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Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosadanas Apresentações Existentes no Mercado
Paulo Vinícius Nascimento Paes Barreto*
Hertaline Menezes do Nascimento**
Allan Dantas dos Santos***
Glauco Pacifico dos Santos****
Joseilze Santos de Andrade*****
Esta pesquisa visou estudar a viabilidade de compra de soro fisioló-
gico a 0,9% e soro glicosado a 5% nas apresentações existentes no
mercado, para serem usados na Clínica Pediátrica do Hospital Uni-
versitário da Universidade Federal de Sergipe (HU/UFS), bem como
realizar um estudo comparativo do custo final do uso das apresenta-
ções dos soros e propor um protocolo de utilização das soluções de
acordo com o volume prescrito, objetivando menores custo e desper-
dício. Trata-se de um estudo documental, de cunho quantitativo, rea-
lizado no referido Hospital, na cidade de Aracaju. A coleta de dados
ocorreu durante o mês de julho de 2006, através da exploração dos
prontuários dos pacientes internados na Clínica Pediátrica, sendo as
informações registradas num roteiro de coleta de dados. Os resultados
demonstraram que é viável a compra das apresentações de 125mL e
de 250mL, em virtude da redução dos custos hospitalares, mas tam-
bém é necessária a embalagem de 500mL, que é a comumente encon-
trada no HU/UFS. Através de quadros comparativos dos custos finais
pode-se sugerir uma padronização para o uso intravenoso das solu-
ções citadas, de acordo com a posologia. Evidenciou-se, ainda, que
para prescrições com posologia superior a uma vez ao dia, a utilização
do equipo bureta representa uma significativa economia.
PALAVRAS-CHAVE: Custos hospitalares; Soro Fisiológico; Soro Glicosado.
Re
su
mo
* Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]
** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]
*** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]
**** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]
*****Professora Assistente do Departamento de Enfermagem e Nutrição daUniversidade Federal de Sergipe. E-mail: [email protected]
Revista da Fapese, v.3, n. 1, p. 65-86, jan./jun. 2007
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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
1. introdução
Diante de um cenário globalizado, a liderança em
redução de custos passou a ser uma vantagem compe-
titiva das empresas, devendo fazer parte de sua estra-
tégia. A busca pelo menor custo, sem afetar a funcio-
nalidade e a qualidade dos produtos/serviços, precisa
ser uma meta sempre presente nas empresas que ten-tam alcançar o sucesso empresarial.
Também no ambiente hospitalar o objetivo é a redu-
ção dos gastos. Sabe-se que os recursos materiais repre-
sentam cerca de 30% a 45% do capital das organizações
hospitalares, por isso a forma de administrá-los reflete-se nos custos e na produtividade (Kurcgant, 1991).
Com base na apuração e no controle dos custos
hospitalares, a administração de recursos materiais
permite a implantação de medidas corretivas que vi-
sam melhorar o desempenho da unidade, à medidaque se faz a racionalização do uso desses recursos, o
que eleva a produção e diminui o desperdício.
Nesse ambiente hospitalar, a enfermagem vem se
tornando uma grande usuária dos materiais, pelo nú-
mero crescente de procedimentos. O enfermeiro, comosupervisor da equipe, é o profissional responsável pelas
atividades de gerenciamento de materiais na unidade
de trabalho, seja nas instituições privadas que pelas
regras do mercado necessitam ter preço competitivo,
ou nas públicas que, devido ao orçamento restrito,
precisam de maior controle do consumo e dos custospara não privar funcionários e clientes do material
necessário (Kurcgant, 2005).
O interesse pelo estudo sobre custos relacionados
ao uso de solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9%
(Soro Fisiológico) e solução glicosada a 5% (SoroGlicosado) evidenciou-se no oitavo período curricular
do curso de Enfermagem Bacharelado durante a disci-
plina Administração em Enfermagem Hospitalar, pelo
despertar da importância de se conhecer os custos
ocasionados ao desprezar significativa quantidade de
mililitros (mL) das soluções durante a realização dopreparo das medicações intravenosas.
Uma vez que a apresentação de 500 mL é a forma
mais utilizada no Hospital Universitário da Universi-dade Federal de Sergipe (HU/UFS), para atenderem
prescrições médicas em que há necessidade de utili-
zar frações dessa quantidade, como por exemplo 200mL
de SG a 5% intravenoso (IV) para 24h, os profissio-
nais não encontram outra solução senão desprezar o
volume excedente, que pode contribuir para o desper-dício de água, sais, glicose e outras matérias-primas.
Diante do exposto, pretendeu-se investigar a viabili-
dade de compra de soluções fisiológica e glicosada nas
apresentações existentes no mercado. Para essa investi-
gação, procurou-se responder aos seguintes questiona-mentos: qual o custo final do uso das diversas apresen-
tações de soro fisiológico e soro glicosado? É possível
elaborar um protocolo de uso de soro fisiológico e soro
glicosado de acordo com a prescrição médica?
Tendo conhecimento da escassez de pesquisas naárea de gerenciamento de materiais em saúde, este tra-
balho pretende conscientizar os estudantes e profissi-
onais da enfermagem sobre a importância da adminis-
tração, como ferramenta indispensável na prestação
de uma assistência de qualidade. Pretende-se, ainda,
servir de subsídio para os gerentes do referido hospi-tal no sentido de proporcionar a compra das soluções
fisiológica e glicosada nas diversas apresentações.
2. Materiais e métodos
Para esta pesquisa foi utilizado o método quantita-
tivo, que se caracteriza pelo emprego da quantificação
tanto nas modalidades de coleta de informações, quan-
to no tratamento delas por meio de técnicas estatísti-
cas (Richardson, 1999). Garante, assim, a precisão dos
resultados, à medida que evita a distorção da análise einterpretação dos dados. A pesquisa realizada tratou-
se de um estudo documental, pelo fato de as informa-
ções terem sido coletadas em prontuários.
O estudo foi desenvolvido na Clínica Pediátrica do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe(HU/UFS), que apresenta 20 leitos de internamento.
67Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
A escolha da Clínica Pediátrica residiu no fato de
esta apresentar significativa parcela de prescriçõesmédicas em que há necessidade de diluir os medica-
mentos em porções fracionadas das soluções.
A coleta de dados foi realizada no mês de julho de
2006, através da exploração dos prontuários dos paci-
entes internados na Clínica Pediátrica do HU/UFSdurante os meses de maio, junho e julho de 2006, por
meio de um roteiro de coleta de dados, que permite
anotar a prescrição médica: data, nome da droga, o
volume requerido de soro fisiológico e de soro
glicosado, bem como o uso diário.
Precedendo à análise propriamente dita, foi feita
uma organização dos dados coletados.
A análise de dados abrangeu o estudo comparativo do
custo do uso das soluções fisiológica e glicosada. Através
da aplicação dos cálculos de porcentagem via regra de trêssimples, pôde-se chegar ao percentual de economia ao se
utilizar a apresentação de menor custo final. Assim, suge-
riu-se um protocolo de uso de tais soluções para o preparo
de medicamentos intravenosos. A apresentação dos da-
dos foi feita através de quadros demonstrativos, para me-
lhor visualização e entendimento das informações.
3. Análise e discussão dos dados
Para a obtenção dos resultados a seguir, foram
analisadas as folhas de prescrição médica dos pron-
tuários de 68 pacientes internados na Clínica
Pediátrica do Hospital Universitário da Universida-de Federal de Sergipe (HU/UFS), durante o período
de coleta de dados. Foram anotadas as prescrições
médicas diárias de soluções intravenosas que reque-
riam como diluentes as soluções fisiológica ou
glicosada.
As medicações encontravam-se prescritas de acor-
do com as posologias de uma, duas, três e quatro ve-
zes ao dia, sendo necessário, na maioria das vezes,
utilizar frações do volume padrão em mililitro (mL)
encontrado nas embalagens dessas soluções. Assim,
pôde-se realizar um estudo comparativo do custo douso das soluções em questão com os equipos tipo
macrogotas e tipo bureta, propondo uma maneira de
utilizar tais recursos de forma que resultem em menor
custo para a instituição hospitalar e para o meio ambi-
ente.
3.1 ESTUDO COMPARATIVO DO CUSTO DO USO DE SF E SG
Para o estudo foram obtidos os preços dos produ-
tos através de pesquisa no Guia Farmacêutico
Brasíndice nº 617 - 20 de julho de 2006 e no setor deAlmoxarifado do HU/UFS.
Consultando três fornecedores obteve-se o custo
médio unitário de cada produto, assim como o custo
por mililitro para cada apresentação dos soros, de-
monstrado no quadro 1.
Quadro 1 - Distribuição do custo médio unitário de SF, SG e equipos. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Custo médio unitário (R$) Custo por mL (R$)
SF 0,9% 125mL 1,10 0,0088
SF 0,9% 250mL 1,28 0,0051
SF 0,9% 500mL 1,67 0,0033
SG 5% 125mL 1,05 0,0084
SG 5% 250mL 1,33 0,0053
SG 5% 500mL 1,86 0,0037
Equipo macrogotas 0,61 -
Equipo bureta 2,00 -
Fonte: Brasíndice 2006 e Almoxarifado do HU/UFS.
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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
No quadro 1, pode-se observar que o preço por
mililitro das apresentações de 500mL é menor em re-lação ao das outras apresentações. Entretanto, usá-la
nem sempre é a melhor opção, conforme será exposto.
3.1.1 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO UMA VEZ AO DIA
Para esta posologia somente será utilizado o equi-
po macrogotas, em virtude de a maioria das prescri-
ções ser de soro conjugado, ou seja, combinação entre
os soros fisiológico e glicosado, cuja quantidade exce-
de o valor em mililitros (mL) que o equipo bureta com-
porta (100mL), graduação mais encontrada no HU/UFS.
Por orientação da Comissão de Controle de Infec-
ção Hospitalar (CCIH) o equipo macrogotas é trocado
a cada 24 horas e o equipo bureta tem validade por 72
horas.
Como exemplo pode-se citar: SG 5% (400mL) +
SF 0,9% (100mL) + Bicarbonato de sódio intravenoso
(IV), uma vez ao dia.
Nesta prescrição utiliza-se de uma embalagem de
cada solução por dia. Multiplicando-se a quantidade
de cada produto pelo seu custo médio unitário, che-
gou-se ao valor do custo parcial, referente ao custo douso nas 24h, conforme mostra o quadro 2. Também se
pode observar o volume desprezado por cada apre-
sentação.
No quadro 3 visualizam-se os custos finais do uso
conjugado de SF e SG, em valores diários, obtidosatravés da soma dos custos parciais dos produtos ne-
cessários para atender a prescrição médica. O volume
desprezado final em cada associação dos produtos tam-
bém se encontra no quadro 3.
De acordo com o quadro 3, pode-se observar que acombinação de menor custo é aquela que faz uso do
SF na apresentação de 125mL (R$ 3,57).
Quando se usa a apresentação de 500mL de SF,
forma comumente encontrada no HU/UFS, obtém-se
o custo mais alto (R$ 4,14).
É possível calcular o valor percentual dos custos
finais, aplicando-se o cálculo de porcentagem via re-
gra de três simples, em que o valor maior é igual a
100% e o menor valor é igual a x%, ou seja, o valor
que se quer calcular. Assim, tem-se:
Quadro 2 - Distribuição do custo parcial de SG e SF e volume desprezado, com prescrição de uso uma vez ao dia, comequipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)
SG 500mL 01 1,86 1,86 100SF 125mL 01 1,10 1,10 25SF 250mL 01 1,28 1,28 150SF 500mL 01 1,67 1,67 400Equipo macrogotas 01 0,61 0,61 -
Fonte: Coleta de dados, 2006.
Quadro 3 - Distribuição do custo final de SG e SF e volume desprezado final, com prescrição de uso uma vez ao dia, comequipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produtos Custo final (R$) Volume desprezado final (mL)
SG 500mL + SF 125mL + eq. macrogotas 3,57 125SG 500mL + SF 250mL + eq. macrogotas 3,75 250SG 500mL + SF 500mL + eq. macrogotas 4,14 500
Fonte: Coleta de dados, 2006.
69Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Utilizar a apresentação de 125mL de SF representaaproximadamente 86% do custo final relacionado ao
uso da apresentação de 500mL de SF, conforme o cál-
culo:
(SG 500mL + SF 500mL) R$ 4,14 -- 100%(SG 500mL + SF 125mL) R$ 3,57 -- x% 4,14 x = 357 x = 86%
Economiza-se 14% (100% - 86%) ou R$ 0,57, para
atender a prescrição de um paciente em um dia, o que
evidencia a viabilidade de se ter a apresentação de125mL na instituição, neste exemplo.
Com relação ao volume desprezado, observa-se que
a combinação composta pela apresentação de 500mL
de SF é a que proporciona maior volume descartado
(500mL), enquanto que com a apresentação de 125mLde SF há o menor volume desprezado (125mL).
No exemplo proposto, mostrou-se a vantagem para
o hospital em utilizar a apresentação de 125mL de SF,
pois esta resulta em menor custo final e menos des-
perdício de matérias-primas (água, sais, plástico), bemcomo contribui para a preservação do meio ambiente.
3.1.2 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO DUAS VEZES AODIA
Para a posologia de 12/12h, pode-se utilizar tanto o
equipo macrogotas como o tipo bureta, pois foram
encontradas prescrições que requeriam valores
diluentes menores ou iguais a 100mL, volume máxi-
mo da bureta encontrada no HU/UFS.
Para esta análise, segue o exemplo: Profenid IV em
100mL de SF ou SG, 12/12 horas, enfatizando o uso
da solução com os equipos macrogotas e bureta.
No primeiro caso (equipo macrogotas), usam-seduas embalagens das soluções fisiológica ou glicosada
e um equipo macrogotas, no mínimo, atendendo a
prescrição de doze em doze horas.
Foram comparados os custos entre as apresenta-
ções dos dois soros. Multiplicou-se a quantidade ne-cessária de cada produto pelo custo médio unitário,
chegando-se ao valor do custo parcial, conforme qua-
dro 4. Também pode ser observado o volume despre-
zado por cada apresentação.
O somatório dos custos parciais dos produtos usa-dos para atender a prescrição médica resulta nos se-
guintes custos finais, demonstrados no quadro 5, in-
cluindo o volume desprezado final.
Maior custo final -- 100%
Menor custo final -- x%
Quadro 4 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 12/12horas, com equipomacrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)
SF 125mL 02 1,10 2,20 25SF 250mL 02 1,28 2,56 150SF 500mL 02 1,67 3,34 400SG 125mL 02 1,05 2,10 25SG 250mL 02 1,33 2,66 150SG 500mL 02 1,86 3,72 400Equipo macrogotas 01 0,61 0,61 -
Fonte: Coleta de dados, 2006.
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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
Conforme visualizado no quadro 5, tanto para a
solução fisiológica quanto para a glicosada, o uso das
apresentações de 125mL resulta em menor custo final
para o hospital, R$ 2,81 e R$ 2,71, respectivamente.
Ao utilizar as apresentações de 500mL de SF e SGobtêm-se os maiores custos finais, R$ 3,95 e R$ 4,33,
respectivamente.
O valor percentual do custo final para o uso da
apresentação de 125mL é de aproximadamente 71%
para SF e de 63% para SG, com relação ao custo finaldo uso da apresentação de 500mL das soluções, de
acordo com os cálculos a seguir:
(02SF de 500mL) R$ 3,95 -- 100%(02SF de 125mL) R$ 2,81 -- x%
3,95 x = 281 x = 71%
(02SG de 500mL) R$ 4,33 -- 100%(02SG de 125mL) R$ 2,71 -- x%
4,33 x = 271 x = 63%
Usando SF a economia é de 29% (100% - 71%) ouR$ 1,14 e para SG a economia é de 37% (100% - 63%)
ou R$ 1,62, atendendo a prescrição de um paciente
em um dia, comprovando a necessidade de possuir a
apresentação de 125mL na instituição.
Quanto ao volume desprezado, pode-se observarque o menor valor provém do uso das apresentações
de 125mL e corresponde a 50mL, enquanto que para
as apresentações de 500mL o desperdício é de 800mL,
ou seja, valor 16 vezes maior.
Por conseguinte, ao se utilizar as apresentações de
125mL com equipo macrogotas, em prescrição de uso
duas vezes ao dia, paga-se menos e o desperdício é
menor.
No segundo caso (equipo bureta), deve-se multi-
plicar o número dois, que corresponde ao número de
administrações do medicamento em um dia, pelo nú-
mero três, correspondente ao máximo de dias de vali-
dade do equipo, resultando no valor seis, ao qual se
deve multiplicar a quantidade de mililitros (mL) pres-critos, para se obter o volume requerido em três dias.
No exemplo, o volume diluente é de 100mL, para
atender um horário da administração em um dia. Para
três dias deve-se multiplicar 100mL por seis, resul-tando um volume total de 600mL.
Para atender tal valor, há quatro alternativas: po-
dem-se utilizar cinco embalagens de SF ou SG de
125mL (total= 625mL) ou três embalagens de SF ou
SG de 250mL (total= 750mL) ou duas embalagens deSF ou SG de 500mL (total= 1000mL) ou ainda uma
embalagem de 500mL com uma embalagem de 125mL
de SF ou SG (total= 625mL).
O produto entre a quantidade utilizada pelo custo
médio unitário, custo parcial, está disponível no qua-dro 6. Também se verifica o volume desprezado, isto
é, o resultado da diferença entre o volume produzido
pelas apresentações e o volume solicitado, que
corresponde a 600mL, pelo exemplo.
Quadro 5 - Distribuição do custo final de SF e SG e volume desprezado final, com prescrição de 12/12 horas, com equipomacrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produtos Custo final (R$) Volume desprezado final (mL)
02 SF 125mL + eq. macrogotas 2,81 5002 SF 250mL + eq. macrogotas 3,17 30002 SF 500mL + eq. macrogotas 3,95 80002 SG 125mL + eq. macrogotas 2,71 5002 SG 250mL + eq. macrogotas 3,27 30002 SG 500mL + eq. macrogotas 4,33 800
Fonte: Coleta de dados, 2006.
71Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Quando se somam os custos parciais das soluções
fisiológica ou glicosada com o custo da bureta obtêm-
se os seguintes custos finais, quadro 7.
Como demonstrado no quadro 7, a associação en-tre as apresentações de 500mL e de 125mL representa
o menor custo final, tanto para a solução fisiológica
como para a glicosada, R$ 4,77 e R$ 4,91, respectiva-
mente. O custo final da associação de duas unidades
de 500mL é de R$ 5,34 para SF e R$ 5,72 para SG,forma mais comum no HU/UFS.
O valor percentual do custo final para o uso da
associação de uma unidade da apresentação de 500mL
com uma unidade da apresentação de 125mL é de
aproximadamente 89% para SF e de 86% para SG, aose comparar com a apresentação de 500mL, como
mostram os cálculos:
(02 SF 500mL) R$ 5,34 -- 100%(01 SF 500mL + 01 SF 125mL) R$ 4,77 -- x% 5,34 x = 477 x = 89%
(02 SG 500mL) R$ 5,72 -- 100%(01 SG 500mL + 01 SG 125mL) R$ 4,91 -- x% 5,72 x = 491 x = 86%
A economia é de 11% (100% - 89%) ou R$ 0,57
para SF. Para SG a economia é de 14% (100% - 86%)
ou R$ 0,81, atendendo a prescrição de um paciente
em um dia, mais uma vez comprovando a necessida-
de de possuir a apresentação de 125mL no hospital.
Com relação ao volume desprezado, pode-se ob-
servar que o menor valor provém do uso da associa-
ção entre a apresentação de 500mL com a de 125mL,
que corresponde a 25mL, enquanto que ao utilizar as
Quadro 6 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 12/12 horas, em equipobureta, com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)
SF 125mL 05 1, 10 5, 50 25SF 250mL 03 1, 28 3, 84 150SF 500mL 02 1, 67 3, 34 400SF 500mL + SF 125mL 01 + 01 1, 67 + 1, 10 2, 77 25SG 125mL 05 1, 05 5, 25 25SG 250mL 03 1, 33 3, 99 150SG 500mL 02 1, 86 3, 72 400SG 500mL + SG 125mL 01 + 01 1, 86 + 1, 05 2, 91 25Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -
Fonte: Coleta de dados, 2006.
Quadro 7 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 12/12 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produtos Custo final (R$)
05 SF 125mL + eq. bureta 7, 5003 SF 250mL + eq. bureta 5, 8402 SF 500mL + eq. bureta 5, 3401 SF 500mL + 01 SF 125mL + eq. bureta 4, 7705 SG 125mL + eq. bureta 7, 2503 SG 250mL + eq. bureta 5, 9902 SG 500mL + eq. bureta 5, 7201 SG 500mL + 01 SG 125mL + eq. bureta 4, 91
Fonte: Coleta de dados, 2006.
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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
duas unidades de 500mL despreza-se 400mL, valor
16 vezes maior.
Conhecendo os valores dos custos finais do uso
de SF e SG em equipos macrogotas (quadro 5) e bureta
(quadro 7), pode-se calcular qual combinação repre-
senta o menor custo para a instituição hospitalar.
De acordo com o exemplo, o menor custo final com
equipo macrogotas foi de R$ 2,81 (SF) e de R$ 2,71
(SG), em valores diários, correspondente ao uso de
duas unidades da apresentação de 125mL.
Para comparar com o equipo bureta, deve-se multi-plicar os valores por três, pelo fato de a bureta ter vali-
dade para três dias, obtendo-se R$ 8,43 (SF) e R$ 8,13
(SG). Com o equipo bureta, o menor custo final foi de
R$ 4,77 (SF) e de R$ 4,91 (SG), resultante do uso de
uma apresentação de 500mL com uma de 125mL.
Assim, o percentual do custo final para o equipo
bureta é de aproximadamente 57% com SF e de 60%
com SG, comparando-se com o uso do equipo
macrogotas, de acordo com os cálculos:
(SF + macrogotas) R$ 8,43 -- 100%(SF + bureta) R$ 4,77 -- x% 8,43 x = 477 x = 57%
(SG + macrogotas) R$ 8,13 -- 100%(SG + bureta) R$ 4,91 -- x% 8,13 x = 491 x = 60%
Para SF, economiza-se 43% (100% - 57%) ou R$
3,66 e para SG a economia é de 40% (100% - 60%) ou
R$ 3,22, atendendo a prescrição de um paciente paratrês dias.
Portanto, é mais viável para o hospital utilizar
as soluções fisiológica ou glicosada no equipo
bureta, para administração de medicamentos em
posologia de mais de uma vez ao dia. No exemplo,mostra-se a viabilidade de compra da apresentação
de 125mL.
Pode-se proceder da mesma maneira para diferen-
tes drogas e volumes prescritos. Calcula-se o volume
total, para três dias, pelo produto entre o valor seis e ovolume diluente prescrito.
No quadro 8, pode ser verificada qual a apre-
sentação ou combinação de apresentações de me-
nor custo para a instituição hospitalar, usando os
volumes freqüentemente prescritos, com base naobservação do roteiro de coleta de dados. O custo é
final porque já está acrescido do valor da bureta
(R$ 2,00).
Quadro 8 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 12/12 horas, em equipo bureta, de acordo com ovolume prescrito. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Volume VolumeQuantidade por apresentação
SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado
(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)
20 120 1 - - 3, 10 3, 05 5
- 1 - 3, 28 3, 33 130
- - 1 3, 67 3, 86 380
25 150 - 1 - 3, 28 3, 33 100
- - 1 3, 67 3, 86 350
30 180 - 1 - 3, 28 3, 33 70
- - 1 3, 67 3, 86 320
50 300 1 1 - 4, 38 4, 38 75
- - 1 3, 67 3, 86 200
Fonte: Coleta de dados, 2006.
73Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Para 20mL de volume prescrito, o volume total em
três dias é de 120mL. O menor custo final para aten-der tal volume resulta do uso de uma unidade da apre-
sentação de 125mL, R$ 3,10 (SF) e R$ 3,05 (SG). Esta
apresentação também promove o menor volume des-
prezado, 5mL.
Para volume prescrito de 25mL e de 30mL, o volu-me total é de 150mL e de 180mL, respectivamente.
Assim, o custo final menor resulta do uso de uma
apresentação de 250mL, R$ 3,28 (SF) e R$ 3,33 (SG).
Tal apresentação despreza o menor volume.
Para prescrição de 50mL, é mais barato usar a apre-sentação de 500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86, embora
despreze mais (200mL), em comparação com os 75mL
desprezados pela associação entre as apresentações de
125mL e de 250mL.
Percebe-se que para cada prescrição de volume diluentehá a necessidade de se utilizar determinada apresenta-
ção, tendo em vista a redução das despesas hospitalares.
3.1.3 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO TRÊS VEZES AO DIA
Constatada a soberania do equipo bureta em rela-ção ao macrogotas, este não será abordado nos cálcu-
los. Para esta análise, tem-se o exemplo: Profenid IV
em 100mL de SF ou SG, 8/8 horas.
Usando o equipo bureta deve-se multiplicar o
número três, que corresponde ao número de admi-
nistrações do medicamento em um dia, pelo nú-
mero três, correspondente ao máximo de dias de
validade do equipo, resultando no valor nove, aoqual se deve multiplicar a quantidade de mililitros
(mL) prescritos, para se obter o volume requerido
em três dias.
No exemplo, o volume diluente é de 100mL, para
atender um horário da administração em um dia. Paratrês dias deve-se multiplicar 100mL por nove, resul-
tando um volume total de 900mL.
Para atender tal valor, existem três opções: podem-
se utilizar oito embalagens de SF ou SG de 125mL
(total= 1000mL) ou quatro embalagens de SF ou SGde 250mL (total= 1000mL) ou duas embalagens de SF
ou SG de 500mL (total= 1000mL). O custo parcial de
cada produto está disponível no quadro 9, assim como
o volume desprezado.
Os custos finais, somatório dos custos parciais,estão no quadro 10.
Quadro 9 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta,com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)
SF 125mL 08 1, 10 8, 80 100SF 250mL 04 1, 28 5, 12 100SF 500mL 02 1, 67 3, 34 100SG 125mL 08 1, 05 8, 40 100SG 250mL 04 1, 33 5, 32 100SG 500mL 02 1, 86 3, 72 100Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -
Fonte: Coleta de dados, 2006
7474
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
Conforme verificado no quadro 10, o menor custo
final resultou do uso de duas unidades da apresenta-
ção de 500mL e representa R$ 5,34 (SF) e R$ 5,72
(SG). Neste caso, a melhor opção coincide com a apre-
sentação mais encontrada no HU/UFS.
Este cálculo também pode ser feito para diferentes
drogas e volumes prescritos. Calcula-se o volume to-
tal, para três dias, pelo produto entre o valor nove e o
volume diluente prescrito, quadro 11.
Para volume prescrito de 20mL e de 25mL, o volumetotal é de 180mL e de 225mL, respectivamente, para três
dias. A utilização de uma unidade da apresentação de 250mL
resulta no menor custo final, R$ 3,28 (SF) e R$ 3,33 (SG).
Também se observa o menor volume desprezado.
Para volume prescrito de 30mL, o volume total éde 270mL. A apresentação de 500mL representa o
menor custo final, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86. Entretanto,
desperdiça mais se comparado com a associação entre
as apresentações de 125mL e de 250mL.
Para prescrição de 50mL, utiliza-se a apresentação
de 500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86 (SG), para atender a
prescrição com volume total de 450mL.
3.1.4 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO QUATRO VEZES AO DIA
Com equipo bureta, deve-se multiplicar o número
quatro, que corresponde ao número de administra-
ções do medicamento em um dia, pelo número três,
correspondente ao máximo de dias de validade do
equipo, resultando no valor doze, ao qual se devemultiplicar o volume prescrito, para se obter o volu-
me em três dias.
Nesta análise, segue o exemplo: Profenid IV em
100mL de SF ou SG, 6/6 horas.
O volume diluente é de 100mL, para atender uma
administração por dia. Para três dias deve-se multipli-
car 100mL por doze, resultando um volume total de
1200mL.
Quadro 11 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta, de acordo com o volumeprescrito. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Volume VolumeQuantidade por apresentação
SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado
(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)
20 180 - 1 - 3, 28 3, 33 70- - 1 3, 67 3, 86 320
25 225 - 1 - 3, 28 3, 33 25- - 1 3, 67 3, 86 275
30 270 1 1 - 4, 38 4, 38 105- - 1 3, 67 3, 86 230
50 450 - - 1 3, 67 3, 86 50
Fonte: Coleta de dados, 2006.
Quadro 10 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produtos Custo final (R$)
08 SF 125mL + eq. bureta 10, 8004 SF 250mL + eq.bureta 7, 1202 SF 500mL + eq. bureta 5, 3408 SG 125mL + eq. bureta 10, 4004 SG 250mL + eq. bureta 7, 3202 SG 500mL + eq. bureta 5, 72
Fonte: Coleta de dados, 2006.
75Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Para atender tal valor, há quatro maneiras: podem-
se utilizar dez embalagens de SF ou SG de 125mL(total= 1250mL) ou cinco embalagens de SF ou SG de
250mL (total= 1250mL) ou três embalagens de SF ou
SG de 500mL (total= 1500mL) ou ainda duas embala-
gens de SF ou SG de 500mL com uma embalagem de
SF ou SG de 250mL (total= 1250mL).
O custo parcial está disponível no quadro 12, as-
sim como o volume desprezado.
Somando-se os custos parciais das soluções fisioló-
gica ou glicosada com o custo da bureta obtêm-se os
seguintes custos finais, visualizados no quadro 13.
Com base no quadro 13, pode-se observar que o
menor custo final encontrado corresponde ao uso da
associação de duas unidades da apresentação de 500mL
com uma unidade da apresentação de 250mL, R$ 6,62
(SF) e R$ 7,05 (SG). Comparando-se com associação
de três unidades da apresentação de 500mL, utilizadano HU/UFS, tem-se um custo final de R$ 7,01 (SF) e
de R$ 7,58 (SG).
O valor percentual do custo final para o uso da
associação de duas unidades da apresentação de 500mL
com uma unidade da apresentação de 250mL é deaproximadamente 94% para SF e de 93% para SG,
quando se compara com a apresentação de 500mL,
como mostram os cálculos:
(03 SF 500mL) R$ 7,01 -- 100%(02 SF 500mL + 01 SF 250mL) R$ 6,62 -- x% 7,01 x = 662 x = 94%
(03 SG 500mL) R$ 7,58 -- 100%(02 SG 500mL + 01 SG 250mL) R$ 7,05 -- x% 7,58 x = 705 x = 93%
Quadro 12 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume restante, com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta,com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)
SF 125mL 10 1, 10 11, 00 50SF 250mL 05 1, 28 6, 40 50SF 500mL 03 1, 67 5, 01 300SF 500mL + SF 250mL 02 + 01 3, 34 + 1, 28 4, 62 50SG 125mL 10 1, 05 10, 50 50SG 250mL 05 1, 33 6, 65 50SG 500mL 03 1, 86 5, 58 300SG 500mL + SG 250mL 02 + 01 3, 72 + 1, 33 5, 05 50Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -
Fonte: Coleta de dados, 2006.
Quadro 13 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Produtos Custo final (R$)
10 SF 125mL + eq. bureta 13, 0005 SF 250mL + eq. bureta 8, 4003 SF 500mL + eq. bureta 7, 0102 SF 500mL + 01 SF 250mL + eq. bureta 6, 6210 SG 125mL + eq. bureta 12, 5005 SG 250mL + eq. bureta 8, 6503SG 500mL + eq. bureta 7, 5802 SG 500mL + 01 SG 250mL + eq. bureta 7, 05
Fonte: Coleta de dados, 2006.
7676
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
Usando SF a economia é de 6% (100% - 94%) ou R$
0,39 e para SG a economia é de 7% (100% - 93%) ou R$0,53, atendendo a prescrição de um paciente em um dia.
Assim, está comprovada a necessidade da apresen-
tação de 250mL, que resulta em economia e em redu-
ção do desperdício de matérias-primas.
Sobre o volume desprezado, a associação de me-
nor custo final também gera menos desperdício, 50mL,
quando comparado com a associação das três unida-
des de 500mL, que produz 300mL de volume descarta-
do, ou seja, seis vezes mais matérias-primas
desperdiçadas. Assim, é viável comprar a apresentaçãode 250mL, economizando os recursos hospitalares.
Este cálculo pode ser feito para outras drogas e
outros volumes. Calcula-se o volume total, para três
dias, pelo produto entre o valor doze e o volume
diluente prescrito, quadro 14.
Para volume prescrito de 20mL, o volume total para
três dias é de 240mL. Deve-se usar a apresentação de
250mL, que visa ao menor custo final.
Para volume prescrito de 25mL e de 30mL, o volu-
me total é de 300mL e de 360mL, respectivamente. Omenor custo final resulta do uso da apresentação de
500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86 (SG), que em
contrapartida descarta mais material, se comparado
com a associação entre as apresentações de 125mL e
de 250mL.
Para prescrição de 50mL, deve-se usar a associação
de uma apresentação de 500mL com uma apresenta-
ção de 125mL, nesta ordem, pois atende ao volume
total de 600mL, representando o menor custo final.
3.2 PROTOCOLO DE USO DE SORO FISIOLÓGICO E SOROGLICOSADO
Para medicações prescritas uma vez ao dia, dilu-
ídas em SF ou SG, está indicado o uso das apresen-
tações que atingem o valor superior mais próximodo requisitado na prescrição, com equipo
macrogotas, reduzindo o custo hospitalar e o des-
perdício de matérias-primas, conforme visualizado
no quadro 15.
Quadro 14 - Custo final de SF e SG com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta, de acordo com o volume prescrito. HU/UFS, 2006.
Volume VolumeQuantidade por apresentação
SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado
(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)
20 240 - 1 - 3, 28 3, 33 7025 300 1 1 - 4, 38 4, 38 75
- - 1 3, 67 3, 86 20030 360 1 1 - 4, 38 4, 38 15
- - 1 3, 67 3, 86 14050 600 1 - 1 4, 77 4, 91 25
Fonte: Coleta de dados, 2006.
Quadro 15 - Padronização para uso de SF e SG uma vez ao dia, com equipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.
Volume prescrito (mL) Apresentação mais viável
Volume = 125 125mL
125 < volume = 250 250mL
250 < volume = 500 500mL
Fonte: Coleta de dados, 2006.
77Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Para prescrições de medicamentos usados duas, três
e quatro vezes ao dia, devem-se usar as apresentaçõesde volume superior mais próximo ao volume total pres-
crito para três dias, pois está indicado o uso do equi-
po bureta. Quando o volume total superar o valor
500mL, referente à embalagem de maior conteúdo en-
contrada no HU-UFS, faz-se necessário associar as
apresentações, de forma a se obter no somatório a quan-tidade em mililitros mais próxima ao total, tendo em
vista o menor gasto financeiro e de material para a
instituição hospitalar.
Assim, propõe-se uma padronização para o uso
dessas soluções na diluição de medicações intraveno-sas, de acordo com o volume diluente prescrito em
maior freqüência durante a coleta de dados, conforme
observado no quadro 16.
4. Considerações finais
O gerenciamento de materiais e de custos hospita-
lares é de fundamental importância para a prestação
de uma adequada assistência aos pacientes, à medida
que disponibiliza os recursos necessários para que os
profissionais da saúde possam efetuar suas ativida-des de forma adequada.
Com base no estudo comparativo dos custos pode-
se concluir que também é viável para a instituição
hospitalar a compra das apresentações de 125mL e de
250mL, bem como da apresentação de 500mL.
A prática freqüente de utilizar a apresentação de500mL, em virtude da não haver as outras apresenta-
ções, gera prejuízo para o cofre público. O ato de des-
prezar o volume excedente da embalagem de 500mL
contribui para o desperdício de água e de outras maté-
rias-primas componentes das soluções.
Demonstrou-se que o uso da bureta supera o equi-
po macrogotas em economia de custos e em redução
de desperdício de matéria-prima, para medicações uti-
lizadas de maneira intermitente.
s soluções fisiológica e glicosada, tendo em vista ovolume prescrito em maior freqüência na Clínica
Pediátrica do HU/UFS, que pode ser utilizada para
qualquer medicação que utilize as soluções citadas
como diluentes. Sugere-se a afixação dos quadros no
posto de enfermagem da Clínica Pediátrica.
Como sugestão de continuidade de estudos, pode
ser desenvolvida nova pesquisa que tenha como am-
biente outras unidades do referido hospital.
Quadro 16 - Padronização para uso de SF e SG de 6/6 horas, de 8/8 horas e de 12/12 horas, com equipo bureta. HU/UFS,Aracaju, 2006.
6/6 horas 8/8 horas 12/12 horas
Volume diluente prescrito Quantidade por apresentação Quantidade por apresentação Quantidade por apresentação
(mL) 125 250 500 125 250 500 125 250 500
20 - 1 - - 1 - 1 - -25 - - 1 - 1 - - 1 -30 - - 1 - - 1 - 1 -50 1 - 1 - - 1 - - 1
100 - 1 2 - - 2 1 - 1
Fonte: Coleta de dados, 2006.
7878
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007
Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade
BRASÍNDICE- Guia Farmacêutico – Ano XLII. São
Paulo: Andrei, 20 de julho de 2006.
KURCGANT, P. et al. Administração em Enfermagem.
São Paulo: EPU, 1991, 237p.
KURCGANT, P. et al. Gerenciamento em Enfermagem.
Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005.
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa Social: métodos e
técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
79
A Criação de Indicadores para Avaliação deSustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe
Maria Emilene Correia de Oliveira*
Francisco Sandro Rodrigues Holanda**
Genésio Tâmara Ribeiro***
Evelyne Costa Carvalho****
A apicultura é considerada o tripé da sustentabilidade, pois en-
globa o econômico, o social e principalmente o ambiental.
Possui um grande papel sócio-econômico, ocupando a mão
de obra do produtor familiar. Porém a sustentabilidade dessa ativi-
dade necessita ser avaliada por uma ferramenta sistêmica,
universalizando todos os componentes que a engloba. O objetivo
do trabalho foi construir indicadores de sustentabilidade, buscando
compreender a importância dos elementos que controlam a ativi-
dade apícola no estado de Sergipe. Para tanto utilizou-se a matriz
PEI/ER (Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta. Identificando vin-
te e cinco indicadores que podem contribuir para a sustentabilidade
e crescimento deste setor no estado de Sergipe.
PALAVRAS-CHAVE: Indicadores, sustentabilidade, apicultura.
Re
su
mo
* Bióloga, mestranda de Agroecossistemas da Universidade Federal deSergipe. Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais,Departamento de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd.Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000, E-mail:[email protected];
** Engenheiro Agrônomo, PhD. em Agronomia, Professor Adjunto daUniversidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Agronômica,Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000,E-mail:[email protected];
*** Médica Veterinária, mestranda de Agroecossistemas da UniversidadeFederal de Sergipe. Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em RecursosNaturais, Departamento de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon,s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000, E-mail:[email protected]
**** Engenheiro Florestal, Doutor em Entomologia, Professor Adjunto daUniversidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Agronômica,Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000,E-mail: [email protected].
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007
8080
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jul./dez. 2006
Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho
1. Introdução
A apicultura é uma alternativa de subsistência para
o agricultor familiar, sendo considerado o tripé da
sustentabilidade, permitindo a melhoria da qualidade
de vida dos produtores sem agressão ao meio ambien-
te (Freitas et al., 2004). Possui ainda importante papel
sócio-econômico, pois proporciona dezenas de empre-gos, diretos e indiretos (Sommer, 1996), ocupando a
mão-de-obra familiar no campo, diminuindo o êxodo
rural dessas famílias (Alcoforado Filho, 1998) e ao
mesmo tempo preserva a cultura local. As vantagens
da apicultura fazem dela uma atividade que estimula
mudanças de atitudes do produtor para uma mentali-dade mais preservacionista, estimulando a preserva-
ção do conhecimento ecológico local e a cultura que o
ator social possui (Da Silva, 2004).
O seu valor ambiental é caracterizado pela
interdependência da vegetação com a biodiversidade,pois as visitas das abelhas às flores de espécies nati-
vas e agrícolas garantem a polinização (produção de
frutos e sementes), aumentando a produtividade agrí-
cola e garantindo a regeneração e a perpetuação das
espécies nativas (Pegoraro e Ziller, 2003).
A conscientização dos problemas ambientais nos
força a adotar uma visão sistêmica, onde o homem
deixa de ser o centro do planeta e passa a integrar-lo,
sofrendo as conseqüências dos impactos e destruições
que causa, e esses sistemas são complexos dinâmicos
de elementos que permanecem em interação mútua,mantendo sua integridade mediante essa interação entre
suas partes (Sifuentes 2004). Os agroecossistemas se-
riam uma opção para minimizar os impactos causados
pela humanidade ao meio ambiente, Conway (1987) o
define como, sistemas ecológicos modificados pelo
homem para a produção de alimento, fibra ou outroproduto agrícola, ou simplesmente, a modificação de
ecossistemas pelo homem, levando em consideração
o seu em torno as relações com a natureza, os fenôme-
nos bióticos e abióticos (Holanda, 2004). A apicultura
como um agroecossistema necessita ser analisada por
suas propriedades para realmente afirmarmos se ela
será uma boa opção para a humanidade.
Segundo Conway (1987), os agroecossistemas pos-
suem propriedades que avaliarão se os objetivos, nes-
te caso aumentar o bem-estar econômico e os valores
sociais dos produtores, estas são a produtividade que
é a produção de um determinado produto por unida-de de recurso que entra numa área, estabilidade defi-
nida como a constância da produtividade em face de
pequenos distúrbios que podem ocorrer normalmen-
te e de ciclos ambientais, sustentabilidade que é a
capacidade de um agroecossistema manter sua pro-
dutividade quando exposta a um grande distúrbio, eequidade que é definida como a distribuição da pro-
dutividade do agroecossistema. Para Marten (1988),
além de todas as propriedades citadas anteriormente
acrescenta-se a autonomia, considerada como a capa-
cidade do agroecossistema manter-se ao longo dos
anos.
Com a necessidade de definir padrões sustentá-
veis de desenvolvimento que considerassem aspectos
ambientais, econômicos, sociais, éticos e culturais foi
proposto o desenvolvimento de indicadores de
sustentabilidade na Conferência Mundial sobre o MeioAmbiente (Rio-92). Um indicador permite a obtenção
de informações sobre uma dada realidade (Mitchell,
1997). Os estudos de indicadores de sustentabilidade
podem, contribuir para a busca de soluções que le-
vem à reversão dos importantes problemas sociais e
econômicos enfrentados atualmente pelas sociedades.O desenvolvimento de indicadores com o objetivo de
avaliar a sustentabilidade de um sistema, monitorando-
o, poderá permitir que se avance de forma efetiva em
direção a mudanças consistentes na tentativa de solu-
cionar os inúmeros problemas ambientais e sociais
levantados (Marzall e Almeida, 2000).
O objetivo do trabalho foi construir indicadores de
sustentabilidade, buscando compreender a importân-
cia dos elementos que controlam a atividade apícola
no estado de Sergipe.
81A Criação de Indicadores para Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe
Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007
2. Metodologia
O estado de Sergipe possui uma área de 21.910,348
km2, população estimada no ano de 2005 em 1.967.791,
possuindo 75 municípios (ESTADOS, 2006). A api-
cultura no estado é bem desenvolvida, concentrada
principalmente em 16 municípios, cada qual com uma
associação apícola, e a federação apícola (FAPESE),com aproximadamente 16.755 colméias distribuídas
entre 500 apicultores. A produção de mel em 2004,
segundo o IBGE, foi de 55.207 t/ano, compondo 0,17%
da produção nacional e 0,52% da produção nordesti-
na (Carvalho, 2005).
A geração de informações torna-se necessária para
realização de um diagnóstico e a tomada de decisões,
as estatísticas e o monitoramento são essenciais no
processo de elaboração dos indicadores (Winograd et
al., 1996). Sendo necessário definir um esquema para
indicadores e a cada elemento significativo de cadacategoria importante, é necessário escolher descritores
e indicadores. Os descritores possuem características
significativas de um elemento com os principais atri-
butos de sustentabilidade de um determinado siste-
ma, e os indicadores, são medidas de efeito de uma
operação do sistema sobre o descritor (Camino eMuller, 1996).
Para a elaboração destes descritores e indicadores
foi adotada a metodologia da Organização para a Co-
operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE -
1993), Pressão/Estado/Resposta (PER) (Winograd et
al., 1996). A matriz PEI/ER é oriunda da estrutura
conceitual para a seleção de indicadores que foram
sistematizados em Pressão-Estado-Resposta (PER), cri-
ada pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE), em 1993 e adaptada em
1996 para Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Respostapelo Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
biente – PNUMA-CIAT.
3. Resultados e discussão
A partir da observação foram selecionados os se-
guintes descritores, a) perfil da propriedade, b) pro-
dução, c) manejo, d) marketing, e) hábito alimentar, f)
certificação e g) capacitação.
Estes surgiram por meio de observações sobre a ca-deia produtiva apícola do estado de Sergipe, e a dificul-
dade que esta encontra em desenvolver-se de maneira
produtiva e sustentável, apesar de toda a sua estruturação.
Os indicadores desenvolvidos com bases nessas
observações estão diretamente relacionado com cadadescritor, mediante elemento que compõe esse siste-
ma (quadro 1).
No quadro 2, estão expostos os indicadores na
Matriz PEI/ER, (Pressão, Estado, Impacto/Efeito e Res-
posta), distribuídos de acordo com a atribuição decada indicador, buscando evidenciar possíveis alter-
nativas e soluções para a cadeia produtiva apícola
neste estado.
São propostos 25 indicadores de sustentabilidade,
com o intuito de estimular o estudo dessesagroecossistemas, norteando todo o seu universo,
numa visão sistêmica, saindo simplesmente dos estu-
dos de mercados que geralmente são os mais encon-
trados. A escassez de trabalhos sobre a utilização de
indicadores mostra que esse estudo é recente e neces-
sário na tentativa de compreender a sustentabilidade,não possuindo fórmulas prontas, nem soluções para
todos os problemas, servindo apenas de parâmetros
para a idealização e a busca de possíveis soluções para
a sustentabilidade dos agroecossistemas. Os indica-
dores desenvolvidos permitem a avaliação do poten-
cial de produção e necessidade do mercado apícola,constituindo uma ferramenta de grande importância
para a implantação da apicultura sustentável.
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Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho
Quadro 1 - Esquema usado para a definição dos indicadores de sustentabilidade da produção apícola no estado de Sergipe.
AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMAS APÍCOLAS DE SERGIPE
Categoria Elemento Descritores Indicadores
Operaçãodo Sistema
Produção
Mercado
Incentivos aoCrescimento
Organizaçãodo Setor
Perfil da propriedadeProdução (custo, quantidade, origem)Manejo
MarketingHábito alimentarCertificaçãoCapacitaçãoFormas de comercialização
Aplicação de recursos financeirosLinha de CréditoCooperativas e Associações
Ações do Senar, Sebrae
Perfil do produtor (nº enxames);
Custo do produto (R$, US$);Quantificação da produção (kg/ano, t/ano);Origem (nº de propriedades);
Perda de Enxames (R$)Produção (Kg)Vendas (R$)Consumo diário (g)Modernização da produção (R$)Capacitações (nº)Cursos especializados (hs)Tipos de embalagens (nº)Financiamento (R$)Cooperativas e associações (nº)Diversidade de Produtos (nº)
Produção (Kg)Preços no mercado (R$)Qualidade da produção (R$)Escoamento dos produtos (Kg/ano, t/ano)Apoio técnico (nº de visitas)
Quadro 2 - Indicadores de Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe na Matriz Pressão/Estado/Impacto/Efeito/Resposta – (PEI/ER).
Indicadores dePressão (P)
Pasto apícola (Km2)Diversidade de produtos (nº)Preço (US$)
Potencial de Produção (Kg/ano, t/ano)
Consumo interno (kg/ano)
Indicadores deEstado (E)
Perfil do produtor (nºenxames);
Custo do produto (R$, US$)Quantificação da produção(kg/ano, t/ano)Origem (nº depropriedades)
Consumo diário (g)Modernização da produção(R$)
Cursos especializados (hs)
Indicadores de Impacto/Efeito (I/E)
Perda de Enxames (R$)
Diversidade de Produtos (nº)
Produção (Kg)
Tipos de embalagens (nº)
Organização (nº decooperativas e associações)
Indicadores deResposta (R)
Capacitação (nº de cursos)
Apoio técnico (nº de visitas)
Financiamento (R$)
Vendas (R$)
Preços no mercado (R$)
Qualidade da produção(R$)
Escoamento dos produtos(Kg/ano, t/ano)
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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007
Dos indicadores relacionados foram escolhidos em
cada componente da Matriz PEI/ER, os que contribu-em fundamentalmente para o entendimento da
sustentabilidade no agroecossistemas estudado.
Indicadores de pressão
a) Pasto apícola (Km2)
A abundância e qualidade da flora, que as abelhas
retiram a matéria prima para confecção de seus produ-
tos, é fundamental para a valorização destes, a utiliza-
ção de insumos agrícolas em lavouras, e o
desmatamento, causa o envenenamento e reduz o vo-lume de pasto desses animais, esse indicador avalia a
possibilidade de implantação desse agronegócio em
regiões específicas, visto a dependência direta destes
com a vegetação.
b) Diversidade de produtos (n°)
A apicultura possui uma gama de produtos que
podem ser comercializados tais como, pólen, mel,
própoles, geléia real, cera, produção de toxina, pro-
dução de rainhas, enxames e etc.
O indicador avalia a possibilidade de
comercialização de cada produto de acordo com o
mercado específico e a aptidão de cada região.
c) Consumo interno (Kg/ano)
O consumo de mel no país é em torno de 60g/
ano, em países europeus essa média chega a 1,5kg/
ano, ou seja, o Brasil possui um grande potencial
como possível consumidor deste produto, que se-
gundo pesquisas é consumido na maioria das vezes
apenas como medicamento, sendo essa a função des-te indicador, mensurar o potencial de consumo de
uma dada região, estimando esse valor em percentual
anual.
Indicadores de Estado
a) Perfil do produtor (nº enxames)
Este indicador avalia o nível do apicultor através
do número de colméias povoadas que este possui,
caracterizando-o como pequeno, médio e grande. Ser-
vindo de referência para caracterização do quadro atu-al de produção adotado por cada nível, e as influênci-
as existentes entre estes e os fatores que os norteiam.
b) Quantificação da produção (kg/ano, t/ano)
Uma monitoração regular da produção evidenciariaos reais valores destas, que muitas vezes ficam masca-
rados em função da informalidade e de outros aspec-
tos. Esse indicador geraria dados para avaliação da pro-
dutividade desse agroecossistemas, cujos dados atual-
mente são insuficientes para realização de uma averi-
guação científica, não refletindo a realidade deste.
c) Modernização da produção (R$)
A padronização da produção torna-se uma exigên-
cia para facilitar a comercialização, atualmente o con-
trole da qualidade sobre a produção do produto destea fabricação pelas abelhas até o seu envase, torna-se
cada vez mais imprescindível. Esse indicador serve
para avaliar o investimento realizado pelo produtor
em padronização e qualidade, mostra a sua intenção
em se profissionalizar.
Indicadores de Impacto/Efeito
a) Perda de Enxames (R$)
Um dos grandes problemas atuais neste setor é a
perda de enxames, acarretando em perda de produ-ção. Esse indicador analisa diretamente o nível de in-
vestimento que o produtor insere em seu apiário, tan-
to em tempo, manejo e controle de qualidade.
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Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho
b) Tipos de embalagens (nº)
A maneira como o produto se apresenta para o con-
sumidor final, pode ser fundamental para um melhor
escoamento do produto. Esse indicador avalia a forma
mais fácil de comercialização de acordo com as neces-
sidades do consumidor.
c) Organização (nº de cooperativas e associações)
A organização deste setor facilita a obtenção de re-
cursos financeiros e melhores condições de
comercialização dos produtos. Este indicador serve
para analisar como a organização pode facilitar, qual onível desta neste setor e como ele atua diretamente na
produção.
Indicadores de Respostas
a) Financiamento (R$)
O nível de investimento de setores privados e pú-
blicos no desenvolvimento desse agronegócio e com
que intensidade e condições estes chegam aos apicul-
tores de acordo com a sua tipificação, ou seja, se épequeno, médio ou grande produtor, avaliando ainda
a real aplicação destes recursos pelos apicultores. Pos-
sibilitando o crescimento deste agronegócio.
b) Preços no mercado (R$)
A flutuação dos preços, alcançada pelos produtos
apícolas sofre influência direta do mercado,
atravessadores, da demanda do produto e do controle
de qualidade, influenciando no interesse de produzir
determinados produtos, podendo acarretar em escas-
sez de outros, influenciando diretamente na produti-vidade do sistema.
c) Qualidade da produção (R$)
O controle de qualidade deve existir em todas as
etapas da produção, porém atualmente, o embargoeuropeu ao mel brasileiro demonstra que, infelizmen-
te no nosso país ainda precisamos melhorar muito
nesse quesito. Esse indicador mostra quanto se estar
investido nesse quesito, devido a real necessidade de
atender aos padrões de comercialização externos e in-
ternos.
4. Conclusões
1. A identificação destes indicadores possibilitou
uma melhor avaliação da sustentabilidade doagroecossistema apícola, contribuindo para o
crescimento e organização deste setor.
2. Os indicadores possibilitam a analise sistêmica
do universo apícola, possibilitando a identifi-
cação de aspectos que podem influenciar nega-tivamente o setor, diversificando as alternativas
de possíveis soluções.
3. A apicultura como agroecossistema, pode atuar
dentro dos parâmetros do desenvolvimento sus-
tentável, já que está diretamente relacionada comas questões ambientais, podendo contribuir para
a melhoria da qualidade de vida dos produto-
res, sendo os indicadores chaves fundamentais
para essas análises.
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