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#4 Seminário Internacional de Educação e Sexualidade e #2 Encontro Internacional de
Estudos de Gênero.
“Fundamentalismos e Violências: o que temos feito de nós?”
19 a 21 de julho de 2016
LILITH E EVA: AS DUAS MULHERES ANTAGONICAS NO SISTEMA RELIGIOSO
Bruno Schwabenland Ramos
UMEF Professor Aylton de Almeida
Resumo
Há correntes de antigas tradições orais que definiam que Lilith foi à primeira mulher da criação,
há uma suposição que esta foi suprimida da Bíblia, onde aparece a figura de Eva tendo o título na
mitologia judaico-cristã como a mãe de todos os seres viventes. A parte mais polêmica da
cristandade é a submissão da mulher em relação ao homem, teoria interpretada de maneira
tendenciosa deixando clara a posição de gênero. Fato que vou levado à extrema neurose na Era
das Fogueiras, em que as mulheres supostamente com poderes de feitiçarias, foram submetidas a
torturas e a execução pública. Problema: Quais são os fatores envolvidos entre religião e a
violência contra mulher? A delimitação da temática está pautada na cristandade visto que o
sistema religioso é diversificado, portanto será abordada a construção de duas mulheres
antagônicas dentro do aspecto sagrado: Lilith e Eva. Objetivo: Analisar o papel ideal da mulher
no sistema religioso que atende o sistema patriarcal se é o arquétipo de Lilith ou Eva.
Metodologia: O Método a ser utilizado na fase de Investigação será a análise bibliográfica,
porque, para construir a fundamentação teórico-metodológica da pesquisa. Resultado: Por meio
das pesquisas foi observada uma forma diferente de violência promovida contra a mulher, não
aquela da Era das Fogueiras, mas de forma simbólica e ideológica. Conclusão parcial: A
Cristandade é cheio de divisões e subdivisões, para uma pesquisa mais apurada seria necessário,
percorrer a historicidade das principais igrejas históricas para saber se há violência entre
correntes tradicionais, pentecostais ou neopentecostais.
Palavra-Chave: Lilth e Eva; sistema religioso; gênero; violência; relações de poder.
Abstract:
There are schools of ancient oral traditions which defined that Lilith was the first woman of
creation, there is an assumption that this was deleted from the Bible, where appears the figure of
Eva taking the title in the Jewish and Christian mythology as the mother of all living beings. The
most controversial of Christianity is the submission of women in relation to man, theory
interpreted as tendentious leaving clear the position of gender. The fact that I carried to the
extreme neurosis in the Era of bonfires, in which women supposedly with powers of witchcrafts,
were subject to torture and the public execution. Problem: What are the factors involved between
religion and violence against women? The thematic delimitation is guided in Christendom since
the religious system is diverse, therefore will be addressed the construction of two women
antagonistic inside the sacred aspect: Lilith and Eva. Objective: To analyze the role of the woman
in the ideal religious system that meets the patriarchal system if it is the archetype of Lilith or
Eva. Methodology: The method to be used in research phase will be the bibliographic analysis,
because, to build the reasoning of the theoretical-methodological research. Result: By means of
research was observed a different form of violence against women, promoted not that the Era of
bonfires, but of symbolic form and ideological. Partial completion: Christianity is full of
divisions and subdivisions, to a more refined research would be necessary, scroll through the
historicity of the main historic churches to know if there is violence between traditional currents,
Pentecostal or neopentecostals.
Keyword: Lilth and Eva; religious system; gender; violence; power relations.
Introdução
Há correntes de antigas tradições orais que definiam que Lilith foi à primeira mulher da
criação, há uma suposição que esta foi suprimida da Bíblia, onde aparece a figura de Eva tendo o
título na mitologia judaico-cristã como a mãe de todos os seres viventes. A parte mais polêmica
da cristandade é a submissão da mulher em relação ao homem, teoria interpretada de maneira
tendenciosa deixando clara a posição de gênero.
Problema:
Quais são os fatores envolvidos entre religião e a violência contra mulher?
Objetivo Geral
Analisar o papel ideal da mulher no sistema religioso que atende o sistema patriarcal se é o
arquétipo de Lilith ou Eva.
Objetivos específicos
Pesquisar o mito de Lilith e Eva para compreender a mulher desejável para o sistema religioso.
Descrever se estes arquétipos ainda fazem parte da construção e desconstrução da mulher no
aspecto sagrado.
Verificar como as relações de poder fundamentam a estrutura da cristandade, a fim de, manter
uma “ordem universal”.
O mito de Lilith e Eva
Aproveitando o livro sagrado não terá como foco a discussão o poder transcendental desta
literatura, mas a visão mitológica da criação os primeiros seres humanos. Neste versículo fala de
uma era mitológica habitada por um Poder Superior, no qual ele por meio de poderes mágicos
teria criado o primeiro homem, em oposição à teoria da evolução que defende que o homem veio
do macaco. De acordo com Gênises:
“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou.” (GÊNISES 1:27)
Uma contradição aparece entre estes dois capítulos, na primeira citação o homem foi
criado em pares ou casais da mesma forma que os animais, entretanto, onde estaria a primeira
mulher. Será que este ser Superior, Deus na concepção de cada um, teria punido a Lilith ou está
foi retirada de propósito por Moises (segundo a tradição judaica escrevera os cinco primeiros
livros da bíblia). Na primeira cena o primeiro casal foi criado de uma maneira especial, supõe-se
da mesma matéria (barro). Isto haveria de alterar a ordem cósmica, tem-se a ideia de um Deus
masculino, não poderia ser este um andrógeno (masculino e feminino ao mesmo tempo)? A
primeira esposa desapareceu misteriosamente da história, fazendo uma conjectura talvez esta
alterasse profundamente as relações de poder entre homens e mulheres. Segundo o conto
mitológico judaico cristão o primeiro ser humano foi criado do barro úmido do solo (o primeiro
casal) e na outra cena o primeiro pai da história teria gerado de si mesmo, outro ser mais
submisso porque foi gerada de si mesmo. Esta suposição de acordo com o livro de Gênises:
Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora
que lhe seja idônea... E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma
mulher, e levou-a para junto do homem. Disse então o homem: Esta sim (ou ‘agora
sim’, em algumas versões) é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será
chamada mulher, porque do homem foi tirada. (GÊNISES 2:18,22, 23)
Tendo como base nestes versículos houve uma rebelião ou insubmissão da Lilith que é
tida como a primeira mãe de todos os seres viventes. Segundo conta-se que houve desde eras
mitológicas o embate de relações de poder entre o sexo masculino e feminino, pois esta poderia
ser a primeira feminista da história que exigia direitos iguais, porque foi formada do mesmo
material e partir imagem do Criador. Conforme Laraia:
A rebelião de Lilith contra Adão e o Criador levou à necessidade da criação de Eva, esta
formada a partir de uma costela de Adão (Gênesis, 2, 21). É possível, portanto, imaginar
que um corte foi realizado entre o capítulo 1, versículo 28, e o capítulo 2, versículo 21. É
provável que este corte tenha ocorrido, mesmo em época bastante remota, como no
quarto século antes de Cristo, quando se supõe que o texto escrito tomou uma forma
aproximada da atual (Leach, 1983:77). O próprio teor do capítulo 1, versículo 28,
sustenta esta hipótese: "E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-
vos, e enchei a terra..." Como seria possível abençoar a ambos e recomendar a
multiplicação se Eva ainda não estava criada? (LARAIA, 1997)
Retomando o raciocínio anterior como forma de fixação para a defesa da ideia, sobre o
que motivou a ruptura da suposta ordem cósmica, no qual o homem se sobressairia por
supostamente ter-se uma noção de uma divindade masculinizada. Lilith representaria o fim de
uma ideologia machista e sexista, por esta razão, a Igreja Antiga procurou suplantar, este nome
para que as mulheres não busquem os seus direitos igualitários, o que influenciaria não apenas as
manifestações religiosas, como toda estrutura social vindoura. Segundo Pires:
(...) Na tradição cabalística, segundo Chelavier (1990) Lilith é o nome da mulher criada
antes de Eva, ao mesmo tempo em que Adão – não de uma costela do homem, mas
diretamente da Terra, do mesmo pó que ele. Por esse motivo reivindicou igualdade, não
se admitindo inferior e insubmissa e disse a Adão: “somos iguais”. A partir daí os dois
sempre discutiam. Por se recusar a ser submissa, Lilth foi relegada a convivência com os
demônios. Quando encolerizada pronunciou o nome mágico de Deus e fugiu para
começar uma carreira demoníaca, transformando-se na rainha dos demônios. Em sua
revolta declarou guerra ao Pai, não deixando desde homens, mulheres e crianças em paz.
Permaneceu como sombra e inimiga de Eva, instigando amores ilegítimos e perturbando
o leito conjugal.
Seu domicilio foi fixado nas profundezas do mar (o inconsciente), no lado escuro da Lua
ou da serpente, veículo do pecado e da transgressão que expulsou a todos do paraíso.
Mulher rejeitada ou abandonada por causa de outra, Lilith representa ódio contra a
família, os casais e os filhos. (PIRES, p.37-38, 2008)
Se for analisar o mito percebe-se que duas mulheres antagônicas, tanto a Lilth e a Eva
foram vitimas do sistema patriarcal, a primeira condenada pela histórica canônica a desaparecer
(a primeira feminista da história), enquanto a segunda foi acusada de ser a culpada pela queda do
homem, mas ainda apresenta a mulher que é submissa ao homem. Este conto mitológico há uma
clara disputa de relações de poder, supõe-se que Lilith era uma mulher imponente que não
aceitava ser uma pessoa de segunda categoria.
O papel de liderança exercido pela mulher
Não é mencionado no texto sagrado como que uma mulher chegou a um status político de
grande importância no Israel Antigo, sendo que pela historiografia bíblica a mítica nação se
formou por 12 patriarcas e não 12 matriarcas. Pode supor que nesse período foi algo que abalou a
estratificada sociedade, não era apenas uma doméstica submissa, mas de uma mulher que tinha
postura de autoridade.
O que houve foi uma contaminação do Livro Sagrado por ideias sexistas e machistas,
estas negam a capacidade do sexo feminino ter uma posição de destaque. A bíblia não está sendo
mencionada para converter nenhuma pessoa por suposto pecado ou doutrinação, entretanto,
demonstrar que ao longo dos séculos houve uma intensa disputa de poder no qual o sexo
masculino subjugou as mulheres. De acordo com o livro de Juízes
Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela atendia
debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e
os filhos de Israel subiam a ela a juízo. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão,
de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu
ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos
filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera,
comandante do exército de Jabim, com os seus carros e as suas tropas; e o darei nas tuas
mãos. Então, lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não
irei. Ela respondeu: Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida
que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu
Débora e se foi com Baraque para Quedes. (JUÍZES 4: 4-5)
Nota-se que esta mulher gozava de prestígio religioso (era profetiza), temporal (ocupava
cargo de governante do povo), pelo cenário Baraque não viu apenas uma mulher frágil e indefesa,
mas alguém com capacidade de estratégia militar.
Fazendo uma conjectura para a atualidade ainda há ideias preconceituosas, baseadas em
interpretações religiosas, embora o Brasil não tenha uma religiosidade institucionalizada, por
tradicionalismo segue preceitos da cristandade. Algo que ainda permeia as relações de poder
tanto nos seguimentos sociais e de algumas ramificações da cristandade.
Ao longo dos séculos houve uma tentativa de silenciar as mulheres, por exemplo, no texto
sagrado apareceu em cena como uma estrategista militar e de acordo com as interpretações
escusas, foi perdendo o valor até chegar ao ostracismo social: era vista como corpos que
deveriam satisfazer os apetites sexuais dos maridos. Porém este cenário de injustiça social seria
abalado por um filosofo chamado Jesus Cristo.
Segundo os cristãos espiritas (kardecistas) houve uma longa aprendizagem no mundo
espiritual no qual Kardec aprendeu com grandes mestres da humanidade, diferentemente das
interpretações culturais, com ares de uma suposta religiosidade, que promovia as desvalorização
e desintegração da mulher, que ainda no século XIX fora falado sobre a emancipação da mulher
que é defendida por feministas na atualidade. Conforme informações do site Só de Cristo:
“Que o homem destrua as barreiras que seu amor-próprio opõe à emancipação da mulher e
logo a verá alçar o seu voo, com grande vantagem para a sociedade. Ficai sabendo que a
mulher, como todos vós, tem a centelha divina, porque a mulher é vós, como vós sois a
mulher.”(Sociedade de Paris, 10 de maio de 1867 – Médium: Sr. Morin, em sonambulismo
espontâneo)
Embora não seja considerado por ampla corrente de teólogos como membros da
cristandade, os espiritas cristãos (kardecistas) tem uma visão diferente na concepção do
transcendental: cada um tem uma concepção do sagrado.
Jesus o homem feminista
Ao citar Jesus aqui não há a intenção de tratar da sua suposta forma transcendental, mas
sim do aspecto humano, como um grande filósofo que influenciou o pensamento daquela época e
também a base da civilização ocidental do mundo atual. Não se pode dizer que houve uma
mudança total no pensamento do mundo ocidental na questão machismo, entretanto, naquela
época foi um escândalo no meio religioso e social porque as mulheres carregavam a suposta
culpa pelo pecado original, tratado no mito judaico da criação.
Neste tópico há uma clara separação do Jesus religioso que supostamente dizem ser um
deus na forma de homem, para o Jesus histórico como um grande filósofo este é o ponto do
objeto como estudo. Se houve algo que a ciência não pode explicar ou algum fato paranormal,
deixar com que essas discussões sejam realizadas por especialistas do assunto, algo que não vem
ao caso, porque está se tratando de questões sociais e como a religião pode impactar
positivamente ou negativamente em grupos de seres humanos.
Com este suposto crime as mulheres foram rebaixadas diante de uma estrutura machista e
sexista que as colocavam apenas como papel de reprodutora, também na categoria de párias
sociais ou como instrumento usado pelo suposto Satã e tais pensamentos será que existem dentro
de algumas facções da cristandade ou de outras religiões monoteístas?
A religião é um instrumento de controle social para domesticar, os homens dos seus
sentimentos mais controversos, o papel do Jesus histórico na verdade era romper com papel
humilhante dado às mulheres, embora haja alguns pontos polêmicos dentro das páginas do Novo
Testamento, sobre o principal ponto da submissão feminina perante o homem, algo que geram
muitas discussões. Foi um período cultural muito complicado para as mulheres, tomando por base
em uma nação teocrática monoteísta, pode ser que o Novo Testamento foi contaminado pela
estrutura patriarcal e machista que não queria compartilhar o status do poder religioso e social
com pessoas que acreditavam serem de segunda categoria. Conforme da definição de Lutzer e
Lutzer:
(...) Se chamarmos Jesus de feminista queremos dizer que ele rompeu com a visão
humilhante que os homem tinham das mulheres do seu tempo que ultrapassou os limites
preconceituosos do legalismo - se tal for a nossa interpretação da frase dita no livro,
então sim, Jesus foi o feminista original. Jesus revolucionou o seu tratamento com as
mulheres. Ele ousou acreditar no serviço feminino e em valorizá-las em um tempo que
isso era muito estranho.
Críticos atuais têm dito que o cristianismo tem incentivado o domínio machista e a
cultura da subjugação feminina. É bem verdade que as mulheres têm sido tratadas como
uma classe secundária na história da Igreja e tais alegações podem ser comprovadas pelo
registro dos muitos fatos depreciativos ás mulheres. Mas tal linha de pensamento
contrário a mulher não pode ser traçada a partir das páginas do Novo Testamento, na
Igreja Primitiva. No primeiro século depois da morte e ressurreição de Jesus, as
mulheres que seguiram Jesus foram honradas e seus maridos por sua vez ensinados
honrar as suas esposas. Muitas das restrições que escritores cristãos registram têm mais a
haver com a cultura do que com o próprio novo Testamento. (LUTZER, REBECA;
LUTZER, ERWIN, 2014)
Ao citar a figura de Jesus como filósofo do pensamento ocidental, não há pretensão de
uma doutrinação ou tratar da sua suposta divindade, sim da figura deste ser histórico que continua
a influenciar inclusive a questão ética. Pensamento que foi seguido por outras pessoas
iluminadas: Maomé, Mahatma Ganges, Dalai Lama, Martin Luther King, Chico Xavier, etc.
A Era das Fogueiras: violência religiosa contra as mulheres
Havia um contexto histórico e politico no qual se deu a Era das Fogueiras, protagonizadas
pelos crimes cometidos em nome da religião e desta forma na Idade Média, o Tribunal da Santa
Inquisição protagonizou momentos de terror por toda a Europa Ocidental, representando a luta
eterna entre a “verdade” representada pela Igreja e a “mentira” os hereges que estavam fora da
religião verdadeira. Em outro aspecto a cristandade é patriarcalista e as religiões a margem do
cristianismo havia a valorização e o papel da mulher nos cultos realizados. Conforme da
definição da religião atual a Wicca, são os antigos ensinamentos da Bruxaria Antiga, nestas
liturgias havia uma igualdade de sexo e por consequência a valorização da mulher, como um
aspecto positivo representando a Deusa Mãe, de acordo com a concepção dos adeptos desta atual
religião.
O aspecto mais polêmico é a representação do deus de chifres, o animal representante é o
gamo (parecido com o veado) no Norte da Europa. Desta forma este deus masculino foi retratado
como o diabo cristão na Idade Média. Segundo a definição de Gwydion
(...) As tradições e os ensinamentos da Bruxaria Antiga que geraram a wicca, vem de
tempos remotos, onde os povos não tinham tanta tecnologia,, como já dissemos. Eram
povos da idade média que viviam da agricultura de subsistência ao Norte da Europa.
Além disso, pela origem xamanica, a Wicca é a religião natural, ou seja, não tem
templos e nem hierarquia. Na Wicca todos são iguais perante a Deusa, mas a mulher tem
um papel importante, porque é a representação da Deusa em nós. (...)
Um aspecto mais polêmico dentro da Wicca, além do festival de Beltane, é a
representação do deus de chifres que nos lembra do diabo das religiões cristãs.
Lembremos que o deus representa os nossos aspectos masculinos e de ação, que para os
povos da época simbolizado pela figura do animal selvagem, que na Região do Norte da
Europa, era o Gamo. Aspectos de força, de guerreiro, fizeram que o deus fosse
representado como homem viril, musculoso, forte como um guerreiro, com cabeça de
gamo e obviamente com os seus chifres representando os aspectos selvagens do
deus.Dizer-se que a igreja católica criou a figura do diabo, para assim arrebanhar os
pagãos para o cristianismo. (GWYDION, 2009, p.31-33)
Havia uma igualdade de gênero (feminino e masculino) porque se acreditava no principio
da dualidade espiritual: mesmo o homem tinha uma porção da essência feminina dentro da alma,
embora a mulher tivesse maior valor porque era a representante da Deusa Mãe. Nas religiões
perseguidas pelo Tribunal da Santa Inquisição houve dois fatos importantes: relações de gênero e
relações de poder, nesta duplicidade, as religiões ditas pagãs valorizavam as mulheres e a Igreja
pregava a supremacia do patriarcado em detrimento destas. Utilizando de argumentos teológicos
tendenciosos, talvez sobre tudo por meio de texto machista do Apostolo Paulo, relatado em I
Timóteo 2:11-12” A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a
mulher ensine nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio”. Este é um
dos textos no qual o apostolo é tendencioso com as mulheres ou ainda o texto pode ter sido
alterado para dar um ar de santidade à supremacia masculina?
Diante deste cenário religioso e disputa de gênero, para se consolidar o patriarcalismo,
houve a necessidade de combater as religiões rotuladas como pagãs, restringindo o direito da
mulher como ser humano e nas práticas religiosas, sendo transformadas em párias da sociedade.
A fervência da neurose religiosa tem o seu clímax em 1484 foi promulgado pelo Papa Inocêncio
VIII, a Bula contra os Bruxos. Três anos depois surge o manual Malleus maleficarum (O Martelo
das Feiticeiras), foi o manual prático do Tribunal Inquisidor para fazer uma limpeza étnica contra
as supostas hereges, condenando-as a morte na fogueira. Segundo Luz:
Dizem a respeito à generalizada perseguição empreendida contra as feiticeiras em vários
pontos da Europa. O extermínio das pessoas – em sua vasta maioria mulheres- ligadas à
bruxaria foi fortemente intensificado após a publicação do manual Malleus maleficarum
(O Martelo das Feiticeiras), escrito em 1487 pelos inquisidores alemães Heinrich
Kraemer (1430-1505) e James Sprenger (1435-1495). Os autores justificaram os
conteúdos do livro a partir do principal pronunciamento papal a respeito da feitiçaria, a
bula Summis desiderantes affectibus, de Inocêncio VIII (1432-1492), expedida em 5 de
dezembro de 1484. O texto pontifício reconhece a existência das bruxas e concede
permissão aos inquisidores para lançarem mão de quaisquer meios necessário à sua
repressão. O Manual de Kraemer e Sprenger atingiu espantosa notoriedade, sendo
reimpresso numerosas vezes durante os 200 anos seguintes. Á época de sua publicação, a
obra foi rejeitada ela Universidade de Colônia em razão dos princípios antiéticos e outras
inconsistências nela contidos. No entanto os autores forjaram uma nota de aprovação da
universidade, anexadas em posteriores edições. Embora a Igreja Católica não tenha
reconhecido oficialmente a obra, esta exerceu profunda influência sobre o imaginário de
inquisidores, juízes seculares, caçadoras de bruxas, sendo por estes utilizadas como
manual prático. (LUZ, 2011, p.285)
Foi um período nebuloso na Europa Ocidental marcando o retrocesso nos pensamentos do
filosofo Jesus, pois havia tratado com dignidade as mulheres de seu tempo. Após o fim da
perseguição religiosa no Império Romano, a igreja passa a se misturar com o Estado, tendo a
mesma estrutura hierárquica de governo com o governo masculino e passaria também para a
religião.
As mulheres segundo interpretações tendenciosas são instrumentos de satã por meio da
sexualidade e acredita-se na suposta culpa do pecado no mitológico Jardim do Éden. Como havia
falado anteriormente a Igreja precisava recorrer ao controle social, entretanto, a forma encontrada
foi por meio do terror. A violência e desvalorização fomentada por pensamentos machistas em
sexistas com uma áurea de suposta santidade são tão perniciosas, quanto aos crimes contra a
humanidade praticados pelos regimes totalitários do século XX.
[...] O misticismo e a mitologia ensinaram as pessoas a lidar com o mundo do
inconsciente. Talvez não tenha sido por acaso que, numa época em que à fé religiosa
começava a abandonar esse tipo de espiritualidade, o subconsciente aflorou sem
controle. Tem-se definido a Febre das Bruxas como uma fantasia coletiva de homens,
mulheres e inquisidores de toda a cristandade. Acreditava-se que as bruxas tinham
relações sexuais com os demônios; que voavam à noite para participar de rituais
satânicos e orgias perversas; que adoravam o Diabo numa paródia da missa - uma
reversão que podia representar uma ampla rebelião inconsciente contra a fé tradicional.
Deus começava a parecer tão distante, estranho e exigente que, para alguns, estava se
tornando demoníaco: medos e desejos subconscientes projetavam- se na figura
imaginária de Satã, descrito como uma versão monstruosa da humanidade. Até passar a
Febre, milhares de indivíduos acusados de bruxaria foram executados na forca ou na
fogueira. (ARMSTRONG 2001, p.70)
Naquela época o nome de Deus era associado a uma divindade malvada e severa, assim
para agradá-la da mesma forma que as divindades de outras nações, pode se supor que a Era das
Fogueira no ponto de vista psíquico era uma forma com esses sacrifício aplacar a ira um ser
transcendental tão zangado.
Metodologia
O método adotado na fase de investigação será a análise bibliográfica, porque, para a
construção teórico-metodológica da pesquisa, foram investigadas as seguintes sessões: o mito de
Lilith e Eva, o papel de liderança da mulher, a associação da religião com as questões de gênero,
violência e outros aspectos de natureza teórica.
Embora a metodologia seja formada por uma base mais bibliográfica, portanto diante do
trânsito religioso do pesquisador em várias ramificações da cristandade, em alguns grupos há
uma postura patriarcal diante das mulheres, embora não defendam punições físicas, mas há uma
clara e rígida estrutura do papel social e como estão distribuídas as relações de poder.
Os instrumentos usados como objeto de pesquisa foram: a Igreja Batista Tradicional,
Igreja Pentecostal Deus é Amor, Congregação Cristã no Brasil, Assembleia de Deus e Cristãos
Espiritas.
Resultados
A Igreja Batista Tradicional em sua construção histórica mesmo que timidamente,
procurou dar as mulheres o direito de serem ouvidas, por exemplo, a Igreja Batista da Lagoinha
em Minas Gerais que é um avanço para as estruturas machistas que veem com maus olhos uma
pessoa do sexo feminino no cargo de pastora.
Outra denominação que é extremamente opressora é a Igreja Pentecostal Deus é Amor,
ainda com ideias retrogradas reduzem as mulheres com o pretexto de uma falsa santidade do que
estas carregam a marca de Satã, como instrumentos utilizam a marca da sedução para
desencaminharem os homens, com isso são submetidas a regras de que tudo é o suposto pecado,
sendo que na verdade é o patriarcalismo social transmigrado para uma áurea de santidade.
A Igreja Congregação Cristã no Brasil é uma doutrina extremamente rígida com os
homens, mas ainda as mulheres apresentam maior restrição, como por exemplo, permissão de
tocar órgão, enquanto os homens podem tocar todos os instrumentos musicais.
No caso da Assembleia de Deus são um caso bem peculiar, existente diversas facções
oriundas desta denominação pentecostal histórica, onde a mulher é mais oprimida e em outras o
papel feminino é um pouco maior.
No grupo dos Cristãos Espiritas que seguem a doutrina de Kardec a emancipação da
mulher é menos estratificada, isto é, segundo este grupo o espirito tem várias existências podem
ter vivido como homem e mulher, por esta razão, essas trabalhadoras podem galgar maior
mobilidade religiosa.
Conclusões Parciais
Neste trabalho será o foco maior na cristandade porque existem muitas religiões, por esta
razão foi englobado: evangélicos, católicos e cristãos espíritas (Kardecistas). A problemática não
são as religiões porque todas possuem pontos positivos, mas sim os líderes que a usam para a
busca de poderes temporais e espirituais, a fim de perpetuar ideias retrogradam, por exemplo, a
mulher vista como arma de Satã para o descaminho do homem.
A palavra religião é a religação do homem com uma divindade, mas que Deus é este? Tal
controvérsia tem sido motivo de homens inescrupulosos a fim de perpetuar o status quo existente
na sociedade patriarcal e machista, a rígida estrutura de poder: supremacia masculina em
detrimento dos direitos das mulheres em ter voz em alguns seguimentos da cristandade.
Dados sobre o autor
Bruno Schwabenland Ramos é concluinte do Curso de Pedagogia pela Faculdade Ateneu,
graduado em Teologia no Centro Universitário Claretiano – pós-graduando em relações étnico-
raciais pela UFES- e funcionário público efetivo da rede pública de ensino de Vila Velha,
Espírito Santo. E-mail para correspondência: [email protected]
Referencias bibliográficas
ALMEIDA, João Ferreira de. Trad. A Bíblia Sagrada (revista e atualizada no Brasil) 2 ed. São
Paulo
ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus. (Edição compacta) – São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.
GWYDION, Tyrio Dan. Magia Wicca – um guia prático para iniciantes. São Paulo: Clube dos
Autores, 2009.
LARAIA, Roque de Barros. Jardim do Éden revisado. Revista de Antropologia
Print version ISSN 0034-7701. Rev. Antropol. vol.40 n.1 São Paulo 1997.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100005 <acesso
23.05.2016>
LUZ, Marcelo Da. Onde a religião termina? - Foz do Iguaçu: Associação Internacional
Editares, 2011.
LUTZER, Rebeca; LUTZER, Erwin. Jesus o amado da alma da Mulher. Editora: CPAD, Rio
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PIRES. Valéria Fabri. Lilith e Eva Imagens arquétipas da mulher na atualidade. Summus
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SODECRISTO Sociedade de Divulgação do Evangelho do Cristo.
http://www.sodecristo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7:a-
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