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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1. Direito Processual do Trabalho. Princípios. Fontes. Autonomia. Interpretação, integração e eficácia das normas. Direito Processual do Trabalho. A teoria geral do direito processual do trabalho tem objeto mais delimitado, porquanto investiga setores específicos do PTRab, as suas estruturas peculiares, os conceitos próprios e os valores especiais almejados pelo direito material do trabalho. Sua finalidade primordial reside, portanto, na realização dos escopos social, político e jurídico do processo, sob a perspectiva do direito material do trabalho, bem como, por força da EC 45/2004, no que couber, de outros ramos do direito material, como o direito civil, o administrativo, o direito penal. Princípios. A coerência interna de um sistema jurídico decorre dos princípios sobre os quais se organiza. - Princípios constitucionais fundamentais Para BL os princípios constitucionais fundamentais exercem tríplice função no ordenamento jurídico: informativa, interpretativa e normativa. A função informativa é destinada ao legislador, inspirando a atividade legislativa em sintonia com os princípios e valores políticos sociais, éticos e econômicos do ordenamento jurídico. Sob essa perspectiva, os princípios atuam com propósitos prospectivos, impondo sugestões para a adoção de formulações novas ou de regras jurídicas mais atualizadas, em sintonia com os anseios da sociedade e atendimento às justas reivindicações dos jurisdicionados. A função interpretativa é destinada ao aplicador do direito. A função normativa, também destinada ao aplicador do direito, decorre da constatação de que os princípios podem ser aplicados tanto de forma direta, na solução dos casos concretos mediante a derrogação de uma norma por um princípio, quanto de forma indireta, por meio da integração do sistema nas hipóteses de lacuna. Cremos ser possível alinhar outras importantes funções que os princípios constitucionais fundamentais desempenham no ordenamento jurídico brasileiro: integram o direito positivo como normas fundamentais; ocupam o mais alto posto na escala normativa;

Resumo Direito Processual Do Trabalho MPT

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO1. Direito Processual do Trabalho. Princípios. Fontes. Autonomia. Interpretação, integração eeficácia das normas.

Direito Processual do Trabalho. A teoria geral do direito processual do trabalho tem objeto mais delimitado, porquanto investiga setores específicos do PTRab, as suas estruturas peculiares, os conceitos próprios e os valores especiais almejados pelo direito material do trabalho. Sua finalidade primordial reside, portanto, na realização dos escopos social, político e jurídico do processo, sob a perspectiva do direito material do trabalho, bem como, por força da EC 45/2004, no que couber, de outros ramos do direito material, como o direito civil, o administrativo, o direito penal.

Princípios.

A coerência interna de um sistema jurídico decorre dos princípios sobre os quais se organiza.- Princípios constitucionais fundamentaisPara BL os princípios constitucionais fundamentais exercem tríplice função no ordenamento jurídico: informativa, interpretativa e normativa.A função informativa é destinada ao legislador, inspirando a atividade legislativa em sintonia com os princípios e valores políticos sociais, éticos e econômicos do ordenamento jurídico. Sob essa perspectiva, os princípios atuam com propósitos prospectivos, impondo sugestões para a adoção de formulações novas ou de regras jurídicas mais atualizadas, em sintonia com os anseios da sociedade e atendimento às justas reivindicações dos jurisdicionados.A função interpretativa é destinada ao aplicador do direito.A função normativa, também destinada ao aplicador do direito, decorre da constatação de que os princípios podem ser aplicados tanto de forma direta, na solução dos casos concretos mediante a derrogação de uma norma por um princípio, quanto de forma indireta, por meio da integração do sistema nas hipóteses de lacuna.Cremos ser possível alinhar outras importantes funções que os princípios constitucionais fundamentais desempenham no ordenamento jurídico brasileiro:

integram o direito positivo como normas fundamentais; ocupam o mais alto posto na escala normativa; são fontes formais primárias do direito; passam a ser normas de introdução ao ordenamento jurídico brasileiro; em caso de conflito entre princípio e regra, preferência para o 1o; propiciam a atividade criativa (e vinculativa) do juiz, impedindo o dogma de neutralidade e

os formalismos legalistas; prestigiam a verdadeira segurança jurídica, pois a atividade legislativa e a judicante ficam

vinculadas à observância dos princípios constitucionais fundamentais; vinculam todos os Poderes: judicialização da política e politização da justiça; estabelecem a função promocional do MP.

- Princípios Gerais do Direito ProcessualA doutrina costuma classificar os princípios do direito processual em princípios informativos e princípios fundamentais.- Princípios informativosOS princípios informativos, também chamados por alguns de meras regras informativas do processo, são considerados axiomas, prescindindo, pois, de demonstração. Não se baseiam em outros critérios que não os estritamente técnicos e lógicos, não possuindo praticamente nenhum conteúdo ideológico. São universais e incontroversos. Servem de base para a elaboração de uma teoria geral do processo.São apontados os seguintes:

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princípio lógico: consiste na escolha dos fatos e forma mais aptos para descobrir a verdade e evitar o erro.

Princípio jurídico: seu papel é proporcionar aos litigantes igualdade na demanda e justiça na decisão, mediante regras claras e preestabelecidas, evitando-se que o processo seja uma caixinha de surpresas.

Princípio político: seu objetivo é prover os direitos dos cidadãos da máxima garantia social com o mínimo de sacrifício da liberdade individual. Estabelece a obrigatoriedade da sentença mesmo em caso de lacuna.

Princípio econômico: consiste, de um lado, em fazer com que as lides não sejam tão dispendiosas e demoradas, e, de outro, em propiciar o aceso dos pobres ou dos hipossuficientes econômicos ao aparelho judiciário, por meio dos institutos da assistência judiciária e da justiça gratuita.

- Princípios fundamentais/geraisa) igualdade ou isonomia: está consagrado no art. 5, caput, da CF. A igualdade mencionada ali é apenas formal. Mas deve ser entendido em seu aspecto amplo. É implementável a título individual e coletivo.b) contraditório: estabelecido pelo art. 5, LV,da CF. É de mão dupla: implica a bilateralidade da ação e a bilateralidade do processo. É útil para estabelecer o conceito moderno de parte. Parte é quem participa, efetiva ou potencialmente, do contraditório na relação jurídica processual.c) ampla defesa: positivado no art. 5, LV da CF, sendo complemento do contraditório. É também de mão dupla, pois aproveita ao autor e ao réu.d) imparcialidade do juiz: não se confunde com neutralidade. Para efetivar a imparcialidade do juiz, a CF confere à magistratura garantias especiais, a saber: a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. Surge como desdobramento a obrigatoriedade da fundamentação das decisões judiciais.e) motivação das decisões: constitui uma garantia do cidadão e da sociedade contra o arbítrio dos juízies. Art. 93, IX, CF. Esse dispositivo consagra dois outros: a obrigatoriedade da fundamentação das decisões e o da publicidade dos julgamentos, ressalvando-se, com relação a este último, as hipóteses em que o interesse público exigir sua relativização.f) devido processo legal: é a base dos outros princípios. Art. 5, LIV, da CF. Caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade-propriedade. Dele se extraem outros: juiz natural, proibição de tribunais de exceção, promotor natural, duplo grau de jurisdição, recorribilidade das decisões e motivação das decisões judiciais, obediência às formas previamente estabelecidas.g) juiz natural: art. 5, LIII. Entende-se aquele que não só consagra a tese de que juiz é aquele investido de função jurisdicional, afastando julgamentos por outro poder, como ainda impede a criação de tribunais de exceção ou ad hoc para o julgamento de causas cíveis ou penais. Os tribunais especializados não constituem exceção ao princípio do juiz natural, pois estão previstos na própria CF, que prevê a existência de Justiças especializadas, com competência para julgar causas trabalhistas, militares e eleitorais.h) promotor natural: decorre da interpretação sistêmica da CF. Está albergado nos arts. 5, XXXV e LIII, 127 e 129, I, da CF. Assenta-se nas cláusulas da independência funcional e da inamovibilidade dos membros da Instituição.i) duplo grau de jurisdiçãol) princípio do acesso individual e coletivo à justiça ou inafastabilidade do controle jurisdicional ou ubiquidade ou indeclinabilidade da jurisdição: Consagrado no art. 5, XXXV da CF. Com relação ao DPT, pode-se inferir que, com a promulgação da CF, 1988, do CDC, de 1990, e, mais tarde, da LOMPU, de 1993,a jurisdição trabalhista passou a ser constituída de 3 sistemas:a) sistema de acesso individual (dissídios individuais e plúrimos); b) sistema de acesso coletivo (dissídios coletivos); c) sistema de acesso metaindividual (ACP).m) princípio da razoabilidade da duração do processo: LXXVIII do art. 5, da CF. Alguns meios que garantem a celeridade processual foram inseridos na CF: previsão de que a atividade jurisdicional será ininterrupta, vedação de férias coletivas nos juízos e tribunais de 2o grau; permissão para que

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os servidores recebam delegação para a prática de atos de administração e de mero expediente sem caráter decisório e determinação de distribuição imediata dos processos.n) princípio da cooperação ou colaboração: orienta o magistrado a tomar uma posição de agente-colaborador do processo, de participante ativo do contraditório e não mais a de um mero fiscal de regras. Gera os seguintes deveres para os magistrados: dever de esclarecimento; dever de consultar; dever de prevenir.o) princípio do ativismo judicial: é consequência da vinculação do Estado Democrático de Direito ao Processo.- Princípios comuns ao DPCivil e ao DPTa) princípio dispositivo ou da demanda: é emanação do princípio da livre-iniciativa. Está no art. 2 do CPC. Sem autor, não há jurisdição. É quase que absoluto no processo civil e existem exceções a ele no DPT; reclamação trabalhista ajuizada pela DRT, instauração de instância pelo Presidente do Tribunal(incompatível com a CF); execução promovida ex officio pelo juiz.b) princípio inquisitivo ou do impulso oficial: consagrado no art. 262 do CPC. Exceções no DPT: reclamação trabalhista instaurada pelo JT em virtude de expediente oriundo da DRT; execução ex officio; instauração da instância pelo juiz presidente do tribunal, nos casos de greve(incompatível com a CF).c) princípio da instrumentalidade: o processo não é fim em si mesmo. Ele deve ser instrumento da justiça.d) princípio da eventualidade: as partes devem alegar, na oportunidade própria prevista em lei, ou por ocasião do exercício de faculdade processual, todas as matérias de defesa ou de seu interesse. Está no art. 300 do CPC. Discute-se sua aplicação no DPT. Os argumentos são os expostos anteriormente na letra b e ªe) princípio da preclusão: decorre do princípio dispositivo e com a própria logicidade do processo, que é andar p frente. Está no art. 245 do CPC. Encontra-se implícito no art. 795 da CLT. O art. 879, §§ 2 e 3, o preveem expressamente. A doutrina adota a seguinte classificação para a preclusão:

- consumativa: é a que ocorre com a própria prática do ato processual, uma vez praticado, não poderá a parte fazê-lo novamente,

- preclusão temporal: é a mais conhecida. Opera quando a parte não pratica um ato processual no prazo legalmente previsto, ou quando o pratica serodiamente;

- preclusão lógica: é a perda da prática de um ato, por estar em contradição com atos anteriores, ofendendo a lógica do comportamento das partes. Ocorre quando a parte pratica um ato incompatível com o já praticado.

- preclusão ordinatória: é a perda da possibilidade de praticar o ato, se precedido do exercício irregular da mesma possibilidade. A validade de um ato posterior depende da prática de um ato anterior.

- preclusão máxima: também conhecida por coisa julgada, consiste na perda do prazo para a interposição de recurso contra sentença que transitou em julgado com ou sem resolução de mérito. Por este princípio, é defeso à parte pleitear, e ao juiz decidir no mesmo processo em que houve a preclusão máxima.

- preclusão pro iudicato: o art. 836 veda ao juiz conhecer de questões já decididas, salvo nas hipóteses dos embargos de declaração e de ação rescisória.- Princípios da economia processual: aplicável em todos os ramos do direito processual e consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de atos processuais, evitando-se dispêndios desnecessários de tempo e dinheiro para os jurisdicionados.- princípio da perpetuatio jurisdictionis: BL diz que seri melhor falar em princípio da perpetuação da competência. Está no art. 87 do CPC. Este princípio é relativizado nos domínios dos processos coletivos, como se infere do art. 98, §2, I do CDC.- princípio do ônus da prova: previsto no art. 33 do cpc e 818 da CLT.

Fontes.

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Não há uniformidade. Há que diga que as fontes seriam a pedra fundamental de todos os estudos jurídicos (origem do Direito). Outros que constituem o fundamento para que se possa considerar válida a norma jurídica. Outros as vêem sob o aspecto da exteriorização do direito.Classificação:1) a) Primárias – Lei b) Secundárias – costume jurisprudência e doutrina.2) a) Mediatas b) Imediatas3) a) materiais – fato social. Emergem do DT. b) formais – lei, costume, jurisprudência, analogia, equidade, princípios gerais de direito. São as que lhe conferem o caráter de direito positivo. Estão positivadas no ordenamento jurídico. Dividem-se em:

- diretas: abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos e administrativos editados pelo Poder Público) e o costume, em seu topo estão as normas constitucionais;

- indiretas: que são aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência;- de explicitação: também chamadas fontes integrativas do direito processual: analogia,

princípios gerais de direito e a equidade.Abaixo da CF vamos encontrar as espécies normativas arroladas no processo legislativo pátrio, que são as leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções do CN, incluindo os decretos-leis (anteriores à Carta de 1988), que disponham sobre normas de direito processual.No patamar infraconstitucional, podemos destacar as seguintes fontes formais diretas do DPT:

CLT; Lei 5584/70; CPC; Lei 6830/80; Lei 7701/88.

No caso de tutela dos interesses metaindividuais trabalhistas há a LC 75/93 – Estatuto do MPU. Tb integram o elenco das fontes formais:

Lei 7347/85 – ACP; Parte processual da Lei 8078/90 – CDC; Lei 8069/90 – ECA; Lei 7853/89 – Lei de proteção à pessoa portadora de deficiência.

Tb são importantes o DL 779/1969 e DL 75/66.No que concerne às fontes formais indiretas, doutrina e jurisprudência tem importante papel para BL. Ele defende que as súmulas vinculantes são fontes formais diretas.Quanto às fontes formais de explicitação, o art. 769 da CLT permite a aplicação subsidiária do art. 126 do CPC que dispõe: o juiz não se exime de sentenciar ou despachar a;egando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide, caber-lhe-á aplicas as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. O art. 766 da CLT usa a equidade quando dispõe que nos dissídios sobre a estipulação de salários, serão estabelecidas condições que, assegurando justos salários aos trabalhadores, permitam também justa retribuição às empresas interessadas.Há quem sustente que as normas de DPT podem derivar de outras fontes não estatais, como os costumes e os tratados internacionais firmados pelo Brasil. Para BL os costumes e os tratados somente passam a ser fontes quando judicializados. Quanto aos tratados ele acredita que são normas de origem estatal quando firmadas pelo menos por 2 Estados soberanos, como o tratado de Itaipú e o Tratado de Assunção. P/ BL os tratados de DH são normas constitucionais, e o STF está enganado em dizer que se ratificados antes da EC 45 têm hierarquia de fontes supralegais.- HeterocomposiçãoConsiste na solução do conflito trabalhista por um terceiro, que decide com força obrigatória sobre os litigantes, que, assim, são submetidos à decisão. Não é forma de solução direta, porque a decisão

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é suprapartes. BL dá como ex. A arbitragem e a jurisdição. Alguns autores acrescentam a mediação e a conciliação.A jurisprudência é contra o cabimento da arbitragem para solução de conflitos individuais trabalhistas.No Pcivil, a sentença arbitral é considerada título executivo judicial. No Ptrab, para Bezerra Lei, a arbitragem deve levar em conta a natureza do conflito. Tratando-se de sentença arbitral para a solução de conflito trabalhista individual, para BL, incide o art. 475-N do CPC, e seria título executivo judicial. Já se o conflito for coletiva de trabalho, a sentença arbitral seria equivalente à sentença normativa e caberia ação de cumprimento.Foi editada a Lei n. 10192/2001, que em seu art. 11 trata da mediação trabalhista. Mediação sempre será facultativa. A exigência de mesa-redonda (mediação) na DRT viola o art. 114, §2 da CF, conforme a antiga OJ 24, cancelada.O MPT pode atuar como árbitro nos conflitos coletivos de trabalho ou por solicitação das partes.O TST editou a S. 418 que considera inexistir direito líquido e certo à homologação de acordo celebrado pelas partes.A conciliação pode ser:a) judicial;b) extrajudicial.O termo firmado perante comissão de conciliação prévia tem natureza de título executivo extrajudicial e terá eficácia geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. BL afirma que há divergência quanto ao alcance da “eficácia liberatória geral”.Outro meio de solução extrajudicial é o previsto no art. 475-N, V, do CPC, que considera como título executivo extrajudicial o acordo extrajudicial de qualquer natureza, homologado judicialmente.

Autonomia. - Teoria monista: prega que o Direito Processual é um só.. Assim o DPT não seria regido por leis próprias ou estruturado de modo específico.- Teoria dualista: pondera que há autonomia do DPT. Prega a teoria radical que há uma independência total do processo do trabalho em relação ao direito processual. A segunda teoria mostra a existência de autonomia relativa. Essa autonomia decorre da subsidiariedade das normas aplicáveis do Processo Civil. A última teoria pode ser chamada de inominada, defende a autonomia do DPT pois sua matéria é extensa sua doutrina homogênea e tem método próprio.Segundo Alfredo Rocco, para caraterizar a autonomia de uma ciência é mister que:a) ela seja vasta a ponto de merecer um estudo conjunto, adequado e particular;b) ela contenha doutrinas homogênea dominadas por conceitos gerais comuns e distintos dos conceitos gerais que informam outras disciplinas;c) possua método próprio, empregando processos especiais para o conhecimento das verdades que constituem objeto de suas investigações. Assim, para ser autônoma, a ciência deve possuir:- desenvolvimento legal;- desenvolvimento doutrinário;- desenvolvimento didático;- autonomia jurisdicional;- autonomia científica.

Interpretação, integração e eficácia das normas.- InterpretaçãoInterpretar a norma é compreender o que o legislador quer dizer. É a análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. Existem várias formas de interpretação.a) gramatical/literal;b) lógica;c) teleológica/finalística;

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d) sistemática;e) extensiva ou ampliativa;f) restritiva ou limitativa;g) histórica;h) autêntica;i) sociológica.- IntegraçãoIntegrar tem o sentido de completar, inteirar. O intérprete fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização de técnicas jurídicas. As técnicas jurídicas são a analogia e a euquidade, podendo também ser utilizados os princípios gerais do Direito e o direito comparado. O art. 8 da CLT autoriza o juiz, na falta de expressa disposição legal ou convencional, a utilizar a analogia ou a equidade.A analogia não é método de interpretação, mas utilização de regra semelhante para o caso em exame – forma de integração.O art. 766 é forma de juízo de equidade.Na falta de disposição legal, o direito processual civil será fonte subsidiária do processo do trabalho.- EficáciaSignifica a aplicação ou execução da norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as relações. Tal conceito não se confunde com validade, que é a força imponível que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada. A vigência da norma diz respeito ao seu tempo de atuação.A eficácia compreende a aplicabilidade da norma e se ela é obedecida ou não pelas pessoas.A eficácia pode ser dividida em relação ao tempo e ao espaço. A eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em vigor.A eficácia no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma.

2. Acesso à Justiça do Trabalho. Gratuidade. “Jus postulandi”. A coletivização do processo.Métodos extrajudiciais de composição dos conflitos trabalhistas: mediação e arbitragem. PoderNormativo. Simulação de lides.

Acesso à Justiça do Trabalho.

Atualmente o acesso à justiça passa a ter um novo enfoque voltado para a teoria tridimensional do Direito.O problema do acesso à Justiça pode ser compreendido nos sentidos geral, restrito e integral.No sentido geral, o termo é concebido como sinônimo de justiça social – concretização do ideal universal de justiça. Atribui-se ao Papa Pio XI a utilização primeira da expressão justiça social. Essa noção passou a ser incorporada, inicialmente, nas Encíclicas Quadragésimo Anno, de 15 de maio de 1931 e Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937.No sentido restrito, a expressão é utilizada no aspecto dogmático de acesso à tutela jurisdicional.N sentido integral, ela assume caráter mais consentâneo, não apenas com a teoria dos direitos fundamentais, mais também, com os escopos jurídicos, políticos e sociais do processo. Seria o prórpio acesso ao direito, a ordem jurídica justa, conhecida e implementável.O problema do acesso à justiça no sentido integral pode ser visualizado por meio de 3 ondas. A primeira cuida de assegurar a assistência judiciária aos pobres. A segunda (coletivização do processo) propugna uma adequada representação dos interesses coletivos lato sensu, que abrangem os interesses difusa, coletivos (strictu sensu) e individuais homogêneos. A terceira onda, chamda pelos autores de enfoque do acesso à justiça, é mais abrangente, porque nela reside uma enorme gama de fatores a serem analisados para melhor aperfeiçoamento da solução dos conflitos. É nessa última onda que surgem novos mecanismos judiciais que visam, sobretudo, a celeridade do processo, como os juizados especiais de pequenas causas, a antecipação de tutela, o procedimento

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sumaríssimo.

Gratuidade.

Assistência judiciária quer dizer quem vai patrocinar a causa para a pessoa, como o advogado, o sindicato, a Procuradoria do Estado, a Defensoria Pública.Não se confunde assistência judiciária gratuita, que será prestada pelo sindicato, com isenção de custas, que depende da observância dos requisitos legais. Justiça gratuita é espécie de assistência judiciária, compreendendo a isenção de custas e honorários periciais.Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária é prestada pelo sindicato da categoria profissional do trabalhador. Para SPM a assistência judiciária não é prestada ao empregador, salvo se comprovar insuficiência de recursos.O sindicato da categoria profissional prestará assistência judiciária gratuita ao trabalhador desempregado ou que perceber salário inferior a dois salários mínimos ou que declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos próprios e familiares, condições econômicas de prover à demanda.SPM entende que o §10 do art. 789 da CLT revogou o §1 do art. 14 da Lei 5584/70 (este falava em 5 salários mínimos e aquele fala em 2).A situação econômica do trabalhador será comprovada por atestado fornecido pela autoridade local do MTE, mediante diligência sumária, que não poderá exceder 48 horas. Não havendo no local a autoridade referida no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida o empregado.A comprovação da situação de desemprego do trabalhador será feita pela apresentação da sua CTPS.O empregado irá apresentar declaração de pobreza, como já o fazia com base na Lei 1060/50. A declaração deve ser feita pelo trabalhador e não por seu advogado em petição.Apresentando o empregado declaração de pobreza ou prova de que está desempregado, não haverá necessidade de apresentação de atestado da situação econômica do trabalhador.Quando nas respectivas comarcas não houver Varas do Trabalho ou não existir sindicato da categoria profissional do trabalhador, é atribuído aos Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de prestar a assistência judiciária ao trabalhador a forma prevista na Lei 5584/70A assistência judiciária será prestada ao trabalhador ainda que não associado. A justificativa de o sindicato ter de prestar a assistência sindical é o fato de que a contribuição sindical paga por qualquer empregado serve para o custeio da assistência jurídica.

“Jus postulandi”. É o direito que a pessoa tem de estar em juízo, praticando pessoalmente todos os atos autorizados para o exercício do direito de ação, independentemente do patrocínio de advogado.Está consubstanciado no art. 791 da CLT e art. 839, ªReclamante e reclamado podem, então, atuar sem a presença de advogados em todas as instâncias trabalhistas, mesmo nos TRTs e no TST. Em caso de eventual Recurso Extraordinário para o STF, ou mesmo recurso para o STJ deve o mesmo ser subscrito por advogado, sob pena de o apelo não ser conhecido.TB o recurso de revista irá exigir advogado.Até a promulgação da EC 45/2004, os honorários advocatícios somente seriam devidos na hipótese do art. 14 da Lei 5584/70. Nos termos desse preceptivo, os honorários advocatícios na JT não decorreriam da mera sucumbência e nem seriam destinados ao advogado e sim ao sindicato que prestou assistência judiciária ao trabalhador. Nesse sentido, S. 219, 329, OJ 304 e 305.A partir da EC 45, nas ações trabalhistas não oriundas da relação de emprego a representação das partes por advogado passará a ser obrigatória.

A coletivização do processo.

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Partindo do pressuposto de que a palavra “crise”, além de ser conceituada como situação difícil, significa também mudança e transformação, pode-se dizer que há crise no Direito do Trabalho. Acentua-se substancialmente a preocupação de que a Justiça trabalhista, através de suas instituições processuais, cada vez menos consegue garantir, de forma efetiva, os direitos fundamentais e sociais dos trabalhadores. O contexto atual reclama um Direito do Trabalho mais efetivo, para o que várias reformas são propostas. Na relação de emprego, os conflitos aumentam gradativamente, como consequência do agravamento das questões sociais. A força da globalização, do capitalismo e a desenfreada busca das empresas pela diminuição de custos elevam em grandes proporções o desemprego e o subemprego no país. São consequências de uma política empresarial de busca de mão-de-obra barata, de flexibilização das normas trabalhistas e de uma atuação sindical enfraquecida.Vive-se, atualmente, a crítica situação na qual o trabalhador, premido pela necessidade de emprego, submete-se às mais degradantes condições de trabalho e não se anima a reclamar seus direitos individualmente. O mais preocupante, entretanto, é a constatação de que existe não somente um desrespeito generalizado dos direitos trabalhistas previstos na CLT, mas também um grave atropelo aos direitos fundamentais dos trabalhadores, constitucionalmente assegurados. Por diversas razões aliadas ao mencionado fenômeno da globalização, o Direito do Trabalho passou por profundas modificações, dentre as quais uma significativa redução das normas heterônomas ou estatais. Com a tendência de flexibilização e desregulamentação das normas trabalhistas, o Estado cede, dando lugar a uma atuação maior das negociações coletivas. Todavia, com a crise do Estado do Bem-Estar Social verificada a partir da década de setenta do século passado, os sindicatos foram se enfraquecendo e perdendo sua capacidade de pressão e barganha. Assim, desprovidos de um referencial legislativo e sindical, aos trabalhadores só resta buscar nas Constituições democráticas (como a Norma Fundamental brasileira de 1988) os seus direitos, para restabelecer um certo equilíbrio nas relações laborais.Ocorre que, mesmo com o efetivo apoio da Carta Magna (pois a horizontalização dos direitos fundamentais dos trabalhadores determina que estes sejam aplicados não somente frente ao Estado, mas também frente ao empregador), a proteção aos direitos dos empregados exige mecanismos judiciais apropriados para um acesso e uma prestação jurisdicional eficazes. Entretanto, o que se verifica é que a crise do Direito do Trabalho alcança também sua esfera processual. Como resultado do descumprimento generalizado das normas trabalhistas e constitucionais, toma força o demandismo na Justiça do Trabalho, comprovado pela verdadeira avalanche de reclamações individuais nas Varas do Trabalho.Diante dessa realidade, é preciso que sejam implementados novos instrumentos capazes de efetivar a estrutura legal e convencional existente e é nesse contexto que várias propostas de reforma do processo trabalhista têm surgido.Começa a existir uma consciência de que as formas tradicionais de solução dos conflitos de trabalho no Brasil, de caráter e alcance exclusivamente individuais, não mais atendem à necessidade de efetivação das normas protetoras dos direitos dos trabalhadores. A atenção volta-se então para a adoção do processo coletivo ou metaindividual. A sociedade de hoje é uma sociedade em massa, a produção é em massa, o consumo é em massa e a conflituosidade é também em massa. Com o Direito do Trabalho não é diferente: existe um desrespeito generalizado, repetitivo e padronizado aos direitos dos trabalhadores. Assim, nada mais lógico que a Justiça trabalhista, responsável direta pela efetividade de tais direitos, comece a agir também de maneira coletiva.É necessário ultrapassar definitivamente os limites tradicionais do antigo sistema individualista ortodoxo. A solução para a garantia dos direitos trabalhistas reside agora na tutela coletiva no Processo do Trabalho. Trata-se de um “subsistema processual” que encontra suas bases legais na LACP, no CDC e, subsidiariamente, no CPC, quando compatível. A CLT tem aplicação restrita dentro desse sistema, por ter sido concebida sob uma filosofia individual (salvo no caso da ação de dissídio coletivo, suas

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normas não são compatíveis com a tutela coletiva de direitos trabalhistas), mas autoriza sua aplicação quando dispõe, em seu art. 769, que: “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.”Menciona-se a Lei de Ação Civil Pública como uma das principais expressões legais do processo coletivo, por ser a ação civil pública instituto que se destaca atualmente na Justiça trabalhista, sendo utilizado na defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.Ainda são vários os obstáculos existentes para a sua tramitação efetiva na Justiça do Trabalho, por ser uma ação que constitui novidade nas cortes laborais, além de coexistir com uma cultura enraizada voltada exclusivamente para a solução de conflitos individuais. São empecilhos processuais e procedimentais que envolvem questões que dizem respeito à competência territorial, legitimidade ativa, litispendência, antecipação de tutela e coisa julgada, entre outras. Mas, uma vez superadas todas as barreiras que uma inovação deve superar ao ser implementada e conscientizando-se os operadores do Direito de que a generalização e a massificação do desrespeito aos direitos fundamentais e sociais dos trabalhadores exigem, urgentemente, instrumentos mais efetivos para sua manutenção, a Justiça trabalhista assumirá verdadeira posição de vanguarda na solução de lides metaindividuais ou coletivas. E, ao invés de responder a inúmeras pretensões individuais idênticas, proporcionando soluções divergentes, o Judiciário adotará o relevante e democrático papel de mediador das lides coletivas, possibilitando decisões mais uniformes e garantindo grande economia de tempo, dinheiro e esforço processual, o que refletirá em eficiência e prestígio para a Justiça, possibilitando uma maior e real garantia para os direitos dos trabalhadores.

Métodos extrajudiciais de composição dos conflitos trabalhistas: mediação e arbitragem.

- MediaçãoÉ técnica de composição dos conflitos caracterizada pela participação de um terceiro, suprapartes, o mediador, cuja função é ouvir as partes e formular propostas. As partes não são obrigadas a aceitar as propostas. Só se compõem havendo o acordo de vontade entre ambas. A mediação é vista também como um componente da negociação, e por esse motivo é que é para alguns não um mecanismo heterocompositivo, mas autocompositivo, já que o mediador nada decide e apenas interfere para aproximar as vontades divergentes dos litigantes.O conceito de mediação mts vezes é confundido com o de conciliação. As diferenças são de ordem meramente formal e mesmo assim não são rigorosas. A conciliação é judicial e em alguns casos extrajudicial, enquanto a mediação é extrajudicial. Na mediação, o mediador é via de regra escolhido pelas partes, embora em alguns casos isso possa não ocorrer, como na mediação da DRT, no Brasil; na conciliação nem sempre é assim, pois o conciliador pode ser até mesmo o juiz. Na conciliação geralmente atua um órgão permanente destinado a esse fim, enquanto na mediação pode surgir a figura do mediador para cada caso concreto.No Brasil há diversos dispositivos legais prevendo a mediação. A CLT no art. 616 dispõe sobre sua forma usual e comum, pelo MTE, e que, com o nome popular de mesa-redonda, é presidida por um inspetor do Ministério. A Portaria n. 1, de 22 de março de 2002, traz duas orientações sobre mediação das delegacias regionais em conflitos coletivos. A Portaria n. 3097, de 17 de maio de 1988, estabeleceu regras para o procedimento da mediação nos conflitos coletivos.- ArbitragemÉ uma forma de composição extrajudicial dos conflitos, por alguns doutrinadores considerada um equivalente jurisdicional. A questão não é decidida por um juiz, mas por uma pessoa ou órgão não investido de poderes jurisdicionais.Na arbitragem, um terceiro suprapartes decide. Logo, a solução não é autocomposta. É imposta. A arbitragem nos dissídios coletivos é prevista pela CF – art. 114, §1.Sob o prisma da obrigatoriedade ou não, a arbitragem é facultativa e privada ou oficial e obrigatória.No Brasil a CF prevê a arbitragem facultativa para os dissídios coletivos. O MPU também atua

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como árbitro nos termos da sua Lei Orgânica. Dispõe sobre arbitragem a lei 9307, de 1996. AM defende a aplicabilidade desta lei no direito do trabalho.Em relação ao procedimento, a arbitragem poderá ser por oferta final, sempre que a decisão do árbitro tiver de ser a proposta de uma das duas partes sem alterá-la, sistema que tem a finalidade de fazer com que as propostas que as partes apresentarem para que o árbitro venha a decidir sejam próximas da realidade e não se distanciem muito uma da outra para evitar riscos, e a arbitragem livre, quando não houver essa restrição de escolha para o árbitro.Quanto à pessoa do árbitro, poderá ser unipessoal ou colegiada.Tendo em vista a natureza das questões envolvidas, há arbitragem de direito ou de equidade, a primeira quando a controvérsia resulta da necessidade de interpretação de normas jurídicas.

Poder Normativo.

A Justiça do Trabalho e o único ramo do Poder Judiciário que possui competência material para criar normas gerais e abstratas destinadas as categorias profissionais ou econômicas, desde que respeitadas as disposições legais e convencionais minimas de proteção ao trabalho. Trata-se do chamado poder normativo previsto no art. 114, paragrafo segundo, da CF, que e exercido por meio de sentença normativa proferida nos autos do dissidio coletivo.A competência funcional para processar e julgar os dissídios coletivos e dos Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho, conforme a área de abrangência do conflito. Se ultrapassar a base territorial de competência de mais de um TRT, a competência funcional originária será do TST.Tendo em vista a nova redação dada pela EC 45/2004 ao paragrafo segundo do art. 114 da CF, um novo pressuposto processual (ou para outros, uma nova condição da ação), para cabimento do dissidio coletivo de natureza econômica: as partes deverão estar de “comum acordo” para o ajuizamento da demanda. Vale dizer, se uma das partes não concordar com a propositura do DC de natureza econômica, a Justiça do Trabalho devera extinguir o processo, sem resolução do mérito, por inexistência de acordo entre as partes para o ajuizamento da demanda.

Simulação de lides.

A lide simulada é um conflito falso, simulado, entre patrão e trabalhador, que é levado à Justiça do Trabalho. A lide simulada ocorre quando o patrão, no momento da extinção do contrato de trabalho, propõe uma ação contra o trabalhador, ou convence o trabalhador a propor uma ação contra ele, apenas para que ambos, na presença do juiz, façam um acordo com relação ao pagamento de verbas rescisórias, com quitação do extinto contrato de trabalho.O exemplo mais comum de lide simulada é aquele no qual o patrão demite o empregado e o orienta a procurar certos advogados, que propõem uma ação em nome deste trabalhador, com o objetivo de firmar acordo na Justiça. Os valores a serem pagos pelo empregador ao empregado já estariam previamente combinados.Ao praticar a lide simulada, o patrão se aproveita da falta de conhecimento do trabalhador, informando-o que o pagamento das verbas rescisórias dependeria da aprovação pelo juiz. Agindo assim, o patrão busca, em verdade, realizar um acordo na Justiça, com quitação do extinto contrato de trabalho, para evitar que o empregado proponha futura ação trabalhista para pedir o pagamento de valores que lhe seriam devidos. A lide simulada, portanto, ofende a legislação de diversos modos: (1) o Poder Judiciário, que existe apenas para julgar conflitos reais, é provocado indevidamente, o que contribui para o atraso no julgamento de outros processos judiciais; (2) o patrão age com má-fé, violando a dignidade da Justiça e o direito constitucional dos trabalhadores de amplo acesso ao Poder Judiciário; (3) há violação ao art. 477, § 1º, da Consolidação da Leis do Trabalho - CLT, segundo o qual a extinção do contrato do trabalhador com mais de 1 ano de serviço deve ser homologada pelo sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego; (4) há violação ao direito do empregado com menos de 1 ano de serviço receber o pagamento das

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verbas rescisórias diretamente, mediante recibo.São penalidades previstas para o empregador que pratica lide simulada: (1) possibilidade de extinção do processo pelo juiz (art. 129 do Código de Processo Civil - CPC); (2) possibilidade de pagamento de multa por litigância de má-fé (arts. 16 a 18 do CPC); (3) possibilidade de condenação do empregador ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho (Lei n. 7347/85); (4) possibilidade de condenação do advogado que representar o trabalhador em juízo pelo crime de patrocínio infiel, para o qual é cominada pena de detenção, de seis meses a três anos, e multa (art. 355, parágrafo único do Código Penal); (5) possibilidade de imposição de sanção disciplinar, pela Ordem dos Advogados do Brasil, aos advogados envolvidos na lide simulada (art. 34, IX, X, XVII, da Lei n. 8.906/94); (6) possibilidade de condenação do patrão pelo crime de frustração de direito assegurado por lei trabalhista, para o qual é cominada pena de detenção de um ano a dois anos, e multa (art. 203 do Código Penal).

3. Organização da Justiça do Trabalho. Composição, funcionamento, jurisdição e competência dosórgãos. Juízos de Direito investidos na jurisdição trabalhista. Corregedoria na Justiça doTrabalho. Lei Orgânica da Magistratura.Organização da Justiça do Trabalho. Composição, funcionamento, jurisdição e competência dosórgãos.A JT é integrada pelos seguintes órgãos:

TST TRTs Juízes do Trabalho

A JT está estruturada em três graus de jurisdição. No primeiro funcionam as Varas do Trabalho. No segundo, os TRTs. No terceiro funciona o TST.- Composição e funcionamento do TSTÉ integrado por 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo PR após aprovação pela maioria absoluta do SF, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

Junto ao TST funcionam:- a escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados do trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira.- o Conselho Superior da JT, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da JT de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.O TST submete-se ao quinto constitucional.O TST é regulado pela L. 7701/88.Seu regimento interno dispõe que o TST funcionará e, sua plenitude ou dividido em órgão especial, seções e subseções especializadas e turmas.De acordo com o art. 59 do RITST, são órgãos do TST:- Tribunal Pleno: é constituído pelos Ministros da Corte. Para funcionamento: mínimo 14. Maioria absoluta para: I – escolha dos nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de vaga da Ministro; II – aprovação de emenda regimental; III – eleição dos Ministros para os cargos de direção do Tribunal; IV – aprovação, revisão e cancelamento de Súmula ou de Precedente Normativo; V – declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público.- Órgão especial: integram ele o Presidente e o Vice do TST, o Corregedor-Geral de Justiça do Trabalho, os 7 Ministros mais antigos, incluindo os membros da direção, e os 7 ministros eleitos pelo Pleno. Quórum para funcionamento: 8 Ministros. Maioria absoluta quando a deliberação tratar

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de disponibilidade ou aposentadoria de Magistrado. Tomada por dois terços dos votos dos Ministros do Órgão Especial a deliberação preliminar referente à existência de relevante interesse público que fundamenta a proposta de edição de Súmula, dispensadas as exigências regimentais.- Seção especializada em dissídio coletivo: é constituída do Presidente e do Vice, do Corregedor-Geral da JT e mais 6 ministros. Quórum para funcionamento: 5 ministros.- Seção especializada em dissídios individuais, dividida em duas subseções: é composta de 21 ministros, sendo: O Presidente e o Vice, o Corregedor e mais 18 Ministros. Funciona em composição plena ou dividida em duas subseções. O quórum para a composição plena é de 11 Ministros, mas as deliberações só poderão ocorrer pelo voto da maioria absoluta dos integrantes da Seção. Integram a Subseção I 14 Ministros: o Presidente e o Vice, o Corregedor e mais 11, preferencialmente os presidentes de Turma, sendo exigida a presença de, no mínimo, 8 para seu funcionamento. Haverá pelo menos um e no máximo dois integrantes de cada turma na sua composição. Integram a subseção II o Presidente e o Vice, o Corregedor e mais 7 Ministros, sendo exigida a presença de, no mínimo 6 para seu funcionamento.- Turmas: são constituídas, cada uma, por 3 ministros, sendo presididas pelo mais antigo. Para os julgamentos é necessária a presença de 3 Magistrados. Para compor o quorum, o Presidente da Turma poderá convocar, mediante prévio entendimento, o Ministro de outra Turma.

- Composição e funcionamento dos TRTsO art. 112 da CF, em sua redação original, previa pelo menos um TRT em cada Estado e no DF.'A EC 45/2004 acabou com essa exigência. Hj existem 24 TRTs.Os juízes dos TRTs são nomeados pelo Presidente da República e seu número varia em função do volume de processos examinados pelo Tribunal.Os TRTs compõem-se de no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível na respectiva região.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

Tb devem obedecer ao quinto constitucional.Compete ao TRT, originariamente julga os recursos das decisões de Varas do Trabalho.

- Composição das Varas do TrabalhoCabe à lei fixar a competência territorial das Vts.Cada vara compõe-se de um Juiz do Trabalho titular e um juiz do Trabalho substituto, ambos nomeados pelo Presidente do TRT após aprovação em concurso público.Compete às Vts, em linhas gerais, processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho e aquelas que, por exclusão, não sejam da competência originaria dos tribunais trabalhistas

Juízos de Direito investidos na jurisdição trabalhista.

Em comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional trabalhistas aos Juízes de Direito. O recurso será dirigido ao TRT.

Corregedoria na Justiça do Trabalho.

No âmbito da JT há duas Corregedorias: a geral e a regional.- Corregedoria-GeralÉ órgão de direção do TST. É dirigida por um Corregedor-Geral, eleito dentre os Ministros do TST,

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para um mandato de 2 anos, mediante escrutínio secreto e pelo voto da maioria absoluta, em sessão extraordinária do Tribunal Pleno. As atribuições do Corregedor-Geral estão na CLT:

Art. 709 - Compete ao Corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal Superior do Trabalho: I - Exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e seus presidentes; II - Decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico;

Nos termos do art. 40 do RITST: das decisões proferidas pelo Corregedor-Geral da JT caberá agravo regimental para o Órgão Especial, incumbindo-lhe determinar sua inclusão em pauta.O Corregedor-Geral da JT apresentará ao Órgão Especial, na última sessão do mês seguinte ao do término de cada ano de sua gestão, relatório circunstanciado das atividades da Corregedoria-Geral durante o ano findo. A CLT foi tacitamente revogada nisso.

§ 2º - O Corregedor não integrará as Turmas do Tribunal, mas participará, com voto, das sessões do Tribunal Pleno, quando não se encontrar em correição ou em férias, embora não relate nem revise processos, cabendo-lhe, outrossim, votar em incidente de inconstitucionalidade, nos processos administrativos e nos feitos em que estiver vinculado por visto anterior à sua posse na Corregedoria.

O RITST dispõe que o Corregedor-Geral da JT não concorre à distribuição de processos, participando, quando não estiver ausente em função corregedora, das sessões dos órgãos judicantes da Corte, exceto de Turmas, com direito a voto.

- Corregedoria RegionalNão há previsão na CLT como órgão autônomo. Pela CLT a correição é exercida pelo Presidente do TRT. Alguns tribunais prevem o cargo do Corregedor Regional.

Lei Orgânica da Magistratura.Ler a Lei Complementar nº 35/79.

4. Competência da Justiça do Trabalho: em razão da matéria, da pessoa, da função e do lugar. Modificação de competência. Conflitos de competência. Inovações introduzidas pela Emenda Constitucional n° 45/2004.A competência da JT é determinada pelo art. 114 da CF. As competências em razão da função e em razão do território dos órgãos da Justiça do Trabalho são fixadas pela lei, e não pela CF. É o que diz o art. 113 da CF.- Competência em razão da matériaTem-se entendido que a determinação da competência material da JT é fixada em decorrência da causa de pedir e do pedido.Com a EC 45 a competência da JT foi bastante ampliada, pois ela passou a processar e julgar as ações oriundas, não apenas da relação de emprego, como também daquelas decorrentes da relação de trabalho.A incompetência em razão da matéria é de natureza absoluta e, consequentemente, deve ser declarada de ofício pelo juiz, independentemente de provocação das partes do processo. Mas cabe ao réu alegá-la antes de discutir o mérito, ou seja, em sede de preliminar, sob pena de arcar com as despesas processuais decorrentes do retardamento da sua arguição.- Competência Material Originala) Ações oriundas da relação de empregoNas lides oriundas da relação de emprego incluem-se todas as relações em que figurem como um de seus sujeitos empregados urbanos ou rurais, de um lado, e o empregador urbano ou rural, de outro. A única exceção era a ação acidentária que, embora decorrente da relação empregatícia, era processada e julgada pela justiça comum.

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b) Danos morais e individuais coletivos: O STF atribuiu esse competência a JT, antes mesmo da EC45. Foi editada a SV 22. TST S 392. A respeito dos danos morais coletivos, há previsão constitucional e legal para a competência da JT para processar e julgar ação civil pública em que se veicule pedido de indenização por danos morais coletivos.c) Acidente do trabalho e dano moral em ricochete: Decisão do STF durante o CC . 7204, suscitado pelo TST contra o Tribunal de Alçada de MG. A competência da Justiça Comum é para processar e julgar apenas as ações em que figure no polo passivo o INSS, diante de sua responsabilidade objetiva para assegurar ao trabalhador acidentado ou incapacitado em decorrência de doença ocupacional,por conta dos recursos (oriundos do SAT) que administra. Para todas as demais ações concernentes a acidentes do trabalho oriundas da relação de trabalho, inclusive as que tenham por objeto indenização por dano material ou moral ou que visem o cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalhador, incluídas as relativas ao meio ambiente do trabalho, a competência passou a ser da JT. O STF deixou assentado que, por razões de política judiciária, a competência da justiça laboral para processar e julgar demandas acidentárias é o da publicação da EC 45/2004 (31.12.2004), que entrou em vigor em 02.01.2005. Assim, os processos concernentes às ações acidentárias propostas na Justiça Comum antes de 02.01.2005, nos quais já existia sentença, lá permanecerão. Se até 02.01.2005 ainda não tinham sentença, os autos deverão ser remetidos à Justiça do Trabalho. Para o STJ, não importa se a sentença é terminativa ou definitiva. Para o STF, não pode ter sido proferida sentença de mérito. Há casos, entretanto, que a competência será da Justiça comum estadual, como na hipótese em que a pretensão vem deduzida por parentes do trabalhador (dano moral em ricocheteou reflexo, que é aquele que atinge pessoa diversa da que sofrera diretamente o dano), postulando danos morais,portanto direito próprio, com base na legislação constitucional e comum,de natureza exclusivamente civil. Entretanto, o STF passou a adotar posição de que nesses casos, a competência é da JT.d) Cadastramento de PIS/PASEP: O cadastramento é obrigação do empregador. Caso este não proceda ao cadastramento, o empregado terá que propor ação da JT que poderá determinar o cadastramento ou a indenização compensatória por falta deste. Ver S. 300, TST.e) Meio ambiente do trabalho: este é o conjunto das condições internas do local de trabalho e sua relação com a saúde dos trabalhadores. S. 736, STF. Essas causas valem também para servidores de relação estatutária - ACP – para melhoria das condições de trabalho.f) FGTS: A JT também é competente para apreciar pedido de levantamento do FGTS na ocorrência de lide entre trabalhador avulso e tomador de serviço e não só entre empregador e empregado. Porém, tratando-se se ação oriunda de lide entre o trabalhador e a CEF, versando, por exemplo,s obre pagamento de correção monetária dos valores depositados na conta vinculada do FGTS, a competência não seria da JT, mas sim, da Justiça Federal. Nesse sentido é S.82 do STJ. O TST cancelou a S. 176, deixando transparecer, por exemplo, que as ações versando sobre levantamento de FGTS em decorrência de conversão de regime jurídico de celetista para estatutário de servidor público passam a ser da competência da JT e nesse mesmo, é o Enunciado . 63 aprovado na 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho.g) Quadro de carreira: quanto à ação ajuizada pelo empregado versando sobre questões alusivas a quadro de carreira instituído pelo empregador, o TST editou a S. 19, estabelecendo que a JT é competente para apreciar reclamação de empregado que tenha por objeto direito fundado em quadro de carreira.h) descontos previdenciários e fiscais. i) Seguro-desemprego: O programa de seguro-desemprego, nos termos da Lei 7998, de 11.01.1990, tem por finalidade: I – prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; II – auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do empregado, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. Assim, se o empregador, havendo dispensa sem justa causa ou rescisão indireta do CT, e não fornece as guias para recebimento do seguro-desemprego, o trabalhador poderá postular a condenação do empregador na obrigação de entregar

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coisa certa ou postular a indenização (obrigação de pagar) pelo não fornecimento das guias do seguro-desemprego. De acordo com a S. 389 do TST, inscreve-se na competência material da JT a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego, sendo certo que o não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização.j) Ações possessórias: a JT é competente para processar e julgar ações possessórias que tenham origem na relação de emprego, como naquelas em que o empregador reivindicar a posse do imóvel oferecido ao empregado como salário-utilidade. O STF editou a SV 23 que reconhece ser da JT a competência para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. O STF reconhece implicitamente a competência da JT para a ação de interdito proibitório.l) Matéria criminal: 1a – é preocupada com a possibilidade de decisões conflitantes de órgãos jurisdicionais distintos em ações decorrentes do msm substrato fático, reconhece a necessidade de se adotar o princípio da unidade da convicção, segundo o qual, quando omsm fato tiver de ser analisado mais de uma vez, deverá sê-lo pelo msm juízo. 2a- rejeita a competência criminal da JT pelos seguintes argumentos: a) a JT não está preparada para recepcionar esta atribuição; b) corre-se o risco de descaracterizar a jurisdição trabalhista ampliando demasiadamente o rol de suas competências;c) os juízes do trabalho não detém conhecimento penal; d) o legislador de 2004 retirou da PEC convertida na EC 45 o inciso que previa a competência para os crimes contra a organização do trabalho; e) não há atribuição expressa decompetência criminal no art. 114; f) O STF está julgando em favor da competência da JF nos casos de crimes de redução à condição análoga à de escravo – art. 149 do CP; g) a nova disposição do art. 109 que possibilita a federalização de crimes contra DH, advinda da EC45, constituíria forte argumento contrário à tese de que a competência para julgar o crime do art. 149 do CP agora pertence à JT; h) o processo penal é capaz de solver, de forma satisfatória, os conflitos penais, logo, despiciendo trazê-lo à jurisdição trabalhista. 3a- admite a competência da JT em matéria criminal se, nos termos do inciso IX, do art. 114 da CF, houver lei dispondo em tal sentido. O plenário do STF entendeu que a JF é competente para processar e julgar crime de redução à condição análoga à escravidão.m) Complementação de aposentadoria, pensão e previdência privada: existe discussão doutrinária sobre a competência da JT para processar e julgar ação em que o trabalhador busca receber complementação de aposentadoria. A posição do STF é que a Justiça do Trabalho dispõe de competência para apreciar litígios instaurados contra entidades de previdência privada e relativos à complementação de aposentadoria, de pensão ou de outros benefícios previdenciário, desde que a controvérsia jurídica resulte de obrigação oriunda do contrato de trabalho. Em outro julgado, o STF deixou assentado que compete à JT julgar causa relativa à complementação de aposentadoria, a cargo de entidade de previdência privada, cuja responsabilidade não decorre do contrato de trabalho. Ver S. 106, 326, 327 do TST. OJ 26da SBDI-1 do TST.n) ações oriundas da JTo) relação de trabalhador avulso: o art. 643 da CLT ratifica essa competência.p) Relação de trabalho eventual: o trabalho eventual não é tutelado pelo direito material do trabalho. É o que se infere da interpretação a contrário sensu do art. 3 da CLT, que exige a não eventualidade como uma das características da relação de emprego. Assim, as lides decorrentes da relação de trabalho eventual seriam, por exclusão, dirimidas pela Justiça comum. Porém, por força do inciso I do art. 114 da CF, se o autor alega que era trabalhador eventual e pede indenização pelos serviços prestados ao respectivo tomador, a competência para julgar tal demanda será da JT, pois se trata de ação oriunda da relação de trabalho.q) Relação de trabalho autônomo e relação de consumo: a empreitada, a locação de mão de obra e o mandato são espécies de relações de trabalho autônomo, reguladas pelo CC, que passaram a ser da JT. Para BL não são da competência da JT as relações de consumo, porque estas e relação de trabalho são inconfundíveis. Consumidor é a pf ou pj que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Tomador, para fins da relação de trabalho, é a pessoa física ou jurídica que utiliza os serviços prestados por um trabalhador autônomo não como destinatário final, mas, sim,

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como intermediário. Há julgados no TST no sentido de não reconhecer a competência da JT nas hipóteses de prestação de serviços de profissional liberal. O entendimento é que contratos de natureza eminentemente civil não se incluem no termo relação de trabalho.r) Contrato de honorários advocatícios: no que concerne ao contrato particular de honorários advocatícios em que o advogado atua como profissional autônomo, é possível surgir relação de trabalho ou relação de emprego. Depende da qualidade do destinatário do serviço. Se utilizá-lo como destinatário final (consumidor), haverá relação de consumo, sendo incompetente a JT. Do contrário, se não for o tomador do serviço destinatário final, haverá relação de trabalho. Mas há divergência doutrinária e jurisprudencial nesse campo. Há o enunciado 23 da 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho que diz que a JT é competente para julgar ações de cobrança de honorários advocatícios, desde que ajuizada por advogado na condição de pessoa natural. BL discorda do enunciado. O STJ editou S. 363 que dispõe que compete à Justiça estadual processar e julgar ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. O TST vem adotando o entendimento de que falece competência à JT para processar e julgar ações referentes à cobranças de honorários advocatícios previstos em contrato de prestação de serviços de advocacia, mesmo nos casos de defensor dativo.s) Contratos de empreitada: o contrato de empreitada é instituto de direito civil. No caso de pequena empreitada, a competência da JT já estava prevista antes da EC 45 – art. 652, alínea a, inciso III, da CLT.t) Relação de trabalho no âmbito da Administração Pública:- Servidor estatutário: tendo em vista a eficácia erga omnes da decisão proferida na ADI 3395, as ações oriundas da relação de trabalho de natureza estatutária entre servidores investidos em cargos públicos, de provimento efetivo ou em comissão, continuam na esfera de competência da Justiça comum, federal ou estadual, conforme o caso. Ao contrário, quando se tratar de servidor regido pelo regime da CLT, sujeito a uma relação empregatícia com a administração pública, não há dúvida de que a competência para dirimir as lides entre ele e a administração é da JT.- Servidor temporário: prevalecia o entendimento de que se existisse regime estatutário para os servidores permanentes, então o regime dos servidores temporários não poderia ser o celetista. Neste caso, alforaria a incompetência da JT para as lides decorrentes da relação de trabalho temporário. A S. 123 do TST era nessa direção. O STF vinha entendendo que a competência material da JT no caso de contratação temporária de servidor público, seria estabelecida em função da causa de pedir e do pedido, o que levou à mudança no entendimento do TST. O TST mudou a OJ 205, da SBDI. Com a EC 45, finalizou-se o problema e hoje é indubitável a competência da JT para processar e julgar as causas em que figurem como partes os servidores temporários e os órgãos da Administração Direta, Autárquica ou Fundacional, para BL. Mas o pleno do STF não entende assim. Nesse sentido, somente se a lei que autorizar a contatação temporária dispuser, expressamente, que o regime do servidor temporário é o celetista a competência para processar e julgar a demanda correspondente será da JT.- Servidor celetista: a competência é da JT, extraída do art. 114, I, da CF.- Servidor público, RJU e competência residual: O STF por maioria, deferiu parcialmente medida liminar em ação direta (ADI 2135), para suspender a vigência do art. 39, caput, da CF, com a redação que lhe foi dada pela EC 19/98, mantida sua redação original, que dispõe sobre a instituição do RJU dos servidores públicos. A decisão tem efeitos ex nunc. Com isso, a JT não tem competência para processar e julgar as demandas correspondentes. O TST editou a OJ 138 da SDI-1:

OJ-SDI1-138 COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limi-ta a execução ao período celetista.

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O STJ editou a S. 170:

Compete ao juízo onde foi primeiro intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário, decidi-la nos limites de sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com pedido remanescentes, no juízo próprio.

- Competência Material derivadaEssa competência está no inciso IX do art. 114 da CF. Para BL dois são os requisitos para a competência derivada:a) existência de uma lide decorrente de relação do trabalho;b) inexistência de lei afastando expressamente que a competência para apreciar esta lide é da JT. Para Arion Sayao Romita, não há contradição entre os incisos I e IX da CF pois este último permite a ampliação, por lei ordinário, da competência da JT.

- Competência Normativa – Poder normativoA JT é o único ramo do Poder Judiciário que possui competência material para criar normas gerais e abstratas destinadas às categorias profissionais ou econômicas, desde que respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Trata-se do chamado poder normativo previsto no art. 114, §2, da CF, que é exercido por meio de sentença normativa proferida nos autos de dissídio coletivo. A competência funcional para processar e julgar os dissídios coletivos é dos TRTs ou do TST, conforme a área de abrangência do conflito e da representação das categorias envolvidas no conflito de interesses. Se ultrapassar a base territorial de competência de mais de um TRT, a competência funcional originária será do TST. Esse poder não é amplo e ilimitado, segundo o STF.S. 190 do TST:

SUM-190 PODER NORMATIVO DO TST. CONDIÇÕES DE TRABALHO. IN-CONSTITUCIONALIDADE. DECISÕES CONTRÁRIAS AO STF (manti-da) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal Superi-or do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo Tribunal Federal julgue iterativamen-te inconstitucionais.

- Ações que envolvam o exercício do Direito de GreveO inciso II e o §3 do art. 114 da CF referem-se a greve.Segundo a Lei de Greve, só se pode falar juridicamente em greve na hipótese de suspensão coletiva temporária de prestação pessoal de serviço de trabalhadores a empregador.Enquadram-se na moldura do inciso II qualquer ações que envolvam o exercício do direito de greve, salvo as de natureza penal.As ações de indenização por danos morais ou patrimoniais por atos ilícitos praticados no curso da greve ou em decorrência do exercício do direito de greve, por força do art. 114, II, da CF, passaram para a competência da JT.

- Greve e interdito proibitórioPara uns, a competência para as ações de interdito proibitório decorrentes de greve são da competência da justiça comum – STJ. Para outros – STF – por força da EC 45 passou para a JT.Com a SV 23 do STF, a competência é, sem dúvida, da JT.

- Greve de servidores públicosCom a promulgação da EC 45 houve recepção qualificada do art. 8 da Lei 7783/89 para a JT processar e julgar as ações de greve oriundas da relação de emprego, abrangidos os servidores públicos regidos pela CLT. A greve do servidor estatutário continua sendo da competência da Justiça comum, federal ou estadual, conforme o caso. Assim decidiu o STF no MI 708/DF. Na

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Reclamação n. 6568 o STF reafirmou a competência da Justiça comum para processar e julgar ações envolvendo o exercício do direito de greve de servidores públicos.

- Ações envolvendo sindicatosCom o advetno da EC n. 45/2004, que acrescentou o inciso III ao art. 114 da CF, a JT passou a ser competente para processar e julgar:a) as ações que tenham por objeto a disputa sobre representação sindical;b) as ações entre sindicatos;c) as ações entre sindicatos e trabalhadores;d) as ações entre sindicatos e empregadores.Na letra a a hipótese é de competência em razão da matéria e nas outras em razão das pessoas.

- Representação sindicalTendo em vista que o art. 8, II, da CF veda a criação de mais de uma entidade sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que não pode ser inferior à área de um Município, é muito comum a existência de ações propostas por entidades sindicais visando a declaração de sua legitimidade para representar as referidas categorias ou a declaração de ilegitimidade de outro sindicato para tal representação. Tais ações sempre foram da Justiça comum estadual. Com o advento da EC45, que acrescentou o inciso III, a JT passou a ser competente para processar e julgar as ações que tenham por objeto a disputa sobre representação sindical.A decisão da JT que dirimir a lide sobre representação sindical será definitiva e produzirá a coisa julgada material. A questão pode, inclusive, ser objeto de ação declaratória incidental.

- Contribuições confederativa e assistencialA JT é competente para processar e julgar ação anulatória proposta pelo MPT que tenha por objeto a declaração de ilegalidade de cláusula de convenção ou acordo coletivo que contenha contribuição confederativa ou taxa de assistência (ou fortalecimento) sindical.A jurisprudência vinha admitindo a competência da JT apenas quando se tratasse de cumprimento de cláusula prevista em sentença normativa, por força da parte final da redação original do art. 114 da CF e do art. 872, pu, da CLT.Com o advento da Lei 8984/95, a JT passou a ser competente para conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos de trabalhadores e empregador. Com a EC 45, BL diz que foi reforçada a competência da JT para processar e julgar não apenas as ações anulatórias promovidas pelo MPT, como também as ações entre sindicatos, entre sindicato e trabalhador ou entre sindicato e empregador, que tenham por objeto a controvérsia sobre contribuições confederativa e assistencial, sendo certo que o critério, em tais casos, é o da competência em razão da pessoa.

- Contribuição sindicalA competência para processar e julgar causa que envolva discussão sobre contribuição sindical não pertencia à JT, mas à justiça comum dos Estados. Por força da EC 45 essa competência passou a ser da JT. É competência em razão da pessoa para BL. Para este autor, a ação de cobrança da contribuição sindical dos servidores públicos será de competência da JF ou JE.Quanto à contribuição sindical do servidor celetista, parece-nos que a competência é da JT.

- Eleições sindicaisPara BL, as disputas sobre eleições sindicais envolvem conflitos entre trabalhadores e sindicatos ou empregadores e sindicatos, assim a competência é da JT.Em se tratando de lide sobre eleição de dirigente sindical de sindicato de servidores públicos, a

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competência para processar e julgar a demanda dependerá, na esteira da ADI 3395 do STF, do regime jurídico dos servidores ao qual está vinculado o correspondente sindicato. Se o regime for o celetista, competência da JT; se for estatutário, justiça comum. Para BL a S. 4 do STJ deve ser cancelada ou, pelo menos, readaptada, no sentido de ficar adstrita às ações que envolvam processo eleitoral dos sindicatos dos servidores públicos estatutários.

- Outras questões envolvendo sindicatosPor força do inciso III do art. 114 da CF, são também da competência da JT as lides entre sindicatos e trabalhadores, inserindo-se aí, as ações de prestações de contas propostas por trabalhadores em face do sindicato, representado pela respectiva diretoria. Semelhantemente, será da JT a competência para processar e julgar ação de prestação de contas proposta pelos empregadores em face do sindicato de sua categoria econômica.Tb encontram residência no inciso II do art. 114 da CF qualquer outras ações, condenatórias, constitutivas, mandamentais ou executivas lato sensu, propostas pelos trabalhadores ou empregadores em face dos sindicatos das suas correspondentes categorias ou destes em face daqueles.Já quanto à ação de cobrança de honorários advocatícios contratuais proposta por advogado autônomo (profissional liberal) em face do sindicato para o qual presta serviços, parece-nos que a competência será da Justiça comum.

- Dano moral ou patrimonialCom a Ec 45, passaram à JT não apenas as ações propostas por empregado em face do empregador que contenha pedido de indenização por dano moral, mas, também, as ações que tiverem por objeto a indenização por dano patrimonial. Além disso, por força da interpretação sistemática dos incisos I, VI e IX do art. 114 da CF, com nova redação dada pela EC 45, foram transferidas para a JT as ações de indenização por dano moral ou patrimonial propostas por outrs trabalhadores não empregados (eventuais, avulsos, autônomos, subordinados atípicos ou parassubordinados) em face dos respectivos tomadores de serviço, desde que não haja lei dispondo, expressamente, ser da Justiça comum a competência.

- Penalidades administrativas impostas ao empregador pelos órgãos de fiscalização do trabalhoAntes essa competência era da Justiça comum federal.A leitura atenta do novel inciso VII do art. 114 da CF revela que nele há dois critérios de competência da JT para essas novas demandas:a) em razão da matéria – ações relativas às penalidades administrativas, abarcando quaisquer ações que guardem conexão com as penalidades administrativas de qualquer natureza decorrentes das relações empregatícias, como os embargos de obra, as interdições e as multas administrativas.b) em razão das pessoas – impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, isto é, há necessidade de que o sujeito passivo da penalidade seja empregador e o sujeito ativo qualquer órgão de fiscalização das relações de trabalho.No que concerne às multas administrativas, podemos dizer que elas constituem uma das espécies de penalidades administrativas impostas pelo Estado, inserindo-se, portanto, na órbita do Dadm/fiscal do trabalho.Assim, lavrado o auto de infração em duplicata, uma via é entregue (ou enviada em registro postal) ao infrator, tendo este o prazo de 10 dias para apresentar defesa perante o Superintendente Regional do Trabalho.Não sendo acolhida a defesa, a imposição das multas incumbe ao Superintendente Regional do Trabalho. Todavia, em se tratando de FGTS, a aplicação da multa, por força do Regulamento da Lei 8036/1990, compete ao Gerente de Atendimento das Relações de Emprego.De toda decisão que impuser multa por infração das leis e disposições reguladoras do trabalho, caberá recurso administrativo para a Secretaria das Relações de Trabalho do MTE.O recurso deve ser interposto no prazo de 10 dias, contados do recebimento da notificação, perante

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a autoridade que houver imposto a multa, a qual, depois de os informar, encaminhá-los à autoridade de instância superior.O recurso só terá seguimento se o interessado instruí-lo com a prova do depósito integral da multa.Não havendo o recurso ou não sendo ele provido, o depósito converter-se-á em pagamento da multa.O art. 640 da CLT faculta às Superintendências Regionais do Trabalho, na conformidade de instruções expedidas pelo Ministro de Estado, promover a cobrança amigável das multas antes do encaminhamento dos processos à cobrança executiva.Prescreve o art. 641 da CLT que, não havendo o depósito da importância da multa ou penalidade, far-se-á a competente inscrição em livro especial, existente nas repartições das quais se tiver originado a multa ou penalidade, ou de onde tenha provindo a reclamação que a determinou, sendo extraída cópia autêntica dessa inscrição e enviada às autoridades competentes para a respectiva cobrança judicial, valendo tal instrumento como título de dívida líquida e certa.De acordo com o art. 642, a cobrança judicial das multas impostas pelas autoridades administrativas do trabalho obedecerá ao disposto na legislação aplicável à cobrança da dívida ativa da União, que é a Lei 6830/1980.A dívida ativa da Fazenda Pública passou a ser definida como tributária e não tributária, sendo espécies desta última as multas aplicadas pelos órgãos de fiscalização do trabalho devidamente apuradas e inscritas em dívida ativa pela PFN, a qual passou a ter a legitimação para propor a ação de execução fiscal perante a Justiça federal, o que justificava a competência ex ratione personae da Justiça Federal comum para processar e julgar esta espécie de demanda.A ação de execução fiscal das multas inscritas em dívida ativa não necessita de edição de lei ordinária regulamentadora, pois a L. 8630 é suficiente. Já a execução, de ofício, nos próprios autos do processo trabalhista das multas por infração à legislação trabalhista, dependerá de legislação ifnraconstitucional regulamentadora e integrativa, a ex. Do que ocorreu com a execução das cobranças das contribuições previdenciárias (L. 10035/2000).Considerando que o art. 3 da LEF diz que a dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, podemos inferir que: a)a certidão respectiva constitui documento indispensável à propositura da ação de execução fiscal; b) o despacho do juiz que deferir a inicial importa em ordem para a citação, penhora, arresto e registro da penhora; c) o executado será citado para, no prazo de 5 dias, pagar a dívida ou garantir a execução; d) estamos diante de um autêntico título executivo extrajudicial.Segundo alguns autores, para que a JT tenha competência para processar e julgar a ação de execução fiscal das multas impostas pelos órgãos de fiscalização o art. 876 da CLT deveria ser alterado para que elas sejam previstas como títulos executivos extrajudiciais. Para BL isso não é correto, pois deve-se observar o princípio da máxima efetividade da CF, permitindo todas as espécies de ações, inclusive as executivas fiscais.O TST não insere na competência da JT a a;cão de execução fiscal de dívida ativa do FGTS. Esse entendimento encontra sintonia com a S. 394 do STJ? Compete à JF ou aos juízes com competência delegada o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.

- Competência material executóriaPode ser de duas espécies: para executar as próprias sentenças e para executar as contribuições previdenciárias.

- Competência para executar as próprias sentençasÉ extraída implicitamente do art. 114 da CF.

- Competência para executar contribuições previdenciárias

Com a EC 20/1998 foi alterada a competência da JT para executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que

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proferir.A execução previdenciária ex officio engloba os atos de quantificação da dívida, intimação para pagar no prazo, contrição (arresto, penhora), expropriação (hasta pública) e satisfação do exequente. Estabelecerá a sentença exequenda obrigação de pagar ao INSS da mesma forma como já constava relativamente às custas processuais (tributo da União, cujo pagamento se recolhe ao Tesouro Nacional.O TST, num primeiro momento, alargou a competência da JT para determinar o pagamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre o período anterior ao reconhecimento do vínculo empregatício em juízo.

Competência em razão da pessoa

A competência do art. 114 da CF abarca a competência em razão da matéria ( litígios referentes à relação de emprego ou decorrentes da relação de trabalho) e a competência em razão da pessoa.A competência em razão das pessoas é fixada em virtude da qualidade da parte que figura na relação jurídica processual.Por força do art. 114, podem ser partes no processo do trabalho:a) sindicatos;b) entes de direito público externo;c) órgãos da Administração direita, autárquica e fundacional da União, dos Estados do DF e dos Municípios na qualidade de empregadores;d) a União, quando ajuizar ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;e) o INSS, quando promove a execução das contribuições previdenciárias;f) o MPT, na hipótese do §3 do art. 114 da CF.Nada impede que a pp CF ou outras normas infraconstitucionais prevejam a competência da JT para processar e julgar demandas oriundas da relação de trabalho em que figurem como partes outras pessoas ou entidades diversas das previstas no art. 114 da CF.

- Trabalhadores que podem demandar na JTTrabalhador, em sentido amplo, é toda pessoa física que utiliza sua energia pessoal em proveito próprio ou alheio, visando um resultado determinado, econômico ou não. Convém dizer que nem todo trabalhador é empregado, mas todo empregado é trabalhador.Existem duas teorias que procuram delimitar o campo de aplicação do direito material do trabalho: a restritiva e a ampliativa.A teoria restritiva, defendida por Manuel Alonso Olea, Francisco de Ferrari e outros, restringe o âmbito dessa disciplina aos empregados sujeitos da relação de emprego ou aos trabalhadores por conta alheia. Essa corrente exclui apenas o trabalhador autônomo.A teoria ampliativa estende o campo de aplicação do DT a outros tipos de trabalhadores, inclusive o autônomo e não apenas ao empregado. São defensores desta teoria, dentre outros, Cabanellas, Perez Lenero e Galland.A tendência é a de que os trabalhadores autônomos, em linhas gerais, não estão tutelados pelo DT. A exceção fica por conta da existência de legislação específica no ordenamento jurídico de cada Estado.Inspirando-se na doutrina italiana, o pensamento dominante passou a admitir que o trabalho profissional pode ser dividido em dois grandes grupos: o trabalhador autônomo e o trabalhador subordinado. O trabalhador subordinado subdivide-se, por sua vez, em trabalho subordinado típico e atípico. Os típicos são o empregado urbano e o rural. São atípicos o eventual, o aulso, o temporário, o doméstico e o servidor público investido em cargo público, de provimento efetivo ou em comissão, bem como o contratado a título temporário. Fala-se, atualmente, em um terceiro gênero, o trabalhador parassubordinado. Segundo José Affonso Dallegrave Neto parassubordinação significa um neologismo utilizado para traduzir a subordinação mitigada, própria de empregados

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altamente qualificados ou controlados à distância, ou, ainda, das figuras contratuais resididas na zona fronteiriça entre o trabalho autônomo e a relação de emprego Trata-se do chamado boia-fria, que, no entanto, tende a ser tutelado pelo DT.Os autônomos não gozam da proteção do DT mas as relações de trabalho que mantêm com os respectivos tomadores do serviço por eles prestados podem ser processadas e julgadas pela JT, desde que observadas as considerações que já expendemos nos tópicos precedentes.O trabalhador eventual e o servidor público investido em cargo público (estatuário), de provimento efetivo ou em comissão, embora subordinados, também estão excluídos da proteção do direito material do trabalho.O doméstico e o temporário são trabalhadores subordinados sob tutela especial, isto é, não são destinatários de grandes parte dos direitos trabalhistas outorgados ao empregado comum. Ambos podem demandar na JT Leis 5859/72 e Lei 6019/74.O servidor público investido em emprego público é regido pela CLT, observadas ressalvas na CF. A JT é competente para suas causas.O trabalhador avulso também pode demandar na JT nos litígios decorrentes da relação de trabalho em que ele e os tomadores de seus serviços figurem como parte da relação jurídica processual, a teor do art. 643 da CLT.Em resumo, as lides entre os trabalhadores subordinados típicos (empregados urbanos e rurais) e os tomadores de seus serviços são dirimidas pela JT. Já as lides entre os trabalhadores subordinados atípicos (doméstico, avulso, temporário, eventual) e tomadores de seus serviços somente serão da competência da JT:a) se houver permissão infraconstitucional em tal sentido;b) se não existir norma infraconstitucional específica prevendo a competência da Justiça comum;c) ou, nessa última hipótese, se sobrevier lei deslocando a competência para a JT.

- Entes de direito público externoTem-se entendido que somente no processo de conhecimento é que não há lugar para a imunidade de jurisdição em se tratando de matéria trabalhista na qual o ente de direito público externo figura como sujeito passivo da obrigação correspondente.A imunidade de jurisdição, segundo o entendimento que tem prevalecido, alcança apenas o processo (fase) de execução, ou melhor, não permite a expropriação dos bens do ente de direito público externo, salvo se este, mediante Tratado Internacional ou sponte sua, renunciar expressamente à imunidade de execução. Schiavi entende que a JT é competente para executar.

- Os servidores de Cartórios ExtrajudiciaisDuranto muito tempo, a jurisprudência entendia que à Justiça Comum Estadual, por meio da Corregedoria dos Tjs, competiria processar e julgar as causas dos funcionários dos cartórios extrajudiciais.Esses trabalhadores eram considerados servidores públicos lato sensu.O art. 236 determina que os serviços notariais e de registros são exercidos em caráter privado. Nesse passo o STF firmou entendimento de que a relação entre esses trabalhadores e os titulares dos cartórios extrajudiciais é, tipicamente, de emprego, sendo a atuação da Corregedoria dos Tjs meramente fiscalizatória e disciplinar, com o que a competência para dirimir a lide entre tais trabalhadores e os cartórios extrajudiciais é da JT.

Competência em razão da funçãoA competência funcional é fixada em razão de determinadas atribuições especiais conferidas aos órgãos judiciais em determinados processos.A competência funcional pode ser vertical (hierárquica ou por graus), fixada com base no sistema hierarquizado de distribuição de competências entre os diversos órgãos judiciais, ou horizontal, atribuída aos órgãos judiciais do mesmo grau de jurisdição.As competências recursais são competências funcionais verticais, portanto, o critério adotado é o

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hierárquico. São exemplos de competências horizontais as fixadas para execução de sentença, a concessão de medidas acautelatórias.Tomando-se por base os órgãos que compõem a JT, podemos dizer que há competência funcional das Vts, dos TRTs e do TST.

- Competência funcional das VtsCom a extinção da representação classista pela EC 24/1999, a competência funcional das Vts passou a ser exercida pelo juiz titular, sendo que a antiga denominação era Juiz Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento. Atualmente, além do juiz titular, há o juiz substituto, que tem a atribuição de substituir ou auxiliar o titular.A competência funcional das Vts está prevista no art. 652 da CLT e 680.A competência funcional dos presidentes dos TRTs está no art. 682 da CLT

- Competência funcional dos TRTsA competência funcional dos TRTs, quando divididos em Grupos de Turmas, deverá observar o disposto no art. 6O da Lei 7701/88 e o respectivo Regimento Interno, ou seja, um grupo de turma deverá necessariamente, ter competência para apreciar e julgar os dissídios coletivos.A competência dos TRTs está no art. 678 da CLT.

- Competência funcional do TSTO TST tem por principal função uniformizar a jurisprudência trabalhista.A competência do TST está disciplinada pela Lei n. 7701/1998 e pela Resolução Administrativa n. 1295/2008 que instituiu o Regimento Interno do TST.Compete, assim ao TST, nos termos do art. 67 do seu RI, processar, conciliar e julgar, na forma da lei, em grau originário ou recursal ordinário ou extraordinário, as demandas individuais e os dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos TRTs, os conflitos de direito sindical, assim como outras controvérsias decorrentes de relação de trabalho, e os litígios relativos ao cumprimento de suas próprias decisões, de laudos arbitrais e de convenções e acordos coletivos.O TST encontra-se dividido em: Pleno, órgão especial, seção especializada de dissídios coletivos e seção especializada de dissídios individuais, subdividida em duas subseções, e oito turmas.

Competência em razão do lugar

A competência em razão do lugar (ratione loci), também chamada de competência territorial, é determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional. Geralmente, a competência ratione loci é atribuída às Varas do Trabalho, que são os órgãos de primeira instância da JT. A competência territorial das Vts é determinada por lei federal.Os TRTs têm competência para processar e julgar as causas trabalhistas, originariamente ou em grau de recurso, dentro do espaço geográfico, normalmente correspondente a um Estado da Federação.Na mesma linha, o TST possui competência territorial para processar e julgar, originariamente, os dissídios coletivos que extrapolem a área geográfica de uma região e em grau recursal as decisões dos TRTs nos dissídios individuais ou coletivos. Numa palavra, o TST possui competência ratione loci sobre todo o território brasileiro.O regramento da competência em razão do lugar tem previsão expressa na CLT (art. 651) não cabendo aplicação subsidiária do CPC.A competência territorial das Vts pode ser classificada:

a) quanto ao local da prestação do serviço: art. 651, caput. A competência é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante, ou reclamando, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Regra geral, a ação deve ser ajuizada no último local em que o empregado prestou serviços ao empregador. A intenção do legislador foi ampliar ao máximo o acesso do trabalhador. Caso o empregado tennha trabalhado em diversos

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estabelecimentos, em locais diferentes, a competência territorial da VT deve ser fixada em razão do derradeiro lugar da execução do contrato, e não de cada local dos estabelecimentos da empresa no qual tenha prestado serviços.Para BL o dispositivo, ao contrário do §2, nada alude à pessoa do empregado, razão pela qual é de concluir que estão alcançados tantos os empregados brasileiros quanto os estrangeiros, desde que o serviço tenha sido ou esteja sendo prestado no Brasil.Prevalece a competência da VT do local de prestação, mesmo que não seja a localidade da residência do empregado.

b) Empregado agente ou viajante comercial: art. 651, §1 da Clt. Possui duas regras sucessivas: 1a – será competente a VT da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado; 2a – se não existir agência ou filial, será competente a VT da localização em que o empregado tenha domicílio ou a VT mais próxima de seu domicílio.

c) empregado brasileiro que trabalha nos estrangeiro: §2, art. 651. a competência das Vts estende-se às lides ocorridas em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. O TST editou a S. 207: Conflito de leis trabalhistas no espaço – princípio da lex loci executionis. A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país de prestação de serviços e não por aquelas do local da contratação. A lei brasileira estabelece dois critérios: um de direito material e outro de direito processual. Quanto ao critério de direito processual, atribui à VT a competência territorial para processar e julgar a correspondente demanda trabalhista. Qto ao direito material, estabelece que a relação de emprego será regida segundo a lei do pais em que o serviço tenha sido ou esteja sendo prestado. Quanto à VT competente para julgar a ação, alguns entendem que será a da sede ou filial da empresa no Brasil ou do local da contratação antes de o empregado ir para o exterior. Se a empresa não tiver sede ou filial no Brasil SPM sustenta que haverá a impossibilidade da propositura da ação, pois não será possível sujeitá-la à decisão de nossos tribunais. BL diz que é possível a notificação do empregador por carta rogatória.

d) Empresa que promove atividade fora do lugar da celebração do contrato: em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Alguns autores interpretam restritivamente a expressão “empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho” como sendo a hipótese do empregador que desenvolve suas atividades em lugares incertos, transitórios ou eventuais. Para BL uma interpretação do §3 do art. 651 autoriza uma opção legal para o empregado de empresa que realiza atividades em locais diversos da contratação do obreiro, pouco importando se a título permanente ou esporádico, ajuizar ação no foro do lugar da contratação ou no da prestação de serviço. Recentemente foi editada a OJ 149: conflito de competência. Incompetência territorial. Hipótese do art. 651, §3, da CLT. Impossibilidade de declaração de ofício de incompetência relativa. Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, §3, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta.

e) foro de eleição: o direito processual civil permite que as partes instituam o foro de eleição, que é aquele em que os contratantes escolhem livremente o foro do local em que os contratantes escolhem livremente o foro do local em que serão dirimidas eventuais controvérsias decorrentes do negócio jurídico entabulado. Nos domínios do processo do trabalho, não é facultado às partes da relação empregatícia instituir cláusula prevendo foro de eleição, pois as regras de competência territorial da JT são de ordem pública e inderrogáveis pela vontade das partes. A omissão do texto obreido não é condição suficiente para a aplicação subsidiária do processo civil, tendo em vista a incompatibilidade do instituto do foro de eleição, seja nos dissídios individuais, seja nos dissídios

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coletivos de trabalho. Impende ressaltar porém que, em razão do art. 114, I, da CF, com redação dada pela EC 45/2004, a JT passou a ser competente também para processar e julgar outras ações oriundas da relação de trabalho autônomo, eventual, avulso, cooperado, em função do que, em tais casos, parece-nos que não há incompatibilidade ou impedimento para que os sujeitos de tais relações de trabalho possam, com base no princípio da liberdade contratual, estipular cláusula dispondo sobre foro de eleição. Recentemente, foi editada a Lei 11280, 2006, que acrescentou um pu ao art. 112 do CPC, dispondo que: a nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juizo de domicílio do réu. Trata-se de uma exceção à decretação de ofício pelo juiz de uma competência em razão do território. A nova norma, portanto, permite ao juiz, caso entenda nula a cláusula de eleição de foro – competência territorial, portanto -prevista em contrato de adesão, declinar de sua competência para o juízo do domicílio do réu. Trata-se, a nosso ver, de norma que poderá ter aplicação no processo do trabalho, mas ações oriundas da relação de trabalho, diversas da relação de emprego.

- Competência absoluta e competência relativamente

As competências, em razão da matéria, da pessoa e da função só permite o exercício da jurisdição pelo juiz que estiver legalmente autorizado a exercê-la. Diz-se, portanto, que todas essas competências são de natureza absoluta, razão pela qual a sua inobservância contamina todos os atos praticados no processo.A competência absoluta não pode ser prorrogada e deve ser decretada ex officio pelo juiz em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não formada a coisa julgada (preclusão máxima), isto é, o seu reconhecimento independe de provocação das partes que participam da correspondente relação jurídica processual. Caso já tenha operado a coisa julgada material, somente por ação rescisória, será possível desconstituir a sentença proferida por juiz absolutamente incompetente.A competência em relação ao território é relativa, podendo ser convalidada se a parte a quem ela aproveita não manifestar oportunamente o seu inconformismo, mediante exceção de incompetência, que é matéria de defesa. É vedado ao juiz declarar, de ofício, a incompetência relativa. Nesse sentido a OJ 149 da SBDI-2.O pu do art. 112 do CPC não pode ser aplicado pois não há lacuna (art. 651 da CLT).O art. 795, §1, da CLT obriga o juiz a declarar de ofício a nulidade fundada em incompetência de foro. Foro há de ser entendido como jurisdição, foro trabalhista.

Modificação da competência

A competência absoluta, ressalvada a hipótese do art. 87 do CPC, é imutável, o mesmo não ocorrendo em relação à competência relativa, pois esta pode sofrer modificações em planos diferentes, de acordo com o interesse do sistema processual e as normas legais que a autorizarem, como a competência, que é alterada em virtude do valor da causa ou do território.A CLT é omisso a respeito da modificação da competência em função do valor da causa.A competência pode ser modificada na JT por: prorrogação, conexão, continência ou prevenção.Na hipótese de duas ou mais ações conexas, o juízo prevento deve ser aquele em que a ação trabalhista foi protocolada em 1o lugar.Para BL o inciso II do art. 253 do CPC, com a nova redação dada pela Lei 11280/2006 é aplicável ao PT. Tb o inciso III para o autor é aplicável.Outra hipótese de prevenção está no pu do art. 2 da Lei 7347/1985, segundo o qual a propositura da ACP prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Conflitos de competência

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Cognominado pela CLT de conflito de jurisdição é um incidente processual que ocorre quando dois órgãos judiciais se proclamam competentes (+) ou incompententes (=) para processar e julgar determinado processo.O art. 803 dispõe que:

Art. 803 - Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;b) Tribunais Regionais do Trabalho;c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária.

De acordo com a S. 420 do TST não se configura conflito de competência entre TRT e VT a ele vinculada.São legitimados para suscitar conflito de competência, nos termos do art. 805 da CLT, os próprios juízos e tribunais do trabalho, o MPT (como agente ou interveniente) ou as partes interessadas, pessoalmente ou por meio de seus representantes.No que concerne à parte interessada, o art. 806 da CLT dispõe que se ela já houver oposto na causa exceção de incompetência, estará proibida de suscitar o conflito. Para BL é preclusão lógica.A parte que suscitar o conflito deverá produzir a prova, evidentemente documental, de sua existência.

Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões;b) pela Câmara de Justiça do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes.

A CF estabeleceu a competência do STF para julgar os conflitos de competência entre:a) STJ e qualquer tribunais;b) Tribunais superiores;c) Tribunais superiores e qualquer outro tribunal.

A CF também determina que compete ao STJ julgar os conflitos de competência entre:a) qualquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;b) tribunal e juízes a ele não vinculados;

c) juízes vinculados a tribunais diversos.

Art. 809 - Nos conflitos de jurisdição entre as Juntas e os Juízos de Direito observar-se-á o seguinte: I - o juiz ou presidente mandará extrair dos autos as provas do conflito e, com a sua informação, remeterá o processo assim formado, no mais breve prazo possível, ao Presidente do Tribunal Regional competente; II - no Tribunal Regional, logo que der entrada o processo, o presidente determinará a distribuição do feito, podendo o relator ordenar imediatamente às Juntas e aos Juízos, nos casos de conflito positivo, que sobrestejam o andamento dos respectivos processos, e solicitar, ao mesmo tempo, quaisquer informações que julgue convenientes. Seguidamente, será ouvida a Procuradoria, após o que o relator submeterá o feito a julgamento na primeira sessão; III - proferida a decisão, será a mesma comunicada, imediatamente, às autoridades em conflito, prosseguindo no foro julgado competente.Art. 810 - Aos conflitos de jurisdição entre os Tribunais Regionais aplicar-se-ão as normas estabelecidas no artigo anterior.

5. Partes, procuradores, representação, assistência, substituição processual e litisconsórcio. Mandato tácito. Assistência judiciária. Litigância de má-fé.

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Os sujeitos da lide são os titulares da relação de direito material que figuram como partes no conflito de interesses deduzido em juízo. Nesse sentido, todos os que participam do contraditório são sujeitos da lide.Os principais sujeitos do processo são:

as partes (autor e réu): como o próprio está a dizer, parte é sempre parcial, pois tem interesse jurídico em sair vencedora na lide. As partes são sujeitos do processo e da lide. Os terceiros intervenientes também são sujeitos do processo e da lide.

O juiz: como representante do Estado, o juiz é sujeito do processo cujo papel é compor o conflito com imparcialidade e justiça, fazendo atuar o ordenamento jurídico. O juiz é, pois, sujeito (desinteressado) do processo no que concerne à pretensão deduzida pelas partes; logo, ele não é sujeito da lide.

Há no entanto, outras pessoas que também atuam no processo, praticando atos processuais, mas não têm qualquer interesse na lide. São os auxiliares do juízo, que podem ser permanentes, eventuais e terceiros.

Partes

As partes são sujeitos interessados em um resultado que lhes seja favorável, em função do que sempre são parciais.As partes do processo são, de um lado, a pessoa que postula a prestação jurisdicional do Estado, e, de outro, a pessoa em relação a qual tal providência é pedida. Noutro falar, parte é quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional.No processo trabalhista, dada a sua origem histórica como órgão administrativo vinculado ao Poder Executivo, a parte ativa chama-se reclamante (autor) e a parte passiva reclamando (réu). Na execução empregamos as expressões exequente e executado. Nos dissídios coletivo, suscitante e suscitado. No inquérito judicial para apuração de falta grave, o autor (empregador) é chamado de requerente e o réu requerido.- Capacidade de ser parte e capacidade processuala) Capacidade de ser parte: as pessoas naturais, jurídicas possuem capacidade de ser parte que é capacidade de ser titular de direitos e obrigações.b) capacidade processual/de estar em juízo: é outorgada pelo direito positivo às pessoas que possuem capacidade civil. Entende-se por capacidade civil a faculdade que tem a pessoa de praticar todos os atos da vida civil e de administrar os seus bens. No DT a capacidade plena do trabalhador é aos 18 anos. Com menos de 18 o trabalhador tem capacidade de ser parte no processo judicial, sendo, para tanto, representado ou assistido, mas não tem capacidade processual, pois esta é conferida ao representante ou assistente.Com relação ao empregador pessoa física, é correto dizer que ele adquire a capacidade de estar em juízo aos 18 anos, nos termos do CC, ou antes disso, se for emancipado.Toda pessoa que possui capacidade civil plena possui também capacidade processual.c) capacidade postulatória: também chamada jus postulandi, é a capacidade de postular em juízo. Trata-se da autorização reconhecida a alguém pelo ordenamento jurídico para praticar atos processuais. No PT é conferido aos trabalhadores e advogados. No PT o ius postulandi das próprias partes só pode ser exercido junto aos órgãos que integram a JT. Isso significa que na hipótese de interposição de recurso extraordinário para o STF, momento em que se esgota a jurisdição trabalhista, a parte deverá estar necessariamente representada por advogado. S. 425:

SUM-425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Litisconsórcio

Litisconsórcio é a cumulação de lides que se ligam no plano subjetivo.Não se aplica no PT o prazo em dobro: OJ 310 da SBDI-1 do TST.- Espéciesa) Quanto à posição dos litisconsortes:

ativo: autor; passivo: réu. Misto: autores e réus.

b) Quanto ao momento da sua formação: litisconsórcio inicial: quando indicado, desde logo, na petição inicial; litisconsórcio ulterior: que se forma no decorrer do prosseguimento do processo. Para BL o

art. 842 da CLT permite ambas as modalidades, sendo certo que o litisconsórcio ulterior se estabelece, em regra, quando for do tipo necessário.

c) Quanto à obrigatoriedade ou não da sua formação: facultativo: necessário: pode advir de expressa disposição de lei ou da natureza incindível da relação

jurídica de direito material afirmada em juízo. Este pode ser simples ou necessário.Tratando-se de litisconsórcio necessário passivo, o juiz tem o dever de ordenar que o autor, no prazo que determinar, promova a citação de todos os litisconsortes passivos, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito por ausência de pressuposto processual. Todavia, estando ausente litisconsórcio necessário ativo, tem o juiz o dever de determinar sua citação de ofício.Iussu iudicis é instituto de direito processual que estava previsto expressamente no CPC de 1939, que facultava ao juiz trazer para o processo qualquer pessoa para fazer parte do litisconsórcio. O CPC atual não trata, expressamente, da matéria, mas o art. 47, pu, do CPC prevê a possibilidade de aplicação do instituto somente na hipótese de litisconsorte necessário. Para BL só na hipótese de litisconsórcio necessário, unitário e passivo.- Litisconsórcio ativo (reclamatória plúrima): art. 842 da CLT. BL defende que só cabe nas reclamações oriundas da relação de emprego.- Litisconsórcio ativo facultativo multitudinário: o art. 46, pu, do CPC permite a limitação do litisconsórcio facultativo toda vez que o número de coligados dificultar a defesa ou a rápida solução do processo. A limitação poderá ser feita pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da parte. Essa regra somente se aplica em sede de litisconsórcio ativo facultativo, pois, em se tratando de litisconsórcio necessário ou unitário, o juiz não poderá, em nenhuma hipótese, limitar o número de consortes. Caso o réu, no prazo da sua resposta, requeira a limitação dos litisconsortes, haverá interrupção do prazo processual para oferecimento da defesa, e não de mera suspensão. BL não concorda com a utilização deste art. Do CPC no PT pois o art. 842 dispõe ilimitando o número de pessoas no polo ativo.- Litisconsórcio passivo: BL acredita que, embora não disponha a CLT sobre o tema, aplicam-se as regras do CPC. Cita como exs. Casos de terceirização e empreitada. Tb cita que é admitido quando o autor alega a existência de responsabilidade solidária dos réus que pertençam ao mesmo grupo empresarial. É possível, ainda, o litisconsórcio passivo em ação rescisória oriunda de demanda em que o sindicato atuou como substituto processual -S. 406:

SUM-406 AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela necessidade decorrente

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da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito indivi-dual de um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para re-tomar a lide. (ex-OJ nº 82 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cu-jos autos fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação rescisória, sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário. (ex-OJ nº 110 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

Tratando-se de litisconsorte passivo em que houver condenação das empresas litisconsortes, o recurso interposto por uma delas pode, ou não, aproveitar a outra. Haverá o aproveitamento se forem comuns (litisconsórcio unitário), os interesses defendidos pelos litisconsortes passivos na demanda (ou no recurso); caso contrário (litisconsórcio passivo simples), os litisconsortes serão considerados litigantes distintos.S. 128:

SUM-128 DEPÓSITO RECURSAL III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Representação e assistência

Podemos dizer que a representação ocorre quando alguém figura num dos polos da relação jurídica processual em nome e na defesa de interesse de outrem.A representação pode ser legal, tal como ocorre com a representação das pessoas jurídicas de direito público, ou convencional, como a dos representantes das pjs de direito privado.Já a assistência possui, em termos processuais, muitos significados.- Representação das pfsOs que não tem capacidade civil serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.Se o incapaz não tiver representante legal, ou se os intesses daquele colidirem com os deste, o juiz dar-lhe-á curador especial, o mesmo ocorrendo com relação ao réu preso e àquele citado por edital, ou com hora certa.- Representação do empregado pelo sindicatoNas ações individuais trabalhistas, os empregados e os empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do respectivo sindicato representativo da categoria a que pertecem, nos termos do art. 791, §1, c/c 513, a, da CLT.Para BL estas normas devem ser aplicadas ao trabalhador avulso.A representação do trabalhador pelo sindicato de sua categoria profissional independe de ser ele sócio ou não da associação sindical correspondente.- Representação do empregado por outro empregadoNo que concerne ao empregado que não comparece à audiência por motivo de doença ou qualquer outro motivo relevante, o art. 843, §2, da CLT permite que ele poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à msm profissão, ou pelo sindicato.Não se trata de representação, mas poder legal sui generis.- Representação na reclamatória plúrima e na ação de cumprimentoHá impropriedade no art. 843, caput, da CLT, segundo o qual, na audiência de julgamento, em se tratando de reclamatória plúrima ou de ação de cumprimento, os empregados poderão fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.No primeiro caso (RP) está-se diante do litisconsórcio ativo e, no segundo, de substituição processual. Na ação de cumprimento o sindicato atua como substituto processual, em função do que atua em nome próprio, defendendo direitos alheios (individuais homogêneos), independentemente de autorização dos substituídos.

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- Representação dos empregados menores e incapazesa) Menores: aos 18 anos o empregado adquire a maioridade trabalhista e passa a ter plena capacidade processual. Ocorre que o art. 7, XXXIII, com a nova redação dada ao inciso pela E n. 20/1998, estabelece a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho, a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Assim, podemos concluir que antes dos 16 anos o trabalhador adolescente será representado pelos pais ou tutores. Se tiver mais de 16 anos e menos de 18 será assistido. O problema é em relação aos emancipados. Para BL ocorre o seguinte:

entre 16 e 18: capacidade plena pela emancipação para exercer todos os atos da vida civil, desde que tenha carteira de trabalho devidamente assinada e percebendo os direitos sociais trabalhistas correspondentes. Logo, além de poder celebrar e rescindir CT, adquirirá capacidade processual para demandar pessoalmente, na JT ou contratar advogado para representá-lo.

Abaixo dos 16: é incapaz para a prática dos atos da vida civil. Será representado por quem detenha o poder familiar, ou, na sua falta, de forma sucessiva, pelo MPT, sindicato da correspondente categoria profissional, pelo MP estadual ou curador nomeado pelo juiz.

- Representação das pessoas jurídicas e outros entes sem personalidadeAs pessoas jurídicas de direito público ou privado devem ser representadas de acordo com os arts. 12 e 13 do CPC. A praxe forense não tem sido rigorosa quanto à necessidade de juntada dos atos constitutivos das pjs quando figurarem como empregadores – OJ 255. Porém, foi editada a OJO 373:

OJ-SDI1-373 REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO. INVALIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRE-SENTANTE É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o nome da entidade outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem elementos que os individualizam.

Ao lado das pfs e pjs existem outros entes formais, verdadeiras universalidades de pessoas ou bens, que, embora não tenham personalidade jurídica, podem estar representadas em juízo, tais como:a) a massa falida, pelo síndico nomeado;b) a herança jacente ou vacante, pelo curador que for nomeado;c) o espólio, pelo inventariante nomeado e compromissado;d) a massa de bens, decorrente da declaração da insolvência civil do devedor, pelo administrador que for nomeado.A Lei 2757/56 determina que nos condomínios residenciais e comerciais a representação em juízo dos empregadores deve recair na pessoa do síndico eleito pelos condôminos. Tem sido admitida, porém, a representação dos condomínios pelo seu administrador, por aplicação analógica do art. 12, IX, do CPC.Tratando-se de empregador doméstico, que pode ser pessoa física ou a família, a representação daquela pode ser feita tanto pelo marido, pela esposa, ou, ainda, por qualquer outra pessoa da família com capacidade de ser parte.Outra situação que reclama tratamento diferenciado é a do micro ou pequeno empresário, pois a exigência de preposto empregado pode inviabilizar os direitos fundamentais de acesso à justiça e de ampla defesa. TST editou a S. 377:

SUM-377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADOExceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Quanto ao grupo econômico, a S. 205 apontava no sentido de que cada empresa integrante do grupo

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deveria ter o seu próprio preposto, nomeado pelo respectivo diretor ou outro representante previsto no estatuto social da empresa, pois cada uma conservaria a sua autonomia administrativa, jurídica e financeira. Há, porém, julgados que admitem que as empresas integrantes de grupo econômico possa ser representadas por um único diretor, que, por sua vez, poderá nomear um só preposto, necessariamente empregado de uma das empresas, para representar todo o grupo.

- Representação por advogado.O art. 791, §1, da CLT faculta a representação do empregado e do empregador por advogado. Caso a parte opte por ser representada por advogado, este deverá portar o instrumento de mandato, que é a procuração. Sem esse instrumento, não poderá o advogado propor a ação ou ingressar nos autos. O mandato pode ser ad judicia, que habilita o advogado para o foro em geral e ad judicia et extra, que, além disso, dá poderes ao advogado para representar as partes também em quaisquer repartições oficiais. Caso o advogado não exiba a procuração, ainda assim, poderá propor ação, a fim de evitar a decadência ou a prescrição, ou intervir no processo para a prática de atos considerados urgentes. Nestas duas hipóteses, o advogado obrigar-se-á a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável por mais de 15 por despacho do juiz, sob pena de os atos praticado serem havidos por inexistentes.Quanto ao reconhecimento de firma, a L 8952/94 tornou-a dispensável tanto para a outorga do instrumento de mandato quanto para o seu substabelecimento.

- Representação por estagiário de direitoOs estagiários podem atuar, salvo no caso de competências privativas de advogados.OJ 319:

OJ-SDI1-319 REPRESENTAÇÃO REGULAR. ESTAGIÁRIO. HABILITAÇÃO POSTERIOR Válidos são os atos praticados por estagiário se, entre o substabelecimento e a interposição do recurso, sobreveio a habilitação, do então estagiário, para atuar como advogado.

Mandato tácito ou apud acta

Embora a jurisprudência majoritária não faça distinção, BL diz que mandato tácito decorre de um conjunto de atos praticados pelo advogado em nome da parte ou da sua simples presença em audiência, embora nos autos não conste o instrumento de mandato. O advogado estará autorizado apenas a praticar atos inerentes aos poderes da cláusula ad judicia. Logo, não poderá praticar atos jurídicos que dependam da outorga de poderes especiais. Por isso o TST (OJ 200) considera inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.Já o apud acta exsurge pelo fato de o nome do patrono da parte constar da ata de audiência. Nele também devem ser observadas as restrições do art. 38 do CPC, em função do que os poderes do advogado são apenas os da cláusula ad judicia, salvo se houver previsão expressa de outorga de poderes especiais na própria aata de audiência. Este se constituiria de forma solene.

Assistência judiciária

Nos termos do art. 14 da Lei. 5584/70, na JT a assistência judiciária a que se refere a Lei 1060/50, será prestada pelo sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.O §1 do art. 14 da Lei 5584 estabelece que a assistência judiciária é devida a todo o trabalhador que perceber salário igual ou inferior ao dobro do salário mínimo legal, ficando, porém, assegurado idêntico direito ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permitia demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.Houve certa confusão legislativa, e BL distingue assistência judiciária gratuita de benefício da justiça gratuita. A primeira continuaria sendo monopólio das entidades sindicais, pois a Lei 10288/2001 apenas derrogou o art. 14 da L. 5584/70, mesmo porque o art. 18 prescreve que a

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assistência judiciária, nos termos da lei, será prestada ao trabalhador ainda que não seja associado do respectivo sindicato. Ela abrangeria o benefício da justiça gratuita. Este seria regulado pello art. 790, §3, da CLT, podendo ser condedio por qualquer juiz de qualquer instância a qualquer trabalhador, independentemente de ser patrocinado por advogado ou sindicato que litigue na JT, desde que perceba salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou que declare que não está em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. O benefício da justiça gratuita implica apenas a isenção do pagamento das despesas processuais.Outra diferença é que na assistência judiciária caberá honorários advocatícios reversíveis ao sindicato assistente, o que não ocorre na hipótese de benefício da justiça gratuita.A prova da situação de precariedade econômica pode ser feita mediante simples declaração, na própria petição inicial ou em documento a ela anexado – OJ 304:

OJ-SDI1-304 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁ-RIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO (DJ 11.08.2003)Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advo-gado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômi-ca (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50).

Não h;a previsão infraconstitucional para a concessãi da assistência judiciária ou benefício da justiça gratuita ao empregador, mormente quando pessoa jurídica. Mas BL acha viável a concessão.

Substituição processual

Intervenção de terceiros

Dá-se a intervenção de terceiros quando uma pessoa ou ente, não sendo, originariamente, parte na causa, nela ingressa para defender seus próprios interesses ou os de uma das partes primitivas da relação processual. O interesse deve ser jurídico, que ocorre quando há uma relação jurídica material entre o terceiro e as partes que figuram no processo, como, por exemplo, o interesse do sublocatário em face do locatário na ação de despejo proposta pelo locador. Com a intervenção o terceiro torna-se parte na relação processual, podendo sofrer os efeitos da coisa julgada.- Classificaçãoa) Provocada: denunciação da lide, chamamento ao processo e nomeação à autoria.b) Espontânea/voluntária: assistência, oposição e embargos de terceiroc) ad coadjuvandum: quando o terceiro interveniente auxilia uma das partes, como na assistência simples.d) ad excludendum: o terceiro intenta a exclusão de uma ou de ambas as partes, como na nomeação à autoria e na oposição.- Tipologiaa) Assistência: está regulada nos arts. 50 a 55 do CPC. Tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de jurisdição, mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Pode ser simples ou litisconsorcial. A assistência simples está prevista no art. 50. É admissível a assistência simples ou adesiva no PT – S. 82 do TST. A assistência simples é também permitida nas ACPs, em defesa dos interesses individuais homogêneos como prevê o art. 94 do CDC. A assistência litisconsorcial ocorre nas hipóteses do art. 54 do CPC. Tratando-se de substituição processual, a assistência litisconsorcial foi admitida no PT, S. 310, IV do TST, mas a S. Foi cancelada.b) Oposição: está no art. 56 do CPC. Seria uma ação? Para BL, sim. É uma ação de oposição incidental ao processo de conhecimento. Se é ação, ela instaura processo novo em que o opoente é o novo autor, sendo novos réus o autor e o réu da ação originária, que passam à condição de litisconsortes passivos, como opostos. Há relação entre a oposição e embargos de terceiro? Para BL sim. Ambos são processos incidentes, instaurados por meio de ação, que fará nascer uma nova

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relação jurídica processual. A única ressalva, no PT, a rigor, fica por conta do formalismo: nos ET há formação de novos autos; na oposição, as duas relações correm nos msms autos. OS ET cabem em qualquer processo e a oposição não cabe na execução. O principal entrave para o cabimento da oposição no PT é o retardamento que o instituto provoca na prestação jurisdicional. Para alguns autores, outro problema é que a JT não teria competência para apreciar a outra demanda. BL admite um caso em que isso poderia acontecer: dois sindicatos, pleiteando declaração de que é o único representante da categoria profissional, e um terceiro opõe-se a eles, dizendo que ele sim é o único.c) Nomeação à autoria: arts. 62 a 69 do CPC. Ocorre quando o possuidor ou detentor de determinada coisa alheia nomeia o proprietário ou o possuidor indireto desta, a fim de evitar as consequências processuais pertinentes. A finalidade é alterar a legitimação passiva ad causam. O réu, no prazo para a defesa, é obrigado a fazer a nomeação, sob pena de responder por perdas e danos. Na mesma pena incidirá se nomear pessoa diversa do verdadeiro proprietário ou possuidor indireto. Há controvérsia sobre sua aplicação no PT.d) Denunciação da lide: arts. 70 a 76 do CPC. Para BL nas hipóteses dos incisos I e II do art. 70 do CPC ela é incabível no PT. No tocante ao inciso III, há controvérsias, sendo a hipótese mais citada a prevista no art. 455 da CLT, que trata da responsabilidade subsidiária do empreiteiro em relação aos débitos trabalhistas não adimplidos pelo subempreiteiro. Para BL é incabível “nesta hipótese, pois a JT é incompetente para julgar a segunda demanda. Outro exemplo de discutível cabimento da denunciação da lide na seara laboral é o previsto no art. 486 da CLT, que trata do factum principis. A OJ 227 entendia incabível a denunciação da lide, porém, foi cancelada. Recentemente o TST admitiu caso de denunciação da lide. Assim, depois da EC 45/2004, o TST passou a admitir a denunciação com cautela.e) Chamamento ao processo: arts. 77 a 80 do CPC. É admissível:

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

A finalidade do instituto é trazer para o mesmo processo outros responsáveis pelo débito reclamado pelo autor. Para BL a única hipótese no PT é o inciso III do art. 77 do CPC. Não é cabível o chamamento ao processo na execução ou no dissídio coletivo, segundo entendimento majoritário.

Sucessão processual

Aqui, uma parte sai da relação processual e em seu lugar entra outra pessoa, que vai assumir a titularidade da ação, seja no polo ativo, seja no passivo.A sucessão pode decorrer de ato inter vivos ou causa mortis.Quando a parte é pessoa física a sucessão ocorre com a morte. As partes serão sucedidas pelo espólio e opera-se o incidente processual da habilitação, devendo o juiz determinar a suspensão do feito e proferir a decisão.Tratando-se de pequenas heranças, a L. 6858/80, permite que os dependentes econômicos do empregado falecido possam receber, por meio de alvará judicial, as suas respectivas contas de salários, saldos salariais, férias, 13o, FGTS etc, relativas ao extinto contrato de trabalho, independentemente de inventário ou arrolamento. São dependentes para essa modalidade de sucessão processual os beneficiários do de cujus perante a previdência social.Quando o empregador for pessoa jurídica, haverá sucessão processual nas hipóteses previstas nos arts. 10 e 448 da CLT

Litigância de má-fé

O descumprimento dos deveres éticos do processo implicará responsabilização por dano processual da parte que for considerada litigante de má-fé.O Art 17 do CPC conceitua litigante de má-fé.

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O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a 1% sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.Se forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. O valor da indenização será, desde logo, fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

6. Atos, termos e prazos processuais. Despesas processuais. Responsabilidade. Custas eemolumentos. Comunicação dos atos processuais. Notificação. Preclusão.Atos, termos e prazos processuais. - Atos processuaisFato jurídico é o acontecimento em virtude do qual os direitos nascem, se modificam ou se extinguem. O fato jurídico em sentido amplo abrange os fatos jurídicos em sentido estrito (ordinários e extraordinários), os atos jurídicos (atos jurídicos em sentido estrito e os negócios jurídicos) e os atos ilícitos.O fato jurídico em sentido estrito é o acontecimento involuntário, de ordem natural, que tem importância para o direito. Ato jurídico é todo acontecimento voluntário, dependente da vontade humana.Os fatos processuais são acontecimentos involuntários, ou seja, independem da vontade humana, que ocorrem no processo.Já os atos processuais são os acontecimentos voluntários que ocorrem no processo e dependem de manifestações dos sujeitos do processo. Os atos (jurídicos) processuais, portanto, podem ser unilaterais, como a petição inicial, ou bilaterais, como a suspensão consensual do processo.Ato processual ilícito é aquele praticado com dolo ou fraude processual. Em princípios todos os atos processuais trabalhistas devem ser públicos.Os atos processuais trabalhistas devem ser realizados nos dias úteis, das 6 às 20 horas, nos termos do art. 770 da CLT. A jurisprudência tem mitigado a literalidade da norma.O art. 161 do CPC não é incompatível com o PT de acordo com BL:

Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.

- Termos processuaisTermo, a rigor, é a redução escrita do ato. A CLT dispõe sobre os termos processuais nos arts. 771 a 771.Os atos e termos processuais devem ser assinados pelas partes interessadas. Todavia, quando estas, por motivo justificado, não puderem fazê-lo, serão os atos firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído.Os termos relativos ao andamento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelo chefe de secretaria ou escrivão.

- Prazos processuaisO prazo processual corresponde ao lapso de tempo para prática ou abstinência do ato processual.Classificação:a) quanto à origem da fixação:

Legais: fixados em lei; Judiciais: são os fixados pelo juiz; Convencionais: são os que podem ser objeto de acordo entre as partes.

b) quanto à natureza: Dilatórios: também chamados de prazos prorrogáveis, são os que decorrem de normas de

natureza dispositiva, isto é, normas que permitem à parte dispor do prazo para a prática de

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determinado ato. Os prazos convencionais também são dilatórios. Peremptórios: também chamados de prazos fatais ou improrrogáveis. São os que decorrem

de normas cogentes, imperativas ou de ordem pública. Os prazos peremptórios não podem ser objeto de convenção.

c) quanto aos destinatários: prazos próprios: são os destinados às partes. Os prazos próprios devem ser informados pelo

fenômeno da preclusão. Normalmente são previstos em lei ou fixados judicialmente. Se não houver previsão legal ou judicial específica, incide a regra do art. 185 do CPC, segundo a qual, não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 dias o prazo para a prática do ato processual a cargo da parte. Essa regra é aplicável ao PT. As pessoas jurídicas de direito público, ou seja, os órgãos da Administração Pública Direta, Autárquica e Funcional da União, Estados, DF e Municípios, têm prazo em quádruplo para contestar, razão pela deve ser de vinte dias o prazo entre a data da propositura da reclamação e da audiência e, em dobro, para interposição de qualquer recurso. O MPT tem prazo em dobro para recorrer. O art. 191 do CPC que, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. O TST editou a IJ 310: litisconsortes. Procuradores distintos. Prazo em dobro. Art. 191 do CPC. Inaplicável ao PT. A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em decorrência da sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista. Para BL esse art. É aplicável.

Prazos impróprios: são os legalmente previstos e destinados aos juízes e aos servidores do Poder Judiciário. Diz-se impróprios porque são vulneráveis ao fenômeno da preclusão. Dai porque mesmo praticados fora do prazo são válidos. O descumprimento reiterado e sem justificativa de prazo processual destinado a juízes e servidores pode implicar sanções de ordem disciplinar, a cargo da Corregedoria da Justiça do Trabalho.

- Contagem dos prazosA contagem dos prazos no PT é feita com base nos arts. 774 e 775 da CLT, aplicando-se as regras supletivas dos arts. 177 e seguintes do CPC, quando isso não implicar incompatibilidade com a principiologia do PT.O art. 774 é regra geral segundo a qual os prazos contam-se a partir do conhecimento (do notificado) sobre os termos da comunicação.O art. 775 prescreve que os prazos além de serem contínuos e irreleváveis (salvo motivo de força maior devidamente comprovada), contam-se com exclusão do dia de começo e inclusão do dia de vencimento. S. 1:

SUM-1 PRAZO JUDICIAL (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de in-timação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imedi-ata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

O pu do art. 775 dispõe que os prazos que vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.TST, 262:

SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSEI - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais.O art. 776 dispõe que o vencimento dos prazos será certificado nos processos pelos escrivães ou chefes de secretaria.

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- Suspensão e interrupção dos prazosA CLT não dispõe e aplica-se o CPC.A regra geral é a de que o prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados. O juiz pode prorrogar os prazos se a parte provar que houve justa causa para a não realização do ato.

Despesas processuais. Responsabilidade. Custas e emolumentos.

Despesas processuais são todos os gastos que as partes realizem dentro ou fora do processo, para prover-lhe o andamento ou atender com mais segurança a seus interesses na demanda. São gênero da qual são espécies as custas, os honorários de perito, do assistente técnico e do advogado, os emolumentos e os demais gastos que são suportados pelas partes da relação processual.Existem despesas que são voluntárias, como os honorários dos assistentes técnicos (S. 341 TST).Há outras que são obrigatórias, como as custas e os emolumentos.As custas têm natureza jurídica de taxa, espécie de tributo, pois são valores pagos pela parte ao Estado, em decorrência da prestação de um serviço público específico: a prestação jurisdicionai (art. 145, II, da CF e 77 do CTN).Os emolumentos são ressarcimentos das despesas efetuadas pelos órgãos da JT pelo fornecimento de translados, certidões, cartas, ao usuário (parte interessada). Os emolumentos também podem ser enquadrados na categoria de taxa, pois não deixam de ser um valor pago pelo usuário como contraprestação do serviço público jurisdicional federal a ele prestado por um órgão que integra o PJ da União.Com as alterações introduzidas no art. 789 da CLT pela Lei 10537 as custas relativas ao processo trabalhista de conhecimento, nos dissídios individuais e coletivos ou em qualquer outras ações (ou procedimentos) de competência da JT incidirão na base de 2% observado o mínimo de R$10,64 e serão calculadas:

sobre o valor do acordo homologado ou da condenação; sobre o valor da causa – quando houver extinção do processo sem resolução do mérito ou o

pedido for julgado totalmente improcedente; sobre o valor da causa – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e

em ação constitutiva; sobre o valor que o juiz fixar – qnd o valor da causa for indeterminado.

As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado seu recolhimento dentro do prazo recursal. Sempre que houver acordo (termo de conciliação), o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes, salvo ajuste em contrário. Todavia, caso o acordo estipule que as custas serão de responsabilidade do empregado (ou trabalhador avulso), é facultado ao juiz isentá-lo da parte que lhe caiba.Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelas custas calculadas sobre o valor arbitrado pelo Tribunal (órgão colegiado) ou fixado pelo seu presidente.Se o pedido é julgado improcedente in totum, o autor só ficará livre do pagamento das custas se estiver litigando sob o pálio da assistência judiciária ou se o juiz dispensá-lo do respectivo pagamento.Nas demais ações coletivas lato sensu (ACP, ação civil coletiva), inclusive nas ações em que o sindicato ou o MPT atuarem como substitutos processuais em defesa de interesses individuais homogêneos, há regramento específico sobre despesas processuais – art. 116 do CDC: Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isença de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas – art. 790, p. 1O da CLT.São também isentos de custas:

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Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

II – o Ministério Público do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

As isenções não alcançam as entidades fiscalizadoras do exercício profissional nem eximem as pessoas jurídicas, a União, os Estados, o DF, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais de reembolsar as despesas jjudiciais realizadas pela parte vencedora.No caso de não pagamento das custas, far-se-á a execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido nos arts. 876 e seguintes da CLT.O art. 789-A leva à conclusão de que o pagamento das custas não constitui pressuposto de admissibilidade dos recursos no processo ou fase de execução.A tabela de custas no processo ou fase de execução é a seguinte:

Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

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VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação; (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

Os emolumentos não constituem requisito essencial ou complementar da sentença trabalhista, pois a responsabilidade pelo seu pagamento não é do sucumbente e sim do requerente – art. 789-B:

Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados pelo Requerente, nos valores fixados na seguinte tabela: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

I – autenticação de traslado de peças mediante cópia reprográfica apresentada pelas partes – por folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

II – fotocópia de peças – por folha: R$ 0,28 (vinte e oito centavos de real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

III – autenticação de peças – por folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

IV – cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de arrematação – por folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

V – certidões – por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinqüenta e três centavos). (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)

O TST editou a IN 20, de 24.9.2002. Ver também provimento CGJT n. 3, de 2.7.2004. E Resolução 8/2005 do CSJT e Ato Conjunto 21/2010 TST.CSJT.GP.SG (o pagamento de custas e emolumentos no âmbito da JT deverá ser realizado exclusivamente mediante GRU Judicial).

- Responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciáriasTratando-se de sentença homologatória de acordo entabulado entre as partes, apelidado de temo de conciliação, que contenha parcela indenizatória, será dela intimado o INSS, por via postal, para querendo, interpor recurso relativo às contribuições que entender que lhe forem devidas.

SUM-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (inciso I alterado) - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das con-tribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 )II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições pre-videnciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e

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20.06.2001)III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de a-ções trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)

As sentenças condenatórias que julgarem procedente pedido de obrigação de pagar, ou as que homologarem acordos, deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso.

OJ-SDI1-363 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. CONDENA-ÇÃO DO EMPREGADOR EM RAZÃO DO INADIMPLEMENTO DE VER-BAS REMUNERATÓRIAS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO PE-LO PAGAMENTO. ABRANGÊNCIA (DJ 20, 21 e 23.05.2008)A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições social e fiscal, resultan-te de condenação judicial referente a verbas remuneratórias, é do empregador e incide sobre o total da condenação. Contudo, a culpa do empregador pelo ina-dimplemento das verbas remuneratórias não exime a responsabilidade do em-pregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição previ-denciária que recaia sobre sua quota-parte.OJ-SDI1-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLO-GADO EM JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. IN-CIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)É devida a incidência das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, I, “a”, da CF/1988.

Caso a sentença seja omissa a respeito dos descontos relativos à contribuição previdenciária ou ao imposto de renda, o TST entende que não há violação à lei a ponto de rescindir o julgado, salvo se expressamente a sentença excluir a incidência de tais descontos. S. 401:

SUM-401 AÇÃO RESCISÓRIA. DESCONTOS LEGAIS. FASE DE EXECUÇÃO. SENTENÇA EXEQÜENDA OMISSA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo executório, ainda que a sentença exeqüenda tenha sido omissa sobre a questão, dado o cará-ter de ordem pública ostentado pela norma que os disciplina. A ofensa à coisa julgada somente poderá ser caracterizada na hipótese de o título exeqüendo, ex-pressamente, afastar a dedução dos valores a título de imposto de renda e de con-tribuição previdenciária.

Comunicação dos atos processuais. Notificação.

O termo notificação é utilizado tanto para a citação quanto para a intimação.- Citação: é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. É pressuposto processual. O comparecimento espontâneo do réu supre a ausência ou irregularidade da citação. Comparecendo apenas o réu para arguir a nulidade, e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão. .No PT a citação é feita nos termos do art. 841 da CLT. Cabe ao servidor público que receber a petição inicial notificar o réu, remetendo-lhe a segunda via da petição, para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 dias. Se o réu criar embaraços ao

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recebimento da notificação citatória, ou não for encontrado, poderá tal ato processual ser feito por meio de edital, a ser publicado no órgão da imprensa oficial ou, ainda, mediante afixação da notificação no local pp da sede da Vara ou juízo. No PT, diferentemente do CPC, a citação inicial não se aplica o princípio da pessoalidade da citação, ou seja, ela é válida quando dirigida ao endereço correto do réu e pode ser recebida por qualquer pessa lá presente, independentemente de ser representante legal ou procurador legalmente autorizado do réu. É do destinatário o ônus de provas a irregularidade da citação – S. 16 TST. Porém, há casos em que a lei determina a citação pessoal do réu, via mandado e por meio de oficial de justiça. É importante que nos termos do art. 880 da CLT, requerida a execução, o juiz mandará expedir mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo. É a única hipótese em que a citação seria pessoal. Porém há entendimento jurisprudencial no sentido de que a citação prevista no art. 880 da CLT não é pessoa. Há, ainda, entendimento doutrinário, BL, que reconhece existir uma lacuna ontológica no art. 880 da CLT, o que requer a sua interpretação evolutiva e conforme o princípio da duração razoável do processo no sentido de reinterpretar o termo citação, nele contido, como intimação. A citação torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.- Intimação: é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. As intimações são realizadas de ofício, em processos pendentes, salvo disposição em contrário. São, no PT, feitas em regra pelos correios. No DF e nas capitais dos Estados e Territórios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial. É indispensável que da publicação constem os nomes das partes e/ou seus advogados, suficientes para sua identificação. A intimação do MPT será feita pessoalmente, por meio de oficial de justiça. As intimações da União serão feitas nas pessoas do advogado da União ou Procurador da Fazenda Nacional que oficie nos respectivos autos. No PT a intimação pode ser feita: a) por postagem nos Correios (+ usual); pessoalmente, por intermédio de Oficial de Justiça ou pelo Diretor da Secretaria; c) por publicação do edital no Diário Oficial ou no órgão que publicar o expediente da JT; d) por afixação do edital na sede da VT, Juízo de Direito ou TRT. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la no prazo de 48 horas, ao juízo ou tribunal de origem. S. 16:

SUM-16 NOTIFICAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua pos-tagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Ato processual por fac-símile: a lei 9800/1999 permite a transmissão de dados e imagens por fac-símile, ou afim, nos atos processuais que dependem de petição escrita. Os originais devem ser protocolados até 5 dias do prazo para a prática do respectivo ato. S. 387:

SUM-387 RECURSO. FAC-SÍMILE. LEI Nº 9.800/1999 (inserido o item IV à re-dação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011I - A Lei nº 9.800, de 26.05.1999, é aplicável somente a recursos interpostos a-pós o início de sua vigência. (ex-OJ nº 194 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)II - A contagem do quinquídio para apresentação dos originais de recurso inter-posto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia subsequente ao término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.800, de 26.05.1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se deu antes do termo final do pra-zo. (ex-OJ nº 337 da SBDI-1 - primeira parte - DJ 04.05.2004)III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a parte, ao interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra do art. 184 do CPC quanto ao "dies a quo", podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado. (ex-OJ nº 337 da SBDI-1 - "in fine" - DJ 04.05.2004)IV - A autorização para utilização do fac-símile, constante do art. 1º da Lei n.º 9.800, de 26.05.1999, somente alcança as hipóteses em que o documento é diri-gido diretamente ao órgão

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jurisdicional, não se aplicando à transmissão ocorrida entre particulares.

Ato processual por e-mail: O Pleno do TST editou a Resolução Normativa 28/2005 que faculta às partes, advogados e peritos, a utilização do correio eletrônico para a prática de atos processuais que antes só eram admitidos por petição escrita e devidamente protocolada. Mas essa Instrução Normativa foi revogada pela IN 30/2007.

Preclusão.

7. Vícios do ato processual: espécies. Nulidades no processo do trabalho: extensão, princípios,argüição, declaração e efeitos.

A nulidade de um ato, do ponto de vista processual, significa o estado em que ele se encontra em determinada fase do processo e que pode privá-lo de produzir seus próprios efeitos ou destituir os efeitos de outros atos já produzidos.- Atos processuais nulos, anuláveis e inexistentesHá 4 grupos de vícios processuais:a) meras irregularidades sem consequências: alguns atos processuais podem não se revestir das formalidades legais, mas não trazem consequência alguma para validade do processo, tais como o uso de abreviaturas ou o termo lavrado com tinta clara ou lápis.b) irregularidades com sanções extraprocessuais: alguns atos praticados sem observância de algum requisito legal geram apenas sanções fora do processo (geralmente de ordem disciplinar), como é o caso do juiz de retarda, sem justificativa, a prática de algum ato.c) irregularidades que acarretam nulidades processuais: há uma consequência processual de acordo com a gravidade da nulidade, que, por isso mesmo, pode ser relativa ou absoluta.d) irregularidades que acarretam a inexistência do ato processual: a sentença sem assinatura do juiz é, segundo entendimento quase unânime, inexistente. A pp lei instrumental civil prevê expressamente que os atos processuais não ratificados praticados por advogado que atua sem instrumento de mandato são considerados inexistentes. A doutrina, geralmente, classifica os vícios ou irregularidades processuais em sanáveis e insanáveis. Os vícios sanáveis podem implicar a nulidade relativa (anulabilidade) do ato. A nulidade relativa depende de provocação do interessado, uma vez que não pode ser pronunciada ex officio. Já os vícios insanáveis podem implicar a nulidade absoluta ou a própria inexistência do ato. A nulidade absoluta prescinde de arguição do interessado, uma vez que pode e deve ser decretada de ofício pelo juiz.Qualquer nulidade processual depende sempre de decretação judicial, pois o nosso sistema processual prevê, inclusive, a ação rescisória para desconstituir sentença inválida.- Princípios das nulidades processuaisO PT contempla um capítulo próprio dedicado às nulidades processuais, em função do que as normas do CPC somente ser-lhe-ão aplicadas subsidiariamente.a) princípio da instrumentalidade das formas: também chamado de princípio da finalidade, determina que, quando a lei prescrever determinada forma para o ato processual, sem cominar nulidade, o juiz conservará válido o ato se, realizado de outro modo, alcançar sua finalidade. O CPC consagra este princípio em seus arts. 154 e 244. Esse princípio se infere dos arts. 795, 796 a e 798 da CLT.b) Princípio do prejuízo ou da transcendência:o princípio está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas. Significa que não haverá nulidade sem prejuízo manifesto às partes interessadas. É inspirado no sistema francês (pas de nullité sans grief), sendo certo que o art. 794 da CLT o alberga, explicitamente. O prejuízo deve ser de natureza processual.c) Princípio da convalidação ou da preclusão: consagrado no art. 795 da CLT, segundo o qual as nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Tem-se entendido que a

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oportunidade para a parte arguir a nulidade em audoência encerra-se com a apresentação das razões finais. Isto porque, como é cediço, a audiência trabalhista é una, embora na prática isso não ocorra. Se a parte não suscitar a nulidade na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de ato válido, caso em que estará precluso o direito da parte, novamente, vir a alegar a nulidade do ato. Consagrou-se na prática o protesto nos autos, mediante registro na ata de audiência. Trata-se de um costume processual adotado pelas partes, geralmente representadas por advogados, para avitar a preclusão. O princípio da preclusão só é aplicável às nulidades relativas, que são aquelas que dependem de provocação da parte interessada.d) Princípios da economia e celeridade processuais: o princípio da economia processual está implicitamente contido no art. 796, a, da CLT, segundo o qual a nulidade não será pronunciada quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato. Este princípio estará intimamente ligado ao princípio da celeridade processual, segundo o qual o processo deve ser o mais rápido possível, pois justiça tardia é injustiça manifesta. À luz do princípio da economia processual, se a parte comparece irregularmente representada por preposto não portador da carta de preposição, o juiz deverá, com base no art. 13 do CPC, subsidiariamente aplicado ao processo do trabalho, suspender o processo e determinar que a parte saneie o defeito, sob pena de ser considerada revel. A única adaptação que se fazer necessária para a aplicação supletiva na norma do CPC ao processo do trabalho repousa, para BL, na desnecessidade de suspensão do processo para que o defeito seja sanado.e) Princípio do interesse: a parte tem o ônus de demonstrar manifesto prejuízo ao seu direito de demandar em juízo, mas somente estará autorizada a arguir a nulidade do ato se, e somente se, não concorreu direta ou indiretamente para a ocorrência da irregularidade. O princípio está no art. 796, b, da CLT. A nulidade do ato processual não será pronunciada quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Só alcança as nulidades relativas.f) Princípio da utilidade: constitui corolário do princípio da economia processual e está consagrado literalmente no art. 798 da CLT. O CPC consagra o princípio no art. 248.

8. Dissídio individual: Procedimento Comum: Sumário, Sumaríssimo e Ordinário. Petição inicial:requisitos, emenda, aditamento, indeferimento.Dissídio individual: Procedimento Comum: Sumário, Sumaríssimo e Ordinário. Na esfera cível, o processo de conhecimento abarca dois procedimentos: a) comum, de aplicação geral em quase todas as ações, que se subdivide em ordinário e sumário e o b) especial, que é aplicado às ações de cognição específica.No processo do trabalho de conhecimento, também há dois tipos de procedimento:

comum: que se subdivide em ordinário, sumário, sumaríssimo; especial: adotado para as ações especiais previstas na própria CLT, como o inquérito judicial

para apuração de falta grave, o dissídio coletivo e a ação de cumprimento.

- Procedimento comum:a) OrdinárioÉ o mais usual no PT e encontra-se regulado nos arts. 837 a 852 da CLT.A audiência é una, mas, por força do costume, passou a ser dividida em três partes:- audiência inaugural de conciliação: nela devem comparecer as partes, acompanhadas ou não de seus representantes, entre eles, os advogados. É facultado ao réu fazer-se representar pelo gerente ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento dos fatos e cujas declarações obrigarão o proponente. Em se tratando de ações individuais plúrimas ou ações de cumprimento, os empregados poderão ser representados pelo sindicato da correspondente categoria profissional. Em caso de ausência do empregado motivada por doença ou qualquer outro motivo comprovadamente relevante, a lei lhe faculta a representação por outro empregado que pertença às mesma profissão ou pelo sindicato da sua categoria. Aberta a audiência, o juiz deverá propor a conciliação. Havendo, acordo, será lavrado termo assinado pelas partes (incluindo o juiz). Não havendo acordo, o réu terá 20 minutos para apresentar sua defesa, após a leitura do teor da ação. As partes ficam intimadas

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para audiência de instrução.- audiência de instrução: também devem comparecer as partes, sob pena de confissão quanto à matéria de fato, ocasião em que prestarão os depoimentos. Aqui serão ouvidas as testemunhas. As partes podem requerer a produção de prova pericial, e, se deferida, o processo, geralmente, fica suspenso para a conclusão do trabalho do perito. Finda a instrução, as partes poderão aduzir suas razões finais, pelo prazo de 10 minutos cada. Em seguida, o juiz deverá, mais uma vez, renovar a proposta de conciliação. Não sendo esta obtida, designará data para a audiência de julgamento.- audiência de julgamento: A rigor, esta audiência jamais ocorre, geralmente as partes não estão presentes. É mais um prazo fixado pelo juiz para a publicação da sentença, ou da data da juntada de audiência contendo a decisão (se esta não for juntada aos autos no prazo improrrogável de 48 horas), que começa a correr o prazo para a eventual interposição de recurso.

b) Procedimento Comum Sumário: Foi introduzido pela L. 5584/70, cujo objetivo fundamental era empreender maior celeridade às causas trabalhistas de valor até 2 salários mínimos. A Lei 5584 instituiu a causa de alçada, que, na verdade, é uma ação submetida ao procedimento sumário. Nos processos de exclusiva alçada das Varas, será dispensável, a critério do juiz, o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a conclusão a que se chegou quanto à matéria de fato. Há dúvida sobre a constitucionalidade do art. 2, §2, da L. 5584, por violação ao princípio do duplo grau de jurisdição. Esse princípio, segundo BL, comporta exceções, sendo o dispositivo em questão uma delas, por isso o autor não vê inconstitucionalidade. O procedimento sumário não seria aplicável nas causas em que figurem pessoas jurídicas de direito público, pois a norma geral prescrita no art. 2, §4, da Lei 5584 não teria revogado a norma especial prescrita no art. 1, V, do DL 779/69, razão pela qual a sentença contrária às entidades de direito público estaria sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, não produzindo efeitos enquanto não confirmada pelo TRT correspondente, que tem competência para apreciar a remessa necessária, ainda que não tenha sido interposto recurso ordinário pelo ente público. BL aredita que com a nova redação do art. 475 do cpc e o entendimento da S. 303 do TST, segundo a qual não há remessa necessária nas causas de valor até 60 sm não há impedimento da adoção do rito sumário para os entes públicos.

c) Procedimento comum sumaríssimo: Introduzido pela L. 9957/2000. Para BL ele não extinguiu o sumário da Lei 5584/70. O legislador excluiu da incidência do sumaríssimo as causas que figuraram as pessoas de direito público em geral, ou seja, os órgãos da Administração Direta, autárquica ou fundacional. A apreciação da a;cão submetida ao procedimento sumaríssimo deverá ocorrer no prazo máximo de 15 dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da VT.O processo sujeito ao rito sumaríssimo deverá ser instruído e julgado em audiência única, salvo:

Art. 852-H: § 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

Esse procedimento só tem lugar nas ações trabalhistas individuais (simples ou plúrimas), cujo valor da causa seja superior a dois salários mínimos e inferior a quarenta salários mínimos. Para BL o procedimento sumaríssimo é incompatível com as ações coletivas lato sensu, i.e., aquelas que tenham por objeto a tutela dos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, lembrando que, nas ações em que o sindicato atua como substituto processual, busca-se a tutela de interesses individuais homogêneos.Deverão ser observados dois requisitos:I – pedido certo ou (BL acha que é “e”) determinado e indicará o valor correspondente;II – não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado.Para BL é possível a conversão no rito ordinário.No procedimento sumaríssimo todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo deverão ser decididos de plano. As demais questões

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serão decididas na sentença.Cada parte somente poderá apresentar 2 testemunhas, que deverão ser, comprovadamente, convidadas pelo autor ou pelo réu. Só haverá intimação de testemunha se esta, comprovadamente convidada pela parte, não comparecer à audiência.Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida a prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de 5 dias.O relatório é dispensado nas sentenças sujeitas ao rito sumaríssimo.O procedimento sumaríssimo admite a interposição de embargos declaratórios, inclusive com efeito modificativo, quando, na sentença, houver omissão ou contradição. Se os embargos de declaração tiverem efeito modificativo, o juiz deve abrir vista dos autos à parte contrária para, querendo, oferecer contrarrazões.

Petição inicial: requisitos, emenda, aditamento, indeferimento.

A petição inicial trabalhista pode ser formulada: pelos sujeitos da relação de emprego, isto é, pelos empregados e empregadores ou pelos

trabalhadores avulsos por equiparação constitucional, pessoalmente ou por seus representantes;

pelos sindicatos, em defesa dos interesses ou direitos coletivos ou individuais da categoria que representam;

pelo MPT, nos casos previstos em lei; por outros titulares da relação de trabalho, como os trabalhadores autônomos, eventuais,

voluntários, estagiários e os tomadores dos seus serviços; pela União, na hipótese de ação de cobrança das multas impostas aos empregadores pela

DRT; pelos sindicatos, nas hipóteses de lides intersindicais ou entre eles e seus representados

filiados; pelos empregadores e tomadores de serviços, quando sujeitos de uma relação de emprego ou

trabalho.Nas localidades em que houver apenas uma VT, a petição será protocolada diretamente na Secretaria da Vara ou no cartório do Juízo. Se na localidade houver mais de uma Vara ou Juízo, a petição inicial será, primeiramente, sujeita à distribuição.- RequisitosEstão no art. 840 da CLT e para BL não se mostram aplicáveis, em princípio, as regras do CPC.A petição inicial poderá ser escrita ou verbal. Se verbal, deverá ser reduzida a termo (termo de reclamação), em duas vias datadas e assinadas pelo Diretor deSecretaria ou escrivão. Nas localidades com mais de uma Vara ou Juízo, a petição inicial verbal deverá ser distribuída antes de sua redução a termo. A petição verbal deve observar, no que couber, os requisitos para a escrita.Ambas devem ser registradas em livro próprio, devendo o Distribuidos fornencer ao interessado um recibo, do qual constarão o nome do autor e do réu, a data da distribuição (ou protocolo), o objeto da ação e o Juízo ou Vara a quem for dirigida ou distribuída. Para BL tratando-se de ação oriunda da relação de trabalho distinta da relação de emprego ou da relação de trabalho avulso não é incompatível a utilização da petição verbal.Mas nos casos de representação sindical, MS, HC, HD e ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pela DRT, parece-nos incabível a petição verbal. O TST da mesma forma (IN 27/2005).Para BL também as ACP, Aps e inquérito para apuração de falta grave devem ser escritas.A doutrina e jurisprudência trabalhistas vêm exigindo, em alguns casos, alguns requisitos típicos da petição no processo civil.

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a) Designação da autoridade judiciária a quem for Dirigida: não deve ser indicado o nome do juiz, mas do órgão judicial. O peticionário deve deixar um espaço em branco antes da expressão VT em virtude da distribuição, pois somente depois desta é que, nos lugares em que há mais de uma vara, será sorteado o órgão judiciário que irá processar a demanda. Nos TRTs e no TST, a petição incial deve ser dirigida ao respectivo Presidente. Depois da distribuição do processo ao Relator, a este devem ser dirigidas qualquer petições.b) Qualificação das partes: a PI deve conter a qualificação e o endereço completo do autor e réu. Recomenda-se a indicação do n. Da CTPS e CPF. Tratando-se de pj, deve-se colocar o nome ou razão social, indicando se é de direito público ou privado, bem como CNPJ e endereço completo. Havendo litisconsortes passivos, como nos casos de grupos de empresa, empreitada ou de terceirização, é condição necessária a inclusão de casa uma das empresas tomadoras do serviço no polo passivo, a fim de que elas constem do título executivo judicial e possam figurar como executadas.c) Breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio (causa de pedir): nosso sistema processual adotou o princípio da substanciação da causa de pedir, segundo o qual a petição incial deve conter a descrição dos fatos oriundos da relação de direito material e os fundamentos jurídicos do pedido. Esse princípio constrapõe-se ao da individualização, pois este se contenta com a mera afirmação da relação jurídica material que fundamenta o pedido. Não é suficiente, à luz do princípio da substanciação, que o empregado simplesmente alegue que é sujeito da relação de emprego e formule pedido de anotação da CTPS. É importantíssima a indicação da causa de pedir porque:

constitui, ao lado das partes e do pedido, um dos elementos da ação; permite a observância do princípio da inalterabilidade da demanda, consagrado no art. 264

do CPC; possibilita a verificação da possibilidade jurídica do pedido, como uma das condições da

ação; auxilia no exame da ocorrência dos institutos da conexão, continência, litispendência e coisa

julgada.A petição inicial da ação trabalhista individual, portanto, deve conter os conter os fundamentos fáticos e jurídicos. Não há necessidade de indicação do fundamento legal.Para BL, os fatos narrados na petição inicial correspondem à causa de pedir próxima ou imediata. Fundamentos jurídicos do pedido são os que compões a causa de pedir remota ou mediata. Há situações especiais em que o juiz não estará adstrito à causa de pedir, podendo, assim, proferir decisão extra petita. É o que se infere da S/ 293 do TST:

SUM-293 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIALA verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade.

Em sede de ação rescisória, temos duas situações distintas. Tratando-se de alegação de violação à literal disposição de lei, parece-nos que há obrigatoriedade de fundamentação legal do pedido, sob pena de vioilação aos princípios da legalidade e ampla defesa. Nas demais hipóteses do art. 485 do CPC, BL diz ser possível a aplicação do princípio iura novit cura (o juiz ocnhece o direito). Assim, S. 408:

SUM-408 AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. CAUSA DE PEDIR. AU-SÊNCIA DE CAPITULAÇÃO OU CAPITULAÇÃO ERRÔNEA NO ART. 485 DO CPC. PRINCÍPIO "IURA NOVIT CURIANão padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória apenas porque omite a subsunção do fundamento de rescindibilidade no art. 485 do CPC ou o capitula erroneamente em um de seus incisos. Contanto que não se afaste dos fatos e fundamentos invocados como causa de pedir, ao Tribunal é lícito emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica ("iura novit curia"). No entanto, fundando-se a ação rescisória no art. 485, inc. V, do CPC, é indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação rescisória, do dispositivo legal violado, por se tratar de causa de pedir da

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rescisória, não se aplicando, no caso, o princípio "iura novit curia".

d) Pedido: a CLT não contém maiores detalhes sobre o conteúdo e as especificações do pedido, o que autoriza a aplicação subsidiária do CPC. O pedido deve ser certo e determinável. É possível formular pedido genérico em três hipóteses:

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; Redação II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

O artigo permite que o pedido mediato seja genérico, e o imediato há de ser sempre certo e determinado. A hipótese do inciso I não se aplica ao PT porque neste não há lugar para ações universais (falência, por ex.). Em se tratando de ações que tenham por objeto a indenização por danos causados a direitos ou interesses individuais honogêneos, é obrigatória a formulação de pedido genérico, que desaguará em prolação de sentença genérica com a apuração do quantum debeatur em liquidação por artigos (CDC arts. 95 e 98). É o inciso II. Nas ações de indenização por acidente de trabalho, o pedido poderá ser genérico se as consequências do ato ilícito perpetrado pelo réu não puderem ser apuradas de modo definitivo.

*** Classificação dos pedidos

Simples ou cumulados: simples é o que contém uma única postulação na ação proposta. Cumulados (cumulação objetiva de ações) vários pedidos numa mesma ação. O art. 292, §1, do CPC prevê requisitos de admissibilidade da cumulação.

Principal, acessório e implícito: S. 211 do TST. A jurisprudência não é pacífica no tocante à validade do pedido implícito.

Pedidos alternativos: é aquele em que a obrigação, por força do contrato ou da lei, pode ser cumprida de mais de uma forma.

Pedidos sucessivos: é lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o Juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.

Pedido sucessivo eventual ou subsidiário:enquanto no pedido sucessivo há uma cumulação de pedidos (mas o segundo pedido só pode ser apreciado se o primeiro for rejeitado), no pedido sucessivo eventual ou subsidiário, o segundo pedido somente pode ser deferido se o juiz acolher o primeiro. O TST admite a cumulação sucessiva de pedidos – OJ 78 – SDI-2.

Pedidos líquidos e ilíquidos: o líquido é aquele que já especifica o quantum debeatur. O ilíquido é o an debeatur, o autor apenas indica que determinada parcela é devida, mas não especifica o quantum debeatur. Quando o autor formula pedido líquido é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida. Nas ações coletivas para tutela de interesses individuais homogêneos, porém, a condenação será sempre genérica e o pedido deverá ser genérico.

Pedidos cominatórios: previsto no art. 287 do CPC, pode ter ampla aplicação no PT. Diz respeito às obrigações de fazer, ou de não fazer, bem como às obrigações de entregar coisa, sendo incabível nas ações que tenham por objeto obrigação de dar ou pagar.

e) data: é a data da assinatura da PI escrita ou se for verbal é a data em que a parte comparece pessoalmente à VT. Para BL não é requisito essencial.

f) Assinatura do subscritor: sem assinatura é mais que nula, é inexistente. Mas nada impede que o juiz, em audiência, permita a sanação da anomalia, desde que o réu não se oponha, sob pena de extinção do processo, com base noa rt. 267, IV, do CPC.

- Documentos que devem acompanhar a incial

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Art. 787 da CLT. Se o juiz entender que algum documento deve obrigatoriamente acompanhar a PI, não poderá, de plano, indeferí-la, mas, sim, conceder um prazo de 10 dias, para que o autor a complete. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inciial, nos termos do art. 284 do CPC, aplicável ao PT.

*** Valor da causa: não há consenso. Para BL somente nas causas sujetias ao sumaríssimo ele deverá ser obrigatório. Nas ações individuais submetidas ao procedimento ordinário, se o autor não indicar, o juiz, antes de passar à instrução da causa, deverá fixá-lo para determinação da alçada. Em se tratando de MS a jurisprudência do TST tem sido rigorosa em exigir o valor da causa. Na rescisória, em função do cancelamento da OJ 147 da SBDI-2, o valor da causa deve observar as regras contidas nos arts. 2, 3, 4 da IN 31/2007, ou seja: quando visar descontituir decisão da:

fase de conhecimento corresponderá: a) no caso de improcedência, ao valor dado à causa do processo originário ou aquele que for fixado pelo juiz; no caso de procedência, total ou parcial, ao respectivo valor arbitrado à condenação.

Fase de execução corresponderá ao valor apurado em liquidação de sentença.

- Alteração da petição

Como corolário dos princípios da estabilização da demanda e da preclusão, não devem autor e réu alterarem o pedido e a causa de pedir. Há, porém, exceções a tais princípios, desde que observados alguns requisitos previstos em lei. Trata-se da alteração da petição inicial, gênero que tem como espécies a modificação e o aditamento.

- Aditamento da petição inicial

Antes do recebimento da notificação citatória pelo réu, ao autor é facultado alterar o pedido e a causa de pedir por meio de simples aditamento da petição inicial. É condição para validade do aditamento que o autor formule-o antes da citação do réu. Para BL, o art. 294 do CPC se aplica, exceto quanto às custas pagas pelo autor em razão do aditamento. Já o aditamento da incial, depois da notificação citatória do réu só será admitido com a concordância deste. Há entendimento doutrinário no sentido de que, se o pedido de aditamento é feito na própria audiência, antes da apresentação da resposta do réu, o juiz deve autorizá-lo, designando nova audiência, ficando, desde logo, notificadas as partes. Apresentada a defesza, já não será mais possível aditar a inicial sem consentimento do réu.

- Emenda à inicial

o art. 284 do CPC prevê a possibilidade de o juiz, verificando que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinar que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 dias. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a PI. A petição apta é pressuposto processual de validade da relação processual e o seu indeferimento acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito.

Depois de apresentada a resposta do réu, que no PT é na audiência, o caso não é mais de indeferimento da petição incial que apresenta irregularidades ou desacompanhada de documento essencial à propositura da ação, mas, sim, de extinção do feito sem resolução do mérito por ausência de pressuposto processual de validade. S. 263:

SUM-263 PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓ-RIA DEFICIENTE (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 10 (dez) dias, a

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parte não o fizer.

BL diz não ser possível, assim, alterar a parte passiva da demanda.Quanto a eventuais defeitos contidos na PI do sumaríssimo,o juiz, por força da norma imperativa do art. 852-B, §1, da CLT, deverá, depois de observada a diligência de que cuida a S. 263, extinguir o processo sem resolução do mérito e condenar o autor ao pagamento de custas sobre o valor atribuído à causa.Em sede de MS não há espaço para emenda da incial. S. 415 do TST:

SUM-415 MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 284 DO CPC. APLICABILIDA-DE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável se torna o art. 284 do CPC quando verificada, na petição inicial do "mandamus", a ausência de documento indispensável ou de sua autenticação.

- Indeferimento da inicialO art. 295 do CPC prevê as hipóteses em que a PI será indeferida:

Art. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

A inépcia da PI, por ser pressuposto de validade da relação processual, pode e deve ser declarada, por provocação ou ex officio, em qualquer grau de jurisdição, ou melhor, na instância ordinária, enquanto não transitada em julgado a sentença ou acórdão. Não pode ser declarada de ofício na instância extraordinária, em função da exigência do prequestionamento, que é pressuposto recursal específico dos recursos de natureza extraordinária.

9. Audiência. Comparecimento das partes e “arquivamento”. Conciliação. Revelia. Resposta doreclamado. Defesa direta e indireta. Exceções. Contestação. Compensação. Reconvenção.

Audiência.

Na JT as audiências ou sessões são públicas e realizadas na sede do Juízo (ou Tribunal). Todavia, em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo do Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas.O funcionamento das audiências ocorre em dias úteis, previamente fixados, entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. A lei, no entanto, admite que, haveno necessidade imperiosa, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, desde que seja afixado edital na sede do Juízo do Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas.Segundo o art. 814 da CLT, às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a necessária antecedência, os escrivães ou os chefes de Secretaria (atualmente, Diretores de Secretaria). À hora marcada, o juiz presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo Diretor de Secretaria ou escrivão a chamada ou pregão das partes, testemunhas e demais pessoas que devam

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comparecer.Se, todavia, até 15 minutos após a hora marcada o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. As partes e os advogados não tem qualquer tolerância quanto ao horário.O art. 816 da CLT dispõe que o juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem – é o chamado poder de polícia. Esse dispositico é complementado pelos arts. 445 e 446 do CPC.O art. 817 da CLT determina que o registro das audiências será feito em livro próprio, constando de cada registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como as ocorrências eventuais.É facultado a qualquer interessado requerer certidão dos atos realizados na audiência. Geralmente, as Varas fornecem cópias das atas de audiências na própria sessão. O direito de obtenção de certidões não é absoluto, porquanto o requerente deverá demonstrar interesse jurídico.Os arts. 843 a 852 da CLT e 2, 3, 4 da Lei 5784/70 tratam da audiência de julgamento, no procedimento ordinário e sumário. No procedimento sumaríssimo, a audiência é regulada nos arts. 852-C e seguintes da CLT.O art. 849 da CLT prescreve que a audiência de julgamento deverá ser contínua, admitindo, no entanto, que, por motivo de força maior, poderá o juiz determinar a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.A audiência de conciliação, também chamada de audiência inaugural é destinada apenas à tentativa de conciliação. É o que diz que o art. 846, §§1 e 2, da CLT.Vale ressaltar que, no caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, somente atacável, em tese, por ação rescisória (S. 259 TST), salvo para a Previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas.Não havendo acordo (1a tentativa), O RECLAMADO terá 20 minutos para apresentar sua defesa, após a leitura da petição inicial, quando esta não for dispensada por ambas as partes.Segundo o art. 848 da CLT, terminada a defesa, inicia-se a instrução do processo, podendo, o juiz, de ofício, interrogar as partes. Na prática, o juiz designa nova audiência de instrução, também chamada de audiência em prosseguimento, que é destinada à produção das provas.Finda a audiência de instrução, as partes poderão apresentar razões finais orais por 10 minutos cada uma. Em seguida, o juiz deve renovar a proposta de conciliação e, não se realizando esta, proferirá a sentença. Os trâmites de instrução e julgamento da reclamação serão resumidos em ata, na qual constará, na íntegra, a decisão. A ata de julgamento deve ser assinada pelo juiz e juntada ao processo no prazo improrrogável de 48 horas, contado da audiência de julgamento. Caso não observado esse prazo, o TST firmou jurisprudência no sentido de que o prazo para recursos será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença. S. 30.No procedimento sumaríssimo, o processo deverá ser instruído e julgado em audiência única, sendo decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e dos processos. As demais questões serão decididas na sentença. Todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não requeridas pelas partes. O número de testemunhas é reduzido a duas para cada parte. A interrupção da audiência terá a duração máxima de 30 dias.

Comparecimento das partes

No PT é obrigatória a presença das partes em todas as audiências no primeiro grau de jurisdição, isto é, nas Vts, havendo consequências processuais previstas no art. 844 da CLT.O §1 do art. 843 da CLT faculta ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato e cujas declarações obrigarão o preponente. O TST passou a ampliar a possibilidade de representação patronal por preposto não empregado também para o micro ou pequeno empresário:

SUM-377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova reda-ção) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05 .05.2008

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SúmulaExceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pe-queno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclama-do. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Nos casos de sociedade de fato ou irregulares, o sócio de fato, embora não seja formalmente o empregador, pode atuar como preposto.Alguns julgados admitem que o advogado empregado atue, simultaneamente, como preposto do réu, o que não é válido para BL. No TST há divergência turmária. A SBDI-1, vem admitindo a atuação simultânea, no mesmo processo, do advogado empregado como preposto do empregador.Se, por doença ou qualquer outro motivo relevante, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo sindicato.A representação, aqui, segundo nos parece, cinge-se à comprovação do motivo que ensejou a ausência do reclamante e tem por objetivo evitar o arquivamento dos autos. O representante não poderá fazer quase nada.Nas ações plúrimas, que nada mais são do que o litisconsórcio ativo facultativo, os empregados poderão fazer-se representar pelo sindicato da categoria profissional correspondente.Trata-se de faculdade conferida aos trabalhadores, mas caberá ao juiz examinar, no caso concreto, a viabilidade da representação sindical. Ademais, quando a ação plúrima envolver grande contingente de trabalhadores patrocinados por advogados particulares, é de todo recomendável a representação dos autores por um grupo ou comissão dos litisconsortes, a fim de se evitar tumulto na audiência.Para BL, se o advogado da parte não puder comparecer à audiência, não haverá obrigatoriedade de o juiz determinar a suspensão do feito e designar nova audiência.Nas ações de cumprimento, não obstante o art. 843 da CLT empregue impropriamente o termo representar, o sindicato age, na verdade, como legitimado extraordinário ad causam dos trabalhadores. Atuará em nome pp na defesa de interesse alheio, razão pela qual ele, será o autor da demanda, o que, por óbvio, dispensa a presença dos titulares do direito material deduzido em juízo.Assim, o sindicato, qnd atua como substituto processual, é parte, razão pela qual não há base legal para exigir a presença dos substituídos processualmente na audiência.O comparecimento do preposto sem carta de preposição enseja, para BL, a irregularidade de representação, devendo o juiz suspender o feito e assinalar prazo para o réu sanar a irregularidade, nos termos do art. 13 do CPC> Alguns juízes, em homenagem ao princípio da celeridade, determinam, sem supressão do feito, que o réu sane a irregularidade em determinado prazo, sob pena de serem considerados inexistentes os atos praticados no processo.No caso de não comparecimento simultâneo de autor e réu à audiência inaugural, há quem sustente que o juiz deve julgar o processo no estado em que se encontra, isto é, se a matéria for unicamente de direito, proferirá logo a sentença; se a matéria for fática, decidirá aplicando as regras de distribuição do ônus da prova. Para BL, o juiz deveria extinguir o feito sem resolução do mérito, determinando o arquivamento dos autos.

Arquivamento.

Diz o art. 844 que o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação. Na verdade, os autos do processo é que são arquivados. Occore a extinção do processo sem resolução do mérito, por ausência de interesse, necessidade de agir do autor, ou seja, trata-se de uma carência de ação superveniente por perda de objeto da demanda. No CPC de 1939, esse ato era chamado de absolvição da instância.Se o autor, porém, der causa a 2 arquivamentos seguidos, sem motivos relevante, ficará impedido de ajuizar qualquer ação trabalhista pelo prazo de 6 meses.

SUM-9 AUSÊNCIA DO RECLAMANTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e

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21.11.2003 A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo. SUM-74 CONFISSÃO (nova redação do item I e inserido o item III à redação em decorrência do julgamento do processo TST-IUJEEDRR 801385-77.2001.5.02.0017) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela comi-nação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74 - RA 69/1978, DJ 26.09.1978) II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo. Determina o art. 815 da CLT que se o juiz não comparecer até 15 minutos após a hora marcada, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. Não há previsão para atrasos das partes. Logo, não há como afastar o arquivamento dos autos para o autor e a revelia para o réu no caso de atraso à audiência, salvo, evidentemente, se houver prova da existência de força maior. A OJ 245 da SBDI-1, não prevê exceções:

OJ-SDI1-245 REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA (inserida em 20.06.2001)Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

Conciliação.

Nos processos submetidos aos procedimentos ordinário e sumário, há 2 oportunidades para o juiz propor a conciliação. A primeira ocorre logo na abertura da audiência e a segunda, após a apresentação das razões finais pelas partes. O art. 831 afirma a necessidade das duas propostas de conciliação ao determinar que a sentença será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação.Tem-se entendido que se o juiz não propõe a conciliação, haverá nulidade absoluta dos atos processuais posteriores.Se o juiz lograr êxito na sua proposta de conciliação, será lavrado um termo assinado pelo Juiz Titular ou Substituto da Vara e pelas partes. Tal termo de conciliação, por ser irrecorrível, produz os mesmos efeitos de uma sentença:

SUM-259 TERMO DE CONCILIAÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágra-fo único do art. 831 da CLT.

O termo valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas.Se as partes estiverem representadas por advogados, estes poderão assinar o termo, desde que tenham poderes especiais para transigir ou firmar acordo.Do termo do acordo devem constar o prazo, e se for o caso, as demais condições para seu cumprimento.O descumprimento pode ensejar 4 situações, isoladas ou cumulativamente:

a satisfação integral dos valores constantes do pedido formulado na petição inicial;

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o pagamento de uma indenização convencionada; as duas hipóteses acima, cumulativamente; ocorrendo qualquer uma das 3 situações acima, não haverá prejuízo do cumprimento

integral do acordo.Geralmente,as partes estipulam uma multa pelo descumprimento do acordo. Essa multa não poderá ser superior à obrigação principal, pois sua natureza é de cláusula penal.É lícito às partes celebrar acordo mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório (CLT, art. 764).O juiz não está obrigado a homologar o acordo entabulado diretamente pelas partes, não constituindo o ato de indeferimento violação a direito líquido e certo dos interessados:

SUM-418 MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMI-NAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 120 e 141 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do ju-iz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

Revelia.

Revelia e contumácia geralmente são usados como sinônimos, mas isso não tem mais razão de ser em função do art. 319 do CPC. Assim, revel é quem não contesta a ação e contumaz é aquele que não comparece à audiência.Em PT se o réu não comparece à audiência será revel e contumaz. Mas se comparecer e não aduir a sua defesa, será apenas revel, mas não contumaz.O principal efeito da revelia incide sobre a prova, uma vez que, se o réu não contestar a ação, serão considerados verdadeiros os fatos alegados pelo autor, dispensando-se a produção de outras provas sobre tais fatos. Se a matéria for de direito, no entanto, não há falar em confissão ficta.A confissão de que trata o art. 844 da CLT é confissão ficta, também chamada de confissão presumida ou tácita. Opõe-se à confissão expressa, uma vez que a ficta se verifica quando a parte não comparece em juízo para depor ou comparece e se recusa a prestar depoimento ou a responder. Já a confissão expressa é aquela na qual a parte comparece e depõe sobre os fatos que lhe são perguntados.Para elidir a revelia, não basta a presença do advogado do réu na audiência, pois é imprescindível a apresentação de atestado médico que declare expressamente a impossibilidade de locomoção do empregador ou seu preposto. :

SUM-122 REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação Juris-prudencial nº 74 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ain-da que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a reve-lia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressa-mente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência. (primeira parte - ex-OJ nº 74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

Para elidir a revelia, não basta a presença do advogado do réu na audiência, pois é imprescindível a apresentação de atestado médico que declare expressamente a impossibilidade de locomoção do empregador ou seu preposto.A jurisprudência do TST é firme no que toca à aplicação da confissão ficta à parte – autor ou réu – que, intimada com aquela advertência, não comparece à audiência em prosseguimento.As pessoas jurídicas de direito público também se sujeitam à revelia, como se depreende da OJ 152 da SBD1.Quanto à confissão ficta, pensamos que ela não se aplica às pessoas jurídicas de direito público, por

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serem os bens públicos indisponíveis, impenhoráveis e inalienáveis, razão pela qual deles não pode dispor o administrador público, salvo, é claro, quando houver lei que autorize a transação.Se o advogado comparece à audiência, portando a contestação, procuração e contrato social da empresa-ré, embora ausente o proprietário da empresa ou seu preposto, pode apresentar a contestação? Há revelia? Há confissão ficta? De acordo com o art. 844, o não comparecimento da parte, salvo nas hipóteses do art. 843 sofrendo o réu os efeitos sobre a matéria fática, razão pela qual não pode receber a contestação.Em sede de ação rescisória, a revelia não implica confissão ficta:

SUM-398 AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE DEFESA. INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 126 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, a-cobertado pelo manto da coisa julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na a-ção rescisória. (ex-OJ nº 126 da SBDI-2 - DJ 09.12.2003)

Dispõe o art. 48 do CPC que os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.Nos termos do art. 319 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. O art. 320, I, dispõe que revelia não induz os efeitos da confissão se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação. O art. 350 diz que a confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudiciando os litisconsortes. Assim, caso um dos litisconsortes passivos conteste a ação, não ocorrem os efeitos da revelia quando ao outro litisconsorte revel. Porém, se os interesses dos litisconsortes forem opostos, há os efeitos da revelia.Há quem defenda que nos casos de responsabilidade subsidiária ocorre a figura do litisconsorte necessário.Para BL, nos casos de responsabilidade subsidiária reconhecida no art. 455 da CLT ou S> 331, IV, ocorre a formação de um litisconsórcio passivo facultativo, sendo opostos os interesses dos corréus, na medida em que o responsável subsidiário sempre intenta afastar a sua responsabilidade em relação aos débitos trabalhistas não adimplidos pelo devedor principal. De tal forma que a revelia e a confissão da primeira ré (devedora principal) induzem seus efeitos em relação à segunda ré.O art. 9 do CPC prevê os casos de curador especial. No caso de incapaz, o MPT pode atuar como curador especial, tanto no polo ativo quanto no passivo. Mas nos outros casos, há problemas para a tramitação normal do processo. A jurisprudência especializada é contra a aplicação de tal disposição legal no processo do trabalho, aplicando-se a revelia e confissão.

Resposta do reclamado.

O art. 297 do CPC prevê três modalidades de respostas do réu: a contestação; a exceção e a reconvenção.As exceções e a contestação devem ser oferedidas em audiência, depois de frustrada a primeira proposta de conciliação.

Defesa direta e indireta. Exceções

Pelo CPC a exceção passou a ter sentido de defesa indireta do processo, na medida em que seu único objetivo repousa no afastamento do processo do juiz suspeito, impedido ou relativamente incompetente. É o que se infere do art. 304 do CPC, que só prevê as exceções de suspeição, de impedimento e de incompetência relativa. As questões relativas à litispendência, coisa julgada e incompetência absoluta devem ser alegadas em contestação como preliminares e não como exceções.- Exceções e suspensão do processo

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As exceções de suspeição (e de impedimento para BL) e de incompetência (relativa), não obstante suspendam o processo deverão ser apresentadas juntamente com a contestação, na audiência para a qual fora notificado o reclamado._ Exceções de suspeição e impedimentoAs hipóteses de suspeição e impedimento dos juízes estão reguladas no CPC (arts. 134 a 138), sendo igualmente aplicáveis, no que couber, ao órgão do MP, ao serventuário da justiça e ao perito.O procedimento da exceção de suspeição está na CLT:

Art. 802 - Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção.§ 1º - Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito.§ 2º - Se se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma da organização judiciária local.

Para BL o § 1 conflita com a EC 24, pois não faz sentido o próprio juiz peitado (ou impedido) instruir e julgar a exceção de suspeição contra si oposta. O autor acredita que o julgamento da exceção de suspeição ou impedimento passa a ser da competência do juízo ad quem, aplicando-se os arts. 313 e 314 do CPC.O réu poderá oferecer mais de uma exceção ao msm tempo. A exceção de suspeição precede à de incompetência, pois o juiz suspeito sequer poderá declarar-se incompetente.Se o fato que ocasionou a suspeição ou o impedimento for posterior à audiência, a parte (autor ou réu) deverá alegar a nulidade na primeira vez em que tiver de falar em audiência ou nos autos, sob pena de preclusão, sendo, portanto, inaplicável a regra do art. 305 do CPC, no particular.- Contestação direta do mérito: dá-se a contestação direta, também chamada de defesa direta de mérito, quando o réu ataca o fato constitutivo do direito alegado pelo autor, seja pela negativa de sua existência, seja pela negativa de seus efeitos jurídicos. Ver mais à frente.

- Exceção de incompetênciaO procedimento da exceção de incompetência está regulado no art. 800 da CLT:

Art. 800 - Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova reda-ção) - Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões inter-locutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Se ambos os juízes se derem por competentes, haverá conflito positivo de competência. Se ambos se declararem incompetentes, haverá conflito negativo de competência.- Exceção de incompetência Relativa apresentada no domicílio do réuO art. 305 do CPC é incompatível com o PT, uma vez que neste a resposta do réu que pode abranger a exceção, contestação e reconvenção, deve ser apresentada em audiência, com a presença obrigatória das partes. Nada impede que o juiz, ainda que territorialmente incompetente, possa promover a conciliação, sendo certo, ainda, que, por determinação imperativa do art. 800 da Clt, depois de apresentada a exceção de incompetência, o exceto terá vista dos autos por apenas 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se

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seguir. O art. 305 também beneficia o réu, o que mostra a incompatibilidade com o PT.

Contestação

É também apelidada de peça de resistência ou peça de bloqueio.É compatível a aplicação subsidiária do art. 300 do CPC que consagra o princípio da concentração da defesa e o princípio da eventualidade. Não se aplica a parte final do artigo, porque é desnecessária a apresentação das provas na inicial ou contestação.Tanto no processo civil como no trabalhista, a contestação por negação geral é ineficaz, arcando o réu com o ônus de serem considerados verdadeiros os fatos articulados na petição inicial.A contestação pode ser dirigida contra o processo ou contra o mérito.- Contra o processoO réu não ataca a lide, o pedido, a pretensão ou o bem da vida vindicado pelo autor, e sim o processo ou a ação. Alega que não foram satisfeitos os pressupostos processuais ou que não estão presentes as condições da ação.É também conhecida como defesa processual ou simplesmente objeção. O art. 301 é aplicável com adaptações ao PT.Assim, compete ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:I – inexistência ou nulidade da citação;II – incompetência absoluta;III – inépcia da petição inicial;IV – perempção;V – litispendência;VI – coisa julgada;VII – conexão;VIII – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;IX – convenção de arbitragem;X – carência de ação;XI – falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

Em ordem lógica: Incompetência absoluta: o juiz não poderá extinguir o processo e sim remeter os autos ao

juízo que entender competente. São nulos, portanto, os atos decisórios praticados por juiz absolutamente incompetente. Caso o réu não suscite a incompetência absoluta, o órgão julgador deverá decretá-la em qualquer tempo ou grau de jurisdição (na instância ordinária). Essa, porém, não poderá ser decretada de ofício pelo TST pois o recurso de revista exige o prequestionamento.

Inépcia da petição inicial: implica em extinção do processo sem resolução do mérito. Se apenas um pedido é inepto (cumulação de pedidos), o processo será extinto apenas com relação a esse pedido. Considera-se inepta a petição inicial que não preenche os requisitos formais exigidos pela legislação processual.

Inexistência ou nulidade da citação: tanto na citação inexistente como na nula, se o réu comparece espontaneamente à audiência e apresenta sua defesa, não haverá invalidade a ser decretada. E se o réu comparecer apenas para arguir a nulidade, será considerada realizada a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da respectiva decisão. O TST admite a possibilidade de se discutir a nulidade ou inexistência da citação em sede de embargos à execução na hipótese de revelia.

Litispendência e coisa julgada: dá-se a litispendência quando se repete ação que está em curso, isto é, quando há duas ou mais ações idênticas tramitando perante o mesmo ou juízos diversos. Já a coisa julgada ocorre quando se repete ação que já foi decidida por sentença de que não caiba recurso. Ocorrendo um dos dois o juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito. BL entende inexistir litispendência (ou coisa julgada) entre ação

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individual e ação coletiva, seja pela ausência de identidade de partes, seja pela diversidade de pedidos. Ademais, a coisa julgada na ação individual produz efeitos inter partes, não beneficiando nem prejudicando terceiros; na ação coletiva, a coisa julgada decorrente de sentença de procedência produzirá efeitos erga omnes, quando se tratar de tutela de interesses difusos ou individuais homogêneos, ou ultra partes, na hipótese de tutela de interesses coletivos strictu sensu.

Perempção e falta de caução: a perempção e a falta de caução em princípio não tem aplicação no processo do trabalho. Com a ampliação da competência da JT haverá situações em que se tornará possível a aplicação dos referidos institutos.

Conexão e continência: não leva à extinção do processo, e sim à reunião perante o juízo prevento. É incabível a reunião quando já houver sentença, independentemente de seu trânsito em julgado, em qualquer processos que correm em separado.

Incapacidade da parte, defeito da representação e falta de autorização: Carência de ação: é falta das condições da ação.

O juiz conhecerá de ofício de todas as matérias do art. 301 do CPC.Não ocorre preclusão enquanto a sentença não transitar em julgado, salvo quanto à conexão ou continência (a preclusão se dá com a sentença).Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: relativas a direito superveniente; competir ao juiz conhecer delas de ofício (como pressupostos processuais e condições da ação); por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.- Contestação contra o mérito: há mais de um modo de o réu opor-se ao mérito formulado pelo autor na petição inicial. Na verdade, a contestação de mérito pode ser indireta ou direta.a) Indireta (exceção substancial): o réu reconhece o fato constitutivo do direito do autor, mas opões um outro fato impeditivo, modificativo ou extintitivo do pedido formulado na inicial. Fatos impeditivos são os que provocam a ineficácia dos fatos constitutivos alegados pelo autor. Fatos modificativos são os que implicam alteração dos fatos constitutivos alegados pelo autor. Fatos extintivos são os que eliminam, extinguem ou tornam sem valor a obrigação assumida pelo réu, por não se ela mais exigível.- Prescrição e DecadênciaSão fatos extintivos da relação de direito material, razão pela qual, quando acolhidas, extinguem o processo com resolução de mérito. Devem ser alegas como defesa indireta de mérito, ou seja, como prejudiciais, e não como preliminares do mérito.A decadência estabelecida em lei não admite renúncia e deve ser decretada, de ofício, pelo juiz. Já na decadência contratual, a parte a quem ela aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.O STF editou a S. 403: É de decadência o prazo de 30 dias para instauração do inquérito judicial a contar da suspensão, por falta grave, de empregado estável.- Prescrição pronunciada de ofício: a prescrição não poderia ser pronunciada de ofício pelo juiz, salvo se versasse sobre direitos não patrimoniais. Mas o §5 do art. 219 do CPC passou a preceituar o contrário. Não é pacífica a aplicação do dispositivo no PT. Para uns, ela deve ser aplicada integralmente, pois, se do ponto de vista metodológico o direito material e processual do trabalho sempre se socorreu subsidiariamente das mesmas (e antigas) regras do CPC e do CC alusivas à prescrição, não haveria embasamento científico para deixar de fazê-lo diante das suas novas redações. Para outros, a nova regra prescricional não se aplica no processo laboral em razão da indisponibilidade do crédito trabalhista (natureza alimentícia) e da situação de vulnerabilidade jurídica, econômica e social do trabalhador, especialmente pelo entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência especializadas do chamado direito potestativo de dispensa reconhecido ao empregador, o que, na prática, impede que o empregado no curso da relação empregatícia possa exercer o seu direito de acesso à justiça. Há, ainda, os que, com âncora no princípio da colaboração, admitem a prescrição ex officio, desde que o juiz, antes de decretá-la, abra vistas dos autos ao autor, para que demonstre a existência de causa impeditiva, interruptiva ou suspensiva da prescrição, e ao

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réu, para que se manifeste a respeito da prescrição, valendo o silêncio como renúncia tácita. Para o TST a prescrição decretada de ofício é incompatível com o PT em face da natureza alimentar dos créditos trabalhistas e por ferir princípios constitucionais, como o da valorização do trabalho e emprego, da norma mais favorável e da função socioambiental da propriedade.- Prescrição em ações coletivas: não há lugar para prescrição nas ações coletivas destinadas à tutela de interesses difusos ou coletivos, pois o titular de tais demandas não é o titular do direito (metaindividual deduzido em juízo, mesmo porque tais direitos pertencem não a um indivíduo, mas a uma coletividade, a um grupo, classes ou categoria de pessoas. Quanto aos direitos individuais homogêneos, também não poderá ser decretada, de ofício, a prescrição, pois na ação coletiva em defesa de tais direitos não há identificação, no processo de conhecimento, dos titulares do direito material, o que somente ocorrerá na liquidação e execução a título individual. Ademais, o sindicato ou o MPT poderá ajuizar ação coletiva, como substituto processual em defesa dos interesses individuais homogêneos, porquanto a propositura de tal demanda coletiva interrompe a prescrição dos créditos dos substituídos. OJ:

OJ-SDI1-359 SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. LEGITIMI-DADE. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO (DJ 14.03.2008)A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, interrompe a prescrição, ainda que tenha sido considerado parte ilegítima “ad causam”.

- Prescrição arguida pelo MPT: MPT quando oficia como órgão interveniente (custos legis), possui legitimidade para arguir a prescrição em favor de ente público.

OJ-SDI1-130 PRESCRIÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO. ARGÜIÇÃO. "CUSTOS LEGIS". ILEGITIMIDADE (nova redação) - DJ 20.04.2005Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Mi-nistério Público não tem legitimidade para argüir a prescrição em favor de enti-dade de direito público, em matéria de direito patrimonial (arts. 194 do CC de 2002 e 219, § 5º, do CPC).

Para BL, esse entendimento deve ser alterado em face da nova redação do art. 219 do CPC, §5.

- Momento de arguição da prescrição: o TST admite a arguição da prescrição até a instância ordinária, ou seja, o réu que não a alegar na contestação poderá fazê-lo nas razões de recurso ordinário (S. 153, ainda que a sentença não se tenha pronunciado a respeito de tal matéria. Ainda não está pacificada a discussão a respeito da possibilidade de arguição da prescrição em sustentação oral, por preclusão, já que tal matéria só poderia ter sido deduzida no recurso.- Interrupção da prescrição: diferentemente do processo civil, em que a citação válida interrompe a prescrição, no PT o simples ajuizamento da ação trabalhista, ainda que arquivada pelo não comparecimento do autor à audiência, interrompe a prescrição. Neste caso, a prescrição será interrompida, ainda que o juízo trabalhista seja absolutamente incompetente ou ocorra extinção do processo sem resolução do mérito. Todavia, a interrupção da prescrição ocorre apenas em relação aos pedidos formulados na petição inicial. Há entendimento no sentido de que a prescrição da pretensão interrompida pelo ajuizamento da ação anterior, ainda que arquivada, é a bienal, e não a quinquenal. BL não concorda, pois onde a lei não distingue o intérprete não deve fazê-lo. Tratando-se de ação proposta pelo sindicato como substituto processual dos titulares dos direitos individuais homogêneos, a SBDI-1 editou a OJ 359:

OJ-SDI1-359 SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. LEGITIMI-DADE. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO (DJ 14.03.2008)A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, interrompe a prescrição, ainda que tenha sido considerado parte ilegítima “ad causam”.

Outra forma de interromper a prescrição é o protesto judicial. Para tanto, é cabível a ação cautelar de protesto, que pode ser ajuizada na JT.- Prescrição intercorrente: no que concerne à prescrição intercorrente, que é aquela que surge no curso da ação, há uma divergência jurisprudencial difícil de contornar. Para o STF, o direito

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trabalhista admite a prescrição intercorrente (S. 327). Já para o TST, não (S. 114). O art. 40, §4 da Lei 6830 de 1980 prevê outra forma de prescrição intercorrente. Cumpre lembrar que a ampliação da competência da JT para outras demandas oriundas da relação de trabalho lato sensu, a questão da prescrição intercorrente, ampliará a cizânia doutrinária e jurisprudencial.

SUM-87 PREVIDÊNCIA PRIVADA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Se o empregado, ou seu beneficiário, já recebeu da instituição previdenciária pri-vada, criada pela empresa, vantagem equivalente, é cabível a dedução de seu va-lor do benefício a que faz jus por norma regulamentar anterior.SUM-401 AÇÃO RESCISÓRIA. DESCONTOS LEGAIS. FASE DE EXECUÇÃO. SENTENÇA EXEQÜENDA OMISSA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 81 da SB-DI-2) - Res. 137/2005 – DJ 22, 23 e 24.08.2005Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo executório, ainda que a sentença exeqüenda tenha sido omissa sobre a questão, dado o cará-ter de ordem pública ostentado pela norma que os disciplina. A ofensa à coisa julgada somente poderá ser caracterizada na hipótese de o título exeqüendo, ex-pressamente, afastar a dedução dos valores a título de imposto de renda e de con-tribuição previdenciária. (ex-OJ nº 81 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)

Sobre retenção e dedução das contribuições fiscais e previdenciárias, consultar, também, os Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho ns. 1/1996, 2/1993 e 3/2005.

- Contestação direta do mérito: dá-se a contestação direta, também chamada de defesa direta de mérito, quando o réu ataca o fato constitutivo do direito alegado pelo autor, seja pela negativa de sua existência, seja pela negativa de seus efeitos jurídicos. 1) Negativa dos fatos constitutivos: se o réu negar a existência dos fatos constitutivos do direito do autor, fará com que ao autor caiba provas tais fatos constitutivos no decorrer da instrução. A negativa dos fatos pelo réu não pode ser genérica. O Art. 302 do CPC trata da presunção de veracidade dos fatos não impugnados, esta é relativa. As exceções estão nos incisos:

Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

As hipóteses em que o CPC admite a contestação por negação geral estão no pu do art.2) Negativa dos efeitos dos fatos constitutivos: o réu poderá também, na contestação, reconhecer a real existÊNCIA E VERACIDADE dos fatos alegados pelo autor, mas negar-lhes as consequências jurídicas alvitradas na petição inicial. Neste caso, ante a confissão do réu a respeito dos fatos constitutivos do autor, este fica liberado do ônus de prová-los. Todavia, o réu asseverará, em sua postura defensiva, que os fatos não produzem os efeitos jurídicos pretendidos pelo autor, que, assim, não poderá merecer a tutela jurisdicional postulada na inicial. Evidentemente que a matéria será abordada na sentença, cabendo ao juiz, tão somente, examinar o direito que foi invocado pelo autor, para, então, verificar se, realmente, ele tem razão ou não.

Compensação.

- Compensação, retenção e dedução: no processo do trabalho, a compensação e a retenção também

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são consideradas contestação indireta do mérito, uma vez que constituem fatos modificativos do direito alegado pelo autor. O art. 767 da CLT: a compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa. Se o reclamado não alegar a compensação na contestação, não poderá fazê-lo em outra oportunidade, uma vez que estará preclusa a matéria. A compensação restringe-se à dívida de natureza trabalhista (TST S. 18), como adiantamentos salariais, aviso prévio, danos causados pelo empregado. Não se admite a compensação de dívida de natureza civil ou comercial. O art. 477, §5 da CLT dispõe que, na rescisão, qualquer compensação no pagamento a que fizer jus o empregado não poderá exceder o equivalente a um mês de sua remuneração. A compensação depende de pedido expresso do reclamado. A dedução pode ser autorizada de ofício pelo juiz e decorre da aplicação do princípio do non bis in idem. A retenção consiste no direito que o reclamado tem de reter alguma coisa do reclamante até que este quite sua dívida em relação àquele.A retenção, tal como a compensação, deve ser requerida pelo reclamado na contestação, sob pena de preclusão.

Reconvenção.

É uma das modalidades de resposta do réu. Não se trata de defesa, pois esta concerne apenas às exceções e à contestação. Cuida-se, isto sim, de um contra-ataque do réu em face do autor dentro do mesmo processo. Há uma cumulação objetiva de ações (principal e reconvencional) no mesmo processo.Há quem sustente o descabimento da reconvenção no processo do trabalho, argumentando que a previsão expressa da compensação e da retenção são matérias típicas de defesa, e não de reconvenção, razão pela qual não haveria omissão na CLT a respeito, impedindo, assim, a aplicação subsidiária do CPC. A corrente majoritária entende que é compatível com o PT, desde que observadas algumas peculiaridades ínsitas a esse setor especializado do direito processual, mormente no que tange ao procedimento a ser observado. Negá-la é violar o princípio constitucional da inafastabilidade do acesso ao Judiciário. Ademais, seu processamento repousa nos princípios da celeridade processual e da economia processual.- Requisitos específicos

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

Para Nelson Nery, seriam 4 pressupostos: que o juiz da causa principal não seja absolutamente incompetente para julgar a

reconvenção. Haver compatibilidade entre os ritos procedimentais da ação principal e da ação

reconvencional. Haver processo pendente. Haver conexão entre a reconvenção, a ação principal ou algum dos fundamentos da defesa.

É inadmissível no processo de execução e no cautelar.O TST vem admitindo a apresentação da contestação e da reconvenção numa mesma peça processual, sem que isso implique violação ao art. 229 do CPC – prestigiando o princípio da instrumentalidade das formas.- Reconvenção e inquérito judicial: nas ações com natureza dúplice, não é pacífico o entendimento sobre o cabimento da reconvenção. No PT o ex. Mais comum é o inquérito para apuração da falta grave. Para BL se o iqnuérito for julgado improcedente, não há necessidade de o empregado reconvir, pois o empregador é obrigado a readmití-lo no serviço e a efetuar o pagamento da remuneração referente a todo período anterior ao afastamento. No caso, se o empregado ajuizar a reconvenção ele seria carecedor do direito de ação por lhe faltar interesse processual. Se o objeto da reconvenção for mais amplo que o inquérito, há interesse.- Reconvenção e ação de consignação em pagamento: com o advento da L. 8951/94, a ação de

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consignação em pagamento passou a ter natureza dúplice, tornando-se, pois, desnecessária a reconvenção. A jurisprudência vem admitindo a cumulação objetiva entre ação de consignação e reconvenção.- Reconvenção em dissídio coletivo: tendo em vista que o dissídio coletivo pode ter natureza declaratória, constitutiva ou mista, não nos parece incompatível que o suscitado possa oferecer reconvenção e o pedido contraposto. Todavia, exige-se que haja conexão entre a reconvenção e o dissídio coletivo. Assim entende o TST.- Reconvenção, compensação e dedução: A dedução pode ser autorizada de ofício pelo juiz na sentença de cognição, diante da prova produzida, impedindo o enriquecimento sem causa. A dedução também pode ser pleiteada pela parte a quem ela aproveita. A compensação é instituto de direito material, podendo, no entanto, ser invocada no PT: como matéria de contestação, como pedido contraposto, desde que o montante a ser compensado seja igual ou inferior a uma remuneração mensal do empregado; por meio de reconvenção, desde que presentes os pressupostos processuais, as condições da ação e os requisitos específicos da reconvenção, se o montante a ser compensado for superior a uma remuneração mensal do empregado. Ver:

OJ-SDI1-356 PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS EM JUÍZO. COM-PENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE (DJ 14.03.2008)Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do traba-lhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).

- Defesa na reconvenção: a defesa na reconvenção não se limita à contestação, como a literalidade do art. 316 do CPC pode fazer transparecer, podendo o reclamado-reconvinte tanto oferecer exceções (de suspeição, impedimento ou incompetência relativa) quanto apresentar contestação, levantando preliminares (cpc 301) ou discutindo o mérito, de forma direta ou indireta. Embora a lei não a vede expressamente, não tem sido aceita a reconvenção da reconvenção, pois isso, é óbvio, poderia implicar tumulto processual e eternização do processo. Recomenda-se a apresentação da reconvenção em peça distinta, muito embora isso não seja obrigatório, porquanto o processo do trabalho admite a resposta oral.- Revelia e confissão ficta na reconvenção: se o autor-reconvindo não apresentar defesa, será ele considerado revel e confesso quanto à matéria de fato, nos termos do art. 319 do CPC. Para BL, ao reclamante-reconvindo deverá ser concedido o prazo de 5 dias para apresentação da sua defesa à reconvenção, salvo se ele abrir mão desse prazo na própria audiência, mediante certificação em ata. Se o juiz conceder o prazo, a audiência será suspensa, devendo designar outra data para seu prosseguimento.- Resolução do processo da ação e reconvenção: a desistência da ação principal ou qualquer outra causa extitntiva antecipada do processo principal não implica a paralisação ou extinção da ação reconvencional, cujo prosseguimento continua, até a prolação da sentença de mérito, desde que presentes os pressupostos processuais, as condições da ação e os requisitos específicos da reconvenção. Caso o reclamado-reconvinte desista da reconvenção, a ação principal também ter;a seu curso normal até a decisão final.- Julgamento simultâneo da ação e reconvenção: art. 318 do CPC. É nula a sentença que julga apenas a ação principal, deixando de julgar a reconvenção.

IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

A impugnação ao valor da causa não consta expressamente como espécie de resposta do réu. Todavia, assiste razão a RS ao considerar que tal impugnação se qualifica como modalidade de defesa, pelo fato de impugnar requisito da petição inicial, adequando o valor da causa à pretensão econômica postulada, gerando, por consequencia, a modificação da base de cálculo das custas

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judiciais atinentes. Aqui incidem as regras di CPC, com adaptações ao PT.Há dois procedimentos distintos:a) petição inicial omissa sobre o valor da causa: se a petição inicial é omissa, o juiz, de ofício (ou mediante requerimento do réu) antes de passar à instrução, deverá fixar o valor da causa para determinação da alçada, podendo qualquer das partes, até as razões finais impugnar o valor judicialmente fixado. Caso o juiz acolha ou rejeite a impugnação, a parte prejudicada poderá interpor pedido de revisão do valor da causa fixado, no prazo de 48 horas, ao presidente do TRT, sendo que tal recurso inominado não possui efeito suspensivo.

b) Petição inicial contém o valor da causa:o réu pode, no prazo da contestação, impugnar o valor da causa atribuído pelo autor.

SUM-71 ALÇADA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A alçada é fixada pelo valor dado à causa na data de seu ajuizamento, desde que não impugnado, sendo inalterável no curso do processo.

Para BL, nesta hipótese a impugnação pode ser apresentada na contestação, como preliminar.

Por ser simples incidente processual, não há razão, no processo do trabalho, para sua autuação em apenso, como exige o art. 261 do CPC. Se não houver impugnação, presume-se aceito o valor da causa.

10. Provas: princípios, peculiaridades, oportunidade e meios. Ônus da prova. Interrogatório.Confissão. Documentos. Incidente de falsidade documental. Testemunha (compromisso,impedimentos e conseqüências). Perícia e inspeção judicial.Provas: princípios, peculiaridades, oportunidade e meios.

- Instrução do processoÉ a fase em que são colhidas as provas que formarão o convencimento do juiz acerca dos fatos narrados pelo autor, réu ou terceiro. Daí porque o art. 832 da CLT prevê que na sentença o juiz deve apreciar as provas produzidas nos autos.Nos termos do art. 848, §§ 1 e 2 da CLT, a instrução do processo inicia-se logo após a apresentação da defesa do réu.Divergem os autores acerca da delimitação da instrução processual: para uns a instrução abrange as provas e as alegações; para outros, apenas as provas são objeto desta fase.Os meios de prova na CLT estão previstos basicamente nos arts. 818 a 830.

- Conceito de provaHá relação íntima entre prova e instrução probatória. Nessa perspectiva tradicional do Estado Liberal, prova, nos domínios do direito processual, seria o meio lícito para demonstrar a veracidade ou não de determinado fato com a finalidade de convencer o juiz acerca da sua existência ou inexistência.

- Princípios probatóriosa) Contraditório e ampla defesa: as partes tem o direito fundamental de se manifestarem reciprocamente sobre as provas apresentadas. É princípio que deve ser observado em processos judiciais ou administrativos. Por força do art. 130 do CPC pode o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, determinar a realização das provas necessárias à instrução do processo, bem como indeferir diligências inúteis ou meramente protelatórias.

b) Necessidade da Prova: as alegações das partes em juízo não são suficientes para demonstrar a verdade ou não de determinado fato. É necessário que a parte faça prova das alegações.

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c) Utilidade da Prova: a prova deve ser examinada no seu conjunto, formando um todo unitário em função do que não se deve apreciar a prova isoladamente.

d) Proibição da prova obtida ilicitamente: art. 5, LVI da CF. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Esse princípio vem sendo mitigado, em casos concreto0s, com base nos princípios da proporcionalidade ( ou da razoabilidade), segundo o qual não se deve chegar ao extremo de negar a validade a toda e qualquer prova obtida por meios ilícitos. A revista íntima também pode ensejar violação ao princípio em epígrafe. Há entendimentos que admitem a revista íntima, desde que o empregador adote todos os meios necessários à preservação da intimidade e da dignidade do trabalhador. O enunciado 15 aprovado na 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho repudia qualquer tipo de revista promovida pelo empregador.

e) Livre consentimento ou persuasão racional: são dois os sistemas jurídicos acerca da posição do juiz na aferição da prova processual, os quais são informados por dois princípios: o do livre convencimento e o da certeza legal. O sistema do livre convencimento se opõe ao sistema da certeza legal, pois neste o valor das provas já estava preestabelecido em lei, não tendo o juiz nenhuma liberdade na sua apreciação. O ordenamento brasileiro adota a livre convencimento, também chamado persuasão racional. Está consagrado no art. 131 do CPC, sendo certo que a CLT também o contempla implicitamente no art. 765, que confere ao juiz ampla liberdade na condução do processo e no art. 832, que determina constar da sentença a apreciação das provas e os fundamentos da decisão.

f) Oralidade: no PT as provas devem ser realizadas, preferencialmente, na audiência de instrução e julgamento, isto é, oralmente e na presença do juiz. Este princípio está positivado em diversos artigos da CLT, principalmente no seu art. 845, segundo o qual o reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados de suas testemunhas, apresentando, nesta ocasião, as demais provas. Tb os arts. 848 usque 852 e 852-H.

g) Imediação: é de natureza processual e não se confunde com o princípio da imediatidade, que é instituto de direito material do trabalho e diz respeito ao lapso de tempo razoável entre a falta cometida pelo empregado e a punição aplicada pelo empregador. Todavia, há quem utilize os termos imediação e imediatidade como sinônimos para fins processuais. Este princípio estabelece que o juiz, como diretor do processo é quem colhe, direta e imediatamente, a prova. Está previsto no art. 848 da CLT e no art. 852-D.

h) Aquisição processual: a prova produzida, independentemente de quem a produziu, é adquirida pelo processo, não podendo ser retirada dos autos, salvo em situações legalmente autorizada.

i) In dubio pro misero: consiste na possibilidade de o juiz, em caso de dúvida razoável, interpretar a prova em benefício do empregado, geralmente autor da ação trabalhista. Esse princípio não é aceito pacificamente pela doutrina no âmbito do DPT. A jurisprudência também é vacilante.

j) Busca da verdade real: é extraído do art. 131 do CPC e dos arts. 765 e 852-D da CLT, donde se conclui que o juiz tem ampla liberdade na condução do processo na busca de elementos probatórios que formem o seu convencimento sobre a alegação das partes a respeito dos fatos que tenham importância para a prolação de uma decisão fundamentada e justa. A jurisprudência reconhece o princípio em tela.

- Objeto da prova

O que provar? Constituem objeto da prova os fatos relevantes, pertinentes e controvertidos.

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Regra geral apenas os fatos devem ser provados, pois a parte não é obrigada a provar o direito. Trata-se de presunção absoluta em relação ao direito federal, uma vez que o juiz pode, nos termos do art. 337 do CPC, determinar a comprovação do teor e vigência do direito estrangeiro, municipal, estadual, distrital ou consuetudinário invocado pela parte. Com base no art. 769 da CLT, BL entende que o juiz do trabalho também pode fazer isso.

- Fatos que não dependem de prova: o art. 334 do CPC diz que não dependem de prova os fatos: notórios; afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; admitidos, no processo, como incontroversos; em cujo favor milita presunção legal de existência ou veracidade.

Ônus da prova.

Quem deve provar?Em linha de princípio, as partes têm o ônus de provas os fatos jurídicos narrados na petição inicial ou na peça de resistência, bem como os que se sucederem no envolver da relação processual. O art. 818 da CLT estabelece textualmente que o ônus de provas as alegações incumbe à parte que as fizer. Aplica-se conjugadamente o art. 333 do CPC.No que concerne à prova da existência da relação de emprego, por exemplo, compete ao reclamante provar a prestação de serviços ao suposto empregador. Quanto ao ônus de provar o término da relação empregatícia, o TST sufragou a S. 212, segundo a qual o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui constitui presunção favorável ao empregado.S. 6, VIII, do TST: é do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial.No que respeita ao VT, a SBDI-1 do TRT editou a OJ 215: é do empregado o ônus de comprovar que satisfaz os requisitos indispensáveis à obtenção do VT.A respeito do ônus da prova do não recebimento de notificação depois de 48 horas de sua postagem, a S. 16 do TST diz que tal ônus é do destinatário.Quanto ao ônus de provar as horas extras, ressalvada a hipótese prevista na S. 338 do TST, a jurisprudência majoritária aponta no seguinte sentido:

SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação in-justificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em ins-trumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às ho-ras extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

Não poderíamos encerrar este tópico sem falar no tormentoso problema do ônus probandi dos chamados fatos negativos.O problema do ônus de provar fato negativo ainda está longe de uma solução jurisprudêncial unívoca.

- Inversão do ônus da prova: a jurisprudência trabalhista vem mitigando a rigidez dos arts. 818 da CLT e 333 do CPC, passando a admitir a inversão do ônus da prova em algumas hipóteses, como a do registro de horário para fins de comprovação de horas extras.

SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incor-poradas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res.

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129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação in-justificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em ins-trumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às ho-ras extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)

O CDC consagra expressamente o princípio da inversão do ônus da prova.Para BL, atualmente, parece-nos não haver mais dúvida sobre o cabimento da inversão do ônus da prova nos domínios do DPT, não apenas pela aplicação analógica do art. 6, VIII, do CDC, mas também pela autorização contida no art. 852-D da CLT.Apesar de o dispositivo ser a respeito do procedimento sumaríssimo, BL diz ser analogicamente viável a aplicação da regra do art. 852-D da CLT a qualquer procedimento do processo trabalhista, com apenas uma advertência: o princípio em tela só tem lugar quando não existirem outras provas nos autos suficientes à formação do convencimento do juiz acerca dos fatos alegados pelas partes.Qual o momento processual em que o juiz deve decidir sobre a inversão do ônus da prova? Não há uniformidade doutrinária. Para alguns, na sentença, pois as regras de distribuição do ônus da prova são regras de juízo e orientam o juiz, quando há um non liquet em matéria de fato, a respeito da solução a ser dada à causa.Para BL cabe ao juiz, na sentença, fundamentar a respeito de quem era o ônus probandi, informando, inclusive, a razão que o levou a inverter o ônus probatório.

Interrogatório.

O art. 848 dispõe que terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.Por essa razão, alguns autores sustentam que não cabe aplicação subsidiária do art. 343 do CPC.Para BL, o art. 848 deve ser interpretado com o art. 820 da CLT. Assim, se conclui que se o juiz não interrogar as partes, qualquer delas pode requerer, por seu intermédio, o interrogatório recíproco. Assim também há o princípio da ampla defesa e do contraditório, a defender esta posição.Nos termos do art. 417 do CPC o depoimento, datilografado ou registrado por taquigrafia, estenotipia ou outro método idôneo de documentação, será assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores, facultando-se às partes a sua gravação.

Confissão.

O objetivo principal do depoimento pessoal das partes é a obtenção da confissão real, que é a principal prova, a chamada rainha das provas. Ela goza de presunção absoluta, razão pela qual:a) a parte a quem ela aproveita retira de si o onus probandi do fato confessado;b) o juiz tem o dever de acatá-la como fator determinante para o deslinde da questão, sendo-lhe lícito, inclusive, relevar pequenos defeitos formais da petição inicial ou da defesa se improcedente o pedido;

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c) é indivisível, isto é, deve ser considerada por inteiro, não podendo ser aceita no tópico em que beneficia a parte e rejeitada no que lhe for desfavorável.Já a confissão ficta goza de presunção relativa. Ela prevalece enquanto não houver outros meios probatórios constantes dos autos capazes de elidí-la.Dá-se a confissão ficta pelo não comparecimento da parte à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal, desde que devidamente intimada para tal fim, mas, se existir outra prova pré-constituída nos autos, o juiz poderá utilizá-la para afastar a confissão ficta. S. 74 TST.Caso a parte compareca a audiência e se recuse a responder às perguntas formuladas pelo juiz ou afirme ignorar os fatos relevantes e pertinentes para a solução da lide, também haverá confissão ficta.Em sede de ação rescisória a revelia não implica confissão ficta – S. 389 TST.

Documentos.

A legislação trabalhista não cuidou metodologicamente da prova documental. Mas faz referências nos arts. 777, 780, 787, 830.Os documentos que estiverem de posse do autor e do réu devem acompanhar não apenas a petição inicial, como também a defesa, ante o caráter de bilateralidade da ação e da defesa, o que impõe o tratamento igualitário entre as partes.O descumprimento dessa regra pode ensejar: a) o encerramento da instrução sem direito das partes à suspensão ou adiamento da audiência para apresentação dos documentos que deveriam acompanhar a petição inicial e a contestação, salvo se a parte provar motivo relevante ou se o documento tiver por objetivo contrapor; b) a desconsideração do documento juntado serodiamente; c) a preclusão.Em sede recursal, a juntada de documentos só é admitida excepcionalmente (TST S. 8). Caso admitido o documento, a parte contrária deverá ser intimada para se pronunciar a seu respeito, sob pena de caracterizar violação ao princípio do contraditório e ampla defesa.No tocante à autenticação do documento, exigido formalmente pelo ar. 830 da CLT, a OJ 36 da SBDI-1 já mitigou a rigidez:

OJ-SDI1-36 INSTRUMENTO NORMATIVO. CÓPIA NÃO AUTENTICA-DA. DOCUMENTO COMUM ÀS PARTES. VALIDADE (título alterado e in-serido dispositivo) - DJ 20.04.2005O instrumento normativo em cópia não autenticada possui valor probante, desde que não haja impugnação ao seu conteúdo, eis que se trata de documento co-mum às partes.

O art. 830 permite que o documento apresentado em cópia, destinado à produção de prova poderá ser declarado autêntico pelo pp advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Havendo impugnação, a parte que produziu o documento será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos. Caso o advogado não apresente o original do documento impugnado, será ele responsabilizado pessoalmente no âmbito criminal, civil e administrativa, devendo o juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, noticiar o fato ao MP e à Ordem dos advogados do Brasil.Quanto à peças que formam o AI, a jurisprudência tem sido rígida ao exigir a autenticação das referidas peças, sob pena de não conhecimento do recurso.O art. 365 do CPC aplica-se ao PT:

Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais: I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências, ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas;III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais.IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo

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próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem; (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 1o Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do prazo para interposição de ação rescisória. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ou secretaria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provas a existência de tal fato.Não obstante o direito material do trabalho permitir até mesmo o contrato de trabalho tácito ou verbal, a própria CLT abre exceções quanto a alguns atos cuja prova escrita é imprescindível, como: pagamento de salários; acordo de prorrogação de jornada; concessão ou pagamento das férias; concessão do descanso da gestante. Nesses casos, nenhum outro meio de prova distinto do documental surtirá efeito.Quanto ao recibo de quitação das verbas decorrentes da extinção do CT o art. 447 da CLT exige algumas formalidades especiais.

SUM-330 QUITAÇÃO. VALIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágra-fos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressa-mente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas.I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo.II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do con-trato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente con-signado no recibo de quitação.

As anotações feitas na CTPS gozam de presunção iuris tantum, admitindo, assim, outros meios de prova para elidí-las (S. 12 TST e 225 STF).No procedimento sumaríssimo, todas as provas, inclusive a documental, deve ser produzidas na audiências de instrução e julgamento, não sendo obrigatório o requerimento prévio para tal mister. Em caso de apresentação de documento, o juiz abrirá o contraditório na pp audiência, podendo o juiz, em decisão fundamentada, conceder prazo para a parte manifestar-se sobre ele, quando se tratar de questão complexa que exija a interrupção da audiência.É lícito às partes, em qualquer tempo, juntas aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

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Em se tratando de documentos públicos indispensáveis à prova dos fatos alegados pelas partes, o art. 399 do CPC prescreve de forma imperativa, isto é, independentemente de requerimento da parte interessada, que:

Art. 399. O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de jurisdição:

I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;

II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração indireta.

§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem. (Renumerado pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio eletrônico conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que consta em seu banco de dados ou do documento digitalizado.

- Exibição de documentosSe a parte pretender provar suas alegações por meio de documentos que se encontram em poder da outra parte, deverá pedir ao juiz que determine sua exibição, sob pena de serem considerados como verdadeiros os fatos que a parte interessada pretendia provar com o respectivo documento. A exibição pode ser feita como procedimento preparatório observando-se o msm rito da exibição incidente.Requisitos:

Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;

II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;

III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.

O prazo da resposta é de 5 dias contados da intimação para tal fim. Se a parte requerida afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.O juiz, no entento, não admitirá a recusa:a) se o requerido tiver obrigação legal de exibir;b) se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;c) se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.Se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo legal ou judicial, ou se a recusa for havida como ilegítima, o juiz proferirá decisão admitindo como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou coisa, a parte pretendia provar. Esta é decisão tipicamente interlocutória e não há recurso contra ela.Tratando-se de documento que esteja em poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo para responder no prazo de 10 dias.Se o terceiro (ou parte), sem justo motivo, negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas. Em seguida, proferirá decisão interlocutória, irrecorrível de imediato no PT/.- Documento eletrônico:os arts. 11 e 13 da Lei 11419/2006 se aplicam ao PT.

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Incidente de falsidade documental.

É permitido à parte contra quem foi produzido o documento suscitar o incidente de sua falsidade. Aplica-se subsidiariamente o art. 390 do CPC:

Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da sua juntada aos autos.Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de encerrada a instrução, a parte o argüirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.

Art. 392. Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no prazo de 10 (dez) dias, o juiz ordenará o exame pericial.

Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que produziu o documento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se opuser ao desentranhamento.

Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em apenso aos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o relator, observando-se o disposto no artigo antecedente.

Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o processo principal.

Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou autenticidade do documento. ( NO CASO NÃO É SENTENÇA, MAS DECISÃO INTERLOCUTÓRIA)

No PT esse prazo poderá ser aberto em qualquer hipótese, pois não se toma conhecimento dos documentos na inicial.Quando o documetno for apresentado antes de encerrada a instrução, a parte o arguirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado. Neste caso, o incidente será processado nos mesmos autos.Todavia, se o documento for apresentado depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em apenso aos autos principais. No Tribunal irá se processar perante o relator.

Testemunha (compromisso, impedimentos e conseqüências).

No procedimento sumaríssimo, as testemunhas, no máximo de 2 para cada perte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação, sendo certo que só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. É ônus da parte, no procedimento sumaríssimo, provar que convidou a testemunha, sob pena de perda da prova. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva.O art. 845 da CLT determina que as partes compareçam à audiência acompanhadas de suas testemunhas. Deve ser interpretado com o art. 825 da CLT.Caso as testemunhas não compareçam, deverão ser intimadas, de ofício ou a requerimento das partes, sujeitando-se, inclusive, à condução coercitiva, sem prejuízo da multa prevista no art. 730 da CLT. É inaplicável o art. 407 do CPC que exige depósito prévio do rol de testemunhas.

- Prova testemunhalHá um consenso geral na afirmação de que a prova testemunhal é o meio mais inseguro.Para BL não se aplica ao DPT o art. 401 do CPC, segundo o qual a prova exclusivamente

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testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda ao décuplo do salário mínimo. Isto porque a lei trabalhista admite até mesmo o CT tácito.Quem pode ser testemunha? Toda pessoa natural que esteja no pleno exercício da sua capacidade e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha conhecimento dos fatos relativos ao conflito de interesses constante do processo no qual irá depor. Não podem ser testemunhas as pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas. O art. 405, §4, do CPC constitui exceção. Ver também art. 228 do CC.TST S. 357:

SUM-357 TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA. SUS-PEIÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litiga-do contra o mesmo empregador.

O DPT permite que, em regra, cada parte indique apenas 3 testemunhas, salvo no caso de inquérito judicial para apuração de falta grave, quando poderão ser 6. No procedimento sumaríssimo, permitidas apenas 2 testemunhas para cada parte.O art. 481, I do CPC é aplicável ao DPT, permitindo as testemunhas do juízo, para o juiz buscar a verdade real.Na JT as partes podem comparecer à audiência acompanhadas das suas testemunhas, sendo óbvio que, na assentada, poderão substituir as testemunhas anteriormente arroladas.No que tange ao rol, no PT não há obrigatoriedade de sua apresentação. Somento quando a testemunha não comparecer espontaneamente à audiência é que o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, determinar sua intimação – pu do art. 825 da CLT. Caso a testemunha, sem motivo justificado, não atenda à intimação, poderá ser conduzida coercitivamente, e estará sujeita ao pagamento de multa prevista no art. 730 da CLT.Alguns juízes vem determinando prova do convite à testemunha, entretanto, para BL a lei não exige isso. Isso à exceção do proced. Sumaríssimo.No procedimento ordinário o art. 828 da CLT dispõe que os depoimentos das testemunhas serão resumidos pelo juiz e reduzidos a termo.No procedimento sumaríssimo, o art. 852-F prescreve que na ata de audiência serão registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazidos pela prova testemunhal.Já no proced. Sumário é dispensado o resumo dos depoimentos, na medida em que deve constar da ata apenas a conclusão do juiz quanto à matéria de fato.O depoimento das partes e das testemunhas que não souberem falar a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz. O mesmo para surdo-mudo. As despesas correrão por conta da parte a que interessar o depoimento.As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente arroladas ou convocadas. Essa mesma regra é aplicada ao empregado que figure como parte na ação trabalhista.Se a testemunha for servidor público e tiver de depor em hora de serviço, será requisitado ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada.O juiz ou presidente deverá adotar todas as providências necessárias para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo.Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.Para BL, a oportunidade para a parte contraditar a testemunha é logo após a sua qualificação e antes que preste o compromisso de dizer a verdade sobre o que sabe e lhe for perguntado.Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião da audiência, pelo diretor de secretaria da VT ou funcionário para esse fim designado, devendo a súmula do depoimento ser assinada pelo juiz e pelos depoentes.

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PeríciaQuando a prova de determinados fatos alegados pelas partes depender de conhecimentos técnicos ou científicos, o juiz poderá designar um perito, que é considerado um auxiliar da justiça.A prova pericial pode consistir em exame, vistoria ou avaliação, cabendo ao expert elaborar laudo pericial, que conterá os dados técnicos necessários ao exclarecimento dos fatos e à formação da convicção do juiz.O juiz não fica adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu convencimento com base em outros fatos ou elementos provados nos autos.O juiz indeferirá a perícia quando: a) a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; b) for desnecessária em vista de outras provas produzidas; c) a verificação for impraticável.O perito poderá escusar-se do encargo, desde que alegue motivo legítimo. A escusa será apresentada dentro de 5 dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito de alegá-la.O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.A produção da prova pericial no PT poderá ser requerida pela parte ou determinada, de ofício, pelo juiz. Todavia, se o pedido versar sobre pagamento de adicional de insalubridade ou periculosidade, o juiz estará obrigado a determinar a realização da prova pericial, ainda que o réu seja revel e confesso quanto à matéria de fato.O art. 195 da CLT determina que a caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade far-se-ão por meio de perícia a cargo de médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, registrado no MTE, não havendo obrigatoriedade de que o médico verifique somente as condições insalubres e o engenheiro as perigosas.No proced. Sumaríssimo, somente quando a prova do fato exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica. As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo no prazo comum de 5 dias.O art. 790-B da CLT dispõe que a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita.A jurisprudência majoritária entende ser incabível o depósito prévio (adiantamento) dos honorários periciais, o que levou a sbdi-2 do TST a editar a OJ 98, que admite a impetração de MS para atacar ato do juiz que exige o depósito prévio dos honorários. Mas por força da EC 45 e da IN 27 do TST é facultado ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito prévio dos honorários periciais nas lides oriundas da relação de trabalho ou distintas da relação de emprego.Quanto aos honorários do assistente técnico, S. 341:

SUM-341 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pe-los respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia.

Após a nomeação do perito, as partes têm o prazo de cinco dias para apresentar os quesitos e nomear assistente técnico. O art. 425 do CPC permite a apresentação de quesitos suplementares, observando-se o contraditório.Ocorrendo o fechamento do estabelecimento, impedindo a realização de exame pericial para apuração de insalubridade, poderá o juiz valer-se de outros meios de prova para deferir o respectivo adicional – OJ 278 da SBDI-1.Para BL é aplicável no PT a regra prevista no art. 427 do CPC.Apresentado o laudo pericial, o juiz determinará a intimação das partes para se manifestarem sobre ele. Poderá o juiz, ainda, ouvir o perito em audiência para prestar esclarecimentos.É lícito ao juiz determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida CPC art. 437.A segunda perícia, quando determinada pelo juiz, rege-se pelas disposições estabelecidas para a

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primeira e tem por objeto os mesmos fatos sobre os que recaiu a primeira. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de ambas.- Prova pericial emprestadaHá controvérsia sobre o cabimento da prova pericial emprestada, que é aquela produzida em outro processo judicial e aproveitada em outro processo distinto. Para uns, a prova emprestada é nula por violar os princípios do contraditório e da ampla defesa. Outros sustentam a sua validade, por estar em conformidade ao princípio da efetividade da tutela jurisdicional.O TST recentemente decidiu que se o laudo produzido na outra ação tratar da mesma questão em análise nos autos trabalhistas, a prova emprestada pode ser utilizada.

Inspeção judicial

A CLT é omissa a respeito da inspeção judicial. Aplica-se o CPC subsidiariamente.Ela tem lugar qnd houver necessidade de o juiz deslocar-se até o local onde se encontre a pessoa ou coisa.O art. 441 do CPC determina que, ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos. Embora a lei não mencione, cremos ser também factível a inspeção indireta, que é a realizada, por delegação do Relator do processo em trâmite no Tribunal, como no caso de necessidade desse meio de prova em sede de ação rescisória.O art. 442 do CPC estabelece alguns critérios para que esse meio de prova seja realizado, ou seja, o juiz poderá realizar a inspeção quando: a) julgar necessário para melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; b) a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; c) determinar a reconstituição dos fatos.Há entendimento no sentido de que a ausência de intimação das partes para a realização da inspeção judicial não caracteriza cerceio do direito de defesa.Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. O auto lavrado poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.

11. Sentença nos dissídios individuais. Tutela antecipada de mérito e tutela cautelar no processotrabalhista. Termo de conciliação e seus efeitos: perante as partes, terceiros e INSS. Honorários periciais e advocatícios. Sentença nos dissídios individuais.

- Razões finaisConstituem faculdades conferidas às partes para manifestarem-se nos autos logo depois da instrução e antes da prolação da sentença. Não são obrigatórias. São apresentadas oralmente, sendo 10 minutos o prazo para cada parte.O julgador pode facultar a apresentação das razões finais escritas (aplicação analógica do § do art. 454 do CPC), devendo o juiz, nesse caso, designar dia e hora para o oferecimentos dos memoriais.Se a parte não manifestar interesse em apresentá-las ou se o juiz não conceder tal oportunidade e a parte não formular seu inconformismo na própria audiência, nenhuma nulidade será declarada, restando preclusa a matéria.Nas causas de alçada as razões finais cumprem uma função específica, uma vez que por meio delas poderá qualquer das partes impugnar o valor da causa fixado pelo juiz.Nas causas submetidas ao procedimento sumaríssimo não há previsão legal para elas, mas também não há proibição.

- Conciliação pré-decisóriaFindas as razões finais, o juiz, por força do art. 850 da CLT, deve renovar a proposta de conciliação.A ausência da primeira proposta de conciliação não nulifica o processo, mas, se o juiz, antes de proferir a sentença, não apresentar a segunda proposta de conciliação, a sentença estará

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contaminada de vício insanável, por violação à regra cogente contida nos arts. 831 e 850 da CLT.O TST entende que a ausência da segunda proposta conciliatória não é essencial à validade do processo. Basta a primeira tentativa.Para BL em caso de recurso o Tribunal somente poderá decretar a nulidade da sentença se a ausência de proposta conciliatória implicar manifesto prejuízo para as partes, sendo certo que, nos termos do art. 764, §3 da CLT, é lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.O juiz não está obrigado a homologar a proposta de acordo, ainda que formulada por ambas as partes.

- Acordo (termo de conciliação)Art. 831 da CLT diz que no caso de conciliação o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Prev. Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

- Conversão do julgamento em diligênciaSe no momento de redigir a sentença o juiz verificar a existência de irregularidades que poderiam ter sido corrigidas no momento oportuno e não o foram, poderá converter o julgamento em diligência, cujo escopo reside na sanação da irregularidade.Essa covnersão constitui em medida saneadora, que se encontra em sintonia com o princ. Da economia processual, na medida em que pode evitar a decretação de nulidade do processo pelo tribunal competente para processar e julgar o recurso correspondente.A base legal encontra-se no art. 765 da CLT e no art. 796-a.

- Sentençaa) Atos do juizConsistirão, nos termos do art. 162 do CPC, em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.A CLT não adota a metodologia do CPC, mas a teoria geral do processo está a revelar que os referidos atos judiciais são praticados em qualquer processo. A CLT emprega o termo decisão em sentido amplo.

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADENa Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões inter-locutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

b) Novo conceito de sentença à Luz da lei n. 11232/2005Houve substancial alteração do conceito de sentença, pois o sistema anterior apenas levava em conta os seus efeitos, enquanto no atual o que importa é o seu conteúdo. Portanto, agora, há dois conceitos de sentença: as terminativas e as definitivas.- Sentença terminativaProvimento judicial que, sem apreciar o mérito, resolve o procedimento no primeiro grau de jurisdição. É o que se dá nas hipóteses do art. 267 do CPC.Há, porém, situações, como as previstas nos arts. 296, 463 do CPC e art. 897-a da CLT, em que a sentença, mesmo terminativa, não implica automática extinção do procedimento em primeiro grau, pois se houver interposição de apelação (ou RO) ou de embargos de declaração com efeitos infringentes a sentença poderá ser reformada pelo próprio juiz que a proferiu.

Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição

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no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente. Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;II - por meio de embargos de declaração.

- Sentença definitivaProvimento judicial que, apreciando e resolvendo o mérito da demanda, pode implicar a extinção do procedimento em primeiro grau de jurisdição. Ocorre com as hipóteses do art. 269 do CPC.Das sentenças constitutivas, se não houver recurso, estará realmente exaurido o ofício jurisdicional do juiz que as prolatou.Tratando-se se sentença condenatória, mandamental ou executiva lato sensu, para BL não existirá a extinção do procedimento mesmo depois de proferida a sentença, uma vez que o pp juiz que a proferiu continuará praticando atos posteriores, visando ao efetivo cumprimento do seu conteúdo.

Neste tópico, BL diz que é importante romper com o formalismo jurídico e estabelecer o diálogo das fontes normativas infraconstitucionais do CPC e da CLT, visando à concretização do princípio da máxima efetividade das normas (princípios e regras) constitucionais de direito processual, especialmente o novel princípio da duração razoável do processo com os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

c) Classificação quinária das sentençasPara BL as sentenças, segundo doutrina tradicional, são classificadas segundo os efeitos que exercem no processo. Teríamos, então, as sentenças que extinguiriam o processo sem e com julgamento do mérito.A partir da vigência da Lei 11232 essa classificação não pode subsisitr. Devem ser classificadas as sentenças de acordo com o provimento jurisdicional solicitado pelo autor. Teríamos as sentenças declaratórias, constitutivas, condenatórias, mandamentais ou executiva lato sensu.- Sentença declaratóriaEm todas as ações de conhecimento, existe um acertamento, uma declaração acerca do objeto do processo. Daí se denominarem também ações de acertamento, pois nelas são proferidas decisões que reconhecem a existência e a certeza de um direito. Diz-se que é declaratória a sentença que se limita a declarar a existência ou inexistência de uma relação jurídica ou autenticidade ou falsidade de um documento.

OJ-SDI1-276 AÇÃO DECLARATÓRIA. COMPLEMENTAÇÃO DE APO-SENTADORIA (DJ 11.08.2003)É incabível ação declaratória visando a declarar direito à complementação de aposentadoria, se ainda não atendidos os requisitos necessários à aquisição do direito, seja por via regulamentar, ou por acordo coletivo.

Os efeitos da sentenca declaratória são ex tunc, retroagem no tempo à data da celebração da relação jurídica reconhecida judicialmente.

Sentença que declara a inexistência de relação empregatíciaOutra questão muito debatida nos domínios do PT é a que diz repeito à sentença que, reconhecendo

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a inexistência de vínculo empregatício entre autor e réu, declara o primeiro carecedor da ação, por ilegitimidade ativa ad causam.Para BL, se houve instrução probatória para tal conclusão, deve-se interpretar a sentença como definitiva – CPC art. 269, I.Se se admite a sentença terminativa, poderá o autor, após seu trânsito em julgado, ajuizar novamente a mesma ação quantas vezes quiser. Mas, se a opção for pela sentença definitiva, com seu trânsito em julgado, restará apenas a ação rescisória, como única possibilidade de modificá-la.

Declaração incidental de existência de relação jurídica litigiosaA JT a enfrenta a partir da EC 45/2004. É quando o réu pede seja o autor declarado carecedor da ação pelo fato de ser trabalhador autônomo. Pode ser pedida face ao art. 5 do CPC.

Declaração incidental de inconstitucionalidade exercido por juiz singularNo Brasil, o controle pode ser concentrado ou difuso. Este pode ser exercido pela via da exceção ou defesa. Por isso o controle difuso é aberto, porquanto exercido por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, observando-se as regras de competência funcional.Interessa-nos o controle difuso, que é exercido por um juiz do trabalho diante de um caso concreto que exige uma declaração incidenter tantum, prejudicialmente ao exame do mérito (pedido). A declaração de inconstitucionalidade pode ser proferida de ofício pelo juiz ou a requerimento do autor, réu ou terceiro juridicamente interessado.

- Sentença constitutivaÉ aquela que julga procedente uma ação constitutiva. Diz-se que a ação é constitutiva quando tem por objeto criar, modificar ou extinguir determinada relação jurídica.Em geral, as sentenças constitutivas produzem efeitos ex nunc, a partir do seu trânsito em julgado, mas a lei pode dispor diferentemente.

- Sentença condenatóriaÉ a que julga procedente o pedido inscrito em uma ação condenatória. São condenatórias as sentenças que impõem ao vencido uma obrigação de satisfazer o direito reconhecido judicialmente. As obrigações impostas ao vencido nas sentenças condenatórias podem ser de fazer, não fazer, entregar ou pagar quantia.Produzem efeitos ex tunc, em regra (retroagem à data da violação do direito).

- Sentenças mandamentais e executivas lato sensuSentença mandamental se aproxima, mas não se confunde com a sentença executiva lato sensu. Ambas guardam estritas semelhanças em virtude da natureza auto-operante dos respectivos provimentos jurisdicionais, prescindindo de posterior processo de execução ex intervallo. Distinguem, contudo, quanto ao objeto imediato da respectiva tutela jurisdicional. Na decisão executiva em sentido amplo, o objetivo é entregar o bem litigioso ao credor, proporcionando transformações no plano empírito mediante a transferência do domínio da coisa litigiosa.Foram positivadas no ordenamento as sentenças executivas lato sensu, pois, nas ações que tenham por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz poderá, na sentença, se procedente o pedido, determinar providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento, independentemente da instauração de um processo de execução.

- Colusão ou lide simuladaHá uma outra hipótese de sentença terminativa que está prevista não no art. 267 do CPC, mas no art. 129 do mesmo Código. Essa forma de extinção do processo sem apreciação do pedido está autorizada no inciso XI do pp art. 267 do CPC.A jurisprudência vem interpretando o preceptivo em causa como hipótese de extinção do feito sem julgamento do mérito, ora por ausência de pressuposto processual, ora por carência do direito de

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ação.

d) Sentença e termo de conciliaçãoExistem controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais acerca da natureza do termo de conciliação previsto no art. 831, pu, da CLT.Alguns o equiparam à sentença de mérito, a teor do art. 269, III, do CPC, uma vez que, na literalidade do preceptivo em causa, o termo conciliação valerá como decisão irrecorrível, desafiando, apenas, ação rescisória, nos estreitos limites dessa ação especial (S. 259 TST), salvo para a previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas.Outros mencionam que o termos de conciliação não corresponde à sentença de mérito, pois o Judiciário não apreciou a lide, isto é, não houve pronunciamento judicial acerca do pedido, mas mera administração judicial de interesses privados. Para os defensores dessa corrente, o termo de conciliação seria mero ato processual de jurisdição voluntária.

e) Requisitos essenciais da sentençaTeoria dos três c`s: a sentença deve ser completa, clara e concisa.No PT o art. 832 da CLT dispõe expressamente sobre os elementos que devem constar da sentença:

nome das partes;(R) resumo do pedido e da defesa;(R) apreciação das provas;(F) os fundamentos da decisão;(F) a respectiva conclusão.(D)

O art. 458 do CPC disciplina os requisitos essenciais da sentença:

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

- RelatórioDeve constar o nome das partes. Em se tratando de ações individuais plúrimas, todos os litisconsortes devem estar nominados. Na substituição processual, a parte é o susbtituto, e não o substituído, razão pela qual não há necessidade da identificação destes últimos, malgrado o entendimento jurisprudencial da cancelada S. 310.Em se tratando de ação do sumaríssimo, ele é dispensado.Sentença sem relatório, salvo se for prolatada em procedimento sumaríssimo, é nula de pleno direito, tendo em vista o caráter imperativo do art. 832 da CLT, c/c o art. 458, I, do CPC.

- FundamentaçãoFundamentação ou motivação constitui a base intelectual da sentença ou as razões de decidir do magistrado. Sustenta dignidade de garantia constitucional, porquanto encontra residência expressa no art. 93, IX, da CF. Sua inobservância implica nulidade absoluta da decisão judicial.Devem ser objeto de exame circunstanciado na fundamentação: em primeiro lugar, os pressuspostos processuais (de constituição e de desenvolvimento); em seguida, as condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, legitimação das partes e interesse processual); depois, as questões prejudiciais de mérito (prescrição, decadência), e, por último, o mérito pp dito, ou seja, o pedido.A ausência de motivação ou fundamentação enseja negativa de prestação jurisdicional, de acordo com o TST.

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- DispositivoDispositivo, conclusão ou decisum são expressões sinônimas empregadas para designar a parte final da sentença que será, posteriormente, coberta pelo manto da CJ.Ele deverá observar o princípio lógico ou da congruência. Isso significa que a conclusão deve guardar rigorosa sintonia com as demais partes da sentença.Sentença sem dispositivo é mais que nula, é inexistente.O dispositivo, quanto à forma, pode ser direto ou indireto.No dispositivo direto, o juiz exprime diretamente, com as suas pp palavras, a conclusão da sentença.Já no dispositivo indireto, o juiz reporta-se ao pedido descrito na petição inicial, declarando-o procedente ou improcedente.Há quem sustente que o dispositivo que reporta à fundamentação não invalida a decisão, pois a sentença, como norma jurídica que é, comporta interpretação. Para BL isso pode redundar em insegurança.

- Requisitos complementares da sentençaO PT exige alguns requisitos complementares que devem constar da parte final da sentença (D):

Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.

§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.

§ 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida.

§ 3o As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 25.10.2000)

§ 4o A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela indenizatória, na forma do art. 20 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)

§ 5o Intimada da sentença, a União poderá interpor recurso relativo à discriminação de que trata o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)

§ 6o O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da União. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)

§ 7o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União nas decisões homologatórias de acordos em que o montante da parcela indenizatória envolvida ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico.

f) Prazo e condições para cumprimento da sentençaDe acordo com o §1 do art. 832 da CLT, a sentença que julgar procedente o pedido deverá determinar o prazo e as condições para seu cumprimento.Deve-se fazer coincidir o prazo do cumprimento com o último recurso cabível da decisão a ser cumprida (8 dias). Tal regra, porém, não se aplica nas sentenças desfavoráveis aos entes de direito público, salvo na hipótese de não cabimento do duplo grau de jurisdição obrigatório (S. 303 TST).

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g) Julgamento citra, ultra e extra petitaVer abaixo

g) Intimação da sentençaDe acordo com o art. 852 da CLT, as partes serão intimadas da sentença na pp audiência em que for proferida, salvo no caso de revelia.O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se no entanto, da sua publicação (S. 197).Se o réu for revel a intimação da sentença deverá ser feita por edital, nos termos da parte final do art. 852 da CLT.Vaticina o §2 do art. 851 da CLT que a ata será pelo juiz ou presidente, junta ao processo, devidamente assinada, no prazo improrrogável de 48 hs. Se esse praz não for observado pelo juízo, as partes deverão novamente ser intimadas da sentença, desta feita por via postal. Nesse caso, o prazo para recurso correspondente será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença (S. 30).

Tutela antecipada de mérito e tutela cautelar no processo trabalhista

- Antecipação da tutela: 273, 246, 461-A do CPCA CLT contempla duas hipóteses especiais que permitem ao juiz, no curso do processo de conhecimento, conceder medida liminar. É o que dispõem os incisos IX e X do art. 659 da CLT, segundo os quais compete ao juiz presidente conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que:a) visem tornar sem efeito transferência de empregado disciplinada pelos parágrafos do art. 469 da CLT;b) visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.BL é a favor da utilização da tutela antecipada no PT, assim como o TST.→ Natureza jurídicaNão há uniformidade entre os autores. Para uns seria cautelar e segundo alguns do tipo satisfativa. Outros sustentam sua feição executiva. Há, ainda, os que advogam seu caráter mandamental. Para BL as tutelas antecipadas encerram provimento judicial híbrido com eficácia mandamental ou executiva lato sensu.→ O ato judicial que concede a tutela antecipadaPara BL, uma vez atendidos os pressupostos legais arrolados no art. 293, o juiz deve conceder a antecipação de tutela.Ela pode ser concedida total ou parcialmente.→ Requisitos para concessão

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão

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fundamentada. § 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Em princípios, a tutela antecipada depende de requerimento da parte.No PT ela pode ser concedida de ofício pelo juiz.

Prova inequívoca dos fatos da causa: ELES DEVEM ESTAR provados na inicial. A melhor prova é a documental.

Verossimilhança da alegação: há de ser entendida como verossimilhança dos fundamentos jurídicos do pedido. A concessão da tutela antecipada nas obrigações de dar ou pagar exige a verossimilhança dos fundamentos jurídicos do pedido, enquanto, nas obrigações de fazer ou não fazer, é suficiente a relevância do fundamento da demanda, ou seja, fumus boni iuris.

Receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Abuso do Direito de Defesa ou Manifesto Propósito protelatório. Fundamentação da decisão: Possibilidade de reversão do provimento antecipado

→ Tutela antecipada das obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa: art. 461, §3 do CPC. OJ 64:

OJ-SDI2-64 MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMI-NARMENTE CONCEDIDA (inserida em 20.09.2000)Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para reintegra-ção de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva.

→ Tutelas antecipadas inibitória e de remoção de ilícito: art. 461, §3 do CPC, podendo o juiz, de ofício ou a requerimento, fixar multa pelo não cumprimento da decisão.

→ Tutela antecipada contra o Poder Público: o art. 1 da Lei 9494/1997 veda a concessão de tutela antecipada requerida contra a FP nos seguintes casos:

reclassificação funcional ou equiparação de servidores públicos; concessão de aumento ou extensão de vantagens pecuniárias; outorga ou acréscimo de vencimentos; pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias a servidor público; esgotamento, total ou parcial, do objeto da ação, desde que esta diga respeito,

exclusivamente, a qualquer das matérias acima referidas.O STF (RE 495740) admitiu a concessão de tutela contra a FP nos casos concretos em que se verifica violação ao princípio da dignidade da pessoa humana.

- Diferenças entre tutela antecipada e tutela cautelarA Lei 6203/75 acrescentou o inciso IX do art. 659 da CLT e permitiu ao juiz do trabalho conceder liminar, até a decisão final do processo. Na tutela antecipada, os efeitos são antecipados, e está prevista tanto no inciso mencionado como também no inciso X do mesmo artigo. Tem previsão, ainda, no art. 273 do CPC.Diferencia-se a tutela antecipada da tutela cautelar, pois nesta existe a liminar. Ademais, enquanto a tutela antecipada é satisfativa, a tutela cautelar assegura seus efeitos até a decisão final no processo. A cautelar tem por objetivo assegurar meios processuais para a execução do direito, o resultado útil do processo principal. Ela possui natureza instrumental do processo de conhecimento ou de

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execução. Já a antecipação de tutela satisfaz o próprio direito. Outra diferença é que na cautelar o processo é provisório e instrumental. Na tutela o processamento é feito no próprio processo.Os arts. 796 a 889 do CPC tratam das medidas cautelares.Uma primeira semelhança entre a tutela antecipada e a tutela cautelar é o fato de que ambas são provisórias, não fazendo coisa julgada. Outra semelhança é que as duas são tutelas de urgência, sendo que a cautelar assegura para executar e a tutela antecipada executa pra assegurar.Concluindo, sua principal diferença, como vimos, é no conteúdo.

Honorários periciais e advocatícios.

Com o advento do CC de 2002, que prevê, nos arts. 389 e 404, a condenação do réu por perdas e danos em virtude de inadimplemento de obrigação legal ou contratual, abrangendo honorários advocatícios, algumas vozes da doutrina trabalhista passaram a admitir, no pT a incidência das referidas normas sob o fundamento de que o trabalhador, quando vai a juízo, deve ser reparado integralmente pelos danos que o empregador lhe causou. Há, porém, entendimentos abalizados no sentido de que os honorários advocatícios da JT só são cabíveis nas hipóteses dos arts. 14 e 16 da Lei 5584/70, segundo os quais os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do sindicato que prestou a assistência judiciária ao trabalhador ( TST S. 219 e 319).Para BL, é possível apenas nas ações indenizatórias o pedido de condenação do réu em perdas e danos, abrangidos os honorários advocatícios, desde que estes tenham sido pagos (adiantados) pelo vencedor da demanda, sem prejuízo dos honorários advocatícios decorrentes da mera sucumbência.Nos domínios do direito processual do trabalho, os honorários advocatícios só são devidos, salvo na hipótese de demanda oriunda da justiça comum, por força da EC45/2004, quando o sindicato figurar como assistente de demandante que não tenha condições de arcar com as depesas do processo, sem que comprometa o seu pp sustento.Ocorre que, em se tratando de ação em que o sindicato figura como substituto processual em defesa de interesses individuais homogêneos da categoria (ou parte dela) que representa, o sistema processual aplicável não é mais o do processo trabalhista individual, mas, sim, o consubstanciado nas normas da CF, LACP e CDC.De acordo com o art. 87 do CDC a pp associação pode ser condenada em honorários advocatícios caso sucumbente e deve ser beneficiária de tal verba na hipótese de vencedora da demanda coletiva.O TST, no entretanto, vem deferindo honorários advocatícios ao sindicato que atua como substituto processual apenas quando os substituídos, processualmente, percebem até o dobro do mínimo legal ou se encontram em condições de precariedade econômica.

Tutela inibitória e antecipação da tutela.Tutela específica e antecipada das obrigações de fazer e não fazer. Julgamento “extra”, “ultra” e “citra petita ”. Há proibição, no nosso ordenamento de julgamento ultra petitita, extra ou citra.O art. 460 do CPC trata do assunto e o 128 enfatiza tal proibição, dizendo que o juiz deve decidir a lide nos limites em que foi proposta.Além de ser atacável por recurso, a sentença que contém julgamento extra, ultra ou citra petita pode ser passível de ataque por ação rescisória, a teor do art. 485, V, do CPC, por violação aos arts. 832 da CLT e 460 do CPC.Há algumas exceções legais que autorizam o julgamento extra ou ultra petita. Ex: art. 496 da CLT, S. 396. Como ex. De ultra petita, apontamos a hipótese contemplada no art. 467 da CLT. No que tange ao julgamento citra petita, o TST pacificou o entendimento de que tal vício empolga até mesmo AR (OJ 41 da SDI-2). TB o art. 484 é ex. Válido de decisão citra petita.

Coisa julgada: definição, limites e efeitos.

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Durante muito tempo a CJ foi considerada como principal efeito da sentença. Hj é vista como qualidade especial da sentença, que, força de lei, a torna imutável e indiscutíveis as questões decididas dentro ou fora do processo. Na verdade, é a cj que produz efeitos dentro (cj formal) eou fora do processo (cj material).O fundamento da cj repousa na segurança nas relações jurídicas e na pacificação de conflitos, possibilitando, assim, a convivência social.O art. 301, §1 e 2 do CPC oferece-nos alguns elementos que servem para identificar a cj como qualidade da sentença e pressuposto de validade da relação processual.O art. 467 do CPC define cj:

Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

- Coisa Julgada FormalEmbora não seja pacífico o entendimento de que a cj formal não seria pp cj, mas simples forma de preclusão impeditiva da impugnação e reexame da sentença na mesma relação processual, o certo é que se tornou lugar-comum a distinção entre coisa julgada formal e material.A cj formal representa a estabilidade que a sentença adquire no processo em que foi proferida, quer tenha havido análise de mérito, quer nào tenha ocorrido tal investigação.Tanto as sentenças terminativas (267) quanto as definitivas (269) atingem o estado de cj formal.A cj formal não impede a propositura de nova demanda, porquanto torna a decisão imodificável apenas no processo em que esta foi prolatada, salvo nas hipóteses previstas no art. 267, V, do CPC.

- Coisa julgada materialA sentença que julgar total ou parcialmente a lide, o pedido, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas. É exatamente a sentença, que resolve o processo com apreciação do pedido, acolhendo-o total ou parcialmente, que transitada em julgado produz a cj material, também chamada de res judicata.A cj material merece especial proteção da ordem constitucional, já que a carta magna a põe a salvo até mesmo da eficácia retroativa de lei superveniente.A cj material consagra o ideal de segurança no direito.A cj material abrange a formal. A material projeta sua eficácia para fora do processo no qual foi prolatada a sentença, tornando-a imutável, não apenas no processo originário, mas em qualquer outro que porventura venha a ser iniciado.O principal objetivo da cj material é estabilizar definitivamente a relação jurídica que foi submetida à prestação jurisdicional do Estado-juiz.Somente a cj material pode ser impugnada pela AR.

- Relativização da CJ materialPor força da MP n. 2180-35/2001, houve acréscimo do §5 ao art. 884 da CLT que introduziu em nosso sistema processual, uma forma de relativização da coisa julgada material.Esse dispositivo autoriza a desconsideração do título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tipos pelo STF como incompatíveis com a CF. Assim, ter-se-ia a relativização da cj sempre que ela fosse inconstitucional.Cabe indagar, como muitos jurístas o fazem, se a pp medida provisória que mudou a CLT nã seria inconstitucional. No aspecto formal, cabe a indagação acerca da possibilidade de inovação processual veiculada por meio de MP. Na ADI 1910, o STF suspendeu a eficácia de norma processual levada a efeito por MP, antes msm da EC 32/2001.Quanto ao requsito material, há uma corrente doutrinária que sustenta ser a cj um direito/garantia fundamental, verdadeira cláusula pétrea imune à relativização, até mesmo por emenda

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constitucional, salvo AR. Mas há outra corrente que advoga ser possível a relativização da cj, sobretudo nas sentenças proferidas nas ações de investigação de paternidade (quando ainda não existia o exame de DNA), ou na chamada cj inconstitucional, que é a hipótese do novel parágrafo 5 do art. 884 da CLT.Na verdade, inconstitucional seria a sentença que originou a cj.Porém, é preciso estabelecer limites para a aplicabilidade do dispositivo. Somente pode ser reputado inexigível o título judicial quando:a) o trânsito em julgado do acórdão do STF, contendo a declaração de inconstitucionalidade da lei ou a aplicação ou interpretação tidas por inconstitucional tiver ocorrido antes do trânsito em julglado da decisão exequenda;b) os efeitos da declaração de inconstitucionalidade da lei, ou da aplicação ou interpretação tidas por inconstitucional, por erga omnes, isto é, decorrer de acórdão do STF, oriundo de controle abstrato, ou de controle concreto, se o Senado Federal tiver expedido resolução suspendendo a execução da lei antes do trânsito em julgado do título exequendo;c) a arguição de inconstitucionalidade se der em impugnação (prazo de 15 dias a contar da impugnação da penhora) ou em ação rescisória, no prazo de 2 anos a contar do trânsito em julgado do título exequendo. Essa é a interpretação do dispositivo conforme a CF.Nas ações coletivas, é importante lembrar o sistema pp e específico, cujas fontes normativas primárias são a LACP e a parte processual do CDC. Assim, por força do art. 21 da LACP, pode-se dizer que a sentença (definitiva) proferida em ACP fará coisa julgada: a) erga omnes, salvo se o pedido for julgado improcedente, por insuficiência de provas, quando seu objeto for a defesa de interesses ou direitos difusos; b) ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe de pessoas, exceto na hipótese de improcedência por insuficiência por falta de provas, quando o seu objeto for a defesa de direitos ou interesses coletivos; c) erga omnes, apenas em caso de procedência do pedido, para beneficiais todos os trabalhadores ou sucessores.

- Limites objetivos e subjetivos da cjSão da cj materiala) Subjetivos: quem, na sentença, é atingido pela autoridade da cj? Devemos distinguir as ações em que se formou a res judicata, porquanto nas ações individuais (simples ou plúrimas) a regra geral é no sentido de que somente as partes serão atingidas pela autoridade da cj, e apenas por exceção terceiros juridicamente interessados poderão ser atingidos. Art. 472 do CPC.Já nas ações coletivas lato sensu, a ideologia que inspirou o modelo individualista do CPC e da CLT se mostra insuficiente. Na cj nas diversas espécies de ações coletivas, a regra básica é a de que as sentenças nelas proferidas fazem coisa julgada erga omnes ou ultra pars.Aplica-se o art. 103 do CDC.

b) Objetivos: o que, na sentença, efetivamente adquire autoridade de cj? O art. 468 do CPC diz que a cj faz lei entre as partes. O art. 469 do CPC oferece-nos as matérias que não estão cobertas pelo manto da cj:

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

O art. 470 diz que a decisão sobre questão prejudicial pode fazer cj, se a parte requerer, o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.Não são alcançadas pela cj material as sentenças que tem como base relação jurídica continuativa.

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- Autonomia da Coisa Julgada no Processo do TrabalhoCuida-se agora da polêmica questão em torno do alcance da coisa julgada formada no processo civil (e penal) e sua repercussão no processo do trabalho.BL defende a aplicabilidade do CC, art. 935. Essa norma tem sido observada principalmente nas demandas em que se discute a existência de justa causa, em que o empregaado é acusado de prática de ato de improbidade.Desse modo, havendo condenação do empregado, mediante sentença criminal transitada em julgado, cujo decisum certifica o fato e a autoria do delito, essas duas questões já não mais poderão ser objeto de discussão no processo do trabalho. Isso porque a garantia constitucional da cj não faz distinção a respeito do processo em que ela se cristaliza, seja no processo penal, no civil, no trabalhista.Do mesmo modo, se a coisa julgada no processo criminal reconhecer a inexistência de fato delituoso, ou a não autoria do empregado, bem como reconhecer a sua autoria, mas o absolver por excludentes de criminalidade, tais matérias estarão cobertas pelo manto da coisa julgada material (penal) e, em razão disso, não poderão ser objeto de nova decisão no PT.A primeira parte do art. 935 do CC prescreve que a responsabilidade civil, que abrange a trabalhista, é independente da responsabilidade penal, razão pela qual é juridicamente possível que, mesmo que o ato do empregado não configura ilícito penal, isso não afasta a possibilidade de restar configurada a justa causa para a resolução do contrato de trabalho.Ademais, não está o juiz do trabalho obrigado a suspender o processo trabalhista e aguardar o desfecho do processo criminal para fins de responsabilidade trabalhista.

12. Sistema recursal: princípios e procedimentos. Efeitos dos recursos. Pressupostos de admissibilidade. Juízos de admissibilidade e de mérito. Remessa “ex officio”Sistema recursal: princípios e procedimentos.

- Considerações preambularesOs recursos são comumente os remédios mais utilizados para impugnar decisões judiciais. Mas não são os únicos. Existem, também, as chamadas ações autônomas de impugnação contra atos decisórios, como o MS, a AR, os ED, e os ETs.

- Conceito de recursoA palavra recurso pode ser entendida em sentido amplo e em sentido restrito. Em amplo, é um remédio, um meio de proteger um direito: ações, recursos processuais ou administrativas, exceções, contestações, reconvenção, medidas cautelares. Em sentido restrito, é a provocação de um novo julgamento, na mesma relação processual, da decisão pela mesma ou por outra autoridade judiciárias superior.Ensina-nos José Carlos Barbosa Moreira que os meios de impugnação dividem-se em duas grandes classes: a dos recursos – assim chamados os que se podem exercitar dentro do processo em que surgiu a decisão impugnada – e o das ações impugnativas autônomas, cujo exercício, em regra, pressupõe a irrecorribilidade da decisão. No direito brasileiro, protótipo da segunda classe é a ação rescisória.Conceito de BL: recurso, como espécie de remédio processual, é um direito assegurado por lei para que as partes, o terceiro juridicamente interessado ou o MP possam provocar o reexame da decisão proferida na mesma relação jurídica processual, retardando, assim, a formação da CJ.

- Natureza jurídica dos recursos trabalhistasHá cizânia doutrinária no tocante à natureza jurídica dos recursos em geral. Duas correntes se destacam: recurso como ação autônoma de impugnação; recurso como prolongamento do exercício do direito de ação.Segundo a corrente do recurso como ação autônoma de impugnação, o recurso é uma ação autônoma relativamente àquela que lhe deu origem. Seria, pois, uma nova ação, de natureza

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constitutiva negativa, independente daquela que surgiu com a petição inicial.Segundo a corrente do recurso como prolongamento do exercício do Direito de ação, majoritária e a qual se filia BL, recurso é a continuação do procedimento, atuando como prolongamento do exercício do direito de ação dentro do mesmo processo.Nelson Nery defende que recurso não é, em sentido estrito, o pp direito de ação, já que pressupõe a existência de lide pendente, sobre a qual ainda não se formou a coisa julgada.Podemos dizer, então, que: a) qualquer recurso constitui corolário, prolongamento, do exercício do direito de ação; b) essa concepção é aplicável tanto no processo comum quanto no trabalhista.

- Classificação dos recursosNão há unanimidade entre as classificações propostas pelos autores patrícios.Para Lúcio Rodrigues de Almeida, os recursos podem ser classificados quanto:a) a autoridade a qual se dirigem: os recursos podem ser próprios (julgados por órgão de jurisdição superior) ou impróprios (dirigidos e julgados ao mesmo órgão prolator da decisão impugnada).b) à matéria: podem ser ordinários ou extraordinários. São ordinários os recursos que têm por escopo a tutela do direito subjetivo das partes, pois visam obter a revisão da matéria fátiva e/ou jurídica contida na decisão recorrida. Os recursos ordinários, portanto, atendem ao direito ou garantia constitucional ao duplo grau de jurisdição, uma vez que devolvem ao Tribunal ad quem o exame completo da matéria impugnada. São extraordinários os recursos que têm por escopo a tutela do direito objetivo e, por isso, não se destinam a corrigir a injustiça da decisão recorrida, nem permitem a rediscussão da matéria fática ou reexame de provas.

SUM-126 RECURSO. CABIMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.SÚMULA Nº 279 STF: PARA SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

c) à extensão da matéria: o recurso pode ser total (ataca todo o conteúdo impugnável da decisão judicial) ou parcial (quando ataca apenas parte ou partes da decisão hostilizada).d) à forma de recorrer: o recurso pode ser principal (interposto no prazo comum por uma ou ambas as partes, na hipótese de sucumbência recíproca) ou adesivo (interposto no prazo alusivo a contrarrazões, nos termos do art. 500 do CPC e s. 283 do TST).

SUM-283 RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABA-LHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de peti-ção, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.

José Janguie acrescenta outra classificação:a) recurso que ataca o error in procedendo: visa anular o erro formal que o magistrado cometeu. O recurso utilizado para anular esse erro de procedimento é chamado de recurso acerca do error in procedendo;b) recurso que ataca o error in judicando: visa a reformar a sentença do juiz que errou ao julgar a lide, deixando de aplicar corretamente o direito ao caso concreto. O vício não é de forma, mas de fundo, refere-se ao pp mérito da causa.Humberto Teodoro Júnior, os recursos classificam-se quanto:

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a) ao fim colimado pelo recorrente (reforma, invalidação, esclarecimento ou integração);b) ao juiz que os decide ( o pp órgão prolator ou outro hierarquicamente superior);c) à marcha do processo a caminho da execução.Manoel Antonio Teixeira Filho, após sitematizar os remédios utilizáveis contra as resoluções judiciais trabalhistas em recursos, ações autônomas de impugnação, medidas saneadoras, providências corretivas, providências ordenadoras do procedimento e atos protectivos de direito, classifica os recursos em:a) ordinários ou extraordinários;b) não liberatórios, dirigidos ao mérito (RO, RR, AP, RE, Embargos no TST), ou liberatórios, não dirigidos ao mérito (AI);c) devolutivos ou suspensivos:

- Sistemas recursaisNo processo trabalhista também encontramos dois sistemas que orientam o seu universo recursal: o ampliativo e o limitativo.A ampliação da competência da JT, em decorrência da promulgação da EC 45/2004, não alterou o sistema recursal trabalhista.a) Sistema ampliativo: é aquele que admite inúmeros recursos, de maneira a assegurar aos litigantes o amplo direito de impugnação das decisões judiciais. Nele, não existe decisão irrecorrível. Ele é corolário do princípio do duplo grau de jurisdição e seu escopo consiste, basicamente, em outrogar maior segurança jurídica aos julgados.b) Sistema limitativo: nele nem todas as decisões são impugnáveis por recursos. No caso das decisões proferidas pelas Vts no procedimento sumário, o art. 2, § 4, da Lei 5584/70 deixa transparecer que o Brasil adota parcialmente o sistema limitativo.Vê-se que esse sistema tem por escopo conferir maior celeridade.Vozes há, no entanto, referindo a incompatibilidade do precitado dispositivo legal com os princípios constitucionais do duplo grau de jurisdição, do contraditório e da ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

- Princípios recursais no PTa) Duplo grau de jurisdição: é previsão normativa contida em um sistema jurídico para que as decisões judiciais de um processo possam ser submetidas, por intermédio de um recuso volutnário ou de ofício, a um novo julgamento por um órgão judicial, geralmente colegiado, e hierarquicamente superior.Várias são as exceções: quando o feito é de competência originária do STF; quando o legislador infraconstitucional permite que o tribunal se pronuncie a respeito de matéria não versada na decisão atacada.Foi previsto expressamente no art. 158 da CF de 1824. As demais Cartas republicanas não o contemplam de forma explícita, o que propicia divergências doutrinárias e jurisprudenciais.É princípio, direito ou garantia? Não há uniformidade entre os doutrinadores.A Convenção Americana sobre DH, retificada pelo Brasil, assegura, no art. 8, §10, a toda pessoa o direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.É um direito humano conferido a toda pessoa de interpor recurso das decisões judiciais para um juiz ou tribunal superior. Em nosso sistema, é também um direito fundamental, já que recepcionado pelos §2 e 3do art. 5 da CF/88. Porém, não é absoluto.Os recursos de natureza extraordinária, que não tem por escopo o reexame de fatos e provas, não se prestam a efetivar o duplo grau de jurisdição.Na processualística laboral, a discussão ganha maior importância, em face da regra contida no art. 2, §4, da lei n. 5584/70. BL entende que o preceptivo em causa não afronta o princípio do art. 5, LV da CF. Nesse sentido S 356 do TST e 640 do STF:

SUM-356 ALÇADA RECURSAL. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

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O art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584, de 26.06.1970, foi recepcionado pela CF/1988, sendo lícita a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo.SÚMULA Nº 640 STF: É CABÍVEL RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO PROFERIDA POR JUIZ DE PRIMEIRO GRAU NAS CAUSAS DE ALÇADA, OU POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL. SUM-303 FAZENDA PÚBLICA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 9, 71, 72 e 73 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vi-gência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo:a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos;b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Supe-rior do Trabalho. (ex-Súmula nº 303 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)II - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujei-ta ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses das alíneas "a" e "b" do inciso anterior. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em 03.06.1996)III - Em mandado de segurança, somente cabe remessa "ex officio" se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito co-mo impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipó-tese de matéria administrativa. (ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 – inseridas, res-pectivamente, em 25.11.1996 e 03.06.1996)

b) Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias/concentração: o DPT não admite recurso específico contra tais espécies de atos judiciais, salvo quando terminativas do feito no âmbito da JT. Por força da Res. TST 127/2005, o Enunciado n. 214 for convertido na S. 214, que criou mais uma hipótese de cabimento de recurso contra decisões interlocutórias:

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova reda-ção) - Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005 Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões inter-locutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Por outro lado, pensamos, que a S. 214 do TST descuidou de mencionar outras decisões interlocutórias suscetíveis de interposição imediata de recurso. Basta lembrar a decisão interlocutória que acolher preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria ou da pessoa. Nesse caso, trata-se de decisão interlocutória terminativa do feito.Outra exceção não prevista na nova redação da S. 214 é aquela contida nos §1 e 2 do art. 2 da Lei 5584/70, ou seja, quando o juiz mantiver o valor da causa fixado para fins de alçada, poderá a parte formular pedido de revisão, que será julgado pelo Presidente do Tribunal ao qual está vinculado o juiz prolator da decisão.- Instrumentalidade das formas: as formas assumem caráter meramente instrumental, não passando de meios para consecução de fins; quando estes são atingidos, não se deve, como regra geral, declarar a nulidade dos atos processuais.- Preclusão: trata-se de princípios que pode ser encontrado no CPC e na CLT e diz respeito às nulidades relativas e às anulabilidades. Tratando-se de nulidade absoluta decorrente de

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inobservância de norma de ordem pública, conhecível, portanto, ex officio pelo juiz, não há lugar para a preclusão. Questões alusivas a condições da ação ou pressupostos processuais não se sujeitam à preclusão, podendo ser renovadas (ou aprecidas de ofício pelo tribunal) no recurso, ainda que não tenham sido suscitadas pelas partes.Ã preclusão pode ser lógica, consumativa e temporal. Dá-se a preclusão lógica quando a parte pratica ato incompatível com o anteriormente praticado. A preclusão consumativa ocorre, por ex., quando a parte apresenta contestação e, posto que no prazo, intenta apresentar nova resposta. Exsurge a preclusão temporal que é a mais comum, na hipótese de perda de prazo para a prática de algum ato processual a cargo da parte.

SUM-184 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE RE-VISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omis-são apontada em recurso de revista ou de embargos.SUM-297 PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recur-so principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embar-gos de declaração.

- Transcendência ou prejuízo: cuida-se de princípio que também guarda pertinência com as nulidades relativas, estas só devem ser declaradas se e quando puderem acarretar prejuízo às partes. Pas de nullité sans grief (não há nulidade sem prejuízo), já de há muito proclama a parêmia francesa. Está consagrado no art. 794 da CLT e no art. 249, §1, do CPC. Não se deve confundir princípio da transcendência com o pressuposto recursal específico da transcendência no RR.- Proteção ou do interesse: é aplicável na hipótese de nulidade relativa, e encontra residência no art. 243 do CPC e no art. 796, b, da CLT.A nulidade só deve ser declarada quando não for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato, a nulidade não pode ser alegada por quem lhe deu causa. - Convalidação: no respeitante ao princípio sob enfoque, a doutrina geralmente indica os arts. 795 da CLT e 245 do CPC. Os referidos dispositivos, no entanto, dizem respeito à preclusão. O princípio da convalidação emana de uma regra processual muito ampla, que se encontra disseminada em vários pontos do CPC, de acordo com o qual o silêncio de uma das partes faz gerar a aceitação do ato praticado pelo adversário ou induz à veracidade das alegações feitas por este. Se a nulidade for relativa, o silência da parte a convalidará, se for absoluta, não.- Causalidade, utilidade ou aproveitamento: por estarem os atos processuais em estado de dependência recíproca, por dependerem uns dos outros, dita o princípio da causalidade também chamado de princípio ad utilidade ou do aproveitamento, que sempre que possível serão aproveitados os atos que não foram contaminados pela invalidação de outro ato.

c) Manutenção dos efeitos da sentença: giza o art. 899 da CLT que os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo. Não há necessidade de o juiz declarar o efeito em que recebe o recurso. Os efeitos mais comuns atribuídos aos recursos:

devolutividade: é inerente a todo recurso, consistindo em submeter a matéria impugnada a novo julgamento pelo mesmo ou por outro órgão judicial hierarquicamente superior;

suspensivo: não admitido, em regra, no pT, tem o condão de impedir o início da execução da sentença impugnada(antes da Lei 8432/92 era possível o sobrestamento do feito a critério do juiz);

d) Princípio da singularidade, unirrecorribilidade ou unicidade recursal: o princípio da

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singularidade, também chamado de princípio da unirrecorribilidade ou unicidade recursal, não permite a interposição simultânea de mais de um recurso contra a mesma decisão. Esse princípio constava expressamente do art. 809 do CPC de 1939 e do art. 498 do CPC atual. A Lei n. 10352/2001 deu nova redação ao art. 496 do CPC. No âmbito do CPC já não mais subsiste a exceção legal ao princípio da singularidade ou unirrecorribilidade.Cremos que não violam o princípio da unirrecorribilidade as conhecidas razões adicionais que em rigor constituem novo recurso contra nova decisão. O princípio da unirrecorribilidade é violado se a parte interpõe recurso ordinário e, posteriormente, não havendo modificação da sentença por meio de embargos declaratórios, avia recurso adesivo ao recurso ordinário interposto pela outra parte da mesma sentença permanece inalterada.

e) Princípio da conversibilidade ou fungibilidade: o CPC de 1939 admitia a interposição de um recurso em lugar de outro. Tal faculdade não é mais permitida pelo CPC atual. Alguns autores, entretanto, sustentam que, com base no art. 250 do CPC, de 19973, segundo o qual o erro de forma do processo acarreta unicamente a anualação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, estaria permitindo o aproveitamento de um recurso inadequado.No processo laboral, essa regra sempre foi adotada, principalmente, pelo fato de os recursos trabalhistas terem, em geral, o mesmo prazo, prevalecendo, entretanto, a ressalva de má-fé.

OJ-SDI2-69 FUNGIBILIDADE RECURSAL. INDEFERIMENTO LIMI-NAR DE AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. RE-CURSO PARA O TST. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMEN-TAL E DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRT (inserida em 20.09.2000) Recurso ordinário interposto contra despacho monocrático indeferitório da peti-ção inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio de fungibilidade recursal, ser recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso pelo TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental. OJ-SDI2-152 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. RE-CURSO DE REVISTA DE ACÓRDÃO REGIONAL QUE JULGA AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO NA IN-TERPOSIÇÃO DO RECURSO (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)A interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.

A partir da OJ 152 da SBDI-2 firmou-se o entendimento de que não há lugar para a incidência do princípio da fungibilidade na hipótese de erro grosseiro.

f) Interposição de recurso por simples petição e princípio da dialeticidade ou discursividade:dispõe o art. 899, cpaut, da CLT:

Os recursos serão interpostos por por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste título, permitida a execução provisória até a penhora.

O princípio ora focalizado, pois, informa que o recurso deve ser discursivo, dialético. Cabe ao

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recorrente, portanto, indicar no apelo as razões com que impugna a decisão para que ela possa ser reexaminada pelo mesmo ou outro órgão jurisdicional.Há recursos, como os de natureza extraordinária, que, por serem eminentemente técnicos, exigem até mesmo que o recorrente aponte o dispositivo de lei que entende violado literalmente pela decisão recorrida.Nessa linha, é a S. 221, I do TST:

SUM-221 RECURSOS DE REVISTA OU DE EMBARGOS. VIOLAÇÃO DE LEI. INDICAÇÃO DE PRECEITO. INTERPRETAÇÃO RAZOÁVEL (incorpo-rada a Orientação Jurisprudencial nº 94 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

Aliás, os recursos dirigidos ao TST devem ser subscritos por advogados, consoante S. 425:

SUM-425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação resci-sória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

A jurisprudÊNCIA VEM ADOTANDO INTERPRETAÇÃO restritiva ao art. 899 CLT.O TST editou a S. 422:

SUM-422 RECURSO. APELO QUE NÃO ATACA OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA. NÃO CONHECIMENTO. ART. 514, II, do CPC (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 90 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de admissibi-lidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do recorrente não im-pugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta. (ex-OJ nº 90 da SBDI-2 - inserida em 27.05.2002)

g) Princípio da voluntariedade: não poderá o juízo ad quem conhecer de matérias não agitadas no recurso, salvo aquelas consideradas de ordem pública a cujo respeito, enquanto não configurada a res judicata, não tenha operado a preclusão.

h) Princípio da proibição da reformatio in pejus: o princípio da proibição da reformation in pejus decorre de dois outros princípios: duplo grau de jurisdição e dispositivo. O princípio em epígrafe proíbe que, no julgamento de um recurso, o órgão judicante superior profira decisão que piore o resultado meritório da demanda para o recorrente. Esse princípio, todavia, não é adotado express pelo CPC, mas é largamente aceito pela doutrina e jurisprudência. O princípio em tela não tem o condão de alcançar aquelas questões consideradas de ordem pública, conhecíveis de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição. Não há violação ao princípio em tela quando o tribunal reconhece efeito translativo ao recurso.

i) Princípio da taxatividade> os recursos devem estar expressamente previsto em lei, sendo certo que compete à União legislar privativamente sobre direito processual. Somente a lei federal é que pode criar recursos judiciais. Os recursos são numerus clausus. O art. 893 da CLT dispõe sobre os recursos trabalhistas.

Efeitos dos recursos.

a) Efeito devolutivoDecorre do princípio dispositivo, é ínsito aos sistemas jurídicos que adotam o duplo grau de jurisdição. Por efeito devolutivo deve-se entender a delimitação da matéria submetida à apreciação e julgamento pelo órgão judicial destinatário do recurso, uma vez que esse, como é cediço, só

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poderá, em regra, julgar as questões debatidas no processo e que constem das razões recursais, mediante pedido de nova decisão. O efeito devolutivo está vinculado ao princípio da dialeticidade. Pode ser examinado em relação à sua extensão ou à sua profundidade. No que concerne à extensão do efeito devolutivo, deve-se verificar a quantidade de matéria veiculada no recurso que será apreciada e julgada pelo órgão ad quem. A base legal da extensão do efeito devolutivo está consagrada no art. 515, caput, e seu §1 do cpc. Vale dizer, o efeito devolutivo em extensão diz respeito ao conhecimento pelo tribunal das matérias impugnadas ou das questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.Quanto à profundidade do efeito devolutivo, deve-se examinar a qualidade das matérias que são submetidas à apreciação do órgão ad quem. A profundidade do efeito devolutivo diz respeito à existência de pluralidade de fundamentos contidos no pedido ou na defesa e o juiz tenha acolhido apenas um deles, silenciando-se quanto aos demais fundamentos. Neste caso, a apelação devolve ao tribunal o conhecimento de todos os fundamentos da inicial e da defesa.A profundidade do efeito devolutivo é inerente a todos recursos, e não apenas à apelação. Sua base legal está consagrada no ¦§2 do art. 515 do CPC. O efeito devolutivo em profundidade, portanto, sempre depende da existência de mais de um fundamento do pedido (ou da defesa) e a sentença acolher apenas um deles.

SUM-393 RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDI-DADE. ART. 515, § 1º, DO CPC (redação alterada pelo Tribunal Pleno na sessão realizada em 16.11.2010) - Res. 169/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inici-al ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em con-trarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não apreciado na sentença, salvo a hipótese contida no § 3º do art. 515 do CPC.

No que concerne à prescrição arguida em contestação, mas não renovada em contrarrazões ao RO, o TST vem entendendo que o efeito devolutivo submete automaticamente ao TRT o conhecimento de tal matéria, independentemente de recurso pp do reú ou de arguição em contrarrazões. O recurso recebido apenas no efeito devolutivo permite, desde logo, a execução provisória da decisão hostilizada.

b) Efeito suspensivoNo PT, como dito, os recursos não possuem, via de regra, efeito suspensivo.Entre as exceções está o art. 14 da L. 10192/2001, segundo o qual o recurso interposto de decisão normativa da JT terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em despacho do Presidente do TST. Visando à regulamentação da norma acima citada, o TST editou a Res, 120, aprovando a Instrução Normativa n. 24.O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho não tem a faculdade de conceder efeito suspensivo ao recurso de revista, uma vez que o art. 896, §2, da CLT não mais prevê tal faculdade.O principal atributo do efeito suspensivo concedido ao recurso é o de adiar os efeitos da decisão impugnada, não admitindo, portanto, a execução provisória do julgado.O TST editou a S. 279, segundo a qual a cassação de efeito suspensivo a recurso ordinário interposto de senteça que ratifica a antecipação de tutela. S. 414, item I, do TST.O TST não admite, contudo, efeito suspensivo em recurso ordinário interposto de decisão proferida em MS> Nesse sentido a OJ 113 da SDBI-2.

SUM-279 RECURSO CONTRA SENTENÇA NORMATIVA. EFEITO SUSPEN-SIVO. CASSAÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A cassação de efeito suspensivo concedido a recurso interposto de sentença nor-mativa retroage à data do despacho que o deferiu. SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU

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LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (conversão das O-rientações Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. (ex-OJ nº 51 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. (ex-OJs nºs 50 e 58 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000)III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou li-minar). (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 86 - inserida em 13.03.2002 - e 139 - DJ 04.05.2004)OJ-SDI1-113 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFI-ANÇA OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA (inserida em 20.11.1997)O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência provisória.

c) Efeito translativo: o sistema processual pátrio autoriza o juiz ou tribunal a decidir questões fora do que consta do recurso ou das contrarrazões, ainda assim, não se poderá falar que houve julgamento ultra, citra ou extra petita, nem violação ao princípio da proibição da non reformatio in pejus. Estamos falando daquelas questões de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz, a respeito das quais não se opera a preclusão. A translação dessas questões ao juízo ad quem está autorizada pelos arts. 515, §1 e 2, e 516 do CPC. O efeito translativo encontra suporte jurídico nos arts. 515 arts. 515, §1 e 2, e 516 do CPC. O efeito translativo se opera, ainda que sem expressa manifestação de vontade do recorrente.O efeito translativo que é uma das manifestações do princípio inquisitivo, tem lugar, segundo pensamos, apenas nos recursos de natureza ordinária, sendo também inerente à remessa necessária das sentenças proferidas contra as pessoas jurídicas de direito público.A S. 393 do TST admite o efeito translativo do RO não apenas nas questões de ordem pública. O TST permite que os fundamentos jurídicos da defesa, ainda que não renovados em contrarrazões, podem ser conhecidos pelo juízo ad quem.Há entendimento jurisprudencial que confere efeito translativo ao agravo de petição

d) Efeito susbtitutivo: a decisão proferida pelo juízo ad quem substitui a decisão recorrida no que tiver sido objeto do recurso. Tem aplicação desde que o recurso tenha sido conhecido e provido pelo mérito da causa. Somente existe efeito substitutivo quando o objeto da impugnação for o error in judicando. Em se tratando de error in procedendo, a substitutividade somente ocorrerá se negado provimento ao recurso.

OJ-SDI1-192 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRAZO EM DOBRO. PES-SOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. DECRETO-LEI Nº 779/69 (inseri-da em 08.11.2000)É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.

e) Efeito extensivo: tem aplicabilidade na hipótese de litisconsórcio unitário.

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Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.

f) Efeito regressivo: este efeito tem cabimento na hipótese de possibilidade de retratação ou reconsideração pelo mesmo juízo prolator do decisum, como ocorre no Agravo de Instrumento e no AI.

Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente.

Essa norma, a nosso sentir, pode ser aplicável ao PT não obstante a regra do art. 893, §1, da CLT. Tal providência se coaduna com os princípios da simplicidade, celeridade e economia processuais. Outra manifestação do efeito regressivo é extraída do art. 285-A, §1, do CPC.

g) Efeito expansivo: é pouco reconhecido pela doutrina, há autores que defendem a sua existência, especialmente em função do novel §3 do art. 515 do CPC, aplicável ao recurso ordinário previsto no PT por força do art. 769 da CLT. O efeito expasinvo do recurso permite que o tribunal, nos casos em que a sentença tenha julgado extinto o processo por ausência de pressupostos processuais ou condições da ação adentre no julgamento da lide quando a demanda versar exclusivamente matéria de direito ou estiver em condições de imediato julgamento.

Pressupostos de admissibilidade.

- Pressupostos recursais genéricosO atendimento a tais pressupostos deságua na inadmissibilidade do recurso pelo mesmo órgão judicial prolator da decisão, ou por outro hierarquicamente superior. A ausência de qualquer dos pressupostos de admissibilidade impede o exame do mérito do recurso pelo órgão competente para sua apreciação. A doutrina classifica os pressupostos recursais em subjetivos (intrínsecos) e objetivos (extrínsecos). Além dos pressupostos genéricos, há outros pressupostos específicos comuns aos recursos de natureza extraordinária.a) Pressupostos subjetivos: os pressupostos subjetivos ou intrínsecos dizem respeito aos atributos do recorrente, o que pode ser traduzido na seguinte indagação: quem pode recorrer? Os pressupostos subjetivos são classificados em legitimidade, capacidade e interesse.

- Legitimidade: é a habilitação outorgada por lei à pessoa natural ou jurídica que tenha participado, como parte, do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revel. Além das partes originárias da relação processual, têm legitimação para interpor recurso, na qualidade de terceiro prejudicado ou interessado:

1) o sucessor ou herdeiro;2) a empresa condenada solidária ou subsidiariamente;3) o subempreiteiro, o empreiteiro principal ou dono da obra;4) os sócios de fato nas sociedades não juridicamente constituídas, além das

pessoas físicas e jurídicas por força de normas de direito civil, que se vinculem à parte que figurou na demanda;

5) os litisconsortes e assistentes;6) o substituto processual.

Também possui legitimidade ad recursum o MPT, tanto nos processos em que figura como parte naqueles em que oficia como custos legis. Se o assistente foi aceito pelo juízo a quo e

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atingido, solidária ou subsidiariamente, pela condenação também possuirá legitimidade para recorrer. É terceiro prejudicado, devendo, tão somente, comprovar o nexo de interdependência entre o interesse alegado e a relação jurídica submetida à cognição judicial. Nos termos do art. 898 da CLT, têm legitimidade para recorrer das decisões proferidas em dissídio coletivo que afetem empresa de serviço público ou, em qualquer caso, das decisões proferidas em revisão, além das partes o Presidente do TRT e o MPT.

Capacidade: Se o recorrente não se encontrar mentalmente apto à prática de atos da vida civil, não terá capacidade para recorrer, devendo, neste caso, ser legalmente representado nos termos da Lei Civil.

Interesse: se o recurso é um prolongamento do exercício do direito de ação ou de direito de defesa, então, o interesse recursal repousa no binômio utilidade-necessidaade. Há autores que, com base na literalidade do art. 499 do CPC advogam ser o interesse mero corolário da sucumbência. A simples sucumbência é insuficiente para explicitar o interesse recursal, pois este radica na situação desfavorável em que foi lançada a parte recorrente pelo pronunciamento jurisdicional.

b) Pressupostos objetivos: os pressupostos objetivos são os que se relacionam com os aspectos extrínsecos dos recursos. São eles: a recorribilidade do ato, a adequação, a tempestividade, a representação e o preparo.

Recorribilidade: somente poderá ser admitido o recurso, se inexistir, no ordenamento jurídico, óbice ao exercício do direito de recorrer. Trata-se, portanto, de impossibilidade jurídica do exercício do direito de recorrer. Verificando o órgão julgador a existência de veto legal ao exercício da pretensão recursal, deverá não admitir ou não conhecer do recurso, por ser o ato judicial atacado irrecorrível.

Adequação: é imprescindível que o recurso utilizado esteja em conformidade com a lei que estabelece determinados regramentos para possibilitar a impugnação da decisão judicial. A má adequação do recurso, entretanto, não pode rpejudicar o recorrente, máxime no PT, onde se admite o jus postulandi dos empregados e empregadores na instância ordinária. Sustentamos não ser razoável a aplicação do princípio da fungibilidade quando o recorrente for o MPT uma vez que sua atuação dá-se sempre em defesa da ordem jurídica, assim, ele tem o dever de usar o recurso adequado. Os tribunais têm exigido que o advogado subscreva o recurso interposto, sob pena de o recurso ser considerado inexistente.

Tempestividade: o direito de recorrer deve ser exercitado no prazo legalmente fixado, razão pela qual os prazos para a interposição de recursos são peremptórios, ou seja, não podem as partes, por convenção, prorrogá-los ou alterá-los. Os prazos fixados para o recursos previstos na CLT são de 8 dias, salvo no caso dos embargos de declaração (cinco dias), contados da data da intimação da sentença ou do acórdão. Quando a sentença é prolatada em audiência, conta-se o prazo para recurso da data da sua leitura, com as partes presentes. É computado em dobro o prazo para recurso das pessoas jurídicas de direito público. Tal prerrogativa processual não é estendida às empresas públicas e SEM. Vale salientar que o recurso interposto fora do prazo é considerado intempestivo; consequentemente, será denegado o seu prosseguimento pelo juízo a quo ou, se este não o fizer, o juízo ad quem dele não conhecerá. É importante lembrar que a SBDI-1 não conheceu do recurso de Embargos em RR interposto antes da publicação do acórdão contra o qual se pretendia recorrer. Ver s>: 1, 16, 30, 197, 385 e 387 do TST.

** Recesso forense: para BL o recesso forense é feriado, a toer do que dispõe o art. 62 da L. 5016/1966. Impende salientar que, por força do art. 177, §1, do RITST, o recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do TST suspendem os prazos recursais:

SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primei-ro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº 262 - Res. 10/1986, DJ 31.10.1986)

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II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. (ex-OJ nº 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Regularidade de representação: S. 425:

SUM-425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação resci-sória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Se a parte estiver assistida por advogado, este deverá estar devidamente constituído nos autos, mediante instrumento de mandato, não se exigindo mais o reconhecimento de firma do constituinte. Os Tribunais trabalhistas, entretanto, vêm admitindo o mandato tácito e a procuração apud acta. Caso não ocorra qualquer das hipóteses acima, o recurso não sera conhecido, por irregularidade de representação. Quanto à verificação da ausência de poderes específicos contidos na procuração, para fins de exame da irregularidade de representação, a SBDI-2 adotou a OJ 151:

OJ-SDI2-151 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. IR-REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL VERIFICA-DA NA FASE RECURSAL. PROCURAÇÃO OUTORGADA COM PO-DERES ESPECÍFICOS PARA AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. VÍCIO PROCESSUAL INSANÁVEL A procuração outorgada com poderes específicos para ajuizamento de reclama-ção trabalhista não autoriza a propositura de ação rescisória e mandado de segu-rança, bem como não se admite sua regularização quando verificado o defeito de representação processual na fase recursal, nos termos da Súmula nº 383, item II, do TST.

No que tange à representação da União por assistente jurídico, a SBDI-1 Transitória editou a OJ 65:

OJ-SDI1T-65 REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DA UNIÃO. ASSISTENTE JURÍDICO. APRESENTAÇÃO DO ATO DE DESIGNAÇÃO A ausência de juntada aos autos de documento que comprove a designação do assistente jurídico como representante judicial da União (art. 69 da Lei Com-plementar nº 73, de 10.02.1993) importa irregularidade de representação.

A verificação da regularidade de representação, como pressuposto de admissibilidade recursal, deve ser feita no momento de interposição do recurso, sendo inválida a juntada do instrumento do mandato na instância recursal. Na fase recursal não há lugar para a aplicação dos arts. 13 e 37 do CPC. Nesse sentido a S. 383:

SUM-383 MANDATO. ARTS. 13 E 37 DO CPC. FASE RECURSAL. INAPLICA-BILIDADE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 149 e 311 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. (ex-OJ nº 311 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau. (ex-OJ nº 149 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998)

Não há obrigatoriedade de indicação da data do substabelecimento para fins de regularidade de representação, pois a OJ 371 da SBDI-1 pacificou o entendimento de que não se aplica, in casu, o disposto no art. 654, §1, do CCB:

OJ-SDI1-371 IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. SUBSTABE-LECIMENTO NÃO DATADO. INAPLICABILIDADE DO ART. 654, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)

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Não caracteriza a irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes, pois, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é con-dição de validade do negócio jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado aos autos, conforme preceitua o art. 370, IV, do CPC. Inaplicável o art. 654, § 1º, do Código Civil.

A OJ 374 da SBDI-1 considera regular a representação processual do subscritor do agravo de instrumento ou do recurso de revista que detém mandato com poderes de representação limitados ao âmbito do TRT.Os tribunais não vêma dmitindo recurso apócrifo. Será o recurso conhecido se houver assinatura do recorrente na petição de encaminhamento do apelo ou nas razões recursais:

OJ-SDI1-120 RECURSO. ASSINATURA DA PETIÇÃO OU DAS RAZÕES RECURSAIS. VALIDADE (nova redação) - DJ 20.04.2005O recurso sem assinatura será tido por inexistente. Será considerado válido o apelo assinado, ao menos, na petição de apresentação ou nas razões recursais.SUM-395 MANDATO E SUBSTABELECIMENTO. CONDIÇÕES DE VALIDA-DE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 108, 312, 313 e 330 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláu-sula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. (ex-OJ nº 312 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)II - Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua junta-da, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. (ex-OJ nº 313 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002). (ex-OJ nº 108 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é an-terior à outorga passada ao substabelecente. (ex-OJ nº 330 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003)OJ-SDI1-110 REPRESENTAÇÃO IRREGULAR. PROCURAÇÃO APENAS NOS AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010A existência de instrumento de mandato apenas nos autos de agravo de instru-mento, ainda que em apenso, não legitima a atuação de advogado nos processos de que se originou o agravo.OJ-SDI1-119 PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NAS-CIDA NA PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297. INAPLI-CÁVEL (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.OJ-SDI1-318 REPRESENTAÇÃO IRREGULAR. AUTARQUIA (DJ 11.08.2003)Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica própria, devendo ser representa-das pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados cons-tituídos.

Em se tratanto de demandas em que não figurem empregado e empregador, não há lugar para o ius postulandi.

OJ-SDI1-373 REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO. INVALIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRE-SENTANTE (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.11.2010 - IUJ-85600-06.2007.5.15.0000) - Res. 170/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o nome da entidade outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem elementos que os individualizam.

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Para BL essa OJ somente se aplica aos recursos interpostos após a sua publicação, pois antes disso a jurisprudência não exigia tal formalidade. Todavia, não é esse o entendimento do TST.

Preparo: no PT há exigência não só do recolhimento das custas como também do depósito recursal. Custas são espécie de tributo, são taxas devidas ao Estado como contraprestação do serviço público de natureza jurisdicional. A OJ 74 da SBDI-1/TST (transitória), ao reconhecer a validade da isenção tributária conferida por lei a uma instituição hospitalar, ratificou a natureza de taxa das custas processuais, isto é, uma espécie do gênero tributo, nos seguintes termos: a isenção tributária concedida pelo art. 15 da Lei n. 5604, de 02/09/1970, ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre compreende as custas processuais, por sere, estas espécie do gênero tributo. No processo de execução as custas são pagas ao final não constituem pressuposto de admissibilidade de recursos interpostos contra decisões proferidas nessa fase processual. Para fins de interposição de recursos no processo de conhecimento, o art. 789 da CLT. No caso de interposição do recurso no processo de conhecimento, porntato, as custas serão pagas e comprovado o respectivo recolhimento dentro do prazo recursal. Não sendo líquida a condenação, deverá o juízo arbitrar o valor e fixar o montante das custas processuais. As custas devem ser fixadas na sentença. Se esta for omissa a respeito, deverá a parte interpor embargos de declaração, interrompido o prazo respectivo para o recurso. Neste caso, o prazo para o pagamento das custas recomeçará a correr a partir da intimação da sentença (dos embargos declaratórios) que fixar o valor das custas. As demais despesas processuais não constituem pressupostos de admissibilidade dos recursos trabalhistas, Em se tratando de ações oriundas de relações jurídicas de trabalho diversas da relação de emprego, deverá o juiz observar, na sentença, o princípio da sucumbência recíproca, consagrado no art. 21 do CPC. De acordo com o art. 790-A da CLT, são isentos do pagamento de custas: os beneficiários de justiça gratuita ou que tenham obtido o benefício da gratuidade; as pessoas jurídicas de direito público; o MPT. Além dessas pessoas ou entidades, também está isenta do pagamento de custas processuais a Massa Falida, por força do TST:

SUM-86 DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EX-TRAJUDICIAL Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. No processo (individual) do trabalho, não há pagamento de custas pro rata. Se pelo menos um pedido formulado na ação trabalhista for acolhido pela sentença, caberá ao vencido, ainda que parcialmente o pagamento respectivo. No caso de dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão ou fixado pelo Presidente do Tribunal.

SUM-25 CUSTAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada, independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originá-ria, das quais ficara isenta a parte então vencida.SUM-36 CUSTAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Nas ações plúrimas, as custas incidem sobre o respectivo valor global.SUM-53 CUSTAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O prazo para pagamento das custas, no caso de recurso, é contado da intimação do cálculo.SUM-86 DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EX-TRAJUDICIAL Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

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(primeira parte - ex-Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ 26.09.1978; segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em 14.03.1994)SUM-170 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CUSTAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Os privilégios e isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as socie-dades de economia mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969 (ex-Prejulgado nº 50).OJ-SDI1-33 DESERÇÃO. CUSTAS. CARIMBO DO BANCO. VALIDADE O carimbo do banco recebedor na guia de comprovação do recolhimento das custas supre a ausência de autenticação mecânica.OJ-SDI1-104 CUSTAS. CONDENAÇÃO ACRESCIDA. INEXISTÊNCIA DE DESERÇÃO QUANDO AS CUSTAS NÃO SÃO EXPRESSAMENTE CAL-CULADAS E NÃO HÁ INTIMAÇÃO DA PARTE PARA O PREPARO DO RECURSO, DEVENDO, ENTÃO, SER AS CUSTAS PAGAS AO FINAL (al-terada) – Res. 150/2008, DEJT divulgado em 20, 21 e 24.11.2008Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não houve fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco in-timação da parte para o preparo do recurso, devendo, pois, as custas ser pagas ao final.OJ-SDI1-140 DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS. DIFERENÇA ÍNFIMA. DESERÇÃO. OCORRÊNCIA (nova redação) - DJ 20.04.2005Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do de-pósito recursal, ainda que a diferença em relação ao “quantum” devido seja ín-fima, referente a centavos.OJ-SDI1-158 CUSTAS. COMPROVAÇÃO DE RECOLHIMENTO. DARF ELETRÔNICO. VALIDADE (inserida em 26.03.1999)O denominado "DARF ELETRÔNICO" é válido para comprovar o recolhimen-to de custas por entidades da administração pública federal, emitido conforme a IN-SRF 162, de 04.11.88.OJ-SDI1-186 CUSTAS. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. DE-SERÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA (inserida em 08.11.2000)No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, ressarcir a quantia.OJ-SDI1-217 AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRASLADO. LEI Nº 9.756/1998. GUIAS DE CUSTAS E DE DEPÓSITO RECURSAL (inserida em 02.04.2001)Para a formação do agravo de instrumento, não é necessária a juntada de com-provantes de recolhimento de custas e de depósito recursal relativamente ao re-curso ordinário, desde que não seja objeto de controvérsia no recurso de revista a validade daqueles recolhimentos.OJ-SDI1-409 MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECOLHIMENTO. PRESSUPOSTO RECURSAL. INEXIGIBILIDADE. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010)O recolhimento do valor da multa imposta por litigância de má-fé, nos termos do art. 18 do CPC, não é pressuposto objetivo para interposição dos recursos de natureza trabalhista. Assim, resta inaplicável o art. 35 do CPC como fonte sub-sidiária, uma vez que, na Justiça do Trabalho, as custas estão reguladas pelo art. 789 da CLT.OJ-SDI1T-53 CUSTAS. EMBARGOS DE TERCEIRO. INTERPOSTOS AN-TERIORMENTE À LEI Nº 10.537/2002. INEXIGÊNCIA DE RECOLHI-MENTO PARA A INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE PETIÇÃO (con-versão da Orientação Jurisprudencial nº 291 da SBDI-1) - DJ 20.04.2005Tratando-se de embargos de terceiro, incidentes em execução, ajuizados anteri-ormente à Lei nº 10.537/2002, incabível a exigência do recolhimento de custas para a interposição de agravo de petição por falta de previsão legal. (ex-OJ nº 291 da SBDI-1 - inserida em 11.08.03)OJ-SDI2-88 MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR DA CAUSA. CUSTAS PROCESSUAIS. CABIMENTO (inserida em 13.03.2002)Incabível a impetração de mandado de segurança contra ato judicial que, de ofí-cio, arbitrou novo

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valor à causa, acarretando a majoração das custas processu-ais, uma vez que cabia à parte, após recolher as custas, calculadas com base no valor dado à causa na inicial, interpor recurso ordinário e, posteriormente, agra-vo de instrumento no caso de o recurso ser considerado deserto.OJ-SDI2-88 MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR DA CAUSA. CUSTAS PROCESSUAIS. CABIMENTO (inserida em 13.03.2002)Incabível a impetração de mandado de segurança contra ato judicial que, de ofí-cio, arbitrou novo valor à causa, acarretando a majoração das custas processu-ais, uma vez que cabia à parte, após recolher as custas, calculadas com base no valor dado à causa na inicial, interpor recurso ordinário e, posteriormente, agra-vo de instrumento no caso de o recurso ser considerado deserto.OJ-SDC-27 CUSTAS. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO. DESERÇÃO. CA-RACTERIZAÇÃO (inserida em 19.08.1998)A deserção se impõe mesmo não tendo havido intimação, pois incumbe à parte, na defesa do próprio interesse, obter os cálculos necessários para efetivar o pre-paro.

No que concerne ao depósito recursal:

Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. (Redação dada pela Lei nº 5.442, de 24.5.1968) (Vide Lei nº 7.701, de 1988)

§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.442, 24.5.1968)

§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que fôr arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região. (Redação dada pela Lei nº 5.442, 24.5.1968)

§ 3º -(Revogado pela Lei nº 7.033, de 5.10.1982)

§ 4º - O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa Lei observado, quanto ao respectivo levantamento, o disposto no § 1º. (Redação dada pela Lei nº 5.442, 24.5.1968)

§ 5º - Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos termos do art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º. (Redação dada pela Lei nº 5.442, 24.5.1968)

§ 6º - Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região, o depósito para fins de recursos será limitado a êste valor. (Incluído pela Lei nº 5.442, 24.5.1968)

§ 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. (Incluído pela Lei nº 12.275, de 2010)

Com o advento da CF/1988, alguns autores manifestaram-se pela inconstitucionalidade do depósito recursal prévio, sob o argumento de que ele impede o exercício do amplo direito de defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

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Diz o art. 7 da Lei 5584/70, in verbis: a comprovação do depósito da condenação terá que ser feita dentro do prazo para a interposição de recurso, sob pena de ser este considerado deserto. A S. 245 do TST interpreta os referidos dispositivos nos seguintes termos:

SUM-245 DEPÓSITO RECURSAL. PRAZO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.

A interpretação lógica que se extrai dos §1 a 6 do art. 899 da CLT aponta no sentido de que somente o empregador condenado em obrigação de pagar poderá ser o responsável pelo depósito recursal, uma vez que este tem por finalidade garantir, ainda que parcialmente, o juízo da execução.O art. 8 da Lei 8542, de 1992, deu nova redação ao art. 899 da CLT fixando novos valores para fins de depósito prévio de recurso ordinário, recurso de revista, embargos infringentes e recurso extraordinário. O TST baixou a IN 3, de 5/3/1993. Recentemente, porém, por força da Lei 12275, de 2010, que alterou a redação do inciso I do §5, do art. 987 e acresceu o §7 ao art. 899, ambos da CLT, o TST, por meio do seu órgão Especial, editou a Resolução n. 168/2010, que atualizou a IN 3, a fimde adequá-la à nova exigência do depósito recursal em AI de acordo com a L. 12.275/2010.

SUM-161 DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM PECÚNIA (manti-da) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tra-tam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT (ex-Prejulgado nº 39).

O recolhimento do depósito ad recursum e sua respectiva comprovação devem ser feitos em guia própria e dentro do prazo referente à interposição do recurso, sob pena de ser este considerado deserto. S. 128:

SUM-128 DEPÓSITO RECURSAL (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998)II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Na fase de execução, desde que garantido o juízo, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5, da CF. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. As pessoas jurídicas de direito público e o MPT não estão sujeitos ao depósito recursal. A massa falida também não está sujeita ao pagamento de custas nem ao depósito recursal, o mesmo não ocorrendo em relação à empresas em liquidação extrajudicial. Pensamos que as empresas em processo de recuperação judicial, quer por ausência de previsão legal de isenção de custas e depósito recursal, quer por não perderem totalmente sua capacidade financeira e de gerenciamento, como ocorre na falência, não estão isentas do preparo recursal.Não se tratanto de litisconsórcio unitário, o depósito recursal feito por um litisconsorte não aproveita aos demais, salvo se houver solidariedade passiva e as defesas opostas ao autor forem comuns. Além disso, havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

SUM-99 AÇÃO RESCISÓRIA. DESERÇÃO. PRAZO (incorporada a Orientação Jurisprudencial

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nº 117 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito recursal só é exigí-vel quando for julgado procedente o pedido e imposta condenação em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos da legislação vigente, sob pena de deserção.SUM-217 DEPÓSITO RECURSAL. CREDENCIAMENTO BANCÁRIO. PROVA DISPENSÁVEL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O credenciamento dos bancos para o fim de recebimento do depósito recursal é fato notório, independendo da prova.SUM-245 DEPÓSITO RECURSAL. PRAZO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.OJ-SDI1-140 DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS. DIFERENÇA ÍNFIMA. DESERÇÃO. OCORRÊNCIA (nova redação) - DJ 20.04.2005Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do de-pósito recursal, ainda que a diferença em relação ao “quantum” devido seja ín-fima, referente a centavos.OJ-SDI1-264 DEPÓSITO RECURSAL. PIS/PASEP. AUSÊNCIA DE INDI-CAÇÃO NA GUIA DE DEPÓSITO RECURSAL. VALIDADE (inserida em 27.09.2002)Não é essencial para a validade da comprovação do depósito recursal a indica-ção do número do PIS/PASEP na guia respectiva.

A respeito dos modelos das guias de recolhimento do depósito recursal, consultar a resolução Administrativa n. 949/2003 e IN 21/2002, ambas do TST. A utilização de guia de depósito recursal imprópria, implica o não reconhecimento do recurso, nos termos da IN/TST 3/1993. Todavia, há divergência de julgados no próprio TST.No que tange aos valores do depósito recursal, o Presidente do TST edita Atos publicados no DEJT que estabelecem os novos valores reajustados anulamente pela variação acumulada no INPC do IBGE dos 12 meses imediatamente anteriores.

- Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: também consitui pressuposto objetivo a inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer. Este pressuposto é extraído dos arts. 501, 502 e 503 do CPC, aplicáveis subsidiariamente à espécie, por força do art. 769 da CLT. A renúncia e a concordância tácita ou expressa com a decisão são consideradas fatos extintivos do direito de recorrer. Já a desistência caracteriza fato impeditivo ao direito de recorrer. Na renúncia, não existe, ainda, o recurso, isto é, a parte que teve contra si uma decisão desfavorável simplesmente manifesta, expressa ou tacitamente, o seu desejo de não interpor recurso. A renúncia ao direito de recorrer produz efeitos meramente processuais e independe de homologação judicial. Na desistência, o recurso já fora formalmente interposto e a parte, em ato posterior, manifesta o seu desejo de não vê-lo apreciado pelo menos ou outro órgão competente para tal. A nosso sentir, a desistência há de ser sempre expressa, oralmente ou por escrito. A desistência é irretratável. A renúncia ou a aceitação da decisão impedem a admissibilidade do recurso pelo juízo a quo ou o seu conhecimento pelo juízo ad quem. Tanto na renúncia quanto na desistência ao direito de recorrer não há necessidade de aquiescência da parte contrária. A desistência pode ser formulada até mesmo no momento da sustentação oral, da tribuna, pelo advogado com poderes especiais. Havendo litisconsórcio simples, tanto a desistência quanto a renúncia independem da anuência dos demais litisconsortes. Todavia, tratando-se de litisconsórcio unitário, a desistência ou a renúncia ao direito de recorrer só serão eficazes se todos os litisconsortes anuírem.

Juízos de admissibilidade e de mérito.

Os recursos, de modo geral, são submetidos a dois juízos de admissibilidade. O priemrio é exercido pela autoridade judicial que proferiu a decisão recorrida. O segundo, pelo órgão competente para julgar o recurso.É verdade que nos embargos de declaração, a despeito da discussão sobre sua natureza recursal ou não, só há um juízo de admissibilidade, que é exercido pela pp autoridade que proferiu a decisão

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recorrida.O TST editou a IN 17/2000.Ressalvados os Rrs, de embargos e de AI, porquanto aqui não há omissão do texto obriro, o relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo TRT, do STF ou TST.No que concerne aos §§1, 1-a e 2 do art. 557 do CPC, o TST, na msm IN, deixou assentado que eles são aplicáveis ao PT, adequando-se o prazo do agravo à sistemática do PT, portanto de 8 dias.

Remessa “ex officio”

O DL 779/1969 determina que nas causas trabalhistas em que figurarem a União, os Estados, os Municípios e o DF, bem como suas respectivas autarquias e fundações públicas de direito público que não explorem atividade econômica, haverá recurso ordinário ex officio das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias.Trata-se de prerrogativa processual cujo fim precípuo repousa na maior segurança jurídica.Afinal, o pp art. 8, in fine, da CLT consagra como uma das fontes do DT o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse de classe ou particular.O recurso ordinário ex officio, também congnominado de remessa necessária, a rigor não possui natureza de recurso, pois não seria crível admitir que o juiz recorresse de sua pp decisão como se fosse um incapaz ou não tivesse pleno convencimento do seu acerto ao proferir sentença desfavorável aos entes públicos.A remessa necessária, portanto, não sendo recurso, não comporta contrarrazões nem recurso adesivo. Tampouco está jungida às ações de alçada, isto é, aquelas cujo valor fixado para a causa não ultrapasse o equivalente a dois salários mínimos na data do ajuizamento da ação.Insta frisar que alguns autores chegaram a sustentar que a remessa necessária seria incompatível com o princípio da igualdade. Não só as sentenças desfavoráveis às pessoas jurídicas de direito público estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório. Os acórdãos proferidos em ações aforadas originariamente perante os TRTs, como a ação rescisória e o MS, com resultado desfavorável àqueles entes, também devem ser submetidas de ofício à confirmação pelo TST.A remessa necessária devolve e transfere ao Tribunal o conhecimento de toda a matéria fática e jurídica suscitada no processo. Já decidiu o TST que no julgamento da remessa de ofício o órgão ad quem exerce cognição plena, não se limitando ao exame da legalidade da sentença.Interessante notar que, segundo o atual entendimento do TST, a inexistência de recurso ordinário voluntário do ente público implica o não conhecimento do recurso de revista por ele interposto:

OJ-SDI1-334 REMESSA "EX OFFICIO". RECURSO DE REVISTA. INE-XISTÊNCIA DE RECURSO ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO DE ENTE PÚ-BLICO. INCABÍVEL (DJ 09.12.2003)Incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a hipótese de ter sido a-gravada, na segunda instância, a condenação imposta.

Outra polêmica que certamente será objeto de discussões doutrinárias diz respeito à aplicabilidade ou não ao processo laboral do art. 475 do CPC com a nova redação dada pela L. 10532/2001. A questão da remessa necessária no PT, como já foi apontado, possui regramento específico no DL 779/1969, e segundo entendimento majoritário, foi recepcionado pela CF.BL pensa que a norma em referência apresenta-se rigorosamente compatível com o processo laboral, não sendo lógico ou razoável deixar de aplicá-la ao PT, pois isso implicaria verdadeira capitis diminutio do juiz trabalhista em relação ao juiz cível.

SUM-330 QUITAÇÃO. VALIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágra-fos do art. 477 da CLT, tem

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eficácia liberatória em relação às parcelas expressa-mente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas.I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo.II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do con-trato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente con-signado no recibo de quitação.

Assim, para BL parece aplicável ao PT a norma do art. 475 §3 do CPC, ante a lacuna normativa da CLT e sua manifesta compatibilidade com os princípios que lhe são peculiares.

CONTRARRAZÕESDiz o art. 900 da CLT: interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas Razões, em prazo igual ao que tiver o recorrente.O prazo para oferecimento das razões de contrariedade é de 8 dias.As pjs de direito público dispõem de prazo em dobro para recorrer, mas não para a apresentação de contrarrazões.As contrarrazões constituem manifestação do princípio do contraditório. O recorrido não está obrigado a apresentá-las.É importante assinalar que as contrarrazões não possuem efeito infringente. Não servem para reformar a decisão recorrida. Mas, por meio delas, o recorrido pode suscitar matérias conhecíveis ex officio.Tem-se discutido, em doutrina, sobre a possibilidade de o recorrido arguir prescrição em sede de contrarrazões.Somente mediante recurso próprio é que a parte, in caso, o empregador, pode suscitar a prescrição, já que não se trata de matéria conhecível de ofício pelo órgão ad quem.No âmbito do TST não é pacífico o entendimento a respeito da admissibilidade da arguição de prescrição em contrarrazões.O mais surpreendente é que o TST vem entendendo que se a prescrição tiver sido arguida na contestação, tal matéria é automaticamente devolvida pelo RO interposto pelo autor, ou seja, não há necessidade de o réu sequer argui-la em contrarrazões.Há, porém, entendimento no pp TST que exige ao menos que a prescrição arguida em contestação seja renovada em contrarrazões.A SBDI-1 do TST adotou a tese no sentido de que a prescrição não pode ser arguida pela primeira vez em contrarrazões em RO.A remessa necessária não comporta contrarrazões.O recurso interposto pelo MPT na condição de custos legis não deixa de ter características de recurso aviado por terceiro interessado. Interposto o apelo pelo Parquet, deve o órgão judicial determinar, de acordo com o conteúdo do decisum, a intimação da parte ou das partes originárias da relação processual para, querendo, apresentarem contrarrazões.

CLÁUSULA IMPEDITIVA DE RECURSO

Seguindo a terceira onda renovatória do Pciv, a Lei 11276/2006 deu nova redação ao art. 518 do CPC, passando a permitir ao juiz não receber o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do STJ ou do STF, sendo-lhe facultado, ainda, depois de apresentada a resposta, reexaminar, em cinco dias, os pressupostos de admissibilidade do recurso.A modificação, para BL, está coerente com o princípio da celeridade processual e teve em mira a valorização da jurisprudência sumulada. Parece-nos que as novas regras quanto ao juízo de admissibilidade da apelação podem ser aplicadas no PT. Não poderá o juiz do trabalho invocar as Ojs do TST para denegar seguimento a recurso ordinário.

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13. Recursos em espécie: recurso ordinário, agravo de petição, agravo de instrumento, recurso derevista, embargos no TST e embargos de declaração. Recurso adesivo. Agravo regimental.Recursos em espécie

Nos termos do art. 893 da CLT, das decisões proferidas pelos órgãos da JT são admimissíveis as seguintes espécies de recursos:- Embargos;- Recurso ordinário;- Recurso de revista;- Agravo.Existe, ainda, a possibilidade de agravo regimental das decisões proferidas pelo Corregedor (art. 709, p 1o).Por força da L. 9957/2000, pode-se dizer que há previsão literal no texto obreiro para os embargos de declaração da sentença ou acórdão.A legislação processual trabalhista prevê, ainda, o pedido de revisão do valor da causa.Doutrina e jurisprudência do TST passaram a admitir também, por aplicação subsidiária do art. 500 do CPC, o recurso adesivo.Há possibilidade, ainda, da interposição de recurso extraordinário ante o disposto no art. 102, III da CF.

Recurso ordinário

- DenominaçãoConvém sublinhar, de início, que o RO de que cuida a CLT não se confunde com o RO previsto nos arts. 102, II, e 105, II, da CF.O odinário é o recurso clássico, por excelência, para impugnar as decisões finais desfavoráveis no âmbito da processualística laboral. Por meio dele, torna-se possível submeter ao juízo ad quem o reexame das matérias de fato e de direito apreciadas pelo juízo a quo.Sua utilização serve para atacar, em regra, as sentenças terminativas ou definitivas proferidas pelos órgãos de 1o grau da jurisdição trabalhista no processo de conhecimento.

- CabimentoConquanto sua utilização corriqueira seja a imputação de sentença, o recurso ordinário não se presta apenas a atacar decisões de primeiro grau de jurisdição, sendo também manejado para hostilizar acórdãos proferidos pelos TRTs nos feitos de sua competência originária, tanto nas ações individuais como nos dissídios coletivos e nas ações anulatórias de cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho.

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior: (Vide Lei 5.584, de 1970)

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e (Incluído pela Lei nº 11.925, de 2009).

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. (Incluído pela Lei nº 11.925, de 2009).

§ 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

I - (VETADO). Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo

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no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)

Uma advertência importante: não somente as decisões definitivas ou terminativas podem ser suscetíveis de ataque por recurso ordinário. O art. 895 da CLT não encerra numerus clausus, e sim exemplificativo.Agumas decisões interlocutórias, como as decisões interlocutórias terminativas do feito, no âmbito da jurisdição trabalhista desafiam a interposição imediata de RO, como a que declara a incompetência absoluta ratione materiae da JT e remete os autos à Justiça Comum.

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova reda-ção) - Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões inter-locutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Com a nova redação dessa súmula, passou-se a admitir a interposição imediata de RO contra decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência em razão do lugar e remete os autos para a Vara do Trabalho submetida à jurisdição de outro tribunal do trabalho.BL acredita que também são impugnáveis por RO as decisões interlocutórias terminativas do feito, como a que acolhe preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria e remete os autos para a Justiça Comum.As decisões finais das Varas do Trabalho que podem ser atacadas por RO ocorrem quando:

o juiz acolher ou rejeitas o pedido do autor, ainda que parcialmente; o réu reconhecer a procedência do pedido; o juiz pronunciar decadência ou prescrição; o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Tb cabe RO da sentença que: indefere a petição inicial, seja por inépcia ou qualquer outro vício; determina o arquivamento dos autos em função do não comparecimento do reclamante à

audiência. Trata-se aqui de situação análoga à sentença que homologa a desistência da ação sem oitiva da parte contrária;

resolve o processo por causa de sua paralisação por mais de um ano, em razão da negligência das partes;

resolve o processo em virtude do não atendimento, pelo autor, do despacho que determinou que promovesse os atos e diligências a seu cargo, ficando abandonada a causa por mais de 30 dias;

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resolve o processo por ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

pronuncia ou acolhe a objeção de litispendência ou coisa julgada; resolve o processo por carência de ação, em função da ausência de possibilidade jurídica do

pedido, interesse de agir ou legitimidade das partes; homologa a desistência da ação; resolve o processo por existir confusão entre autor e réu.

Cabe também recurso ordinário, no âmbito do TST, das decisões finais (terminativa ou definitiva) proferidas pelos TRTs em processos de sua competência originária, no prazo legal, contado da publicação do acórdão ou de sua conclusão no órgão oficial.O art. 225 do RITST dispõe que é cabível RO em:

ação anulatória; ação cautelar; ação declaratória; agravo regimental; ação rescisória; dissídio coletivo; habeas corpus; habeas data; mandado de segurança.

Não cabe, porém, RO das decisões proferidas em sede de processo submetido ao procedimento sumário(Cabe Recurso Extraordinário).Nas ações sujeitas ao procedimento sumaríssimo o recurso ordinário somente será cabível por violação literal à lei, contrariedade à sumula de jurisprudência uniforme do TST ou violação direta à CF.Não cabe recurso ordinário contra decisão em agravo regimental interposto em reclamação correicional ou em pedido de providência.

- Efeitosa) devolutivo: aplica-se subsidiariamente o art. 515 do CPC e o art. 516.O recurso ordinário devolve ao juízo ad quem o reexame da matéria efetivamente impugnada pelo recorrente. Isso significa que o RO, em princípio, possui apenas efeito devolutivo, permitindo, pois a execução provisória do julgado. O juiz não precisa declarar os efeitos em que recebe o recurso, pois, de lege data, os recursos trabalhistas possuem, em regra o efeito devolutivo.É preciso reiterar que apenas as matérias impugnadas no recurso ordinário são devolvidas à cognição do juízo ad quem.O recurso ordinário pode ser manejado tanto para a correção dos errores in judicando quanto dos errores in procedendo, ou seja, sua finalidade pode ser a de retomar (função rescisória do recurso), corrigindo as injustiças ou reexaminado as provas, ou a de anular (função rescindente) a sentença, respectivamente.- Ampliação do efeito devolutivo: tangentemente ao pedido que tenha mais de uma causa de pedir, e a sentença acolher apenas um deles, o RO também devolve ao tribunal o conhecimento das demais causas de pedir. Tratando-se de mais de um fundamento da contestação, e a sentença acolhe apenas um deles, também poderá o juízo ad quem, conhecendo do RO manifestar-se sobre o fundamento não apreciado pelo juízo a quo. Trata-se, neste caso, segundo o TST, do efeito devolutivo em profundidade do apelo ordinário. É o que prevê a S. 393 do TST

SUM-393 RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDI-DADE. ART. 515, § 1º, DO CPC (redação alterada pelo Tribunal Pleno na sessão realizada em 16.11.2010) - Res. 169/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inici-al ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em con-trarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de

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pedido não apreciado na sentença, salvo a hipótese contida no § 3º do art. 515 do CPC.

Assim, julgada improcedente a ação, os fundamentos jurídicos da defesa que não foram apreciados na sentença pode ser objeto de exame pelo tribunal em sede de RO, sem que haja necessidade de recurso do vencedor.Pode o tribunal, ao anular sentença que não reconheceu a relação empregatícia, declarando o autor carecedor do direito de ação, ao ingressar no mérito, ou seja, apreciando os demais pedidos formulados na petição inicial? Pode o tribunal anular sentença terminativa e ingressar, desde logo, no mérito da causa para julgar procedente ou não o pedido? A doutrina majoritária considerava que em tais casos o tribunal deveria limitar-se a anular a sentença e determinar o retorno dos autos ao juiz a quo para prosseguir no julgamento do mérito, sob pena de restar caracterizada a supressão de instância e a violação ao princípio do duplo grau de jurisdição.

b) Efeito translativo: a regra geral é de que o recurso ordinário possui apenas efeito devolutivo. Há, porém, matérias consideradas de ordem pública que devem ser conhecidas ex officio pelo órgão ad quem, independentemente de arguição das partes ou do MP. Estamos falando daquelas questões que não se sujeitam à preclusão enquanto não transitada em julgado a decisão final, como os pressupostos processuais e as condições da ação. Estas questões são transferidas ao reexame do tribunal por força do efeito translativo. O TST reconhece o efeito translativo como sinônimo de efeito devolutivo em profundidade. O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do §1 do art. 515 do CPC transfere automaticamente ao Tribunal a apreciação de fundamento da defesa, não examinado pela sentença, ainda que não renovado em contrarrazões. Não se aplica, todavia ao caso de pedido não apreciado na sentença.Os TRTs vêm adotando o efeito translativo no RO.O efeito translativo não implica reformatio in pejus. Não há lugar para efeito translativo nos recursos de natureza extraordinária, pois estes exigem prequestionamento.

- A decretação de ofício da prescrição em RO: Inovação substancial a respeito da prescrição foi introduzida pela Lei n. 11280/2006, que deu nova redação ao art. 219, §5 do CPC, segundo a qual o juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.A prescrição deixa de ser ato dependente da arguição da parte e passa a ser ato judicial obrigatório. Se é matéria de ordem pública, em caso de RO, o tribunal, por força do efeito translativo, poderá dela conhecer de ofício e, também de ofício, decretar a prescrição.Se o Relator (ou o Tribunal) pretender decretar, de ofício, a prescrição, deverá, antes, determinar a intimação:- do autor para que este, querendo, manifeste-se sobre a existência de causa impeditiva, interruptiva ou suspensiva da prescrição.- do réu para que informe se renuncia ao direito à prescrição.Caso o relator não adote as duas providências acima, poderá ser tipificada a violação aos princípios do devido processo legal e da ampla defesa.A doutrina e a jurisprudência divergem sobre a decretação, de ofício, da prescrição nos sítios do PT.

c) Efeito expansivo: o novel §3 do art. 515 do CPC, faculta ao tribunal julgar desde logo a lide se a causa versas questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. Trata-se do efeito expansivo atribuído ao recurso ordinário. Para alguns autores, o efeito expansivo seria apenas uma ampliação do efeito translativo, para outros, mera extensão do efeito devolutivo do RO. O certo, porém, é que a decisão do tribunal em sede de recurso ordinário poderá ser mais ampla do que a proferida pelo juízo de primeiro grau, sem que isso implique violação ao art. 463 do CPC ou ao duplo grau de jurisdição. Ao que nos parece, o conectivo e deve ser interpretado como disjuntivo “ou” e o tribunal poderá, na mesma sessão, julgar imediatamente o mérito, desde que verificada qualquer uma das duas hipóteses:- a causa versar questão de mérito exclusivamente de direito;

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- a causa versar questão de fato sem necessidade de produção de prova.Mesmo se a causa versar sobre questão de fato, ainda assim o tribunal poderá julgar o mérito, bastando que os fatos estejam devidamente provados ou independam de prova. Uma das hipóteses para se aferir a desnecessidade da baixa dos autos ao juízo de origem repousa na constatação de que na ata de audiência as partes tenham declarado sem outras provas a produzir.Há um outro requisito não previsto expressamente no §3 do art. 515 do CPC que nos parece que deve ser observado. Estamos falando da necessidade de o recorrente pleitear expressamente, nas razões recursais, o pedido sucessivo de continuidade do julgamento do mérito.Pode o tribunal, na hipótese prevista no §3 do art. 515 do CPC, julgar desde logo o mérito, mesmo que o recorrente não tenha formulado expressamente tal pedido? Bl pensa que a resposta é negativa, sob pena de o acórdão implicar não supressão de instância, e sim violação ao princípio da inércia da jurisdição.Se o tribunal verificar que houve ampla produção de prova, constantado que o processo reúne todos os elementos fáticos e jurídicos para prosseguir no julgamento da causa, pois houve ampla cognição com manifestação das partes a respeito das questões suscitadas no feito, poderá a corte, a nosso sentir, adentrar desde logo no julgamento do mérito, acolhendo ou rejeitando os pedidos formulados na petição inicial, sem que isso implique violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório, e do duplo grau de jurisdição. Essa providência somente será possível se houver pedido expresso do recorrente nas razões do RO.

- Efeito expansivo e o problema da prescrição: pode o juízo ad quem, ao dar provimento ao recurso da sentença que pronuncia a prescrição total, adentrar, desde logo, no mérito da causa? Existem 3 correntes doutrinárias.A primeira sustenta que a prescrição é prejudicial do mérito, em função do que o tribunal não poderia apreciar e julgar o restante da causa, pois isso importaria supressão de um grau de jurisdição. O juízo ad quem, ao afastar a prescrição, deveria determinar o retorno dos autos ao juízo a quo. A segunda advoga ser pefeitamente possível o julgamento do restante da causa, por ser a prescrição, com o advento do CPC de 1973, matéria de mérito. O RO contra decisão que pronuncia a prescrição devolve- de forma ampla – ao tribunal o conhecimento de tudo aquilo que diz respeito ao mérito.A última corrente é eclética, porquanto admite que o tribunal adentre no restante do mérito, desde que a causa esteja madura, em expressão magistralmente empregada por Barbosa Moreira.BL é de acordo com a terceira corrente, principalmente em função do art. 515 §3 do CPC.Ainda com relação à prescrição, há um outro tema tormentoso que diz respeito à possibilidade ou não de o tribunal, ao reexaminar sentença que julga improcedente o pedido, silenciar sobre prescrição arguida na contestação e não renovada nem em recurso nem em contrarrazões. O TST já se manifestou no sentido de que teria ocorrido a preclusão consumativa dos atos processuais porquanto não renovada a prescrição em contrarrazões. Para BL foi confundido questão com matéria, o que é errado, sendo que a prescrição é questão prejudicial de mérito.

- Efeito suspensivo: não há previsão na CLT para que o juiz possa emprestar efeito suspensivo ao RO. Todavia, o art. 14 da L. 10192/2001, prevê tal possibilidade em RO contra sentença normativa proferida em dissídio coletivo, como se infere da IN TST 24/2003, que dispõe sobre a faculdade de o Ministro Presidente do TST designar audiência prévia de conciliação, no caso de pedido de efeito suspensivo a recurso ordinário interposto à decisão normativa da JT. A jurisprudência tem admitido em situações excepcionais, a aplicação subsidiária da ação cautelar inominada, com pedido de liminar, com o objetivo único de dar efeito suspensivo ao RO.

SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (conversão das O-rientações Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio

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para se obter efeito suspensivo a recurso.OJ-SDI2-113 AÇÃO CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. INCABÍVEL. AU-SÊNCIA DE INTERESSE. EXTINÇÃO (DJ 11.08.2003)É incabível medida cautelar para imprimir efeito suspensivo a recurso interpos-to contra decisão proferida em mandado de segurança, pois ambos visam, em última análise, à sustação do ato atacado. Extingue-se, pois, o processo, sem julgamento do mérito, por ausência de interesse de agir, para evitar que decisões judiciais conflitantes e inconciliáveis passem a reger idêntica situação jurídica.

A jurisprudência mais recente vem caminhando no sentido de restringir o cabimento do efeito suspensivo a RO por meio de ação cautelar que visa sustar reintegração de empregado.

- Questões de fato não apreciadas na sentença:Nos termos do art. 517 do CPC, as questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. Assim, a possibilidade de inovar somente é admissível se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior, o que não ocorre quando se verifica que a inovação resultaria em supressão de instância.

SUM-8 JUNTADA DE DOCUMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sen-tença.

- TramitaçãoNo primeiro grau da jurisdição trabalhista, o RO da sentença ou decisão terminativa do feito na JT ou nas hipóteses previstas na S. 214 do TST deve ser interposto, no prazo de 8 dias, por petição dirigida ao juiz que proferiu a sentença. Este poderá admití-lo ou não.A cláusula impeditiva de recurso poderá ser aplicada – art. 518, §1, do art. 518 do CPC.Tratando-se de recurso ordinário, também chamado de recurso voluntário, interposto por pjs de direito público o prazo recursal será contado em dobro.Os recursos interpostos pelo MPT, quer na sua condição de órgão agente, quer na de órgão interveniente, também será computado em dobro, a teor do art. 188 do CPC, aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.Admitido o recurso, será intimada a parte adversa para apresentar contrarrazões, também no prazo de 8 dias (prazo idêntico para todos, inclusive pj de direito público e MPT).Recebidas as razões de contrariedade, o art. 518 do CPC, aplicável ao PT, faculta ao juiz de primeiro grau reconsiderar ou não sua decisão quanto à admissibilidade do recurso.Mantida a decisão de admissibilidade, da qual nenhum recurso caberá, o juiz remeterá os autos ao tribunal. Se o juiz não admitir o recurso, poderá o recorrente interpor agravo de instrumento no prazo de 8 dias, cujo objetivo específico reside no destrancamento do RO que não foi admitido pelo juízo a quo.A decisão que admite o RO é irrecorrível, mas não vincula o juízo ad quem.Far-se-á a distribuição de acordo com o RI, observando-se os princípios da publicidade, da alternatividade e do sorteio.É de 8 dias o prazo para o MPT exarar seu parecer nos autos. O parecer poderá ser circunstanciado ou a manifestação escrita poderá ser simplesmente pelo prosseguimento do feito, ressalvando-se ao Parquet o direito de manifestação posterior.No tribunal, se o Relator indeferir o processamento do recurso, dessa decis”ao caberã agravo regimental, no prazo e de acordo com as normas previstas nos Ris, geralmente o prazo é de 8 dias.No procedimento sumaríssimo, o RO será imediatamente distribuído, uma vez recebido no

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Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de 10 dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma deve colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor. Ao MPT é facultado exarar parecer oral mediante registro na Sessão de Julgamento. O acórdão consistirá apenas na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e a parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos pps fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal ocorrência, servirá de acórdão.Os TRTs, divididos em turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos Ros interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.Na ordem do julgamento, primeiro são analisadas as questões relativas ao conhecimento do recurso, ou seja, os pressupostos de sua admissibilidade. Se conhecido o recurso, segue-se o exame das questões preliminares ou prejudiciais, antes do exame do mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão adotada, quanto àquelas. Tratando-se de questões preliminares que importem nulidade suprível, o julgamento pode ser convertido em diligência, caso em que a parte interessada poderá sanar o vício, no prazo assinalado. Se não forem acolhidas as questões preliminares ou prejudiciais, seguir-se- a o julgamento da matéria principal.Os acórdãos deverão ter ementas, salvo nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, uma vez que, neste caso, o acórdão consistirá unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos pps fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.

Agravo de petição

É o recurso pp para impugnar decisões proferidas no curso do processo (ou da fase) de execução. Encontra-se previsto no art. 897, a, da CLT. Prazo: 8 d. Como o legislador não referiu que tipo de decisão seria impugnável por agravo de petição, 3 correntes se propõem a interpretar o termo “decisões”, previsto no preceptivo em causa. A 1a, forte no princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias e na interpretação restritiva da norma, sustenta que somente as sentenças, terminativas ou definitivas, proferidas no processo de execução empolgariam a interposição de agravo de petição. Entre os defensores dessa corrente, encontra-se W. Giglio.A segunda corrente adota interpretação ampliativa do vocábulo decisões para admitir o agravo de petição das decisões interlocutórias, como, por ex. Aquela que torna sem efeito uma penhora ou determina o levantamento de depósito em dinheiro. O principal adepto é Amauri.A 3a corrente sustenta que, em linha de princípio, apenas as sentenças, definitivas ou terminativas, no processo de execução são impugnáveis por agravo de petição, admitindo, porém, em situações excepcionais, que a decisão interlocutória, quando terminativa do feito, possa ser atacada de imediato pelo agravo de petição. BL adota essa corrente.Em suma, o AP será cabível contra as decisões proferidas em embargos à execução, de terceiros, à arrematação, à adjudicação, em impugnação do credor à sentença de liquidação.Quanto à sentença de liquidação, o art. 884, §3 da ClT dispõe que somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo. Todavia, se o executado concordar com os cálculos e simplesmente depositar o valor da condenação, o exequente, ao ser intimado para proceder ao levantamento, poderá impugnar a sentença de liquidação e os cálculos homologados pelo juiz. Dessa decisão à impugnação, o exequente poderá interpor AP.Se o juiz extinguir a liquidação, por entender que o saldo é igual a zero, ou seja, não há crédito a ser executado, dessa decisão caberá agravo de petição, pois é terminativa do feito.A S. 266 do TST admite a interposição de AP na liquidação de sentença. Para BL essa S. Ultrapassa os limites do 896, §2, da CLT.Há previsão, ainda, para o AP na hipótese do art. 17 da Lei 1060/50, isto é, da decisão que, no processo (ou na fase) de execução, denegar assistência judiciária. Mas isso não cabe no PT em face do princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias.

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Tb cabe AP da decisão que acolhe exceção de pré-executividade, mas não da decisão que a rejeita.Com o advento da L. 8432/1992, restringiu-se de certa maneira o manejo do AP de tal modo que o AP só será recebido qnd o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos pp autos ou por carta de sentença.

SUM-416 MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992. ART. 897, § 1º, DA CLT. CABIMENTO (conversão da Orientação Jurisprudenci-al nº 55 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da exe-cução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. (ex-OJ nº 55 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

A jurisprudência vem exigindo o pressuposto específico da delimitação da matéria.Se a matéria for exclusivamente de direito, pode ocorrer que não haja necessidade de impugnar valores.Efeitos: na esteira do art. 899 da CLT, o AP possui somente efeito devolutivo, restrito à matéria e aos valores impugnados pelo agravante. Como se trata de recurso de natureza ordinária, o AP possui efeito translativo, permitindo, assim, ao juízo ad quem a apreciação de questões de ordem pública não sujeitas à preclusão. A ausência do efeito suspensivo permite a extração de carta de sentença para o prosseguimento da execução, cabendo ao juízo a quo, em tais casos, remeter ao TRT os autos originais contendo o AP. É possível, também, a formação de instrumento com as peças necessárias para que o TRT aprecie o AP, permanecendo os autos principais na 1a instância, para o prosseguimento da execução.\No que tange ao depósito recursal:

Sum. 128 II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, po-rém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juí-zo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Não há mais exigibilidade das custas como pressuposto objetivo para interposição do AP.Procedimento: o prazo é de 8 dias contados da ciência da decisão impugnada, em petição dirigida ao juiz prolator da mesma que exercerá o juízo primeiro de admissibilidade. Para BL o AP comporta juízo de retratação. Admitido o recurso e não havendo retratação, o agravado será intimado para contraminutar o agravo, também em 8 dias. Nesse caso, o juiz deverá remeter o recurso ao TRT, cabendo-lhe decidir sobre a extração de carta de sentença ou formação de instrumento para a execução imediata da parcela incontroversa, se houver.O AP será julgado pelo pp tribunal, presidido pela autoridade recorrida, salvo se se tratar de decisão de Juiz do Trabalho de à instância ou de juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das turmas do TRT (ou ao Pleno, nos tribunais não divididos em turmas) a que estiver subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no art. 679, a quem este remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos pp autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença.Nos Tribunais Regionais, a tramitação do AO, guardadas algumas peculiaridades previstas nos respectivos RI, é praticamente a mesma do RO.

Agravo de instrumento

É cabível no prazo de 8 dias dos despachos que denegarem a interposição de recursos.Discute-se, em doutrina, qual a natureza jurídica desse ato processual proferido pelo juiz. Será que é realmente despacho ou decisão interlocutória? Não se trata, segundo certa corrente doutrinária, de decisão interlocutória, porque não resolve questão incidente. Outra corrente sustenta que não pode ser mero despacho, porque este, como é por demais sabido, não é recorrível, nos termos do art. 504 do CPC. Para BL, estamos diante de autêntica decisão interlocutória, pois entendemos que a

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extinção do processo, a rigor, somente se dá com o esgotamento do prazo para interposição de recursos.Sobre o AI, ver IN 16/1999.Cabe AI contra as decisões que denegarem seguimento a recursos ordinário, de revista, extraordinário, adesivo, de petição, e, por óbvio, contra as decisões que denegarem seguimento ao pp agravo de instrumento.Não cabe AI das decisões que denegarem seguimento ao recurso de embargos no TST, pois, nesse caso, cabe agravo regimental.Em se tratando de RR com mais de uma matéria, a decisão proferida pelo juiz presidente do TRT que o admitir apenas com relação a uma delas não enseja o AI contra a parte que não admitiu o processamento do RR no tocante às demais matérias.

SUM-285 RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE PARCIAL PELO JU-IZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. EFEI-TO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a inter-posição de agravo de instrumento.

Efeitos: o AI possui apenas efeito devolutivo, isto é, a matéria que será analisada pelo juízo ad quem limita-se à validade ou não da decisão denegatória de recurso.Assim, somente no caso de provimento do AI poderá o tribunal examinar o recurso que teve seu processamento trancado pelo juízo a quo.No âmbito do TST há precedentes no sentido de se admitir não o mandamus, mas sim a medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso, aí incluído, por logicidade, o AI.Em princípio, o AI não suspende a execução trabalhista. Tratando-se, porém, de execução definitiva, o AI poderá excepcionalmente ter efeito suspensivo, se, e somente se, o executado-agravante ajuizar ação cautelar perante o órgão competente para julgar o recurso e demonstrar, quantum satis, os requisitos que a justifiquem, no caso concreto, a suspensão da execução. Para tanto, deverá comprovar a grande possibilidade de vitória no recurso cujo seguimento foi denegado e, concomitantemente, a comprovação de prejuízo de incerta ou difícil reparação.Processamento: com o advento da L. 9756/1998, houve profunda alteração no AI. O §5 do art. 897 passou a dispor que sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado.Para tanto, as partes, isto é, agravante e agravado, deverão instruir a petição do agravo e a petição da contraminuta com as peças necessárias tanto para o exame da decisão denegatória do seguimento do recurso trancado quanto do mérito do pp recurso que teve seu seguimento obstado pela decisão agravada.Esse dispositivo estabelece peças obrigatórias e facultativas.Se faltarem qualquer das peças obrigatórias, a consequência será o não conhecimento do agravo.Não ;e válida a colação de documentos novos,salvo S. 8.O AI será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer do recurso cuja interposição foi denegada.O AI é interposto perante o órgão judiciário prolator da decisão agravada, o qual poderá revogá-la ou não. E isso ocorre porque o AI está sujeito ao juízo de retratação decorrente de efeito regressivo inerente a tal modalidade recursal.Interposto o AI, o juiz poderá reconsiderar a decisão agravada e determinar a subida do recurso trancado. Se a decisão agravada for mantida, o agravado será intimado para, no prazo de 8 dias, oferecer respostas ao agravo e ao recurso principal, instruindo-as com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.Provido o agravo, a turma deliberará sobre a conveniência do julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. A deliberação sobre o julgamento deve atender a critérios objetivos.

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A tramitação e o julgamento de AI no juízo competente obedecerão à disciplina legal e ao constante dos respectivos Ris.No âmbito do TST, cabe agravo ao Colegiado competente para o julgamento do respectivo recurso, no prazo de 8 dias, a contar da publicação no diário da justiça:I – da decisão do relator tomada com base no art. 896, §5 da CLT;II – da decisão do Relator, dando ou negando provimento ou negando seguimento a recurso, nos termos do art. 557 e §1-a do CPC.

Recurso de revista

- Natureza jurídicaNa redação original do art. 896 da CLT o RR era chamado de Rext., o que somente foi alterado a partir da Lei n. 861, de 1949. Daí a afirmação de que possui natureza extraordinária, já que sua utilização não se presta à observância do duplo grau. Tb não é utilizado, em princípio, para corrigir justiça ou injustiça dos acórdãos proferidos pelos TRTs.O objeto do RR consiste apenas em impugnar acórdão regional que contenha determinados vícios. Os objetivos específicos repousam na supremacia do direito nacional.Numa palavra, o RR se presta a corrigir a decisão que violar a literalidade da lei e a uniformizar a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e normas de direito material e processual do trabalho.- Pressupostos de Admissibilidade: o RR exige, para o seu conhecimento, ou seja, para a sua admissibilidade, além dos pressustos genéricos inerentes a qualquer recurso, alguns pressupostos específicos.- Pressupostos genéricos: são os de qualquer recursos. Acrescentamos, apenas, que o valor das custas processuais poderá ser alterado em função do resultado do julgamento do RO, ou seja, se houver alteração da sucumbência, a parte então vencida fica obrigada a pagar as custas independentemente de nova intimação.No que tange ao depósito recursal, o RR está sujeito às mesmas regras do RO, apenas acrescentando que o valor do depósito recursal como pressuposto de admissibilidade do RR é o dobro do fixado para o RO:

SUM-128 DEPÓSITO RECURSAL I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da con-denação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, po-rém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juí-zo. III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recur-sal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

- Pressupostos específicos: as decisões interlocutórias, por não serem, em princípio, recorríveis de imediato, não podem ser objeto de ataque por RR, salvo se terminativas do feito ou nas hipóteses da S. 214 do TST:

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões inter-locutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o

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juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Por outro lado, nos dissídios de alçada, a sentença proferida ou é irrecorrível ou somente admite Rext do juízo de primeiro grau diretamente para o Stf, afastada a pertinência do RR. Mas o TST não adota esse entendimento.Com o advento da L. 9756/1998, houve substancial alteração quanto aos pressupostos específicos do RR. A mens legis dessa norma deixa clara a ideia da restrição ao conhecimento (admissibilidade) da revista.a) Decisão proferida em grau de RO em dissídios individuais: a partir da vigência da L. 9756/1998, o RR passou a ser cabível apenas das decisões proferidas em grau de RO, em dissídio individual, pelos TRTs. A revista é também cabível, no processo de execução, em grau de agravo de petição, desde que o recorrente fundamente o recurso com base em violação direta e literal à CF. Para BL cabe RR contra acórdãos regionais de natureza terminativa ou definitiva. Igualmente, quando se tratar de decisões interlocutórias terminativas do feito ou nas hipóteses da S. 214 do TST.Não é admissível a revista das decisões finais proferidas em dissídio coletivo, MS e AR, pois o recurso cabível dessas decisões é o ordinário. Parece também cabível a revista, no processo de conhecimento, das decisões dos TRTs proferidas em grau de remessa ex officio. O TST, no entanto, firmou entendimento de que, neste caso, só será admitivo recurso de revista se, no TRT, o ente público tiver interposto recurso ordinário voluntário (OJ 334).b) Prequestionamento: outro pressuposto específico para o RR é o prequestionamento. Trata-se de ocndição imposta pela jurisprudência, como se infere da S. 356 do STF: o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de REXt, por faltar o requisito do prequestionamento.

SUM-184 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE RE-VISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omis-são apontada em recurso de revista ou de embargos.SUM-297 PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.

Não vale o pronunciamento implícito, mas não é preciso que a decisão reproduza ipsis litteris o dispositivo de lei que o recorrente alega ter sido violado. O importante é que a tese explícita sobre a matéria questionada faça parte da fundamentação do julgado.

OJ-SDI1-118 PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊN-CIA DA SÚMULA Nº 297 (inserida em 20.11.1997)Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário con-tenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestio-nado este.OJ-SDI1-256 PREQUESTIONAMENTO. CONFIGURAÇÃO. TESE EX-PLÍCITA. SÚMULA Nº 297 (inserida em 13.03.2002)Para fins do requisito do prequestionamento de que trata a Súmula nº 297, há necessidade de que haja, no acórdão, de maneira clara, elementos que levem à conclusão de que o Regional adotou uma tese contrária à lei ou à súmula.S. 297 II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recur-so principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.

Se a decisão recorrida é silente sobre a alegada violação à lei, incumbe ao recorrente interpor embargos de declaração para que o TRT se pronuncie literalmente sobre a matéria. Porém:

S. 297 III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a

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qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embar-gos de declaração.

O prequestionamento só é exigível em recurso de natureza extraordinária, como a RR e os embargos para a SDI.

OJ-SDI1-62 PREQUESTIONAMENTO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBI-LIDADE EM APELO DE NATUREZA EXTRAORDINÁRIA. NECESSIDA-DE, AINDA QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA É necessário o prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta.

Não se pode exigir prequestionamento quando a violação à disposição literal de lei surge no pp acórdão impugnado pelo RR.

OJ-SDI1-119 PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297. INAPLICÁVEL É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.

Não configura prequestionamento o acórdão regional que simplesmente adota como razões de decidir os fundamentos da sentença:

OJ-SDI1-151 PREQUESTIONAMENTO. DECISÃO REGIONAL QUE A-DOTA A SENTENÇA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (inserida em 27.11.1998)Decisão regional que simplesmente adota os fundamentos da decisão de primei-ro grau não preenche a exigência do prequestionamento, tal como previsto na Súmula nº 297.

Se isso acontecer, o recorrente deverá interpor ED, sob pena de não ser conhecido o RR.Se a finalidade dos ED consistir justaqmente no prequestionamento, fica afastado o eventual intuito protelatório deles.c) Reexame de fatos e provas: o RR não se presta a reexame de fatos e provas (S. 297 do STF, 7 do STJ, e 126 do TST).d) Transcendência: com o firme propósito de dificultar a interposição do RR, o PR editou a MP n. 2226, de 4/9/2001, que se encontra em vigor consoante o art. 2 da EC 32/2001, inserindo o art. 896-A na CLT. Assim, em tema de transcendência, no RR não há o prejuízo primeiro de admissibilidade exercido pelo Presidente do TRT.e) cabimento: o recorrente pode fundamentar a revista com base em apenas uma, duas ou 3 alíneas do art. 896 da CLT.

SUM-218 RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PROFERIDO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agra-vo de instrumento.SUM-266 RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE. EXECUÇÃO DE SENTENÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003SúmulaA-77A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agra-vo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de vio-lência direta à Constituição Federal.

Tb não é cabível o RR contra decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do TST – S. 333.Abaixo as hipóteses de cabimento.a) divergência jurisprudencial na Interpretação de lei federal: Com a nova redação do art. 896 da CLT houve certa restrição ao cabimento do RR, uma vez que este é agora cabível das deciões que derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal regional, no seu pleno ou Turma, ou a SDI do TST, ou a Súmula de Jurisprudência

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Uniforme dessa Corte.A divergência jurisprudencial apta ao cabimento da revista há de ser oriunda dos órgãos específicos da JT prescritos expressamente na alínea a do art. 896. Isso significa que não se admitirá que a divergência seja originária:

do msm tribunal, seja do pleno ou de turma; de outros órgãos da pp JT não indicados no dispositivo legal; de outros órgãos de qualquer ramos do PJ, nem mesmo do STF.

Além disso, a divergêncis ora focalizada deve estar relacionada à interpretação do msm dispositivo de lei federal. Essa divergência, no entanto, deve ser específica, a teor da S. 296 do TST.Aliás, não será conhecido o RR se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos. A prova do dissenso pretoriano deve ser feita de acordo com a S. 337 do TST:

SUM-337 COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RE-CURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (redação alterada pelo Tribu-nal Pleno em sessão realizada em 16.11.2010, em decorrência da inclusão dos itens III e IV) - Res. 173/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente:a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte ofi-cial ou o repositório autorizado em que foi publicado; eb) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazi-dos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. (ex-Súmula nº 337 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de juris-prudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (ex-OJ nº 317 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003);SúmulaA-101III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto para-digma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a fundamentação do acór-dão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acór-dãos;IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, sendo necessário que o recorrente transcreva o trecho divergente e aponte o sítio de on-de foi extraído com a devida indicação do endereço do respectivo conteúdo na rede (URL – Universal Resource Locator).

Não cabem mais recurso de revista, com base na alinea a, se os acórdãos divergentes forem do mesmo tribunal, seja do pleno ou de turma.Qnd o RR estiver fundado em OJ da SDI, basta que o recorrente indique, nas razões recursais, o número ou o conteúdo do verbete correspondente -OJ 219.A divergência apta a ensejar o RR com base na alínea a do art. 896 deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.A Lei 11341/2006 tornou possível a utilização de decisões disponíveis em mídia eletrônica.O TST não conhece do RR se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.b) Divergência jurisprudencial na interpretação de lei estadual, convenção coletiva, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa: de acordo com a alínea b do art. 896 da CLT, também cabe recurso de revista dos acórdãos regionais proferidos em sede de RO (e remessa ex officio) quando derem interpretação divergente da que for dada por outro TRT, no seu pleno ou turma, ou a SDI, ou contrariar súmula do TST, ao mesmo dispositivo de:

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lei estadual: para BL abrange decreto, portaria ou outros atos normativoseditados pelo PP Estadual;

convenção coletiva de trabalho; acordo coletivo de trabalho; sentença normativa; regulamento de empresa.

Os dispositivos de lei e as cláusulas de convenção coletiva, acordo coletivo, sentença normativa e regulamento de empresa devem ter observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do TRT prolator do acórdão recorrido.Não cabe RR, com base na alínea b, das decisões oriundas do msm TRT, de seu pleno ou turma.Há quem sustente a inconstitucionalidade da alínea b, pois esse dispositivo permitiria o reexame de fatos e provas concernentes às cláusulas de convenção, acordo coletivo ou regulamento empresarial, o que é vedado em sde de recurso de natureza extraordinária, como é o de revista. O TST editou a S. 312, julgando constitucional o dispositivo.Não será cabível o RR quanto à divergência de interpretação de cláusula de contrato individual de trabalho – S. 126 (exige reexame de fatos e provas).O TST já deixou sedimentado que se a turma do TST conhecer de RR da parte que não comprovar que lei estadual, norma coletiva ou regulamento de empresa extrapolam o âmbito do TRT haverá violação do art. 896, b, da CLT, o que permite conhecimento de embargos com fundamento no art. 894 b da CLT.Importa notar que a divergência apta a ensejar o RR com base na alínea b também deve ser atual.Estando a decisão recorrida em consonância com S. Do TST, poderá o ministro relator, indicando-o, negar seguimento ao RR. Tb será denegado seguimento ao RR nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.

c) Violação de literal dispositivo de Lei Federal ou da CF: para BL lei federal comporta interpretação ampliativa. Deve abranger não apenas a lei federal em sentido estrito, mas também atos normativos com força de lei, como o antigo DL, a MP e o decreto. Já a portaria ministerial, a instrução e a ordem de serviço não empolgam o cabimento da revista. Violação ao costume também não enseja.Para BL há necessidade de indicação expressa da norma (S. 221, I e OJ 335).

OJ-SDI1-257 RECURSO. FUNDAMENTAÇÃO. VIOLAÇÃO LEGAL. VO-CÁBULO VIOLAÇÃO. DESNECESSIDADE (inserida em 13.03.2002)A invocação expressa, quer na revista, quer nos embargos, dos preceitos legais ou constitucionais tidos como violados não significa exigir da parte a utilização das expressões "contrariar", "ferir", "violar", etc.

O TST não admite recurso de revista em remessa ex officio, caso não tenha sido interposto RO pelo ente público na instância ordinária, salvo se houver ampliação da condenação – OJ 334.

OJ-SDI1-115 RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL (nova redação) - DJ 20.04.2005O conhecimento do recurso de revista ou de embargos, quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou do art. 93, IX, da CF/1988.

- Efeitos do RR: com o advento da L. 9756/1998, que deu nova redação ao art. 896 da CLT, não é mais permitida a concessão de efeito suspensivo ao RR. A devolutividade do RR não é ampla como no RO. É bem limitada. Aki também não há lugar para o efeito translativo, na medida em que o TST somente apreciará as questões prequestionadas ainda que tais questões sejam de ordem pública.O TST ao julgar o RR não poderá adotar fundamento diverso do apresentado nas razões recursais, msm se se tratar de questões de ordem pública.

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- Procedimento: Prazo de 8 dias, petiça devidamente fundamentada. É submetido ao exame de admissibilidade ao Presidente do TRT, em decisão que deverá ser fundamentada sob pena de nulidade.A petição é dirigida ao Presidente do TRT e as razões recursais à Turma do TST.Em se tratanto de decisão condenatória, será indispensável o recolhimento prévio do depósito recursal ou seu complemento.Além disso, a parte deve verificar se há condenação no pagamento de custas.Caso o acórdão seja omisso a respeito da responsabilidade pelo pagamento das custas ou depósito recursal, cabe ao interessado interpor ED. Se houver modificação dos valores alusivos ao preparo recursal e a parte não interpuser embargos de declaração, prevalecerá o valor fixado na sentença.Se o Presidente denegar seguimento ao RR, o recorrente poderá interpor AI, sendo importante lembrar que a OJ 287 da SBDI exige autenticação das cópias do despacho denegatório da revista e da respectiva certidão de intimação para fins de admissão do AI. O Presidente também pode admitir parcialmente o RR. Neste caso, entende o TST que não há necessidade de interposição de agravo de instrumento com relação aos tópicos que não foram admitidos (S. 285).Admitido o processamento, será intimado o recorrido para tomar ciência da decisão e querendo contra-arrazoar oportunidade em que poderá apresentar recurso adesivo, também sujeito a controle de admissibilidade do juízo a quo. Se denegado o RR adesivo, também será cabível o AI.Decorrido o prazo para contrarrazões, com ou sem elas, o Presidente do TRT encaminhará os autos ao TST. Neste, o RR será submetido a dois novos exames de admissibilidade: um exercido monocraticamente pelo Relator e o segundo pela turma.Se a decisão recorrida estiver em consonância com S. Do TST, poderá o Relator, indicando-a, negar seguimento ao RR. Igualmente, será denegado seguimento ao RR nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo interposição de agravo regimental. Se a decisão for mantida, o Agravo Reg. Será submetido a julgamento pelo órgão colegiado (turma).Se admitida a revista diretamente pelo relator ou se conhecido e provido o agravo reg. O RR será incluído em pauta e julgado pela msm turma.Na sessão de julgamento, depois de lido o relatório, é facultada a sustentação oral, passando-se, em seguida, à votação, iniciando-se pelas questões relativas ao conhecimento da revista. Depois, analisa-se o mérito do recurso, que pode versar questões processuais ou concernentes à lide. Em caso de provimento, o TST aplicará o direito à espécie, decidindo desde logo a lide, salvo na hipótese de anulação do acórdão recorrido, caso em que os autos deverão ser baixados ao Tribunal a quo para novo julgamento.Ver IN 17/2000 e 23/2003.

Embargos no TST Foram extintos os embargos infringentes ou de nulidade que eram interpostos perante as extintas Juntas de Conciliação e Julgamento.Com a L. 7701/1988, passaram a existir 3 espécies de embargos no TST: os infringentes, os de divergência e os de nulidade.Todavia, com a L. 11496/2007 foi extinto o embargo de nulidade que era cabível da decisão de turma do tst que violasse literalmente preceito de lei federal ou da CF.Só restaram no TST os embargos infringentes e de divergência.

- Embargos infringentes: são recurso de natureza ordinária, da competência da SDC. É cabível para impugnar decisão não unânime proferida em dissídio coletivo de competência originária do TST envolvendo empresas que exercem sua atividade econômica em base territorial que extrapole a jurisdição de um TRT. Cabem no prazo de 8 dias. Assim, são cabíveis de decisão não unânime da SDC, salvo se esta estiver em consonância com Precedente ou S. Do tst. Está previsto no art. 232 do RITST.É da competência da SDC julgar em última instância os embargos infringentes.

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Comportam devolutividade ampla, abrangendo matéria fática e jurídica, desde que restritas à cláusulas em que não tenha havido julgamento unânime. Possuem efeito meramente devolutivo.Seu procedimento está previsto nos arts. 233 e 234 do RITST. Registrado o protocolo na petição a ser encaminhada à Secretaria do órgão julgador competente (SDC), esta juntará o recurso aos autos respectivos e abrirá vista à parte contrária, para impugnação, no prazo legal. Transcorrido o prazo, o processo será remetido à unidade competente, para ser imediatamente distribuído. Não atendidas as exigências legais relativas ao cabimento dos embargos, o Relator denegará seguimento ao recurso, facultada à parte a interposição de agravo regimental.

- Embargos de divergência: previsto no art. 894, II da CLT e art. 71, I e II, art. 231 do RITST. São cabíveis das decisões:

divergentes entre a SBDI_1 E A SBDI-2 a respeito de aplicaçãod e norma prevista em lei federal ou na CF;

divergentes entre duas ou mais turmas; de uma ou mais turmas que divergirem das decisões da SDI; de uma ou mais Turmas que divergirem de OJ (da SDI ou da SDC); de uma ou mais turmas que divergirem de Súmula do TST.

Na primeira hipótese, a competência funcional originária para julgar os embargos de divergência é da SDI, em sua composição plena, nas demais hipóteses, da SDI-1.Os embargos de divergência possuem natureza extraordinária.As controvérsias já superadas por iteraiva, notória e atual jurisprudência do TST em matérias relacionadas a processos individuais não empolgam a interposição de embargos nem RR (S. 333), salvo se a jurisprudência do Tst colidir com a do STF.

SUM-337 COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RE-CURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (redação alterada pelo Tribu-nal Pleno em sessão realizada em 16.11.2010, em decorrência da inclusão dos itens III e IV) - Res. 173/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente:a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte ofi-cial ou o repositório autorizado em que foi publicado; eb) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazi-dos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. (ex-Súmula nº 337 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de juris-prudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (ex-OJ nº 317 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003);SúmulaA-101III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto para-digma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a fundamentação do acór-dão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acór-dãos;IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, sendo necessário que o recorrente transcreva o trecho divergente e aponte o sítio de on-de foi extraído com a devida indicação do endereço do respectivo conteúdo na rede (URL – Universal Resource Locator).SUM-23 RECURSO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida re-solver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.SUM-126 RECURSO. CABIMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos

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e provas.SUM-184 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE RE-VISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omis-são apontada em recurso de revista ou de embargos.SUM-296 RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDA-DE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 37 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prossegui-mento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênti-cos os fatos que as ensejaram. (ex-Súmula nº 296 - Res. 6/1989, DJ 19.04.1989)II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, con-clui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. (ex-OJ nº 37 da SBDI-1 - inserida em 01.02.1995)SUM-353 EMBARGOS. AGRAVO. CABIMENTO (incorporada a Orientação Ju-risprudencial n.º 293 da SBDI-1 com nova redação como letra f) - Res. 171/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instru-mento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se pro-clamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; e) para im-pugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC; f) contra decisão de Turma proferida em Agravo inter-posto de decisão monocrática do relator, baseada no art. 557, § 1º-A, do CPC. (ex-OJ nº 293 da SBDI-1 com nova redação)OJ-SDI1-147 LEI ESTADUAL, NORMA COLETIVA OU NORMA REGU-LAMENTAR. CONHECIMENTO INDEVIDO DO RECURSO DE REVISTA POR DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL (nova redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 309 da SBDI-1) - DJ 20.04.2005I - É inadmissível o recurso de revista fundado tão-somente em divergência ju-risprudencial, se a parte não comprovar que a lei estadual, a norma coletiva ou o regulamento da empresa extrapolam o âmbito do TRT prolator da decisão re-corrida. (ex-OJ nº 309 da SBDI-1 - inserida em 11.08.2003)II - É imprescindível a argüição de afronta ao art. 896 da CLT para o conheci-mento de embargos interpostos em face de acórdão de Turma que conhece in-devidamente de recurso de revista, por divergência jurisprudencial, quanto a tema regulado por lei estadual, norma coletiva ou norma regulamentar de âmbi-to restrito ao Regional prolator da decisão.OJ-SDI1-95 EMBARGOS PARA SDI. DIVERGÊNCIA ORIUNDA DA MESMA TURMA DO TST. INSERVÍVEL (inserida em 30.05.1997)ERR 125320/1994, SDI-PlenaEm 19.05.1997, a SDI-Plena, por maioria, decidiu que acórdãos oriundos da mesma Turma, embora divergentes, não fundamentam divergência jurispruden-cial de que trata a alínea "b", do artigo 894 da Consolidação das Leis do Traba-lho para embargos à Seção Especializada em Dissídios Individuais, Subseção I.OJ-SDI1-115 RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL (nova redação) - DJ 20.04.2005O conhecimento do recurso de revista ou de embargos, quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou do art. 93, IX, da CF/1988.OJ-SDI1-219 RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS FUNDAMEN-TADO EM

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ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO TST (inserida em 02.04.2001)É válida, para efeito de conhecimento do recurso de revista ou de embargos, a invocação de Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu número ou conteúdo.OJ-SDI1-257 RECURSO. FUNDAMENTAÇÃO. VIOLAÇÃO LEGAL. VO-CÁBULO VIOLAÇÃO. DESNECESSIDADE (inserida em 13.03.2002)A invocação expressa, quer na revista, quer nos embargos, dos preceitos legais ou constitucionais tidos como violados não significa exigir da parte a utilização das expressões "contrariar", "ferir", "violar", etc.

Os embargos de divergência possuem apenas efeito devolutivo, mas a matéria discutida só pode ser de direito.A comprovação de divergência será feita na forma da S. 337 do TST.O procedimento dos embargos de divergência está previsto no pu do art. 231 do RITST. Assim, registrado o protocolo na petição recursal a ser encaminhada à Coordenadoria da Turma prolatora da decisão embargada, esta juntará o recurso aos autos respectivos e abrirá vista à parte contrária para impugnação no prazo legal (8d). Transcorrido o prazzo, o processo será remetido à unidade competente para ser imediatamente distribuído.

- Embargos de nulidade: extinto pela L. 11496/2007.

Embargos de declaração

Têm por objetivo esclarecer, complementar e aperfeiçoar as decisões judiciais.Há acirrada polêmica sobre sua natureza jurídica:a) não seriam recurso porque: não são julgados por outro órgão judicial e sim pelo mesmo que proferiu a decisão embargada; não há previsão de contraditório; interrompem o prazo para recurso; não objetivam a reforma da decisão.b) possuem natureza recursal, tendo em vista a sua expressa previsão no elenco dos recursos cíveis do CPC.Foi acrescentado o art. 897-A que prevê os ED no PT. Para o STF, a segunda corrente é a aplicável, pelo menos quando se tratar de embargos interpostos contra omissão do julgado que possa ocasionar efeito modificativo da decisão. Tb nesse sentido a OJ 192:

OJ-SDI1-192 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRAZO EM DOBRO. PES-SOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. DECRETO-LEI Nº 779/69 (inseri-da em 08.11.2000)É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.

- Cabimento: ocorrência de omissão, obscuridade e contradição.

Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

a) Omissão de ponto, questão ou matéria: neste caso, os embargos podem versar não apenas sobre pedido não apreciado, mas também sobre a causa de pedir não enfrentada na decisão embargada, caso em que a sua utilização visa ao questionamento para possibilitar o acesso às instâncias extraordinárias. Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em RR ou embargos – S. 184. Diz-se prequestionada a matéria ou questão qnd na decisão

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impugnada houver sido adotada, explicitamente, tese a respeito – S. 297, I. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sobre pena de preclusão. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar a tese, não obstante opostos embargos de declaração. Os Ed são incabíveis para corrigir justiça ou injustiça da decisão. São cabíveis os embargos declaratórios quando o embargante objetiva fixação de novo valor da condenação para fins de depósito recursal.b) Obscuridade: é a falta de clareza.c) Contradição: a contradição deve se encontrar no corpo da pp sentença ou acórdão. Tem-se aditido a contradição entre o acórdão e a certidão de julgamento. Não cabem Ed para reexame do conteúdo da decisão embargada. Há entendimento no sentido de admitir embargos declaratórios quando existe contradição entre o acórdão e a certidão de julgamento.d) erro material: admitida pela jurisprudência.e) cabimento contra algumas decisões interlocutórias: em se tratando se decisões monocráticas proferidas em grau de recurso, mormente nas hipóteses do art. 557 do CPC, há fortes razões de ordem lógica que justificam o cabimento dos embargos declaratórios contra tal decisão – S. 412, I.BL acha, junto com Barbosa Moreira, que os Ed cabem contra qualquer decisão, salvo despachos.A jurisprudência não vem admitindo ED contra decisão denegatória de recurso.

- Preparo: os ED não estão sujeitos. Não há incidência de custas ou depósito recursal.

- Juízo de admissibilidade e juízo de mérito: o juízo de admissibilidade dos ED deve estar circunscrito ao exame dos pressupostos genéricos intrínsecos (legitimidade recursal, interesse de recorrer e adequação da via eleita) e extrínsecos (tempestividade, regularidade formal e inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer). Além desses pressupostos genéricos, o art. 536 do CPC, aplicado subsidiariamente ao PT exige um pressuposto específico dos embargos de declaração, na medida em que impõe ao embargante o dever de fazer a indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, contido na decisão hostilizada.

- Efeitos:a) Devolutivo: Os ED devolvem ao juiz, relator ou tribunal as matérias contidas na decisão hostilizada, sendo certo que ao órgão julgador, ao processar e julgar os ED, ficará limitado ao exame de tais matérias.b) Translativo: podem ter, caso a omissão contida na decisão embargada diga respeito à questão de ordem pública, conhecível, de ofício, pelo magistrado.c) Interruptivo: os ED interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. Há quem sustente que esse efeito ocorre apenas qnd os ED são admitidos. A jurisprudência é quase unânime em afirmar que somente os ED intempestivos não interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, sendo certo que alguns julgados admitem que tanto a intempestividade quanto a irregularidade de representação nos embargos declaratórios não produzem o efeito interruptivo.d) Efeito modificativo: os ED não visam, em princípio, reformar a decisão embargada, razão pela qual, a rigor, eles não devolvem ao juiz prolator o conhecimento da matéria alegada. Todavia, quando a decisão contiver omissão, contradição, ou manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso, os embargos poderão ensejar a reforma do decisum hostilizado. Quando isso ocorre, os ED, desde que providos, podem implicar a reforma da decisão embargada. É o que se covnencionou denominar de efeito modificativo (ou infringente) dos ED. No que tange ao efeito modificativo do recurso de ED, o STF firmou jurisprudência no sentido de se permitir o contraditório, sob pena de nulidade. Seguindo o entendimento do STF, o TST editou a S. 278: a natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado. Tb no caso de contradição os ED poderão ter efeito modificativo.

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- Procedimento: Temos de nos valer da regra do art. 536 do CPC. Os Ed serão interpostos, no prazo de 5 dias, contados da intimação da sentença ou do acórdão, em petição dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo.Caso o embargante seja pj de direito público, a OJ 192 assegura-lhe o prazo em dobro para interposição de ED.Há um único juízo de admissibilidade, exercido pelo pp órgão prolator da decisão embargada, no qual examina os pressupostos recursais.Não há previsão para contrarrazões, salvo na hipótese da OJ 142, nem para sustentação oral nos tribunais.Tratando-se de embargos à sentença, o juiz os julgará na primeira audiência seguinte. Quando forem interpostos contra acórdão, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto independentemente de publicação de pauta da sessão de julgamento.Na hipótese de interposição de ED contra decisão monocrática do Relator e postulando o embargante efeito modificativo, os ED deverão ser submetidos ao pronunciamento do Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual (S. 421, II).Se, na sessão de julgamento, o tribunal conhecer e der provimento aos ED com efeito modificativo, não poderá, na msm sessão, prosseguir no julgamento de RO, sob pena de violação do contraditório, ampla defesa e publicidade.

- Multa por embargos protelatórias: não excedente de um por cento sobre o valor da causa. Não é incompatível com o PT. Na reiteração dos ED protelatórios, a multa é elevada a até 10%, ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do respectivo valor. Não se configura o caráter procrastinatório dos ED se estes têm por escopo o prequestionamento. S. 98 do STJ.

Recurso adesivo

Inicialmente a jurisprudência relutou em admitir o recurso adesivo no PT. A s. 175 do TST dispunha que ele era incabível. Depois, ele passou a ser considerado compatível com o PT, onde caberia, no prazo de 8 dias, no RO, na revista, nos embargos para o Pleno e no agravo de petição (S. 196). Foi editada a S. 283, passando a admitir nos seguintes termos:

SUM-283 RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABA-LHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de peti-ção, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.

Não é espécie autônoma de recurso, mas forma de interposição dos recursos onde cabe.Há quem sustente a inconstitucionalidade do recurso adesivo. O principal argumento é o de que, vencido o prazo para a parte impugnar autonomamente a sentença, esta automaticamente passa a ter a qualidade de coisa julgada, que é uma garantia constitucional fundamental. BL não concorda pois a CF não fala em prazo para a formação da cj. Cabe à legislação infraconstitucional tratar a matéria. Assim, havendo sucumbência recíproca, o trânsito em julgado da sentença somente ocorrerá após esgotado, in albis, o prazo para o recurso adesivo.

- Pressupostos de admissibilidade: o art. 500 do cCPC dispõe que cada parte interporá o recurso, independentemente no prazo e observadas as exigências legais. Assim, além dos pressupostos genéricos inerentes aos recursos em geral, como a legitimidade, o interesse a capacidade, o preparo, a tempestividade, a adequação, a representação e a recorribilidade do ato, o recurso adesivo exige, ainda, 4 outros pressupostos específicos de admissibilidade:a) sucumbência recíproca;

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b) possibilidade de a parte ter recorrido autonomamente (V. S. 283 do TST, parte final – este pressuposto a justifica);c) existência do recurso principal, ao qual o adesivo ficará subordinado, de modo que, se aquele não for conhecido, ou se houver desistência do recurso principal, este restará prejudicado.d) demais pressupostos específicos exigíveis para os recursos principais aos quais fica o adesivo subordinado.

- Cabimento: no PT é cabível no RO, agravo de petição, de revista e de embargos. Não cabe em remessa ex officio. Para BL cabe no Rext. Não pode a parte recorrer com o recurso principal e o adesivo. Caso a parte desista do principal, poderá recorrer no adesivo se a outra parte interpuser outro recurso principal. Todavia, há entendimento de que a interposição de recurso autônomo elimina a possibilidade de posterior interposição de recurso adesivo da mesma decisão.

- Legitimação: alguns autores entendem que o terceiro prejudicado (juridicamente interessado) e o MPT, quando este atua como fiscal da lei não poderão recorrer adesivamente. Para BL, se de algum modo o terceiro juridicamente interessado sofrer os efeitos da sucumbência, terá legitimidade para interpor o recurso adesivo. Quanto ao MPT, não há como restringir sua legitimação recursal, porquanto o art. 83, VI, da LC 75/1993, é de clareza solar ao facultar ao Parquet laboral recorrer das decisões da JT, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei.

- Efeitos: o recurso adesivo no PT deve seguir as mesmas regras do recurso principal, de maneira que terá sempre efeito meramente devolutivo, não impedindo, pois, a execução (provisória) do julgado. Em se tratando de recurso adesivo a recurso extraordinário, incide a regra do §2 do art. 893 da CLT, ou seja, ele não prejudicará a execução definitiva do julgado.A devolutividade é ampla. Não há necessidade de que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. O recurso adesivo também pode veicular matéria diversa da tratada no apelo principal.

- Processamento: o adesivo, no âmbito da JT, deverá ser interposto por petição dirigida ao juiz ou órgão prolator competente para admitir o recurso principal. O prazo para a interposição é o mesmo do recurso principal. Para BL ele deve ser apresentado em peça distinta das contrarrazões. Se a autoridade judiciária denegar seguimento ao recurso adesivo, poderá a parte interpor agravo de instrumento, no prazo de 8 dias. No que concerne à desistência do recurso adesivo, o recorrente aderente não necessitará da anuência do recorrido aderido ou dos litisconsortes.

Agravo regimental

Trata-se de recurso não previsto no elenco recursal do art. 893 da CLT e sim nos Ris dos TRTs.Na verdade, há previsão do agravo regimental no art. 709, §1, da CLT, segundo o qual “das decisões proferidas pelo corregedor, nos casos do artigo, caberá o AR, para o Tribunal Pleno. É também previsto no art. 9, pu, da Lei 5584/70, do despacho do relator que, baseando-se em S. Do TST, negar seguimento ao recurso.Há quem sustente a inconstitucionalidade das normas regimentais que instituem essa espécie recursal, porquanto somente a lei, de competência do Congresso Nacional, pode legislar sobre processo.Cabimento: em linhas gerais, o agravo regimental, à semelhança do AO, é o recurso cabível contra as decisões que denegam seguimento a recursos. Há alguns Regimentos Internos que admitem agravo reg. Para impugnar decisões:

que concedem ou denegam medidas liminares; que indefem, de plano, petições iniciais de ações de competência originária dos tribunais

trabalhistas, como o MS, a ação rescisória, a ação cautelar e o habeas corpus;

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proferidas pelo juiz corregedor em reclamações correicionais; proferidas pelo Presidente do Tribunal em matérias administrativas, precatório ou pedido de

providência.No âmbito do TST, cabe agravo regimental, no prazo de 8 dias, para o Órgão Especial, Seções Especializadas e Turmas, observadas a competência dos respectivos órgãos, nas seguintes hipóteses:i – do despacho do Presidente do Tribuanl que denegar seguimento aos embargos infringentes;II – do despacho do Presidente do Tribunal que suspender execução de liminares ou de decisão concessiva de mandado de segurança;III – do despacho do Presidente do Tribunal que conceder ou negar suspensão da execução de liminar, antecipação de tutela ou da sentença em cautelar;IV - do despacho do Presidente do Tribunal concessivo de liminar em MS ou em ação cautelar;V – do despacho do Presidente do Tribuanl proferido em pedido de efeito suspensivo;VI – das decisões e despachos proferidos pelo Corregedor-Geral da JT;VII – do despacho do Relator que negar prosseguimento a recurso, ressalvada a hipótese do art. 239;VIII – do despacho do Relator que indeferir inicial de ação de competência originária do Tribunal;IX – do despacho ou da decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma, do Corregedor-Geral da JT ou Relator que causar prejuízo ao direito da parte, ressalvados aqueles contra os quais haja recursos próprios previstos na legislação ou no RITST.Os tribunais, com base no p. Da fungibilidade, tem admitido AI interposto no lugar de ag. Reg.Efeitos: o ag. Reg. Tem efeito meramente devolutivo, o que equivale a dizer que a matéia nele versada é restrita ao exame de acerto ou não da decisão agravada, salvo em se tratando de decisão do Corregedor, cuja devolutibilidade é mais ampla, permitindo, assim, a plena revisão do ato processual proferido, abordando questões fáticas e jurídicas. Ele não obsta a execução provisória.Procedimento: No TST o prazo é de 8 dias, contados da intimação da decisão agravada. Nos outros TRTs deve-se ficar atento. Esses prazos contam-se em dobro quando o agravante for pessoa jurídica de direito público ou MPT. O recurso é interposto perante o órgão judicial que proferiu a decisão hostilizada, devendo o agravante soliticar a reconsideração da decisão e, sucessivamente, o encaminhamento dos autos ao órgão colegiado. Não há previsão de preparo das custas ou de depósito recursal. É cabível o juízo de retratação. Caso este seja exercido, o recurso fica prejudicado. Não há previsão para intimação das partes, contrarrazões ou sustentação oral. O detalhamento da tramitação varia de tribunal para tribunal. O Ag. Reg. Tramita nos autos principais, salvo se existir previsão regimental expressa em sentido contrário – OJ 132 do TST. Não cabe RO contra decisão de agravo regimental interposto em reclamação correicional ou pedido de providência – OJ 5. Tb não cabe recurso ordinário para o TST em decisão de TRT proferida em ag. Reg. Contra liminar em ação cautelar ou em MS – OJ 100 SDI2. Se a decisão recorrida, em agravo regimental, aprecia a matéria na fundamentação, sob o enfoque das S. 83 do TST e 343 do STF, constitui sentença de mérito, ainda que haja resultado no indeferimento da petição inicial e na extinção do processo, sem julgamento de mérito. Sujeita-se à reforma pelo TST a decisão do Tribunal que, invocando controvérsia na interpretação da lei, indefere a petição inicial de ação rescisória. O TST tem aplicado por analogia a multa prevista no §2 do art. 557 do CPC.

- Agravo interno: está previsto nos arts. 557, §1, e 545 do CPC. A CLT o prevê nos arts. 896, §5 e no art. 39 da Lei 8038/90. O TST o prevê no art. 239 do RI. Trata-se de recurso que tem por objeto impugnar decisões monocráticas proferidas em sede de recurso pelos relatores nos tribunais. Daí porque se confunde, em alguns casos, com o agravo regimental, uma vez que este também pode ser manejado para atacas as decisões monocrátitcas do relator. Da decisão do relator caberá agravo interno, no prazo de 5 dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso:

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

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§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.

Se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.O TST fixou o prazo do Agravo Interno em 8 dias.Sua petição é dirigida ao relator e a competência para julgá-lo é do órgão colegiado.Possui efeito devolutivo. Não possui efeito suspensivo e pode ter efeito regressivo, se houver retratação do relator. Não há contrarrazões. Se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto. Provido o agravo interno, o recurso anteriormente inadmitido pelo relator terá seguimento.Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo interno, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre 1 e 10% do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. A competência para impor a multa em tela é do órgão colegiado e não do relator. Se o órgão colegiado limitar-se a negar provimento ao agravo interno, não poderá impor multa ao agravante.

Recurso extraordinário em matéria trabalhista- Natureza jurídica: é recurso, já que sua finalidade é submeter ao STF o reexame das decisões proferidas pelos órgãos jurisdicionais hierarquicamente inferiores, com o objetivo de reformá-las total ou parcialmente. Para BL ele pertence ao direito processual constitucional.

- Cabimento: A CLT admite a existência do recurso extraordinário, como se infere do seu art. 893, §2. Ele também tem fundamento no art. 102, III da CF. No PT o Rext. Somente caberá de decisões de última ou única instância do TST ou das sentenças das Vts proferidas e procedimento sumário, desde que tais decisões: a) violem direta e literalmente norma da CF; b) declarem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julguem válida lei ou ato de governo local contestado em face de CF. Não é cabível Rext. De decisões da JT na hipótese da letra d (julgar válida lei local contestada em face de lei federal), tendo em vista o disposto na S. 505 do STF: salvo quando contrariarem a CF, não cabe recurso para o STF de qualquer decisões da JT, inclusive dos presidentes de seus tribunais. TB não cabe Rext. Fundado em divergência jurisprudencial, quando a orientação do plenário do STF já se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida (S286 do STF). A S. 440 prevê: decisão de deu razoável interpretação `alei, ainda que não seja a melhor, não autoriza Rext. Pela letra a do art. 102, III da CF.

- Pressupostos de admissibilidade: possui duplo juízo de admissibilidade. O primeiro é exercido pelo Presidente do Tribunal a quo, podendo este admitir ou denegar o seu seguimento. O segundo, além de reexaminar a admissibilidade, poderá apreciar aspectos alusivos ao mérito do recurso. O juízo de admissibilidade exercido pelo tribunal ad quem não se vincula, pois, ao despacho de admissibilidade prolatado pelo tribunal ou juízo a quo. Está também sujeito a todos os pressupostos processuais genéricos. Possui também pressupostos específicos, a saber:a) existência de uma causa: causa diz respeito a qualquer questão submetida à decisão judicial. Tem significado genérico e não de lide.b) decisão de única ou última instância: é qualquer decisão, interlocutória, definitiva, ou terminativa, da qual não caiba nenhum outro recurso. A decisão passível de Rext. É aquela que resolve questão constitucional suscitada e não a causa, na sua totalidade. Na JT as decisòes de última instância são as proferidas pelo TST, por meio de suas seções especializadas ou órgão

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especial, que julgam questões respeitantes à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. As decisões de única instância na JT são aquelas proferidas pela SBDI-2 em ações rescisórias e MS de competência originária do TST, que não forem passíveis de interposição de embargos infringentes. Tem-se discutido se cabe ou não Rext. Contra decisões proferidas em única instância na JT, na hipótese prevista no art. 2, §4, da Lei 5584/70. Bl diz ser cabível o Rext contra a sentença prolatada no procedimento sumário, nos dissídios de alçada, desde que a decisão hostilizada viole direta e frontalmente dispositivo constitucional. O STF vem decidindo no sentido do cabimento de Rext. Diretamente para o STF das decisões de única instâncias proferidas pro juízo singular nas chamadas causas de alçada, sem necessidade de exaurir todos os órgãos da JT. O Stf já deixou assentado que o art. 2 da Lei 5584/70 foi recepcionado pela CF. Logo, no procedimento sumário, não há lugar para o RO nem para o RR, mas somente para o Rext. Nesse sentido também a S 640 do STF.c) Questão constitucional: decorre da adequação da decisão recorrida a uma das quatro hipóteses previstas no art. 102, III, alíneas a, b, c e d, da CF. A violação à CF deve ser direta, frontal. Se for indireta, não caberá o Rext.- Repercussão Geral da questão constitucional: com a promulgação da EC 45/2004, passou-se a ser exigido um novo pressuposto de admissibilidade do Rext.: no recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de 2/3 de seus membros (§3 do art. 102).Estamos diante de norma de eficácia limitada, pois depende de lei. A L. 11418/2006 supriu essa lacuna.Se a turma decidir pela existência da repercussão geral por no mínimo 4 votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. Negada a existência, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente.

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

- Prequestionamento: ver S. 282 e 356 do STF.

- Efeitos: Possui efeito meramente devolutivo. Admite-se o efeito suspensivo em sede de tutela cautelar, observando-se os termos das S. 634 e 635 do STF. A devolutividade todavia, é restrita à

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matéria de natureza exclusivamente constitucional devidamente prequestionada e que tenha repercussão geral.

- Rext e execução da sentença: S. 228 do STF: não é provisória a execução na pendência de rext, ou de agravo destinado a fazê-lo admitir. Pairam algumas dúvidas acerca da aplicação dessa S. Ap PT. Para BL devemos lembrar que o art. 893, ¦§2 da CLT dispõe que a interposição de recurso para o STF não prejudicará a execução do julgado. Tb não podemos esquecer a L. 4725/65, segundo a qual, nos recursos cabíveis em execuçào de sentença nas ações de cumprimento de decisões normativas da JT, isto é, aquelas proferidas em sede de dissídio coletivo, não importará a restituição dos salários ou vantagens pagos em execução do julgado (§3 do art. 6).Posição do TST:

OJ-SDI2-56 MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. PENDÊNCIA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO (inserida em 20.09.2000)Não há direito líquido e certo à execução definitiva na pendência de recurso ex-traordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo.

- Prazo e processamento: segue as regras ditadas pelo proc. Civil e arts. 266 a 268 do RITST. O prazo é de 15 dias contados da publicação ou ciência da decisão pelo recorrente. Em se tratando de ente público ou do MP, o prazo é computado em dobro, segundo entendimento pacífico do STF.A petição recursal deve ser assinada por advogado. O recurso é interposto perante o presidente do TST, em petição que conterá:a) a exposição do fato e do direito;b) a demonstração do cabimento do recurso interposto;c) as razões do pedido de reforma da decisão hostilizada.O prazo de contrarrazões é de 15 dias. É de 10 dias o prazo em que o Presidente do Tribunal recorrido admita ou não o recurso, em decisão fundamentada. Caso não admita, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 dias, perante o STF.De acordo com a S. 528 do STF, se a decisão contiver partes autônomas, a admissão parcial, pelo Presidente do Tribunal a quo de recurso extraordinário que, sobre qualquer delas se manifestar, não limitará a apreciação de todas pelo STF, independentemente de interposição de AI. O AI cujo escopo é destrancar o rext poderá se for o caso, e se contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito do rext, ser convertido e apreciado como se fosse um autêntico rext. No STF, da decisão do Relator que inadimitir ou negar provimento ao agravo de instrumento, caberá o recurso de agravo regimental para o órgão julgador do STF, no prazo de 5 dias.Sobre o preparo e porte de retorno cuidam o CPC, art. 511 e a Lei n. 8950/1994. São dispensados do preparo o MP e as pessoas jurídicas de DP. Sobre a divergência entre turmas do STF recomendamos a leitura dos arts. 330 a 334 do RISTF.

Pedido de revisãoEstá previsto no procedimento sumário. Art. 2 da L. 5584/70.

Art 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acôrdo, o Presidente, da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se êste fôr indeterminado no pedido.

§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes, impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional.

§ 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo deverá ser instruído com a petição inicial e a Ata da Audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Junta, e será julgado em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu recebimento pelo Presidente do Tribunal Regional.

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§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não exceder de 2 (duas) vêzes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato.

§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação.

Alguns autores sustentam que o pedido de revisão estaria extinto porque a ordem constitucional consagra o sistema recursal ampliativo. O TST vem reiteradamente decidindo pela manutenção das chamadas causas de alçada, como se infere da S. 356.A natureza da decisão que dispõe sobre o valor da causa no PT é interlocutória.Para BL o pedido de revisão possui natureza de recurso.Além dos pressupostos genéricos da tempestividade, legitimidade, interesse, recorribilidade do ato e adequação, o pedido de revisão exige 3 pressupostos específicos:a) valor da causa igual ou ifnerior a 2 salários mínimos arbitrados pelo juiz, em função da omissão da petição inicial;b) impugnação, em audiência (até razões finais), por qualquer das partes, do valor arbitrado à causa;c) inexistência de retratação pelo juiz, do valor arbitrado.O pedido de revisão possui efeitos devolutivos e não suspensivos. A devolutividade é bastante restrita.

Reclamação constitucional

Apenas é admitida para o STF e o STJ na CF. O RITST a prevê, o que, segundo BL está eivado de inconstitucionalidade. Existe projeto de emenda à CF para prevê-la para o TST e a ADI 3435-9 proposta pelo PGR questionando a constitucionalidade do RITST no tocante à reclamação.Não é recurso, já que não há contraditório. Não é ação, pois não se sujeita a condições. Não é correição parcial. Trata-se de remédio processual que se presta a aparelhar a parte com um mecanismo processual adequado para denunciar àquelas Cortes Superiores atos ou decisões ofensivas à sua competência ou à autoridade de suas decisões.O STF entende que ela é ação constitucional e não admite pedido de natureza preventiva.Pode ser manejado pelas partes ou pelo MPT para atacas decisões ofensivas à competência ou autoridade das decisões do STF.Para o Stf, ela é incabível quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do STF. Não há embargos infringentes no processo de reclamação.Não cabe reclamação para assegurar a autoridade de ato judicial que não possui efeito erga omnes.Não cabe para questionar violação a súmula do STF destituída de efeito vinculante.Não cabe contra ato futuro indeterminado. Pressupõe a prática de ato específico.É incabível pedido de desistência da reclamação depois de iniciado o seu julgamento.É incabível o pedido de liminar em reclamação.

Correição parcial ou reclamação correicional

Está no art. 96, I, b da CF. Prevista nos arts. 709 e 682, XI da CLT.No PT há 2 tipos: uma que possui natureza administrativa (art. 682, XI, primeira parte e 709 I da CLT) e outra (art. 682, XI, segunda parte e 709, II), chamada de correição parcial, que possui natureza processual, na medida em que se presta para atacar atos judiciais atentatórios à boa marcha processual.Ela é medida judicial sui generis não contemplada na legislação processual civil codificada, cuja finalidade é coibir a inversão tumultuária da boa marcha processual surgida no curso do processo em virtude de erro, abuso ou omissão do juiz.

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Das decisões prolatadas pelo Corregedor cabe agravo regimental no prazo de 8 dias a contar da intimação ou da publicação no órgão oficial.

Uniformização da jurisprudênciaHá dois métodos judiciais para solucionar divergência jurisprudencial: o repressivo (depois do julgamento) e o preventivo(antes do julgamento, ocorre com o incidente de uniformização de jurisprudência e com a assunção de competência).- Incidente de uniformização: está nos arts. 476 a 479 do CPC. Trata-se de um incidente processual que visa unificar a jurisprudência de um mesmo tribunal e não de tribunais distintos, sendo a admissão do incidente uma faculdade judicial, pois não tem natureza de recurso e sem de mero incidente, que pode ou não ocorrer em um processo. Pode ocorrer em sede de recurso, de reexame necessário ou de processo de competência originária dos órgãos fracionários do mesmo tribunal. Cabe nos julgamentos a serem proferidos pelas turmas, câmaras, grupo de turmas ou grupo de câmras e pelas seções dos tribunais. Não é cabível nos julgamentos a serem proferidos pelo Pleno ou, se for o caso, pelo órgão especial criado para exercer a competência do Pleno.A iniciativa do incidente de uniformização de jurisprudência é facultada a qualquer magistrado, pois, ao dar o voto na turma, camara ou grupo de câmaras, poderá solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da interpretação do direito quando, nos termos do art. 476, I, e II do CPC:a) verificar que, a seu respeito, ocorre divergência (divergência interna);b) no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra turma, câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas(divergência externa).O momento de o magistrado suscitar o incidente de uniformização de jurisprudência ocorre na sessão de julgamento do órgão fracionário em que proferirá o seu voto no processo que está em tramitação, mas sempre antes de encerrado o juglamento. Os magistrados não precisam anexar cópia dos acórdãos divergentes. Basta transcrever no seu voto a tese divergente, indicando os elementos identificadores do processo e das partes.As partes também podem, ao arrazoar o recurso ou em petição avulsa, requerer fundamentadamente, que o julgamento obedeça ao disposto no art. 476 do CPC. Ou seja, as partes têm legitimidade para suscitar o incidente, desde que apresentem, por escrito, os fundamentos para a sua admissibilidade. Para tanto, a parte interessada deverá transcrever as partes divergentes contendo as teses discrepantes e instruir o recurso ou a petição avulsa acompanhada das cópias dos acórdãos divergentes. A autenticação das cópias deve observar ao disposto no art. 830 da CLT.Os terceiros juridicamente interessados também tem legitimidade para suscitar o incidente de uniformização de jurisprudência, assim como o MPT, seja atuando como órgão agente ou interveniente.O parquet pode pedir a revisãod e súmulas do TST.O incidente suscitado pela parte pode ou não ser admitido.Cabe ao órgão fracionário que suscita o incidente e o órgão especial que o processará e julgará verificar se a divergência jurisprudencial é efetiva e atual.Pode ser suscitado em qualquer recurso, remessa necessária ou processo de competência originária dos órgãos fracionários dos tribunais.Suscitado o incidente, caberá ao órgão fracionário onde tramita o feito deliberar, na sessão de julgamento, por meio de votação dos magistrados que o integram, sobre a existência ou não de divergência jurisprudencial que justifique a suspensão do julgamento do processo.O órgão fracionário, ao reconhecer (por maioria simples) a existência de divergência jurisprudencial na Sessão de julgamento, deverá suspender o processo e lavrar o acórdão que conterá os fundamentos da decisão do incidente e a suspensão do processo.Se o órgão fracionário decidir que não há divergência, o julgamento do feito prosseguirá normalmente.Possui natureza interlocutória a decisão que reconhece ou não reconhece a divergência, sendo ela, em qualquer caso, irrecorrível. Admite-se os ED.Na sessão do pleno para julgamento do IUJ funcionará como relator do incidente o redator do

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acórdão do órgão fracionário que reconheceu a divergência, salvo se o RI indicar outro magistrado.O MPT será intimado obrigatoriamente para participar do julgamento, sob pena de nulidade.O pleno poderá admitir ou não o incidente, proferindo o acórdão.Se a decisão for pela inadmissibilidade do incidente, os autos retornam ao órgão fracionário, para prosseguir o julgamento do processo suspenso.Se o incidente for admitido, o Pleno, reconhecendo a divergência acolherá o incidente, dando a interpretação jurídica a ser observada, cabendo a cada magistrado emitir o seu voto em exposição fundamentada.Dispõe o art. 479 do CPC que o julgamento do incidente, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que integram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na uniformização da jurisprudência.- Assunção ou deslocamento de competência: previsto no art. 555 §1 do CPC:

Art. 555. No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo voto de 3 (três) juízes. § 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso.

Para BL é aplicável no PT.Assim, no julgamento do RO ou do agravo de petição, de instrumento ou interno, poderá o relator, verificando que a adoção de tese jurídica acerca da questão de direito disutida no processo é conveniente para prevenir ou compor divergência jurisprudencial, propor, ao órgão fracionário ao qual pertence, o deslocamento da competência funcional para o Pleno julgar o recurso.Se na turma for acohida a proposta do relator, o recurso será remetido ao tribunal plneo. Neste caso, se o Tribunal Pleno reconhecer a relevância da questão jurídica e o interesse público na assunção da competência para um julgamento de maior latitude, admitirá o incidente e julgará todo o recurso, sendo que o resultado do julgamento constituirá jurisprudência dominante no tribunal. Essa decisão no PT pode ser objeto do RR e ED.Caso não haja assunção de competência pelo Pleno os autos retornam à Turma para prosseguir no julgamento do recurso. Tal decisão é irrecorrível, mas embargável.Não se considerando habilitado a proferir imediatamente seu voto, a qualquer magistrado é facultado pedir vista dos autos, devendo devolver os autos no prazo de 10 dias, contados da data que recebeu. O julgamento prosseguirá na 1a sessão ordinária subsequente 1a devolução, dispensada nova publicação em pauta. Não devolvidos os autos no prazo, nem solicitada expressamente sua prorrogação pelo juiz, o presidente do órgão julgador requisitará o processo e reabrirá o julgamento na sessão ordinária subsequente, com publicação em pauta.A parte e o MPT não tem legitimidade para provocar o incidente de assunção de competência, pois não se trata de recurso, e sim de incidente que somente pode ser instaurado por provocação do relator, embora haja entendimento no sentido de que não há óbice para o revisor ou outro magistrado integrante do órgão fracionário suscitá-lo.

- Declaração incidental de inconstitucionalidade: é de competência exclusiva do Pleno ou Órgão Especial previsto no respectivo regimento interno. É a cláusula de reserva de plenário da SV 10. Se o Tribunal deixar de observar esta súmula vinculante, a parte poderá propor reclamação perante o STF. Está nos arts. 480 a 482 do CPC. Possui natureza de incidente processual. Implica automática suspensão do julgamento para a apreciação prévia do incidente pelo órgão perante o qual tramita o processo.Têm legitimidade para suscitar qualquer das partes, o terceiro e o MP, seja atuando como parte ou custos legis. Tb pode ser suscitado de ofício pelo relator ou qualquer magistrado do tribunal. Os titulares do direito de propositura do art. 103 da CF também poderão manifestar-se por escrito sobre a questão constitucional objeto de apreciação pelo órgão especial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes assegurado o direito de apresentar memoriais ou de pedir a

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juntada de documentos. O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades (amicus curiae).Procedimento: arguida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do PP, o relator, ouvido o MP, submeterá a questão à Turma ou Câmara, a que tocar o conhecimento do processo. Caberá ao relator encaminhar os autos ao MPT, para emissão de parecer. Retornando os autos, o Relator submete o incidente à deliberação da Turma ou Câmara da qual participe. Se o incidente for suscitado pelo MP, parece a BL que o relator não deve remeter os autos novamente. Porém é facultado ao MPT manifestar-se oralmente na sessão de julgamento do incidente. A arguição deve ser feita por escrito pelas partes ou MPT, nas razões ou contrarrazões recursais, na petição incial ou na contestação ou mesmo em petição avulsa, mas sempre antes de iniciada a sessão de julgamento. Para BL até mesmo em sustentação oral é permitida arguição de inconstitucionalidade.Se a Turma rejeitar a arguição, prosseguirá normalmente o julgamento do feito. Não há nesse caso lavratura de acórdão acerca do incidente, pois a rejeição do incidente opera o msm efeito como se ele não tivesse existido. Se a Turma acolher a arguição, o julgamento deverá ser suspenso, cabendo à Turma lavrar acórdão e, em seguida, remeter os autos ao Tribunal Pleno ou Órgão Especial, para apreciação do incidente. O incidente possui dois juízos de admissibilidade: o 1o realizado pela turma, ao acolher a arguição suscitada pelas partes ou suscitada de ofício pelo Relator ou outro magistrado componente da turma, o segundo juízo de admissibilidade do incidente é realizado pelo Pleno.Para BL ele poderá ter 2 acórdão. O 1o, caso acolhida a arguição pela Turma, será lavrado pela pp Turna. Nele deverão constar os motivos pelos quais foi acolhida a arguição pelo voto da maioria dos seus integrantes e a suspensão do julgamento com a remessa dos autos ao Pleno.A obrigatoriedade da lavratura do acórdão da Turma, quando acolhida arguição de inconstitucionalidade, é matéria de ordem pública, não podendo tal acórdão ser substituído por certidão, sob pena de nulidade absoluta. Já o segundo acórdão será lavrado pelo Pleno, no qual deverá preliminarmente, constar a admissibilidade ou não do incidente e, no mérito, a declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado. Esse acórdão deverá ser juntado aos autos do processo em que foi suscitado o incidente.

14. Liquidação da sentença. Execução provisória e execução definitiva. Aplicação subsidiária daLei de Execução Fiscal e do Código de Processo Civil. Mandado de citação. Penhora. Execuçãode quantia certa contra devedor solvente. Execução das obrigações de fazer e não fazer.Execução de títulos extrajudiciais. Execução da massa falida e das empresas submetidas aoprocedimento de recuperação judicial (Lei n° 11.101/05). Execução das contribuiçõesprevidenciárias: competência, alcance e procedimento.Liquidação da sentença.

- Noções geraisO desafio, portanto, é saber se as alterações alusivas à liquidação no processo civil repercutem ou não no PT. À exceção das sentenças proferidas nas ações trabalhistas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, que devem estabelecer no seu bojo o valor l'quido no processo trabalhista, é bastante comum as sentenças serem ilíquidas.Para BL parecer que há lacuna na CLT em relação à vedação de sentenças ilíquida diante de pedido líquido. Aplica-se por analogia, independente do procedimento, o pu do art. 459 do CPC:

Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida.

Não se mostra factível a aplicação do §3 do art. 475-A do CPC:

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Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

Mesmo sendo líquida a sentença, ainda assim haverá necessidade de apurar valores acessórios, como os juros de mora, a correção monetária e demais despesas processuais que são pagos pelo executado.

- Conceito e Natureza JurídicaA liquidação de sentença para Nelson Nery Jr seria uma ação autônoma que, por sua vez, instauraria um processo também autônomo: o processo de liquidação de sentença. Essa a posição adotada por grande parte da doutrina.Nos PT não tem sido aceita a autonomia da liquidação de sentença. Isso por causa do art. 879 da CLT; não há contraditório amplo (art. 879, §2); não há obrigatoriedade de o juiz abrir vista; não há previsão de recurso da sentença de liquidação, que somente poderá ser impugnada por meio autônomo (art. 884, §3); ela se encontra no capítulo da Execução na CLT.Com a L. 11232/2005 passou a existir uma lacuna ontológica no PT no que diz respeito à natureza jurídica e à posição topográfica da liquidação, uma vez que ao se adotar o sincretismo processual, ter-se-á que inserir a liquidação não mais na fase de execução e sim na de conhecimento.Para BL a liquidação no PT individual é um incidente processual situado entre a fase cognitiva e a fase executiva, tendo por objeto a fixação do valor líquido ou a individuação do objeto da obrigação constante da sentença condenatória. Nas ações coletivas, a liquidação de sentença continua sendo regulada pelo CDC e LACP, que formam um sistema próprio que permite, no que couber, apenas a aplicação subsidiária da CLT e do CPC.

- Espécies

No processo civil não há mais a liquidação de sentença por cálculo do contador, extinta com a L. 8898/1994, salvo nas hipóteses em que a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda ou quando o credor for beneficiário da assistência judiciária.No PT a liquidação de sentença pode ser realizada por: cálculo, arbitramento ou artigos (art. 879). Apenas as liquidações por cálculo e por arbitramento admitem o seu processamento ex officio, o que não ocorre com a liquidação por artigos.É permitida a cumulação de duas ou mais espécies de liquidação.

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Tb é possível que a sentença contenha parte líquida e parte ilíquida.a) Liquidação por cálculoÉ a formal mais usual.Podemos aplicar o art. 475-B do CPC ao PT?

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Extrai-se que a liquidação por cálculo somente será usada quando os elementos necessários para a dedução do quantum debeatur encontrarem-se nos próprios autos.Para alguns autores, isso sempre ocorreu no PT, ex. É a S. 211 do TST. Além dos juros e da atualização monetária, também podem ser objeto da liquidação de sentença por simples cálculo as verbas trabalhistas específicas da condenação, cujo quantum não necessita de um expert ou de provar fato novo.Para as ações oriundas da relação de trabalho, a IN27/2005 do TST prevê que será utilizado o sistema da CLT para cálculo de outras verbas de natureza cível.O art. 879 da CLT c/c os §3 e 4 do art. 884 da CLT revela-nos que dois procedimentos podem ser adotados na liquidação por cálculo, ou seja, o juiz poderá:I – homologar, sem observar contraditório, os cálculos apresentados pelo servidor que atua como assitente de contabilidade do juízo;II – conceder prazo de 10 dias para ambas as partes, querendo, impugnarem os cálculos.No primeiro caso, proferida a sentença homologatória de liquidação, o juiz determina in continenti, a expedição de mandado de citação e penhora. Garantido o juízo, o devedor poderá oferecer embargos à execução, oportunidade em que, nos termos do art. 884, §3, poderá impugnar a sentença que homologou os cálculos. Ao credor, no msm prazo, é assegurado idêntico direito. Assim o credor pode: responder aos embargos; impugnar a sentença homologatória; responder aos embargos e impugnar a sentença de liquidação ao mesmo tempo.No segundo caso, há algumas considerações. I – as impugnações devem ser fundamentadas. II – o prazo de 10 dias inicia-se com o credor. III - Se o juiz adotou critério de determinar a apresentação dos cálculos pelas partes e não pelo servidor, não há lugar para prazo sucessivo e sim de concessão de 10 dias para manifestação da outra parte. Se o juiz conceder prazo a qualquer das partes da impugnação da conta liquidada, haverá preclusão: a) temporal, se escoado in albis o prazo respectivo; consumativa, se não houver impugnação (genérica ou específica). Não haverá preclusão pro iudicato, ou seja, o juiz pode de ofício determinar correções. A preclusão é para as partes.Os §1-B e 3 do art. 879 da CLT colocam em dúvida a possibilidade de o juiz não determinar a intimação prévia das partes para apresentarem o cálculo de liquidação. Podemos sintetizar:

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a) as partes, credor e devedor, deverão ser previamente intimadas para, no prazo fixado pelo juiz, apresentarem, querendo, o cálculo de liquidação, inclusive de contribuição previdenciária incidente;b) se as partes não apresentarem os cálculos de liquidação, o juiz determinará que o auxiliar encarregado elabore os cálculos;c) elaborada a conta pelo auxiliar o juízo, o juiz poderá abrir às partes o prazo sucessivo de 10 dias, para impugnação fundamentada, sob pena de preclusão;d) em qualquer hipótese, ou seja, elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da JT, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 dias, sob pena de preclusão.

b) Liquidação por arbitramentoImpõe-se a aplicação do art. 475-C, segundo o qual a liquidação por arbitramento pode ocorrer quando:

1) determinado por sentença;2) convencionado pelas partes;3) o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Mesmo se a sentença determinar o arbitramento o juiz pode de ofício ordenar que a liquidação seja feita por cálculo, quando não houver necessidade de arbitramento ou qnd os cálculos forem menos gravosos para o devedor. Há jurisprudência que adota outro entendimento.O arbitramento depende sempre de requerimento da parte no Processo Civil. No PT pode ser determinado de ofício pelo juiz.E se as partes requererem em conjunto?Para BL o juiz não estará obrigado a deferir o pedido.O árbitro é único, sendo livremente nomeado pelo juiz, cabendo-lhe estimar o valor, em dinheiro, dos direitos assegurados pela sentença ao exequente. O ato de nomeação também deverá conter o prazo fixado para a entrega do laudlo. Apresentado o laudo, terão as partes o prazo de 10 dias para manifestar-se. Em seguida, o juiz poderá: a) proferir, desde logo, a sentença; b) determinar a elaboração de novo laudo, nomeando o mesmo ou outro árbitro; designar audiência de instrução e julgamento, para nela o árbitro prestar esclarecimentos.O juiz não fica adstrito ao laudo arbitral.

c) Liquidação por artigosTem lugar quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.O art. 475_E do CPC é aplicável ao PT subsidiariamente.É a forma mais complexa.A liquidação por artigos depende de iniciativa da parte mediante petição escrita (se verbal, reduzida a termo), contendo os fatos a serem provados e os respectivos meios de prova.Não há necessidade de requerimento de intimação da outra parte, embora isso seja recomendável. A intimação tem por objetivo a convocação da parte contrária para, querendo, impugnar, em 15 dias, os fatos articulados na petição da liquidação. Não apresentada a impugnação, ou sendo ela extemporânea, o juiz poderá proferir logo a decisão, caso não haja necessidade da produção de outras provas. Do contrário, designará audiência para produção de provas.O que se entende por fato novo, para fins de liquidação por artigo? É fato cuja existência já é reconhecida pela sentença, mas incompletamente investigado.Será possível converter a liquidação por artigos, determinada na sentença cognitiva transitada em julgado, em liquidação por cálculo? Há uma corrente que rejeita a conversão, sustentando que isso implicaria ofensa à coisa julgada. Outra corrente advoga inexistir ofensa à coisa julgada, pois se inexistir fato novo, não há razão para liquidação por artigos. BL entente isso.

- Liquidação nas ações coletivas, inclusive na substituição processualEle abarca diversas espécies de demandas para tutela de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, sendo regulado pelo microssistema jurídico de acesso coletivo à justiça, cujo núcleo é

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composto por normas da CF, da L. 7347/85 e da Lei 8078/90, restando à CLT e ao CPC os papéis de meros diplomas normativos subsidiários.Deve ser implementada por meio de dois subsistemas: um destinado às sentenças de procedência nas ações coletivas para tutela de direitos ou interesses difusos e coletivos; outro às ações coletivas para tutela de direitos ou interesses individuais homogêneos.a) nas liquidações de sentenças em ações coletivas para tutela de interesses difusos e coletivos, há de ser observada a aplicação subsidiária da CLT, conforme interpretação sistemática dos arts. 19 da LACP e 769 da CLT. Assim, poderá ser por arbitramento, artigos ou cálculos.b) Nas ações coletivas para tutela de interesses individuais homogêneos (substituição processual): O En. 8 da Jornada Nacional sobre Execução na JT dispõe: “Ações Coletivas. Liquidação de Sentença. Na liquidação de sentença nas ações coletivas para tutela de interesses individuais homogêneos (substituição processual) aplica-se o microssistema do processo coletivo brasileiro ( CF arts. 8, 129, III, §1; Lei 7347/85 e Lei 8078/90).Nesses casos, o pedido é genérico e a sentença também o será. A sua liquidação, por interpretação lógica e sistemática dos arts. 95 a 100 do CDC pode ser implementada de duas maneiras:a) liquidação individual, que é preferencial à liquidação coletiva e deve ser feita por artigos, por interpretação sistemática e lógica dos arts. 97, 98, 99 e 100 do CDC. Aqui, os titulares do direito material defendido no processo de conhecimento poderão, dentro de um prazo de 1 ano contado da publicação editalícia da sentença condenatória genérica de procedência, propor as suas ações de liquidação individual por artigos, cabendo-lhes provar tão somente o nexo de causalidade (relação entre o dano genérico reconhecido e a sua situação jurídica individual), o dano (individualmente sofrido) e seu montante (valor). A ausência de comprovação da situação individual implicará liquidação igual a zero. É verdadeira ação. A sentença que a julga no PT é irrecorrível.b) liquidação coletiva, que somente ocorre de forma superveniente à liquidação individual, pois somente poderá ser instaurada:i – depois de decorrido o prazo de um ano contado da publicação do edital da sentença genérica condenatória;II - verificar o juiz que não foram ajuizadas liquidações individuais em número compatível com a gravidade do dano reconhecido na sentença genérica.Preenchidos os dois requisitos acima, o juiz deverá intimar o autor da ação coletiva de conhecimento para, querendo, promover a liquidação coletiva. No PT geralmente é o sindicato ou MPT.

- Sentença de liquidaçãoNão há consenso. Para uns é sentença, para outros decisão interlocutória. Outros, sentença declaratória.O TST parece ter adotado a tese de que seria verdadeira sentença, pois admitiu rescisória.A OJ 134 da SBDI-2 adotou a tese de que a decisão que conclui estar preclusa a oportunidade de impugnação de sentença de liquidação, por ensejar tão somente a formação da coisa julgada formal, não é suscetível de rescindibilidade.Assim, a sentença de liquidação por cálculo (ou por arbitramento), embora sempre irrecorrível, poderá ser, em alguns casos, impugnável por AR.No tocante à liquidação por artigos, a sentença que os julgar poderá ser de mérito, como, por ex, se não limitar à data-base os efeitos da condenação, quando omissa a sentença exequenda, referente aos planos econômicos. Nesse sentido a OJ 35 da SBDI-2 do TST.Nos termos do art. 884, §3, a decisão que julga a liquidação poderá ser atacada por embargos do devedor ou por impugnação do credor.Não obstante, se a decisão proferida limitar-se a declarar que houve preclusão para impugnação à sentença de liquidação, não caberá ação rescisória, pois não se trata de decisão que tenha aptidão para produzir a coisa julgada material.

OJ-SDI1-348 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. VALOR LÍQUIDO. LEI Nº 1.060, DE 05.02.1950 (DJ 25.04.2007)

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Os honorários advocatícios, arbitrados nos termos do art. 11, § 1º, da Lei nº 1.060, de 05.02.1950, devem incidir sobre o valor líquido da condenação, apu-rado na fase de liquidação de sentença, sem a dedução dos descontos fiscais e previdenciários.

Execução provisória e execução definitiva.

- Natureza jurídica da execução trabalhista diante das novas regras do processo sincrético: necessidade de heterointegração dos sistemas processuais civil e trabalhistaNo PT, as sentenças que contêm obrigações de fazer, não fazer, entregar e pagar quantia certa sempre foram executadas nos msms autos e perante o msm juízo. Duas correntes se apresentam a respeito da natureza jurídica da execução da sentença trabalhista.A primeira sustenta que a execução de sentença trabalhista é processo, já que esta tem início com a instauração de um novo processo de execução de título judicial. Argumentos:

a execução emerge da existência do mandado de citação ao executado, previsto no art. 880 da CLT.;

a execução decorre da interrelação sistemática entre o processo do trabalho e o processo civil, sabido que este, com o advento do CPC de 1973, passou a dedicar um livro próprio e específico apenas para a execução, dando-lhe, seguramente, uma caracterização autônoma em relação ao processo de conhecimento, inclusive com a previsão da ação executória (forçada) de título judicial e da ação executiva de título estrajudicial (documentos com força executiva).

A segunda corrente sustenta que a execução trabalhista nada mais é do que simples fase do processo trabalhista de conhecimento. Argumentos:

no fato de a execução trabalhista permitir a execução ex officio, o que comprovaria a tese de que não há uma ação de execução, pois esta está jungida ao princípio da demanda ou dispositivo;

na circunstância de que, nos termos do art. 880 da CLT, basta que a execução seja requerida, ou seja, não há necessidade de instauração de novo processo que se iniciaria por meio de uma petição inicial em uma ação de execução forçada;

na inexistência de título executivo extrajudicial, na medida em que a antiga redação do art. 876 da CLT somente previa a execução das decisões ou acordos homologados judicialmente, passados em julgado.

O sistema trabalhista é incompleto e portanto é necessária sua integração com o processo civil. Ver EN. 66 da 1JDMPT. Aplica-se assim, os princípios da instrumentalidade, efetividade e não retrocesso social.Assim, diante dessa heterointegração, para BL há, atualmente, um processo de execução de título extrajudicial e uma fase de cumprimento de sentença (título judicial).

- A nova sistemática dos títulos executivosCom a L. 11232/2005, o art. 475-N passou a reconhecer os seguintes títulos executivos judiciais:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

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IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

O Processo civil reconhece os seguintes títulos executivos extrajudiciais:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia

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executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Podemos dizer que o processo civil passou a prever dois sistemas para a satisfação do direito reconhecido em títulos executivos.Há dois sistemas destinados à satisfação das obrigações a cargo do devedor: o sistema de cumprimento de título judicial e o sistema de execução de título extrajudicial.O sistema destinado à efetivação ou satisfação do conteúdo do título judicial é composto por 3 subsistemas: o do cumprimento de sentença (processo sincrético); o do processo de execução (autônomo) de título executivo judicial e o do processo de execução em face da Fazenda Pública.O subsistema do cumprimento de sentencá (processo sincrético) é decorrente do fato de que não mais existe um processo autônomo de execução, e sem uma fase, dentro do processo de conhecimento, destinada ao cumprimento de sentença. Assim, haverá cumprimento de sentença que:a) reconhece a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;b) homologa conciliação ou transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;c) homologa acordo extrajudicial, de qualquer natureza.O susistema de processo de execução (autônomo) de título executivo extrajudicial se inicial com a citação do devedor e será observado exclusivamente na execução de obrigação constante de:a) sentença pena condenatória transitada em julgado;b) sentença arbitral;c) sentença estrangeira;d) formal e certidão de partilha.O subsistema do processo de execução em face da Fazenda Pública é aplicável apenas à execução de sentença que reconhece obrigação de pagar em face das pessoas jurídicas de direito público.O segundo sistema é destinado à satisfação do conteúdo dos títulos executivos extrajudiciais, o qual também é implementado por meio de um processo autônomo de execução de título extrajudicial, que se inicia com a citação do executado.O PT após a EC 45 e Lei 11232/2005 passou a admitir os seguintes títulos executivos judiciais:a) a sentença (ou acórdão) que reconheça obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;b) as decisões (que também são sentenças) que homologam acordos entre as partes e que tenham conteúdo obrigacional; c) os créditos previdenciários decorrentes de sentenças (ou acórdãos) condenatórias ou homologatórias de acordos que contenham obrigação de pagar.Em relação aos títulos executivos extrajudiciais, o PT passou a reconhecer:a) os termos de compromisso de ajustamento de conduta (TAC) firmados perante o MPT com conteúdo obrigacional;b) os termos de conciliação celebrados perante a CCP com conteúdo obrigacional;c) as certidões de dívida ativa – decorrentes das multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho.

- Estrutura orgânica do sistema de cumprimento da sentença que reconhece obrigação por quantia certaSão 3 as partes integrantes da estrutura orgânica da execução trabalhista: quantificação, constrição e expropriação.A quantificação é a parte da estrutura orgânica da fase de cumprimento da sentença na qual vai ser fixado o montante da obrigação devida pelo devedor (executado) ao credor (exequente).Constrição: em função da heterointegração dos sistemas, tem-se que diante de sentença líquida, dela será intimado o devedor (ou seu advogado), ficando este, desde logo, ciente de que terá o prazo de 8 dias (15 para alguns autores) para cumprir a obrigação de pagar o valor líquido já constante do título judicial, sob pena de incidência da multa do art. 475-J do CPC. Se ilíquida a sentença, do ato posterior que homologar a conta de liquidação será o devedor intimado (e não citado), na pessoa de

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seu advogado para, no prazo de 48 horas para pagar a dívida, sob pena de penhora. Para BL, neste último caso, a multa somente incidirá se for ultrapassado o prazo de 48 horas. O devedor poderá opor-se à penhora mediante impugnação ou, tratando-se de execução contra a Fazenda Pública, mediante ação incidental de embargos à execução.Expropriação: se a penhora for mantida pela sentença que julgar os embargos à execução, os bens penhorados e avaliados serão submetidos à praça ou leilão para serem expropriados do patrimônio do devedor. Ela visa à satisfação integral da obrigação constante do título judicial ou extrajudicial.

- Cumprimento e execução da sentença trabalhista na perspectiva do sincretismo processualAntes haviam dois processos, um de conhecimento e outro de execução. A partir da L. 11232/2005 surgiu no ordenamento brasileiro um novo processo sincrético, destinado a realizar as funções cognitivas e executivas na mesma relação jurídica processual, cujo fundamento repousa na nova sistemática instituída por essa lei.Assim, a sentença que reconheça obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia passa a ser considerada título judicial. Para efetivar tal título judicial, o legislador estabeleceu dois sistemas, como se infere do art. 475-I do CPC.O primeiro sistema diz respeito à sentença que reconheça obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, uma vez que seu cumprimento será feito com base nos arts. 461 e 461-A do CPC.Já o segundo sistema concerne 'a sentença que reconheça obrigação de pagar quantia, cujo cumprimento será feito por execução, com base apriorística nos arts. 475-I a 475-Q do CPC e, subsidiariamente, pelas normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.

- Cumprimento provisório (execução provisória) da sentençaA execução de título judicial pode ser provisória ou definitiva. Definitiva é a execução fundada em sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial. É provisória a execução quando o título judicial exequendo estiver sendo objeto de recurso recebido apenas no efeito devolutivo, que é regra geral no PT.Em se tratando de título extrajudicial não havia lugar para a execução provisória. O art. 587 do CPC , após a L. 11382/2006, passou a admitir a execução provisória dele enquanto pendente apelação de sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo.Assim, a execução de título extrajudicial será definitiva, exceto quando: a) houver interposição de embargos do executado, recebidos com efeito suspensivo; b) os embargos do executado forem julgados improcedentes e, da sentença, ainda pender apelação.Não é permitida a execução provisória pelo juiz ex officio.O em. 15 da jornada sobre Execução na JT dispôs uma exceção: execução provisória. Instauração de ofício. A execução provisória poderá ser instaurada de ofício na pendência de agravo de instrumento interposto contra decisão denegatória de recurso de revista.É possível que a decisão exequenda contenha partes (ou capítulos) que permitam simultaneamente a execução provisória e a execução definitiva, como se infere do art. 897, §1 da CLT.De acordo com o art. 899 a execução provisória vai até a penhora.Ao requerer a execução provisória, o exequendo, nos termos do §3 do art. 475-O do CPC, instruirá a petição com cópias autenticadas das peças do processo, podendo seu advogado autenticá-las, valendo-se da permissão contida no art. 830 da CLT.São as seguintes peças:I – sentença ou acórdão exequendo;II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III – procurações outorgadas pelas partes;IV – decisão de habilitação, se for o caso;V – facultativamente, outras peças processuais que o exequente considere necessárias.A execução provisória corre por conta e risco do exequente, que deverá ser responsabilizado, no mesmo processo, ou melhor, nos mesmos autos, pelos prejuízos que vier a causar ao executado, a serem liquidados por arbitramento.

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Ver EN. 69 da 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho.No que tange à possibilidade de penhora em dinheiro na execução provisória, EN. 21 da jornada sobre Execução na JT: execução Provisória. Penhora em Dinheiro. Possibilidade. É válida a penhora de dinheiro na execução provisória, inclusive por meio do Bacen Jud. A S. 417, III, do TST está superada pelo art. 475-O do CPC.A prestação de caução, prevista no inciso II do art. 475-O do CPC, é exigível apenas para os casos quue impliquem levantamento de dinheiro e alienação de bens de domínio, ou nos casos que possam provocar grave dano ao executado.É facultado ao juiz dispensar a caução quando preenchidos cumulativamente os seguintes requisitos:

a) a execução versar sobre crédito de natureza alimentar, como sói ocorrer com os créditos trabalhistas, ou decorrer de ato ilícito, como ocorre com as ações acidentárias, cujo montante não exceda a 60 salários mínimos; eb) o exequente se encontrar em situação de necessidade, cujos pressupostos não se confundem com os exigidos para a assistência judiciária sindical ou para a obtenção dos benefícios da justiça gratuita.

Ver em. 22 da Jornada sobre Execução na JT.Poderá ainda, o juiz dispensar a caução nos casos de execução provisória em que penda o AI junto ao STF ou TST, salvo quando a dispensa implicar risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.A decisão do juiz que dispensar (ou não) a caução é tipicamente interlocutória, não desafiando, assim, a interposição do AP. Poderá, no entanto, a parte interessada, em tese, impetrar MS, desde que satisfeitas as condições deste.Assim, para BL, o art. 475-O é aplicável ao PT.

- Carta de sentençapara operacionalizar a execução provisória é condição necessária o requerimento formulado pelo exequente, caso em que o juiz determinará a extração de carta de sentença, uma vez que os autos principais seguem seu curso normal, geralmente na instância superior.De acordo com o §3 do art. 475-O do CPC, aplicável ao PT, ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo:I – sentença ou acórdão exequendo;II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III – procurações outorgadas pelas partes;IV – decisão de habilitação, se for o caso;V – facultativamente, outras peças processuais que o exequente considere necessárias.

- Cumprimento de sentença quando pendente recurso extraordinárioEnunciado 15 da jornada sobre Execução na JT, adotou a tese da admissibilidade da instauração de ofício da execução provisória na pendência de agravo de instumento interposto contra decisão denegatória de recurso de revista.

- Cumprimento provisório da sentença que reconhece obrigação de fazerA possibilidade de execução provisória neste caso é controversa.Durante algum tempo vingou o entendimento que rejeita essa modalidade executória. O argumento seria o de que a execução de fazer provisória acabaria por se tornar definitiva, na medida em que o empregado receberia os salários pelo tempo em que trabalhou em decorrência da reintegração provisória, impedindo o empregador do correspondente ressarcimento.O entendimento jurisprudencial vem paulatinamente evoluindo no sentido de se admitir a antecipação de tutela de obrigação de reintegrar, o que, para BL, é uma execução lato sensu provisória de obrigação de fazer. Nesse sentido a OJ 65 da SBDI-2.

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- Penhora em dinheiro na execução provisóriaBL não vê qualquer impedimento. Entretanto a S. 417, III, do TST entende que isso fere direito líquido e certo.Enunciado 69 da Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho: Na execução provisória trabalhista é admissível a penhora de dinheiro, mesmo que indicados outros bens. Adequação do postulado da execução menos gravosa ao executado aos princípios da razoável duração do processo e da efetividade.No mesmo sentido o enunciado 21 da Jornada sobre Execução na JT.

- Penhora de crédito na execução provisóriaEnunciado 13 aprovado na Jornada sobre Execução na JT:

13. PENHORA DE CRÉDITO DO EXECUTADO. CONSTATAÇÃO NAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS, COOPERATIVAS DE CRÉDITO E ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE CRÉDITO.

I - Um dos meios de localizar ativos financeiros do executado, obedecendo à gradação do art. 655 do Código do Processo Civil (CPC), mesmo diante do resultado negativo da pesquisa realizada por intermédio do sistema Bacen Jud, consiste na expedição de mandado de constatação nas agências de cooperativas de crédito e administradoras de cartão de crédito não vinculadas ao Bacen, determinando a retenção de créditos presentes e futuros do executado;

II - A constatação da existência de procuração de terceiros ao executado, perante agências bancárias e cooperativas de crédito, com poderes para movimentar contas daqueles é outra forma de buscar ativos financeiros do devedor, diante da possibilidade de fraude.

- Princípios do cumprimento da sentença e da execução trabalhistaa) Princípio da igualdade de tratamento das partes: encontra fundamento no art. 5, caput, da CF. Porém o juiz deve levar em conta a desigualdade substancial do PT.b) Princípio da Natureza Real da Execução: nos primórdios a execução era pessoal. A partir do momento em que o Estado avoca para si o monopólio da prestação jurisdicional, a execução encontra uma fase de humanização, ela passa a ter caráter real, na medida em que é o patrimônio do devedor que passa a ficar sujeito à constrição e à expropriação.c) Princípio da limitação expropriatória: o art. 659 do CPC dispõe que se o devedor não pagar a dívida, o oficial de justiça penhorar-lhe-á apenas os bens suficientes ao pagamento da dívida e seus acessórios. Se outros bens existirem, não serão alcançados pela execução. O art. 692 do CPC determina a suspensão da arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor.d)Princípio da utilidade para o Credor: a execução deve ser útil ao credor, evitando-se, assim, os atos que possam comprometer tal utilidade. Esse princípio está albergado no art. 659, §§2 e 3 do CPC, bem como no art.40, §3 da Lei 6830/80.e) Princípio da não prejudicialidade do devedor: tem sido largamente invocado pela doutrina e jurisprudência. Encontra-se no art. 620 do CPC, segundo o qual, quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor. Para BL, no PT a execução deve se processar de maneira menos gravosa ao credor.Porém o princípio deverá ser visto no caso concreto, já que a Ec 45 ampliou a competência da JT.f) Princípio da especificidade: arts. 627 e 633 do CPC. Segundo o princípio em tela, o credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente.g) Princípio da responsabilidade pelas despesas processuais: as despesas processuais na execução civil correm por conta do executado, mesmo no caso de remição (CPC, art. 651). Sabe-se que as despesas processuais constituem gênero que tem como espécies as custas, os emolumentos, as despesas com publicação de editais, os honorários advocatícios e os honorários periciais. Quanto a

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estes últimos, é possível que eles surjam posteriormente à sentença, caso em que por eles responderá a princípio o devedor. No PT, o art. 789-A da CLT prescreve que as custas, no processo (ou fase) de execução, sempre a cargo do executado, são pagas ao final.h) Princípio do não aviltamento do devedor: é corolário do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, consagrado no art. 1, III da CF. Em nível infraconstitucional, esse princípio inspira o art. 649 do CPC e a Lei 8009/90, que dispõe sobre a impenhorabilidade de certos bens do devedor.i) Princípio da vedação do retrocesso social: este princípio encontra-se no nosso sistema constitucional e decorre, como leciona Ingo Wolfgang Sarlet, de outros princípios e argumentos de matriz jurídico-constitucional, como o princípio do estado Democrático e Social de Direito, que impõe um patamar mínimo de segurança jurídica; o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da máxima efetividade dos direitos fundamentais. Esse princípio é, ao mesmo tempo, um direito humano de primeira dimensão (CF, art 5, caput) e um direito humano de segunda dimensão (CF, art 6), valendo lembrar o disposto no caput do art.7 da CF, que aponta sempre no sentido de melhoria (nunca de retrocesso) das condições sociais dos trabalhadores. En 66 da 1a jornada de direito material e processual do trabalho:

66. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE NORMAS DO PROCESSO COMUM AO PROCESSO TRABALHISTA. OMISSÕES ONTOLÓGICA E AXIOLÓGICA. ADMISSIBILIDADE.Diante do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade de se conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração razoável do processo, os artigos 769 e 889 da CLT comportam interpretação conforme a Constituição Federal, permitindo a aplicação de normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos princípios da instrumentalidade, efetividade e não-retrocesso social.

j) Princípio da livre disponibilidade do processo pelo Credor:a operacionalização desse princípio impõe seu desdobramento em outros subprincípios, a saber: I ) possibilidade da execução trabalhista iniciada pelo pp juiz, de ofício (CLT, art. 878), em que se revela a ênfase do princípio inquisitivo no processo laboral; II) riscos da execução provisória (CPC arts. 587, parte final, 475-I, §1, e 475-O) a cargo do credor; III) respeito à coisa julgada (CLT, 879, §1); d) direito de prelação do credor (CPC, art. 612), isto é, o credor tem direito de preferência sobre os bens penhorados; e) existência da execução apenas sobre bens penhoráveis ou alienáveis, ressalvando-se a existência de bens absolutamente impenhoráveis e bens relativamente penhoráveis (CPC art. 650); f) indicação, pelo credor, do tipo de execução (CPC art. 615, I), sendo este subprincípio de duvidosa aplicação no PT, tendo em vista a possibilidade da execução ex officio (CLT art 878); g) necessidade de intimação do cônjuge, desde que a penhora incida sobre bem imóvel (L. 6830, art. 12,§2); h) alienação antecipada de bens (deterioráveis, avariados, com alto custo de sua guarda ou conservação, ou semoventes), de acordo com os arts. 670 e 1113, caput e parágrafos do CPC; i) competência para execução e cumprimento de sentença em princípio, dos órgãos de primeiro grau.

- Legitimação ad causam na execuçãoa) Legitimação ativa: vaticina o art. 878 da CLT que a execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio, pelo pp juiz ou presidente do tribunal competente(art. 877). Aplica-se o art. 567 do CPC ao termo qualquer interessado (lacuna da CLT):

Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

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Tendo em vista a possibilidade de execução de título extrajudicial, a teor do art. 876, caput, da CLT, BL crê que a regra da legitimação prevista no art. 878 da CLT se mostra perfeitamente aplicável nna espécie, com as observações feitas.O MPT também é legitimado para promover a execução trabalhista, nas hipóteses em que atuou como parte no processo (ou fase) de conhecimento, seja na 1a instância, seja na 2a. Nos casos em que o parquet atuou como órgão interveniente (custos legis) BL crê que sua legitimação ficará condicionada 'a existência de interesse público que justifique.Tratando-se de execução do termo de compromisso de ajustamento de conduta, firmado perante o MPT, este detém a legitimação exclusiva para promover a execução.Outro legitimado ativo para a execução de título extrajudicial é a União, na cobrança de multa aplicadas aos empregadores.b) legitimação passiva: o natural é o empregador. É possível que o empregado possa figurar como executado, nas hipóteses em que é devedor de custas ou outras despesas processuais, bem como nos casos em que tenha causado prejuízo ao empregador ou condenado a entregar coisa ao empregador, ou, ainda, no caso em que o obreiro tenha ficado indevidamente com os instrumentos de trabalho de propriedade do empregador.A CLT dispõe no art. 880 que requerida a execução o juiz mandará expedir mandado de citação ao executado. Aqui aplica-se o art. 4 da L. 6830/80, que prevê a possibilidade de a execução ser promovida contra o devedor, fiador, o espólio, a massa, o responsável tributário e os sucessores a qualquer título. Ver também art. 568 do CPC.Além desses, poderão figurar no polo passivo da execução trabalhista o responsável subsidiário nos casos de intermediação de mão-de-obra ou terceirização, o dono da obra nos contratos de empreitada e o empreiteiro nos contratos de subempreitada.Tratando-se de sucessão trabalhista, o sucessor responde integralmente pelas dívidas do sucedido.

Enunciado 4 da Jornada sobre Execução na JT SUCESSÃO TRABALHISTA.Aplicação subsidiária do Direito Comum ao Direito do Trabalho (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 8º, parágrafo único). Responsabilidade solidária do sucedido e do sucessor pelos créditos trabalhistas constituídos antes do trespasse do estabelecimento (CLT, arts. 10 e 448, c/c Código Civil, art. 1.146).8. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. SUCESSÃO NA FALÊNCIA OU RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Compete à Justiça do Trabalho – e não à JustiçaComum Estadual – dirimir controvérsia acerca da existência de sucessão entre o falido ou o recuperando e a entidade que adquira total ou parcialmente suas unidades de produção.

Entretanto o STF entende que a competência para executar os créditos da falência é da Justiça estadual comum. O TST segue esse entendimento.

7. EXECUÇÃO. DEVEDOR SUBSIDIÁRIO. AUSÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS DO DEVEDOR PRINCIPAL. INSTAURAÇÃO DE OFÍCIO.A falta de indicação de bens penhoráveis do devedor principal e o esgotamento, sem êxito, das providências de ofício nesse sentido, autorizam a imediata instauração da execução contra o devedor subsidiariamente corresponsável, sem prejuízo da simultânea desconsideração da personalidade jurídica do devedor principal, prevalecendo entre as duas alternativas a que conferir maior efetividade à execução.

- Desconsideração da pessoa jurídica do executado: o instituto encontra-se no art. 28, §5 da Lei 8078/90. Tc será fonte o art. 50 do CC. Em se tratando de falência ou alienação departe da empresa em recuperação judicial, nada obsta o prosseguimento da execução contra os sócios desde que o juiz do trabalho adote a teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa executada.

Enunciado 20 da Jornada de Execução na JT. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCEGUIMENTO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA COOBRIGADOS, FIADORES, REGRESSIVAMENTE OBRIGADOS E SÓCIOS. POSSIBILIDADE. A falência e a

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recuperação judicial, sem prejuízo do direito de habilitação de crédito no juízo universal, não impedem o prosseguimento da execução contra os coobrigados, os fiadores e os obrigados de regresso, bem como os sócios, por força da desconsideração da personalidade jurídica.

Há porém entendimento jurisprudencial admitindo que somente depois de esgotadas todas as possibilidades de responsabilização da empresa falida é que se torna possível o redirecionamento da execução trabalhista contra os sócios da empresa falida.

Aplicação subsidiária da Lei de Execução Fiscal e do Código de Processo Civil. Mandado de citação. Penhora.

No processo civil,a expedição do mandado de penhora e avaliação depende de requerimento do credor.No PT a execução, ou melhor, o cumprimento da sentença que contém obrigação por quantia certa poderá ser promovida por qualquer interessado ou pelo pp juiz.O mandado de intimação poderá ser dirigido ao pp executado ou ao seu advogado, e deverá ser realizado por meio de Oficial de Justiça, dele devendo constar a cópia da sentença a ser cumprida.No PT os oficiais de justiça são também avaliadores, valendo registrar que eles têm o prazo de até 10 dias para realizar a avaliação. Todavia, se a avaliação depender de conhecimentos técnicos que não puderem ser do domínio do Oficial de Justiça, por declaração expressa deste, BL entende que o juiz deve nomear outro avaliador.A regra prevista no §3 do art. 475-J do CPC, segunndo a qual o exequente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados, pode ser aplicada ao PT, desde que adaptada ao art. 882 da CLT, que faculta ao devedor: a) garantir, mediante depósito, a execução; b)nomear bens à penhora, observada a gradação prevista no art. 655 do CPC.

- Arquivamento dos autos: o §5 do art. 475-J do CPC prevê que não sendo requerida a execução no prazo de 6meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. Para BL tal norma não se aplica ao PT, tendo em vista os arts. 876 e 878 da CLT, afinal se o juiz pode promover a execução, não poderá mandar arquivar os autos.

- PenhoraPara a nomeação de bens à penhora, o executado deverá por forçca do art. 882 da CLT observar a ordem de preferência fixada no art. 665 do CPC:

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - bens imóveis; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de

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2006).

VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - outros direitos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Na execução de crédito com garantia hipotecária pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. Se a penhora recair em bens imóveis será intimado o cônjuge do executado.A carta de fiança bancária equivale a dinheiro – OJ 59 da SBDI-2.Na execução de título extrajudicial trabalhista, por força do art. 8, caput e inciso I da LEF, o executado será citado pelo correio com aviso de recepção para, no prazo de 5 dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados no título executivo extrajudicial, ou garantir a execução. Caso não o faça, o Oficial de Justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.O juiz poderpa, de ofício, ou a requerimento do exequente, determinar a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora.Em qualquer hipótese, a intimação do executado será feita na pessoa de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente.A parte poderá requerer a substituição da penhora:

Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - se não obedecer à ordem legal; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - se incidir sobre bens de baixa liquidez; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

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VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

O juiz decidirá de plano qualquer questões suscitadas. Dessa decisão, por ser interlocutória, não cabe recurso.É dever do devedor, dentro do prazo assinalado pelo juiz, exibir a prova de propriedade dos bens e, qnd for o caso, a certidão negativa de ônus, bem como indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução e abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora.Regras gerais:a) têm preferência os bens do foro da causa;b) somente se os bens não forem encontrados no foro da causa é que se realizará a penhora por carta precatória;c) se o valor dos bens penhorados for totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução; torna-se inócua a penhora;d) o termo de penhora de imóveis deverá ser registrado no ofício imobiliário;e) qnd houver resistência do devedor, o Oficial de Justiça solicitará ao juiz a expedição de mandato autorizando arrombamento de portas, sendo que essa diligência será cumprida por dois oficiais de justiça, acompanhados de duas testemunhas, lavrando-se dos atos termo circunstanciado.

- Bens impenhoráveisO art. 648 e 649 do CPC são aplicáveis ao PT:

Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria,

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pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. (Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Enunciado 70 da 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho. EXECUÇÃO. PENHORA DE RENDIMENTOS DO DEVEDOR. CRÉDITOS TRABALHISTAS DE NATUREZA ALIMENTAR E PENSÕES POR MORTE OU INVALIDEZ DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO. PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. POSSIBILIDADE. Tendo em vista a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e da pensão por morte ou invalidez decorrente de acidente do trabalho (CF, art. 100, § 1º-A), o disposto no art. 649, inciso IV, do CPC deve ser aplicado de forma relativizada, observados o princípio da proporcionalidade e as peculiaridades do caso concreto. Admite-se, assim, a penhora dos rendimentos do executado em percentual que não inviabilize o seu sustento.

Enunciado 29 da Jornada sobre Execução na JT. PENHORA DE SALÁRIO, PENSÃO E APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE EM EXECUÇÃO TRABALHISTA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 1º, § 1º, DA LEI Nº 10.820/2003; ART. 3º, INCISO I, DO DECRETO Nº 4.840/2003; ART. 115, INCISO VI, DA LEI 8.213/91; E ART. 154, INCISO VI, DO DECRETO Nº 3.048/99. SUPREMACIA DO CRÉDITO TRABALHISTA. ART. 100, § 1º-A, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ART. 186 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (CTN). É lícita, excepcionalmente, a penhora de até 30% dos rendimentos decorrentes do trabalho, pensão e aposentadoria, discriminados no inciso IV do art. 649 do Código de Processo Civil (CPC), por

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expressa previsão no § 2º do art. 649 do CPC, desde que comprovado o esgotamento de todos os meios disponíveis de localização dos bens do devedor.

O art. 650 também introduziu importante inovação:

Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia.

Os bens públicos de uso como do povo e os de uso especial são também absolutamente impenhoráveis.BL entende inaplicável ao PT a hipótese do inciso X do art. 649 do CPC:

Enunciado 23 da Jornada sobre Execução na JT. EXECUÇÃO. PENHORA DE CADERNETA DE POUPANÇA. INCOMPATIBILIDADE DO ART. 649, INCISO X, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC) COM OS PRINCÍPIOS DO DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO. I - A regra prevista no art. 649, X, do CPC, que declara impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, é incompatível com o direito e o Processo do Trabalho.II - A incompatibilidade com os princípios do direito e do Processo do Trabalho é manifesta, pois confere uma dupla e injustificável proteção ao devedor, em prejuízo ao credor, no caso e em regra, o trabalhador hipossuficiente. A proteção finda por blindar o salário e o seu excedente que não foi necessário para a subsistência e se transformou em poupança. Há, na hipótese, manifesta inobservância do privilégio legal conferido ao crédito trabalhista e da proteção do trabalhador hipossuficiente.

- Bens de famíliaImpenhoráveis por força da Lei 8009/90:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.

Excluem-se da regra da impenhorabilidade do bem de família os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos.Não é pacífica a aceitação da Lei 8009/90 no PT. Para uns, a regra da impenhorabilidade do bem de família seria incompatível com a natureza alimentícia do crédito trabalhista. Para outros a norma visa a assegurar a dignidade da pessoa do devedor e da sua família.O art. 3 da ref. Lei é imperativo, dizendo que ela é aplicável a qualquer processo.Mas há exceções:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

III -- pelo credor de pensão alimentícia;

IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do

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imóvel familiar;

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;

VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.

VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

Segundo o TST, a arguição de impenhorabilidade do bem de família pode ocorrer a qualquer tempo.

- Penhora de crédito do ExecutadoAlém dos pps bens do devedor, outros também podem ser objeto de penhora, como os seus créditos pendentes de recebimento.O art. 671 do CPC dispõe que qnd a penhora recair em crédito do devedor, o oficial de justiça o penhorará.A penhora de crédito, representada por letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não em poder do devedor.Enquanto não ocorrer a apreensão, considerar-se-á feita a penhora pela intimação: a) ao terceiro devedor para que não pague ao credor; b) ao credor do terceiro para que não pratique ato de disposição do crédito.Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será havido como depositário da importância.O terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juízo a importância da dívida. Se o terceiro negar o débito em conluio com o devedor, a quitação que este lhe der considerar-se-á em fraude de execução.A requerimento do credor, o juiz determinará o comparecimento, em audiência especialmente designada, do devedor e do terceiro, a fim delhes tomar os depoimentos.Feita a penhora em direito e ação do devedor, e não tendo este oferecido embargos, ou sendo estes rejeitados, o crador fica sub-rogado nos direitos do devedor até a concorrência do seu crédito.O credor pode preferir, em vez da sub-rogação, a alienação judicial do direito penhorado, caso em que declarará a sua vontade no prazo de 10 dias contados da realização da penhora.A sub-rogação não impede ao sub-rogado, se não receber o crédito do devedor, de prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens do devedor.Nos termos do art. 674 do CPC, quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no rosto dos autos a penhora que recair nele e na ação que lhe corresponder, a fim de se efetivar nos bens que forem adjudicados ou vierem caber ao devedor. Se a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas, ou de prestações periódicas, o exequente poderá levantar os juros, os rendimentos ou as prestações à medida que forem sendo depositadas, abatendo-sedo crédito as importâncias recebidas, conforme as regras de imputação em pagamento.Tratando-se de penhora que recaia sobre direito cujo objeto repouse na prestação ou restituição de coisa determinada, o executado será intimado para, no vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução.

Enunciado 13. PENHORA DE CRÉDITO DO EXECUTADO. CONSTATAÇÃO NAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS, COOPERATIVAS DE CRÉDITO E ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE CRÉDITO.

I - Um dos meios de localizar ativos financeiros do executado, obedecendo à gradação do art. 655 do Código do Processo Civil (CPC), mesmo diante do resultado negativo da pesquisa realizada por intermédio do sistema Bacen Jud, consiste na expedição de mandado de constatação nas agências

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de cooperativas de crédito e administradoras de cartão de crédito não vinculadas ao Bacen, determinando a retenção de créditos presentes e futuros do executado;II - A constatação da existência de procuração de terceiros ao executado, perante agências bancárias e cooperativas de crédito, com poderes para movimentar contas daqueles é outra forma de buscar ativos financeiros do devedor, diante da possibilidade de fraude.

Ver OJ 266 da SBDI-1.

- Penhora de empresa

Execução de quantia certa contra devedor solvente.

- Ampliação do sincretismo processual para as sentenças que reconhecem obrigação de pagar quantiaAntes da L. 11232/05 o cumprimento de sentença que reconhecesse obrigação de pagar quantia certa dependia da instauração de um processo autônomo de execução.Com a entrada em vigor desta lei, houve junção dos processos de conhecimento e de execução,sendo correto falar não mais em processos e sim em fases de cognição e execução.Essa lei estendeu o processo sincrético para as ações condenatórias de obrigação de pagar.

- Do procedimento alusivo ao cumprimento da sentença que reconhece obrigação por quantia certaO art. 475-N passa a considerar título executivo judicial a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de pagar quantia.A sentença homologatória de conciliação ou de transação e o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente, também são títulos executivos judiciais e podem ser cumpridos com base no Livro I do CPC, ou seja, perante o msm juiz e no msm processo em que surgiram.Não estão compreendidos no sincretismo processual os demais títulos judiciais arrolados no art. 475-N, II, IV e VI do CPC, a saber: a sentença penal condenatória transitada em julgado, a sentença arbitral e a sentença estrangeira, homologada pelo STJ. Nestes casos, o mandado inicial incluirá a ordem de citação do devedor para liquidação e/ou execução conforme o caso.

- CompetênciaO art. 475-P dispõe que o cumprimento de sentença efetivar-se-á perante:I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.No caso do inciso II, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.Como a CLT possui regra pp, será competente para o cumprimento de sentença trabalhista o Juízo ou Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio,sendo, portanto, inaplicável a opção prevista no pu do art. 475-P do CPC, ainda que se trate dedemandas oriundas da relação de trabalho distintas da relação de emprego.É importante notar que a competência para a execução (e liquidação) nas ações coletivas (inclusive ACPs) para tutela de interesses individuais homogêneos possui regramento pp no CDC, sendo,pois, inaplicável em tais casos, a sistemática do CPC e da CLT.

- Da intimação do devedor para cumprimento da sentença

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Para BL,mediante o diálogo das fontes (Art. 475-J do CPC, art. 614, II do CPV e art. 878 da CLT e 880 da CLT) dos sistemas do processo civil e trabalhista, parece-nos factível concluir que o cumprimento da sentença trabalhista poderá ser promovido, de ofício, pelo pp juiz, ou a requerimento das partes, sendo certo que em qualquer hipótese o devedor não será mais citado e sim intimado na pessoa de seu advogado, que é a situação mais corriqueira na atualidade. Na hipótese em que o devedor estiver exercendo o jus postulandi, a sua intimação será feita pelos correios e, depois de transcorrido o prazo para cumprimento da obrigação, será expedida ordem de bloqueio de crédito junto ao Bacen Jud.Nesse sentido o /en. 12 da jornada Nacional sobre execução na JT: Cumprimento de sentença. Intimação da parte pelo advogado. I – Tornada líquida a decisão, desnecessária acitação do executado, bastando a intimaçãopara pagamento por meio de seu procurador. II – Não havendo procurador,far-se-á a intimação ao devedor prioritariamente por via postal, com retorno do comprovante de entrega ou AR, e depois de transcorrido o prazo sem o cumprimento da decisão, deverá ser expedida ordem de bloqueio de crédito pelo sistema Bacen Jud.

- Incidência da multa pelo não pagamento espontâneo da obrigação por quantia certa

O art. 475-J do CPC prevê a incidência de multa caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não efetue no prazo de 15 dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de 10%.O STJ deixou assentado que o termo inicial dos 15 dias previstos na lei deve ser o trânsito em julgado da sentença.Para BL, considerando que há permissão na CLT para o juiz dispor sobre o prazo e as condições para o cumprimento da sentença, mostra-se perfeitamente aplicável a regra do art. 475-J do CPC, com as adaptações ao PT.Assim, ao ser intimado da sentença ou do acórdão que reconheça obrigação de pagar quantia líquida ou da decisão que homologar a liquidação, o devedor terá, no primeiro caso, o prazo de 8 dias, e no segundo caso, o prazo de 48 hs, para, querendo, efetuar o pagamento da quantia devida. Caso não o faça, incidirá a multa de 10% sobre o total da dívida.No sentido da aplicação do art. 475-J, a S. 9 do TRT9 e o enunciado 71 da 1a Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho ( Art. 475-J do CPC.. Aplicação no PT. A aplicação subsidiária do art. 475-J do CPC atende 'as garantias constitucionais da razoável duração do processo, efetividade e celeridade, tendo, portanto, pleno cabimento na execução trabalhista. O TST ainda não pacificou o seu entendimento acerca da aplicação ou não da multa do art. 475-J.A SBDI-1 recentemente decidiu, por maioria que é inaplicável a multa do art. 475-J do CPC no PT.De acordo com BL, poderá o devedor efetuar, no msm prazo, pagamento parcial da dívida, caso em que será observada a regra do §4 do art. 475-J, ou seja, a multa de 10% incidirá sobre o restante.O STJ vem entendendo que não há necessidade de intimação do devedor para aplicação da multa.

- Natureza da multa de 10%É de natureza punitiva, uma sanção processual. Não se confunde com a astreinte, que é uma medida de pressão psicológica, fixada geralmente por dia de atraso, para que o pp devedor cumpra obrigações específicas,ou seja, uma forma de execução indireta nas condenações em obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, cujo valor deverá ser suficiente ou compatível com a respetiva obrigação, de acordo com o poder discricionário do juiz.A multa do art. 475-J é de ordem pública, não podendo o juiz majorá-la ou diminuí-la.

- Início do prazo para incidência da multa de 10%O Art. 475-J ~e omisso a respeito do termo inicial para a incidência da multa.Para BL, tendo em vista que a execução provisória se faz do mesmo modo que a definitiva, seria factível deduzir que a multa prevista no art. 475-J do CPC incide independentemente do trânsito em julgado da sentença exequenda. Assim, se o credor requerer a execução provisória, o devedor terá o

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prazo de 8 dias contados da ciência da decisão que o intima para o pagamento.Todavia, não é esse o entendimento que vem prevalecendo no STJ, que vem entendendo como termo inicial o trânsito em julgado. Assim, a multa do 475-J é incabível em sede de execução provisória.

- Execução de título extrajudicial por quantia certa contra devedor solventeA efetivação de título executivo judicial se faz por cumprimento (ou execução) de sentença.Já os títulos executivos extrajudiciais continuam sendo objeto de um processo de execução regulado pelo Livro II do CPC.O art.646 do CPC é aplicável ao PT:

Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (art. 591).

Aplica-se o art. 6 da LEF. A petição inicial, que será instruída com o Título Executivo Extrajudicial indicará apenas:I – o juiz a quem é dirigida;II – o pedido;III – o requerimento para a citação.O despacho do juiz que deferir a inicial, além de interromper a prescrição (art. 7 da LEF) importa ordem para:I – citação;II – penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução,por meio de depósito ou fiança;III – arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;IV -registro da penhora ou arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras depesas;V – avaliação dos bens penhorados ou arrestados. O exequente poderá, no início da execução, indicar bens a serem penhorados.Feita a citação, o executado poderá adotar 3 medidas (art. 882 da CLT):I – efetuar o pagamento da quantia executada, devendo a Secretaria do Juízo fornecer-lhe o respectivo termo de quitação;II – depositar em juízo o valor constante do título, com a ressalva de que se trata de garantia do juízo para oposição de embargos 'a execução, uma vez que a ausência de ressalva pode ensejar o entendimento de que houve simples pagamento, nos termos da alínea anterior;III – oferecer bens à penhora para garantia do juízo e opor embargos à execução.

Execução das obrigações de fazer e não fazer.

As sentenças condenatórias nos dissídios (rectius, processos) individuais trabalhistas são executadas de acordo com o procedimento estabelecido na CLTe, subsidiariamente, por força do art. 889, na Lei 6838/80 e no que couber ao CPC.A CLT e a LEF só tratam da execução, judicial e extrajudicial, respectivamente, por quantia certa, sendo tais fontes omissas a respeito do cumprimento de sentenças que veiculam obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, o que impõe a aplicação subsidiária dos arts. 461 e 461-A do CPC.Esses artigos positivaram em nosso sistema as chamadas sentenças mandamentais e executivas lato sensu.A obrigação de fazer (ou não fazer) somente se converterá em perdas e danos (obrigação de dar quantia certa) se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, sendo certo que a indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa.O juiz poderá na sentença impor multa diária (astreinte) ao réu (provimento judicial executivo lato sensu), independente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

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- Cumprimento ou execução das obrigações de fazer ou não fazerPode decorrer tanto de título judicial quanto extrajudicial. No primeiro caso, as normas aplicáveis estão previstas no art. 461 do CPC. Tratando-se de execução fundada em título extrajudicial, deverão ser observadas as normas dos arts. 632 a 643 do CPC.Para BL as obrigações de dar e fazer possuem diferenças significativas, a começar pela prestação a ser realizada.As obrigações de dar consistem na entrega de uma coisa, certa ou incerta, enquanto nas obrigações de fazer essa prestação se traduz num ato, serviço ou atividade por parte do devedor. Ademais, a obrigação de fazer pode ser personalíssima em relação ao devedor, o que não ocorre com as obrigações de dar.Quanto ao empregador, as principais obrigações de fazer são:anotar a CTPS;preencher corretamente as guias do FGTS ou do seguro-desemprego;reintegrar empregado estável ou portador de garantia no emprego;reenquadrar funcionalmente o empregado.Como exemplos de obrigação de não fazer, lembramos as ações judiciais que tenham por objeto:

a proibição de transferência ilegal ou abusiva de empregado para localidade diversa da que resultar do CT;

a proibição de um ato do empregador que implique prejuízo direto ou indireto ao empregado.

Em matéria de direitos individuais, o PT prevê apenas um título executivo extrajudicial que pode conter obrigação de fazer ou não fazer. É o termo de conciliação firmado perante a CCT.Na execução de fazer (ou não) não há penhora, mas o devedor poderá, no prazo previsto no título executivo extrajudicial ou no art. 884 da CLT, ou seja, 5 dias, opor embargos (ou impugnação) à execução (ou ao cumprimento da sentença).Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos, requerer que ela seja executada à cussta do devedor, ou haver perdas e danos, caso em que ela se converte em indenização, procedendo-se, antes, se for o caso, à apuração do valor das perdas e danos em liquidação.Em se tratando de recusa patronal em cumprir a obrigação de reintegrar empregado estável, a conversão em perdas e danos será computada em dobro, a teor da S. 28 do TST.O art. 634 do CPC dispõe que se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do credor, decidir que aquele o realize a custa do devedor.No PT isso ocorre qnd o devedor recusa-se a anotar a CTPS, devendo o juiz determinar que a Secretaria da Vara efetue.Já na execução de não fazer, o art. 642 dispõe que se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo.Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. Não sendo possível desfazer-se do ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos, convertendo-se a execução de não fazer em cumprimento de sentença que reconhece obrigação por quantia certa, observando-se o procedimento prévio da apuração do quantum debeatur por meio de liquidação.Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzí-lo, se excessivo.O Juiz poderá na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for insuficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.Para a efetivação da tutela específica ou obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias.O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que ela se

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tornou insuficiente ou excessiva.

- Execução de prestações sucessivasArts. 891 e 892 da CLT, sem prejuízo das demais estabelecidas para a execução de título judicial ou extrajudicial por quantia certa.Há 2 espécies de prestações sucessivas: as prestações pode tempo determinado e as prestações por tempo indeterminado. Nas prestações por tempo determinado, a execução pelo não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem. Neste caso, vencida a 1a prestação e não havendo o pagamento, o art. 891 considera vencidas todas. Já nas prestações sucessivas por tempo indeterminado, a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução. Ocorre apenas qnd o CT se encontra vigente.O que acontece com as prestações que se vencerem depois de iniciada a execução? Para BL aplicam-se os arts. 290 e 892 do CPC:

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.

- Execução contra o devedor concordatário: S. 277 do STF (A concordata do empregador não impede a execução do crédito nem a reclamação do empregado na JT).

- Execução contra empresas em liquidação extrajudicialA execução promovida em face do devedor em liquidação extrajudicial continua na esfera da jurisdição trabalhista até a total satisfação do credor, como se infere do art. 884 da CLT.Ver Provimento 5 do TST/CGJ.

Execução de títulos extrajudiciais. Ver outros itens.

Execução da massa falida e das empresas submetidas ao procedimento de recuperação judicial (Lei n° 11.101/05). - Execução contra massa falida ou empresa em recuperação judicialNão é pacífico o entendimento acerca da competência da JT qnd do polo passivo está a massa falida. Há 3 correntes que se ocupam do problema.1 – Tradicional, sustenta que, se no curso do processo de execução sobrevier o decreto de falência do devedor, a execução dos créditos trabalhistas é atraída automaticamente pelo juízo universal da falência, devendo neste prosseguir o feito. É a posição do TST.2 – Advoga que o art. 114 da CF confere à JT a competência para executar as suas próprias decisões, excluindo, assim, o juízo universal da falência pouco importando que a quebra tenha ocorrido antes ou depois dos atos de constrição dos bens do devedor. Além disso, os créditos trabalhistas, por serem privilegiados, prescindem da habilitação no juízo universal da falência. Alguns julgados no TST nesse sentido.3 – Eclétiva, pois se posiciona de acordo com o momento dos atos de constrição. Vale dizer, os bens do devedor penhorados antes da decretação da falência não serão alcançáveis pelo juízo falimentasr por aplicação analógica da S. 44 do TFR. Todavia, se os atos de constrição (penhora) ocorrerem após a quebra, cessa a competência da JT, devendo o juiz do trabalho expedir certidão de habilitação legal do crédito trabalhista junto à massa falimentar. BL a defende.Com o advento da L. 11101/2005 foram instituídas 3 figuras em nosso ordenamento jurídico

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relativamente às empresas que não conseguem honrar as suas dívidas: a) a recuperação extrajudicial; b) a recuperação judicial; c) a decretação de falência.A recuperação extrajudicial, por implicar ajuste direto entre o devedor e seus credores, não se aplica aos créditos trabalhistas. Mas é importante para os créditos dos trabalhadores não empregados cujas ações foram transferidas para a JT em virtude da EC 45.A falência ou a recuperação judicial suspendem o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.As ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8 da Lei sob exame, serão processadas perante a JT até a apuração do respectivo crédito, o qual será inscrito no quadro geral de credores pelo valor determinado em sentença.

Enunciado 18 da Jornada sobre Execução na JT. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXCLUSÃO DO CONCURSO UNIVERSAL. HIPÓTESE.Quando sobrevier recuperação judicial da empresa, após atos cautelares ou deexecução que garantam o recebimento de valores por credores trabalhistas, vencido oprazo do § 4º do art. 6º da Lei nº 10.101/05, os bens ou valores arrestados oupenhorados ficam excluídos do concurso universal e serão expropriados pelo juiz doTrabalho.

Enunciado 19 da Jornada sobre Execução na JT. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA. EXPROPRIAÇÃO DE BENS PELA JUSTIÇA DOTRABALHO. HIPÓTESE. As execuções iniciadas antes da decretação da falência doempregador terão prosseguimento no juízo trabalhista, se já houver data definitiva paraa expropriação dos bens, hipótese em que o produto da alienação deve ser enviado aojuízo falimentar, a fim de permitir a habilitação do crédito trabalhista e sua inclusão noquadro geral de credores. Caso os bens já tenham sido alienados ao tempo da quebra,o credor trabalhista terá seu crédito satisfeito.

Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput do art. 6 da L.11101 em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 dias contados do deferimento do processamento da recuperação, reestabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.Aplica-se o disposto no art. 6, §2 da L. 11101 à recuperação judicial durante o período de suspensão do processo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no QGC.Além da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial ou pelo devedor, imediatamente após a citação.São preferenciais apenas os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidente de trabalho. Os créditos trabalhistas que ultrapassarem este valor são quirografários, o mesmo ocorrendo se eles forem cedidos a terceiros.O art. 151 da l. 11101 dispõe que os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial, vencidos nas 3 meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.Com a decretação da falência, BL defende que os processos que veiculam ações oriundas de relações de trabalho distintas da relação de emprego deverão ser remetidos ao Juízo Universal da Falência.As ações de execução das multas impostas pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, por terem natureza de execução fiscal, bem como as ações de acidentes de trabalho, ajuizadas por empregado em face do empregador, continuarão tramitando na JT, mesmo depois da decretação da falência, pois os créditos cobrados nessas ações são privilegiados.O TST entende que as ações trabalhistas serão processadas na JT até a apuração do respectivo crédito para posterior habilitação no juízo universal da falência.

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A decretação de falência não impede que a ação trabalhista continue a tramitar na JT em face dos sócios da empresa falida, desde que o juiz adote a teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa devedora.

En. 20 da Jornada sobre execução na JT. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCEGUIMENTO DA EXECUÇÃOTRABALHISTA CONTRA COOBRIGADOS, FIADORES, REGRESSIVAMENTE OBRIGADOS ESÓCIOS. POSSIBILIDADE. A falência e a recuperação judicial, sem prejuízo do direito dehabilitação de crédito no juízo universal, não impedem o prosseguimento da execuçãocontra os coobrigados, os fiadores e os obrigados de regresso, bem como os sócios, porforça da desconsideração da personalidade jurídica.

Execução das contribuições previdenciárias: competência, alcance e procedimento.

Por força da EC 20/1998, a JT passou a ser competente também para executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.Para regulamentar, foi editada a L. 10035, de 25/10/200, que reafirma a competência da JT para processar e julgar as questões relativas às contribuições previdenciárias que incidirem sobre as sentenças e acordos homologados por esse ramo especializado.Somente as contribuições previdenciárias declaradas expressamente pelas sentenças trabalhistas é que são da competência da JT. A execução de débitos previdenciários, que deveriam ter sido recolhidos durante a vigência do CT e que não integram a sentença trabalhista continua sob a alçada da JF.O TST na S. 368, I, havia firmado o entendimento de que competia à JT executar, inclusive de ofício, as contribuições previdenciárias decorrentes do reconhecimento do vínculo empregatício. Entretanto, a redação dessa súmula foi alterada. Mas após foi acrescentado o pu ao art. 876 da CLT que dispõe:

Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido.

Tb digno de nota é o Enunciado 73 da 1a jornada de Direito Material e PT:

73. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. REVISÃO DASÚMULA 368 DO TST.I – Com a edição da Lei 11.457/2007, que alterou o parágrafo único do art.876 da CLT, impõe-se a revisão da Súmula nº 368 do TST: é competente aJustiça do Trabalho para a execução das contribuições à Seguridade Socialdevidas durante a relação de trabalho, mesmo não havendo condenação emcréditos trabalhistas, obedecida a decadência.II – Na hipótese, apurar-se-á o montante devido à época do períodocontratual, mês a mês, executando-se o tomador dos serviços, por força doart. 33, § 5º, da Lei 8.212/91, caracterizada a sonegação de contribuiçõesprevidenciárias, não devendo recair a cobrança de tais contribuições na pessoa

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do trabalhador.III – Incidem, sobre as contribuições devidas, os juros e a multa moratóriaprevistos nos artigos 34 e 35 da Lei 8.212/91, a partir da data em que ascontribuições seriam devidas e não foram pagas.

Mesmo com a alteração, o TST manteve a S. 368:

SUM-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (inciso I alterado) - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das con-tribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 )II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições pre-videnciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de a-ções trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)

Por isso a JT continua incompetente para executar contribuições previdenciárias sobre os salários pagos durante o período do vínculo empregatício reconhecido.O STF (RE569056-PA) decidiu editar SV cuja redação dirá: não competete à JT estabelecer, de ofício, débito de contribuição social para com o INSS, com base em decisão que apenas declare a existência de vínculo empregatício.Tb o pu do art. 831 da CLT dispõe sobre as contribuições.Com relação a elas, a decisão que homologa a conciliação entre os sujeitos originários da lide somente produzirá os efeitos da cj se a União, intimada para tomar ciência da decisão, deixar transcorrer in albis o prazo judicial que lhe for assinalado para manifestação. O art. 832 dispõe isso.Fixadas as contribuções devidas à União, e não havendo o correspondente pagamento, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, promover a execução, consoante a regra do 876 da CLT.Ainda que omissa a sentença, os descontos fiscais e previdenciários devem ser efetuados, de ofício, pelo juízo da execução, sem que isso caracterize ofensa à CJ, consoante dispõe a S. 401 do TST.Elaborados os cálculos, deverá a União ser imediatamente intimada para, querendo, impugná-los, sob pena de preclusão.Essa impugnação quando ser feita por qualquer das partes originárias do processo de cognição, poderá ser reiterada na execução, desde que não tenha ocorrido a preclusão.Se, todavia, a União quedar-se silente quando da intimação para impugnar a conta de liquidação, estará irremediavelmente preclusa sua pretensão de fazê-lo por meio de impugnação à sentença prevista no art. 884, §3 da CLT.Da decisão que acolher ou rejeitar a pretensão da União, caberá agravo de petição.Os valores devidos à União deverão ser pagos por meio de guia de recolhimento pp, dela constando o número do processo e o nome das partes.

Art. 889-A. Os recolhimentos das importâncias devidas, referentes às contribuições sociais, serão efetuados nas agências locais da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A., por

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intermédio de documento de arrecadação da Previdência Social, dele se fazendo constar o número do processo. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 25.10.2000)

§ 1o Concedido parcelamento pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, o devedor juntará aos autos a comprovação do ajuste, ficando a execução da contribuição social correspondente suspensa até a quitação de todas as parcelas. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)

§ 2o As Varas do Trabalho encaminharão mensalmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil informações sobre os recolhimentos efetivados nos autos, salvo se outro prazo for estabelecido em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)

Ver também enunciado 74 da 1a Jornada de Direito Material e PT:

74. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS. INCOMPETÊNCIA DAJUSTIÇA DO TRABALHO. A competência da Justiça do Trabalho para aexecução de contribuições à Seguridade Social (CF, art. 114, § 3º) nas açõesdeclaratórias, condenatórias ou homologatórias de acordo cinge-se àscontribuições previstas no art. 195, inciso I, alínea “a” e inciso II, daConstituição, e seus acréscimos moratórios. Não se insere, pois, em talcompetência, a cobrança de “contribuições para terceiros”, como as destinadasao “sistema S” e “salário-educação”, por não se constituírem em contribuiçõesvertidas para o sistema de Seguridade Social.

15. Embargos à execução. Exceção de pré-executividade. Impugnação à sentença de liquidação.Embargos de Terceiro. Fraude à execução. Expropriação de bens do devedor. Arrematação,adjudicação, remição. Execução contra a Fazenda Pública: dívidas de pequeno valor eprecatório.Embargos à execução.

- Embargos à execuçãoPodem ser opostos não apenas os embargos do executado ou à penhora, como sugere o art. 884 e seu §3 da CLT. Há possibilidade, ainda, dos embargos à arrematação e à adjudicação, bem como os embargos de terceiro. São gênero que tem como espécies os embargos do executado, os embargos à penhora, os embargos à adjudicação, à arrematação etc.

- Embargos do ExecutadoNa hipótese de título executivo judicial, o devedor poderá oferecer impugnação ao cumprimento da sentença, nos mesmos autos do processo de conhecimento.Tratando-se, de outro giro, de execução de título extrajudicial ou de execução contra a FP, o devedor poderá opor-se à execução por meio de embargos, que serão autuados em apenso aos autos do processo principal. No PT não há necessidade de autuação em apenso, pois os embargos do devedor e a ação de execução de título extrajudicial correm nos mesmos autos.O art. 736 do CPC não se aplica ao PT, uma vez que a oposição de embargos do devedor é sempre precedida de garantia do juízo, nos termos dos arts. 880 e 883 da CLT.No PT o prazo para oferecimento dos embargos do devedor é de 5 dias, devendo ser contado da data em que o devedor garantiu a execução, oferecendo bens à penhora ou foi intimado da penhora.Os §2 e 3 do art. 738 do CPC são aplicáveis ao PT no caso de título extrajudicial:

§ 2o Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos, contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

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§ 3o Aos embargos do executado não se aplica o disposto no art. 191 desta Lei.

O art. 739 do CPC dispõe que:

Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:

I - quando intempestivos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - quando inepta a petição (art. 295); ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - quando manifestamente protelatórios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Importantes os seus parágrafos:

Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 6o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

En 54 da Jornada sobre Execução na JT. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. APLICAÇÃO DO ART. 475-M E739-A, § 1º, DO CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL (CPC). O oferecimento de embargos àexecução não importa a suspensão automática da execução trabalhista, aplicando-se,subsidiariamente, o disposto nos arts. 475-M e 739-A, § 1º, do CPC.55. EMBARGOS À EXECUÇÃO. GARANTIA DO JUÍZO. A garantia integral do juízo érequisito essencial para a oposição dos embargos à execução. Entretanto, na hipótesede garantia parcial da execução e não havendo outros bens passíveis de constrição,deve o juiz prosseguir à execução até o final, inclusive com a liberação de valores,porém com a prévia intimação do devedor para os fins do art. 884 da Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT), independentemente da garantia integral do juízo.

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Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar o exequente para impugná-los no prazo de 5 dias, designando em seguida a audiência de instrução e julgamento. Não se realizará a audiência, a nosso ver, se os embargos versarem sobre matéria de direito, ou, sendo direito e de fato, a prova for exclusivamente documental.No caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, em favor do exequente, multa ao embargante em valor não superior a 20% do valor da execução.

Art. 739-B. A cobrança de multa ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé (arts. 17 e 18) será promovida no próprio processo de execução, em autos apensos, operando-se por compensação ou por execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

- Natureza jurídica dos Embargos do ExecutadoEmbora haja posições doutrinárias que interpretam literalmente o art. 884, §1, da CLT e consideram os embargos à execução mera defesa do executado, parece-nos que os embargos do devedor, na hipótese de execução de título extrajudicial, constituem verdadeira ação de cognição, incidental ao processo de execução. Afinal, a execução não é um processo dialético, pois sua índole não se mostra voltada para o contraditório.A rigor só se pode falar em ação de embargos do devedor em duas hipóteses:a) quando se tratar de execução de título judicial contra a FP, pois neste caso continua existindo a ação de embargos à execução, como se infere dos arts. 741 do CPC, cujo processo tem início com a citação do ente público;b) quando se tratar de execução de título extrajudicial, pois aqui continua existindo a ação de embargos do devedor, cujo procedimento está regulado nos arts. 736 et seq do CPC.

- Matéria dos embargos do executadoO objetivo é extinguir a execução, total ou parcialmente.Há possibilidade de os embargos do executado levantarem questões processuais e questões prejudiciais de mérito que implicam a extinção da execução.Aplica-se subsidiariamente o art. 745 do CPC, segundo o qual, na execução fundada em título extrajudicial, os embargos só poderão versar sobre:

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).II - penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

O art. 884, §1 da CLT deve amoldar-se às três novas modalidades de execução de título extrajudicial, que são o termo de ajustamento de conduta firmado pelo devedor perante o MPT, o termo de conciliação lavrado pela CCP e a certidão de dívida ativa decorrente das multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho.A jurisprudência trabalhista não é pacífica a respeito de ser taxativo ou exemplificativo o rol das matérias do art. 884, §1 da CLT.Quanto às matérias deste artigo, todas elas dizem respeito a fatos posteriores ao título executivo judicial em que figura como executada a FP. A alegação de cumprimento de sentença, a quitação da dívida e a prescrição só constituem matéria própria dos embargos do devedor opostos pela FP se essas objeções surgirem após o trânsito em julgado da sentença proferida no processo de conhecimento.Quanto à quitação, deve-se aplicar, por analogia, a regra do inciso VI do art. 741 do COC, segundo o qual a quitação abrange qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como

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pagamento, novação, compensação com execução aparelhada, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.A compensação ou a retenção não podem ser objeto da ação de embargos do devedor, porquanto, nos termos do art. 767 da CLT, tais matérias de defesa somente podem ser aguidas no processo de conhecimento, especificamente na contestação, sob pena de preclusão. Todavia, a dedução pode ser autorizada de ofício, pelo juiz, por traduzir matéria de ordem pública.Benefício ao executado:

Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

- Prazo e procedimento5 dias para opor e 5 dias para resposta.Inicia-se a partir do momento em que o executado toma ciência da formalização da penhora, com a assinatura do auto de depósito.Entretanto, a MO2180-34 alterou o prazo dos embargos para 30 dias. Porém como já dito, ela está em flagrante inconstitucionalidade.Recentemente a 4a turma do TST decidiu pela inconstitucionalidade da norma (ar.t 4). Isso porque a jurisprudência do TST e do STF admite ainda que excepcionalmente o controle jurisdicional de MP.O STF, no julgamento liminar da ADC 11, determinou a suspensão do andamento de todos os processos em que se discute a constitucionalidade da elevação do prazo dos embargos de devedor para trinta dias, sendo certo que o TST vem adotando esse entendimento.É inaplicável o art. 736 do CPC pois é condição necessária para a admissibilidade dos embargos do devedor a garantia do juízo. Se a penhora n for realizada ou se os bens nomeados pelo devedor não forem suficientes para satisfazer a integralidade do crédito do exequente, não começará a correr o prazo para interposição dos embargos do devedor.Estes correm nos mesmos autos da execução (diferente do Pciv).Se o juiz entender necessária a realização de audiência, as partes poderão apresentar rol de testemunhas – art. 16, §2 da LEF prevê até 3 testemunhas por parte, mas o juiz poderá ampliar para 6.O juiz julgará na mesma sentença, os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.Tratando-se de execução por carta precatória, os embargos deverão ser oferecidos no juízo deprecado, e não no deprecante como prescreve o art. 747 do CPC. Quando, porém, os embargos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do pp juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamenot dessa matéria. S. 46 do STJ. Aplica-se o art. 20 da LEF.A decisão nos embargos do executado no PT poderá conter:a) declaração de subsistência da penhora, caso os embargos sejam julgados improcedentes;b) declaração de insubsistência da penhora, caso em que o juiz mandará realizar nova penhora;c) acolhimento ou procedência dos embargos, julgando extinta a execução;d) determinação para nova elaboração dos cálculos.

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O processo incidental de embargos à execução foi extinto com a nova sistemática do CPC.Em se tratando de execução de título extrajudicial, continua existindo um processo autônomo de execução. Assim, nos termos do art. 652 do CPC, o executado será citado para, no prazo de 3 dias, efetuar o pagamento da dívida. Caso não o efetue, o oficial de justiça, munido da 2a via do mandado, procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto de tais atos, intimando, na mesma oportunidade o executado. Faculta-se ao credor, na petição inicial da execução, indicar bens a serem penhorados.O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exequente, determinar a qualquer tempo, a intimação do executaado para indicar bens passíveis de penhora, sendo que tal intimação far-se-á na pessoa de seu advogado. Caso não o tenha, a intimação será feita pessoalmente. Mas se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará detelhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimação ou determinar novas diligências (CPC, §3, 4 e 5 do art. 652 do CPC).Diz o art. 652-A e seu pu do CPC que ao despachar a inicial o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado. No caso de integral pagamento no prazo de 3 dias, a verba honorária será reduzida pela metade. A IN27/2005 dispõe que essa norma pode ser aplicada ao PT quando a ação for oriunda da relação de trabalho diversa da relação empregatícia.

- Embargos à penhoraA leitura atenta do art. 884 e seus § da CLT revela a existência de dois tipos de embargos. O 1o, chamado de embargos à execução, ou como BL diz, embargos do executado, está previsto no caput, enquanto o segundo, congnominado embargos à penhora, encontra-se no §3 do msm artigo.Há celeuma sobre a existência dos embargos à penhora. Correntes:1 – Manoel Antônio Teixeira Filho: há nítida incongruência derivada da má redação do §3 do art. 884 da CLT. Para esse processualista, é mais lógico sustentar que a impugnação à sentença de liquidação se dê em sede de embargos à execução, na medida em que, de fato, não existem embargos à penhora. Se um bem é impenhorável ou se pertence a terceiro, caberá simples petição noticiando o fato ao juízo ou a oposição de embargos de terceiro. Os embargos que podem propor o devedor são à execução, jamais à penhora.2 – José Augusto Rodrigues Pinto: há nítida distinção entre embargos à execução e embargos à penhora, porquanto os primeiros visam a impugnar o pp título executivo, enquanto os segundos se dirigem contra atos de constrição, como o excesso de penhora, a impenhorabilidade dos bens constritos etc.3 – São sinônimas as expressões embargos à execução e embargos à penhora.Para BL nada impede que os embargos do executado possam ser manejados para impugnar os cálculos de sentença de liquidação, sob o fundamento, por ex de excesso de execução. Mas há divergência doutrinária a esse respeito.

- Embargos de terceiroAplica-se subsidiariamente o CPC.O principal objetivo dos embargos de terceiro repousa na proteção da passe ou da propriedade de quem, não sendo parte no processo sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens em decorrência de atos de apreensão judicial, como a penhora, o depósito, o arresto, o sequestro, a alienação judicial, o arrolamento, o inventário ou a partilha.Pelos embargos de terceiro, portanto, o embargante visa a manter ou restituir a posse do bem que, indevidamente, encontra-se sob constrição judicial, a teor do art. 1046 do CPC, cuja interpretação pode ser ampliada não apenas para proteger os bens do embargante contra a constrição indevida e materializada, mas também para a ameaça de constrição.Para BL os embargos de terceiro possuem natureza jurídica de ação incidental conexa ao processo de conhecimento ou de execução, conforme o caso.No processo de conhecimento, os embargos tem lugar enquanto não transitar em julgado a sentença ou acórdão. Já no processo de execução, a ação pode ser ajuizada até 5 dias após a arrematação,

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adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da carta correspondente.É importante salientar que a lei estende o conceito de terceiro embargante para aquele que, posto não figure no processo, defende bens que, seja em função do título de sua aquisição, seja em razão da qualidade da sua posse, não podem sofrer a indevida constrição judicial.Assim, são também legitimados:

o cônjuge, na defesa de seus pp bens reservados ou atinentes à meação; o credor hipotecário, pignoratício ou anticrético, os quais, embora não sejam possuidores ou

proprietários, são detentores de direito real sobre bens alheios, valendo lembrar a preferência de que goza o crédito trabalhista em relação aos demais.

Os sócios das empresas executadas nào são 3os, mas dispõe dos embargos de devedor em caso de constrição judicial dos seus bens particulares.Os embargos de 3os devem ser distribuídos por dependência aos autos do processo. Devem ser processados em autos apartados.Ver S. 419 do TST.Se as matérias versadas nos embargos de terceiro forem, ao mesmo tempo, de competência do juízo deprecante e do juízo deprecado, a melhor solução é o embargante ajuizar dois embargos.A petição inicial dos embargos de terceiro deve atender aos requisitos gerais previstos no art. 282 do CPC e aos seguintes requisitos específicos:a) a prova sumária da posse do bem em questão;b) a qualidade ou condição de terceiro;c) a prova da constrição judicial ou de sua iminência.Parece-nos inaplicável a regra do art. 840, §1 e 2 da CLT, porque os embargos de terceiro não se confudem com as reclamações ou dissídios individuais. Isso significa que a petição deverá ser obrigatoriamente escrita.O prazo para o embargado oferecer a sua resposta é de 10 dias, contados da intimação, observando-se, no que couber, as normas procedimentais do art. 803 do CPC.Caso haja necessidade de realização de audiência, o embargante não está obrigado à apresentação de rol de testemunhas. Se forem opostos incidentalmente à execução, o art. 886 da CLT faculta às partes a apresentação de rol de testemunha.Convencendo-se da prova da posse, o juiz poderá acolher liminarmente os embargos de terceiro, ordenando, ato contínuo, a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante. Nesse caso, o embargante deverá prestar caução para garantir a devolução dos bens, inclusive os rendimentos correspondentes, se a sentenção, a final, rejeitar o pedido sobre que versa a ação.A oposição dos embargos de terceiro suspende, total ou parcialmente, o curso do processo de execução, a depender da totalidade ou não dos bens que constituem objeto da ação. Caso a ação vise apenas à parte dos bens, a execução terá seu curso em relação aos demais bens.Realizada a instrução, ou se esta for desnecessária, o juiz proferirá sentença, julgando procedente ou improcedente o pedido constante na ação de embargos de terceiro.

- Embargos à arrematação e à adjudicaçãoAplica-se o art. 746 do CPC:

Art. 746. É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora, aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o No caso do § 1o deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo adquirente (art. 694, § 1o, inciso IV). (Incluído pela Lei nº 11.382,

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de 2006).

§ 3o Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a 20% (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem desistiu da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

A corrente restritiva e minoritária advoga que o remédio pp para atacar as decisões homologatórias da arrematação ou da adjudicação é o agravo de petição, tendo em vista a interpretação ampliativa do vocábulo “decisões”contido no art. 897, a , da CLT.A corrente majoritária admite a oposição dos embargos à adjudicação contra a sentença homologatória respectiva. O TST acompanha (OJ 66 da SDBI-2).O prazo para a oposição de embargos à adjudicação ou à arrematação é de 5 dias, contados da assinatura do auto correspondente, desde que não tenha ainda sido assinada a respectiva carta.O arrematante deverá obrigatoriamente figurar como litisconsorte necessário, uma vez que o direito por ele alegado será objeto de pronunciamento jurisdicional.Da decisão que julgar os embargos à alienação, caberá agravo de petição, por ser ato judicial praticado na fase de execução.

Exceção de pré-executividade.

- Exceção ou objeção de pré-executividadeConstitui uma possibilidade conferida ao devedor para que esse, antes mesmo de ver seus bens constritos, ingresse no processo com o objetivo específico de demonstrar a inexigibilidade do título executivo.Independe de garantia do juízo.Não há previsão legal.Correntes no PT:1 – não admite o cabimento do instituto na seara laboral. O argumento é a inexistência de omissão no art. 884, §1 da CLT acerca das matérias que podem ser objeto de defesa do devedor. Para esta corrente, somente os embargos do devedor, que exigem, antes a garantia do juízo, podem ser opostos para liberar o devedor do processo de execução.2 – eclética, porquanto admite a exceção de pré-executividade desde que a matéria versada diga respeito a questões exclusivamente processuais, como os pressupostos processuais e as condições da ação de execução.3 – Amplia o cabimento da exceção de pré-executividade para além das questões processuais, na medida em que admite que outras matérias possam ser suscitadas com esse meio de defesa do devedor, como nas hipóteses de invalidade do título executivo, a prescrição ou pagamento da dívida. Argumentam que o fato de não considerar razoável impor ao devedor um gravame em seu aptrimônio quando este já teria por ex quitado a dívida.Para BL, a exceção de pré-executividade só deve ser admitida quando versar sobre questões de ordem pública, como pressupostos processuais e condições da ação, desde que tais questões sejam posterior à cj material formada na fase cognitiva.Os juízes do trabalho devem estar atentos para eventuais engendrações do devedor que possam implicar retardamento da prestação jurisdicional ou tumulto no bom andamento da execução. Nesses casos, poderá o juiz considerar temerária a exceção de pré-executividade e invocar a regra do art. 600, II, do CPC, impondo ao devedor, com base no art. 60`do mesmo diploma legal, a multa de até 20% do valor da execução.BL sugere que ele só seja admitido se a matéria for de ordem pública e cognoscível de ofício e não exigir dilação probatória.Ela deve ser apresentada após a citação do devedor para cumprir a obrigação constante do título judicial, mas sempre antes da penhora. Ela não interrompe nem suspende prazo para oferecimento de bens à penhora ou indicação de bens penhoráveis (pelo credor).Para BL, em se tratando se execução de título extrajudicial, parece-nos inócua a exceção de pré-

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executividade pois há possibilidade de embargos.Admitida pelo juiz, deverá ser intimado o exequente/excepto, para, querendo, manifestar-se sobre o incidente processual. A asuência de tal intimação, quando admitida a exceção, viola o p. Do contraditório e da ampla defesa.A decisão que rejeita a exceção de pré-executividade por ser interlocutória não cabe recurso.Já a que acolhe, extinguindo, total ou parcialmente a execução é decisão terminativa do feito, o que enseja AP.

Impugnação à sentença de liquidação. Embargos de Terceiro

- Embargos do devedorCom o advento da L. 11232/2005, que instituiu o processo sincrético que contém fases de conhecimento e de execução, não se pode falar mais em embargos de devedor como ação incidental ao processo de execução de título judicial.Tratando-se de título executivo judicial não há mais embargos do devedor e sim mera impugnação do devedor, sendo esta mero incidente processual da fase de conhecimento.Segundo, em se cuidando de título executivo judicial contra a Fazenda Pública, continua existindo a ação de embargos incidental à execução. Esta tem início com a citação do ente público para ajuizar, querendo, a ação de embargos à execução.Na hipótese de execução de título extrajudicial, continua existindo a ação de embargos do devedor.Essa impugnação somente poderá versar sobre:

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV – ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – excesso de execução; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

No PT o art. 884, §1 da CLT dispõe:

Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação. (Vide Medida

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Provisória nº 2.180-35, de 2001)

§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida.

Diante dessa norma, BL acredita inaplicável ao PT a parte final do §1 do art. 475-J do CPC, que estabelece o prazo de 15 dias para o oferecimento de impugnação do devedor.

- Matéria arguível na impugnação do devedorDoutrina e jurisprudência sempre mitigaram o conteúdo restritivo do art. 884, §1 da CLT. BL não vê qualquer impedimento para aplicação do art. 475-L.Em relação ao §1 do art. 475—L (inexigibilidade do título em decorrência de coisa julgada inconstitucional), não há lacuna normativa no PT, tendo em vista o disposto no §5 do art. 884 da CLT (que tem sua constitucionalidade questionada no STF).Quanto ao §2 do art. 475-L do CPC, BL diz que há lacunas normativa e ontológica na CLT, sendo certo que há compatibilidade com a principiologia laboral.

- Impugnação do credorO CPC não prevê a possibilidade de impugnação do exequente, mas a CLT é expressa ao dispor no §3 do art. 884 que somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo, sendo certo que o §4 do mesmo artigo determina: julgar-se-ão na msm sentença os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.A impugnação do exequente poderá versar sobre qualquer questão de ordem pública, bem como sobre a incorreção dos cálculos.

- Efeito suspensivo da impugnação (ou embargos) do devedorDispõe o art. 475-M do Cpc:

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Para BL, tais normas devem ser aplicadas ao PT, porquanto a CLT, embora preveja o instituto dos embargos do executado e a impugnação do exequente, é absolutamente omissa (lacuna normativa) a respeito dos efeitos que eles provocam no processo. Nesse sentido é o em. 72 da 1a jornada de Direito Material e Processual do Trabalho (ver www.anamatra.org.br) e en. 54 da jornada Nacional sobre Execução na JT.Admitidos os embargos do devedor (ou impugnação), não há previsão para intimação da outra parte. Todavia o art. 475-R do CPC manda aplicar subsidiariamente ao cumprimento de sentença,

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no que couber, as normas que regem a execução de títuloextrajudicial, sendo certo que o art. 740 estabelece o prazo de 15 dias para ouvir o exequente.No PR o prazo para o exequente manifestar-se sobre os embargos do devedor é de 5 dias, nos termos do art. 884, caput, da CLT, não havendo necessidade de migração da regra do processo civil.Cumpre apontar que a suspensão da execução alcançará apenas os capítulos, matérias e valores impugnados. Como o art. 897, §1 da CLT, já contempla tal possibilidade, de modo a permitir a execução definitiva da parte incontroversa do título judicial, mesmo diante da interposição de agravo de petição, não há necessidade de migração da regra do processo civil.

- Recorribilidade da decisão que resolve a impugnação do devedorNo PT, a decisão que resolve os embargos do devedor ou a impugnação do credor, independentemente de extinguir ou não a execução, desafia o recurso de agravo de petição, a teor do art. 897, a da CLT. Tal recurso só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados,permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos pp autos ou por carta de sentença.

Fraude à execução

Aplica-se subsidiariamente o CPC.O juiz pode em qualquer momento do processo, ordenar o comparecimento das partes, bem como advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça (art. 599, II). São atos atentatórios à dignidade da Justiça:

Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - frauda a execução; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.

Assim temos que o ato atentatório à dignidade da justiça constitui gênero que tem como uma das espécies a fraude à execução.Não se deve confundir fraude à execução com fraude contra credores. Aquele é instituo eminentemente processual, devendo o juiz reconhecê-lo de ofício e apurar a responsabilidade nos msm atuos do processo em que for constatado este ato atentatório à dignidade da justiça, este é instituto de direito material concernente a um defeito do ato jurídico que depende da existência do consilium fraudis, apurada em ação própria.Enunciados da Jornada sobre Execução na JT

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10. FRAUDE À EXECUÇÃO. DEMONSTRAÇÃO. PROCEDIMENTO. I - Na execução decréditos trabalhistas não é necessária a adoção de procedimento específico oudemonstração de fraude para desconsideração da personalidade jurídica da executada.II - Acolhida a desconsideração da personalidade jurídica, faz-se necessária a citaçãodos sócios que serão integrados ao polo passivo. III - A responsabilidade do sócioretirante alcança apenas as obrigações anteriores à sua saída.11. FRAUDE À EXCECUÇÃO. UTILIZAÇÃO DO CCS. 1. É instrumento eficaz, paraidentificar fraudes e tornar a execução mais efetiva, a utilização do Cadastro de Clientesno Sistema Financeiro Nacional (CCS), com o objetivo de busca de procuraçõesoutorgadas a administradores que não constam do contrato social das executadas.37. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. FRAUDE À EXECUÇÃO. Os valores pagos a instituiçõesfinanceiras em virtude de contratos de alienação fiduciária e assemelhados, quando jáexistente ação capaz de tornar o devedor insolvente, caracterizam fraude à execução.Diante da ineficácia dessa transferência de numerário, o respectivo valor é penhorávelem benefício da execução.

Expropriação de bens do devedor.

Arrematação, adjudicação, remição. - Atos de encerramento da execução

- AvaliaçãoDe acordo com o art. 886, §2 da CLT, se não houver impugnação do devedor ou se não for ajuizada ação de embargos, ou se esta for rejeitada, deveria o juiz determinar a realização da avaliação dos bens penhorados. Ver o art. 652, §1 do CPC.Caso haja impugnação à avaliação feita pelo oficial de justiça, o juiz, observado o contraditório, decidirá, de plnao, acerca da necessidade de nomear outro avaliador – art. 13 da L. 6830/80.É admitida nova avaliação nas hipóteses numerus clausus do art. 683 do CPC:

Art. 683. É admitida nova avaliação quando: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - qualquer das partes argüir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único, inciso V). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Havendo excesso ou insuficiência da penhora, o juiz poderá, a requerimento do interessado, reduzí-la, transferí-la ou ampliá-la. Cumpridas essas providências, o juiz dará início aos atos de expropriação de bens.

- Expropriação antecipadaHá situações especiais – art. 670 do CPC, que autorizam o juiz a determinar a alienação antecipada dos bens penhorados, desde que estes estejam sujeitos à deterioração ou haja manifesta vantagem econômica com a antecipação da alienação. No 1o caso, verifica-se o exercício, pelo juiz, do poder geral de cautela (que independe de requerimento do interessado). No segundo há necessidade de iniciativa do interessado, observado o contraditório.Ver arts. 1113 a 1119 do CPC.

- Praça e leilãoSão espécies do gênero hasta pública.Não há diferença substancial entre eles. A única distinção digna de nota é meramente formal, porquanto a praça é realizada no átrio do edifício do fórum e é destinada aos bens imóveis,

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enquanto o leilão ocorre no lugar onde estiverem os bens móveis, ou em outro lugar designado pelo juiz.

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - a descrição do bem penhorado, com suas características e, tratando-se de imóvel, a situação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - o valor do bem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e ação, os autos do processo, em que foram penhorados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e hora de realização do leilão, se bem móvel; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a serem arrematados; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo designados entre os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço (art. 692).

Estão submetidos ao princípio da publicidade dos atos processuais, e, nos termos do art. 888 da CLT, há necessidade de edital que será afixado na sede do juízo e publicado em jornal da localidade (se houver), com antecedência mínima de 20 dias.

Art. 686 do CPC: § 3o Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo vigente na data da avaliação, será dispensada a publicação de editais; nesse caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação.

Omissa a CLT, por força do art. 687, §5 do CPC é imprescindível a sua intimação por itnermédio de seu advogado ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por meio de mandado, carta registrada ou outro meio idôneo, do dia, hora e local da alienação judicial. Para BL também o credor deve ser intimado.A jurisprudência tem considerado válida a intimação de hasta pública feita ao advogado da parte.

- ArremataçãoÉ ato processual que implica a transferência coercitiva dos bens penhorados do devedor a um terceiro. Trata-se, em linhas gerais, de uma venda do patrimônio do devedor realizada pelo Estado, por intermédio de praça ou leilão, àquele que maior lanço oferecer.Tem caráter dúplice. Para o devedor, constitui verdadeira expropriação. Para o terceiro adquirente, caracteriza-se como modo de aquisição da propriedade.De acordo com o art. 888 da CLT, após concluída a avaliação, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de 20 dias.A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados, e os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.O arrematante deverá garantir o lance com sinal correspondente a 20% de seu valor. Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 horas o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução o sinal de que trata o §2 do art. 888 da CLT, voltando à hasta pública os bens penhorados.Não havendo licitante, e não requerendo o exequente e a adjudicação dos bens penhorados, poderão

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estes ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo juiz ou presidente.Na data e hora especificadas no edital, o servidor encarregado anuncia o pregão, declinando os bens a serem expropriados e chamando os interessados a apresentar seus lances.O § 1 do art. 888 da CLT dispõe que a arrematação deverá ser feita pelo maior lance. A interpretação literal dessa norma possibilitaria que os bens levados à hasta pública pudessem ser arrematados por preço vil, sendo, assim, inaplicável o art. 692 do CPC. Ha quem advogue, no entanto, em homenagem ao princípio da execução menos gravosa para o devedor, a aplicação supletiva da norma processual civil, com o que o chamado preço vil também não teria lugar no PT.É facultado ao credor oferecer lanço. Neste caso, não estará obrigado a exibir o preço. Caso o valor dos bens exceda o seu crédito, o credor deverá depositar a diferença em 3 dias, sob pena de desfazer-se a arrematação, cabendo-lhe arcar com as despesas para a realização de nova hasta pública. Se o credor desejar arrematar os bens deverá adquirí-los pelo preço da avaliação.O procedimento da arrematação será suspenso quando o produto da expropriação atingir valor suficiente para a satisfação do crédito.A arrematação formaliza-se com um auto que será lavrado no prazo de 24 hs, contados da realização da hasta pública. Dentro desse prazo, faculta-se ai devedor (executado) remir a sua dívida (CPC, art. 651) e ao credor, a adjudicação dos bens penhorados.A arrematação torna-se perfeita, acabada e irretratável, ainda que os embargos venham a ser julgados procedentes, com a assinatura do auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo servidor público ou leiloeiro(art. 694 do CPC), sendo certo que, no PT, o auto não é assinado sem a comprovação da complementação do preço da arrematação.O §1 do art. 694 dispõe sobre o desfazimento da arrematação:

§ 1o A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: (Renumerado com alteração do paragrafo único, pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - por vício de nulidade; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746, §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - quando realizada por preço vil (art. 692); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). § 2o No caso de procedência dos embargos, o executado terá direito a haver do exeqüente o valor por este recebido como produto da arrematação; caso inferior ao valor do bem, haverá do exeqüente também a diferença.

O desfazimento da arrematação poderá ser feito por simples petição.Na hipótese em que a carta de arrematação já tenha sido assinada, não caberá nenhum recurso ou medida nos msms autos da execução.O itneressado somente poderá desconstituir a decisão homologatória da arrematação por meio de AR, de acordo com BL. O TST – S. 399, I – não concorda com a tese.

- AdjudicaçãoÉ ato processual pelo qual o pp credor incorpora ao seu patrimônio o bem constrito que seria submetido à hasta pública.

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O credor tem direito à adjudicação, mesmo se o bem já tiver sido arrematado por outrem, desde que formule requerimento ao juiz antes da assinatura do respectivo auto de arrematação.O art. 888, §1 da CLT concede preferência ao exequente para, querendo, no dia marcado para a praça, exercer o direito de adjudicação dos bens constritos, desde que o faça antes da assinatura do auto de arrematação (CPC art. 694).O exequente poderá adjudicar o bem pelo valor do maior lance oferecido, mas, se não houver licitante, a adjudicação far-se-á pelo preço da avaliação do bem penhorado.Se o valor do bem for superior ao crédito, o juiz somente deferirá a adjudicação se a diferença for depositada pelo credor, à ordem do juízo, no prazo que lhe for assinalado.Da decisão que homologa a adjudicação não cabe AR – S. 399, I. A jurisprudência também não admite o MS, consoante OJ 66 da SBDI-2.

- RemiçãoÉ o ato processual consistente no pagamento efetuado diretamente pelo devedor (ou executado) com vistas à liberação do bem constrito.O instituto da remissão encontra sustentáculo no princípio da execução menos onerosa ao devedor, na medida em que permite que este, a qualquer tempo, possa remir sua dívida, pagando a importância da condenação, atualizada monetariamente, mais juros, custas processuais e honorários de sucumbência (se houver), desde que o faça antes da assinatura do auto de arrematação ou de adjudicação.Pelo art. 13 da L. 5584/70 na remissão só será deferida se o executado oferecer preço igual ao valor da condenação, abrangendo, evidentemente, todas as verbas decorrentes da sucumbência.O direito de remição deve ser exercido no prazo de 24 horas entre a arrematação dos bens e a assinatura do competente auto.Com a remição extingue-se a execução, na medida em que esta atinge o seu escopo.A interpretação lógica e sistemática do processo de execução autoriza-nos a estabelecer uma ordem de preferência de modo que a execução se processe de maneira menos gravosa para o devedor.A remição prefere à adjudicação, e esta prefere à arrematação.Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição, caso em que o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo adquirente. Não obstante, se os embargos forem declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a 20% da execução, em favor de quem desistiu da aquisição.

- Alienação por iniciativa particularFoi introduzida pela L. 11382/2006, que acrescentou o art. 685-C ao CPC.

Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Os Tribunais poderão expedir provimentos detalhando o procedimento da alienação prevista neste artigo, inclusive com o concurso de meios eletrônicos, e dispondo sobre o credenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional por não menos de 5 (cinco) anos.

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De acordo com BL o dispositivo pode ser aplicado ao PT diante da lacuna da CLT.

Execução contra a Fazenda Pública: dívidas de pequeno valor e precatório.

O termo FP abrange todas as pessoas jurídicas de direito público, como a União, os Estados, os Municípios, o DF e os territórios, bem como as suas respectivas autarquias e fundações públicas.- Princípios: impenhorabilidade e inalienabilidade dos bens públicos; universalidade orçamentária.- Competência: as ações de conhecimento e de execução trabalhistas contra as Fps dos Estados e dos Municípios sempre foram da JT. Ver ADI 3395, a JT não pode julgar sobre servidores estatutários.- Citação: transitada em julgado a sentença condenatória em reclamatória ajuizada em face da FP esta não é intimada para pagar o valor liquidado, nem para nomear bens à penhora, mas sim citada para, querendo, oferecer embargos, consoante art. 730 do CPC. A citação, para BL, deve ser feita por Oficial de Justiça, pessoalmente, na pessoa do representante legal do ente público.- Prazo para oposição dos embargos e seus efeitos: há controvérsia, em doutrina, acerca do prazo para oferecimento de embargos pela FP. Para BL é de 5 dias em face do art. 884 da CLT. A MP 2180-35 de 2001 alterou para 30 dias esse prazo. Para BL a norma é inconstitucional. Assim também o TST. O STF na ADC 11 determinou a suspensão do andamento de todos os processos nos quais haja discussão acerca da inconstitucionalidade do dispositivo, sinalizando, assim, pela rejeição do entendimento do TST.- Matéria arguível nos Embargos à execução da FP:

Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - inexigibilidade do título;

III - ilegitimidade das partes;

IV - cumulação indevida de execuções;

V – excesso de execução; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.

- Sentença: exaurido, em branco, o prazo conferido à FP, duas regras devem ser observadas:a) o juiz requisitará o pagamento por intermédio do Presidente do tribunal correspondente;b) o pagamento será realizado na rigorosa ordem de apresentação do precatório, e à conta do respectivo crédito, atendendo-se, dessa forma, ao preceito constitucional específico.Se o crédito for de pequeno valor (CF, art. 100, §3), o juiz poderá requisitar o pagamento diretamente à autoridade citada para o processo de execução, isto é, sem necessidade de expedição de precatório, depois do trânsito em julgado da sentença de embargos à execução ou na hipótese de não oferecimento de tais embargos pela FP.

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Caso o ente público ajuíze os embargos, o juiz mandará notificar o exequenta para, querendo, impugná-los em 5 dias.Finda a instrução ou inexistindo necessidade desta, o juiz proferirá sentença. Caso seja esta desfavorável, no todo ou em parte, à FP, não há falar-se em remessa necessária, já que esta condição de eficácia da sentença tem cabimento, apenas, no processo de conhecimento.Assim, o ato que julga os embargos à execução desfavorável às pjs de direito público é passível de Agravo de Petição, sendo que o prazo recursal conta-se em dobro.Transitada em julgado a sentença dos embargos, o procedimento trabalhista cede lugar ao procedimento específico do precatório.- Precatório: disposto no art. 110. O STF editou a S. 655:

O STJ editou a S. 144:

- Requisição de pequeno valor: Ver art. 87 e 97 do ADCT. Lei superveniente para BL pode estabelecer valores diferentes dos fixados transitoriamente. STF ADI 2868 nesse sentido.- Sequestro: já estava previsto no art. 117, §1 e 2 da CF de 1969. O legislador praticamente em nada alterou o sistema anterior, vide art. 100, §1 e 2 da CF. Deste podem ser extraídas duas regras:a) A primeira reside na obrigatoriedade da inclusão, no orçamento das pjs jurídicas de direito público, do valor necessário ao pagamento, no exercício seguinte, de todas as requisições recebidas, mediante precatórios, até o dia 1 de julho do exercício em curso;b) a segunda repousa na obrigatoriedade de o ente público cumprir as requisições oriundas de precatórios regulares, dentro da rigorosa ordem de apresentação.A luz da literalidade dos dispositivos supracitados, o sequestro só teria lugar na hipótese de preterição, recaindo o msm exclusivamente sobre o crédito daquele que recebeu com inobservância da ordem cronológica de apresentação do precatório. Para BL, o sequestro das rendas públicas é possível não apenas pela preterição individual, ou seja, quando o administrador público viola a ordem de preferência para o pagamento de precatório, mas também, na hipótese em que o ente público sequer inclui o valor do precatório no orçamento público. É o posicionamento do TST, mas não do STF.Para BL não cabe o sequestro se o ente público inclui o valor do precatório no orçamento público mas não procede ao respectivo pagamento. É o que vem decidindo o TST.Alguns juízes trabalhistas vêm deferindo sequestro de dinheiro público em conta bancária nas hipóteses de execução de créditos trabalhistas de pequeno valor. Aplicam analogicamente o art. 17, §2 da L. 10259/2001. Tendo em vista o art. 100, §6 da CF, o CN, para BL, passou a admitir o sequestro judicial, a requerimento do credor, não apenas na hipótese de preterimento do seu direito de precedência, como também noc aso de não inclusão e alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do crédito do exequente. Isso não elide a necessidade de observância do art, 730 do CPC. Assim o ente público deve ser citado para oferecer embargos à execução.Caso ele ajuíze, BL acredita que o prazo do art. 17 da L. 10259/2001 fica suspenso até que tal demanda seja julgada definitivamente. Transitando em julgado a sentença dos embargos à execução, recomeça a contagem do prazo para o depósito do valor junto à CEF.O ente público não está obrigado a garantir a execução para poder ajuizar os embargos à execução pois seus bens continuam impenhoráveis.

- A posição do TST sobre RPV e sequestro: ver OJ 1, 2, 3,, 6, 7, 8, 9, 10, 12, 13. Ver IN 32/2007 do TST.- Sucessão trabalhista e precatório:

OJ-SDI1-343 PENHORA. SUCESSÃO. ART. 100 DA CF/1988. EXECUÇÃO (DJ 22.06.2004)É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada ante-riormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execu-ção prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988.

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- Fracionamento de precatório:

OJ-TP-9 PRECATÓRIO. PEQUENO VALOR. INDIVIDUALIZAÇÃO DO CRÉDITO APURADO. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PLÚRIMA. EXECUÇÃO DIRETA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILI-DADE (DJ 25.04.2007)Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obrigação de pequeno valor, para efeito de dispensa de formação de precatório e aplicação do disposto no § 3º do art. 100 da CF/88, deve ser realizada conside-rando-se os créditos de cada reclamante.

O TST decidiu no RXOF e ROMS n. 800/2003 que em ação plúrima é possível identificar individualmente o direito de cada reclamante para o fim de enquadrá-lo ou não na regra inerente ao crédito de pequeno valor, e, nesta hipótese, não ocorre o fenômeno do fracionamento.

- Execução das multas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho

Essa ação deve observar prioritariamente o procedimento previsto na L. 6830/80. S. 66 do STJ:

Compete à JF processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de fiscalização profissional.

Para BL essa S. Não colide com o inciso VII do art. 114 da CF.

S. 58 do STJ: proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada.

a) Legitimação ativa: União, representada pela Procuradora da Fazenda Nacional. O MPT não é parte legítima na ação.b) Legitimação passiva: empregador, seus sucessores a qualquer título e os responsáveis solidários ou subsidiários.

S. 251 do STJ: a meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal.

c) Requisitos da petição inicial: art. 6 da LEF, bastando a indicação do juiz a quem é dirigida a petição, o pedido e o requerimento de citação. A CDA é documento imprescindível à propositura da ação. A produção de provas pela FP independe de requerimento da inicial. O valor da causa será o da dívida constante da certidão.

En 58 da 1a Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZDA EXISTÊNCIA DA DÍVIDA. Não é dado ao Juiz retirar a presunção decerteza e liquidez atribuída pela lei, nos termos do arts. 204 do CTN e 3º daLei nº 6.830/80, à dívida ativa inscrita regularmente. Ajuizada a ação deexecução fiscal – desde que presentes os requisitos da petição inicial previstosno art. 6º da Lei nº 6.830/80 –, a presunção de certeza e liquidez da Certidãode Dívida Ativa somente pode ser infirmada mediante produção de provainequívoca, cujo ônus é do executado ou do terceiro, a quem aproveite.

d) Despacho do juiz a deferir a inicial: é um ato judicial complexo, pois implica, a um só tempo, ordem de citação, penhora, arresto e/ou registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas – art. 7 da LEF.e) Ordem preferencial dos bens penhoráveis: art. 11 LEF:

Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:

I - dinheiro;

II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;

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III - pedras e metais preciosos;

IV - imóveis;

V - navios e aeronaves;

VI - veículos;

VII - móveis ou semoventes; e

VIII - direitos e ações.

§ 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.

§ 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.

§ 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.

f) Prazo para embargos do executado: 30 dias contados do depósito, da juntada da prova de fiança bancária ou da intimação da penhora.g) Matéria dos embargos: art. 16, §3 da LEF:

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

I - do depósito;

II - da juntada da prova da fiança bancária;

III - da intimação da penhora.

§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

h) Arrematação, adjudicação, alienação dos bens penhorados: arts. 21 a 24 da LEF. S. 121 do STj: o devedor deve ser intimado pessoalmente do dia e hora do leilão.i) habilitação ou concurso de credores: a cobrança judicial da dívida ativa não está sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento. O concurso de preferência somente se verifica entre pjs de direito público.j) Suspensão da execução: enquanto não for localizado o bem do devedor, ficando suspensa a prescrição.k) Sistema recursal:

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

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§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuição.

§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada.

§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

Por força do art. 897, a, da CLT, o recurso cabível da sentença proferida em embargos à execução na ação de execução fiscal é o agravo de petição. Segundo BL aplica-se o sistema processual da CLT. Tb não se aplica o art. 35 da LEF.No tocante ao RR em agravo de petição oriundo de ação de execução fiscal, o TST vem abrandando a exigência prevista no §2 do art. 896 da CLT. Mas há entendimentos em sentido contrário no pp TST.l) Prescrição intercorrente: se da decisão que ordenar o arquivamento dos autos tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a FP, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição (quinquenal) intercorrente e decretá-la de imediato. Assim o art. 40, §4 da LEFA S. 314 do STJ: em execução fiscal, não localizados os bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.O TST vem admitindo a aplicação da prescrição intercorrente.

16. Inquérito para apuração de falta grave: conceito, cabimento, prazo e julgamento. Natureza eefeitos da sentença.- ConceitoÉ ação constitutiva (negativa) necessária para apuração de falta grave que autoriza a resolução do CT do empregado estável por iniciativa do empregador.

Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas.Art. 494 - O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se verifique a procedência da acusação.Parágrafo único - A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final do processo.

- Trabalhadores destinatários do InquéritoÉ o caso dos:a) servidores públicos celetistas não concursados que, na data da promulgação da CF/88, contavam com 5 anos ou mais de serviço público contínuo (ADCT art. 19);b) dirigentes sindicais (CF, art. 8, VIII e S. 197 do STF);c)representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS (L. 8036/90, art. 3, §9);d) dirigente de cooperativa dos empregados (L. 5764/1971, art. 55);e) dos representantes dos trabalhadores no Conselho Nacional de Previdência Social (L. 8213/91, art. 3, §7);f) dos representantes dos trabalhadores nas Comissões de Conciliação Prévia (art. 625-B, §1, da CLT).No caso dos servidores públicos do regime da CLT da Administração Direta, há controvérsias se seria necessário o inquérito.Fora das hipóteses citadas, não há necessidade de inquérito judicial, sendo o autor carecedor da ação, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito, por ausência de interesse processual, em função da desnecessidade e da inadequação da via eleita(art. 267, VI, do CPC). O empregador deve ficar na posição defensiva, aguardando eventual ação ajuizada pelo trabalhador e,

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em contestação, comprovar que a dispensa se deu por justa causa ou não arbitrária, conf. Art. 165, pu da CLT, aplicável, por analogia, a todos os casos em que haja vedação de dispensa arbitrária.

- ProcedimentoRegulado nos arts. 853 a 855, 494 a 499 da CLT.O empregador ajuizará reclamação por escrito (não vale a verbal), perante a VT, dentro de 30 dias, contados da data da suspensão do empregado. Esse prazo é decadencial, pois se trata de ação constitutiva de direito – S. 62 do TST.Se não houver suspensão do empregado, para BL o empregador terá 2 anos para ajuizar o inquérito. Neste caso será discutível o perdão tácito.

- CustasCom a nova L. 10537/2002, restou suprimida a regra constante do referido parágrafo (art. 789, §4 da CLT), donde se infere que não há mais previsão para o pagamento prévio das custas. Segue o art. 789, §1 – custas após o trânsito em julgado.

- Natureza dúplice do inquéritoSe o pedido de resolução contratual for julgado improcedente, ou seja, reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado (réu), fica o empregador obrigado a reintegrá-lo no emprego e a pagar-lhe os salários e demais vantagens a que teria direito no período de afastamento, o que demonstra a natureza dúplice dessa ação especial, pois o empregado não precisa reconvir ou ajuizar outra ação para ser reintegrado.Nesse caso haverá interrupção do CT.A sentença que rejeita o pedido do inquérito assume caráter condenatório ao estabelecer a responsabilidade do empregador no pagamento de salários e todas as vantagens referentes ao período de afastamento do empregado. E adquire conteúdo mandamental no momento em que ordena o imediato retorno ao trabalho do obreiro. Em não havendo suspensão, a sentença de procedência consiste em uma mera declaração (negativa), podendo gerar, no máximo, futura ação reparatória por danos morais.

- Conversão da reintegração em indenização

Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.Art. 497 - Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força maior, ao empregado estável despedido é garantida a indenização por rescisão do contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.

Quando se tratar de estabilidade provisória que demande a instauração do inquérito judicial, a reintegração também poderá ser convertida em indenização, tanto na hipótese do art. 496 da CLT, quanto no caso de exaurimento do período estabilitário.

- Execução do Julgado e extinção do CTDiz o art. 855 da CLT que, se tiver havido prévio reconhecimento da estabilidade do empregado, o julgamento do inquérito não prejudicará a execução para pagamento dos salários devidos ao empregado, até a data da instauração do mesmo inquérito. A data da extinção do CT, se procedente o pedido objeto do inquérito deve ser considerada como a do ajuizamento dessa ação especial.

17. A defesa e a proteção legal dos direitos e interesses trabalhistas difusos, coletivos e individuais

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homogêneos. Sistema de tutela jurisdicional coletiva: fundamento constitucional e legal. Açãocivil pública e ação civil coletiva. Cabimento. Objeto. Legitimação. Litisconsórcio.Competência. Transação. Sentença. Liquidação. Execução. Litispendência. Coisa Julgada.Recursos.A defesa e a proteção legal dos direitos e interesses trabalhistas difusos, coletivos e individuaishomogêneos. Sistema de tutela jurisdicional coletiva: fundamento constitucional e legal.

Ação civil públicaPrevista, inicialmente, na LC 40, de 1981, art. 3, III.Após, foi editada a L. 7347, de 1985.Com a CF/88, a ACP foi guindada à categoria de garantia fundamental, ampliando-se seu objeto.Com o CDC, foi acrescentado o inciso IV ao art. 1, da Lei 7347/85 para a proteção de qualquer outro interesse difuso ou coletivo.Somente a partir de 20/05 de 1993, quando entrou em vigor a LC 75 – LOMPU - é que a doutrina e a jurisprudência juslaboralistas, por força do seu art. 83, III, passaram a admitir a ACP trabalhista.ACP, para BL, é o meio constitucionalmente assegurado ao MP, ao Estado ou a outros entes coletivos autorizados por lei, para promover a defesa judicial dos interesses ou direitos metaindividuais.Interesses metaindividuais são gênero do qual são espécies os interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.- Cabimento na JTSegundo a literalidade do art. 83, III, da LC 75/93, a JT é competente para processar e julgar ACP, para a defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos.Será cabível a ACP, no âmbito da justiça laboral, que tenha por objeto a defesa dos direitos ou interesses difusos? E dos individuais homogêneos? Sim. O art. 83, III da LOMPU há de ser interpretado em sintonia com o art. 129, III, da CF, que não deixa margem de dúvida quanto à aplicação da ACP, não apenas para a defesa do patrimônio público e social e do meio ambiente, mas, também, para a proteção de outros interesses difusos e coletivos. Em nível constitucional é lícita a interpretação extensiva e sistemática dos arts. 129, III e IX, e 127 da CF, no sentido de alargar o espectro da ACP para a defesa dos interesses sociais, individuais indisponíveis e homogêneos. Ademais, a norma de encerramento contida no art. 84, caput, da LOMPU, complementa o rol de atribuições do MPT. No título I, Capítulo II da LOMPU, estão os instrumentos de atuação de todos os ramos do MPU. O art. 6, VII, da LOMPU também dispõe sobre o tema.Será que a ACP trabalhista é diversa da prevista na LACP? O TST entende que sim, mas BL entende que não, pois esse entendimento do TST ignora a existência do já mencionado sistema integrado (CF, LOMPU, LACP, CDC) de acesso coletivo dos trabalhadores à JT, que é o único, dada a inexistência de legislação específica em matéria laboral, capaz de propiciar a adequada e efetiva tutela, via ACP trabalhista, de qualquer interesse ou direito metaindividual dos trabalhadores.

- Objeto e natureza jurídicaA ACP pode ter caráter preventivo ou reparatório, condenatório, constitutivo, declaratório ou mandamental, sendo certo que seu objeto será sempre a proteção de qualquer interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo. A matéria deve ter conteúdo trabalhista.

- Competência

S. 736 do STF: COMPETE À JUSTIÇA DO TRABALHO JULGAR AS AÇÕES QUE TENHAM COMO CAUSA DE PEDIR O DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE DOS TRABALHADORES.

A competência material e pessoal da ACP na JT decorre da conjugação do art. 114, I e IX da CF e

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do art. 83, III, da LOMPU.O art. 2 da LACP dispõe que ela deve ser proposta no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. O juiz do local do dano é funcional e territorialmente competente para processar e julgar a ACP.Deve ser proposta nas Vts do local onde ocorreu ou deva ocorrer a lesão aos interesses metaindividuais defendidos na demanda coletiva.O TST firmou o entendimento de que a regra de competência fixada no art. 93 do CDC é aplicável à ACP no âmbito trabalhista.

OJ-SDI2-130 AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. EXTENSÃO DO DANO CAUSADO OU A SER REPARADO. APLICA-ÇÃO ANALÓGICA DO ART. 93 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CON-SUMIDOR (DJ 04.05.2004)Para a fixação da competência territorial em sede de ação civil pública, cumpre tomar em conta a extensão do dano causado ou a ser reparado, pautando-se pela incidência analógica do art. 93 do Código de Defesa do Consumidor. Assim, se a extensão do dano a ser reparado limitar-se ao âmbito regional, a competência é de uma das Varas do Trabalho da Capital do Estado; se for de âmbito suprar-regional ou nacional, o foro é o do Distrito Federal.

- Legitimação ad causamA legitimação do MPT não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo a CF e a lei.A legitimação ativa emerge da aplicação conjunta da CF (art. 129, III e seu §1), da LACP (art. 5), do CDC (art. 82), da LOMPU(art. 6, VII) da LONMP (art. 25, IV).Em síntese, são legitimados:a) O MP (da União e dos Estados);b) A União, os Estados, o DF e os Municípios;c) as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses metaindividuais;d) as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses metaindividuais, podendo, no entanto, o requisito da pré-constituição ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.O TST vem reconhecendo a legitimação ministerial em ACP que tenha por objeto a tutela de direitos ou interesses individuais homogêneos.É possível também às Defensorias Públicas e ao Conselho Federal da OAB intentar a ACP.Em relação à legitimação passiva, qualquer pf ou pj, de direito público ou privado, poderá ser ré ou corré, assistente simples ou litisconsorcial do demandado na ACP.Na ACP promovida para tutelar interesses ou direitos metaindividuais trabalhistas, o MPT poderá agir tanto na qualidade de legitimado autônomo para a condução do processo quanto na de susbtituto processual. No 1o caso, ele atua em defesa dos interesses ou direitos difusos ou coletivos, por força da aplicação conjunta da CF (art. 129, III), da LACP (in totum), do CDC (arts. 81 usque 90, 103 e 104) e da LOMPU (arts. 83, III e 84 c.c. 6, VII, d). Já na 2a hipótese, o MPT defende direitos ou interesses individuais homogêneos, em consonância com o disposto na CF (art. 127, caput e 129, IX), na LACP(art.21), no CDC (arts. 81 usque 100, 103 3 104), na LOMPU (arts. 83, III, e 84 c/c 6, VII, d) e, subsidiariamente, no CPC (art. 6).

- Sentença e coisa julgada

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

CDC:

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Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.

§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.

BL diz que houve revogação parcial (derrogação) tácita do art. 16 da LACP pelo art. 103 do CDC.O §1 do art. 103 do CDC é o que se convencionou chamar de coisa julgada in utilibus, ou seja, só produz efeitos se for para beneficiar os titulares materiais da prestação jurisdicional.Cumpre destacar, ainda, que os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da LACP, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste Código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99 do CDC.

Ação civil coletiva. Cabimento. Objeto. Legitimação. Litisconsórcio. Competência. Transação. Sentença. Liquidação. Execução. Litispendência. Coisa Julgada. Recursos.A expressão ação civil coletiva apareceu, pela primeira vez, no título III, Capítulo II do CDC, no art. 91.Posteriormente, o art. 6, XII, da LOMPU inseriu a ação civil coletiva no rol dos instrumentos de atuação do MPU.Cuida-se, pois de uma das espécies do gênero ação coletiva, cujo objeto repousa exclusivamente na defesa de interesses ou direitos individuais homogêneos.Tb o inciso VI, alínea d do art. 6 da LOMPU, o art. 21 da LACP e o art. 201, v, do ECA dispõem ser da competência do MP ação coletiva.A ACP e ACC, na Justiça Comum, têm sido utilizadas indistintamente, para a defesa de qualquer interesse individual homogêneo, já que ambas são assemelhadas às class actions do sistema norte-americano, adaptado a um sistema de civil law como o nosso.Para BL o art. 114 da CF não contempla a hipótese de apreciação pela JT da ACC. Assim, deve-se alargar o objeto da ACP trabalhista, para nele incluir os direitos ou interesses individuais

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homogêneos, a estender a legitimação do MP para outro tipo especial de ação coletiva não prevista expressamente na CF, nem no Capítulo a ele especialmente reservado na LOMPU.

18. Outras ações admissíveis no processo trabalhista: ação de consignação em pagamento; ação deprestação de contas, mandado de segurança e ação monitória. Ação anulatória de cláusula decontrato, acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho.Outras ações admissíveis no processo trabalhista: ação de consignação em pagamentoAplica-se subsidiariamente o CPC.- Cabimento:

Art. 890 do CPC. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

Os casos que mais interessam estão nos arts. 334 a 345 do CC.

CAPÍTULO IIDo Pagamento em Consignação

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.

Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.

Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenham anuído.

Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.

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Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.

Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.

Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.

- Hipóteses mais comuns na JTa) dispensa, com ou sem justa causa: quando o empregador encontra resistência do empregado em receber o valor das verbas rescisórias colocadas à sua disposição pela empresa;b) morte ou ausência do empregado: o empregador se vê no impasse de efetuar o pagamento dos créditos trabalhistas de seu ex-empregado, caso este não tenha deixado herdeiros ou houver dúvidas sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento, como no caso da mulher ou da companheira que se apresentam como credores;c) o empregado se recusa a receber e dar quitação: é o que ocorre quando o empregado se recusa a receber do empregador valores que este entende devidos a título de comissão pactuadas no contrato, e sobre os quais recai dúvida, podendo a falta de quitação caracterizar uma rescisão indireta.

- Legitimação: no polo ativo, são legitimados para a ação tanto o devedor quanto o terceiro interessado no pagamento da dívida. A legitimação passiva, por via de consequência, também poderá ter por destinatário tanto o empregador quanto o empregado, desde que estejam na posição de credor.

- Petição inicial:

Art. 893 CPC. O autor, na petição inicial, requererá: (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art. 890; (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Para BL, nada impede que o juiz, com arrimo no art. 765 da CLT e em homenagem ao princípio da conciliação, designe audiência para a tentativa de composição do conflito.O autor também pensa que a inicial no PT pode ser oral.

- Contestação

Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;

II - foi justa a recusa;

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III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;

IV - o depósito não é integral.

Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. É o que diz o pu do art. 896, o qual, para BL é de duvidosa aplicação ao PT.Há quem sustente que, havendo recusa por parte do réu, deverá ele apresentar resposta oral na pp audiência de oblação, tendo em vista as disposições contidas no art. 847 da CLT, oportunidade na qual também deverá o devedor-autor consignar a quantia em Juízo. Para BL, tal providência somente poderia ocorrer na hipótese de o juiz ter despachado a petição inicial, deferindo ao consignante o direito de efetuar o depósito, nos moldes do art. 893, I, do CPC o que criaria embaraços à tramitação do feito.

- Foro competente: a competência é delimitada pelo art. 651 da CLT e seus parágrafos. Assim, em princípio, seria competente o lugar de prestação do serviço. Como se trata de competência relativa, o juiz não pode declará-la de ofício. A regra do art. 891 do CPC deverá prevalecer quando a ação for oriunda da relação de trabalho diversa da de emprego.

- Sentença:Com a introdução do §2 ao art. 899 do CPC, passou-se a permitir que a sentença, reconhecendo a insuficiência de depósito, possa determinar o montante devido. Neste caso, a pp sentença já valerá como título executivo, facultando-se ao credor promover a execução nos mesmos autos, isto é, independentemente da propositura de nova ação de consignação para ver reconhecido o crédito em outra sentença.

- Jurisprudência: é possível a reconvenção em sede de ação de consignação de pagamento na JT. Ou não... Se o depósito judicial foi efetuado após o prazo do §6 do art. 477 da CLT a multa é

devida. A alegação da mora creditoris, consistente no não comparecimento oportuno do

empregado para receber as rescisórias de regra, não serve para afastar a multa do art. 477, §8 da CLT

Ação de prestação de contas

Aplica-se subsidiariamente o CPC (art. 914 a 919).Tem pro objeto liberar da obrigação aquele que tem o dever de prestar as contas ou assegurar o direito daquele que pode exigi-las. É de natureza dúplice.

Art. 914. A ação de prestação de contas competirá a quem tiver:

I - o direito de exigi-las;

II - a obrigação de prestá-las.

Com relação às regras de competência, aplica-se o que foi dito quanto à ação de consignação em pagamento.Ao transferir as lides sobre sindicatos para a JT, amplia-se a possibilidade da ação de prestação de contas na JT.

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Tanto o empregador como o empregado poderão figurar no polo ativo ou passivo da ação. Os sindicatos e seus representados também podem ser autores ou réus.Há dois procedimentos:a) Ação proposta por quem exige a prestação de contas:

Art. 915. Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.

§ 1o Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas; havendo necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento; em caso contrário, proferirá desde logo a sentença.

§ 2o Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar contas, observar-se-á o disposto no art. 330; a sentença, que julgar procedente a ação, condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. - P/ BL a contestação deverá ser oferecida na audiência (p. Da concentração)

§ 3o Se o réu apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo anterior, seguir-se-á o procedimento do § 1o deste artigo; em caso contrário, apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a realização do exame pericial contábil.

No PT não há necessidade de requerimento de citação.Se o réu não comparecer, será extinto o processo, sem resolução de mérito, com o consequente arquivamento dos autos.A sentença que julgar procedente a ação condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 horas, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

b) Ação proposta por quem está obrigado a prestar contas:

Art. 916. Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.

§ 1o Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas oferecidas, serão estas julgadas dentro de 10 (dez) dias.

§ 2o Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

As provas serão apresentadas em forma mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo.O art. 918 diz que o saldo credor poderá ser cobrado em execução forçada.Essa sentença é de mérito e impugnável por RO.Transitado em julgado a sentença que declara a existência de saldo, surgirá para o credor um título executivo judicial. Para BL a VT será competente para processar e juglar a execução do saldo na prestação de contas.

Mandado de segurança

- Noções geraisFoi visto inicialmente na Carta de 1934. Adotou-se o iter do HC até a L. 191/1936. A CF 1937 não o previa, mas a referida lei não era incompatível com a Constituição. Como CPC de 1939, passou a integrar o rol dos processos especiais. A Constituição de 1946 passou a prevê-lo novamente.

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Sobreveio a L. 1533/1951. A Constituição de 1967 também o previu. O CPC de 1973 não tratou do MS. A CF/88 fez importantes inovações.Com a CF/88 podemos dizer que há o MS individual e o coletivo. Logo após, veio a L. 12016/2009.

- Conceito: para BL é garantia fundamental, de natureza constitucional, exteriorizada por meio de uma ação especial, cuja titularidade é conferida a qualquer pessoa (física ou jurídica), de direito público ou privado) ou ente despersonalizado com capacidade processual, cujo escopo repousa na proteção de direitos individuais pp ou direitos individuais homogêneos ou coletivos alheios, caracterizados como líquidos e certos, não amparados por HC ou HD, contra ato de autoridade pública ou de agente de pj de direito privado no exercício delegado de atribuições do Poder Público.

- Competência: antes a competência era originária dos TRTS e do TST, conf. S. 433 do STF. Com a EC 45/2004, as Vts passaram a ser funcionalmente competentes para processar e julgar MS. Nos TRTs, a competência funcional para a ação assecuratória é prevista nos RI, sendo geralmente atribuída ao Pleno. Cabe, pois, aos TRTs julgas MS quando figurar como autoridade coatora: a) juiz, titular ou substituto de VT; b) Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista; c) o pp Tribunal ou qualquer dos seus órgãos colegiados ou monocráticos.No TST, a competência para julgar o mandamus está prevista na L. 7701/1988 e no RITST. Assim compete:a) ao Órgão Especial – OE, em matéria judiciária, julgar MS impetrado contra atos do Presidente ou de qualquer Ministro do Tribunal, ressalvada a competência das Seções Especializadas (RITST, art. 69, I, b);b) à Seção Especializada de Dissídios Coletivos – SDC, em última instância, julgar os Ros interpostos contra as decisões proferidos pelos TRTs em MS pertinentes a DC e a direito sindical e em ações anulatórias de convenções e acordos coletivos (RITST, art. 70, II, b);c) à segunda Subseção Especializada de Dissídios Individuais – SBDI-2, originariamente: julgar os MS contra os atos praticados pelo Presidente do Tribunal, ou por qualquer dos Ministros integrantes da Seção Especializada em Dissídios Individuais, nos processos de sua competência; em última instância: julgar os recursos ordinários interpostos contra decisões dos TRT em processos de dissídio individual de sua competência originária.

OJ-TP-4 MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DE TRT. INCOMPE-TÊNCIA ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (DJ 17.03.2004)Ao Tribunal Superior do Trabalho não compete apreciar, originariamente, man-dado de segurança impetrado em face de decisão de TRT.

Se o ato for emanado de autoridade administrativa dos Poderes Executivo e Legislativo, ou qualquer outra autoridade pública, ainda que eventualmente representante legal do empregador, a competência não será da JT, mas da Justiça Comum, federal ou estadual, salvo nas hipóteses previstas nos seus incisos I e VII.No que diz respeito aos atos praticados por juízes da JT em matéria administrativa, embora estranha à relação de trabalho ou de emprego, admite-se, excepcionalmente, o MS. Há entendimentos contrários a esse, mas o STF, com base no art. 687, I, b 3, d, 1 da CLT e no art. 21 da LOMAN pacificou o entendimento de que compete aos TRTs o julgamento do MS impetrado contra seus pp atos administrativos.A JT não é competente para julgar MS impetrado por entidade sindical versando sobre matéria administrativa estranha à relação de trabalho ou emprego.A JT é competente para processar e julgar MS contra ato praticado por autoridade no exercício de função pública em empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de serviço público que não se enquadre na categoria de ato de gestão comercial.

- Condições Genéricas do MSIEle está jungido às condições genéricas de toda e qualquer ação: legitimação ativa e passiva; interesse de agir. Possibilidade jurídica do pedido. O art. 3 da L. 12016/2009 também prevê

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legitimidade para impetrar a segurança ao titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro que não tem interesse em defendê-lo judicialmente.

- Condições especiais do MSa) Direito líquido e certo:

SUM-415. ART. 284 DO CPC. APLICABILIDA-DE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável se torna o art. 284 do CPC quando verificada, na petição inicial do "mandamus", a ausência de documento indispensável ou de sua autenticação. (ex-OJ nº 52 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Se, ao revés, quando do exame dos documentos que instruem a inicial o juiz verificar que eles guardam estrita pertinência com os fatos nela narrados, deverá admitir a segurança. Aí, sim, admitida a ação, passará o juiz ao exame do mérito, denegando ou concedendo a segurança.b) ilegalidade ou abuso de poder: o ato deve ter sido praticado com ilegalidade ou abuso de poder.c) ato de autoridade pública: para BL o conceito de autoridade pública há de ser entendido, a nosso ver, no sentido lato, nele estando incluídos não apenas os agentes da Administração Direta e Indireta (dirigentes das empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundações públicas) como os agentes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, desde que pratiquem ato na condição de autoridade pública. A jurisprudência, para os fins do MS, euqipara o ato de diretor de estabelecimento particular de ensino, quando do exercício de função delegada do poder público, ao de autoridade. Além disso, praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o MS ou a medida judicial (STF S. 510)

- Cabimento na JT

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

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§ 4o (VETADO)

§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Com base na nova lei, a SBDI-2 entende que quando a lei dispõe sobre o não cabimento do MS, o caso não é de extinção do feito sem resolução do mérito e sim denegação da segurança (mérito).No que concerne ao não cabimento do MS contra ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, lembramos a hipótese de aplicação de multa por órgãos da fiscalização do trabalho. Caso o empregador interponha recurso administrativo contra a decisão que julga subsistente o auto de infração, deverá aguardar a decisão que será proferida pelo órgão administrativo hierarquicamente superior, uma vez que, nos termos da SV 21 do STF, sendo certo que o art. 639 da CLT dispõe que somente quando não provido o recurso poderá ser cobrada a multa aplicada, ou seja, o recurso administrativo tem efeito suspensivo de exigibilidade imediata da multa. É importante lembrar que nos termos da S. 429 do STF a existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade.Quanto ao não cabimento do MS contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo, certamente haverá grande cizânia doutrinária e jurisprudencial, principalmente nos sítios do PT, uma vez que o art. 899 da CLT dispõe que os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo, sendo certo, ainda, que as decisões interlocutórias na JT não são recorríveis de imediato (CLT, art. 893, §1). A S. 267 do STF, anterior à L. 12016/2009, prevê o não cabimento de MS contra ato judicial passível de recurso ou correição.Tangentemente ao não cabimento do MS contra decisão judicial transitada em julgado, pode-se dizer que a lei apenas reconheu o que a jurisprudência já havia pacificado na S. 268 do STF, na S. 33 do TST e OJ 99 da SBDI-2.De acordo com o art. 1, §2 da Lei MS:

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

Por construção jurisprudencial: a) não cabe MS contra lei em tese (Stf, S. 266); o MS não é substitutivo de ação de cobrança (STF, S. 269).Analisaremos, a seguir, os atos judiciais comumente atacados por ação de segurança na JT.a) Liminar deferida em ação cautelar de reintegração ao emprego: a jurisprudência majoritária aponta no sentido de que a reintegração do empregado detentor de estabilidade ou garantia no emprego só pode ser efetivada após o trânsito em julgado da sentença (ou acórdão) definitiva, e não em sede de ação acautelatória. Com isso, tem-se entendido que o empregador tem direito líquido e certo a ver cassada a liminar deferida em ação cautelar que implique reintegração provisória do obreiro.b) liminar deferida em reclamação trabalhista para tornar sem efeito transferência ilegal de empregado: não caberá mandado de segurança contra a decisão interlocutória que, no curso da reclamação trabalhista, determina a suspensão da transferência do empregado. Excepcionalmente, se o empregador-impetrante demonstrar, quantum satis, que a referida decisão acarretar-lhe-á prejuízo irreparável, pode ser o mandamus a única via para impedir sua insolvência.c) liminar deferida em reclamação trabalhista que visa a reintegrar dirigente sindical: esse é o entendimento do TST mas não de BL.d) tutela antecipada em reclamação trabalhista: embora BL discorde, é a posição do TST.

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SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (conversão das O-rientações Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. (ex-OJ nº 51 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. (ex-OJs nºs 50 e 58 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000)SúmulaA-127III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou li-minar). (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 86 - inserida em 13.03.2002 - e 139 - DJ 04.05.2004)

e) penhora de dinheiro em conta corrente do devedor: há alguns julgados concedendo a segurança neste caso. Mas BL é contra.f) tornar inexigível sentença em ação de cumprimento reformada por acórdão em RO de sentença normativa:

SUM-397 AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IV, DO CPC. AÇÃO DE CUMPRI-MENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU DE RECURSO. INVIABILI-DADE. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 572 do CPC. (ex-OJ nº 116 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

g) prosseguimento da parte incontroversa da execução: de acordo com a S. 416, improcede a ação de MS se este tiver por objeto atacar o ato do juízo de primeiro grau que determina o prosseguimento da execução nos termos do art. 897, §1 da CLT, referentemente à parte incontroversa da obrigação de pagar constante do título executivo.h) penhora on line:

SUM-417 MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO (conver-são das Orientações Jurisprudenciais nºs 60, 61 e 62 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina pe-nhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. (ex-OJ nº 60 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executa-do direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depo-sitados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. (ex-OJ nº 61 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impe-trante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. (ex-OJ nº 62 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Tal verbete prevê que não deve ser concedida a segurança impetrada contra ato judicial que determina, em execução definitiva, a penhora em dinheiro, pois este é o primeiro bem penhorável no rol do art. 655 do CPC. Há, porém, segundo o TST, direito líquido e certo a ser amparado por MS, para tornar insubsistente a penhora em dinheiro em se tratando de execução provisória.i) não concessão de liminar ou não homologação de acordo: adecisão que não concede liminar, bem como a decisão que nega a homologação de acordo entabulado entre as partes não ferem direito líquido e certo a ser amparado em MS pois em ambos os casos estamos diante do poder

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discricionário do juiz – S. 418 do TST. O verbete não trata da decisão denegatória de liminar, a qual, segundo BL, pode ser impugnada por MS, se, no caso concreto, estiverem presentes os requisitos para a concessão de liminar.l) liquidação extrajudiciais e suspensão da execução: não cabe MS que tenha por objeto a suspensão de execução (ou cumprimento da sentença) movida em face da empresa em liquidação extrajudicial, ainda que se trate de sociedade cooperativa – OJ 53 da SBDI-2.m) ajuizamento anterior de embargos de terceiro: não deve ser admitido o MS se existir ação de embargos de terceiro anteriormente ajuizada pelo impetrante. Isso porque se existir no ordenamento ação (ou recurso ou outro meio de impugnação) capaz de invalidar ou tornar insubsistente o ato judicial atacado, o MS se mostra incabível – OJ 54 da SBDI-2.n) execução na pendência de Rext:

OJ-SDI2-56 MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. PENDÊNCIA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO (inserida em 20.09.2000)Não há direito líquido e certo à execução definitiva na pendência de recurso ex-traordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo.

o) averbação de tempo de serviço:

OJ-SDI2-57 MANDADO DE SEGURANÇA. INSS. TEMPO DE SERVIÇO. AVERBAÇÃO E/OU RECONHECIMENTO (inserida em 20.09.2000)Conceder-se-á mandado de segurança para impugnar ato que determina ao INSS o reconhecimento e/ou averbação de tempo de serviço.

p) penhora de carta de fiança bancária em lugar de dinheiro: é ilegal a decisão que rejeita a nomeação, pelo executado, de carta de fiança bancária à penhora em lugar de dinheiro, o que empolga a impetração de MS para atacar tal ato judicial.

OJ-SDI2-59 MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA. CARTA DE FI-ANÇA BANCÁRIA (inserida em 20.09.2000)A carta de fiança bancária equivale a dinheiro para efeito da gradação dos bens penhoráveis, estabelecida no art. 655 do CPC.

q) sentença homologatória da adjudicação:

OJ-SDI2-66 MANDADO DE SEGURANÇA. SENTENÇA HOMOLOGA-TÓRIA DE ADJUDICAÇÃO. INCABÍVEL (inserida em 20.09.2000)É incabível o mandado de segurança contra sentença homologatória de adjudi-cação, uma vez que existe meio próprio para impugnar o ato judicial, consisten-te nos embargos à adjudicação (CPC, art. 746).

r) arbitramento de novo valor à causa: contra ato judicial que, de ofício, arbitra novo valor à causa, implicando majoração das custas processuais, não cabe MS, pois a parte pode, da decisão final, interpor RO e postular preliminarmente a nulidade desta parte da sentença. OJ 92 da SBDI-2.s) autenticação de cópias: salvo na hipótese em que o requerente litiga sob o pálio da assistência judiciária ou tenha recebido o benefício da gratuidade, não deve ser concedido o MS que tenha por objeto a autenticação de peças extraídas do processo principal pelas Secretarias dos Tribunais ou das Vts para formação do agravo de instrumento. OJ 91 da SBDI-2.t) penhora sobre parte da renda de empresa executada: o TST vem admitindo o MS que tenha por objeto reduzir percentual fixado pela decisão impugnada, quando comprovado pelo impetrante o comprometimento do desenvolvimento regular das atividades econômicas da empresa. OJ 93 da SBDI-2.u) depósitp prévio de honorários periciais: OJ 98 da SDBI-2 é cabível MS para atacar exigência de depósito prévio de honorários periciais.v) esgotamento das vias recursais: não cabe MS contra decisão judicial quando já esgotadas as vias recursais existentes na msm relação processual: OJ 99 da SBDI-2.x) suspensão do empregado estável para ajuizamento de inquérito: OJ 137 da SBDI-2:

OJ-SDI2-137 MANDADO DE SEGURANÇA. DIRIGENTE SINDICAL. ART. 494 DA CLT.

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APLICÁVEL (DJ 04.05.2004)Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ain-da que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, “caput” e parágrafo único, da CLT.

z) cobrança de honorários advocatícios previstos em contrato de natureza civil: OJ 138: S. 363 do STJ.k) liminar concedida ou negada em outro MS: é incabível o MS contra decisão que deferiu ou indeferiu liminar em outro MS:

OJ-SDI2-140 MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LIMINAR, CON-CEDIDA OU DENEGADA EM OUTRA SEGURANÇA. INCABÍVEL. (ART. 8º DA LEI Nº 1.533/51) - DJ 04.05.2004Não cabe mandado de segurança para impugnar despacho que acolheu ou inde-feriu liminar em outro mandado de segurança.

w) proibição de prática de atos judiciais futuros:

OJ-SDI2-144 MANDADO DE SEGURANÇA. PROIBIÇÃO DE PRÁTICA DE ATOS FUTUROS. SENTENÇA GENÉRICA. EVENTO FUTURO. INCABÍVEL (nova redação) - DJ 22.08.2005O mandado de segurança não se presta à obtenção de uma sentença genérica, aplicável a eventos futuros, cuja ocorrência é incerta.

y) Pagamento das custas para interposição de RO em MS:

OJ-SDI2-148 CUSTAS. MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ORDI-NÁRIO. EXIGÊNCIA DO PAGAMENTO (conversão da Orientação Ju-risprudencial nº 29 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário em mandado de se-gurança, a comprovação do recolhimento das custas processuais no prazo recur-sal, sob pena de deserção. (ex-OJ nº 29 - inserida em 20.09.2000)

a1)penhora sobre valores existentes em conta salário:

OJ-SDI2-153 MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. ORDEM DE PENHORA SOBRE VALORES EXISTENTES EM CONTA SALÁRIO. ART. 649, IV, DO CPC. ILEGALIDADE (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)Ofende direito líquido e certo decisão que determina o bloqueio de numerário existente em conta salário, para satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja limitado a determinado percentual dos valores recebidos ou a valor revertido para fundo de aplicação ou poupança, visto que o art. 649, IV, do CPC contém norma imperativa que não admite interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista no art. 649, § 2º, do CPC espécie e não gênero de crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito trabalhista.

- Outras hipóteses: Manoel Antônio Teixeira Filho refere, ainda, o cabimento do MS nas seguintes situações:a) cerceio do direito de defesa, quando o juiz, de modo ilegal ou arbitrário (mormente se não fundamentar a decisão), não permite que a parte produza as provas desejadas e indispensáveis para demonstrar a veracidade dos fatos alegados.b) inadmissibilidade do agravo de instrumento, porque o juiz não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto fora do prazo legal. Para BL essa decisão pode ser impugnada por outro AI.c) proibição de retirada de autos pelo advogado, sem que exista impedimento ou incompatibilidade para tanto.d) para liberar penhora de bem público: uma vez que o art. 100 da CF não aboliu o precatório, mesmo para os créditos de natureza alimentícia;e) para desfazer arrematação, quando o juiz não respeita a preferência do credor na adjudicação do

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bem arrematado por terceiro.

- Prazo: 120 dias contados da ciência pelo interessado, do ato impugnado. É prazo decadencial. S. 632 do STF.

- Petição inicial: deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.Deve ser subscrita por advogado, não se admitindo jus postulandi.

OJ-SDI2-155 AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. VA-LOR ATRIBUÍDO À CAUSA NA INICIAL. MAJORAÇÃO DE OFÍCIO. INVIABILIDADE. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)Atribuído o valor da causa na inicial da ação rescisória ou do mandado de segu-rança e não havendo impugnação, nos termos do art. 261 do CPC, é defeso ao Juízo majorá-lo de ofício, ante a ausência de amparo legal. Inaplicável, na hipó-tese, a Orientação Jurisprudencial da SBDI-2 nº 147 e o art. 2º, II, da Instrução Normativa nº 31 do TST.

No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 dias.

Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade.

§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

O pedido veiculado no MS poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.Prevê o art. 10 da Lei ora focalizada que a inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou qnd decorrido o prazo legal para a impetração.Depois de proferido o despacho da petição inicial, é vedado o ingresso de litisconsorte ativo.

- Despacho inicial do MS

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

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I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

- Oitiva do MP: findo o prazo de 10 dias previsto para a autoridade coatora prestar as informações, o juiz ouvirá o representante do MP, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 dias. Com ou sem o parecer do MP, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 dias.Tais prazos, por serem impróprios, não implicam qualquer nulidade processual, mas podem ser objeto de sanções administrativas ou medidas correicionais.

- Sentença: pode ser terminativa ou definitiva, devendo observar todos os requisitos previstos na legislação processual civil e trabalhista.Concedida a segurança, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do ofício do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada, sendo certo que, em caso de urgência, poderá o juiz determinar a transmissão da ordem de concessão da segurança por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento.Nos termos do art. 14, §3 da LMS:

§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo

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nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. (S. 269 do STF)Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão. Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

- Preferência de tramitação:

Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.

§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.

- Recursos:

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: § 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Tendo em vista a irrecorribilidade das interlocutórias, para BL no PT cabe outro MS.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

Para BL, em se tratando de ato jurisdicional, o magistrado não possui legitimidade para recorrer da decisão por ele mesmo proferida.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

No PT não cabe o recurso especial para o STJ, sendo certo que as decisões de única instância proferidas em MS que desafiam recurso extraordinário ou ordinário para o STF somente podem ocorrer nos processos de competência originária do TST.

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Suspensão da Liminar ou da Sentença:

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

Para BL o pedido de suspensão da segurança ora focalizado não ostenta natureza de recurso. É medida excepcional que se caracteriza como incidente processual instaurado por petição avulsa apresentada pelo representante judicial da pessoa jurídica de direito público que sofre os efeitos da decisão atacada ou pelo MPT na hipótese em que se verificar, de fato, que a execução da liminas ou da sentença coloque em risco grave e iminente a ordem, a saúde, a segurança, e a economia públicas, ou seja, qnd se verificar que o cumprimento da decisão judicial concessiva de liminar ou da pp segurança possa implicar grave lesão a direitos ou interesses difusos. A competência funcional e originária para apreciar e julgar o incidente de suspensão da segurança é exclusiva do Presidente do Tribual ao qual couber o conhecimento do respectivo RO. Da decisão do Presidente do Tribunal caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

Art. 15 § 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

- MSCDentre os legitimados não figura o MPT de acordo com a CF. A LC 75/93 reconhece expressamente a legitimação do MO da União para impetrar MSC. Para BL o MPT pode impetrar tanto MSC quanto MSI.Para BL o microssistema do processo coletivo pode ser aplicado subsidiariamente à nova LMS.

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. (efeito ultra partes segundo BL)

§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

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§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Se o impetrante individual não toma ciência do MSC, poderão surgir duas coisas julgadas conflitantes. Qual delas deverá prevalecer? Para BL as duas. O impetrante individual poderá propor ação rescisória alegando que a sentença formada na ação coletiva violou literal disposição de lei ao não oportunizar-lhe o direito de desistir da ação individual. Decorrido, porém, o prazo decadencial da AR, parece a BL que não há como o impetrante individual sucumbente na ação individual ser beneficiado pela coisa julgada coletiva. O TST vem admitindo implicitamente MSC contra ato administrativo (embora tenha denegado a segurança ou declarado a ilegitimidade do impetrante).No caso de MSC contra ato judicial, considerando-se o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, BL acredita ser permitido ao sindicato ou ao MPT impretar MSC contra tal decisão.Eis a grande distinção entre o MSC e a ACP: esta protege, em face de qualquer pessoa ou entidade, todas as modalidades de interesses ou direitos metaindividuais (difusos, coletivos ou individuais homogêneos), aquele se destina apenas à proteção de direito individual (ou coletivo strictu sensu), líquido e certo contra ato ilegal ou abusivo de autoridade.

S. 630 do STF: a entidade de classe tem legitimação para o MS ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.S. 629 do STF: A impetração de MSC por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.

NO MSC a liminar só pode ser concedida após a audiência do representante judicial da PJ de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas. BL entende ser possível ao magistrado deferir a liminar inaudita altera parte caso esteja em jogo um direito fundamental que reclame imediata tutela de urgência e, somente depois de deferida a liminar, ouvir o representante judicial do Poder Público.

Ação monitória

Seria uma advertência dirigida ao devedor para que este pague ou entregue alguma coisa ao credor, sob as penas da lei.

Art. 1.102.A - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

Para BL é ação (art. 1102-A do CPC) submetida ao procedimento especial de jurisdição contenciosa.Qual a espécie de ação? 1 – executiva; 2 – de conhecimento; 3 – alma de execução e corpo de cognição. Bl adota a segunda corrente.Para os que sustentam ser a monitória uma ação de execução, não há como compatibilizar a regra do art. 876 da CLT, que somente permite a execução de título judicial judicial ou dos títulos extrajudiciais que menciona, com o procedimento de expedição in limine do mandado de pagamento ou de entrega de coisa fungível incerta ou de coisa móvel certa.Para BL, por ser ação de conhecimento, não haveria óbice em usá-la no pT.Há outros impedimentos procedimentais para tanto:a) obrigatoriedade de conciliação em todos os feitos submetidos à JT, na ação monitória não há previsão para conciliação;b) a concentração dos atos processuais numa única audiência: na ação monitória não há previsão para realização de audiência, salvo se houver embargos;c) a citação inicial é feita em registro postal, e, se o réu criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, a citação far-se-á por edital e na monitória a citação é por mandado;

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d) a citação no PT é feita automaticamente pelo Distribuidos, dentro de 48 hs, o qual remete a segunda via ao réu para o seu comparecimento à audiência de conciliação e julgamento – na monitória o réu é citado por mandado para pagar quantia certa ou entregar coisa no prazo de 15 dias.Para BL tudo isso pode ser afastado se levarmos em conta o princípio do acesso ao Judiciário e também da nova competência da JT com a EC 45/2004.Para BL, para compatibilizarmos a necessidade de audiência de conciliação, basta que o prazo para pagamento na monitória (ou apresentação de embargos) seja de 5 dias. O autor acredita que a expedição in limine do mandado injuntivo não viola o contraditório, pois há possibilidade de apresentação de embargos.No caso de apresentação dos embargos, haveria, então, a necessidade de designação de audiência de conciliação e julgamento.Outro problema é em face da FP. Para os que sustentam que a ação monitória tem natureza executiva, não cabe contra a FP no caso de pagamento por quantia certa. No caso de entrega de coisa fungível ou coisa determinada, caberia. O cabimento da monitória encontra óbice no entendimento majoritário de que não cabe execução de título extrajudicial contra a FP.Para quem, como BL, defendem que a monitória tem natureza de ação cognitiva condenatória, não há qualquer vedação ou incompatibilidade quanto ao manejo em face das pessoas jurídicas de direito público, uma vez que em qualquer caso o mandado de citação, caso não haja apresentação de embargos, tem eficácia de título executivo judicial. Isso deverá observar os arts. 100 da CF e 730 do CPC. O prazo para a apresentação dos embargos é contado em quádruplo (20 dias no PT).O maior problema é o duplo grau de jurisdição obrigatório da FP.O STJ na S. 339 pacificou o cabimento da ação monitória contra a FP. Mesmo depois de confirmada a decisão que defere a expedição do mandado monitório, a pessoa pública será citada, não para pagar ou entregar coisa, mas sim para apresentar, em 20 dias, embargos monitórios. Caso não o faça, ou sendo seus embargos desacolhidos, aí sim o título judicial será constituído de pleno direito, e, nestes casos, a pessoa pública será citada na forma:a) do art. 730 do CPC, ou seja, para opor embargos à execução por quantia certa;b) do art. 738, III, do CPC, para opor embargos à execução para entrega de coisa.A sentença que julgas os embargos à execução opostos pela FP sejeita-se apenas ao recurso de agravo de petição, pois a remessa oficial no PT é exigida apenas no processo de conhecimento, não no de execução.

Ação anulatória de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho.

A LC 75/93, em seu art. 83, IV, cometeu ao MPT legitimação para, no âmbito da JT propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores.- Natureza jurídica: trata-se de ação de conhecimento, que tem por objeto a declaração de nulidade de cláusula constante não só de convenções e acordos coletivos, mas também de contrato individual do trabalho. Ela assume característica de ação constitutiva negativa ou desconstitutiva, na medida em que o seu escopo é fazer com que a cláusula inquinada de ilegal seja expungida do contrato individual, do acordo coletivo ou da convenção coletiva de trabalho, deixando de produzir efeitos em relação às partes contratantes ou a terceiros por ela atingidos.- Hipóteses de cabimento: é remédio posto à disposição do MPT quando este verificar que a cláusula inserta nos instrumentos acima referidos violar:a) as liberdades individuais ou coletivas;b) os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores.As liberdades individuais ou coletivas constituem, num primeiro instante, um dever de não fazer por parte do Estado, ou seja, o Estado passa a se abster da prática de certos atos em respeito a essas liberdades. Dentre as liberdades individuais mais importantes, podemos citar a liberdade do direito

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à vida, à igualdade, à segurança, à propriedade, ao pensamento, à religião, à intimidade, à vida privada, à honra. No rol das liberdades coletivas, destacamos o direito de reunião para fins pacíficos, o direito de livre associação civil.Na seara laboral, encontramos a liberdade de filiação ou desfiliação a sindicato.

- Ação anulatória de cláusulas relativas a contribuições confederativa e assistencialA hipótese mais comum da utilização da ação anulatória pelo MPT é a que tem por escopo a anulação de cláusula de acordo coletivo ou convenção coletiva que estabelecem desconto a título de contribuição confederativa e contribuição assistencial.São 3, basicamente, os fundamentos jurídicos da ação anulatória aforada pelo Parquet labora:a) os descontos instituídos pelas assembleias sindicais não devem constar de convenção ou acordo coletivo, por não constituírem matéria que deva ser tratada nesses instrumentos, já que são estranhas à relação de emprego existente entre empregado e empregador. É dizer, as contribuições em apreço interessam apenas à entidade sindical, figurando o empregador como mero repassador dos valores descontados dos empregados;b) a instituição da cláusula que estabelece contribuição confederativa para os não filiados ao sindicato fere o princípio da liberdade de associação e de sindicalização (Stf, S. 666);c) por ser matéria estranha para ser inserida em convenção ou acordo coletivo, o desconto viola, também, o princípio da irredutibilidade e intangibilidade dos salários.

PN-119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (nova redação dada pela SDC em sessão de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998, DJ 20.08.1998)"A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabe-lecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devo-lução os valores irregularmente descontados."OJ-SDC-17 CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. IN-CONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIA-DOS (inserida em 25.05.1998)As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sin-dical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensi-vas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegu-rado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os res-pectivos valores eventualmente descontados.

- CompetênciaA competência é da JT.Tratando-se de ação que tenha por objeto a anulação de cláusula constante de acordo coletivo ou convenção coletiva, parece-nos que a demanda assume feição de natureza coletiva, semelhante aos dissídios coletivos de natureza declaratória, razão pela qual a competência funcional originária será do TRT, se a abrangência da norma autônoma circunscreve-se à base territorial da Corte Regional ou do TST, caso ultrapasse a referida base territorial. Na mesma esteira, e seguindo os graus de hierarquia dos órgãos da JT, compete ao TRT processar e julgar a ação anulatória, quando o instrumento coletivo e a base territorial das entidades sindicais convenentes limitarem-se à jurisdição do Regional.Atualmente, uma das hipóteses de cabimento de RO para o TST ocorre quando se impugna acórdão proferido em sede de ação anulatória (RITST, art. 226, I).Se o objeto da ação for a declaração de nulidade de cláusula inserta em contrato individual do trabalho, a competência será inexoravelmente da VT do local da prestação de serviço do empregado lesado, consoante as regras de competência estabelecidas no art. 651 da CLT.

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- LegitimidadePartes convenentes, MPT, sindicato (art. 8, III CF),trabalhador que se declarar lesado por cláusula (a ação será processada como reclamação individual comum, admitindo-se a formação de litisconsórcio facultativo entre os trabalhadores atingidos – dissídio individual plúrimo – e a competência é da VT).No polo passivo, figurarão as partes que firmaram o acordo coletivo ou convenção.

19. Dissídio coletivo: conceito, classificação, competência, instauração (legitimação, prazo eprocedimento). Sentença normativa: efeitos e vigência. Extensão das decisões e revisão.Recursos. Ação de cumprimento.Dissídio coletivo: conceito, classificação, competência, instauração (legitimação, prazo eprocedimento).

- Formas de solução dos conflitos coletivos:Podem ser:a) autocompositivas, como os acordos coletivos, as convenções coletivas e a mediação – ciradas pelos pp atores sociais interessados, ou com auxílio de terceiro cuja tarefa é apenas aconselhar as partes para a solução do impasse; são extrajudiciais e decorrem da negociação coletiva e do princípio da autonomia privada coletiva;b) heterocompositivas, como a arbitragem e a jurisdição – podem ser extrajudiciais ou judiciais.No Brasil, a solução jurisdicional dos conflitos coletivos de trabalho entre categorias profissionais e econômicas é feita por meio do dissídio coletivo.

- ConceitoPara BL o dissídio coletivo é uma espécie de ação coletiva conferida a determinados entes coletivos, geralmente os sindicatos, para a defesa de interesses cujos titulares materiais não são pessoas individualmente consideradas, mas sim grupos ou categorias econômicas, profissionais ou diferenciadas, visando à criação ou interpretação de normas que irão incidir no âmbito dessas mesmas categorias.Tb o MPT nos casos de greve que atinjam interesse público, ou a pp empresa, na hipótese de malogro na celebração de acordo coletivo ou de greve.

- ClassificaçãoPodem ser classificados em: dissídio coletivo da natureza econômica, jurídica ou mista.Há outra classificação, proposta por José Augusto Rodrigues Pinto, segundo a qual o dissídio coletivo pode ser primário (de interesse), que gera a sentença normativa. Esse dissídio coletivo de interesse, por sua vez, pode dar lugar a 3 outros dissídios coletivos, secundários ou derivados, visando a estender-lhe os efeitos (dissídio coletivo de extensão), revisar-lhe as condições (dissídio coletivo de revisão) ou interpretar-lhe os dispositivos (dissídio coletivo jurídico).De acordo com o RITST:

art. 220. Os dissídios coletivos podem ser:

I - de natureza econômica, para a instituição de normas e condições de trabalho;

II - de natureza jurídica, para interpretação de cláusulas de sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e de atos normativos;

III - originários, quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de trabalho, decretadas em sentença normativa;

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IV - de revisão, quando destinados a reavaliar normas e condições coletivas de trabalho preexistentes, que se hajam tornado injustas ou ineficazes pela modificação das circunstâncias que as ditaram; e

V -de declaração sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve.

- Dissídio coletivo de natureza econômicaAção constitutiva, pois visa à prolação de sentença normativa que criará novas normas ou condições de trabalho que irão vigorar no âmbito das relações empregatícias individuais.Podem ser subclassificados em:a_ originário ou inaugural: quando não há norma coletiva anterior;b) revisional: objetiva à revisão de norma coletiva anterior;c) de extensão: visa a estender a toda categoria as normas ou condições que tiveram como destinatários apenas parte dela.

- Dissídio coletivo de natureza jurídicaÉ ação declaratória, cujo objeto reside apenas na interpretação de normas coletivas preexistentes que vigoram no âmbito de uma dada categoria.Não é cabível quando se pretende interpretar norma legal de caráter geral para toda a classe trabalhadora.

- Dissídio coletivo de natureza mistaO dissídio coletivo de greve pode ter natureza meramente declaratória, se seu objeto residir apenas na declaração de abusividade ou não do movimento paredista.Se, todavia, o tribunal julgar procedentes os pedidos versados nas cláusulas constantes da pauta de reivindicações, o dissídio coletivo de greve terá natureza mista, pois, a um só tempo, a sentença normativa correspondente declarará a abusividade ou não do movimento de paralisação concertada do trabalho e constituirá novas relações coletivas de trabalho.

OJ-SDC-10 GREVE ABUSIVA NÃO GERA EFEITOS (inserida em 27.03.1998)É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o esta-belecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumi-ram os riscos inerentes à utilização do instrumento de pressão máximo.OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRE-TA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA (inserida em 27.03.1998)É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e paci-ficamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NE-CESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMEN-TO (inserida em 07.12.1998)É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essen-ciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.

- Poder normativoEncontra fundamento no §2 do art. 114 da CF.Há entendimentos de que o preceptivo constitucional em causa instituiu a arbitragem oficial no Brasil, extinguindo, assim, o Poder Normativo da JT. Para BL a sentença normativa é recorrível e não se equipara à sentença arbitral (irrecorrível) razão pela qual a EC 45/2004 não teria proscrito o Poder Normativo.

- Pressupostos de cabimento

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É uma das causas de extinção do processo sem resolução do mérito a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo (art. 267, IV).Embora omissa a CLT, podemos dizer que também o processo atinente ao dissídio coletivo deve satisfazer determinados pressupostos processuais.Estes podem ser:a) Subjetivos:1- competência: é dos TRTs, em sua competência originária, segundo o âmbito territorial do respectivo dissídio coletivo. Trata-se de cumulação de competência funcional e territorial.2 – capacidade processual: o sindicato que postula (CF arts. 8, III, e 114, §2, e CLT art. 857).b) Objetivos:1 – Negociação coletiva prévia: alguns autores referem a frustração da negociação coletiva como pressuposto processual objetivo. Para BL isso é condição da ação (a ausência implica falta de interesse de agir do suscitante). De toda a sorte, a não comprovação do exaurimento das tentativas de negociação coletiva desaguará na extinção do processo sem resolução de mérito.2 – inexistência de norma coletiva em vigor: tanto as convenções coletivas e os acordos coletivos quanto a sentença normativa têm vigência temporária, impedindo o ajuizamento de novo dissídio coletivo durante esse período, salvo na hipótese de greve – art. 14, pu, L 7783/89.3 -observância da época pp para ajuizamento: não há prazo prescricional para o ajuizamento do dissídio coletivo, tendo em vista que nele não se postulam créditos previstos em normas preexistentes, ou seja, não se buscam na ação dissidial coletiva direitos subjetivos, mas, tão somente, a criação de normas gerais e abstratas (direito objetivo) que irão reger as relações – individuais e coletivas – de trabalho das categorias representadas na ação. Todavia, a CLT estabelece algumas regras para o ajuizamento do dissídio coletivo, apenas no que concerne à eficácia no tempo da sentença normativa:

Art. 867 - Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes, ou seus representantes, em registrado postal, com franquia, fazendo-se, outrossim, a sua publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados.

Parágrafo único - A sentença normativa vigorará: (Incluído pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)

a) a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do art. 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajuizamento; (Incluída pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)

b) a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do art. 616, § 3º. (Incluída pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)

Se ultrapassados esses prazos, a categoria ficará exposta ao vazio normativo temporário, na medida em que a sentença normativa prolatada não poderá retroagir à data-base da categoria, mas entrará em vigor apenas na data de sua publicação. Para estimular a continuidade da negociação coletiva e, ao mesmo tempo, preservar a data-base da categoria, caso seja finalmente frustrada a negociação, criou o TST a figura do protesto judicial, proposto pelo sindicato, de forma a postergar por mais de 30 dias o ajuizamento do dissídio, sem perda da data-base.d) petição inicial apta: é obrigatoriamente escrita.e) comum acordo entre as partes: para uns é novo pressuposto processual e para outros, uma nova condição da ação. Se uma das partes não concordar com a propositura do DC de natureza econômica, a JT deverá extinguir o processo sem julgamento do mérito.

- Requisitos da inicialDeve ser obrigatoriamente escrita (art. 856 da CLT) e satisfazer as exigências comuns a todas as petições iniciais (art. 282 do CPC), bem como requisitos objetivos e subjetivos.

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a) Objetivos: Há documentos essenciais: edital: edital de convocação da assembleia geral da categoria; ata da assembleia geral; lista de presença da assembleia geral; registros da frustração da negociação coletiva; norma anterior; instrumento de mandato: procuração passada pelo presidente do suscitante ao advogado

subscritor da representação; mútuo consentimento: comprovação da concordância entre as partes para o ajuizamento do

dissídio coletivo de natureza econômica. Criado com a EC 45/2004.b) Subjetivos: dizem respeito à forma pela qual deve ser articulada a pretensão do suscitante:1 – designação da autoridade competente: é sempre o Presidente do TRT ou TST;2 – qualificação dos suscitantes e suscitados: deve-se indicar a delimitação territorial de representação das entidades sindicais, as categorias profissionais e econômicas envolvidas nos dissídio coletivos e ainda o quorum estatutário para deliberação em assembleia.3 – bases da conciliação: a petição inicial deverá conter a proposta das cláusulas que o sindicato deseja ver instituídas.4 – fudamentos da demanda:art. 12 da L. 10192/2001. São as razões fáticas (econômicas e sociais) que empolgarão a instituição ou alteração das condições legais e convencionais mínimas vigentes no âmbito da categoria. A fundamentação específica de cada cláusula passa a ser um requisito essencial à petição inicial do dissídio coletivo. Segundo o precedente normativo n. 37 do TST, as cláusulas (pedidos) não fundamentadas devidamente são indeferidas de plano sem resolução do mérito. No msm sentido é a OJ 32 da SDC/TST.

- Condições da ação coletiva strictu sensuA ausência de qualquer dessas condições implica extinção do processo sem resolução do mérito, a teor do art. 267,VI, do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT.As partes no dissídio coletivo são: no polo ativo, suscitante; no passivo, suscitado.a) Legitimação ad causam: CLT:

Art. 856 - A instância será instaurada mediante representação escrita ao Presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por iniciativa do presidente, ou, ainda, a requerimento da Procuradoria da Justiça do Trabalho, sempre que ocorrer suspensão do trabalho.Art. 857 - A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no art. 856, quando ocorrer suspensão do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 7.321, de 14.2.1945)Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas, no âmbito de sua representação.

A conjugação dessas normas, mais o art. 114, §2 da CF permite dizer que são partes legítimas as causam nos dissídios coletivos, de um lado, obrigatoriamente, o sindicato da categoria profissional, que geralmente atua no polo ativo da demanda, e, do outro lado, o sindicato da categoria econômica ou empresa isoladamente consideradas.Quando os sujeitos da lide coletiva são os sindicatos, estamos diante de um conflito intercategorial, na medida em que envolve duas categorias – econômica e profissional – distintas. Esse dissídio coletivo decorre de uma convenção coletiva frustrada. Quando os sujeitos da lide são o sindicato da categoria profissional e uma ou mais empresas isoladamente consideradas (não representadas pelo sindicato da categoria econômica), o dissídio coletivo é de âmbito mais restrito, já que ele ocorre diretamente entre um grupo de trabalhadores de determinada empresa, devidamente representada pelo sindicato da categoria profissional correspondente, e o respectivo empregador. Neste caso, o dissídio coletivo decorrente de um ACT frustrado.

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O MPT também pode ajuizar dissídio coletivo de greve perante a JT, nos termos do art. 83, VIII da LC 75/93. Com o advento da EC 45/2004, que deu nova redação ao §3 do art. 114 do CF. Foi reconhecida expressamente a legitimação do MPT para ajuizar dissídio coletivo em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do IP. Para BL sempre em defesa dos interesses sociais ou individuais indisponíveis o MPT poderá ajuizar o DC.Nos dissídios coletivos de greve, o natural legitimado ativo da demanda é o sindicato representativo da categoria econômica ou a empresa isoladamente considerada e atingida pelo movimento paredista.Com o cancelamento da OJ 12 da SDC não há mais órbice da legitimação sindical obreira para ajuizar dissídio coletivo de greve.Ajuizado o dissídio de greve (art. 8 da L. 7783/89):

Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão.

Embora alguns autores sustentem que quando o sindicato obreiro figura como demandante seria o caso de substituição processual, BL pensa que é representação legal. Isso porque a substituição processual concerne apenas à legitimação ad causam conferida a alguns entes coletivos para independentemente de autorização dos substituídos, defender interesses individuais homogêneos. O substituto atua em nome pp defendendo interesse alheio. O sindicato, como suscitante no dissídio coletivo, atua em nome da categoria, desde que autorizado por Assembleia Geral, e na defesa de interesse da categoria que representa. Atua em nome alheio na defesa de interesse alheio. Assim seria representação.

OJ-SDC-19 DISSÍDIO COLETIVO CONTRA EMPRESA. LEGITIMA-ÇÃO DA ENTIDADE SINDICAL. AUTORIZAÇÃO DOS TRABA-LHADORES DIRETAMENTE ENVOLVIDOS NO CONFLITO (inseri-do dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010A legitimidade da entidade sindical para a instauração da instância contra de-terminada empresa está condicionada à prévia autorização dos trabalhadores da suscitada diretamente envolvidos no conflito.

Quando não houver sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderá o DC ser ajuizado pelas federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas, no âmbito de sua representação.b) Interesse processual: CF art. 114, §2. A jurisprudência do TST tem sido rigorosa quanto ao exaurimento da negociação prévia como condição da ação coletiva strictu sensu. Recentemente o TST decidiu que o quorum mínimo que 1/3 dos presentes prevalece sobre as regras fixadas no estatuto da entidade sindical suscitante. O TST vem entendendo que a propositura de DC de natureza econômica durante a vigência de convenção ou acordo coletivo implica ausência de interesse processual. Para BL o inciso XXXV do art. 5 da CF não se mostral violado pelo art. 114, §2 da CF, uma vez que a garantia do acesso ao Judiciário ocorre nas hipóteses de lesão ou ameaça a direitos individuais, coletivos e difusos. O inciso XXXV do art. 5 da CF, na linha do art. 8 da Declaração Universal dos DH assegura o amplo acesso à jurisdição na hipótese de lesão a direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pelas leis.

ENUNCIADOS APROVADOS NA 1ª JORNADA DEDIREITO MATERIAL E PROCESSUAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO35. DISSÍDIO COLETIVO. COMUM ACORDO. CONSTITUCIONALIDADE.AUSÊNCIA DE VULNERABILIDADE AO ART. 114, § 2º, DA CRFB. Dadasas características das quais se reveste a negociação coletiva, não fere oprincípio do acesso à Justiça o pré-requisito do comum acordo (§ 2º, do art.114, da CRFB) previsto como necessário para a instauração da instância emdissídio coletivo, tendo em vista que a exigência visa a fomentar odesenvolvimento da atividade sindical, possibilitando que os entes sindicais oua empresa decidam sobre a melhor forma de solução dos conflitos.

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c) Possibilidade jurídica do pedido: hipótese de impossibilidade no DC ocorre qundo o sindicato postula o deferimento de cláusula que estabeleça vinculação da remuneração ao salário mínimo, pois, nesse caso, há vedação da CF (art. 7, IV, in fine). Outra hipótese:

OJ-SDC-5 DISSÍDIO COLETIVO CONTRA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA (inserida em 27.03.1998)Aos servidores públicos não foi assegurado o direito ao reconhecimento de a-cordos e convenções coletivos de trabalho, pelo que, por conseguinte, também não lhes é facultada a via do dissídio coletivo, à falta de previsão legal.

Para BL este último caso é de improcedência da pretensão deduzida no DC.

Sentença normativa: efeitos e vigência. Extensão das decisões e revisão.

A decisão proferida em DC (sentença normativa), por não ter carga condenatória, não comporta execução. No caso, deve-se ajuizar ação de cumprimento.As sentenças normativas nos DC de natureza constitutiva (ou dissídios de interesses), podem criar as seguintes cláusulas ou condições:a) econômicas: geralmente, são cláusulas relativas a salários, como fixação de piso salarial, reajustes, abonos pecuniários;b) sociais: versam sobre garantia no emprego e outras vantagens sem conteúdo econômico;c) sindicais: dizem respeito às relações entre os sindicatos ou entre estes e as empresas que figuram no DC. Geralmente, versam contribuições assistenciais a serem descontadas em folha, garantia dos dirigentes sindicais, permitindo sua atuação nas empresas;d) obrigacionais: estabelecem multas para a parte que descumprir as normas coletivas constantes da sentença normativa.A sentença normativa deverá ser publicada no prazo de 15 dias da decisão do Tribunal (art. 12, §2, L. 10192/2001.

- Sentença Normativa e Coisa julgadaPara uns a SN produz coisa julgada meramente formal, na medida em que permite o seu cumprimento definitivo antes mesmo do seu trânsito em julgado. Além disso, há a possibilidade do dissídio coletivo de revisão, que é calcado na chamada cláusula rebus sic standibus. Outro argumento é o de que a sentença normativa não comporta execução, ou seja, a efetividade da decisão fica condicionada à propositura da ação de cumprimento. Finalmente, a S. 277 do TST, assim, por ter vigência temporária, a sentença normativa não teria a característica da imutabilidade da res judicata.Outros sustentam que ela produz coisa julgada formal e material, uma vez que o pu, in fine, do art. 872 da CLT proíbe que na ação de cumprimento possam ser rediscutidas as matérias de fato e de direito já decididas na sentença normativa. Tb o art. 2, I, c, da Lei 7701/88 dispõe expressamente que compete, originariamente, à sessão especializada de DC, julgas as ações rescisórias propostas contra suas pp sentenças normativas, cabendo-lhe, nos termos do inciso II, alínea b, do referido artigo, julgar, em última instância, os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos TRTs em ações rescisórias e MS pertinentes a DC.A S. 397 do TST dispõe que a sentença normativa está apta a produzir apenas CJ formal.

- Homologação de acordo extrajudicialSe as partes firmam acordo extrajudicial não há necessidade de sua homologação pela JT – OJ 34 da SDC.Esse acordo possui natureza de ACT ou CCT.

- ProcedimentoArts. 856 a 875 da CLT admitindo a aplicação subsidiária do direito comum.O ajuizamento do DC é feito por meio de petição inicial escrita, formulada por entidade sindical da

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categoria profissional ou da categoria econômica, dirigida ao Presidente do TRT ou TST. Para BL se o autor do dissídio não juntar documento comprobatório da concordância do réu, poderá o órgão judicial aplicar o art. 870, §1, analogicamente, para determinar a intimação do réu para que, no prazo assinalado, manifeste sua concordância ou não com a instauração do dissídio. Decorrido o prazo sem manifestação, haverá concordância tácita. Se o réu não concordar expressamente, o processo será extinto sem resolução do mérito.Não se admite o dissídio coletivo verbal.

Art. 858 - A representação será apresentada em tantas vias quantos forem os reclamados e deverá conter:

a) designação e qualificação dos reclamantes e dos reclamados e a natureza do estabelecimento ou do serviço;

b) os motivos do dissídio e as bases da conciliação.

A conciliação é tentada numa única audiência, que é designada exclusivamente para tal fim, presidida pelo Presidente do Tribunal. Alguns Ris determinam essa competência ao Vice o que é de flagrante inconstitucionalidade.O Presidente do Tribunal não fica adstrito às propostas das partes, podendo apresentar a solução que entender pertinente para a solução do conflito.Havendo acordo, o Presidente submete o dissídio ao Tribunal para ser homologado. A decisão que homologa é também uma sentença normativa ou, para alguns decisão normativa.Firmado o acordo ou frustrada a conciliação, o processo será, mediante sorteio, destribuído a relator e revisor. Em seguida, o feito é submetido a julgamento pelo Tribunal Pleno. No TST, a competência para os dissídios coletivos é da SDC.O MPT poderá emitir parecer escrito, antes da distribuição do feito, ou oral, na sessão de julgamento.No DC não há que se falar em julgamento extra ou ultra petita, pois não há pedido.O procedimento do DC é flexível pela ausência de normas.As sentenças normativas produzem coisa julgada com eficácia ultra partes, pois os seus limites subjetivos estendem-se aos integrantes das categorias que figuraram como parte na demanda coletiva.

Art. 867 - Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes, ou seus representantes, em registrado postal, com franquia, fazendo-se, outrossim, a sua publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados.Parágrafo único - A sentença normativa vigorará: (Incluído pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)a) a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do art. 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajuizamento; (Incluída pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)b) a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do art. 616, § 3º. (Incluída pelo Decreto-lei nº 424, de 21.1.1969)

- Custas: art. 789 da CLT. A interpretação permite dizer que as custas serão de responsabilidade:a) do suscitado, na hipótese de sentença normativa total ou parcialmente procedente, e calculadas sobre o valor da causa ou, se este for indeterminado, sobre o valor que a decisão ou Presidente do Tribunal fixar (CLT, art. 789, III, IV, §1 e 2);b) do suscitante, na hipótese de sentença terminativa (CPC, art. 267), ou se o dissídio coletivo for julgado totalmente improcedente, e calculadas valor da causa ou, se este for indeterminado, sobre o valor que a decisão ou Presidente do Tribunal fixar (CLT, art. 789, II, IV, §1 e 2);c) rateada entre suscitante e suscitado, ou seja, 1% para cada parte, na hipótese de acordo firmado nos autos de dissídio coletivo e homologado pelo Tribunal, calculada sobre valor arbitrado na

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decisão (CLT, art. 789, §3 e 4);d) solidária das partes vencidas, na hipótese de litisconsórcio em que os litisconsortes sejam total ou parcialmente sucumbentes.No caso de RO, as custas serão pagas e comprovado o respectivo recolhimento pelo vencido (total ou parcialmente) dentro do prazo recursal (8 dias), sob pena de deserção. Não há obrigatoriedade de intimação da parte para o recolhimento das custas, pois cabe ao interessado obter os cálculos para o respectivo preparo – OJ 27 da SDC.Na hipótese de omissão da sentença normativa a respeito das custas, a parte interessada poderá interpor embargos de declaração. Se não houver recurso, as custas serão pagas pelo vencido, total ou parcialmente, depois de transitada em julgado a sentença normativa.

RecursosDa sentença normativa cabe RO para o TST, cuja competência para conhecê-lo e julgá-lo é da SDC. Incumbe ao recorrente, se for o caso, o recolhimento das custas e a juntada do respectivo comprovante de pagamento no prazo alusivo ao recurso.Em caso de acordo nos autos do DC, só cabe recurso pelo MPT que está legitimado a interpor recurso ordinário, tanto nos dissídios coletivos em que for parte (DC de greve) como naqueles em que atuou como custos legis, emitindo parecer oral ou escrito. A MP 1398/96 faculta ao Presidente do Tribunal conceder efeito suspensivo ao RO da sentença normativa. Com o §6 do art. 7 da Lei 7701/98 foi expressamente permitido esse efeito. Tb o art. 14 da L. 10192/2001 permite. O RO portanto, sempre terá efeito suspensivo. Cabe ao Presidente em despacho, estabelecer, discricionariamente, as consequências concretas do efeito suspensivo.A S. 246 do TST reforça a tese da relativização do efeito suspensivo do RO interposto de sentença normativa ao permitir a ação de cumprimento, independentemente do seu trânsito em julgado.Tem sido admitida a ação cautelar incidental ao RO, objetivando que o Ministro Relator defira liminar para emprestar efeito suspensivo ao RO da sentença normativa. Para tanto, o requerente/recorrente deverá demonstrar a existência do fumus boni iuris e do periculum in mora.Ver Res. 120 de 2003 do TST.

- Dissídio coletivo de extensãoEm caso de dissídio coletivo que tenha por objeto estabelecer novas condições de trabalho, e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o tribunal competente, na pp decisão estender tais condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos destinatários originais do DC. Trata-se do juízo de equidade conferido ao Tribunal, por força do art. 868 da CLT.Havendo extensão dos efeitos da SN, o tribunal fixará a data em que a decisão deve ser cumprida, bem como o prazo de sua vigência, o qual não poderá ser superior a 4 anos.

Art. 869 - A decisão sobre novas condições de trabalho poderá também ser estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional compreendida na jurisdição do Tribunal:

a) por solicitação de 1 (um) ou mais empregadores, ou de qualquer sindicato destes;

b) por solicitação de 1 (um) ou mais sindicatos de empregados;

c) ex officio, pelo Tribunal que houver proferido a decisão;

d) por solicitação da Procuradoria da Justiça do Trabalho. Art. 870 - Para que a decisão possa ser estendida, na forma do artigo anterior, torna-se preciso que 3/4 (três quartos) dos empregadores e 3/4 (três quartos) dos empregados, ou os respectivos sindicatos, concordem com a extensão da decisão.

§ 1º - O Tribunal competente marcará prazo, não inferior a 30 (trinta) nem superior a 60

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(sessenta) dias, a fim de que se manifestem os interessados.

§ 2º - Ouvidos os interessados e a Procuradoria da Justiça do Trabalho, será o processo submetido ao julgamento do Tribunal.

Art. 871 - Sempre que o Tribunal estender a decisão, marcará a data em que a extensão deva entrar em vigor.

Os interessados terão prazo não inferior a 30 dias nem superior a 60 para que se manifestem sobre a extensão dos efeitos da sentença normativa.Decorrido o prazo para manifestaçào dos interessados, e ouvido o MPT, será o processo submetido ao Julgamento do Tribunal. Se a decisão do Tribunal concluir pela extensão dos efeitos da sentença normativa, deverá marcar a data em que ela entrará em vigor.Para BL o DC de extensão, por ter natureza econômica, não poderá mais ser instaurado de ofício, por provocação do MPT ou de uma das entidades sindicais pela necessidade de mútuo consentimento.

OJ-SDC-2 ACORDO HOMOLOGADO. EXTENSÃO A PARTES NÃO SUBSCREVENTES. INVIABILIDADE (inserida em 27.03.1998)É inviável aplicar condições constantes de acordo homologado nos autos de dis-sídio coletivo, extensivamente, às partes que não o subscreveram, exceto se ob-servado o procedimento previsto no art. 868 e seguintes, da CLT.

- DC revisionalDisciplinado nos arts. 873 a 875 da CLT, tem lugar qnd decorrido mais de um ano da vigência da sentença normativa.Trata-se de um dissídio derivado do DC de natureza constitutiva, quando a sentença normativa respectiva tiver fixado condições de trabalho que se tenham modificado em função de circunstâncias alheias à vontade das partes, como as condições que se haja tornado injustas ou inaplicáveis.

Art. 873 - Decorrido mais de 1 (um) ano de sua vigência, caberá revisão das decisões que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas ou inaplicáveis.

Art. 874 - A revisão poderá ser promovida por iniciativa do Tribunal prolator, da Procuradoria da Justiça do Trabalho, das associações sindicais ou de empregador ou empregadores interessados no cumprimento da decisão.

Parágrafo único - Quando a revisão for promovida por iniciativa do Tribunal prolator ou da Procuradoria, as associações sindicais e o empregador ou empregadores interessados serão ouvidos no prazo de 30 (trinta) dias. Quando promovida por uma das partes interessadas, serão as outras ouvidas também por igual prazo.

Art. 875 - A revisão será julgada pelo Tribunal que tiver proferido a decisão, depois de ouvida a Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Para BL nem o Presidente nem o MPT podem ajuizar, por causa do comum acordo.O parecer do MPT deverá ser escrito.

Ação de cumprimento.

Art. 872 - Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-se-á o seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título.

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Parágrafo único - Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados, juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na decisão. (Redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.7.1954)

- Conceito: A sentença normativa proferida nos dissídios de natureza econômica pode ser objeto de :a) ação individual de cumprimento, simples ou plúrima (litisconsórcio ativo), proposta diretamente pelos trabalhadores interessados;b) ação coletiva de cumprimento, proposta pelo sindicato da categoria profissional em nomo próprio, na defesa dos interesses individuais homogêneos dos trabalhadores (substituição processual) integrantes da respectiva categoria profissional.O art. 1 da L.. 8984, 1995, porém, ampliou a competência da JT para conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho e acordos coletivos de trabalho, mesmo qnd ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos de trabalhadores e empregador.Assim, podemos dizer que a ação de cumprimento é o meio processual adequado para defesa dos interesses ou direitos dos trabalhadores constantes de sentença normativa, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não cumpridos espontaneamente pelos empregadores. A ação de cumprimento visa tanto à defesa dos interesses individuais simples ou plúrimos quanto à defesa dos interesses individuais homogêneos dos trabalhadores integrantes da categorias profissional representada no dissídio coletivo pelo sindicato correspondente.

- Natureza jurídica: para BL é uma ação de conhecimento, do tipo condenatória, pois ela visa a obrigar o empregador ou empregadores a satisfazer os direitos abstratos criados por sentença normativa, convenção coletiva ou ACT.

- Legitimação e interesse: há legitimação concorrente para a propositura da ação de cumprimento, na medida em que, tanto o sindicato quanto os empregados poderão propô-la. Se for o sindicato, para BL, trata-se de substituição processual. Se for o autor da ação, teremos uma autêntica ação (reclamação) trabalhista individual, pois o titular do direito material é o mesmo titular da ação. Ver OJ 188 da SDI1.O TST passou, por força da L. 8984/95, a estender a legitimação extraordinária (ou substituição processual) do sindicato para a ação de cumprimento de convenção ou ACT.

- Competência: a competência material e funcional para processar e julgar ação de cumprimento é das Vts do local da prestação do serviço.

- Procedimento: o procedimento da ação de cumprimento é semelhante ao de dissídio individual, com a ressalve de que não será permitido às partes discutir questões de fato ou de direito que já foram apreciadas na sentença normativa ou na decisão normativa, ainda que esta não tenha transitado em julgado.É permitido o ajuizamento imediato da ação de cumprimento da sentença normativa, independentemente do seu trânsito em julgado, salvo se for dado efeito suspensivo ao RO eventualmente interposto contra tal decisão.Com o advento da L. 10192/2001, passou o presidente do TST a ter competência para conceder efeito suspensivo ao RO interposto contra sentença normativa.BL crê ser aplicável à ação de cumprimento as normas do CDC respeitantes à ação coletiva para tutela de interesses individuais homogêneos.A petição inicial será instruída com cópia da sentença normativa (acórdão) ou certidão de julgamento do dissídio coletivo, contendo as cláusulas que foram deferidas pelo Tribunal, sob pena de seu indeferimento.

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Tratando-se de ação de cumprimento de ACT ou CCT, esses instrumentos também devem obrigatoriamente instruir a petição inicial sob pena de seu indeferimento.

- Reforma da sentença normativa e ação de cumprimento: o TST vem decidindo que, nesse caso, a sentença normativa perde a sua eficácia executória, sendo declarada a sua inexistência jurídica – OJ 277 da SDBI1. Assim, havendo reforma da sentença normativa em grau de RO, não há, segundo o TST, necessidade de ajuizamento de AR contra a sentença da ação de cumprimento, cabendo apenas MS ou exceção de pré-executividade.

- Prescrição: o TST pacificou o entendimento de que o marco inicial conta-se da data do trânsito em julgado da decisão normativa (S. 350). Para BL, quando se tratar, porém, de ação de cumprimento de CCT ou ACT, o marco inicial da prescrição coincide com o término do prazo de vigência desses instrumentos coletivos.Para o autor, o prazo deve ser de dois anos da data da extinção do CT ou 5 anos da data de extinção do prazo de vigência da norma coletiva criadora do direito, incidindo, em ambos os casos, a prescrição total. O STF editou a S. 349: A PRESCRIÇÃO ATINGE SOMENTE AS PRESTAÇÕES DE MAIS DE DOIS ANOS, RECLAMADAS COM FUNDAMENTO EM DECISÃO NORMATIVA DA JUSTIÇA DO TRABALHO, OU EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, QUANDO NÃO ESTIVER EM CAUSA A PRÓPRIA VALIDADE DE TAIS ATOS.

20. Ação rescisória no processo do trabalho: cabimento, competência, hipóteses de admissibilidade.Juízo rescindente e juízo rescisório. Prazo para ingresso. Procedimento e recurso.

- Natureza jurídica e conceitoÉ ação de conhecimento, de natureza constitutivo-negativa, porquanto visa à desconstituição, ou anulação da res iudicata.

- Base legal

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. (Redação dada pela Lei nº 11.495, de 2007)Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Assim todos os requisitos exigidos pelo CPC (arts. 485 a 495) para a admissibilidade e o processamento da ação rescisória também são aplicáveis ao PT.O procedimento adotado é o estabelecido nos RIS dos Tribunais, seguindo o modelo do TST.

- Suspensão do cumprimento da decisão rescindendaNão é a regra (art. 489 do CPC). Porém, se o autor demonstrar periculum in mora e fumus bonis iuris, bem como demais requisitos do art. 273 do CPC, poderá ajuizar ação cautelar incidental ou preparatória à ação rescisória, ou, ainda, solicitar, nos pp autos da AR, provimento antecipatório com vistas à suspensão do cumprimento da sentença ou do acórdão rescindendo.

SUM-405 AÇÃO RESCISÓRIA. LIMINAR. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (con-versão das Orientações Jurisprudenciais nºs 1, 3 e 121 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - Em face do que dispõe a MP 1.984-22/2000 e reedições e o artigo 273, § 7º, do CPC, é cabível o pedido liminar formulado na petição inicial de ação rescisó-ria ou na fase recursal, visando a

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suspender a execução da decisão rescindenda.II - O pedido de antecipação de tutela, formulado nas mesmas condições, será re-cebido como medida acautelatória em ação rescisória, por não se admitir tutela antecipada em sede de ação rescisória. (ex-OJs nºs 1 e 3 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000 - e 121 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

- Decisões rescindíveisTanto a sentença como o acórdão, desde que firam a res in iudicium deducta (lide), acolhendo ou rejeitando o pedido, podem ser submetidos ao corte rescisório.Não desafiam a AR:

sentenças que extinguem o processo por questões processuais (pressupostos) ou ausência de requisitos da ação (condições);

decisões interlocutórias; despachos; decisões proferidas no procedimento de jurisdição voluntária.

SUM-259 TERMO DE CONCILIAÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágra-fo único do art. 831 da CLT.

O defeito procedimental contido na sentença de mérito também pode dar ensejo à rescisória.O STF – S. 514 – admite a rescisória contra a sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotados todos os recursos.Não é admissível a AR para desconstituir sentença arbitral – art. 33, §1 a 3, da L. 9307/1996, prevê ação anulatória neste caso.

- Sentença normativaSegundo entendimento majoritário, é cabível a AR contra decisão proferida em sede de dissídio coletivo.

SUM-397 AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IV, DO CPC. AÇÃO DE CUMPRI-MENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU DE RECURSO. INVIABILI-DADE. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 116 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio co-letivo somente se consubstancia coisa julgada formal. Assim, os meios processu-ais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 572 do CPC. (ex-OJ nº 116 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

Essa S. Declara incabível AR contra sentença normativa, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal.(Agora fiquei na dúvida)

- Sentença de mérito nula, anulável ou inexistenteA sentença inexistente, por não transitar em julgado é vulnerável à ação declaratória de inexistência de ato jurídico, sem sujeição a limite temporal, pois nada há a desconstituir. Já a sentença nula, que transita em julgado, pode ser rescindida no prazo decadencial de 2 anos. A única nulidade que macula a sentença é a absoluta, pois as nulidades relativas tre-se-ão sanado quando o processo (originário) estava em curso.

- Competência

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Originária dos tribunais.

SUM-192 AÇÃO RESCISÓRIA. COMPETÊNCIA E POSSIBILIDADE JURÍDI-CA DO PEDIDO (inciso III alterado) - Res. 153/2008, DEJT divulgado em 20, 21 e 24.11.2008 I - Se não houver o conhecimento de recurso de revista ou de embargos, a competência para julgar ação que vise a rescindir a decisão de mérito é do Tribunal Regional do Trabalho, ressalvado o disposto no item II. (ex-Súmula nº 192 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - Acórdão rescindendo do Tribunal Superior do Trabalho que não conhece de recurso de embargos ou de revista, analisando argüição de violação de dispositivo de lei mate-rial ou decidindo em consonância com súmula de direito material ou com iterativa, no-tória e atual jurisprudência de direito material da Seção de Dissídios Individuais (Sú-mula nº 333), examina o mérito da causa, cabendo ação rescisória da competência do Tribunal Superior do Trabalho. (ex-Súmula nº 192 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) III - Em face do disposto no art. 512 do CPC, é juridicamente impossível o pedido ex-plícito de desconstituição de sentença quando substituída por acórdão do Tribunal Re-gional ou superveniente sentença homologatória de acordo que puser fim ao litígio. IV - É manifesta a impossibilidade jurídica do pedido de rescisão de julgado proferido em agravo de instrumento que, limitando-se a aferir o eventual desacerto do juízo ne-gativo de admissibilidade do recurso de revista, não substitui o acórdão regional, na forma do art. 512 do CPC. (ex-OJ nº 105 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003) V - A decisão proferida pela SBDI, em sede de agravo regimental, calcada na Súmula nº 333, substitui acórdão de Turma do TST, porque emite juízo de mérito, comportan-do, em tese, o corte rescisório. (ex-OJ nº 133 da SBDI-2 - DJ 04.05.2004)OJ-SDI2-70 AÇÃO RESCISÓRIA. MANIFESTO E INESCUSÁVEL E-QUÍVOCO NO DIRECIONAMENTO. INÉPCIA DA INICIAL. EXTIN-ÇÃO DO PROCESSO (alterada em 26.11.2002)O manifesto equívoco da parte em ajuizar ação rescisória no TST para descons-tituir julgado proferido pelo TRT, ou vice-versa, implica a extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da inicial.

- Indeferimento da Petição InicialCasos:a) quando for inepta (CPC, art. 295, I, pu): o autor deve indicar o fundamento jurídico do pedido e pedido. Deve declinar na inicial o fundamento legal em que se funda a ação (o inciso do art. 485 do CPC). Tb é causa de inépcia a impossibilidade jurídica do pedido (ver S.192, III e IV).b) quando a parte for ilegítima (CPC, art. 487): é parte legitimada para a AR aquela que figurou como autor ou réu na demanda trabalhista originária ou o terceiro juridicamente interessado. O substituto processual também pode ser parte legítima. O MPT pode ser autor mas não pode ser réu por não ter personalidade jurídica. A união será ré neste caso.c) quando o autor carecer de interesse processual (necessidade, utilidade e adequação):d) quando o Relator verificar, desde logo, a decadência: ver S. 100;e) quando não forem atendidas as prescrições do arts. 39, pu, 1a parte, e 284 do CPC (TST S. 299);f) quando o autor não realizar o depósito prévio de que trata o art. 836 da CLT;g) quando a petição inicial não for subscrita por advogado. O Relator neste caso deverá observar o art. 13 do CPC.

- Requisitos específicos da Petição Inicial:

Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;

II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa,

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caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no no II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público

Segundo BL, deverá ainda o autor indicar:a) a existência de uma decisão definitiva (sentença ou acórdão de mérito transitada em julgado);b) a invocação de alguma das hipóteses de admissibilidade, taxativamente arroladas no art. 485 do CPC.

SUM-425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação resci-sória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

- Depósito prévio: A partir da L. 11495/2007 passou-se a exigir um depósito prévio de 20 % sobre o calor da causa, salvo prova de misarabilidade jurídica do autor. A petição será indeferida se o autor não realizar esse depósito prévio, salvo União, Estado, Município, DF ou MPT.Aqui não se aplicaria o art. 284 do CPC:

Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

O resultado da AR pode implicar as seguintes situações:a) no caso de procedência, total ou parcial, do pedido deduzido na AR, independentemente do quorum de julgamento, será determinado, de ofício, a restituição do depósito em favor do autor;b) se, por maioria de votos, o tribunal não admitir a ação ou julgar improcedente o pedido, o autor também terá direito à restituição do depósito;c) se o tribunal, por unanimidade, não admitir a ação ou julgar improcedente o pedido, o depósito efetuado pelo autor será revestido, a título de multa a favor do réu, sem prejuízo da responsabilidade do autor pelas custas e demais despesas processuais.Ver IN 31/2007.De acordo com o art. 6 da referida IN, o depósito não será exigido da massa falida ou quando o autor da rescisória receber salário igual ou inferior a dois salários mínimos, ou declarar, sob as penas da lei, não ter condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento pp ou de sua família.

- Hipóteses de admissibilidade

Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

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V - violar literal disposição de lei;

Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;

Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;

a) Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz: Art. 391, 316, 317 do CP. A corrupção passiva pode ser comprovada no curso da pp rescisória. Não há necessidade de prévia condenação em processo criminal. b) Impedimento ou incompetência absoluta: a decisão proferida por juiz suspeito não pode ser atacada mediante AR.c) Dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou colusão entre as partes:

SUM-403 AÇÃO RESCISÓRIA. DOLO DA PARTE VENCEDORA EM DETRI-MENTO DA VENCIDA. ART. 485, III, DO CPC (conversão das Orienta-ções Jurisprudenciais nºs 111 e 125 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III, do CPC, o simples fato de a parte vencedora haver silenciado a respeito de fatos contrários a ela,porque o procedimento, por si só, não constitui ardil do qual resulte cerceamento de defesa e, em consequência, desvie o juiz de uma sentença não-condizente com a verdade. (ex-OJ nº 125 da SBDI-2 - DJ 09.12.2003)II - Se a decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte vencedora ou vencida, razão pela qual não é possível a sua desconstituição calcada no inci-so III do art. 485 do CPC (dolo da parte vencedora em detrimento da vencida), pois constitui fundamento de rescindibilidade que supõe solução jurisdicional para a lide. (ex-OJ nº 111 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

d) Violação da coisa julgada: a coisa julgaad que se impugna na AR é a coisa julgada material. Há quem advogue o cabimento da rescisória contra coisa julgada formal na hipótese do art. 267, V, do CPC, pois, neste caso, o art. 269 impede o ajuizamento de nova ação. Para BL esse entendimento colide com o caput do art. 485 do CPC, que só admite AR contra sentença de mérito.e) Violação de literal disposição de lei: aqui concerne à lei em sentido amplo: CF, LC, LO, LD, DL, MP, Resolução, decreto legislativo e decreto. Não importa se a lei é de direito material ou de direito processual.

OJ-SDI2-25 AÇÃO RESCISÓRIA. EXPRESSÃO "LEI" DO ART. 485, V, DO CPC. NÃO INCLUSÃO DO ACT, CCT, PORTARIA, REGULA-MENTO, SÚMULA E ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DE TRI-BUNAL (nova redação em decorrência da incorporação da Orientação Ju-risprudencial nº 118 da SBDI-II) - DJ 22.08.2005Não procede pedido de rescisão fundado no art. 485, V, do CPC quando se a-ponta contrariedade à norma de convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, portaria do Poder Executivo, regulamento de empresa e súmula ou orientação jurisprudencial de tribunal. (ex-OJ 25 da SDI-2, inserida em 20.09.2000 e ex-OJ 118 da SDI-2, DJ 11.08.2003)SUM-83 AÇÃO RESCISÓRIA. MATÉRIA CONTROVERTIDA (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 77 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - Não procede pedido formulado na ação rescisória por violação literal de lei se a decisão rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de inter-pretação controvertida nos Tribunais. (ex-Súmula nº 83 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

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O marco divisor quanto a ser, ou não, controvertida, nos tribunais, a interpretação dos dispositivos legais citados na AR é a data da inclusão, na OJ do TST, da matéria discutida (TST, S. 83, II).Se a sentença admite a vigência de uma lei que não mais vigora ou que ainda não está em vigor, havendo negativa de aplicação de um preceito legal, também é cabível AR.O TST tem exigido, para o cabimento de AR fundada em violação literal de dispositivo legal, pronunciamente explícito sobre o tema na sentença rescindenda quanto à matéria veiculada na rescisória:

SUM-298 AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLÊNCIA DE LEI. PREQUESTIONAMEN-TO (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 36, 72, 75 e 85, parte final, da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005I - A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de lei pressupõe pronun-ciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre a matéria veiculada. (ex-Súmula nº 298 - Res. 8/1989, DJ 14.04.1989)II - O prequestionamento exigido em ação rescisória diz respeito à matéria e ao enfoque específico da tese debatida na ação e não, necessariamente, ao dispositi-vo legal tido por violado. Basta que o conteúdo da norma, reputada como viola-da, tenha sido abordado na decisão rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto do prequestionamento. (ex-OJ nº 72 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)III - Para efeito de ação rescisória, considera-se prequestionada a matéria tratada na sentença quando, examinando remessa de ofício, o Tribunal simplesmente a confirma. (ex-OJ nº 75 da SBDI-2 - inserida em 20.04.2001)IV - A sentença meramente homologatória, que silencia sobre os motivos de convencimento do juiz, não se mostra rescindível, por ausência de prequestio-namento. (ex-OJ nº 85 da SBDI-2 - parte final - inserida em 13.03.2002 e altera-da em 26.11.2002)V - Não é absoluta a exigência de prequestionamento na ação rescisória. Ainda que a ação rescisória tenha por fundamento violação de dispositivo legal, é pres-cindível o prequestionamento quando o vício nasce no próprio julgamento, como se dá com a sentença "extra, citra e ultra petita". (ex-OJ nº 36 da SBDI-2 - inse-rida em 20.09.2000)

O STF já pacificou o entendimento segundo o qual não se aplica à ação rescisória o prequestionamento da matéria em relação à sentença rescindenda.A violação a texto de lei invocada em AR há de ser literal, frontal e direta.f) prova falsa: a falsidade pode ser material ou ideológica. Em ambos os casos, é cabível a AR. Mas é condição sine qua non que a prova falsa tenha sido o único ou principal fundamento da sentença rescidenda. Se a sentença também se apoiou em outra prova ou fundamento, independente da prova falsa, não há lugar para a rescisória.g) Obtenção de documento novo: este, para fins de cabimento da AR, é aquele cronologicamente velho, ou seja, ele já existia antes do trânsito em julgado da sentença rescidenda, mas o autor ignorava a sua existência ou, por razões alheias à sua vontade, dele não pôde dispor para instruir o processo originário. O ônus de provar tais fatos é do autor da rescisória, não se admitindo aqui a inversão do ônus da prova.

SUM-402 AÇÃO RESCISÓRIA. DOCUMENTO NOVO. DISSÍDIO COLETIVO. SENTENÇA NORMATIVA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 20 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005Documento novo é o cronologicamente velho, já existente ao tempo da decisão rescindenda, mas ignorado pelo interessado ou de impossível utilização, à época, no processo. Não é documento novo apto a viabilizar a desconstituição de julga-do:a) sentença normativa proferida ou transitada em julgado posteriormente à sen-tença rescindenda;b) sentença normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não exibida no processo principal, em virtude de negligência da parte, quando podia e deveria louvar-se de documento já existente e não ignorado quando emitida a decisão rescindenda. (ex-OJ nº 20 da SBDI-2 - inserida em

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20.09.2000)

Tb não se considera documento novo: a) o que já constava de registro público; b) aquele que deixou de ser produzido na ação principal por desídia ou negligência da parte em obtê-lo; c) o constituído após a sentença rescindenda.h) invalidação de confissão, desistência, ou transação: as sentenças devem estar baseadas nesses fatos.

SUM-404 AÇÃO RESCISÓRIA. FUNDAMENTO PARA INVALIDAR CONFIS-SÃO. CONFISSÃO FICTA. INADEQUAÇÃO DO ENQUADRAMENTO NO ART. 485, VIII, DO CPC O art. 485, VIII, do CPC, ao tratar do fundamento para invalidar a confissão co-mo hipótese de rescindibilidade da decisão judicial, refere-se à confissão real, fruto de erro, dolo ou coação, e não à confissão ficta resultante de revelia. (ex-OJ nº 108 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

i) erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa: considera-se erro, para fins de cabimento de AR, quando a sentença rescindenda admite um fato inexistente, ou quando considera inexistente um fato que realmente ocorreu. Contudo, nesses casos, há necessidade de que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. Havendo pronunciamento judicial sobre o fato, não caberá AR.

OJ-SDI2-103 AÇÃO RESCISÓRIA. CONTRADIÇÃO ENTRE FUNDA-MENTAÇÃO E PARTE DISPOSITIVA DO JULGADO. CABIMENTO. ERRO DE FATO (DJ 29.04.2003)É cabível a rescisória para corrigir contradição entre a parte dispositiva do acór-dão rescindendo e a sua fundamentação, por erro de fato na retratação do que foi decidido.OJ-SDI2-136 AÇÃO RESCISÓRIA. ERRO DE FATO. CARACTERIZA-ÇÃO (DJ 04.05.2004)A caracterização do erro de fato como causa de rescindibilidade de decisão ju-dicial transitada em julgado supõe a afirmação categórica e indiscutida de um fato, na decisão rescindenda, que não corresponde à realidade dos autos. O fato afirmado pelo julgador, que pode ensejar ação rescisória calcada no inciso IX do art. 485 do CPC, é apenas aquele que se coloca como premissa fática indis-cutida de um silogismo argumentativo, não aquele que se apresenta ao final desse mesmo silogismo, como conclusão decorrente das premissas que especifi-caram as provas oferecidas, para se concluir pela existência do fato. Esta última hipótese é afastada pelo § 2º do art. 485 do CPC, ao exigir que não tenha havido controvérsia sobre o fato e pronunciamento judicial esmiuçando as provas.

- Prazo e suspensão da execuçãoPrazo: 2 anos, contados do trânsito em julgado da última decisão proferida na causa. Esse prazo é decadencial, pois se trata de uma ação constitutiva. Não está sujeito à suspensão ou interrupção, salvo:

SUM 100 IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo de-cadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. A-plicação do art. 775 da CLT. (ex-OJ nº 13 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial (S. 100, III).No caso de colusão entre as partes, o prazo decadencial da AR somente começa a fluir para o MP, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude (S. 100, VI).Para contestar a ação, o prazo pode variar, a critério do juiz relator, entre 15 e 30 dias; aplicam-se a este as normas comuns do CPC.O TST – S. 405, II – nào admite a antecipação de tutela em sede de AR, visando à suspensão da execução da decisão rescindenda. Mas isso vai contra o novo art. 489 do CPC. Para BL devemos aplicar este último.

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- Revelia e confissão: a revelia na AR não produz confissão ficta, porque não há audiência perante o relator; nem presunção juris tantum do art. 319 do CPC – S. 389 do TST.É permitido o julgamento antecipado da lide nas hipóteses do art. 330, I:

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

- Jurisprudência

S. 249 do STF:É COMPETENTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA A AÇÃO RESCISÓRIA, QUANDO, EMBORA NÃO TENDO CONHECIDO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, OU HAVENDO NEGADO PROVIMENTO AO AGRAVO, TIVER APRECIADO A QUESTÃO FEDERAL CONTROVERTIDA.S. 252: NA AÇÃO RESCISÓRIA, NÃO ESTÃO IMPEDIDOS JUÍZES QUE PARTICIPARAM DO JULGAMENTO RESCINDENDO.S. 264:VERIFICA-SE A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE PELA PARALISAÇÃO DA AÇÃO RESCISÓRIA POR MAIS DE CINCO ANOS.S. 295:SÃO INADMISSÍVEIS EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA DECISÃO UNÂNIME DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM AÇÃO RESCISÓRIA.338: NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DO TRABALHO. - Não tem sido observada pelo TST pelo art. 836 da CLT.343: NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA POR OFENSA A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI, QUANDO A DECISÃO RESCINDENDA SE TIVER BASEADO EM TEXTO LEGAL DE INTERPRETAÇÃO CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS. 514: ADMITE-SE AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, AINDA QUE CONTRA ELA NÃO SE TENHA ESGOTADO TODOS OS RECURSOS. 515: A COMPETÊNCIA PARA A AÇÃO RESCISÓRIA NÃO É DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, QUANDO A QUESTÃO FEDERAL, APRECIADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU NO AGRAVO DE INSTRUMENTO, SEJA DIVERSA DA QUE FOI SUSCITADA NO PEDIDO RESCISÓRIO.

Ver pags: 1276 a 1288 do BL com as S. E Ojs do TST sobre o tema.

Da suspensão do processoA CLT somente prevê suspensão do processo nos casos de exceção de incompetência ou de suspeição ou ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência. O art. 775 da CLT permite que os prazos possam ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.A suspensão por morte ou por perda da capacidade processual de qualquer das partesm de seu representante legal ou de seu procurador é norma aplicável ao PT (art. 265, I, do CPC). Neste caso, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento. Ocorrendo esta situação: a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência; o processo só será suspenso a partir da publicação da sentença ou do acórdão.Tb pode ser suspenso o processo trabalhista por convenção das partes. A suspensão neste caso nunca poderá exceder 6 meses.A suspensão do processo em virtude de exceções (III) não se aplica ao PT tendo em vista a regra do art. 799 da CLT.Tb é aplicável a suspensão por dependência de julgamento de outro processo. O período de suspensão nunca poderá exceder 1 ano.A suspensão condicionada a fato ou a realização de prova requisitada, na primeira parte do art. 265,

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IV é aplicável ao PT. A segunda parte, que se refere a produção de prova não se aplica pelo fato de que a JT é especializada e a prova deve ser nela produzida e não requisitada de outro ramo.Em se tratando de requisição de produção de prova a um órgão da pp JT, por meio de carta precatória, somente haverá suspensão do processo se a prova nela solicitada apresentar-se imprescindível.A suspensão condicionada a julgamento de questão de estado também causa a suspensão do processo trabalhista. (Não entedi se o bezerra acha que sim ou não... pg 637).A suspensão por motivo de força maior também aplica-se ao PT.Para BL há outra hipótese de suspensão prevista no art. 104 do CDC, que é a suspensão do processo individual para aguardar decisão em processo coletivo.De acordo com o art. 266 do CPC que durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual. Não obstante, poderá o juiz determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável. O juiz poderá conceder as tutelas de urgência (antecipada ou cautelar), quando houver periculum in mora.

Habeas Corpus e Habeas Data

- HCNa esteira do TST, se a autoridade coatora for juiz do Tribunal Regional do Trabalho, a competência para julgar o HC será do STJ, a teor do art. 105, I, a e c, da CF. Se o decreto de prisão for prolatado por juiz, titular ou substituto de VT, a competência para julgar o HC será do TRT, com possibilidade de RO para o TST.O STF, porém, firmou entendimento de que a competência neste último caso é do TRF. Mas com a EC 45, não há mais dúvida acerca da competência da JT para processar e julgar HC.O TST vem admitindo HC nas hipóteses em que o paciente não assina o termo de depósito ou do depositário de penhora sobre coisa futura:

OJ-SDI2-89 "HABEAS CORPUS". DEPOSITÁRIO. TERMO DE DEPÓ-SITO NÃO ASSINADO PELO PACIENTE. NECESSIDADE DE ACEI-TAÇÃO DO ENCARGO. IMPOSSIBILIDADE DE PRISÃO CIVIL (inse-rida em 27.05.2002)A investidura no encargo de depositário depende da aceitação do nomeado que deve assinar termo de compromisso no auto de penhora, sem o que, é inadmis-sível a restrição de seu direito de liberdade.OJ-SDI2-143 “HABEAS CORPUS”. PENHORA SOBRE COISA FUTURA E INCERTA. PRISÃO. DEPOSITÁRIO INFIEL (alterada) – Res. 151/2008, DEJT divulgado em 20, 21 e 24.11.2008Não se caracteriza a condição de depositário infiel quando a penhora recair so-bre coisa futura e incerta, circunstância que, por si só, inviabiliza a materializa-ção do depósito no momento da constituição do paciente em depositário, autori-zando-se a concessão de “habeas corpus” diante da prisão ou ameaça de prisão que sofra.

Ao MPT é facultado impetrar HC na JT, por interpretação sistemática dos arts. 6, VI, 83, I e 84 da LC 75/93.A tramitação do HC prefere à de qualquer outro processo, sendo o msm julgado na primeira sessão, permitindo-se o adiamento para a sessão seguinte.O STF concede HC no caso de depositário infiel, tendo em vista o Pacto de San José da Costa Rica, que possui caráter de supralegalidade.

OJ-SDI2-156 “HABEAS CORPUS” ORIGINÁRIO NO TST. SUBSTITUTI-VO DE RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS”. CABIMEN-TO CONTRA DECISÃO DEFINITIVA PROFERIDA POR TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)É cabível ajuizamento de “habeas corpus” originário no Tribunal Superior do Trabalho, em substituição de recurso ordinário em “habeas corpus”, de decisão definitiva proferida por Tribunal

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Regional do Trabalho, uma vez que o órgão colegiado passa a ser a autoridade coatora no momento em que examina o méri-to do “habeas corpus” impetrado no âmbito da Corte local.

- HDTem por fim:a) acesso aos registros ou bancos de dados;b) retificação desses registros;c) complementação desses registros.Está previsto na CF e L. 9507/97.Além das condições genéricas inerentes a todas as ações, exige a prévia postulação administrativa.

Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.

Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:

I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;

II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou

III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.

Poderão ser legitimados ativos qualquer pf ou pj, bem como os entes despersonalizados que tenham capacidade processual, como a massa falida, o espólio, a herança jacente ou vacante, as sociedades de fato, o condomínio etc.No pólo passivo poderão figurar como legitimados os órgãos da administração pública direta ou indireta, bem como as instituições, entidades ou pjs de direito privado que prestem serviços para o público ou de interesse público, desde que seja depositárias de dados referentes às pfs ou pjs interessadas.O STF conheceu e deu provimento a REXt para indeferir HD impetrado por ex-empregada do BB, que, tendo seu pedido de readmissão negado, pretendia obter informações sobre sua ficha funcional. O STF considerou que o BB não tem legitimidade passiva para responder ao HD, uma vez que não figura como entidade governamental, e sim como explorador de atividade econômica, nem se enquadra no conceito de registros de caráter público a que se refere o art. 5, LXXII da CF.Competência:

Art. 20. O julgamento do habeas data compete:

I - originariamente:

a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;

c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;

d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;

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f) a juiz estadual, nos demais casos;

II - em grau de recurso:

a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores;

b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais;

c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;

d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;

III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.

O art. 102, II a da CF prevê a competência do STF para julgar, em grau de RO, o HD decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, salvo se denegatória a decisão.O aRT. 105, I, b, da CF estabelece a competência do STJ para o HD contra atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do pp Tribunal.Para BL, a competência será em princípio da VT.

Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo da petição, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar necessárias.Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data, ou se lhe faltar algum dos requisitos previstos nesta Lei.

Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15.

Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação(No PT cabe RO).

Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo.Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário para que o coator:

I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou bancos de dadas; ou

II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do impetrante.Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio, com aviso de recebimento, ou por telegrama, radiograma ou telefonema, conforme o requerer o impetrante.

Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou telefônica deverão ser apresentados à agência expedidora, com a firma do juiz devidamente reconhecida.

O pedido de HD poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.Os processos de HD terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto HC e MS. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a

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distribuição, forem conclusos ao relator.

Ações cautelares

- Medida cautelar e Ação cautelaresAs medidas cautelares formam a providência judicial que pode ser pleiteada em ações cautelares.Ação cautelar é o direito conferido ao demandante de pedir a tutela jurisdicional de igual nome. A ação cautelar é espécie de que a ação é gênero. Possui característica autônoma, abstrata e instrumental.

- Características:a) autonomia: dada a partir do CPC de 1973. O processo cautelar é assessório do principal – art. 796 do CPC. Na verdade, não é característica de todas, só existirá naqueles em que se exija um processo (ação) principal, tal como ocorre com as medidas cautelares de natureza jurisdicional.b) instrumentalidade: ela é instrumento para garantir o bom resultado de outro processo.c) urgência: periculum in mora;d) provisoriedade: art. 807 do CPC. Nem todas possuem esta característica, a ex. Das cautelares de natureza administrativa (justificação, protesto, notificação e interpelação).e) revogabilidade: salvo 2 exceções: quando o juiz pronuncia a prescrição ou decadência do direito do autor.

- Fumus Boni Iuris e Periculum in MoraAlém das condições genéricas exigidas para qualquer ação, como a possibilidade jurídica do pedido, o interesse processual e a legitimação para agir, as ações cautelares se subordinam a outras condições especiais: Fumus Boni Iuris e Periculum in Mora.O 1o consiste num juízo de probabilidade e verossimilhança do direito cautelar invocado, enquanto o periculum in mora consubstancia-se no perigo da demora processual, ou a probabilidade ou iminência do direito vindicato na dita ação principal pela dilação processual.Alguns autores sustentam que tais requisitos são o pp mérito da ação cautelar e outros os concebem como pressupostos.

- Poder geral de cautela: art. 798 do CPC. É aplicável ao PT. Não é arbitrário.

- Classificação:a) nominadas, típicas ou específicas: arroladas no CPC;b) inominadas, atípicas ou inespecíficas: as demais do procedimento geral dos arts. 796 a 812.As duas acima podem também ser:a) preparatórias ou antecedentes, que são aquelas ajuizadas antes da propositura da ação principal;b) incidentais, qua são aquelas ajuizadas quando já proposta ação principal.Existem também cautelares de natureza jurisdicional e administrativa. Estas são aquelas que a atuação do juiz não abre espaço para a chamada lide cautelar. Aquelas exigem prestação jurisdicional por meio de sentença cautelar.

- ProcedimentoNo que concerne às cautelares inespecíficas ou inominadas, o procedimento é o previsto nos arts. 801 a 813 do CPC.Já as cautelares específicas possuem ritos, pressupostos e condições nos arts. 813 a 887 do CPC.A competência para julgá-las está no art. 800 do CPC. Deve-se levar em contra o art. 651 da CLT.Os requisitos estão no art. 801 do CPC. BL diz que são imprescindíveis ao PT os incisos I, II, III e IV. Quanto ao V a CLT diz que as provas serão produzidas em audiência.A defesa do réu deve ser apresentada em audiência, após a tentativa de conciliação e, malogradno esta, proferirá sentença.

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Desta cabe RO para p TRT.Cessa a eficácia da MC nos termos do art. 808 do CPC.Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal.

- MC específicasa) Arresto: tem por objeto a apreensão judicial dos bens integrantes do patrimônio econômico do devedor, suficientes à garantia da dívida. A finalidade do arresto é eliminar o perigo de comprometer o sucesso de futura execução.Tem lugar nas hipóteses do art. 813 do CPC:

Art. 813. O arresto tem lugar:

I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;

II - quando o devedor, que tem domicílio:

a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;

b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores;

III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às dívidas;

IV - nos demais casos expressos em lei.

São requisitos para a concessão:a) prova literal de dívida líquida e certa;b) prova documental ou justificação de alguns casos de perigo de dano jurídico mencionados no art. 813 do CPC.

Art. 814 Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de concessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando o devedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se., bem como o acordo homologado em juízo e não cumprido (art. 876).

Os TACS e o termo de conciliação firmado perante a CCP também se equiparam à sentença para fins de comprovação de dívida líquida e certa.Os bens impenhoráveis não podem ser objeto de arresto.

b) Sequestro: Pode ser ajuizada antes ou no curso da ação principal. Seu objetivo consiste em garantir a execução para a entrega de determinado bem litigioso, mediante a apreensão judicial deste e sua guarda por depositário, para que venha a ser entregue, em bom estado de conservação a quem for determinado no final julgamento do processo principal. No PT cabe apenas na apreensão de coisa. Assim, não é admitido se acautelatório (art. 882 I e II). Diferenças para o arrestro: este incide apenas sobre bens alheios à obrigação discutida em juízo, ou seja, qualquer bem, tento por objeto assegurar o cumprimento de futura execução, enquanto o sequestro incide sobre os pp bens que constituem o objeto da obrigação, tendo por escopo evitar o perecimento e desaparecimento da coisa. No sequestro objetiva-se preservar a coisa litigiosa e no arresto, o cumprimento da obrigação.No PT só tem lugar o sequestro de coisas.O sequestro do art. 731 do CPC é aplicável na hipótese de preterição do credor de precatório devido pela FP.

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c) Busca e apreensão: destinada em caráter incidental ou antecedente. Admitem-se, em alguns casos, ela com vistas à efetivação de outra providência cautelar, como no caso de ser desviado o bem objeto do arresto.No PT somente se admite para coisas.A petição inicial deverá atender aos requisitos previstos nos arts. 801 e 282 do CPC.

Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:

I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;

II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;

III - a lide e seu fundamento;

IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;

V - as provas que serão produzidas.

Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em procedimento preparatório.

Art. 840. Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado.

A medida poderá ser deferida inaudita altera pars, sendo facultado ao juiz determinar a justificação prévia.

Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que conterá:

I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;

II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a Ihe dar;

III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.

Havendo obstáculo à efetivação da medida, os oficiais poderão proceder ao arrombamento de portas ou remover os obstáculos que impeçam o acesso à coisa buscada.Os oficiais serão acompanhados de 2 testemunhas. Finda a diligência, lavrar-se-á auto circunstanciado, assinado pelas testemunhas.

d) Exibição: pode ter por objeto a mostragem em juízo de documentos públicos ou privados, coisas móveis, inscrições contábeis que estejam em poder de terceiro e tenham pro objeto instruir o futuro processo principal, a ser instaurado. Só é admitida como preparatória da principal.

e) Produção antecipada de provas: Pode ter por fim:

Art. 846. A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.Art. 848. O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova.Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os interessados a comparecer à audiência em que prestará o depoimento.

Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame pericial, nos termos dos arts. 420 a 439 do CPC.

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f) Justificação: tem por objeto provar a existência de algum fato ou relação jurídica, seja como simples documentação sem caráter contencioso, seja como meio de prova em um processo judicial. Está regulado nos arts. 861 a 866 do CPC. Nela o juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se a verificar se foram observadas as formalidades legais.

g) Protesto, notificação e interpelação: são medidas nominadas típicas, de natureza administrativa, colocadas à disposição de qualquer pessoa interessada em prevenir responsabilidade, prover a conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. Estamos diante de medidas cautelares de natureza administrativa e satisfativa, razão pela qual conservam a eficácia original, mesmo após decorridos 30 dias de sua efetivação.Protesto:

Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intime a quem de direito.

O TST reconhece o protesto para interromper a prescrição – OJ 370 da SBDI-1.O protesto ou interpelação não admite defesa nem contraprotesto nos autos, Todavia, o requerido pode contraprotestar em processo distinto (CPC, art. 871).Feita a intimação, ordenará o juiz que, pagas as custas, e decorridas quarenta e oito horas, sejam os autos entregues à parte independentemente de translado.

h) Atentado:

Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:

I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;

II - prossegue em obra embargada;

III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.

É ação cautelar que tem por objeto restaurar o estado de fato inicial da lide em razão de algum ato ilegítimo ou ilegal praticado por uma parte causando prejuízo à outra. Os atos praticados por juiz, advogado ou serventuário não empolgam a cautelar de atentado, mesmo que impliquem alteração legal do estado de fato da lide e prejuízo às partes.A sentença que julgar procedente a ação ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado. Além disso, a sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em consequência do atentado.