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RESUMOS MPF 26º CONCURSO Direito Administrativo e Direito Ambiental

Resumo Administrativo e Ambiental - 26º

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RESUMOS MPF 26 CONCURSO

GRUPO II DIREITO ADMINISTRATIVO E AMBIENTALPONTO N. 20.Guilherme Rocha Gopfert

RESUMOS MPF 26 CONCURSO

Direito Administrativo e Direito Ambiental

Este resumo foi elaborado pelos candidatos aprovados para a segunda fase do 26 Concurso para provimento de Cargos de Procurador da Repblica, cujos nomes esto sobrescritos nos respectivos pontos.Reviso Geral: Mara Oliveira.

ITEM A: Conceito, objeto e fontes do Direito Administrativo. Direito Administrativo Constitucional.Obras consultadas: no informou. Legislao bsica: no indicou. Conceito: a) Para Celso Antonio Bandeira de Melo: Direito Administrativo o ramo do Direito Pblico que disciplina o exerccio da funo administrativa.b) Para Di Pietro: DA o ramo do direito pblico que tem por objeto os rgos, os agentes e as pessoas jurdicas administrativas que integram a Administrao Pblica, a atividade jurdica no contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de natureza pblica (aspecto subjetivo + aspecto objetivo).Objeto do Direito Administrativo: Varia no tempo e no espao (ex. direito anglo-saxo x direito europeu e latino). Atualmente, abarca as atividades, agentes, pessoas e rgos da Administrao Pblica e sua relao entre si e com terceiros.Fontes do Direito Administrativo: Teve origem na Franca, com base nas decises do Conselho de Estado, tem como fontes: a lei (fonte primria), a doutrina, a jurisprudncia, costume, princpios (fontes secundrias). Para Lcia Valle Figueiredo os costumes no so fontes.

Administrao burocrtica x administrao gerencial: Enquanto a administrao pblica burocrtica (ou racional) centrada na legalidade, relaes hierarquizadas, controle de fins, nfase em processos e meios, a administrao gerencial atribui maior agilidade e eficincia na atuao administrativa, foca no resultado em detrimento de processos e ritos, bem como na participao popular, com fundamento constitucional na EC 19/98. Exemplos: contrato de gesto, agncias executivas e princpio da eficincia.

Direito Administrativo Constitucional: Para alm da sua fonte principal na lei, o DA hoje possui significativa previso na CF/88, onde esto previstos seus princpios basilares (LIMPE). Tambm na CF/88 esto regulamentados temas de DA dos mais variados matizes, como bens pblicos, servidores, algumas espcies de contratos, atribuies de agentes pblicos etc. Tudo isso leva a crer que o DA o ramo do direito pblico com maior intimidade com a CF.

ITEM B: Atos de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992).Obras consultadas: no informou. Legislao bsica: no indicou. Regulamentando o art. 37, 4 da CF, a 8.429/92 disciplinou os atos de improbidade administrativa em 3 espcies, utilizando-se, para tanto, da tcnica legislativa dos conceitos jurdicos indeterminados, e no das tipificaes cerradas do direito penal. So eles, de acordo com a ordem decrescente de sua gravidade:a) atos que importem enriquecimento ilcito (art. 9), destacando-se as seguintes condutas exemplificativamente listadas nos incisos: inc. I receber qualquer vantagem patrimonial indevida de quem tenha interesse na ao ou omisso do agente;[footnoteRef:1] inc. IV utilizao indevida, em obra ou servio particular, de veculos, mquinas, equipamentos, materiais ou agentes pblicos;[footnoteRef:2] inc. VII aquisio de bens desproporcionais evoluo patrimonial; inc. VIII exerccio de consultoria, no exerccio durante a atividade, para quem tenha interesse na ao ou omisso do agente; [1: Foi instaurado pelo MPF/DF, procedimento preparatrio para investigar suposta improbidade praticada pelo ex-ministro do trabalho Carlos Lupi. (1.16.000.003848/2011-36).] [2: Na previso simtrica do art. 1, II, do Decreto-Lei 201/67, o STF, em deciso da relatoria do Min. Gilmar Mendes, entendeu aplicvel o princpio da insignificncia ao Prefeito que es funcionais, utilizara-se de mquinas e caminhes de propriedade da prefeitura para efetuar terraplenagem em terreno de sua residncia. (HC 104286)]

b) atos que causem prejuzo (art. 10), destacando-se os incisos VII concesso de benefcios administrativos/ fiscais indevidos; VIII frustrar a licitude do processo licitatrio;[footnoteRef:3] X negligenciar na arrecadao de tributo56tgvs ou conservao de bens da administrao; [3: Contrariando a jurisprudncia pacificada do STJ, o STF, no julgamento do Inq. 2.482, entendeu que o crime previsto no art. 89 da 8.666/92 no de mera conduta, mas de resultado, exigindo a configurao do prejuzo.]

c) atos que atentem contra princpios da administrao (art. 11), destacando-se que as condutas vedadas aos agentes polticos da 9.504/97 aqui se inserem (art. 73, 7). Recentemente o STJ entendeu que a entrega compulsria e o desconto em folha de pagamento de parte dos rendimentos dos assessores formais destinados manuteno de caixinha para gastos de campanha e de despesas dos respectivos gabinetes, bem como para a contratao de assessores particulares violam, expressamente, os princpios administrativos da moralidade, finalidade, legalidade e do interesse pblico, conduta dos parlamentares que se insere no caput e I do art. 11 da Lei n. 8.429/1992. (REsp. 1.135.767-SP). Ainda na casustica, o STJ, por votao apertada, entendeu que configura improbidade do art. 11, I, ato de prefeito que divulgou na imprensa a doao de valor para recuperar hospital, omitindo o carter plico do mesmo, prevalecendo entendimento que a lei deve incidir sobre o administrador inepto, e no apenas sobre o que age de m-f (REsp 884.083-PR).DESNECESSIDADE DA EFETIVA OCORRNCIA DO DANO: O dano desncessrio por expressa previso legal (art. 21, I da 8.429/92), no sendo prescindvel nas hipteses do art. 10. A ausncia de dano apenas impede a aplicao da sano de ressarcimento e a posterior reparao no tem o condo de excluir a ilegalidade do ato.ELEMENTO SUBJETIVO: No h que se falar em responsabilidade objetiva nos atos de improbidade, sendo necessrio aferir o elemento subjetivo do agente. Os atos das trs espcies aceitam a modalidade dolosa. Somente pode se configurar na forma culposa os atos que causem prejuzo ao errio (art. 10), por expressa previso legal.[footnoteRef:4] [4: Entendimento pacfico do STJ: REsp 875.163/RS e REsp 1.038.777-SP.]

TENTATIVA: No h previso legal da punio da tentativa, sendo invivel se utilizar analogicamente do art. 14 do CP. Isso no impede evetual punio por infigncia a princpios, quando, por circunstncias alheias vontade do agente, o enriquecimento ilcito ou o prejuzo ao errio no se consumarem (GARCIA; ALVES, 2006, p. 301).PRESCRIO: O art. 23 da 8.429/92 prev dois prazos prescricionais para a propositura da ao de improbidade: a) 5 anos, contados do trmino do exerccio do mandato, cargo ou funo de confiana; b) dentro do prazo previsto em lei especfica para faltas disciplinares punveis com demisso. Segundo o STJ, se o agente exercer, cumulativamente, cargo efetivo e cargo comissionado ao tempo do ato reputado mprobo, h de prevalecer o primeiro para fins de contagem prescricional, pelo simples fato de o vnculo entre agente e Administrao Pblica no cessar com a exonerao do cargo em comisso, por esse ser temporrio (REsp 1.060.529). Tambm decidu o STJ que, se o agente pblico for reeleito, o termo a quo para a contagem do prazo prescricional ser o trmino do ltimo mandato. (REsp 1.107.833) Por fim, o STJ, de forma pacfica, entende que em funo do art. 37, 5 da CF, so imprescritveis as sanes de ressarcimento ao errio. (REsp 1.089.492).

ITEM C: Utilizao dos bens pblicos: autorizao, permisso e concesso de uso; concessode direito real de uso; concesso de uso especial para fins de moradia; aforamento de bens; cesso de uso.Obras consultadas: no informou. Legislao bsica: no indicou. Autorizao de uso o ato administrativo unilateral, discricionrio e precrio, pelo qual o Poder pblico consente que determinado indivduo utilize bem pblico de modo privativo, atendendo primordialmente a seu prprio interesse. Em regra, no possui previso de prazo de durao e no gera direito de indenizao. Excepcionalmente, todavia, pode ser outorgada com prazo certo (Autorizao Condicionada), o que severamente criticado pela doutrina, e, somente nesse caso, a revogao antes do prazo pode acarretar o direito de indenizao ao particular. No exige licitao prvia. H o predomnio do interesse particular (como todo ato administrativo deve atender ao interesse pblico, mas na autorizao prepondera o interesse do particular que pode, ou no, utilizar o bem). Ex: autorizao de fechamento de uma rua para a realizao de uma festa junina. Permisso de uso o ato administrativo unilateral discricionrio e precrio pelo qual a Administrao consente que certa pessoa utilize privativamente bem pblico, atendendo ao mesmo tempo aos interesses pblico e privado. Diferentemente da Autorizao, em que prepondera o interesse privado, aqui os interesses pblico e privado so nivelados. H controvrsia na doutrina sobre o cabimento de licitao prvia permisso, porque ela um mero ato administrativo e no um contrato. Majoritariamente, entende-se que ela uma espcie excepcional de ato administrativo que exige licitao prvia. Ex: permisso para a ocupao de rea de passeio pblico para a instalao de uma banca de jornais. A precariedade maior na autorizao, mas ambas so precrias e no exigem indenizao ao particular (salvo quando por prazo certo). Concesso de direito real de uso o contrato administrativo pelo qual o Poder pblico confere ao particular o direito real resolvel de uso de um terreno pblico ou sobre o espao areo que o recobre, para os fins que, prvia e determinadamente, o justificaram. Objetivos: regularizao fundiria, aproveitamento sustentvel das vrzeas e a preservao das comunidades tradicionais e seus meios de subsistncia. Diferencia-se da concesso de uso, dado que esta versa sobre direito pessoal e no possui objetivos previamente fixados pela lei. Pode incidir hipoteca sobre a concesso, mas se ela for outorgada por prazo determinado, o direito de garantia fica limitado durao deste. Pode ser objeto de alienao fiduciria, desde que passvel de alienao. transmissvel por ato intervivos ou causa mortis, desde que observados os fins da concesso. Formaliza-se por meio de escritura pblica ou termo administrativo que devem ser inscritos no Registro de Imveis. Requer lei autorizadora e licitao previa, salvo se estiver dentro das hipteses de dispensa. Pode ser por prazo certo ou indeterminado (configura exceo de contrato administrativo por prazo indeterminado) e remunerada ou gratuita.A Concesso de uso especial para fins de moradia consiste em um direito-meio para realizar um direito-fim (direito moradia). Foi concebida para desempenhar papel semelhante ao da usucapio especial para imveis urbanos (art. 183, 3o, CF), tendo em vista que os bens pblicos so imprescritveis (no podem ser usucapidos). Requisitos: posse por 5 anos at 30 de junho de 2001; posse ininterrupta e pacfica; imvel urbano pblico de at 250m2; uso do terreno para fins de moradia do possuidor ou de sua famlia; no ter o possuidor a propriedade de outro imvel urbano ou rural. Possui natureza de ato administrativo vinculado que formalizado por meio de termo administrativo ou sentena judicial. Em ambos os casos deve haver o registro em cartrio. Cesso de uso aquela em que o Poder Pblico consente o uso gratuito de bem pblico por rgos da mesma pessoa ou de pessoa diversa, incumbida de desenvolver atividade que, de algum modo, traduza interesse para a coletividade. Ex: TJ cede uso de uma sala para o TCU. Formaliza-se por meio de termo de cesso. GRUPO II DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTALPONTO N. 1 Emanuel de Melo FerreiraEnfiteuse ou Aforamento o instituto pelo qual o Estado permite ao particular o uso privativo de bem pblico a ttulo de domnio til, mediante a obrigao de pagar ao proprietrio uma penso ou foro anual, certo e invarivel. Propicia a aquisio de direito real por parte do enfiteuta, titular do domnio til. Esse direito pode ser transferido a terceiro, mas preciso que o senhorio direto renuncie a seu direito de preferncia para reaver o imvel. Nesse caso, o enfiteuta dever pagar, pela transmisso do domnio til, a importncia denominada de laudmio, calculada sobre o preo da alienao.ITEM A: Proteo da fauna e da flora.Obras consultadas: Vidal Serrano Nunes Jnior (Coordenador). Manual de Direitos Difusos. Fernando Reverendo Vidal Akaoui (Autor). Direito Ambiental. 1 Edio. Ed. Verbatim, pp. 11-83; Hugo Nigro Mazzilli. A Defesa dos Interesses Difusos em Juzo. 19a Edio. Ed. Saraiva, pp. 142-150; Annelise Monteiro Steigleder, Ana Maria Moreira Marchesan, Slvia Cappelli. Direito Ambiental Srie Concursos. 5a Edio. Ed. Verbo Jurdico, pp. 15-24; Bernardo Gonalves Fernandes. Curso de Direito Constitucional. 3a Edio. Ed. Lumen Juris, pp. 477-478; Andrea Cristina de Oliveira Struchel. Apostila do Curso de Extenso em Direito Ambiental Puc Campinas. Legislao bsica: Art. 23, VII; 24, VI; 30; 225, caput, 1o, VII, 4o, todos da CF; Lei 5.197/67 (Cdigo de Caa); Decreto-lei 221/67 (Cdigo de Pesca); Lei 6.638/79; Lei 10.519/02; Lei 4.771/65 (Cdigo Florestal); Medida Provisria 2.166-67/01; Resoluo CONAMA 303/02 (APP); Resoluo CONAMA 302/02 (Reservatrios dgua artificiais); Lei 7.754/89. 1. Noes gerais. O meio ambiente ecologicamente equilibrado condio fundamental para a manuteno da vida em nosso planeta e, no obstante seja definido constitucionalmente como direito da ordem social, tambm um direito difuso por excelncia. A sua defesa, ento, alm de princpio constitucional, mostra-se como direito fundamental. De princpio conformador da ordem econmica, tem seu contedo ampliado, quando se reconhece que, alm de um fator da produo, a proteo do meio ambiente uma condio essencial para o livre desenvolvimento das potencialidades do indivduo e para a melhoria da convivncia social. Assim, inobstante no inserido no ttulo II da Constituio Federal, deve-se considerar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, consagrado no art. 225, , sem sombra de dvida, um direito fundamental, porque uma prerrogativa individual, cuja realizao envolve uma srie de atividades pblicas e privadas, produzindo no s a sua consolidao no mundo da vida como trazendo, em decorrncia disto, uma melhoria das condies de desenvolvimento das potencialidades individuais, bem como uma ordem social livre.[footnoteRef:5] [5: CUNHA JNIOR, Dirley da, Curso de Direito Constitucional, p.712.]

A autonomia jurdica do bem ambiental resultou consolidada com a sua qualificao como bem de uso comum do povo, refletindo o interesse jurdico primrio na conservao da qualidade ambiental. No h um conjunto de propriedades individuais, pois o meio ambiente, como direito de todos, indivisvel. Disso resulta uma sobreposio de regimes jurdicos sobre os mesmos bens corpreos. Todo bem socioambiental tem pelo menos duas expresses jurdicas que comportam, assim, dupla titularidade. A primeira do prprio bem, materialmente tomado, a segunda sua representatividade, evocao, necessidade ou utilidade ambiental e a relao com os demais, compondo o que a lei brasileira chamou de meio ambiente ecologicamente equilibrado. Este direito disposto como se estivesse em camadas, na primeira camada um direito de titularidade individual, que o direito de propriedade (pblico e privado), na segunda camada o direito coletivo e sua preservao para garantia socioambiental. Os dois no se excluem, ao contrrio, se completam e se subordinam na integralidade do bem, como se fossem seu corpo e sua alma.[footnoteRef:6] [6: SOUZA FILHO, Carlos Frederico Mars. O dano ambiental e sua reparao. Revista de Direito da Associao dos Procuradores do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.1, pp. 49-60, 1999, p. 53.]

Contrapondo-se noo de interesse difuso, o direito individual aos microbens que integram a noo ampla de meio ambiente (gua, solo, florestas, entre outros) tem sido equiparada noo de direito de personalidade pela doutrina portuguesa.2. Conceito. A fauna pode ser conceituada como o conjunto de espcies animais de um determinado pas ou regio (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. So Paulo: Malheiros, 1998, p. 644).No que tange classificao da fauna, a mais utilizada a diviso em fauna silvestre e fauna domstica, no obstante alguns indiquem a existncia da fauna domesticada. Os animais silvestres seriam aqueles que vivem em liberdade. Os domsticos seriam os que vivem em cativeiro e, notadamente, na presena humana. Os chamados animais domesticados seriam os silvestres que passam a conviver em cativeiro. Muitos doutrinadores entendem que, ao passar a viver em cativeiro, os animais silvestres passam a ser domsticos, e que a classificao como domesticados puro preciosismo.A flora entendida como a totalidade de espcies que compreende a vegetao de uma determinada regio, incluindo bactrias, fungos e fitoplnctons marinhos. Por vegetao entende-se a cobertura vegetal de certa rea do pas. Por sua vez, floresta um conjunto especfico de vegetao, de densidade e propores maiores.As florestas so objeto de planejamento, gesto e proteo jurdica, so tomadas complexamente como um ecossistema que, alm das rvores, inclui gua e solo, abrange animais e microorganismos, enfim, todos os vegetais e elementos que compartilham das mesmas caractersticas ambientais e ecolgicas.3. Competncia. No tocante fauna, as competncias material e legislativa so comuns entre todos os entes federativos.A competncia em matria florestal material comum e legislativa concorrente. 4. Tutela jurdica. A fauna e a flora so considerados bens de interesse comum, passveis de sofrerem limitaes ao direito de propriedade. Em relao fauna silvestre, a lei 5.197/67 a coloca como bem pblico, porm essa disposio deve ser analisada sob a tica da CF/88, no sentido de ser um elemento que compe o meio ambiente equilibrado, portanto, possuindo uma titularidade difusa e no prpria de qualquer ente federado.

Da legislao infraconstitucional vale destacar, no tocante fauna, o Cdigo de Pesca, em que trata da captura da fauna aqutica, com vistas meramente sua atividade econmica, e o Cdigo de Caa, em que se norteia um vis mais protecionista, direcionando-se ao direito ecolgico, e no qual se disps efetivamente sobre a proteo fauna, mais se aproximando dos ditames constitucionais. Insta observar que embora o Cdigo de Caa tenha tratado somente da fauna silvestre, a Constituio Federal ampliou o leque de proteo da fauna tutelada. Cumpre registrar, ainda, o artigo 36 que institui o Conselho Nacional de Proteo Fauna, rgo consultivo e normativo de proteo fauna no pas.A Declarao Universal dos Direitos dos Animais, da UNESCO, celebrada na Blgica em 1978, e subscrita pelo Brasil, elenca entre os direitos dos animais o de no ser humilhado para simples diverso ou ganhos comerciais, bem como no ser submetido a sofrimentos fsicos ou comportamentais antinaturais. A Carta da Terra, criada na RIO+5, em seu artigo 14 dispe que devemos tratar todas as criaturas decentemente e proteg-las da crueldade, sofrimento e matana desnecessria.No que diz respeito flora, o Cdigo Florestal norma geral que disciplina a preservao e proteo das florestas e demais formas de vegetao. Na Seo II do Captulo V da Lei 9.605/98, o legislador albergou a maioria das contravenes florestais da Lei 4.771/65, transformando-as em crimes e impondo aos infratores reprimendas mais intimidativas.O artigo 225, 4 da CF erige a Floresta Amaznica e a Mata Atlntica ao status de patrimnio nacional. 5. Limites. Ar, gua e solo so elementos abiticos que possuem uma relao de interdependncia entre si, bem como, sendo substrato e condio de vida sobre a Terra, possuem uma correlao com os seres biticos que a ocupam.Dentro da biota, a relao existente ainda mais forte: fauna e flora so cmplices entre si, principalmente se pensarmos em termos de habitat, nichos ecolgicos e cadeia alimentar. Fauna e flora so parte do patrimnio ambiental natural e o grau mximo da sua relao manifesta-se na biodiversidade, que muito mais do que simples diversidade biolgica, pois inclui no seu conceito a interdependncia entre as espcies vivas.Alguns estudiosos falam hoje em direitos dos animais e plantas. Entretanto, no se protegem os animais e plantas em si mesmos, porque sejam titulares de direitos subjetivos, pois no o so, nem porque, enquanto seres vivos, possam ser alvo de tratamento cruel ou, em alguns casos, porque possam sentir dor; na verdade, so protegidos em razo de valores ticos que informam o convvio humano. Um posicionamento tico em relao fauna nos encaminha para a absoluta impossibilidade de manuteno de atividades que causem sofrimento aos animais, tais como caa, rodeios, espetculos com utilizao de mtodos que causem dor ou estresse aos animais (ex.: atraes circenses), captura cruel de animais de rua, sacrifcio injustificado de animais etc.Considerados em si mesmos, os animais, plantas e coisas inanimadas no so sujeitos de direitos ou deveres, pois no so suscetveis a noes de tica ou de valor moral. Se existem obrigaes dos homens em relao preservao de animais e plantas, e at em relao aos seres inanimados, no porque estes tenham direitos, mas porque os homens, sim, tm noo de valorao tica, e, estes sim, individual ou coletivamente considerados, tm direitos e deveres, inclusive no que diz respeito s demais formas de vida e preservao do meio ambiente em que vivem, aqui includos os seres inanimados. Se os animais tivessem direitos, deveramos supor que eles os teriam mesmo que no houvesse homens, o que no seria verdade. Os direitos e deveres tm como seus titulares os homens, no os animais, plantas e coisas, que so apenas objeto do Direito. Direito noo de dever, ou seja, algo prprio da valorao do ser humano em sociedade, supondo regras de comportamento, estabelecidos em razo e em proveito do convvio social. O homem que sujeito de deveres e obrigaes, inclusive no que diz respeito proteo dos animais, plantas e recursos minerais do planeta. (MAZZILLI, p. 146)6. Vivisseco de animais (qualquer operao feita em animal vivo com o objetivo de realizar estudo ou experimentao). Essa prtica cientfica e educacional permitida pela Lei 6.638/79, desde que respeitados os limites previstos em seus artigos 3o e 4o.7. Rodeios e outros eventos em que se utilizam animais A definio legal de rodeio est prevista no art. 1o, pargrafo nico da Lei 10.519/02, e consiste nas atividades de montaria ou de cronometragem e as provas de lao, nas quais so avaliados a habilidade do atleta em dominar o animal com percia e o desempenho do prprio animal.Os rodeios, farra do boi, briga de galo so alguns dos eventos com caractersticas sociais altamente enraizados em vrias regies do Brasil, com reflexos altamente culturais e econmicos. H evidente conflito de interesses tutelados constitucionalmente entre o bem cultural (arts. 215 e 216 da CF) e o bem ambiental (art. 225 da CF). Fato que na histria do mundo o ser humano sempre utilizou os animais, dependendo deles para sua sobrevivncia e para o seu entretenimento, mas somente nos ltimos tempos surgiram organizaes no governamentais que tutelam a vida desses seres. Depois de vrios movimentos sociais, reafirmou-se a concepo de que os animais devem ser realmente protegidos contra maus-tratos e crueldade, surgindo movimentos, campanhas e at mesmo demandas judiciais neste sentido.Oportuno salientar as seguintes decises do Egrgio Supremo Tribunal Federal acerca do tema:EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEIO AMBIENTE. ANIMAIS: PROTEO: CRUELDADE. BRIGA DE GALOS. I A Lei 2.895, de 20.03.98, do Estado do Rio de Janeiro, ao autorizar e disciplinar a realizao de competies entre galos combatentes, autoriza e disciplina a submisso desses animais a tratamento cruel, o que a Constituio Federal no permite: CF, art. 225, 1o, VII. II Cautelar deferida, suspendendo-se a eficcia da Lei 2.895, de 20.03.98, do Estado do Rio de Janeiro.[footnoteRef:7] [7: ADI 1856 MC/RJ Rio de Janeiro Medida Cautelar da Ao Direta de Inconstitucionalidade. Relator Min. Carlos Velloso, Julgamento: 03/09/1998, rgo Julgador: Tribunal Pleno.]

EMENTA: COSTUME MANIFESTAO CULTURAL ESTMULO RAZOABILIDADE PRESERVAO DA FAUNA E DA FLORA ANIMAIS CRUELDADE. A obrigao de o Estado garantir a todos o pleno exerccio de direitos culturais, incentivando a valorizao e a difuso das manifestaes, no prescinde da observncia da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituio Federal, no que veda prtica que acabe por submeter os animais crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional denominado farra do boi.[footnoteRef:8] [8: RE 153531/SC Santa Catarina. Relator Min. Francisco Rezek, Relator Acrdo Min. Marco Aurlio, Julgamento: 03/06/1997, rgo Julgador: Segunda Turma.]

GRUPO II DIREITO ADMINISTRATIVO E AMBIENTALPONTO N. 02.Ana Paula Destri Pavan

ITEM B:Classificao dos atos administrativos. Atos administrativos simples, complexos e compostos. Atos administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. Atos administrativos gerais e individuais.Obras consultadas. Celso Antnio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. 22a Edio. Ed. Malheiros, pp. 355-464; Alosio Zimmer Jnior. Curso de Direito Administrativo. 2a Edio. Ed. Verbo Jurdico, pp. 125-176; Mrcio Fernando Elias Rosa. Direito Administrativo Parte I Sinopses Jurdicas. 12a Edio. Ed. Saraiva, pp. 120-140. 1. Noes gerais. O ato administrativo praticado pelos agentes pblicos, no exerccio da competncia atribuda aos rgos, aos entes ou s entidades pblicas. As empresas privadas que se tornam concessionrias ou permissionrias no pertencem ao conceito de Administrao Pblica em sentido formal, porm tambm desempenham funes de Estado, e seus trabalhadores podem ser considerados agentes pbicos (Administrao Pblica em sentido material), autorizados para o exerccio de algumas competncias administrativas. De fato, o ato administrativo pressupe o exerccio de competncia do Estado, mesmo que, no momento, no esteja partindo dele essa iniciativa, mas sim de seus representantes. Nem todos os atos praticados pela Administrao Pblica so atos administrativos, e, ao mesmo tempo, no apenas essa ltima que produz atos administrativos.2. Conceito. O ato administrativo , pois, um ato jurdico[footnoteRef:9], uma espcie do gnero fato jurdico[footnoteRef:10]. O ato administrativo (...) a declarao do Estado (ou de quem lhe faa as vezes como, por exemplo, uma concessionria de servio pblico), no exerccio de prerrogativas pblicas, manifestadas mediante providncias jurdicas complementares da lei a ttulo de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por rgo jurisdicional (MELLO, 2011, p. 385). [9: MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurdico: plano da existncia. 7a Ed. So Paulo: Saraiva, 1995, p. 177. O ato administrative ato jurdico lato sensu pois fato jurdico cujo supote ftico tenha como cerne uma exteriorizao consciente de vontade, dirigida a obter um resultado juridicamente protegido ou no-proibido e possvel.] [10: Ibid, p. 130. A doutrina do Direito Administrativo faz ntida distino entre trs espcies do que costuma denominar ato administrativo: a) ato da Administrao, conceituado como aquele praticado pela autoridade competente, unilateralmente, vinculada ou discricionariamente, no exerccio de atribuies prprias (ex.: nomeao de funcionrio). Embora, em geral, configure ato jurdico misto, pode ser somente ato jurdico stricto sensu ou ter natureza negocial; b) os contratos administrativos (ou contratos pblicos), definidos como os que so regidos pelas normas de Direito Pblico, mais propriamente do Direito Administrativo, e se destinam execuo de obras e servios pblicos ou o fornecimento de materiais (ex.: contrato de concesso de servio pblico; contrato de concesso de obras pblicas, como a construo de uma ponte ou de uma estrada de ferro; contrato para o fornecimento de oxignio para hospitais); e c) os contratos da Administrao (ou contratos privados), aqueles que se regem pelas normas do Direito Privado, Civil ou Comercial, e tm por finalidade a prtica de negcios jurdicos tpicos do direito comum (ex.: aluguel de um imvel para a instalao de uma repartio pblica). As espcies b) e c) so negcios jurdicos, de Direito Pblico, independente de serem atos complexos. ]

Cumpre registrar que Digenes Gasparini exclui da categoria de atos administrativos os atos materiais (a pavimentao de uma rua) e os atos regidos pelo Direito Privado (a inexistncia de relao de insubordinao), ao mesmo tempo em que inclui os atos de governo ou polticos (a declarao de guerra, a declarao de estado de defesa ou o estado de stio).Celso Antnio Bandeira de Mello, por sua vez, excluiu da categoria dos atos administrativos os atos regidos pelo Direito Privado, os atos materiais e os atos de governo ou polticos.3. Classificaes. Quanto composio da vontade produtora do ato, os atos administrativos so classificados em simples, compostos e complexos.Os atos administrativos simples so aqueles que resultam da manifestao de um nico rgo, pouco importando a sua natureza, que pode ser singular ou colegiado, por exemplo. a concesso de frias, a autorizao de uso de bem pblico e a deciso do Conselho de Contribuintes. Atos simples singulares decorrem da deciso de um nico agente pblico, enquanto que os atos simples colegiais, da manifestao de vrias vontades.[footnoteRef:11] [11: GASPARINI, 2004, p. 80.]

Os atos administrativos compostos identificam-se pela vontade nica de um rgo, ficando, porm, na dependncia de confirmao por outro superior a fim de adquirir perfeio, existncia, validade e eficcia. Necessitam de ratificao por outro rgo, contudo podem ser anulados ou revogados antes disso.[footnoteRef:12] Temos como exemplo a assinatura do ministro no decreto executivo a referenda (art. 87, I, CF). Assim, apesar de haver mltiplas manifestaes de vontade, h apenas uma vontade autnoma, sendo as demais manifestaes meramente instrumentais (ex.: ato sujeito a visto). [12: STF, RE 163.301.]

Os atos administrativos complexos caracterizam-se pela manifestao de vontade de mais um rgo, sendo a vontade de um indispensvel para que a vontade do outro igualmente se concretize por exemplo, a aposentadoria de servidor publico, sempre dependendo da homologao pelo Tribunal de Contas. Assim: (...) acolhido pela jurisprudncia do (...) Supremo Tribunal Federal, o ato de aposentadoria classifica-se como complexo e se perfaz pela manifestao do rgo concedente somada da aprovao do Tribunal de Contas local (...).[footnoteRef:13] Atos administrativos complexos so aqueles cuja vontade final da Administrao exige a interveno de agentes ou rgos diversos, havendo certa autonomia, ou contedo prprio, em cada uma das manifestaes. Exemplo: a investidura do Ministro do STF se inicia pela escolha do Presidente da Repblica; passa, aps, pela aferio do Senado Federal; e culmina com a nomeao (art. 101, pargrafo nico, CF).[footnoteRef:14] [13: STJ, REsp 223.670, Informativo 317.] [14: Jos dos Santos Carvalho Filho, 2011, p. 121]

Quanto sua formao, os atos administrativos podem ser classificados em unilaterais, bilaterais e multilaterais. Ato administrativo unilateral aquele que se forma com a manifestao de vontade de uma nica parte (ex.: demisso de um funcionrio, multas, autorizaes). No afeta a unilateralidade a circunstncia de o ato depender, para a sua produo ou para os seus efeitos, do concurso da vontade do particular, seja solicitando-lhe a prtica, seja aceitando os seus efeitos (p.ex.: um pedido de alvar de licena para edificar ou de autorizao para o porte de arma ou de aceitao da outorga de um prmio, de uma comenda etc.). Ato administrativo bilateral aquele formado por um acordo de vontade entre as partes. So os atos convencionais (ex.: contrato administrativo, concesso de servio pblico). Ato administrativo multilateral aquele formado pela manifestao de vontade de vrias partes (ex.: convnio).Por fim, quanto aos seus destinatrios, os atos administrativos so classificados em gerais e individuais.Atos administrativos gerais so aqueles editados sem um destinatrio especfico, expedidos com um certo carter de norma geral e abstrata autntica lei material e que alcanam todos os sujeitos que se encontrem na mesma situao de fato em relao aos seus preceitos (ex.: edital de concurso pblico). No podem, contudo, ocupar o espao reservado lei, sob pena de inconstitucionalidade.Atos administrativos individuais so aqueles que se dirigem concretamente a determinados destinatrios. Produzem novas relaes jurdicas para o contexto individual do sujeito passivo dessa atuao administrativa. No representam normas de carter geral e abstrato mas, ao contrrio, possuem imediatos efeitos concretos (ex.: a nomeao de aprovado em concurso pblico, a exonerao de ocupante de cargo em comisso e a designao de servidor para ocupar funo gratificada). O ato administrativo individual pode ser singular ou plrimo. Singular se o destinatrio o nico sujeito especificado (ex.: a nomeao de um dado funcionrio). Plrimo se os destinatrios so mltiplos sujeitos especificados (ex.: a nomeao, em uma nica lista, de mltiplos sujeitos especificados).Tanto os atos administrativos gerais quanto os individuais, depois de consumados e produzidos os seus efeitos, tornam-se imutveis e irrevogveis (Smula 473, STF).Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende ser somente possvel a arguio de inconstitucionalidade dos atos administrativos gerais[footnoteRef:15]. Outros, porm, possuem posio oposta pela constatao de que nem todo ato geral ou normativo comporta o controle concentrado de constitucionalidade e, porque, em regra, decorrem os atos administrativos gerais de normas legais (controle de legalidade), admitindo, por exemplo, a impetrao de mandado de segurana ou o ajuizamento de ao popular e coletiva. O que para alguns constitui a nica opo, para outros constitui a exceo. Por fim, o controle realizado a partir do eventual excesso do agente se exorbitou a funo normativa tambm permite o controle de legalidade e no necessariamente de constitucionalidade. (ROSA, p. 131). [15: DI PIETRO, Direito Administrativo, p. 216.]

ITEM C:Limitaes administrativas. Ocupao temporria. Requisio. Servido. Parcelamento, edificao ou utilizao compulsrios.[footnoteRef:16] [16: Para estudo do instituto da desapropriao ver item 6.c do Grupo II.]

Obras consultadas: Celso Antnio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. 22a Edio. Ed. Malheiros, pp. 870-875; Mrcio Fernando Elias Rosa. Direito Administrativo Parte II Sinopses Jurdicas. 3a Edio. Ed. Saraiva, pp.110-121. Legislao bsica. Art. 5o, XXV; 22, III; 23; III, 24,VII; 30, CF; Decreto-lei 1.864/81; Decreto-lei 1.865/81; Decreto-lei 3.365/41; Lei 6.015/73; Decreto 24.643/34 (Cdigo de guas); Lei 10.257/01; Lei Delegada 4/62. 1. Noes gerais. O Poder Pblico pode limitar o direito de propriedade assegurado ao particular desde que as restries respeitem o fomento ao bem-estar social e o cumprimento da funo social da propriedade. Todas as limitaes devem estar ajustadas ao sistema constitucional e sempre dependem de expressa previso legal. Somente em situaes excepcionais (estado de stio e estado de defesa) admite-se a imposio de limitao sem lei anterior.2. Conceito. Limitaes administrativas so limitaes impostas por ato administrativo genrico, no destinado a propriedades determinadas, visando atender ao interesse pblico por meio de obrigaes de no fazer. Atingem o carter absoluto do direito de propriedade (o poder de usar, gozar e dispor da coisa). A limitao no acarreta o direito de indenizao, salvo se indevida, ilegal, gerando a apurao da responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar o prejuzo causado. So exemplos as limitaes de altura de edifcios, a metragem mnima de recuo para construes de imveis etc.Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que limitaes administrativas so determinaes de carter geral, por meio das quais o Poder Pblico impe a proprietrios indeterminados obrigaes positivas, negativas ou permissivas, para o fim de condicionar as propriedades ao atendimento da funo social (ex.: obrigao de limpar terrenos (positiva); parcelamento ou edificao compulsria; proibio de construir alm de determinado nmero de andares (negativa); direito de preempo municipal). Decorrem do domnio eminente que o Estado possui sobre todos os bens de seu territrio. No rendem ensejo a indenizao; so definitivas, assim como as servides.[footnoteRef:17] [17: Jos dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, p. 734.]

Por meio das limitaes o uso da propriedade ou da liberdade condicionado pela Administrao para que se mantenha dentro da esfera correspondente ao desenho legal do direito. Nelas alcana-se toda uma categoria abstrata de bens, ou, pelo menos, todos os que se encontrem em uma situao ou condio abstratamente determinada. Nas limitaes no h nus real. H um non facere, isto , uma obrigao de no fazer. As limitaes no obrigam o Poder Pblico a indenizar o proprietrio dos bens afetados.[footnoteRef:18] [18: Celso Antnio Bandeira de Mello.]

Ocupao temporria corresponde ao aproveitamento de propriedade particular para utilizao temporria pelo Poder Pblico, remunerada ou no, para a execuo de obras, servios ou atividades pblicas ou de interesse pblico. A ocupao pode incidir, ainda, nos imveis necessrios pesquisa e lavra de petrleo e de minrios nucleares. Evita-se a desapropriao desnecessria, porquanto antes se pesquisa o potencial da rea quanto futura explorao. A ocupao pode ser transferida para a Administrao indireta.Para Jos dos Santos Carvalho Filho, ocupao temporria a forma de interveno pela qual o Poder Pblico usa transitoriamente imveis privados, como meio de apoio execuo de obras e servios pblicos (ex.: utilizao de terrenos particulares contguos a estradas). Difere da requisio pelo fato de que nesta h uma situao emergencial de perigo pblico. Na ocupao vinculada desapropriao haver indenizao (art. 36, Decreto-lei 3.365/41) e o ato no ter autoexecutoriedade; na desvinculada, somente indeniza-se havendo comprovado prejuzo.Requisio o ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse pblico, constitui algum, de modo unilateral e autoexecutrio, na obrigao de prestar-lhe um servio ou ceder-lhe transitoriamente o uso de uma coisa in natura, obrigando-se a indenizar os prejuzos que tal medida efetivamente acarretar ao obrigado.[footnoteRef:19] [19: Idem, p. 912.]

So comumente conhecidos os casos de requisio de servios para a prestao de servio militar a que se sujeitam todos os jovens do sexo masculino que completem 18 anos (art. 5o, Lei 4.375/64) ou para a prestao de servio eleitoral nas mesas receptoras de votos (art. 120 e 4o do Cdigo Eleitoral) e os de requisio de bens para a instalao de mesas receptoras de votos (art. 135, 2o e 3o do Cdigo Eleitoral) existem outras hipteses menos conhecidas de requisio de servios. o caso da obrigao, que alcana qualquer pessoa, de prestar assistncia, desde que possa faz-lo sem risco, em caso de acidente com aeronave, assistncia essa que pode consistir em simples informao do evento (arts. 51 e 52 do Cdigo Brasileiro de Aeronutica). Tambm o dever previsto no art. 80 e pargrafo nico do Decreto-lei 5.405/43, segundo o qual o veculo que passe por local em que veculo transportador de mala postal haja se acidentado sem possibilidade de prosseguir, dever conduzir tal mala para a agncia mais prxima no sentido de sua marcha. Servido administrativa o direito real que assujeita um bem a suportar uma utilidade pblica, por fora da qual ficam afetados parcialmente os poderes do proprietrio quanto ao seu uso ou gozo.[footnoteRef:20] [20: Celso Antnio Bandeira de Mello.]

Na servido h um verdadeiro sacrifcio, conquanto parcial, do direito. Nelas atingem-se bens concreta e especificamente determinados. Nas servides administrativas h um nus real, de tal modo que o bem gravado fica em um estado de especial sujeio utilidade pblica, proporcionando um desfrute direto, parcial, do prprio bem (singularmente fruvel pela Administrao ou pela coletividade em geral). Nelas h uma obrigao de suportar. As servides, em geral, devem ser indenizadas, o que ocorrer sempre que impliquem real declnio da expresso econmica do bem ou subtraiam de seu titular uma utilidade que fruia. So exemplos de servido administrativa a passagem de fios eltricos sobre imveis particulares, a passagem de aquedutos, o trnsito sobre bens privados, o tombamento de bens em favor do Patrimnio Histrico etc.[footnoteRef:21] [21: Idem.]

Quanto ao tombamento, para Celso Antnio Bandeira de Mello, uma das figuras da servido. Consiste em uma interveno administrativa na propriedade, destinada a proteger o patrimnio histrico e artstico nacional, pela qual os poderes inerentes ao seu titular ficam parcialmente elididos, uma vez que poder usar e gozar do bem, mas no alter-lo, para no desfigurar o valor que se quer nele resguardar, alm de ficar constitudo no dever de mant-lo em boa conservao. (...) Com efeito, se a limitao administrativa no seno o perfil do direito, parece razovel entender que, sempre que seja necessrio um ato especfico da Administrao impondo um gravame, por conseguinte criando uma situao nova, atingiu-se o prprio direito e, pois, a hiptese de servido. Por este motivo entendemos que tanto o tombamento pelo Patrimnio Histrico quanto a declarao de que uma determinada rea particular de reserva florestal so casos de servido e no de limitao administrativa, como normalmente se afirma.Por fim, o parcelamento, a edificao ou utilizao compulsrias so espcies de limitaes administrativas. Incidem apenas sobre imveis sitos em rea inclusa no plano diretor de desenvolvimento urbano do Municpio para a qual haja lei municipal especfica autorizando exigir que os proprietrios promovam adequada utilizao do bem. Os referidos proprietrios sero notificados pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigao, devendo a notificao que se pode fazer por edital ser averbada no cartrio de Registro de Imveis. Os prazos para o cumprimento de tais obrigaes no podero ser inferiores a um ano, a partir da notificao, para que seja protocolado o projeto no rgo municipal competente, ou dois anos, a partir da aprovao do projeto, para iniciar as obras do empreendimento. A transmisso do imvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior data da notificao, transfere as obrigaes de parcelamento, edificao ou utilizao, sem interrupo de quaisquer prazos. Deve ser cumprida a seguinte ordem: a) parcelamento ou edificao compulsria; b) IPTU progressivo; c) desapropriao, que s pode ocorrer cinco anos aps a cobrana do ITPU progressivo (arts. 5o, 6o e 8o, Lei 10.257/01).4. Distines.A ocupao: a) direito de carter no-real, assim como a requisio, mas diferentemente da servido; b) s incide sobre propriedade imvel, assim como a servido, mas diferentemente da requisio; c) transitria, tal como a requisio, e diferentemente da servido; d) constitui-se em razo da necessidade de execuo de servios normais, ao contrrio da requisio que presume perigo pblico iminente.[footnoteRef:22] [22: Jos dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, pp. 727-730.]

Por sua vez, cumpre registrar as seguintes diferenas da requisio em relao desapropriao: a) a requisio refere-se a bens e servios. A desapropriao apenas a bens; b) a requisio preordena-se to somente ao uso da propriedade, ao passo que a desapropriao volvida aquisio dela; c) a requisio decorre de necessidades transitrias. A desapropriao suscitada por necessidades permanentes da coletividade; d) a requisio autoexecutria. A desapropriao, para se efetivar, depende de acordo ou, na falta deste, de procedimento judicial; e) a requisio supe, em geral, necessidade pblica premente. A desapropriao supe necessidade corrente, usual; e) a requisio pode ser indenizada a posteriori e nem sempre obrigatria. A desapropriao sempre indenizvel e exige indenizao prvia, em regra.No tocante servido administrativa, destaca-se que se tanto limitaes administrativas quanto servides podem se originar diretamente da lei, toda vez que uma propriedade sofre restries em decorrncia de ato concreto da Administrao, isto , injuno decorrente do chamado jus imperii, estar-se- diante de uma servido. (...) Serve de exemplo de servido originada diretamente da lei, marcada, pois, pela generalidade tanto de sua fonte quanto dos bens atingidos, a instituda pelo art. 12 do Cdigo de guas. (...) Em sntese: Se a propriedade atingida por um ato especfico, imposto pela Administrao, embora calcada em lei, a hiptese de servido, porque as limitaes administrativas propriedade so sempre genricas. Se a propriedade afetada por uma disposio genrica e abstrata, pode ou no ser caso de servido. Ser limitao, e no servido, se impuser apenas um dever de absteno: um non facere. Ser servido se impuser um pati: obrigao de suportar.[footnoteRef:23] [23: Celso Antnio Bandeira de Mello.]

Por fim, Jos dos Santos Carvalho Filho considera que servides no podem decorrer de lei. Entende que s cabe falar em tal figura quando sua incidncia se d sobre propriedade determinada. Afirma que as hipteses habitualmente apontadas como sendo servides legais, na verdade, no passam de limitaes administrativas.[footnoteRef:24] [24: Jos dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 11a Ed., Lumen Juris, p. 635.]

GRUPO II DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTALPONTO N. 02.Ana Paula Destri Pavan

ITEM A: Funes (atividades) administrativas. Funo consultiva. Funo de regulao. Funo de controle. Funo de fomento.Obras consultadas: BELTRO, Antonio F. G. Curso de Direito Ambiental. Editora Mtodo, 2009; CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Editora Lumen Juris, 21 edio, 2009; CUNHA JUNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Juspodivm, 6 edio, 2007; DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Editora Atlas, 25 edio, 2012); MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Malheiros, 27 edio, 2010; PORTELA, Paulo Henrique Gonalves. Direito Internacional Pblico e Privado. Juspodivm, 3 edio, 2011. Legislao bsica: no indicou. Em sentido objeto, a Administrao Pblica abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurdicas, rgos e agentes incumbidos de atender concretamente s necessidades coletivas; corresponde funo administrativa, atribuda preferencialmente aos rgos do Poder Executivo.Nesse sentido, a Administrao Pblica abrange o fomento, a polcia administrativa e o servio pblico. Alguns autores falam em interveno como quarta modalidade, enquanto a considerar como espcie de fomento.H quem inclua a regulao como outro tipo de funo administrativa. o caso de Maral Justen Filho ..., para quem a regulao econmico-social consiste na atividade estatal de interveno indireta sobre a conduta dos sujeitos pblicos e privados, de modo permanente e sistemtico, para implementar as polticas de governo. Um pouco alm, ele afirma que a regulao se traduz tanto na funo administrativa como legislativa, jurisdicional e de controle; afirmao aceitvel desde que se tenha presente que as funes legislativa e jurisdicional exercidas pela Administrao Pblica so tpicas de outros Poderes de Estado, porm atribudas a entes administrativos dentro do sistema de freios e contrapesos. A atividade normativa e a atividade judicante, no caso, tm que observar os limites constitucionais. Assim, as normas baixadas colocam-se em nvel hierrquico inferior s leis, e as decises de conflitos no fazem coisa julgada (a no ser no sentido de coisa julgada administrativa); portanto, so funes atpicas da Administrao Pblica. Na realidade, a regulao envolve uma parcela de cada uma das funes administrativas (polcia administrativa, interveno e fomento), como, alis, decorre do prprio ensinamento de Maral Justen Filho ... . Nessas outras funes administrativas, tambm esto presentes a funo normativa e a funo de controle.O fomento abrange a atividade administrativa de incentivo iniciativa privada de utilidade pblica. Fernando Andrade de Oliveira (RDA 120/14), indica as seguintes atividades como sendo de fomento:a) Auxlios financeiros ou subvenes, por conta dos oramentos pblicos;b) Financiamento;c) Favores fiscais que estimulem atividades consideradas particularmente benficas ao progresso material do pas;d) Desapropriaes que favoream entidades privadas sem fins lucrativos, que realizem atividades teis coletividade, como os clubes desportivos e as instituies beneficentes. (DI PIETRO, 55/56).

ITEM B: Vcios ou defeitos dos atos administrativos. A teoria das nulidades no Direito Administrativo. Atos administrativos nulos, anulveis e inexistentes.VCIOS OU DEFEITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. No Direito Administrativo, tambm, os vcios podem atingir os cinco elementos do ato, caracterizando os vcios quanto competncia e capacidade (em relao ao sujeito), forma, ao objeto, ao motivo e finalidade. (DI PIETRO, 246)A TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO. A ausncia de leis administrativas que sistematizem casos de invalidade e seus efeitos propiciou que surgissem trs diferentes posies quanto aos atos invlidos no direito Brasileiro.A) Alguns entendem que o vcio acarreta sempre a nulidade do ato. a posio de Hely Lopes Meirelles, por exemplo.B) Outros, como Tito Prates da Fonseca e Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, sustentam que a tradicional distino entre atos nulos e anulveis aplica-se ao Direito Administrativo. (...)C) Seabra Fagundes defende uma diviso tricotmica: nulos, anulveis e irregulares; ressalvando, todavia, que as duas primeiras espcies no correspondem s do Cdigo Civil, nem quanto aos tipos de vcio nem quanto aos efeitos deles.Todos negam relevncia jurdica espcie de atos inexistentes, indicando que, de direito, equivalem aos atos nulos. (MELLO, 466/467)ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULVEIS E INEXISTENTES. preciso esclarecer que se uma destas espcies for declarada, todos os efeitos da invalidao se operam. A maior distino destas modalidades de invalidao est nas suas causas.A Inexistncia ocorre quando se est diante de condutas puramente criminosas, dando ensejo legtima defesa (resistncia manu militari). Tais atos so imprescritveis e no podem ser convalidados nem convertidos. Ex.: autorizao par abrir casa de prostituio; determinao do delegado para o policial espancar um preso; autorizao do fisco aos seus agentes para invadir a residncia de devedores a fim de que os forcem a pagar suas dvidas etc.A Nulidade, embora no corresponda a uma conduta criminosa, em razo de seus efeitos, no pode ser convalidada. Entretanto, podero os atos nulos, em certas situaes, ser convertidos. Eles so prescritveis (05 anos) e no admitem resistncia manu militari (s admitem resistncia por deciso judicial ou por conta e risco do administrado).A Anulabilidade consiste num vcio que pode ser convalidado. Os atos anulveis so prescritveis (05 anos) e convalidveis. No admitem, entretanto, resistncia manu militari. (CUNHA JR, 116)

GRUPO II DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTALPONTO N. 03.Luciano Godoi Martins

ITEM C: Desenvolvimento sustentvel. Aquecimento global. Normas internacionais em tema ambiental. Reparao do dano ecolgico.DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL. Em 1984 o ento Secretrio Geral das Naes Unidas (ONU), Javier Prez de Cuellar, criou a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento com o propsito de avaliar os avanos dos processos de degradao ambiental e a eficcia das polticas ambientais para combat-los.Esta Comisso foi presidida por Gro Harlem Brundtland, que exerceu o cargo de Primeira Ministra da Noruega a partir de 1981 e nos perodos de 1986 a 1989 e 1990 a 1996. Aps trs anos de estudos e atividades, esta Comisso publicou em abril de 1987 suas concluses em um documento intitulado Nosso futuro comum, que passou a ser conhecido como o relatrio Brundtland.O relatrio Brundtland definiu desenvolvimento sustentvel como aquele que satisfaz as necessidades do presente sem pr em risco a capacidade das geraes futuras de terem suas prprias necessidades satisfeitas. Cunhou, assim, a expresso eqidade intergeracional intergeneration equity .As recomendaes do relatrio Brundtland, que ficaria mundialmente conhecido por desenvolver o conceito de desenvolvimento sustentvel, originaram a Conferncia das Naes Unidas em Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro de 1992 (a ECO 92). (BELTRO, 465/466)AQUECIMENTO GLOBAL. A Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) o primeiro documento internacional a tratar sobre aquecimento global.Assinada durante a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, consiste em um marco histrico, visto que reconhece que a estabilidade do sistema climtico do planeta pode ser afetada por emisses de dixido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa por fontes antrpicas. Sua vigncia iniciou-se em 21.03.1994 e, at novembro de 2007, j havia sido ratificado por 192 pases.Segundos seus artigos, os Governos comprometem-se, em sntese, a: coletar e compartilhar informaes, a: coletar e compartilhar informaes acerca de gases causadores do efeito estufa, polticas nacionais e melhores prticas; lanar estratgias nacionais quanto a tais gases e adapt-las aos impactos que esto por vir, incluindo a previso de apoio financeiro e tecnolgico aos pases em desenvolvimento; cooperar na preparao para adaptao aos impactos da mudana climtica.A partir da assinatura deste Tratado, h anualmente encontros dos pases signatrios, chamados de Conferncias das Partes Signatrias da Conveno-Quadro sobre Mudanas Climticas (COPs), para debate das questes relacionadas ao aquecimento global.Dentre estes encontra anuais destaca-se o realizado no ano de 1997 na cidade de Quito, Japo, que originou o famoso Protocolo que leva o nome desta cidade.Vale observar que o Protocolo de Kyoto guarda autonomia em relao Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima, pelo que h pases, como os Estados Unidos da Amrica, que, embora signatrios da conveno, no assinaram aquele Protocolo.O Protocolo no estipula metas e prazos para todos os gases que produzem efeito estufa, mas apenas para quatro deles: dixido de carbono, metano, xido nitroso e hexafluoreto de enxofre; e duas famlias de gases: hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs). AS redues de tais gases devem ser traduzidas em equivalentes de CO2 (BELTRO, 467/469)NORMAS INTERNACIONAIS EM TEMA AMBIENTAL. NORMAS GERAIS DO DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Examinaremos a seguir, de maneira muito sucinta, alguns dos principais documentos internacionais voltados ao tema do meio ambiente, que, apesar de no serem tecnicamente tratados, trazem preceitos que servem de importantes referncias para o tratamento da questo ambiental no mbito internacional, que funcionam, na prtica, como soft law.1)Declarao de Estocolmo de 1972. A declarao de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano visa a estabelecer princpios comuns que possam orientar a humanidade no esforo de preservao e de melhoria do meio ambiente onde vive. considerada o ponto de partida da construo do atual sistema internacional de proteo ambiental.2)Declarao do Rio de 1992. A declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi proclamada por ocasio da Eco 92, em 1992. A Declarao do Rio mantm praticamente todos os valores consagrados na Declarao de Estocolmo, mas os atualiza, luz dos avanos ocorridos em duas dcadas de negociaes internacionais no campo ambiental, dos progressos cientficos e das mudanas ocorridas no meio ambiente global. A declarao salienta, logo no princpio, que os seres humanos esto no centro das preocupaes com o desenvolvimento sustentvel, tendo direito a uma vida saudvel e produtiva, desde que em harmonia com o ambiente onde vivem. O Direito Internacional do Meio Ambiente , portanto, antropocntrico. Na construo do desenvolvimento sustentvel, os Estados tm responsabilidades comuns, porm diferenciadas. Nesse sentido, os pases desenvolvidos reconheceram a maior responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentvel, tendo em vista as presses exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e por conta das tecnologias e recursos financeiros que controlam. Ao mesmo tempo, as aes internacionais na rea do meio ambiente e do desenvolvimento devem tambm atender aos interesses e s necessidades de todos os pases, prioritariamente aqueles ainda em desenvolvimento.3)Agenda 21. A agenda 21 foi aprovada na Eco 92 e um programa de ao que visa a garantir o desenvolvimento econmico em condies equitativas para toda a humanidade, dentro de parmetros de respeito ao meio ambiente. No um tratado e, portanto, no juridicamente vinculante. Entretanto, a importncia que as suas normas adquiriram para as polticas ambientais dos Estados e das instituies em geral permite classific-la como soft law. (PORTELA, 383/386)REGULAO DE TEMAS ESPECFICOS NO DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Proteo da fauna, da flora e das florestas. O primeiro tratado voltado a proteger a fauna, a flora e as florestas foi, segundo Soares, a Conveno para a Proteo da Flora, da Fauna e das Belezas Cnicas Naturais dos Pases da Amrica, firmada em 1949 (Decreto 58.054, de 23/08/1966).Outro tratado importante a Conveno sobre Zonas midas de Importncia Internacional, especialmente como habitat das Aves Aquticas (Conveno de Ramsar), 1971, emendada por um Protocolo de 1982 (Decreto 1.905, de 16/05/1996).A Conveno para o Comrcio Internacional das Espcies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extino, conhecida como Cites, foi firmada em 1973 (Decreto 76.623, de 17/11/1975), com o intuito de combater a degradao da fauna e da flora pela imposio de limitaes s transaes comerciais internacionais que envolvam seus exemplares, suas partes e produtos derivados.Outro tratado que regula a proteo da fauna, da flora e das florestas a Conveno sobre a Diversidade Biolgica, de 1992 (Decreto 2.519, de 16/03/1998).A Conveno parte do princpio de que os recursos da biodiversidade devem ser preservados prioritariamente in situ, ou seja, no habitat natural de onde originam ou, no caso ex situ, ao menos no pas de origem.Outro tratado de interesse para a proteo da flora e das florestas o Acordo Internacional de Madeiras Tropicas, assinado em 1994 (Decreto 2.707, de 04/08/1998), que visa a regular o comrcio internacional de madeiras nobres dos trpicos.Proteo do solo e desertificao. O principal tratado a respeito a Conveno Internacional de Combate Desertificao nos Pases afetados por Seca Grave e/ou Desertificao, particularmente na frica, firmada em 1994 (Decreto 2.741, de 20/08/1998).Antrtida. A Antrtida uma rea internacional, que no pertence a nenhum Estado especfico. Como recorda Soares, o nico espao na terra que constitui um habitat preservado em seu Estado natural e que, dada sua fragilidade, os Estados tm a inteno de conservar.Para preservar o continente antrtico, o Tratado da Antrtida probe manobras militares e experincia com armas, inclusive nucleares, naquela rea (art. I, 1), bem como o uso daquele territrio como depsito de lixo radioativo (art. V, 1). Por outro lado, o tratado favorece a pesquisa cientfica na Antrtida (art. II e III) e limita as reivindicaes territoriais sobre a regio (art. IV), reduzindo o risco que a ocupao humana certamente poderia trazer sobre o ambiente local. Por fim, o Tratado Antrtico obriga os Estados a deliberarem acerca da preservao e conservao dos recursos vivos na Antrtida (art. IX, 1i, f).Alimentos transgnicos e organismo geneticamente modificados: o Protocolo de Cartagena. O principal tratado voltado a regular a produo e manejo de organismos geneticamente modificados o Protocolo da Cartagena sobre Biossegurana da Conveno sobre Diversidade Biolgica, de 2000 (Decreto 5.705, de 16/02/2006).Combate ao aquecimento global. Poluio atmosfrica: o Protocolo de Quito. Proteo da camada de oznio. A poluio atmosfrica comeou a tomar lugar de destaque no Direito Internacional a partir do julgamento do caso da Fundio Trail (Trail Smelter Case), que envolveu o Canad e os Estados Unidos e foi decidido em 1941.O caso referia-se s atividades de uma fundio canadense localizada prxima fronteira com os EUA, cujas atividades estariam poluindo o territrio norte-americano. O laudo arbitral que decidiu o caso determinou que nenhum Estado tem o direito de usar ou permitir o uso de seu territrio de maneira tal que emanaes de gases ocasionem danos dentro do territrio de outro Estado ou sobre as propriedade ou pessoas que a se encontrem, quando se trata de consequncias graves, e o dano seja determinado mediante prova certa e conclusiva. Como resultado, o Canad teve de pagar uma reparao aos EUA, e foram determinados os parmetros mnimos de operao que a empresa deveria seguir para cessar as atividades poluidoras.Poluio do mar e pesca. O combate poluio do mar um dos temas regulados no principal tratado referente ao Direito do Mar, no caso a Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar, assinada em Montego Bay (Jamaica), em 1982 (Decreto 1.530, de 22/06/1995). (PORTELA, 383/395)REPARAO DO DANO ECOLGICO. A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE E A REPARAO DO DANO ECOLGICO. No mbito do Direito Internacional do Meio Ambiente, a responsabilidade internacional objeto ou por risco. Com isso, no se perquire acerca da eventual culpa do agente pelo dano e, nesse sentido, basta que se configure um prejuzo para que surja a obrigao de reparao, independentemente da forma pela qual o autor do dano tenha ou no concorrido para o problema. Tambm irrelevante para a configurao da responsabilidade internacional no campo ambiental o fato de a atividade ser ou no considerada perigosa ou, ainda, de ser ou no proibida pelo Direito Internacional.Os tratados referentes proteo do meio ambiente que se referem responsabilidade internacional por danos ambientais e que se encontram em vigor no Brasil so os seguintes: Conveno de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares (Decreto 911, 03/09/1993); Conveno Internacional sore Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluio por leo, de 1969 (Decreto 79.437, de 28/03/1977), celebrada sob a gide da Organizao Martima Internacional (OMI); e a Conveno Internacional sobre a Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais, de 1972 (Decreto 71.981, de 22/03/1973). (PORTELA, 399).

ITEM A: Princpios do Direito Ambiental.Obras consultadas: THOM, Romeu. Manual de Direito Ambiental. Ed. JusPODIVM, 2011; DINO, Nicolau. A Constituio de 1988 agasalhou princpios que registram a especial preocupao com a temtica da proteo ambiental. Em vrios momentos, a Constituio Federal refere-se a princpios e normas-princpio de contedo ambientalista, instituindo uma ordem constitucional ambiental. A outra concluso no se chega a partir da vinculao do exerccio do direito de propriedade a uma funo social (artigo 5o, XXIII); da estipulao da defesa do meio ambiente como um princpio geral da atividade econmica (artigo 170, VI); da definio do meio ambiente como um bem de uso comum do povo (artigo 225, caput); da exigncia de prvio estudo de impacto ambiental para a instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente (artigo 225, 1o, IV); da responsabilizao civil, penal e administrativa em relao s condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (artigo 225, 3o); da previso de um zoneamento ambiental, com a definio de espaos territoriais especialmente protegidos (artigo 225, 1o, III); da promoo da educao ambiental e da conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente (artigo 225, 1o, VI).1) Princ. interveno estatal compulsoria: art. 225 CF. O princpio em tela deflui do dever genrico que tem o Estado de proteger e promover os direitos fundamentais.No que concerne proteo ambiental, o Estado tem o dever de adotar uma postura positiva no sentido de assegurar e proporcionar a higidez do bem em tela e, tambm, uma postura negativa impondo-se-lhe o dever de no agir de forma prejudicial ao meio ambiente.2) Princ. da participao comunitria: art. 225 CF. Em virtude do Estado participativo, deve ser possibilitada a atuao do Estado, da sociedade civil e do terceiro setor (organizaes no governamentais). Duas vertentes. d.1) Dever de proteo da informao ambiental e conscientizao pblica (CF, 225 par. 1, VI); d.2) Dever de educao ambiental, trazendo conscincia ecolgica ao povo.d.3) Promoo da poltica nacional de educao ambiental lei 9795/1999), reforando a idia da proteo do meio ambiente pelo poder pblico e pela coletividade.3) Princ. do acesso eqitativo aos recursos naturais: O mito da inesgotabilidade dos recursos naturais foi h muito superado. Princpio 5 da Declarao de Estocolmo, de 1972: os recursos no renovveis da Terra devem ser explorados de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe os benefcios de sua utilizao.Essa equidade possui, de outra face, uma dimenso temporal subjacente, impondo a salvaguarda dos interesses destas e das novas geraes.4) Princ. da natureza publica da proteo ambiental: A afirmao de que a proteo ambiental obedece a uma diretriz de ndole pblica repercute a ideia de que o plexo normativo deve atender primacialmente aos objetivos permeados por toda a sociedade, cabendo-lhe apenas secundariamente tutelar os chamados direitos subjetivos individuais. Noutras palavras, a dimenso coletiva deve preponderar, via de regra, sobre os interesses individuais.5) Princ. da funo social: o direito de propriedade, longe de ser absoluto, est irremediavelmente jungido a uma finalidade de cunho social. Mas o que de h de se entender por funo social da propriedade? A resposta indagao reconduz-nos ao disposto no artigo 170 da Constituio Federal brasileira, o qual acentua que a ordem econmica tem por objetivo assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observando-se, entre outros princpios, a funo social da propriedade (inciso III). Nessa linha, intuitivo que a funo social se materialize na medida em que for capaz de proporcionar uma existncia pautada por parmetros de dignidade.O contedo da funo social sofre algumas variaes, em se tratando de propriedade urbana e de propriedade rural. Isso se revela possvel e necessrio para melhor adequao do modo de utilizao desses bens. impossvel, de fato, cogitar do cumprimento da funo social da propriedade sem a observncia da diretriz constitucional de promoo do meio ambiente. Da resulta a expresso funo socioambiental, a significar que o direito de propriedade deve ser exercido de modo a que no sejam malferidos os interesses da coletividade no que tange promoo do meio ambiente saudvel e ecologicamente equilibrado.6) Princ. do desenvolvimento sustentvel: Numa viso ecointegradora, trata-se de estabelecer um liame entre o direito ao desenvolvimento, em todas as suas dimenses (humana, fsica, econmica, poltica, cultural, social), e o direito a um ambiente sadio, edificando condies para que a humanidade possa projetar o seu amanh.A Constituio Federal alberga esse princpio, no artigo 170, caput, e inciso VI, e artigo 225, caput. E muito antes do Texto Constitucional, a Lei n. 6.938/1981, que adotou a Poltica Nacional do Meio Ambiente, j elencava entre os objetivos do PNMA a compatibilizao do desenvolvimento econmico e social com a preservao da qualidade do meio ambiente e do equilbrio ecolgico (artigo 4o, I). A Declarao de Estocolmo j acentuava, tambm, no Princpio 4, que os Estados, ao planejarem o desenvolvimento econmico, devem atribuir ateno especial conservao da natureza, evitando-se, ao mesmo tempo, o risco de esgotamento dos recursos naturais (Princpio 5).Para Acselrad, o discurso da sustentabilidade tem sua origem nas hostes da tecnoburocracia do desenvolvimento capitalista. Em suas palavras, na lgica da prpria tecnoburocracia haveria o reconhecimento de que o desenvolvimento capitalista estaria ameaado porque as suas bases materiais de reproduo estariam sendo comprometidas. O autor no despreza, porm, a presso dos movimentos ambientalistas, que contribuiu para o desnudamento dos problemas globais ligados preservao do meio ambiente. Na mesma linha, Selene Carvalho Herculano anota que a proposta do desenvolvimento sustentvel uma soma de mecanismos de ajustes em prol de um capitalismo soft.Um dos maiores estudiosos sobre o desenvolvimento sustentvel, Ignacy Sachs, afirma que a sada do duplo n (pobreza e destruio do meio ambiente) exige um perodo relativamente longo de crescimento econmico nos pases do hemisfrio sul e no leste europeu. Sem embargo desse registro, inegvel o acerto da tese do desenvolvimento sustentvel. Tal conceito traz em si o reconhecimento de que os recursos naturais no so inesgotveis. Ao mesmo tempo, expressa a compreenso de que no pode haver desenvolvimento pleno se os caminhos trilhados para sua consecuo desprezarem um sistema de explorao racional e equilibrada do meio ambiente. E mais: desenvolvimento sustentvel implica necessariamente melhoria da qualidade de vida dos povos que habitam o planeta, impondo-se, nesse sentido, a reduo das desigualdades socioeconmicas.A diversidade de concepes sobre a sustentabilidade pode ser resumida atravs de trs distintas configuraes/correntes trazidas por Renn: a)antropocentrismo utilitarista: considera a natureza como principal fonte de recurso para atender as necessidades do ser humano. Predominante desde a Rev. Industrial, at meados de 1950; b)antropocentrismo protecionista: tem a natureza como um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia de sobrevivncia e bem-estar do homem. Impe-se, por conseguinte, equilbrio entre as atividades humanas e os processos ecolgicos essenciais. Atual corrente; c)ecocentrica: entende que a natureza pertence a todos os seres vivos, e no apenas ao homem, exigindo uma conduta de extrema cautela em relao proteo dos recursos naturais, com clara orientao holstica.7) Princ. da cooperao entre os povos: A integrao e a cooperao no campo da proteo do meio ambiente determinam a conjugao de esforos entre sociedade e Estado, no sentido da realizao de uma poltica ambiental consentnea com o valor a ser protegido. Nessa mesma linha, o carter transfronteirio do processo de degradao do meio ambiente aponta para a necessidade de implementao de mecanismos de cooperao internacional, mediante a inspirao do princpio em tela. A cooperao internacional no campo da proteo do meio ambiente encontra-se registrada nos Princpios 7, 9, 12, 18, 19 e 27 da Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO/1992).8) Princ. da precauo: O princpio da precauo tem como centro de gravidade a averso ao risco, no sentido de que a ausncia de certeza quanto ocorrncia de danos ambientais deve apontar para a adoo de providncias capazes de impedir o resultado lesivo, obstando, se necessrio, o desenvolvimento da atividade potencialmente causadora de prejuzo.A viso prospectiva inerente aplicao do princpio da precauo. No basta, com efeito, alcanar a segurana de que a atividade colimada no oferece riscos para as geraes atuais. necessrio, tambm, avaliar os seus possveis reflexos no futuro, certificando a qualidade do legado ambiental a ser deixado. A equidade intergeracional norteia, pois, a implementao do princpio da precauo.A avaliao de impactos ambientais constitui um dos instrumentos de realizao do princpio da precauo, estabelecendo mecanismos de controle para a Administrao e, ao mesmo tempo, oferecendo parmetros objetivos de definio sobre a liberao ou no de atividades com considervel grau de incerteza cientfica no que tange potencialidade danosa.9) Princ. da preveno: Com efeito, enquanto que sob a estrita tica da precauo, a dvida e a incerteza so os elementos determinantes do atuar preventivo, o princpio da preveno trabalha com os indicativos tcnicos de iminncia da produo do dano, certo e definido, acenando a adoo de medidas preventivas, antes da consumao anunciada do resultado prejudicial ao meio ambiente. O princpio da precauo inspira-se em argumentos de prudncia, ante as consequncias incertas de um evento pretendido. O princpio da preveno baseia-se em critrios de antecipao diante de um resultado certo, mas no querido.Citando expressamente o principio da precauo, o STJ: Justifica-se a inverso do nus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente perigosa o nus de demonstrar a segurana do empreendimento, a partir da interpretao do art. 6, VIII, da Lei 8.078/90 c/c art. 21 da Lei 7347/85, conjugado ao princpio ambiental da precauo. RESP 972902/RS, rel. Min. Eliana Calmon.10) Princ. da correo na fonte: O princpio da correo na fonte relaciona-se, de certo modo, com o princpio da preveno. Por ele, deve-se buscar o desenvolvimento de aes preventivas no sentido de corrigir na origem, tanto quanto possvel, os fatos geradores de degradao ambiental. Tal princpio acha-se inserido no Tratado da Comunidade Europia, no artigo 174/2, acima mencionado.11) Princ. da informao: Segundo esse princpio, o Poder Pblico deve propiciar sociedade o pleno acesso s informaes relativas s polticas pblicas sobre meio ambiente, bem como sobre a existncia de atividades potencialmente nocivas ao bem estar das comunidades. O Enunciado n. 10 da Declarao do Rio (ECO/92).O direito participao pressupe o direito de informao, pois h vnculo indissocivel entre ambos. Edis Milar doutrina nesse sentido, apontando que os cidados com acesso informao tm melhores condies de atuar sobre a sociedade, de articular mais eficazmente desejos e ideias e de tomar parte ativa nas decises que lhes interessam diretamente.13) Princ. Poluidor-pagador: Aquele que degrada o meio ambiente deve arcar com os nus decorrentes dessa atividade, responsabilizando-se pelos custos referentes explorao dos recursos naturais, como tambm pelos custos destinados preveno e reparao dos danos ao ambiente. Essa a sntese do princpio do poluidor-pagador, o qual encontra abrigo normativo no artigo 4o, VII, da Lei n. 6.938/1981.Trata-se de imputar ao degradador o custo social da deteriorao por ele gerada, com a internalizao dos custos externos na prpria cadeia de produo.Sem embargo da relevncia do princpio em foco como eficiente diretriz no campo da otimizao dos recursos naturais, no tm escapado crtica algumas contradies que podem resultar da aplicao desse princpio. Ramn Martn Mateo registra, nesse sentido, a possibilidade real de os produtores transferirem aos consumidores os gravames anteriormente sofridos, repassando-os aos preos dos produtos lanados no mercado. Afora esse aspecto, a aplicao do princpio do poluidor-pagador poderia refletir, na realidade, a transferncia para o mercado das responsabilidades atinentes s polticas ambientais mais satisfatrias ao bem-estar da coletividade, condicionando-as sua (do mercado) capacidade de equalizao da relao custo-benefcio.Este princpio, analisado sob o prisma constitucional, aceita duas interpretaes: A) Obrigao de reparao. O principio se traduz na obrigao de reparar os danos e prejuzos, sendo inclusive denominado por alguns doutrinadores como principio da reparao ou principio da responsabilidade; B) Incentivo negativo. O poluidor, uma vez identificado, deve suportar as despesas de preveno ambiental.14) Princ. Usurio pagador: Este princpio estabelece que o usurio dos recursos naturais deve pagar pela sua utilizao. Dessa forma, os recursos naturais devem estar sujeitos aplicao de instrumentos econmicos para que o seu uso e aproveitamento se processem em benefcio da coletividade. A ideia de definio de valor econmico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdcio. A apropriao desses recursos por parte de um ou de vrios indivduos, pblicos ou privados, deve proporcionar coletividade o direito a uma compensao financeira pela utilizao d recursos, bens de uso comum.Est previsto na Lei da Poltica Nacional do Meio-Ambiente, art. 4.Paulo Affonso Leme Machado destaca que o princpio do usurio-pagador no uma punio, pois mesmo inexistindo qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado. De acordo com o brilhante jurista, para tornar obrigatrio o pagamento pelo uso do recurso no h necessidade de ser provado que o usurio est cometendo faltas ou infraes.Um exemplo da aplicao desse princpio a compensacao ambiental, art. 36 da Lei do SNUC. Contudo, o Min. Celso de Mello (ADI 3378-DF) entende que a cobrana da compensao ambiental decorre do principio do poluidor pagador.15) Princ. da vedao do retrocesso: Como o direito ao meio ambiente ecologicamente dotado de status de direito fundamental, as garantias de proteo ambiental, uma vez conquistadas, no podem retroagir. inadmissvel o recuo da salvaguarda ambiental para nveis de proteo inferiores aos j consagrados, a no ser que as circunstancias de fato sejam significativamente alteradas.

GRUPO II ADMINISTRATIVO E AMBIENTALPONTO N. 4.Luciana Fernandes de Freitas

ITEM B:Teoria dos Motivos Determinantes. Teoria do desvio de poder.Obras consultadas: MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo Ed. Malheiros, 2010; CUNHA JNIOR, Dirley da. Curso de Direito Administrativo. Ed. Juspodvim, 2011; CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. De acordo com a teoria dos motivos determinantes, [...] os motivos que determinaram a vontade do agente, isto , os fatos que serviram de suporte sua deciso, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocao de motivos de fato falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando conforme j se disse, a lei no haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prtica do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calou, ainda quando a lei no haja expressamente imposto a obrigao de enuncia-los, o ato s ser vlido se estes realmente ocorreram e o justificavam (MELLO, 2011, p. 404).O motivo um fato, um dado real e objetivo que autoriza ou impe a prtica do ato. A motivao, que princpio constitucional da Administrao Pblica, corresponde exposio do motivo, sua enunciao, revelao, antecedendo a prpria deliberao do ato sob a forma de considerandos.Quanto motivao, por ser exigncia constitucional, deve-se considera-la como regra, salvo naqueles casos em que a prpria Constituio autoriza ato livre de motivao (ex. exonerao de cargo em comisso e funo de confiana) ou quando no houver prejuzo para o interesse pblico ou para terceiro. Mas, se ainda assim, a Administrao Pblica resolver enunciar o motivo, a existncia deste vincula o ato, haja vista a teoria dos motivos determinantes. A teoria dos motivos determinantes implica para a Adm. Publica a total vinculao com os motivos que apresenta para a prtica do ato, de tal sorte que, inexistentes os motivos, expe-se o ato invalidao.Assim, em razo do princpio da motivao, a Adm. Pub. deve fundamentar os atos que expede e revelar os motivos que ensejaram a sua atuao. J em decorrncia da teoria dos motivos determinantes, a Adm. Pub. est vinculada e adstrita aos motivos que indica. O que significa que no basta motivar ou fundamentar o ato ou a deciso administrativa. mister, ademais, que o motivo que ensejou a edio do ato ou da deciso exista e seja idneo.O desvio de poder, por seu turno, constitui um vcio de natureza objetiva, que independe da vontade do agente, e que se caracteriza pela desconformidade entre a finalidade do ato e a finalidade da competncia.Em outras palavras, o vcio de poder ocorre quando o agente [...] exerce uma competncia que possua (em abstrato) para alcanar uma finalidade diversa daquela em funo da qual lhe foi atribuda a competncia exercida (MELLO, 2011, p. 407).O desvio de poder ocorre em duas situaes: i) quando o agente pretende satisfazer uma finalidade alheia ao interesse pblico; ou ii) quando o agente pretende satisfazer uma finalidade diversa daquela prpria do ato praticado.Finalidade um dos requisitos/elementos do ato administrativo e seu pressuposto de validade. Cada ato administrativo destina-se a um fim pblico especfico, posto que est sempre preordenado a atingir uma dada finalidade pblica. Se o fim visado no for aquele previsto para o ato editado haver o desvio especfico de finalidade expondo o ato invalidao.O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato pretendendo fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia. A finalidade elemento sempre vinculado. Maria Sylvia di Pietro[footnoteRef:25]: Um exemplo muito comum: remover o funcionrio ex-officio, a ttulo de punio; isto muito comum, o funcionrio mandado para o outro lado do fim do mundo, a ttulo de punio. Ento, ao invs de se instaurar um processo e aplicar a penalidade adequada, usa-se a remoo, com carter punitivo, quando ela no tem uma finalidade punitiva; isso um vcio relativo finalidade. [25: http://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/29a03_10_03/4Maria_Silvia4.htm.]

Esse vcio chamado desvio de poder ou desvio de finalidade e est definido na lei de ao popular; ocorre quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia. Vocs sabem que hoje o desvio de poder um ato de improbidade administrativa. O artigo 12 da lei de improbidade, quando fala dos atos que atentam contra os princpios da administrao, sem usar a palavra desvio de poder, d um conceito que equivale ao de desvio de poder. Uma autoridade que pratica um ato com uma finalidade diversa, est praticando um ato de improbidade administrativa.Todos sabem que a grande dificuldade do desvio de poder a prova, pois evidente que a autoridade que pratica um ato com desvio de poder, procura simular, procura mascarar; ela pode at fazer uma justificao dizendo que est praticando o ato porque quer beneficiar tal interesse pblico, est removendo funcionrio para atender necessidade do servio; ela no vai dizer que por uma razo ilegal. Ento, o desvio de poder uma simulao, porque mascara a real inteno da autoridade.Precedente do STJ:ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO. ATO ADMINISTRATIVO DE TRANSFERNCIA DE SERVIDORES. DESVIO DE FINALIDADE. LEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO. ART. 129, III, DA CONSTITUIO FEDERAL. SMULA 329/STJ.1. Cuidam os autos de Ao Civil Pblica movida pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais contra o Municpio de Rio Espera, em decorrncia de suposta improbidade administrativa que envolve desvio de finalidade na remoo de servidoras pblicas aprovadas por concurso pblico para atender interesse poltico. 2. A suposta conduta amolda-se aos atos de improbidade censurados pelo art. 11 da Lei 8.429/1992, pois vai de encontro aos princpios da moralidade administrativa e da legalidade (patrimnio pblico imaterial). 3. O Ministrio Pblico possui legitimidade para ajuizar Ao Civil Pblica com o intuito de combater a prtica da improbidade administrativa. 4. Condutas mprobas podem ser deduzidas em juzo por meio de Ao Civil Pblica, no havendo incompatibilidade, mas perfeita harmonia, entre a Lei 7.347/1985 e a Lei 8.429/1992, respeitados os requisitos especficos desta ltima (como as exigncias do art. 17, 6). Precedentes do STJ. 5. Recurso Especial provido. (REsp 1219706 / MG, Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 25/04/2011).Importante lembrar o instituto da tredestinao, em que h a destinao de um bem expropriado a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. Divide-se em lcita e ilcita.A lcita ocorre quando a Administrao d destinao outra que no a planejada quando da expropriao, porm, mantm o atendimento ao interesse pblico. Assim, o motivo continua sendo o interesse pblico, mas, como ensina Carvalho Filho, o "aspecto especfico" dentro desse interesse pblico diferente. Logo, no se vislumbra ilicitude porque o fim especial foi diferente, porm, o motivo que deu ensejo expropriao (interesse pblico) permanece.J a ilcita traduzida na verdadeira desistncia da expropriao e d ensejo retrocesso. Ou seja, quando a Administrao pratica desvio de finalidade ou, ainda, transmite o bem a terceiros (quando no possvel). No h a mantena do interesse pblico, o qual motivou a expropriao. Vale ressaltar que a demora na utilizao do bem no significa tredestinao.

ITEM C:Licitaes. Princpios. Modalidades. Dispensa e inexigibilidade de licitao.Licitao - procedimento administrativo vinculado, por meio do qual os entes da Administrao Pblica e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vrios interessados, com dois objetivos a celebrao do contrato, ou a obteno do melhor trabalho tcnico, artstico ou cientfico (Jos dos Santos Carvalho Filho).Destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administracao e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhe so correlatos. (Dirley da Cunha Jr). A obrigatoriedade da licitao, portanto, j , por si mesma, um princpio jurdico que vincula a Administrao Pblica.Fundamenta-se no inc. XXI do Art. 37 da CF. Valoriza-se o princpio da igualdade e o princpio da competio ou competitividade.Art. 3 da Lei 8666/93: A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia, a seleo da proposta mais vantajosa para a administrao e a promoo do desenvolvimento nacional sustentvel e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhes so correlatos. (Redao - Lei 12.349/10)Princpios: a)Legalidade: art. 4 da Lei 8666/93. b)Vinculao ao instrumento convocatrio: A administrao tem que respeitar estritamente as regras que haja previamente estabelecido para disciplinar o certame (art. 41 da Lei). c)Princpio do Julgamento Objetivo: impede que a licitao seja decidida com base em sentimentos, impresses ou propsitos pessoais dos membros da comisso julgadora (art. 45 da Lei).*Importa consignar que mesmo a empresa pblica e a sociedade de economia mista, assim como as suas subsidirias, que explorem atividades econmicas, sujeitam-se exigncia da licitao.O art. 173 da CF determina que a lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica e da sociedade de economia mista que explorem atividade econmica, dispondo sobre licitao e contratao de obras, observados os princpios da administrao pblica.Dispensa - em tese poderia o procedimento ser realizado, mas por particularidade decidiu o legislador no torn-lo obrigatrio ou afast-lo. Litas constante do Art. 24 da Lei. uma exceo ao princpio da obrigatoriedade da licitao que pressupe, todavia, a possibilidade de competio, de tal modo que a licitao seria possvel. Assim, a dispensa consiste na possibilidade legal de a Administrao Pblica deixar de proceder licitao, diante de determinadas hipteses previstas taxativamente em lei, vista das quais os rgos e as entidades administrativas podem contratar diretamente com terceiros.Hely Lopes Meirelles, com relao a dispensa de licitao, faz distino entre licitao dispensada e dispensvel:#Licitao dispensada, o procedimento no ser instaurado, porque a lei j dispensou a licitao - (art. 17, incisos I e II, da Lei). Hipteses:1)(art. 17, I) Alienao de bens imveis, nos casos de: a) dao em pagamento; b)doao, permitida exclusivamente para outro rgo ou entidade da administrao pblica, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alienas f e h; **ADIN 927-3/SP, em cautelar, suspendeu, para os Estados, DF e Municpios, a expresso permitida exclusivamente para outro rgo ou entidade da administrao pblica; c) permuta, por outro imvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; **ADIN 927-3/SP, em cautelar, tambm suspendeu os efeitos desta alnea; d) investidura; e) venda a outro rgo ou entidade da administrao pblica, de qualquer esfera de governo; f) alienao gratuita ou onerosa, aforamento, concesso de direito real de uso, locao ou permisso de uso de bens imveis residenciais construdos, destinados ou efetivamente utilizados no mbito de programas habitacionais ou de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica; g) procedimentos de legitimao de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberao dos rgos da Administrao Pblica em cuja competncia legal inclua-se tal atribuio; h) alienao gratuita ou onerosa, aforamento, concesso de direito real de uso, locao ou permisso de uso de bens imveis de uso comercial de mbito local com rea de at 250 m (duzentos e cinqenta metros quadrados) e inseridos no mbito de programas de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica; i) alienao e concesso de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras pblicas rurais da Unio na Amaznia Legal onde incidam ocupaes at o limite de 15 (quinze) mdulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularizao fundiria, atendidos os requisitos legais;2)(Art. 17, inc. II) - Alienao de bens mveis, nos casos de: a) doao, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, aps avaliao de sua oportunidade e convenincia scio-econmica, relativamente escolha de outra forma de alienao; b) permuta, permitida exclusivamente entre rgos ou entidades da Administrao Pblica; **ADIN 927-3 suspendeu a eficcia da expresso permitida exclusivamente entre rgos ou entidades da administrao pblica para os Estados, DF e Municpios; c)venda de aes, que pod