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Florianópolis, 20 de setembro de 2010, n o 728 Informativo do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) Apufsc questiona candidatos a governador Após a série de artigos publicados nos Boletins 724 (23/08) e 726 (08/09) pelos candidatos a governador do Estado de Santa Catarina, a Diretoria da Apufsc, com base nestes artigos preparou um conjun- to de perguntas que serão enviadas por e-mail aos candidatos na segunda, dia 20 de setembro. As respostas serão publicadas no Bole- tim de 27 de setembro e no site da Apufsc. Senhor(a) candidato(a), Aproxima-se a data da próxima eleição para governador e o debate de idéias e pro- jetos deve ser o foco principal, a fim de que os cidadãos de Santa Catarina possam fazer uma escolha consciente. Para municiar os professores universitários, em particular, e os que têm a educação como sua atividade profissional e a população do Estado, em geral, solicitaríamos informações sobre temas específicos, conforme explicita- mos a seguir. Uma das atividades dos professores universitários de suma importância para o Estado e a sociedade e geral é a pesquisa. É ela que permite um desenvolvimento sustentável e competitivo em várias áreas de produção, sejam elas aplicadas ou básicas. Para suporte financeiro a esta atividade, se destaca em nosso Estado a FAPESC. Sua atuação teve, no passado recente, uma retomada de im- portância junto às instituições de pesquisa catarinenses, mas ainda nos restam desafios e problemas a serem vencidos, assim como a necessidade de consolidar avanços recentes. Gostaríamos então de pedir sua opinião e suas propostas sobre os seguintes temas: [1] O(a) candidato(a), se eleito, pretende cum- prir o Art. 193 da Constituição do Estado de Santa Catarina? Art. 193. O Estado destinará à pesquisa cientifica e tecnológica pelo menos dois por cento de suas receitas correntes, delas excluí- das as parcelas pertencentes aos municípios, destinando-se metade à pesquisa agropecuá- ria, liberados em duodécimos. [2] Atualmente, editais já finalizados, com pro- postas aprovadas, não têm tido seus recursos repassados aos pesquisadores conforme previamente agendado. Isto traz prejuízos às pesquisas, muitas vezes inviabilizando-as. Queremos saber como o(a) candidato(a) avaliaria uma proposta que impedisse o contingenciamento das verbas destinadas à FAPESC. O(a) candidato(a) tem alguma proposta neste sentido? [3] Do ponto de vista mais geral, queremos saber do(a) candidato(a) qual a sua visão sobre o(s) critério(s) de distribuição dos re- cursos da FAPESC em nosso Estado. Quais parâmetros o(a) candidato(a) considera im- portante para julgamento de quem deve ter direito ao financiamento desta fundação? Ainda sobre temas caros à categoria de pro- fessores universitários e educadores, em geral, gostaríamos de conhecer as opiniões do(a) candidato(a) sobre os temas: [4] A importância das universidades em Santa Catarina para o desenvolvimento do Estado. Qual(is) a(s) atividade(s) levada(s) a cabo nas universidades em Santa Catarina que o(a) candidato(a) considera prioritária(s) para levar ao Estado e à sua população um desenvolvimento científico, industrial, agropecuário e humano condizentes com as necessidades atuais? [5] Os alunos que chegam às universidades catarinenses são, em sua maioria, egressos de estabelecimentos de ensino catarinen- ses. Qual a sua visão em relação ao estado do ensino público fundamental e médio em Santa Catarina? Quais os problemas que o(a) candidato(a) considera os mais importantes e que impedem que a po- pulação do estado tenha um ensino de melhor qualidade? Quais as propostas do(a) candidato(a) para eliminar estes problemas e fazer com que a Educação fundamental e média em Santa Catarina tenha uma melhoria de qualidade, durante a sua administração? Respostas à carta aberta estão no site Até agora dois candidatos a de- putado federal responderam à carta aberta enviada pela Apufsc aos que concorrem a cargos na Câmara dos Deputados e ao Senado. Esperidião Amin, do PP, e Ro- gério Lima, do PCB, enviaram suas respostas, que estão publicadas na íntegra no site da Apufsc (www. apufsc.ufsc.br). Estaleiro OSX vai ser debatido na UFSC Evento reúne universidade, empresa, sociedade e MP nos dias 14 e 15 de outubro PÁGINAS 3 Eleição da Apufsc: inscrição de chapas vai até 1º de outubro Conforme edital publicado no boletim 727, de 13 de setembro, e na edição de 14/09 do Diário Catarinense, o prazo para a ins- crição de chapas termina no dia 1º de outubro e deve ser feita na secretaria da Apufsc. A eleição acontece no dia 14 de outubro e a posse na segunda quinzena do mês que vem.

Respostas à Apufsc questiona carta aberta candidatos a ... · suas propostas sobre os seguintes temas: [1] O(a) ... nerado do cargo pelo presidente do Instituto ... especialistas

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Florianópolis, 20 de setembro de 2010, no 728Informativo do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical)

Apufsc questiona candidatos a governador

Após a série de artigos publicados nos Boletins 724 (23/08) e 726 (08/09) pelos candidatos a governador do Estado de Santa Catarina, a Diretoria da Apufsc, com base nestes artigos preparou um conjun-

to de perguntas que serão enviadas por e-mail aos candidatos na segunda, dia 20 de setembro.

As respostas serão publicadas no Bole-tim de 27 de setembro e no site da Apufsc.

Senhor(a) candidato(a),

Aproxima-se a data da próxima eleição para governador e o debate de idéias e pro-jetos deve ser o foco principal, a fim de que os cidadãos de Santa Catarina possam fazer uma escolha consciente.

Para municiar os professores universitários, em particular, e os que têm a educação como sua atividade profissional e a população do Estado, em geral, solicitaríamos informações sobre temas específicos, conforme explicita-mos a seguir.

Uma das atividades dos professores universitários de suma importância para o Estado e a sociedade e geral é a pesquisa. É ela que permite um desenvolvimento sustentável e competitivo em várias áreas de produção, sejam elas aplicadas ou básicas. Para suporte financeiro a esta atividade, se destaca em nosso Estado a FAPESC. Sua atuação teve, no passado recente, uma retomada de im-portância junto às instituições de pesquisa catarinenses, mas ainda nos restam desafios e problemas a serem vencidos, assim como a necessidade de consolidar avanços recentes.

Gostaríamos então de pedir sua opinião e suas propostas sobre os seguintes temas:

[1] O(a) candidato(a), se eleito, pretende cum-prir o Art. 193 da Constituição do Estado de Santa Catarina?Art. 193. O Estado destinará à pesquisa cientifica e tecnológica pelo menos dois por cento de suas receitas correntes, delas excluí-das as parcelas pertencentes aos municípios, destinando-se metade à pesquisa agropecuá-ria, liberados em duodécimos.

[2] Atualmente, editais já finalizados, com pro-postas aprovadas, não têm tido seus recursos repassados aos pesquisadores conforme previamente agendado. Isto traz prejuízos às pesquisas, muitas vezes inviabilizando-as.

Queremos saber como o(a) candidato(a) avaliaria uma proposta que impedisse o contingenciamento das verbas destinadas à FAPESC. O(a) candidato(a) tem alguma proposta neste sentido?

[3] Do ponto de vista mais geral, queremos saber do(a) candidato(a) qual a sua visão sobre o(s) critério(s) de distribuição dos re-cursos da FAPESC em nosso Estado. Quais parâmetros o(a) candidato(a) considera im-portante para julgamento de quem deve ter direito ao financiamento desta fundação?

Ainda sobre temas caros à categoria de pro-fessores universitários e educadores, em geral, gostaríamos de conhecer as opiniões do(a) candidato(a) sobre os temas:

[4] A importância das universidades em Santa Catarina para o desenvolvimento do Estado. Qual(is) a(s) atividade(s) levada(s) a cabo nas universidades em Santa Catarina que o(a) candidato(a) considera prioritária(s) para levar ao Estado e à sua população um desenvolvimento científico, industrial, agropecuário e humano condizentes com as necessidades atuais?

[5] Os alunos que chegam às universidades catarinenses são, em sua maioria, egressos de estabelecimentos de ensino catarinen-ses. Qual a sua visão em relação ao estado do ensino público fundamental e médio em Santa Catarina? Quais os problemas que o(a) candidato(a) considera os mais importantes e que impedem que a po-pulação do estado tenha um ensino de melhor qualidade? Quais as propostas do(a) candidato(a) para eliminar estes problemas e fazer com que a Educação fundamental e média em Santa Catarina tenha uma melhoria de qualidade, durante a sua administração?

Respostas à carta aberta estão no site

Até agora dois candidatos a de-putado federal responderam à carta aberta enviada pela Apufsc aos que concorrem a cargos na Câmara dos Deputados e ao Senado.

Esperidião Amin, do PP, e Ro-gério Lima, do PCB, enviaram suas respostas, que estão publicadas na íntegra no site da Apufsc (www.apufsc.ufsc.br).

Estaleiro OSX vai ser debatido na

UFSCEvento reúne universidade, empresa, sociedade e MP

nos dias 14 e 15 de outubro

Páginas 3

Eleição da Apufsc: inscrição de chapas vai até 1º de outubro

Conforme edital publicado no boletim 727, de 13 de setembro, e na edição de 14/09 do Diário Catarinense, o prazo para a ins-crição de chapas termina no dia 1º de outubro e deve ser feita na secretaria da Apufsc. A eleição acontece no dia 14 de outubro e a posse na segunda quinzena do mês que vem.

2 Florianópolis, 20 de setembro de 2010Boletim da Apufsc

Curtas

Sindicato visita Araranguá e Chapecó

As datas das vistas da diretoria da Apufsc-Sindical ao campus da UFSC em Araranguá e ao campus da UFFS em Chapecó estão confirmadas. Nesta quinta-feira, dia 23, o presidente do Sindicato, professor Armando de Melo Lisboa, vai estar em Araranguá. No dia 28, será a vez de Chapecó. As visitas servirão para apresentar o Sindicato para os professores, prestar todos os esclarecimentos sobre o processo de representação sindical e sobre os debates que se fazem em nível local e nacional a respeito da melhor forma de organização do movimento docente. Também tem como objetivo divulgar a campanha de sindicalização que o Sindicato está deflagrando.

II Tertúlia Filosófica

A 2ª edição da Tertúlia Filosófica da ApufsCultural vai conversar sobre uma poesia de Vinícius de Moraes. A Balada das duas mocinhas de Botafogo deu origem a um curta metragem, que será exibido nesta quinta- feira, dia 22, a partir das 17 horas na Livraria Livros & Livros do Centro de Cultura e Eventos. Depois da apresentação do filme, uma conversa filosófica discute o tema.

Unimed: promoção vai até dia 30

A promoção de isenção de carência para novas inclusões no plano Uniflex da Uni-med entra na reta final. São mais 10 dias, até 30 de setembro, para aderir sem ter cumprir qualquer prazo. Os interessados devem ir até a sede da Apufsc.

Publicação semanal do Informativo do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical)

DIREtORIA GEStÃO 2008/2010 PRODUçÃO

Jornalista Responsável Ney Pacheco (SC - 735 JP)

Projeto gráfico e editoração eletrônica Tadeu Meyer Martins (MTB/SC 03476-JP)

Impressão Gráfica Rio Sul

tiragem 3.500 exemplares

Distribuição gratuita e dirigida

EntRE Em COntAtO

Endereço Sede da Apufsc, Campus Universitário, CEP 88040-900, Florianópolis/ SC

Fone/fax (048) 3234-2844

Home page www.apufsc.ufsc.br

E-mail [email protected]

Presidente Armando de melo Lisboa

Vice-Presidente Rogério Portanova

Secretário Geral Paulo César Philippi

1ª Secretária Alai Garcia Diniz

Diretor Financeiro Carlos W. mussi

O conteúdo dos artigos assinados é de responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da Apufsc

Diretor Financeiro Adjunto Ricardo tramonte

Diretor de Divulgação e Imprensa José Francisco Fletes

Diretor de Promoções Sociais, Culturais e Científicas nilton Branco

Diretor de Assuntos de Aposentadoria Gerônimo W. machado

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a URP volte a ser paga aos servidores técnico-administrativos da Universidade de Brasília (UnB), em greve há mais de seis meses.

A decisão tomada na última quinta-feira, dia 16, obriga a volta do pagamento dos 26,05% aos salários bem como a reposição dos atrasados cortados desde maio passado. A ministra afirmou textual-mente: “defiro a liminar para, considerando a natureza alimentar da parcela da URP/89, paga aos substituídos durante alguns anos, suspender (...) os efeitos dos atos dos quais resulte diminuição, suspensão e/ou retirada daquela parcela da remuneração dos servi-dores e/ou que impliquem a devolução dos valores recebidos até a decisão final da pre-sente ação, com a consequente devolução das parcelas eventualmente retidas desde o ajuizamento desta”.

Carmén Lúcia destacou o entendimen-to de que a URP constitui-se em direito adquirido já reconhecido por outras decisões transitadas em julgado. A decisão foi motivada por um pedido de liminar

StF manda pagar URP na UnBLiminar garante pagamento dos 26,05% para servidores técnico-administrativos, em greve há seis meses

impetrado pelo sindicato dos servidores técnico-administrativos em 12 de maio.

Os servidores podem antecipar a As-sembléia marcada para o próximo dia 21 e encerrar a greve. Na sexta-feira, repre-sentantes da categoria se reuniram com o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, para discutir questões relativas ao fim da paralisação.

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Cármen Lúcia aceitou liminar do sindicato

Procure o integrante do Conselho de Representantes em seu departamento ou vá até a Apufsc-Sindical e preencha sua ficha de sindicalização. Para mais informação, ligue para 3234-2844 ou acesse www.apufsc.ufsc.br

3Florianópolis, 20 de setembro de 2010Boletim da Apufsc

Os efeitos ambientais, sociais e econômicos do projeto de construção do estaleiro da OSX em Biguaçu serão debatidos na UFSC nos dias 13 e 14 de outubro. O evento, organizado pelo Comitê Interuniversitário de Discussão do Plano Diretor de Florianópolis, com apoio da Apufsc-Sindical e do DCE, entre outras entida-des, vai reunir representantes dos movimentos sociais e comunitários, da universidade, dos empreendedores e dos ministérios públicos estadual e federal.

O comitê reúne UFSC, Udesc e Unisul e o debate será realizado em dois dias no auditório da Reitoria, das 19 às 22 horas.

O projeto do estaleiro tem causado grande polêmica na região da Grande Florianópolis. Movimentos comunitários de Sambaqui e Jurerê, além de maricultores e pescadores, protestam contra as possíveis consequências do empreendimento para o meio ambiente. Outros setores, inclusive vários partidos políticos, de-fendem a instalação do estaleiro pelo volume de recursos que serão movimentados e o número de empregos que serão criados.

Para aumentar a celeuma, no dia 14 de setembro o chefe da Estação Ecológica dos Carijós, Apoena Calixto Figueiroa, foi exo-nerado do cargo pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello. Apoena é um dos é um dos principais críticos do EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) do Estaleiro OSX e assinou o documento que não autorizou o empreendimento.

O Que É

O Estaleiro OSX é um projeto capitaneado pelo megaempresário Eike Batista com o ob-jetivo de produzir navios-sonda e plataformas para extração de petróleo. Projeta-se um inves-timento de R$ 2,5 bilhões e a criação de 4 mil empregos para a execução do projeto.

Sediado em Biguaçu, a obra exigirá a construção de um canal entre a área onde o estaleiro ficará situado e a barra da baía norte de Florianópolis. Estima-se que será necessário retirar 8,75 milhões de metros cúbicos de areia do fundo do mar para cavar o canal.

Impactos

O ICMBio, as comunidades atingidas e especialistas em meio ambiente alertam para os efeitos do estaleiro na região. Avalia-se que as correntes marinhas podem ser alteradas, com erosão nas praias localizadas na área de influên-cia direta (Sambaqui, Jurerê, Daniela e do Forte).

Estaleiro OSX será debatido na UFSCEvento reúne universidade, empresa, sociedade e MP nos dias 14 e 15 de outubro

Também pode haver contaminação do solo e da água por resíduos de combustíveis, lubrificantes, tintas e solventes, além da contaminação do mar por derrames acidentais de óleo. Tudo isso pode influir diretamente na vida marinha da região, com o desaparecimento de golfinhos, botos e redução no número de peixes.

A OSX contratou a empresa Caruso Junior Estudos Ambientais & Engenharia para fazer o EIA-RIMA do empreendimento. O parecer da empresa foi contestado por um grupo de 15 cientistas formados por instituições como UFSC, Univali, UFPR, FURG, UFF, entre

outras, e encabeçado por Leopoldo Cavaleri Gerhardinger, oceanógrafo da Ecomar (Asso-ciação de Estudos Costeiros e Marinhos).

O documento produzido pelos especialistas acusa a Caruso Junior de apresentar resultados e conclusões que são negligentes e inconsisten-tes com “a literatura e normatização científica (inclusive com os próprios resultados e dados empíricos levantados)”. A íntegra do “parecer independente” pode ser lida no site da Apufsc-Sindical (www.apufsc.ufsc.br).

Omissão

O relatório da empresa contratado pela OSX foi qualificado de “inaceitável” e o considerado de baixa qualidade técnica. Por isso, os cientistas solicitaram ao Ministério do Meio Ambiente, ao Ibama, e aos ministérios públicos federal e estadual que acompanhassem os processos de licenciamento ambiental com mais rigor. Na segunda-feira passada, dia 13, a Caruso Junior foi autuada pelo ICMBio por omissão. A autua-ção, segundo o presidente do Instituto, Rômulo Mello, seguiu recomendação do Ministério Público Federal. A multa é de R$ 200 mil.

A 9ª Coordenadoria Regional do ICMBio, localizada em Florianópolis, negou a autoriza-ção para o empreendimento por duas vezes. No dia 20 de agosto, uma portaria publicada no Diário Oficial criou um grupo de trabalho composto por 11 técnicos do ICMBio, com participação do Ibama e Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) para reanalisar o caso. A permissão é necessária já que o estaleiro terá impacto em três áreas de preservação permanente que estão a menos de 10 km do traçado do projeto.

Empresário Eike Batista, dono da OSX

Apoena Figueroa (à dir.) não autorizou construção e foi exonerado da Estação Ecológica dos Carijós

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4 Florianópolis, 20 de setembro de 2010Boletim da Apufsc

A construção de uma mina de fostato em Anitápolis, na Grande Florianópolis, é outro empreendimento controverso e que pode ter graves consequências para o meio ambiente.

O fosfato é usado na produção de ferti-lizantes para agricultura. Como o Brasil é quinto maior consumidor de fertilizantes do mundo, se tornou o maior importador de fosfato, o que custa US$ 2,5 bilhões à balança comercial do país. A perspectiva de produzir 500 mil toneladas anuais de superfosfato simples (SSP) em Anitápolis faz com que o projeto ganhe importância estratégica.

Ocorre, porém, que a mina está localizada numa área circundada por nascentes de rios e dois parques de preservação ambiental que fazem parte do bioma da Mata Atlântica, ameaçado de extinção.

Vale

São 1.760 hectares de terra que foram adquiridos pela Indústria de Fosfatados Catarinense (IFC), de propriedade das mul-tinacionais Bunge e Yara Fertilizantes (da Noruega). Em janeiro passado, a Vale, maior mineradora do mundo, comprou os ativos de fertilizantes das duas empresas estrangeiras, num negócio de US$ 3,8 bilhões.

O projeto divide a população da região entre aqueles que entendem que o negócio será importante para economia e os que se preocupam com as consequências para o meio ambiente. Avalia-se que haverá refle-xos em 21 municípios desde Anitápolis até Imbituba, por onde viriam os insumos para a exploração do fosfato e para onde seria conduzida a produção.

Diante dos impactos ambientais, o ad-vogado Eduardo Bastos Moreira Lima, em nome da Associação Montanha Viva, uma organização não-governamental de preser-vação ambiental, entrou com uma ação civil pública contra a mineradora e conseguiu uma liminar em setembro de 2009 suspen-dendo a licença ambiental prévia concedida pela Fatma e que permitia o funcionamento da mina.

A previsão de sete viagens diárias de caminhões carregados de enxofre vindos do porto de Imbituba e passando pela BR-101, seguindo pela BR-282 até Rancho Queimado e pela SC-407 até a Anitápolis, traz preocupa-ção para moradores de toda a região. No dia 23 de agosto, uma caravana de manifestantes partiu de Laguna em direção a Anitápolis para protestar contra o projeto.

Liminar impede exploração de fosfatoEmpreendimento da Vale ameaça nascentes de rios e parques em Anitápolis

Barragem

A mina também exigiria a construção de uma barragem de cerca de 30 hecta-res para fazer a contenção dos rejeitos produzidos pela mineração. Um eventual rompimento de cerca de 300 mil metros quadrados de rejeitos pode sumir com o Rio dos Pinheiros e comprometer toda a bacia hidrográfica do Braço de Norte e do Tubarão, afetando o fornecimento de água do Sul do estado.

O biólogo Jorge Albuquerque, presiden-te da Associação Montanha Viva, afirma que de 1960 a 2008 foram registrados 86 desastres em barragens. No Brasil, o que mais chamou a atenção foi o rompimento da barragem do Rio Pomba Cataguases, em Mirai (MG), em 2003. Mais de 500 milhões de litros de substâncias poluentes vazaram e afetaram o fornecimento de água de mais de 20 milhões de pessoas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, além de causar a mortandade de peixes e outros animais.

Um projeto de tal magnitude só foi debatida em três audiências públicas. Uma em Lages e duas em Anitápolis. O municí-pio vive basicamente da agricultura fami-liar de subsistência e depende da qualidade do solo e da água para sobreviver.

A possibilidade de ter um incremento de R$ 1,6 milhão anual na receita do mu-nicípio aguça o interesse dos políticos de Anitápolis, bem como a defesa do cresci-

mento econômico que a mina irá trazer, com a criação de 420 empregos diretos e 1,5 mil indiretos. O investimento previsto é de R$ 700 milhões e a vida útil do em-preendimento é de 33 anos.

Esta é outra consequência grave do proje-to. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) realizados pelas empresas Prominer Projetos S/C Ltda. e Caruso Junior Estudos Ambien-tais & Engenharia Ltda, contratados pela fosfateira, concluem, entre outras coisas, que “quando a mina for desativada, depois de trinta e três anos de funcionamento, ou mais, Anitápolis deverá encontrar outras alternativas econômicas”.

O projeto prevê o desmatamento de porção de Mata Atlântica, bem como o soterramento de parte de uma floresta, para dar lugar a duas barragens de rejeitos. Tais perspectivas interferirão na permanência dos pequenos agricultores familiares no território, nas condições da sua produção agrícola orgânica, que abastece e também é um insumo do turismo regional, da mesma forma que o é o ambiente natural da loca-lidade, com suas espécies raras, ameaçadas pelo mesmo projeto.

A questão é saber se os benefícios econô-micos do projeto compensam as alterações sociais e ambientais que ele trará. O debate a respeito precisa ser então ampliado e en-volver todos os setores e regiões que serão afetados pelo empreendimento.

Manifestação de agricultores em Tubarão protesta contra a instalação da fosfateira

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