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Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o debate II Acesso a serviços: novas estratégias para antigos problemas? Alexandre Grangeiro Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2009

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o debate II Grangeiro- Acesso - debate... · Populaçao geral Vulneráveis ... RH, material consumo e infra-estrutura ... de reduzir

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Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Acesso a serviços: novas estratégias para antigos problemas?

Alexandre Grangeiro

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2009

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Depende da definição:

Novas estratégias? Sim

Se o novo é fazer o conhecido e o que não está sendo plenamente feito

Antigos problemas? Sim

Se o antigo for reconhecer que nos últimos 15 anos a epidemia não se alterou substancialmente . E não se consolidaram, nos moldes como esperávamos, as tendência de interiorização,

pauperização e heterossexualização

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

São respostas conservadoras e se contrapõem à idéia de que:

Necessitamos buscar novas estratégias para responder a uma epidemia em mutação e que traz novos desafios

Há um esgotamento ou uma impossibilidade de manter o uso consistente do preservativo por um longo período,

independente das situações e dos contextos em que se insere

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Discussão que ocorre em um momento crucial:

Pela primeira vez, desde o início da epidemia, uma pesquisa mostra a redução nas proporções de uso de preservativo no Brasil, que ocorreu

entre 2004 e 2008 (PCAP-2009)

O que foi sustentado por:

O número de preservativos públicos distribuídos no período ora reduziu, ora manteve-se no mesmo patamar

As ONG indicam que após a descentralização (2003) reduziu o número de projetos de intervenção e mudou o perfil da ação

O discurso sobre a prevenção passou a incorporar termos como “flexibilização do uso” ou “novas tecnologias de prevenção” como se

elas existissem ou estivessem disponíveis

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Acesso:

Relação entre as demandas ou necessidades dos indivíduos e a capacidade do sistema de saúde em ofertar serviços e

resolver os problemas apresentados/identificados

O acesso implica, que:

Pessoas reconheçam necessidades e as transformem em demanda

Que existam serviços disponíveis no lugar e na hora adequada e

sejam capazes de resolver as demandas/necessidades dos indivíduos

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Analisar:

Qual a necessidade devemos atender? Olhar a epidemia de aids, para definir prioridades e saber para quem devemos fazer as ações

O que esta sendo ofertado por estados e municípios na área de prevenção? A sinergia entre necessidade (epidemia) e oferta (ações).

Qual a cobertura da prevenção? Não tem resposta objetiva, mas podemos fazer um ensaio com alguns indicadores

Se o que fazemos colabora para o controle da epidemia ? Se épossível relacionar perfil de resposta e controle da epidemia

Fonte de dados:

Casos de aids ocorridos entre 2002 a 2006 (DATASUS)

Pesquisa de avaliação da Política de Incentivo do Ministério da Saúde para Aids, analisou os planos de ações e metas de 2006

Indicadores de resposta á aids, provenientes dos bancos de dados do MS

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Para quem fazemos ou devemos fazer? Qual a urgência de fazer?

Desconexão entre epidemia e a resposta, pois deixamos de olhar os dados epidemiológicos e de nos inquietarmos com questões simples

Quantos casos novos de aids ocorrem ao ano? Qual a confiabilidade do SVE?

Porque a taxa de prevalência do HIV estabiliza no Brasil se a mortalidade reduz?

Quantos casos evitáveis ocorrem ao ano por transmissão vertical e recepção de sangue ?

A nova gripe nos re-ensina que epidemias se monitoram diariamente e que respostas , ativismo e mobilização social exigem o reconhecimento

de problemas

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Principal conseqüência: orientamos as ações com o olhar epidemiológico de 15 anos atrás, quando:

Imaginávamos que a epidemia se generalizaria pelo país e pela população;

Era necessário demonstrar que todos estavam em risco; e

Romper com uma epidemiologia que estigmatizava e que circunscrevia a aids a práticas e grupos sociais específicos

Interiorização, heterossexualização, pauperização, feminização são tendências estabelecidas na década de 1990

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Epidemia concentrada em centros urbanos

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Interiorização é caracterizada por ocorrências irregulares e de pequena magnitude

75,6

62,6

70,6

0

20

40

60

80

100

%

Casos de aids entre 2002/2006 em cidades do interior

Até 10 casos

Casos em até 3 anos

Até 2 categorias de

exposição

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Cidades com baixo IDH também não estão associadas à epidemia de aids

Médio - 0,7 a

0,79

35%

Alto - > 0,8

60%

Baixo < 0,69

5%

Casos de aids entre 2002 a 2006 por IDH

do município

13,0

21,1

5,8

11,0

Médio - 0,7 a 0,79 Alto - > 0,8 Baixo < 0,69 Brasil

Incidência média anual (100 mil habitantes) de

aids segundo IDH-M. 2002 a 2006.

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Transmissão heterossexual isoladamente não associa-se às epidemias de grande magnitude

36,3%

85,7%

64,8%

95,8%

Cidades brasileiras

Primeiro caso após 92

Com até 3 csasos

Com até 10 casos

Municípios com casos exclusivamente entre

heterossexuais entre 2002 a 2006

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Este perfil não se altera substancialmente nos últimos 15 anos

5,5

9,1

94,5

90,9

Com + de 50 casos

Total de casos

Ano do primeiro caso de aids

Até 91

Após 92

79,5%

66,3%

Só heterossexual Com menos de 10 casos

Municípios que mantém a mesma caracaterística nos

períodos de 1992/1996 a 2002/2006

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Não temos uma epidemia sob controle

A redução dos casos no Brasil está fortemente circunscrita àtransmissão entre UDI, que foi responsável por 46,0% dos casos que

deixaram de ocorrer comparando 1997/2001 e 2002/2006

Em 48,1% dos municípios com epidemias de grande magnitude a transmissão homo não diminuiu (lembrando que o risco nessa

população é significativamente maior do que na população em geral

A transmissão hetero cresceu 8,96 vezes em locais onde o uso de drogas não diminuiu e municípios com grandes epidemias são os que

mais registram internação no SUS por uso de drogas

Proporção expressiva de municípios apresenta aumento da transmissão vertical (37,8%), na média a redução foi de 0,88 vezes

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Diante deste perfil epidemiológico, há de se considerar

Uma epidemia concentrada, exige respostas diferentes, embora articuladas, para a população em geral e as de maior prevalência,

sendo estas últimas são as prioritárias

Redução de estigma e a solidariedade são estratégicas

As ações não podem estar direcionadas a grupos específicos, mas a contextos relacionados à infecção (espaço ou rede social definida)

Formas de transmissão não podem ser trabalhadas separadamente

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Para quem e o que está sendo ofertado por estados e municípios?

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Para a população em geral

93,2

56,4

56,6

59,5

30,8

51,3

22,9

19,4

17,6

15

21,8

6,4

17

3,7

8,1

4,2

6,6

Populaçao geral

Vulneráveis (caminhoneiro outros)

Gestantes

Crianças expostas

Pessoas vivendo com HIV

Escola e comunidade escolar

Jovens fora da escola

Usuários de serviços de saúde

Mulheres

Portadores de DST

Profissional de saúde

Baixa renda

Outros Profissionais

Membros de ONG

Idoso

P. necessidades especiais

Trabalhadores

Populações contempladas por estados e municípios na Política de

Incentivo. 2006

50,8

34,3

9,3

5,4

4,2

3,0

2,1

1,2

0,6

0,3

0,1

Prevenção para populaçao em geral

Prevenção para populações específicas

Prevenção da TV e sífilis conênita

Atenção às pessoas com HIV

Ampliação do diagnóstico do HIV

Tratamento e diagnóstico das DST

Reduçao do estigma e preconceito

Gestão e sustentabilidade

Tratamento e diagnóstico das hepatites

Fortalecimento e parcerias com ONG

VE, monitoramento, avaliação e pesquisas

% dos recursos aplicados por estados e municípios na

prevenção

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Pouco para populações de maior prevalência

Munic ípios que inc luem populaç ões

es s enc iais na res pos ta. B ras il, 2006

61,4

46,6

31,1

P re ve nç ã o Assistênc ia P re ve nç ã o e

Assistê nc ia

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Ações possuem abrangência reduzida

50,8

34,3

9,3

5,4

4,2

3,0

2,1

1,2

0,6

0,3

0,1

Prevenção para populaçao em geral

Prevenção para populações específicas

Prevenção da TV e sífilis conênita

Atenção às pessoas com HIV

Ampliação do diagnóstico do HIV

Tratamento e diagnóstico das DST

Reduçao do estigma e preconceito

Gestão e sustentabilidade

Tratamento e diagnóstico das hepatites

Fortalecimento e parcerias com ONG

VE, monitoramento, avaliação e pesquisas

% dos recursos aplicados por estados e municípios na

prevenção

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Com menor capacidade de promover autonomia?

30,9

25,4

18,6

7,9

7,0

4,7

2,0

1,2

0,0

Campanhas, material educativo e informações

Projetos e programas

Ação educativa e distribuição de preservtivo

Serviços assistencias, CTA, aconselhamento e testes

Eventos e treinamentos

Aquisição de preservativos, formula e kit RD

Projetos de ONG

RH, material consumo e infra-estrutura

Controle Social

% de recursos investidos por estados e municípios para a

prevenção

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Reduzida proporção dos recursos é destinada diretamente a população

% dos recursos destinados à prestação de serviços di retamente àpopulação por estados e municípios. Política de Inc entivo, 2006

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Diante deste perfil da resposta, há de se considerar:

O mais importante é fazer o conhecido e o que caracterizou a resposta brasileira como adequada:

Incluir populações de maior prevalência, com ações abrangentes,

capazes de promover autonomia frente ao HIV, e aumentando os recursos destinados diretamente à prestação de

serviços

Municípios com estas características apresentam maior probabilidade de reduzir a epidemia por transmissão sexual, uso de drogas e

melhores indicadores de assistência

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Qual a cobertura das ações de prevenção?

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Indicadores Municipais

M agnitude e tendência da epidemia municipal

Total Grandes que

cre scem

Grandes que

reduzem/e stabilizam

Pe quenas que

crescem aceleradamente

Pequenas que

crescem

discretamente/reduzem

Valor Valor Valor Valor Valor

Prevenção das DST e AIDS

% que realiza 2 ou mais

atividades de prevenção 27,2 32,4 14 ,8 9,5 17 ,8

% com CTA 23,6 34,8 2 ,9 1,9 12 ,3

% com atividades de

prevenção em pelo menos

75% escolas

24,0 19,0 37 ,5 33,7 29 ,7

Média de exames HIV

realizados por 1.0 00

habitantes

18,6 27,7** 12 ,8 10,7 17 ,1

% que ofertam diagnóstico

do HIV acima da média

nacional (17,1 testes por 1

mil habitantes)

0,3 45,4 7 ,4 6,3 18 ,7

Média de consultas de DST

e aids na atenção básica por

100 habitantes

3,1 2,0* 5 ,2 4,9 * 5 ,5

% de consultas ds DST e

aids na atenção bás ica

acima da média nacional

(5,5 por 100 habitantes)

12,0 8,2 26 ,4 17,8 16 ,3

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 1 2 3 4 5

Resposta ao HIV segundo perfil epidemiológico de mu nicípios com casos de aids entre 2002 a 2006.

Brasil, 2009

Prevenção

Assistência

Programas

Menor que o da assistência e concentrada em municípios que estabilizam

Gde. Estabiliza/

Reduz

PeqEstabiliza/

Reduz

Gde. Cresce

Peq CresceAcima média

Respostas frente a aids no Brasil: aprimorando o

debate II

Orientar a resposta e a mobilização social em consonância às necessidads e problemas epidemiológicos

Não considerarmos como dado que as estratégias clássicas identificadas com a resposta brasileira estão consolidadas nos

municípios

Reconhecermos que a parte expressiva dos municípios prioritários sequer realizam ações desenvolvidas para populações gerais