12
Resumos. Ação Civil Pública Ação civil Pública, Ação que tem por objetivo responsabilizar por danos morais e patrimoniais causados ao meio-ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a interesse difuso ou coletivo, por infração da ordem econômica e da economia popular. Prevista na Lei nº 7.347, de 24 de Julho de 1985. Segundo a doutrina, não é taxativo o rol dos direitos que podem ser buscados através da ação civil pública e nem o dos instrumentos processuais de tutela coletiva. Aplica-se no caso, o denominado Princípio da Não-Taxatividade. De acordo com o art. 21, parágrafo único, incisos I e II do Código de Defesa do Consumidor, temos as seguintes definições: Interesses e direitos difusos . São aqueles transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato . São direitos que pertencem a todos, com titulares indeterminados, não podendo ser individualizado, eis que o bem jurídico é indivisível. O que gera a junção de interesses, é uma situação de fato . Ex. Dano ambiental que causa a poluição da água; dano a um patrimônio histórico, artístico, turístico; dano a patrimônio público; propaganda enganosa e abusiva que atinge a todas as pessoas indeterminadamente. Interesses ou direitos coletivos . São os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. Ex. conjunto de pais de alunos que sofreram aumento abusivo da mensalidade escolar , gerando a eles um dano coletivo em sentido estrito. Note-se que os titulares são identificáveis e podem propor uma Ação Civil Pública para evitar o aumento. Pretensões que não podem ser veiculadas por ação civil pública- Tributos; Contribuições previdenciárias; Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; Outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. Legitimidade para propor a ação principal e a cautelar - A legitimação para a propositura da ação civil pública é extraordinária , concorrente (os entes legitimados podem atuar ao mesmo tempo no pólo ativo da ação) e disjuntiva (nenhum dos entes legitimados depende da concordância dos outros para mover a ação civil pública). As ações civis públicas poderão ser propostas pelo(a)(s): a. Ministério Público. Tal legitimidade também está prevista no art. 129, III da CF.

Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Resumos. Ação Civil Pública

Ação civil Pública,

Ação que tem por objetivo responsabilizar por danos morais e patrimoniais causados ao meio-ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a interesse difuso ou coletivo, por infração da ordem econômica e da economia popular. Prevista na Lei nº 7.347, de 24 de Julho de 1985.

Segundo a doutrina, não é taxativo o rol dos direitos que podem ser buscados através da ação civil pública e nem o dos instrumentos processuais de tutela coletiva. Aplica-se no caso, o denominado Princípio da Não-Taxatividade.

De acordo com o art. 21, parágrafo único, incisos I e II do Código de Defesa do Consumidor, temos as seguintes definições:

Interesses e direitos difusos.

São aqueles transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

São direitos que pertencem a todos, com titulares indeterminados, não podendo ser individualizado, eis que o bem jurídico é indivisível. O que gera a junção de interesses, é uma situação de fato.

Ex. Dano ambiental que causa a poluição da água; dano a um patrimônio histórico, artístico, turístico; dano a patrimônio público; propaganda enganosa e abusiva que atinge a todas as pessoas indeterminadamente.

Interesses ou direitos coletivos.

São os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.

Ex. conjunto de pais de alunos que sofreram aumento abusivo da mensalidade escolar, gerando a eles um dano coletivo em sentido estrito. Note-se que os titulares são identificáveis e podem propor uma Ação Civil Pública para evitar o aumento.

Pretensões que não podem ser veiculadas por ação civil pública-

Tributos;

Contribuições previdenciárias;

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

Outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.

Legitimidade para propor a ação principal e a cautelar-

A legitimação para a propositura da ação civil pública é extraordinária , concorrente (os entes legitimados podem atuar ao mesmo tempo no pólo ativo da ação) e disjuntiva (nenhum dos entes legitimados depende da concordância dos outros para mover a ação civil pública).

As ações civis públicas poderão ser propostas pelo(a)(s):

a. Ministério Público.

Tal legitimidade também está prevista no art. 129, III da CF.

 O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

b. Defensoria Pública.

A lei 11.448/07 trouxe legitimidade para a Defensoria Pública, consolidando entendimento tanto da doutrina quanto da jurisprudência.

c. União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Page 2: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

d. Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.

e. Associação que, concomitantemente:

e. a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

e. b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Requisito da pré-constituição das associações - Poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

Litisconsórcio facultativo. Dois casos:

1. Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

2. Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos que podem ser objeto de defesa através da ação civil pública.

Desistência ou abandono da causa por associação legitimada

Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

Foro competente-

Foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Prevenção – A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

As ações civil públicas podem ter por objeto-

Condenação em dinheiro;

Cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

Ação cautelar –

Pode ser intentada objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

Mandado liminar-

Poderá ser concedido pelo juiz, com ou sem justificação prévia.

Decisão - Está sujeita a agravo.

Suspensão da execução da liminar-

A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

Multa cominada liminarmente - Só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

Compromisso de ajustamento de Conduta

Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Petição inicial

Page 3: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Para instruí-la o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

Legitimidade para promover a iniciativa do Ministério Público.

Qualquer pessoa , facultativamente;

Servidor público , obrigatoriamente.

Provocação da iniciativa do Ministério Público –

O interessado deverá ministrar-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.

Juízes e tribunais -

Se, no exercício de suas funções, tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Ministério Público- Dois papéis:

1. Intervém no processo como parte .

2. Caso contrário, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei

Inquérito Civil

Poderá ser instaurado pelo Ministério Público, sob sua presidência. Para tanto, poderá:

Requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis

Negativa de certidão ou informação-

Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

Crime-

Recusa , o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN

Arquivamento do Inquérito –

Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

Nesse caso os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. Lá, será submetido a uma sessão para exame e deliberação, onde a promoção de arquivamento será  homologada ou rejeitada.

Até que ocorra a sessão, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento-

Será designado, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer

O juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Page 4: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Havendo condenação em dinheiro –

A indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade.

Os recursos serão destinados à reconstituição dos bens lesados.

Efeito suspensivo no recurso -

Poderá ser conferido pelo juiz para evitar dano irreparável à parte.

Execução-

Em princípio, será promovida pela associação autora.

Será promovida pelo Ministério Público, após decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora tenha executada.

Facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Efeitos da sentença civil em ação civil pública –

Fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator.

Exceção ao efeito erga omnes-

Se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova .

Litigância de má-fé-

Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Custas , emolumentos, honorários periciais e despesas-

Nas ações civis públicas, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer

outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé.

Page 5: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

RESUMO 2 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA

2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI N. 7.347/85)

Esta modalidade de ação tem por objeto os interesses difusos, os interesses coletivos e os

interesses individuais homogêneos.

2.1. Legitimidade Ativa

A legitimidade ativa, para ingressar com a ação civil pública, encontra-se expressa no art. 5.º da

Lei n. 7.347/85.

Para alguns autores, a Ação Civil Pública tem legitimação extraordinária, tendo em vista o

titular da ação ingressar para defender interesses transindividuais.

Há autores, no entanto, que prevêem uma terceira hipótese de legitimação: aquela em que o

titular ingressa em juízo para defender interesse que, ao mesmo tempo, é seu e de outros. A

esta terceira hipótese, deu-se o nome de Legitimação Ordinária Autônoma.

No que tange aos interesses individuais homogêneos, não há discussão doutrinária. É unânime

o entendimento de que a legitimação é extraordinária, posto que o titular defende interesse

alheio.

Os legitimados, para ingressar em juízo com uma ação civil pública, são:

• Ministério Público;

• Administração Direta;

• Administração Indireta (autarquias, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de

economia mista);

• Fundações Privadas;

• Associações Civis;

• Sindicatos;

• Sociedades de Fato;

• Órgãos Públicos sem personalidade jurídica.

Quanto à legitimação das associações civis para ingresso em juízo com uma ação civil

pública, há exigência legal de preenchimento de dois requisitos:

• a associação deve encontrar-se em funcionamento há pelo menos um ano;

• que a defesa daquele interesse seja finalidade institucional de tal Associação (deve haver

previsão estatutária).

Esses dois requisitos são de representatividade adequada, que nada mais é do que a

legitimidade de agir.

Se houver urgência ou necessidade, a lei permite que o juiz dispense o requisito de estar, a

associação, formada há mais de um ano para poder ingressar com ação civil pública. A

jurisprudência também permite ao juiz que dispense o segundo requisito, desde que a

associação tenha atuação reconhecida na área que gerou o interesse.

A legitimidade do Ministério Público para propositura de ação civil pública vem da constituição.

A legislação infraconstitucional não poderá, assim, contrariar tal legitimidade.

Page 6: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A Constituição Federal, em seu art. 129, III, legitima o Ministério Público para promover

inquérito civil e ação civil pública, a fim de proteger o patrimônio público social, o meio

ambiente e outros interesses difusos e coletivos. Em relação aos interesses difusos e coletivos,

o Ministério Público tem legitimidade ampla.

Quanto aos interesses coletivos, existe uma posição doutrinária que entende ser o Ministério

Público legitimado para a proteção apenas daqueles que possuem relevância social. A norma

constitucional, no entanto, não faz distinção entre interesses difusos e interesses coletivos no

que diz respeito à legitimidade do Ministério Público.

A Constituição Federal silenciou-se quanto à legitimidade do Ministério Público na proteção dos

interesses individuais homogêneos. Surgiram, então, três posições sobre o tema:

• O Ministério Público não tem legitimidade para proteger os interesses individuais

homogêneos, tendo em vista o silêncio da Constituição Federal;

• O Ministério Público sempre tem legitimidade para proteger os interesses individuais

homogêneos, visto que não se deve interpretar a CF/88 tecnicamente, mas sim interpretá-la de

acordo com a finalidade, incluindo-se teleologicamente, os interesses individuais homogêneos

no art. 129, III;

• Posição Majoritária: O Ministério Público tem legitimidade para proteger os interesses

individuais homogêneos, no entanto, tal legitimidade é restrita, ou seja, só irá defender os

interesses socialmente relevantes.

Nesse sentido, o Conselho Superior do Ministério Público, em São Paulo, editou a Súmula de

Entendimento n. 07: “O Ministério Público tem legitimidade para defender os interesses

individuais homogêneos que tenham expressão para a coletividade, tais como: a) os interesses

individuais homogêneos que dizem respeito à saúde e segurança das pessoas; b) o acesso de

crianças e adolescentes à educação; c) onde haja extraordinária dispersão dos lesados; e d)

quando convenha à coletividade, o zelo pelo funcionamento de um sistema econômico, social

ou jurídico”.

2.2. Legitimidade Passiva

Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode figurar no pólo passivo de uma ação civil pública,

desde que tenha provocado lesão ou causado perigo de lesão aos interesses difusos, coletivos e

individuais homogêneos.

Existe previsão de condenação em verbas honorárias de sucumbência em ação civil pública. O

Ministério Público, no entanto, não poderá ser condenado em face de sua falta de personalidade

jurídica.

2.3. Litisconsórcio e Assistência Litisconsorcial

Na ação civil pública é possível o litisconsórcio.

Pode haver litisconsórcio entre o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, o

que permite mais eficácia na colaboração entre cada uma das instituições do Ministério Público

e evita o problema de competência.

Existe, assim, possibilidade de litisconsórcio entre todos os legitimados, sendo tal legitimação

denominada concorrente e disjuntiva.

Page 7: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Caso um dos legitimados ingresse com a ação civil pública, os outros titulares não poderão

ingressar com outra ação versando sobre o mesmo objeto e o mesmo pedido, em decorrência

do fenômeno da substituição processual. Neste caso, os outros legitimados poderão ingressar

na ação já proposta como litisconsortes ou assistentes litisconsorciais. Se a ação civil pública

tiver os mesmos titulares, porém objetos e pedidos diversos, haverá a possibilidade de ingresso

em juízo com outra ação.

Existindo uma ação popular, haverá possibilidade de ingresso com ação civil pública versando

sobre o mesmo objeto e pedido. Esta possibilidade decorre do fato de possuírem, ambas as

ações, titulares distintos, ou seja, na ação popular o titular é qualquer cidadão e na ação civil

pública existe um rol de legitimados.

2.4. Intervenção do Ministério Público

O art. 5.º, § 1.º, da lei de ação civil pública dispõe sobre a obrigatoriedade da intervenção do

Ministério Público como custos legis (fiscal da lei).

Assim sendo, em uma ação civil pública, o Ministério Público assumirá a titularidade ativa (art.

5.º, § 3.º, da Lei n. 7.347/85). O Ministério Público, entretanto, não será obrigado a assumir a

ação em caso de desistência. Deverá assumir apenas em caso da existência de interesse

público a ser protegido, isto por conta do Princípio da Independência Funcional.

A desistência da ação civil pública será possível para qualquer titular, com exceção do

Ministério Público. Tal impedimento decorre da indisponibilidade do interesse público. Poderá o

Ministério Público, no entanto, requerer a improcedência de ação em andamento.

2.5. Competência

A competência para propositura de ação civil pública é a denominada “competência funcional

absoluta”, isto é, será competente para apreciação da ação proposta o juízo do local da

ocorrência do dano.

Caso o dano ocorra em duas ou mais comarcas, a ação civil pública poderá ser proposta em

qualquer uma delas. Caso o dano atinja uma região de um Estado, a Ação deverá ser proposta

na Capital deste Estado.

A Constituição Federal estabelece quais os interesses da União e dispõe que, havendo dano a

qualquer um deles, a ação civil pública deverá ser proposta em uma das varas da Justiça

Federal, com a competência ditada pelo critério territorial.

A Súmula n. 183 do STJ dispunha que competia ao Juiz estadual, nas comarcas que não eram

sede da Justiça Federal, processar e julgar a Ação Civil Pública, ainda que a União figurasse no

processo. Segundo o Prof. Hugo Nigro Mazzilli, “A Lei n. 7.347/85 não diz que cabe à Justiça

Estadual processar e julgar ações civis públicas de interesse da União, nas comarcas que não

sejam sede de varas federais – como pretendia a Súmula n.183 do STJ - ; assegura apenas que

a competência funcional será a do foro do local do dano. Isso significa que, se se trata de

questão afeta à Justiça Estadual, conhecerá e julgará a causa o juiz estadual que tenha

competência funcional sobre o local do dano; ou então, será o juiz federal que tiver

competência funcional em relação ao local do dano”. “Dirimindo a controvérsia, o plenário do

STF, por unanimidade, recusou, enfim, a tese da Súmula n. 183 do STJ, e reconheceu a

competência dos juízes federais e não do juiz estadual local, nas ações civis públicas em que

Page 8: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

seja interessada a União, entidade autárquica ou empresa pública federal” .

2.6. Provimento Jurisdicional

A Lei n. 7.347/85, em seu art. 3.º, dispõe que “a ação civil poderá ter por objeto a condenação

em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. Outrossim, a mesma Lei,

em seu art. 19, prevê a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Assim, a ação poderá

ser de conhecimento (meramente declaratória, constitutiva ou condenatória), executiva ou

cautelar.

O instituto da tutela antecipada também é admitido nesse tipo de ação, uma vez preenchidos

os requisitos legais.

2.7. Multa Diária e Multa Liminar

As multas, como sanções pecuniárias fixadas na sentença condenatória (astreintes), serão

possíveis na ação civil pública. Neste tipo de ação, a multa é denominada multa diária. Além

desta, há possibilidade de imposição, também, de multa liminar.

Ambas as multas serão cobradas após o trânsito em julgado da sentença; no entanto, a multa

liminar será devida desde a data de sua fixação.

2.8. Coisa Julgada

O art. 16 da lei de ação civil pública dispõe que a sentença fará coisa julgada erga omnes, ou

seja, irá atingir todos os titulares do direito e interessados na questão.

Se a ação, no entanto, for julgada improcedente por insuficiência de provas, ela não fará coisa

julgada erga omnes, visto que poderá ser proposta novamente por qualquer dos legitimados,

inclusive por aquele que perdeu a ação, desde que apresente prova nova.

A Lei n. 9.494/97 incluiu uma expressão no art. 16 da lei de ação civil pública que ficou com a

seguinte redação “(...) nos limites da competência territorial do órgão prolator”. A lei, então,

limitou a coisa julgada à competência territorial.

Para a doutrina majoritária, contudo, este dispositivo é ineficaz, visto que contraria o sistema da

ação civil pública, pois não há possibilidade de limitação de coisa julgada erga omnes.

Devido à inaplicabilidade deste dispositivo, os juristas têm aplicado o art. 103 do Código do

Consumidor, que trata da coisa julgada na ação civil pública, complementando-a. O inc. I do art.

103 do Código do Consumidor repete o art. 16 da lei de ação civil pública, sem a limitação

imposta pela Lei n. 9.494/97.

Ainda não existe jurisprudência superior tratando desse assunto; no entanto, a jurisprudência

de primeira instância está desprezando a limitação prevista no art. 16 da lei de ação civil

pública.

O art. 103 do Código de Defesa do Consumidor dispõe o seguinte:

I – coisa julgada erga omnes (interesses difusos): repete o art. 16 da lei de ação civil pública

sem a limitação territorial;

II – coisa julgada ultra partes (interesses coletivos): repete o inciso I, no entanto, dispõe que a

coisa julgada será ultra partes quando os interesses forem coletivos. A coisa julgada vai além

das partes processuais, atingindo somente os titulares que fazem parte da coletividade, tendo

Page 9: Resumo - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

em vista serem eles determináveis.

III – coisa julgada erga omnes (interesses individuais homogêneos): será erga omnes para

atingir e beneficiar todas as vítimas quando o interesse for individual homogêneo.

Par. 1.º: Os efeitos da coisa julgada não prejudicarão os interesses individuais dos integrantes

da coletividade que poderão propor ação individual, ou seja, no que diz respeito aos direitos

individuais, estes não estarão vinculados à coisa julgada de interesses difusos, coletivos ou

individuais homogêneos.

2.9. Execução

O tipo de execução na ação civil pública será aquele determinado pelo Código de Processo Civil.

Os titulares de execução serão os mesmos que podem propor a ação civil pública, desde que

tenham legitimidade.

O Ministério Público tem o dever de propor a ação de execução na omissão dos demais

legitimados, não existindo independência funcional, visto que o direito já foi reconhecido

judicialmente (art. 15 da lei de ação civil pública).

Quando for interesse difuso ou coletivo, a indenização obtida será destinada a um Fundo de

Recuperação de Interesses Metaindividuais lesados.

Esse fundo tem administração própria, inclusive com a participação do Ministério Público. É

estabelecida uma divisão entre Fundo Federal e Fundo Estadual; no entanto, não há

subdivisões, como fundo ambiental, fundo do consumidor, etc.

Não existirá um Fundo quando o interesse for individual homogêneo.

Na Improbidade Administrativa, no entanto, o dinheiro voltará para o erário lesado, ou seja, se

foi crime contra Administração Municipal, por exemplo, os valores serão devolvidos ao erário

Municipal.