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“Há anos que estou convencido de que já não há mais necessidade de escolher entre o crescimento econômico e a preservação ou mesmo a recuperação do meio ambiente. Mas é preciso abandonar os padrões de consumo de energia da Era Industrial [...] Portanto, eu recomendo a todos a leitura do livro Capitalismo Natural, de Paul Hawken e AMory e Hunter Lovins. Ele prova, contra qualquer argumentação que existem tecnologias, à parte as que estão surgindo no horizonte, que nos permitirão ficar mais ricos, preservando, e não devastando o meio ambiente.” Bill Clinton, Presidente dos EUA 21 de novembro de 1999 “Capitalismo Natural é uma espécie de manifesto, um credo comovente e poderoso para a segunda revolução industrial. Três dos melhores cérebros do mundo uniram sua sabedoria e criaram uma obra que os historiadores do futuro considerarão um marco no caminho rumo a uma economia nova e sustentável.” Tachi Kiuchi, Diretor Geral da Mitsubishi Electric Corporation Prsidente de The Future 500 “Se A Riqueza das Nações, de Adam Smith, foi a bíblia da primeira revolução industrial, é bem possível que Capitalismo Natural seja a da próxima...” Peter Senge, autor de A Quinta Disciplina “No Brasil, as lições de transformação de Curitiba – uma cidade com população comparável à de Houston ou de Filadélfia – trazem promessas e esperanças para todas as cidades e todos os povos do mundo. Desenredar os fios da intricada malha de inovações curitibanas revela princípios básicos do capitalismo natural funcionando de maneira particularmente inspiradora.” Extraído do Capítulo XIV Resumo do livro elaborado por Maria Lúcia Capanema Cáceres Este livro é um alerta aos contrastes existentes em nosso dia-a-dia: de um lado, enormes desperdícios, de outro, muita carência; a busca obsessiva de lucros que são verdadeiros saques contra o futuro; e uma evolução tecnológica que aproxima seres virtuais e, ao mesmo tempo, isola o ser humano. Capitalismo Natural foi escrito para pessoas que querem ter mais coerência naquilo que fazem e que estão em busca de soluções para esses paradoxos, para pessoas que querem fazer diferença.

Resumo Livro Capitalismo Natural

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“Há anos que estou convencido de que já não há mais necessidade de escolher entre o crescimento econômico e a preservação ou mesmo a recuperação do meio ambiente. Mas é preciso abandonar os padrões de consumo de energia da Era Industrial [...] Portanto, eu recomendo a todos a leitura do livro Capitalismo Natural, de Paul Hawken e AMory e Hunter Lovins. Ele prova, contra qualquer argumentação que existem tecnologias, à parte as que estão surgindo no horizonte, que nos permitirão ficar mais ricos, preservando, e não devastando o meio ambiente.”

Bill Clinton, Presidente dos EUA 21 de novembro de 1999

“Capitalismo Natural é uma espécie de manifesto, um credo comovente e poderoso para a segunda revolução industrial. Três dos melhores cérebros do mundo uniram sua sabedoria e criaram uma obra que os historiadores do futuro considerarão um marco no caminho rumo a uma economia nova e sustentável.”

Tachi Kiuchi, Diretor Geral da Mitsubishi Electric Corporation Prsidente de The Future 500

“Se A Riqueza das Nações, de Adam Smith, foi a bíblia da primeira revolução industrial, é bem possível que Capitalismo Natural seja a da próxima...”

Peter Senge, autor de A Quinta Disciplina “No Brasil, as lições de transformação de Curitiba – uma cidade com população comparável à de Houston ou de Filadélfia – trazem promessas e esperanças para todas as cidades e todos os povos do mundo. Desenredar os fios da intricada malha de inovações curitibanas revela princípios básicos do capitalismo natural funcionando de maneira particularmente inspiradora.”

Extraído do Capítulo XIV

Resumo do livro elaborado por Maria Lúcia Capanema Cáceres

Este livro é um alerta aos contrastes existentes em nosso dia-a-dia: de um lado, enormes desperdícios, de outro, muita carência; a busca obsessiva de lucros que são verdadeiros saques contra o futuro; e uma evolução tecnológica que aproxima seres virtuais e, ao mesmo tempo, isola o ser humano. Capitalismo Natural foi escrito para pessoas que querem ter mais coerência naquilo que fazem e que estão em busca de soluções para esses paradoxos, para pessoas que querem fazer diferença.

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CAPITALISMO NATURAL

Criando a Próxima Revolução Industrial Paul Hawken

Amory Lovins L. Hunter Lovins

CAPÍTULO 1 A PRÓXIMA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Vamos imaginar: - cidades silenciosas, automóveis e ônibus sem ruídos - carros de escapamentos emitindo vapor de água - no lugar das vias expressas, parques e áreas verdes - o petróleo já não é mais fundamental - vida melhor para todos Seria uma visão utópica? No próximo século, com a população duplicada e os recursos disponíveis per capita reduzidos à metade ou mais, pode ocorrer uma enorme transformação na indústria e no comércio. Isso vai gerar transformações que promoverão a eficiência econômica, a preservação ambiental e a justiça social. A revolução industrial expandiu extraordinariamente as possibilidades de desenvolvimento material da humanidade. Por outro lado, o capital natural vem declinando assustadoramente. O índice de perdas cresce na mesma proporção dos ganhos em termos de bem-estar material. Uma economia requer quatro tipos de capital para funcionar bem: 1. Capital Humano – trabalho e inteligência, cultura e organização 2. Capital Financeiro – dinheiro, investimento e instrumentos monetários 3. Capital Manufaturado – infra-estrutura, máquinas, ferramentas e fábricas 4. Capital Natural – recursos, sistemas vivos e os serviços do ecossistema. O sistema industrial utiliza as três primeiras formas de capital para transformar o Capital Natural no material da vida de todos nós: automóveis, ferrovias, cidades, pontes, casas, alimentos, medicamentos, hospitais, escolas... Por isso, o debate sobre o clima é uma questão pública porque o que está em risco é o sistema que sustenta a vida. Um dos ciclos mais críticos da natureza é a troca contínua de dióxido de carbono por oxigênio entre plantas e animais. Este “serviço de reciclagem” gratuito da natureza está comprometido e não se conhece nenhuma alternativa para o serviço natural do ciclo de carbono. E a queima dos combustíveis fósseis continua. Nas últimas três décadas, consumiu-se nada menos que 1/3 dos recursos naturais da Terra e, nos últimos 50 anos, 1/3 da cobertura florestal e ¼ da camada superior do solo.

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O sombrio sucesso da produção industrial desencadeou duas grandes guinadas intelectuais do final do século XX: - o fim da Guerra Fria e do Comunismo - o fim da Guerra contra a Terra e a ascensão do Capitalismo Natural. O “Capitalismo Industrial” liquida seu próprio capital e chama isso de renda. Os recursos naturais e os sistemas vivos, bem como, os sistemas sociais e culturais são a base do Capital Humano. Os serviços que recebemos dos sistemas vivos não têm substitutos. O capital natural não tem preço e as máquinas são incapazes de substituir a inteligência humana. Se é difícil computar o valor do capital natural e humano, como podem os governos e os empresários tomar decisões quanto ao uso responsável dos sistemas vivos da Terra? O capitalismos convencional consiste no mercado livre, onde os lucros reinvestidos tornam o trabalho e o capital cada vez mais produtivos, fábricas maiores e mais eficientes, além da preocupação das empresas em alocar pessoas e recursos para o seu uso superior e melhor. O capital natural e o humano têm pouco valor em comparação com o produto final. No início da revolução industrial, a mão de obra era relativamente escassa (a população total era 1/3 da atual) e os estoques de capital natural eram abundantemente inexplorados. Hoje, a situação é inversa. Enquanto a natureza tornou-se assustadoramente escassa, pois, os recursos naturais foram tratados como bens gratuitos e infinitos, as pessoas foram se multiplicando e passaram a ser um recurso abundante. Os seres humanos já usam mais da metade da água potável do mundo, fixam mais nitrogênio que todos os sistemas naturais do planeta e se apropriam de dois quintos de toda a produtividade biológica primária terrestre. As tensões ecológicas têm causado diversos problemas e conflitos sociais. Pergunta-se: - Como seria a nossa economia se valorizássemos todas as formas de capital

inclusive o humano e o natural? - Como seria se o capital humano e o natural fossem computado na contabilidade

como um fator de produção finito e valioso e não como artigo supérfluo e inesgotável?

Isto será, certamente, a próxima Revolução Industrial. O capitalismo natural e a possibilidade de um novo sistema industrial são alicerçados em valores diferentes do capitalismo convencional. O livro “Capitalismo Natural” apresenta quatro estratégias centrais de capitalismo natural que são formas dos países, empresas e comunidades operarem, comportando-se como se todas as formas de capital fossem valorizadas. Assim, poderemos evitar a escassez, perpetuar a abundância e estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento social. 1. Produtividade Radical dos Recursos

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O uso efetivo dos recursos desacelera seu esgotamento, diminui a poluição e fornece as bases do crescimento do emprego em atividades significativas em todo o mundo. Aumentar a produtividade dos recursos significa obter de um produto ou processo a mesma quantidade de utilidade ou trabalho usando menos material e energia. Os investimentos na revolução da produtividade não só retornam com o tempo, como podem reduzir o capital inicial. A produtividade dos recursos não se limita a economizar recursos e dinheiro, mas a melhorar a qualidade de vida.

2. Biomimetismo A redução do uso dissipador de material, isto é, a eliminação da própria idéia de desperdício que pode ser obtida redesenhando-se os sistemas industriais e materiais de forma a reciclar de maneira constante e até eliminando toxidade. As crescentes pressões competitivas para poupar recursos naturais têm estimulado os químicos, físicos, engenheiros de processos, biólogos, desenhistas industriais que estão reexaminando a energia e os materiais, buscando soluções que usem o mínimo de insumos, temperaturas mais baixas e reações enzimáticas. As empresas tentam imitar os processos biológicos e do ecossistema. Os projetistas estão se tornando alunos da natureza para aprender a química benigna de seus processos.

3. Uma Economia de Serviço e de Fluxo

Trata-se de uma alteração na relação entre produtor e consumidor, de uma transformação da economia de bens e aquisição para uma economia de serviço e de fluxo. No lugar de uma economia onde os bens são produzidos e vendidos, uma economia de serviços onde os consumidores obtém serviços tomando os bens emprestados ou alugando-os em vez de comprá-los. Os fabricantes ao invés de vendedores de produtos se tornam prestadores de serviços. A meta é vender resultados, desempenho e satisfação. “Nada na natureza se exaure em seu primeiro uso. Quando uma coisa serviu ao máximo a um fim, é inteiramente nova para um serviço ulterior”. Assim, podemos imaginar um sistema industrial onde nada pode ser jogado fora e que tudo que é produzido acaba retornando. O produto é um meio e não um fim. Os produtos projetados para reincorporar-se aos ciclos de fabricação reduzem o desperdício e aumentam a demanda de mão-de-obra.

4. Investindo no Capital Natural

Reverter, mundialmente, a destruição do planeta através de reinvestimento na sustentação, restauração e na expansão dos estoques do capital natural. Se um fabricante não consegue honrar seus compromissos ou atrasa as entregas, ele toma as providências imediatas. Os sistemas vivos são um fornecedor de componentes indispensáveis à vida do planeta e que não estão conseguindo mais atender às encomendas. À medida que avança a globalização e à medida que continua diminuindo a água, a terra arável, os peixes, o mundo enfrenta o perigo de se dilacerar. A segurança global está vinculada ao meio ambiente. As sociedades precisam adotar objetivos comuns a fim de aumentar o bem-estar social. A sociedade pode se empenhar a favor da produtividade dos recursos sem aguardar a solução de disputas políticas. Já existem notáveis tecnologias desenvolvidas que estão sendo empregadas.

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O objetivo deste livro é apoiar a comunidade humana e todos os sistemas que sustentam a vida. Sua preocupação maior é a de possibilitar mudanças. É preciso um apelo à ação. É preciso possibilitar mudanças no lado humano da economia capazes de ajudar a preservar e reconstruir os sistemas vivos. É preciso mostrar que não há uma separação entre economia e ecologia. CAPÍTULO 2 A REINVENÇÃO DA RODA A indústria dos transportes automotivos, a maior indústria do mundo já avançou muito rumo a um Fator Quatro em termos de produtividade dos recursos,adotando matéria-prima durável e que pode ser reutilizada, além de reduzir a pressão que exerce sobre a atmosfera, o clima e sobre o capital natural. Além disso, começa a repensar o modo de fazer o automóvel se locomover. Isso não foi imposto por leis, mas, sim, pela exigência dos consumidores, pela concorrência e pelo espírito empresarial. A indústria automobilística do fim do século XX é uma complicada reunião de umas 15 mil peças no que há de mais avançado em termos de segurança e limpeza. Entretanto, a indústria que o produz é senil. O carro convencional é pesado e quese todo feito de aço. Seu peso é enorme, repousando sobre quatro pneus, desperdiçando energia e se aquecendo. Hoje, já está sendo desenvolvido um projeto inteiramente novo que economizará, pelo menos, 70 a 80% do combustível atualmente consumido, além de ser mais seguro, mais esportivo e mais confortável. São três as mudanças introduzidas: 1. tornar o veículo ultraleve, com peso duas a três vezes menor que os carros de

aço; 2. diminuir a resistência oferecida ao seu deslocamento, de modo que ele possa

deslizar no ar e rodar na estrada com muita facilidade; 3. utilizar, para tomar sua propulsão, a energia “elétrico-híbrida”. Os carros ultraleves de acionamento híbrido são mais duráveis e podem custar menos que os tradicionais. A combinação das melhores tecnologias atuais pode produzir carros bem melhores e mais bonitos que os atuais. Os Hipercars têm a possibilidade de reduzir em até dez vezes cada um dos quatro parâmetros básicos de fabricação. São tantas inovações que já existem que podemos dizer que essas inovações precedem uma revolução tecnológica, cultural e de mercado capaz de abalar não só a nossa maneira de viajar de automóvel, como o próprio funcionamento da economia global. Os Hipercars podem determinar o fim das atuais indústrias de automóvel, de petróleo, aço, alumínio, eletricidade e de carvão, anunciando o nascimento de indústrias bem mais benignas. Eles trarão uma transformação direta e indireta aos setores de energia e material, tornado-se poderosos meios de reverter a erosão do capital natural, principalemtne, o aquecimento global. O que é exatamente um Hipercar? Em primeiro lugar, convém dar atenção especial à fabricação de automóveis ultraleves porque a economia em peso tende a se multiplicar. Sabemos que peso

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não é pré-requisito de força. Assim, os Hipercars combinam o desempenho dos materiais já utilizados nos automóveis ultraleves, das corridas de fórmula Indy, com um design adaptado a dar segurança a toda sorte de acidentes possíveis. Fabricação de automóveis ultraleves, estrutura e suspensão mais leves, motor menor, freios menores e menos combustível. Técnicas inovadoras para reduzir o barulho e dar mais conforto. Ao mesmo tempo que protegem seus passageiros, os automóveis ultraleves também oferecem menos perigo aos ocupantes do veículo com que possam colidir. Uma grande vantagem do Hipercar é deixar de utilizar o aço. Atualmente, já existem barcos feitos de compósitos de vidro e poliéster. O material sintético já domina a construção naval e vem ganhando terreno no aeroespacial. As fibras de carbono são filamentos rígidos, pretos, brilhantes, mais finas que um fio de cabelo, duras e resistentes. As fibras de vidro e de Kevlar são tão boas ou melhores que as de carbono. As diferenças entre o uso do aço e o dos compósitos são profundas em todos os níveis de fabricação. O Hipercar explora pequenas equipes de projetistas, pouco tempo de produção, baixo volume de defeitos por modelo, experimentação e diversificação rápidas de modelos e maior flexibilidade. Apresenta ciclos rápidos de produtos, menos riscos financeiros, mais saudável e seguro para os operários. Os Hipercars , assim como os automóveis elétricos movidos a bateria, usam, de maneira muito eficiente, os motores elétricos para movimentar as rodas, ao mesmo tempo que recuperam boa parte da energia de frenagem para a reutilização. Para acioná-los, pode ser usada pode ser usada a célula de combustível de hidrogênio, tecnologia de 1839 mas que só na década de 1990 conseguiu ser divulgada. Este processo eletroquímico é silencioso, potente, além de eficiente e confiável. As células de combustível precisam se tornar mais baratas. Isto, certamente, acontecerá quando fabricadas em grande escala. Quanto mais amplamente o hidrogênio for utilizado, mais a sua produção será benigna. para o clima. As quatro principais maneiras de gerar hidrogênio – contra a corrente e a favor da corrente, a partir da eletricidade e a partir do gás natural – estarão competindo pelos mesmos consumidores e assim a concorrência dos preços no varejo será enorme. A fabricação do Hipercar reduziria muito a tonelagem da indústria siderúrgica e centuplicaria o volume de produção de fibra de carbono. Isso transformaria esta última em artigo normal, reduzindo muito seu preço, tornando-o competitivo com o aço em quase todas as outras aplicações industriais. Os Hipercar, utilizando produtos eletrônicos e solfwares em estado sólido aumentam muito a confiabilidade do produto, a segurança, economia e a tranqüilidade dos usuários. Os principais obstáculos dos Hipercar não são técnico e nem econômicos, mas culturais, pois, eles parecem mais com computadores com rodas e isso fará com que, nos próximos 20 anos, a indústria automotiva mundial enfrente uma transformação radical que modificará totalmente a natureza de suas empresas e produtos. Atualmente, temos um problema de disseminação de excesso de automóveis. O congestionamento vem desgastando as comunidades. Os Hipercar podem resolver o problema do custo, mas do excesso, dos congestionamentos e dos problemas de estacionamento ainda não. Ao invés de aumentar as áreas de estacionamento, cobrar por elas um preço real e, assim, as pessoas pensariam em alternativas diversas, como: ir a pé, utilizar transporte coletivo, bicicleta, etc. Várias grandes

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cidades já estão impondo regras e taxas referentes a estacionamento de veículos para tentar conter os congestionamentos. Ao lado disso, descobrir alternativas mais saudáveis. È falsa a idéia de que dirigir um veículo é gratuito, ao contrário, gera custos em todos os níveis. Cobrar mais pelo uso das estradas, túneis, viadutos ou estacionamentos nos horários de maior movimento é uma maneira de diminuir os congestionamentos e, ao mesmo tempo, incentivar os transportes coletivos. Reduzir os perigos do tráfego e remover as barreiras que dificultam os deslocamentos a pé ou de bicicleta podem ajudar muito. Assim, ao lado do uso de espaço e das opções de transportes, alternativas como um só carro por família, começam a se tornar atraentes. Há países em que o compartilhamento de automóveis reduz a um terço a propriedade de carros e em 90% o seu uso no transporte, enquanto conserva plenamente as opções de mobilidade. Outra maneira de diminuir a quantidade de auto-estradas é o exemplo das grandes empresas virtuais, que não estão em lugar nenhum e estão em toda parte. Seus empregados trabalham em suas residências, sem precisar de deslocamentos. Diminuir a dispersão e concentrar os lugares onde as pessoas moram, trabalham, fazem compras e se divertem a uma distância de cinco minutos de caminhada, aglomerando os bairros, também é outra opção. Os carros são “ um acessório da vida e não seu princípio organizacional central” . Em resumo: Tanto na mobilidade pessoal, quanto no transporte de cargas a demanda de tráfego tem a ver com a demanda de energia, de água ou de armas. Atualmente, estão surgindo alternativas que nos permitem escolher entre investir mais em carros ou em outros meios de transportes, em seus substitutos como vídeo conferências e escritórios satélites. Os automóveis hão de se tornar extremamente limpos e eficientes antes que cheguemos a não mais precisar deles. Os Hipercars estão se tornando realidade. Assim, “ mobilizar a engenharidade para criar um carro melhor deve vir a par da sabedoria para criar uma sociedade em que vale a pena dirigir mas com menos freqüência”, CAPÍTULO 3 NÃO DESPERDICE Os fluxos de material necessários à manutenção da produção industrial podem ser comparada a um fluxo metabólico: a indústria ingere energia, metais, minerais, água, floresta, pesca, produtos agropecuários e excreta líquidos e sólidos, diversos poluentes tóxicos desagradáveis ou permanentes. Além disso, exala gases que são uma forma de lixo molecular. Comparado ao organismo humano, a maior parte dos fluxos industriais são invisíveis. Existe uma tendência das pessoas em achar que tudo é normal, porém, há uma diferença fundamental entre os processos industrial e biológico e a natureza da produção. Os sistemas vivos são regidos por fatores limitantes como o clima, o sol, as estações do ano, o solo, a temperatura. Na natureza, a realimentação é contínua. Já os sistemas industriais tiram da natureza o capital natural de alta qualidade e o devolve em forma de resíduo. O lixo industrial está se acumulando na natureza. Todo produto que consumimos tem uma história oculta e é também acompanhado pelo desperdício. No lixo, temos os mais diversos

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elementos: jornal, latas de tinta, cascas de batatas, polietileno, conchas de mariscos, ossos de frango, comida estragada, pontas de cigarros, latas de refrigerantes, fibra de roupa, enfim, uma infinidade de coisas. Temos a água que é jogada fora e, em algumas situações, totalmente contaminadas a ponto de não poder ser aproveitada e nem ser devolvida aos rios ou ao mar. Uma parte muito pequena do lixo é, realmente, reaproveitada, como é o caso do papel, vidro, plástico, alumínio e o aço. Na sociedade, o desperdício é bem diferente, pois, trata-se da vida humana. Mais de 30% da força de trabalho mundial ou não tem emprego ou tem trabalhos tão humildes que nem conseguem sustentar a família. Em protesto, temos jovens drogados, consumo de heroína, guerra de traficantes, muita violência e criminalidade. As taxas de desemprego se elevam muito mais que as de emprego. Em um mundo em que mais de um bilhão de trabalhadores não encontram um emprego decente ou mesmo um simples emprego, não é possível, de forma alguma, criar uma noção de valor e de dignidade na vida das pessoas. Estamos criando uma sociedade que não precisa de gente e, quem não se sente valorizado age com desprezo para com esta mesma sociedade. “Não há curativo para as chagas sociais e nem salvação para o meio-ambiente enquanto as pessoas continuarem apegadas às concepções obsoletas do industrialismo clássico” onde empreendimento econômico consiste em empregar mais capital natural e menos pessoas. Temos uma sociedade que desperdiça recursos e gente. Assim como a superprodução esgota o solo, a superprodutividade esgota a força de trabalho. Atualmente, quem está empregado trabalho mais do que há uns 20 anos atrás. Para os economistas, a produtividade do trabalho é fantástica, porém a busca constante de aumentá-la cada vez mais está tornando o conjunto do sistema econômico menos produtivo. A maioria das famílias está vendo sua renda declinar, embora as pessoas trabalhem muito mais. Trabalhar mais e ganhar menos porque estamos pagando o ônus do crescimento mal orientado, com a criminalidade, o analfabetismo, o transporte e, principalmente, o “colapso da família”. Ao lado disso, continuamos a esbanjar energia e recursos naturais. Conduzir a economia à produtividade dos recursos pode elevar os níveis e a qualidade dos empregos, reduzindo o impacto sobre o meio ambiente. Atualmente, as empresas demitem para aumentar o lucro. Entretanto, poderiam obter maiores ganhos “demitindo o desperdício e empregando mais gente para fazê-lo. Não há como justificar o desperdício de pessoas num mundo que clama pela restauração ambiental, emprego, saúde, educação...” Perguntamos: Para onde vai toda a nossa riqueza? “O grau de desperdício de recursos e de pessoas aparece no produto interno bruto”. O dinheiro é gasto sem que o comprador tenha adquirido nenhum valor. Exemplo: ficar preso no trânsito congestionado onde se perde dinheiro em combustível, tempo e desgaste do automóvel e do motorista com um valor zero de produção. Outros exemplos são os acidentes nas estradas onde está incluído “despesas de seguro-saúde, perda de produtividade, imposto de renda perdido, dano à produtividade, além de custos policiais, judiciários e dos serviços sociais”. Eles custam bilhões à sociedade.

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O congestionamento do tráfego é outra perda de bilhões onde, além da perda de produtividade, temos a perda de combustível, aumento de acidentes e custos de manutenção. O ato de dirigir gera vários custos sociais, tais como construir e conservar rodovias, perdas econômicas devidas ao engarrafamento, problemas de saúde causados pela poluição do ar e as despesas médicas das vítimas de acidentes. No serviço de saúde gasta-se quantias enormes em testes e procedimentos não essenciais ou fraudulentos como, por exemplo, as cesarianas desnecessárias. Muito se gasta com problemas causados pelo ar poluído, abuso de substâncias químicas e, atualmente, com a obesidade. Temos as indústrias que agridem o meio ambiente como a de mineração e das instalações nucleares, de agricultura e do reflorestamento deficientes. Temos as perdas de solo, da pesca, danos provocados pelo mal uso da terra e a poluição das águas. Somando tudo isso temos as mudanças climáticas. Além disso, há o desperdício do governo, a fraude contra o consumidor, o jogo legal e ilegal, as despesas com a substituição dos produtos de má qualidade e o custo social do desemprego. Devido à ambição de alguns processos industriais, o mundo enfrenta três crises que ameaçam a civilização no século XXI: - Deterioração do meio ambiente natural; - Dissolução contínua das sociedades civis na ilegalidade, no desespero e na

apatia; - Falta de vontade pública necessária para melhorar o sofrimento humano e

promover o bem-estar. Estes três problemas têm como causa comum o desperdício. Aprender a lidar de forma responsável com ele é uma solução, nem sempre reconhecida, mas que se apresenta de forma cada vez mais clara. Nós temos motivos para depositar esperanças no futuro? A história tem demonstrado que a sociedade pode agir de maneira estúpida durante um tempo, mas acaba trilhando o caminho de menor resistência econômica. A perda do capital natural já está impondo altos custos e estes custos já estão se tornando visíveis, inegáveis e inevitáveis. O crescimento econômico talvez não seja tão robusto quanto nos levam a acreditar, pois, na verdade, pode ser que a economia nem esteja crescendo porque o crescimento líquido se estagnou como podemos ver claramente na qualidade de vida, lazer, tempo com a família, e outros. Há uma grande diferença entre a troca de dólares e a criação de bem-estar. A maior parte do desperdício industrial é computada como produto interno bruto, exatamente, como televisores, bananas, carros, etc. Contabiliza todas as despesas sem levar em conta se a sociedade se beneficiou ou saiu perdendo. O crescimento inclui a criminalidade, as taxas das salas de emergência, a manutenção das prisões, o serviço de coleta de lixo, a restauração do meio ambiente, os custos das doenças pulmonares, o derramamento do petróleo, o tratamento do câncer, o divórcio, os albergues, os objetos jogadas nas rodovias, a bebida alcoólica vendida aos sem-teto, etc. O PIB é uma medida bruta da atividade do mercado. Ele não faz diferença

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entre o desejável e o indesejável, entre despesas e ganhos. Leva em conta a realidade que os economistas querem considerar. Mascara o colapso da estrutura social e dos habitats naturais do qual dependem a própria vida e apresenta este colapso como ganha econômico. O economista Robert Repetto diz que “pelo sistema atual de contabilidade nacional, um país pode esgotar seus recursos naturais, destruir todas as florestas, erodir o solo, poluir os lençóis de água e exterminar os animais silvestres e peixes; mesmo assim sua renda nacional não será afetada enquanto estes ativos estiverem desaparecendo... O resultado pode ser ganhos ilusórios em renda e perdas permanentes em riqueza”. A calculadora precisa ter um sinal de subtração para tirar o declínio da renda, atentar para a perda do capital natural. As empresas precisam examinar seu próprio metabolismo industrial e mudar de rumo. Enquanto destruímos os sistemas mais produtivos da Terra, não enxergamos o problema. Uma economia sadia precisa de uma folha de balanço precisa. O capital natural e o humano são importantíssimos. “Quando o capital natural deixar de ser considerado grátis, ilimitado e sem conseqüências e passar a ser tratado como parte integrante e indispensável do processo de produção, todo sistema de contabilidade vai mudar, os cálculos se alterarão drasticamente.” CAPÍTULO 4 Como Fazer o Mundo A indústria retira o material, geralmente do solo, e os processa. Os objetos resultantes são distribuídos, vendidos, usados, descartados e, novamente, são jogados sobre o solo ou dentro dele, em forma de lixo. Assim, as mesmas toneladas extraídas do solo como recursos, transformados em bens e distribuídas aos consumidores, voltam a ser expelidas como lixo ou em forma de poluição. Há séculos, os engenheiros procuram reduzir o uso de energia e recursos na indústria. As tecnologias para eliminar o desperdício e melhorar a qualidade do produto se expandem mais depressa do que são aproveitadas, pois, as pessoas e as fábricas não conseguem aprender com a rapidez que deviam . Os métodos de aumento da produtividade da energia e do material na indústria podem ser considerados os seguintes como categorias principais: design, novas tecnologias, controles, cultura empresarial, novos processos e economia de material. Design De uma maneira geral, todo equipamento consumidor de energia foi projetado com “regras empíricas e equivocadas”. Uma revolução na eficiência depende não de uma nova tecnologia, mas de uma aplicação mais inteligente. As melhores mudanças são, às vezes, as mais simples. Essas oportunidades simples são abundantes nas indústrias pesadas. Entretanto, pode ser necessário um grito de alerta para mudar o design de certas indústrias mais teimosas. Exemplo: novas geometrias podem dobrar a eficiência das bombas de esgoto e quintuplicar seus aeradores.

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Novas Tecnologias Tudo indica que a inovação não corre perigo de definhar. As tecnologias disponíveis atualmente são capazes de economizar cerca de duas vezes mais eletricidade do que há cinco anos e com um terço de custo. O índice de progresso tem sido consistente nos últimos vinte anos e, aliados às mudanças de design, vêm se tornando cada vez mais decisório. Exemplo disso é o grande avanço da eficiência da energia que utiliza tecnologias cada vez melhores para utilizar mais trabalho de cada unidade de energia e recurso. Controles As tecnologias de informação, à medida que as diversas indústrias as vão adotando, possibilitam grandes economias. Os problemas não detectados e não resolvidos causam desperdício. Se as fábricas se tornarem realmente inteligentes, não terão necessidade de sistemas de controle especiais. Ao mesmo tempo, dirigirão processos mais complexos e os ecossistemas autocontrolados se adaptarão às mudanças do meio ambiente. Quanto mais localizados forem os controles e informações, tanto mais precisos serão. Os micro-processadores permitem não só esses controles, mas a construção de redes neurais que aprendem e o uso lógico que toma decisões inteligentes. Cultura Empresarial “Uma empresa que funciona qual uma instituição de ensino – recompensando a medição, a monitoração, o pensamento crítico e o aperfeiçoamento contínuo – sempre estará à frente da cultura empresarial...” Uma empresa que ignore a medição ficará atrasada em descobertas úteis e que diminuem os custos. Às vezes, os erros existem e ninguém imagina por quê. Porém as respostas, normalmente, são óbvias. Um exemplo simples foi de um hotel no sudoeste dos Estados Unidos que era fresco e ficou a ficar superaquecido até que um hóspede observou que as paredes antes caiadas haviam sido pintadas de cor escura. Os Novos Processos As inovações nos processos de fabricação ajudam a cortar etapas e a reduzir materiais e custos. Melhores resultados são obtidos com o uso de insumos mais baratos e simples. A observação da natureza nos ensina uma lição. Assim como a natureza transforma o solo e a luz do sol em árvores, os insetos em pássaros, o capim em vaca e o leite materno em bebês, nos laboratórios já estão começando a fazer essa alquimia molecular. As tecnologias infinitesimais estão se saindo muito bem nos laboratórios. Mesmo que essa tecnologia infinitesimal não venha ocorrer, uma economia quase tão grande continuará sendo possível se nos concentrarmos na eficiência dos materiais. O biomemetismo pode inspirar não só o design de processos de fabricação específica, como também a estrutura e a função de uma economia. Uma economia ecologicamente reprojetada há de funcionar como um sistema maduro. Como nos lembra Benyus - “Não precisamos inventar um mundo sustentável: isso foi feito”. A única coisa que precisamos é aprender a sustentar o máximo de riqueza com o mínimo de fluxo de material. A Economia de Material Se todos precisamos, por exemplo, de copos, vamos pensar quantos copos é preciso fazer por ano? Resposta: o suficiente para acomodar o que se quebre, desgasta ou perde e o necessário para atender o crescimento da população.

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Agora vem a pergunta: quanto tempo esse bem dura? Ele pode ser de cerâmica, plástico ou papel. Se fabricarmos copos de cerâmicas inquebráveis, bonitos, que as pessoas gostem, eles passarão por várias gerações. Além disso, estaremos poupando o consumo de copos de plástico ou papel, permanentemente descartáveis, feito de florestas, gás natural, pássaros, rios... Hoje, um bom design pode receber o auxílio do design computadorizado que calcula exatamente a quantidade de material a ser utilizado, onde o material precisa ser reforçado, etc. O material deve ser utilizado de forma a não ter sobra alguma de matéria prima utilizada. A produção em forma líquida descortina outra maneira de economizar material. A eliminação das sobras tem as mais diversas formas: maneira de cortar madeiras e tecidos, na construção civil, e outras. O produto mais eficiente para o serviço desejado é outra maneira de economizar material. Exemplo disso é o aço utilizado na construção civil, hoje em dia em muito menos quantidade e com mais confiabilidade. Os materiais Renascidos A maneira de fazer com que um bom material continue sendo utilizado é usando uma das seguintes formas: conserto, reutilização, aperfeiçoamento, refabricação e reciclagem. A indústria já despertou para essas várias oportunidades. As fábricas já produzem produtos projetados para facilitar a desmontagem e o descarte. Já temos o incentivo à devolução de embalagens. A próxima fronteira consiste em repensar tudo que consumimos: para que serve, de onde vem e para onde vai, como podemos continuar obtendo seus serviços próximos de um fluxo líquido de absolutamente nada, a não ser idéias. CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS BÁSICAS No sudeste de Amsterdã existe um banco construído dentro de projetos de desenho de um edifício “orgânico”, onde estão integrados a arte, os materiais naturais e locais, luz do sol, plantas verdes, conservação de energia, silêncio e água. Todos os escritórios recebem ar e luz naturais e não se usa ar condicionado. Como conseqüência, os empregados são felizes, o consumo de energia é 92% menor que um banco adjacente, a produtividade aumentou e o absenteísmo diminuiu. Em Davis, o Village Homme é um dos bairros mais cobiçados e valorizados da região. Consiste num misto de residências em ruas estreitas, com cinturões verdes repletos de árvores frutíferas, zonas agrícolas no meio das casas, drenagem natural da superfície, orientação solar e muito espaço aberto. A escolha do projeto e do material de construção, no passado, era feito com descuido gerando perdas para a sociedade.

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Os benefícios que o design inteligente pode gerar vão além da construção dos próprios prédios. É importante lembrar que a Terra deve ser medida não só em hectares e dólares, mas em amor e respeito. Precisamos perguntar como o poeta e fazendeiro Wendell Reny : “Eu sou responsável pelo lugar onde piso”. Verde nos Dois Sentidos Nos edifícios verdes, a economia de energia é muito grande. O planejamento cuidadoso cria sinergias capazes de reduzir o custo, assim como, de melhorar o desempenho. Os novos edifícios eficientes oferecem as seguintes vantagens: - São vendidos ou alugados mais depressa pois combinam atração e conforto superiores com custos operacionais mais baixos.

- Maior conforto visual, térmico e acústico que criam ambientes de pouco estresse e alto desempenho.

- A excelente qualidade do ar interior melhora a saúde e aumenta a produtividade. O trabalhador tende a render mais quando é respeitado e recebe atenção. Com os edifícios verdes, as pessoas se sentem mais a vontade em termos de temperatura, enxergar melhor e conseguir ouvir os próprios pensamentos. Recompensa para Aquilo que Queremos “ Um mercado mais transparente e preciso já começa a reconhecer que a eficiência em energia dos imóveis é um fator importante do valor financeiro”. A Transformação dos Prédios Comerciais Um edifício cuidadosamente projetado usa não só a orientação e a forma, mas também, sua massa térmica, a sombra, o acabamento das superfícies, a paisagem e outros elementos arquitetônicos que visam otimizar os ganhos em aquecimento solar e refrigeração passivos. Com um alinhamento adequado, o edifício também proporciona luz natural em toda a sua estrutura com a ajuda de técnicas como divisórias com a parte superior de vidro e outras. Enquanto o sol estiver acima do horizonte, a iluminação artificial raramente é necessária. Com a luz natural há menos calor e, nas escolas, por exemplo, os alunos aprendem mais, têm melhor saúde e tiram notas melhores. As superjanelas já existem e mantêm o ambiente aquecido no inverno e fresco no verão, além de evitar o ruído exterior. Em breve chegarão as vidraças de aerogel, cuja espuma sílica, quase invisível e mais leve que o ar, conseguem isolar mais que as superjanelas. A ventilação avançada gera melhor saúde, mais silêncio e economia de energia. Isto pode ser obtido com o uso de materiais não tóxicos tanto na construção, como na limpeza e pela ventilação durante a construção. Edifício, Materiais e Terra Recicláveis Todo material de demolição pode ser reciclado ao invés de virar lixo. Demolir os prédios e vender o material pode ser lucrativo. É um despropósito tornar a produzir o que já foi produzido. A reciclagem aproveita os materiais, gera renda e não vira lixo, deixando de saturar os aterros sanitários. Também os terrenos podem ser reciclados com a reutilização de locais usados como depósito de lixo, desde que se faça a limpeza do lixo tóxico.

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As Residências Aderem à Revolução Muito importante é que as casas eficientes sejam viáveis, ao mesmo tempo que o mercado valorize a eficiência de energia. Além disso, as novidades estão aparecendo e o cuidado com os encanamentos, a vedação e o reaproveitamento de materiais de casas demolidas pode ajudar a melhorar as casas já existentes. Utensílios As casas que não desperdiçam calor podem ainda economizar com uma grande série de utensílios eficientes. Estão surgindo novos modelos de máquina de lavar como motor inteligente, panelas de indução, secadores de roupa com bomba de calor e refrigeradores. A Comunidade Redesenhada Há uma necessidade de repensar os novos projetos habitacionais em estilo de aldeias, aglomerando casas ao redor de pequenas áreas verdes onde teriam parques, jardins e espírito comunitário. Fazer ruas mais estreitas e arborizadas, pintar as paredes levemente coloridas, reduziria muito o calor e o uso de ar condicionado. Deixar áreas porosas onde a água da chuva flua naturalmente pelas artérias da terra. Repensar o desenho dos grandes prédios para que eles celebrem a vida e não a esterilidade; o controle e não a extravagância; a beleza e não a ostentação. CAPÍTULO 6 COMO ABRIR UM TÚNEL NA BARREIRA DO CUSTO O investimento mais lucrativo no futuro é melhorar a qualidade da “mente” dos designers. É tendência pensar que o melhor custa mais. Entretanto, quando entram em ação a engenharia e o projetos inteligentes, a economia se torna evidente. Às vezes um novo projeto exige “não tanto uma idéia nova quanto o abandono de uma idéia velha”. Projetar uma janela sem o prédio, uma iluminação sem a sala ou um motor sem a máquina que ele move é inútil, pois, o importante é otimizar os componentes no sistema como um todo para obter o resultado econômico final. Os componentes de um sistema precisam ser projetados para funcionar um com o outro e não isoladamente. A chave numa reforma planejada é a engenharia do sistema inteiro com grande atenção ao detalhe. “Grande parte da engenharia da eficiência de recursos avançada implica gerar interações úteis entre medidas específicas de modo que, tal qual os pães e os peixes, a poupança se multiplique”. É preciso “pensar para trás”. É muito simples: as poupanças devem ser feitas, em primeiro lugar, a fim de economizar o máximo de dinheiro, viabilizando o emprego de equipamento menor que economiza energia e capital para que as poupanças se tornem cada vez mais viáveis e eficientes. O pensamento é “ fazer a coisa certa na ordem certa”. Exemplo: se você vai reformar sua iluminação artificial ou o ar-condicionado, comece pela iluminação para poder instalar um ar-condicionado menor. Fazendo as coisas certas na ordem certa os passos sucessivos serão cada vez mais eficientes. A grande engenharia é “elegantemente simples”. A simplicidade e a

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frugalidade são parceiras naturais. “Usar pouco material significa que há menos em que errar, menos trabalho envolvido, menos custo e melhor desempenho”. Christopher Alexander diz sobre design: “Ao construir uma coisa, você não deve construí-la isoladamente: deve, isso sim, consertar o mundo que a cerca, assim como o que existe dentro dela, de modo que o mundo mais amplo fique mais coerente e mais completo nesse determinado lugar; e que a coisa construída já ocupe o seu lugar na rede da natureza enquanto você a estiver construindo”. CAPÍTULO 7 O MUDA, O SERVIÇO E O FLUXO Tauchi Ohno foi o mais feroz inimigo do desperdício. Para ele, “qualquer atividade humana que absorve recursos sem criar valor” é desperdício. Para Womack e Jones, são desperdícios “os erros que exigem retificação, a produção de itens que ninguém quer e o conseqüente acúmulo de estoques e bens, os passos desnecessários no processamento, o movimento de empregados e o transporte de bens injustificáveis, os grupos de pessoas ociosas em uma atividade correnteza abaixo, porque uma atividade correnteza acima não funciona a tempo, e os bens e serviços que não atendem às necessidades do cliente”. Ohno chamava tudo isso de muda, palavra japonesa que significa desperdício, futilidade ou despropósito. Temos vários exemplos de desperdício que nos rodeiam e que, de uma certa forma, ficou invisível. Nós nos acostumamos e até nem percebemos. Exemplo disso é um canteiro de obras onde várias paralisações ocorrem não por preguiça dos operários, mas por espera de que certas atividades especializadas sejam construídas. Outro exemplo são as viagens de avião. É comum não ter vôo direto e o passageiro se desloca de um aeroporto importante, num avião grande, e faz uma ou várias baldeações. Seria muito mais econômico, com menos ruído e rápido se aviões menores e mais numerosos fossem diretamente da cidade de partida à cidade de chegada. O “pensamente enxuto” é o antídoto das práticas esbanjadoras. Ele requer uma disposição totalmente nova da nossa mentalidade. A substituição de pessoas por máquinas complexas pode não dar certo. O sistema de produção revisado, utilizando a força de trabalho tradicional e bem remunerada e máquinas simples pode dar muito melhor resultado. “Uma das chaves do pensamento enxuto é a simplificação”. Ele adquire uma capacidade ampla de poupar recursos, assim como, espaço, materiais, energia, transporte e tempo. “Toda ferramenta, toda máquina e todo processo deve ter a dimensão adequada ao trabalho que realizam”. Utilizando os mesmos trabalhadores e o mesmo capital, num período de cinco a dez anos, a produção aumenta duas a quatro vezes, ao passo que os atrasos, defeitos, erros, acidentes, perdas de material e outros resultados indesejáveis diminuem de

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quatro a dez vezes. Isto é o pensamento enxuto em ação. E quando não se consegue reduzir rapidamente o tempo de fluxo pela metade, alguma coisa está errada. A produção enxuta torna as pessoas mais felizes não só por eliminar o desperdício, pois, elas se sentem melhor quando sua atividade tem um objetivo claro, concentração intensa, sem distrações, retorno imediato em seu progresso e uma sensação de desafio. O pensamento enxuto consiste em eliminar todas as forma de desperdício e gerar não só o serviço, mas também, o fluxo. Ao invés de vender um produto, oferecer também o próprio serviço. A lógica é oferecer soluções contínuas, adaptadas às necessidades do cliente e de custos decrescentes. Os elevadores Schindler realizam 70% de seus ganhos alugando serviços de transporte vertical em vez de vender (ou alugar) ascensores. Assim, é possível imaginar que é plausível uma economia que cresce usando cada vez menos e se torna cada vez mais forte, sendo cada vez mais enxuta. CAPÍTULO 8 OS GANHOS DE CAPITAL A eliminação do desperdício na indústria leva a uma cadeia de eventos e processos, cadeia esta que nos reconduz aos sistemas biológicos. Existem alguns recursos no planeta que nenhum dinheiro pode comprar. A natureza flui e o homem não tem substitutos para o ecossistema. Em vez de nos preocuparmos com a possibilidade do esgotamento dos recursos naturais, é mais importante preocuparmos com o que o capital natural produz, ou seja: água, ar puro, solo fértil, alimento, animais, florestas, polinização, oceanos, rios e muito mais. A humanidade tem uma longa história de destruição do meio ambiente. Hoje, podemos ver um declínio global em todos os sistemas vivos. Um exemplo é a pesca que está sendo explorada no limite ou acima da sua capacidade, sendo que um terço das espécies de peixes estão com risco de extinção. O capital natural é o produto do trabalho permanente de milhares e milhares de espécies em complexa interação. “Ele pode ser encarado como a soma total dos sistemas ecológicos que sustentam a vida”. “ Os trabalhadores mais produtivos da natureza vêm sendo demitidos lentamente”. Oitenta por cento das espécies cultivadas de plantas são polinizadas por polinizadores silvestres ou semi-silvestres. Porém, estamos perdendo estes polinizadores. Metade das colônias de abelhas já desapareceram. Nós só paramos para pensar quando os serviços prestados pelos ecossistemas sofrem uma perturbação drástica. São raros os substitutos dos serviços que o capital natural fornece de forma invisível. Precisamos ter consciência de que a escassez dos serviços de ecossistemas não levará a substituições. A perda dos sistemas vivos se acelera em todo o mundo. Precisamos aprender a dirigir a economia de modo que a degradação do capital natural primeiro cesse e depois se reverta. “Não liquidar o capital natural significa a economia não só terá de preservar o capital natural existente como também deverá deixar de lado o bem-estar das empresas e descobrir maneiras de investir no crescimento da disponibilidade desse fator limitativo”.

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A Interface, empresa têxtil, está procurando ser a primeira indústria no mundo que seja sustentável e a primeira empresa restauradora. O processo linear de produção deve desaparecer, substituído pelo cíclico, como na natureza. Nela não há desperdício: o lixo de um organismo é o alimento de outro. Assim a Interface investiu na reciclagem de antigos produtos petroquímicos em novo material e a transformação da luz do sol em energia. Em apenas quatro anos suas rendas dobraram, o número de empregos oferecidos quase duplicou e seus lucros triplicaram. CAPÍTULO 9 OS FILAMENTOS DA NATUREZA É natural que uma indústria têxtil, como a Interface, esteja na frente da próxima revolução industrial. A história da indústria têxtil está ligada ao trabalho infantil e à escravidão, ao colonialismo, ao comércio e às conquistas mundiais. A história da utilização das fibras é, em grande parte, a do próprio desenvolvimento humano. Ela se estende não só à história da indústria, mas também, pela evolução cultural e biológica. A fibra procede de diversas fontes: florestas (papel, madeira, trama de pneus, o raion, filtro de cigarro, algodão, linho, plásticos vegetais, tecidos, cordas, etc), animais (lã, pelos, seda, etc) e até os minerais (fibras de metal, amianto, vidro). O atual sistema de mercado das fibras é inseparável da indústria petroquímica. A produção de qualquer fibra trás conseqüências e a maioria cresce de maneira insustentável. O papel responde por cerca de 2% do comércio mundial e 2,5% da produção industrial do planeta. A substituição do papel por bytes e cérebros é a nova meta. Algumas empresas estão prestes a criar escritórios sem papel nenhum, totalmente eletrônicas. As comunicações eletrônicas economizam papel, tempo e dinheiro nas transações comerciais complexas. A curto prazo, certos fluxos de papel, como a mala direta ou as folhas volantes serão totalmente desnecessárias e poderão ser facilmente dispensadas, assim como as listas telefônicas, manuais de grande utilidades como o dos médicos, catálogos de reembolso postal, jornais, revistas e muitos outros. O objetivo desse livro é a tese de que, nos países desenvolvidos, é possível reduzir de 90 a 95% do material e da energia sem diminuir ou piorar a qualidade dos serviços. Por conseguinte, as economias de maior peso são as que estão mais perto do consumidor. Um exemplo de candidato ao desaparecimento são as embalagens elaboradas em excesso ou desnecessárias, como por exemplo as caixas de tubo de dentifrício ou o invólucro das caixas de sorvetes que são simplesmente para serem jogadas fora e, totalmente, desnecessárias. Outra maneira de economizar papel é maximizar a eficiência do uso final. Exemplo: fotocopiar documentos usando sempre verso e anverso; evitar imprimir esboços

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procurando deixar para a impressão final e, caso necessário, imprimí-las de maneira reduzida (letra menor, menor espaço, etc); não usar folha de rosto de fax, e outros. A “engenharia da madeira” como o da “madeira de lei sintética” podem gerar poupanças ainda maiores de florestas e muitos benefícios paralelos. O setor de reciclagem de madeira vem se tornando cada vez mais lucrativo. As empresas japonesas estão desenvolvendo copiadoras de reciclagem que são capazes de limpar o papel de modo que a folha possa ser utilizada até dez vezes. Algumas fibras de madeira nova já vêm sendo empregadas no uso estrutural. Por exemplo: o bambu, que é mais resistente que o aço; o cânhamo que produz anualmente 45 a 65 toneladas de fibra seca por hectare; e outros como a erva-de-elefante, o alpiste e o bagaço que é resíduo da cana-de-açúcar. Pelo exposto temos bons motivos para acreditar que a eficiência e a substituição em todas as cadeias de valor dos produtos florestais têm condição de dispensar a derrubada das florestas naturais. Para obter fibras para as tarefas da vida cotidiana não precisa explorar a terra. CAPÍTULO 10 ALIMENTO PARA A VIDA Nos últimos cinqüenta anos, a produção dos gêneros dobrou e a de cereais, triplicou. Como diz Wendell Beny: “Quando nós atravessamos o continente abatendo as matas e arando os prados, não sabíamos o que estávamos fazendo porque não sabíamos o que estávamos desfazendo”. Transformamos matas em enormes extensões de trigo, milho e soja. Pouco a pouco, o conhecimento tradicional dos lavradores e a cultura agrícola deram lugar à cultura industrial, gerando uma profunda mudança no fundamento da sociedade. Os êxitos superficiais de algumas fazendas mascararam outros problemas. O extrato superior do solo está desaparecendo e boa parte do resto está se degradando. A perda física do solo é o aniquilamento invisível de sua riqueza orgânica. Quase todas as antigas civilizações entraram em decadência porque destruíram o solo. Sabe-se que a depredação do capital natural vem reduzindo a produtividade agrícola em quase todos os sistemas de exploração estudados no mundo. De 1/9 da terra do mundo considerada arável em 1990, pouco se conserva sadia, a maior parte está estressada e em acelerada perda da sua capacidade produtiva. O desmatamento pode estar criando o mais grave de todos os problemas: a diversidade genética está desaparecendo rapidamente à medida que se destroem os habitats nativos. “Tratar o solo como lixo – não como uma comunidade viva, mas como um meio estéril – torna-o árido e incapaz de prestar os serviços naturais. Dispondo de um habitat livre e sem concorrência, os insetos e outros elementos patogênicos

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florescem”. “Os agricultores orgânicos confiam no solo sadio, na observação cuidadosa e nos níveis controláveis para aumentar suas colheitas”. Na visão orgânica, baseada no ecossistema, erradicar as pestes é um erro, pois todo sistema precisa de pragas que sirvam de alimentos aos pedradores para que eles fiquem por perto e as conserve em equilíbrio. A agricultura é o maior e mais anônimo poluente da água. Por razões econômicas, de saúde e ambientais é necessário uma mudança nos atuais processos de produção agrícola para se chegar a produzir alimentos e fibras adequadas, aceitáveis e sustentáveis. A agricultura precisa se basear, segundo o Dr. Wes Jackson, “na sabedoria da natureza, não na esperteza das pessoas”. Produzir alimentos localmente, quer em ambiente fechado ou ao ar livre, reduz as despesas com energia de transporte. A produção mais localizada além de reduzir o transporte, oferece um produto melhor. A biologia do solo é um grande mistério que não para de crescer. “Uma análise recente constatou quatro mil genomas diferentes por grama do solo, os quais variam de um lugar para outro”. Os solos “abrigam uma microflora complexa e em grande parte desconhecida”. Os chineses denominam ao solo de “a mãe de todas as coisas”. Nós não podemos fabricar solos, assim como não podemos inventar uma floresta tropical e nem produzir pássaros. A agricultura como é praticada atualmente contribui com cerca de 25% do risco de alterar o clima da terra. A agricultura de forma natural reduz o desmatamento, o cultivo e a fertilização, gera mais eficiência energética e maior dependência da energia renovável. Outra coisa importante é a administração das pastagens baseada na compreensão da ecologia de cada pedaço de terra, usando mais gado em permanência em períodos mais breves e menos freqüentes. Segundo Charles Opitz, “a terra é a tela; o capim a tinta e o gado o pincel”. Os naturalistas podem dar nova forma à agricultura, à horticultura e à pecuária. Alguns tipos mais produtivos de bioagricultura integram o gado com as plantações, assim como a horticultura à fruticultura e às plantações no campo. Os retornos da agricultura natural ficam para o agricultor e para o meio-ambiente, não para o fornecedor de insumos. CAPÍTULO 11 SOLUÇÕES HÍDRICAS Três quartos da superfície da terra estão cobertas de água. Nosso planeta é aquático. Entretanto a água doce e limpa vem se escasseando cada vez mais. À medida que o verde da Terra vai desaparecendo, o número de lençóis freáticos se retrai. A água está se tornando uma causa de conflitos internacionais.

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Felizmente, um grande número de técnicas acessíveis e emergentes têm viabilizado o aumento de água onde ela é consumida. A mentalidade das pessoas está mudando. Na África do Sul, a promessa política de água é: “Um pouco para todos, para sempre”. Precisamos proteger o capital natural do qual depende a vida. A agricultura gasta o dobro da água consumida nas demais atividades. Os agricultores, paisagistas, construtores e engenheiros industriais, assim como, as comunidades estão fazendo grandes progressos no uso produtivo da água. Em todos os setores e em toda a sociedade surgem oportunidades de economizar água, dinheiro e capital natural. Os agricultores estão começando a regar as plantações somente quando é necessário aos invés da programação regular. O ensino de técnicas que economizam água é um grande instrumento. A irrigação superficial, gota-a-gota, pode vir a ser um fator decisivo no aumento da produção de alimentos no mundo. O paisagismo bem projetado de pouca água além de bonito oferece refrigeração natural, proteção contra incêndio e habitat para aves e animais silvestres. As residências e os prédios comerciais também gastam uma boa quantidade de água. Hoje, estão sendo desenvolvidas descargas mais econômicas e até privadas que passarão a poupar a coleta e o tratamento de esgoto, modelos que vão eliminar o uso da água no banheiro como alguns modelos de compósitos seco. Chuveiros mais avançados e econômicos, além de uns “taxímetros” portáteis que melhoram os fluxos e a temperatura além de mostrar o valor gasto. Também temos as pias e a lavagem da roupa e do pratos que estão passando por mudanças visando a economia de água e energia. Ao lado de tudo isto estão as tarifas. Cobrando pela água gasta e medida, as pessoas sentem no bolso e começam a economizar. Fiscalizar vazamentos, trocar encanamentos desgastados e procurar alternativas mais modernas e econômicas. As indústrias estão buscando diversas alternativas para economizar. Colher água de chuva continua uma prática padrão das residências do Havaí e das Ilhas Bermudas. Em Austin, Texas, uma família recolhe com sucesso a água da chuva e seu processo funciona perfeitamente faz alguns anos. Em diversas regiões da Austrália, os sistemas de coleta da água de chuva são obrigatórios. Muita coisa está sendo feita. Muitos programas de eficiência hídrica têm origem na escassez, pois a ameaça de ficar sem água preocupa muito às pessoas. Deixar que a água corra para o seu lugar, neste planeta aquático é uma parte decisiva da sabedoria do capitalismo natural... A água é habitat. Água é vida”. CAPÍTULO 12 O CLIMA – FAZER SENTIDO E FAZER DINHEIRO Vista do espaço a Terra é azul, principalmente, porque é coberta de água. Num universo gelado, girando enquanto se banha no calor solar, existe a atmosfera que é

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um invólucro de gases que conserva a vida como conhecemos, agradavelmente quente. O aquecimento da superfície da terra altera todos os aspectos do clima. Alguns cientistas acreditam que há um certo número de mecanismos estabilizadores do clima que ainda são desconhecidos. Uma coisa é certa: mais calor gera mais calor ainda. Há muitas incertezas. O problema do clima pode ser menos grave do que a maioria dos cientistas teme, mas pode ser também muito mais séria. Porém temos certeza, a composição da atmosfera vem sendo alterada pela atividade humana mais do que em qualquer outra época. Está bem claro que as transformações atualmente em curso são uma arriscadíssima experiência global e seus efeitos sobre os sistemas de sustentação da vida do planeta podem ser irreversíveis. Atualmente, há um consenso entre os mais importantes cientistas mundiais e entre as pessoas mais sérias e bem informadas da influência das atividades humanas sobre o clima e de uma relação entre a concentração de dióxidos de carbono e a elevação da temperatura. Nós não podemos ficar alheios a isto. O clima da terra pode ser protegido não a um custo, mas com um lucro. Já muitas indústrias estão transformando os custos da proteção ambiental em lucros provenientes da prevenção da poluição. Mais da metade da ameaça ao clima provém do CO2 liberado da queima de combustíveis fósseis que poderá desaparecer se os consumidores utilizarem combustíveis com pouca emissão de carbono como o gás natural ou não fósseis como a biomassa, assim como substituir os combustíveis fósseis mais intensivos em carbono (carvão e petróleo). Cerca de ¼ da ameaça climática é resultado do dióxido de carbono e de outros gases-traço incorporados ao solo, às árvores e a outros constituintes do capital natural que são lançados no ar mediante erosão do solo, ao desmatamento e práticas errôneas de pastagem, agricultura e pecuária. Em 1997, os governos nacionais do mundo se reuniram em Kioto, no Japão, para negociar um tratado para começar a enfrentar seriamente a mudança climática. Há um vasto cardápio de oportunidades protetoras e, com o tempo, elas poderão alcançar e até superar o ritmo do crescimento econômico. As tecnologias energéticas de crescimento mais acelerado no mundo são a eólica e a fotovoltaica (células fotoelétricas). A luz solar é mais abundante onde vive a maioria dos povos mais pobres do mundo. Estudos científicos mostram que essa energia distribuída gratuitamente se, utilizadas com eficiência, pode sustentar, de forma contínua e econômica, uma boa vida usando as tecnologias que já existem. O colapso da energia nuclear, outrora grande esperança de se substituir a queima de carvão, é uma boa notícia, pois, as tecnologias de eficiência energética custam muito menos. Investir em energia nuclear é retardar a solução do problema. A mudança climática é um problema dos países industrializados.

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É preciso suspender a transferência negativa de tecnologia, “isto é, a exportação de equipamentos obsoletos para as nações em desenvolvimento”. Seria um importante avanço global fazer a eutanásia do equipamento industria ultrapassado. Os gases do efeito estufa são um problema e, por isso, chegou a hora de fazer uso inteligente de tecnologias que sejam altamente produtivas. “A proteção do clima há de poupar dinheiro para todos”. CAPÍTULO 13 COMO FAZER OS MERCADO FUNCIONAR O mercado é ótimo naquilo que faz. Quando se mobilizam motivações como a ambição e a inveja, incentivamos um crescimento que degrada o capital natural. Assim como a democracia requer vigilância política incessante e uma cidadania informada para impedir que seja desviada, também o mercado exige um elevado grau de cidadania responsável para funcionar adequadamente. Sabemos que a maior parte do capital da Terra que torna possível a vida e a atividade econômica não é contabilizada na economia formal. Precisamos fazer com que todas as formas do capital sejam administradas como é gerido o capital financeiro, ou seja, o dinheiro. Os anos 80 computava apenas o que era computável e não que realmente importava. Certos valores como a vida, a liberdade e a felicidade foram tratados como algo que pudesse ser comprado, vendido ou aplicado a juros. A justiça social foi tratada como enfeite, a lealdade era coisa do passado e criar uma subclasse permanente como uma oportunidade. O mercado, por si só, não realiza nada. A civilização, para atingir objetivos mais amplos de ser humana, inventou a política, a ética e a religião. Agora, estamos na hora de identificar os obstáculos da realidade e determinar como transformar cada obstáculo em uma oportunidade de negócio. Há muitas falhas nas organizações e um remédio seguro é tratar de substituir a administração pela liderança. Os líderes podem surgir em qualquer nível de uma organização. Kennell Boulding, um economista americano, definiu a hierarquia como: “uma série ordenada de cestas de lixo destinada a impedir que a informação chegue ao executor”. Deixar a informação fluir rumo aos mais capacitados para agir estimula a inteligência e a curiosidade. Outra forma é estimular os riscos. Como observou Einstein: “Se nós soubéssemos o que estávamos fazendo não poderíamos dar a isso o nome de pesquisa”. A burocracia anula a iniciativa individual. Muitas empresas não maximizam plenamente seus ganhos, limitam-se ao “satisfatório”, isto é, satisfazer a quem for preciso. No mundo empresarial vemos que as empresas são obrigadas não só a obedecer à mão invisível do mercado, mas também à mão visível do regulador. A falta de informação precisa e atualizada faz com que as empresas e as pessoas, em geral, deixem de investir na eficiência de recursos. Muitos fabricantes deixam de desenvolver e produzir novos produtos que economizariam energia com receio de que os consumidores não as comprarão. Para que o consumidor faça poupanças substanciais, basta que cada despesa seja realmente medida como, por exemplo, o gasto da geladeira que é um dos eletro

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domésticos que mais consome energia. É preciso acelerar a instalação de dispositivos eficientes e ambientalmente sadios e a desativação dos que são ineficientes e poluentes. Toda forma de prevenir poluição e preservar os recursos naturais cria possibilidades do empresário detectar e explorar a ineficiência. A criação de mercados de recursos poupados e de poluição evitada impulsionará grandes inovações empresariais, capazes de transformar cada obstáculo em oportunidade. Os mercados são um meio de trocar informações sobre o que as pessoas têm e querem. Servem para comparar as preferências e as oportunidades e para ver como podem se organizar para melhorar a vida de uns sem piorar a de ninguém. O primeiro passo para as mudanças de comportamento é descrever que tipo de destino queremos alcançar. CAPÍTULO 14 CAPITALISMO HUMANO “Que destino busca a sociedade e como há de alcançá-lo?”. As comunidades precisam ser administradas com a engenharia das fábricas enxutas e o mesmo ímpeto empresarial das grandes companhias. Esse enfoque ajuda as pessoas a proteger não só o capital natural, mas o próprio capital humano. O capitalismo industrial está liquidando tanto o capital natural quanto o humano. “Uma força de trabalho superexplorada, subvalorizada, pais estressados, insegurança, todo isso mina uma sociedade”. A saúde da sociedade depende da escolha dos meios adequados de satisfazer às necessidades humanas mas, depende também da compreensão das múltiplas interligações desses meios. Os bem materiais são úteis, mas na medida que servem às pessoas e não o inverso. As culturas tradicionais tendem a atender às necessidades humanas com um mínimo de recursos, pois dispõe de meios bem mais limitados. Já o capitalismo industrial, ao contrário, enfatiza a criação de produtos especializados para disputar os nichos de mercado para atender às necessidades que os bens materiais não podem satisfazer. Em muitos países subdesenvolvidos há abundância de gente e escassez de natureza. Para o mundo desenvolvido a questão relevante será: quantos problemas podem ser solucionados ou evitados, quantas necessidades podem ser atendidas para criar um sistema econômico, social e ecológico sadio, capaz de desenvolver, ao mesmo tempo, pessoas melhores e uma natureza florescente? Curitiba, capital do Estado do Paraná, é um exemplo onde uma administração de um líder carismático, apaixonado e visionário se tornou o prefeito mais popular da história do Brasil. Jaime Lerner, arquiteto, engenheiro e humanista foi nomeado prefeito pelo então governador do estado, pois o Brasil ainda estava na época da ditadura. Lerner foi prefeito por doze anos em três mandatos alternados (devido à legislação do país) e duas vezes governador do Estado do Paraná.

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A eficácia, bom senso e ressonância das políticas de Lerner foram possíveis graças a vibrantes debates públicos destinados a formar um consenso político durável. A boa administração de Lerner e de seus sucessores “geraram um fluxo de soluções interconectadas, interativas e em evolução, a maioria delas concebida e implementada por parcerias com empresas privadas, organizações não governamentais, repartições municipais, serviços públicos, grupos comunitários, associações de bairro e cidadãos individuais”. “Curitiba não é uma cidade dominada pelo prefeito de cima para baixa; todos respeitam o fato de que, embora apresentadas pelos líderes, muitas das melhores idéias e a maior parte de sua implementação procedem da cidadania. Isso estimula a soluções empresariais”. O sistema de transporte de Curitiba pode ser considerado um dos melhores do mundo. Incentivando, modernizando e organizando o transporte público, diminuiu o uso do particular, economiza combustível e diminui a poluição da cidade. “O cidadão curitibano respeita a cidade que o respeita”. Ao invés de combater as enchentes, explorar a água como uma dádiva do habitat, já que Curitiba situa-se entre dois grandes rios e é banhada por mais cinco menores. Muitos parques, muitas árvores, muito verde, jardins, bosques, tudo isso permite que a água de chuva seja absorvida e a cidade seja cheia de verde. 1/6 do perímetro urbano está plantado. Ninguém pode abater uma árvore, mesmo que na sua propriedade, sem autorização e esta autorização impõe o replantio de duas árvores para cada uma que for derrubada. “De qualquer janela de Curitiba eu conseguia ver tanto verde quanto concreto” declarou o escritor Bill McKibben. A cidade industrial (uma área de 26 km quadrados) conta com uma área verde quase igual à ocupada pelas fábricas. As empresas são obrigadas a depositar em seus próprios terrenos os resíduos sólidos e isto estimula a redução, reutilização e a reciclagem. Os operários residem nas proximidades e vão trabalhar a pé ou de bicicleta. As empresas se sentem atraídas pelo “ selo de qualidade” de Curitiba. O governo municipal dedica-se a soluções simples, rápidas, divertidas e baratas. Lerner inculcou a cultura da velocidade e os curitibanos se habituaram a contar com um governo transparente, honesto e verificável. As pessoas votam nas melhorias que gostariam de ver em seus bairros quando pagam o IPTU. Os “Faróis do Saber” são minibibliotecas de bairro de 16 metros de altura, em forma de farol, pintado de cores vivas, com cerca de 7.000 volumes e, entre eles, o “Lições Curitibanas” – um texto de 10 volumes sobre a história, a cultura, os direitos e deveres e o meio ambiente da cidade, elemento fundamental no ensino básico. Em Curitiba tudo é reciclado. Um antigo paiol de pólvora foi transformado em teatro; uma mansão, na sede da Secretaria de Planejamento; o Quartel Geral do Exército, em Fundação Cultural... Até os ônibus de Curitiba são recicláveis. Depois de, em média, 3 anos e meio de circulação são transformados em centros móveis de treinamento profissional “Linhas de Ofício”, postos de saúde, salas de aula, berçários, armazéns, cozinhas populares e veículos para excursões de fim de semana aos parques.

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A importância da criança começa pela orientação no planejamento familiar e no atendimento pré-natal e pós-natal. Até cinco anos, as crianças pobres recebem visitas regulares dos profissionais da saúde, além de exames médicos gratuitos e obrigatórios, registrados em prontuários pessoal. Como a saúde depende das condições sanitárias e da nutrição, Curitiba descobriu como financiar as duas coisas transformando o lixo em valor. O “Lixo que não é Lixo” levou 70% dos lares a selecionar o lixo para a coleta. O projeto “Câmbio Verde” consiste num caminhão pequeno estacionado em um dos mais de cem setores de ocupação irregular da cidade, onde milhares de habitantes trazem sacos de lixo que são trocados por cupons para comprar hortigranjeiros. Na capa do bloco de cupons está escrito: “Você é responsável por este programa. Continue colaborando e nós teremos uma Curitiba mais limpa, mais limpa e mais humana. Você é um exemplo para o Brasil e para o resto do mundo”. Todas essas iniciativas dependem não de mecanização intensiva em capital, mas e principalmente de participação pública. A educação é só um elemento em uma extensa rede de serviços orientados para a criança. As creches gratuitas para as famílias de baixa renda, abertas onze horas por dia, perto das escolas ajudam aos pais que precisam trabalhar. Os assistentes sociais buscam conquistar a confiança das crianças de rua e envolvê-las em programas, abrigá-las e estimular que lhes ofereça alimento, amor e apoio. Curitiba não nega ajuda generosa aos pobres. “Curitiba é uma cidade pobre em cínicos e pródiga em cidadãos”. Os habitantes encontram muita facilidade para obter informações públicas, pois, “quanto melhor o cidadão conhecer sua cidade, melhor há de tratá-la”. Curitiba transforma problemas isolados como transporte público, habitação, lixo, alimento, emprego e educação em geradores inter-relacionados de coesão social e de novos recursos. À medida que a educação se conjuga com natureza e a cultura na vida cotidiana e no trabalho, várias formas de ação, aprendizado e atividades reforçam a cura do mundo natural, da sociedade e da política. Segundo Lerner, Curitiba “não é um modelo, mas sim uma referência”. Para ele: “Se as pessoas se sentirem respeitadas, elas assumirão a responsabilidade de ajudar a resolver outros problemas”. Curitiba é a promessa de o capitalismo humano é possível. Ela será a primeira de uma série de cidades a redefinir a natureza da vida urbana. CAPÍTULO 15 ERA UMA VEZ UM PLANETA “As florestas estão diminuindo, o nível dos lençóis de água não cessam de baixar, a erosão do solo prossegue, os pântanos começam a desaparecer, a pesca está em crise, as pastagens se deterioram, os rios vêm secando, as temperaturas aumentando, os recifes de coral continuam morrendo e as espécies vegetais e animais aproximam-se da extinção”. Isto foi anunciado no relatório 1998 State Of World (Situação do Mundo em 1998) do Worldwatch Institute. Por outro lado, Jerry Taylor do liberal Cato Institute apresenta o aumento da expectativa de vida, o declínio da mortalidade infantil e o melhor nível de nutrição

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como provas de que o padrão de vida se eleva à medida que as populações crescem. Ambos os dados podem ser corretos. Conforme diz o autor: “a possibilidade de acelerar um carro com pouca gasolina não prova que o tanque está cheio”, ou seja, a possibilidade de exceder a capacidade da Terra pode ajudar as pessoas a viverem mais, porém, isto leva ao declínio do capital natural e isto, consequentemente, faz o “carro parar”. As empresas são os principais adeptos do mercado livre. Acreditam que a inovação, o investimento e a liberdade individual garantirão um futuro brilhante e bem-estar material para todos os habitantes do Planeta. Quanto ao trabalho , existem as mais variadas formas de socialismo. Há um abismo cada vez maior entre pobres e ricos. Não existe preocupação com o meio ambiente. Os ambientalistas avaliam a quantidade, o número de pessoas e o impacto que cada uma delas pode ter sobre o ambiente. Eles tendem, como diz o autor, a unir inimigos e dividir amigos o que leva ao fracasso político. Os “sintetistas” têm uma visão otimista da humanidade. Acreditam que o processo há de vencer. Respeitam as ideologias e pensam que soluções sociais e ambientais só surgirão quando as pessoas locais tiverem poder e forem respeitadas. Estas são as quatro visões do mundo que são discutidas. Todos os lados estão parcialmente certos, mas incompletos. Cada qual se concentra em uma peça isolada e nenhum enxerga o todo, nenhum consegue chegar a conclusões totalmente sustentáveis. Uma empresa bem-sucedida há de respeitar e compreender a interligação dos problemas e não em enfrentá-los isoladamente. Apesar de as livrarias oferecerem obras que explicam sobre todos os assuntos, não existe nenhum manual de instruções que ensine a viver a atuar na Terra. Os habitantes precisam de um manual para lhes das um molde mental comum do sistema do qual participam e que estão influenciando. Bill McKibben disse num discurso para executivos de grandes empresas: “As leis do Congresso e as da física estão divergindo cada vez mais e as leis da física não costumam ceder”. Dezenas de milhares de instituições no mundo todo estudam as responsabilidades e as oportunidades das empresas para, junto com as multinacionais e com as empresas menores, se comprometerem a ter papel ativo na reformulação da função da empresa no meio ambiente e na sociedade. Dezenas de milhares de institutos, associações, fundações, escolas, universidades, igrejas, clubes e organizações não-governamentais vêm enfocando as questões ambientais. Juntas, elas tornaram-se o maior movimento ativista do planeta. O meio ambiente nunca erra. É importante ter em mente que a natureza dá o último chute e ela é a dona da bola. As empresas enfrentam exigências cada vez maiores em todos

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os sentidos. Contudo, avançar no futuro sem levar em conta o que está acontecendo com o capital natural e humano é um pensamento estratégico incompleto. Seja qual for o futuro em que se acredite, introduzir no planejamento os princípios do capitalismo natural tornará mais firmes os fundamentos da sociedade. “A melhor opção para um futuro incerto é o que deixa mais opções abertas”. As empresas precisam estar maduras para a revolução do capitalismo natural. A multiplicidade de desafios que estão diante das empresas e da sociedade há de provocar descontinuidades econômicas e as empresas terão de adotar novas abordagens. Solicitar a colaboração dos concorrentes, dos críticos e até dos adversários. Reunir para elaborar planos estratégicos para o futuro já é uma alternativa que vem sendo feita. Isto prova que as empresas estão ficando mais maduras para enfrentar a revolução do capitalismo natural. A perda do capital natural ou das funções do ecossistema é prejudicial aos interesses das empresas, do mesmo modo que as desigualdades sociais são nocivas aos seus interesses. As questões sociais são humanas e complicadas. Incluem as crianças, as mulheres, os idosos, a geração vindoura e o governo. É difícil comprometer-se em questões como: direito, saúde, educação e oportunidade econômica das mulheres. “O exemplo de Curitiba mostra que o deisgn que integra o social à inovação técnica é necessário e promove as duas coisas”. As políticas precisam ser sensíveis. A economia global atualmente utilizada por todos os países só pode, como diz Wendell Berry, “institucionalizar a ignorância global, na qual os produtores e os consumidores são incapazes de conhecer-se ou de se preocupar uns com os outros, na qual se perderá a história de todos os produtos. Em tais circunstâncias, é inevitável a degradação dos produtos e dos lugares, dos produtores e dos consumidores”. O setor financeiro terá que criar um sistema no qual todo valor esteja incluído na folha de balanço, pois, os valores sociais ou biológicos não se “enquadram” nos procedimentos atuais da contabilidade. Hoje, já há o movimento do desenvolvimento financeiro da comunidade. Se o capital natural diminui à medida que o manufaturado se expande, as empresas precisam criar sistemas de produção e distribuição que sejam capazes de reverter as perdas e de aumentar o estoque de capital natural. Isto significa uma reavaliação dos papéis e das responsabilidades empresariais. Se o aumento da produtividade do trabalho exige enormes investimentos de capital, materiais e estoques, o aumento da produtividade dos recursos gera uma grande quantidade de capital que pode ser investido na reconstrução do capital humano, na empresa e na restauração do capital natural. Ao economizar energia e dinheiro, as empresas criam vantagens competitiva, ajudam a restaurar o meio ambiente e salvam pessoas. As indústrias bem sucedidas e sensatas pensam não a como produzir melhor os bens e serviços necessários à satisfação da vida, mas sim ao que vale a pena produzir, ao que nos tornará seres humanos melhores e como deixar de tentar satisfazer necessidades imateriais com meios materiais. Perguntamos: Como foi possível criar um sistema econômico que destrói a Terra e exauri as pessoas, que confunde liquidação de capital com renda?

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Devastar recursos para ter lucros está longe de ser justo. Parta que as pessoas gozem de bem-estar basta bom senso, basta ver que todo capital tem valor. Se não sabemos avaliar uma árvore de 700 anos, basta perguntar quanto custaria criar uma nova, ou uma nova atmosfera, ou uma nova cultura. É notável ver que já há um consenso global sobre a relação entre os sistemas humanos e os vivos. As pessoas e instituições estão se organizando para defender a vida humana e a do planeta. Organizações internacionais, grandes e pequenas empresas também estão se juntando. Centenas de documentos conhecidos e desconhecidos circulam e impulsionam as ações. É um consenso que está brotando do seio da sociedade e não de suas estruturas de poder. “Nunca na história grupos tão diferentes e independentes criaram parâmetros comuns de compreensão em todo o mundo”. Isso nunca aconteceu na política, na economia, nem na religião. Porém, está acontecendo num movimento cada vez maior, com o apoio da religião e da ciência. É o que chamamos de “sustentabilidade”. Os empresários e os governos devem prestar muita atenção. Nessas declarações, o futuro está escrito numa linguagem bem clara. Ernst von Weizacker disse: “Estamos entrando no século do meio ambiente, queiramos ou não. Neste século, todos aqueles que se consideram realistas serão obrigados a justificar seu comportamento à luz da contribuição que dá à preservação do meio ambiente”. Longe da mídia e da política, as pessoas sabem o futuro que querem para os filhos e netos. O capitalismo natural, a sustentabilidade, também, querem escolhas melhores, um meio ambiente melhor, comunidades mais seguras, empregos que mantenham as famílias, impostos menores, governos mais eficazes e mais controle local. Nisso todas as pessoas são iguais. “O capitalismo natural não pretende fomentar levantes sociais”. Isto acontecerá se os problemas sociais e ambientais não forem tratados com responsabilidade. “O capitalismos natural refere-se às escolhas que podemos fazer para começar a dar um sentido mais positivo aos resultados econômicos e sociais. E isto está acontecendo porque é necessário, possível e prático”. COMENTÁRIO FINAL: Capitalismo Natural é um forte alerta e um rico conjunto de exemplos de como o mundo precisa urgente de uma nova revolução industrial. Os vários movimentos existentes não são suficientes. Ainda falta muito. Falta uma consciência coletiva e diretiva de que o momento é agora. Nosso habitat está reclamando de maneira cada vez mais violenta e freqüente. Nós nascemos da Terra, somos seus filhos e está na hora de tratá-la como mãe e aprendermos a nos relacionar com ela.