Resumo Da UC PSC - Parte I

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    PROBLEMAS SOCIAS CONTEMPORNEOS 41047 UNIVERSIDADE ABERTA (UAb)

    Apontamentos: Carlos Melo e Castro

    E-Mail: [email protected]

    Data: 10.03.2013

    Livro: Problemas Sociais Contemporneos (Hermano Carmo)

    Nota: Matria referente ao ano lectivo 2012/2013 (UAb)

    O autor no pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas

    existentes. Este documento no pretende substituir o estudo dos manuais adoptados para a

    disciplina em questo.

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    TEMA 1

    1. ESTUDAR OS PROBLEMAS SOCIAIS.

    1.1. DOS PROBLEMAS SOCIAIS AOS PROBLEMAS SOCIOLGICOS.

    DEFINIES DE PROBLEMAS SOCIAIS: 1 - Uma alegada situao incompatvel com os

    valores de um significativo nmero de pessoas, que concordam ser necessrio agir para a

    alterar RUBINGTON e WEINBERG; 2 - Conjunto das aces que indivduos ou grupos

    levam a cabo ao prosseguirem reivindicaes relativamente a determinadas condies putativas.

    SPECTOR e KITSUSE. A definio depende da perspectiva que se adopta. A primeira

    centra-se na situao (do problema) e a segunda centra-se no processo (pelo qual a situao

    considerada problema). Para que um Problema Social seja considerado Problema

    Sociolgico, tem de possuir as condies de: 1 - Regularidade; 2 - Uniformidade; 3 -

    Impessoalidade; 4 Repetio.

    1.1.1. A QUESTO DO POSITIVISMO VERSUS RELATIVISMO. SOCIOLOGIA

    POSITIVISTA - Defende a procura de leis sociais a partir de um mtodo indutivo quantitativo

    e advoga uma separao absoluta entre a Cincia e a Moral, isto , entre os factos e os valores

    (LAPASSADE). Esta cincia considera possvel conhecer objectivamente a realidade social, da

    a necessidade de conhecer as causas e de se chegar elaborao das leis que regem o fenmeno

    (estuda situaes objectivas, definidas como problemas, em razo de caractersticas que lhe so

    prprias), uma vez que existem critrios universais do conhecimento e da verdade. O

    RELATIVISMO - Defende que no existe nenhum critrio universal para o conhecimento e

    para a verdade (os conhecimentos internos, da relativos e nunca universais). O que importa

    estudar os processos pelos quais uma dada situao se torna problema social.

    1.1.2. A APLICABILIDADE DA CINCIA E DESENVOLVIMENTO TERICO - Um

    problema pressupe uma soluo. Os problemas sociais, que tm um significado social,

    requerem uma soluo social. MANDATO DUPLO (RUBINGTON e WEINBERG): 1 Por um lado deve-se dar ateno aos problemas existentes na sociedade, numa perspectiva de

    correco da realidade social, atravs dos conhecimentos empricos adquiridos (se enfatizam

    este objectivo, estudam problemas sociais); 2 Por outro deve-se desenvolver terica e metodologicamente a sociologia enquanto cincia (se enfatizam este objectivo, estudam

    problemas sociolgicos). O mandado duplo no deve ser entendido como mutuamente exclusivo

    pois uma boa teoria sempre prtica e a prtica emprica sempre indispensvel ao

    desenvolvimento terico (K. LEWIN). SOCIOLOGIA CORRECTIVA (HESTER e EGLIN

    Consideram este o 1. tipo de perspectiva) - Pressupostos: 1 - Equivalncia de problema social a problema sociolgico; 2 - As questes sociolgicas derivam das preocupaes sociais; 3 - O

    grande objectivo do estudo sociolgico a melhoria dos problemas sociais; 4 - Preocupao

    central com as causas ou etiologia (=estudo sobre a origem das coisas) dos problemas; 5 -

    Compromisso com os princpios positivistas da cincia. Para estes autores, a sociologia

    correctiva, falha nos seus propsitos precisamente porque no separa a aplicabilidade da

    cincia do seu corpus terico-metodolgico, e no reconhece os vieses (=distoro o trajectria

    oblqua) que tal situao origina. Encara as pessoas como objectos e no como sujeitos que

    constroem a realidade social. SOCIOLOGIA DE INTERVENO (CARMO e HESS) No uma especialidade sociolgica, mas um modo de ver o trabalho do cientista social que,

    em vez de isolar assepticamente o investigador do seu objecto de estudo, o desafia a ser

    contaminado por este, o leva a intervir activamente na realidade que estuda e a no separar os papis de investigador e de cidado. A investigao social deve ser utilizada para melhorar a

    sociedade, segundo princpios humanistas de solidariedade e de libertao.

    1.2. AS PERSPECTIVAS DE ESTUDOS DOS PROBLEMAS SOCIAIS.

    1.2.1. AS PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA POSITIVISTA.

    1.2.1.1. PATOLOGIA SOCIAL (perspectiva que dominou at ao fim da I Guerra

    Mundial): 1 - Os problemas sociais so entendidos como doenas ou patologias sociais; 2 - O

    pensamento organicista defende que a sociedade e os seus elementos podem sofrer

    malformaes, desajustamentos e doenas, semelhana dos organismos vivos (H.

    SPENCER); 3 - Um problema social uma violao de expectativas morais (RUBINGTON,

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    WEINBERG). A condio de sade ou normalidade do organismo definida por valoraes do

    Bem e do Mal; 4 - Pode ser encontrada no individuo ou no mau funcionamento institucional; 5 -

    Para CESARE LOMBROSO, era claro que a explicao do comportamento criminal dos

    indivduos estava em caractersticas fisiolgicas particulares; 6 - Os novos patologistas

    afastaram-se dessa ideia e centraram-se antes nas deficincias na socializao (os problemas

    sociais seriam o resultado da incorporao de valores errados pelos indivduos, fruto de uma sociedade doente necessrio a educao moral da sociedade); 7 - Para KAVOLIS a patologia um comportamento destrutivo ou autodestrutivo e a definio de comportamento

    destrutivo seria possvel em termos absolutos (igual em todas as sociedades humanas).

    1.2.1.2. DESORGANIZAO SOCIAL (perspectiva que ganhou terreno a partir de 1920)

    - Esta perspectiva ganhou terreno na Sociologia norte-americana. Pensamento sociolgico mais

    voltado para o amadurecimento e para o desenvolvimento terico e metodolgico da sociologia

    enquanto cincia. Os tericos mais importantes foram: 1 - CHARLES COOLEY - Teorizou a

    distino entre grupos primrios e secundrios, sendo que nos grupos primrios os

    indivduos vivem relacionamentos face-a-face, mais intensos e duradouros, enquanto nos grupos

    secundrios as relaes sociais so mais impessoais e menos frequentes. Definiu

    desorganizao social como sendo a desintegrao das tradies. As regras sociais deixam de

    funcionar; 2 - THOMAS e ZNANIECKI - Definiram a desorganizao social como a quebra

    de influncia das regras sociais sobre os indivduos; 3 - WILLIAM OGBUM - Centrou o seu

    contributo no conceito de desfasamento cultural. Para a perspectiva da desorganizao social,

    a sociedade no um organismo mas sim um sistema composto por vrias partes

    interdependentes; 4 - ROBERT PARK, ERNEST BURGESS e RODERICK MCKENZIE -

    Deram o seu contributo tendo como ideia base a organizao espacial da cidade e o

    enfraquecimento das relaes face-a-face e das tradies sociais.

    Crticas de MARSHAL CLINARD ao conceito de Desorganizao Social: 1 - Conceito

    demasiado vago e subjectivo no possui poder explicativo; 2 - Confundiu-se com mudana social; 3 - Conceito fortemente sujeito aos julgamentos de valor do investigador, tal como o

    conceito de patologia; 4 - Foi aplicado a situaes que no so de desorganizao, mas que

    traduzem outros tipos de organizao (bairros de lata); 5 O sistema social pode acolher em si focos de desorganizao sem que tal comprometa o seu funcionamento; 6 - Quando existem

    diferentes formas de organizao social, no podemos pensar que tal ser prejudicial para a

    sociedade. Pode mesmo at vir a ser necessrio para a manuteno da coeso social.

    1.2.1.3. CONFLITO DE VALORES (coloca em evidncia a importncia da definio

    subjectiva) - Define os problemas sociais em relao a valores ou interesses dos grupos sociais

    envolvidos, colocando em evidncia a importncia da definio subjectiva, sem a qual a

    condio objectiva da base no seria, por si s, um problema social. Tericos mais importantes

    desta corrente so: RICHARD FULLER e RICHARD MYERS - Segundo estes autores, h

    trs tipos de problemas que afectam as sociedades: 1 - Problemas fsicos (no so causados pela

    aco humana sismos, furaces); 2 - Problemas remediveis (apresentam consenso quanto indesejabilidade (delinquncia juvenil); 3 - Problemas morais (no existe consenso quando sua

    indesejabilidade consumo de marijuana ou a eutansia). Os problemas sociais evoluem segundo trs fases: 1. - Processa-se a tomada de conscincia do problema; 2. - Segue-se uma

    fase de determinao poltica; 3. - Por fim, a fase das reformas.

    1.2.1.4. COMPORTAMENTO DESVIADO (violao de expectativas normativas papis sociais). Tentativa de conciliao de duas grandes escolas:

    1. - ESCOLA DE HARVARD (de nfase terica): cuja figura central TALCOTT PARSONS

    e onde se discutia o pensamento de DURKHEIM e WEBER. Ora, para DURKHEIM anomia

    significava a ausncia de normas (quebra de regras). Para R. MERTON (aluno de PARSONS)

    significa o desfasamento entre metas culturais a atingir e os meios que a sociedade proporciona

    para o efeito. O comportamento desviado depender da assimilao das metas culturais e

    das normas institucionais, e da acessibilidade dos meios legitimados pela sociedade.

    Segundo MERTON (enfatizou a questo da estrutura social), o desfasamento entre meios e

    metas d origem a quatro tipos de adaptao individual: 1 - A inovao, na qual as metas so

    mantidas, sendo utilizados novos meios para as alcanar (ex.: roubar ou subornar); 2 - O

    ritualismo, pelo qual se renuncia s metas, mas se sobrevalorizam os meios; 3 - A evaso, na

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    qual tanto os meios como as metas so renunciados (ex.: alcoolismo); 4 - A rebelio, quando se

    pretende instaurar novas estruturas de metas e de meios.

    2. - ESCOLA DE CHICAGO (iminentemente emprica e descritiva): EDWIN

    SUTHERLAND desenvolve a Teoria da associao diferencial, centrando-se no processo pelo

    qual se d o comportamento desviado. SUTHERLAND e DONALD CRESSEY apresentam os

    nove pontos do processo de gnese do comportamento criminoso: 1 - Aprendido e no inato;

    2 - Aprendido pela interaco atravs da comunicao; 3 - Aprendizagem mais importante

    feita em grupos primrios; 4. Aprendizagem envolve tcnicas necessrias ao crime e os motivos,

    racionalizaes e atitudes ligadas a ele; 5 - Motivos e impulsos aprendidos segundo a definio

    favorvel ou desfavorvel aos cdigos legais; 6 - Excesso de definies favorveis violao da

    lei em detrimento das definies desfavorveis violao da lei; 7 - Associao diferencial

    varia em termos de frequncia, durao, proximidade e intensidade; 8 - Processo de

    aprendizagem dos comportamentos criminosos e no criminosos, integra todos os aspectos

    envolvidos em qualquer tipo de aprendizagem; 9 - As necessidades e valores gerais (riqueza,

    segurana) no explicam o comportamento criminoso.

    Teoria da subcultura delinquente - ALBERT COHEN refere que os jovens da classe

    trabalhadora enfrentam uma situao de anomia no sistema escolar, pensado segundo os valores

    da classe mdia.

    Teoria da oportunidade - RICHARD CLOWARD e LLOYD OHLIN, sustentam que no basta

    considerarmos a estrutura de oportunidades legtimas na gnese do comportamento delinquente

    pois igualmente essencial ter em conta a estrutura de oportunidades ilegtimas.

    A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem, de

    forma mais ou menos directa, violaes das expectativas normativas da sociedade, sendo que

    todo o comportamento que viola essas expectativas um comportamento desviado.

    1.2.2. PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA RELATIVISTA (o conhecimento

    socialmente construdo Oposto ao Positivismo). Vo ser abordadas 3 perspectivas: Duas de base Interaccionista Labeling e Constructivismo social e uma Estruturalista Perspectiva crtica.

    1.2.2.1. LABELING - LABELING OU ROTULAGEM - Resultado da reaco social a

    alegada violao de normas ou expectativas. Tem bases assentes no Interaccionismo simblico

    (MEAD). MEAD concebeu a formao do Ego como o resultado das interaces sociais onde

    os indivduos aprendem a ver-se como objectos sociais e comportam-se de acordo com essa

    percepo. HERBERT BLUMER desenvolveu a ideia de que os significados no so dados,

    mas requerem uma interpretao activa por parte dos actores sociais envolvidos. ERVING

    GOFFMAN introduziu o conceito de identidade social, para se referir s qualidades pessoais

    que permanecem constantes em diferentes situaes. Se as reaces forem negativas, as pessoas

    podem ser foradas a aceitar uma spoiled identity, processo que GOFFMAN define como estigmatizao (=caractersticas que diferenciam uma pessoa de outra e alvo de crtica).

    TEORIA DE LABELING Os pioneiros desta perspectiva foram EDWIN LEMERT e HOWARD BECKER. LEMERT, defendeu a teoria de que o desvio definido pelas reaces

    sociais e introduziu os conceitos de desvio primrio (comportamento desviado=deviant act) e

    desvio secundrio (papel social desviado=deviant role). A reaco ao desvio primrio est na

    origem do desvio secundrio. Segundo LEMERT, a sequncia de interaco que leva ao desvio

    secundrio pode ser esquematizado com a seguinte evoluo: 1 - Ocorrncia do desvio

    primrio; 2 - Sanes sociais; 3 - Recorrncia do desvio primrio; 4 - Sanes sociais mais

    pesadas e maior rejeio social; 5 - Continuao do desvio; 6 - O coeficiente de tolerncia chega

    a um ponto critico; 7 - Fortalecimento do comportamento desviado como reaco

    estigmatizao e s sanes; 8 - Aceitao do estatuto de desviado por parte do indivduo

    estigmatizado e consequentes ajustamentos com base no novo papel social.

    Esta perspectiva reforada por HOWARD BECKER ao introduzir o conceito de LABELING.

    BECKER defendeu que o comportamento desviado aquele que a sociedade define como

    desviado. Os problemas sociais, tal como os comportamentos desviados, so definidos pelas

    reaces sociais a uma alegada violao das normas ou expectativas sociais, e podem ser

    ampliados por essas mesmas reaces. Para que algum seja rotulado de desviado necessrio

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    percorrer uma srie de fases sequenciais, num processo de interaco dinmico, a que BECKER

    apelidou de carreira desviante.

    Esta perspectiva constatou que Nem todos os que violam as normas so rotulados de

    desviados. Depende de quem define as regras, de quem aplica os rtulos e/ou de quem

    rotulado. Crtica dos autores positivistas: Esta teoria limita-se a explicar o processo da

    rotulagem social e no os comportamentos desviados.

    1.2.2.2. PERSPECTIVA CRTICA ou RADICAL - Centra-se na questo da influncia do

    poder na definio dos comportamentos desviados, dos problemas sociais, e numa concepo

    alargada da contextualizao social do desvio. Fundamentada no pensamento marxista,

    assume uma postura de conflito na gnese dos problemas sociais. Os modos de produo da

    infra-estrutura econmica, determinam relaes sociais destintas. Os problemas sociais advm

    das relaes sociais impostas pelo modo de produo, e traduzem a necessidade de controlo da

    classe capitalista e a necessidade de resistncia e acomodao das classes exploradas. A soluo

    dos problemas sociais reside na mudana (de preferncia revolucionria) do sistema social de

    classes para uma sociedade sem classes, sem explorao humana, sem injustias e sem

    desigualdades. Autores mais significativos desta abordagem: IAN TAYLOR, PAUL

    WALTON, JOCK YOUNG - Segundo estes tericos, o desvio deve ser analisado de forma: 1 -

    Materialista devendo ser analisado o contexto material no qual surge o desvio; 2 - Histrica devendo-se relacionar o desvio com a evoluo histrica dos modos de produo. Crticas dos autores positivistas: Argumentam ser mais uma ideologia do que uma teoria cientfica,

    centrando-se na explicao da gnese das leis e funcionamento das instituies de controlo,

    negligenciando a explicao dos comportamentos desviados.

    1.2.2.3. CONSTRUCTIVISMO SOCIAL Processo pelo qual os grupos sociais reivindicam que uma dada situao um problema social. Referimo-nos a correntes tericas cuja ideia

    central a de que as pessoas criam activamente a sociedade. Autores mais significativos desta

    abordagem: PETER BERGER e THOMAS LUCKMANN. Segundo estes autores, a sociedade

    uma produo humana e o Homem uma produo social. A sociedade ao mesmo tempo uma

    realidade: 1 - Objectiva porque exteriorizada, relativamente aos actores sociais que a produzem e objectivada, sendo constituda por objectos autnomos dos sujeitos sociais; 2 -

    Subjectiva porque interiorizada atravs da socializao. a definio subjectiva do problema social que se revela essencial para a existncia do mesmo, e como tal s esta deve ser

    investigada pelos socilogos.

    Um problema social s se constitui em razo de todo um processo de reivindicao e reaco

    social. Ao contrrio das correntes abordadas anteriormente esta perspectiva no apresenta

    solues a priori para os problemas sociais.

    1.3. SNTESE.

    PERSPECTIVA DEFIN DO PROB SOCIAL ELEMENTO CENTRAL

    Patologia Social Violao das expectativas

    morais

    Pessoas

    Desorganizao Social Falha no funcionamento das

    regras sociais

    Regras sociais

    Conflito de Valores Situao incompatvel com os

    valores de um grupo social

    Valores e interesses

    Comportamento Desviado Violao das expectativas

    normativas

    Papis sociais

    Labeling Resultado da reaco social a

    alegada violao de normas

    ou expectativas

    Reaces sociais

    Perspectiva Critica ou

    Radical

    Resultado da explorao da

    classe trabalhadora

    Relaes de classes sociais

    Constructivismo Social Processo pela qual grupos

    sociais reivindicam que uma

    dada situao um problema

    social

    Processo de reivindicao

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    TEMA 2

    2 PERSPECTIVAS POLTICO-DOUTRINRIAS SOBRE PROBLEMAS SOCIAIS.

    2.1. PROBLEMAS SOCIAIS E A ALTERAO DO PAPEL DO ESTADO.

    2.1.1. O ESTADO PROTECTOR - A progressiva centralizao do poder nas mos do

    soberano que se registou simultaneamente com a desagregao da sociedade do Ocidente

    medieval, deu origem a um modelo de Estado a que alguns autores chamaram Estado Protector

    (ROSANVALLON). O poder no uma simples capacidade de obrigar, mas traduz a resultado

    da tenso entre tal capacidade e a vontade de obedecer (MOREIRA), poder-se- afirmar que da

    centralizao registada, resultou de duas tendncias: 1 - Um processo de concentrao da

    capacidade de obrigar por parte do poder poltico; 2 A emergncia de um consenso crescente sobre a vontade de obedecer.

    O modelo de Estado que daqui resultou, privilegiou os fins de segurana e de justia, em

    detrimento do fim de bem-estar social que, por regra, foi remetido para a esfera da sociedade

    civil (ainda que, por vezes, foi observado incurses orientadoras dessa actividade por parte do

    poder estatal, por intermdio das cassas reais e da aristocracia).

    DESAGREGAO DA SOCIEDADE FEUDAL

    Concentrao da capacidade de obrigar

    pelo poder poltico

    Maior consenso na vontade de obedecer por

    parte da sociedade civil

    Estado Protector

    OBJECTIVOS:

    - Produzir segurana

    - Reduzir a incerteza

    FINS DOMINANTES DO ESTADO:

    - Segurana

    - Justia

    CARACTERSTICAS DOMINANTES DO APARELHO DO ESTADO:

    - Pequena dimenso

    - Organizao relativamente difusa

    - Pilotagem centralizada

    Para garantir a eficincia do estado Protector, o prncipe recorreu a dois tipos de pessoas: 1 -

    Por um lado, aos polticos profissionais e semiprofissionais, que eram da sua confiana; 2 - Por

    outro, aos funcionrios profissionais que pouco a pouco foram aumentando na Europa.

    2.1.2. O ESTADO-PROVIDNCIA - Com a revoluo industrial e a emergncia de

    problemas econmicos e sociais que da resultaram, o Estado foi chamado a assumir funes de

    regulao e de orientao progressivamente maiores. A tendncia para a dimenso crescente da

    Administrao Pblica e o aumento da sua interveno na resoluo dos problemas

    econmicos e sociais, fizeram aumentar as despesas pblicas e a carga fiscal para lhes fazer

    face. Objectivos: Produzir segurana; Reduzir a incerteza; Promover a regulao e orientao

    socioeconmica. Fins dominantes do Estado: Segurana; Justia; Bem-Estar.

    Caractersticas dominantes do aparelho de Estado: 1 - Dimenso progressivamente maior; 2

    - Organizao progressivamente mais complexa; 3 - Pilotagem progressivamente mais

    personalizada.

    2.2. AS PERSPECTIVAS LIBERAIS - Duma forma simplificada pode dizer-se que a

    Perspectiva Liberal foi resultado de uma lenta sedimentao de natureza econmica, doutrinria

    e poltica que ocorreu na Europa a partir do sculo XV.

    2.2.1. GNESE - Para os adeptos da Perspectiva Liberal os problemas sociais e econmicos

    resultam de uma aco desastrada do Estado que, na mira de os resolver, intervm em demasia

    nos mecanismos de regulao do mercado. Liberalismo - Doutrina baseada na denncia de um

    papel demasiado activo do Estado e na valorizao das virtudes reguladoras do mercado.

    GNESE DO LIBERALISMO

    Gnese econmica Movimento de legitimao

    doutrinria

    Gnese poltica

    Expanso

    (Sc. XV e XVI)

    Implica diversificao de

    Mercantilismo

    Centralizao

    do

    poder real

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    mercados; acumulao de

    capital Fisiocracia*

    Movimentos de reaco aos excessos

    do Prncipe que

    culminam na

    Revoluo Francesa

    Industrializao Guerras religiosas

    (Sc. XVII)

    Nova ordem econmica

    (consolidao da burguesia) Consolidao da nova

    ordem poltica

    (o Estado-Nao ao servio

    da economia subsidiada)

    LIBERALISMO

    *Que considera as foras da natureza, e especialmente as da terra, como fonte principal da

    riqueza pblica.

    2.2.2. AS TESES - esta a tese defendida por grande parte dos principais autores do: 1 -

    Liberalismo Positivista Clssico (ADAM SMITH/ JEREMIAS BENTHAM/ BURKE/

    HUMBOLD); 2 - Liberalismo Utpico (PAINE/GODWIN); 3 Neoliberalismo (ROBERT NOZICK/JOHN RAWLS). Todos eles criticaram fortemente a excessiva dimenso do estado

    variando, no entanto, nos critrios definidores das suas funes e na definio do seu campo de

    actuao.

    TEORIA DAS INTERNALIDADES (ROSANVALLON) De acordo com esta teoria a aco do estado tem, com frequncia, efeitos imprevistos (internalidades), que pervertem as intenes

    de justia e de promoo do Bem-Estar das suas polticas. Exemplo: Crescimento das

    necessidades dos cidados -- Aumento da procura de Estado -- Aumento da oferta de Estado -

    - Mais despesas pblicas -- Aumento de impostos -- Aumento das necessidades e procura de

    Estado -- (volta ao incio = ciclo vicioso). POSIO LIBERAL FACE AOS PROBLEMAS SOCIAIS E ECONMICOS: 1 - A maior parte desses problemas resultam de

    uma interveno excessiva do Estado; 2 - A sua resoluo devia ser deixada a cargo dos

    mecanismos (naturais) de auto-regulao do mercado.

    2.2.3. AS LIMITAES - Os crticos Perspectiva Liberal apontam as seguintes limitaes:

    1 - Os limites da aco do Estado so, em regra, insuficientemente operacionalizados; 2 - Os

    efeitos imprevistos do funcionamento do mercado que condicionam fortemente a emergncia e

    o agravamento dos problemas socioeconmicos no so convenientemente equacionados.

    Num outro tipo de abordagem critica, SUZANNE DE BRUNHOFF faz referncia que a

    conjuntura vista como um cenrio de guerra econmica o que implica, por parte dos decisores

    polticos, uma atitude de nacionalismo econmico. Neste contexto, as funes econmicas e

    sociais do estado procuram atingir dois objectivos: 1 - Reforar a frente de combate econmica;

    2 - Ajudar a tratar dos feridos da guerra econmica.

    2.3. AS PERSPECTIVAS MARXISTAS.

    2.3.1. GNESE - O pensamento marxista enquadra-se historicamente na Europa do sculo

    XIX, em plena revoluo industrial, na tentativa de analisar a sociedade coeva (=do mesmo

    tempo ou contemporneo) e de propor solues para as disfunes sociais que ento se

    viviam. A obra de MARX no deve ser entendida como um sistema fechado, mas sim como

    uma teoria em permanente evoluo, por vezes mesmo contraditria, contrariamente

    imagem que as correntes ortodoxas posteriores fizeram passar.

    2.3.2. AS TESES - O pensamento de MARX relativamente ao papel do estado no idntico ao

    longo da sua obra e nela se encontra: 1 - Desde uma posio idealista; 2 - Passando pela

    afirmao de que o Estado era uma expresso da alienao humana semelhante religio; 3 -

    Ao direito e moralidade; 4 - At afirmao de que poderia desempenhar, apesar de todas as

    crticas, algum papel positivo em favor das classes oprimidas.

    Na perspectiva marxista, os problemas econmicos e sociais so resultantes, em ltima

    anlise, da situao de explorao de uma classe em benefcio de outra num cenrio de

    permanente luta de classes. Poderemos entender as duas estratgias defendidas por esta

    corrente, consoante detenha ou no o controlo do estado: 1 - Quando o Estado no controlado

    pela classe trabalhadora, s organizaes desta classe cabe fazer presso para que o poder

    poltico lhes faa concesses em nome de uma paz social ameaada; 2 - Quando o estado

    controlado pela classe trabalhadora, deve-lhe competir um papel dominante no planeamento e

    organizao da economia e da proteco social.

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    2.3.3. AS LIMITAES - Crticas Perspectiva Marxista: 1 - Do ponto de vista doutrinrio,

    provocou danos elevados na coeso social, colocando as classes sociais umas contra as outras; 2

    - Do ponto de vista poltico, acusam-na de falta de eficcia e de eficincia.

    2.4. AS PERSPECTIVAS CONCILIATRIAS - Procurando conciliar as doutrinas liberal e

    marxista, emergiu uma terceira tendncia no sculo XIX que veio dar origem ao que se

    convencionou de Estado-providncia.

    2.4.1. OS FUNDAMENTOS - TEORIA DAS EXTERNALIDADES A teoria da externalidade serviu de suporte para legitimar a interveno do Estado no interior da lgica

    liberal, criando paradoxalmente uma fonte inesgotvel de motivos de extenso do estado

    regulador.

    2.4.2. OS PILARES DO ESTADO INTERVENCIONISTA - A expresso Estado-

    Providncia surge em Frana do segundo imprio, criada por pensadores liberais, hostis ao

    aumento das atribuies do Estado, mas igualmente crticos em relao a uma filosofia

    individualista radical (ROSANVALLON). Em grandes linhas pode dizer-se que este modelo de

    Estado integrou trs tipos de contribuies principais (vd. infra).

    2.4.2.1. O PRIMEIRO PILAR: O SEGURO OBRIGATRIO DE BISMARCK - O 1.

    passo foi dado na Alemanha, por iniciativa dos governos do chanceler BISMARCK, como

    resposta presso conjugada do movimento trabalhista alemo, atravs de um conjunto de leis

    que procuraram melhorar a proteco social dos trabalhadores (seguros obrigatrios). As leis

    estruturantes de tal sistema foram: 1 - Lei da responsabilidade limitada dos industriais em caso

    de acidente de trabalho; 2 - Lei do seguro obrigatrio; 3 - Leis do seguro-doena, dos acidentes

    de trabalho e do seguro velhice-invalidez.

    2.4.2.2. O SEGUNDO PILAR: A TEORIA INTERVENCIONISTA DE KEYNES - Este

    economista mostrou a forma como o capitalismo de mercado podia ser estabilizado atravs da

    gesto da procura e da adopo de um sistema de economia mista. Basearam-se numa vigorosa

    interveno estatal atravs de investimentos pblicos que criaram muitos empregos,

    aumentando o poder de compra das famlias, provocando um crescimento da procura,

    revitalizando a economia e reduzindo os problemas sociais e econmicos.

    2.4.2.3. O TERCEIRO PILAR: RELATRIO BEVERIDGE - Na 2 Guerra Mundial, com o

    relatrio BEVERIDGE, lanam-se as bases recentes dos sistemas de segurana social, de

    acordo com 4 princpios: 1 - O princpio da Universalidade (proteco social para todos); 2 -

    O princpio da Unicidade de inputs do sistema (uma nica quotizao cobre os riscos de falta

    de rendimentos); 3 - O princpio da Uniformidade de outputs do sistema (prestaes uniformes,

    sem olhar para os rendimentos dos beneficirios; 4 - O princpio da Centralizao

    organizacional (obrigava criao de um sistema nico de proteco social para todo o pas).

    Foi um avano face ao relatrio de BISMARCK, porque contemplou mulheres domsticas,

    crianas e outros inactivos.

    2.4.3. A SITUAO ACTUAL - Os ingredientes bsicos que proporcionaram consistncia

    poltica a este modelo de estado intervencionista, foram trs: 1 - O pleno emprego, como

    objectivo estratgico; 2 - A organizao da proteco social em torno de um sistema de

    servios universais para a satisfao das necessidades bsicas; 3 - O empenhamento em manter

    um nvel nacional mnimo de condies de vida.

    Com as duas crises de petrleo ocorridas nos anos 70, iniciou-se um perodo de recesso que

    teve dois efeitos conjugados: 1 - Por um lado, aumentou a procura de Estado, devido ao

    crescimento do desemprego provocado pela recesso econmica; 2 - Por outro lado, a

    diminuio das contribuies, condicionou a reduo da oferta de Estado.

    2.5. EM PORTUGAL.

    2.5.1. A PERSPECTIVA INTERVENCIONISTA NA EVOLUO CONSTITUCIONAL

    - As Constituies do perodo monrquico foram todas elas marcadas por concepes liberais.

    Consideravam que o Estado no tinha o dever de intervir na resoluo dos problemas

    socioeconmicos.

    - A 1. Constituio Republicana de 1911, mantm a tradio liberal, mas assimila a educao

    como dever do Estado. A Constituio de 1933 intervencionista, num quadro doutrinrio

    corporativista. Ao Estado competiam diversas funes econmicas e sociais, em conjugao

    com as corporaes. A Constituio de 1976 foi tambm intervencionista, mas fortemente

  • 9

    influenciada pela perspectiva marxista, nomeadamente no que respeita ao controlo da actividade

    social, econmica e poltica.

    2.5.2. A PERSPECTIVA INTERVENCIONISTA NA EVOLUO DO PLANEAMENTO

    - Outro indicador interessante, revelador do modo como evoluiu o interesse poltico pelos

    problemas sociais e econmicos a sua presena no planeamento. Nalguns sistemas polticos,

    esta funo integra um todo imperativo e centralizado. Noutros apresenta uma natureza mais

    flexvel, com facetas imperativas e vertentes meramente indicativas.

    Em Portugal: a) Lei 1914 da Reconstituio Econmica (24/5/35): - Apenas contempla

    poltica financeira; Base dos planos seguintes; Permitiu a realizao de grandes obras (vigncia

    de 15 anos).

    b) 1. Plano de Fomento (1953-58): - Interveno econmica do Estado modesta comparada

    com a Europa.

    c) 2. Plano de Fomento (1959-64): - Subida do nvel de vida, incremento do emprego

    (preocupao social); - Criao do Banco de Fomento Nacional para financiar programas mdio

    prazo.

    d) Plano intercalar (1965-67): - Lanamento de estudos de conjuntura; - Progressos

    metodolgicos na feitura do Plano; - Preocupaes sociais.

    e) 3. Plano de Fomento (1968-73): - Consolidao dos progressos metodolgicos; - Incio do

    planeamento regional.

    f) 4. Plano de Fomento (1974-1979): - Maior preocupao com a promoo social; -

    Preocupao com o ordenamento do territrio; - Suspenso pela revoluo.

    g) Plano Econmico e Social (1975): - Medidas estratgicas: Descolonizar Democratizar e desenvolver; - Trs polticas bsicas: planeamento regional, descentralizao administrativa e

    subordinao do poder econmico ao poder poltico; - Poltica de austeridade perante o 1

    choque petrolfero; - Polticas de combate ao desemprego, redistribuio de rendimentos e

    estabilizao da inflao; - Suspenso a 11 de Maro de 1975 Nunca entrou em vigor. h) Planeamento na Constituio da Repblica (1976): - Plano um instrumento bsico para

    construir uma sociedade socialista; - Orientao imperativa; - Legitimao das regies Plano.

    i) Planeamento na Constituio da Repblica (reviso de 1982): - Instaurao da orientao

    de planeamento Indicativo.

    TEMA 3

    3. GRANDES PROBLEMAS AMBIENTAIS.

    3.1. GESTO DA GUA.

    3.1.1. INTRODUO A gua pode ser considerada um bem escasso devido desigual distribuio geogrfica e escassez de gua doce acessvel para consumo humano.

    3.1.2. DISPONIBILIDADE DE GUA A quantidade de gua disponvel afectada pelo desvio de cursos de gua e a sobreexplorao de aquferos, originando a diminuio do seu

    caudal e modificando a quantidade de gua disponvel. assim, previsvel um aumento na

    utilizao de fontes no convencionais de gua como a dessalinizao e a reutilizao da gua

    (essencialmente em pases com escassez de gua).

    3.1.3. QUALIDADE DA GUA A presso que o homem exerce sobre a gua pode conduzir sua escassez e diminuio da sua qualidade. Vrios contaminantes naturais e por aco do

    homem (v.g. erupes vulcnicas, poluio contaminantes fsicos, qumicos ou biolgicos), tm um impacto negativo na qualidade da gua Torna-se fundamental tomar medidas para

    assegurar a no contaminao da gua que se necessita para o posterior consumo humano,

    nomeadamente aumentando o nmero de sistemas de tratamento de guas residuais e

    estabelecendo redes de proteco das guas interiores superficiais e subterrneas.

    3.2. EFEITO DE ESTUFA E ALTERAES CLIMTICAS.

    3.2.1. INTRODUO O vapor de gua e o dixido de carbono existente na atmosfera absorvem a radiao solar infravermelha emitida pela superfcie terrestre, impedindo que a

    mesma seja emitida para o espao EFEITO DE ESTUFA Permite o aquecimento da superfcie terrestre e promove a subida da temperatura da troposfera. A agricultura

    (fertilizantes), desflorestao, deposio de resduos em aterros sanitrios e o aumento de

    origem antropognica do CO2 so alguns processos industriais, contribuem para este efeito.

  • 10

    3.2.2. ALTERAES CLIMTICAS - A fuso das calotes polares (submerso das zonas

    costeiras), a alterao dos padres de precipitao (provocando inundaes ou secas com efeitos

    directos nos ecossistemas) e o aumento da temperatura atmosfrica so algumas das

    consequncias do efeito de estufa. Ser necessrio a reduo de emisso de CO2 numa

    percentagem elevada, para estabilizar a concentrao do mesmo na atmosfera.

    3.2.3. O PROTOCOLO DE QUIOTO - Vrios pases assinaram um protocolo tendo em vista

    a reduo global de gases na atmosfera, que contribuem para o efeito de estufa.

    MECANISMOS DE QUIOTO: 1 - Permitem o comrcio de emisses entre pases

    industrializados; 2 - Implementao conjunta entre pases industrializados; 3 - Cooperao entre

    pases industrializados e em desenvolvimento para a implementao de mecanismos de

    tecnologias limpas; 4 - No foram criados mecanismos de punio para quem no cumprir o

    acordo.

    3.2.4. O ENCONTRO EM BUENOS AIRES Foi acordado um plano de aco finalizada no ano de 2000, do qual se destacam: 1 - Mecanismos de financiamento para apoiarem os pases

    em desenvolvimento (efeitos adversos das alteraes climticas - medidas de adaptao); 2 -

    Desenvolvimento e transferncia de tecnologias para os pases em desenvolvimento; 3 -

    Actividades implementadas conjuntamente; 4 - Programa de trabalho dos Mecanismos de

    Quioto, com prioridade no desenvolvimento de mecanismos de tecnologias limpas.

    A estratgia para a minimizao dos problemas de alteraes climticas (devido poluio, ao

    efeito de estufa, a rarefaco da camada de ozono, ), passa pela modificao da quantidade e tipo de combustveis fsseis (Considerado como a prxima grande transio no sistema

    energtico mundial).

    3.3. RAREFACO DA CAMADA DE OZONO.

    3.3.1. INTRODUO Ozono um gs (com 3 tomos de oxignio = O3) com maiores concentraes na (atmosfera), mais concretamente na estratosfera, formando o que se designa

    por camada de ozono. CAMADA DE OZONO funciona como filtro s radiaes solares ultravioletas B, que so prejudiciais fauna, flora e sade humana, sendo responsveis pelo

    desenvolvimento precoce do cancro de pele, aparecimento de cataratas e diminuio da

    capacidade do sistema imunitrio.

    3.3.2. O PROTOCOLO DE MONTREAL - Assinado por vrios pases, em 1988, assinalou a

    preocupao da comunidade internacional, relativamente aos problemas do ozono e que tem

    como principal objectivo reduzir a utilizao de CFCs em 50%, at 1999. CORRECES DE MONTREAL Obrigaram eliminao total da produo, nos pases desenvolvidos, de CFCs. 3.4. BIODIVERSIDADE.

    3.4.1. INTRODUO A tendncia para a diversificao uma propriedade inerente progresso ecolgica e evoluo biolgica geral. Com a descoberta do fogo, o Homo Sapiens

    concebeu novos utenslios, aumentando a sua autonomia em relao aos alimentos e tornando-se

    sedentrio. A agricultura foi o ponto de partida para a escalada na explorao dos recursos

    naturais. Nos ltimos sculos o homem modificou (muitas vezes de forma irreversvel) os

    ecossistemas naturais, contaminando o meio com excesso de fertilizantes, pesticidas e queimou florestas. Esta situao conduziu ao desaparecimento de inmeras espcies florestais e

    do conjunto de organismos que nela habitavam. BIODIVERSIDADE - Diversidade de habitats

    e espcies existentes nos diferentes ecossistemas.

    3.4.2. DIMINUIO DA BIODIVERSIDADE Esta ocorre devido agricultura, excesso industrial, chuvas cidas, incndios, destruio de habitats, aquecimento global, caa furtiva,

    recolha de corais, etc.

    3.4.3. BIODIVERSIDADE APLICADA A diversidade gentica dos seres vivos deve ser guardada, constituindo-se bancos de genes para utilizao futura. A biotecnologia e a

    engenharia gentica podem dar o seu contributo, criando novos organismos transgnicos.

    3.4.3. PROTECO DA BIODIVERSIDADE - Possui um grande impacto social. Com o

    Acordo Internacional sobre a Biodiversidade, os pases envolvidos comprometem-se a

    realizar um inventrio sobre as espcies existentes nos seus territrios.

    3.5. DESERTIFICAO E DESFLORESTAO.

  • 11

    3.5.1. INTRODUO A instalao povoaes obrigou a derrube de rvores. A agricultura e o pastoreio exigiram novos e mais campos frteis. As reas florestais diminuram e os solos

    perderam fertilidade. DESFLORESTAO reduo da rea coberta com um sistema florestal. DESERTIFICAO processo regressivo em que os ecossistemas tendem para situaes de pr-deserto.

    3.5.2. FLORESTA E PROTECO AMBIENTAL A queima da floresta deixa o solo desprotegido e, passado algum tempo, torna-se improdutivo. Como consequncia abandonado,

    sofrendo a eroso e transformando-se lentamente num deserto. Ano aps ano, estamos a destruir

    as florestas e a acabar com a riqueza biolgica que nunca mais podemos reconstruir.

    3.5.3. FLORESTA E BIODIVERSIDADE - O Homem est a contribuir para a

    SAELIZAO (=processo regressivo em que os ecossistemas tendem para situaes de pr-

    deserto) e desertificao de vastas reas da terra.

    3.5.4. MEDIDAS FUTURAS - Os impactos antropognicos sobre a floresta so demasiado

    alarmantes para passarem despercebidos. Muitas das solues propostas so poltico-

    econmicas, mas o problema tem importncia social e tica. Propor aos pases do Norte (com

    solos de melhor qualidade) que produzam bens para vender ao Sul a preos baixos uma

    hiptese que no fcil de aceitar.

    3.6. RESDUOS Nos ltimos 50 anos tem-se verificado um acrscimo significativo na quantidade de resduos produzidos pelo homem. RESDUO qualquer substncia ou objecto de

    que o detentor se desfaz, ou tem inteno ou obrigao de se desfazer.

    3.6.1. RESDUOS SLIDOS URBANOS (RSU) Aliado a um maior poder de compra est o crescimento do consumo, no apenas de bens essenciais, mas tambm suprfluos. Este facto tem

    contribudo para o aumento dos resduos urbanos. Actualmente verifica-se uma maior

    preocupao em erradicar as lixeiras, procedendo-se de forma mais controlada ao tratamento de

    resduos txicos urbanos. Tem-se criado ecopontos e sensibilizado a populao para o controle

    dos resduos domsticos.

    3.6.2. RESDUOS INDUSTRIAIS Os resduos industriais distinguem-se dos resduos domsticos (urbanos), pela maior variao na sua composio e pelas quantidades produzidas.

    RESDUOS INDUSTRIAIS, so resduos txicos (qumicos) que levam contaminao das

    guas, solos e atmosfera. O tratamento pode ser feito atravs da incinerao e tratamentos

    fsico-qumicos.

    3.6.3. MEDIDAS FUTURAS urgente, no apenas legislar e sancionar, mas tambm educar e sensibilizar os cidados sobre as consequncias ambientais de atitudes menos reflectidas que

    cada um toma. Devemo-nos preocupar em reduzir (a quantidade de resduos slidos

    produzidos), reutilizar (os desperdcios) e reciclar (valorizar os bens que possumos).

    3.7. INSTRUMENTOS DE POLTICA DO AMBIENTE A Comisso Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento (CMAD), foi constituda em 1984 pelas Naes Unidas (UN),

    fazendo parte da mesma 21 pases. A necessidade de encontrar meios de sobrevivncia leva as

    populaes que lutam contra a fome agricultura intensiva levando destruio macia de

    florestas. A busca de madeiras exticas, mo-de-obra barata, construo de espaos tursticos e

    produo agro-alimentar, fomentam tambm essa destruio. A CMAD foi criada com os

    seguintes Objectivos: 1- Reexaminar os problemas vitais do ambiente e desenvolvimento,

    formulando propostas de aco inovadoras; 2 - Reforar a cooperao internacional no domnio

    do ambiente; 3 - Aumentar o nvel de compreenso e compromisso dos cidados. A CMAD

    publicou o relatrio de BRUNDTLAND, onde se introduz o conceito de

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL, i.e. desenvolvimento que satisfaz as necessidades

    das geraes actuais, sem com isso comprometer as necessidades das geraes futuras.

    3.7.1. ESTRATGIAS PARA A IMPLEMENTAO DA AGENDA 21 - Surgiu na

    Conferncia do Rio de Janeiro, com a finalidade de combinar as necessidades ecolgicas e

    econmicas, contendo programas de aco detalhados e bem fundamentados numa variedade de

    matrias, desde a gesto da gua pobreza. Os instrumentos de poltica ambiental: 1 -

    Avaliao do impacte ambiental (AIA) Procedimento administrativo que garante que, antes da autorizao de um projecto, os seus principais impactes sobre o ambiente so tidos em

    considerao; 2 - Avaliao ambiental estratgica Procedimento que visa a aplicao da avaliao de impacte ambiental a polticas, planos e programas; 3 - Legislao ambiental

  • 12

    Processo para regulamentar e proteger, por lei, o ambiente; 4 - Gesto ambiental e auditorias

    ambientais Processo que consiste na avaliao da qualidade ambiental de uma empresa em todos os nveis da sua actividade (v.g. consumo de matrias primas); 5 - Anlise do ciclo de

    vida dos produtos (ACV) Tcnica de avaliao dos impactes ambientais associados a um produto ou servio; 6 - Rtulos ecolgicos Processo de atribuio de rtulos ecolgicos a equipamentos que so submetidos a um licenciamento perante a anlise do ciclo de vida do

    produto, sendo necessrios que as empresas comprovem que na sua composio e fabrico foram

    seguidos determinados critrios tendo em conta a preservao do ambiente; 7 - Acordos

    voluntrios - Acordos com os governos de cada pas no sentido de motivar as industrias a

    considerar critrios de natureza ambiental nos seus processos produtivos; 8 - Tecnologias

    limpas Processo de implementao de tecnologias menos poluidoras nas indstrias; 9 Subsdios Procedimentos que tanto podem originar degradao ambiental (e.g. apoio industria de carvo) como beneficiar as condies ambientais (e.g. apoio a medidas agro-

    ambientais). 10 - Taxas ambientais Processo que consiste na incorporao dos custos da poluio nos preos (princpio Poluidor-Pagador); 11 - Comrcio ambiental e implementao

    conjunta Instrumento econmico que se baseia na fixao total de uma quantidade de poluio permitida.

    Sesso Especial da Assembleia Geral das Naes Unidas (UNGASS) Teve como misso suster o ritmo da degradao das condies de vida do planeta e impulsionar os factores de

    mudana e de melhoria a todos os nveis: mundial, nacional e local. Fracassou devido falta de

    vontade poltica por parte dos EUA e da Alemanha (alguns dos pases mais poluentes), para

    incrementar medidas de combate poluio.

    TEMA 4

    4. PROBLEMAS DEMOGRFICOS.

    4.1. EXPLOSO DEMOGRFICA.

    4.1.1. EVOLUO DA POPULAO MUNDIAL O crescimento mundial da populao no tem cessado de aumentar. Foram necessrios 130 anos para que se atingisse o 2. milhar de

    milho, , 14 anos para atingir o 7. milhar de milho (em 2013), , e segundo as projeces 26 anos para atingir o 9. milhar de milho (em 2054). A populao mundial est a crescer a um

    ritmo de 78 milhes de pessoas por ano o que equivale a um pouco menos do que a populao

    total da Alemanha (FNUAP,1999)

    4.1.1.1. EVOLUO DA POPULAO MUNDIAL - At ao Sc. XVIII O crescimento da populao foi lento, embora a taxa de natalidade (=nmero de nados vivos ocorridos durante

    um certo perodo de tempo, normalmente 1 ano, referido populao mdia desse perodo) e

    mortalidade (=nmero de bitos ocorridos durante um certo perodo de tempo, normalmente 1

    ano, referido populao mdia desse perodo) fossem altas. De 1750 a 1950 Grande aumento populacional (devido melhoria de condies sanitrias), que incidiu em especial na Europa e

    Amrica do Norte. De 1950 a 1999 A partir da II Guerra Mundial, nos pases menos desenvolvidos verificou-se um decrscimo da mortalidade devido melhoria das condies de

    vida (cuidados mdicos e gua potvel) o que provocou um acelerado crescimento global da

    populao. 1999 (ano dos 6 bilies) Em 12 de Outubro o planeta atingiu os 6 bilies de habitantes. Contudo, as assimetrias entre pases mais desenvolvidos e menos desenvolvidos

    (frica, Amrica Latina, Carabas e sia excepto Japo, Melansia e a Polinsia), so cada vez maiores. 80% da populao vive em pases menos desenvolvidos e os restantes 20% vive

    nas regies mais desenvolvidas (o nmero mdio de filhos por mulher nos pases desenvolvidos

    de 1,5 e nos pases menos desenvolvidos mais do dobro (3,2)). A populao mundial est a

    envelhecer. De 1999 a 2050 Prev-se um aumento da populao mundial. 4.1.1.2. CAUSAS PRINCIPAIS DO CRESCIMENTO DEMOGRFICO: 1 - Baixa da

    taxa de mortalidade; 2 - Persistncia de uma elevada taxa de fecundidade (Estatuto e papel

    da mulher centrados na maternidade; Valor da criana; Mortalidade infantil elevada; Baixo nvel

    educacional da mulher; Planeamento familiar reduzido; Baixo uso de contraceptivos).

    4.1.1.3 CONSEQUNCIAS PRINCIPAIS DO ACELERADO CRESCIMENTO

    DEMOGRFICO: 1 - Scio-Econmicas (Maior urbanizao; Aumento desemprego e

    subemprego; Maior nmero de pobres; Fome e subnutrio); 2 Polticas (Mudana na composio do eleitorado; Instabilidade poltica; Corrupo; Surgimento de novas ideologias e

  • 13

    novos partidos); 3 Ambientais (Escassez de gua potvel ou til em algumas zonas; Reduo das florestas; Aquecimento gradual da atmosfera; Mudanas climticas mundiais em grande

    escala).

    Face a esta situao, que medidas tomar? 1 - Acelerar o desenvolvimento social e

    econmico; 2 - Aumentar o controlo sobre a natalidade e permitir que homens e mulheres

    gozem os seus direitos humanos fundamentais; 3 - Campanhas anti-natalistas; 4 - Maior

    participao na vida activa. S a aplicao destes objectivos contribuir para a

    estabilizao do crescimento demogrfico.

    4.2. ENVELHECIMENTO DEMOGRFICO OU POPULACIONAL.

    4.2.1. O ENVELHECIMENTO DA POPULAO Assiste-se hoje, na generalidade das sociedades desenvolvidas, ao fenmeno do envelhecimento demogrfico ou populacional (i.e.

    ao aumento da percentagem de indivduos com mais de 65 anos de idade, no conjunto da

    populao total).

    4.2.2. EVOLUO DA POPULAO POR GRUPOS ETRIOS NAS GRANDES

    REGIES.

    4.2.2.1. MUNDO - Desde a dcada de 50 que se tem verificado um aumento da populao com

    60 anos, comparativamente populao com menos de 15 anos.

    4.2.2.2. REGIES MAIS DESENVOLVIDAS A alterao indicada na alnea anterior, tem maior significado nos pases mais desenvolvidos. Em 2050, a populao com mais de 60 anos

    representar 33%, mais do dobro dos jovens com menos de 15 anos (15%).

    4.2.2.3. REGIES MENOS DESENVOLVIDAS Nos pases menos desenvolvidos, o processo de envelhecimento da populao tem sido mais lento. Em 2050 prev-se que a

    populao com mais de 60 anos atingir os 21%, enquanto os jovens com menos de 15 anos

    baixar para 20%.

    4.2.2.4. EVOLUO DO NMERO DE INDVIDUOS COM 65 ANOS E MAIS ANOS

    NO TOTAL DA POPULAO MUNDIAL Actualmente assiste-se a um(a): 1 - Aumento da populao com mais de 60 anos a nvel mundial e nas regies mais desenvolvidas; 2 -

    Tendncia global para o envelhecimento da populao no mundo.

    4.2.3. CAUSAS DE ENVELHECIMENTO DEMOGRFICO As trs principais causas do envelhecimento demogrfico ou populacional: 1 - Envelhecimento natural do topo Aumento da esperana mdia de vida em consequncia do decrscimo da taxa da mortalidade e

    mortalidade infantil (devido ao avano da medicina, melhor alimentao, etc.); 2 -

    Envelhecimento artificial do topo Concentrao de idosos em regies particularmente atraentes (boas condies climticas e existncia de servios especializados) e migraes

    nacionais e internacionais dos jovens; 3 - Envelhecimento natural na base Quebra da natalidade (maior participao da mulher na vida activa, uso de mtodos de contracepo,

    aumento da idade do 1. casamento, etc.).

    4.2.4. CONSEQUNCIAS DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL OU

    DEMOGRFICO.

    4.2.4.1. CONSEQUNCIAS ECONMICAS E SOCIAIS: 1 - Maiores custos com a

    segurana social (penses e reformas) e com a sade; 2 - Maiores custos com a criao de infra-

    estruturas (lares, etc.) suportados pela populao activa -- menor qualidade de vida.

    4.2.4.2. CONSEQUNCIAS POLTICAS - Os idosos tero maior peso eleitoral, podendo

    assim, de forma indirecta, alterar o funcionamento da sociedade e da economia (uma sociedade

    com menor percentagem de populao activa, poder apresentar certas caractersticas: inflao

    baixa; taxa de desemprego baixa; criminalidade baixa; maior aceitao da autoridade).

    4.2.4.3. CONSEQUNCIAS INDIVDUAIS DO ENVELEHECIMENTO - Os mais idosos

    tm maior tendncia para se sentirem isolados e excludos da sociedade (vd. alneas infra).

    4.2.4.3.1. CONSEQUNCIAS FSICAS - Organismo mais debilitado, menor resistncia s

    doenas.

    4.2.4.3.2. CONSEQUNCIAS ECONMICAS E SOCIAIS - Reduo dos rendimentos com

    a entrada na reforma.

    4.2.5. TENDNCIAS DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: 1 - A maioria da

    populao com 60 e mais anos viver em pases mais desenvolvidos; 2 - O maior acrscimo da

    populao com 60 e mais anos dar-se- nos pases menos desenvolvidos; 3 - Feminizao da