Resumo Completo TIL

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro Til de José de Alencar - Resumo

Citation preview


Adaptao resumida pela Prof. Luci Rocha

Oua tambm a anlise feita ao vivo, na rdio USP, no programa Livro Fuvest, com a prof Luci Rocha,
(http://www.youtube.com/watch?v=VMwyvkAdPE8).

Til uma obra representativa do Romantismo regionalista de Jos de Alencar. Foi escrita em 1872, mas resgata um passado de segredos e vinganas que vai de 1826, passado dos personagens, a 1846, presente deles.O cenrio a fazenda das Palmas (e as vastas terras nas proximidades), localizada no interior de So Paulo, onde hoje a cidade de Americana. No livro, ainda so citadas as cidades de Santa Brbara e Piracicaba que se constituam como vilas naquela poca.Cerca de uma lgua abaixo da confluncia do Atibaia com o Piracicaba, e margem deste ltimo rio, estava situada a fazenda das Palmas.Ficava no seio de uma bela floresta virgem, porventura a mais vasta e frondosa, das que ento contava a provncia de So Paulo, e foram convertidas a ferro e fogo em campos de cultura. Daquela que borda as margens do Piracicaba, e vai morrer nos campos de Ipu, ainda restam grandes matas, cortadas de roas e cafezais. (Cap. IV, pg. 08)

O enredo gira em torno da personagem Berta e os segredos que envolvem o seu passado: A menina mora com sua me e irmo de criao (Nh Tudinha e Miguel) em uma casa perto da rica fazenda das Palmas. Fora adotada ainda beb, mas Miguel no a considera simplesmente uma irm e demonstra profundos sentimentos por ela.Na fazenda das Palmas vive a rica famlia do Senhor Lus Galvo, com sua esposa D. Ermelinda e os filhos adolescentes, Afonso e Linda.Alm dessas duas famlias, aparecem como personagens importantes um capanga bugre, chamado Jo Fera; um menino com problemas mentais, o Brs, e uma negra j enlouquecida cujo nome Zana.O enredo apresenta os amores inocentes, e at certo ponto platnicos, de Linda por Miguel e de Afonso por Berta; os quatro so amigos e passeiam sempre juntos pelos campos prximos ao rio.Brs, o menino excepcional, ser alfabetizado por Berta. Ela percebe que ele sente-se atrado pelo acento til (~) ao ser apresentado ao alfabeto e, partindo da, diz ao garoto que ela se chama Til, para aproximar-se mais e conseguir alfabetiz-lo.Muitos segredos do passado envolvem a vida de Berta e ao longo da narrativa vamos descobrindo que ela uma menina especial, que est destinada a ajudar aqueles que sofrem, sendo eles pessoas ou animais. um enredo novelesco, com altos e baixos, que aos poucos vai se revelando numa trama cheia de coincidncias e artifcios romnticos.

PARTE IO capanga (I)O enredo inicia-se apresentando os irmos de criao Berta e Miguel que passeiam pelos campos prximos fazenda das Palmas.Com uma linguagem ricamente idealizada e romntica, o narrador descreve a paisagem e as personagens, que aparecem integradas quela natureza fresca e cheia de vitalidade.O capanga, que intitula o captulo I, refere-se a Jo Fera, com quem Miguel e Berta vo deparar-se durante esse passeio. A princpio, assustam-se com a apario daquele facnora, ali perto das matas, porm Miguel aponta a arma para ele numa atitude de ameaa. O capanga pede que atire, pois assim estaria fazendo um bem a ele e aos outros, mas Miguel abaixa a arma, arrependido do gracejo.Berta reage perguntando a Jo Fera o porqu daquele despeito e ele apenas responde: Esta vida me cansa!.Ao ser provocado por Miguel, que lhe pergunta se j est com saudades da forca, o capanga encara-o, porm Berta pede ao bugre que se v e este obedece-lhe prontamente: vencido por ignoto poder, curvou a cabea, de um arranco visvel afastou-se vagarosamente com um passo to pesado que lhe custava a arrancar do cho a palma do p.

Na tronqueira (II)Miguel desconfia que Jo Fera anda atrs de algum a quem vai matar e observa que essa atitude submissa dele diante de Berta era mesmo muito estranha. Ela apenas responde ao rapaz que Fera age assim porque ela no o teme. Mas Miguel a provoca, dizendo que ela deva ter algum patu, um encanto que a protege. A menina brinca e concorda, mostrando um bentinho que carrega pendurado ao pescoo.Estando prximos tronqueira (espcie de cerca ou porteira), Miguel fica a observar os modos graciosos de Berta. Esta sobe nessa porteira e comea a balanar-se, encantando e perturbando a viso de Miguel. O rapaz resolve voltar dali, mas Berta o chama, pois precisava encontrar-se com sua amiga Linda, que viria com seu irmo Afonso, para verem Berta e Miguel. Ouviu-se um agudo assobio e Berta viu um vulto, em meio s folhagens, que parecia Jo Fera.

Ela (III)O narrador descreve fsica e psicologicamente a personagem Berta: Era ela de pequena estatura e to delgada e flexvel no talhe, que dobrava-se como o junco da vrzea. (...)Servia-lhe de toucado um chapu de palha de coco tranada, sob o qual escondia os lindos cabelos negros cacheados, que s vezes, com os saltos, escapavam da priso e vinham folgar sobre as espduas. Calava grossos coturnos de couro de veado (...), onde, alis, afogava-se o pezinho bulioso.(pg. 14)(...)Os grandes olhos, negros, claros e serenos, como um lago cristalino imerso na sombra, no podiam negar que fossem de mulher: tinham a difana profundidade do cu, cheia de enlevos e mistrios.A boca mimosa e breve, conhecia-se que fora vazada no molde do beijo e do sorriso. Mas quando o brinco iluminava essa fisionomia, e o capricho quebrava-lhe a harmonia das linhas do suave perfil, era cobrir-se com a mscara do rapazinho estouvado, que ela teria sido sem dvida, se a natureza no lhe trocasse o destino.Nesse prisma da lindeza de Inh reflete-se a sua ndole. Aquela alma tem facetas como o diamante; iria-se e acende uma cor ou outra, conforme o raio de luz que a fere.Contradio viva, seu gnio o ser e o no ser. Busquem nela a graa da moa e encontraro o estouvamento do menino; porm mal se apercebam da iluso, que j a imagem da mulher despontar em toda sua esplndida fascinao. A anttese banal do anjo-demnio torna-se realidade nela, em quem se cambiam no sorriso ou no olhar a serenidade celeste com os fulvos lampejos da paixo, semelhana do firmamento onde ao radiante matiz da aurora sucedem os fulgores sinistros da procela. (pg. 14)

Neste captulo, alm da descrio completa de Berta, o narrador revela o cime e o amor que Miguel sente por ela. Miguel no a quer perto de seu amigo Afonso, pois sabe que este se interessa por ela; alm disso, no se sente bem quando Berta fora-o a ficar perto de Linda, a quem ele no ama.

Monjolo (IV)O narrador apresenta a Fazenda das Palmas, cujo dono o personagem Luis Galvo.

Cerca de uma lgua abaixo da confluncia do Atibaia com o Piracicaba, e margem deste ltimo rio, estava situada a fazenda das Palmas.Ficava no seio de uma bela floresta virgem, porventura a mais vasta e frondosa, das que ento contava a provncia de So Paulo, e foram convertidas a ferro e fogo em campos de cultura. Daquela que borda as margens do Piracicaba, e vai morrer nos campos de Ipu, ainda restam grandes matas, cortadas de roas e cafezais. (pg. 16)

Nessa trama paralela, ficamos conhecendo o personagem Monjolo. Um escravo de Lus Galvo. Esse negro veio ao encontro de um homem para dar um recado de um pajem (escravo Faustino). A conversa entre eles, a princpio, meio enigmtica, porm a seguir revelado que um certo Barroso havia contratado Monjolo e Faustino, escravos de Lus Galvo, para que pudessem colaborar em uma cilada contra o prprio patro, em troca de dinheiro.Aqui tambm descrita a azinhaga da Ave-Maria, um lugar cercado de mistrios, com caminho estreito e escuro, onde se dizia poder ouvir as vozes de almas penadas que ali morreram em emboscadas.

A tocaia (V)Jo Fera caminha no meio do mato fechado, em direo azinhaga da Ave-Maria, vai encontrar-se com um cavaleiro. Refletindo sobre sua condio de homem destinado maldade, conclui que sua sina e pensa em Berta que ficar sabendo o que ele h de fazer.Enquanto passa por essa agonia moral, ouve o tropel de um cavalo. Era um rebuado (homem disfarado em capa preta), cujo animal assustou-se com uma cobra urutu, mas o bugre conseguiu acert-la com sua faca.

O empenho (VI)Depois de questionado, o homem identifica-se como Barroso. Queria os servios do bugre para cumprir uma vingana contra Luis Galvo. Barroso explicou que no eram problemas com mulher, mas coisas relacionadas poltica. Barroso reclama que Jo Fera est demorando a cumprir o trato e o capanga tenta explicar ao homem que se soubesse contra quem seria a tal vingana, jamais teria aceitado o dinheiro. Tenta desfazer o combinado, mas Barroso no aceita. Jo d a sua palavra: ou devolver o dinheiro a Barroso ou matar o homem at a festa de So Joo.

O marmanjo (VII)Passa-se uma cena entre a mucama Rosa que aparece na janela da casa grande e um mestio que, do lado de fora, faz gracejos. O pajem Faustino, fica enciumado e manda-a servir a mesa.Nesse captulo, apresentada a famlia que mora na Fazenda das Palmas: D. Ermelinda tinha 38 anos, no era bonita, porm destacava-se em elegncia e inteligncia. Sr. Lus Galvo era um homem bonito e jovial, fisionomia inteligente e regular estatura. Os filhos gmeos: Linda e Afonso.Alm dos membros da famlia, encontra-se tambm um menino de quinze anos que, segundo o narrador,era feio (...), mal amanhado e descomposto em seus gestos, (...) com expresso indiferente e parva.Sobrinho de Lus Galvo, rfo de pais e com problemas mentais. Era Brs, o idiota. Nesse dia, ele derrubou caf na camisa e a mucama Rosa chamou-lhe a ateno. Em seguida, ele cravou-lhe um garfo na coxa.

Pressentimento (VIII)D. Ermelinda mostra-se preocupada em excesso com a viagem que o marido haver de fazer a Campinas. Ela diz estar com maus pressentimentos naquele dia, mas no o impede de partir. Refere-se s esperas (emboscadas) que tm acontecido por aquelas estradas, fala de Jo Fera e do pavor que ele causa a todos. Mas o marido a tranquiliza, lembrando que o capanga foi criado na casa de seu pai, Sr. Afonso Galvo, e no poder ser to ingrato a ponto de fazer-lhe algum mal, pensa que ele o respeita.Linda pede ao pai que no parta, pois a me est muito angustiada. Ele brinca dizendo que se no for, ela ficar sem os vestidos e enfeites encomendados pela menina para a festa de So Joo.

As amostras (IX)Luis Galvo parte e os filhos Linda e Afonso saem para passear, a pedido da me. Depois de uns minutos, o marido, o pajem e um capanga que o acompanham regressam a casa. Luis Galvo diz mulher que se esqueceu da lista com as encomendas da filha, mas na verdade ele pega s escondidas um papel e guarda-o no bolso. Segundo o narrador, esse homem tinha um segredo e isso poderia estar revelado nesse papel.

Os gmeos (X)Os irmos Afonso e Linda saem para passear. Pretendem ir ao encontro de Berta e Miguel. Pelo caminho, provocam-se pelo fato de um saber do segredo de amor do outro. Linda fica intimidada quando o irmo sugere que ela possa estar apaixonada por Miguel.Tinha a beleza de Linda um doce alumbre de melancolia, que no era tristeza, pois coavam-se atravs dos inefveis contentamentos de sua alma; era sim matiz, que lhe aveludava a graa e influa-lhe um mavioso enlevo. Irm das flores que vivem nos recessos da floresta, onde se coalham em sombra luminosa os raios filtrados pelo crivo das folhas, respira essa beleza o perfume casto da violeta e da baunilha.Afonso era o retrato da irm. Pareciam-se como gmeos e gmeos tinham nascido. Mas nele a gentileza era um fogo de artifcio; a ndole jovial, que herdara do pai, lhe estava constantemente a brincar no gesto prazenteiro e nas cascatas do riso cordial e folgazo. (Pg. 22)

O narrador relata um fato envolvendo Afonso e Berta. Um dia, o moo disfarou-se com as roupas de sua irm, Linda, e ao encontrar-se com Berta, encheu-a de beijos. Somente quando ele descobriu os cabelos, foi que Berta percebeu a artimanha do rapaz.

No tanquinho (XI)Alm, na assomada de uma colina frondava um vistoso ramalhete de palmeiras de diversas espcies, entre as quais avultava o jerib com seus lindos penachos.Chamavam a este lugar o Palmar e dele proviera o nome fazenda.(pg. 23)

Linda e Afonso apressam-se para chegarem logo onde esto os amigos. Passam por lugares agradveis e sublimes, descritos de forma idealizada pelo narrador: margem do Tanquinho, bonito lago formado pela represa de um ribeiro, que saa gorgolando do mais embrenhado da floresta e traava meandros entre as palmeiras para perder-se no pasto, uma figueira brava esfraldava os ramos, em esparavel, ensombrando a pelcia de relva.(pg. 23)

Quando chegaram ao lugar combinado, prximo ao tronco de uma figueira, perceberam que os dois amigos no estavam l. Linda colocou a culpa em Afonso, que se demorou com brincadeiras, porm este soltou um apito na tentativa de avisar Miguel e Berta da chegada dele e da irm.Berta, que estava em um campo prximo, ouviu o apito e saiu correndo ao encontro de Linda, porm Miguel, sempre com cimes, no respondeu ao amigo.Ao se encontrarem, as amigas passaram a falar-se com animao, mas Afonso notou o mau humor de Miguel. Berta o denunciou, contando que ele preferira caar, por isso estava com aquela cara. Linda mostra-se tmida quando Berta e Afonso sugerem que Miguel no teria resistido a vir ao encontro somente para ver Linda. O moo recusa-se a brincar.Sbito no mato soou um grito bravio, e logo aps a voz estranha, ao mesmo tempo saturada de dor e impregnada de sarcasmo, lanou em uma gama estridente este clamor incompreensvel:- Til!... Til!... Til!... Oh! Til!...(pg. 25)

Idlios (XII)O narrador d-nos a entender que os pais de Linda e Afonso desconhecem esses encontros que tm quase toda a manh com Berta e Miguel. Discorre tambm sobre os sentimentos de Afonso por Berta (Nh) e de Linda por Miguel. Fica evidente que Berta carinhosa com todos e no demonstra preferncias; porm Miguel s tem olhos para ela, Berta.

Susto (XIII)Depois do susto com os gritos de Brs, Linda e Miguel passam a conversar. A moa quer saber se ele tem interesse em estudar, mas Miguel adianta-se em explicar a ela que lhe falta dinheiro para isso. Linda sugere que ele possa emprestar de seu pai, o rico Luis Galvo, porm o moo responde que no o poderia pagar depois.Enquanto conversam, Berta observa o senhor Galvo que passa por uma esplanada. Linda explica que o pai vai a Campinas e que a me anda preocupada por causa das esperas de que tanto se tm falado e ,alm disso, o tal Jo bugre andou rondando a fazenda. Berta fica apavorada com essa notcia e enquanto Linda, Miguel e Afonso conversam, ela desaparece no meio do mato.

A Vespa (XIV)Lembrando-se do semblante cruel de Jo Fera, quando o encontraram pela manh, Berta sente que precisa livrar Luis Galvo da tocaia, desconfia que ele seja a vtima da vez. Andando rapidamente pelo mato, cai em um buraco, livra-se de um animal que a persegue e, enfim, chega at a azinhaga bem no momento em que o bugre pretendia atacar o fazendeiro. Berta aproxima-se, pegando-o pelos cabelos, por trs, e sussurra em seus ouvidos: Malvado!.Como se fosse picado por uma vespa, Jo Fera vira furioso e encara a menina.

O relicrio (XV)Era medonha a catadura de Jo Fera quando voltou-se.A fauce hiante do tigre, sedento de sangue, ou a lngua bfida da cascavel, a silvar, no respirava a sanha e ferocidade que desprendia-se daquela fisionomia intumescida pela fria. (pg.32)

Berta, imbuda de coragem e fria, pergunta ao capanga se ele est ali para matar algum. Diante da resposta positiva deste, ela continua questionando se ele no tem vergonha de fazer isso. Jo Fera explica que esto a pagar-lhe para isso, mas a menina o faz calar, ataca-o com palavras duras, acusando-o de monstro, ingrato.Diante de sua fria, o bugre defende-se e diz que se tivesse dinheiro, desempenharia a palavra dada, mas no o tem. Ento Berta tira do pescoo uma corrente de ouro (o relicrio de sua me) e entrega a ele. Pede para vend-la e desistir de matar o pai de Linda. Jo Fera fica transtornado diante dela e desaparece.

Estalou com um grito horrvel e bravio o peito de Jo Fera, que arremessando-se longe, desapareceu nas brenhas.Foi o tempo em que pela rampa do barranco despenhava-se um corpo humano, que veio cair estrebuchando aos ps da menina, com a gorja a estertorar e os dentes a ranger.Berta o reconheceu.Era Brs, o idiota.(pg. 34)

Parte II

A sura (I)J se passavam trs dias depois que Berta interceptara Jo Fera, impedindo-o de matar Lus Galvo. Estava uma manh fria e brumosa e Berta vai at o quintal para tratar de uma galinha sura (com rabo curto), cujos ps haviam sido rodos por uma ratazana. Lavou suas penas em uma bica e depois a aconchegou em uma palhoa, protegendo a ave das maldades dirias que alguns da casa praticavam com ela.

Zana (II)Escondeu-se de Miguel e dirigiu-se em direo casa de Zana. Pelo caminho, parou para cuidar de um burrinho. O animal invadira uma roa de milho e o dono da plantao acertou-o com uma foice, arrancando-lhe uma orelha e um pedao da cabea. Lavando a ferida e cobrindo-a com folhas de fumo (como vinha fazendo frequentemente), deu-lhe milho e farinha, antes de partir.Chega a uma casa em runas, onde mora Zana. Essa negra velha, de cabelos em l demonstra total insanidade em suas atitudes. Duas vezes por semana a menina visita a louca. Berta observa-a, canta para ela e, depois de v-la calma, oferece-lhe comida.Recostando-se ento aba da prateleira, a menina com os olhos fitos na preta comeou em um tom brando e suavssimo a repetir este acalanto:

Cala a boca, anda, nhazinha,Ai-hu, l-l!Seno olha, canhambola,Ai-hu, l-l!Vem c mesmo, Pai Zumbi,Toma, papanha Beb! (pg. 37)O narrador revela que Berta aprendera com a prpria Zana essa cantiga, a qual fora decifrada com muito custo. Agora, para alimentar a negra, Berta cantava e repetia carinhosamente a expresso Zana, Beb, o que sempre acalmava a negra.

A viso (III)Berta, sentada porta da cozinha, rabisca o cho e observa Zana, que est completamente alheia a sua presena.De repente ouviu-se um barulho que vinha da mata e Berta esconde-se na cozinha. Ao olhar para Zana, percebe que ela comea a reproduzir gestos imaginrios: abana um fogo que no existe no fogo, faz como se lavasse a loua. De uma hora para outra, como se ouvisse um chamado, a negra vai at o quarto, olha pela janela e solta um grito de terror, atirando-se ao cho feito uma pedra.

O desconhecido (IV)O narrador esclarece que Berta frequenta escondidamente a casa de Zana, pois sempre fora proibida de se aproximar dela. Essa proibio despertou na menina uma curiosidade ainda maior, o que a fez tornar-se amiga da doida, a cada dia.Berta tinha 15 anos e sua madrasta Nh Tudinha no escondia dela a condio de filha adotiva, todavia amava-a tanto quanto a Miguel. Este nutria por Berta um profundo sentimento, que ia alm do amor de irmos e no escondia isso dela.Porm, Berta no se aproveitava desse encanto que exercia nos coraes dos dois que a criavam, ao contrrio, evitava proporcionar qualquer tipo de preocupao famlia. Assim, o narrador justifica por que Berta podia ficar tanto tempo fora de casa.O narrador retoma a cena em que Zana havia olhado pela janela e revela que ela teria visto o Barroso (Ribeiro) o qual, saindo do mato, vinha em direo a casa dela. Zana, no desespero em que se achou, levantou-se violentamente e deu com a cabea na porta. Berta tambm viu aquele desconhecido que a encarava, por isso recuou instintivamente.Ao procurar Zana, deparou-se com uma cena terrvel no terreiro: Brs tentava esgan-la mas, ao ouvir os gritos de Berta, desaparece no meio do mato.A menina tenta animar a negra e depois a ajuda levantar-se e recolher-se dentro de sua casa em runas.

A pousada (V)Esse captulo descreve uma pousada que se localizava perto de Santa Brbara. a pousada do Chico Tingu. Ali chega um homem de trinta anos, alto e esguio, montado em uma mula.O homem Gonalo Pinta, apelido que no o agrada. Ele chega pedindo caf e pergunta por Jo Fera, mas Chico Tingu responde que no sabe do capanga, fingindo-se desinteressado do assunto.Em seguida, chega venda um grupo de caipiras. Eles vm a p e acompanhados de dois ces de caa.

O bacorinho (VI)O chefe do bando de caipiras chamava-se Filipe e chegou faminto pousada. Chico fornece queijo, farinha e rapadura e eles comem com satisfao.Enquanto comem, Gonalo aproxima-se e tenta puxar conversa com o grupo. Oferece fogo e cigarro e pergunta a origem deles. Explicam que so de Campinas, mas no so caadores de veado ou paca; esto no rasto de uma ona, um tigre verdadeiro.Gonalo descobre que esses caipiras esto sendo pagos para matar Jo Fera, pois este havia matado um homem e, agora, o filho da vtima, um tal de Aguiar, queria vingar-se do assassino.Filipe quer saber se Gonalo Pinta sabe onde se esconde Jo Fera, mas Gonalo transfere a resposta para Chico que prontamente diz desconhecer o paradeiro do bugre.Nesse momento, entra na venda um bacorinho (porquinho) de pelo ruivo que se aproxima de Tingu, fossando em suas pernas, como se tivesse a cham-lo para fora. O homem desfere contra o bicho um tremendo pontap, porm compreendendo o recado trazido pelo bacorinho, sai disfaradamente e embrenha-se pelo mato, seguindo o animal.

O trato (VII)O narrador descreve mais precisamente o personagem Gonalo. Tinha ele um rosto coberto de sardas, as quais lhe renderam o apelido de Pinta. Como no se agradava com isso, acrescentou ao prprio nome outro apelido: Suuarana.Gonalo invejava Jo Fera com sua valentia e sua fama, por isso planejava liquid-lo. Imaginou que Filipe poderia ser um bom comparsa para colocar em prtica suas intenes, por isso combinou de conduzi-lo at a toca do bugre. Alm disso, o dinheiro pago por Aguiar agora seria dividido tambm com Gonalo.Chega venda o Barroso, a quem Gonalo se dirige com certa familiaridade. Gonalo descobre que o outro est furioso por Jo Fera desempenhou a palavra, ao desistir de matar Luis Galvo. Gonalo oferece-se para concluir o servio, difamando o bugre. Um negro chamado Pai Quic, escondido prximo venda, ouve tudo e retira-se.

Nh Tudinha (VIII)Apresenta Nh Tudinha e seu gosto pelo trabalho domstico. Era aproximada a festa de So Joo e ela ocupava-se em fazer os doces e broas de fub.Berta aparece de repente para roubar biscoitinhos, assustando e fazendo gargalhar Nh Tudinha.Do quintal, Brs observa em silncio. Berta acolhe-o, faz carinho em seus cabelos e ele dorme. Berta caminha em direo a casa de Zana, porm, percebendo que j era tarde, resolve voltar. Brs a seguira escondendo-se em um buraco cavado com as prprias unhas. Ela o encontra, leva-o de volta para almoar. Antes, lava-lhe as mos e corta-lhes as unhas.

Lio (IX)Depois do almoo, Berta ocupa-se em remendar as roupas que precisavam de conserto, enquanto Brs, agachado junto dela, observa-a de mos unidas, rezando a Ave Maria para agrad-la. Berta elogia Brs e abraa-o carinhosamente. Passam-se momentos de paz no esprito do rapaz e de ternura maternal no corao de Berta.Brs recusa-se a rezar pela famlia de Luis Galvo, mas diante da ameaa de Berta, dizendo a ele que deixaria de ser Til, o idiota chora e repete a orao ditada por ela:- Virgem Purssima, Rainha do Cu, Bem-aventurana nossa, Me de Jesus e dos aflitos, intercedei por meu tio, minha tia e meus primos; por mim, por Berta e aqueles a quem ela quer bem, e fazei-nos a todos felizes.- Vamos lio! Disse Berta.Repetiu ento o Brs de cor o abecedrio e uma parte da carta de slabas e nomes.

O idiota (X)Com uma varinha de madeira, Berta riscava no cho as letras do alfabeto. O narrador evidencia a falta de inteligncia do menino, dizendo que ele no tinha esprito, j que suas feies tornam-se animalescas diante do aprendizado.Refere-se a ele como um msero idiota, um bruto, mostrengo, aborto humano, caveira suna, etc.Explica que Brs era filho de uma irm de Luis Galvo. Ao ficar rfo de pai e me, passou a viver na casa do tio, porm era ignorado ou tratado com repugnncia por todos da casa.

Consentia D. Ermelinda em ser-lhe me e cerc-lo de toda a solicitude, apesar da natural repulso que deviam causar sua ndole to delicada os modos brutais e parvos do idiota. No lhe sofria, porm, o corao que seus filhos vissem nesse menino malamanhado e grosseiro um camarada e um parente, quanto mais um irmo.

Luis Galvo teria tomado a iniciativa de matricular Brs em uma escola, porm desde os primeiros dias, o menino sofreu severas punies do professor Domingo, que considerava a violncia o melhor mtodo de alfabetizar.Mas quando Brs foi colocado diante das letras e sinais:

Quando lhe puseram nas mos a carta pregada em uma tbua, o menino percorreu todos aqueles hierglifos com olhos pasmos e botos, e s deu sinal de ateno, em descobrindo o til.Ento expandiu-se-lhe o estpido semblante com um riso alvar, que estertorou na gorja, e, tomado por sbita alacridade, ele, de ordinrio soturno e pesado, comeou a fazer trejeitos e gatimonhas ao pequeno sinal ortogrfico, procurando imit-lo a uma com os dedos, com a boca, e at com todo o corpo nos saltos extravagantes que dava pela casa.

Todos os alunos riram muito dessa reao inusitada de Brs e o professor surrou-lhe impiedosamente. Brs fugiu para o mato.

O abec (XI)

Berta um dia encontrou Brs que fugira da escola e levou-o para a casa dela. Para livr-lo dos castigos, resolveu ela mesma ensinar-lhe a lio. Ao ver o acento til, ele passou a corcovear-se e dar cambalhotas como teria feito na escola. Berta entendeu que aquilo poderia ser um momento de alegria na mente insana do rapaz e aproveitou para arranjar uma estratgia de ensino. Olhou para ele e disse que ela era Til, para a surpresa e alegria do parvo.A partir desse dia, Berta exigia que Brs a chamasse de Til e assim o fazia pronunciar este monosslabo.Comeou a mostrar-lhe outras letras. O fonema A ela associou ao nome de Afonso, mas Brs reagiu mal, tomando o papel das mos de Berta e rasgando-o com os dentes. Ela agiu com pacincia, mostrou-lhe o B, dizendo a ele que gostava daquele porque era B de Brs.Dessa forma, em torno dela, que era o til, Berta foi engenhosamente agrupando todas as letras do alfabeto, com os nomes das pessoas e objetos que a cercavam. (...) Ao cabo de um ms, conhecia Brs todo o abecedrio.

A cutia (XII)

Brs obedecia cegamente s ordens de Berta. Terminaram a lio do dia, ela pediu-lhe que descansasse. Miguel aparece com ar srio e triste e Berta pergunta se ele no se deu bem na caa. Miguel revela a ela que sabe sobre suas idas casa de Zana e isso incomoda a menina, que se zanga com ele.Enquanto Berta conserta uma roupa, meio aborrecida com a revelao do moo, Brs a admira, mas olha como um co feroz para Miguel.Berta ganha uma cutia de Miguel e fica feliz. Pede a ele para que faa uma casinha, onde poder abrigar o bichinho e revela que pretende d-lo a Linda, mas essa ideia decepciona Miguel. Enquanto conversam, Brs, sorrateiramente, solta a cutia, que foge rpida para o mato. Miguel fica bravo com Brs, mas Berta o impede de castigar o menino. Miguel resolve dizer a Berta que a quer bem e que sabe que ela no se importa com ele, por isso no a aborrecer mais.

A bolsa (XIII)

Jo Fera sai de seu esconderijo e encaminha-se venda de Chico Tingu. Pelo caminho, encontra Brs que se empenha em cavar um buraco a fim de fazer uma armadilha, na qual pretendia prender o capanga. Mas Jo passa por ele, ignorando-o.J fazia trs dias que havia se encontrado com Berta na azinhaga da Ave Maria e agora tentava fugir da menina, envergonhado.Seguindo em direo venda, topou com Luis Galvo, mas no fez nada contra ele.Quando encontrou o Barroso, o bugre avisou-lhe que no fez o trabalho contratado porque no quis. Houve uma discusso entre os dois e Barroso o acusa de tratante. Jo Fera derruba Barroso, pisa em seu peito e diz que no acaba com ele ali porque ainda est lhe devendo, mas at a festa de So Joo haver de pagar-lhe.Barroso sai da venda esquecendo-se de uma bolsa cheia de moedas. Jo Fera entrega-a ao dono da venda e pede que a devolva quele safadodo Barroso.O bugre vai embora e num atalho encontra um mascate italiano a contar o dinheiro que ganhara com as vendas do dia. Poderia ser uma maneira de conseguir o dinheiro para pagar o maldito Barroso, poderia roub-lo facilmente.

Desencargo (XIV)

Ao contrrio de animar-se com a ideia do roubo, Jo Fera havia pensado em pedir-lhe emprestado o dinheiro que precisava para pagar ao Barroso. Receando que o italiano pudesse pensar que ele fosse um ladro, Jo resolveu afastar-se dali.Passaram-se trs dias e ele no havia conseguido o dinheiro. Trabalhar na roa ele no queria, pois se sentia rebaixado condio de escravo.Encontra-se em seguida com o Chico Tingu e este lhe pe a par dos planos que Gonalo Pinta est a tramar para mat-lo. A partir dessa informao, tem uma ideia: Jo Fera pede ao Chico que v at o tal Aguiar (homem que estava pagando os caipiras para matar Jo Fera) e pedisse a ele cinquenta mil ris. Se o homem atendesse, Jo prometia entregar-se, sem necessidade de caadas contra ele.Depois que Chico Tingu partiu, o capanga dirigiu-se casa de Nh Tudinha.Ao encontrar Berta, conta a ela que j poder desempenhar a palavra junto ao mandante do crime de Luis Galvo. Berta agradece e Jo Fera faz um pedido: quer beijar o bentinho (crucifixo) que ela traz ao pescoo. Assim feito.Nesse momento, Brs aparece todo enlameado, com as roupas rasgadas e cabelos cheios de gravetos. Vem com uma cutia entre as unhas para presentear Berta. Olhando para Fera, o menino faz caretas animalescas.

Trama (XV)

Era vspera de So Joo.Neste captulo, aparece Nh Tudinha que se encarrega de fazer as comidas e os doces para a festa. Berta e Linda passeiam pelo terreiro enfeitado da fazenda das Palmas, enlaadas pela cintura uma da outra.Linda mostra-se triste e enciumada porque entende que Miguel no a ama, acha que ele s tem olhos para Berta. A amiga anima-a dando gargalhadas para demonstrar o quanto seria absurda as suspeitas de Linda. Enquanto conversam, Berta percebe o vulto de um pajem (escravo), o Faustino, que parece esgueirar-se por trs dos pessegueiros. Faustino fora encontrar-se com Barroso e outro escravo de Luis Galvo, o Monjolo.Esses dois escravos aceitaram colaborar com Barroso na morte de Luis Galvo, em troca de alforria e dinheiro.Brs, escondido em buraco, ouviu todo o plano e soltou um riso de satisfao e crueldade, arregaando-lhe dos beios estpidos.

Pai Quic (XVI)

Brs aparece sentado ao cho, espetando cruelmente com espinhos de juara, seis gafanhotos contra os quais desferia xingamentos e ameaas. Em seguida, esmagou-os com uma pedra, arrancando as cabeas de outros, com os prprios dentes. O narrador revela que os gafanhotos representavam para Brs as pessoas da casa das Palmas, que ele odiava, e Berta era a nica pessoa que Brs respeitava e por quem desenvolvera afeto sincero. Dessa forma, vivia maquinando vinganas e crueldades contra os outros.Brs mantm uma cascavel bem alimentada em um buraco e, numa tarde, depois de dar a ela um sapo, prendeu-a com uma forquilha, aproximou-se da casa das Palmas, subiu em um p de jabuticabas, alcanando a janela do quarto de Linda e arremessou a cobra sobre sua cama.Berta e Linda, seguem felizes ao encontro do Sr. Luis Galvo que chegara de viagem. Muitos escravos tambm se dirigem para tomar a bno ao seu senhor. Um deles Pai Quic: invlido, curvado como um arco de pipa, com a cabea lisa como um quengo, e o queixo fino como uma faca desdentada. Esse era o favorito de Berta.Pai Quic revela menina o plano que ouviu na venda do Tingu: Jo Fera ser preso traio naquela tarde.Berta quer avisar Jo e pede para que o velho escravo a conduza at o esconderijo do capanga. Berta pergunta sobre seu chapu e Linda avisa que est no seu quarto, sobre a cama. Brs, quando ouve, cai da rvore, pois no queria ferir Berta e a cascavel j se enroscava nas rendas dos travesseiros.

PARTE III

O bugrezinho (I)

Retomando o ano de 1826, o narrador inicia o captulo apresentando Besita. Era uma linda e respeitada moa do povoado de Santa Brbara e morava s com o pai.Luis Galvo era um moo de 20 anos e tinha como camarada (espcie de capanga), Jo Fera, chamado por todos de Bugre, por causa de seu aspecto indgena.O narrador revela que Jo teria aparecido na fazenda do pai de Luis Galvo, o senhor Afonso Galvo, em circunstncias muito misteriosas: era uma criana com pouco mais de um ano, que se encontrava sozinha, em cima de um cavalo, agarrado s crinas do animal.Ningum soube realmente como e porque viera parar ali. Uns achavam que eram coisa do Anticristo, outros pensavam ser o menino vtima de uma enchente, na qual se teriam perdido os pais.Afonso Galvo o batizara com o nome de Joo e ele tornou-se logo amigo de infncia e fiel acompanhante de Luis, a quem protegia de brigas e confuses.

O casamento (II)

Passando um dia perto da casa de Besita, Luis viu-a na janela e apaixonou-se por ela. No entanto, Jo tambm a amava e quando percebeu os sentimentos do outro, a princpio revoltou-se, brigou com quem pudesse e embriagou-se, mas depois entendeu que s o amigo rico poderia faz-la feliz. Conformou-se.Besita compreendeu que era amada por ambos, mas sabia tambm que Luis era orgulhoso e a desejava apenas fisicamente; o bugre era resignado e respeitoso. Assim, tornou-se fria em ralao a Luis Galvo e afetuosa com Jo Fera.Luis Galvo passou a frequentar assiduamente a casa de Besita, porm nunca assumira um compromisso com ela.Um rapaz chamado Ribeiro pediu-a em casamento. Senhor Guedes revelou o fato a Luis Galvo para saber dele as intenes que tinha em ralao a sua filha Besita, porm o moo no se manifestou a respeito, dando a entender que no estaria interessado. Por isso Besita aceita o pedido do Ribeiro, mesmo a contragosto.Jo Fera, inconformado de ver sua amada entregue a um estranho, afasta-se de Luis Galvo e vai embora da fazenda. Enquanto isso, Besita casa-se, porm no se consuma o casamento porque Ribeiro, logo aps a cerimnia, parte para Itu a fim de tratar de uma herana e Besita passa a viver em uma casa de fazenda, que pertencia a Ribeiro.

Beb (III)

Depois de dois meses, ausente ainda o marido, Besita recebera uma visita noturna de Luis Galvo. A princpio, pensando que fosse o marido, a criada Zana permitiu que o rapaz entrasse na casa. Besita entrega-se a ele e revela o engano a Zana. Apenas Jo Bugre, que andava sempre a vigiar a casa da moa, desconfiara desse fato, e desejou matar seu antigo amigo, mas Besita o proibiu.Ribeiro no regressava. Besita deu luz uma menina, que recebera o nome da me, Berta. Jo a levara para batizar e nesse mesmo dia estava acontecendo o casamento de Luis Galvo com Ermelinda.Tempos depois, quando Berta j tinha dois anos, Ribeiro retorna. Ao aproximar-se da casa, descobre que fora trado, pois avistou uma criana nos braos de Besita. Zana tenta engan-lo, tisnando a criana com carvo para convenc-lo de que a filha seria dela. No entanto, ele exige a verdade de Besita que, ao revelar tudo, estrangulada com suas prprias tranas, pelo marido.

rf (IV)

Mesmo chegando na hora exata do crime, Jo no consegue apanhar o assassino, pois precisava salvar Besita que j agonizava e pedia para ele proteger a sua menininha. Ento o bugre pegou Berta, que estava no colo de Zana, e aproximou-a da me que se encontrava quase sem vida. Ela beijou a ambos e faleceu.Nh Tudinha, no mesmo dia da morte de Besita, passando pela estrada, ouviu o choro de uma criana e quando se aproximou viu Jo que tentava alimentar o beb, usando um pedao de pano embebido em caf. Viu tambm que Besita estava morta. Depois das explicaes do bugre,Nh Tudinha levou consigo a menina, que passou a criar como filha, ao lado do filho Miguel, o qual j teria uns quatro ou cinco anos.

Fera (V)

Depois desse acontecido, Fera tornou-se um homem violento e de mal com a vida, movido pela sede de vingana e desejo de matar. Adquirindo fama de assassino, passou a ser contratado para executar diversos crimes, porm nunca se esqueceu de dois pensamentos nicos que no o abandonavam: vingar a morte de Besita e proteger Berta.Em algumas ocasies, ele aparecia em Santa Brbara para visitar a menina. Trazia presentes e entregava algum dinheiro para Nh Tudinha comprar o que fosse necessrio. A princpio, Berta tinha medo do bugre, mas depois se acostumou a sua presena e ao seu aspecto carrancudo e triste.A menina ia crescendo e tomando as formas da me e Jo Fera tinha a sensao de que ela lhe pertencia, em funo de toda dor e sofrimento pelos quais passara at ento. Sentindo-se atrado, tentava no aproximar-se como antes.

Restituio (VI)

Ribeiro, depois da vingana contra Besita, fugiu para Portugal, onde permanecera por quinze anos. Agora, com uma cicatriz no rosto e com o apelido de Barroso, regressava a So Paulo.Voltava para completar sua vingana: queria matar Luis Galvo e Berta.Procurou Chico Tingu, o dono da venda que, segundo se ouvia dizer, conhecia um sujeito feroz que se fosse bem pago haveria de executar o servio.O sujeito era Jo Fera. Porm, ao tratar do negcio, um no reconheceu o outro.A partir da, o narrador retorna ao ponto em que Ribeiro (Barroso), depois de saber que o bugre desempenhara a palavra, ainda assim no desiste de sua vingana.Ribeiro havia passado perto da casa das palmas e vira a famlia de Luis Galvo reunida no terreiro: Afonso lia para a me e Linda tricotava, todos gozando de invejvel paz e serenidade. Da surgiu-lhe o desejo de ter uma famlia com quem pudesse conviver e aquela que aliviaIdealizada, seria perfeita para ele.Seu plano agora estendia-se: alm de matar Luis Galvo, haveria de tomar-lhe a famlia!Arquitetou o plano de incndio no canavial, ajudado por Monjolo, Faustino e Gonalo Pinta.Pensou ele em fingir que ajudaria a salvar Luis Galvo, quando este fosse lanado s chamas e, fazendo-se de amigo da famlia, prestaria seus servios, tornando-se ntimo da casa.Ribeiro, acompanhado pelo Pinta, seguia imaginando tudo isso, quando de repente, de dentro do mato surgiu Jo Fera.O bugre interceptou-o apenas para entregar-lhe o dinheiro, completando: Agora passe bem. Havemos de encontrar-nos! E desapareceu.

Fascinao (VII)

Berta vai ao quarto de Linda em busca de seu chapu, mas a amiga quer saber aonde ela pretende ir com tanta pressa. Ela brinca, dizendo que trar Miguel para decidir a aposta e faz-lo dizer que morre por Linda.Afonso chega e se coloca entre a irm e Berta, mas ao tentar dar um beijo nela, Berta entra no quarto e tranca-se por dentro, com a ajuda de Linda que se encarrega de fazer ccegas no irmo.De repente, Afonso e Linda ouvem um grito pavoroso dentro do quarto.A princpio acharam que era graa da menina, mas depois Afonso avistou, pelo espelho, algo inacreditvel: uma cobra cascavel diante de Berta, pronta para dar o bote.Afonso soltou um grito de horror que desmaiou a irm e correu para o terreiro. Do lado do canavial, ouvia-se uma gargalhada demonaca e selvagem...Era Brs!

Letargo (VIII)

A cena que se passa dentro do quarto de Linda extraordinria: a cascavel, depois de assustar-se com o bater da porta, desce at o soalho e prepara-se para o bote, agitando o guizo. Berta, ao deparar-se com o olhar fulgurante do rptil, soltou um grito e desmaiou, no conseguindo responder s perguntas de Linda e Afonso.Aqui o narrador descreve o encontro entre essas duas criaturas:

Encontrando-se o olhar da serpente e o seu, cravaram-se de modo, ou antes se imburam e penetraram tanto um no outro, que no pode mais a vontade separ-los e romper o vnculo poderoso. Parecia que entre a brilhante pupila negra da menina e a lvida retina da cascavel se estabelecera uma corrente de luz na qual fazia-se o fluxo e refluxo das centelhas eltricas.A mesma cambraia que retraiu o dorso flexuoso da boicininga espasmou o talhe grcil de Berta, como se uma fora nica regera a vida nessas duas organizaes. A estava produzida ao vivo a misteriosa identificao da mulher e da serpente, que deu tema ao potico mito da tentao.

Berta, ao contrrio de fugir daquele medonho rptil, aproximou-se aos poucos, atrada por uma fora misteriosa. Estendeu-lhe o brao, permitindo que a cascavel viesse a passear-lhe pelo pescoo, formando nele um colar. Com a cabea entre a palma de sua mo, a boicininga adormeceu, como se estivesse em estado de letargia (entorpecimento).

Transe (IX)

Brs consegue pular para dentro do quarto, arrancando violentamente a serpente que enlaava Berta. Fugia espavorido, agitando aquela serpente que lhe servia de chicote contra o prprio corpo.Despertada do encanto que a prendia, Berta abre a porta; abraada por Linda e interrogada por Afonso. Ainda calada, aponta para Brs que rompia o canavial vibrando seu ltego vivo (ltego: chicote).Enquanto os irmos se ocupam em observar o idiota, Berta esgueira-se pelo interior da casa e desaparece.Ela precisava encontrar-se com Pai Quic, pois ele a levaria ao esconderijo de Jo Fera.No fim do canavial, o velho negro a esperava e, sem perder mais tempo, seguiram em direo campina e, quando j se encontravam no meio dela, ouviram um barulho como se fosse um ribombo de imenso trovo e a terra comeava a tremer debaixo de seus ps; depois veio o barulho de ramas despedaadas, de ossos quebrados e grunhidos ferozes que apavoraram Pai Quic. Ele reconheceu logo o que seria: eram porcos-do-mato, caititus, conhecidos como queixadas.Mais de cem vinham debandados naquela direo, espantados pelos ces de Gonalo Pinta e Filipe que ali estavam em busca do bugre.Berta pensa em correr para alcanar uma rvore, mas sabe que Pai Quic no poder acompanh-la e ela recusa-se a abandon-lo. O velho oferece-lhe os ombros para retardar-lhe a morte quando os porcos os atacarem. Berta desespera-se, estreita-se em suas roupas e aguarda seu triste fim...

A garrucha (X)

Resignada ao martrio, Berta erguera os olhos ao cu, pedindo-lhe asilo para sua alma pura prestes a desamparar a terra. Os porcos, removendo os queixos, j tocavam com as cerdas do focinho o babado da saia, aflado pela brisa.Retiniu, porm, um brado espantoso, que reboou pelas crastas e penetrais da floresta como o berro medonho do sucuri quando surge flor do imenso lago. Pvidos estancaram os queixadas, erguendo a tromba ao ar para conhecer donde provinha aquela ameaa.

Era Jo Fera, que saindo do mato de repente, antecipava-se para salvar Berta e o velho negro. Pisando sobre o prprio lombo das feras, alcanou Berta que fora suspendida por ele com o brao esquerdo, enquanto usava o outro para defender-se com um afiado punhal.Quase alcanando a rvore onde deixaria Berta em segurana, ouviu o grito dilacerante de Pai Quic. Berta exigia que o bugre a soltasse, pois precisava ajudar o pobre que j estrebuchava. Vendo que a menina no desistiria de seu intento, voltou. Estreitando Berta fortemente contra seu peito, e atacando o quanto podia aqueles porcos, Jo aproximou-se de Pai Quic, segurou-o pelo crnio, com sua mo robusta e atirou-o longe, como se fosse uma pedra.Degolando e estripando os queixadas, conseguiu que Berta (ainda suspensa em seus ombros) lhe passasse a garrucha e, armando-a com os prprios dentes, desfechou um tiro que fez recuar rapidamente os porcos.

A furna (XI)

O narrador descreve o esconderijo de Jo Fera: uma caverna que se formara entre uma rocha e o tronco de uma grande rvore que a envolvia. Jo teria acrescentado uma pedra rolia para ajudar na sustentao, a qual servia tambm como parede. No entanto, sabia que o lugar era frgil; a qualquer, hora tudo poderia ruir.Chegando furna (gruta) com Berta nos ombros, o capanga parou. A menina ento pode revelar o que viera fazer. Avisou-o do perigo que ele corria, relatando os planos de Gonalo Pinta (Suuarana). Jo Fera fixa nela um olhar penetrante e sombrio. Precisava fugir, mas no podia! O contato daquele corpo junto ao seu, despertava-lhe desejos incontrolveis, como lava que ferve no meio dos pcaros gelados dos Andes. Controlou-se e seguiu adiante.

O assalto (XII)

Um bacorinho mensageiro (porquinho domstico) aparece fossando os calcanhares de Jo e ele entende logo aquele grunhido particular.Tomou Berta nos braos e sumiu-se com ela na escurido da caverna.Da a instantes, Suuarana e outros aparecem entre folhagens com suas espingardas prontas para disparar.Gonalo, depois de aguardar o bugre por muitos minutos; vendo que ele no saa da gruta, comea a provoc-lo, pedindo que se entregasse, gritando que haveria de cortar-lhe as orelhas.De repente uma pedra desprende-se do alto da rocha e assusta o grupo. Entendendo que Jo Fera no se apresentaria para ser preso ou morto, resolveram busc-lo dentro da furna e Suuarana ordenou o assalto (invaso); porm, nem ele, nem os outros se animavam a avanar.Depois de uma hora, ouviram um tiro disparado do outro lado, acompanhado de um urro medonho.Aquele brado retroou pelos antros e solapas do rochedo, arrepiou os assaltantes e encheu-os de horror e espanto, porque era em verdade um grito pavoroso de furor e sanha.Assim foi com a fala trmula e soturna que disse o Gonalo aos companheiros:- Est seguro o bicho!

A luta (XIII)

O narrador retoma o que teria acontecido quando Jo e Berta entraram na caverna. Ele a olhava com desejo, pois relembrava Besita. Sentia que ela lhe pertencia. Pensou at em fazer ruir a pedra de sustentao para unir-se eternamente Berta. Mas conteve sua obsesso,arrastou o calhau que obstrua uma solapa do rochedo, por onde a caverna se comunicava com a prxima encosta, e fugiu horrorizado, levando consigo Berta.Foi ento que vendo-o passar de relance pelo desfiladeiro, a gente de Filipe desfechou as armas; e o capanga urrou de sanha e furor.Por atalhos s dele conhecidos, Jo ganhou a floresta e conduziu a menina at as plantaes da fazenda; a despediu-se dela com estas palavras, proferidas em profunda entonao:- Nunca mais, Nhazinha, ande s por estes matos.

O beijo (XIV)

Berta regressa, atravessando os cafezais, cantando e danando; j esquecida de tantas aventuras do dia. Estava feliz por saber que Jo Fera no fora preso.Distrada em seus pensamentos, percebeu logo que estava sendo seguida e disparou numa corrida, mas foi logo alcanada. Era Afonso que a agarrava s gargalhadas.Ela tentava desprender-se de seus braos, mas ele divertia-se. Beijou-lhe a face e ela fechou os olhos. Diante do silncio de Berta, Afonso intimidou-se e afastou-se desencorajado.Para disfarar o acanhamento, ele diz saber que ela no o quer bem. Ela explica que gosta dele como gosta tambm de Miguel. So como irmos para ela. O rapaz aborrece-se, pois irmos no se casavam. Berta acrescenta que Miguel e Linda que deveriam se casar, pois nasceram um para o outro. Ela segue sua caminhada, pretende ir ao encontro de Linda, mas Afonso quer um beijo. Ela pede para que ele feche os olhos, depois se aproxima o mximo e aplica-lhe um dodo piparote (peteleco) na orelha. Ela foge gargalhando satisfeita e ele; ele fica calado e aborrecido. Berta volta e beija-lhe a face, deixando que Afonso afague seus cabelos.Miguel aparece e assiste cena.

Confisso (XV)

Ofendido e enciumado, Miguel nada dizia. Mas Berta, desembaraada como era, pergunta o que ele andava a fazer ali. Miguel avisa que todos em casa estavam preocupados com o sumio dela.Afonso convida Berta para seguirem ao encontro de Linda, mas Miguel sugere que ele v sozinho. Afonso parte, constrangido.Berta fica com Miguel e quer saber o porqu de mostrar-se to grosseiro e aborrecido com o amigo Afonso. Miguel esclarece seus sentimentos, mas Berta insiste que ele deva gostar de Linda, o que o deixa enfurecido.Em seguida, Berta capricha em descrever os encantos da amiga:- Escute, Miguel, disse Inh pousando a mo carinhosa no ombro do moo para ret-lo.Voc h de gostar de Linda!... Me promete, sim? Voc j gosta dela... H quem possa resistir queles olhos to doces, que esto bebendo a alma da gente. E a boquinha?... um torrozinho de acar escondido em uma rosa! Quando ela ri-se, faz ccegas no corao! Do corpinho, nem se fala. Que cinturinha de abelha! E um ar to engraado, um andar to faceiro, que encanta!Este esboo, Inh o fazia ao vivo, e no s com a palavra cintilante, mas com o gesto animado, e o requebro do talhe esbelto. Era ela a prpria cera, da qual a sua mmica ia esculpindo a esttua famosa de Linda, com as doces inflexes das formas, o terno volver dos olhos e o desbroche do mimoso sorriso.

Depois dessa descrio, Miguel sentia que amava aquela imagem desenhada por Berta, pelas palavras dela. Inconscientemente foi acompanhando Berta que se dirigia casa de Linda. Ao chegarem um lugar cheio de folhagens, Berta percebeu os risinhos de Linda que se aproximava. A amiga teria vindo ao seu encontro, pois queria saber o porqu daquela demora. Encontrando-se com Afonso, esconderam-se para esperar Berta que vinha chegando com Miguel. Disfarando para Miguel no ouvisse tambm, Berta conduziu-o para o lugar e sabendo que os amigos ouviam sua conversa perguntou a Miguel:

Ento, disse Berta para Miguel: confesse, voc gosta de Linda?- Gosto! Respondeu o moo com um sorriso.- Muito?- Muito!Voltou-se Berta rapidamente e afastada a ramagem exclamou alegre, descobrindo o vulto de Linda:- No lhe disse, Linda? Veja que no a enganei.Linda corou; e Miguel nesse momento acreditou que a amava, pois a via ainda atravs do sorriso fascinador de Inh.

PARTE IV

So Joo (I)

No terreiro das Palmas arde a grande fogueira. noite de So Joo.Noite das sortes consoladoras, dos folguedos ao relento, dos brincados misteriosos.Noite das ceias opparas, dos roletes de cana, dos milhos assados e tantos outros regalos.Noite, enfim, dos mastros enramados, dos fogos de artifcio, dos logros e estrepolias.

Depois de uma descrio tipicamente romntica da festa de So Joo, o narrador apresenta as diverses proporcionadas pela ocasio. Uma delas a boneca de plvora que fica dependurada no alto de um mastro e em direo da qual os rapazes devem atirar, com o intuito de atear-lhe fogo.Dentro da casa, as pessoas danam, tiram a sorte ou conversam sobre os trabalhos das fazendas.Comea a competio para que os rapazes acertem o corao de plvora da boneca e Afonso o primeiro a atirar. Miguel opta por ser o ltimo competidor e, chegando a sua vez, no decepciona. Acerta em cheio o corao da boneca, fazendo Berta virar piruetas de alegria, enquanto Linda fica sria, mas com o olhar embebido no semblante de Miguel.

Cravo Branco (II)

Enquanto os rapazes se ocupavam agora com outra prova (alcanar no alto do mastro um recipiente cheio de flores e frutos para presentear a namorada), Miguel e Linda afastavam-se e param embaixo de uma palmeira.Tmidos ambos, afastados dos olhares curiosos, Linda pergunta a Miguel se ele no vai participar da prova para conseguir uma flor. Ele pergunta a ela se deseja uma, mas Linda mostra um crava que serve como broche, no corpo do vestido. Miguel olha em direo ao colo de Linda e observa sua pele jovem e rosada.Linda pergunta a Miguel se ele sabe o significado daquele cravo. Ele diz no saber, mas acaba por completar o sentido:

Houve uma pequena pausa, durante a qual a palavra adejou nos lbios de Miguel, enquanto na alma de Linda j ressoava a sua doce melodia.- Casamento? balbuciou uma voz submissa.Linda velou-se em uma nuvem de rubor. Com a confuso, naturalmente escapou-lhe a flor, que Miguel apanhou, e quis restituir; mas a mo trmula da moa no recebeu seno a doce presso.- Quebrou-se o talo! disse ela rapidamente.Era um motivo para rejeitar a flor, que no podia mais prender no decote, e o pretexto para d-la ao moo em penhor de sua ternura. Fechando na palma o cravo, Miguel levou-o aos lbios e o beijou com efuso.Berta, que a distncia contemplava toda a cena com uma doce tinta de melancolia, sentiu arfar-lhe o seio, estremecido como a rola em seu ninho. Mas a mo comprimindo-o rpida, sufocou o turture queixume que se desprendia em um suspiro.

Revelao (III)

Como revela o narrador, Berta demonstra cimes ao observar sua amiga e Miguel em clima de namoro. V Brs que ri um sabugo de milho cozido e dirige-se a ele para distrair-se da cena, porm no resiste em prestar ateno no casal que lhe era to querido, mas que agora a fazia sofrer.Berta sabia o quanto ela mesma era responsvel por aquele namoro que se iniciava. Lapidou Miguel para ser um cavalheiro educado, quando percebeu que Linda achava-o grosseiro; pintou Linda com as cores mais romnticas, quando Miguel no demonstrava interesse por ela. Agora Berta no entendia o porqu desse sentimento que a angustiava e descobria que amava Miguel, verdadeiramente.Distrada em sua descoberta, Berta nem percebeu que Brs se afastara de sua companhia.

A lgrima (IV)

No vo de uma janela conversava Lus Galvo com alguns de seus convidados, entre os quais havia mais de um antigo camarada, rapaz de seu tempo.

Neste captulo, D. Ermelinda ouve uma conversa entre seu marido Luis Galvo e os amigos, que se encontravam embaixo da janela, por onde ela olhava, procurando sua filha Linda.A conversa revelava um segredo do passado: o envolvimento de Luis Galvo com Besita, a filha do Guedes. Decepcionada, ela sai apressadamente da janela, pois alm de ouvir isso, tambm avistou Linda que se mostrava muito prxima a Miguel, em clima de intimidade, e ela era contra esse namoro da filha com um moo pobre e sem estudos como ele.Berta, percebendo o que se passara, corre para avisar Linda, interpondo-se entre o casal, disfaradamente, para que D. Ermelinda no julgasse mal.Agora os trs se ocupavam em assistir loucura de Brs que, tentando alegrar o corao de Berta, resolveu subir ao mastro para conseguir as flores para ela.Dona Ermelinda aproxima-se e pede filha para no sair mais de perto dela, levando assim a menina para dentro de casa.Diante da iluminao de um rojo, Berta observa a figura de Jo Fera, cuja sombra aparece distante da festa.

O samba (V)

Aqui o narrador apresenta a festa que tambm acontece no grande ptio cercado de senzalas, ambiente onde se renem os escravos, pajens, criados e feitores para comemorar o dia de So Joo.Ao lado da fogueira, Monjolo dana e canta provocando as chamas. Todos riem, tomam cachaa e divertem-se com a festa. Alguns feitores, como Mandu e Pereira, mais parte, tocam violo e contam histrias de caipira.Uma escrava chamada Florncia aparece interessada em ver o pajem Amncio. Ele namorado da mucama Rosa, que trabalha na casa das palmas. Quando ele chega, Florncia o provoca para danarem juntos, porm Rosa no demora a aparecer e flagra-os, puxando Amncio pela camisa. As duas se desentendem: Florncia cospe na cara de Rosa e esta, por sua vez, desfere um tapa em cheio na cara da outra. Amncio, quando v que as duas se agarram, toma partido pela namorada Rosa; os escravos socorrem Florncia e acaba-se a festa com um toque de recolher.

O incndio (VI)

Depois que D. Ermelinda perde o nimo e deixa de dar ateno aos convidados, estes resolvem voltar mais cedo para casa.Todos se recolhem, mas D. Ermelinda demora-se a dormir. Pensava no modo como soubera das aventuras passadas de Luis Galvo e sentia-se magoada, pois entendia que ela no fora o seu primeiro amor e que ele poderia guardar um terrvel segredo.O marido quer saber o que ela tem, mas D. Ermelinda responde que no nada.No entanto, ouviram algumas batidas secas; Luis Galvo abre a janela e pensa ter visto um vulto humano, mas acha que se enganara. Era Faustino que j havia fechado os pajens e os capangas em seus aposentos, enquanto Monjolo tambm roubava as chaves da senzala, prendendo l os escravos. No meio do canavial a primeira labareda se arremessava aos ares!

A traio (VII)

O incndio crescia com tal velocidade, que parecia uma catarata de fogo, a inundar o espao, ameaando comunicar-se floresta, e submergir a terra em um plago de chamas.Do seio daquele surdo rumor produzido pelo ressolho da labareda, se desprendeu e reboou ao longe um grito soturno; mugir da turba espavorida antes as tremendas convulses da natureza.- Fogo!... fogo!... fogo!...Correndo janela e abrindo-a outra vez, Lus Galvo recuou espantado com a viva claridade, que o incndio projetava sobre o terreiro e que lhe ferira os olhos.Foi rpido, porm, o deslumbramento. Debruando-se no peitoril e descobrindo o foco do incndio que vomitava labaredas como a cratera de um vulco, o fazendeiro compenetrou-se imediatamente da realidade.- O que ? perguntou D. Ermelinda, que parara aterrada no meio do aposento.- Fogo no canavial.

Luis Galvo precipita-se para fora de casa, achando que poderia contar com a ajuda dos capangas, pajens e escravos, mas eles todos se encontravam presos por Monjolo e Faustino. Monjolo pensa em matar Faustino, para conseguir receber, sozinho, a recompensa prometida por Barroso e poder ficar com a Rosa, mas contm-se.Afonso desperta desesperado e vai ajudar o pai. De cima da janela, D. Ermelinda v um homem (Gonalo Suuarana) que sai do canavial e desfere um porrete na cabea de Luis Galvo. Ela desmaia e Linda solta um grito, pedindo socorro.

Vampiro (VIII)

Quando Gonalo se curvava para soerguer o corpo do fazendeiro e arremess-lo no meio das chamas, um vulto emergiu da sombra.Jo Fera estava em face dele.Recuou o Suuarana de um salto, e sacou da cinta a pistola que desfechou sobre o inimigo queima-roupa. No acertando o primeiro e segundo tiro, puxou da catana (faca); e comeou a esgrimi-la cortando o ar.O capanga avanava lento, mudo, sombrio, sem arma em punho, nem sequer um gesto de ameaa; e, todavia, era ele Gonalo, apesar de armado, quem recuava diante daquele vulto impassvel.

Jo Fera ficara sabendo dos planos por meio de Chico Tingu e havia se preparado desde cedo para impedir Barroso de cumprir sua vingana. Primeiro, conseguiu matar Monjolo e Faustino; depois, chegou a tempo de estrangular Gonalo e arremess-lo s chamas, antes que ele matasse Luis Galvo. Este assiste cena e entende que Jo salvou-lhe a vida, por isso agradece-lhe. Mas o bugre, responde, secamente: - Livrei-o de morrer, porque sou eu quem o h de matar, quando chegar sua hora!Depois disso, correu pelo canavial em busca do Barroso (Ribeiro) e encontrando-o no tinha outro pensamento, ia mat-lo. Mas, nesse momento, Miguel, que voltara s Palmas depois de ter visto as chamas na fazenda, impede o bugre de concluir o seu intento. Jo Fera parte para cima de Miguel, mas chega Berta e sua presena o faz recuar.

Na tapera (IX)

Trs dias depois da festa e do incndio, Berta segue em direo tapera de Zana. No caminho, Miguel a encontra e conta-lhe sobre a priso de Jo Fera. Ela sente pena do bugre, apesar de saber das atrocidades que cometera na noite de So Joo e da tentativa de machucar Miguel.Chegando tapera, Berta avista Zana que solta guinchos incompreensveis, balanando os braos de forma desesperada. Berta no tinha visto a figura do Ribeiro, que aparecera no meio das folhagens, revelando-se com riso irnico para Zana. Berta corria imenso perigo naquele momento. Frustrado pelo fato de no ter conseguido matar Luis Galvo e sabendo da priso de Jo Fera, Ribeiro volta para tentar saciar o seu dio. Reconhecendo em Berta a imagem de Besita, aguardava o melhor momento para reviver a sua vingana. Esconde-se no mato, mas Zana fica a vigiar no terreiro.Alheia a esse perigo, Berta mergulha em seus pensamentos a respeito de Miguel e Linda. Sabendo que D. Ermelinda demonstrava-se contrria a esse relacionamento, arriscava sonhar que poderia amar Miguel livremente, mas logo reprimia seu desejo, considerando-o fruto de egosmo.Enquanto isso, Ribeiro aproximava-se sorrateiro e Zana, sem poder defender a menina, solta uma gargalhada insana que reboa pelo mato.Berta, sobressaltada, ergueu a cabea.

A entrega (X)

O narrador relata neste captulo os fatos paralelos que aconteciam a Jo Fera. Ele iria entregar-se priso, apresentando-se ao tal Aguiar, depois que este lhe pagasse os cinquenta mil ris. Antes de ir, dirigiu-se casa de Nh Tudinha para despedir-se de Berta. Viu-a de longe, costurando, mas no se animou a aproximar. Contemplou-a com adorao e partiu.Joo Fera sabia o quanto Berta o repugnava por causa de suas atrocidades e isso o fazia sofrer. Se ao menos ele pudesse revelar toda a verdade e os segredos que sabia. Enfim, ele parte para a fazenda de Aguiar, onde Felipe e seus camaradas se encontram a sua espera.Chegando, recebido com hostilidade. Ele avisa ao Aguiar que est se entregando por vontade prpria, por isso no admite que ningum encoste as mos nele. Aguiar concorda. Chama-o para jantar com os outros, mas o bugre aceita apenas um copo de aguardente.Mais tarde, os capangas de Filipe resolvem amarr-lo para precaverem-se, o que provoca irritao em Jo Fera. Com uma estaca do lugar, surra todos eles e foge, acusando o pessoal de Aguiar de ter rompido o ajuste. Agora se sentia livre para ir embora daquela fazenda e encaminha-se de volta a Santa Brbara.Na verdade, ele preferia ter morrido nas mos daqueles caipiras ou ter sido preso em Campinas, assim evitaria de ter que encarar Berta e a indignao que ela demonstrava ao v-lo.Por vezes parou, hesitando se devia retroceder.

Cip (XI)

Jo Fera passa uma noite terrvel de pesadelos e lembranas relacionadas morte de Besita. Misteriosamente, ele tem a sensao de ouvir a voz dela pedindo que salvasse a filha. Ele desiste de dormir, entra pelo mato e chega at a casa de Berta. V que tudo est em paz e regressa a sua furna, esperando que o dia amanhea. s seis horas, encaminhou-se para a tapera. Ali perto encontrou Brs que se ocupava em fazer uma armadilha para tentar prender o bugre.Jo, sabendo das intenes sem razo de Brs, despreza-o, empurrando com o p o que o menino armara e passa irritado sem lhe dar ateno.Chegou tapera exatamente no momento em que Zana havia soltado seu grito de desespero. Ele viu, como h vinte anos, a mesma cena estampada na cara trgica da negra. Mas, antes que Ribeiro estendesse o brao completamente e tocasse Berta, Jo Fera arremessou-se a ele, tapando-lhe a boca e abafando-lhe o grito. Em seguida, levou-o o para dentro do mato e quando Ribeiro j se encontrava desmaiado, Jo Fera tirou-lhe a pele com as prprias garras.No entanto, Brs conduzira Berta at o local onde Jo Fera assassinava Ribeiro. Berta deparou-se com o terrvel espetculo protagonizado pelo capanga e quase desmaiou. Com as mos ainda sujas de sangue, Jo dirigiu-se a ela e pediu perdo, mas Berta ordenou-o que desaparecesse de sua frente para sempre. Puxou um cip e aoitou-lhe o rosto.

O talhe de Berta vibrou como uma seta brandida nos ares. Sua mozinha delicada partiu rpida a haste de um cip, e com essa vergasta fustigou o rosto de Jo Fera.Duas lgrimas sulcaram as faces do facnora, e lavaram uma gota de sangue que a borbulhava.

Despedida (XII)

O narrador focaliza a casa das Palmas. Linda surge janela entristecida; Dona Ermelinda mostra-se calada e preocupada. Luis Galvo, compreendendo aquele silncio, tambm se aborrece humilhado pelo olhar da esposa. revelado que Luis Galvo tinha conhecimento de que Berta fosse sua filha e a presena dela na casa das Palmas no o incomodava, ao contrrio, fazia-o lembrar-se de seu bom tempo de juventude. Preocupou-se com o futuro de Berta, por isso no dia em que Dona Ermelinda tivera um mau pressentimento, antes que ele fosse a Campinas, Galvo resolveu fazer um testamento, incluindo Berta como filha legtima.Luiz Galvo prope esposa que viajem ao Rio de Janeiro. Dona Ermelinda aprova a viagem, pois seria uma maneira de afastar Linda de Miguel e tentar esquecer-se das histrias que a magoavam.Linda compreende que poder ser o fim de seu sonho junto a Miguel e desespera-se. Ao v-lo perto da cerca da fazenda, sai da janela e dirige-se a ele. Conta ao rapaz as intenes dos pais de viajarem corte, mas antes que Miguel dissesse algo, a me de Linda aproximou-se e pediu para que ele se despedisse dela, pois Linda no poderia pertencer a ele jamais.O moo abraou Linda e partiu soluando. A menina escondeu o pranto no seio da me, que a furto enxugava os olhos.

O Congo (XIII)

A cidade da Constituio, outrora vila da Piracicaba, assenta nas rampas de uma colina que se enleva margem do rio.No centro, e sobre a esplanada, fica a praa da matriz, cercada por bons edifcios, entre os quais a venerao do povo aponta, como relquia histrica, a vasta casa que foi de Costa Carvalho, o ilustre marqus de Monte-Alegre.Fronteira matriz, modesta igreja de uma torre, est a casa da cmara, construda ao uso antigo, com seu campanrio no meio e as enxovias ao rs do cho, inteiramente isolada dos outros edifcios.

Era domingo e a famlia de Nh Tudinha chegava para aproveitar a festa do Congo em Piracicaba. Miguel apresentava-se triste, por isso Berta, conhecendo os motivos, preferia calar-se diante dele.Nesse dia, ela v Jo Fera na enxovia (tipo de cadeia pblica gradeada, por trs da qual ficavam expostos os presos). Ele havia se entregado depois do assassinato de Ribeiro e da humilhao que Berta lhe fizera, chicoteando-lhe o rosto. Ela sente-se culpada e enche-se de piedade. Resolve acenar para ele, mas ele no retribui o aceno.A escrava Florncia desfila como rainha do Congo, fazendo inveja para a mucama Rosa. Aquela festa de carter africano era patrocinada, de um lado, pelos escravos e, do outro, pelos senhores que se empenhavam em exibir suas posses nas vestimentas e cavalos usados pelos cativos.Alm dos negros, outras figuras vestidas como ndios garantiam um ar americanizado festa do Congo.

Linda, que via distraidamente passar a cavalgada, de repente estremeceu. Descobrira defronte, na calada, Miguel ao lado de Berta; e o cime lhe mordeu o corao. A amiga, apesar do afastamento a que a obrigava a severidade de D. Ermelinda, lhe fizera um gesto de adeus; mas ela voltou o rosto para no corresponder quela mostra de amizade.Compreendeu Berta o que sentia Linda; e insensivelmente arredou-se do moo.

Confisso (XIV)

Ainda na festa, Afonso chama por Berta e ela resolve provoc-lo, brincando com ele para amenizar os cimes de Linda. Berta pergunta a Afonso se Linda ainda pensa em Miguel e ele responde que sim.Um ndio Caiap, que acompanhava a cavalgada, atravessou a rua e veio ao encontro de Afonso e Berta. Parando diante deles, disse: - Teu pai matou a me dela; tu queres matar a filha; e duas vezes!Ao ver o filho Afonso com Berta, Luis Galvo lembra-se com saudades de seu tempo de rapaz, quando amava Besita.Dona Ermelinda, reparava na fisionomia do marido e adivinhava seus pensamentos, porm, antes que falasse algo, o caiap retornou e disse em alta voz a Luis Galvo:-Teu sangue mau quer matar teu sangue bom! Toma cautela!...Do outro lado, na praa da matriz, algum avisava que um preso teria fugido da enxovia. Essa notcia assustou a todos e a festa se desvaneceu.A famlia de Luis Galvo, todos montados cada qual em um cavalo, regressa a Santa Brbara DOeste. beira da estrada, aparece um vulto negro. Era Zana que se anteps diante do cavalo de Afonso, pedindo desesperadamente que no matasse a Nhazinha. Ficava claro que, na sua loucura, Zana confundia Afonso com o Luis Galvo do passado. Ouvindo isso, Galvo determinou que deveria revelar todo o seu segredo. Ordenando que os filhos seguissem adiante, chamou Dona Ermelinda para segui-lo at a tapera e ali, confessou-lhe tudo.

A enjeitada (XV)

Este captulo ocupa-se em narrar como Luis Galvo teria revelado todo o seu passado a Dona Ermelinda e como decidiram juntos procurar Nh Tudinha para que ela ajudasse a contar Berta que ela era filha dele. No entanto, o que narram para Berta no corresponde verdadeira histria, pois inventam que Luis Galvo era vivo de Besita e ao casar-se pela segunda vez, teria omitido de Ermelinda tanto o seu primeiro casamento como tambm a filha. Berta desconfia que algo esteja errado e procura por Zana. Ao chegar tapera, encontra Jo Fera que havia fugido da cadeia na noite da festa do Congo e veio esperar por ela ali, em busca de perdo.Ele implora e promete a ela nunca mais fazer maldades, arremessando ao mato as suas armas. Berta o perdoa e pede para que ele conte sobre sua me Besita. O bugre ento narra com detalhes aquela histria, desde o incio, e Berta reconhece que ele sim deveria ser o seu verdadeiro pai e no Luis Galvo, que ser rejeitado por ela. Finalmente, entende por que aquele homem agia com tanta crueldade e despeito. Abraa-o com ternura, causando uma vertigem de emoo em Jo Fera.

Alma sror (XVI)

No ltimo captulo, Miguel, j preparado para partir com a famlia de Luis Galvo, vem despedir-se de Berta que se encontra sombra da varanda costurando uma camisa para Jo. Aos seus ps tambm est Zana que a observa e, ao lado, o menino Brs que a contempla. Ambos passam a morar com Berta. Jo ocupa-se em preparar a terra com uma enxada para o futuro plantio de feijo. Ele agora trabalha para Nh Tudinha.Miguel haveria de estudar em So Paulo e dois anos depois se casaria com Linda. Aproximou-se de Berta seguido dos olhares que a cercavam e tentou mais uma vez convenc-la de que poderiam ser felizes juntos: ele poderia ficar com ela, ou ela ir embora com ele. Mas Berta sabia que seu lugar era junto daqueles que sofrem e recusa-se a partir. Abraa Miguel e pousa a cabea ao ombro dele. Nesse momento, Brs tem uma convulso e cai se debatendo. Berta afasta-se de Miguel para socorrer o menino, afagando-lhe os cabelos. Ela avisa a Brs que ela Til, e no ser diferente disso. Ele entende e acalma-se. Miguel parte para sempre, dizendo-lhe adeus...

Nesse instante Miguel voltou-se alm, na extrema do caminho onde ia sumir-se, e a brisa trouxe um eco de sua voz:- Adeus, Inh!...Os lbios de Berta murmuraram frouxamente:- Para sempre!Jo de p em face dela esmagava com os punhos as bagas que lhe saltavam dos olhos; enquanto o peito lhe estertorava com o pranto que tentava sufocar.Berta pousou nele o seu brando olhar e disse-lhe com um sorriso:- Vai trabalhar, Jo!...Entrou em casa para consolar nh Tudinha; e instantes depois se restabeleceu a cena plcida e melanclica do comeo da tarde.Quando o sol escondeu-se alm, na cpula da floresta, Berta ergueu-se ao doce lume do crepsculo, e com os olhos engolfados na primeira estrela, rezou a ave-maria, que repetiam, ajoelhados a seus ps, o idiota, a louca e o facnora remido.Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde no penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da misria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraa.Era a flor da caridade, alma sror."**(freira, santa).FIM