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Documento de Discussão Pública – Fase de EPDA 1 RESUMO NÃO TÉCNICO ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE) F ASE 1: VILANCULOS - MAPUTO A VALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL F ASE DE EPDA E TDR Consultec - Consultores Associados, Lda. Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169 Maputo, Moçambique WSP / Parsons Brinckerhoff South View, Bryanston Place 199 Bryanston Drive Bryanston, South Africa Electricidade de Moçambique, E.P. Av. Zedequias Manganhela, No. 267 Prédio Jat IV – 1º andar Maputo, Moçambique 1 INTRODUÇÃO A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) está a planear a implementação do Projecto da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia - o Projecto STE. O Projecto STE é um projecto de transporte de energia que irá ligar as Províncias de Tete e Maputo através de linhas de transporte de extra alta voltagem. Os objectivos deste projecto são: ligar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região norte. Devido à complexidade do Projecto STE, a EDM pretende desenvolvê-lo em fases. Presentemente, a EDM está a propor a implementação da Fase 1 do Projecto STE: Vilanculos - Maputo, que inclui a construção de 561 km de linha de 400 kV, ligando estas duas cidades, a construção de três novas subestações (em Vilanculos, Chibuto e Matalane) e a expansão da subestação de Maputo. A realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para projectos de construção e operação de linhas de transporte de energia desta dimensão é um requisito legal ao abrigo da regulamentação ambiental de Moçambique. O EIA tem como objectivo documentar os efeitos positivos e negativos que o projecto possa ter sobre o ambiente e as comunidades. As contribuições de autoridades locais, comunidades e outras organizações interessadas, através da expressão das suas preocupações, sugestões ou propostas, são essenciais para o desenvolvimento do EIA. 2 PROPONENTE O Proponente deste Projecto é a EDM. A EDM é a Empresa Pública responsável pela produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica em Moçambique, e gere a Rede Nacional de Energia. A empresa tem a responsabilidade de desenvolver e manter um sistema eficiente, coordenado e económico para o transporte e distribuição da energia eléctrica no País. 3 CONSULTOR AMBIENTAL Para a realização do EIA, a EDM contratou o consórcio Consultec / WSP. A Consultec é uma empresa moçambicana sediada em Maputo registada como Consultora Ambiental na Direcção Nacional do Ambiente (DINAB) do Ministério da

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Documento de Discussão Pública – Fase de EPDA

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RESUMO NÃO TÉCNICO ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE)

– FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL – FASE DE EPDA E TDR

Consultec - Consultores Associados, Lda. Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169 Maputo, Moçambique

WSP / Parsons Brinckerhoff South View, Bryanston Place 199 Bryanston Drive Bryanston, South Africa

Electricidade de Moçambique, E.P. Av. Zedequias Manganhela, No. 267 Prédio Jat IV – 1º andar Maputo, Moçambique

1 INTRODUÇÃO

A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) está a planear a implementação do Projecto da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia - o Projecto STE. O Projecto STE é um projecto de transporte de energia que irá ligar as Províncias de Tete e Maputo através de linhas de transporte de extra alta voltagem. Os objectivos deste projecto são: ligar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região norte.

Devido à complexidade do Projecto STE, a EDM pretende desenvolvê-lo em fases. Presentemente, a EDM está a propor a implementação da Fase 1 do Projecto STE: Vilanculos - Maputo, que inclui a construção de 561 km de linha de 400 kV, ligando estas duas cidades, a construção de três novas subestações (em Vilanculos, Chibuto e Matalane) e a expansão da subestação de Maputo.

A realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para projectos de construção e operação de linhas de transporte de energia desta dimensão é um requisito legal ao abrigo da regulamentação ambiental de Moçambique. O EIA tem como objectivo documentar os efeitos positivos e negativos

que o projecto possa ter sobre o ambiente e as comunidades.

As contribuições de autoridades locais, comunidades e outras organizações interessadas, através da expressão das suas preocupações, sugestões ou propostas, são essenciais para o desenvolvimento do EIA.

2 PROPONENTE

O Proponente deste Projecto é a EDM. A EDM é a Empresa Pública responsável pela produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica em Moçambique, e gere a Rede Nacional de Energia. A empresa tem a responsabilidade de desenvolver e manter um sistema eficiente, coordenado e económico para o transporte e distribuição da energia eléctrica no País.

3 CONSULTOR AMBIENTAL

Para a realização do EIA, a EDM contratou o consórcio Consultec / WSP. A Consultec é uma empresa moçambicana sediada em Maputo registada como Consultora Ambiental na Direcção Nacional do Ambiente (DINAB) do Ministério da

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Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER). A WSP é uma empresa de consultoria internacional, com sede no Canadá e com escritórios em 22 países.

4 ENQUADRAMENTO LEGAL

O EIA será preparado em conformidade com a legislação nacional, nomeadamente o Decreto n.º. 54/2015, de 31 de Dezembro, o Diploma Ministerial n.º 129/2006, que aprova a Directiva Geral para os Estudos de Impacto Ambiental e o Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho, que aprova a Directiva Geral para a Participação Pública.

Serão também seguidas, as políticas e directrizes ambientais e sociais do Banco Mundial e do Grupo de Energia da África Austral (Southern African Power Pool - SAPP).

5 ABORDAGEM E METODOLOGIA DE AIA

Com base nas disposições no Anexo I do Decreto 54/2015 que regulamenta o processo de avaliação do impacto ambiental, o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) classificou o Projecto como sendo de Categoria “A”, o que requer uma avaliação do impacto ambiental e social completa.

Por consequência, é necessário submeter o Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e de Definição do Âmbito (EPDA), incluindo os Termos de Referência para o EIA, ao MITADER para a sua aprovação.

O EPDA tem como objectivos identificar os principais impactos do projecto, apresentar pela primeira vez o projecto ao público, e colher contribuições do público, e definir os estudos necessários para o EIA. Os Termos de Referência (TdR) incluem todos os elementos necessários para cumprir com os requisitos nacionais e internacionais de modo a assegurar uma avaliação adequada dos impactos previstos do Projecto.

Durante a fase de EIA são feitos estudos mais detalhados, avaliados os impactos e definidas as medidas para mitigar ou compensar os impactos negativos e para maximizar os impactos positivos associados ao projecto. Estas medidas serão posteriormente incluídas no Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) como acções claras e práticas.

A Consulta Pública é uma parte muito importante deste processo e será feita de acordo com os requisitos legais nacionais, quer durante a fase de EPDA quer na fase de EIA.

6 DESCRIÇÃO GERAL DO PROJECTO

O Projecto STE, na sua totalidade, foi inicialmente considerado em 2011, incluindo o desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental completo. Devido a várias razões o Projecto não teve seguimento. Em 2015, a EDM realizou um Estudo de Viabilidade actualizado para o Projecto, que actualizou o traçado da linha de alta tensão. Na sequência desse estudo, a EDM pretende agora implementar a Fase 1 (Vilanculos – Maputo) do Projecto STE, e para tal está a levar a cabo um novo processo de AIA.

LOCALIZAÇÃO

A linha de transporte desenvolve-se entre Vilanculos e Boane, atravessando as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, e apresenta um cumprimento total de 561 km. O Projecto prevê ainda a construção de três novas subestações eléctricas em Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene), e a expansão da subestação de Maputo (em Boane) (ver Figura 1 na página seguinte).

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

A Fase 1 do Projecto STE corresponde a uma nova linha aérea de alta tensão de 400 kV. As suas principais características são as seguintes:

Aspectos Técnicos Linha 400 kV Comprimento 561 km Faixa de Servidão 50 m

Tipo de Torres

Torres autoportantes, em V e em Y.

Espaçamento entre torres 400 a 500 m Altura das torres 20 a 35 m Área da base 100 m2

Tipo de condutores Condutor

ACSR (alumínio-aço)

Vida útil do Projecto (com manutenção regular)

30 anos

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Figura 1 – Localização administrativa do Projecto

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COMPONENTES DO PROJECTO

A linha de transporte exige a aquisição de uma faixa de servidão de 50 m.

Figura 2 - Faixa de Servidão típica de uma linha de

transporte de energia

As torres concebidas para esta linha de transporte serão principalmente do tipo autoportantes, embora algumas poderão ser de suspensão do tipo em V com espias.

Figura 3 - Exemplo de torre autoportante

O tipo de fundação proposto para as torres da linha de transporte é composto por quatro bases de betão armado instaladas a 3 a 4 metros no solo.

Figura 4 - Exemplo da fundação de uma torre

Será construída uma estrada de manutenção de terra batida na faixa de servidão da linha de transporte para permitir os trabalhos de supervisão, inspecção e manutenção.

De momento, não é possível apresentar um cronograma detalhado mas, tipicamente, para uma linha de transporte de 400 kV de comprimento semelhante, o tempo total de construção é de cerca de 4 anos.

Figura 5 - Isoladores

Nesta fase do estudo, não é possível estimar o número exacto de trabalhadores necessários, uma vez que vai depender, entre outros factores, da disponibilidade de equipamentos mecânicos. No entanto, uma estimativa grosseira prevê 250 trabalhadores para a construção da linha de transporte e, provavelmente, de 50 a 100 para a instalação dos equipamentos das subestações.

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Figura 6 - Construção de torres

ACTIVIDADES DO PROJECTO

Várias actividades estão associadas com a implementação do Projecto. A tabela seguinte fornece uma lista das actividades típicas para cada fase do projecto acompanhada por uma breve descrição.

Tabela 1 – Actividades típicas de cada fase de projecto

Fase de Construção

Preparação do local

Levantamentos técnicos Actividades de preparação do local (desmatação, remoção do solo superficial, escavação, terraplenagem) para a construção de componentes temporárias e permanentes do projecto (vias de acesso, estaleiros de obras, fundações de torres e subestação). Desmatação da faixa de reserva da linha.

Instalação de estaleiros de construção

Construção dos acampamentos para os trabalhadores e outras instalações e infra-estruturas temporárias utilizadas durante a fase de construção.

Trabalhos de construção

Construção da linha de transporte de energia, incluindo a construção das bases e a erecção das torres, e subestações.

Instalação de equipamentos

Colocação dos cabos condutores, instalação dos equipamentos das subestações e testagem dos equipamentos.

Exploração de câmaras de empréstimo

Exploração de material granular para construção.

Gestão de resíduos e materiais perigosos

Gestão e armazenagem de resíduos, substâncias perigosas e outros materiais a serem removidos, incluindo hidrocarbonetos.

Transporte / circulação

Circulação de veículos, camiões e equipamentos de construção para o transporte de trabalhadores e o fornecimento de materiais e equipamentos durante a construção, incluindo o abastecimento e manutenção de veículos e máquinas.

Compra de materiais, bens e serviços

Compra de materiais, bens e serviços necessários para a fase de construção.

Fase de Operação

Operação da Linha de Transporte e Subestações

Operação de instalações e inspecção e manutenção dos condutores, torres e subestações.

Inspecção da faixa de servidão

Circulação de veículos na faixa de servidão, para inspecção e controlo.

Gestão da vegetação

Controlo da vegetação, como parte da manutenção da faixa de servidão.

Gestão de resíduos e materiais perigosos

Manuseamento e armazenamento de resíduos perigosos utilizados durante a operação, incluindo óleo para os transformadores na subestação.

Compra de materiais, bens e serviços

Compra de materiais, bens e serviços necessários para a operação da linha de transporte de energia e subestações.

Fase de Desactivação

Remoção das instalações

Trabalhos de desmantelamento das instalações e actividades associadas à reabilitação dos locais (remoção de materiais, revegetação, etc.).

Compra de materiais, bens e serviços

Compra de materiais, bens e serviços necessários para os trabalhos de desmantelamento.

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7 JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

Os objectivos do Projecto STE, no seu todo, são os de ligar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região norte. A Fase 1 do Projecto STE (Vilanculos – Maputo) é justificada pelos mesmos objectivos, mas tem ainda o objectivo adicional de evacuar a energia gerada por uma nova central termoeléctrica a gás planeada para Temane.

8 ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO

No EPDA foram definidas áreas de influência do Projecto preliminares, que serão aferidas com mais detalhe no EIA.

A Área de Influência Directa (AID) é definida preliminarmente como uma faixa de 200m de largura centrada no traçado da linha de alta tensão, dado que se espera que a maioria dos impactos directos do Projecto se venha a sentir na sua envolvente imediata.

A Área de Influência Indirecta (AII) é definida preliminarmente como os limites dos distritos atravessados pela linha de transporte, dado que a estimulação da economia, durante ambas as fases de construção e operação, poderá ser sentida ao nível distrital.

9 SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA AMBIENTAL E SOCIAL

CLIMA

Na região do Projecto, as temperaturas médias são de cerca de 25 – 27ºC no verão e 20-25ºC no inverno. A precipitação média anual total é inferior a 1 200 mm e ocorre fundamentalmente de Novembro a Março. As velocidades dos ventos na região do Projecto são geralmente baixas, sendo os ventos dominantes dos quadrantes Este e Sudoeste.

GEOLOGIA

O corredor proposto desenvolve-se na zona geomorfológica das grandes planícies costeiras, com altitudes inferiores a 200 m. Mais especificamente, o traçado da linha localiza-se na Bacia Sedimentar de Moçambique, dominada essencialmente por sedimentos terciários e quaternários.

O corredor de Projecto atravessa fundamentalmente formações sedimentares, incluindo depósitos sedimentares relativamente recentes do Quaternário (dunas interiores, areias eólicas, areias de planícies de inundação e outros

sedimentos aluvionares) e rochas sedimentares do Paleoceno – Plioceno (calcários e arenitos ferruginosos).

A zona sul de Moçambique tem uma actividade sísmica muito reduzida.

SOLOS

Os solos presentes são derivados das formações sedimentares descritas acima. Os solos dominantes são solos de sedimentos de Mananga, que são solos sedimentares desenvolvidos em areias quartzosas de várias origens. Em alguns locais, estes solos de Mananga fazem mosaico com solos arenosos de dunas costeiras e interiores. Em termos gerais, estes solos apresentam uma capacidade agrícola moderada a reduzida, tendo limitações ao nível do baixo teor em matéria orgânica e excessiva drenagem (incapacidade de reter a água).

Nas zonas onde a linha intercepta rios e linhas de água, podem ocorrer ainda solos aluvionares, que em geral têm um teor orgânico médio a alto e capacidade agrícola moderada a boa. No corredor de Projecto estes solos ocorrem apenas nos pontos de intercepção com os vales dos rios principais, incluindo os vales dos rios Changane, Limpopo, Incomáti e Matola.

O risco de erosão do solo na área de estudo é considerado em geral reduzido, devido sobretudo ao declive plano.

HIDROLOGIA

Ao longo dos seus 561 km de comprimento, o traçado de Projecto atravessa as bacias hidrológicas dos rios Govuro, Nhavarre, Limpopo, Incomáti e Matola.

Os principais rios atravessados pela linha de transporte incluem os rios Changane, Limpopo, Incomáti, Mazimechopes, Tesátsen e Matola. O traçado atravessa ainda vários outros rios sazonais e pequenas linhas de água.

QUALIDADE DO AR E AMBIENTE SONORO

Nas zonas atravessadas pelo Projecto Tete as principais fontes de emissão de poluentes atmosféricos são as queimadas de savanas, seguidas de fogos naturais e queima de combustíveis domésticos. Apesar disso, a qualidade do ar é em geral boa, não se prevendo excedências dos padrões de qualidade do ar nacionais e internacionais.

O ruído ambiente da área de interesse é, em termos gerais, determinado por fontes de ruído naturais (como chuva, vento, insectos, etc.), pelo tráfego rodoviário de baixa intensidade e pelas actividades humanas normais das comunidades situadas ao longo do alinhamento proposto.

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AMBIENTE BIOLÓGICO

O traçado de Projecto intercepta quatro unidades principais de vegetação natural: Mosaico Florestal Costeiro, Floresta de Miombo, Vegetação Halofítica e Matas indiferenciadas.

O tipo de matas mais comum dentro da área de estudo é o Mosaico Florestal Costeiro, também descrito por como florestas mistas costeiras. Estas zonas florestadas variam entre florestas decíduas densas a matas abertas, dependendo da densidade da vegetação.

As matas de miombo ocorrem sobretudo na primeira metade do traçado (entre Vilanculos e Chibuto) e são matas secas, dominadas por árvores dos géneros Brachystegia, Julbernardia e Isoberlinia. A vegetação halofítica ocorre apenas no vale do Rio Changane, sendo formada por ervas e arbustos resistentes a solos salinos.

Floresta de Miombo

As matas indiferenciadas podem ocorrer como formações arbóreas ou arbustivas, sendo caracterizadas por uma mistura de espécies, sem dominância de nenhuma espécie de flora específica.

Com base em revisão bibliográfica, foi possível identificar as espécies de fauna presentes ou potencialmente presentes: 5 espécies de anfíbios, 17 espécies de répteis, 27 espécies de mamíferos e 91 espécies de aves. Entre estas encontram-se algumas espécies protegidas a nível nacional e presentes na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

As espécies protegidas a nível nacional incluem 8 mamíferos (Macaco-de-cara-preta, Geneta-de-malhas-pequenas, Jagra-pequena, Manguço-listrado, Manguço-gigante-cinzento, Manguço-anão, Maritacaca, Lontra do Cabo), a Jibóia e várias espécies de garças, cegonhas, flamingos e pelicanos.

O hipopótamo e o elefante são as espécies potencialmente presentes dentro da área de estudo que estão incluídas na lista vermelha da IUCN.

AMBIENTE SÓCIO-ECONÓMICO

O traçado do Projecto atravessa as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. Os distritos atravessados em cada uma destas Províncias são apresentados na tabela abaixo.

Província Distritos

Inhambane Vilanculos, Massinga, Funhalouro, Panda

Gaza Chibuto, Mandlakaze, Chokwe, Bilene

Maputo Magude, Manhiça, Marracuene, Moamba, Boane

De acordo com as projeções do INE, em 2016 a população das províncias de Inhambane, Gaza e Maputo era de 1 523 635, 1 467 951 e 1 782 380, respectivamente. A população da província é jovem, sendo que cerca de um terço da população destas três províncias tem menos de 15 anos.

O sistema educativo nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo é similar ao do restante do país, tendo o seu foco na Educação Primária, o que se reflecte no facto do número de estabelecimentos de ensino primário ser muito superior ao de estabelecimentos de ensino secundário.

Em termos dos serviços de saúde, em 2012 a Província de Inhambane tinha uma unidade sanitária por 12 189 habitantes e 1,1 camas por 1 000 habitantes. Gaza tinha uma unidade sanitária por 11 468 habitantes e 1,4 camas por 1 000 habitantes e Maputo tinha unidade sanitária por 20 969 habitantes e 0,8 camas por 1 000 habitantes.

Nas áreas urbanas e peri-urbanas das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, a electricidade é a principal fonte de energia e é fornecida pela EDM, enquanto a água é abastecida pela empresa Águas de Moçambique. Nas áreas rurais, o abastecimento de água é geralmente feito a partir de fontanários ligados à rede geral de abastecimento de água, bem como a partir de furos, poços e consumo directo de rios e lagoas.

Estas três províncias apresentam uma grande variedade de grupos etnolinguísticos e, portanto, são faladas diferentes línguas maternas. Os principais grupos etnolinguísticos da Província de Inhambane são os Bitongas, Chope e Chitsuas. Na Província de Gaza os principais grupos são os Changane,

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Chope e Ronga e na Província de Maputo o principal grupo é o Tsonga.

De acordo com o censo mais recente do INE em 2007, as principais religiões praticadas nestas Províncias incluem o Cristianismo, e em especial o Catolicismo que é praticado por mais de 35% da população das três Províncias, e o Islão (praticado por 10 a 17% da população, dependendo da província).

A agricultura é a actividade económica dominante nas três províncias, podendo ser dois tipos: culturas de subsistência e culturas de rendimento; ambas praticadas pelo sector familiar. Outras actividades económicas importantes incluem a pesca e o turismo, nas zonas costeiras das três províncias. A actividade industrial é importante na Província de Maputo, onde se concentra grande parte das indústrias do Sul de Moçambique.

Relativamente a materiais de construção a maioria das habitações nos distritos abrangidos pelo Projecto é construída em paus maticados, com excepção da Província de Maputo, onde os blocos de cimento são o material mais utilizado para a construção de habitações.

10 IDENTIFICAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS

Os potenciais impactos das actividades propostas foram identificados através dum processo sistemático no qual são consideradas com atenção as interacções entre as actividades propostas do projecto e o ambiente biofísico e socioeconómico, a fim de identificar os impactos ambientais do projecto. Os principais potenciais impactos identificados para as várias fases do Projecto são descritos de seguida.

FASE DE CONSTRUÇÃO

Os potenciais impactos negativos de projectos de linhas de transporte sobre o ambiente físico relacionam-se, na maioria das vezes, com as fases de pré-construção e de construção. Estes impactos tendem a ser temporários uma vez que estão associados a actividades específicas que ocorrem apenas durante esta fase. Estes impactos consistem em:

Alteração da qualidade do ar e ruído ambiente: Na fase de construção poderá ser esperada a geração de poeiras, poluentes atmosféricos e emissões de ruído resultantes da operação e circulação de veículos e equipamentos. Estes impactos poderão resultar de actividades como o tráfego de veículos (em estradas não pavimentadas), desmatação e operação de máquinas.

Alteração dos solos e da qualidade da água: Poderá ser esperada a compactação do solo e a erosão durante a desmatação da linha e das vias de acesso, na escavação para a criação das fundações, na construção e desmantelamento da infra-estrutura, e, em menor escala, durante as actividades de manutenção. A erosão e o fluxo de sedimentos em linhas de água nas proximidades do projecto poderão afectar as suas propriedades físicas e o seu uso (por exemplo, pelo aumento da turbidez). As actividades de manutenção de máquinas, ou a avaria do equipamento em locais de trabalho, poderão resultar em derrame de óleos e levar à contaminação do solo e da água superficial. Além disso, uma gestão e eliminação inadequadas dos resíduos e águas residuais poderão levar à contaminação do solo e da água.

Degradação do habitat natural: As actividades de desmatação da linha, das estradas de acesso e das áreas de trabalho, bem como, a criação das fundações irão implicar perdas permanentes de habitats terrestres e de zonas húmidas. Os componentes lenhosos dos habitats florestais terão de ser cortados da área de implementação do projecto, afectando a composição da vegetação e a dinâmica biológica. A utilização de maquinaria pesada dentro de zonas húmidas e cursos de água poderá ter um efeito negativo nos habitats aquáticos.

Introdução de espécies invasoras: A limpeza de vegetação na área de implementação do projecto, estradas de acesso e áreas de trabalho poderá contribuir para o estabelecimento de espécies invasoras ao longo da rota da linha eléctrica, uma vez que estas espécies ocorrem frequentemente em ambientes perturbados.

Perturbação da fauna: Adicionalmente à destruição do habitat, o ruído, a luz e a presença de actividades humanas poderão afectar o comportamento dos animais selvagens, que tenderão a afastar-se das áreas de trabalho, afectando potencialmente as rotas de deslocação de diferentes espécies.

Emprego e rendimentos: serão apresentadas oportunidades positivas à PI&As e às comunidades afectadas, sob a forma de oportunidades de trabalho temporário e de negócios na fase de construção, incluindo através das receitas geradas pela venda de alimentos e outros materiais para os trabalhadores migrantes provenientes de outras regiões do país e de países estrangeiros. Estará disponível um número limitado de postos de trabalho temporários.

Perda de terras produtivas e de culturas: A construção de uma linha de transporte de energia pode implicar a perda de áreas e/ou culturas agrícolas. Os impactos esperados serão de longo prazo nos locais das torres e nas subestações, uma vez que nestes locais a alteração do uso do solo será permanente. Quanto à faixa de reserva da linha, os impactos também serão permanentes para as plantações de árvores,

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uma vez que estas, geralmente, não são permitidas no corredor de segurança. A presença de culturas anuais dentro da faixa de reserva tem sido habitualmente tolerada.

Deslocação de estruturas públicas e privadas: As estruturas permanentes são frequentemente removidas do corredor de segurança por motivos de segurança. Poderá, portanto, ocorrer a deslocalização de casas e outros estruturas construídas que se localizem dentro da faixa de reserva.

Alteração do património cultural e arqueológico: área de servidão da linha deve ser concebida de forma a evitar locais de ocorrência de património cultural e arqueológico. É possível que durante as actividades de construção venham a ser descobertos lugares e objectos de valor arqueológico ou locais de importância cultural (sítios sagrados, sepulturas, etc.) que não foram previamente identificados dentro do corredor de segurança.

Riscos para a saúde e segurança do público e dos trabalhadores: A presença de trabalhadores de outras regiões em áreas rurais poderá levantar preocupações com a saúde (incluindo doenças sexualmente transmissíveis, como o VIH/SIDA) e as tensões sociais com as comunidades locais. O transporte e tráfego relacionado com os movimentos de trabalhadores, máquinas, construção e materiais perigosos também poderão perturbar os padrões de transporte locais, além de levantar questões de segurança.

Conflitos sociais: O acesso local aos recursos como água, combustíveis e alimentos poderá ser temporariamente colocado sob pressão se os acampamentos temporários forem localizados perto de comunidades locais, especialmente na estação seca.

FASE DE OPERAÇÃO

Risco de contaminação da água e solo na subestação: Devido aos óleos e outros produtos perigosos utilizados nas subestações, há um risco de contaminação. Os derrames de óleo por avaria de equipamento ou utilização inadequada de componentes com defeito que forem substituídos poderão levar à contaminação do solo e da água na proporção da magnitude desses eventos acidentais.

Aumento da pressão demográfica sobre áreas naturais próximas: Durante a fase de operação, a facilidade de acesso a áreas anteriormente mais isoladas poderá levar a uma utilização mais frequentemente dessas áreas por grupos de migrantes em busca de recursos para explorar para geração de renda, como por desmatamento para a madeira e carvão vegetal, carne de animais selvagens ou de produtos de caça. A intrusão em áreas previamente não ocupadas poderá encorajar o desenvolvimento de actividades agrícolas, exploração e transporte de mercadorias ao longo das rotas que não estão sob vigilância da polícia ou da guarda-florestal.

Aumento da mortalidade de avifauna e morcegos: A presença da linha de energia introduz um risco de colisão para espécies de aves e morcegos durante a fase operacional, especialmente quando localizada em habitats abertos como pastagens e zonas húmidas. A colisão com linhas eléctricas ou torres poderá levar à morte ou lesão. O maior risco de colisão estará associado com o fio de terra fina, localizado por cima do fio espesso de voltagem mais elevada.

Maiores oportunidades de desenvolvimento energético e económico: o aumento da qualidade da rede de transporte de energia irá permitir o desenvolvimento de projectos futuros de geração de energia, com impactos indirectos potenciais no desenvolvimento económico e no aumento futuro da qualidade e facilidade de acesso a electricidade.

Impacto visual: através da sua presença no meio receptor, a linha de transporte terá um efeito negativo na qualidade da paisagem.

FASE DE DESMANTELAMENTO

Deve-se salientar que os impactos resultantes da fase de desactivação do projecto não foram identificados no presente relatório.

Com efeito, prevê-se que a linha de transporte e a subestação associada seja continuamente mantida e operada por várias décadas. Esta vida útil muito longa torna muito difícil e potencialmente contra produtivo prever, nesta fase, as circunstâncias em que as instalações do projecto podem vir a ser desactivadas.

No entanto, recomenda-se a realização de uma avaliação completa dos impactos da fase de desmantelamento, quando ficarem informações suficientes sobre a fase de desmantelamento.

11 QUESTÕES FATAIS

Uma questão fatal é definida como qualquer característica de implantação do projecto que possa resultar num risco ambiental e social inaceitável, ou seja, que ponha em causa a viabilidade do projecto.

Nenhum dos impactos identificados para o Projecto constitui uma falha fatal. Foram identificados vários impactos ambientais e sociais potencialmente significativos – tais como os potenciais impactos de reassentamento ou a perda de habitats de matas, por exemplo.

No entanto, são conhecidas medidas de mitigação adequadas para estes impactos, pelo que não se espera que após a implementação da mitigação subsistam riscos ambientais ou sociais inaceitáveis.

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Documento de Discussão Pública – Fase de EPDA 10

Em conformidade, todos os impactos identificados no EPDA serão analisados em detalhe no EIA, incluindo a definição da mitigação necessária.

12 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Serão realizadas reuniões informativas e consultivas em diferentes locais e em diferentes fases do processo de AIA, permitindo e incentivando contribuições das autoridades, das comunidades afectadas e outras organizações interessadas. Este processo incluirá:

• Assembleias públicas em Inhambane, Xai-xai e Matola, demodo a divulgar as componentes do projecto e o relatório de EPDA (Maio de 2017);

• Reuniões e entrevistas com líderes comunitários e chefesde agregados familiares em aldeias potencialmente afectadas (Junho a Agosto 2017);

• Assembleias públicas em Inhambane, Xai-xai e Matola, demodo a divulgar as principais conclusões e recomendações da fase de EIA (previstas para Setembro de 2017).

13 PRINCIPAIS ASPECTOS A INVESTIGAR NA FASE DE EIA

A elaboração do EPDA permitiu a identificação preliminar dos potenciais impactos do projecto e a avaliação das potenciais questões fatais. Alguns dos impactos identificados são de significância menor, e os seus efeitos são relativamente bem conhecidos.

Outros impactos, que podem ser mais significativos, vão carecer duma avaliação adicional detalhada por especialistas, para se determinar a sua significância e identificar medidas de mitigação que possam ser implementadas para a reduzir.

Recomenda-se portanto, que os impactos associados aos seguintes factores ambientais sejam avaliados com particular detalhe no EIA:

• Qualidade do Ar;• Ruído;• Recursos Hídricos;• Paisagem;• Biodiversidade; e• Socioeconomia.

Os Termos de Referência (TdR) para o EIA, bem como para os estudos especializados propostos, encontram-se no relatório de EPDA.

14 PRÓXIMAS ETAPAS

As reuniões de Consulta Pública da fase de EPDA terão lugar nos dias 4 e 5 de Maio de 2017. Serão realizadas reuniões de Consulta Pública nas cidades de Inhambane, Xai-xai e Matola.

Todos os comentários recebidos nesta fase serão compilados no Relatório de Participação Pública e serão levados em consideração na elaboração do relatório final de EPDA a submeter ao MITADER. Após a submissão do relatório de EPDA o MITADER tem o prazo legal de 30 dias úteis para a sua avaliação.

Para qualquer esclarecimento ou comentário adicional por favor contactar:

Consultec, Consultores Associados Lda. Telefone 21 491 555

Fax 21 491 578

Email: Emanuel Viçoso - [email protected] Hortência Rebelo - [email protected]

15 ONDE ENCONTRAR O EPDA COMPLETO

Pode encontrar cópias impressas do relatório completo da fase de EPDA na sua versão preliminar nos seguintes locais:

• Direcção Nacional do Ambiente (DNAB – MITADER), naCidade de Maputo;

• Direcções Provinciais da Terra, Ambiente eDesenvolvimento Rural de Inhambane, Gaza e Maputo;

• Escritórios da Consultec, na Cidade de Maputo;

• Escritórios da EDM em Maputo.

No site da Consultec está disponível a versão draft do EPDA em formato digital (inglês e português)

www.consultec.co.mz