Resumo Weber

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    Sociologia de WeberResumo para a prova

    I-  Introdução

    O historicismo na origem do pensamento weberiano

    Historicismo – corrente que dominou o pensamento alemão por um século e meio.

    Questão da objetividade científica: relativismo

    Ideias essenciais do historicismo:

    *O historicismo é regressivo, mas capaz de enxergar problemas nessa sociedade.

    1.todo fenômeno social, cultural ou político é histórico e não pode ser compreendido senão

    através da sua historicidade. (A sociedade está na história)

    2. existem diferenças fundamentais entre os fatos naturais e os fatos históricos e,

    consequentemente, entre as ciências que os estudam. (Isso difere muito da visão positivista)

    3. não somente o objeto da pesquisa está imerso no fluxo histórico, mas também o sujeito, o

    próprio pesquisador, sua perspectiva, seu método seu ponto de vista.

    O historicismo conservador  

    (História consolida instituições carregadas de objetividade)

    . Alemanha – fim séc. XVIII, início XIX

    . Reação conservadora à filosofia iluminista, à revolução Francesa e à ocupação napoleônica

    . Ranke

    . Von Sybel

    . Droysen

    Precursor do historicismo relativista: Droysen

    “Atingir a verdade relativa a meu ponto de vista, tal como minha pátria, minhas convicções

    políticas, minhas convicções religiosas me permitem ter acesso”  Ou seja, não haveria um

    conhecimento tão objetivo da realidade.

    O historicismo relativista

    •  Fim do séc. XIX

    •  Historicismo tende a transformar-se em um questionamento de todas as instituições

    sociais e formas de pensamento como historicamente relativas. As coisas não se

    entendem sem os sentidos e valores a elas ligados.

    Dilthey: Ciência do espírito X Ciência da Natureza

    Três particularidades das c. do espírito:

    •  1. identificação Sujeito-Objeto (ambos pertencem ao universo cultural histórico)

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    •  2. unidade inseparável: julgamentos de fato e de valor

    •  3. necessidade de compreender a significação vivenciada dos fatos sociais

    Implica a historicidade/relatividade das visões de mundo, condicionadas pela: individualidade,

    nação e época

    II-  Weber e sua época: Introdução a Sociologia Compreensiva

    1)  Intensidade de Weber em suas atividades/ exagero. Texto de Cohn destaca a postura do

    autor diante das questões práticas do dia e também sua postura teórica.

    Seu recurso metodológico: o tipo ideal.

    Weber nasceu em 1864. Sua vida foi dividida entre a atividade intelectual e a participação

    prática na vida política alemã. Seu período de ação atenuada entre 1891 e 1897. Sua produção

    pode ser dividida em três períodos: 1903-1906; 1911-1913;1916-1919.Em que medida essa narrativa histórica é importante para nós, qual o seu significado

    contemporâneo?

    “Falar num estrito interesse histórico por um evento ou processo implica, afinal, levantar a

    questão da presença desse próprio interesse”. 

    Caberia a história, a pesquisa histórica tratar do que é particular, uma configuração cultural.

    -“Ensaio sobre a objetividade nas ciências sociais”. Marca o estilo drítico do autor, chega a um

    tom polêmico. Retoma termos marxistas para dar exemplos materiais a sua explicação, contra

    as correntes idealistas da época. AFASTA-SE DO MATERIALISMO HISTÓRICO.-Traz uma perspectiva historiográfica e sociológica

    . “A história agrária da Roma e sua importância para o direito público e privado”.  

    -Capitalismo moderno e o processo de racionalização da conduta da vida social.

    Para Weber não é possível encarar um período histórico como se nele estivesse já configurado

    o período seguinte, se ele faz comparações de um período com o outro é para traçar o que é

    PECULIAR de cada uma.

    Ponto de referência do concreto: O Estado Nacional (mais especificamente a Alemanha)

    -Diferença radical entre a perspectiva analítica de Weber e Durkheim. O primeiro defende a

    autonomia do Estado Nacional na luta, por confronto.

    Weber e sua época (1864-1920)

    •  O estado nacional (Alemanha) é o ponto de referência para seu principal tema de

    estudos:

    •  O capitalismo moderno e o processo de racionalização de conduta da vida

    *Vídeo: Clássicos da Sociologia= Max Weber

    Weber: Ação social (individuo)

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    Durkheim: fato social (coletivo)

    Marx: Fenômenos econômicos determinam os outros fenômenos.

    Não que Weber negue isso mas tenta analisar outras formas pelas quais isso ocorre. P/ ele o

    capitalismo nos leva a racionalizar e seu foco volta-se para o funcionamento interno disso.

    Espirito do capitalismo -> a ética profissional

    Burocracia -> forma racional de organização do Estado (Aparato eficiente do Estado). Impõe um

    modo rotineiro de funcionamento.

    III-  A sociologia de Weber: Plano da Teoria do Conhecimento

    a.  idealismo epistemológico na relação entre sujeito e objeto do conhecimento 

    . A consciência [do sujeito-investigador] constitui o objeto de conhecimento

    . O sujeito constrói o objeto por meio de tipos ideais (que não estão no objeto e sim nas ideias)

    Construir um recurso metodológico da realidade: esse é o papel do cientista social para Weber.

    *Ordenação racional da realidade empírica. Os fenômenos coletivos tem como partida os

    indivíduos que atribuem significação ao mundo. Não há para Weber uma totalidade orgânica,

    nem uma totalidade conflituosa, para ele há uma totalidade fragmentada.

    Ex: empresa- dominação legal e racionalizada.

    Será que alguma funciona assim? A realidade não é um tipo ideal mas o tipo ideal ajuda a estudar

    a realidade, é um recurso pra tenta entender a ação social.*Individuo e a ação: A ação do individuo que comanda o mundo.

    Dominação só é legítima através da aceitação das pessoas (e isso pode se dar de diversas

    formas). É ilegítima se for fundada na força, será uma dominação instável.

    b. Objeto do conhecimento social = ação social

    Tipologia da Ação Social:

    a) tradicional;

    b) afetiva;

    c) racional com relação a valores;

    d) racional com relação a fins

    Sociologia: Ciência voltada para a compreensão da ação social.

    Ação social: ação orientada para a ação do outro.

    Relação Social: desdobramento do conceito de ação social.

    c. Método: compreensivo

    [compreensão da ação social do sujeito]

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    •  indivíduo:

    . é a única entidade capaz de conferir sentido às ações

    . é a única entidade em que os sentidos específicos das diferentes esferas de ação [religiosa,

    política, econ., etc] estão simultaneamente presentes e podem entrar em contato

    (Agentes carregam vários sentidos e orientações)

    A sociologia de Weber: Plano da Concepção da História

    .O processo histórico não possui sentido imanente. Ele é variável conforme os valores

    dominantes nas épocas. É um campo indeterminado, são demarcadas apenas algumas

    fronteiras. Tudo dependerá de núcleos que agem coletivamente para chegar a certos fins. Sendo

    que, nenhum valor é mais justo que o outro

    . Futuro histórico: indefinido

    A sociologia de Weber: Plano da Concepção da Política

    Política: competição entre fins e valores equivalentes (lutas pelo poder independente de status

    social.

    • 

    Ordem política x ordem econômica x ordem social

    • 

    Política x Ciência

    *A vocação para a dominação política pode ser para indivíduos de esferas diferentes.

    Classe social para Weber: Ordem que se ocupa no mercado de trabalho.

    Estamento -> honraPOLÍTICA (homem de ação- preocupado com os fins) X CIÊNCIA (cientista social- preocupado

    com o ser, com os meios)

    A questão da racionalidade no mundo contemporâneo: tendência à expansão da

    burocratização da empresa e do Estado

    *liberdade da ação humana medida pela racionalidade. 

    Paradoxo: o processo de racionalização tende a gerar a irracionalidade (tabela)

    Forças de oposição ao poder burocrático

    •  partidos políticos

    •  parlamento moderno

    •  capitalismo privado

     _____________________________________________________________________________

    IV-A ciência como vocação

    Economicistas partem das relações externas. Sua pergunta inicial: Como se configura a ciência

    como profissão?

    Resposta visando a particularidade alemã.

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    Privatdozent= função do jovem cientista. Uma vez nomeado não pode ser destituído. Este

    consegue cargos docentes subsidiários, uma vez que os grandes docentes dão a palavra final. A

    vantagem? ele tem liberdade para se dedicar ao trabalho cientifíco.

    Autor faz distinção da Alemanha com o Estados Unidos.

    Na América, os assistants recebem salário e seus primeiros anos são sobrecarregados. Asautoridades determinam o programa e os assistantes se ajustam.

    Para Weber a universidade mais se assemelha aos padrões americanos, os institutos são o que

    ele denomida de empresas de "capitalismo de Estado".Aqui o trabalhador- assistente- está

    separado dos meios de produção e vinculado ao que o Estado põe a sua disposição.

    Quem se sente chamado à profissão acadêmica deve ter uma consciência clara de que terá de

    ser sábio e também, professor.Estas funções são dificéis de coincidir. Depende dos estudantes

     julgar quem é um bom ou mau professor. Sem contar que, não é o npumero de ouvintes que

    dita qual a qualidade do professor, muitas caracteristicas são revistas, "esta arte é um dom

    pessoal, que de nenhum modo coincide com as qualidades científicas de um sábio".

    Vocação íntima para a ciência?

    1º A ciência está cada vez mais especializada, não só externamente. Ou seja, para praticar a

    ciência é necessária a fazer com PAIXÃO. Sendo esta uma prévia da INSPIRAÇÃO. Porém, só se

    obtém a paixão no terreno do trabalho duro. Trabalho e paixão podem unidos provocar a

    inspiração, mas esta surge quando quer, quando menos se espera.

    Trabalho e arte ?

    O trabalho cientifico está inserido na corrente do progresso, já na arte não ser tem esse

    pensamento.

    Há também diferença no destino destes elementos, uma obra de arte bem acabada não será

     jamais esquecida, já o trabalho cientifico traz novas questões e quer ser ultrapassado.

    "Qual é, porém, a atitude íntima do homem de ciência em relação à sua profissão?

    Racionalização intelectualista através da ciência e da técnica cientificamente orientada. O que

    significa? Que as coisas são mais previsíveis, que elas podem, em princípio, serem dominadas

    mediante o cálculo. O que significa o desencantamento do mundo.

    (Diferenciação selvagem)

    Papel do Acaso

    Vocação científica:

    •  inspiração não substitui o trabalho, que não pode substituir nem explorar a intuição, o

    que a paixão tbém não pode fazer

    •  mas a paixão e o trab fazem com que surja a intuição 

    Ciência x Arte

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    Ciência: compreensão das ações sociais/ vinculada ao PROGRESSO/existe para ser ultrapassada/

    é o domínio dos meios.

    Contribuições da Ciência: técnicas previsibilidade; método de pensamento; contribui com

    clareza. Para Weber, o cientista mostra às pessoas que é preciso dar sentido a seus atos, mas

    não define as suas escolhas.(As duas se coloca, em função de uma causa. São fins em si mesmas)

    +

    Progresso científico

    = fragmento mais importante do processo de intelectualização 

    . intelectualização e racionalização crescentes

    . significação essencial da intelectualização: recorrer à técnica e à previsão 

    . processo de desencantamento realizado ao longo dos milênios na civiliz. ocidental*Exemplo de Tolstoi

    A vida e a morte não tem significado. No mundo moderno as pessoas sabem que as coisas são

    passageiras.

    Destino no tempo presente para nossa civilização: tomar consciência dos choques de valores

    •  Cada indivíduo decide de seu próprio ponto de vista o que para ele é Deus e o Diabo

     

    Equívoco da juventude (alemã): esperar um líder, não um professor Destino de viver numa época indiferente a Deus e aos profetas

    o destino de nosso tempo, que se caracteriza pela racionalização, pela intelectualização e,

    sobretudo, pelo “desencantamento de mundo” levou os homens a banirem da vida pública os

    valores supremos e mais sublimes. Tais valores encontraram refúgio na transcendência da vida

    mística ou na fraternidade das relações diretas e recíprocas entre indivíduos isolados

    Em sala de aula, nenhuma virtude excede a da probidade intelectual

    Desencantamento de mundo = (Pierucci)

    desmagificação + perda de sentido]

     _____________________________________________________________________________

    IV-  Ação Social (relação social)

    Economia e sociedade (Wirtschaft und Gesellschaft) é um tratado de sociologia geral que tem o

    objetivo de tornar inteligíveis as diferentes formas de economia, de direito, de dominação e de

    religião, inserindo-as num único sistema conceitual. Propõe-se a pôr em evidência a

    originalidade da civilização ocidental, comparativamente às outras civilizações.

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    Procurarei retraçar as etapas da conceituação geral para explicar em que consiste aquilo que

    alguns tem chamado de nominalismo e individualismo de MAX WEBER. Tomarei como exemplo

    a sociologia política, para mostrar como se opera a conceituação weberiana num nível menos

    abstrato.

    Segundo Max Weber, a sociologia é a ciência da ação social, que ela quer compreenderinterpretando e cujo desenvolvimento quer explicar socialmente. Os três termos fundamentais

    são, aqui, compreender, interpretar e explicar.

    A AÇÃO SOCIAL é um comportamento humano que é ação quando o ator atribui à sua conduta

    um certo sentido. A ação é social quando, de acordo com o sentido que lhe atribui o ator, se

    relaciona com o comportamento de outras pessoas. O professor age socialmente na medida em

    que o ritmo lento da sua elocução se relaciona com a conduta dos seus estudantes. Se falasse

    sozinho, muito depressa, sem se dirigir a ninguém, sua ação não seria social.

    A ação social se organiza em relação social. Há uma relação social quando o sentido de cada ator

    ou de um grupo de atores que age, se relaciona com a atitude do outro, de modo que suas ações

    são mutuamente orientadas. A regularidade da relação social pode ser apenas o resultado de

    um longo hábito, mas é mais frequente que haja fatores suplementares: a convenção ou o

    direito.

    A ORDEM LEGÍTIMA é convencional quando a sanção que responde à sua violação é uma

    desaprovação coletiva. É jurídica quando esta sanção assume a forma de coerção física. As

    ordens legítimas podem ser classificadas de acordo com as motivações dos que obedecem.

    Weber distingue quatro tipos: as ordens são afetivas ou emocionais, racionais com relação a

    valores, religiosas e, finalmente, determinadas pelo interesse.

    Dois outros conceitos importantes são os de PODER e de DOMINAÇÃO. O poder é definido como

    a probabilidade de um ator impor sua vontade a outro, mesmo contra a resistência deste. A

    dominação pode ser definida pela probabilidade que tem o senhor de contar com a obediência

    dos que, em teoria, devem obedecê-lo. A diferença entre poder e dominação está em que, no

    primeiro caso, o comando não é necessariamente legítimo, nem a obediência forçosamente um

    dever; no segundo, a obediência se fundamenta no reconhecimento, por aqueles que

    obedecem, das ordens que lhes são dadas. As motivações da obediência permitirão construir

    uma tipologia da dominação.

    A sociologia política de Weber se baseia numa distinção entre a essência da economia e a

    essência da política, estabelecida a partir do sentido subjetivo das condutas humanas. A

    economia tem a ver com a satisfação das necessidades e com o objetivo determinado pelaorganização racional da conduta; a política se caracteriza pela dominação exercida por um

    homem ou por alguns homens sobre outros homens. A política é, portanto, o conjunto das

    condutas humanas que comportam a dominação do homem pelo homem. É preciso afastar a

    conotação desagradável desta palavra, entendendo-a apenas como a probabilidade de que as

    ordens dadas sejam efetivamente cumpridas pelos que as recebem.

    OS TIPOS DE DOMINAÇÃO SÃO TRÊS: RACIONAL, TRADICIONAL E CARISMÁTICA. A tipologia se

    fundamenta no caráter da motivação que comanda a obediência. Racional é a dominação

    baseada na crença na legalidade da ordem e dos títulos dos que exercem a dominação.

    Tradicional é a dominação fundamentada na crença do caráter sagrado das tradições antigas e

    na legitimidade dos que são chamados pela tradição a exercer a autoridade. Carismática é a

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    dominação que se baseia no devotamento fora do cotidiano, justificado pelo caráter sagrado ou

    pela força heroica de uma pessoa e da ordem revelada ou criada por ela.

    Max Weber esforça-se por demonstrar como é possível passar da definição simplificada de uma

    forma de dominação para a infinita diversidade das instituições historicamente observadas,

    mediante a discriminação de diferentes modos. A diversidade histórica se torna inteligível,porque deixa de parecer arbitrária.

    A análise das transformações da dominação carismática é exemplar. A dominação

    fundamentada nas qualidades excepcionais de um homem pode sobreviver a esse homem? Max

    Weber se volta para uma tipologia dos métodos pelos quais se resolve o problema mais

    importante da dominação carismática, que é o da sucessão. Pode haver uma procura organizada

    de outro portador do carisma, como na teocracia tibetana tradicional. Pode-se admitir que o

    carisma é inseparável do sangue, tornando-se hereditário. A dominação carismática leva neste

    caso à dominação tradicional.

    Este exemplo ilustra bem o método e o sistema de Max Weber. Trata-se de elaborar uma

    sistematização que permita ao mesmo tempo integrar fenômenos diversos num quadro

    contextual único e não eliminar o que constitui a singularidade de cada regime ou de cada

    sociedade.

    Esta forma de conceituação não tem só por fim uma compreensão sistemática, mas também a

    colocação dos problemas de causalidade ou das influências recíprocas dos diferentes setores do

    universo social. A categoria que domina esta análise causal é a de oportunidade ou de influência

    e de probabilidade. Um tipo de economia influencia o direito num certo sentido; é provável que

    um tipo de dominação se manifeste na administração ou no direito de uma certa maneira. Mas

    não pode haver causalidade unilateral de uma série de instituições particulares sobre o resto da

    sociedade.

    A sociologia política de Weber leva a uma interpretação da sociedade presente, como sua

    sociologia da religião conduz a uma interpretação das civilizações contemporâneas. O que

    singulariza o universo em que vivemos é o “desencantamento” do mundo. A ciência nos habitua

    a ver a realidade exterior apenas como conjunto de forças cegas que podemos pôr à nossa

    disposição; nada resta dos mitos e das divindades com que o pensamento selvagem povoava o

    universo. Nesse mundo despojado desses encantamentos, as sociedades se desenvolvem no

    sentido de uma organização cada vez mais racional e burocrática.

    Por outro lado, quanto mais racional a sociedade, mais cada um de nós está condenado ao que

    os marxistas chamam de alienação. Sentimo-nos condenados a só realizar uma parte daquiloque poderíamos ser, sem outra esperança de grandeza senão a de aceitar tal limitação.

    É preciso salvaguardar antes de tudo, dizia Max Weber, os direitos humanos, que dão a cada

    indivíduo a possibilidade de viver uma existência autêntica, independentemente do lugar que

    ocupa na organização racional. Do ponto de vista político, é graças à livre competição que se

    afirma a personalidade e podem ser escolhidos os líderes verdadeiros, não meros burocratas.

    Além da racionalização científica do mundo, precisamos reservar os direitos de uma religião

    puramente interior. Além da racionalização burocrática, é preciso salvaguardar a liberdade de

    consciência e o confronto das pessoas.

    O mundo é racionalizado pela ciência, pela administração e pela gestão rigorosa dosempreendimentos econômicos, mas continua a luta entre as classes, as nações e os deuses.

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    Como não há um juiz, só existe uma atitude adequada à dignidade: a escolha solitária de cada

    um de nós, diante da sua consciência. Max Weber dizia: escolha e decisão. A decisão era menos

    a escolha entre dois partidos do que o engaja

    Ação Social: modalidade específica de ação, de conduta à qual o agente associa um sentido

    subjetivo. Ação orientada significativamente pelo agente conforme a conduta de outros e quetranscorre em consonância com isso.

    -Conduta intima só é uma ação social se tem uma conduta equivalente, dirigida a ação do outro.

    -Ação meramente imitativa também não é uma ação social.

    -Ação social tem que ter um sentido.

    -Muitas vezes uma ação social passa a ser rotinizar, mas para Weber quanto mais racional, mais

    pensada, mais é ação social!

    O objeto da sociologia de Weber não é algo dado, é construído na própria análise. Para entender

    a conduta humana ele cria tipos ideais de ação social. O sociólogo tem que organizarteoricamente estas relações entre os indivíduos uma vez que, estes agentes individuais atribuem

    significado ao mundo, às suas próprias ações. Este mundo não tem uma lógica própria.

    *Tipologia da ação social

    a) Tradicional: por costume arraigado.

    No limite e as vezes além daquilo que se pode chamar de ação orientada “pelo sentido”.

    Geralmente é uma reação surda a estímulos habituais que decorre na direção da atitude

    arraigada.

    b) Afetiva: especialmente emocional, por afetos ou estados emocionais atuais.

    Pode ser uma reação desenfreada por um estímulo não cotidiano. Sublimação: quando a ação

    afetivamente condicionada aparece como descarga consciente do estado emocional.

    c) Racional com relação a VALORES: Pela crença consciente no valor- ético, estético, religioso ou

    qualquer que seja a interpretação- absoluto e inerente a determinado comportamento como

    tal, independente do resultado.

    Trata-se da convicção de que é ordenado o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas,

    a piedade ou a importância de uma causa de qualquer natureza. Esse tipo de ação tá

    condicionada por mandamentos, exigências que o agente individual crê que lhe é dirigido.

    d) Racional com relação a FINS: por expectativas quanto ao comportamento de objetos do

    mundo exterior e de outras pessoas, utiliza essas expectativas como condições ou meios pra

    alcançar fins próprios, ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso.

    Não age nem emocionalmente, nem de modo tradicional.

    Relação Social: “Por relação social entendemos o comportamento reciprocamente referido

    quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa

    referência. A relação social consiste, portanto, completa e exclusivamente na probabilidade de

    que se aja socialmente numa forma indicável (pelo sentido), não importando, por enquanto, em

    que se baseia essa probabilidade”. 

    Se dá pela reciprocidade reiterada.

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    *Sociologia e História: regularidades e singularidades

    Socio: fenômenos repetidos ex: golpes de estado

    História: Golpe de 64*Uso/Costume e Situação de interesses

    *Convenção X Direitos

    *LUTA: Relação social em que as ações se orientam pelo propósito de impor a própria vontade

    contra a resistência do(s) parceiro(s).

    V- 

    Tipos Ideais

    A “objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais

    Objetividade: Busca sincera pela compreensão do objeto. A revista propõe uma analise

    econômica da história, tem referencias implícitas e explicitas a Marx.

    Para Weber, há várias perspectivas pela qual se pode estudar a realidade –econômica, politica,

    religiosa, cultura etc. Mesmo que a perspectiva é econômica no texto isso não é determinante.

    Objeto da revista diferente da interpretação materialista da História (economia como

    determinação causal da História).

    • 

    a) Fenômenos econômicos

    •  b) Fen. economicamente relevantes

    •  c) Fen. economicamente condicionados

    Ciência Social:  Compreender a realidade da vida social [que se apresenta como

    diversidade/infinidade/fragmentada] no que tem de específico:

    a) as conexões e a significação cultural de suas diferentes manifestações

    b) causas pelas quais se desenvolveu de certo modo e não outro

    Peculiaridade decisiva do método nas ciências da cultura: pressupõe a relação dos fenômenos

    culturais com ideias de valor que lhe conferem uma significação.

    Crítica à concepção materialista da história (sua teleologia): Sociólogo deve constatar e

    compreender a ação [preocupar-se com os meios e não com os fins].

    VI- 

    A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO

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    Cap 3- luteranismo

    dogma central de todos os ramos do protestantismo:

    o único meio de viver que agrada a Deus não está em suplantar a moralidade intramundana pela

    ascese monástica, mas sim, exclusivamente, em cumprir com os deveres intramundanos, tal

    como decorrem da posição do indivíduo na vida, a qual por isso mesmo se torna a sua “vocaçãoprofissional” 

     _____________________________________________________________________________

    Pierucci - O desencantamento do mundo

    - tese de livre docência

    - análise do termo que permeia a obra de Weber em vários pontos

    - ocorrências enumeradas

    - sentidos variados (na verdade dois) aparecem mesclados as vezes

    - não tem necessariamente a ver com sociologia da religião

    - 17 passos que se encontram em 8 obras

    1) Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva

    1ª aparição do termo 'desencantamento do mundo' (talvez 1912)

    Ensaio da Logos, parte de um livro futuro (Economia e Sociedade)

    - contexto da passagem

    Contexto conceitual (ensaio)

    Contexto geral da teorização sobre magia e religião

    *Sociologia compreensiva: metodologia sociológica

    - conceitos chave próximos ao termo (desencantamento)

    ** sociologia de Weber: ciência do sentido subjetivo da ação social **

    - lembrar dos tipos de ação social

    - além da ação social (e outros conceitos similares), surgem socialização e relação comunitária

    por acordo, todos também próximos de 'racionalização'

    - passagem por temas religiosos

    - desencantamento do mundo não é um conceito universal (remete a um determinado processo

    histórico)

    - uma frase que contrasta magia e religião, porém destacando a irracionalidade da segunda e a

    racionalidade da primeira

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    - sociologia da religião para Weber se ocupa de magia e religião (relações com o sagrado para

    Durkheim)

    * tipos ideais

    - religião: racionalização teórica (intelectualização) em relação a magia (monismo -> dualismo)

    * (evolução?)

    - a religião possui doutrinas

    - a religião possui fidelidade a comunidade de culto

    - o tabu está para a magia como a ética religiosa está para a religião

    - transição da visão mágica do mundo para a visão ético-religiosa do mundo: várias direções

    * uma delas: desencantamento religioso do mundo

    ** desmagificação da religiosidade

    - intelectuais da religião exponenciam o dualismo ao ponto da providência divina ser absoluta

    (?)

    * diferença entre o ser e o dever ser

    - magia x religião = submissão DOS deuses x submissão AOS deuses

    * a magia tem fins racionais

    - ato mágico: ação subjetivamente racional com relação a fins

    - porém Weber associa a magia ao irracional

    campo

    natureza

    passado

    * vida econômica dos camponeses pouco suscetível de uma sistematização racional

    * desencantamento do mundo: saída do campo (?)

    *¹ crescente desencantamento do mundo: contraste da racionalidade teleológica de

    curto prazo da magia, racionalidade prático-técnica e teoricamente irracional E abundância desentido das metafísicas religiosas

    * 'religião aceitando referências de sentido cada vez mais subjetivamente irracionais

    com relação a fins' (por que?)

    ¹ os interesses magicos são intra mundanos

    a racionalidade da magia não é ética, é prática

    * não se nasce religioso

    'a ação religiosa ou magicamente motivada, em sua existência primordial, está orientada

    para este mundo [...] é uma ação racional'

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    - distinção magia x religião evolucionista (?)

    - a magia tem fins racionais, ainda que seja irracional nos meios

    - a magia é incapaz de vida cotidiana

    - seria o desencantamento do mundo a entrada em outro mundo com mais sentido (oalém)

    2) Introdução à Ética Econômica das Religiões Mundiais (1913)

    - tema: sociologia da religião

    - análise comparativa das culturas religiosas do ocidente e do oriente

    - 1 uso do termo desencantamento do mundo

    Relação com o protestantismo ascético

    Ascese intramundana como via de salvação

    - desmagificação / escalada da moralização: duas faces da mesma moeda

    - ideias e interesses: os primeiros guiam, os segundos impulsionam a ação humana e o que são

    as ideias: são 'imagens do mundo' criadas por grupos religiosos e intelectuais

    - desencantamento -> despovoamento (espíritos - panteísmo - monoteísmo)

    - desencantamento: desvalorização dos meios mágicos de salvação

    desvalorização do mundo (o mundo é corrupto)

    - 'o asceta intramundano é um racionalista, tanto no sentido de uma sistematização racional [...]de sua vida pessoal, quanto no sentido da rejeição de tudo que é eticamente irracional'

    (tudo que é eticamente irracional - inclui a magia)

    - surge a ideia do trabalho como forma de louvor (?)

    3) Economia e Sociedade (1913-4)

    - relação entre sociologia tipológico-sistemática e sociologia histórico-comparativa

    - o recuo da crença na magia está diretamente relacionado ao avanço do intelectualismo nointerior das comunidades religiosas

    * análise da religiosidade nos estratos intelectuais

    - temas em destaque: religiosidade ética, monoteísmo, judaísmo, profecia emissária,

    moralização religiosa

    - os interesses 'religiosos' se formam e se distribuem desigualmente numa população

    - camadas superiores: interesse religioso = ganho de sentido (?)

    - se no mundo não há sentido, a busca se dará na ascese religiosa (?)

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    - o mundo se ordena num cosmos, não mais sujeito à vontade humana por meio de rituais.

    Criação de Deus, a nós resta observar sua vontade. Surge (?) a ética religiosa

    * ruptura com a magia

    - racionalismo ético no judaísmo antigo: busca se internalizar nos indivíduos

    *precursor do caráter individual calvinista?

    - os processos do mundo tornam-se desencantados

    * 'somente o protestantismo ascético efetivamente aniquilou a magia'

    - a racionalização religiosa toma o rumo da moralização religiosa do cotidiano

    - dar um sentido unificado e unificador à totalidade da vida e do mundo é a melhor maneira de

    desencantá-los

    4) A religião da China (1913, 1915)

    - paralelo entre confucionismo e puritanismo

    - definição explícita de desencantamento do mundo: o grau em que uma religião se despojou

    da magia

    * inclui 'magia sacramental' (e aí vemos a diferença do puritanismo para o catolicismo)

    - sociologia comparada dos racionalismos das visões de mundo e das condutas de vida

    - 'Para apreciar o nível de racionalização que uma religião representa podemos usar dois

    critérios básicos, que se inter-relacionam de várias maneiras. O primeiro é o grau em que umareligião despojou-se da magia-, o outro é o grau de coerência sistemática que imprime à relação

    entre Deus e o mundo e, em consonância com isso, à sua própria relação ética com o mundo.'

    - aqui se nega à magia, qualquer que seja, todo valor salvífico positivo, toda vigência religiosa,

    toda eficácia e poder como meio de salvação ou até mesmo apenas enquanto busca de salvação

    - dois eixos possíveis de racionalização das imagens de mundo religiosas

    (1) o grau em que “se despojou da magia”; (2) o grau de unidade sistemática que

    imprime à relação entre Deus e o mundo

    - desencantamento em sentido técnico não significa perda para a religião nem perda de religião:desencantamento em Weber significa um triunfo da racionalização religiosa

    - Weber dedica toda uma seção do estudo sobre a China a discutir a importância e a enorme

    presença da magia naquela cultura

    * impacto positivo e alentador que o surgimento de uma metafísica religiosa do porte do

    taoísmo de Lao Tsé acabou tendo sobre as tradições mágicas populares. Com o taoísmo,

    estamos diante do exemplo máximo de uma racionalização metafísica de caráter holístico e

    unificador que, ao contrário do que ocorreu com a racionalização profético-metafísica do

     judaísmo, só fez aumentar o fôlego do magismo, em vez de o afastar, ou pelo menos de o

    contradizer e depreciar

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    - Diferentemente do confucionismo dos literati, religião oficial e “irreligiosa” que, se não

    perseguia a magia popular, pelo menos a discriminava e desvalorizava, o taoísmo a acolheu gene

    rasamente e, nutriz, nunca a deixou de retroalimentar

    * muito distante, na forma e na direção, do antagonismo que entre ambas se

    desenvolveu no Ocidente judaico-cristão.- Weber acreditava que o taoísmo, ao encorajar essas crenças populares, ajudou a criar uma

    imagem de mundo, uma cosmovisão, segundo a qual espíritos caprichosos eram capazes de,

    sem qualquer motivação, praticar ações de todo tipo, e que a fortuna ou infortúnio das pessoas

    dependia da eficácia de encantamentos e desencantamentos

    - intelectuais religiosos: Weber refere-se a eles como “intelectuais que encaram a vida e

    ponderam seu sentido como pensadores, mas não compartilham suas tarefas práticas como

    fazedores” 

    - enquanto no judaísmo antigo e no moderno cristianismo Weber identifica um processo de

    “desmagificação” da relação religiosa, na índia, na China e na Europa medieval e até mesmo no Islã, ele identifica o processo inverso, de Magisierung [magificação] da religiosidade (cf. WuG:

    284; EeS I: 320). Exemplos máximos: o taoismo desde o princípio e o budismo tardio

    - o que os intelectuais taoistas fizeram em última análise foi sistematizar a magia popular,

    incorporando-a numa metafísica religiosa inclusiva que na origem parecia caracteristicamente

    “intelectualista”, e por isso, lembra Weber, mística e escapista, tão incapaz quanto a magia de

    racionalizar a vida cotidiana

    - Na China, tanto a ortodoxia (o confucionismo) quanto a heterodoxia (o taoismo) foram

    originalmente religiões de intelectuais, não da massa

    - Entre taoismo e magia havia —  e há todavia — mais que afinidade eletiva: há conivência,

    cumplicidade, colaboração e incentivo mútuo

    - Tanto a religião oficial quanto a heterodoxa manifestaram complacência, quando não

    benevolência, com o magismo constitutivo da religiosidade das massas. As racionalizações

    religiosas que tiveram lugar na China não chegaram a desenvolver, nem teórica nem

    praticamente, motivos de desvalorização da magia em sua significação positiva de salvação (?)

    - “E permaneceu com valor religioso apenas o racionalmente ético” é uma frase que diz tudo:

    no processo de desmagificação do mundo está mais do que imbricado como fator causal sine

    qua non o processo de eticização da religião

    - a religião só se moraliza efetivamente, só se torna em seu cerne uma ética religiosa

    consequente, consistente e vinculante se se extirpa de seu seio não só a ação isolada orientada

    magicamente, mas principalmente a magia como atitude e mentalidade.

    - Quando a religião se moraliza “para valer”, ela desencanta o mundo; e vice-versa, quando uma

    religião se desmagifica “até o fim”, não resta outro caminho àqueles que a seguem a não ser o

    ativismo ético-ascético no trabalho profissional cotidiano. A China não conheceu isso, pois

    permaneceu encantada

    - Na cultura asiática em seu conjunto, generaliza ele, “não havia nem uma ética prática nem uma

    metódica de vida racionais que conduzissem para fora desse jardim encantado da vida toda,para dentro do ‘mundo’” 

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    - É como se Weber quisesse mimetizar, com a repetição e o esparrame obsessivo do vocábulo,

    a onipresença da magia nas grandes culturas asiáticas, o “encantamento universal(izado)” para 

    todos os setores da vida, invadindo também “a vida econômica cotidiana 

    - que melhor lugar do que a China para se observar de perto as implicações e consequências não

    antecipadas do respeito absoluto ao ritual e às tradições? Magia implica isto: tradicionalismo

    - o tipo de racionalismo religioso que se desenvolveu na China foi incapaz de injetar nos

    indivíduos a motivação interior suficiente

    - romper com a tradição = quebrar o feitiço.

    - Monoteísmo é básico para a erradicação da magia

    - só mesmo a racionalidade ético-prática da ascese pedida pelo Deus ético em meio a

    um mundo “desvalorizado” como corrupto: sem Deus, sem valor 

    - a religião e a magia geram, sim, lá como aqui, consequências sobre a atividade econômica.Consequências indiretas, vá lá, mas aos olhos de Weber as consequências indiretas não são

    necessariamente menos importantes que as consequências diretas

    - Weber passa a considerar sempre mais a questão da “remoção da magia” na chave da “

    remoção de obstáculos” ao desenvolvimento do capitalismo 

    - a magia não é apenas irracional, mas “anti”-racional

    - desencantamento vivamente presente

    - magia como obstáculo, entrave, travação, pedra no caminho a ser removida da mentalidade

    ou atitude ou orientação econômica- A consideração da magia como obstáculo, estorvo, entrave permite a leitura do

    desencantamento como desembaraço

    * Em poucas palavras, a tese de Weber no ensaio comparativo sobre a China era a seguinte: sem

    a desmagificação que o judaísmo operou e hereditariamente transmitiu ao cristianismo, não

    teria havido o racionalismo de domínio do mundo que caracteriza o desenvolvimento do

    Ocidente. Trata-se, pois, de uma comparação entre racionalismos. Dado que no Oriente os

    obstáculos mágicos não foram removidos pela religiosidade racionalizada dos seus intelectuais

    típicos, fica explicada a grande diferença nos respectivos processos de racionalização e nos

    racionalismos resultantes

    - Afirmação do mundo lá, aqui desvalorização do mundo = jardim encantado lá, aqui mundo

    desencantado = adaptação ao mundo lá, aqui dominação do mundo

    5 e 6) Consideração intermediária (1913, 1915)

    - A Consideração intermediária, título no singular já adotado por muitos no Brasil, foi

    propositalmente colocada por Weber “entre” o ensaio sobre as religiões da China e o ensaio

    sobre as da índia, e isso já na primeira edição, em 1915.

    - E na Consideração intermediária que Weber desenvolve sua tipologia das esferas de valor

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    - duplo ponto de vista

    teoria da diversidade dos processos de racionalização

    cultura como conflito de valores

    - o tema central da Consideração intermediária é a racionalização cultural do Ocidente- politeísmo em Weber

    É uma metáfora para representar a modernidade cultural na medida mesma em que remete ao

    “mundo encantado” da Antiguidade clássica, ao mundo das “altas culturas” 

    - na ideia de desencantamento há efetivamente essa faceta de despovoamento dos panteões,

    de esvaziamento e deslegitimação do politeísmo pelo monoteísmo

    - Weber diagnostica uma importante inflexão no processo de racionalização ocidental: agora é

    possível conceber a esfera doméstica e a economia, a política e o direito, a vida intelectual e a

    ciência, a arte e a erótica, independentemente das fundamentações axiológicas religiosas. Cadaesfera de valor, ao se racionalizar, se justifica por si mesma: encontra em si sua própria lógica

    interna

    - mundo encantado em Weber tem a ver também com o mundo já razoavelmente diferenciado

    e incipientemente hierarquizado dos deuses funcionais dos panteões politeístas

    - no mundo que o monoteísmo triunfante no Ocidente desencantou [...] precipitou-se em

    consequência a instalação de um estado de tensão “ permanente” e “ insolúvel” 

    - De novo, portanto, no mundo duplamente desencantado pela religião e pela moderna

    atitude científica, uma guerra politeísta

    - os valores últimos agora em luta são “valores deste mundo” 

    - Em diversos momentos nesses trabalhos emerge também esta que é uma das grandes

    metáforas de Weber, a metáfora do politeísmo — o “irredutível politeísmo dos valores” — que

    imediatamente se desdobra nesta outra, a metáfora da “inconciliável guerra dos deuses' 

    * Associado à ciência moderna, o conceito weberiano de desencantamento se refere

    inescapavelmente ã “perda de sentido”. 

    - luta entre a ética religiosa da fraternidade e a esfera do conhecimento racional-intelectual,

    cuja expressão máxima é a ciência empírica moderna

    - tese do autor reforçada: os dois significados do mesmo significante (desencantamento do

    mundo) são coexistentes, coetâneos, concomitantes, e não sucessivos (desmagificação e perda

    de sentido)

    - com o advento universal dos métodos científicos racionais, toda interpretação da história

    mundial com pretensões de aplicabilidade universal havia sido esvaziada em sua pretensão de

    objetividade, simplesmente impossível

    - incapacidade do conhecimento científico de gerar sistemas de sentido existencial

    - Para Weber, objetivo é o conhecimento científico; o sentido é subjetivo.

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    - A ciência não produz visões de mundo e não há orientação axiológica existencial global que

    possa pretender embasamento científico

    - A ciência empírica é impo tente para arbitrar entre tomadas de posição valorativas diferentes

    e não raro conflitantes

    - A metafísica religiosa, em consequência da atmosfera geral criada por essa atitude-método daciência moderna especializada, acaba sendo redirecionada para o reino do irracional.

    - primeiro a religião (monoteísta ocidental) desalojou a magia e nos entregou o mundo natural

    “desdivinizado”, ou seja, devidamente fechado em sua “naturalidade”, dando-lhe, no lugar do

    encanto mágico que foi exorcizado, um sentido metafísico unificado, total, maiúsculo; mas

    depois, nos tempos modernos, chega a ciência empírico-matemática e por sua vez desaloja essa

    metafísica religiosa, entregando-nos um mundo ainda mais “naturalizado”, um universo

    reduzido a “mecanismo causal”, totalmente analisável e explicável, incapaz de qualquer sentido

    objetivo

    - um mundo desdivinizado que apenas eventualmente é capaz de suportar nossa inestancávelnecessidade de nele encontrar nexos de sentido, nem que sejam apenas subjetivos e

    provisórios, de alcance breve e curto prazo. A ciência, na verdade, obriga a religião a abandonar

    sua pretensão de nos propor o racional.

    - Se a ciência está “em luta eterna com a religião” (WL: 154), não é na qualidade de “visão de

    mundo científica” , uma visão de mundo que estivesse em concorrência com a imagem de

    mundo religiosa no mesmo nível de pretensão, mas apenas como aquele ímpio fado que

    desmente — “a totalidade é uma mentira” 

    - em Weber o significado literal de desencantamento do mundo como desmagificação da busca

    da salvação talvez seja mesmo seu sentido mais forte e decisivo, na medida em que nada maisé que a outra face do processo de moralização da prática religiosa, um processo histórico-

    religioso tipicamente ocidental e de sérias consequências para o viver humano.

    - interessava a ele a racionalidade prática em seus dois leitos ou cursos principais: a

    racionalização prático-técnica e a racionalização prático-ética

    - A intelectualização científica é sem dúvida fator decisivo de desencantamento do mundo

    - O desenvolvimento do método racional prático de uma conduta de vida é evidentemente algo

    muito diferente do racionalismo científico e não necessariamente associado com ele

    - Não é o racionalismo científico, e menos ainda o racionalismo teórico: é o racionalismo prático-ético, a racionalização ético-ascética da conduta de vida, o verdadeio xis da questão

    7 a 12) A ciência como vocação

    - frequentemente datado errado, mas é de 1917

    - maior número de aparições do termo desencantamento do mundo

    - significado 'expandido'

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    a) elo no encadeamento histórico-cultural da emergência e ascensão da forma

    caracteristicamente ocidental de racionalismo que iria se derramar no “espírito” do moderno

    capitalismo

    b) produção de um diagnóstico de época

    - reflexão pouco otimista (mundo em guerra)

    - desmagificação religiosa sempre acompanhada da ideia de perda de sentido nessas ocorrências

    do termo

    - Ela [a ciência] que pretende tudo calcular, prever e dominar, não é capaz de definir nenhum

    valor, sequer mesmo de dizer se vale a pena ser cientista e dedicar a vida à pesquisa.

    - separação entre o ser e o dever ser (?)

    - todas as visões de mundo são o que são, precisamente porque não são científicas: elas dão

    sentido. A moderna ciência empírica, não

    - A atitude científica diante do mundo é especificamente “alheia ao divino” [spezifisch

    gottfremde], da mesma forma que a natureza é “alheia ao sentido” [sinnfremde] — vale dizer,

    o mundo natural ele mesmo e o mundo social naturalizado pela ciência- "o que se opõe à

    natureza como “aquilo que não tem sentido” não é “a vida social”, mas antes “aquilo que é

    significativo” [das “Sinnvolle”], isto é, o “sentido” que é atribuído a um processo ou a um objeto" 

    - o trabalho científico está atrelado ao curso do progresso

    - para Weber o conhecimento científico propriamente dito se exercita sem confiar em qualquer

    fim último ou valor transcendental

    - o conhecimento científico progride sem parar, Weber não tem a menor dúvida quanto a isso.Ele não só não tem um paradeiro, como não tem parada

    - Nessa constante e progressiva autossuperação reside, para Weber, o “problema de sentido”

    da ciência

    - para as ciências naturais, quando se pensa ademais que sua finalidade não é outra que a de

    dominar o mundo natural e o mundo cotidiano pela técnica: “se o domínio técnico tem qualquer

    sentido, isso deve ser deixado de lado” 

    - a ciência transforma o cosmos em algo perfeitamente explicável em cada elo causal, mas não

    no todo

    - desencantamento no sentido mais radical do termo: retirada do sentido do mundo e não

    coloca nada no lugar

    - essa outra definição do desencantamento do mundo explode as fronteiras de sua acepção

    estritamente religiosa de “eliminação da magia como meio de salvação” (PE/GARS I: 114; ESSR

    I: 117), para abranger toda a mentalidade de uma época que, de modo mais geral e mais a fundo,

    desvaloriza o misterioso porque incalculável, em favor do conhecimento hipotético-matemático

    cientificamente configurado, para o qual “é possível, em princípio, tudo dominar mediante o

    cálculo”

    - desencantamento como desmitologização

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    - não considerar com certeza o avanço da ciência como o único aspecto representado pelo

    desencantamento do mundo para Weber

    * significado mais estrito: repressão da magia pela religião

    - Weber avança além do 'campo religioso'

    - a ciência moderna é uma

    Sabença autorreflexiva que desencanta o mundo ao mesmo tempo que se desencanta a si

    mesma, produzindo-se e reproduzindo-se de forma ampliada em “ciência desencantada” 

    - cientista = desencantador profissional

    13) História geral da economia (1919-20)

    - notas de aula do curso de história da economia

    - aparição da 'desmagificação do mundo enquanto rejeição ético-religiosa da magia'

    - Às profecias cabe o mérito de haver rompido o encanto mágico do mundo, criando o

    fundamento para a nossa ciência moderna, para a técnica e, por fim, o capitalismo

    *romper o encantamento (ou quebrar o feitiço) nao aparece no original, mas ele quer

    dizer isso mesmo: destruição da magia como atitude e mentalidade

    * quebrar a magia = colocar no seu lugar uma religiosidade eticamente orientada

    - causalidade histórica multidimensional (diferente de Marx por exemplo)

    - 'Na medida em que legou ao cristianismo sua hostilidade à magia [Magiefeindschaft], o judaísmo teve um significado decisivo para o capitalismo racional moderno.'

    - “a dominação da magia, fora do âmbito do cristianismo, é um dos mais pesados entraves à

    racionalização da vida econômica”, impedindo a liberação daquele ímpeto motivacional interior

    que n’A ética protestante Weber caracteriza como “sanção psicológica”. E  por que isso?

    Simplesmente porque, prossegue Weber, “magia quer dizer estereotipação da técnica e da

    economia” 

    * magia é fixidez, repetição, tradicionalismo

    - o termo aparece num livro de história da economia, no capítulo sobre a origem do capitalismomoderno, oq é significativo (?)

    * desencantamento ético-religioso do mundo, do processo de desembaraçar das

    crenças e práticas mágicas o estilo de vida religioso das pessoas, substituindo-as pela disposição

    ética internalizada de levar uma vida metódica de trabalho racional in majorem Dei gloriam.

    - não é possível explicar nem mesmo a economia e seus diversificados desenvolvimentos sem

    levar a sério os aspectos essenciais da história cultural, sobretudo da vida religiosa; é necessário

    torná-los parte imprescindível da análise, encadeando-os e imbricando-os aos outros fatores,

    econômicos, políticos e sociais

    - “A força, ao mesmo tempo religiosa e histórica, que rompe o conservantismo ritualista e osestreitos laços entre o carisma e as coisas, é o profetismo. Ele é religiosamente revolucionário

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    [...] porque estabelece uma oposição fundamental entre este mundo e o outro” (Aron, 1967:

    546) — uma disjunção entre o aquém e o além que afasta cada vez mais o divino do criado, que

    separa o sobrenatural da natureza

    * Num primeiro momento, a profecia ética desvaloriza as práticas mágicas, retirando-

    lhes todo valor salvífico* Num segundo momento, a profecia ética antagoniza a magia

    * Cabe ao povo obedecer à vontade de Javé, expressa em mandamentos éticos de

    regulamentação da conduta, fundindo a prática religiosa com a atividade de cada dia

    - triunfo da religião eticizada sobre a religião ritual-sacramental embebida de magismo. E a

    desmagificação da religiosidade, seu desencantamento. E a nascente de tudo isso, rica de

    possibilidades ilimitadas de racionalização da vida e de dominação do mundo, foi a profecia

    israelita — a grande profecia racional.

    - Pode-se desencantar o mundo ordenando-o sob um sentido que unifica, como fez a profecia

    ético-metafísica, e pode-se desencantá-lo estilhaçando este sentido unitário, como tem feito a

    ciência empírico-matemática.

    14 a 17) A ética protestante e o espírito do capitalismo (1920)

    - o termo não aparece na primeira edição, de 1905

    * vários autores consideram que o termo desencantamento do mundo aparece pela

    primeira vez aqui, e que suas acepções evoluíram com a obra de weber

    * o problema é que só apareceu na segunda edição, a de 1920, quando o termo já tinhasido explorado (ver passos anteriores)

    - as quatro aparições aparecem em um capitulo, os fundamentos religiosos da ascese

    intramundana

    - Aquele grande processo histórico-religioso de desencantamento do mundo, que começou com

    a profecia do judaísmo antigo e, em associação com o pensamento científico helênico, repudiava

    todos os meios mágicos de busca da salvação como superstição e sacrilégio, encontrou aqui sua

    conclusão.

    * ou seja, a ética protestante acentuou a desmagificação que já tinha se iniciado

    milênios atrás

    - impacto desmagificador da doutrina calvinista

    * o protestantismo afirma que a salvação não virá das boas obras, e o calvinismo é mais

    enfático nesse aspecto

    - íntimo isolamento do indivíduo singular. Naquilo que para os homens da época da Reforma era

    o assunto mais decisivo da vida — a salvação eterna — o homem foi forçado a seguir sozinho o

    seu caminho ao encontro de um destino que lhe fora fixado desde a eternidade

    - O desencantamento do mundo que o sintagma nos apresenta é tanto um resultado histórico

    determinado e empiricamente verificável, quanto um processo histórico particular, e ambos os

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    aspectos dizem respeito a determinadas religiões históricas, não a todas as religiões e nem

    mesmo a todas as religiões chamadas mundiais

    - nota de rodapé no livro sobre o passo 14: definição estrita de desencantamento do mundo =

    rejeição da magia sacramental como via de salvação

    * para a teologia puritana, sacramento É magia

    - semelhante ao passo 15

    - ascese intramundana como única saída para a desvalorização dos sacramentos (isto é, o

    desencantamento) (passo 16)

    - diferente do que ocorria na Ásia (ou só na China?), o magismo era eliminado como prática e

    como mentalidade

    - relação entre atividade profissional e certeza da salvação vinda dessa mesma atividade: união

    da ação racional referente a valores e ação racional referente a fins

    * tipo ideal de conduta de vida metódico-racional derivada da ascese protestante

    - para dominar o mundo, é preciso desencantá-lo

    - tanto o desenvolvimento econômico-capitalista quanto o progresso científico-tecnológico

    precisaram da apresentação e disseminação de uma conduta de vida racional

    - Desencantamento do mundo, portanto, é uma forma específica de racionalização religiosa, a

    qual, por sua vez, constitui também uma forma específica de racionalização

    * para weber a racionalização se dá de vários modos. O desencantamento é um deles

    * desencantamento religioso. O científico (ainda?) não tem conclusão (atrelado aoprogresso)