqueles que, pela suagravidade, merecem a tutela do direito. E de harmonia com o n3

    do mesmo preceito, o montante da indemnizao deve ser fixadoequitativamente pelo tribunal, tendo em ateno, em qualquercaso, as circunstncias referidas no art 494 do C.Civil.Ora, a autora/apelante deduziu o pedido de indemnizao pelosdanos no patrimoniais que resultam directamente da dissoluodo casamento na prpria aco que decretou o divrcio, na qual oru/apelado foi julgado e declarado como exclusivo culpado dodivrcio e a autora/apelante alegou e logrou fazer prova de quesofre por ver o casamento terminado.Pelo que, vistos tais factos, manifesto que eles consubstanciamdanos morais ou no patrimoniais concretos resultantes dadissoluo do casamento, do qual foi o ru/apelado o exclusivoculpado.Mostrando-se irrelevantes para o caso os factos alegados, nas

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    concluses 9, 8, 9, 10 e 11, da alegao, porque no provadas e,sendo verdade o referido nas concluses 12, 13, 14, 15, 16 e 17,tanto que a deciso recorrida decidiu: A autora pede ainda acompensao no valor de 15.000,00 pelos danos nopatrimoniais causados pela conduta do ru e pela ruptura docasamento.O pedido admissvel nos termos dos artigos 1792 e 496 e 566e ss. C.C.

    Ora analisado o elenco dos factos que mereceram adeso deprova e que determinaram at a declarao de exclusiva culpa doru na ruptura do casamento, temos por verificada a existncia dedanos no patrimoniais merecedores de tutela e reparao.Para tanto, apelando a critrios de equidade, reputando-se deexcessiva a pretenso da autora, que assim vai parcialmenteimprocedente, decide-se fixar em 3.000,00 o valor dacompensao a pagar autora em que por isso vai tambm o ru

    condenado.Resta, agora, apurar se este valor se mostra ajustado ou deve seralterado como pretende a recorrente, atendendendo que aalegao constante das concluses 18 e 19 no se mostratotalmente provada nem a quantia deve ser fixada com base nasexpectativas da recorrente, como a mesma refere, mas to s combase nos factos apurados de modo a equitativamente se fixar umacompensao justa e razovel.A indemnizao a que alude o art 1792, n 1 , do CC (na redaco

    anterior Lei n. 61/2008, de 31-10, aqui aplicvel), reporta-senica e exclusivamente aos danos no patrimoniais causados porum cnjuge ao outro pela dissoluo do casamento, e no pelosdanos patrimoniais e no patrimoniais resultantes dos factoscausais do divrcio, neste sentido, veja-se o Ac. do STJ de29.09.2009 in http://www.stj.pt/ficheiros/jurisp-tematica/cadernodanosnaopatrimoniais-2004-2012.pdf.Como sabido, sempre muito subjectivo quantificar o dano moral

    sofrido pela recorrente, pela dor causada pelo sofrimento dadissoluo do seu casamento que durava, no caso, h mais de 26anos e de ver ruir, sem dvida, um projecto de vida, que no dificil imaginar configurou para toda a vida, tendo-se vistoobrigada a deixar a casa onde sempre morou com o ru, sem queisso fosse impedimento para que este fosse considerado e nicoculpado da dissoluo do casamento,Assim, tendo em apreo os danos que a r est a sofrer por ver oseu casamento terminado, para o qual no concorreu comqualquer culpa, julgamos que a indemnizao arbitrada, nomontante de 3.000,00 , de forma alguma se pode considerarajustada, tal como no nos parece razovel, por exagerada, aquantia peticionada pela autora/apelante, parecendo-nos antesmais justa e equitativa, se considerarmos ainda que a mesma se

    http://www.stj.pt/ficheiros/jurisp-tematica/cadernodanosnaopatrimoniais-2004-2012.pdf
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    destina a compensar ou atenuar os danos no patrimoniais, comose fosse um lenitivo e ainda a reprovar a actuao do cnjugeculpado, fixar em 5 000,00 a indemnizao pelos danos nopatrimoniais sofridos pela recorrente, em consequncia do divrcio.

    Pelo que, se nos afigura merecer parcial provimento a apelao eser de revogar a deciso recorrida, neste aspecto, em que fixou omontante dos danos no patrimoniais a pagar pelo ru autora.

    Procede, assim, parcialmente a apelao.Sumrio - (art 713, n7, do CPC):I - O cnjuge no culpado, quanto aos danos puramentedecorrentes do divrcio, dever nos termos do disposto no artigo1792 do Cdigo Civil, na prpria aco de divrcio, peticionar acondenao do cnjuge culpado, que a, deve ser condenado areparar os danos no patrimoniais causados ao outro peladissoluo do casamento.II So estes factos, que no os que originaram a ruptura (factos-fundamento), os geradores da obrigao de indemnizar.III Apesar da subjectividade para quantificar o dano moral sofridopela recorrente, causado pela dissoluo do seu casamento quedurava, h mais de 26 anos e de, assim, ver ruir, um projecto devida, que se presume imaginou para toda a vida, apesar de terdeixado a casa onde sempre morou com o ru, sem que isso fosseimpedimento para que este fosse considerado e nico culpado da

    dissoluo do casamento, consideramos justa e equitativa, aquantia de 5 000,00 a ttulo de indemnizao pelos danos nopatrimoniais sofridos pela recorrente, em consequncia de ver oseu casamento terminado.

    III DECISOAtento o exposto, acordam os Juzes desta seco em julgarparcialmente procedente o recurso e, consequentemente, revoga-se a deciso recorrida, neste aspecto, que se substituicondenando o ru a pagar autora a compensao de 5.000,00(cinco mil euros) para ressarcimento de danos no patrimoniais.

    Custas da apelao pela recorrente, na proporo de 1/3.

    Guimares, 13 de Junho de 2013Rita RomeiraAmlcar Andrade

    Jos Rainho