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Ponto 7 15 - Poder Judiciário. Funções. Organização. Estatuto constitucional da magistratura. Garantias do Judiciário. Supremo Tribunal Federal: organização e competência. Superior Tribunal de Justiça: organização e competência. Justiça Federal: organização e competência. Justiça do Trabalho: organização e competência. Justiça Comum Estadual: organização e competência. Crimes Contra a Administração da Justiça. 16 – Funções essenciais à justiça. Ministério Público. Advocacia e Defensoria Pública. 17- Defesa do Estado e das instituições democráticas. 15 - Poder Judiciário Características: O Poder Judiciário é um dos 3 Poderes expressamente reconhecidos pela CF (art. 2º), cuja independência é protegida pelo art. 60, §4º, III da CF, e é o Poder responsável pela função jurisdicional. O Brasil adota o “sistema inglês” ou “sistema da unicidade de jurisdição”, o que significa que somente o Poder Judiciário tem jurisdição, isto é, somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos casos concretos litigiosos submetidos a sua apreciação. Não existe jurisdiçao administrativa (não há definitividade nas decisões administrativas), porquanto a jurisdiçao e coisa julgada são atributos exclusivos do Poder Judiciário. (Exceção: crimes de responsabilidade julgados pelo Poder Legislativo – art. 52, I e II – a decisão tem natureza jurisdicional e é definitiva). Funções: Típica: jurisdicional – composição e soluçao de conflitos. Atípicas: administrativa e normativa. a) Administrativa: administraçao de seus bens, serviços e pessoal.

Resumo - Poder Judiciário

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Ponto 7

15 - Poder Judiciário. Funções. Organização. Estatuto constitucional da magistratura. Garantias do Judiciário. Supremo Tribunal Federal: organização e competência. Superior Tribunal de Justiça: organização e competência. Justiça Federal: organização e competência. Justiça do Trabalho: organização e competência. Justiça Comum Estadual: organização e competência. Crimes Contra a Administração da Justiça.16 – Funções essenciais à justiça. Ministério Público. Advocacia e Defensoria Pública.17- Defesa do Estado e das instituições democráticas.

15 - Poder Judiciário

Características: O Poder Judiciário é um dos 3 Poderes expressamente reconhecidos pela CF (art. 2º), cuja independência é protegida pelo art. 60, §4º, III da CF, e é o Poder responsável pela função jurisdicional.

O Brasil adota o “sistema inglês” ou “sistema da unicidade de jurisdição”, o que significa que somente o Poder Judiciário tem jurisdição, isto é, somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos casos concretos litigiosos submetidos a sua apreciação. Não existe jurisdiçao administrativa (não há definitividade nas decisões administrativas), porquanto a jurisdiçao e coisa julgada são atributos exclusivos do Poder Judiciário. (Exceção: crimes de responsabilidade julgados pelo Poder Legislativo – art. 52, I e II – a decisão tem natureza jurisdicional e é definitiva).

Funções:

Típica: jurisdicional – composição e soluçao de conflitos.

Atípicas: administrativa e normativa.

a) Administrativa: administraçao de seus bens, serviços e pessoal.

No âmbito administrativo, a EC 45/2004 acrescentou o inciso I-A ao art. 92, criando o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, órgão (administrativo) do Poder Judiciário, cuja função é o controle da atuação administrativa, financeira e disciplinar do Judiciário (exceto STF) e de correição acerca do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. (Obs: o CNJ não tem ingerência na atividade jurisdicional dos juízes e tribunais).

b) Normativa: produção de normas gerais, aplicáveis no seu âmbito, de observância obrigatória por parte dos administrados. Ex: regimento dos Tribunais (art. 96, I, a, CF).

Organização:Sao órgãos do Poder Judiciário, de acordo com o art. 92, da CF:I - o Supremo Tribunal Federal;I-A o Conselho Nacional de Justiça; (EC nº 45, de 2004)II - o Superior Tribunal de Justiça;III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

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IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;VI - os Tribunais e Juízes Militares;VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O STF e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional e, assim como o CNJ, têm sede na Capital Federal (art. 92, §§ 1º e 2º).

Cabe a todos os juízes e tribunais do Poder Judiciário exercer a jurisdição constitucional, na defesa da supremacia da Constituição.

Estatuto constitucional da magistratura:

Consiste num conjunto de normas constitucionais e legais, destinadas à disciplina da carreira da magistratura, forma e requisitos de acesso, critérios de promoção, aposentadoria subsídio, direitos, deveres e outros aspectos relacionados à atividade do magistrado.

De acordo com o art. 93 da CF, lei complementar, de iniciativa do STF, disporá sobre o Estatuto da Magistratura. (Obs: essa lei ainda não foi editada. Nesse caso, o STF decidiu que, até o advento da lei complementar referida, o Estatuto será disciplinado pela LC n. 35/79, que foi recebida pela CF – ADI 1.985).

O ingresso na carreira de magistratura se dá mediante concurso público. Ressalta-se que essa forma de ingresso se limita à magistratura de carreira, que compreende os juízes (substitutos e titulares) e os desembargadores dos Tribunais inferiores dos Estados e DF (TJ) e da União (TRF e TRT). Estão fora da carreira da magistratura os desembargadores que ingressaram por meio do Quinto Constitucional (art. 94) e os ministros dos Tribunais Superiores que ingressaram na forma prevista na CF (ressalvados os ministros oriundos da carreira). Esses ministros e desembargadores são magistrados, mas não ingressam por concurso e não fazem parte da carreira da magistratura.

O ingresso na carreira exige do bacharel em direito 3 anos de atividade jurídica e o cargo inicial é o de juiz substituto. A partir daí, o magistrado seguirá na carreira, por meio de

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promoçao, que ocorre, alternadamente, por antiguidade e merecimento, apurados na respectiva entrância.

Quinto Constitucional: 1/5 das vagas dos TRF’s e dos TJ’s são reservadas a membros do MP, com mais de 10 anos de carreira, e a advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Também está previsto para o TST e TRT.

Garantias do Judiciário:

a) Garantias funcionais (garantias da magistratura): asseguram a independência e a imparcialidade dos membros do Poder Judiciário no exercício da função jurisdicional.

a.1 – garantias de independência:

- vitaliciedade: o juiz, após 2 anos de exercício, só pode perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Antes dos 2 anos, a perda do cargo pode se dar por deliberação do Tribunal. Nos Tribunais, a vitaliciedade é automática, adquirida no momento da posse. Obs: Ministros do STF e magistrados membros do CNJ podem perder o cargo por decisão do Senado, em julgamento por crime de responsabilidade (art. 52, II).

- inamovibilidade: proíbe que os juízes sejam removidos, mesmo sob a forma de promoção, sem o seu consentimento, salvo motivo de interesse público, em decisão da maioria absoluta do respectivo Tribunal ou CNJ, com ampla defesa. Outra exceção: o magistrado pode ser removido a título de sanção administrativa, conforme art. 103-B, §4º, III da CF.

- irredutibilidade de vencimentos: garantia de que o magistrado não sofra perseguições governamentais de natureza econômica. A irredutibilidade é nominal.

a.2 – garantias de imparcialidade: art. 95, parágrafo único – vedações impostas aos juízes, com o objetivo de preservar sua imparcialidade.

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;III - dedicar-se à atividade político-partidária.IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (EC 45/2004)V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (EC 45/2004)

b) Garantias institucionais: conferidas aos Tribunais, pela CF, dotando-os de autonomia orgânico-administrativa (art. 96), que compreende sua independência na organização e funcionamento de seus órgãos e serviços (autogoverno) e de autonomia financeira (art. 99), que abrange a sua independência na elaboração das propostas orçamentárias e execução de seus orçamentos.

Jurisprudência: “Poder Judiciário tem competência para dispor sobre especialização de varas, pq é matéria de organização judiciária dos Tribunais e que não está

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restrita ao campo de incidência exclusiva da lei, desde que não haja impacto orçamentário.”(STF, HC 91.024)

Supremo Tribunal Federal: organização e competência:

É a mais alta corte de justiça no Brasil, cuja funçao maior é garantir a supremacia da CF.

Organização:

Com sede na Capital da República e jurisdição em todo território nacional, o Supremo Tribunal Federal é composto de 11 (onze) Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 60 (sessenta e cinco) anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os Ministros são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

De acordo com o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF), o Presidente e Vice-Presidente são eleitos pelo Tribunal, dentre os Ministros. São órgãos do STF o Plenário, as Turmas e o Presidente. Cada Turma - são duas - é constituída de 5 Ministros, sendo que o integrante mais antigo é o seu Presidente.

Competência:

a) originária (art. 102, I);

b) recursal: recurso ordinário (art. 102, II) e recurso extraordinário (art. 102, III).

Observações importantes sobre a competência do STF:

- a competência p/ julgar o Presidente e Vice decorre da prerrogativa da função, cessando quando esta é encerrada. Súmula 294 foi cancelada.

- a prerrogativa de foro do Presidente da República, Governador, ..., não prevalece para a açao popuplar, logo, a o STF não julga ação popular, mesmo que seja contra o Presidente.

- a competência do Supremo p/ julgar habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior, pressupõe a existência de decisão do colegiado do Tribunal, não sendo suficiente mera decisão do relator. Súmula 691: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do relator que, em "habeas corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

- o STF não tem competência para julgar HC impetrado contra ato de Turma Recursal de Juizado Especial (cancelada a súmula 690). A competência é definida em razão dos envolvidos – paciente e impetrante. (STF: HC 86.834)

- não compete ao STF, mas à Justiça Federal de 1º grau, conhecer de MS impetrado contra ato praticado pelo Presidente da Câmara dos Deputados (não pela Mesa). MS 23.977, STF.

- a competência do STF para julgar causas e conflitos entre União, Estado e DF quandocaracterizado conflito federativo. Se a controvérsia não implicar risco ao equilíbrio federativo, o STF não terá competência.

- o STF tem competência para julgar conflito de atribuições entre o MPF e o MPE. (Pet 3.528)

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- Súmula 249: É competente o Supremo Tribunal Federal para a ação rescisória, quando, embora não tendo conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida.

- Súmula 515: A competência para a ação rescisória não é do Supremo Tribunal Federal, quando a questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento, seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório.

Superior Tribunal de Justiça: organização e competência

O STJ é órgao integrante do Poder Judiciário, ao qual compete, fundamentalmente, uniformizar a interpretação da lei federal e garantir sua observância e aplicação. Tem sede na Capital Federal e jurisdição em todo território nacional.

Compõe-se de 33 Ministros, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovado pela maioria absoluta do Senado.

Foi criado pela atual Constituição para compreender a competência do extinto Tribunal Federal de recursos e parte da competência do STF. É titular de competência originária (art. 105, I) e recursal, que abrange o recurso ordinário (art. 105, II) e o recurso especial (105, III).

Justiça Federal: organização e competência.

Compreende os seguintes órgãos: Tribunais Regionais Federais (são 5 TRF’s) e Juízes Federais.

Os TRF’s sào compostos de, no mínimo, 7 desembargadores, nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos.

Competência do TRF: art. 108, CF.

Súmula 428, STJ: compete ao TRF decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

Competência da Justiça Federal: art. 109, CF.

No âmbito da Justiça Federal não há comarcas, mas Seções Judiciárias. Cada Estado, bem como o DF, constituirá uma Seção Judiciária, que terá por sede a respectiva Capital e varas localizadas, tanto na capital como no interior, conforme fixado em lei.

São 27 Seções Judiciárias (26 nos Estados e 01 no DF) distribuídas entre os 05 TRF’s.

Obs: No tocante à disputa sobre direitos indígenas, a justiça federal será competente só nos casos em que a controvérsia envolver direitos ou interesses indígenas típicos e específicos. Os crimes comuns, sem qualquer vínculo com a etnicidade, o grupo e a comunidade indígena, são da competência da Justiça Comum. RE 419.528/MT.

Justiça do Trabalho: organização e competência.

É composta pelo TST, TRT e juízes do trabalho.

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O TST comõe-se de 27 Ministros (brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos), nomeados pelo Presidente após aprovaçao do Senado por maioria absoluta.

O TRT compõe-se de, no mínimo, 7 juízes, nomeados pelo Presidente.

A partir da EC 45/2004, o Quinto Constitucional também é aplicado à Justiça do Trabalho.

Competência: art. 114, CF.

Obs: a competência da JT não alcança as ações entre servidores públicos com vínculo estatutário e o Poder Público, pois o vínculo jurídico tem natureza diferente da relação de trabalho. As ações são julgadas pela Justiça Comum.

Súmula Vinculante nº 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

Súmula Vinculante nº 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Justiça Comum Estadual: organização e competência.

Cumprem aos Estados organizar sua própria Justiça. A competência dos Tribunais de Justiça será definida pela Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do TJ. Na verdade, a competência da Justiça Estadual é residual, compreendendo tudo o que não for de atribuição da Justiça Federal, do Trabalho ou Eleitoral.

Obs: o projeto de lei apresentado pelo TJ pode sofrer emendas parlamentares que acarretem, inclusive, aumento de despesa, haja vista que a CF só veda aumento de despesas por emendas no caso dos projetos sobre organização dos serviços administrativos dos tribunais (art. 63, II).

As justiças estaduais de primeiro grau, em regra, estão divididas em comarcas. As comarcas por sua vez podem ser divididas em varas ou juízos. Há ainda as denominadas circunscrições judiciárias, que são constituídas pela reunião de comarcas contíguas da mesma região, uma das quais será a sua sede.

Comarca é o foro em que tem competência o juiz de primeiro grau, isto é, o território que está sob sua jurisdição. Uma comarca pode abranger um município ou mais de um município. Numa comarca pode haver um ou mais juízos ou varas judiciárias.

Entrância significa grau de classificação administrativa das comarcas e representa, ainda, os degraus sucessivos na carreira de um juiz.

As comarcas são classificadas em quatro entrâncias, a saber: 1ª, 2ª e 3ª entrâncias e entrância da Capital ou entrância especial. A classificação das entrâncias é feita em razão do movimento forense, população, número de eleitores, receita tributária, condições de auto-suficiência e de bem-estar necessárias para a moradia permanente de juízes e demais servidores da Justiça.

Entrância não se confunde com instância. Entre as comarcas de entrâncias diferentes não há hierarquia de qualquer espécie, tendo cada uma delas competência territorial própria. O juiz de 3ª entrância jamais pode reformar uma decisão de um juiz de 1 ª entrância.

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Já em se tratando de instância, que significa o grau de julgamento ao qual o processo está submetido, há sim uma certa hierarquia administrativa dos juízes. Obs: embora o órgão do Poder Judiciário de segunda instância possa reformar a decisão do juiz de primeira instância, não há que se falar em subordinação jurisdicional. Ou seja, os juízes são livres para julgar os processos que lhes são submetidos a apreciação, sem temer qualquer represália por parte do órgão de instância superior. O livre convencimento do magistrado o possibilita agir desta forma.

Crimes Contra a Administração da Justiça.

Artigos 338 a 359 do Código Penal.

16 – Funções essenciais à justiça.

Ministério Público.

Instituição permanente incumbida da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indivuiduais indisponíveis.

É uma instituição vinculada ao Poder Executivo, mas funcionalmente independente e autônomo e que não pode sofrer ingerência dos demais Poderes da República.

O Ministério Público abrange: a) MPU (MPF, MPT, MPM e MPDFT); e b) MPE.

Princípios do MP:

- Unidade: seus membros integram um só órgão, sob única direção de um procurador-geral.

- Indivisibilidade: seus membros não se vinculam aos processos, podendo ser substituídos uns pelos outros, conforme a lei, sem nenhum prejuízo para o processo.

- Independência Funcional: o MP exerce suas funçoes com independência, sem subordinação aos demais Poderes. Se subordinam somente à CF e à lei.

- Autonomia administrativa e financeira: o MP tem poderes para propor ao Legislativo a criação e extinção de seus cargos, para elaborar sua folha de pagamento, para adquirir bens, etc. Tem competência para elaborar sua proposta orçamentária e para administrar os recursos que lhe foram destinados. Não dispõe de recursos próprios, mas tem o poder de indicar os recursos necessários para atender as suas despesas.

- Promotor natural: proíbe designações casuísticas, por parte da chefia do MP, para atuação em determinado processo (promotor de exceção). Impõe que o critério para designação do mebro do MP p/ atuar em um processo seja abstrato e pré-determinado.

Funções: art. 129, CF – enumeração não exaustiva.

STF: Apresenta repercussão geral o recurso extraordinário que verse sobre a questão de constitucionalidade, ou não, da realização de procedimento investigatório criminal pelo Ministério Público.

Garantias dos membros: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio.

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CNMP (art. 130-A): órgão criado pela EC 45/2004, composto por 14 membros, ao qual compete o controle da atuação administrativa e financeira do MP e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.

Advocacia e Defensoria Pública.

Advocacia-Geral da União: competente para representar a União, judicial e extrajudicialmente, bem como para prestar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Obs: representação judicial da União – engloba os 3 Poderes; consultoria e assessoramento jurídico – somente ao Poder Executivo Federal.

Advogado-Geral da União: cargo de livre nomeação e exoneração pelo Presidente da República, entre cidadãos com mais de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Tem status de Ministro de Estado. É julgado pelo Senado (crimes de responsabilidade) e pelo STF (crimes comuns).

Procuradores dos Estados e do DF: exercema representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades administrativas.

Procurador-Geral do Estado: a CF não estabeleceu a forma de nomeação. Para o STF, essa competência se insere no âmbito de autonomia do Estado, que poderá defini-la na Constituição Estadual. Entretanto, o Estado-membro não poderá subtrair do Governador a prerrogativa de nomear e exonerar, livremente, o PGE. (ADI 2.682).

Advocacia – regras especiais:

- Princípio da indispensabilidade do advogado: exige-se a subscriçao do advogado para a postulação em juízo. A lei poderá afastá-lo em situações excepcionais, como HC, revisão criminal e juizados especiais cíveis.

- Imunidade do advogado: assegura ao advogado a inviolabilidade por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Imunidade não alcança o desacato.

- Advogado tem direito a prisão especial (em sala de Estado Maior ou prisão domiciliar, na falta da primeira) até o trânsito em julgado de decisão condenatória.

Defensoria Pública: Instituição incumbida da orientação jurídica e da defesa dos necessitados. Tem autonomia funcional, administrativa e financeira e é detentora da iniciativa de sua proposta orçamentária. Obs: esta autonomia sé foi reconhecida às DPE’s. A DPU e do DPDF não tem essa autonomia. Seus servidores são remunerados por subsídio, assim como os servidores da Advocacia Pública.

STF: não pode ser outorgada às Defensorias a atribuiçao de prestar assistência judicial a servidores públicos, quando processados por ato praticado em razão do exercício da função. (ADI 3.022)

17- Defesa do Estado e das instituições democráticas.

Estado de Defesa

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É providência constitucional de caráter excepcional que pode ser adotada pelo Presidente da República, após ouvir o Conselho da República e o Conselho da Defesa Nacional, com vistas a preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por iminente instabilidade institucional ou social.

Requisitos: a) necessidade (diante de situações fáticas que tornem imprescindível sua adoção); b) temporalidade (deverá vigorar somente pelo prazo necessário p/ o restabelecimento da normalidade); c) obediência irrestrita aos comandos constitucionais.

Pressupostos de fundo: preservar ou prontamente restabelecer a ordem pública e a paz social: 1) ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional; 2) atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

Pressupostos de forma:

1) Prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional – a manifestação é obrigatória e meramente opinativa, não vincula o Presidente;

2) Decreto do Presidente da República;

3) Submissão do decreto, tanto o que estabele como o que prorroga o estado de defesa, dentro de 24 horas, à apreciação do Congresso Nacional.

4) O decreto deve determinar o tempo de duração (não superior a 30 dias, prorrogável uma única vez, por igual período); as áreas a serem abrangidas e indicar as medidas coercitivas (dentre aquelas do art. 136, §1º da CF). (Obs: por interpretação sistemática, não pode ter amplitude nacional, pois nesse caso cabe o estado de sítio).

Obs.: O Decreto do Estado de Defesa deverá ser submetido em 24 horas, ao Congresso Nacional, que irá analisá-lo, no prazo de 10 dias, a contar do seu recebimento. Caso haja rejeição, por maioria absoluta, o Estado de Defesa irá cessar imediatamente.

O Decreto poderá prever:

a) restrições aos direitos de reunião, sigilo de correspondência, e das comunicações telegráficas ou telefônicas.

b) ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, nos casos de calamidade, respondendo a união pelos danos decorrentes pelo uso temporário desses bens.

Durante o Estado de Defesa:

1 - A prisão será comunicada imediatamente ao Juiz Competente, que irá analisar sua legalidade.

2 - A comunicação será acompanhada de Declaração da Autoridade, que vai descrever o Estado Físico e Mental do detido.

3 - A prisão não poderá exceder a 10 dias, salvo se ela for autorizada pelo Juiz da Causa.

4 - É vedada a incomunicabilidade do preso.

Controles:

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1) Político: realizado pelo Congresso Nacional em 3 momentos:

a) Apreciação, no prazo de 10 dias, do decreto e sua aprovação ou rejeição, por maioria absoluta;

b) Controle concomitante: a Mesa do Congresso Nacional designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas;

c) Controle sucessivo: após a cessação do estado de defesa, as medidas aplicadas durante sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

2) Jurisdicional: exercido pelo Poder Judiciário:

a) durante a execução do estado de defesa: o Poder Judiciário poderá ser provocado a reprimir eventuais abusos e ilegalidades, especialmente mediante a impetraçao de MS ou HC.

b) posteriormente a sua cessação: o Poder Judiciário poderá ser chamado a apurar a responsabilidade pelos ilícitos cometidos pelos executores e agentes. Obs: a fiscalização jurisdicional se restringe ao controle de legalidade. O Judiciário não tem competência para examinar o juízo de conveniência e oportunidade do Presidente da República para a decretação do estado de defesa, uma vez que é ato discricionário do Presidente, de natureza essencialmente política.

Estado de Sítio

O Presidente da República, após ouvir o Conselho da República e o Conselho da Defesa Nacional, poderá solicitar ao Congresso Nacional, autorização para Decretar o Estado de Sítio.

O estado de sítio constitui medida mais grave do que o estado de defesa. Uma vez decretado, estabele-ce uma legalidade constitucional extraordinária, na qual é permitida a suspensão temporária de direitos e garantias fundamentais do indivíduo, como forma de reverter a anormalidade em curso.

Pressupostos de fundo:

1 - Comoção de grave repercussão Nacional; ou

2 - Ocorrência de fatos que demonstrem a ineficácia do Estado de Defesa. (Obs: Nos casos 1 e 2, o Estado de Sítio será de até 30 dias, prazo esse prorrogável por igual período. É possível sucessivas prorrogações, desde que cada uma não ultrapasse 30 dias); ou

3 - Declaração de Guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. (Nesses casos, poderá a medida ser decretada por todo o tempo que perdurar a guerra ou agressão).

Pressupostos de forma:

1) audiência do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (manifestação obrigatória, mas não vinculante);

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2) autorização prévia, por maioria absoluta, do Congresso Nacional (sem a qual não pode ser decretado);

3) decreto do Presidente da República;

4) o decreto deve indicar a duração, as normas necessárias para sua execução e as garantias constitucionasis que ficarão suspensas.

Obs: depois de publicado o decreto, o Presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (estas não precisarão constar do decreto). As medidas podem abranger todo o território nacional ou só determinas áreas.

Durante o período do Estado de Sítio, poderão ser levadas a efeito, as seguintes medidas:

I - determinação de permanência em certa localidade;

II - detenção de pessoa em edifício não destinado aos acusados por crimes comuns;

III - restrições ao sigilo de comunicações e à inviolabilidade de correspondências; limitações à prestação de informações e à liberdade de imprensa, na forma da Lei.

Obs.1: Não há mais Lei de Imprensa, afastada do ordenamento por meio de ADPF, e esta previsão Constitucional fica sem o anteparo de uma Lei, aguardando movimentação do Legislador Infraconstitucional. Obs.2: Os pronunciamentos dos Parlamentares não podem ser restringidos.

IV – suspensão à liberdade de reunião;

V – busca e apreensão em domicílio;

VI – intervenção nos serviços públicos

VII – requisição de bens.

No caso de guerra ou agressão armada, a CF não estabeleceu limites na imposição de medidas coercitivas contra as pessoas, ou seja, em tese, as restrições poderão ser mais amplas, atingindo outras garantias fundamentais além das autorizadas no art. 139. Nesse caso, será indispensável: a) justificação pelo Presidente da necessidade das medidas; b) aprovação do Congresso Nacional, por maioria absoluta; c) previsão expressa das medidas no decreto que instituir o estado de sítio.

Controle:

a) político – pelo Congresso Nacional: preventivo (autorização prévia do Congresso); concomitante (designação de comissão para acompanhar e fiscalizar); sucessivo (mensagem do Presidente ao Congresso, com justificação das providências adotadas);

b) jurisdicional: igual ao estado de defesa.

Cessados o Estado de Defesa ou o Estado de Sítio, serão encerrados também os seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade de seus executores pelos ilícitos praticados.

Bibliografia:

Page 12: Resumo - Poder Judiciário

Direio Constitucional Descomplicado, Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino, 2010.

Curso de Direito Constitucional, Dirley da Cunha Jr., 2012.