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7/31/2019 Resumos Constitucional Tomo III
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1 O Estado em Geral: Autores falam em destatizao (devido a integrao em organizaes
supranacionais, etc.); J. Miranda assume que o Estado j no tem todas as funes que tinha,
mas no admite que tal signifique o esvaimento do Estado, at porque no se antev um
modelo alternativo de organizao: o constitucionalismo global no se encontra em condies
de substituir o nacional; no se divisa como, fora do Estado de Direito se encontrem garantias
de liberdade, segurana e participao poltica.
Correntes sobre a essncia do Estado: Idealistas (Estado como ideia ou finalidade) e realistas
(Estado com ser de existncia temporal); Objectivistas (considerado como realidade exterior
aos homens) e Subjectivistas (o Estado como realidade subjectiva); atomistas/nominalistas
(mero conjunto de indivduos) e organicistas (Estado como entidade especifica com vontade
prpria; Gierke e Spencer); contratualistas (como produto da vontade; Hobbes, Locke, Kant,
Rousseau) e institucionalistas (como instituio); monistas (como centro do poder poltico) e
dualistas (como instrumento ao servio dos detentores do poder); normativistas (como
realidade normativa) e no normativistas (como realidade sociolgica margem das normas
jurdicas). Concepo marxista: Consequncia da sociedade de classes e mquina do domniode uma sobre a outra. Jellinek: dupla percepo do estado (social e jurdica) e na integrao de
3 elementos (Estado consiste em um povo exercer em determinado territrio um poder
prprio, o poder poltico para J. Miranda so definidores da essncia do Estado e condies
da sua existncia).
Posio Adoptada: Estado um caso histrico de existncia poltica e esta, por sua vez, uma
manifestao do social. Falar em Estado equivale a falar em Comunidade e em Poder
organizados (organizao jurdica, pois s o Direito permite passar, na comunidade, da simples
coexistncia convivncia). Duas perspectivas sobre o Estado (Estado-sociedade e Estado-
poder) so 2 aspectos da mesma realidade.
J. Miranda julga de afastar a ideia de elementos essenciais ou constitutivos do Estado, porqueela supe uma reduo do Estado a esses elementos, supe que esto todos no mesmo p de
igualdade, esquece outros aspectos significativos,
Como condies de existncia, surge a Comunidade, o Poder Poltico e, como elemento
definidor destes dois, o territrio.
Vicissitudes totais: as que determinam a formao e desaparecimento do Estado; vicissitudes
parciais: as que acarretam transformaes ou meras modificaes.
A formao do Estado pode dar-se: 1) elevao a Estado de comunidade no estatal ou at
ento politicamente dependente; 2) pela agregao de dois ou mais Estados num novo; 3) pelo
desmembramento de anterior Estado; 4) ou pela separao de uma das suas partes.
O desaparecimento d-se: 1) reduo a comunidade no estatal ou politicamente dependente;
2) pela agregao de outros Estados num novo; 3) pela desagregao em diferentes Estados
novos; 4) integrao num ou em vrios Estados preexistentes.
A transformao d-se: 1) no confronto de um Estado com outros, ficando-lhe sujeito; 2) perda
ou aquisio da soberania internacional.
A modificao quando: 1) existem migraes de populaes com reflexos na cidadania; 2)
Alteraes territoriais.
Estado como pessoa colectiva. Segue-se um elenco de variaes de denominaes ao Estado,
consoante as Constituies: Nao comum a todas.
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2 Estado como Comunidade Poltica: O Estado consiste primordialmente numa
comunidade de pessoas, de homens livres. No h povo sem organizao poltica. A razo de
ser do Estado o povo, o poder poltico emerge sempre do povo e tem de assentar numa
convico de legitimidade, o territrio do Estado corresponde rea de fixao do povo por
direito prprio.
Povo (comunidade de cidados ou sbditos) cria-se com o princpio da autodeterminao
dos povos, porque a autodeterminao de qualquer povo equivale sua passagem a povo de
um Estado com que se reconhea identificado.
A regra fundamental do Povo a unidade, porque o poder sobre todos recai e a lei a todos se
dirige, ou seja, universalidade e igualdade de direitos e deveres.
Existem, no entanto, distines dentro da sociedade: a unidade do povo no determina
igualdade de participao no poder poltico.
Governantes (titulares de rgos de relevncia poltica) e Governados (agem como sendo o
Estado a agir e tendem a identificar-se com o poder poltico; esta distino deve ser
compreendida como necessria, no se baseando nas qualidades inatas mas na prossecuodos fins do Estado.
A condio jurdica dos governantes dupla: como governantes tm um estatuto ditado pela
Constituio; como cidados so iguais aos outros, e em tudo aquilo que no for actividade
prpria do cargo.
Cidados activos (ou cidados eleitores) so os titulares de direitos polticos; cidados no
activos os que no possuem capacidade de participao poltica, por qualquer razo.
Militantes, os que fazem parte de um partido poltico, e no militantes.
Conceitos afins: Povo (conceito jurdico e poltico, uma unidade de ordem, conjunto de
cidados, residentes ou no no territrio do Estado) e Populao (conceito demogrfica e
econmico, uma soma de uma multiplicidade de homens, um conjunto de residentes em certoterritrio, sejam cidados ou estrangeiros). Povo e Nao (o especifico da Nao encontra-se
no esprito, na cultura, na subjectividade: uma alma, um principio espiritual). Nao
(conceito cultural acompanhado de vivencias dominantes afectivas) e Ptria (pertence, toda,
ao domnio da afectividade).
3 Cidadania: O povo abrange os destinatrios permanentes da ordem jurdica estatal; os
homens dividem-se assim em 2 categorias: aqueles cuja vida social est toda submetida sua
regulao e aqueles que no esto em contacto com ela, ou esto em contacto provisrio. As
leis do Estado s raramente atingem estrangeiros (destinatrios de uma ordem jurdicadiferente) ou aptridas (no so destinatrios de nenhuma). Como tal, a aplicao depende
largamente do territrio. Tal no quer dizer que as situaes jurdicas que afectem cidados do
Estado no possam ser conformadas independentemente donde se encontre o cidado; o
Estado tem dever geral de proteco do seu cidado frente aos Estados em que estes residam.
este o princpio de cidadania. Cidados so os membros do Estado, os destinatrios da
ordem jurdica.
A determinao da cidadania de cada indivduo equivale determinao do povo (logo do
estado) a que se vincula.
Existem dois critrios quanto atribuio da cidadania:Jus sanguinis (que tem na sua base os
laos de sangue, prevalecente nos Estados de formao mais antiga) e Jus soli(que tem na suabase o local de nascimento (mais actual).
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A pertena a uma comunidade poltica j no perptua: o direito cidadania vai ser
acompanhado, dentro de certos limites, de um direito de escolher a cidadania.
O primeiro dos princpios gerais do Direito Internacional sobre a cidadania o da ligao
efectiva - um Estado apenas pode atribuir a sua cidadania a uma pessoa que com ele tenha
uma relao efectiva, quando se pode determinar um vnculo material evidente; o mesmo se
diz quanto aquisio da nacionalidade. Um Estado no pode dispor condies sobre a
aquisio de nacionalidade estrangeira; pode quanto muito fazer depender a atribuio da sua
cidadania a um estrangeiro da renncia deste sua cidadania; no poder, autoritariamente,
determinar essa renncia. Normas sobre aquisio ou perda de cidadania no podem prever
discriminaes com base no sexo, raa, religio, etc. A aquisio ou perda tem alcance
individual, no colectivo. Naturalizao pressupe consentimento. Em casos de pluricidadania,
se a pessoa se encontrar num dos Estados de que cidado, essa a cidadania a invocar; caso
esteja em Estado terceiro, invoca aquela com que tenha relao efectiva. Em caso de apatridia,
o Estado no qual o indivduo residir ou com que tiver qualquer ligao efectiva ter a faculdade
de lhe atribuir a sua cidadania.Actual Regime de aquisio da cidadania portuguesa: Diz-se originria a cidadania adquirida
pelo nascimento ou por acto ou facto jurdico que se reporte ao nascimento; Diz-se no
originria a adquirida por qualquer outro acto ou facto jurdico, por meio da vontade, da
adopo e por naturalizao.
So portugueses de origem, por mero efeito da lei, os indivduos que cumprirem um dos
requisitos do Art1, n1: alneas a), b), f) e n2 da Lei 37/81 (da Nacionalidade); so
portugueses, por efeito da lei e da vontade, os correspondentes s alneas c), e).
A Aquisio da nacionalidade por efeito da vontade est regulada nos artigos 2, 3 e 4.
J. Miranda nota que o casamento passa apenas a ser um pressuposto da aquisio e no um
modo. Tanto podem adquirir cidadania portuguesa o homem como a mulher (igualdade). Apossibilidade de aquisio de cidadania pelos filhos menores ou incapazes ou pelo cnjuge
tem como razo de ser a salvaguarda da unidade do estatuto familiar. O adoptado por cidado
portugus adquire cidadania portuguesa.
Pode ser deduzida oposio aquisio da cidadania portuguesa por efeito da vontade ou por
adopo com qualquer destes fundamentos: art 9 (L. da N): a) A inexistncia de ligao
efectiva comunidade nacional; b) A condenao, com trnsito em julgado da sentena, pela
prtica de crime punvel com pena de priso de mximo igual ou superior a 3 anos, segundo a
lei portuguesa; c) O exerccio de funes pblicas sem carcter predominantemente tcnico ou
a prestao de servio militar no obrigatrio a Estado estrangeiro.
A naturalizao repousa no poder discricionrio do Governo; este pode atribuir cidadania
portuguesa aos estrangeiros que satisfaam cumulativamente os requisitos do art 6 da Lei da
Nacionalidade.
Perda de Cidadania: art 8 e seguintes da L. da N. S perde cidadania portuguesa quem, sendo
cidados de outros Estados, declarem que no querem ser portugueses. A perda de cidadania
portuguesa nunca irremedivel.
Se algum tiver 2 cidadanias ou mais e uma delas for portuguesa, s esta releva em face da lei
portuguesa; Nos conflitos positivos de duas ou mais cidadanias estrangeiras, releva apenas a
do Estado em cujo territrio o pluricidado tenha a sua residncia habitual ou, na falta desta, o
Estado com que mantenha vinculao mais estreita.
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Cidados originrios e no originrios: tm os mesmos direitos? Apenas portugueses de
origem so elegveis para PR. Nenhuma outra incapacidade est prevista na CRP.
Portugueses no estrangeiro: ver Art. 14 da CRP. Regra de proteco que se reporta ideia de
proteco diplomtica.
Condio dos portugueses tambm cidados de outros estados: em Portugal s podem
invocar a portuguesa, no estrangeiro, podem invoc-la a par da do outro Estado, podendo
inclusive invocar o seu direito de proteco (Art. 14 da CRP). No so, ainda que sejam
originrios, elegveis para PR.
Condio dos estrangeiros: devem ter uma condio jurdica respeitadora da dignidade da
pessoa humana, que devem ser tratados como livres e usufruir dos direitos que da decorrem;
podem estar privados de direitos polticos. Ver artigo 15 da CRP e 14 do Cdigo Civil. O
princpio geral do Direito Portugus o de equiparao, de igualdade, de extenso aos
estrangeiros dos direitos conferidos aos portugueses (Art. 15, n1, Principio da Equiparao).
Condio dos cidados da CPLP: atribuem-se certos direitos a que os estrangeiros no acedem,
contanto que haja reciprocidade em favor dos portugueses; acordo com Brasil para haverparalelismo: cidados brasileiros s no so elegveis para PR, presidente da AR, PM e
presidente do STJ.
Cidadania Europeia: envolve os seguintes direitos: direito de circulao e de livre permanncia
nos territrios dos Estados-membros; direito de eleger e ser eleito nas eleies municipais e
nas eleies para o Parlamento Europeu no Estado-Membro da sua residncia; direito de
proteco diplomtica em pases terceiros onde o Estado-membro de que nacional no tem
representao; direito de petio ao Parlamento Europeu e o de queixa ao Provedor de Justia
Europeu.
No uma cidadania na verdadeira acepo do termo.
4 O Poder poltico: O Estado surge em virtude de se instituir um poder que transforma uma
colectividade em povo. Constituir o Estado equivale a dar-lhe a sua primeira constituio, a
lanar as bases da sua ordem jurdica. Todo o Estado, porque Constitudo, tem Constituio,
em sentido institucional. O poder poltico , consequentemente, um poder constituinte
enquanto molda o Estado segundo uma ideia, um projecto, um fim. Este poderconstituinte
no cessa quando a Constituio material fica aprovada, ele perdura ou est latente na
vigncia desta, confere-lhe consistncia, pode substitui-la por outra consoante as realidades.
O poder est repartido juridicamente por rgos e agentes do Estado, o poder toma a
configurao de um conjunto de competncias, poderes esses estabelecidos pela Constituio,
sendo poderes constitudos.
O problema da limitao do poder pelo Direito: o Estado no pode viver margem do Direito;
actua sempre atravs de processos ou procedimentos jurdicos que remontam a normas de
competncia. O Estado est adstrito ao seu prprio Direito positivo, por uma necessidade
lgica de coerncia e coeso social. A limitao do poder poltica no deve ser s formal, como
tambm material (por normas que impeam o poder de invadir as esferas prprias das
pessoas).
Titularidade e exerccio do poder: O poder aparece como a mais marcante das manifestaes
do estado. No plano jurdico no se separa a titularidade do poder da prpria comunidade:
A pessoa colectiva Estado tem por substrato a comunidade, no se reduz aos rgos e agentesque formam e exprimem a sua vontade; Os titulares dos rgos e agentes detentores das
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faculdades de poder poltico provm da comunidade, tm de ser designados dentre os seus
membros; O poder constituinte como poder de auto-organizao originria um poder da
comunidade.
Fala-se em princpio democrtico quando o povo o titular do poder constituinte. Princpio
monrquico quando o rei.
Fala-se em governo democrtico quando o povo o titular do poder constitudo.
Poder Politico e soberania: O poder poltico no estado moderno de matriz europeia no se
apresenta isolado, ou dotado de uma expansibilidade ilimitada, assume um sentido relacional
(cada Estado relaciona-se com outros). Envolve capacidade simultaneamente activa e passiva
diante de outros poderes. A este poder Bodin chamou Soberania, o poder inerente ao Estado.
O Estado possui soberania quando tem o poder originrio de se organizar e reger; as
colectividades que se movem no mbito do Estado, os poderes por elas exercidos so de
segundo grau: derivados ou atribudos.
Jellinek: Soberania significa capacidade de auto-organizao e auto vinculao. Kelsen:
Soberania uma qualidade de Direito, da vontade do Estado considerada como ordem jurdicana sua esfera especfica de validade. Soberania exprime-se atravs do processo legislativo
(Locke, Rousseau, Bodin) ou no momento da coero (Hobbes).
Descentralizao de poderes: fenmeno de concesso de poderes ou atribuies pblicas a
entidades infra-estatais. Pode ser administrativa (atribuem-se poderes tendentes satisfao
de necessidades colectivas; poltica (poderes relativos definio do interesse pblico); nunca
jurisdicional: essa funo est sempre ligada aos tribunais.
Desconcentrao de poderes: ao invs de uma pluralidade de pessoas colectivas existe uma
pluralidade de rgos sem prejuzo da unidade de imputao jurdica: existem vrios rgos do
Estado por que se dividem funes e competncias;
Pginas 373 e seguintes
Diviso do poder: Aristteles j falava numa diviso de poder. As magistraturas romanas eram
um exemplo de diviso de poderes. Doutrina por Montesquieu: a nica maneira de limitar um
poder criar um poder que o limite. Em contraponto, Rousseau, que se ope separao de
poderes: nico poder soberano seria o legislativo.
O princpio da separao dos poderes foi consagrado em todas as Constituies dos sculos
XVIII e XIX, mas no em todas da mesma maneira.
Forma de Governo Modernas: Monarquia Absoluta; Governo representativo clssico ou liberal,
democracia jacobina, governo cesarista, monarquia limitada, democracia representativa,
governo leninista, governo fascista, governo islmico fundamentalista.