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RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA NACIONAL SAMARA MÍRIAN NOBRE DE CASTRO Universidade Federal Rural do Semi-Árido [email protected] ARRILTON CARLOS DE BRITO FILHO Universidade Federal Rural do Semi-Árido [email protected] ELISABETE STRADIOTTO SIQUEIRA Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA [email protected] LILIAN CAPORLINGUA GIESTA Universidade Federal Rural do Semi-Árido [email protected] ANA MARIA MAGALHÃES CORREIA Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA [email protected]

RESPONSABILIDADESOCIAL:UMAANÁLISE ... · meio de ajuda nas expedições colonizadoras e no custeio de impostos à Coroa. No segundo período, a busca por metais preciosos e o comércio

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RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA ANÁLISEBIBLIOMÉTRICA DA PRODUÇÃO ACADÊMICANACIONAL

 

 

SAMARA MÍRIAN NOBRE DE CASTROUniversidade Federal Rural do Semi-Á[email protected] ARRILTON CARLOS DE BRITO FILHOUniversidade Federal Rural do Semi-Á[email protected] ELISABETE STRADIOTTO SIQUEIRAUniversidade Federal Rural do Semi-Árido - [email protected] LILIAN CAPORLINGUA GIESTAUniversidade Federal Rural do Semi-Á[email protected] ANA MARIA MAGALHÃES CORREIAUniversidade Federal Rural do Semiárido - [email protected] 

 

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RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA

PRODUÇÃO ACADÊMICA NACIONAL

Resumo: A presente pesquisa tem como propósito analisar a produção acadêmica nacional da

temática da Responsabilidade Social, a fim de compreender como tem se configurado esse

campo teórico no que diz respeito aos autores, temas de estudos e metodologias. Bem como

identificar qual o grau de cooperação entre os autores e quais Instituições de Ensino e Estados

com maior concentração de publicações. Foram analisados 189 artigos, classificados entre

Qualis A1, A2, B1 ou B2, entre os anos de 2003 a 2013. Os resultados apontam o ano de 2010

com maior concentração de artigos publicados. O tema de estudo mais frequente está

relacionado a “Reflexões Teóricas sobre Responsabilidade Social”. Predominam os estudos

empíricos (69,31%) e o emprego de métodos Qualitativos – Descritivos (28,04%). A maior

concentração de publicações por Instituição de Ensino encontra-se na USP e por estado em

São Paulo. O autor com maior número de coautorias é Roberto Patrus Mundim Pena e autor

mais citado nas publicações com Qualis A2 foi Archie B. Carrol. Observa-se ainda que o

grau de cooperação entre os autores é significativo, tanto no que diz respeito a coautorias

intrainstitucionais, como de coautoria interinstitucional. Com uma minoria de autores que

produzem de forma isolada. Os diálogos tem a capacidade de agregar conhecimentos e

valores, logo, o resultado encontrado é deveras positivo para o crescimento científico da

Responsabilidade Social.

Palavras – chave: Responsabilidade Social, Bibliometria, Produção acadêmica.

SOCIAL RESPONSIBILITY: A BIBLIOMETRIC ANALYSIS NATIONAL

ACADEMIC PRODUCTION

Abstract: This research aims to analyze the production of national academic theme of Social

Responsibility in order to understand how this has been configured theoretical field with

regard to authors, subjects of studies and methodologies. And identify the degree of

cooperation between the authors and what Education Institutions and States with the highest

concentration of publications. 189 articles, sorted Qualis between A1, A2, B1 or B2, between

the years 2003 to 2013 were analyzed The results show the year 2010 with the highest

concentration of published articles. The most frequent topic of study is related to "Theoretical

Reflections on Social Responsibility." Descriptive (28.04%) - empirical studies (69.31%) and

the use of Qualitative methods predominate. The highest concentration of publications by

Institution of Education is in a state and USP in Sao Paulo. The author with the largest

number of co-authorships is Roberto Pena Mundim Ananias and author most cited

publications with Qualis A2 was Archie B. Carroll. It is also observed that the degree of

cooperation between the authors is significant, both with regard to intrainstitucionais co-

authorships, as institutional co-authorship. With a minority of writers who produce in

isolation. The dialogues have the ability to aggregate knowledge and values, then, the result is

quite positive for the scientific growth of Social Responsibility.

Keywords: Social Responsibility, Bibliometrics, Academic Production

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1. Introdução

Carrol (2008 apud SOUSA, et al., 2013) define que para fins de discussão, um ponto de

partida considerável da Responsabilidade Social foi o final do século XIX, especialmente a

partir da Revolução Industrial. Apesar de considerar que a responsabilidade social seja

produto do século XX, especificamente a partir da década de 1950 até os dias atuais.

O primeiro trabalho publicado sobre o assunto, que marcou o início do período moderno

da literatura sobre Responsabilidade Social, foi o livro Social Responsibilities of the

Businessman, de Howard R. Bowen, no ano de 1953. Em seu trabalho, Bowen afirma que a

responsabilidade social esta relacionada às ‘obrigações’ dos homens de negócios de adotar

orientações, tomar decisões que sejam adequadas aos valores da sociedade (ALVES, 2003).

Outra publicação que marcou a história da Responsabilidade Social foi o livro de

Harold Johnson, intitulado “Bussiness in Contemporary Society: Framework and Issues”, na

década de 70, onde o autor definiu que uma empresa socialmente responsável deve equilibrar

uma multiplicidade de interesses e não se deter apenas em gerar retorno para seus acionistas

(CARROL, 2008, apud SOUSA et al., 2013).

Pode-se citar ainda, entre tantos outros trabalhos de significativo valor, o artigo de

Carrol, publicado em 1979, intitulado: A Three-Dimensional Conceptual Model of Corporate

Social Perfomance, onde o autor afirma que a responsabilidade social corporativa abrange as

dimensões econômica, legal, ética e filantrópica(CARROL, 1979).

Diante de tantos trabalhos que marcaram a história da Responsabilidade Social, é

importante salientar também em que momento a Responsabilidade Social mereceu atenção no

Brasil. Segundo Freire e Silva (2001) o marco da responsabilidade social ocorreu em 1965,

com a publicação da Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas. Entretanto,

somente nos anos 80 que algumas empresas que atuam no Brasil passaram a acentuar e a

institucionalizar o discurso sobre as questões sociais e ambientais.

A Responsabilidade Social Empresarial, como objeto de investigação científica e como

prática social ainda passa por um processo de formação no Brasil. Moretti e Campanário

(2009), produziram uma pesquisa da produção intelectual brasileira sobre RSE, através de

estudo bibliométrico, com 216 artigos publicados entre os anos de 1997 e 2007 no

EnANPAD. Eles concluíram que a produção brasileira se concentra em citações de poucas

obras da área da Administração.

O resultado do trabalho aponta para uma acomodação, mostrando que a falta de

aprofundamento temático pode tornar o marco teórico ineficaz. Reconhecendo que o campo

da RSE não possui um referencial teórico consistente, sugerindo a indispensabilidade de uma

agenda de pesquisas mais audaciosa (MORETTI E CAMPANÁRIO, 2009).

Nesse contexto, reconhecendo a importância da produção acadêmica mais consistente

no campo da Responsabilidade Social, este trabalho analisa novamente a produção acadêmica

brasileira sobre a RSE, através de um estudo bibliométrico com 189 artigos publicados em

periódicos online entre os anos de 2003 a 2013.

A presente pesquisa tem como propósito analisar a produção acadêmica nacional da

temática da Responsabilidade Social, a fim de compreender como tem se configurado esse

campo teórico no que diz respeito aos autores, temas de estudos e metodologias. Bem como

identificar qual o grau de cooperação entre os autores e quais Instituições de Ensino e Estados

com maior concentração de publicações.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 As origens históricas da Responsabilidade Social

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Wood (1991) identifica quatro momentos históricos importantes para se entender o

processo de formação do conceito de responsabilidade social corporativa: o feudalismo, o

mercantilismo, a industrialização e a pós-industrialização. Essa divisão tem a finalidade de

tornar mais perceptível o avanço da atividade econômica e o percurso que nos conduziu a uma

sociedade na qual os problemas sociais são tão profundos (GUIMARAES, 1984).

No primeiro momento, durante o feudalismo na Europa, o compromisso social do feudo

era para com Deus, a Igreja e o povo. Assim, era imputada aos donos de terra a incumbência

pela educação dos pobres, pela divulgação dos artistas locais, bem como pela construção de

hospitais e orfanatos. Nesse primeiro período a Igreja possuía poder hegemônico e sua

acumulação de riqueza era vista de uma forma negativa (WOOD, 1991).

No século XIII – XV, com o mercantilismo, o empenho das organizações econômicas na

Europa passou a ser com o crescimento e a consolidação do Estado-nação, especialmente por

meio de ajuda nas expedições colonizadoras e no custeio de impostos à Coroa. No segundo

período, a busca por metais preciosos e o comércio com os novos continentes assumiu

importância como principal meio de enriquecer o Estado (WOOD, 1991).

Na fase da industrialização, considerado o terceiro momento, com início entre os

séculos XV e XVIII e se desdobrando até a metade da década de 1980, o foco da empresa

passou a ser o aumento da produção, de modo a promover o retorno do investimento dos

proprietários. De certa forma, esta estratégia voltada para o acionista, engendrou considerável

aumento na produção em massa e no desenvolvimento do padrão de vida. Contudo, ela

também resultou na destruição da natureza e na exploração do proletário, abalando os laços de

confiabilidade nas comunidades (WOOD, 1991).

Prosseguindo no discurso de Wood (1990), na pós-industrialização, considerado o

quarto momento, a opinião pública ficou descrente em relação ao desempenho das empresas e

governo. Para Wood (1990) os protestos de 1960 e 1970 foram originados da desconfiança, na

ânsia por clareza e informação acessíveis e no entendimento de que nem as empresas e nem o

governo estariam dispostos a enfrentar o crescimento dos problemas sociais.

Nesse contexto ocorrem as mudanças no comportamento organizacional. Ventura

(2003), diante das oposições ao processo de acumulação de capital adotado pelas empresas,

esclarece que o movimento atual pela responsabilidade social iguala-se a uma mudança do

capitalismo para assegurar a sua própria sobrevivência.

Surgindo como uma nova forma de controlar o impulso pelo lucro individual, a

responsabilidade social se introduz como uma iniciativa de reação dirigida à necessidade de

ressaltar um novo espírito capitalista, estimulando um comprometimento que não vise apenas

o material (VENTURA, 2003).

Fazendo uma análise histórica é fácil visualizar a adaptação das empresas as

necessidades de cada época. No feudalismo, a acumulação de riquezas era reprovada e o

compromisso era com a Igreja. No Mercantilismo, o objetivo era fortalecer o Estado por meio

do acumulo de metais preciosos. Na industrialização, o compromisso é com a maximização

do lucro por meio do aumento da produtividade. Na era da Pós- Industrialização o tema da

Responsabilidade ganha mais destaque, pois a sociedade, começa a questionar o papel da

empresa na sociedade (BECATINNI, 2006).

Carrol (2008, apud SOUSA et al., 2013) acredita que a Responsabilidade Social é um

produto do século XX, mais precisamente a partir da década de 50 até os dias atuais, contudo

também considera que a Revolução Industrial pode ser definida como ponto de partida. Nesse

sentido, Carrol (2008) classifica a evolução histórica do conceito de Responsabilidade Social

em sete períodos, sintetizados no quadro 1:

Quadro 1. Evolução histórica da Responsabilidade Social.

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Períodos Ideias Centrais sobre Responsabilidade

Social Corporativa Principais Autores

1º- Da Revolução

Industrial até 1950

Maximização do lucro, filantropia,

paternalismo.

Charles Bernad, JM Clark e Theodore

Kreps.

2º - Década de 1950 Obrigação dos homens de negócios Howard R. Bowen.

3º - Década de 1960 Razões parcialmente fora do interesse

econômico.

William C. Frederick, Milton

Friedman, Clarence C. Walton.

4º - Década de 1970 Multiplicidade conceitual, Responsividade

Social, Pirâmide da RSC.

Harold Johnson, George Steiner, Keith

Davis, Richard Eels, Clarence Walton,

S. Prakash Sethi, Lee Preston e James

Post, Archie B. Carrol.

5º - Década de 1980

Responsabilidade social como processo e

ascensão de temas complementares, como

desempenho social, ética nos negócios e

gestão de stakeholders.

Thomas M. Jones, Frank Tuzzolino e

Barry Armandi, Edwin M. Epstein,

William Frederick C., R. Edward

Freeman, Archie B. Carrol.

6º - Década de 1990

Diversificação e globalização, investimento

social global, reputação corporativa, parcerias

com a comunidade e política social

Archie B. Carrol.

7º - Século XXI

Responsabilidade compartilhada,

desenvolvimento sustentável, teoria da

contigência do desempenho social

corporativo.

Archie B. Carrol, Bryan Husted.

Bittencourt e Carrieri, Xavier e

Maranhão, Alves.

Fonte: Adaptado (SOUZA et.al. 2013, p.14).

Atualmente, o conceito de responsabilidade social é visto como uma forma de ver o

tripé organização, sociedade e meio ambiente. Considerando as consequências das operações,

sejam essas ambientais ou sociais e o desempenho social da organização (SOUSA et. al,

2013).

O Instituto Ethos (2007) conceitua Responsabilidade Social Empresarial como uma

forma de gestão interpretada pela relação ética e transparente da empresa com todos os

stakeholders que ela se relaciona e pelo estabelecimento de objetivos empresariais

compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, protegendo recursos

ambientais e culturais para as gerações futuras, preocupando-se com a diversidade e

promovendo a redução das desigualdades sociais.

Coexistem pelo menos quatro visões diferentes de RSC. A primeira ideia prega que o

objetivo principal da empresa é lucro, produzindo retorno para os investidores, cumprindo

também suas obrigações fiscais e jurídicas. A segunda visão acrescenta aos objetivos citados

as ações filantrópicas. A terceira defende que na verdade a RSC trata-se de uma estratégia de

negócios, onde ações sociais são na verdade instrumentos de diferenciação empresarial,

agregando valor à imagem da empresa. Por fim, a quarta concepção acredita que a

responsabilidade social deve fazer parte da cultura da organização, de forma que

simultaneamente produza riquezas e benefícios sociais a todos os stakeholders (CRUZ, 2006).

2.2 Os campos de aderência da Responsabilidade Social

Um aporte considerável para a definição de Responsabilidade Social é de Carroll

(1991), que leva em conta quatro dimensões da RSC: econômico, legal, ético e filantrópico.

Carroll (1991) insere a essas quatro dimensões uma estrutura piramidal, conforme

Figura 1, estabelecendo como alicerce das demais dimensões as responsabilidades

econômicas. Contestando o conceito de que as responsabilidades econômicas estão

relacionadas apenas com as ações da empresa a seu favor, enquanto a demais eram a favor da

sociedade. No modelo piramidal todas as responsabilidades estão atreladas a dimensão

econômica, já que essa forma sua base.

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Figura 1 A pirâmide RSC de Carroll

Fonte: Carroll (1991 apud Miranda e Amaral, 2011).

Carrol (1979) explica que a dimensão econômica representa a esfera fundamental no

mundo dos negócios, tendo em vista que todas as outras responsabilidades são baseadas nela.

Essa dimensão consiste na produção eficiente de bens e serviços necessários a sociedade, com

a finalidade de maximizar os lucros, garantindo retorno aos acionistas e continuidade ao

negócio. A responsabilidade legal assim como a responsabilidade econômica faz parte do

acordo social entre empresa e sociedade, essa dimensão compreender regras, expressas por

leis e regulamentos, nas instâncias Federal, Estadual e Municipal.

Embora as duas dimensões analisadas estejam baseadas em normas éticas, Carrol (1979)

alega que a sociedade espera das empresas ações que vão além daquelas codificadas em leis,

que não estão vinculadas aos interesses econômicos financeiros das organizações. Assim, a

reponsabilidade ética é definida como um componente que orienta as dimensões econômica,

legal e discricionária, transcendendo o que está previsto em lei. A responsabilidade

discricionária é caracterizada por ações voluntárias da empresa no âmbito social, que não são

exigidas por lei e nem socialmente. O foco dessa dimensão está no bem- estar social por meio

da filantropia. Contudo, Carrol (1979) argumenta que se a empresa não possuir projetos

vinculados às atividades filantrópicas ela não é considerada antiética.

3. Método de Pesquisa

Os procedimentos metodológicos para a realização do estudo envolvem a pesquisa

descritiva e a bibliométrica. Pritchard (1969) definiu a pesquisa bibliométrica como aplicação

dos métodos estatísticos ou matemáticos sobre o conjunto de referências bibliográficas. Para

Guedes e Borschiver (2005) a bibliometria é uma ferramenta estatística que permite mapear e

gerar diferentes indicadores de tratamento e gestão da informação, especialmente em sistemas

de informação e de comunicação científicos e tecnológicos, necessários ao planejamento,

avaliação e gestão da ciência e da tecnologia, em cada campo da mesma.

As publicações de interesse foram localizadas por meio de consultas nas bases de dados

dos periódicos da CAPES, sendo considerados os trabalhos nacionais publicados em revistas

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com qualis A1, A2, B1 e B2 disponíveis on line. O Qualis1 avalia a qualidade dos artigos e de

outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja,

periódicos científicos. O Qualis Periódicos está dividido em oito estratos: A1, A2, B1, B2,

B3, B4, B5 e C, em ordem decrescente de valor, a escolha dos quatro primeiros estratos está

diretamente relacionada à qualidade das publicações, pois a CAPES considera esses como de

alto impacto. As listas de periódicos, separadas pelo Qualis, foram retiradas do Siscapes,

selecionando a área de avaliação “Administração, Ciências Contábeis e Turismo”. Desta lista

foram selecionadas apenas as revistas em português, devido o recorte da pesquisa ser de

periódicos nacionais.

A busca foi orientada pelo termo “Responsabilidade Social”. Definiu-se o levantamento

de todos os artigos que tivessem a palavra responsabilidade social em seu título, publicados

no período de janeiro de 2003 até dezembro de 2013. O recorte temporal tentou captar o

impacto na produção de RSC da conferência RIO +20, realizada no ano de 2012, bem como

da aprovação da ISO 26000, em 2010.

Quanto à forma de análise de dados, o estudo compreende a análise de conteúdo simples.

Para Marconi e Lakatos (2008), o conteúdo dos livros, revistas e artigos é analisado por meio

de categorias sistemáticas, determinadas previamente, que levam a resultados quantitativos.

Finalmente, com base nas informações levantadas junto aos artigos já descritos, os

mesmos foram quantificados por meio da utilização de planilha Excel, posteriormente foram

geradas tabelas e gráficos, as redes foram geradas com o auxílio do software Ucinet e os

resultados foram apresentados de forma descritiva.

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Artigos por Estrato

O Quadro 2 apresenta o número de artigos publicados em cada estrato pesquisado. Não

foram encontrados registros de publicações sobre Responsabilidade Social com classificação

Qualis A1. Este resultado pode ser justificado pela quantidade de periódicos brasileiros

classificados nesse estrato, dentro da área de avaliação “Administração, Ciências Contábeis e

Turismo”. Apenas a Revista Saúde Pública (Online), ISSN 1518-8787, foi localizada, e a

mesma não possui artigos dentro dos critérios da pesquisa. Outra justificativa deve-se ao fato

de o estrato A1 possuir o maior fator de impacto, igual ou superior a 3,800, o que sugere que a

publicação de artigos em periódicos com essa classificação exige que o mesmo possua um

alto nível de qualidade e significância.

Quadro 2: Quantidade de periódicos e publicações em cada estrato pesquisado.

QUALIS TOTAL DE PERIÓDICOS TOTAL DE ARTIGOS

A1 1 0

A2 14 18

B1 72 70

B2 53 101

Fonte: pesquisa direta (2014)

Os demais estratos, a saber, A2, B1 e B2, apontam para uma relação inversamente

proporcional entre a classificação e a quantidade de artigos encontrados. O resultado pode

1 QUALIS é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção

intelectual dos programas de pós-graduação (Fonte: WebQualis).

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sugerir que quanto menor o fator de impacto dos estratos maior a viabilidade de classificação

dos periódicos e consequentemente maior o número de publicações. Contudo, o número de

periódicos com classificação B1 é maior do que aqueles com Qualis B2, logo, a quantidade de

artigos pode estar relacionada à presença de periódicos da área da Responsabilidade Social. A

RGSA: Revista de Gestão Social e Ambiental, por exemplo, possui classificação Qualis B2,

onde está concentrado o maior número de publicações. Apenas deste periódico foram

selecionados 21 artigos, quantidade superior a todos os artigos encontrados em periódicos

com Qualis A2, enquanto vários periódicos com Qualis B2 não tiveram nenhum resultados

encontrado, como mostra o relatório dos periódicos B2.

4.2 Evolução da publicação anual dos artigos

Conforme o Quadro 3, o ano de 2010 apresentou o maior número de publicações sobre

a temática da Responsabilidade Social. Esse número pode estar associado com a aprovação

em Setembro de 2010 da primeira norma internacional de Responsabilidade Social, a ISO

26000, que pode ter impulsionado a publicação sobre a temática. A norma foi lançada na

manhã do dia 8 de dezembro com o objetivo de prover diretrizes globais sobre a

Responsabilidade Social (ISO, 2010).

Quadro 3: Quantidade de publicações sobre RSC em cada ano pesquisado.

Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Quant. de

Publicações 04 19 15 15 20 16 19 28 17 20 17

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Figura 2: Evolução da publicação anual dos artigos

Fonte: Pesquisa direta (2014).

4.3 Tema da pesquisa

Dos artigos pesquisados, de todos os estratos, alguns são mais frequentes. Para efeito de

análise eles foram categorizados em: Reflexões teóricas sobre Responsabilidade Social,

Responsabilidade Social e estratégia, a prática da Responsabilidade Social, ensino de

Responsabilidade Social, Responsabilidade Social interna, Responsabilidade Social e a

relação com o consumidor, outros assuntos. Para identificar tais categorias foram analisados

título e objetivo.

0

5

10

15

20

25

30

2000 2005 2010 2015

QUANTIDADE DE PUBLICAÇÕES

QUANTIDADE DEPUBLICAÇÕES

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Reflexões teóricas sobre Responsabilidade Social foi o tema mais expressivo, presente

em 14% da amostra pesquisada. Este percentual pode ser justificado pelo fato de a

Responsabilidade Social Empresarial, como objeto de investigação científica e como prática

social, ainda estarem em processo de formação no Brasil (MORETTI; CAMPANÁRIO,

2009).

Responsabilidade Social e Estratégia foi o segundo tema mais relevante, presente em

13% dos artigos. A significância desse tema para a produção acadêmica pode ser justificada

pelo fato de a dimensão estratégica da responsabilidade social contribuir para maior

competitividade, por originar um ambiente de trabalho mais motivador e eficiente, por

auxiliar para uma imagem organizacional positiva e por propiciar o estabelecimento de

relacionamentos calcados em maior comprometimento com seus stakeholders

(MARTINELLI, 1997).

A figura 3 apresenta a porcentagem dos temas de pesquisa mais significativos. Além

dos temas citados acima, podemos ainda mencionar A prática da Responsabilidade Social,

tema de 10% das publicações, que analisa ações das organizações nesse campo temático, mais

precisamente como ocorrem essas práticas e no que elas resultam. Os demais temas

expressivos foram Responsabilidade Social Interna relacionada com o estudo de ações de RS

voltadas para o colaborador, e ainda a Reponsabilidade Social e a Relação com o

Consumidor, tratando da percepção deste com relação às práticas sociais das organizações.

Figura 3: Gráfico – Temas de pesquisa

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Ainda que seja possível estabelecer uma hierarquia entre os temas de estudo observa-se

que não há uma distância significativa entre eles, demonstrando que trata-se de uma linha de

pesquisa ainda em fase de amadurecimento

4.4 Procedimentos metodológicos dos artigos

Analisando a metodologia de todos os artigos pesquisados, quanto ao tipo de pesquisa,

podemos dividi-los em dois grupos: pesquisa empírica e teórica. A pesquisa empírica implica

na experimentação ou observação a partir da coleta de dados, gerando conclusões que

introduzem um conhecimento novo na linha de estudo do trabalho (GIL, 1999). Dos artigos

pesquisados 69,31% são de natureza empírica. Vale salientar que apesar do principal tema de

14%

13%

10%

8% 7% 6%

42%

TEMA DA PESQUISA

Reflexões Teóricas sobreResponsabilidade Social

Responsabilidade Social eEstratégia

A prática da ResponsabilidadeSocial

Ensino de ResponsabilidadeSocial

Responsabilidade SocialInterna

Responsabilidade Social e arelação com o Consumidor

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estudo ser estudos teóricos, a concentração de estudos empíricos sugere que as demais

categorias são realizadas com essa metodologia.

Esta abordagem de pesquisa pode ser desenvolvida como Qualitativa ou Quantitativa.

Aquela se baseia na análise e interpretação de uma dada realidade, enquanto está em

observações quantificáveis e análises estatísticas. Gil (1999) define ainda três níveis de

pesquisa baseados nos objetivos do estudo: Pesquisa Exploratória, Descritiva ou Explicativa.

Em síntese, a pesquisa Exploratória é utilizada em temas pouco explorados, geralmente

associados a abordagens qualitativas de levantamento de informações. Enquanto a pesquisa

Descritiva visa à descrição de características acerca de determinada situação, ou ainda,

estabelece relação entre variáveis, coletando dados por meio de procedimentos pré –

estabelecidos. A pesquisa explicativa é considerada pelo autor como o nível mais complexo,

pois objetiva entender o “por quê” dos fenômenos. Como a pesquisa exploratória ou

descritiva podem constituir partes anteriores à pesquisa explicativa, a divisão dos artigos irá

considerar apenas os dois primeiros níveis de pesquisa.

A figura 4 apresenta a Metodologia utilizada nos trabalhos empíricos pesquisados. O

resultado foi encontrado mediante a leitura dos procedimentos metodológicos de todos os

artigos. Caso este item do artigo não esclarecesse a metodologia utilizada no trabalho,

prosseguia-se a leitura, de forma que a metodologia era caracterizada mediante interpretação

do leitor.

Conforme gráfico abaixo, a metodologia mais utilizada foi a Qualititativa – Descritiva,

presente em 28,04% da amostra de artigos, de todos os estratos.

Figura 4: Gráfico de Metodologia - Trabalhos Empíricos.

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Quanto ao tipo de pesquisa, temos ainda a pesquisa teórica, baseada em estudos

anteriores onde se desenvolve uma nova ideia sobre o objeto estudado, normalmente não

passa por coleta de evidências (GIL, 1999), 30,69% dos artigos pesquisados consistem em

pesquisas teóricas, esse percentual é bem mais significativo do que o que se refere aos artigos

com o tema Reflexões Teóricas Sobre Responsabilidade Social (14%), isso se deve ao fato de

5 4 1

53

18 18 19

5 8 0

10

20

30

40

50

60

Quali -Quantitativa- Exploratóriae Descritiva

Quali -Quantitativae Descritiva

Quali -Quantitativa

eExploratória

Qualitativa -Descritiva

Qualitativa -Exploratória

QualitativaExploratóriae Descritiva

Quantitativa- Descritiva

Quantitativa- Exploratória

Quantitativa- Exploratóriae Descritiva

Trabalhos Empíricos

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muito ensaios teóricos se encaixarem também em outros temas pesquisados, como por

exemplo, Responsabilidade e Estratégia.

A abordagem teórica pode ser normativa ou não - normativa. As pesquisas não –

normativas incorporam conceitos e paradigmas, focando no “como” e “porque”. Já as

pesquisa normativas reforçam “o que deveríamos fazer”. A figura 5 mostra que a maioria dos

artigos da amostra, teóricos, são aqueles denominados não – normativos, correspondendo a

19,58% da amostra total e 63,80% das pesquisas Teóricas.

Figura 5: Gráfico de Metodologia - Trabalhos Teórico

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Observa-se também que 23,28 % dos artigos são Estudos de Caso, o estudo de caso é ao

mesmo tempo uma tática de coleta de dados e um método de pesquisa.

4.5 Rede de ies

A Figura 6 apresenta a rede de coautoria entre as 118 instituições presentes nos artigos

selecionados sobre Responsabilidade Social, de todos os estratos pesquisados, seja na forma

de trabalhos em coautoria intrainstitucional, seja na forma de coautoria interinstitucional. Os

nós são proporcionais à quantidade de artigos publicados pela IES, e as ligações representam

a coautoria entre as instituições.

Figura 6: Rede de IES.

Fonte: Pesquisa direta (2014).

21

37

0

10

20

30

40

Normativos Não - Normativos

Trabalhos Teóricos

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Os nós maiores representam a centralidade onde há maior média de artigos publicados.

A USP, seguida da UFRJ são as instituições que se destacam com relação à concentração de

artigos publicados. O Ranking Universitário Folha 2013 (RUF), publicado no jornal Folha de

São Paulo, elege a USP como a melhor Universidade do Brasil, seguida pela UFRJ. (FOLHA

UOL, 2013). A qualidade da IES pode justificar a concentração dos artigos, bem como o

destaque das coautorias interinstitucionais. Por se tratarem de grandes Universidades

localizadas nos maiores centro urbanos do país o investimento governamental em projetos de

iniciação científica deve ser significativo e também pode ser uma justificativa para a

concentração de publicações.

Observa-se ainda que das 118 instituições que compõem a rede de colaboração

científica, 21 (17,80 %) instituições apresentam-se isoladas, isto é, somente com coautoria

intrainstitucional, e 18 instituições (15,25%) apresentam-se apenas com uma ligação de

coautoria interinstitucional.

4.6 Rede de unidade da federação

A Figura 4, confirma a centralidade de publicações no Estado de São Paulo, também

apresentada pela rede de IES que mostra a USP como a instituição que concentra maior

número de publicações. É válido salientar que várias UF’s “dialogam” com o estado de São

Paulo, e que o mesmo possui um número superior de relações com o exterior, especificamente

com a Espanha, França e Itália.

Figura 7: Rede de UF

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Os nós maiores, representados na matriz por São Paulo, seguido do Rio de Janeiro,

representam a centralidade onde há a maior média de artigos publicados. As ligações

presentam a relação dos estados por Coautoria. Apenas o Estado de Tocantins não possui

autoria interinstitucional.

4.7 Rede de coautoria

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A figura 8 representa a rede de autores e coautores dos trabalhos, de todos os Qualis

pesquisados. Os nós representam a quantidade de autoria e as ligações apontam para os

coautores com quem foram realizados os “diálogos” para produção dos trabalhos. Alguns

artigos possuíam apenas um autor, estes trabalhos estão representados na rede pelos nós

isolados na parte inferior da Figura 8. Outros autores, porém, detém um número significativo

de coautorias, “dialogando” com vários outros, estes estão representados pelos nós maiores.

Figura 8: Rede de Coautoria

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Observa-se que autor PENA, Roberto Patrus Mundim Pena, é destaque nas autorias e

consequentemente nas publicações. A quantidade de coautorias pode ter relação com

participação do mesmo em grupos de pesquisa. O autor é coordenador do Grupo de Pesquisas

em Ensino de Administração e Didática (GEPEAD) e vice coordenador do Núcleo de

Pesquisa em ética e Gestão Social (NUPEGS). Vale salientar que o mesmo é Doutor em

Administração, lecionando no Mestrado e Doutorado em Administração da PUC Minas

(Fonte: Currículo Lattes). O segundo autor mais representativo na Matriz PATRUS representa

também autorias e artigos do autor Roberto Patrus Mundim Pena, onde ele usa apenas nome e

sobrenome indicando autoria, reforçando ainda mais a significância de seus trabalhos para a

temática da Responsabilidade Social.

Observa-se também na matriz, a representatividade de coautorias e publicações dos

autores Elisabete Stradiotto Siqueira (SIQUEIRA) e Bruno Cals de Oliveira (OLIVEIRA, B).

Novamente o envolvimento em projetos de pesquisa pode ser usado como justificativa para o

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grau de coautorias. Siqueira possui registrado no currículo Lattes 20 participações em Projetos

de Pesquisa. Contudo, Oliveira, não tem registros de envolvimento em grupos de pesquisa no

seu Currículo Lattes e sua linha pesquisa se concentra em Finanças, mesmo que grande parte

de suas publicações envolvam a temática da Responsabilidade Social. (PLATAFORMA

LATTES, 2014)

Os autores mais representativos são todos da área da Administração, mesmo que os

artigos analisados, bem como a temática da Responsabilidade Social, envolvam também

outras áreas.

4.8 Co - citações de autores

A figura 9 analisa os principais autores citados presentes nas referências bibliográficas

dos artigos com Qualis A2. A escolha do estrato está relacionada à qualidade das publicações

do mesmo, já que nenhuma publicação com Qualis A1 foi encontrada. O objetivo desta

análise é indicar quais obras, da área da Responsabilidade Social e de outras áreas, nacionais e

internacionais são mais frequentemente utilizadas.

Todas as referências bibliográficas, dos 18 artigos com Qualis A2, foram tabuladas,

resultando em 525 trabalhos citados. Para uma melhor visualização dos principais autores a

figura 9 apresenta apenas o nome dos autores dos 13 trabalhos mais citados.

Figura 9: Gráfico de Citações

Fonte: Pesquisa direta (2014).

O autor Archie B. Carrol foi o autor mais citado, com representatividade em três

trabalhos de sua autoria. O trabalho mais citado foi A three-dimensional conceptual model of

corporate performance, de 1979, citado em 22,22% dos artigos selecionados, seguido do The

pyramid of corporate social responsibility: toward the moral management of corporate

stakeholders de 1991, citado em 16, 67% dos artigos, e do The four faces of corporate

citizenship, de 1998, também presente em 16,67% das publicações com Qualis A2.

O segundo autor mais citado foi Robert Henry Srour, com dois de seus trabalhos: Ética

empresarial: posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais, de 2000 e

4

3 3 3 3

4

3 3 3 3 3 3 3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

OBRAS MAIS CITADAS

NÚMERO DE CITAÇÕES

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Poder, cultura e ética nas organizações, de 1998, ambos citados em 16, 67% da amostra

selecionada.

A terceira autoria mais representativa foi de Milton Friedman, com seu trabalho “The

social responsibility of business is to increase its profits” publicado em 1970, com 22, 22% de

citações.

Se analisarmos as citações por autores teremos o seguinte cenário Figura 10:

Figura 10: Autores mais citados

Fonte: Pesquisa direta (2014).

Dessa forma pode-se concluir que Carrol é o autor mais significativo nas referencias ao

tema da Responsabilidade Social.

5. Conclusão

O presente trabalho teve como propósito analisar a produção acadêmica nacional da

temática da Responsabilidade Social a fim de compreender como tem se configurado esse

campo teórico no que diz respeito aos autores, temas de estudos e metodologias. Bem como,

identificar qual o grau de cooperação entre os autores e identificar quais as Instituições de

Ensino e Estados com maior concentração de publicações.

No que diz respeito aos autores, no estrato A2, Archie B. Carrol foi o autor com número

maior concentração de citações, mostrando que os autores continuam recorrendo às obras

mais clássicas da Responsabilidade Social, o que pode ser interpretado tanto como um

cuidado em mencionar as origens da Responsabilidade Social, como também uma ausência de

aprofundamento temático.

Com relação ao tema de estudo, Reflexões Teórica sobre Responsabilidade Social foi a

temática mais abordada nos artigos pesquisados, indicando que a Responsabilidade Social

como objeto de investigação científica, ainda encontra-se em processo de formação no Brasil.

Analisando a metodologia aplicada aos artigos, concluí-se que a maioria se utiliza da

abordagem Qualitativa – Descritiva.

Observa-se ainda que o grau de cooperação entre os autores é significativo, tanto no que

diz respeito a coautorias intrainstitucionais, como de coautoria interinstitucional. Com uma

10

6

4 3 3 3 3 3 3 3

0

2

4

6

8

10

12

AUTORES CITADOS

NÚMERO DE CITAÇÕES

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minoria de autores que produzem de forma isolada. Os diálogos tem a capacidade de agregar

conhecimentos e valores, logo, o resultado encontrado é deveras positivo para o crescimento

científico da Responsabilidade Social.

São Paulo foi o estado com maior concentração de publicações e de “diálogos” com

outros estados, bem como a Universidade de São foi a instituição de Ensino com maior

centralidade de publicações. Considerada a melhor Universidade do País, a USP deve

concentrar considerável investimento governamental para produção científica, o que poderia

justificar o resultado encontrado.

Por fim, sugere-se, para trabalhos futuros, a análise Bibliométrica das citações dos

estratos B1 e B2, tendo em vista que o presente trabalhou concentrou-se em analisar as

referências bibliográficas do estrato A2.

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