Resumo Direito Civil III

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RESUMO DIREITO CIVIL III- DIREITO DAS OBRIGAES E RESPONSABILIDADE CIVILGuilherme Dorneles do Canto

Conceito de Obrigao: relao jurdica transitria, existente entre um sujeito ativo, denominado credor; e outro sujeito passivo, o devedor; e cujo objeto consiste em uma prestao situada no mbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poder o credor satisfazer-se no patrimnio do devedor.So elementos constitutivos da obrigao:1) Elementos subjetivos: o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo);2) Elemento objetivo imediato: a prestao;3) Elemento imaterial: o vinculo existente entre as partes.

Elementos subjetivos: sujeitos ou pessoas envolvidas na relao jurdica obrigacional.a) Sujeito ativo: o beneficirio da obrigao, podendo ser pessoa natural ou jurdica. denominado credor, sendo aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigao.

b) Sujeito passivo: aquele que assume um dever; de cumprir o contedo da obrigao, sob pena de responder com seu patrimnio. denominado devedor.

Importante destacar que atualmente difcil algum assumir a posio isolada de credor ou devedor na relao jurdica. Na maioria das vezes, as partes so, ao mesmo tempo, credoras e devedoras entre si.

Elemento objetivo: trata-se do contedo da obrigao. O objeto imediato da obrigao, a prestao, que pode ser positiva ou negativa. Sendo a obrigao positiva, ter como contedo o dever de entregar coisa certa ou incerta (obrigao de dar) ou o dever de cumprir determinada tarefa (obrigao de fazer). Por outro lado, sendo a obrigao negativa, o contedo uma absteno (obrigao de no fazer).

Para que a obrigao seja vlida no mbito jurdico, todos os elementos mencionados, incluindo a prestao e seu objeto, devem ser lcitos, possveis (fsica e juridicamente), determinados ou determinveis, e por fim, ter forma prescrita e no defesa em lei (art. 104 CC). A violao dessas regras gera nulidade da relao obrigacional, sendo aplicado o art. 166 do CC.

Elemento imaterial: o vinculo jurdico existente na relao obrigacional, ou seja, o elo que sujeita o devedor a determinada prestao positiva ou negativa em favor do credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas.

A melhor expresso desse vinculo est estabelecida no art. 391 do CC/2002, com a previso de que todos os bens do devedor respondem no caso de inadimplemento da obrigao, consagrando o principio da responsabilidade patrimonial do devedor.

A priso civil por dividas s possvel nos casos de inadimplemento voluntrio e inescusvel alimentcia; e tambm nos casos envolvendo o depositrio infiel.Cumpre esclarecer que o art. 391, juntamente com os arts. 389 e 390 consagram a responsabilidade civil contratual ou negocial, presente nos casos em que uma obrigao assumida por uma das partes no cumprida.

Existe alguns bens do devedor que esto protegidos, especialmente aqueles vistos como impenhorveis. Primeiramente pode ser citado o bem de famlia. Tambm o art. 649 do CPC em vigor, traz como impenhorveis : Mveis, pertences, e utilidades domsticas que guarnecem a residncia do executado; Os vesturios e os pertences de uso pessoal, salvo se for de elevado valor; Os vencimentos, subsdios, soldos, salrios, remuneraes, proventos de aposentadoria, penses, peclios e montepios, quantias destinadas ao sustento do devedor e de sua famlia; O seguro de vida; A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia; entre outros.

Segundo a doutrina alem, a obrigao tambm possui dois elementos bsicos: o dbito (Schuld) e a responsabilidade (Haftung), sobre os quais a obrigao se encontra estruturada.Schuld o dever legal de cumprir a obrigao, o dever existente por parte do devedor. Mas por outro lado, se a obrigao no cumprida, surgir a responsabilidade, o Haftung. possvel identificar uma situao em que h schuld sem haftung, por exemplo, a divida prescrita que pode ser paga, mas no pode ser exigida. Tanto isso verdade que paga uma divida prescrita, no caber ao de repetio de indbito para reaver o valor (art. 882 do CC).Por outro lado, tambm pode haver haftung sem schuld na fiana. O fiador assume a responsabilidade, mas a divida de outra pessoa.

CONCEITOS

Dever Jurdico: comando imposto pelo direito objetivo a todas as pessoas para observarem certa conduta, sob pena de receberem uma sano pelo no cumprimento do cumprimento prescrito pela norma jurdica.O dever jurdico engloba no s as relaes obrigacionais ou de direito pessoal, mas tambm aquelas de natureza real, relacionado com o direito das coisas. Tambm visto no Direito de Familia, Sucesses, Empresa e os direitos da personalidade. Mantm relao tambm com todos os ramos do Direito.

Obrigao: uma relao jurdica, do lado passivo do direito subjetivo, consistindo no dever jurdico de observar certo comportamento exigvel pelo titular deste. Tem tambm um carter transitrio, no observado no dever jurdico.

nus jurdico: a necessidade de observar determinado comportamento para a obteno ou conservao uma vantagem para o prprio sujeito e no para satisfazer interesses alheios. Ex: levar o contrato ao registro de ttulos e documentos para este ter validade perante terceiros.

Direito Potestativo (estado de sujeio): poder que a pessoa tem de influir na esfera jurdica de outrem, sem que este possa fazer algo seno se sujeitar. Ex: divrcio (anulao do casamento).

FONTES DA OBRIGAO:

Fatos jurdicos que deram origem ao vinculo obrigacional.

A lei a fonte primria das obrigaes, tendo em vista que os vnculos obrigacionais so relaes jurdicas previstas em lei.Os contratos so as principais fontes do nosso direito, pois atravs deles que se operam diversos negcios jurdicos. Aqui est a RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL.Atos ilcitos e abuso de direito, caracterizam-se como importantes fontes das obrigaes, previstas nos arts. 186,187 e 927 do CC/2002. Aqui est a RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL. Ex: acidente de trnsito.Atos Unilaterais so declaraes unilaterais de vontade que obrigam o declarante, tendo como exemplo a promessa de recompensa.Titulos de Crdito so documentos que trazem em seu bojo um carter autnomo, representando a existncia de uma obrigao de natureza privada. Tem como exemplo o cheque e a nota promissria.

ATOS UNILATERAIS Nas declaraes unilaterais de vontade, a obrigao nasce da simples declarao de uma nica parte, formando-se no instante em que o agente se manifesta com a inteno de assumir um dever obrigacional. So eles:a) Promessa de recompensa (arts 854 a 860 do CC).b) Gesto de Negcios (arts. 861 a 875 do CC).c) Pagamento Indevido (arts. 876 a 883 do CC).d) Enriquecimento sem causa(arts. 884 a 886 do CC).

Promessa de RecompensaART 854 do CC Aquele que, por anncios pblicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar a quem preencha certa condio ou desempenhe certo servio, contrai obrigao de cumprir o prometido. So requisitos para a promessa de recompensa:a) A capacidade da pessoa declaranteb) A licitude e possibilidade do objetoc) O ato de publicidade.ART 855 do CC- A pessoa que preencher a condio prevista na declarao, ainda que no esteja movida pelo interesse da promessa, poder exigir a recompensa estipulada. A pessoa tambm ter direito aos valores gastos com o cumprimento da tarefa.A revogao da promessa de recompensa est prevista no art. 856, sendo possvel antes de prestado o servio ou preenchida a condio e desque que seja feita com a mesma publicidade da declarao.No caso de revogao da promessa, se algum canditado de boa-f tiver feito despesas, ter direito a reembolso quanto a tais valores.No caso de execuo conjunta ou plrima, ter direito a recompensa o primeiro que a executou (art. 857). Entretanto, sendo simultnea a execuo, a cada um caber quinho igual na recompensa, caso seja possvel a diviso (art.858). Se a recompensa for um bem indivisvel, dever ser realizado um sorteio. O que obtiver a coisa, dar ao outro o valor correspondente ao seu quinho.

Gesto de NegciosAtuao de um individuo, sem autorizao do interessado, na administrao de negcio alheio, segundo o interesse e a vontade presumvel de seu dono, assumindo a responsabilidade civil perante este e as pessoas com que tratar.Poder a gesto ser provada de qualquer modo, eis que se trata de um negcio informal (art. 107 do CC).A posio do gestor delicada, visto que alm de no ter direito a qualquer remunerao pela atuao, deve agir conforme a vontade presumvel do dono do negcio, sob pena de responsabilizao civil (art. 861 do CC).O dono do negcio ter duas opes:a) Concordando com a atuao do gestor, dever ratificar a gesto, de tal modo que isso se transformar em contrato de mandato. Nesse caso, o dono deverr ressarcir o gestor, pagando todas as despesas necessrias a atuao. Essa ratificao retroage a data do inicio da gesto, pois tem efeito EX TUNC.b) Desaprovando a atuao do gestor, ocasio em que dever provar que o gestor no agiu de acordo com seus interesses, poder pleitear perdas e danos.

Pagamento IndevidoDe acordo com o art. 876 do CC, todo aquele que recebeu o que lhe no era devido fica obrigado a restituir; obrigao que incumbe quele que recebe divida condicional antes de cumprida a condio.Havendo pagamento indevido agir a pessoa com intuito de enriquecimento sem causa.O art. 877 diz que quem paga indevidamente pode pedir restituio quele que recebeu, desde que prove que pagou por erro. O ultimo obrigado a restituir; sendo cabvel a ao de repetio de indbito, de rito ordinrio.Smula 322 do STJ: Para a repetio de indbito, nos contratos de abertura de crdito em conta corrente, no se exige prova do erro.Apresentam-se em duas modalidades:a) Pagamento objetivamente indevido: feito quando nada devido, havendo erro quanto a existncia ou extenso da obrigao. So exemplos os casos envolvendo dbito inexistente ou dbito inferior ao valor pago.b) Pagamento subjetivamente indevido: feito pessoa errada, a algum que no credor. cabvel ao de repetio de indbito, diante da vedao ao enriquecimento sem causa.

Nos casos de pagamento indevido no cabe repetio em dobro do valor pago. Em regra, o prejudicado apenas poder pleitear o valor pago atualizado, acrescido de juros, custas, honorrios advocatcios e despesas processuais.Se presente a m-f da outra parte, essa induz a culpa, cabendo ainda reparao por perdas e danos.

No CDC, com base no art. 42, pode o consumidor cobrar em dobro os valores pagos indevidamente. Ex: pode o consumidor cobrar em dobro o valor abusivo de juros.Ainda segundo o art. 882, no se pode repetir o que se pagou para solver divida prescrita ou cumprir obrigao judicialmente inexigvel. O art. 883 prev que no possvel a repetio quele que deu alguma coisa para obter fim ilcito ou proibido por lei, tendo como exemplo o valor pago a um matador de aluguel.Conforme art.588, no se pode tambm pedir repetio de indbito quando se trata de emprstimo mtuo a um menor de idade.

Enriquecimento sem causa O cdigo civil em vigor veda expressamente o enriquecimento sem causa nos seus arts. 884 a 886, baseado no principio da eticidade, visando o equilbrio patrimonial e a pacificao social.ART 884 DO CC aquele que, sem justa causa, se enriquecer s custas de outrem, ser obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualizao dos valores monetrios.Ainda prev o pargrafo nico que, se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu obrigado a restitu-la, e se a coisa no mais subsistir, a restituio se far pelo valor do bem na poca em que foi exigido.

Toda situao em que algum recebe algo indevido visa o enriquecimento sem causa, mas tambm poder haver casos em que no h o pagamento indevido, como a invaso de um imvel com o intuito de adquirir a propriedade.So pressupostos da ao que visa afastar o enriquecimento sem causa:

O enriquecimento do accipiens (quem recebe); O empobrecimento do solvens (de quem paga); A relao de causalidade entre o enriquecimento e o empobrecimento; A inexistncia de causa jurdica prevista por conveno entre as partes ou pela lei; A inexistncia de ao especifica;

ENUNCIADO 188 do CJF- A existncia do negcio jurdico vlido e eficaz , em regra, uma justa causa para o enriquecimento sem causa.

O enriquecimento sem causa diferente do enriquecimento ilcito.No enriquecimento sem causa, falta uma causa jurdica para o enriquecimento. O outro est em um ato ilcito. Assim todo enriquecimento ilcito sem causa, porm nem todo enriquecimento sem causa ilcito, por exemplo, quando falamos em um contrato desproporcional.

Enunciado 36 do CJF: O art. 886 no exclui o direito a restituio do que foi objeto de enriquecimento sem causa, aos casos em que os meios alternativos encontrem obstculos de fato. Ou seja, se por meio de outra ao a restituio no acontea, poder ainda o lesado pleitear a ao de enriquecimento sem causa.

CLASSIFICAO DAS OBRIGAES

1) QUANTO AO CONTEDO (PRESTAO):

De acordo com o contedo da prestao, a obrigao pode ser POSITIVA ou NEGATIVA. Ser positiva quando tiver contedo uma ao e ser negativa quando relacionada com uma absteno (omisso).

Filiam-se as positivas as obrigaes de dar e de fazer. A nica negativa em nosso ordenamento a obrigao de no fazer.

1. Obrigao positiva de dar

aquela em que o sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa, certa ou incerta. H na maioria das vezes, uma inteno de transmisso de propriedade de uma coisa, mvel ou imvel. Esto presentes, por exemplo, no contrato de compra e venda em que o comprador tem a obrigao de pagar o preo e o vendedor de entregar a coisa.Est subdividida em obrigao de dar coisa certa e obrigao de dar coisa incerta.

OBRIGAO DE DAR COISA CERTA (art. 233 a 242 do CC)Ou obrigao especifica, se caracteriza por situaes em que o devedor se obriga a dar uma coisa individualizada, mvel ou imvel, cujas caractersticas foram acertadas pelas partes, geralmente em um instrumento negocial (contrato).Na obrigao de dar coisa certa, o credor no obrigado a receber outra coisa, diferente do que foi acordado, ainda que mais valiosa, conforme art. 313 do CC.De acordo com o art. 233 do CC, a obrigao de dar coisa certa abrange os acessrios, salvo se o contrario resultar do titulo ou circunstncias do caso. Nesses casos continua em vigor o Principio da Gravitao Jurdica (o acessrio segue o principal). Como acessrios devem ser entendidos os frutos, os produtos, as benfeitorias e as pertenas que tenham natureza essencial.

Consequncias do Inadimplemento 1 (ART 234 do CC)- havendo obrigao de dar coisa certa e perdendo-se a coisa sem culpa do devedor, antes da tradio ou pendente a condio suspensiva, resolvem-se a obrigao, sem o pagamento das perdas e danos. A coisa perece para o dono. Nestes casos em que a culpa ausente, envolve situaes de caso fortuito e fora maior.2 (ART 234 do CC) - Na obrigao de dar coisa certa, ocorrendo perda da coisa com culpa do devedor, antes da tradio ou pendente a condio suspensiva, ele responder pelo valor da obrigao, sem prejuzo das perdas e danos (danos emergentes + lucros cessantes).3 (ART 235 do CC) Na obrigao de dar coisa certa, ocorrendo deteriorao ou desvalorizao da coisa sem culpa do devedor, antes da tradio ou pendente a condio suspensiva, o credor poder resolver a obrigao, sem direito as perdas e danos OU ficar com a coisa, abatido do preo o valor correspondente ao perecimento parcial.4 (ART 236 do CC) Na obrigao de dar coisa certa, ocorrendo deteriorao ou desvalorizao da coisa com culpa do devedor, antes da tradio ou pendente a condio suspensiva, o credor poder exigir o valor equivalente a obrigao (preo pago anteriormente) sem prejuzo das perdas e danos OU aceitar a coisa deteriorada ou desvalorizada, tambm sem prejuzo das perdas e danos.

ART 237 do CC: at a tradio pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poder exigir aumento no preo: se o credor no anuir, poder o devedor resolver a obrigao.Ainda no paragrafo nico do mesmo artigo, os frutos percebidos (j colhidos) pertencem ao devedor, enquanto os pendentes (ainda no colhidos) pertencem ao credor.

A obrigao de restituir coisa certa uma modalidade de obrigao especifica, com tratamento entre os arts. 238 a 242 do CC. Aqui o devedor tem o dever de devolver coisa que no lhe pertence. Ex: contrato de locao.

Consequncias do Inadimplemento1 (ART 238 do CC) nos casos de perda da coisa sem culpa do devedor e antes da tradio, aplica-se a remota regra de que a coisa perece para o dono (res perit domino). Isso no exclui a hiptese do credor pleitear os direitos existentes at o dia da perda (Ex: aluguis vencidos.)2 (ART 239 do CC) - se a coisa se perder por culpa do devedor, responder este pelo equivalente, mais perdas e danos.3 (ART. 240 do CC) - havendo deteriorao sem culpa do devedor, o credor receber a coisa no estado em que se encontrar sem direitos a perdas e danos.4 (ART 240 do CC) havendo deteriorao com culpa do devedor, o credor passa a ter direito de exigir o valor equivalente coisa, mais perdas e danos OU ficar com a coisa mais perdas e danos.

ART 241 se sobrevier melhoramento ou acrscimo coisa, na obrigao de restituir coisa certa, sem despesa ou trabalho do devedor, o credor as lucrar, ficando desobrigado do pagamento de indenizao.Havendo despesas ou trabalho do devedor: Em relao s benfeitorias (melhoramentos feitos por quem no proprietrio), o possuidor de boa-f tem direito a indenizao das benfeitorias uteis e necessrias. Quando as volupturias (de mero luxo), seno lhe forem pagas, poder levant-las assim que possvel. O devedor ainda poder exercer o direito de reteno da coisa at o recebimento do pagamento. Se o devedor estiver de m-f, sero ressarcidas apenas as benfeitorias necessrias, sem direito da reteno da coisa e sem levantamento das benfeitorias volupturias (arts. 1219 e 1220 do CC). Em relao aos frutos, o devedor de boa-f ter direito aos frutos percebidos. Se de m-f o devedor, no ter direito aos frutos, respondendo pelos frutos colhidos e pelos que por sua culpa deixou de perceber.

OBRIGAO DE DAR COISA INCERTA

So obrigaes que tem por objeto uma coisa indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela indicada somente pelo gnero e pela quantidade, restando uma indicao posterior quanto qualidade, que, em regra, cabe ao devedor.Coisa incerta no quer dizer qualquer coisa, mas coisa indeterminada, porm suscetvel de determinao futura. A determinao se faz pela escolha, denominada concentrao, que constitui um ato jurdico unilateral. Prev o art. 243 que a coisa incerta ser indicada ao menos pelo gnero e pela quantidade.O art. 244 do CC ainda nos traz que, nas coisas determinadas pelo gnero e pela quantidade a escolha ou concentrao cabe ao devedor, se o contrario no for especificado no contrato.Cabendo a escolha ao devedor, este no poderia dar a coisa pior, nem ser obrigado a dar coisa melhor. A escolha do devedor ainda no pode recair sobre coisa que seja menos valiosa, em completo tambm no sendo obrigado a dar coisa mais valiosa- PRINCIPIO DA EQUIVALNCIA ENTRE AS PRESTAES.Cabendo a escolha ao credor, este no poder optar pela coisa mais valiosa, nem ser compelido a receber a coisa menos valiosa.O art. 245 estabelece que aps a escolha ser feita pelo devedor, e tendo sido cientificado o credor, a obrigao genrica convertida em obrigao especfica, ou seja, a coisa incerta passa a ser coisa certa. E com isso, aps concentrao, aplicam-se a obrigao, as regras de inadimplemento j estabelecido para a obrigao de dar coisa certa (art. 233 a 242 do CC).Antes dessa concentrao, no h que se falar em inadimplemento da obrigao genrica, em regra.

2. Obrigao positiva de fazer

A obrigao de fazer uma obrigao positiva, cuja prestao consiste no cumprimento de uma tarefa ou atribuio por parte do devedor.Pode ser classifica da seguinte forma:a) Fungvel aquela que ainda pode ser cumprida por outra pessoa, custa do devedor originrio.b) Infungvel - aquela que tem natureza personalssima , em detrimento de regra constante no instrumento obrigacional ou pela prpria natureza da obrigao.ART 247 do CC na obrigao de fazer infungvel, negando-se o devedor ao seu cumprimento, a obrigao de fazer converte-se em obrigao de dar, devendo o sujeito passivo (devedor) arcar com as perdas e danos, includos os danos materiais e morais. Mas antes de pleitear a indenizao, poder o credor requer o cumprimento da obrigao de fazer nas suas duas modalidades, por meio de ao especifica, com fixao de multa ou astreintes pelo juiz, conforme art. 461 do CPC atual e 84 do CDC.Quanto a obrigao de fazer fungvel, entendemos ser possvel as astreintes somente em relao ao devedor originrio, o que visa a conservao do negcio.ART 248 do CC caso a obrigao de fazer nas duas modalidades, torne-se impossvel sem culpa do devedor, resolve-se a obrigao sem a necessidade do pagamento de perdas e danos, tal como ocorre em caso fortuito ou fora maior.Ainda, havendo culpa do devedor no descumprimento de obrigao de fazer, este dever arcar com os danos presentes no caso concreto.Quanto obrigao fungvel pode ainda o credor, antes de converter a obrigao em perdas e danos, requerer o cumprimento da obrigao por outra pessoa, s custas do devedor originrio.

3. Obrigao negativa de no fazer. a nica obrigao negativa no Direito Privado Brasileiro, tendo como objeto a absteno de uma conduta.ART. 390 do CC - nas obrigaes negativas o devedor havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.O descumprimento da obrigao negativa se d quando o ato praticado. A obrigao de no fazer quase sempre infungvel , personalssima, e tambm indivisvel por sua natureza.ART. 250 do CC - Se o adimplemento da obrigao de no fazer tornar-se impossvel sem culpa genrica do devedor, ser resolvida, o mesmo ocorre nos casos envolvendo caso fortuito ou fora maior.A obrigao de no fazer pode ter origem legal ou convencional, sendo que a legal exemplifica-se no caso do proprietrio de um imvel, que tem o dever de no construir at certa distncia do imvel vizinho. Por outro lado, a obrigao de no fazer de origem convencional pode ser exemplificada no caso de um ex-empregado que celebra com a empresa ex-emrpegadora um contrato de sigilo industrial.Prev o art. 251 que praticado o ato pelo devedor, a cuja absteno se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaa, sob pena de se desfazer sua custa, ressarcindo o culpado as perdas e danos.Ainda prece o paragrafo nico do 251 que, em casos de urgncia , poder o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorizao judicial, sem prejuzo de ressarcimento devido. Por exemplo, tendo sido feita a construo pelo vizinho, desrespeitando a distncia definida legalmente, poder o credor demolir o prdio em casos de enchente. Porm havendo abuso desse direito, recair o ato sobre o art. 187 do Cdigo onde a responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critrio subjetivo analtico.

2) CLASSIFICAO QUANTO A COMPLEXIDADE DO OBJETOObrigaes simples so aquelas que apresentam somente uma prestao, no existindo complexidade nelas.Obrigaes compostas trazem complexidade para o contrato. So aquelas em que h uma pluralidade de objetos ou prestaes a serem cumpridas.As obrigaes compostas possuem 3 modalidades:a) Obrigaes Cumulativas: No so previstas no CC. So aquelas em que o sujeito passivo deve cumprir todas as prestaes previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial. Desse modo o descumprimento de apenas uma das prestaes j caracteriza o inadimplemento. Geralmente identificada pela conjuno e. Ex: em um contrato de locao o locatrio obrigado a pagar o aluguel, a usar o imvel conforme convencionado e a no modificar a forma externa do mesmo.

b) Obrigaes Alternativas: aquela que se apresenta com mais de uma prestao, mas apenas uma dessas deve ser cumprida pelo devedor. identificada pela conjuno ou, tendo como base legal os arts. 252 a 256 do CC.Como acontece na obrigao de dar coisa incerta, o objeto da obrigao alternativa determinvel, cabendo uma escolha (concentrao) que no silncio cabe ao devedor (art. 252, caput). ART 252, 1 - no pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestao ou parte em outra.ART 252, 2 - poder o devedor escolher pagar, no caso do pagamento em prestaes, alternando a forma de pagamento, salvo disposio contrria em contrato. Ex: uma prestao pagar em milho e outra pagar em trigo.ART 252, 3 - em caso de pluralidade de optantes (Ex: 3 devedores discordantes ) e no havendo acordo unnime entre eles, decidir o juiz.ART. 253 se uma das duas prestaes no puder ser objeto de obrigao ou se uma delas se tornar inexequvel, subsistir o dbito quanto a outra.ART 254 tornando-se totalmente impossvel a obrigao alternativa, por culpa genrica do devedor, e no cabendo a escolha ao credor, dever o primeiro arcar com a ultima prestao pela qual se obrigou, sem prejuzo das perdas e danos.ART 255- caso a escolha caiba ao credor, tornando-se impossvel somente uma das prestaes por culpa do devedor, o credor ter duas opes:a) Exigir a prestao subsistente + perdas e danos; oub) Exigir o valor da prestao que se perdeu + perdas e danos.ART 256 se todas as prestaes se tornarem impossveis sem culpa do devedor, extingue-se a obrigao.

c) Obrigaes facultativas: possui somente uma prestao, com a faculdade de ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua convenincia. Ex: ao invs de pagar 50 sacas de caf, o devedor poder substitui-las por R$20.000,00.

O credor s pode exigir a prestao ajustada em contrato, sendo uma faculdade exclusiva do devedor.

3) CLASSIFICAO QUANTO AO NMERO DE PESSOAS OBRIGAES SOLIDRIAS

Prev o art. 264 do CC que h solidariedade, quando na mesma obrigao concorrer mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigao divida toda. Dessa forma na obrigao solidria ativa, qualquer um dos credores pode exigir a obrigao por inteiro. Na passiva, a divida pode ser paga por qualquer um dos devedores.Ainda estabelece o art. 265 que, a solidariedade no se presume, resultando da lei ou da vontade das partes.Fiador e devedor principal no so, em regra, devedores solidrios, isso devido ao dispositivo que garante ao fiador o BENEFCIO DE ORDEM previsto no art. 827 do CC. No entanto possvel que o fiador fique vinculado como devedor solidrio (art. 827, II, CC).O art. 266 do CC estabelece que as obrigaes solidrias tambm podem ser objeto de uma condio, de um termo ou de um encargo.

Da obrigao solidria ativaO principal efeito da solidariedade ativa que qualquer um dos credores pode exigir do devedor, ou dos devedores, o cumprimento da obrigao por inteiro, como se fosse um s credor, conforme art. 267. A solidariedade ativa raramente acontece na prtica.ART 268 havendo solidariedade ativa, o devedor comum pode pagar a qualquer um dos credores antes mesmo da propositura de ao judicial para cobrana do valor da obrigao.O art. 269 dispe que se houver o pagamento de forma direta ou indireta, a divida ser extinta at o limite em que for atingida pela correspondente quitao ou pagamento, persistindo a divida restante se for o caso.ART 270 se um dos credores falecer, a obrigao se transmite a seus herdeiros, cessando a solidariedade em relao aos sucessores, uma vez que cada qual somente poder exigir a quota do crdito relacionada com o seu quinho de herana.ART. 271 convertendo-se a obrigao em perdas e danos, subsiste para todos os efeitos, a solidariedade.Perdendo-se a coisa ou deteriorando-se, e convertendo-se a prestao em perdas e danos, a solidariedade ainda persiste, podendo qualquer um dos credores cobrarem a divida inteira.ART 272 - No caso de remisso ou perdo da dvida de forma integral por um dos credores solidrios, este responder perante os outros pelas fraes que lhes caibam. A mesma regra deve ser aplicada no caso de um dos credores solidrios receber o pagamento por inteiro, devendo repassar as quantias aos demais credores solidrios. Percebe-se ento que a obrigao solidaria ativa no fracionvel em relao ao devedor (relao externa) , mas fracionvel em relao aos sujeitos ativos da obrigao (relao interna).ART 273 a um dos credores solidrios no pode o devedor opor as excees pessoais oponveis aos outros. O que estabelecido diz respeito ao fato de que o devedor somente poder opor a anulabilidade em relao ao credor responsvel, ficando ainda obrigado a pagar a prestao aos demais credores solidrios.Caso os demais credores tambm saibam da situao que causa a anulabilidade, os efeitos tambm podero ser exercidos contra estes.ART 274 O julgamento contrrio a um dos credores solidrios no atinge os demais; o julgamento favorvel aproveita-lhes, a menos que se funde em exceo pessoal ao credor que o obteve. Da obrigao solidria passivaNessa obrigao, o credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, conforme art. 275. Se o pagamento ocorrer de forma parcial, todos os demais devedores (inclusive quem pagou) continuam obrigados solidariamente pelo resto do valor devido.Percebe-se um no fracionamento na relao entre credores e devedores (relao externa) e um fracionamento na relao dos devedores entre si (relao interna).ART 275, paragrafo nico do CC se for proposta ao contra um ou alguns dos devedores, no haver renncia a solidariedade. Se houver a morte de um dos devedores solidrios cessa a solidariedade em relao aos sucessores, eis que os herdeiros sero responsveis somente at o limite da herana e de seus quinhes correspondentes. A regra no se aplica se a obrigao for indivisvel (art. 276). Ex: Se a divida for de R$30.000,00 ,e se D, um dos trs devedores morrer, deixando dois herdeiros, F e G, cada um destes somente poder ser cobrado em R$ 5.000,00, metade de R$ 10.000,00, que quota de D, pois com a morte cessa a solidariedade em relao aos herdeiros.Porm estando um dos herdeiros com um touro reprodutor (bem indivisvel), este dever entregar o animal, permanecendo a solidariedade.O mesmo vale para o pagamento da dvida por um dos devedores, que podero cobrar dos herdeiros, ate o limite da quota do devedor falecido.ART 277- tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdo da dvida por ele obtida no tem o efeito de atingir os demais devedores.ART 278 qualquer clausula, condio ou obrigao adicional, estipulada entre um dos devedores e o credor, no poder agravar a posio dos outros sem consentimento destes. Deve ser respeitado o principio da relatividade dos efeitos contratuais, uma vez que o negocio firmado gera efeito inter partes.Estabelece o art. 279 que se tornando impossvel a prestao por culpa de um dos devedores solidrios, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas pelas perdas e danos s responde o culpado. Culpado este em sentido estrito (imprudncia, negligencia, impercia) ou dolo (inteno de descumprimento).ART 280 todos os devedores respondem pelos juros moratrios decorrentes do inadimplemento, mesmo que a ao de cobrana do valor da obrigao tenha sido proposta em face de somente um dos codevedores.Na solidariedade passiva, o devedor demandado poder opor contra o credor as defesas que lhe forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrio da divida (art. 281). Mas esse devedor no poder opor as excees pessoais a que outro devedor tem direito, pois esta personalssima.ART 282 o credor pode renunciar a solidariedade, em favor de um, de alguns, ou de todos os devedores. Ex: sendo a dvida de R$ 30.000,00 , em havendo 3 devedores, havendo a renuncia parcial da solidariedade , por parte do credor A, em relao a um dos devedores (B), os demais somente, C e D, sero cobrados R$ 20.000,00, permanecendo em relao a eles a solidariedade.ART 283 o devedor que satisfez dvida por inteiro tem o direito de exigir de cada um dos codevedores sua quota, presumindo-se iguais as partes de todos os codevedores.ART 284 no caso de rateio entre os devedores, contribuiro tambm os exonerados de solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigao cabia ao insolvente.ART 285 - se a dvida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores, responder este por toda ela com aquele que a pagar. Ex: fiador paga a divida de um locatrio, devedor principal, poder cobrar dele todo o montante da obrigao.Da obrigao solidria mista ou recprocaH uma pluralidade de credores e devedores, todos solidrios entre si.Aplicam-se todas as regras previstas para a solidariedade ativa e passiva, visto que no existe previso para esta no Cdigo Civil.