72
Diálogos Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira Resumo Executivo II Seminário Internacional Brasil-Espanha: A experiência espanhola e a aplicação do SMC-Brasil no apoio à gestão da costa brasileira Apoio à Gestão da Costa Brasileira

Resumo Executivo_ SMCBrasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Diálogos Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira II Seminário Internacional Brasil- Espanha: A experiência espanhola e a aplicação do SMC-Brasil no apoio à gestão da costa brasileira

Citation preview

  • Dilogos Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira

    Resumo Executivo

    II Seminrio Internacional Brasil-Espanha:A experincia espanhola e a aplicao

    do SMC-Brasil no apoio gesto da costa brasileira

    Apoio Gesto da Costa Brasileira

  • GOVERNO BRASILEIRO

    PRESIDNCIA DA REBBLICA DO BRASIL

    PRESIDENTADilma Vana Rousseff

    VICE-PRESIDENTEMichel Miguel Elias Temer Lulia

    MINISTRIO DAS RELAES EXTERIORES

    MINISTRO Embaixador Antnio De Aguiar Patriota

    SECRETRIO-GERAL DAS RELAES EXTERIORESEmbaixador Eduardo Dos Santos

    SUBCRETRIO-GERAL DE COOPERAO, CULTURA E PROMOO COMERCIALEmbaixador Hadil Da Rocha Vianna

    DIRETOR DA AGNCIA BRASILEIRA DE COOPERAO Embaixador Fernando Jos Marroni De Abreu

    MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO

    MINISTRAMiriam Belchior

    SECRETRIA EXECUTIVAEva Maria Cella Dal Chiavon

    SECRETRIA DO PATRIMNIO DA UNIOCassandra Maroni Nunes

    DEPARTAMENTO DE DESTINAO DO PATRIMNIOLuciano Ricardo Azevedo Roda

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE

    MINISTRAIzabella Mnica Vieira Teixeira

    SECRETRIO EXECUTIVOFrancisco Gaetani

    SECRETRIO DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTVEL (SEDR)Paulo Guilherme Francisco Cabral

    DIRETOR DE ZONEAMENTO TERRITORIAL (DZT)Adalberto Eberhard

    GOVERNO ESPANHOL

    EMBAIXADOR DA ESPANHA NO BRASILManuel de la Cmara Hermoso

    COORDENADOR-GERAL DA COOPERAO ESPANHOLA NO BRASILJess Molina Vzquez

    DIRETORA DE PROGRAMAS DA AGNCIA ESPANHOLA DE COOPERAO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO (AECID)Margarita Garca Hernndez

    DIRETOR DE PROJETOS DA AGNCIA ESPANHOLA DE COOPERAO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO (AECID)Alejandro Muoz Muoz

  • Dilogos Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira

    Resumo Executivo

    Apoio Gesto da Costa Brasileira

    Braslia-DFAbril / 2013

    II Seminrio Internacional Brasil-Espanha:A experincia espanhola e a aplicao

    do SMC-Brasil no apoio gesto da costa brasileira

  • TextosAda Cristina Scudelari UFRNAlex Costa da Silva UFPEAndra Olinto SEMASAna Maria Teixeira Marcelino IDEMAAntonio Henrique da Fontoura Klein UFSCCaio Trajano Salgado UFSCCharline Dalinghaus UFSCClarissa Brelinger De Luca IH Cantbria/UFSCJonas Gomes de Oliveira UFSCLaura Ribas Almeida IH CantbriaMrcia Regina Lima de Oliveira MMAMauricio Ernesto Gonzalez Rodriguez IH CantbriaMoyss Gonzales Tessler USPPaula Gomes da Silva UFSCPriscila Hoerbe Soares UFSCRafael Sangoi Arajo UNIVALIVenerando E. Amaro UFRN

    OrganizaoMrcia Regina Lima de Oliveira MMA

    RevisoCludia Regina dos Santos MMAFlvia Cabral Pereira MMA Leila Affonso Swerts MMA

    Dilogos Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira / Mrcia Oliveira (organi-zadora). Instituto Ambiental Brasil Sustentvel IABS / Agncia Espanhola de Coopera-o Internacional para o Desenvolvimento AECID / Ministrio do Planejamento MP / Ministrio do Meio Ambiente MMA / Editora IABS, Braslia-DF, Brasil - 2013.

    ISBN 978-85-64478-15-272 p.

    1. Dinmica Costeira (eroso e progradao). 2. Modelagem Costeira. 3. Gesto Costeira. I. Ttulo. II. Instituto Ambiental Brasil Sustentvel IABS. III. Agncia Espanhola de Cooperao Internacional para o Desenvolvimento AECID. IV. Ministrio do Pla-nejamento MP. V. Ministrio do Meio Ambiente MMA. VI. Editora IABS.

    CDU: 910.1 910.2

    Organizao e apoio do SeminrioAdelias Bastos MMAAndr Lus Pereira Nunes SPU Ccero Ribeiro de Souza Junior SPU Cludia Regina dos Santos MMAFlvia Cabral Pereira MMALeila Affonso Swerts MMAMrcia Regina Lima de Oliveira MMAMarcos Costa MMANelcina Matos SPU Reinaldo Redorat SPU Renata Portuguz SPU

    Editorao, projeto grco e diagramaoEditora IABS

    ImpressoAthalaia Grca e Editora AgradecimentoInstituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade ICMBio

    FICHA TCNICA

  • PARTE I RESUMO EXECUTIVO

    1. APRESENTAO ................................................................................................................................................................. 7

    2. O QUE O SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA (SMC) ................................................................... 9

    3. O PROCESSO DE ADAPTAO DO SMC PARA REALIDADE BRASILEIRA ................................ 11

    3.1. Atualizao do Projeto Transferncia de Metodologias e Ferramentas de Apoio Gesto da Costa Brasileira .................................................................................................... 12

    3.2. I Seminrio Internacional Brasil-Espanha Sistema de Modelagem Costeira: apoio gesto da costa brasileira ................................................................................................................ 12

    3.3. Comit Executivo do SMC-Brasil .................................................................................................................. 12

    3.4. Estudos de caso ...................................................................................................................................................... 13

    3.5. Visita da Misso Tcnica Brasileira Universidade da Cantbria, Espanha .......................... 14

    3.6. Primeiro curso de formao na ferramenta SMC-Brasil .................................................................. 15

    4. RESULTADOS DO PROJETO SMC-BRASIL: OPORTUNIDADES E PERSPECTIVAS ................. 16

    4.1. Sistema de Modelagem Costeira do Brasil SMC- Brasil ............................................................... 17

    4.2. Base de dados ......................................................................................................................................................... 19

    4.3. Atlas de Inundao .............................................................................................................................................. 20

    4.3.1. Problemtica dos mapas de inundao ...................................................................................... 20

    4.4. Estudos de caso elaborados ............................................................................................................................ 23

    4.4.1. Estudo de Caso da Praia de Massaguau, Litoral Norte do Estado de So Paulo ......................................................................................... 23

    4.4.2. Estudo de Caso da Enseada de Itapocori, Piarras, Litoral Centro-Norte do Estado de Santa Catarina ................................................................ 30

    4.5. Estudos de caso em andamento ................................................................................................................... 42

    4.5.1. Estudo de Caso do Sistema de Modelagem Costeira Brasileiro (SMC-Brasil) em Pernambuco .......................................................................................................... 42

    4.5.2. SMC-Brasil: Caso da Praia de Ponta Negra, Natal/RN ....................................................... 48

    4.6. Formao em Engenharia Costeira ............................................................................................................. 53

    PARTE II SEMINRIO

    APRESENTAO ..................................................................................................................................................................... 55

    OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................................................. 55

    CONTEDO PROGRAMTICO .................................................................................................................................. 56

    NDICE

  • 7DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    1 APRESENTAO

    Em 2010, os governos brasileiro e espanhol estabeleceram o Acordo de Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica para executar o Projeto Trans-ferncia de Metodologias e Ferramentas de Apoio Gesto da Costa Brasi-leira, entre a Agncia Brasileira de Cooperao (ABC) e a Agncia Espanhola de Cooperao Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), com a partici-pao do Ministrio do Meio Ambiente atravs da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel (MMA/SEDR), da Secretaria do Patri-mnio da Unio do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (SPU/MP), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade de So Paulo (USP), da Universidade da Cantbria (IHC/Espanha) e do Instituto Ambiental Brasil Sustentvel (IABS).

    O Projeto Transferncia de Metodologias e Ferramentas de Apoio Ges-to da Costa Brasileira tem como objetivo contribuir para uma melhor gesto da costa brasileira, permitindo, dentre outros, a transferncia de metodologias e ferramentas e a formao de recursos humanos especializados para enten-der e propor solues para os problemas de eroso que ocorrem em quase 40% da costa brasileira, estudar problemas de impacto ambiental, delimitar zonas de domnio pblico e privado ao longo do litoral permitindo recuperar espaos pblicos j ocupados e proteger as populaes em reas de risco.

    Tal inciativa visa atender s diretrizes do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), institudo pela Lei n 7.661/1988 e seu Decreto n 5.300/2004, que tem como finalidade o estabelecimento de normas gerais visando gesto ambiental da zona costeira do pas, lanando as bases para a formulao de po-lticas, planos e programas estaduais e municipais. Busca-se, assim, estabelecer uma estratgia continuada de planejamento e gesto ambiental dos espaos costeiros, com o desenvolvimento e fortalecimento de um processo transparen-te de administrao de interesses, apoiado por informaes e tecnologia.

    PARTE IResumo Executivo

  • 8 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    A Comisso Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), com apoio do Grupo de Integrao do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco), responsvel por supervisionar o PNGC, cuja coordenao feita pelo MMA. Nesse escopo, o Plano de Ao Federal para a Zona Costeira (PAF-ZC), um dos instrumentos do PNGC, marca o referencial acerca da atuao da Unio na zona costeira, visan-do o planejamento de aes estratgicas para a integrao de polticas pblicas incidentes neste territrio, buscando responsabilidades compartilhadas.

    De acordo com o Macrodiagnstico da Zona Costeira e Marinha (2009), cerca de 60% dos eventos com causas naturais que atingiram o Brasil entre 1948 a 2006, estiveram relacionados com inundaes fluviais e/ou avanos do mar. Os riscos de inundao nessas regies vinculam-se fortemente aos avan-os do mar, seja em face dos fenmenos naturais e/ou induzidos, s modifica-es do regime de ondas incidentes e ao dficit de sedimentos que, em face da dinmica costeira, preservam ou alteram a estabilidade da linha de costa.

    Em 2009, o Tribunal de Contas da Unio (TCU) publicou os resultados e recomendaes da Auditoria de Natureza Operacional sobre Polticas P-blicas e Mudanas Climticas: Adaptao das Zonas Costeiras Brasileiras. O objetivo foi realizar um diagnstico do estado atual das aes conduzidas pela Administrao Pblica federal visando adaptar as zonas costeiras brasilei-ras aos impactos que possivelmente adviro das mudanas climticas globais e propor, se for o caso, atuao do TCU em questes especficas que forem identificadas como relevantes.

    O Acrdo n 2354/2009 do TCU recomendou Casa Civil, entre ou-tros, a implementao de um sistema permanente de monitoramento de va-riveis ocenicas e de constituio de banco de dados que possa armazenar as informaes sobre o assunto, bem como de sries temporais suficientes para a construo dos cenrios quanto aos possveis efeitos resultantes das mudanas do clima; e a definio de diretrizes e estratgias de adaptao das zonas costeiras aos impactos que possam advir das mudanas climticas, incorporando-as ao Plano Nacional sobre Mudana do Clima (PNMC) .

    A verso atual do PAF-ZC, aprovado em 2005, apresenta as linhas de ao para interveno na costa brasileira, das quais se destaca o ordenamento am-biental territorial. Tal linha est estruturada na instrumentalizao das trs esfe-ras de governo e na implantao do Projeto Orla. Entre seus objetivos especfi-cos esto (1) a elaborao de diretrizes de uso e ocupao em escala nacional, regional e microrregional, a partir de informaes e produtos de interesse para a mediao de conflitos, reduo de impactos e construo de cenrios

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 9

    alternativos de sustentabilidade, com foco na aquicultura, petrleo, turismo, indstria e expanso urbana; e (2) o aperfeioamento dos instrumentos de padronizao e compartilhamento das informaes disponveis, entre as trs esferas de governo, na forma de um sistema integrado de informao para tomada de deciso, que possibilite uma melhor deciso para o licenciamento ambiental, outorga de gua e cesso e autorizao de usos de bens da Unio.

    nesse contexto que o MMA e o MP do Brasil (este ltimo por meio da SPU) solicitaram, Aecid e ao Ministrio do Meio Ambiente espanhol por meio do Instituto de Hidrulica da Universidade da Cantbria (IHC) instituto com uma ampla experincia em estudos de dinmicas costeiras e gesto do litoral , a transferncia tecnolgica das ferramentas e metodologias desen-volvidas dentro do Sistema de Modelagem Costeira (SMC), com o fim de de-senvolver para a costa brasileira uma gesto adequada dos seus sistemas cos-teiros que permitir alcanar os objetivos de sustentabilidade a longo prazo.

    O projeto ir contribuir para uma melhor gesto da costa brasileira me-diante: (1) o fornecimento aos responsveis pela gesto de zonas costeiras do Brasil, de um sistema de modelagem prprio para o litoral, adequado realida-de de sua costa; (2) a formao de gestores em tcnicas de proteo e gesto do litoral que facilite a tomada de decises; e (3) o fortalecimento de grupos locais de pesquisas, que permitam a curto e longo prazo gerar uma massa crtica que d apoio regional para uma gesto adequada da costa brasileira.

    2 O QUE O SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA (SMC)

    O SMC uma ferramenta que inclui um conjunto de metodologias e mo-delos numricos, que permitem estudar os processos costeiros e quantificar as variaes que sofre o litoral como consequncia de eventos naturais ou de atuaes humanas na costa. Diante de um problema na costa, a metodologia permitir definir que estudos devem ser desenvolvidos, que escalas espaciais e temporais devem ser utilizadas, que ferramentas numricas devem ser apli-cadas e que dados de entrada so necessrios para o estudo. O SMC tambm inclui bases de dados de dinmica marinha (ondas, nvel do mar, batimetria e linha de costa), apoiando o desenvolvimento de estudos de caso reais de projetos de engenharia de costas, permitindo analisar atuaes nas diferentes etapas de um estudo: diagnstico, pr-planejamento, planejamento e impac-to ambiental.

  • 10 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Embora tenha como principal ferramenta um software, importante en-fatizar que o Sistema de Modelagem Costeira envolve outros componentes fundamentais para alcance de seus objetivos, quais sejam:

    formao de pessoal; disponibilizao de dados em escala nacional; instrumentalizao de gestores pblicos com tcnicas de proteo e

    gesto do litoral que facilite a tomada de decises; gerao de subsdios para licenciamento; estudo, desenho e elaborao de alternativas para projetos de enge-

    nharia costeira.

    O processo de recuperao da linha de costa espanhola utilizando o SMC acumula uma experincia de quinze anos, a partir da parceria entre o governo espanhol e o IHC. O programa de gesto envolve a produo de co-nhecimento para tomada de deciso, considerando a dinmica natural, a ges-to da costa e a gesto urbana. Esse processo envolveu a reapropriao de reas de domnio pblico e indenizao de particulares. A iniciativa foi uma

    PerguntasQual experincia hoje do Brasil?

    Onde queremos chegar?

    Transferncia de conhecimento da Espanha(experincia de implantao de

    infraestrutura costeira)

    Poltica Nacional de Mudanas

    Climticas

    Poltica Nacional Impantao em Obras Costeiras

    Poltica

    Experincia no Brasil

    Poltica

    Formao

    Capacitao

    Gesto de interveno (Aplicao de

    parmetro)

    Papel social da universidade

    Aumento de capacidadeTCNICO

    Graduao Ps-graduao Extenso

    Aumento de qualidadeuso/interveno

    SMC

    Figura 1 Fluxograma esquemtico do SMC-Brasil

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 11

    resposta ao acelerado processo de urbanizao experimentado pela Espanha nos anos 1970, que motivou a Lei da Costa em 1988. A estratgia atuar na gesto de conflitos no litoral, de forma a garantir a defesa da costa, habitats de fauna e flora e a ocupao humana. Alm de atender s demandas de resolu-es e diretivas da Unio Europeia, a exemplo da gesto costeira integrada e, mais recentemente, a de avaliao de risco inundao.

    O IHC tem uma ampla experincia em estudos de dinmica costeira e gesto do litoral, assim como na transferncia cientfica e tecnolgica, em mbito nacional e internacional, das ferramentas e metodologias desenvolvi-das dentro do SMC.

    3 O PROCESSO DE ADAPTAO DO SMC PARA REALIDADE BRASILEIRA

    O Projeto Transferncia de Metodologias e Ferramentas de Apoio Gesto da Costa Brasileira prev o desenvolvimento de adaptaes e me-lhorias no SMC espanhol, de forma a incorporar as bases de dados da costa brasileira para criao de um SMC para o Brasil, concebido como parte de um sistema mais amplo, que tem como objetivo maior a melhoria da qualida-de da gesto costeira no Brasil (figura 1). Destacam-se, a seguir, algumas das aes realizadas ao longo de 2010-2012.

    3.1 Atualizao do Projeto Transferncia de Metodologias e Ferramentas de Apoio Gesto da Costa Brasileira

    No primeiro semestre de 2011 foi feita uma avaliao do processo de customizao da ferramenta SMC, que teve incio em 2010, que resultou na elaborao de um novo plano de trabalho para o perodo 2011-2012. O plano de trabalho foi ajustado a partir das dificuldades e oportunidades enfrentadas para o pleno desenvolvimento das aes planejadas no primeiro ano. Dentre as dificuldades destaca-se a falta e/ou dificuldade de acesso aos dados ocea-nogrficos (mars, ondas, batimetria etc.) e a necessidade de sistematizar e tratar os dados para entrada no sistema, pois muitos estavam de forma anal-gica e precisaram ser digitalizados. Como oportunidade, o SMC-Brasil gerado a partir do projeto estar na sua verso mais atualizada (3.0), com novas fer-ramentas e avanos na interface grfica.

  • 12 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    3.2 I Seminrio Internacional Brasil-Espanha: Sistema de Mode-lagem Costeira apoio gesto da costa brasileira

    O primeiro grande debate sobre o projeto SMC-Brasil aconteceu no I Semi-nrio Internacional Brasil-Espanha: Sistema de Modelagem Costeira Apoio Gesto da Costa Brasileira, realizado nos dias 10 e 11 de maio de 2011, em Bra-slia. O evento teve como objetivo divulgar o projeto estabelecido no mbito da cooperao tcnica internacional entre os dois pases, de forma a alcanar outras instituies acadmicas brasileiras, alm das j envolvidas no projeto, bem como instituies pblicas responsveis pela gesto da costa no Brasil, a ttulo de ampliar as parcerias brasileiras e de construir um arranjo institucional para o fomento, manuteno e difuso da ferramenta em territrio nacional.

    O Seminrio contou com cerca de cem participantes de diversas institui-es, envolvendo pesquisadores de engenharia costeira e ocenica, oceano-grafia e gesto costeira integrada, ministrios e instituies federais membros do GI-Gerco, estados e municpios costeiros, superintendncias regionais do Patrimnio da Unio, entre outros.

    Ao final do evento, ficou confirmado que o SMC uma importante inicia-tiva para instrumentalizao da gesto integrada da costa brasileira. Avanou-se no entendimento de que o modelo se constitui em ferramenta de apoio gesto e, como tal, deve ser inserido e integrado aos arranjos da gesto costeira no Brasil. Para alm do modelo propriamente dito, o banco de dados disponibilizado, representar um salto de qualidade e facilitar polticas de formao de mo de obra especializada, bem como a melhoria no nvel tc-nico nos projetos apresentados. Entretanto, evidenciou-se a urgncia quanto necessidade de dados para validao e calibrao do SMC-Brasil de forma a avanar nas outras etapas do projeto.

    O seminrio promoveu tambm o debate sobre os encaminhamentos pro-postos no I Simpsio de Eroso (2008) relativos a pesquisa e monitoramento, obras costeiras, gesto do patrimnio da Unio e instrumentos de gesto ambiental.

    3.3 Comit Executivo do SMC-Brasil

    O Gi-Gerco, no mbito da CIRM, tem como objetivo promover a arti-culao das aes federais incidentes na zona costeira, a partir da instituio do Plano de Ao Federal (PAF), cuja segunda verso foi aprovada em 2005 (Resoluo CIRM n 7/2005).

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 13

    Desde 2008, o Gi-Gerco vem acompanhando as iniciativas relativas ao SMC e sua adaptao para a realidade brasileira. Tendo em vista que, uma vez encerrada a fase de customizao, ser iniciada a segunda etapa do projeto visando transferncia e difuso comunidade tcnica e cientfica brasileira, com a finalidade de prover a gesto adequada dos sistemas costeiros para o alcance de metas e objetivos de sustentabilidade a longo prazo.

    Em 2011, o Gi-Gerco aprovou a criao do Comit-Executivo do SMC-Bra-sil, que ser responsvel pela estratgia e implantao da segunda etapa do projeto, com atividades voltadas estruturao, manuteno e difuso da fer-ramenta comunidade tcnica cientfica e governamental da costa brasileira.

    Na reunio da CIRM de abril de 2013, devero ser aprovadas a Resolu-o e Portaria de criao do Comit-Executivo, confirmando a participao das seguintes instituies:

    MMA; Ministrio da Pesca e Aquicultura (MPA); Ministrio das Cidades (MCidades); Marinha do Brasil/Estado-Maior da Armada (EMA/MB); Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao da Marinha

    (SecCTM/MB); Secretaria da Comisso Interministerial para os Recursos

    do Mar (Secirm/MB); Secretaria de Portos da Presidncia da Repblica (SEP/PR); Secretaria de Patrimnio da Unio (SPU/MP); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis (Ibama); Agncia Nacional de Transportes Aquavirios (Antaq); Subgrupo das Coordenaes Estaduais de Gerenciamento

    Costeiro (G17); e comunidade cientfica indicada pelo PPG-Mar.

    3.4 Estudos de caso

    Para a transferncia das metodologias do SMC, esto sendo realizados quatro estudos de caso para acompanhamento de problemas de eroso, desenho de alternativas de interveno e medidas de gesto para o seu en-frentamento. Os estudos de casos so em Caraguatatuba/SP, Piarras/SC, em

  • 14 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Recife/PE e no Natal/RN, com previso de coleta e organizao de dados (como cartas nuticas, batimetrias, fotografias areas, relatrios de estudos anteriores, sedimentos etc.), insero dos dados no sistema e gerao de rela-trio com a avaliao dos resultados da aplicao do SMC-Brasil.

    Os resultados dos estudos de caso sero importantes para agregar o SMC aos instrumentos e arranjos institucionais da gesto da costa brasileira. Para tan-to, os estudos de caso de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, contam com o envolvimento integral dos gestores estaduais, alm de universidades.

    3.5 Visita da Misso Tcnica Brasileira Universidade da Can-tbria, Espanha

    A visita Universidade da Cantbria teve como objetivo conhecer a experin-cia espanhola na gesto costeira integrada e casos exitosos de aplicao da ferra-menta SMC, bem como conhecer o estgio atual da customizao do SMC-Brasil.

    A misso tcnica foi composta por 35 pessoas, entre gestores, tcnicos e professores universitrios, sendo dezoito participantes de instituies bra-sileiras e dezessete representantes de instituies espanholas. A comitiva brasileira foi composta por representantes do MMA, da SPU/MP, do Ibama; professores da UFSC, da UFPE, da UFRN e da USP; e gestores dos Estados de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e de So Paulo.

    A programao da misso incluiu (i) apresentaes dos pesquisadores do IHC; (ii) reunio tcnica e institucional com representantes da Direccin Ge-neral de Sostenibilidad de la Costa y del Mar del Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino (MARM); (iii) reunio de monitoramento e avaliao das aes executadas para o desenvolvimento da ferramenta SMC-Brasil; e (iv) visita de campo para conhecer o litoral e o porto da cidade Gijon.

    Ficou claro que a estratgia do SMC para gesto dos conflitos na costa espanhola considerou as seguintes questes:

    que qualquer ao na costa implica conhecer os processos morfodinmi-cos do passado e do presente, para se efetuar prognsticos sobre o com-portamento dos sistemas costeiros e sobre os processos costeiros no futuro;

    a necessidade de metodologias e ferramentas numricas que permitam determinar: que tipo de estudos devem ser realizados; em que escalas espaciais e temporais de trabalho; o que preciso ser observado; que

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 15

    ferramentas numricas tm de ser aplicadas; quais sero os dados de entrada (que resolues espaciais e temporais?).

    Nas apresentaes, tambm foram abordados outros temas importantes para gesto da costa, como o domnio pblico martimo-terrestre, sistema operacional de portos, infraestrutura e logstica relacionados s atividades porturias e derramamento de hidrocarbonetos.

    O IHC, em conjunto com o Office Mudana Climtica Espanhol (Oece) e com o apoio da Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (Cepal), elaborou o estudo Metodologa, herramientas y bases de datos para la evalua-cin de los impactos del cambio climtico en zonas marino-costeras de la regin de Amrica Latina y Caribe. O estudo analisa as bases de dados, impactos e riscos obtidos nas costas da Amrica Latina e do Caribe, na escala de estudos regionais, e dever fornecer informaes para elaborao de polticas econ-micas para regio que considerem a anlise de riscos s mudanas climticas.

    Conforme avaliao final por parte dos seus integrantes, a misso tcni-ca conseguiu atingir seu objetivo de conhecer a experincia espanhola na gesto costeira, em especial quanto ao uso e aplicao da ferramenta SMC. O evento trouxe importantes reflexes para as instituies brasileiras quanto relevncia de implantar aes estratgicas e sinrgicas para a gesto in-tegrada da costa brasileira, a exemplo do planejamento e licenciamento de obras costeiras, recuperao de praias urbanas e de se investir na formao de tcnicos e gestores.

    3.6 Primeiro curso de formao na ferramenta SMC-Brasil

    O SMC uma ferramenta numrica orientada especialmente para pro-fissionais, como oceangrafos e engenheiros de costas, desenvolverem suas atividades no mbito costeiro. Para uma correta aplicao do SMC, o usurio deve apresentar conhecimento nos processos litorneos e em metodologias no mbito da engenharia costeira (leia-se documentos temticos e de refern-cia propostos dentro do pacote SMC).

    O primeiro curso do SMC-Brasil foi realizado no Instituto Oceanogrfico da Universidade de So Paulo (IO-USP), entre os dias 17 e 21 de dezembro de 2012, e teve como instrutores os professores do IHC e a consultora da UFSC.

    O curso de Formao na Ferramenta SMC-Brasil teve como objetivo apresentar a base conceitual e disponibilizar a verso beta do SMC-Brasil,

  • 16 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    na perspectiva de formar um ncleo de apoio para o aperfeioamento e validao do modelo.

    O curso contou com trinta participantes, que incluam professores e alu-nos de universidades brasileiras, gestores governamentais estaduais (ES, PE, SP, RN e SC) e federais (MMA, SPU e Ibama). Com carga horria de 36 horas, o curso foi estruturado com apresentaes tericas sobre a base conceitual e o conjunto de equaes adotado no SMC-Brasil, intercalando atividades pr-ticas para conhecimento dos diversos mdulos que compem a ferramenta.

    A presena de integrantes de diversos grupos de pesquisas relacio-nados oceanografia fsica e obras costeiras permitiu ao longo do curso que ocorressem debates importantes sobre os desafios para gesto costei-ra brasileira, no que se refere produo e compartilhamento de dados oceanogrficos (ondas, mars, batimetria etc.), definio de parmetros para obras costeiras e quanto urgncia de apoio pesquisa e formao de profissionais nos processos litorneos e em metodologias no mbito da engenharia costeira. Por outro lado, a entrega da ferramenta SMC-Brasil sociedade brasileira poder catalisar as aes esperadas para a melhoria da gesto costeira, melhorando principalmente a qualidade de projetos de intervenes na costa, bem como a anlise pelas instituies responsveis e na formao de tcnicos e gestores.

    4 RESULTADOS DO PROJETO SMC-BRASIL: OPORTUNIDADES E PERSPECTIVAS

    O SMC uma importante iniciativa para instrumentalizao da gesto integrada da costa brasileira. A ferramenta, composta pelo modelo e pela base da dados, permitir a construo de cenrios de curto prazo da dinmi-ca da linha de praia, produzindo informaes importantes para planejamen-to e qualificao da tomada de deciso nesse espao. O sistema SMC-Brasil permitir aprimorar e disponibilizar dados atualizados, formar pessoal da co-munidade cientfica, gestores federais, estaduais e municipais, empresas de engenharia etc. Tambm orientar na resoluo de problemas de engenharia e na indicao de parmetros para obras costeiras com relao dinmica da linha de costa (eroso e progradao) e s variaes morfolgicas a curto prazo. Como uma ferramenta de apoio gesto, o modelo deve ser integrado aos arranjos da gesto costeira no Brasil e outros instrumentos do PNGC.

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 17

    Os principais resultados do Projeto Transferncia de Metodologias e Fer-ramentas de Apoio Gesto da Costa Brasileira so listados a seguir.

    4.1 Sistema de Modelagem Costeira do Brasil SMC-Brasil

    O SMC-Brasil uma ferramenta computacional que combina metodo-logias de trabalho, bases de dados de cartas nuticas e modelos numricos orientados para o estudo e/ou soluo de problemas na zona costeira. As metodologias permitem abordar o estudo de um problema de forma siste-mtica (quais dados de entrada so necessrios; quais escalas de processos analisar; que modelo aplicar etc.) As ferramentas do SMC-Brasil podem ser divididas em:

    1. o SMC-Tools, que inclui uma base de dados de batimetria, ondas e nvel do mar; alm de duas ferramentas de processamento de dados integra-das, uma para realizar a anlise estatstica das variveis ambientais, e outra ferramenta que permite realizar a transferncia de uma srie de ondas a partir de profundidades indefinidas para pontos na costa;

    2. o SMC propriamente dito, que integra uma srie de modelos num-ricos, que permitem dar um suporte prtico correta aplicao da metodologia de trabalho proposta nos documentos temticos.

    O SMC-Brasil um pacote de software que permite realizar uma grande variedade de tarefas, como:

    criar ou abrir um projeto de trabalho associado a uma rea de estudo da costa. O projeto gerencia todas as informaes geradas dentro do estudo, armazenando-as de maneira estruturada em diretrios que se-guem uma hierarquia. Um projeto pode ser criado a partir de arquivos de batimetria e/ou imagens de uma rea de estudo (fotos, desenhos, cartas nuticas etc.);

    gerar projetos a partir de imagens (fotos, desenhos, cartas nuticas etc.) com as quais possvel analisar formas em planta da costa a longo pra-zo. No caso de se dispor de fotos de distintas pocas, possvel analisar situaes passadas, presentes e futuras;

  • 18 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    digitalizar e obter a batimetria e linha de costa, a partir de uma carta nutica ou mapa referenciado de uma rea.

    Por meio do SMC-Tools, possvel acessar uma base de dados onde se encontram a maior parte das cartas nuticas do litoral brasileiro (Baco), junta-mente com as batimetrias digitalizadas destas. Com essa informao, gera-do um projeto de estudo em que se pode incorporar ou combinar batimetrias de detalhes provenientes de outras fontes. Uma vez nessa batimetria, poss-vel ir modificando-a e gerando diferentes alternativas ou situaes de estudo.

    O SMC-Tools tambm permite o acesso ao mdulo IH-Ameva, uma fer-ramenta de anlise estatstica de variveis ambientais com a finalidade de re-solver os problemas de anlises de dados e estatsticas. A ferramenta acessa as bases de dados de fluxo de ondas e nvel do mar, inclusas no mdulo do IH-Data, descritas nos documentos temticos. Essas bases de dados, que so:

    GOW: Global Ocean Waves (Modelo Wavewath III); DOW: Downscaled Ocean Waves (Modelo Swan); GOS: Global Ocean Surges (MODELO Roms); GOT: Global Ocean Tides (Modelo TPXO + nveis Satlite).

    O SMC-Tools processar essas bases de dados, desenvolvidas pelo IHC para o litoral brasileiro, permitindo gerar os dados de fluxo de ondas e nveis necessrios para a execuo dos modelos numricos do sistema, para uma rea especfica de estudo.

    As escalas espao-temporais na linha de costa consideram aspectos como a regenerao de praias, o clima de ondas na costa e a cota de inundao. Os documentos temticos do SMC-Brasil apresentam referenciais tericos sobre esses aspectos orientando como aplicar a ferramenta nesses casos, resumidos em quatro documentos;

    Documento Temtico de Recuperao de Praias: rene a metodologia a ser seguida para o estudo ou projeto de recuperao de uma praia, incluindo dados, modelos, escalas.

    Documento Temtico sobre os Efeitos das Alteraes Climticas nas Praias: contm a metodologia que permite no futuro, analisar a ten-dncia com relao estabilidade de uma praia, devido aos efeitos

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 19

    da mudana climtica nas dinmicas de alturas, perodo e direo das ondas e do nvel do mar. Informa sobre como avaliar para uma praia, sua tendncia com relao a retrao ou avano da linha de costa, rotao praial, variao da cota de inundao etc.;

    Documento Temtico de Ondas: descreve a metodologia seguida para gerar as sries temporais (sessenta anos, a cada hora) de ondas ao lon-go da costa e sua transferncia a partir de profundidades indefinidas at a praia de estudo;

    Documento Temtico do Nvel do Mar e Cota de Inundao: contm a metodologia para a determinao do nvel do mar ao longo da costa do Brasil, incluindo a mar astronmica e a meteorolgica (Storm Surge). Tambm descreve a metodologia para avaliar a cota de inundao em uma rea da costa, incluindo a mar astronmica e meteorolgica e o aumento do nvel do mar na costa devido quebra das ondas. Esse ltimo, ampliado pelo perfil da praia.

    4.2 Base de dados

    Um dos produtos gerados no projeto a possibilidade de acesso, via SMC-Tools, a uma base de dados de ondas e de nvel de mars (mar astron-mica e meteorolgica) para a costa brasileira, obtida por meio de tcnica de retroanlise. Tendo como referncia o ano de 2008, a srie gerada representa o comportamento de ondas e mars dos ltimos sessenta anos, a cada hora, com malha de 1km. Entende-se que esse insumo ser de grande importn-cia para o pas para aes de planejamento e gesto dos espaos costeiros, tendo em vista a falta e/ou dificuldade de acesso aos dados oceanogrficos (mars, ondas, batimetria etc.). Saliente-se que a base de dados de ondas ain-da no foi calibrada e validada, com a base de dados do altmetro do satlite (13 anos de dados da base de datos TOPEX-Poseidon 1992-2005) devido a dificuldade de acesso de dados de ondas para costa do Brasil. Por outro lado, a base de dados de nvel dgua, est validada a partir da base de dados de margrafos disponvel na Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN).

    A expectativa que o sistema SMC-Brasil dialogue com iniciativas como a Rede Ondas do Programa Goos/Brasil, que tem como objetivo estrutu-rar um banco de dados da Rede de Monitoramento de Ondas em guas

  • 20 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Rasas e Intermedirias, a iniciativa envolve um conjunto de universidades e instituies.

    4.3 Atlas de Inundao

    O Atlas de Inundao da Costa do Brasil um documento temtico que visa disponibilizar informaes sobre cota de inundao e nvel do mar ao lon-go de toda a costa brasileira. Est sendo gerado nos moldes do Atlas de Inun-dao da Espanha, contendo descrio dos dados utilizados, metodologia aplicada, resultados gerados e a maneira correta de utilizao do documento. Os dados utilizados e a metodologia aplicada foram desenvolvidos pelo IHC e enviados ao Brasil para aplicao do mtodo e gerao dos resultados.

    Para obter os valores de cota de inundao e nvel do mar, foi utilizada a mesma base de dados de ondas, mar astronmica e mar meteorolgica dis-ponvel no SMC-Tools. Com os resultados foram realizadas anlises estatsti-cas de regime extremo e mdio que sero apresentados no documento. Com o intuito de refinar as anlises, o litoral brasileiro foi dividido em 24 zonas, sen-do gerados resultados para cada uma delas. Com esse documento em mos, ser possvel realizar uma anlise preliminar do regime mdio e extremo da cota de inundao e nvel do mar, para qualquer praia do litoral brasileiro.

    Alm da importncia no que se refere anlise da inundao costeira, a cons-truo do atlas atende a outras demandas do projeto, como a transferncia de me-todologias e a complementao da formao de profissionais capacitados para atuar no mbito da oceanografia e engenharia costeira. A Figura 2 apresenta um exemplo de uma das zonas do Atlas de Inundao, em elaborao para o Brasil.

    4.3.1 Problemtica dos mapas de inundao

    A criao de mapas com manchas de inundao na costa implica na utiliza-o de uma base nica de elevao de terreno que contenha dados de batimetria e topografia. No Brasil, esses dados so divididos entre as competncias da Ma-rinha do Brasil (Cartas Nuticas da DHN) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) (Cartas de Topografia). Um problema enfrentado por pes-quisadores que visam confeco de tais cartas est no fato de que estas duas bases de dados tm como referncia nveis do mar diferentes. Significa dizer que esto amarradas a datuns verticais distintos e as metodologias que relacionam os mesmos so muito complexas, demandando muito tempo de trabalho.

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 21

    Figura 2 Exemplo de uma das zonas do Atlas de Inundao, em elaborao para o Brasil

  • 22 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 23

    4.4 Estudos de caso elaborados

    4.4.1 ESTUDO DE CASO DO SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA BRASILEIRO EM SO PAULO

    Clarissa Brelinger De Luca

    Maurcio Gonzalez

    1 LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO

    Localizada no municpio de Caraguatatuba, litoral norte de So Paulo ( figura 1), a praia de Massaguau est divida em trs diferentes praias: praia do Capricrnio, praia de Massaguau e praia da Cocanha. Seu arco praial est vol-tado para SE/S com uma extenso total de 7,5km, apresentando um segmento fluvial (rio Massaguau) no seu setor sul, sendo que sua foz est normalmente fechada por sedimentos arenosos muito grossos (figura 2).

    Figura 1 Localizao da rea do estudo

  • 24 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Figura 2 - Praia de Massaguau, Caraguatatuba/SP

    2 IDENTIFICAO DO PROBLEMA

    Grande parte da costa brasileira vem sofrendo processos erosivos de for-ma acelerada, tanto em setores urbanizados como nos ainda no ocupados (MUEHE, 2006). Mudanas climticas podem desencadear ou agravar esse fenmeno, ao provocar mudanas no nvel do mar, na distribuio das chu-vas e na frequncia direcional e intensidade dos ventos, fatores que afetam a hidrodinmica, e o balano e a disperso dos sedimentos ao longo da costa. Mudanas na descarga slida de rios e na frequncia direcional de ondas, no s nas ltimas dcadas como tambm nas escalas histrica e geolgica, po-dem acelerar os processos de eroso e/ou avano da zona costeira (progra-dao), acarretando grandes prejuzos s cidades costeiras (MUEHE, 2006).

    A intensa ocupao do litoral de So Paulo a partir de 1950 ocasionou di-versas interferncias no comportamento costeiro, como aterros em mangue-zais, retificaes de rios, rebaixamento do lenol fretico e extrao das areias de praias e dunas que resultaram em modificaes no balano sedimentar costeiro em escalas de mdio a longo prazo (TESSLER et al., 2006).

    No estado de So Paulo, at o incio da dcada de 1990, a prtica de retira-da de areia das praias era muito comum em diversas praias urbanizadas, sendo

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 25

    os principais motivos a limpeza das praias, a desobstruo de vias pblicas e a utilizao da areia na pavimentao de ruas e at no aterro de lixes localizados sobre manguezais. Desde meados daquela dcada, essa atividade tem sido se-veramente combatida por aes estaduais por parte do Ministrio Pblico e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo (SOUZA; LUNA, 2010).

    Localizada no municpio de Caraguatatuba, litoral norte de So Paulo, a praia de Massaguau est submetida a um processo erosivo, com um recuo progressivo da linha de costa em quase toda a sua extenso, sendo que as maiores taxas localizam-se na parte central desta. Tal fato vem gerando pre-juzos de ordem financeira, uma vez que as condies locais da praia e das estruturas ali implementadas so alteradas.

    Parte do aterro que sustenta a rodovia BR-101 (Rio-Santos) foi destrudo e foram necessrios reparos por meio da implementao de obras de conten-o e dispositivos de amortecimento hidrulico, com a inteno de proteger a rea da rodovia da ao direta das ondas. Porm, essas intervenes no foram efetivas.

    Com o intuito de estabelecer alternativas que possam compreender a causa e mitigar os processos erosivos na regio, foi utilizado um conjunto de metodologias e ferramentas numricas e uma ampla base de dados, desen-volvidas pela Universidade de Cantbria, conhecido como SMC-Brasil. Por meio da utilizao do SMC, foi possvel a caracterizao morfodinmica a curto, mdio e longo prazo, estabelecendo assim a evoluo histrica da re-gio costeira de Massaguau.

    Figura 3 Eroso decorrente na praia de Massaguau e incio das obras do muro de conteno

    Fonte: Ceccarelli (2009)

  • 26 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Figura 4 Forma em planta do muro de pedra argamassada localizado na zona de eroso na praia de Massaguau

    Fonte: Ceccarelli (2009)

    Figura 5 Construo do muro de conteno de 500 metros na praia de Massaguau

    Fonte: Ceccarelli (2009)

    Figura 6 Solapamento do muro de conteno em 2006

    Fonte: Ceccarelli (2009)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 27

    Figura 7 Ressaca ocorrida em julho de 2007, perodo de Inverno

    Fonte: Ceccarelli (2009)

    Figura 8 Invaso do mar na rodovia Rio-Santos

    Fonte: Ceccarelli (2009)

    3 A APLICABILIDADE DA FERRAMENTA SMC NO LITORAL DE SO PAULO

    As ondas que se propagam at a costa sofrem processos de difrao e refrao nas ilhas de Bzios, Vitria e de So Sebastio que fazem com que as ondas que chegam praia de Massaguau apresentem uma variabilidade espacial muito marcada. A quebra das ondas devido ao efeito do fundo, em conjunto com os gradientes de altura de onda gerados ao longo do sistema, e a incidncia oblqua dessas, produzem um sistema de correntes na praia de Massaguau que se movem predominantemente de SW a NE. Essas correntes geram um transporte longitudinal que, para os sessenta anos de transporte ana-lisado, resultou em trs zonas caracterizadas por um comportamento distinto.

  • 28 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    A primeira, na poro sul da praia, marcada por um transporte em am-bas s direes, influenciada alm pela presena da laje Massaguau, pela in-cidncia de correntes transversais costa e pelo padro irregular das correntes na regio. A segunda poro, na regio central, apresenta um transporte longi-tudinal de sedimentos com um sentido predominante de SW-NE, onde, a par-tir de um ponto de inflexo, o volume de sedimentos transportado aumenta consideravelmente. Entre ambas as zonas analisadas, destaca-se um transporte que diverge, evidenciando uma zona de eroso que coincide com a zona de eroso apresentada nesse estudo. Por ltimo, o transporte de sedimentos na praia da Cocanha apresenta um padro muito local, devido ao grande aporte de sedimentos na regio que ocorre por meio de uma diminuio da magni-tude do transporte, que unidos a uma corrente de retorno acentuada na sua zona central, faz com que esses se depositem na sua zona adjacente.

    Figura 9 Taxas mdias anuais de transporte de sedimentos ao longo da praia de Massaguau

    Depois de realizar um estudo detalhado da geomorfologia, evoluo his-trica e das dinmicas marinhas e litorneas da praia de Massaguau, pode-se concluir que a problemtica relacionada eroso dessa praia est ligada

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 29

    falta de aportes naturais de sedimentos nesta, que unidos instabilidade de sua forma em planta, geram um sistema de correntes altamente dependentes das ondas incidentes que transportam o sedimento de forma lquida em um sentido SW-NE, favorecendo a sada desses do sistema.

    Com o uso das ferramentas do SMC foi possvel estabelecer uma propos-ta de recuperao da praia de Massaguau, por meio de trs linhas de atua-o: construo de um molhe perpendicular costa aporte de areia mista, e o deslocamento da BR-101 (Rio-Santos). Com isso, estaria garantido o desem-penho da praia de Massaguau quanto as suas funes de defesa costeira e uso recreativo humano a curto e longo prazo.

    Figura 10 Alternativa proposta para a recuperao da praia de Massaguau

    4 REFERNCIAS

    CECCARELLI, T. S. Paradigmas para os projetos de obras martimas no contexto das mudanas climticas. 2009. 125 f. Dissertao (Mes-trado em Engenharia) Escola Politcnica, Universidade de So Pau-lo, So Paulo, 2009.

  • 30 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    MUEHE, D. Eroso e progradao do litoral brasileiro. Braslia: MMA, 2006.

    SOUZA, C. R. de G.; LUNA, G. C. Variao da linha de costa e balan-o sedimentar de longo perodo em praias sob risco muito alto de eroso no municpio de Caraguatatuba (Litoral Norte de So Paulo, Brasil). Revista de Gesto Costeira Integrada/Journal of Integrated Coastal Zone Management, 10(2), p. 179-199, 2010.

    TESSLER, M. G.; GOYA, S. C.; YOSHIKAWA, P. S.; HURTADO, S. N. So Paulo. In: MUEHE, D. (Ed.). Eroso e progradao no litoral brasilei-ro. Braslia: MMA, 2006. p. 298-346.

    4.4.2 Estudo de Caso Enseada de Itapocori, Piarras, Litoral Centro-Norte do Estado de Santa Catarina

    Antonio H. F KleinJonas Gomes OliveiraLaura Ribas AlmeidaMauricio GonzalesCaio Trajano SalgadoRafael Sangoi Arajo

    1 CONTEXTO

    A praia de Piarras est localizada no municpio de Balnerio Piarras, litoral centro-norte do Estado de Santa Catarina e faz parte, juntamente com a praia Alegre, da enseada do Itapocori (Figura 1). Tem cerca de 8,5km de extenso, sendo delimitada ao norte pelo promontrio de Itajuba, e ao sul pela desembocadura do rio Piarras/Furado (ARAJO, 2008). considerado um importante centro turstico regional, visto que sua populao de aproxi-madamente 11 mil habitantes fixos e cerca de 100 mil habitantes nos meses de vero (SANTA CATARINA, 2012).

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 31

    Figura 1 Localizao da Enseada do Itapocori, praias e principais feies

    Nota: tambm apresentada a setorizao estabelecida por ALMEIDA (2013), a posio dos ADCPs (crculos verdes) e dos perfis (crculos azuis) P11, P23 e P39,

    analisados quanto a sua variao (modificado de OLIVEIRA, 2013 e ALMEIDA, 2013 ).

    A regio vem sofrendo ao antrpica desde a dcada de 1970, poden-do-se citar a construo de casas e da avenida beira-mar sobre a berma da praia, a retificao do canal e fixao da barra do rio mediante a construo de dois guias-corrente e o aterro de uma laguna de cerca de 350m de compri-mento. Como consequncia, desde a dcada de 1980 vem havendo retrao

  • 32 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    da linha de costa e perda de volumes considerveis de sedimento, sobretudo na poro sul da enseada, onde se verifica maior presso urbana. De forma geral, o foco dos eventos erosivos (zona de eroso acentuada) encontra-se em uma faixa de 1,5km a 2km de extenso a norte da desembocadura do rio Piarras/Furado. Concomitantemente, medidas de conteno do avano da eroso foram tomadas pelo Poder Pblico, porm, nenhuma com xito em longo prazo. Dentre elas destaca-se a construo de muros de proteo no ps-praia (1983) e espiges perpendiculares praia (1989 e 1994), assim como obras de aterro hidrulico (1999 e 2008) (Figura 2) (ARAJO, 2008) e, recentemente, a instalao de espiges.

    Figura 2 Vista da praia de Piarras antes e depois do aterro hidrulico de 1999

    Fonte: Arajo (2008)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 33

    A fim de entender-se a dinmica da regio, uma srie de estudos de-senvolvidos por grupos de pesquisa da Univali (Laboratrio de Oceanografia Geolgica e Oceanografia Fsica), da UFSC (Laboratrio de Oceanografia Costeira) e da Universidade da Cantbria, com obteno de dados e apli-cao de modelos numricos, vem sendo desenvolvidos, sendo parte deles descritos neste texto.

    Com o objetivo de calibrar e validar o modelo Oluca (modelo de ondas) e calibrar o modelo Petra (modelo de resposta do perfil de praias a tempesta-des) do SMC 2.0 para a enseada, foram simulados oitocentos casos de ondas para o perodo entre agosto e setembro de 2011 em dois pontos distintos. Sendo que os dados de entrada no modelo foram medidos por um ADCP (AWAC) localizado prximo a ilha de Itacolomis (ADCP3), e os utilizados para calibrao e validao foram amostrados por ADCPs que se encontra-vam no interior da enseada (ADCP1 e ADCP2) (figura 1) (OLIVEIRA, 2013).

    Os dados obtidos nas simulaes de ondas foram calibrados e validados com os dados obtidos pelos ADCPs 1 e 2. A calibrao foi realizada utilizan-do o perodo de 21 a 27 de agosto de 2011, com estados de mar a cada trs horas. Comparando os valores de altura significativa (Hs) e direo simulados aos valores medidos, encontrou-se, para o ADCP 1, um erro quadrtico m-dio (EQM) da Hs de 0,19 metros, enquanto que, para direo, encontrou-se um EQM de 10,8 graus (Figura 3). Considerando a comparao entre os da-dos medidos pelo ADCP 2 e os dados simulados foram encontrados um EQM da Hs de 0,11 metros e um EQM da direo de oito graus (Figura 4). O coefi-ciente de determinao da comparao entre os dados medidos e simulados de Hs foi de 0,63 para o ADCP 1 e de 0,95 para o ADCP 2.

    De forma complementar, a validao foi feita utilizando os dados amostra-dos a cada hora no perodo de 19 de agosto a 22 de setembro de 2011. Para a validao o EQM da Hs no ponto de amostragem do ADCP 1, foi de 0,28 metros, enquanto que, para direo, o EQM foi de dez graus (Figura 5). J para o ponto do ADCP 2, o EQM da Hs foi de 0,16 metros e o EQM da direo foi de 20,7 graus (Figura 6). Comparando os dados medidos e simulados de Hs, foi possvel calcular o coeficiente de determinao da validao, sendo encontrado o valor de 0,5 para o ponto do ADCP 1 e de 0,8 para o ADCP 2 (OLIVEIRA, 2013).

    Os dados obtidos por meio das simulaes de ondas foram utilizados como dados de entrada no mdulo Petra do SMC para verificar a alterao de trs perfis de praia durante um evento de tempestade ocorrido no pero-do analisado, P03, P11 e P39 (Figura 1). Os resultados obtidos pelo Petra

  • 34 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Figura 3 Calibrao do modelo Oluca para enseada de Itapocori

    Nota: foram comparados Hs e direo dos casos propagados com os valores de Hs e direo obtidos pelo ADCP 1.

    Os pontos azuis correspondem aos dados medidos e os vermelhos aos simulados.

    Figura 4 Calibrao do modelo Oluca para enseada de Itapocori

    Nota: foram comparados Hs e direo dos casos propagados com os valores de Hs e direo obtidos pelo ADCP 2.

    Os pontos azuis correspondem aos dados medidos e os vermelhos aos simulados.

    FONTE: Oliveira (2013)

    FONTE: Oliveira (2013)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 35

    Figura 5 Validao dos valores simulados de Hs e direo para enseada de Itapocori comparando-os com dados obtidos pelo ADCP 1

    Nota: os pontos azuis correspondem aos dados medidos e os vermelhos aos simulados.

    Figura 6 Validao dos valores simulados de Hs e direo para enseada de Itapocori comparando-os com dados obtidos pelo ADCP 2

    Nota: os pontos azuis correspondem aos dados medidos e os vermelhos aos simulados.

    FONTE: Oliveira (2013)

    FONTE: Oliveira (2013)

  • 36 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    foram comparados com dados medidos aps o evento de tempestade simu-lado e apresentam um coeficiente de determinao maior que 0,9 para todos os perfis, indicando uma boa reproduo da realidade pelo modelo (OLIVEI-RA, 2013). Os resultados obtidos para cada um dos perfis citados podem ser encontrados nas Figuras 7 a 9. Analisando os resultados pode-se aferir que os modelos podem ser aplicados para anlises da dinmica e das alternativas de obras costeiras propostas.

    Figura 7 Resultado da simulao das respostas do perfil 3 utilizando quatro modelos diferentes de dissipao de energia (RS, BJ, TG e Larson)

    Nota: o perfil em preto (entrada) corresponde ao perfil utilizado como dado de entrada no Petra, j o perfil em vermelho (ps-medido) corresponde ao perfil subareo medido

    aps o evento de tempestade simulado.

    Figura 8 Resultado da simulao das respostas do perfil 11 utilizando quatro modelos diferentes de dissipao de energia (RS, BJ, TG e Larson)

    Nota: o perfil em preto (entrada) corresponde ao perfil utilizado como dado de entrada no Petra, j o perfil em vermelho (ps-medido) corresponde ao perfil subareo medido

    aps o evento de tempestade simulado.

    FONTE: Oliveira (2013)

    FONTE: Oliveira (2013)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 37

    Figura 9 Resultado da simulao das respostas do perfil 39 utilizando trs modelos diferentes de dissipao de energia (RS, BJ, TG e Larson)

    Nota: o perfil em preto (entrada) corresponde ao perfil utilizado como dado de entrada no Petra, j o perfil em vermelho (ps-medido) corresponde ao perfil subareo medido

    aps o evento de tempestade simulado.

    Simultaneamente, a fim de contribuir para o entendimento do funcio-namento da praia de Piarras, foi realizada uma avaliao da sua dinmica junto zona de eroso acentuada, utilizando o programa de SMC-Brasil, para a construo de cenrios. Alm disso, foi avaliado o cenrio atual adotado pela prefeitura de Piarras, que tenta mais uma vez solucionar o problema da eroso nessa praia (Figura 10) (ALMEIDA, 2013).

    Figura 10 Imagem mostrando diques construdos em 2011/2012, obra que faz parte, junto com novo aterro hidrulico, do atual projeto de recuperao da praia de Piarras

    Fonte: Prefeitura de Balnerio Piarras

    Nos cenrios de avaliao da dinmica marinha da praia de Piarras, para o perodo de 1948 e 2008, foi verificado que as ondas existentes na regio

    FONTE: Oliveira (2013)

  • 38 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    exterior em frente praia, esto compostas predominantemente de quatro direes (ENE, E, ESE e SE), que juntas representam 93%, e tem como caracte-rstica valores de altura de onda dos temporais anuais (Hs12) e perodo de pico (Tp12) em torno de 2,5m e 15s. Os valores mdios se encontram em torno de 1,1m para altura de onda (Hs50%) e de 7,2s para perodo de pico (Tp50%). De-pois de propagar os casos representativos de estados de mar associados aos estados mdios e a eventos de tempestade, verificou-se que a regio norte da praia de Piarras sempre apresenta Hs maior que a regio sul, devido ao efeitos de refrao (principalmente para ondas de ENE), difrao e empola-mento (principalmente para ondas de ESE e SE). O sistema circulatrio gerado por essas ondas caracteriza-se por correntes paralelas zona central/norte da praia de Piarras, que muda de direo segundo a obliquidade incidente, mas, na regio sul da praia, sempre se forma uma corrente para sul a partir dos parcis das Piarras e do Camaro, e uma corrente para norte adjacente ao costo sul/praia Alegre.

    A partir da avaliao dos cenrios de dinmica litoral, com anlise da forma em planta e perfil, a curto e longo prazo, foi proposto o modelo morfodinmico de funcionamento da zona de estudo. Esse composto por trs setores de anlise: setor 1 (zona norte/central da praia de Piarras), setor 2 (zona sul da praia de Piarras), setor 3 (praia Alegre e costo sul) (Figura 1). Ao longo prazo (escala decadal) foi verificado que a retificao do rio Piarras/Furado foi o principal motivo de mudana na dinmica da zona de estudo (setor 2), com a eliminao de um sistema de aporte de sedimento e mudana do sistema circulatrio (ARAJO, 2008). Os cen-rios indicam que, no setor 1, a corrente muda de direo dependendo da obliquidade que chegam as ondas. Dessa maneira, uma parte da areia se move ao longo da linha de costa dependendo da direo das ondas, mas este transporte no se comunica com o setor 2, devido presena do par-cel das Piarras, que funciona como um dique, sendo o ponto de parada da corrente gerada por ondas de ENE e E, e comeo da corrente gerada por ondas provenientes de ESE. No setor 2, a corrente sempre para sul. No setor 3, observa-se uma estabilidade do sistema, pois a corrente, ao encon-trar-se com a desembocadura do rio Piarras/Furado e com a corrente para sul do setor 2, torna-se perpendicular costa e retorna ao costo, fechan-do um ciclo. Em funo de que o setor 2 no recebe aporte sedimentar nem do setor 1 nem do setor 3, existe eroso devido corrente para sul, que apesar de no ter grande magnitude, constante (ALMEIDA, 2013).

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 39

    A anlise em longo prazo de planta de equilbrio confirma que o setor 2 da praia no est em equilbrio (ARAJO, 2008; ALMEIDA, 2013). A curto prazo, os cenrios indicam que os eventos de tempestade afetam de ma-neira importante o setor 1 da praia, com mudana na direo do transporte dependendo da direo das ondas associadas ao temporal. Os setores 2 e 3 esto mais protegidos das ondas e o efeito mais importante na formao das correntes o gradiente de altura de onda. Dessa maneira, os temporais atuam intensificando as correntes, mas a constncia destas, a longo prazo (condies mdias), que condiciona o funcionamento morfodinmico desses setores.

    Tentando mais uma vez solucionar o problema da eroso, a prefeitura de Piarras comeou um novo projeto para conter o sedimento e preencher a zona de eroso da praia de Piarras. Esse projeto foi avaliado e verificou-se com base nos cenrios para ondas e transporte de sedimentos, que a situao que foi proposta no estvel em planta e perfil, continuando no futuro o atual problema de eroso, sendo necessria uma manuteno, com aportes de areia peridicos, principalmente porque os diques construdos so curtos.

    Com o objetivo de gerar uma condio estvel, com mnima manuten-o (aporte de areia) so propostas dois cenrios alternativos:

    1. uma nica praia, sendo que o dique da desembocadura do rio Piar-ras/Furado dever ter um comprimento (340m) suficiente para con-ter a futura forma em planta e perfil de equilbrio. Prope-se utilizar o mesmo dique norte da obra atual da prefeitura. Nessa alternativa o volume de sedimento necessrio de 1.500.000m3 (Figura11);

    2. divide-se a praia em duas, cada uma independente, ficando ambas em equilbrio esttico. Prope-se utilizar o mesmo dique norte da obra atual da prefeitura. O dique intermedirio dever ter um comprimen-to total de 280m e o dique adjacente ao rio dever ser aumentado para que chegue a um comprimento de 225m. A quantidade de areia necessria para preencher essas duas praias de aproximadamente 900.000m (Figura 12).

  • 40 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Figura 11 Alternativa 1: para obteno de uma praia em equilbrio esttico e a futura profundidade de fechamento (h*=2,5m, linha laranja)

    Fonte: Almeida (2013)

    Figura 12 Alternativa 2: para obteno de duas praias em equilbrio esttico e a futura profundidade de fechamento (h*=3,1m para o dique intermedirio

    e h*=2,5m para o dique na desembocadura, linha laranja)

    Fonte: Almeida (2013)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 41

    Saliente-se que os resultados apresentados aqui sobre a dinmica e ava-liao das obras so cenrios, pois a base de dados de ondas do SMC-Brasil ainda no foi validada para guas rasas no Brasil. Entretanto, saliente-se tam-bm que essa uma boa ferramenta para avaliar processos erosivos, e que os modelos so robustos, como se mostrou na calibrao e validao destes para situaes de eventos associados a tempestades.

    2 REFERNCIAS

    ALMEIDA, L. R. Estudio de dinmica litoral y evolucin de la zona sur de la Playa de Piarras (Santa Catarina/Brasil). Universidad de Cantabria: Master Oficial en Gestin Integrada de Zonas Costeras. Santander: fev. 2013.

    ARAJO, R. S. Morfologia do Perfil Praial, Sedimentologia e Evoluo Hist-rica da Linha de Costa das Praias da Enseada do Itapocori Santa Ca-tarina. 2008. Dissertao (Mestrado em Cincias e Tecnologia Ambiental) Univali, Itaja, jul. 2008.

    BALNERIO PIARRAS. Notcia de 18/5/2012. Disponvel em: . Aces-so em: 7 mar. 2013.

    SANTA CATARINA. Portal do Governo do Estado de Santa Catarina. Seo de Municpios. Disponvel em: . Acesso em: 6 mar. 2013.

    OLIVEIRA, J. G. Modelagem Numrica da Resposta do Perfil Praial a Eventos Extremos em Praias de Enseada: Estudo de Caso da Ensea-da do Itapocori, SC, Brasil. Trabalho de Concluso de Curso em Oceanografia, UFSC, Florianpolis, fev. 2013.

  • 42 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    4.5 Estudos de Caso em andamento

    4.5.1 ESTUDO DE CASO DO SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA BRASILEIRO (SMC/BRASIL) EM PERNAMBUCO

    Alex Costa da SilvaAndra Olinto

    1 CONTEXTO

    O Estudo de Caso do Sistema de Modelagem Costeira Brasileiro (SMC/Bra-sil) em Pernambuco provm do Acordo de Cooperao Tcnica, entre o MMA, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Agncia Estadual de Meio Am-biente (CPRH) e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS).

    O desenvolvimento do estudo de caso SMC-Brasil em Pernambuco visa utilizar como ferramenta o SMC-Brasil, no acompanhamento de problemas de eroso, desenho de alternativas de interveno e medidas de gesto para o seu enfrentamento, para fins de ensino e adequao da ferramenta, a ser difundido para uma rede de gestores e pesquisadores pblicos atuantes na gesto costeira.

    O Estado de Pernambuco, h dcadas, vem sendo alvo de graves pro-blemas enfrentados em diversos trechos do litoral, decorrentes do avano do mar sobre a praia. Particularmente em anos recentes, o mar tem tomado alguns pontos do litoral com maior intensidade, sobre reas densamente ha-bitadas e urbanizadas, que podero sofrer abalos estruturais em suas edifica-es, nos municpios de Jaboato dos Guararapes, Recife, Olinda e Paulista.

    Nesse estudo de caso, a rea a ser abrangida corresponde orla martima dos municpios de Jaboato dos Guararapes e de Recife e est inserida na zona costeira do Estado de Pernambuco, que se tem destacado pelo dinamis-mo econmico e demogrfico associado urbanizao acelerada, sobretudo na Regio Metropolitana do Recife, a qual possui a maior densidade demo-grfica do pas, correspondendo a 913hab/km2 (MARRONI; ASMUS, 2005; Finep; UFPE, 2008).

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 43

    A Regio Metropolitana do Recife, que envolve cinco municpios cos-teiros (Jaboato dos Guararapes, Recife, Olinda, Paulista e Itamarac), apre-senta caractersticas geogrficas que, por si s, j lhe conferem elevada vul-nerabilidade ao do mar, tais como: baixas altitudes mdias (entre 2m e 4m MSL); reas planas, bordejadas por tabuleiros costeiros; volumosa dre-nagem superficial, com presena de diversos rios, crregos e lagoas; e pon-tos de alagamento permanente, em consequncia do nvel elevado do lenol fretico.

    A esses atributos, somam-se caractersticas histricas de ocupao e uso, que incluem o aterro de reas de manguezais; a impermeabilizao do solo a qual dificulta a drenagem ; e o uso equivocado dos espaos litorneos, que, combinado com as caractersticas meteo-oceanogrficas locais culmina-ram num problema erosivo histrico e crescente e contriburam para diminuir a competncia das praias enquanto sistemas naturais de defesa costeira.

    Sob o ponto de vista socioeconmico, na economia local existe predomi-nantemente uma concentrao de atividades industriais, porturia, de recrea-o e turismo, as quais, juntamente com a implantao de empreendimentos de grande porte no setor de infraestrutura e imobilirio, exercem fortes pres-ses sobre os recursos costeiros, o que reduz a capacidade de adaptao diante de cenrios futuros de elevao do nvel do mar (NEVES; MUEHE, 1995; ARAUJO et al., 2009).

    2 LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO

    A rea objeto de estudo est localizada na regio Nordeste do Brasil, no estado de Pernambuco (figura 1), compreendida pela zona costeira do esta-do (figura 2), abrangendo a orla martima dos municpios de Jaboato dos Guararapes e de Recife (praia de Boa Viagem) (figura 3), inseridos na Regio Metropolitana de Recife.

    3 IDENTIFICAO DO PROBLEMA

    A zona costeira pernambucana possui vrios trechos que se encontram em desequilbrio, apresentando eroso marinha progressiva que varia de moderada a severa, verificada em aproximadamente 1/3 das praias. Um dos

  • 44 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    Figura 3 Praia de Boa Viagem Recife (a) e Praia de Piedade Jaboato de Guararapes (b)

    Figura 1 - Localizao Geogrfica

    Figura 2 Localizao da rea do estudo

    Fonte: foto de Luiz Emilio de Almeida Projeto MAI

    (a) (b)

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 45

    fatores que contribuem para esse processo a interveno antrpica por meio da ocupao das reas adjacentes praia (impermeabilizao dos cordes marinhos arenosos holocnicos) e at da ps-praia, como o caso particular da praia de Boa Viagem e do litoral de Jaboato dos Guararapes (MANSO et al., 2009). Outro fator a instalao de estruturas rgidas e outras tcnicas de conteno, construdas para solucionar um problema local, demandando da populao atingida e dos gestores a adoo de medidas emergenciais e descontnuas, para conter o processo de eroso costeira.

    O cenrio atual apresenta um histrico de onerosas e ineficazes obras pontuais no litoral do ncleo metropolitano pernambucano, que foram exe-cutadas com base em projetos de engenharia costeira, sem os necessrios estudos tcnicos e cientficos e que, em alguns casos, no cumpriram a fun-o de proteger, transferiram o processo erosivo para reas contguas da orla, alm de terem sido investidos milhes de reais do errio pblico.

    O esforo para o enfrentamento do processo erosivo do litoral de Per-nambuco vem resultando desde 2004, numa convergncia de interesses dos rgos pblicos municipais, estaduais e federais que atuam na gesto costeira da orla do estado, apoiado pelo MPF, por meio da construo de projetos e desenvolvimento de estudos tcnicos e cientficos, no intuito de uma maior compreenso dos processos costeiros que ocorrem na regio, e com vistas a subsidiar aes de proteo costeira.

    No ano de 2005, deu incio ao projeto, denominado MAI Monitora-mento Ambiental Integrado: Avaliao dos Processos de Eroso nos Munic-pios de Paulista, Olinda, Recife e Jaboato dos Guararapes, o qual permitiu fazer um primeiro levantamento significativo de dados geolgicos e oceano-grficos, fundamentais para a compreenso do funcionamento dos sistemas costeiros. Apesar da grande quantidade de informaes obtida por essa ini-ciativa, muitas questes referentes aos padres de circulao junto costa permaneceram em aberto.

    As pesquisas do Projeto MAI foram realizadas por pesquisadores da UFPE, com o apoio de especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade do Algarve e da Universitat Politcnica de Catalunya. Teve como meta diagnosticar a situao atual da eroso costeira e indicar medidas emergenciais e definitivas de controle desse fenmeno natu-ral que complexo em qualquer lugar do mundo.

    Foram desenvolvidos ainda pela UFPE, outros estudos a exemplo dos pro-jetos: Maplac refinamento da batimetria do MAI ; Procosta instalao de

  • 46 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    dois ondgrafos e Sistema Mike 21 e PGEST Programa para Gerao de Subsdios Tcnico-Cientficos s Polticas Pblicas de Proteo a Costa, con-templando oito projetos de pesquisas cientficas na rea de monitoramento, prognstico e mitigao da eroso costeira UFPE, financiado pela Facepe).

    4 A APLICABILIDADE DA FERRAMENTA SMC NO LITORAL DE PERNAMBUCO

    Diante dessa problemtica, outros projetos vm sendo desenvolvidos na regio do litoral de Pernambuco, permitindo entre outros benefcios, enten-der e dar solues a problemas de eroso, estudar possveis impactos ambien-tais e proteger as populaes assentadas em costas em risco de inundaes, alm de subsidiar futuras obras costeiras. Nesse sentido, podemos destacar o projeto Sistema de Modelagem Costeira (SMC-Brasil), no qual inclui fer-ramentas que utilizam um conjunto de metodologias e modelos numricos, que permitem estudar os processos costeiros e quantificar as variaes que o litoral sofre como consequncia de eventos naturais ou de atuaes humanas na costa.

    Com o uso de ferramenta numrica, ser possvel realizar simulaes numricas em diferentes cenrios e condies temporais e espaciais para as regies de estudo, alm de propor alternativas de preveno e reduo para o enfrentamento de mudanas climticas (risco de inundaes) sobre as po-pulaes litorneas.

    Para uma melhor aplicabilidade de ferramentas numricas, de funda-mental importncia o conhecimento e o monitoramento dos processos fsi-cos ocenicos in situ, que alteram constantemente suas caractersticas. Sendo que os principais processos fsicos ocenicos que regem a dinmica desses ambientes costeiros so as ondas, as correntes costeiras, a elevao do nvel do mar etc. Nesse sentido, para o litoral de Pernambuco, um levantamento sistemtico de principais parmetros fsicos de ondas (Projeto MC-Ondas/NE), j est em desenvolvimento no litoral. Essas informaes so de gran-de importncia para uso, validao e anlise dos resultados do modelo, que possibilite: caracterizar o clima de ondas nas regies de estudos de forma precisa e confivel, aferir e calibrar os mdulos do modelo SMC, para o en-tendimento de propagao de ondas; estudar o transporte de sedimentos na costa; estabelecer parmetros de projeto para obras de engenharia; estudar

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 47

    a interao de ondas com recifes naturais; analisar com profundidade o pro-blema da eroso costeira no litoral de Boa Viagem e de Jaboato dos Guara-rapes, dentre outras aplicaes associadas a alternativas para preveno de futuros enfrentamentos ocasionados por mudanas climticas.

    5 REFERNCIAS

    ARAUJO, M.; MALLMANN, D. L. B.; LEITE, F. S.; ROLLNIC, M.; COSTA, M. B. S. F.; FAANHA, P.; PONTES, P. M. Vulnerabilidade e impactos elevao do nvel do mar do Centro Metropolitano do Recife-PE. 2009. 168 p.

    Financiadora de Estudos e Projetos FINEP/Universidade Federal de Per-nambuco UFPE. Monitoramento Ambiental Integrado MAI-PE. Relatrio Tcnico Preliminar v. 1 e 2. Recife: Finep, 2008. 383 p.

    MANSO et al. Eroso e Progradao do Litoral Brasileiro/Pernambuco. MMA, 2009.

    MARRONI, E. V.; ASMUS, M. L. Gerenciamento Costeiro. Uma propos-ta para o fortalecimento comunitrio na gesto ambiental. 1. ed. Pelotas: Unio Sul-Americana de Estudos da Biodiversidade, 2005. p. 152. v. 1.

    NEVES, C. F.; MUEHE, D. Potential impacts of sea-level rise on the Me-tropolitan Region of Recife, Brazil. Journal of Coastal Research, SI 14, Potential Impacts of Accelerated Sea-Level Rise on Developing Countries, p. 116-131, 1995.

  • 48 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    4.5.2 SMC-BRASIL: CASO DA PRAIA DE PONTA NEGRA, NATAL / RN

    Venerando Eustquio AmaroAda Cristina ScudelariAna Maria Teixeira Marcelino

    1 CONTEXTO

    A Regio Metropolitana de Natal (RMN), capital do Estado do Rio Gran-de do Norte, no extremo nordeste do Brasil, abrange rea de 2.819,11km2 (5,2% do territrio estadual), com populao de 1.351.004 habitantes (42,6% do total da populao do estado) e com taxa de crescimento de 1,85% ao ano para o perodo 2000-2010. O Censo 2010 (IBGE, 2010) reafirmou ainda a tendncia de concentrao populacional na RMN em que a capital detm cerca de 25,37% da populao do RN, com maior crescimento demogrfico nos municpios perifricos.

    A Praia de Ponta Negra (doravante, PPN) a principal praia urbana de Natal, com cerca de 4 km de extenso, sendo considerada uma baa em zeta (figura 1). Na extremidade sul, localiza-se a duna vegetada conhecida como Morro do Careca, importante ponto turstico da cidade.

    Na orla martima de Natal, concentram-se as principais atividades econmi-cas da sociedade potiguar nos dias atuais e, por esse motivo, continuamente se instalam nesse ambiente, ou se planeja a instalao, de importantes obras civis, tais como portos, terminais martimos e marinas, alm das atividades decorrentes dessas instalaes e de outras atividades socioeconmicas relacionadas a essas.

    A PPN, desde os anos 2000, sofre a verticalizao do espao urbano decorrente da especulao imobiliria, refletindo a expanso das atividades comerciais atreladas ao turismo, que promoveram a desfigurao das dunas vegetadas, a ocupao sem o adequado reconhecimento das caractersticas geolgico-geomorfolgicas da orla e, sobretudo, do quadro interativo com a dinmica dos processos costeiros entre o sistema praia-duna. Todos esses as-pectos relacionados modificao paisagstica da orla da PPN aconteceram de modo desassociado de estudos sobre a evoluo costeira e seus aspectos de dinmica natural (AMARO et al., 2013).

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 49

    Figura 1 Mapa de localizao da Praia de Ponta Negra na cidade de Natal/RN, Nordeste do Brasil

    Desde os anos 2000, ocorre, no bairro contguo PPN, a verticalizao do espao urbano (figura 2), decorrente da valorizao imobiliria da regio, refletindo a expanso das atividades comerciais atreladas ao turismo. Essas aes promoveram a desfigurao das dunas vegetadas (figuras 2a e 2b), a ocupao sem o adequado reconhecimento das caractersticas geolgico-geomorfolgicas da orla, sobretudo no quadro de interao com a dinmica dos processos costeiros entre o sistema praia-duna, como mostram as figuras 2c e 2d (SCUDELARI et al., 2013). Todos esses aspectos relacionados mo-dificao paisagstica da orla da PPN aconteceram desassociados de estudos sobre e evoluo costeira e os aspectos de dinmica natural, apesar dos sete planos diretores urbansticos j realizados por sucessivas gestes pblicas, com orientaes polticas sobre o uso do espao geogrfico. Nos anos de

  • 50 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    2011 e 2012, as mars altas, sobretudo no perodo de outono-inverno (de maro a agosto), promoveram a destruio de infraestruturas no trecho da PPN desde o Morro do Careca at os hotis instalados na via costeira, alm de intensificarem problemas ambientais crnicos (AMARO et al. 2013).

    Figura 2 - Imagens da praia de Ponta Negra: (a) ocupao com casas de veraneio nos anos 60; (b) vista area da faixa de praia com casas de veraneio e vias de acesso, com destaque para a maior concentrao de casas prximo ao morro do Careca ao fundo; (c) verticaliza-o da orla nos anos 2000; (d) vista area em meados de 2010, mostrando a expanso da ocupao imobiliria sobre a faixa de dunas vegetadas, alm da proximidade inadequada

    das instalaes com o limite de praia.

    a) b)

    c) d)

    Fotos: Jaecy e outros

    2 A APLICABILIDADE DA FERRAMENTA SMC NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    O intuito principal com o emprego do SMC-Brasil na PPN a possibili-dade de melhor compreenso da dinmica instalada, por meio da determina-o do clima de ondas, circulao hidrodinmica, transporte de sedimentos, evoluo praial (em planta e perfil), perfis de equilbrio etc., e assim avaliar diferentes alternativas de intervenes, que visem soluo do problema de eroso ali instalado por meio de anlise quali-quantitativa.

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 51

    Alm disso, trata-se de uma oportunidade de aplicao do SMC-Brasil em um caso de estudo sob as condies morfodinmicas do extremo Nordeste do Brasil, colaborando para a validao e a avaliao dessa ferramenta no pas.

    3 CONCLUSO

    A PPN, em decorrncia do significativo uso turstico, tem sofrido as conse-quncias dos intensos processos erosivos da ltima dcada destruindo as reas construdas em setores inadequados, efetivadas sem o estudo multitemporal das condicionantes hidrodinmicas e que teriam a funo de aferirem a ao contnua e sazonal dos processos costeiros na configurao da faixa praial. Por-tanto, conclui-se que os danos infraestrutura causados pela dinmica costeira, com destaque para as ocorrncias em 2011 e 2012, so decorrentes do baixo entendimento dos aspectos fsicos da dinmica costeira na rea, o que resulta na definio pelo poder pblico de normas de uso e ocupao do solo sem ter como base estudos sistemticos sobre a zona costeira e sobre os processos mo-dificadores naturais e antropognicos em multiescalas espaciais e temporais.

    No caso da PPN, a urbanizao do ps-praia provocou a perda do aporte de sedimentos das dunas frontais, lanando na praia toda a gua do escoamen-to pluvial, sem existir um monitoramento sistemtico de longo prazo, apenas trabalhos e levantamentos pontuais in situ. Agregar essas abordagens poderia compor um arcabouo terico adequado para fundamentar qualquer tomada de deciso nessa rea litornea. Ao longo da PPN, percebe-se o uso indevido do calado e das reas de dunas frontais, em que foram instalados, pelos co-merciantes locais, compartimentos e espaos de depsito na base do calado e nas dunas frontais, fragilizando assim a construo. Quando da amplificao do risco a esses empreendimentos (SCUDELARI et al., 2013), foram realiza-das tentativas de conteno que s pioraram a situao de eroso nas laterais da interveno. Essas constataes revelam a fragilidade da gesto municipal em administrar a regio costeira do municpio de Natal.

    4 REFERNCIAS

    AMARO, V. E.; SCHUDELARI, A. C.; NEVES, C. F.; GOMES; L. R. S. Gesto Costeira e a Relevncia dos Estudos de Diagnstico e Prognstico

  • 52 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    das Modificaes da Faixa Praial: Caso da Praia de Ponta Negra, Na-tal/RN, Nordeste do Brasil. Revista de Gesto Costeira Integrada, 2013a. (no prelo).

    AMARO, V. E.; LIMA, F. G. F.; GOMES, L. R. S.; SCUDELARI, A. C.; NEVES, C. F.; BUSMAN, D. V. Multitemporal Analysis of Coastal Erosion Based on Multisource Orbital Images, Ponta Negra Beach, Natal City, Northeast Brazil. The 11th International Symposium for GIS and Computer Cartography for Coastal Zone Management, Canad, 2013b.

    AYOADE, J. O. Introduo a climatologia para os trpicos. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. p. 124-126.

    BUSMAN, D. V., AMARO, V. E.; CMARA, M. R.; VALCCIO, S. N.; SOUSA, J. R. Coastal protection on tropical mesotidal beach: case study of Ponta Negra beach, Natal/RN, northeast Brazil. In: 12th International Coastal Symposium, 2013, Plymouth, England, 2013. (no prelo).

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA IBGE. Mapa de clima do Brasil. Disponvel em: . Acesso em: nov. 2012.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA IBGE. Censo Demogrfico 2010. Disponvel em: . Acesso em: set. 2012.

    KOMAR, P. D. Beaches processes and sedimentation. 2. ed. USA: Pren-tice Hall Inc., 1998.

    MENDONA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noes bsicas e climas do Brasil. So Paulo: Oficina de Texto, 2007.

    SCUDELARI, A. C; SILVA, F.; NEVES, C. F.; AMARO, V. E.; SANTOS JR., O. Avaliao Preliminar da Fragilidade da Zona Costeira de Natal/RN/BR frente s Mudanas Climticas. Revista de Gesto Costeira Integrada, 2013. (no prelo).

    VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia bsica e aplicaes. Viosa: UFV, Imprensa Universitria, 2000. 449 p.

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 53

    4.6 Formao em Engenharia Costeira

    A experincia do SMC na Espanha promoveu a formao de pessoal me-lhorando a gesto costeira integrada do pas. Para xito dessa experincia no Brasil, importante desenhar para os prximos cinco anos, aes estratgicas de difuso e formao do SMC-Brasil.

    O Comit-Executivo do SMC-Brasil dever desempenhar papel central nesse desafio e a estratgia deve adotar aes de (1) curto prazo, na para for-mao e capacitao de gestores em tcnicas de proteo e gesto do litoral que facilite a tomada de decises; e (2) de mdio e longo prazo, na formao de mestres e doutores, para fortalecimento de grupos locais de pesquisas e a iniciativa privada, que permitam a curto e longo prazo gerar uma massa crti-ca que d apoio regional para uma gesto e implantao de obras de forma adequada na costa brasileira.

  • 55DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    1. APRESENTAO

    O evento II Seminrio Internacional Brasil-Espanha: a experincia es-panhola e a aplicao do SMC-Brasil no apoio gesto da costa brasileira visa atender aos objetivos do Projeto Transferncia de Metodologias e Ferra-mentas Numricas de Apoio Gesto Costeira Brasileira, no mbito do Acor-do de Cooperao Tcnica Internacional entre Brasil e Espanha, coordenado no Brasil pelo MMA e pela Secretaria do Patrimnio da Unio/Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Esse projeto baseado na transferncia de metodologias e ferramentas numricas de modelagem de terreno para o gerenciamento costeiro brasileiro, utilizando a ferramenta SMC customizada para o Brasil, com dados da costa brasileira.

    O SMC-Brasil uma importante iniciativa para instrumentalizao da gesto integrada da costa brasileira, cuja ferramenta, composta pelo modelo numrico e pela base de dados, permitir a construo de cenrios sobre a dinmica da linha de praia produzindo informaes importantes para planeja-mento e qualificao da tomada de deciso nesse espao.

    No evento, ser apresentada a experincia espanhola na gesto costeira integrada e seus casos exitosos de aplicao da ferramenta SMC, com objeti-vo de apoiar o processo de implantao do Projeto SMC-Brasil.

    2 OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral do evento II Seminrio Internacional Brasil-Espanha: a experincia espanhola e a aplicao do SMC-Brasil no apoio gesto da costa brasileira divulgar o Projeto SMC-Brasil, produto do acordo bilateral Brasil-Espa-nha para apoio gesto costeira, e ampliar as parcerias institucionais brasileiras.

    PARTE IISeminrio

    II Seminrio Internacional Brasil-Espanha: a experincia espanhola e a aplicao do SMC-Brasil no apoio gesto da costa brasileira

    Braslia, 3 de abril de 2013.

  • 56 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    3 CONTEDO PROGRAMTICO

    MANH

    8h309h30 Abertura

    I PAINEL: Gesto Costeira Integrada

    9h3010h10 A experincia espanhola em obras costeira e atuao na costa (IHC Prof. Dr. Raul Medina)

    10h1010h35 O monitoramento ambiental de complexo porturio no Brasil: A experincia do Porto de Santos/SP Dra Alexandra Soa Grota (DOCAS/SP)

    10h3511h Intervalo

    11h11h25 Avaliao do impacto das mudanas climticas na costa latino-americana e no litoral brasileiro (Estudo Cepal/IHC Prof. Dr. Raul Medina)

    11h3012h30 Debates12h3014h Intervalo para almoo

    TARDE

    II PAINEL: SMC-BRASIL

    14h14h30 O Sistema de Modelagem Costeira Brasileiro SMC-Brasil (IHC Prof. Dr. Mauricio Gonzlez).

    14h3016h00 PAINEL: Estudos de caso do SMC-Brasil: a experincia em So Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio Grande do Norte

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 57

    Oc. Clarissa De Luca Tetra Tech Prof. Dr. Antonio Klein UFSC Oc. Laura Ribas IH Cantbria Prof. Dr. Alex Silva UFPE Prof. Dra. Ada Scudelari UFRN Dra Ana Marcelino Idema-RN

    16h0016h30 Debate16h3016h50 Intervalo

    III PAINEL: Formao e capacitao

    16h5017h50 A formao em Engenharia Costeira no Brasil: oportunidades e desaos (CNPQ, CAPES e PPGMAR)

    Moderao: Prof. Dra. Ada Scudelari UFRN

    17h5018h20 Debate18h2018h30 Encerramento

    4 Pblico-alvo

    membros da Comisso Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), do Grupo de Integrao do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco), da Comisso do Zoneamento Ecolgico-Econmico (CCZEE) e do Comi-t-Executivo do Fundo Clima;

    pesquisadores relacionados temtica costeira e porturia, em especial das reas de oceanografia, geomorfologia e engenharias das universi-dades brasileiras;

    gestores e tcnicos da Administrao Pblica federal e estadual (direta, autrquica e fundacional);

    organizaes da sociedade civil.

    Local: Auditrio do Instituto Chico Mendes para a Conservao da Bio-diversidade (ICMBio). EQSW 103/104, Complexo Administrativo, Setor Sudoeste, Braslia - DF

  • 58 DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO

    REDE EXECUTIVA DO PROJETO

    Leila Swerts/Mrcia OliveiraMinistrio do Meio Ambiente (MMA/SEDR)Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel (SEDR)Departamento de Zoneamento Territorial (DZT)Gerncia Costeira Esplanada dos Ministrios, bloco B, sala 95070068-901 Braslia/DF BrasilTel.: (61) 2028-1160 e 2028-1161 E-mail: [email protected] e [email protected]

    Alejandro Muoz MuozEmbaixada da Espanha no BrasilAgncia Espanhola de Cooperao Internacional para o Desenvolvimento (Aecid)SES, Av. das Naes, quadra 811, lote 4470429-900 Braslia/DF BrasilTel.: (61) 3443-3303 Fax: (61) 3443-3304 E-mail: [email protected]

    Andr Luiz GalvoMinistrio das Relaes ExterioresAgncia Brasileira de Cooperao (ABC)Coordenao Geral de Cooperao Tcnica Recebida Bilateral (GCRB)Esplanada dos Ministrios, bloco H, anexo I, 8 andar70170-900 Braslia/ DFTel.: (61) 2030-9342 Fax: (61) 3411-6894E-mail: [email protected]

    Lus Tadeu Assad/Andr Macedo Brugger Instituto Ambiental Brasil Sustentvel (IABS)SHIS, QI 5, conjunto 17, casa 20 Lago Sul71615-170 Braslia/DF BrasilTel.: (61) 3364-6005 E-mail: [email protected] e [email protected]

  • DILOGOS BRASIL-ESPANHA: SISTEMA DE MODELAGEM COSTEIRA RESUMO EXECUTIVO 59

    Antonio Henrique da Fontoura KleinUniversidade Federal de Santa CatarinaCentro de Filosoa e Cincias HumanasDepartamento de Geocincias Campus Universitrio Trindade, CEP 88040-900, Florianpolis/SC, BrasilTel.: (48) 3721-2577E-mail: [email protected]

    Andr Lus Pereira Nunes/Jorge Arzabe Ministrio do Planejamento Oramento e Gesto Secretaria do Patrimnio da Unio-SPUDepartamento de Destinao Patrimnial - DEDESCoordenao -Geral de Apoio ao Desenvolvimento Local-CGADLEsplanada dos Ministrios, bloco C, sala