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VfcA kvsA$ Número 20 Ano III Inverno 91 porta-voz das entidades omblentollstas autòi I A L T E T 1 V A ' Órgão preferencial do ECOFORUM Fórum da Sociedade Civil Brasileira Preparatório para a Conferência da ONU Sobre Melo Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Eco-92) Foto: Sérgio Guimarães CONAMA Como funcionou o Conselho Na- cional de Meio Ambiente em sua última reu- nião em Brasília, O que agradou e o que deixou de agradar aos ecologistas Páginas 2 e3 CÂMARA DOS DEPUTADOS Comissão do Meio Ambiente promo- ve encontro nacio- nal entre socieda- de, parlamentares e governo para co- nhecer, estudar e discutir a Rio-á2 Página 15 THE ECOLOGIST XFAO 0 periódico inglês exige posição mais clara da FAO sobre a questão alimentar no Pla- neta e a explora- ção do Terceiro pelo Primeiro Mundo Página 22 €C0 92 RESTAURANTE PIZZARIA E LANCHES COMITÊ £00-92 Reunião do Prep- com, Comitê Pre- paratório para a Conferência das Naçóes Unidas do Rio de Janeiro. Co- mo trabalharam Genebra nos- representan- em sos tes Páginas 30 e 31 IGNORÂNCIA Tetê Catalão es- creve a Carta Magna dos Igno- rantes, texto ex- traído de encon- tro realizado em Brasília por ini- ciativa do xamã- multimídia Bené Ponteies Página 32 JONATHON PORRIT 0 que pensa o mais respeitado ecologista do mun- do sobre a ECO 92, em entrevista ex- clusiva a Humber- to Mafra, para o Vi- va Alternativa. Página 7

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VfcA kvsA$

Número 20 Ano III Inverno 91 porta-voz das entidades omblentollstas autòi

I

A L T E T 1 V A

' Órgão preferencial do ECOFORUM — Fórum da Sociedade Civil Brasileira Preparatório para a Conferência da ONU Sobre Melo Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Eco-92)

Foto: Sérgio Guimarães

CONAMA

Como funcionou o Conselho Na- cional de Meio Ambiente em sua última reu- nião em Brasília, O que agradou e o que deixou de agradar aos ecologistas

Páginas 2 e3

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Comissão do Meio Ambiente promo- ve encontro nacio- nal entre socieda- de, parlamentares e governo para co- nhecer, estudar e discutir a Rio-á2

Página 15

THE ECOLOGIST XFAO

0 periódico inglês exige posição mais clara da FAO sobre a questão alimentar no Pla- neta e a explora- ção do Terceiro pelo Primeiro Mundo

Página 22

€C0 92 RESTAURANTE

PIZZARIA E LANCHES

COMITÊ £00-92

Reunião do Prep- com, Comitê Pre- paratório para a Conferência das Naçóes Unidas do Rio de Janeiro. Co- mo trabalharam

Genebra nos- representan-

em sos tes

Páginas 30 e 31

IGNORÂNCIA

Tetê Catalão es- creve a Carta Magna dos Igno- rantes, texto ex- traído de encon- tro realizado em Brasília por ini- ciativa do xamã- multimídia Bené Ponteies

Página 32

JONATHON PORRIT

0 que pensa o mais respeitado ecologista do mun- do sobre a ECO 92, em entrevista ex- clusiva a Humber- to Mafra, para o Vi- va Alternativa.

Página 7

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VIVA ALTERNATIVA

PÁGINA 2 C O N A M A

EXPEDIENTE CONSELHO AMBIENTAL DISCUTE LIXO

É uma publicação do ESQUADRÃO DA VIDA PRODUÇÕES CULTURAIS Caixa Posial 08581 Fone:

(06l| 224-5342 Vinculado às entidades

ambientalistas autônomas. Membro da Coordenação Nacional do Fórum das Organizações Nào- Governamentais Brasileiras Para a

Conferência da ONU de 92, Diretor/Editor

ARYPARARRÁIOS . Projeto Gráfico: CHIQUINHO.AMARAL

Diagramação: VALDEIR MESSIAS

Reportagem: ARY PARARRÁIOS

Fotografias: MICHAEL HNDE, MÁRIO

FREIDLANDER, ARY PARARRÁIOS e WILSON DE MORAIS

liusirações: FERNANDO LOPES e BOLÍVAR

FIGUEIREDO Correspondentes:

ROGÉRIO PORTANOVA (Paris)

HUMBERTO MAFRA (Londres) Tradução:

PILAR DE ALMEIDA Colaboradores: Bolívar Figueiredo,

Teté Catalão, Fábio Feldmann, Valdo França, Leila Jinkins, Luiz

Carlos de Barros, Mário Friedlander, Eduardo Viola, Fernando Alexandre, Bené

Ponteies, Cristina Magnanini e Tatiana de Oliveira.

Sede* SIG/SUI. - Quadra 3, Bloco C N" 86,

Sala 201 - 70610 - Brasília - DF.

Expedição: Maíra Oliveira, Tiana Oliveira, Jucá

Moreno Oliveira, Francisco U. C. Oliveira.

Surpresos com a pre- sença do Se- cretário do Meio Am- biente José Lutzlenber- ger, os parti- cipantes da C o n a m a , Conselho Na- cional do Meio Am- biente, tive- ram sua 28a

Reunião Ordinária realizada no dia 22 de agosto, no auditó- rio t do Edifício do Ibama, Ins- tituto Nacional do Meio Am- biente, em Brasília. O Conama é formado basicamente por representantes de três blocos: Governo Federal, governos estaduais e sociedade civil. Nos últimos anos os ecologis- tas conseguiram fazer com que seus representantes fos- sem eleitos pelo segmento. Vivaldo Reis, pela região Nor- te, Francisco Iglesias, pela re- gião Nordeste, José Domin- gues de Godoy Filho, pela re- gião Centro-Oeste, Fernanda Colagrossi, pela região Sudes- te e Miriam Prochnow, pela re- gião Sul, são os atuais conse- lheiros assim eleitos.

As matérias consideradas mais importantes na pauta da última reunião não tiveram atenção ou tempo suficiente para serem apreciadas e vota- das. Lixo Hospitalar e Lixo Nu- clear de Goiânia conseguiram

Foto Ary Pararráios

Otávio Elíslo, secretário do Melo Ambiente de Minas Gerais, Aylton Krenak, da União das Nações Indígenas, e Francisco Iglesias, da Secretaria de Entidades Ambientalistas do Nordeste

levantar grandes polêmicas e até lobbies mas saíram, ao fim, sem qualquer decisão de- finitiva.

REUNIÕES DE CUSTO ALTO

Para Francisco Iglesias as sessões do Conama são pou- co proveitosas e muito caras. "As matérias precisam de mais tempo de discussão pa- ra serem votadas", diz. E pro- põe 2 dias para cada assem- bléia. "Evitaríamos esse aa- cúmulo de assuntos que vem aumentaando a cada sessão. E eles ganhariam uma apre- ciação mais acurada. Na for- ma em que vêm acontecendo as plenárias tem, na verdade, apenas meio-dia de aprecia- ção. Quando há um segundo expediente, a freqüência aca- ba sendo baixa prejudicando a discussão de assuntos às vezes de alta relevância. E aí vencem os lobbies".

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VIVA ALTERNATIVA

C O N A M A PÁGINA 3

AS CâMARAS

TéCNICAS

Os representantes dos am- bientalistas no Conama, de forma articulada com os outros setores, vém conseguindo manter rozoá- vei nível de diálogo e com isso inocular novas propostas de de- fesa dos interesses ambientais. Junto a secretários estaduais de meio ambiente e até mesmo ao secretário adjunto do Meio Am- biente, Eduardo Martins, aprovei- taram horário de almoço e pau- sas entre debates do Conama pa- ra distensionar as discussões so- bre as câmaras técnicas que es- tudam cada item ambiental em separado. Embora haja ressal- vas, a votação não desagradou aos setores interessados em participar.

Francisco iglesias, por exem- plo, critica também a Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do Conselho, que vem sofrendo in- fluência dos assessores do iba-

-mmmammmmÊã

Domingues Godoy, Eduardo Martins, Francisco Iglesias, Renato Lange, Vi- valdo Reis e Júlio Barbosa

ma. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. 'Acho impróprio que esses assessores façam par- te da mesa, como aconteceu nes- ta assembléia. Essa câmara pre- cisa ser neutra, não deve domi- nar os assuntos por sua própria condição interdisciplinar".

Para a eleição de novas câ- maras técnicas houve uma com- posição articulada consensual- mente que considerou os três blocos nas composições. Assim, as câmaras de Poluição indus- trial, Acompanhamento e Elabo-

ração do Relatório Nacional, Energia Nuclear e Efeitos Radiati- vos, Uso do Solo, e outras, são agora formadas por um compo- nente de cada bloco. Uma outra conquista na nova composição foi a de se decidir que a SAE, Se- cretaria de Assuntos Estratégi- cos, só participa da CT de Ener- gias e Transporte, mesmo tendo se candidatado à de Uso do Solo. Uma vitória do Conama comemo- rada pelos ambientalistas, que nunca entenderam a presença daquela secretaria nos assuntos de meio ambiente.

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VIVA ALTERNATIVA

A menos que os países desenvolvidos sejam persuadidos a negociar sobre economia será muito difícil para o Terceiro Mundo negociar sobre ecologia

MARTIN KHOR, da Third World Network. no Prepcom

PÁGINA 4

CERVEJA, ECOLOGIA E PIZZARIA A foto de capa, de Sérgio Guimarães,,/ mostra o quanto já é de domínio público o discurso dos ecologlstas. Há quem se sinta contrariado com tamanho modis- mo. Mas não era o que nós ambientalis- tas pretendíamos? Que o discurso saísse dos guetos, fosse encampado pela sociedade? Pois eis aí a resposta. Não tão purista quanto talvez quiséssemos.

MOURãO E MURO O respeitável poeta e escritor Gerardo Mello Mourão não precisava ser tão objetivo pa- ra demonstrar a senilidade da esquerda brasileira. Seu artigo publicado na Folha de S. Paulo a 4 de agosto, em nada fica devendo às posi- ções sobre ambientalismo defendidas pelos partidos de direita. O autor não pre- cisava fazer afirmações tão absurdas — como a de que o gerenciamento da

mas na boca do povo. Cumpre agora desfazer os enganos arregaçando as mangas e indo à luta. Já não é tão exótico defender o meio ambiente. Os que esta- vam nessa canoa talvez estejam decep- cionados. Mas o momento novo exige mais que proselitismo.

Eco-92 deveria ficar a cargo do Estado- Maior das Forças Armadas — para com- provar sua desinformação sobre a socie- dade civil contemporânea. Será que já avisaram o poeta sobre a queda do Muro de Berlim? E que a.Amazõnia nunca este- ve fora das mãos dos militares?

FAXED EM0CRAC1A A falta de treino democrático tem fei-

to dos ambientalistas verdadeiros acro- batas nas divergências entre os próprios pares, no enfrentamento com forças con- servadoras, na tolerância com novos quadros emergentes de outros segmen- tos. A formação do Ecoforum 92 tem pro- piciado convívio mais freqüente, intenso e diversificado pelo ingresso de movi- mentos sociais, entidades sindicais e de- mais organizações civis. O movimento ambientalista se interliga, se expande, amadurece. Como em qualquer ecossis-

tema, no entanto, o organismo interno fa- brica condições de reação a enganos que comprometam o ecossistema por inteiro. No interior do Ecoforum começa a pronunciar-se a existência de blocos que, em nada contribuem para o real exercício democrático. Instituições bem aparelha- das tomam lugar de entidades represen- tativas levando consigo alguns desavlsa- dos encantados com a possibilidade lo- gística de viabilizar seus projetos. É bom lembrar que, mais dóceis e pacifistas, os ecologlstas estáo longe de serem idiotas.

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VIVA ALTERNATIVA D A participação da sociedade civil é tão importante para o desenvolvimento

dos países quanto os fatores econômicos e políticos. Os desejos dos seres humanos, projetados coletivamente, mudam radicalmente as estruturas do

mundo. As ditaduras são passageiras, pois não se pode controlar indefinidamente a vida das pessoas.

ALAN WOLFE, reitor da New School for Social Research, de N. York, em Encontro Internacional de Organizações Não-Governamentais, realizado

no Rio, na segunda semana de agosto.

ENTREVISTA PAGINA 7

KELACòES 1 LAÇOES INTERNACIONAIS: HORA DA V ERDADE HUMBERTO M A F B A

Jonathon Porrit, líder do Green Movement inglês e já conhecido dos leitores do VIVA, formou-se pela Universidade de Oxford, lecionou dez anos e começou cedo sua militância, ajudando a fundar o Partido do Povo,

primeiro nome do Partido Verde, no começo dos anos 70. Nos anos 80, ele tornou-se diretor do Friends of the Earth, que sob sua direção pulou de

20 mil membros para 200 mil, e colocou a problemática ambiental na ordem do dia para milhões de pessoas na Inglaterra, inclusive nos

partidos políticos. No ano passado o FOE arrecadou mais de 10 milhões de dõlares em contribuições destinadas ao financiamento

de pesquisas e campanhas.

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VIVA ALTERNATIVA

PÁGINA 8 ENTREVISTA

Em 1984 Porrit escreveu Seeing Green, ainda hoje um clássico da literatura verde, e em 1988 publicou The Corning of the Greens, onde ele explora as dimensões da crescente influência verde na Inglaterra. Realizou uma série de programas para a tele- visão (BBC) Where on Earth Are we Going? também transformada em livro.

Johnathon Porrit falou com exclusividade ao VIVA ALTERNATIVA, por coincidên- cia, no dia em que havia acabado de escrever Save the Earth - que será lançado si- multaneamente no mundo inteiro, em outubro, numa iniciativa inédita no gênero (no Brasil, direitos autorais adquiridos pela Ed. Globo). Fartamente ilustrado, este livro se- rá dirigido ao grande público, com dezenas de cientistas trocando em miúdos as grandes questões ecológicas; e está sendo considerado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) como o livro da LINCED-92.

Os direitos autorais serão depositados num 'Save the Earth Fund' a ser adminis- trado pelo Friends of the Earth International, particularmente para ajudar alguns gru- pos ambientalistas no Hemisfério Sul e no Leste Europeu.

Porrit estava de saída para o Brasil quando a entrevista foi realizada. Posterior- mente, ele enviou um recado dizendo que havia ficado muito impressionado com a determinação e o propósito do pessoal das ONGs que ele havia encontrado no Brasil, onde pretende voltar com mais tempo, antes da UNCED, para "conhecer e ouvir o maior número possível de pessoas".

VIVA ALTERNATIVA - No Brasil o assunto mais impor- tante do momento, entre os ecologistas e outros movi- mentos sociais, é a 11 UNCED. Na sua opinião, qual é a im- portância desta conferência, quais as possibilidades e os perigos que cercam sua realização?

ÍONATHON PORRIT Acho esta Conferência de uma importância crucial, não ape- nas por ser uma conferência de cúpula - o que reflete um reconhecimento da urgência da questão ambiental, inexpli- cavelmente ligada à questão do desenvolvimento — como também por oferecer uma oportunidade única para que o Norte e o Sul possam encontrar uma linguagem comum para lidai com estes problemas, uma linguagem diferente da- quela que tem sido usada até agora e sem nenhum resultado positivo.

No momento as negocia- ções sobre os conteúdos da UNCED estão indo muito mal, e isto por causa da inflexibilida-

de com que os países envolvi- dos defendem suas próprias posições. Os países do Norte, principalmente os Estados Uni- dos, se recusam a entrar com novos recursos para o desen- volvimento sustentado e a pre- sença do meio ambiente: se recusam sequer a discutir a transferência de tecnologias 'limpas' em bases não- comericiais. Discute-se uma convenção do aquecimento global, mas esses países não aceitam a adoção de critérios quantitativos limitando a emis- são de dióxido de carbono, e por aí adiante. Muitos gover- nos do Norte estão tomando posições realmente muito duras. ■

Muitos governos do Sul, e eu diria que aí se inclui o Bra- sil, estão se entrincheirando por trás do conceito de sobera- nia nacional; revivendo sus- peitas e desconfianças em re- lação aos países do Norte (e quem ousaria dizer que sejam injustificadas?); colocando co- mo pré-condição para a exis- tência de acordos e conven-

ções em defesa do meio am- biente o alívio de pelo menos parte da dívida e mais ajuda econômica.

A UNCED-92 será a hora da verdade para todas essas dife- renças, E uma oportunidade que dificilmente se repetirá nos 90. E se não acharmos uma solução para esses problemas, nos próximos dez anos será virtualmente impossível frear o processo de destruição do meio .ambiente. Então estare- mos lidando com um quadro muito pior, muito mais degra- dado do que o atual, do ponto de vista econômico, social e ecológico.

E é isto que nós temos que impedir que aconteça. Nós te- mos que trabalhar e pressionar os líderes políticos na Confe- rência a produzirem resultados concretos, específicos, em ter- mos de tratados e convenções para serem implementados nos anos 90.

Temos muito trabalho pela frente e nenhum tempo a perder.

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VIVA ALTERNATIVA Para acabar com a devastação ecológica — um imenso mal — é preciso criar paralelamente uma

riqueza que prescinda da devastação e, paradoxalmente, inclua uma parcela inevitável de

devastação. ABRAM SZAJMAN, presidente da Federação do

Comércio de SP, cm artigo em O Globo, 12 de agosto de 91.

ENTREVISTA PAGINA 9

Por tudo isso, a UNCED-92 - o ''Encontro pela Terra" será um divisor de águas nas relações internacionais, e coloca uma responsabilidade tremenda nas mãos das ONGs, Norte e Sul, que devem fazer todo o possível para transformá-la num acontecimento positivo para a Humanidade e para o nosso Planeta.

VA — Qual é a estratégia dos ambientalistas britânicos para a UNCED-92 e como vo- cês estão se preparando para ela?

,IP — Acho que o problema desse 'Encontro pela Terra' é que ele é tão grande e abrange tantas coi- sas — aquecimento global, biodiversi- dade, florestas tro- picais, transferência de tecnologia, dívi- da externa, dinhei- ro novo para o Ter- ceiro Mundo, arran- jos institucionais, etc, etc. — que mui- tas ONGs daqui es- tão meio perdidas e não sabem por onde começar.

Uma decisão que já foi to- mada é a de não se compro- meter com o processo da Con- ferência Oficial, mas de colabo- rar com ele tanto quanto possí- vel para torná-lo produtivo. Preservando nossa indepen- dência e cuidando de nossas próprias ações, mas sem to- mar um atitude de oposição automática e negativista.

Aqui na Grã-Bretanha, para ser franco com você, o mundo das ONGs ainda não se mobili- zou para este evento. São pou- cas as organizações, como os Amigos da Terra, o instituto In-

ternacional para o Meio Am- biente e o Desenvolvimento, e a WWF, quê estão começando a discutir o que fazer. Estes são os únicos grupos, até agora, que já começaram a tomar ini- ciativas em função da Confe- rência propriamente dita.

Evidentemente, nesse está- gio, a nossa primeira preocu- pação é reunir o pessoal e arti- cular a nossa voz — uma voz — de modo a maximizar o nosso poder de pressão sobre o governo e impedi-lo de ficar apenas na mesma e velha re-

"É um sinal de maturidade resistir

a tentação de querer ganhar todas as paradas".

tórica verde, o que não signifi- caria nada.

A pior coisa que poderia acontecer seria uma repetição da conferência sobre as crian- ças, organizado pelp UNICEF,í) em Nova Iorque, há uns sete meses, não sei se você se lem- bra. Foi uma das coisas mais repugnantes que eu já vi, em matéria de encontros interna- cionais... um horror! Eu não estava lá mas vi pela TV e jor- nais. Foi uma coisa tão insen- sível e insensata que deixou muitos de nós preocupados. Porque se eles transformarem a UNCED-92 naquilo - uma

vasta operação promocional e autocongratulatória para mos- trar ao mundo o quanto eles. são verdes — aí todo mundo sai perdendo.

VA - Você teria alguma sugestão sobre como as ONGs brasileiras poderiam maximizar sua contribuição e evitar as arapucas e os erros, fáceis de se cometer num pro- cesso tão amplo?

JP — Bem, eu não estou seguro de poder dizer alguma coisa em relação a isso, por- que todos nós estamos apren- dendo, tanto no Norte quanto

no Sul. Aqui na Grã-Bretanha esta- mos apenas come-; çando a nos reunir para conversar so- bre este assunto.' Em princípio, me parece que a coisa mais importante é o respeito e a con- fiança no processo de grupo. Freqüen- temente entramos para uma reunião e saímos sem ter al- cançado 100% dos

objetivos que havíamos esta- belecido como meta; conse- guimos alcançar apenas no- venta, oitenta ou setenta por cento do que desejávamos. Ti- vemos que fazer concessões em alguns pontos para chegar- mos a um tal resultado; outras pessoas, ou grupos, também tiveram que abrir mão de algu- mas de suas exigências. E no final, o acordo pôde ser consi- derado satisfatório e o proces- so de negociação, bem- sucedido. E este fato, em si mesmo, representa uma gran- de conquista: conseguir que uma união de grupos e pes-

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... e o presidente da República entreguem a supervisão do Congresso ecológico à pessoas do ramo capazes de defender o interesse nacional: os quadros do Itamaraty e do Estado-Maior das Forças Armadas

GERARDO MELLO MOURÃO, Folha de São Paulo, 4 de agosto de 91

VIVA ALTERNATIVA

PÁGINA 10

soas trabalhem juntos e coo- perem uns com os outros para a consecução de um objetivo comum à todos.

Esta é, em minha opinião, a base de um movimento forte e efetivo: que seus membros não sejam tão apegados a seus propósitos táticos que se tornam incapazes de atuação e cooperação dentro de um con- junto maior de participantes lu- tando para atingir o mesmo propósito final. Temos que to- mar cuidado para não inviabili- zarmos um processo coletivo — que em si mesmo é muito importante, a longo prazo — a fim de prevalecermos em uma discussão ou impor a nossa agenda. É um sinal de maturi- dade resistir à tentação de que- rer ganhar todas as paradas. De um ponto de vista ideal, de- veríamos buscar o consenso em todas as tomadas de deci- são. Mas quando isto não é possível, é muito importante confiar na sabedoria coletiva do grupo - assumindo que compartilhamos de seus obje- tivos, é óbvio. A força e a in- fluência das ONGs brasileiras serão diretamente proporcio- nais ao grau de coesão e uni- dade alcançados durante esse processo de preparação para a Conferência de 92.

VA — No Brasil, um ano depois de ter assumido a Se- cretaria do Meio Ambiente, Lutzenberger e o governo Col- lor estão sendo criticados pela comunidade ambientalista co- mo sendo inoperantes e/ou com um discurso completa- mente oposto às ações (ou omissões) práticas. Lutzen- berger é acusado também de estar conversando muito mais com os ambientalistas euro-

ENTREVISTA

peus e americanos do que com os brasileiros, que deve- riam ser seus aliados políticos naturais, mas a quem teria vi- rado as costas. Alega-se ainda que ele está em descompasso com o movimento dentro do Brasil e suas prioridades. Co- mo amigo pessoal de Lutzen- berger, que avaliação você faz de seu trabalho até aqui.

como você encara essas críticas?

JP — Bem, você sabe, quando ele foi apontado secre- tário especial do Meio Ambien- te, todo mundo aqui (e creio que também no Brasil) ficou numa alegria extraordinária porque pareceu ser o reconhe- cimento do trabalho que ele havia feito e uma prova da im- portância que o presidente Col- lor dava à questão ecológica.

Acho que ele foi sobrecar- regado, como ser humano. Fa- lando como seu amigo pes- soal, esta é a minha impres- são, depois de ter estado com ele algumas vezes nos últimos quatro meses. Francamente, ele está sobrecarregado pelas pressões desse trabalho e não está conseguindo se adaptar ao cargo, algo que ele reco- nhece pessoalmente.

A posição dele é muito difí- cil e o trabalho extremamente complicado. Primeiro, ele tem que se preocupar com o Iba- ma; segundo, é um conselhei- ro presidencial sem nenhum poder político, pois não possui nenhuma base partidária; ter- ceiro, espera-se que ele faça uma ponte entre o governo e a comunidade ambientalista, mas o Lutz não é um "políti- co'', ele não é um manipulador.

Sabe, o mundo é um lugar ainda digno de esperanças por causa da existência de pes- soas como José Lutzenberger, graças a Deus.

Mas para fazer o trabalho que ele está tentando fazer, vo- cê tem que ser, primeiro, um político — antes e acima de tu- do — depois, um ambientalis- ta. Mas o Lutz é um ambienta- lista antes e acima de tudo.

O fato é que ele está enfren- tando terríveis dificuldades.

As vezes é o caso de se perguntar se os resultados al- cançados por um determinado trabalho justificam o desgaste que ele provoca. Ele mesmo não está satisfeito com o seu desempenho, pois a função não está lhe permitindo usar a força e a sabedoria que carac- terizado suas ações no passado.

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VIVA ALTERNATIVA "Não estamos pedindo esmola. Somos um País exportador de recursos

naturais e queremos seus preços embutidos nos outros produtos"

TÂNIA MUNHOZ, presidente do Ibama, em reunião da Cima, Comissão interminislerial de

Meio Ambiente

ENTREVISTA PAGINA 11

VA - Muitas organizações ambientalistas do Norte con- seguem levantar muita grana em suas campanhas para 'sal- var as florestas tropicais', Mas apenas uma fração irrisória desse dinheiro, de vez em quando, é usada para ajudar as pessoas e grupos lutando para defender as florestas lá nos países onde elas estão lo- calizadas. No Eirasil, muita gente critica isso, enquanto outros partem para uma visão cínica dos grupos ambientalis- tas. No Norte também há quem simpatize com essas críticas. Randy Hayes, da Rainforest Action Network, sugeriu, informalmente, ques 20% desse dinheiro deveria ser canalizado para os países onde as florestas estão locali- zadas, para apoiar os grupos sociais e as forças que se opõem a destruição ambien- tal, particularmente das flores- tas. O que você pensa sobres esta questão?

JP — Eu penso que esta é uma questão sensível e extre- mamente importante. Nós dos Amigos da Terra certamente sabemos que é muito mais fá- cil captar recursos no Norte do que no Sul, e, por isso mesmo, tentamos, através da Amigos da Terra (nternacional, garantir alguma distribuição dos recur- sos obtidos nessas campa- nhas. Mas tendo de concordar que a situação não é satisfató- ria e entendo a reação dos gru- pos do Sul. Embora seja difícil para as organizações fazerem esse corte de 20% que o Randy Hayes sugeriu, creio que mui- tas delas estejam se movendo nessa direção. Na verdade, to- das essas críticas têm contri- buído para desenvolver a

consciência dos ambientalistas daqui no sentido de superar idéias e noções preconcebidas em se tratando de florestas tro- picais e relações com os gru- pos do Sul — sem cuja coope- ração direta o nosso trabalho no hemisfério Norte fica parcial e perde o impacto.

Acredito que o histórico dos Amigos da Terra nesse particular é mais ou menos típi-

"Temos que trabalhar e pressionar os líderes políticos na Conferência a produzirem

resultados concretos, específicos"

co. Embora já tenhamos man- dado algum dinheiro para o Brasil e o Sarawak, as quantias foram pequenas, e a maior parte daquilo que arrecada- mos na Inglaterra é usada para financiar nossas campanhas por aqui mesmo. Tendo sido, até recentemente, diretor da or- ganização e uma das pessoas responsáveis pela alocação desses recursos, o que posso dizer é que a pressão das ne- cessidades no dia-a-dia é mui- to intensa. Tal circunstância acaba obscurecendo as neces- sidades ainda mais prementes de organizações a milhares de quilômetros de distância que, confrontando poderosos e

complexos interesses políticos, precisam de todo o apoio a que tem direito.

Eu sei que os Amigos da Terra precisam fazer muito mais a esse respeito e meus colegas de lá também pensam assim. Incidentalmente, esta foi uma das razões pelas quais me envolvi num projeto de pu- blicar o livro chamado 'Salve- mos a Terra', feito especial- mente em função da Conferên- cia de 92. A idéia básica é pro- duzir e vender um livro voltado para o grande público dos paí- ses do Norte e levantar recur- sos a serem distribuídos para determinados grupos nos paí- ses do Sul. E eu estou muito contente porque já consegui- mos vender 300 mil exempla- res antecipadamente, cujos di- reitos autorais serão recolhidos pelos Amigos da Terra Interna- cional para a implementação deste programa. Espero que ajude um pouco. Não é ainda uma resposta para o problema mas é uma parte dela.

VA — Você é um pioneiro do 'Green Movemenf, e tem sido um de seus parteiros, por assim dizer. No Brasil, este movimento ainda está dando seus primeiros passos, no sentido de que de ainda não gerou a massa crítica neces- sária para uma articulação efi- ciente com as bases — sem a qual não podemos esperar um impacto mais profundo no movimento social e político. Mas a situação também não é ruim. Já estamos muito longe do ponto de partida. Tem mui- ta gente boa e competente, do ponto de vista individual. Mui- tos grupos de voluntários es- palhados por todo o País, fa- zendo um trabalho de formi-

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Temos que jogar o melhor jogo no contexto de que o mundo é injusto e não vamos fazê-lo justo até junho de 92

Embaixador MARCOS AZAMBUJA

VIVA ALTERNATIVA

i4$ PÁGINA 12 ENTREVISTA

guinha, mas importantíssimo. Do ponto de vista institucio- nal, mas ainda no papel, te- mos algumas leis que, sem dúvida, são muito avançadas em relação ao conjunto da so- ciedade brasileira. O grande problema é que não temos a tradição democrática da so- ciedade civil para assumir res- ponsabilidades na administra- ção de seus próprios interes- ses — o que constitui o caldo de cultura das ONGs, que no Brasil enfrentam muitas difi- culdades e raramente conse- guem sustentação financeira Içcal. Além disso, a luta ecoló- gica no Brasil é indissociável da luta por direitos humanos, justiça social e participação democrática da sociedade nps processos de decisão. Num contexto desses, o que você consideraria como prio- ridade a criação e o fortaleci- mento de ONGs com ampla ramificação de base ou a ativi- dade política partidária, seja np construção de um partido verde ou na ecologização de outros partidos comprometi- dos com um projeto de trans- formação democrática da sociedade?

JP — Sabe, eu acho que es- sa característica do movimento ecológico no Brasil, que você mencionou, de não separar os problemas do meio ambiente do contexto econômico e so- cial circundante, é uma grande vantagem. Muita gente aqui na Grã-Bretanha, e no Hemisfério Norte, tem uma concepção es- tranha de meio ambiente co- mo sendo uma coisa separada do resto da sodedade, sem li- gação com a realidade política e social. Como se fosse possí- vel discutir ou formular políti-

cas de meio ambiente sem também se preocupar com as políticas econômica e social.

Este tem sido um problema muito sério para nós. Levou 20 anos para conseguirmos intro- duzir a discussão ambiental nos debates de política econô- mica, relações internacionais e outros circuitos de difícil pene- tração. Demorou duas déca- das para fazer isto por causa

"A pior coisa que poderia acontecer seria a repetição da conferência

sobre as crianças, organizada pelo Unicef, em Nova Iorque, meses atrás. Foi uma das coisas mais repugnantes que vi em matéria de encontros

internacionais"

da História do ambientalismo neste País, e porque o meio ambiente sempre foi visto co- mo algo separado dos seres humanos e da sociedade. Algo a ser preservado, sim, mas sem nenhuma relação com as nossas questões políticas e so- ciais fundamentais. E até hoje a imprensa britânica não reco- nhece a influência exercida pe- los grupos mais radicais como os Amigos da Terra, o Green- peace e o Partido Verde, no sentido de educar os ambien- talistas e uma parte importante da opinião pública para o fato de que o meio ambiente em si não existe. 0 que existe é uma série de políticas econômicas e

sociais que resultam em degra- dação ambiental. Mas para chegarmos a esta conclusão simples e óbvia foi difícil e de- morou tempo.

Em relação ao Brasil, a mi- nha informação também é a de que não existe a distinção artificial entre um movimento do tipo conservacionista e o movimento por direitos huma- nos e justiça social: essas duas vertentes já estão unidas des- de o começo, isto concede ao movimento grande integridade e força intelectual, que a longo prazo vai se revelar uma vanta- gem formidável. Mas respon- dendo à sua pergunta sobre a maneira mais eficiente de se aplicar a energia, consideran- do as dificuldades de captação de recursos, organização das bases, rompimento de obstá- culos estruturais, etc. — eu di- ria, em primeiro lugar, que o sucesso do movimento, a lon- go prazo, depende da divulga- ção e consolidação daquela base intelectual entre o maior número possível de pessoas.

Outra coisa: as organiza- ções têm que determinar com precisão quais são suas metas e objetivos, suas aspirações. Isto é muito importante porque foi por aí que os verdes ale- mães se confundiram e perde- ram a confiança de seu públi- co. Não conseguiram definir se queriam ser um partido político no Parlamento ou se queriam ser um movimento de ação política extraparlamentar. Se a organização é . político- partidária ou apartidária não importa. E diferentes organiza- ções nem predsam atuar jun- tas, necessariamente, ou com- partilhar exatamente da mes- ma agenda. A diversidade do

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VIVA ALTERNATIVA

ENTREVISTA PAGINA 13

movimento é uma manifesta- ção de sua vitalidade e força. A curto prazo, pode ser motivo de confusão, duplicação de' esforços (e de dispêndio de re- cursos), mas a longo prazo es- sa diversidade é muito importante.

Eu não poderia dar uma resposta direta à sua pergunta, dizer que o caminho certo é por aqui ou por ali. Porque de certo modo, o caminho certo é aquele que emerge natural- mente, em lermos políticos e sociais. E esta é a lição que to- dos nós devemos aprender. Pode ser que não seja o cami- nho de nossa preferência. Mas se é o caminho que se mani- festa como expressão daquilo em que as pessoas acreditam, e por que trabalham, lutam e — em alguns lugares — até mor- rem... Então este deve ser o caminho certo, para aquela co- munidade. Isto é duro para os manipuladores políticos aceita- rem. Nós temos que respeitar o fluxo das coisas e até mesmo ajudá-lo, por assim dizer. E is- to é muito difícil para as pes- soas que gostam de fazer uma manipulação aqui, uma mano- bra ali, um conchavo acolá... Você sabe como são essas coisas. Muita gente gosta de controlar, de impor sua agen- da. Mas não é por aí que a coi- sa funciona.

VA - Às vezes o movi- mento ambientalista no Norte dá a impressão de ser um pouco tímido em denunciar as verdadeiras causas da degra- dação ambiental. A gente ou- ve falar muito da eliminação gradual de CFC, da negocia- ção de tratados mais rigoro- sos em defesa das matas tro- picais, da necessidade de re-

duzir o consumo de combustí- veis fósseis, ou da necessida- de de mudarmos para um consumismo mais verde — re- ciclando papéis, alumínios, vi- dros, etc. Mais ainda não se vê campanhas denunciando coisas como o papel desem- penhado pela propaganda na manutenção de uma ideologia do desperdício; da obsoles- cência cientificamente plane- jada pelas indústrias; da cul- tura do automóvel (da qual so- mos agora escravos), isto sem

falar na hesitação em questio- nar publicamente o free- market approach, dogma in- discutível da teologia dominante.

Você acha que isto ocorre porque os ambientalistas não querem criar um sentimento de culpa social, tornando-se impopulares; medo de perder contribuições e financiamen- tos; ou seria por que a essa al- tura do campeonato já somos todos prisioneiros da Tecnos- fera e achamos difícil — talvez impossível — escapar?

JP — A razão pela qual não tivemos condições, ainda, de

atacar esses temas é que os-i grupos ambientalistas, em ge-1

ral, acham mais fácil se con-1

centrar naqueles temas especí-' ficos onde as chances de vitó-5

ria e obtenção de resultados' concretos são maiores, poden-)

do assim justificar sua existem^ cia junto a seus membros, e d1

dispêndio de recursos. É muito' mais difícil para eles fazerenrfí campanhas contra princípios? ou realidades econômicas ê^ sociais difusas, simplesmenteP porque haveria problemas errÉ' justificar, numa relação custo1

x benefício, o uso dos recur^ sos proporcionados por seus1' membros. Esta é a resposta láf cil para a sua pergunta.

A resposta difícil é que, ob-l1

viamente, confrontar essas'* questões significa desafiar nãòn

apenas aqueles setores econô-^ micos específicos, mas a pró'-7

pria base da nossa sociedade"' industrial e do capitalismo co'-11

mo ele é hoje. E os grupos am^1

bientalistas, de modo geral, preferem não se envolver enri" questões de conotação partií7

daria, porque dessa forma eleá0

podem alcançar um público^ muito mais amplo e recrutar*1

membros em todos os parti-v

dos políticos, ao invés de limi- tar sua esfera de atuação é' apoio a apenas um deles.

VA - Muita gente acredita1

que o dilema Biosfera X Tec-;> nosfera vai redefinir aquela tradicional divisão da socieda- de moderna, conhecida desde a Revolução Francesa como esquerda e direita. Porque a esquerda no Brasil (em suas várias gradações) é a única força realmente comprometi- da com mudanças, numa so- ciedade falida — do ponto de vista econômico, social e mo-'

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£ preciso compreender que a Conferência da ONU não é sobre o Brasil. O Brasil é apenas sede. É preciso compreender lambem que sempre fomos fracos atores embora mais fones agora, como hospedeiros

VIVA ALTERNATIVA

Bmbaixador, MARCOS AZAMBUJA, Presidente da Cima

PAGINA 14

â

ral —, isto faz com que as rela- ções entre os ecologistas e a esquerda sejam uma questão significativa. Qual tem sido sua experiência aqui na Ingla- terra em relação a esse gelacionamento?

JP — A relação dos grupos íbientalistas com os diferen-

gs partidos políticos tem sofri- mudanças, historicamente, verdade, se você traçar al-

jmas das raízes do movi- lento conservacionista desde fséculo XIX você vai verificar je ele tinha mais em comum 5m a tradição do Partido Con- kvador do que com a tradi-

ção trabalhista. E em muitas ocasiões no decorrer do século XX. os conservadores de- monstraram um interesse mui- iò maior em assuntos ambien- tais do que a esquerda. Mas âèpois da Segunda Guerra l^Jjndial tudo mudou. O signifi- cado disto, para nós aqui na Ifàglaterra, é que o movimento ecológico tem uma base políti- £$ muito mais ampla do que em países como o Brasil. É ob- vio para mim que, devido à identificação aberta do movi- níento ecológico com os direi- tos humanos, reforma agrária, progresso social e todas essas c.oisas (sem as quais o am- bjentalismo em si vira uma coi- sa irrelevante), o relaciona- mento com os partidos de es- querda, ou de oposição, será necessariamente mais próxi- mo do que com um governo de direita. Entretanto, acho im- portante salientar que essa postura não exclui a possibili- dade de um relacionamento construtivo com governos con- servadores em países da Euro- pa Ocidental a favor do meio ambiente.

ENTREVISTA

Não creio ser interessante para nós sermos caracteriza- dos, e descartados, simples- mente como vermelhos disfar- çados de verdes. Aquele velho slogan que o chanceler Kohl usou contra os Verdes na Ale- manha, dizendo "eles são exatamente como tomates, no começo são verdes mas todos ficam vermelhos no final''. É claro que esse tipo de coisa re- duz drasticamente a nossa efi- cácia como movimento social. Por isso, com exceção do Parti-

"Devemos buscar

o consenso.

Mas quando ele

nâo é possível,

é importante

confiar na sabedoria

coletiva para

decidir"

do Verde e daqueles grupos trabalhando explicitamente dentro do Partido Trabalhista e do Movimento Socialista, as or- ganizações ecológicas prefe- rem manter uma conduta de não-alinhamento partidário. Com referência ao dilema Bios- fera x Tecnosfera, eu também acredito que ele vai levar a uma superação de certas dis- tinções e divisões obsoletas, além de estéreis, entre a es- querda e a direita, mas quero

ressaltar uma outra dimensão desse dilema que talvez seja mais difícil de aceitar, princi- palmente nos países que ainda .não resolveram os problemas gravíssimos da miséria e os sofrimentos dela decorrentes.

Esta dimensão é a capaci- dade das sociedades huma- nas compreenderem que nós temos que transcender a visão de mundo antropocêntrica. Temos de entender que o bem-estar das futuras gerações e a nossa própria capacidade de sobrevivência, enquanto espécie e grupo social, depen- de das inter-relações biocên- tricas - isto é, aquelas rela- ções entre nós e o resto da vi- da na Terra - reconhecendo concretamente o valor intrínse- co de todas as outras formas de vida com as quais nós compartilhamos o Planeta.

Isto corresponde a uma ex- trapolação filosófica da dicoto- mia Biosfera x Tecnosfera, re- sultando nessa questão do biocentrismo x antropocentris- mo, que certamente é um tema novo da maior importância. E constitui uma das maiores ra- zões por que os aspectos filo- sóficos e espirituais do movi- mento ecológico estão adqui- rindo tanta força, desafiando frontalmente a concepção de mundo reducionista e mecani- cista — que tornou possível ao capitalismo industrial moderno cometer os conhecidos abusos contra a sociedade e o Planeta em que vivemos.

Eu, pessoalmente, estou muito empenhado em ver esta dimensão filosófica ocupando o seu espaço nesse debate - um espaço crucial, sem qual- quer dúvida.

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VIVA ALTERNATIVA Se quer ser instrumento do futuro a univefsidade deve se preparar para o mercado que surgirá, quando o País tiver

uma sociedade integrada onde a tecnologia for instrumento de racionalidade social, de soberania, de

justiça, de equilíbrio ecológico.

CRISTÓVAM BUARQUE, economista e ex-reitor da UnB em artigo na Folha de S. Paulo.

CONGRESSO

BRASIL

ECO 92

PAGINA 15

AS OCIEDADE CIVIL SE PREPARA PARA A Eco-92 A Comissão de Defesa do

Consumidor, \íeio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputa- dos promoverá nos dias 12,13 e 14 de setembro, no auditório Nereu Ramos, do Congresso Nacional, o seminário A Sociedade Brasileira na Conferência das Nações Uni- das sobre Meio Ambiente e De- senvolvimento Rio/92. O seminá- rio é aberto ao público e melho- res informações a seu respeito podem ser obtidas pelos telefo- nes (061) 311-6929, 311-6930 e 311-6931, pelo fax (061) 226-0592 e pelo telex 61-35.

Antes mero ponto de nego- ciação de velhas raposas políti- cas, a Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias vem tomando espaço na Câmara dos Deputados desde a posse do ambientalista Fábio Feldmann em sua presidência. Com um mandato de caráter na- cional, cristalizado por uma ree- leição de mais de 90 mil votos do eleitorado paulista, Feldmann continua um trabalho iniciado na Constituinte de 88 quando criou a Frente Verde Parlamentar ao lado de outros congressistas, conquis- tando para o ambientalismo o sta- tus de segmento de vanguarda na sociedade civil e angariando prestígio para as causas ambien- tais. Pôde comprovar isso quem esteve na recente reunião da Frente Verde por ele promovida e cuja biodiversidade demons- trou convivência pacífica entre tucanos, águias, raposas, melan- cias (verdes por fora, vermelhas por dentro), tomates (verdes que ainda ficarão vermelhos), onças e cordeiros. Mário Covas, Roberto Freire e Marco Maciel são apenas três nomes famosos das dezenas presentes. Dão a dimensão do que conseguiu o deputado reali- zar em direção a compreensão

Ary Pararrálos

Feldmann (com os ecologisfas Celio Valle e Lucélla Santos, no Encontro Sobre Parques Nacionais, em Chapada dos Guimarães, MT

da ecologia como matéria supra, partidária e interdisciplinar.

A Comissão de Meio Ambien- te da fase Feldmann reúne am- bientalistas e trabalha de comum acordo e contato permanente com a sociedade civil promoven- do debates e audiências públicas e dando transparência a seus atos. Foi assim quando recente- mente convidou a Seman, Secre- taria Nacional do Meio Ambiente para prestar contas publicamente do processo de elaboração do Relatório Nacional Oficial para a Conferência da ONU.

O seminário promete um grande ganho político para os ambientalistas à medida em que estes podem, dentro do próprio habitat dos congressistas, se- mear mais luz sobre questões ecológicas e sociais emergentes. Como a população que represen- tam os políticos não se distiguem necessariamente por altos co- nhecimentos dessas causas inte- gradas. Em sua maioria ainda não perceberam a importância de encarar direitos civis e meio am- biente como matérias insepará- veis. O vício da simplificação ideológica os fez_ especialistas em discursos mantendo rasteiras suas possibilidades de entender

a nova ética que a sociedade pla- netária espera e exige. ;.

Fórum da Sociedade Civil Brasileira Preparatório Pára a Conferência da ONU, o secretário do Meio Ambiente, José Lutzerb' berger, o da Administração, Car- los Garcia, o de Ciência e Tecno- logia, Edson Machado, o ministra da Educação, José Goldenberg, © o embaixador Marcos Azambuja1

são algumas das presenças; confirmadas. i.

Embora os temas básicos pa- ra abordagem sejam os mesmos que fazem parte a agenda da ONU, (proteção da atmosfera, ge-^ renciamento dos recursos terres-;

três, diversidade biológica, bió-' tecnologia, recursos hídricos, oceanos e zonas costeiras, ges- tão de resíduos químicos tóxicos e erradicação de pobreza) o que certamente ganhará mais espaço será o que trata do Relatório Ofi- cial do Governo sobre o Meio Ambiente Brasileiro. Elaborado sem responsabilidade de vínculo com as posições políticas do Go- verno, ele vem levantando polê- micas por todos que o lêem. O Fórum da Sociedade Civil a seu respeito, fez publicar recente- mente uma crítica pesada ã for- ma com que foi elaborado.

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VIVA ALTERNATIVA

ESQUADRãO DA VIDA

NÓS NA MÍDIA PÁGINA 17

governo brasileiro em função dos acontecimentos na Amazônia. Na minha opinião, embora essa "carta" possa ser consistente com qualquer outro conjunto de critérios, não tem nada a ver com a visão de um futuro ecológico e os caminhos para se chegar a ele. E que eu presumo seja a pro- posta de trabalho do viva Alternativa.

P.S.: Quero esclarecer que apoio a deliberação do Ecoforum a respeito do plano piloto para a Amazônia, exingido que o mes- mo seja discutido pela sociedade civil brasileira.

Humberto Mafra, de Londres

D VIVA E MENTIRÔMETRO Ari, queremos apenas saudar

o Viva pelo trabalho que vem fa- zendo ao jornalismo: um bom e democrático debate sobre os pre- parativos à ECO-92. Sugerimos duas coisitas: Io) Que o Viva ative uma nova sessão chamada Menli- rômetro (com licença ao Aveline) que denuncie as trapaças e ironias oficiais nacionais ou não durante esses preparativos. Poucos sa- bem sobre os acordos que ora es- tão em curso.

2o) Que o Fórum de ONGs aprove e apoie um projeto de apoio ao Viva para que ele amplie ou, pelo menos, prossiga esse de- bate que vem fazendo ao longo da ECO-92 e seu processo. Sobre o Mentirômetro, sugiro que Vossa Senhoria (comandante anarca do Viva) apresente um projeto ou proposta cultural global. Podemos colaborar se vós quiserdes. Viva!

NILO - Apedema-SP

Caro Nilo. Nossa maior carência continua

sendo a de massa crítica. Por isso não estranhe a publicação de sua carta. Amigos às vezes se sentem um pou- co contrariados com publicação de cartas pessoais. No caso do Viva, penso que quanto mais pudermos

mostrar um relacionamento relaxado entre jornal e leitor, tanto mais será democrática a sua feitura. Não vejo, por exemplo, abertura para esse tipo de correspondência na grande im- prensa. (Já pensou na Folha publican- do uma carta: "Meu caro Frias). Acho que. isso é justamente o que nos pode distinguir na conquista da tal táo pro- palada e pouco praticada nova ética. É pouco, mas um bom começo. Con- versamos com Aveline. Ele tem um projeto mais ambicioso para sua cria- ção, Mentirômetro. Que tal a gente se sentar no próximo encontro nacional do Fórum e (como dizia no meu tem- po) incrementar a idéia com a augusta

presença do inventor? A carreira do Viva é ciclópica e claudicante (mas ja- mais saiu dos trilhos). Nâo o fosse e não teríamos perdido oportunidade de publicar a matéria sobre o primeiro encontro oficial do Fórum com o pre- feito do Rio de Janeiro, no começo do ano. E aí, pra náo perder a oportuni- dade de mostrar que o viva sempre está lá (como vê continuamos atuali- zadíssimos em lugar comum!), vai aí a foto daquela reunião abrilhantada pelo Tom Jobim com você em primei- ro plano. Amplexos do Esquadrão da 'Vida.

ARY PARARRA10S editor

Marcello Alencar, Tom Jobim e Nilo Dlniz, em reunião na Prefeitura do Rio de Janeiro

D UMA REDE BRASILIENSE

Caro Ari, Venho mais uma vez cumpri-

mentar o VIVA pela última edição (e pelas anteriores tambèVn) pe- las excelentes informações íobre a ECO-92. venho também informá-lo da criação da Rede das Entidades Ecologistas e Al- ternativas, Reeal-DF. Aproxima- mos um conjunto de pequenas entidades, com uma certa homo- geneidade de pensamento, com o objetivo de nos fortalecermos nas nossas lutas. A Reeal-DF não pretende falar em nome de todas as entidades, nem tão pouco se sobrepor às mesmas, pretende- mos apenas trabalhar conjunta- mente e cooperativamenfe. Não pretendemos ser a única Rede. O

VIVA e o ESQUADRÃO são de co- nhecimento nacional, sustentam- se por si. Todavia, caso vocês queiram se filiar a Reeal, renova- mos o convite. Remeto anexo um piloto do informativo que preten- demos criar e um artigo de minha autoria. Caso queira, pode publi- car. Saudações Ecologistas. Moa- cir Arruda, Brasília-DF.

Caro Moacir, Enquanto aguardamos espaço

para matéria sobre a Reeal, para- benizamos os que a criaram. Pre- cisamos de mais redes e é sempre motivo de comemoração o nasci- mento de uma. O espaço continua aberto. Abraços a vocês. Viva! A.P.

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VIVA ALTERNATIVA "Acho que, problema desse encontro pela Terra é tão grande e abrange tantas coisas que muitas ONGs daqui estão meio perdidas e não sabem por onde começar"

lonaihon Porril, Amigos da Terra

PÁGINA 18 NÓS NA MÍDIA

D BAÍA DE GUANABARA VIVA A Baía está viva! Ecologistas,

associações de moradores, pes- cadores, cientistas, parlamenta- res de vários partidos e cidadãos organizados em torno da Baía Vi- va (União pela Vida na Baía de Guanabara) comprovaram este fato na Semana do Meio Ambiente.

Criado em dezembro/90, o Baía Viva conseguiu juntar diver- sos setores da sociedade civil or- ganizada na defesa da qualidade da vida das populações do entor- no da Baía de Guanabara (Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Ita- boraí, Guapimirim, Magé, Ca- xias). Coincidentemente, no mes- mo dia de seu lançamento, foi as- sinado o Projeto Ambiente Rio, do Governo Federal, prometendo aplicações no montante de US$ l milhão até o ano 2000. Kste pro- jeto prevê, basicamente, suas aplicações na área de esgota- mento sanitário, construindo es- tações de tratamento e emissá- rios submarinos, entre outros. Atualmente são despejados 470 toneladas por dia de esgoto na Baía, quantidade suficiente para transbordar um Maracanã inteiro. Deste montande, apenas 64 tone- ladas recebem tratamento.

No âmbito local, a FEEMA (Fundação F:stadual de Kngenha- ria do Meio Ambiente) tem de- senvolvido estudos para aplica- ção do projeto de Recuperação Gradual do Ecossistema da Baía de Guanabara. Mais amplo que o Ambiente Rio, o projeto da FEF:- MA está recebendo US$ 500 mi- lhões do BID, somados, em con- trapartida^ a US$ 200 milhões pa- ra aplicar nos seus diversos cam- pos de trabalho: atividades in- dustriais, õleo, resíduos sõlidos urbanos, potabilidade e balneabi- lidade das águas, assessoramen- to, fumaça, reflorestamento, en- tre outros.

O Baía Viva montou um rotei- ro de vistorias nos sete municí-

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ri Ecologistas e movimentos sociais na barqueata pró-Baía de Guanabara

pios do entorno da Baía, levan- tando laudos e fotografando os pontos críticos de cada local.

No Rio de Janeiro, concentra- mos as atenções na Ilha do Go- vernador — onde será construída a Unha Vermelha. Sofrendo vá- rias agressões (aterros, despejos de lixo, vazamento de óleo, etc), suas praias estão impróprias e a pesca prejudicada, além do mau cheiro no canal da Maré. Em Ca- xias, além da falta de saneamen- to, o l.ixão de Gramacho — com 1,2 milhão de m2 de extensão — recebe cerca de 5.500 t/dia de li- xo, aterrando manguezais já qua- se inexistentes. A poluição no Rio Sarapuy pode ser notada no ca- minho da Cidade dos Meninos, local de concentração - desde a década de 60 — de algumas tone- ladas de BHC, o popular pó-de- broca, que já intoxicou várias pessoas.

Em Magé, Itaboraí e Guapimi- rim (onde existe uma área de pro- teção ambiental) a característica básica é a presença de grandes bolsões de vegetações em man- gue. Os problemas locais são, em essência, o desmatamento para abastecimento de fornos de ola- rias e montagem de "currais" pa- ra captura dos peixes.

Niterói e São Gonçalo apre- sentaram problemas como des-

pejo de esgoto sem tratamento, aterros sanitários, indústrias de sardinha (Jurujuba) e o plano de construção de dois emissários submarinos para jogar o esgoto no meio da Baía.

Fechando as atividades da Semana do Meio Ambiente, o Baía Viva organizou uma "bar- queata" pela Baía. Cerca de 200 pessoas passearam numa barca cedida pela Cia. de Navegação do Estado (CONERJ), assistindo aos problemas "in loco", sob a orientação de cientistas. Corais de música, cerveja e uma visita à ilha de Paquetá animaram os ma- nifestantes, além do show natu- ral do võo das garças e do nado dos botos, ainda sobreviventes.

Concluídos os estudos de sua equipe técnica, o Baía Viva atua-

.rá com suas propostas para in- fluenciar na correta aplicação do total de verba dos dois projetos para a Baía de Guanabara.

A Baía está viva! Sob os bra- ços do Cristo a boca banguela ainda inspira os poetas, o Caeta- no, anima os olhares cansados dos trabalhadores que fazem sua travessia diária e ilustra o melhor cartão postal do Rio de Janeiro.

Rogério Rocco

coordenador do Baía Viva pelo Movimento de Ecologia Social - Os Verdes e pela Apedema/RJ

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VIVA ALTERNATIVA

Não temos metade da população brasileira com água potável. Isso é

uma base, um bom ponto de partida para se compreender o que é problema ambiental no Brasil!

Nestor Borba, do Ministério da Saúde

NOS NA MÍDIA PAGINA 19

D CÓRREGO D'ANTAS NÂO QUER LIXO

Há vários anos que a Associa- ção de Moradores de Córrego D'Antas está lutando por uma so- lução para o destino do lixo pro- duzido por todo o Município de Nova Friburgo. Várias etapas fo- ram queimadas até o que foi de- terminada pelo Governo do Esta-. do a interdição do atuai vazadou- ro, em maio de 1990.

A interdição não foi efetivada, uma vez que a prefeitura apre- sentou um projeto de tratamento do vazadouro atual para não agredir o meio ambiente, lassa- do um ano não houve nenhuma mudança real da situação. Todos os dias o lixo depositado é quei- mado a céu aberto, produzindo uma densa fumaça que invade Córrego D'antas e áreas vizinhas (como Duas Pedras, Granja Spi- nelli, Jãrim Califórnia, São Geral- do, Santa Bernadete, Venda das Pedras e outras)'.

Estas fumaça causa proble- mas de baixa visibilidade na es- trada Friburgo-Teresópolis, doen- ças respitórias e de fundo alérgi- co, além de agredir diretamente o meio ambiente em vários aspec- tos, sendo a poluição do ar o prin- cipal. Os danos causados pelo vazadouro abrangem também a poluição da água do córrego, pro- liferação de uma imensa quanti- dade de moscas, urubus e ratos que levam a população a se ex- por ao perigo de doenças infec- ciosas. O lixo não sofre nenhum tipo de tratamento e a situação é agravada pelo lixo hospitalar des- carregado no vazadouro. Os mo- radores do Córrego D'antas, em assembléia geral, chegaram a conclusão que pelo menos a si- tuação da fumaça é insustentável e deve ser resolvida de imediato. Em conseqüência dessa decisão, está sendo enviado à todos os ór- gãos públicos responsáveis e in- teressados pelo problema, um apelo por uma ação imediata ur-

gente comunicando, também, o fato de que não mais ficaremos passivos, caso não haja um aco- lhimento de nossa reivindicação. Queremos esclarecer que esta atitude não está vinculada a ne- nhum movimento de interesse político-partidário, nem temos a intenção de nos colocar contra as autoridades responsáveis pela si- tuação atual. Estamos apenas pej

dindo um nível de vida decente no que diz respeito a nossa saú- de e as condições do meio am- biente em que vivemos. Uma vez que se trata de um problema que abrange todo o município, conta- mos com o apoio de todos.

Moradores de Córrego D'aritas (Associação de Moradores)

D PARQUE ESTADUAL DE ITAPOÃ

Depois de 18 anos, desde a criação do Parque Estadual de Itapuã, houve decisão unanime de Justiça do Estado do Rio Gran- de do Sul pela retirada dos inva- sores da Praia de Fora, uma das sete praias que integram o com- plexo. O Parque abriga ecossiste- mas originais que ocorriam em toda região da Grande Porto Ale- gre, sendo um dos últimos refú- gios para várias espécies amea- çadas no Estado (como o Bugio- Ruivo, A louatla fusca clamiians). Esclarecemos também que se trata da invasão de um parque estadual por pessoas que utili-

zam a área para veraneio e que não necessitam dela para a so- brevivência, contexto devida- mente apurado pela Justiça do Estado. Solicitamos o apoio de sua entidade enviando telegrama para a secretaria da Agricultura e Abastecimento do RS, órgão res- ponsável pelo parque, elogiando a decisão da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Endereço para os telegramas: Exmo Sr Aldo Pin- to — Secretário da Agricultura e Abastecimento do RS — Av. Ge- túlio Vargas, n0 i50l. Menino Deus - Porto Alegre (CEP) 90060.

Agradecendo sua atenção, Luiz Felipe Kunz Júnior

Vice-presidente da AGAPAN. membro da Comis- são de Lula por llapuã.

D CAATINGA, PERNAMBUCO Finalmente retor- no a nossa enti- dade depois de um longo perío- do de reuniões: Encontro de Caruaru: reunião da Coordenarão Nacional do Fórum de ONGs para a Unced/92. Por isso só agora pude preparar o material prometido. A questão central; aqui, é esclarecer o que ocorreu em relação à escolha das entida- des para a Conferência de Paris; no que se refere às entidades nor- destinas. Nós da Caatinga confir-;

mamos a validade do evento de!

Caruaru, embora tenhamos críti- cas a seu respeiio...

Telma Castello Branco, cenJ

tro de Assessoria e Apoio aos1

Trabalhadores e instituições Não Governamentais Alternativas, (Caatinga) Ouricuri, Pernambuco. -

Cara Telma. Sua carta, infeliz- mente, chegou atrasada ao fecha-- mento do jornal. Mas o material' sobre os encontros nordestinos' estão na pauta do próximo VIVA.;

Obrigado pela correspondência e, enquanto não chega o próximo número, fica com você nosso grande abraço. (A.P.)

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VIVA ALTERNATIVA

Novos CAMINHOS PARA A EDUCAçãO AM Por entender que os pro-

gramas científicos andam per- didos entre as conceituações de educação e de ecologia, a l-undação Biodiversitas, de Belo Horizonte, Minas Gerais, vem desenvolvendo um pro- grama piloto de educação am- biental vinculado à pesquisa científica. O programa se de- senvolve na ãrea do Parque Nacional de Caparão. "Faz parte de nossa nova estraté- gia na qual nenhum programa científico deve se desenvol- ver sem um paralelo de edu- cação ambiental", esclarece Célio Valle, presidenta da Fundação. "Embora ainda exista muita resistência, te- mos ampliado nossos progra- mas na área com animação cultural que vai desde o teatro até a publicação de material educativo. Já trabalhamos em Ouro Preto com uma compa- nhia mineira de teatro e temos buscado cada vez mais atingir Ó' grande público com inter- venções de arte".

O Programa de Capacita-

Foto: Ary Pararrálos DUCAÇAO AMBIENTAL

Celio Valle

ção em Educação Ambiental para Professores de Io e 2o

graus da Região Vizinha do Parque Nacional de Caparão é parcialmente financiado pela U.S. Fish and Wildlife Service. Concentra esforços interdisci- plinares de professores do Colégio Técnico-Coltec e do Centro Pedagógico da Univer-

sidade Federal de Minas Ge- rais. E mobiliza recursos hu- manos, políticos, materiais e científicos do Ibama-MG; das reitorias de Extensão e Gra- duação e do Coltec da UFMG; da prefeitura municipal de Ca- parão e da 40a DRE da Secre- taria Estadual de Educação de Minas Gerais e da Fundação Biodiversitas.

Segundo o professor Mar- cos Nicácio, da Divisão de Educação Ambiental da Biodi- versitas, o município de Capa- rão foi escolhido por ter sido considerado propício pela sua densidade demográfica, pela situação geográfica e pela ca- rência de informação. "Procu- ramos envolver todos os pro- fessores e não só parte deles, numa construção mútua de conhecimento, do fazer- refletir-refaz:er, superando-se, assim, um mero treinamen- to"; esclarece; Correspondência para a Fundação Biodiversitas deve ser enviada para caixa postal 2462 (31010) Belo Horizonte, MG. Fones (031) 443-2719 e 443-2119, Fax (031) 441-7037

Instituto Yang de Terapias

Alternativas

SMHN - ED. DE CLINICAS - SALA 108

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VIVA ALTERNATIVA ''() próprio Lutzenbcrgcr não csiá satisfeito com seu desempenho, pois a função não

está lhe permitindo usar a força e sabedoria que tem caracterizado suas ações no

passado. Mas é um ambientalista antes e acima de tudo".

Jonathon Porrlt

.Ama DELLA

TERRA

CONTINENTE PÁGINA 21

ENCONTRO DA

AMERICA

LATINA EM SP Com a presença prevista de

180 participantes, realizar-se-á de t a 3 de outubro em São Paulo, (apitai, a Conferência Regional Latino-Americana de Oirganiza- ções Não Governamentais Prepa- ratória para a I-JCO-.92. A realiza- ção é de Amigos da Terra Inter- nacional e AÍ)I:G (Associação De- mocrática Peminina Gaúcha) Amigos da Terra Brasil e o encon- tro se dará no Memorial da Amé- rica Latina, Av. Mário de Andra- de, 664 (01156) São Paulo, telefo- ne (0055-ir, I)DI, ou 011, DDD) 82;}-961l, l'ax 825-7545, telex 24190. As inscrições estão aber- tas para 100 ouvintes ou observadores.

límbora produzido e patroci- nado pelos Amigos da Terra In- ternacional, por seu secretariado em São Paulo, a realização da conferência é também comanda- da pelas suas secções brasileira e latino-americana. Hssas três instâncias, acompanhadas de re- presentantes de organizações não governamentais do Peru, da Argentina, do Chile, da Bolívia, e de Curaçao, das ilhas do Caribe, das Guianas, do liquador, da Ve- nezuela, da Colômbia, do México, da Nicarágua, do Uruguai, do Pa- raguai e do Brasil reunidos em Cuenca, Hquador, em abril, apro- varam a secretaria executiva em São Paulo sob supervisão de Tlerra Viva-l-xuador para geren- ciar o evento,

l-riends of lhe Harth Interna- tional, FoEl (Amigos da Terra In- ternacional), é uma das maiores redes internai tonais de organiza-

AGENDA PHEUMINAR

ScHumtH :m/o!i Jf KcfciHão <'<' (onvkiaddfi duranU' o (lia: crcdrnriamcnto, (Usrnhuiíào (k' material, aíomodat.ão cm hotns whoo: roquctrl rir rcíciHão a tanvklaíios no MASI' ou no Cctmo Cultural São Pauto.* JllrrKi: Ajm-íiniUHjâo rir esirotáruio mltural.'

ferva ol/KI 08h to; Sairia rio hotel em ônibus esfjecia! [>ara Memorial ria Améirra t-álina. Autlilórlo Simon (tollvar Oííhrx); Crerietieiamemo rios partkipantes no hiver (>tih:«): AlK^nura oíirtal - Reunião Plenária; apreseniaeão ria j)aula iíerai, [raiestras ou lrat)altu»s. Hhiftí: l*ainel ■IlisWma ria Amériea Lítüna"', Confereneistas r onvirlarlos.

uh to; Almor,r). l4hi)o Painel ''UNOil) 9í": apresr-ntaráo rio Pórum de ON<!s Irrasileiras. liih.lO: Painel "As Rfiavóes Nr>rle/Sul": aprr*senta(,ã(í AUl-Xi — Amijíos ria Terra lírasil lKh;«i: Mesa Herkmria - "■Desenvolvimento Susteniado. ONÍis e Mr>vinientr)s Populares". johoo; \'()lta para o hotel em rmilKts (!S|X'rial.

2th(Ni; tatitar.

Quana IWÍO llotcl l.itaüuá - Convenr/ões l((l» anrlarí. (Kthrxi: Reuniões rins (iruixis de Tratialho por 'lemas; Clima Oreanos linjílêsi Produtrrse Rr^sírlurw'lóxiros

I ranslerênria rle Ternlojíias. 1 er noio({ias Apropriadas e Patrit. .miais.

ções em campanha para proteger o meio ambiente. Fundada em 71, abriga hoje 43 grupos distribuí- dos em todos os continentes do Planeta. Sua maior característica é a pressão sobre os tomadores de decisão em todo o mundo en- volvendo os cidadãos preocupa- dos com a degradação ambiental.

O italiano Roberto Smeraldi. presidente da PoHl, que acompa- nhou o polêmico Programa Piloto para a Amazônia e foi seu defen- sor junto ã Comunidade Huro- péia, não tem dúvidas quanto ao atual prestígio de sua organiza- ção. "Nossa estrutura foi muito fortalecida em 1986 com a criação do CHAT, Coordenação européia dos Amigos da Terra, da primeira rede regional da PoHl ligando os grupos membros da CH". Smeral- di esclarece também que cada unidade nacional da entidade

KIWO; Almr«,o

I4h(«): Reuniões rk)s Grupos de Trabalho lliodiversidade. líioteenotogia Agricultura Amazônia Intcgravão Latino Americana — Iniciativa das Américas i7hoo; Saída de õnilius especial para Memorial da Amédra latina. Audilõrio simon líolívar IKhlKt: Mesa Rerkrnda - "Kitacaçâo". ^oh(K): Volta de órãbus es|)ecia! para Hotel C .laraftuil, 2lh(K); Jantar Quinta mm d«h(Hi: Saida de õnilxrs esfMMial para Mr-morial ria Amérka latina, Audilõrio Simon lírriívar 09h00: Reunião l^enária - Apresr-ntacao das conclusões dos (irupos rle Trabalho petos rela- tores a serem referendadas jrela Plenária; DeíinKão rias equi|K's rle redatorr;s para dor u- : rnento final rrHn resullades rkrs painéis e íkist (irupos de Trabalho, com IKOíKJSUíS de a<;âo. O' ( (Irniímentr) finai será aprr-sentado no i;ncontro de Paris em rie*ml)m «1 líiboo; Saída de ônibas es[K-cial para Hotel .laraguá. iah.'ít}: AlmrHr) i.'lh.to: Reunião das equi[M'.s rk" redatores: Tarde livre [rara demais parliripantes. Opção dr' city lour por São Pauio. KihiO; Sairia de õnilius especial [rara Memorial ria Amérira 1.atina- Aurlitõrio Simon • Holfvar 17h:itl; Reunião Plenâriit para U:ilura de HrM^u- iT«'ntr)s: línrerramr^nlo. 20h(K): Volta em ônibus es^cial para Holel' jaraguá. 'Mm: lanlat Úr des()edida

tem funcionamento jurídico auto nomo e independente com métó-' dos próprios de atuação.

A ADIXi iniciou sua militancia ecológica em 1972 filiando-se a PoHl em 1981, como decorrência' de suas campanhas internacio- nais iniciadas em 1976 contra as. queimadas da Amazônia desen- cadeadas pela Volkswagen; em 1978 na Operação Hermegildo — que preconizava a regulamenta- ção de uso de produtos químicos jã proibidos em seus países de origem.

Magda Kenner é uma das suas coordenadoras, assina um boletim mensal da entidade no qual insere suas preocupações, que vão desde os direitos de ci- dadania até campanhas de pre- servação específicas. Magda par- ticipa do Conselho Nacional do Meio Ambiente-

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VIVA ALTERNATIVA "No caso de emissão de carbono, por exemplo, compartilhamos responsabilidades com todos os países. Portanto, não é humanitário o Objetivo de compartilhar os custos. (Como no caso da Polônia, por exemplo, que tem custos divididos com a Alemanha quando a poluição de uma atinge a outra...)"

JOSÉ GOLDEMBERG, Secretário de Ciência e Tecnologia.

PAGINA 22

T ERREMOTO

m 1985 o periódi- co criado por Teddy Goldsmith declarou guerra ao Banco Mundial e o colocou na al-

ça de mira dos ecolo- gistas, por financiar projetos faraônicos de desenvolvimento que em geral só resultam em degradação social e ambiental para os países periféricos, além de atrelá-los ain- da mais às prioridades do sistema econômico Central. Hoje, pouca gente se anima a sair em defesa do Banco Mundial, e o seu presi- dente está aprendendo bem depressa a usar o Vocabulário ecológico f- por força das cir- cunstâncias — depois de ampliar o departa- mento de meio am- biente para mais de 150 pessoas. O Banco Mun- dial perdeu aquela 'autoconfiança' do passado e está atravessando uma crise profunda de identidade. Jamais será o mesmo.

Em ediçáo recente, o The Ecologist, ines- peradamente, virou a mesa em cima dos diri- gentes da organização da ONU para alimenta- ção e agricultura — FAO, na pessoa de seu pre- sidente o Sr. Edouard Saouma. Acusa-o de ser um autocrata que pão permite a discussão in- terna sobre as políticas implementadas pela FAO, organização criada nos tempos do colo- nialismo e que ainda mantém aquela postura dos velhos tempos em relação ao desenvolvi- mento agrícola nos países do Terceiro Mundo; promove culturas de exportação e aplicação de pesticidas e fertilizantes, desprezando o po- tencial e a sabedoria dos métodos tradicionais de agricultura. Afirma que a FAO precisa de uma reformulação completa tanto em sua filo- sofia como em suas estruturas e funções, con- tinua o periódico, num artigo demolidor assina-

THE ECOLOGIST E

NAF AO

do por Khalil Sesmou, pseudônimo de um funcionário do alto es- calão da organização.

A performance da FAO é avaliada com base no montante de recursos que ela con- some e não na eficácia de seus projetos; igno- ra a voz das popula- ções a quem deveria ajudar e tem ligações estreitas com as multi- nacionais do agrobusi- ness, cujos produtos promove ativamente.

O número especial dedicado à FAO come- ça com uma carta aber- ta (que publicamos a seguir) denunciando a organização e comuni- cando o lançamento de uma campanha contra a mesma. E continua com vários ensaios analisando programas específicos da FAO e sua atuação no Tercei-

ro Mundo, além de alguns aspectos da proble- mática agrícola em geral, tais como a Revolu- ção Verde, a FAO e o uso de pesticidas; a FAO e a silvicultura; FAO, piscicultura e o manejo de recursos hídricos; análise do documento básico da FAO, Agricultura Mundial, Rumo ao Ano 2000; agricultura tradicional na América Latina, etc...

É certo que este foi apenas o início de uma campanha que vai botar a FAO e suas fórmu- las agrícolas no pelourinho da discussão ecológica.

Já não é sem tempo. Pois não é possível discutir ecologia e desenvolvimento sustentá- vel a sério sem passar pela questão crucial da agricultura — uma das atividades humanas mais difíceis de compatibilizar com a preserva- ção do meio ambiente, particularmente em se tratando da agricultura intensiva, industrial; aí o que era desafio vira, decididamente, impossibilidade.

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VIVA ALTERNATIVA

PAGINA 23

Foto: Mlchael Ende

Agricultor pomerano pulverizando agrotóxico sem proteção, no Espírito Santo

CARTA ABERTA AO DIRETOR GERAL mrAO Caro Sr. Saouma

Esta carta é para informá-lo de que nós estamos lançando uma

campanha internacional induzindo os estados membros da ONU para que

evitem pagar suas contribuições à FAO até que seja feita uma

reavaliação radical de suas políticas, e uma completa reestruturação da

organização. Nós decidimos tomar este caminho porque estamos

convencidos de que as políticas promovidas pela FAO — pelas quais o

senhor, como diretor-geral, é o responsável máximo — constituem uma

das causas principais da fome, da destruição ambiental e alienação

social existentes no mundo.

E neste número do The Ecologist nós fundamentamos esta acusação.

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VIVA ALTERNATIVA

PAGINA 24

QUINZE ANOS DE FRACASSOS Em 1974, dois anos antes de sua eleição

para este cargo, as Nações Unidas patrocina- ram a Primeira Conferência Mundial Sobre a Alimentação, em Roma. Em seu discurso à Conferência, Henry Kissinger prometeu que "em uma década, nenhum homem, mulher ou criança, irá dormir com fome". A FAO apoiou esta visão e iniciou uma série de programas ambiciosos que, em sua opinião, aumentariam a produção de alimentos e erradicariam a fo- me no mundo.

E, no entanto, depois de uma década e meia, há mais gente morrendo de fome do que em qualquer outro período da História Huma- na, o meio ambiente está mais degradado do que nunca, e as condições para a produção de alimentos nunca foram tão desfavoráveis. O continente africano combaleia ãs margens do abismo da fome, com dois terços de seus paí- ses devastados pela falta crônica de alimentos e a desnutrição. E o panorama não é muito melhor no Sudeste Asiático, na América Lati- na, na índia e no Paquistão, onde milhões de crianças sofrem as conseqüências da subnutrição.

Como no passado, o senhor atribuirá a res- ponsabilidade por esta imensa tragédia huma- na ã falta de recursos, ou à incapacidade de "camponeses ignorantes" em aplicar os mo- dernos métodos agrícolas preconizados pela FAO.

Mas desculpas não resolvem, Sr. Saouma, São suas políticas e seus métodos que estão errados, e náo os camponeses ou a falta de re- cursos. Tanto na agricultura como na silvicul- tura e na piscicultura. Vossa Senhoria tem pro- movido políticas que beneficiam os ricos e po- derosos às custas da subsistência dos mais pobres. Políticas que, sistematicamente, criam as condições para a fome em massa.

FAO: A MÁQUINA DA FOME Como muito acertadamente coloca o Movi-

mento Internacional para a Agricultura Ecológi- ca: "A história da fome é uma história de siste- mas econômicos e sociais injustos que, fre- qüentemente em combinação com a degrada- ção ecológica, marginalizaram os pobres e os

privaram de seus meios de subsistência". A ação da FAO não se baseia nesta sim-

ples verdade. De fato, no último quarto de sé- culo, ela tem evitado sistematicamente o con-- fronto com as verdadeiras causas políticas e sociais da fome e da desnutrição. Em 1979 a FAO organizou a Conferência Mundial sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, que concluiu com o que o senhor chamou a "Carta dos Camponeses". Mas a FAO se recu- sou a aceitar o desafio da reforma agrária: pre-

feriu continuar no caminho, politicamente con- veniente e fácil de atribuir os problemas à falta de produção e de "demanda efetiva".

Vossa Senhoria apoiou vigorosamente a "Revolução Verde", a qual promoveu uma es- tratégia agrícola baseada na produção intensi- va através do uso de insumos industriais, ar- rastando os produtores rurais para a economia de mercado e promovendo o desenvolvimen- to orientado para a exportação. É uma estraté- gia que intensificou e estendeu a sombra da fome, fortalecendo exatamente aquelas forças que reduzem a disponibilidade de alimentos para os pobres. O número de camponeses sem terra aumentou, assim como também a concentração da riqueza e a degradação do meio ambiente, ao passo que os sistemas de agricultura ecologicamente saudáveis são me- lodicamente solapados (vide Vandana Shiva).

E não poderia ter sido diferente... Ao pro- mover o uso de insumos externos — isto é, fer- tilizantes, pesticidas e "sementes melhora- das" — a FAO colocou os produtores rurais nas mãos daqueles que controlam tais insu- mos, criando dependência onde havia inde- pendência, forçando os produtores a compra- rem aquilo que era de graça, e amarrando-os a um sistema que exige o aumento constante de fertilizantes para manter os níveis de produ- ção, assim como do uso de pesticidas e do en- dividamento. Dessa forma, os lavradores, que anteriormente separavam suas próprias se- mentes para a semeadura do ano seguinte — auto-abastecendo-se de forma gratuita — com as sementes híbridas promovidas pela FAO, se vêem obrigados a recorrer as companhias de sementes, se quiserem plantar. E tem mais: agora as sementes são desenhadas para pro- duzir somente com a utilização de fertilizantes.

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VIVA ALTERNATIVA

PAGINA 25

Foto: Mário Friedtander

Crianças fazem plantio de árvores na cabeceira do Rio Jamacá, C. dos Guimarães, Mato Grosso

Assim, não é de se admirar que milhares de la- vradores sejam levados à falência, que as áreas agrícolas se concentrem cada vez mais nas mãos daqueles que possuem capital para comprar os endividados, e que as campanhias de sementes, de pesticidas e fertilizantes ago- ra tenham escravizados os agricultores.

A mecanização da agricultura também trouxe conseqüências desastrosas. Em muitas áreas, a introdução de maquinaria na agricultu- ra mudou a própria base social e econômica sobre a qual se assentava o trabalho agrícola. Tarefas que anteriormente requeriam coopera- ção entre os lavradores podem agora ser exe- cutadas com a máquina; e aqueles que podem comprá-las podem também escolher sua mão- de-obra sem precisar se preocupar com as obrigações sociais; e freqüentemente podem também ampliar a extensão de suas terras às custas dos mais pobres, graças ao maior con- trole sobre a produção que a mecanização lhes permite. Lavradores independentes são assim transformados em trabalhadores assala- riados, cuja remuneração e condições de tra- balho são determinadas pelas "forças do mer- cado". Num contexto assim, a liberação da mão-de-obra, através da mecanização, tem co- mo conseqüência a crescente marginalização

das populações rurais, que são expulsas do sistema produtivo para engrossar o número dos desempregados. Em um mercado domi- nado pelo grande comprador, e sem proteção legal ou sindical eficaz, os salários reais da mão-de-obra rural em muitos países do Tercei- ro Mundo sofreram quedas que tornam as con- dições de sobrevivência dos mais pobres ain- da mais precárias.

A mecanização, a criação de uma massa de camponeses sem terra, a introdução de cul- turas não-tradicionais e a disponibilidade de fertilizantes têm permitido aos agricultores mais ricos aumentarem o tamanho de suas propriedades, seja pela abundância de mão- de-obra disponível, ou porque a introdução de maquinaria e outros insumos agrícolas lhes permite cultivar terras antes consideradas marginais. Um dos resultados tem sido a ele- vação do preço da terra, o aumento da espe- culação e das taxas de arrendamento, pioran- do a situação dos lavradores e fomentando a violência no campo. Em alguns casos, os la- vradores vendem suas terras; em outros, eles são simplesmente despejados de suas pro- priedades por pistoleiros de aluguel. Em am- bos os casos, são os grandes proprietários que saem fortalecidos, às custas dos mais pobres.

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VIVA ALTERNATIVA

Na minha terra não se come carne de jacarés. Mas se eles não forem mortos as pessoas não conseguem morar lá

RICARDO MORAES, deputado federal pelo PT de Amazonas.

PAGINA 26

0 CONTROLE DAS CORPORAÇÕES C"

A constante promoção de culturas para a exportação por parte da FAO tem contribuído para agravar ainda mais as conseqüências so- ciais e econômicas dessa "intensificação" da agricultura. Em alguns países, quase a totalida- de das melhores terras agrícolas são usadas para culturas de exportação — inclusive para produção de cravo e algodão, ou seja, para ííQS não-alimentícios. Na Guatemala, por exemplo, a área dedicada à produção de café sii^iu quase um terço entre 1950 e 1977, en- quanto que a de algodão saltou de 5.000 hec- tares em 1948 para 89.500 em 1967. Nas Filipi- nas, a metade das melhores terras agrícolas são usadas para culturas de exportação, imen- sg? plantações expulsaram milhares de lavra- dores, forçando-os a cultivar terras marginais, menos produtivas, com previsíveis conse- qüências ecológicas. Quem se beneficia com isto são as multinacionais e as elites do Tercei- ro. Mundo.

A FAO nunca explicou satisfatoriamente como o incentivo ãs culturas de exportação se compatibiliza com a sua meta de "eliminar a fome e a pobreza rural". Por definição, os ali- mentos que se exportam não podem ser con- sumidos pela população local, isto é evidente, no entanto, a FAO persuadiu os produtores do Terceiro Mundo a plantar para exportar. Em' 1973,36 das nações mais gravemente afetadas pela fome e desnutrição exportavam alimen- tos para os Estados Unidos — uma dinâmica que ainda hoje continua. Na verdade, o Tercei- ro Mundo como um todo exporta mais alimen- tos para os países industrializados do que im- porta ou recebe em programas de ajuda. Co- mo é que o senhor pretende alimentar aqueles que passam fome no Sul exportando sua pro- dução de alimentos para as populações já so- brealimentadas do Norte? E para agravar a si- tuação, não são apenas os alimentos que são exportados: exporta-se também a biomassa de suas culturas, privando suas populações da fonte primordial de fertilidade do solo.

Foto: Ary Pararráios

O agricultor e vereador Rui em frente a sua casa em Alto Paraíso, Goiás

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VIVA ALTERNATIVA

"A luta ecológica no Brasil é indissiociável

da luta por diretos humanos"

Jonathon Porrit

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0 SUPERMERCADO GLOBAL De forma similar, a política de integração

forçada dos lavradores na economia do dinhei- ro — ou, segundo suas palavras, "transformar a agricultura num setor dinâmico" — tem servi- do apenas para dificultar ainda mais a situação dos pobres. No supermercado global, que suas políticas vêm ajudando a criar, gente ga- nhando talvez 25 dólares por ano — com a aju- da da sorte — devem ir ao mercado e competir pela mesma comida com gente que ganha 25 dólares por hora, ou mesmo por minuto. Em tais circunstâncias, não é de se estranhar que os alimentos circulem apenas em uma direção — rumo aqueles com dinheiro para comprá- los. Assim, somente os possuidores de renda suficiente para traduzir suas necessidades bio- lógicas em "demanda efetiva" conseguem co- mer e essa gente constitui uma parcela cada vez menor da população mundial. Conseqüen- temente, quando o lavrador se integra na eco- nomia de mercado, seu padrão de alimentação piora, como demonstram varias pesquisas. E isto ocorre, basicamente, porque ele não tem dinheiro para comprar o alimento que antes produzia.

O senhor não parece muito preocupado com isto. Na medida em que um país pode sa- tisfazer essa "demanda efetiva" de alimentos produzidos comercialmente, como o trigo, o senhor o considera "auto-suficiente". É com base nesse tipo de raciocínio que Vossa Se- nhoria proclama orgulhosamente o sucesso da índia — ignorando alegremente as muitas de- zenas de milhões de indianos que sofrem de desnutrição, e que muitos dos produtos que o senhor usa como indicadores de auto- suficiência não fazem parte da dieta da imensa maioria da população. Este é apenas um exemplo da maneira estreita e parcial com que Vossa Senhoria aborda os problemas da fome.

ALGUMAS PERGUNTAS Poderíamos continuar. Poderíamos deta-

lhar a devastação ambiental causada por suas políticas; poderíamos mencionar o número de pessoas mortas e envenenadas por pesticidas, e a conseqüente violação dos direitos huma- nos que tem ocorrido (vide Barbara Dinham). A questão, Sr. Saouma, é: porque Vossa Senho-

ria se recusa a fazer uma reavaliação dessas políticas? Por que o senhor se opôs com tanta veemência a uma revisão séria e imparcial da FAO, proposta pela Noruega, em sua Confe- rência de 1987 e insistiu em acionar uma opera- ção de mascaramento de suas políticas? Por que, apesar da evidência de seus efeitos desj-,'■ trutivos, sua ünica resposta foi implementá-la^ com um vigor ainda maior? Agora Vossa Sé--: nhoria pretende levar a Revolução Verde aò Continente Africano. O senhor quer que os agricultores se convertam á biotecnologia. Ó' senhor quer que os governos sejam maíif agressivos na promoção do mercado livre pa- ra produtos agrícolas. O senhor quer que eles endossem as novas propostas do Gatt na Ro-,: dada do Uruguay — propostas que impedeiYr um país de proibir a importação de alimentos baratos mesmo que tais importações solapem a base agrícola do País; propostas que torna- riam ilegal, também, proibir a exportação de alimentos, mesmo em tempos de fome. Como tais políticas podem ajudar os pobres? (Con-'' sultar o The Ecologist, Vol. 20, n0 6,1990, para uma análise das novas propostas do Gatt).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO A única concessão que o senhor parece es-

tar disposto a fazer a seus críticos é revestir suas políticas na linguagem vazia, porém tão em voga, do "desenvolvimento sustentado", chegando inclusive a descrever seu último do- cumento — Agricultura Mundial: Rumo ao Ano 2.000 — como uma "transição rumo à agricul- tura sustentável" (vide Edward Goldsmith).

Mas o que há de sustentáel numa política que procura expandir o cultivo em terras que o senhor admite serem altamente vulneráveis à erosão e desertificação? Que procura aumen- tar as superfícies de irrigação perene em 20 por cento, quando a irrigação já está esgotan- do as fontes de água numa escala bem acima da sua capacidade de reposição? Que procura aumentar a produção pesqueira em mares os quais o senhor admite já estarem superexplo- rados? que procura aumentar o gado em áreas de pastagem que o senhor reconhece já esta- rem sendo usadas além de seus limites? Que busca proteger as florestas através da intensi- ficação de seu uso comercial ou

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Meu câncer aparceu há dois anos, um ano depois do acidente.

JOANITA SANTANA SILVA, uma das três vítimas com o Césio 137. em Goiânia

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VIVA ALTERNATIVA

desmaiando para aumentar a área de cultivo? O que há de sustentável em incentivar os produtores a implantar cultu- ras que exigem grandes quan- tidades de água numa era em que a escassez de água será, provavelmente, uma das maiores limitações à produ- ção? Que procura aumentar a dependência dos agricultores em relação aos combustíveis fósseis quando isto contribui- rá ainda mais para o aqueci- mento global? E de onde sai- rão os bilhões de dõlares ne- cessários para implementar o seu programa? O senhor diz que esta quantia se pode cap- tar através de impostos sobre os agricultores. Como isto poderá contribuir para ajudar aqueles que já estão quebrados pelo endividamento? Como poderão continuar subsistindo?

SEGURANÇA DE ALIMENTAÇÃO Sem dúvida que Vossa Senhoria nos res-

ponderá que, num mundo cada vez mais po- puloso, não temos outra saída a não ser o au- mento da produção agrícola através da intensi- vização da agricultura. Mas o aumento da pro- dução não conduzirá a nada se aqueles que a produzem não podem consumi-la ou se o seu meio ambiente sofre degradação no processo. A questão, senhor Saouma, não é como maxi- mizar a produção, mas como garantir que a po- pulação tenha acesso à comida. Já é hora do senhor aprender a diferença.

Em todos os países do Terceiro Mundo, as populações locais conhecem muito bem a im- portância de se garantir a disponibilidade de alimentos. E elas desenvolveram muitas e va- riadas estratégias agrícolas, exatamente para alcançar esta meta. O senhor dirá que tais sis- temas são improdutivos e antiquados, e não têm capacidade de atender às necessidades da era moderna. Mas, nas necessidades de quem o senhor está pensando? Da indústria de pesticidas, dos fabricantes de tratores ou dos

1987. Edouard Saouma é aplaudido pelo presidente Soeharto, da Indonésia

empreiteiros construtores de grandes sistemas de irriga- ção? Ou, ainda, das elites polí- ticas dos países èm desenvol- vimento, seus aliados de confiança?

Esses sistemas podem significar tudo para aqueles que estão passando fome, aqueles que foram marginali- zados e empobrecidos pelo processo de desenvolvimen- to. O problema, sr. Saouma, não é o de que tais estratégias estejam superadas, mas o de que elas estão sendo sistema- ticamente solapadas pelas po- líticas agrárias que V. Senho- ria está promovendo.

Na verdade, para garantir a disponibilidade de alimentos exige-se uma abordagem da agricultura que, em quase to- dos os aspectos, é o contrário das políticas atuais da FAO: * Ao invés de encorajar o aumento de mono- culturas, deve-se encorajar sistemas baseados na diversidade de culturas - protegendo, as- sim, a diversidade genética, minimizando os danos de possíveis pragas sem ter que recor- rer ao uso de pesticidas e salvaguardando os lavradores contra os caprichos do clima (vide Miguel Altieri); * Ao invés de encorajar sistemas agrícolas ba- seados em altas inversões em recursos e capi- tal, e de gestão burocratizada, deve-se apoiar uma agricultura onde o controle dos recursos e os processos de decisão estejam nas mãos dos prõprios lavradores, e não de intermediá- rios ou de funcionários do governo; * Ao invés de estimular culturas para exporta- ção, incentivar a produção de alimentos para a população local, deixando aos lavradores es- colherem as culturas de sua preferência e sem os ditames do mercado internacional; * Ao invés de estimular um intercâmbio co- mercial que sõ beneficia os países desenvolvi- dos e as elites do Terceiro Mundo, às custas do resto da população, deve-se estimular for- mas de comércio que favoreçam o desenvol-

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VIVA ALTERNATIVA A leitura do Relatório Nacional (ou subsídios) para a Conferênda da ONU nos surpreendeu. Itens

sérios, tidos como temas globais e essenciais, foram deixados de fora, como tratamento de água

doce e controle de dejetos químicos tóxicos.

NESTOR BORBA Ministério da Saúde. Em reunião da Cima

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vimento da auto-suficiência local; * Ao invés de incentivar o processo de con- centração da terra nas mãos daqueles que não sentem o compromisso de produzir para ali- mentar a população local deve-se colocar re- cursos locais para as comunidades que depen- dem desses recursos para sua sobrevivência.

LUTANDO PELOS AGRICULTORES

Nós não temos nenhuma dúvida de que existem grupos de pressão fortíssimos traba- lhando para que a FAO mantenha suas políti- cas atuais — desde construtores de barragens e sistemas de irrigação até a indústria agroquí- mica e fabricantes de maquinaria agrícola. Pa- ra eles, a introdução da agricultura intensiva no Terceiro Mundo é uma verdadeira mina — em que a exploração é feita às custas dos po- bres e das gerações futuras. Seu trabalho de- veria ser o combate ao oportunismo evidente desses grupos de pressão, e não a promoção de um sistema de agricultura industrial em be- nefício deles. Os agricultores do Terceiro Mun- do não precisam dos conhecimentos e da ex- periência da FAO. Sabem muito mais como cultivar suas terras do que todos os experts. E se existe uma área em que a FAO pode e de- veria servi-los, é na defesa de seus interesses contra aqueles que ameaçam destruir a base

de sua subsistência, ajudando-os a enfrentar aquelas questões que eles não podem enfren^ tar sozinhos. A FAO deveria estar se juntando à luta para reduzir a emissão de gases que pro- vocam o efeito estufa, ao invés de promover uma agricultura que contribui para o seu au- mento. Deveria estar lutando para prevenir que recursos hídricos e solos sejam utilizados para atividades não-agrárias, ao invés de prov mover a expansão da indústria. A FAO deveria estar lutando para evitar que os recursos de alimentação dos que passam fome sejam exportados. >1

Mas acontece que, ao invés de fazer causa comum com os agricultores, que a FAO úa apoiar, o senhor tem consistentemente defen^ dido interesses industriais. E não resta a me^ nor dúvida que com isto a FAO tem conquista^ do grandes aliados — particularmente entre as multinacionais. Também é verdade que tudo isto ajuda a aumentar vosso poder e influência pessoais. Mas nem o senhor, ou os seus env pregados, tem tido que pagar o preço: são os pobres e os famintos, cujas vidas têm sido ar- ruinadas — e, demasiadas vezes, perdidas — por culpa de suas políticas.

Por todas essas razões, sr. Saouma, nós estamos lançando esta campanha.

Nicholas Hildyard pelo The Ecotoglst (Tradução; Humberto Mafral ' Segue uma lista de 46 organizações ambientalistas e de agricultura sustentável, do mundo inteiro, que endossaram esta carta.

:

0 QUE VOCê PODE FAZER

Escreva para o The Ecologist

■ÉfMHI

A redação do The Ecologist gostaria de receber as impressões, críticas ou o apoio (na forma de endosso a esta carta) de organizações atuando na área do meio ambiente, agricultura, desenvoMmento oü justiça social, saúde no meio rural, etc. Endereço: The Ecologist Corner House, Statlon Road, Sturminster Newton, Dorset, DTiO 1BB, Inglaterra.

Escreva para a FAO

Se vovê concordar, escreva cartas de apoio a esta campanha para os seguintes endereços: Mr. Edouard Saouma, Diretor Geral, FAO vila Delle Terme di Caracalla, ooioo Roma, Itália. FAO — Escritório Regional para a América Latina Casilla 10095, Santiago, Chile Escreva também para a imprensa, discuta com os amigos e divulgue-a entre as outras organizações do movi-

mento social.

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VIVA ALTERNATIVA

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Carlos Aveline e João Paulo Capobianco em reunião da CN na redação do Viva Alternativa

P R E P C O M

GENEBRA ABRIGA P REPARATORIA PARA RIO 92 Com duração de 15 dias lerminou no dia 4 de se- tembro a terceira reunião do Prep- com (Comitê Pre- paratório da ONU) em Gene- bra, Suíça. O co- mitê reúne dele- gações oficiais e setores "indepen- dentes" que participarão da II Confe- rência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Eco-92 ou Rio-92. Da delegação do setor não-oficial brasileiro partici- param os representantes do Fórum de ONGs (Organizações Não- Govemamentais) brasileiras Carlos Aveline, Rubens Bom, João Paulo Ca- pobianco, Tony Gross, Muriel Sara- goussi, Manoel Rangel e Liszt Vieira.

Para Capobianco, a convenção sobre florestas, que obrigaria a uma tomada de posição mais firme dos go- vernos sobre o tema, considerado de importância básica para a continuida- de de vida no Planeta, ficou reduzida a um protocolo/carta de princípios, base para futura elaboração de uma convenção. "Há muita intransigência de parte a parte, entre países do Nor- te e do Sul, que pode atrapalhar o su- cesso da reunião do ano que vem", opina Capobianco. "Também sobre

biodiversidade, as posições são mui- to divergentes. Há uma completa dis- sonância sobre os direitos dos países que possuem os grandes ecossiste- mas e os consideram produtos expor- táveis - caso em que predominam os países do Sul -, e as intenções dos países do Norte que alegam serem os grandes ecossistemas patrimõino da humanidade mas nâo abrem mão do alto preço que cobram por patentes desenvolvidas a custa desse patrimônio".

O deputado Fábio Feldmann, que esteve como observador em Gene- bra, detecta como obstáculo a falta de clareza nas posições brasileiras: "Não consegui ver, atê agora, qualquer de- monstração de liderança do Governo brasileiro, aproveitando o fato de ser ele o anfitrião, para exigir dos grandes um novo comportamento ético. Só um trabalho integrado das socieda- des civis através de ONGs daqui e de fora podem mudar a posição conser- vadora dos países do Norte e tornar mais clara a postura brasileira".

REDES INTERNACIONAIS

Na costura entre diversas redes internacionais fortaleceu-se a latino- americana de ONGs. Há um consenso entre elas de que as alianças do Fó-

rum brasileiro com o IFC, Internatio- nal Faciliting Committe e o Steering Commite são preocupantes pelo seu caráter oficial que não prioriza as arti- culações internacionais entre ONGs e movimentos sociais. Algumas entida- des latino-americanas concordam com a tese de que os comitês oficiais procuram evitar o destaque desses setores na reunião de 92.

O Fórum brasileiro, que aceitou com endosso das redes internacio- nais a parceria com os dois comitês. Considera irrelevante tais preocupa- ções já que seu compromisso é com as ONGs e movimentos populares. "Não vamos permitir que o IFC, com o qual mantemos uma aliança prag- mática (ou casamento de interesse, como alguns gostam de chamar) In- terfira com intenção de esvaziar o evento. Pelo contrário, achamos nos- sa presença importante justamente para salvaguardar nossos interesses. Quanto a nossa participação no Stee- ring Committe, nâo pensamos em estendê-la além da reunião de Paris, que se dará em dezembro. Até lá, atuamos como vice-presidentes, jus- tamente para garantir presença maior das organizações não- governamentais latino-americanas", defendem Rubens H. Born e Muriel Saragoussi, representante do Fórum brasileiro no SC.

ECOFORUM

VI ENCONTRO NACIONAL O Fórum de ONGs Brasileiras Preparatório Para a Conferên-

cia da Sociedade Civil Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen- to de 1992 convoca seus associados para o VI Encontro Nacio- nal a ser realizado em Sâo Paulo nos dias 27,28 e 29 de setem- bro do Palácio das Convenções do Anhembi, auditório Elis Re- gina. A abertura está marcada para as l9hoo do dia 27, sexta, e os trabalhos tomarão todo o dia de sábado (das Shoo âs 22hoo)

e parte do domingo (das 9hoo às I8h00). O Fórum recebe inscri- çóes pelo fax (Olí) 885-1680, pelo telefone (dl) 887-1195, ou por carta a ele endereçada ã Rua Manoel da Nóbrega, 456 - 04001 - São Paulo/SP. A taxa de inscrição não obrigatória é de 4 mil cruzeiros. Ainda não eslão garantidas alimentação e hospeda- gem aos participantes mas a Secretaria Executiva procura atender a essas necessidades. Entidades que queiram mostrar qualquer tipo de trabalho (textos, painéis, obras de arte, ví- deos, etc,) devem comunicar com antecedência suas propos- tas para providêcias logísticas devidas. O formulário próprio para as inscrições deve ser solicitado também à secretaria exe- cutiva, no endereço já fornecido acima.

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VIVA ALTERNATIVA

Se os governos não estão encontrando soluções para os problemas é porque eles fazem parte dos problemas

Rubens Harry Bom, no Prepcom

PREPCOM PAGINA 31

0 GUARDA-CHUVA Junto ao IFC, que por sua vez é di-

retamente ligado à Secretaria Geral da ONU, o Fórum do Brasil gerencia a sé- rie de eventos já denominada Guarda- chuva. Ao abrigo desse guarda- chuva estarão instalados seminários, exposições, oficinas de trabalho, gru- pos de estudo, performances de arte, convenções, conferências, palestras, etc, da sociedade civil como um todo, os "setores independentes", no en- tender das Nações Unidas. Fazem parte deste grupo" empresários, cien- tistas, trabalhadores, associações de bairros, sindicatos, e demais organi- zações sociais.

Inicialmente, para a administração desse Guarda-Chuva, foi criado um Grupo Internacional de Apoio. Na reu- nião do Prepcom em Genebra, das ar- ticulações de redes, principalmente latino-americanas, ele foi substituído por um grupo de trabalho mais efi- ciente e com mais poder: passa de grupo de apoio, que necessariamente não significa respaldo para os brasilei- ros, para uma coordenação interna- cional com dois assentos para cada região do Planeta, quatro para coali- zões internacionais e um para o Fó- rum do Brasil. É o Task-Force, que vem reforçar articulações políticas ini- ciadas em reunião internacional, reali- zada em maio no Rio de Janeiro, an- tes do V Encontro Nacional do Fórum.

ORGANIZAÇÃO BRASILEIRA

O Fórum brasileiro de ONGs possui, ho- je, mais de 700 enti- dades apôs pouco mais de um ano de existência. Possui uma Coordenação Nacional composta de 26 entidades e uma Secretaria Exe- cutiva de seis esco- lhidas entre as da CN. Na reunião com grupos internacio- nais a CN decidiu acatar proposta do Museu da Repúbli- ca, no bairro do Ca- tete. Rio de Janeiro, para nele situar seus escritórios adminis- trativos. Entendia ela que qualquer gasto de infra-estrutura logística devia ser feito sempre considerando o re- torno social para os moradores próxi- mos aos eventos. E a nova situação do escritório administrativo vinha da decisão de transferir para os espaços culturais do Aterro do Flamengo e ad- jacências todos os eventos do Guarda-Chuva. Assim, todas as ben- feitorias em teatros, auditórios, esco-

Ruben Born

Ias e demais bens públicos ficariam beneficiando a po- pulação, ao contrá- rio do que acontece- ria se aprovada a proposta anterior que sediava os eventos indepen- dentes no Autódro- mo de Jacarepaguá. "Além da economia' de dinheiro - a re- forma e adaptação; do autódromo iria" custar mais de 8 mi- lhões de dólares sem trazer qualquer benefício para a po- pulação - há a van-, tagem de se poder usar uma área que já tem infra- estrutura de trans-

porte, comunicação, etc, praticamen- te pronta. E terá também a população do Rio mais que próxima, dentro do perímetro dos eventos". Tony Gross, um dos responsáveis pela escolha dos novos espaços, é um dos mais ardorosos defensores da idéia. A cria-' ção de salas dentro do Museu da Re-' pública para administração dos even- tos do Guarda-Chuva faz parte dessa nova estratégia.

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AGNA UOS IGNORANTES TÈTf CATALÃO

1 T enhum ignorante será magno no sentido da magnitude sobe- 1 rana. Na era da arrogância, assumir sua santa ignorância é ali- 1 mentar que o saber não significa sobrar, soberba, nem mes- 1 mo, subir. É buscar o sábio e nâo o sabido. Está desperto sem

.. ' se preocupar em ser esperto. A santa ignorância aprende mas não apreende, entende que a

sta é fera porque por si só se basta de si e seus sinais em seu ca- lo, cláusulas de competência específica para encerrar-se nos mu-

das certezas que soam ocas como mortalhas. A ignorância é radical porque toma as coisas pela raiz. Está aber- apaixona-se pelo processo, encanta-se pelo enredo, mas não se

enreda pelo novelo. Ela entende que não são as asas que possibili- tam o vôo, mas as tentativas. Quer o movimento irregular dos rios e não o dos pêndulos. Não tem planos nem metas, mesmo para a me- tamorfose. Faz do porto um ponto de partida nem metas, mesmo pa- ra a metamorfose. Faz do porto um ponto de partida em permanente parto porque celebra a vida. A vertigem da ignorância é aceitar o "não sei" feito lucidez lúdica para escapar do jugo belicoso do "não- sim".

A visagem da ignorância é a constante luz além do limbo. Clama: a diferença nos une. Proclama: a diferença nos unge. Reclama: a di- ferença nos fará imunes ao contágio totalitário. Ao absoluto, o nosso luto.

A melhor resposta é a que provoca novas dúvidas. A inseguran- ça é doce porque abriga inúmeras descobertas. A fraternidade é im- precisa porque o dom da graça náo tem raça.

O que ignora, ora, quando procura. Está livre para todos os níveis por estar disponível. Julga mas nâo subjuga. Usa bulas mas nâo as acumula. Se apega apenas como circunstância da entrega, mas nâo se prega. Quer a comunhão consigo, com os outros e com o meio sem alterar o modelo, porque atua na medula.

Flutua sobre o que está demasiadamente firme, rijo, cadaverica- mente incondicional. Influi no que não admite contradição, sobre o que está umbelicalmente atado ao peso de sua imobilidade.

O que está seguro está em apuros. Aos que vivem sob extrema- do estado de garantias, recomenda-se a fragilidade volúvel e volátil da ignorância ativa. ^

Tanta cautela é o elo da tutela. Dar um assalto no escuro. Aos que temem riscos sugerimos o final do juízo e a fuga da narcose em- balada pelo narciso. Dependência é morte. Deus é grátis, mas guru cobra ingresso. A herança do parcial é a apólice da parcela. Sem res- gate. Dívida eterna pela ignorância se vê que divagar se vai ao longo.

O ideal é começar pelo possível. O erro é o melhor professor da rota. O certo só dura enquanto se adota. O pleno nâo tem rumo, fron- teira ou porta. Todo é tudo que náo se corta. Arte não se reparte. Sem enfarte. O sonho deixa de ser senha quando acorda e se trans- porta. Verdade se revela numa hora e na outra já é torta.

Às vezes o frágil é mais ágil para sair do estreito, do estrito, do restrito. Só o sectário seccioner. O ignorante confia no desafio. Quer mais autores e menos autoridades. Desdenha a facção científica.

O que fraciona é fratricida. Podemos reconhecer no desconhecimento, uma aliança quando

a gente decide ser. Quando a gente afirma "sei", seremos serenos, leves, solidários, à espera do contrário, do contraponto que rasga, nâo por mal, mas para nos ensinar que nascemos para perder cas- cas. A estupidez precisa de um basta, a imbecilidade cria castas, as feras sâo bestas que por si só se bastam, mas os ignorantes serão este improvável plasma infinito em exercício permanente do vir-a- ser para o servir.

Contra o demônio do domínio. Pois, se é do EU é céu e se é do ECO é cego.

Brasília, 4 de julho, 1991 1 Encontro Nacional de Ignorantes/Fundação da Cidade da Paz