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PROSA & VERSO 5 Sábado, 26 de fevereiro de 2011 O GLOBO [ESPECIAL][ESPECIAL][ESPECIAL][ESPECIAL] Hans Ulrich Gumbrecht responde crítica de Andrea Daher a seu novo livro Cruz Hans Ulrich Gumbrecht N a última edição do Pro- sa & Verso, Andrea Daher, uma colega da UFRJ, resenhou a tra- dução para o português de meu livro “Produção de presença” (Contraponto/PUC-Rio, tradu- ção de Ana Isabel Soares), e che- gou a uma conclusão devasta- dora: “é uma teoria em pleno de- sastre”. Bem, tais palavras só poderiam ferir um autor que, co- mo haveria de ser, leva seus li- vros a sério, se bem que, como quero insistir, a resenhista tenha o direito de fazê-lo, sendo esse um sintoma do bom funciona- mento do espaço público. Não respondo portanto porque quei- ra discutir o direito de Andrea Daher de achar e descrever meu livro como tão “devastador”. Mas seria interessante para os leitores de sua resenha, e de meu livro, mesmo para os leito- res de O GLOBO que não este- jam interessados nem no meu li- vro, nem na resenha, compreen- der que a base em que se funda sua crítica tem um duplo senti- do, de que a resenhista não pa- rece consciente. Articulada com o fim da rese- nha, essa base diz que “toda teo- ria serve à lógica da significa- ção”. De fato, as teorias são ne- cessariamente constitutivas de significação — isso é incontestá- vel para aquelas articuladas por palavras (por exemplo, nas ciên- cias sociais, nas humanidades e nas artes); mas é igualmente verdadeiro para as que se arti- culam por números e equações (nas ciências naturais, por exemplo), pois números e equa- ções também são significantes de significações. Creio que, nes- te sentido, mesmo o meu livro tem o status de uma “teoria”, pois, natural e inevitavelmente, desenvolve um argumento e uma descrição com palavras, ou seja, com conceitos. É contudo, um erro terrível — erro em que não só Andrea Daher cai — pen- sar que, em consequência, as teorias só possam lidar com fe- nômenos que são “constituídos de significação”. Obviamente, não é assim porque, por um la- do, reconhecemos como “teo- rias” muitas descrições abstra- tas de fenômenos das ciências naturais; e, ao mesmo tempo, sabemos que tais fenômenos (pense-se na física nuclear ou na química orgânica) não são fun- damentalmente constituídos de significação. Só por nossos es- forços em extrair teorias, eles se tornam descritos e expressos por conceitos. De fato, contudo, os fenômenos naturais não con- têm primariamente significa- ções. Essa é a razão mesma por que, em primeiro lugar, tentei ar- ticular meu ponto de vista por palavras e significações, em vez de, por exemplo, dançar (!!), ou exclusivamente “personifican- do” minha posição. É, portanto, verdade que, ao nível do que es- tou descrevendo, defendo que as humanidades e as artes não se concentram tão-só nos fenô- menos constituídos de significa- ção senão que incluem certos fenômenos que (acredito) per- tencem ao que chamamos “cul- tura”, sem que eles mesmos se- jam constituídos de significação (exemplo: a qualidade central das vozes ao recitar um poema ou na apresentação de uma ópe- ra). Essa pode ser uma alegação relativamente inofensiva, mas penso que era (e ainda é) neces- sária porque, não à diferença da própria resenhista, as humani- dades e as artes, em sua cente- nária história, têm confundido sua autodescrição como disci- plinas cujo centro é ocupado pe- la “interpretação”, com a tarefa de focarem exclusivamente os fenômenos dotados de significa- ção. Creio que isso é um erro; as humanidades e a as artes não devem encerrar-se aí, embora, por outro lado, seria de um com- pleto ridículo argumentar que as humanidades não lidam com fenômenos de significação. Estou consciente que essa é uma resposta muita seca e me desculpo por isso. Mas, tendo a honra de vir com frequência ao Brasil e aí dar cursos, não poderia deixar esse equívoco sem uma réplica pública. Há outras passagens na re- senha referida que me parece- ram estranhas. Em vez de lhes dedicar uma resposta detalha- da, as assinalo de passagem. A resenhista parece ressentir-se de uma certa (e deliberada) “facilidade” em meu estilo in- telectual, que, embora eu seja professor há mais de 40 anos, procura não ser rigidamente acadêmico. Essa é a razão por que refiro-me a certos autores como “amigos” (quando de fa- to o são). Eis por que, para efeito de clareza, enfatizo cer- tas diferenças; e porque não evito usar muitas vezes exem- plos de minha (por certo ba- nal) vida cotidiana. O tom da resenha torna-se um tanto mais agressivo e levemente problemático quando Andrea Daher parece insinuar que tal (para ela) devastadora teoria só poderia surgir e encontrar aceitação na Califórnia (onde tenho de fato ensinado por mais de 20 anos; e nos Estados Unidos, de que sou cidadão). Se a resenhista sente tal afini- dade, assim como muitos cole- gas no Brasil, penso que seria necessário transformar sua impressão em um argumento explícito (de minha parte, pos- so com certeza não ver tais afi- nidades entre certas teorias e certos contextos nacionais). A resenhista segue adiante suge- rindo que minha cara apare- cer na página de rosto do livro é um ato agressivo que, pensa, se ajusta com o que julga a fi- nalidade de minha teoria. É verdade que tenho a cara que tenho e que não resisti à pro- posta das editoras americana e brasileira de que minha foto aparecesse na capa de um li- vro chamado “Produção de presença”. Talvez isso tenha sido um erro, mas não creio que, mesmo tendo sido, tenha algum valor sintomatológico para minha teoria. Acabo com um tom concilia- tório. A resenhista começa por caracterizar meu livro como um “panfleto neossubstancialista”. Posso, na verdade, simpatizar com os dois termos. Se um pan- fleto é um texto abstrato com al- guma força polêmica, fui bem compreendido. E, embora nun- ca tenha tido a intenção progra- mática de ser chamado de “neossubstancialista”, é verda- de que quero trazer de volta conceitos como o de “substân- cia” para as discussões filosófi- cas e culturais. Pois, insisto, é um equívoco crer que as huma- nidades e as artes devam lidar exclusivamente com fenômenos constituídos de significação e não com fenômenos baseados na substância. HANS ULRICH GUMBRECHT é filósofo, autor de “Produção de presença”, entre outros. Tradução de Luiz Costa Lima Leonardo Aversa/18-11-2008 CAMÕES: O Real Gabinete Português de Leitura organiza a partir do próximo dia 14 um curso sobre “Os Lusíadas”, de Camões. Com coordenação da professora Gilda Santos, os encontros vão até dia 20 de abril abordando temas como “Mitologia, erotismo e censura” e “Camões e seus contemporâneos”. Informações: 2221 3138 ou no site <www.realgabinete.com.br>. CASTELLO E FIRMO: Estão abertas as inscrições para os dois encontros do crítico e escritor José Castello, colunista do Prosa & Verso, com o consagrado fotógrafo Walter Firmo nos dias 23 e 24 de março no POP (Conde Afonso Celso 103 ). Os dois vão conversar sobre a relação entre imagem e palavra, a partir da obra de autores e fotógrafos. Informações: 2286-3299. MIRANDÃO NA ALEMANHA: O escritor e jornalista Fernando Molica vai para a Alemanha em agosto falar sobre seu romance “Notícias do Mirandão” (Record). Molica foi convidado para o festival “Metropolitan: The narrated city”, que reúne autores de obras ligadas à vida urbana, e fará palestras sobre seu livro em Frankfurt e em Darmstadt. ■■■■■■ Vozes aos 110 Uma das mais tradicionais editoras brasileiras, a Vozes chega sábado que vem aos 110 anos de existência. A empresa sediada em Petró- polis, responsável pela pu- blicação no Brasil de obras fundamentais da filosofia e das ciência humanas (seu catálogo inclui Hegel, Gada- mer, Heidegger entre ou- tros), comemora a data com uma nova edição das obras completas de Carl Gustav Jung, que chega às livrarias em junho com novo projeto gráfico e revisão do texto. Como publicar-se O recém-lançado site PerSe (www.perse.com.br) prome- te ajudar aspirantes a autor a tirarem seus originais da ga- veta sem desembolsar os custos da edição. Explorando o nicho crescente da auto-pu- blicação, a empresa permite que autores escolham forma- to, acabamento e papel do li- vro, cobrando depois um percentual sobre cada exem- plar vendido no sistema de impressão sob demanda. Também é possível comer- cializar e-books e converter blogs em livros pelo site. JOÃO UBALDO: autor disse sim à festa, da qual desistiu em 2004 Ubaldo na Flip ■■■■■■ Uma questão de sentido NO PRELO Mànya Millen e Miguel Conde PROSA & VERSO EDITORA: Mànya Millen — [email protected] EDITOR ASSISTENTE: Miguel Conde — [email protected] REPÓRTER: Guilherme Freitas — [email protected] DIAGRAMAÇÃO: Cristina Flegner Telefones/Redação: 2534-5616 e 2534-5650 Publicidade: 2534-4310 ([email protected]) Correspondência: Rua Irineu Marinho 35 — 2º andar. CEP: 20233-900 O GLOBO O escritor João Ubaldo Ri- beiro confirmou participa- ção na Festa Literária Inter- nacional de Paraty (Flip). Depois de cancelar sua ida em 2004, reclamando que a divulgação favorecia auto- res da Companhia das Le- tras, e de permanecer pelos anos seguintes como uma das mais ilustres ausências nacionais do evento, João Ubaldo disse “sim” ao con- vite para a 9 a - edição da fes- ta, que vai de 6 a 10 de julho em Paraty. — Vou porque me quise- ram — diz o autor, negando que tenha sido convidado outras vezes depois de 2004, como a direção da Flip afirmou ano passado. — Não me lembro de ne- nhum outro convite, só do primeiro. Na época não gos- tei do jeito como meu nome estava incluído, mas não briguei nem coisa nenhuma, não tenho qualquer inimiza- de ou pé atrás com a festa. Ganhador em 2008 do Ca- mões, o mais importante prêmio da literatura em lín- gua portuguesa, João Ubal- do é autor de clássicos co- mo “Viva o povo brasileiro” e “Sargento Getúlio”. Seu li- vro mais recente, “O alba- troz azul” (Nova Fronteira), foi lançado em 2009. Com curadoria do críti- co literário Manuel da Costa Pinto, a Flip 2011 já confirmou também a pre- sença de David Remnick, Andrés Neuman, Valter Hugo Mãe, Pola Oloixarac, Joe Sacco, Franco Moretti, Emmanuel Carrère e Clau- de Lanzmann. ■■■■■■ Duas vezes Hatoum Escolhido o melhor livro de ficção brasileira dos anos 2000, em eleição realizada no final de 2009 pelo Prosa & Ver- so, o romance “Dois irmãos” (Companhia das Letras) será comentado no próximo dia 14 pelo próprio autor, Milton Ha- toum, num encontro da série Rodas de Leitura às 18h na Fundação Biblioteca Nacional. O escritor estará também no episódio de amanhã da série Autor por Autor, na TV Cultura (canal 16 da NET). No programa, que vai ao ar às 19h30m, Hatoum fala entre outras coisas sobre a infância na Ama- zônia e a ascendência árabe, temas de seus livros. — Misturamos o depoimento com dramaturgia, ilustran- do as lembranças do autor — diz o diretor Ricardo Elias. PARA LER DE UM FÔLEGO SÓ ATÉ O XEQUE-MATE de Katherine Neville Mais de um milhão de exemplares vendidos em todo mundo “... as crises históricas do povo judeu servem de matéria-prima para um bem tramado enredo de suspense.” Folha de S. Paulo “... um poderoso romance cujo narrador é um homem morto.” IstoÉ www.record.com.br Os anagramas de Varsóvia O último cabalista de Lisboa o novo livro do autor de

Resposta de H.U. Gumbrecht a Resenha de Seu Livro Producao de Presenca

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  • PROSA & VERSO

    5Sbado, 26 de fevereiro de 2011 O GLOBO

    O GLOBO

    PROSA & VERSO

    PGINA 5 - Edio: 26/02/2011 - Impresso: 24/02/2011 23: 56 h

    AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

    [ESPECIAL][ESPECIAL][ESPECIAL][ESPECIAL]

    Hans Ulrich Gumbrecht responde crtica de Andrea Daher a seu novo livro

    Cruz

    Hans Ulrich Gumbrecht

    N

    a ltima edio do Pro-

    sa & Verso, Andrea

    Daher, uma colega da

    UFRJ, resenhou a tra-

    duo para o portugus de meu

    livro Produo de presena

    (Contraponto/PUC-Rio, tradu-

    o de Ana Isabel Soares), e che-

    gou a uma concluso devasta-

    dora: uma teoria em pleno de-

    sastre. Bem, tais palavras s

    poderiam ferir um autor que, co-

    mo haveria de ser, leva seus li-

    vros a srio, se bem que, como

    quero insistir, a resenhista tenha

    o direito de faz-lo, sendo esse

    um sintoma do bom funciona-

    mento do espao pblico. No

    respondo portanto porque quei-

    ra discutir o direito de Andrea

    Daher de achar e descrever meu

    livro como to devastador.

    Mas seria interessante para os

    leitores de sua resenha, e de

    meu livro, mesmo para os leito-

    res de O GLOBO que no este-

    jam interessados nem no meu li-

    vro, nem na resenha, compreen-

    der que a base em que se funda

    sua crtica tem um duplo senti-

    do, de que a resenhista no pa-

    rece consciente.

    Articulada com o fim da rese-

    nha, essa base diz que toda teo-

    ria serve lgica da significa-

    o. De fato, as teorias so ne-

    cessariamente constitutivas de

    significao isso incontest-

    vel para aquelas articuladas por

    palavras (por exemplo, nas cin-

    cias sociais, nas humanidades e

    nas artes); mas igualmente

    verdadeiro para as que se arti-

    culam por nmeros e equaes

    (nas cincias naturais, por

    exemplo), pois nmeros e equa-

    es tambm so significantes

    de significaes. Creio que, nes-

    te sentido, mesmo o meu livro

    tem o status de uma teoria,

    pois, natural e inevitavelmente,

    desenvolve um argumento e

    uma descrio com palavras, ou

    seja, com conceitos. contudo,

    um erro terrvel erro em que

    no s Andrea Daher cai pen-

    sar que, em consequncia, as

    teorias s possam lidar com fe-

    nmenos que so constitudos

    de significao. Obviamente,

    no assim porque, por um la-

    do, reconhecemos como teo-

    rias muitas descries abstra-

    tas de fenmenos das cincias

    naturais; e, ao mesmo tempo,

    sabemos que tais fenmenos

    (pense-se na fsica nuclear ou na

    qumica orgnica) no so fun-

    damentalmente constitudos de

    significao. S por nossos es-

    foros em extrair teorias, eles se

    tornam descritos e expressos

    por conceitos. De fato, contudo,

    os fenmenos naturais no con-

    tm primariamente significa-

    es. Essa a razo mesma por

    que, em primeiro lugar, tentei ar-

    ticular meu ponto de vista por

    palavras e significaes, em vez

    de, por exemplo, danar (!!), ou

    exclusivamente personifican-

    do minha posio. , portanto,

    verdade que, ao nvel do que es-

    tou descrevendo, defendo que

    as humanidades e as artes no

    se concentram to-s nos fen-

    menos constitudos de significa-

    o seno que incluem certos

    fenmenos que (acredito) per-

    tencem ao que chamamos cul-

    tura, sem que eles mesmos se-

    jam constitudos de significao

    (exemplo: a qualidade central

    das vozes ao recitar um poema

    ou na apresentao de uma pe-

    ra). Essa pode ser uma alegao

    relativamente inofensiva, mas

    penso que era (e ainda ) neces-

    sria porque, no diferena da

    prpria resenhista, as humani-

    dades e as artes, em sua cente-

    nria histria, tm confundido

    sua autodescrio como disci-

    plinas cujo centro ocupado pe-

    la interpretao, com a tarefa

    de focarem exclusivamente os

    fenmenos dotados de significa-

    o. Creio que isso um erro; as

    humanidades e a as artes no

    devem encerrar-se a, embora,

    por outro lado, seria de um com-

    pleto ridculo argumentar que

    as humanidades no lidam com

    fenmenos de significao.

    Estou consciente que essa

    uma resposta muita seca e me

    desculpo por isso. Mas, tendo

    a honra de vir com frequncia

    ao Brasil e a dar cursos, no

    poderia deixar esse equvoco

    sem uma rplica pblica.

    H outras passagens na re-

    senha referida que me parece-

    ram estranhas. Em vez de lhes

    dedicar uma resposta detalha-

    da, as assinalo de passagem. A

    resenhista parece ressentir-se

    de uma certa (e deliberada)

    facilidade em meu estilo in-

    telectual, que, embora eu seja

    professor h mais de 40 anos,

    procura no ser rigidamente

    acadmico. Essa a razo por

    que refiro-me a certos autores

    como amigos (quando de fa-

    to o so). Eis por que, para

    efeito de clareza, enfatizo cer-

    tas diferenas; e porque no

    evito usar muitas vezes exem-

    plos de minha (por certo ba-

    nal) vida cotidiana. O tom da

    resenha torna-se um tanto

    mais agressivo e levemente

    problemtico quando Andrea

    Daher parece insinuar que tal

    (para ela) devastadora teoria

    s poderia surgir e encontrar

    aceitao na Califrnia (onde

    tenho de fato ensinado por

    mais de 20 anos; e nos Estados

    Unidos, de que sou cidado).

    Se a resenhista sente tal afini-

    dade, assim como muitos cole-

    gas no Brasil, penso que seria

    necessrio transformar sua

    impresso em um argumento

    explcito (de minha parte, pos-

    so com certeza no ver tais afi-

    nidades entre certas teorias e

    certos contextos nacionais). A

    resenhista segue adiante suge-

    rindo que minha cara apare-

    cer na pgina de rosto do livro

    um ato agressivo que, pensa,

    se ajusta com o que julga a fi-

    nalidade de minha teoria.

    verdade que tenho a cara que

    tenho e que no resisti pro-

    posta das editoras americana

    e brasileira de que minha foto

    aparecesse na capa de um li-

    vro chamado Produo de

    presena. Talvez isso tenha

    sido um erro, mas no creio

    que, mesmo tendo sido, tenha

    algum valor sintomatolgico

    para minha teoria.

    Acabo com um tom concilia-

    trio. A resenhista comea por

    caracterizar meu livro como um

    panfleto neossubstancialista.

    Posso, na verdade, simpatizar

    com os dois termos. Se um pan-

    fleto um texto abstrato com al-

    guma fora polmica, fui bem

    compreendido. E, embora nun-

    ca tenha tido a inteno progra-

    mtica de ser chamado de

    neossubstancialista, verda-

    de que quero trazer de volta

    conceitos como o de substn-

    cia para as discusses filosfi-

    cas e culturais. Pois, insisto,

    um equvoco crer que as huma-

    nidades e as artes devam lidar

    exclusivamente com fenmenos

    constitudos de significao e

    no com fenmenos baseados

    na substncia.

    HANS ULRICH GUMBRECHT

    filsofo, autor de Produo de

    presena, entre outros. Traduo

    de Luiz Costa Lima

    Leonardo Aversa/18-11-2008

    CAMES: O Real Gabinete Portugus de Leitura

    organiza a partir do prximo dia 14 um curso sobre Os

    Lusadas, de Cames. Com coordenao da professora

    Gilda Santos, os encontros vo at dia 20 de abril

    abordando temas como Mitologia, erotismo e censura

    e Cames e seus contemporneos. Informaes: 2221

    3138 ou no site .

    CASTELLO E FIRMO: Esto abertas as inscries para

    os dois encontros do crtico e escritor Jos Castello,

    colunista do Prosa & Verso, com o consagrado

    fotgrafo Walter Firmo nos dias 23 e 24 de maro no

    POP (Conde Afonso Celso 103 ). Os dois vo conversar

    sobre a relao entre imagem e palavra, a partir da

    obra de autores e fotgrafos. Informaes: 2286-3299.

    MIRANDO NA ALEMANHA: O escritor e jornalista

    Fernando Molica vai para a Alemanha em agosto falar

    sobre seu romance Notcias do Mirando (Record).

    Molica foi convidado para o festival Metropolitan:

    The narrated city, que rene autores de obras

    ligadas vida urbana, e far palestras sobre seu livro

    em Frankfurt e em Darmstadt.

    Vozes aos 110

    Uma das mais tradicionais

    editoras brasileiras, a Vozes

    chega sbado que vem aos

    110 anos de existncia. A

    empresa sediada em Petr-

    polis, responsvel pela pu-

    blicao no Brasil de obras

    fundamentais da filosofia e

    das cincia humanas (seu

    catlogo inclui Hegel, Gada-

    mer, Heidegger entre ou-

    tros), comemora a data com

    uma nova edio das obras

    completas de Carl Gustav

    Jung, que chega s livrarias

    em junho com novo projeto

    grfico e reviso do texto.

    Como publicar-se

    O recm-lanado site PerSe

    (www.perse.com.br) prome-

    te ajudar aspirantes a autor a

    tirarem seus originais da ga-

    veta sem desembolsar os

    custos da edio. Explorando

    o nicho crescente da auto-pu-

    blicao, a empresa permite

    que autores escolham forma-

    to, acabamento e papel do li-

    vro, cobrando depois um

    percentual sobre cada exem-

    plar vendido no sistema de

    impresso sob demanda.

    Tambm possvel comer-

    cializar e-books e converter

    blogs em livros pelo site.

    JOO UBALDO: autor disse sim festa, da qual desistiu em 2004

    Ubaldo na Flip

    Uma questo de sentido

    NO PRELO

    Mnya Millen e Miguel Conde

    PROSA

    & VERSO

    EDITORA: Mnya Millen [email protected]

    EDITOR ASSISTENTE: Miguel Conde [email protected]

    REPRTER: Guilherme Freitas [email protected]

    DIAGRAMAO: Cristina Flegner

    Telefones/Redao: 2534-5616 e 2534-5650

    Publicidade: 2534-4310 ([email protected])

    Correspondncia: Rua Irineu Marinho 35 2 andar. CEP: 20233-900

    O GLOBO

    O escritor Joo Ubaldo Ri-

    beiro confirmou participa-

    o na Festa Literria Inter-

    nacional de Paraty (Flip).

    Depois de cancelar sua ida

    em 2004, reclamando que a

    divulgao favorecia auto-

    res da Companhia das Le-

    tras, e de permanecer pelos

    anos seguintes como uma

    das mais ilustres ausncias

    nacionais do evento, Joo

    Ubaldo disse sim ao con-

    vite para a 9

    a

    -

    edio da fes-

    ta, que vai de 6 a 10 de julho

    em Paraty.

    Vou porque me quise-

    ram diz o autor, negando

    que tenha sido convidado

    outras vezes depois de

    2004, como a direo da

    Flip afirmou ano passado.

    No me lembro de ne-

    nhum outro convite, s do

    primeiro. Na poca no gos-

    tei do jeito como meu nome

    estava includo, mas no

    briguei nem coisa nenhuma,

    no tenho qualquer inimiza-

    de ou p atrs com a festa.

    Ganhador em 2008 do Ca-

    mes, o mais importante

    prmio da literatura em ln-

    gua portuguesa, Joo Ubal-

    do autor de clssicos co-

    mo Viva o povo brasileiro

    e Sargento Getlio. Seu li-

    vro mais recente, O alba-

    troz azul (Nova Fronteira),

    foi lanado em 2009.

    Com curadoria do crti-

    co l i terr io Manuel da

    Costa Pinto, a Flip 2011 j

    confirmou tambm a pre-

    sena de David Remnick,

    Andrs Neuman, Valter

    Hugo Me, Pola Oloixarac,

    Joe Sacco, Franco Moretti,

    Emmanuel Carrre e Clau-

    de Lanzmann.

    Duas vezes Hatoum

    Escolhido o melhor livro de fico brasileira dos anos

    2000, em eleio realizada no final de 2009 pelo Prosa & Ver-

    so, o romance Dois irmos (Companhia das Letras) ser

    comentado no prximo dia 14 pelo prprio autor, Milton Ha-

    toum, num encontro da srie Rodas de Leitura s 18h na

    Fundao Biblioteca Nacional. O escritor estar tambm no

    episdio de amanh da srie Autor por Autor, na TV Cultura

    (canal 16 da NET). No programa, que vai ao ar s 19h30m,

    Hatoum fala entre outras coisas sobre a infncia na Ama-

    znia e a ascendncia rabe, temas de seus livros.

    Misturamos o depoimento com dramaturgia, ilustran-

    do as lembranas do autor diz o diretor Ricardo Elias.

    PARA LER DE UM FLEGO S AT O XEQUE-MATE

    de Katherine Neville

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    ... as crises histricas do povo judeu servem de matria-prima

    para um bem tramado enredo de suspense.

    Folha de S. Paulo

    ... um poderoso romance cujo narrador

    um homem morto.

    Isto

    www.record.com.br

    Os anagramas de Varsvia

    O ltimo cabalista de Lisboa

    o novo livro do autor de