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IX SEMINÁRIO DO TRABALHO:

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO

Caderno de Resumos

Promoção RET/GPEG – UNESP

Marília – 26 a 29 de maio de 2014

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 5

ÍNDICE GT 1 (A) Trabalho e Políticas Educacionais - Dia 27/05 Coordenação: Desiré Luciane Dominschek Lima................................................ 07 GT 1 (B) Trabalho e Políticas Educacionais - Dia 27/05 Coordenação: Joice Estacheski ........................................................................... 18 GT 1 (C)Trabalho e Políticas Educacionais - Dia 28/05 Coordenação: Marcilene Rosa Leandro Moura .................................................. 32 GT 1 (D) Trabalho e Políticas Educacionais - Dia 28/05 Coordenação: Elias Canuto Brandão .................................................................. 44 GT 2 Sindicalismo, Movimentos Sociais e Formas de Resistência - Dia 27/05 Coordenação: Ariovaldo Santos ......................................................................... 56 GT 3 (A) Estado, Lutas sociais e Políticas Públicas - Dia 27/05 Coordenação: Domingos Leite Lima Filho .......................................................... 69 GT 3 (B) Estado, Lutas sociais e Políticas Públicas - Dia 28/05 Coordenação: Pablo Almada .............................................................................. 80 GT 4 (A) - Trabalho, Economia e Sociedade - Dia 27/05 Coordenação: Vanderlei Amboni ....................................................................... 89 GT 4 (B) Trabalho, Economia e Sociedade - Dia 28/05 Coordenação: Teone Maria Rios de Souza Rodrigues Assunção ...................... 106 GT 5 (A) Trabalho e Saúde do Trabalhador - Dia 27/05 Coordenação: André Luís Vizzaccaro-Amaral ................................................... 121 GT 5 (B) Trabalho e Saúde do Trabalhador - Dia 28/05 Coordenação: Simone Wolf ............................................................................. 137 GT 6 (A) Trabalho, tecnologia e Reestruturação produtiva - Dia 27/05 Coordenação: Mônica Herek ............................................................................ 151 GT 6 (B) Trabalho, tecnologia e Reestruturação produtiva - Dia 28/05 Coordenação: Erika Batista .............................................................................. 166 GT 7 (A) Marxismo, trabalho e educação - Dia 27/05 Coordenação: Eraldo L. Batista ........................................................................ 179 GT 7 (B) Marxismo, trabalho e educação - Dia 28/05 Coordenação: Caio Antunes ............................................................................ 188 GT 8 Trabalho, gênero, infância e educação - Dia 27/05 Coordenação: Vera Lúcia Navarro .................................................................... 199

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TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 7

GT 1 (A) TRABALHO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Dia 27/05 / Coordenação: Desiré Luciane Dominschek Lima

EDUCAÇÃO SUPERIOR

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TRABALHO DOCENTE

Marcia Akemi Yamada - UEL Soraia Kfouri Salerno - UEL

Adriana Quadros Matos - UEL

O estudo sobre o trabalho docente na Educação Superior objetivou identificar a concepção de universidade predominante na atualidade e reconhecer suas condições laborais, seu contexto político e econômico. A pesquisa de caráter qualitativo utilizou procedimentos de revisão bibliográfica cujas fontes utilizadas foram os estudos de Sguissardi (2009; 2010), Saviani (2009; 2010) e Bertolin (2011) para abordar a trajetória histórica e elementos relevantes sobre o objeto, empregando-o como norteador do estudo. Fica evidenciada a forte influência do modelo de mercado na prática do trabalho docente, o qual interfere na linha de formação dos graduandos, futuros profissionais e, consequentemente, na falta de investimentos no setor público, resultando em condições precárias de trabalho na Instituição, em todos os níveis. O trabalho docente é um dos âmbitos relevantes para o desenvolvimento da Educação Superior, bem como para desenvolver e articular melhores resultados na qualidade da formação de profissionais e pesquisadores no ensino superior. Dessa forma, investir no desenvolvimento e na qualidade desse trabalho favorece o desenvolvimento científico e a construção identitária social. Palavras-chave: Educação Superior. Trabalho Docente. Precarização.

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A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E SUA CONFORMAÇÃO PRIVATIZANTE

Weslei Trevizan Amâncio UTFPR-Câmpus Londrina

Marisa Bernardete Ribas Arruda

UTFPR-Câmpus Medianeira O presente artigo expõe alguns elementos e reflexões sobre a política de expansão por que vem passando a educação superior brasileira. Identifica, neste processo, a partir de dados do Censo da Educação Superior Brasileira dos anos 2002, 2008 e 2011, a exponencial privatização que caracteriza a educação superior, assentadas, sobretudo, em políticas de incentivos oferecidas pelos governos brasileiros. Destaca, em contrapartida, a expansão “anômala” em que vem se sustentando a educação superior federal pública que, nestes últimos tempos, apoiada no REUNI perfaz-se sobre uma intensificação da precarização das condições de trabalho dos Professores e Técnico-Administrativos. Carregando, conjuntamente, em seu bojo um alargamento da concepção de universidade neoprofissional, heteronômia e competitiva. Por fim, conclui que o modelo de expansão que tem sido adotado só atende aos interesses e necessidades do mercado, em detrimento dos da classe trabalhadora. Palavras-chave: educação superior; políticas de expansão; privatização da educação; precarização do trabalho.

O “NOVO E O VELHO” DISCURSO SOBRE A CRISE NA EDUCAÇÃO:

UM “CLAMOR” DA ELITE PELA EDUCAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA

Elisângela Ferreira Floro Maria Madalena da Silva

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Este trabalho faz uma retrospectiva do discurso de vários intelectuais sobre a concepção de “crise na educação”, tendo como questão de pesquisa investigar se este fenômeno é algo típico do Século XXI, ou se sempre esteve presente no cenário educacional. Fundamentamo-nos em uma metodologia crítica, por meio da qual colocamos em relação dialética as ideias do economista Adam Smith e do sociólogo Émille Durkheim sobre a função social da educação, situando-os em uma fase de criação e consolidação do capitalismo. Posteriormente, apresentamos trechos de discursos do educador Anísio Teixeira, buscando apreender as rupturas e continuidades entre a “crise educacional” antes e depois do Século XX. Em seguida, apresentamos os discursos dos economistas Paulo Renato Souza, Cláudio Moura Castro e Gustavo Ioschep sobre a “crise educacional” no Século XXI, comparando-os com os outros autores citados. Observamos que os economistas culpam a categoria docente pela “crise”, defendem o gerenciamento empresarial da escola e dizem ser necessário estimular os professores a competirem em prol de aumentos salariais. Concluímos o texto considerando que a “crise educacional” não é vista sob a ótica das necessidades educacionais da classe trabalhadora, mas sob a ótica do capital nas suas diversas fases de recomposição. Palavras-chave: Educação. Trabalho. Economia. POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO SOBRE O TRABALHO DO PROFESSOR NA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP)

Inayá Maria Sampaio [email protected]

Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

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Este trabalho é parte constitutiva de uma pesquisa em andamento de doutorado que tem como propósito problematizar os reflexos do processo de reestruturação do capitalismo no trabalho docente e, mais especificamente, na atuação do docente universitário do Curso de Licenciatura em Pedagogia da modalidade à distância da Fundação Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Para tanto, busca-se investigar e compreender as características e conseqüências da implantação dos programas de Educação a Distância (EAD) nas universidades públicas brasileiras. Enfocando aspectos relativos à formação e condições de trabalho dos docentes que atuam nessa modalidade de ensino. A expansão da modalidade de ensino a distância nas universidades brasileiras é oriunda das políticas governamentais orientadas pelo discurso da democratização do acesso ao Ensino Superior. Todavia, percebe-se que as políticas de expansão e de suposta democratização do acesso ao Ensino Superior estão vinculadas a um contexto macro de transformação do mundo do trabalho, caracterizado por desdobramentos do processo de reestruturação produtiva e pela propagação dos ideários e práticas neoliberais. Espera-se que o estudo possa contribuir para potencializar o debate sobre a expansão da universidade pública e o trabalho do professor na EAD. Palavras-chave: UNIVESP. Expansão da Universidade Pública. Trabalho do Professor. Legislação. EAD.

A “MODERNIZAÇÃO” DO TEMPO-ESPAÇO EDUCATIVO PARA

UTILIZAÇÕES “ARCAICAS” DA ESCOLA PÚBLICA: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA DAS CIDADES EDUCADORAS

John Mateus Barbosa (PPGEDUC – UFPE/CAA )

Jamerson Antônio Almeida da Silva (PPGEDUC – UFPE/CAA ) Grupo Gestor

O artigo buscou problematizar os fundamentos teóricos e ideológicos das Cidades Educadoras, explorando seus reais

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interesses, analisando sua "atualidade" como política educacional e identificando as determinações que possibilitaram sua emergência. Para tanto fizemos um estudo bibliográfico no qual buscamos recuperar na literatura especializada as experiências mais significativas de ampliação de espaços educativos/escolares presente no espectro da política educacional brasileira, identificando rupturas e continuidades históricas. Os conceitos centrais do estudo são: manipulações de tempo-espaço, funções e utilizações da escola (ALGEBAILE, 2009) e revolução passiva (Gramsci, 1968). Utilizamos o Materialismo Histórico e Dialético como abordagem teórico-metodológica enfatizando as categorias: totalidade, mediação, contradição. Resultados apontam que os pressupostos das cidades educadoras se caracterizam como modernizações que mascaram o revigoramento de arcaicas utilizações da escola pública para a gestão da pobreza, atualizadas as imposições da reforma do estado e da crise estrutural do capital nos países periféricos como o Brasil. A UNIVERSIDADE E SUA RELAÇÃO EDUCAÇÃO E TRABALHO NO

CONTEXTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Sandra Gramilich Pedroso UFU – Universidade Federal de Uberlândia

[email protected]

Fabiane S. Previtalli UFU – Universidade Federal de Uberlândia

[email protected] No contexto de políticas neoliberais marcado por profundas mudanças, a educação depara-se com muitos desafios. Um desses desafios está relacionado à universidade no que se refere à formação profissional. Percebe-se que a universidade enquanto

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instituição social encontra-se inserida num contexto capitalista que acaba proporcionando exigências relacionadas à formação, qualificação e preparação para um mercado de trabalho em constante reestruturação. A partir dessa realidade, surge o seguinte questionamento: como acontece a relação educação e trabalho no processo de formação profissional nas Instituições de Ensino Superior a partir de 1990? O objetivo desse estudo é analisar o papel da universidade e como ocorre a relação educação e trabalho no processo de formação profissional a partir da década de 1990. Através da realização de pesquisa bibliográfica, foi feita uma análise considerando como ponto de partida a universidade através da discussão dos elementos definidores da especificidade do trabalho e da educação no contexto de formação humana. Os autores de base para sustentação teórica foram Karl Marx, Marilena Chauí, Boaventura Santos e Pablo González Casanova. Diante dessa realidade, faz-se necessário redefinir o papel da universidade como instituição social pautada no exercício da cidadania. Palavras-chave: Universidade. Educação. Trabalho. Formação Profissional.

A EAD E A AUTONOMIA DO ALUNO E DO PROFESSOR : CRÍTICA A UMA DUPLA E CRUEL PERSPECTIVA

Daniele Cruz. Gov.Est. RJ /UNESA

[email protected]

O trabalho tem como objetivo analisar o modelo de Educação a Distância dos dias atuais, os atores envolvidos e seu papel. O referencial teórico é baseado em bibliografia crítica referente às mudanças ocorridas nas últimas décadas no tocante ao trabalho (e sua precarização estrutural) e a educação (e sua mercantilização) e que mudaram definitivamente o cenário no qual estamos inseridos; levamos em conta a representatividade da EaD, que volta-se para

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objetivos estratégicos, focando o mercado e a necessidade de qualificação urgente nessa era do conhecimento, bem como sua utilização nas bases da reestruturação produtiva, além das condições de professor e aluno que se apresentam de maneira diferenciada do ensino tradicional. Como resultados vê-se o ensino como mercadoria, o professor como símbolo da exploração do trabalho, e o aluno ao mesmo tempo como cliente e sujeito de um processo de desmonte do Estado, que, por não oferecer uma educação à altura das expectativas das empresas, o coloca como responsável por sua qualificação para que obtenha sua empregabilidade e se insira no mercado de trabalhado desenhado pelo capitalismo. A autonomia, fator determinante para o estudo em EaD, é discutida, sob a ótica de aluno e professor, classe essa que tem o seu trabalho cada vez mais precarizado ao longo dos anos. Palavras-chave: Educação a Distância. Autonomia. Aluno e professor.

ENSINO SUPERIOR EM RONDÔNIA: MERCANTILIZAÇÃO E

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

Rudhy Marssal Bohn

Mestrando em Educação na Universidade Federal de Rondônia-UNIR

Marilsa Miranda de Souza Doutora em Educação – UNESP - Professora da Universidade

Federal de Rondônia – UNIR

Este artigo faz uma analise sobre a mercantilização nas Instituições de Ensino Superior (IES) em Rondônia, partindo do pressuposto de toda a apropriação do Capital no processo de ensino Brasileiro. Os avanços da privatização do ensino ao longo de anos no Brasil, tem se mostrando uma forma de transferência do dever do Estado quanto ao oferecimento de Educação para a população. Com isso a educação tem se transformado em um nicho de mercado a grandes empresas, nacionais e

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internacionais, proporcionando um favorecimento a precarização do trabalho docente. É nesta perspectiva que apresentamos os dados referentes ao processo mercantil e as consequências para a precarização do trabalho docente no Estado de Rondônia. Palavras-chave: Mercantilização. Precarização. Trabalho docente. Rondônia.

A PRECARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM TEMPOS NEOLIBERAIS:

RECOLOCANDO EM PAUTA DISCUSSÕES Desiré Luciane Dominschek Lima

Universidade Estadual de Campinas [email protected]

Daniela Daniela Moura Rocha de Souza Universidade Estadual de campinas

[email protected] Este trabalho apresenta algumas considerações iniciais sobre a precarização da educação na perspectiva dos governos neoliberais. A análise faz inferências a partir de Lombardi (2012), que aponta que a esquerda passou a enfrentar a dura carpintaria da história, após o colapso da URSS, porém com as sucessivas crises que vem assolando o neoliberalismo e sua camaleônica tentativa de sobrevivência, Marx e Engels vem sendo recolocados na pauta das discussões, demonstrando mais uma vez a atualidade de suas análises correspondentes ao prognóstico do modo de produção capitalista, reascendendo o entendimento da revolução enquanto processo de transformação desses velhos escombros, e por isso o autor vem insistindo na necessidade de se abrir ainda mais o debate dentro da área de educação, a cerca da perspectiva de reconstrução revolucionária, para uma nova sociedade mais justa e mais igualitária. Propomos o debate a partir de recortes históricos que configuram a segunda metade do século XX, período em que é marcante a adesão às políticas

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educacionais neoliberais no Brasil. A abordagem do trabalho, está pautada principalmente nas discussões propostas por Mészaros (2008), Saviani (2008), Dourado (2002), Neves (2002), dentre outros autores. Palavras-chave: Precarização da Educação. Políticas Neoliberais. Capitalismo.

POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E CULTURA: HEGEMONIA NEOLIBERAL NO NEODESENVOLVIMENTISMO BRASILEIRO

Eduardo Gomor dos Santos

Carla Beatriz de Paulo

Este trabalho identifica as políticas de educação superior e cultura no âmbito do neodesenvolvimentismo no Brasil. Partindo do referencial gramsciano, relaciona os conceitos de educação e cultura à conformação de hegemonias e cujos sentidos e valores direcionam moralmente e legitimam politicamente as ações dos sujeitos. Nas políticas de educação superior, materializadas pelo PROUNI, identifica-se a imbricação entre os interesses do governo e os grandes grupos educacionais privados, privilegiados atores no recebimento dos recursos públicos. No caso da política cultural, exemplificada pelas leis de renúncia fiscal, identifica-se sua utilização pelos grandes grupos empresariais como forma de marketing, privilegiando manifestações culturais na lógica do "mais do mesmo", dificultando o acesso de grupos marginalizados historicamente, atuando contra o princípio da equidade. Conclui-se que apesar de ligadas a um suposto neodesenvolvimentismo, tais políticas pouco se afastaram do receituário neoliberal implementado no Brasil a partir da década de 90. Palavras-chave: Educação Superior. Cultura. Hegemonia. Neodesenvolvimentismo. Neoliberalismo.

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PRECARIZAÇÃO ESTÁVEL-ESTABILIDADE PRECÁRIA – UM ESTUDO SOBRE A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

Joana Alice Ribeiro de Freitas;

[email protected]

O presente artigo apresenta elementos da precarização do trabalho de professores do ensino superior público federal. Levando-se em consideração especificidades dessa categoria de trabalho, são elencadas algumas características da precarização que dizem da realidade vivenciada por tais trabalhadores – sem que se desconsidere, com isso, o fato de que professores estão submetidos às mesmas condições de exploração de outras categorias de trabalhadores por conta do caráter de inerente competitividade do sistema de produção capitalista. Para tanto, foram utilizados os relatos de acolhimentos de professores que buscaram sua entidade representativa por conta de problemas laborais. Tais relatos foram sistematizados nos anos de 2012-13. Ainda que a precarização das condições de trabalho não figurasse como elemento central das queixas apresentadas pelos trabalhadores, observou-se que tais situações permeavam indiretamente as queixas dos mesmos. As discussões possibilitadas pelo cruzamento entre a teoria sobre o assunto e tais relatos permitiram compor tal categoria de análise com os seguintes elementos constitutivos: precarização estável-estabilidade precária, precarização do trabalho via Reuni, falta de condições de trabalho e degradação das relações de trabalho. TRABALHO E EDUCAÇÃO: ANÁLISE DA EXPANSÃO DOS CURSOS

SUPERIORES TECNOLÓGICOS EM AGRONEGÓCIO.

Victor Hugo Junqueira Profª. Drª. Maria Cristina dos Santos Bezerra Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

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O presente trabalho discute a relação trabalho e educação no campo por meio da análise da expansão de cursos superiores tecnológicos voltados ao agronegócio, cuja premissa que partimos é de que as transformações na reprodução do capital passam a exigir, tanto na cidade quanto no campo, trabalhadores adaptados e adaptáveis à utilização cada vez mais constante de tecnologias e recursos informacionais necessários à reprodução do capital. Na realização desta pesquisa adotamos o referencial materialista-histórico para identificar as implicações da reestruturação produtiva do capitalismo na educação e nas exigências da “formatação” de um “novo trabalhador”, bem como, as reformas na educação profissional no Brasil, levadas a cabo pelas políticas neoliberais, que viabilizaram o crescimento de cursos tecnológicos do agronegócio. Com base nestas informações os resultados indicam que a expansão dos cursos direcionados ao agronegócio representa a necessidade do setor para formatação de um profissional que disponha de um conhecimento suficientemente necessário sobre os diferentes setores da produção, tornando-o flexível para se doar a encontrar soluções para as barreiras criadas ao processo de expansão do capital no campo.

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GT 1 (B) TRABALHO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS Dia 27/05 / Coordenação:

Joice Estacheski

ENSINO TÉCNICO E AS DEMANDAS DOS CICLOS DESENVOLVIMENTISTAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO:

NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO DE JK, MILAGRE ECONÔMICO DOS MILITARES E NEODESENVOLVIMENTISMO DE

LULA E DILMA

Ricardo Afonso Ferreira de Vasconcelos. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia

(PPGTE). Docente do Instituto Federal do Pará (IFPA)-Campus Belém. [email protected]

Mário Lopes Amorim. Doutor em Educação pela USP. Docente do PPGTE-UTFPR.

[email protected] Este artigo tem como objetivo estabelecer uma breve reflexão sobre a relação entre os ciclos desenvolvimentistas ocorridos no Brasil e as mudanças demandadas pelo capital e pelos respectivos governos que as formularam, resultando na reconfiguração do ensino-técnico-profissional de nosso país. Por conseguinte, estabelece uma discussão sobre a relação entre educação profissional e interesses do capital no contexto da expansão industrial-capitalista, enfatizando esta relação nos três ciclos desenvolvimentistas em questão. Tal reflexão se utiliza de pesquisa bibliográfica como base para a sua elaboração e ao final se busca perceber algumas similaridades e permanências presentes nestes três ciclos desenvolvimentistas e suas influências sobre o ensino profissional no Brasil, a partir da análise das contradições envolvendo as categorias: capital, trabalho e educação e tendo como referencia teórica o método dialético Para tanto, utilizamos como referência produções

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teóricas no campo da sociologia (Otávio Ianni, Ricardo Antunes), da história (Maria Helena Moreira Alves), da economia brasileira (Fábio Giambiagi, Guido Mantega) e também produções no campo de estudo da relação Educação & Trabalho (Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta, Lima Filho, Acácia Kuenzer, Moacir Gadotti, Mariano Enguita, Mário Manacorda, Luiz Antônio Cunha). Palavras-chave: Desenvolvimentismo. Neodesenvolvimentismo. Educação Profissional, PRONATEC.

A IMPLEMENTAÇÃO DAS ESCOLAS DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO NO ESTADO DE PERNAMBUCO: Uma experiência de educação integral?

Adriano Carvalho Cabral da Silva

Orientador: Dr. Jamerson Antonio de Almeida da Silva

Na presente pesquisa, tecemos uma análise sobre o Programa de

Educação Integral (PEI), em desenvolvimento pela Secretaria de

Educação do Estado de Pernambuco desde o ano de 2008, tendo

por objetivo a avaliação da implementação das Escolas de

Referência em Pernambuco como uma experiência de educação

integral em jornada ampliada. Estruturado a partir de uma

abordagem qualitativa, o estudo caracteriza-se como exploratório

e descritivo. Analisamos documentos e informações contidas nos

portais eletrônicos da Secretaria de Educação do Estado de

Pernambuco (SEE), IBGE e Censo Escolar, recuperando os fatores

que deram origem a política de educação integral no ensino

médio em Pernambuco e os indicadores sócio-educacionais dos

jovens. Temos como referência teórica os conceitos de educação

integral, politecnia, omnilateralidade, pedagogia das

competências e teoria do capital humano. Por conclusões,

20 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

evidenciamos as implicações das parcerias público-privadas em

educação, a qual, no contexto das EREMs, se desenvolveu a partir

de uma gestão gerencialista e de uma concepção de educação em

(tempo integral) voltada à formação de jovens para a reprodução

da hierarquia social no capitalismo flexível.

JUVENTUDE POBRE, TRABALHO E EDUCAÇÃO NOS GOVERNOS

DO PARTIDO DOS TRABALHADORES: UMA ABORDAGEM

PRELIMINAR

Iara Saraiva Martins Universidade Federal do Ceará- Bolsista FUNCAP

Iziane Silvestre Nobre Universidade Federal do Ceará – Bolsista CAPES

José Gonçalves de Araújo Filho Universidade Federal do Ceará

Raquel Araújo Monteiro Universidade Federal do Ceará

Remo Moreira Brito Bastos Universidade Federal do Ceará

O ano de 2013 marcou os 10 anos de gestão do Partido dos Trabalhadores no Brasil, nas figuras de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Este artigo busca através da pesquisa bibliográfica-documental fazer uma análise preliminar da inserção da juventude pobre nas relações de consumo, trabalho e educação. Temos como recorte temporal o período dos governos do Partido dos Trabalhadores e estabelecemos uma contribuição introdutória através das perspectivas valorosas de Armando Boito Junior (2003), Carlos Nelson Coutinho (2010), Francisco de Oliveira (2010) Ruy Braga (2013), Ricardo Antunes (2006) e Giovanni Alves (2014). O marco dos 10 anos de gestão do Partido dos Trabalhadores se caracteriza por uma década de cooptação

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de movimentos sociais, superexploração do trabalho e agudização do sucateamento da Educação e Saúde com a expansão do neoliberalismo. Nesse contexto, a juventude pobre vem sendo posta em uma dinâmica de inserção em formas de educação aligeirada, trabalhos superexplorados, criminalização e extermínio. Palavras-chave: Juventude pobre. Trabalho e educação. Partido dos Trabalhadores.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO GOVERNO LULA: NOVO ORDENAMENTO JURÍDICO E NOVA

INSTITUCIONALIDADE Elen de Fátima Lago Barros Costa

Doutoranda em Educação/UFSCAR [email protected]

Maria Cristina dos Santos Bezerra professora do PPGE/UFSCAR

Ao analisarmos a história recente do Brasil, constata-se que os períodos dos dois mandatos do Governo Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010) são emblemáticos no que concerne ao contexto político-econômico, ao paradigma educacional assumido e às reformas decorrentes deste novo modelo. No Governo Lula, dentre outras ações, ganha centralidade a formulação de uma nova institucionalidade da Educação Profissional e Tecnológica, voltada para atender, ainda mais, às exigências não só desse novo ciclo da economia, como também de uma grande parcela da população que necessitava de qualificação profissional de nível técnico e superior. É neste contexto do Governo Lula – de continuidade da política econômica, da constante reforma do Estado para sua inserção definitiva no sistema de acumulação financeira e, ao mesmo tempo, de nascimento de um ícone da política brasileira – que nos interessa compreender como tais fatos foram essenciais

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para as reformas no sistema educacional brasileiro, em particular, na Educação Profissional e Tecnológica. O objeto deste texto busca, portanto, analisar este novo ordenamento jurídico e esta nova institucionalidade da Educação Profissional e Tecnológica adotada no país a partir da promulgação da Lei 11.892/2008, identificando as mudanças no trabalho do professor tendo como referencial teórico Marx e autores da contemporeneidade de referencial marxiano. Palavras-chave: Reforma do Estado; Governo Lula; Educação Profissional e Tecnológica; Trabalho docente.

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL BRASILEIRA: UMA POLÍTICA A SERVIÇO DA CONSOLIDAÇÃO DA IDEOLOGIA DO CAPITAL.

Laura Fabiana da Silva

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

Email: [email protected] O presente artigo objetiva analisar a educação profissional brasileira, considerando a expansão desta política no contexto do neodesenvolvimentismo. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, em diálogo com a teoria social crítica e com as concepções de Marx, Engels e Gramsci sobre a ideologia. Para analisar o papel da educação, suas contradições quando localizada no âmbito da sociedade do capital e como este processo se dá na educação profissional brasileira, ancorou-se nas concepções de Mészáros, Frigotto e Maceno sobre a educação e buscou-se construir um rápido resgate sobre a trajetória da educação profissional no Brasil, donde se conclui que tal política se consolida como um forte instrumento a serviço da reprodução do sistema capitalista, com a missão de manter e reproduzir a hegemonia burguesa.

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ESCOLA SOCIAL DO VAREJO E DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS: UM EMBATE DE PERSPECTIVAS SOBRE A

EDUCAÇÃO PARANAENSE

Nilo Silva Pereira Netto, PPGTE/GETET/UTFPR Domingos Leite Lima Filho, PPGTE/GETET/UTFPR

O presente texto apresenta como objeto de reflexão o movimento recente da formação profissional e tecnológica no estado do Paraná, trazendo para o centro da análise as concepções postas nos documentos oficiais – calcadas no trabalho como princípio educativo, na omnilateralidade e na formação crítica – versus a perspectiva de formação apresentada pela Escola Social do Varejo, convênio consagrado no ano passado pela Secretaria de Estado da Educação e o Instituto Walmart, braço de responsabilidade social da sucursal – brasileira e latinoamericana – da estadunidense do ramo dos hipermercados Walmart – calcada por sua vez na perspectiva mercadológica, neoliberal. A análise do embate dessas proposituras revela um conflito mais profundo, manifestado nos antagônicos interesses entre capital e trabalho no âmbito educacional, notadamente no Ensino Médio, que buscam alinhar a formação da força de trabalho a partir de distintas matrizes beligerantes. Assim, este artigo apresenta a tendência a uma guinada pragmática – quer dizer, externa aos documentos oficiais – das políticas educacionais de formação profissional no Estado. TRABALHO, EDUCAÇÃO E JUVENTUDE: A “FLEXÍVEL” SOCIABILIDADE CONTEMPORÂNEA.

Igor Mateus Batista (PIBIC/Fundação Araucária – UNESPAR - Paranavaí), Prof. Dr. Renan Araújo (Orientador). E-mail:

[email protected]

24 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Em nossa pesquisa procuramos analisar a repercussão social relacionada à emergência do complexo de reestruturação produtiva e seus impactos na população juvenil residente em metrópoles “desindustrialidas” como a região do ABC (primeira parte da pesquisa) paulista e cidades do noroeste paranaense (segundo momento da pesquisa). De forma comparativa, relacionaremos os múltiplos significados da sociabilidade contemporânea do segmento juvenil, focando o mundo do trabalho, o perfil educacional/profissional e o modo de vida, enquanto processos contraditórios da sociabilidade contemporânea prenhe de particularidades em relação às populações juvenis residentes nas cidades do noroeste paranaense e nas metrópoles. A abordagem interdisciplinar, permite-nos recorrer a leituras das áreas da Economia, História, Sociologia, Educação. Da mesma forma, nossa investigação se apoia numa metodologia de investigação social de natureza quantitativa e qualitativa, com base nos dados coletados na pesquisa de campo (Questionários Sócio-Econômico) e do referencial teórico. A TRAJETÓRIA DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO BRASIL A PARTIR DOS LICEUS DE ARTES E OFÍCIOS ATÉ A SEGUNDA REPÚBLICA

Maria Carla Nunes Santos (UFMS) Elenir Machado de Melo (UFMS) orientadora

Este estudo objetiva abordar as raízes do ensino popular brasileiro como sinônimo de educação para o trabalho, instituído ainda na colonização e que perdura até os dias atuais, acentuando a elitização do ensino e relegando ao povo sua função de mão de obra para atender cada vez mais à expansão do capitalismo no país. Apontando ainda a impossibilidade da implantação de um ensino voltado para a politécnica. A pesquisa

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baseou-se em autores como Cunha (2000), Murasse (2010), Aranha (1996), Barbosa (1978), Silva (2009), Sales (2010), Romanelli (2002), Manacorda (1991) e Marx e Engels (1984). Utilizou como procedimento metodológico um levantamento bibliográfico do tema pesquisado, bem como um aprofundamento nas considerações de Marx sobre a educação politécnica. De maneira geral, considera-se que a criação dos Liceus de Artes e Ofícios no Brasil tornou-se a solução mais rápida para suprir a formação de mão de obra brasileira e o cunho assistencialista consubstanciou as bases fundamentais de cada uma dela. Foi marcado também pela a ausência de um ensino orientado para a verdadeira formação humana e destinou-se para um mero treinamento de pessoas, transformando o ensino profissional em um verdadeiro estratificador social após o advento da República. Palavras-chave: Liceus de Artes e Ofícios. Ensino profissionalizante. Brasil.

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO NO PARANÁ:

UMA ANÁLISE DIANTE DAS CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS EFETIVAS

Joice Estacheski (UEPG/SEED)

[email protected]

O presente trabalho visa socializar alguns resultados da pesquisa de mestrado desenvolvida pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A dissertação buscou analisar as Diretrizes Curriculares da educação profissional do Paraná de forma a estabelecer suas relações com o propósito teórico a que se destina. Faz-se imprescindível salientar que a proposta defende a formação omninilateral à classe trabalhadora, calcada assim nos princípios marxistas e fundamentada nas reflexões de Antonio Gramsci, tais

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como o trabalho como princípio educativo e formação do intelectual orgânico às classes trabalhadoras, por meio da oferta de cursos profissionalizantes na modalidade integrado (formação de nível médio e formação profissional). No entanto, as conclusões a que chegamos mostra-nos uma realidade de mera manutenção das desigualdades sociais via processo de formação profissional. Na prática o Estado não tem possibilitado condições favoráveis ao desenvolvimento da proposta institucionalizada, desde a formação continuada dos professores que atuam na referida modalidade de ensino, até as condições estruturais necessárias. O referencial bibliográfico utilizado permeou a produção de Gramsci (mais especificamente os cadernos 12 e 22) e seus leitores, assim como de Marx, no intuito de detectar as contradições postas pela política educacional institucionalizada.

PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA

Marci Batistão (UEL)

Maria José Ferreira Ruiz (UEL) Eliane Cleide da Silva Czernisz (UEL)

Camila Aparecida Pio (UEL) Aline Arantes do Nascimento (UEL)

O texto apresenta uma discussão de projeto que pretende analisar em 04 escolas de grande porte de Londrina e Região a proposta e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para a Educação Profissional. Apoiado em pesquisa e discussão bibliográfica, análise contextualizada da legislação educacional, de documentos escolares e de dados das entrevistas pretende responder aos seguintes questionamentos: Como vem sendo compreendida as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para a Educação Profissional? Que trabalho vem sendo realizado pela gestão da escola a partir

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de tais normativas? Como tais Diretrizes são contempladas no projeto político-pedagógico? Qual a compreensão dos professores sobre tal encaminhamento? Trata-se de um estudo importante para verificar como a escola tem compreendido as Diretrizes Curriculares recentemente aprovadas. Entre os resultados pretende-se obter dados sobre o encaminhamento do trabalho pedagógico nas escolas, elemento imprescindível para estudo e formação de licenciados e pedagogos. Busca-se também o aprofundamento de estudos sobre o ensino médio e profissional possibilitando com os conhecimentos obtidos construir uma escola que vislumbre um projeto pedagógico coerente com os anseios de cidadania de adolescentes e jovens. Palavras-chave: Política Educacional. Diretrizes Curriculares Nacionais. Trabalho.

LEI DA APRENDIZAGEM: um olhar na história

Janaína Cristina Buiar UTFPR - PPGTE – Curitiba - PR [email protected]

Nilson Marcos Dias Garcia

UTFPR – PPGTE e DAFIS; UFPR – PPGE – Curitiba - PR

[email protected]

São apresentados resultados de uma reflexão sobre as alterações relativas à legislação que regulamenta o trabalho dos adolescentes na sociedade brasileira. Tomando como referência os pressupostos de uma perspectiva histórico crítica, e pautando-se em pesquisa documental e em resultados de processos investigativos realizados anteriormente, procura-se analisar o movimento de interesses que estiveram em disputa na elaboração das diversas legislações que antecederam a vigente

28 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Lei Federal 5.598- Lei da Aprendizagem, e os seus reflexos na legislação atual. Caracterizando os momentos históricos em que foram elaboradas, são ressaltadas as mudanças que permitem a inserção legal de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. Finalizando, são explicitadas algumas das contradições existentes entre a legislação de proteção aos adolescentes e a realidade por eles vivenciada, que, por estarem atendendo às necessidades e interesses da produção, deixam de viver a fase pertinente às suas idades, para se tornarem, antecipadamente, trabalhadores adultos. Palavras-chave: Lei da Aprendizagem. Trabalhador aprendiz. Trabalho juvenil. Adultização precoce. Mercado de trabalho.

ESCOLA E TRABALHO: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE JOVENS NO ESTADO DO CEARÁ

Cícero Calou (IFCE- Fortaleza)

Tânia S.A.M.Brabo (UNESP-Marília) Neste artigo apresentamos algumas considerações sobre a avaliação do Projeto e-Jovem, pesquisa que está sendo desenvolvida em nível de Doutorado em Educação da UNESP. O e-Jovem é um programa de formação em informática e suas tecnologias, do Governo do Estado do Ceará em parceria com o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, que atende a jovens de 16 a 28 anos oriundos da escola pública e egressos do Ensino Médio. O curso tem uma carga horária de 1280 h/a e é desenvolvido em laboratórios das escolas profissionalizantes de Fortaleza e cidades do interior do Estado, com o objetivo de capacitar e propor a inserção destes no mundo do trabalho. O Projeto tem uma equipe de Coordenação, Supervisão pedagógica, Tutores, Produtores de conteúdos e Instrutores que ministram as aulas utilizando computadores e recursos da internet. Desde 2009, o projeto vem sendo implantado, hoje são mais de 5.000

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alunos atendidos por ano. O Projeto é validado pela Lei do Menor Aprendiz do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego. Hoje são 180 turmas de alunos distribuídos por 106 cidades do interior e na capital. Neste texto abordaremos as características fundamentais e as relações de formação que constitui o Projeto, buscando compreender o seu desenvolvimento e o movimento dos jovens no ambiente de preparação para o mundo do trabalho. Palavras-chave: Formação profissional. Trabalho. Educação. Justiça Social.

POLÍTICA EDUCACIONAL PAULISTA: A CONSOLIDAÇÃO DO MODELO GERENCIAL

DANTAS, G.K.G. UNESP/Marília. ([email protected])

Este trabalho é parte da Tese de Doutorado em Educação que investiga a Política Educacional Paulista, desde 1995 até 2012, mais especificamente a implementação das medidas efetivadas nos governos do Partido da Social Democracia Brasileira, incluindo a elucidação do ideário que lhe deu sustentação e direcionou a implantação das diretrizes educacionais. Defendemos a ideia de que as transformações profundas operadas na educação do Estado de São Paulo, nos últimos 18 anos, seguiram um ciclo, conforme o avanço alcançado em cada governo. Neste trabalho, deteremo-nos no ciclo de reforma, iniciada em 2011, em que se deu maior ênfase em valores do tipo gestionário (ou gerencialista). Sob essa ótica é que no Estado de São Paulo se realiza a modelagem institucional da Secretaria da Educação, tendo como premissa definida a Gestão de Resultado no desempenho do Aluno. Como procedimento metodológico adotamos a pesquisa bibliográfica e documental. A investigação revelou que a reforma da educação proposta para o Estado de São Paulo alterou substancialmente a escola pública, imprimindo-

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lhe uma feição mercadológica. Valeu-se, para tanto, do desmantelamento do sistema educacional, da pauperização e desvalorização econômica e intelectual de seus agentes. Tendo como base o desenvolvimento da política educacional do governo PSDB para o Estado de São Paulo, propomo-nos a examiná-la como um todo, desde 2011, numa perspectiva histórica, descrevendo as principais medidas do governo Alckmin e, posteriormente, analisando-as. TRABALHO E EDUCAÇÃO: O ENSINO PROFISSIONAL NO BRASIL

EM QUESTÃO Cílson César Fagiani

Robson Luiz de França

O artigo discute as relações entre trabalho e educação na medida em que foca a problemática da formação profissional e as demandas de qualificação para o mercado de trabalho. Faz-se um resgate histórico do processo de transformações estruturais do capitalismo e sua influência nas formas de organização técnica da produção e os desafios colocados à educação no intuito de investigar, identificar e problematizar seus impactos na formação profissional dos sujeitos sociais envolvidos nesse processo. A metodologia utilizada refere-se à revisão de literatura e análise documental. Considera-se que os estudos sobre as transformações na organização técnica da produção capitalista e seus impactos na formação e qualificação dos trabalhadores devem ter como referência as mediações existentes entre um fenômeno local articulado às transformações mundiais do modo de produção capitalista. Os resultados e conclusões apresentadas, ainda parciais, apontam que os cursos profissionalizantes em geral e os profissionalizantes técnico-agrícolas em particular tendem a formar fundamentalmente para atender demandas específicas do mercado de trabalho, as quais mudam rapidamente em função das inovações tecnológicas.

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TRABALHO DOCENTE E POLITICA EDUCACIONAL DO ENSINO MÉDIO INTEGRAL EM PERNAMBUCO

Katharine Ninive Pinto Silva – [email protected]

Jamerson Antonio de Almeida da Silva – [email protected]

Apresentamos resultados parciais de pesquisas desenvolvidas pelo Grupo Gestor/ CAA/UFPE em relação à Política Educacional em torno do Ensino Médio Integral, que vem sendo desenvolvida em Pernambuco. Trata-se de uma Pesquisa de Avaliação da Implementação da Política Educacional em curso, buscando verificar os impactos desta em relação ao Trabalho Docente. Os estudos indicam que o Ensino Médio está em maior evidência na Política Educacional como um todo, inclusive sendo alvo de experiências de ampliação de suas atribuições, sobretudo no contexto do projeto de desenvolvimento e emprego do país. Verificamos que a perspectiva que se coloca é a da garantia de uma empregabilidade como discurso alternativo à crise do desemprego presente no estado de Pernambuco. Dessa forma, o Governo do Estado vem apostando numa ampliação da jornada escolar para o tempo integral e numa integração com a educação profissional, ou mesmo numa inserção curricular do tema da empregabilidade, como saídas possíveis para a melhoria dos indicadores de qualidade da educação da rede estadual, frente às péssimas colocações do estado no processo de ranqueamento da educação brasileira. Palavras-chave: Trabalho Docente. Accountability. Ensino Médio. Educação Integral. Gerencialismo.

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GT 1 (C) TRABALHO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS Dia 28/05 / Coordenação:

Marcilene Rosa Leandro Moura

REFLEXÃO SOBRE A INTERVENÇÃO EMPRESARIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA A PARTIR DO CASO CENPEC

Thaylla Soares Paixão - UFJF ([email protected])

O presente artigo é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia intitulado “Uma Análise Sobre a Intervenção Empresarial na Educação Básica: O Caso Cenpec”. A proposta envolve investigar uma organização da sociedade civil de origem empresarial que desenvolve ações no âmbito da educação básica pública brasileira: o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), tendo em vista o projeto hegemônico neoliberal característico da atualidade. O objetivo é identificar e analisar o papel político desempenhado pelo CENPEC na educação brasileira, procurando apreender o seu padrão de atuação (o modus operandi). O referencial teórico-metodológico a ser utilizado é o materialismo histórico, por acreditar que ele possibilita apreender a totalidade da prática social, superando as manifestações fenomênicas. A pesquisa tem como fonte empírica de investigação os documentos de autoria do CENPEC. Acredita-se que a relevância deste trabalho consiste em elucidar as estratégias de interferência empresariais para a educação básica na atualidade, bem como produzir conhecimentos que permitam aclarar aspectos da complexa e contraditória realidade educacional brasileira. Palavras-chave: Intervenção empresarial. CENPEC. Neoliberalismo. Educação.

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APONTAMENTOS SOBRE A POLÍTICA DA INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL AO ENSINO MÉDIO NO PARANÁ

Eliane Cleide da Silva Czernisz - UEL

Isabel Francisco de Oliveira Barion - UEL/SME-LD Marci Batistão - UEL

Maria das Graças Ferreira Sandra Regina de Oliveira Garcia

Este trabalho apresenta dados de pesquisa desenvolvida cujo foco foi a análise da implantação da política de integração da educação profissional ao ensino médio em seis escolas estaduais do Paraná no período de 2003 a 2010. Duas delas situadas nas cidades de Londrina, duas em Curitiba, um colégio Agrícola em Toledo e um colégio Agrícola em Apucarana. Duas questões nortearam a pesquisa: Como se deu a integração entre a educação profissional e o ensino médio na rede estadual? Como as escolas organizaram o trabalho pedagógico para tal tarefa? A partir dessas questões a pesquisa foi desenvolvida tendo por base discussão bibliográfica, análise de documentos escolares e da análise de conteúdo das entrevistas. O referencial teórico utilizado discute o trabalho e as políticas para o ensino médio integrado à educação profissional. Os resultados da pesquisa demonstram que a integração ocorreu mas sua concretização também foi dificultada por questões relacionadas à organização escolar, à forma de contratação de docentes, aos tempo disponibilizado pelos docentes para o trabalho na escola, o entendimento da proposta, a formação dos docentes. Palavras-chave: Política educacional. Educação profissional integrada. Trabalho.

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EDUCAÇÃO SEXUAL NO CURRÍCULO BRASILEIRO: AVANÇOS E

RETROCESSOS

Elisangela de Araujo Guimarães Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Brasil

[email protected]

Este artigo tem como objetivo apresentar a importância da discussão sobre a inserção da Educação Sexual no Currículo Escolar e a função desta na formação de cidadãos conscientes a respeito de si. Neste sentido, apresento o percurso histórico da educação sexual no Brasil com seus avanços e retrocessos marcados pelo rigor da Igreja Católica. Dando continuidade, falo da formação do currículo como um campo que é atravessado por questões objetivas a partir das leis e normas curriculares e de questões subjetivas relacionadas às concepções de educação, crenças e valores atribuídos pelos agentes da educação formal. Em guisa de conclusão, enfatizo a dimensão ambivalente da educação formal, reconhecendo que, embora tenha sido uma das instituições nas quais se instalam mecanismos de controle sobre crianças, adolescentes e jovens em formação, a escola pode atuar de forma emancipatória junto a estes segmentos. Palavras-chave: Educação sexual. Escola. Currículo.

PANORAMA DAS RELAÇÕES DE FORÇAS NA POLÍTICA EDUCACIONAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: APORTES PARA SE

ENTENDER A “HERANÇA MALDITA”

Jane Santos da Silva/ UNIRIO [email protected]

A discussão que apresentamos tem como base a análise da expressão “herança maldita”, sinônimo dos aspectos negativos do governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo

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representantes do governo Lula, o legado de FHC, foi o motivo das ações impopulares promovidas ao longo de sua administração, inclusive na educação. Sendo assim, buscamos relacionar esta discussão com as políticas educacionais do período alicerçada pelo conceito de Antonio Gramsci de relações de força. Os pontos ponderados nessa comunicação fazem parte da nossa tese de doutoramento já defendida, intitulada Relações de força e políticas educacionais no Brasil: a Caixa de Pandora Brasileira.

A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS E SUAS CONTRADIÇÕES

Juliana Poroloniczak Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED)

O objetivo principal deste artigo é trazer algumas discussões sobre o que o Governo Federal aponta como diretrizes para o ensino de nove anos, por meio do documento Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade + 1 ano é fundamental, publicado em 2007, levando em consideração as dimensões políticas e conjunturais da implantação da obrigatoriedade do Ensino Fundamental de Nove Anos e as implicações pedagógicas na formação da criança, como um ser humano em desenvolvimento. Busca também, analisar diante dos limites desse artigo as contradições presentes na política educacional no que se refere a materialização da proposta dos documentos oficiais no “chão da escola”. Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos da pesquisa, o estudo realizado deu-se por intermédio de uma investigação de cunho bibliográfico caracterizado como “monografia de base”, Saviani (2002).

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O CONTROLE SOCIAL PELO CURRICULO OCULTO NA ESCOLA

Ana Carolina Teixeira dos Santos UNESP - Câmpus de Marília

É sabido por todos que a escola, por seu funcionamento e natureza, caracteriza-se como meio propagador de ideais e conhecimento, sendo tida, inclusive, por teorias e teóricos sociais como aparelho ideológico do Estado (Althusser, 1969). Por diferentes formas ela contribui para a manutenção da ordem vigente em seu contexto, dentre os quais temos o currículo, em suas diversas formas, dizendo-nos muito sobre a mesma, desde sua organização e nível de integração e de seus conteúdos com seu contexto, pressupondo-nos as praticas do seu currículo oculto, as mensagens subliminares das entrelinhas do currículo formal, dizendo-nos sobre a visão socializadora e política da escola. O objeto de estudo seriam as principais referencias bibliográficas a cerca do currículo oculto na escola como uma das formas de controle social exercida implicitamente na sociedade. Dentre os instrumentos desta pesquisa que se caracteriza como bibliográfica e documental estão a análise do conteúdo de livros tidos como referencia no assunto como VEIGA, 2005, e artigos amplamente citados sobre o tema como ROMANELLI, 1990, CASALI, 2009 e JAHEN, 2012, para o embasamento desta investigação sobre tema tão relevante não apenas para o campo cientifico da educação, mas para todas as outras áreas do conhecimento interligadas com o contexto social.

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PROGRAMAS DE FORMAÇÃO PARA A GESTÃO ESCOLAR: ENTRE AS CONQUISTAS DOS TRABALHADORES E O GERENCIALISMO NA

ESCOLA

Maria José Ferreira Ruiz Eliane Cleide da Silva Czernisz

Marci Batistão

No texto discutimos as respostas que o Estado oferece a fim de atender as demandas geradas a partir das lutas dos trabalhadores pela escola pública. Essas respostas ocorrem no formato de políticas e programas que anunciam ampliar a democratização da educação. Alguns destes projetos são direcionados à gestão da educação básica. O objetivo do texto é discutir sobre a concepção de gestão escolar que subjaz dois programas do Governo Federal voltados para a formação de diretores/gestores, sendo estes: o Programa Nacional Escola de Gestores e o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Estes programas seguem na esteira da denominada modernização do Estado, proposta pelos organismos multilaterais, que sugerem a adoção do gerencialismo - processo por meio do qual as instituições públicas têm incorporado aspectos da cultura empresarial competitiva. Sabe-se que a reestruturação do trabalho que acompanha a crise do capital conduz a relações sociais de produção que visam incorporar a eficiência, a eficácia, a pro atividade, tudo com o intuito de otimizar a produção, diminuindo custos e aumentando lucro e que essa lógica vem sendo aplicada também no setor público. Assim, a atividade teórico-prática da gestão empresarial tende submeter os trabalhadores sob o domínio dos gestores e sob o controle do capital.

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AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DAS EDUCADORAS EM TURMAS DE PRÉ DA REDE MUNICIPAL DE CURITIBA

Thays Teixeira de Oliveira (PPGTE/UTFPR)

Celso João Ferretti (PPGTE/UTFPR)

O presente artigo apresenta resultados parciais de pesquisa de mestrado. Seu objeto de estudo são as condições de trabalho das educadoras na Rede Pública Municipal de Curitiba em comparação as condições de trabalho das professoras que trabalham conjuntamente com estas nas turmas de pré, no interior dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIS), buscando similitudes e dessemelhanças no exercício de suas funções. Para tal, busca-se analisar a concepção de Educação Infantil exposta em documentos oficiais e em autores de referência com relação à separação entre o cuidar e educar, bem como sobre o trabalho docente, mais especificamente na Educação Infantil à luz das categorias precarização, proletarização e intensificação do trabalho docente e buscando descobrir se tais categorias perpassam tal divisão social do trabalho.

O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO PAULISTA E A FORMAÇÃO PARA O

TRABALHO A PARTIR DO PROJETO “O CINEMA VAI À ESCOLA”

Marcilene Rosa Leandro Moura Programa de Pós-Graduação em Educação

Universidade Federal de São Carlos [email protected]

Este artigo, busca ainda de forma preliminar, discutir a utilização da linguagem cinematográfica no currículo do Ensino Médio das escolas da rede pública estadual de São Paulo, por meio do Projeto “O Cinema Vai à Escola”, desenvolvido à partir de 2008 pela Secretaria de Estado da Educação. Utilizou-se para esta

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discussão os materiais produzidos pela SEE/SP entre 2007 e 2010, e pode-se supor, que o trabalho proposto por esta Secretaria – atendendo inclusive à determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, que considera como um dos objetivos do Ensino Médio a formação ética e o desenvolvimento crítico e intelectual dos alunos – valoriza o desenvolvimento da competência leitora e escritora dos alunos, buscando, por meio da utilização da sétima arte, a discussão de temas transversais e conteúdos interdisciplinares desenvolvendo nos mesmos seu senso estético e sua atitude crítico-reflexiva. Palavras-chave: Educação. Cinema. Curriculo.

O PARFOR NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA: PERCURSOS E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA

EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA Ana Lucia Ferreira da Silva

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Marleide Rodrigues da Silva Perrude Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Regina Célia GuapoPasquim Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Esse artigo relata as ações do projeto de pesquisa que analisa o Programa Emergencial de formação de professores (PARFOR) ofertado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Objetiva compreender a estrutura da política e suas características organizacionais, identificar os fatores que facilitam ou dificultam seu desenvolvimento. O estudo é norteado pelas seguintes indagações: Que aspectos delineados por esta política podem ser considerados desafios para formação de professores? Haveria divergências entre os documentos regulamentadores e as ações do PARFOR? Em que medida suas ações permitem aos professores alunos repensarem sua ação docente? Propõe-se a análise

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bibliográfica sobre a política de formação de professores, identificando e analisando instrumentos legais de regulamentação do funcionamento do PARFOR no âmbito Federal e no Estado do Paraná, além de reunir e analisar os relatórios referentes ao processo de implantação e o desenvolvimento do Programa no período de 2009-2012 na UEL. Partindo dos estudos de Offe (1984, 1990), Arretche (2001), Netto, (2003), Barreto (2008), Freitas (2002), Schaibe (2010), Brzezinski (2008) Scaff (2011) e outros estuda-se a implementaçao dessa política no contexto da sociedade capitalista que amparada nos princípios neoliberais ressignificam as funções sociais da educação e da formação docente. Palavras-chave: Política pública. Formação de professores. Avaliação. PARFOR.

A PEDAGOGIA VAI AO PORÃO: NOTAS CRÍTICAS SOBRE AS ASSIM CHAMADAS “PEDAGOGIA EMPRESARIAL” E “PEDAGOGIA

EMPREENDEDORA”

Alessandro de Melo – PPGE/UFPR/UNICENTRO Luciani Wolf – PPGE/UFPR

O artigo reporta-se a um exame crítico das chamadas “Pedagogia empresarial” e da “Pedagogia empreendedora”, e tem como objetivo demonstrar como categorias de análise a naturalização das relações sociais, a concepção biologicista/naturalista de ser humano e uma concepção política adaptacionista. Critica-se ainda a ausência de um debate teórico denso no seio destas correntes, que na ampla “literatura” existente no mercado editorial não fazem mais que fornecer receitas práticas para a solução de problemas ou aparecer como “auto-ajuda” para os que querem um lugar ao sol no excludente mundo do trabalho. A ideia destas correntes é reforçar a naturalização do individualismo, alimentando uma corrida neodarwinista pela sobrevivência no constantemente cambiante mundo do trabalho. A metodologia adotada para a crítica foi a leitura extensiva da

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 41

literatura existente e a compilação das categorias já apresentadas, que, conjuntamente, são uma demonstração de como a educação e seus intelectuais podem se tornar veículos da reprodução do sistema do capital. Palavras-chave: Pedagogia empresarial. Pedagogia empreendedora. Educação e Trabalho.

A METAMORFOSE DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA: A EDUCAÇÃO COMO VIABILIZADORA DE TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL.

Karin Santana Santos [email protected]. UNESP- Marília.

Pretendemos situar o trabalho na sociedade capitalista, enfatizando que este não acolhe a especificidade de ser um agente humanizante que, leva o homem a transcender sua condição natural. Nesta categoria societária o velho jargão o “trabalho dignifica e enobrece o homem” cede espaço a produção de mais- valia, já que todo trabalho excedente se consolida no conceito de valor, e este vem cristalizar-se no trabalho humano, que sucessivamente se incorpora a um produto. Almejamos comprovar que o trabalho passa por uma metamorfose, onde a base Fordista entra em colapso e a produção em massa, padronização, cedem lugar a Toyotização, que visa atender a um mercado diferenciado, estocando o mínimo, isso no melhor tempo (Just in time) com máxima qualidade, flexibilizando a polivalência, aumentando a mecanização, gerando um processo de superexploração e subproletarização. Finalizamos com a ideia de a educação e a formação política do cidadão é uma das bases para que ocorra uma modificação contextual. Palavras-chave: Educação. Metamorfose. Trabalho.

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OS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO PARA ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROJETO

POLÍTICO-PEDAGÓGICO (P.P.P.) NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Mírian Queiroz de Souza Daniel (e-mail: [email protected])

Fernando Selmar Rocha Fidalgo (e-mail: [email protected]) Este artigo foi construído a partir de parte das análises da pesquisa de mestrado que investigou os processos da gestão escolar democrática a partir de uma amostra de 56 Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de alunos egressos do Curso de Especialização em Gestão Escolar, no período de 2008 a 2010, da Faculdade de Educação/UFMG. Nesta análise, consideraram-se os discursos expressos nestes trabalhos finais a partir da categoria “trabalho” em um dos eixos de análise referente à elaboração, implementação e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP). Os procedimentos metodológicos que nortearam a análise dos dados foram os da pesquisa qualitativa, com o auxílio da técnica de Categorização da Análise de Conteúdo. Esta análise evidenciou os desafios na construção de um trabalho pedagógico coletivo e apontou indícios de uma individualização, intensificação e precarização dos processos deste trabalho coletivo na gestão escolar democrática da educação básica. Para que os processos de uma gestão escolar democrática se efetivem é preciso construir espaços de participação efetivos entre a escola e as instâncias sistêmicas que coordenam a escola e há que se ter um diálogo bem presente entre tais órgãos no intuito de capacitar esses trabalhadores numa construção de gestão compartilhada. Palavras-Chave: Gestão Escolar Democrática. Trabalho do gestor escolar. P.P.P.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 43

A EDUCAÇÃO NA PRATELEIRA: O Serviço Social frente a Mercantilização do Ensino Universitário

Rossana Lopes Pereira de Souza

Este artigo tem como objetivo debater acerca da contrarreforma universitária brasileira e da formação profissional do assistente social. Analisa os caminhos da educação Superior no Brasil, a partir da década de 90, através de documentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e de autores como David Harvey (2001) e István Meszáros (2012). Evidencia o desmonte das Educação enquanto direito e seus laços com as agências financeiras internacionais e os rebatimentos nos cursos de Serviço Social. Palavras-chave: Contrarreforma Universitária Brasileira, Formação e Serviço Social.

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GT 1 (D) TRABALHO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS Dia 28/05 / Coordenação:

Elias Canuto Brandão EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL: PROJOVEM CAMPO –

SABERES DA TERRA NO CONTEXTO DO PDE 2007

Fabiano de Moura Goulart Fabiane Santana Previtali

O texto pretende problematizar a implantação e execução do Programa “ProJovem Campo – Saberes da Terra”, em Minas Gerais à luz do Plano Nacional de Educação (PDE), a partir da análise crítica desenvolvida por Saviani (2009) sobre o plano. A questão central situa-se na adequação desta iniciativa enquanto concepção de política pública para o setor e busca subsídios para a caracterização dos sujeitos destas políticas no contexto das transformações recentemente ocorridas no meio rural em decorrência da expansão do capital internacional. Palavras-chave: Educação. Desenvolvimento rural. PDE.

A OCUPAÇÃO DA ESCOLA PELO MST E A MATERIALIDADE DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO PARANÁ

Maria Edi da Silva Comilo Vanderlei Amboni

O estudo aqui apresentado traz a construção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST na conquista da terra e na ocupação da escola. Assim, a escola do e no MST no acampamento/assentamento constituem uma modalidade no interior da Educação do Campo, construída a partir da LDB 9394/96. Para tanto, as reflexões feitas partem dos documentos

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 45

do MST e dos pesquisadores da escola do campo no território do MST e na educação do campo, nos marcos da institucionalização estatal, enquanto política pública no campo do direito constitucional. Neste sentido, a luta dos povos do campo se constitui como direito à educação no campo, portanto no seu local e em contato com sua realidade histórico-social; e do campo, pois traz o campo como processo pedagógico, cujas relações sociais passam a ser objeto de conhecimento. Com isso, a educação do campo ganhou visibilidade e materialidade na educação pública, mas ela não se universalizou, persistindo a lógica burguesa da educação rural. Palavras-chave: Terra; MST; Acampamento; Trabalho; Educação.

A RELAÇÃO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA ESCOLA ITINERANTE DO MST PARANÁ

Valter de Jesus Leite Vanderlei Amboni

Neste trabalho buscamos compreender como a Escola Itinerante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, diante da complexa atualidade apresentada no mundo do trabalho e suas múltiplas influências sobre a educação escolar, associa às contradições expressas na realidade para acumular conhecimentos e incorporar o trabalho como referência no processo educativo. Dessa forma, nossa pesquisa apresenta e leitura acadêmica sobre a Escola Itinerante e de entrevistas dos que fazem a Escola Itinerante, os educadores do MST. Diante das circunstâncias objetivas que limitam a Escola Itinerante, constatamos uma notável relevância de suas práticas pedagógicas que propõem articular o trabalho humano aos conhecimentos escolares. Nesse sentido, compreende-se que essas práticas demonstram iniciativas fecundas rumo à construção de uma

46 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

nova forma de organização do trabalho didático-pedagógico, apresentando possibilidades de forjar táticas e estratégias na construção da proposta pedagógica do MST. Palavras-chave: Escola Itinerante. Educação. Trabalho. Formação humana.

O ESTADO E A BANALIZAÇÃO DO CONCEITO EDUCAÇÃO DO CAMPO X EDUCAÇÃO RURAL

Elias Canuto Brandão

A Educação do Campo com 16 anos e sofre corrosões do Estado à medida que este coopta o conceito, o desvirtua e o banaliza junto às escolas do campo. É o que discutiremos neste estudo, visto que a Educação do Campo vai além dos livros didáticos à medida que adiciona discussões das culturas e realidades sociais e políticas regional, nacional e global. Quando uma escola no campo ou que atende grande maioria de alunos proveniente do campo, seja do ensino infantil, fundamental, médio, técnico ou superior não permeia a realidade social e política que atinge os povos do campo no bojo da aprendizagem, não é Educação do Campo e sim educação rural ou urbana. É denominada do Campo quando permeia e acontece onde os camponeses, índios, seringueiros, quilombolas, ilhéus, pescadores, assentados e bóias-frias residem e trabalham, sejam em aldeias, agrovilas, distritos, patrimônios, comunidades ou periferias dos grandes, pequenos ou médios centros, sem que seus filhos e eles próprios sejam transportados para estudar em escolas distantes de onde habitam. Palavras-chave: Educação do Campo. Educação Rural. Banalização. Estado.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 47

TRABALHO E EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO: GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA X AS POLITICAS NEOLIBERAIS

Tatiane de Amorim Luiz Benteo

Fabiano de Jesus Ferreira Elias Canuto Brandão

O artigo em questão discute o trabalho do gestor nas escolas do campo no Brasil, perpassando suas características e desenvolvimento, demonstrando as diferenças entre gestão, gestão democrática e gestão democrática participativa. Por meio de autores como Libâneo, Oliveira, Cruz, Martins, Viera, Paro entre outros e de leis como a Constituição do Brasil e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, perpassamos análises da gestão da educação voltadas ao campo e constatamos que a gestão democrática participava acontece na sua maioria em escolas do campo, vez que nestes locais as reivindicações dos movimentos sociais do campo alcançam uma educação crítica e politizadora com mais inserção social e política. Palavras-chave: Gestão escolar. Movimentos sociais. Educação do campo.

OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS E POLÍTICOS QUE ORIENTAM A RELAÇÃO TRABALHO-EDUCAÇÃO NO ARRANJO PRODUTIVO

LOCAL (APL) DE CONFECÇÕES DO AGRESTE DE PERNAMBUCO

Roberta Soriano Macedo

Universidade de Pernambuco [email protected]

Angela Santana do Amaral

Universidade Federal de Pernambuco [email protected]

48 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Desde o início do novo milênio, a experiência produtiva do Arranjo Produtivo Local (APL) de Confecções do Agreste de Pernambuco tem destacado a educação como aspecto-chave do desenvolvimento. Este trabalho visa explanar os fundamentos teóricos e políticos que orientam a relação trabalho-educação, no contexto do chamado novo-desenvolvimentismo. Orientado sob uma perspectiva histórico-crítica, as estratégias metodológicas do estudo foram a pesquisa bibliográfica – a qual nos possibilitou dialogar com autores da tradição marxista, tais como Antunes (2011), Mota (2006), Silva (2011), Neves e Pronko (2008), entre outros -, além da pesquisa documental em sites e jornais de circulação local e entrevistas qualitativas com trabalhadores, dirigentes de instituições de ensino e de associações empresariais. Concluímos que, naquela experiência, o trabalho - categoria ontológica fundante do ser social - é expropriado da classe trabalhadora, sob as bases de uma superexploração, e a educação, prática social e histórica definida no conjunto das relações sociais, reduzida a fator de produção. Nesse processo, ganha relevo o discurso do empreendedorismo e da empregabilidade, conceitos que visam construir um “novo tipo de trabalhador” requerido pela sociabilidade capitalista contemporânea.

TRABALHO E EDUCAÇÃO: PROFESSORES DOS SUJEITOS DO CAMPO, DILÊMAS E CAMINHOS POSSÍVEIS

Fabiano de Jesus Ferreira

Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí Contato: [email protected]

Elias Canuto Brandão

Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 49

A formação de professores é um tema em destaque no meio acadêmico. Em meio a tantas produções uma porcentagem insignificante está voltada a pesquisas da formação de professores que atende a população do campo. Para o desenvolvimento desta pesquisa, recorremos à abordagem qualitativa, além do apoio bibliográfico de autores que, tem como característica de pesquisa e escrita o privilégio aos aspectos contraditórios na análise crítica de informações. A revisão da literatura indicou que o foco das pesquisas, especialmente após a metade da década de 1990, é voltado à “prática” docente, relação teoria e prática, relações entre os conteúdos ensinados nas universidades e a “realidade” escolar, ou seja, o foco principal vem sendo as “práticas” dos professores regentes na educação básica pública brasileira e a relação com o ensino sejam na formação de professores no sentido amplo, quanto voltada à Educação do Campo. Os estudos demonstram que a formação de professores está aquém do desejado para as necessidades que as escolas urbanas e rurais demandam, acarretando prejuízos incalculáveis a educação escolar pública do Brasil.

CAMPANHA NACIONAL DA EDUCAÇÃO RURAL, RURALISMO

PEDAGÓGICO E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RUPTURAS E CONTINUIDADES

Dayane Santos Silva Dalmaz

Mestranda em Educação – UNICENTRO E-mail: [email protected]

O presente estudo tem como objetivo analisar a proposta da Campanha Nacional de Educação Rural e o Ruralismo Pedagógico que ocorreu o período de 1930 e 1960, bem como, verificar se a Educação do Campo tem configurado-se como uma proposta de ruptura ou de reprodução da Educação Rural. Para aprofundar a análise, utilizaremos como método, o materialismo histórico

50 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

dialético, e trabalharemos com as categorias de contradição e historicidade. Como fontes de estudo e fundamentação teórica, utilizaremos algumas dissertações e teses de doutorado e as autoras Ribeiro (2010) e Barreiro (2010), que discutem e pesquisam a temática. Esta pesquisa visa apresentar algumas considerações acerca da Educação do Campo, e ainda, contribuir mesmo que minimamente, para que a Educação do Campo supere os ranços da Educação Rural e construa uma educação da classe trabalhadora, para a classe trabalhadora. Palavras-Chave: Educação do Campo. Educação Rural. Política Educacional.

EDUCAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA NO MST SOB AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NO BRASIL, NA DÉCADA DE 1990

Fabiana de Cássia Rodrigues

[email protected] Professora Substituta da Faculdade de Educação - Unicamp

Este artigo traz uma reflexão sobre a luta pela educação e pela Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) nos anos em que o ideário neoliberal passou a constituir diretriz das políticas governamentais. Se de um lado, a ofensiva neoliberal foi decisiva para intensificar os conflitos pela terra, ela também foi responsável por dotar a luta pela educação no MST de características com alto teor subversivo. Pretende-se levantar alguns aspectos para a discussão sobre como a luta pela Reforma Agrária condicionava as diretrizes educacionais do MST. A luta do Movimento centrou-se nas ocupações que tornaram-se sua matriz organizativa e educacional. Enfocamos a década de 1990, apresentando nexos entre as lutas pela terra e a proposta educacional do MST, a partir das principais ideias que compõem a sua pedagogia, conforme sistematizada pela educadora Roseli Caldart.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 51

A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PÚBLICA NA EDUCAÇÃO DAS CLASSES TRABALHADORAS DO CAMPO E CIDADES SOB AS

CONCEPÇÕES LIBERAIS E PROGRESSISTAS

Ezilda Franco Pellim [email protected].

Elias Canuto Brandão.

[email protected]

Este artigo analisa as dificuldades vivenciadas pela escola pública, no que se refere ao cumprimento da sua função social. Parte do princípio de que é necessário superar o senso comum presente na escola, buscando fundamentos teóricos consistentes para elucidar a prática pedagógica que ofereça uma educação de qualidade social e política aos que mais precisam da escola pública, os filhos dos trabalhadores do campo e das cidades. Para tanto, partimos de uma síntese da história da educação no Brasil, analisando a função social da escola em cada contexto histórico considerando as principais concepções de educação e suas pedagogias, buscando nas pedagogias progressistas e seus autores Dermeval Saviani, Paulo Freire, Miguel Arroyo, Neidson Rodrigues e Vitor Paro, o sentido para a compreender e discutir a educação pública, levando em conta que elas devam estar voltadas para contribuir com a educação das classes trabalhadoras. A pesquisa é resultado de análises teóricas e da prática no chão da escola, por meio das observações realizadas com o trabalho didático-pedagógico no dia a dia, sistematizadas após estudo dos referenciais teóricos, visando possíveis mudanças na práxis educativa.

52 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

TRABALHO E EDUCAÇÃO A PARTIR DE JOVENS EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO RURAL NO INTERIOR DA AMAZÔNIA

Waldeyzi Sena Willock – [email protected] Universidade Federal do Pará, Campus Castanhal

Carlos Renilton Freitas Cruz – [email protected]

Universidade Federal do Pará, Campus Castanhal A educação das populações do campo sempre esteve à margem do debate educacional do país, uma vez que os sujeitos que habitam o meio rural foram (e são) considerados atrasados em relação à população urbana. Por isso, a escola sempre foi escassa, particularmente a de nível médio, os docentes pouco qualificados e os recursos didáticos praticamente inexistentes. Os jovens que concluem a educação básica em escolas rurais quase sempre buscam o meio urbano como ancoradouro de um futuro profissional seguro e menos penoso. Nesse contexto o estudo busca compreender como jovens egressos do ensino médio ofertado no meio rural em uma escola do município de Igarapé-Açu, estado do Pará, percebem a relação entre trabalho e educação de acordo com a contribuição dos ensinamentos ofertados pela escola para a prática profissional que desenvolvem atualmente. Para tanto, optou-se pelo estudo de caso que, através da pesquisa, ouviu 38 jovens. Os resultados apontam à fragilidade que a escola de ensino médio rural apresenta quanto aos aspectos formativos do cidadão crítico na sociedade, fato que repercute, na maioria dos casos analisados, na atuação no mundo do trabalho, que por vezes é considerado somente fora do meio rural. Palavras-chave: Trabalho. Educação. Jovens. Ensino Médio.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 53

O AVANÇO DO CAPITALISMO NO CAMPO BRASILEIRO E A FORMAÇÃO DO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA.

Maria Madalena da Silva

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências.

Elisângela Ferreira Floro Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e

Ciências. As transformações políticas, econômicas e sociais instauradas no Brasil nas últimas décadas demandaram mudanças em todas as áreas da atividade humana. Nesse cenário insere-se a reforma da Educação Profissional. Preconizada pela Lei 9.394/96, regulamentada pelo decreto 2.208/97, e em seguida pelo decreto 5.154/04, os estudos desenvolvidos por Frigotto (2005), Manfredi (2002), Sobral (2004, 2008 e 2009), e Caldart (2004, 2008, 2010 e 2012), mostram que a principal meta da Educação Profissional no país, continua sendo, preparar mão-de-obra qualificada, para atender as novas exigências do capitalismo contemporâneo. Este texto traça um panorama histórico da educação profissional brasileira pós-1960, tendo como foco o ensino agrícola, buscando estabelecer a relação entre as transformações ocorridas no campo, a legislação dela decorrente, e a influência desses fatos na formação do Técnico em Agropecuária. Neste sentido busco apreender da concepção de Educação do Campo, desenvolvida atualmente pelos Movimentos sociais do campo, elementos que possam contribuir para repensar o Projeto Político Pedagógico do curso de Técnico em Agropecuário integrado ao Ensino Médio do IFCE/Campus Iguatu, na perspectiva da emancipação humana. Palavras-chave: Capitalismo. Educação Profissional. Técnico em Agropecuário.

54 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

CAMPANHA NACIONAL DA EDUCAÇÃO RURAL, RURALISMO PEDAGÓGICO E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RUPTURAS E

CONTINUIDADES

Dayane Santos Silva Dalmaz Professora-Pedagoga, Especialista em Educação do Campo e Gestão Escolar

Mestranda em Educação - PPGE – UNICENTRO E-mail: [email protected]

A educação brasileira no início do século 20 foi marcada pelas novas exigências do capital no processo de industrialização. Para atender as demandas econômicas e sociais da época, era necessário modernizar e inserir o país na lógica do capital, bem como, oferecer instrução mínima à população brasileira que era dominantemente rural. É neste contexto que o presente estudo se insere, pois busca verificar alguns elementos de continuidade e ruptura entre a proposta de Educação Rural da década de 1950, e a proposta de Educação do Campo, conquistada pelos movimentos sociais, que teve seu início na década de 1990. Para situar a análise, utilizaremos a obra de Barreiro (2010), entre outros que apresentam o cenário histórico da Campanha Nacional de Educação Rural (CNER). Em termos de procedimentos teórico-metodológicos, trabalharemos com as categorias do materialismo histórico dialético, a contradição e a historicidade. Podemos considerar que, embora os movimentos sociais visem imprimir uma educação da classe trabalhadora e anti-capitalista, observa-se que os organismos internacionais se fazem presentes na elaboração e na implantação de políticas educacionais para a educação do campo no Brasil.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 55

TRABALHO E EDUCAÇÃO: UM OLHAR A PARTIR ECONOMIA POPULAR

Christiany Regina Fonseca – IFMT

Edson Caetano – UFMT

Este trabalho tem por objetivo discutir sobre os camelos e ambulantes e sua relação com o trabalho e a educação na perspectiva da experiência e da produção de saberes, buscando compreender a “sobrevivência” da Economia Popular frente à ordem do capital que a partir da reestruturação produtiva tem tornado cada vez mais precarizado o trabalho assalariado e vem obrigando muitos trabalhadores a buscarem alternativas para sobreviver e assegurar a produção material e imaterial da vida. O referencial teórico-metodológico se apoia na literatura nacional acerca dos temas: Trabalho, Educação, Economia Popular, Reestruturação Produtiva e Produção de Saberes. Trata-se de pesquisa qualitativa, sendo utilizada revisão bibliográfica, pesquisa de campo por meio de observação participante e entrevistas que constituíram os métodos e as principais técnicas utilizadas. Entende-se que os processos pedagógicos também se constituem como um elemento da cultura do trabalho, mediando às condições objetivas e subjetivas do processo produtivo, sendo a dinâmica do trabalho fonte de saberes adquiridos e produzidos no próprio processo de trabalho, no qual os camelos e ambulantes estão inseridos nesta perspectiva. Palavras-chave: Trabalho. Educação. Camelos. Produção de Saberes.

56 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

GT 2 SINDICALISMO, MOVIMENTOS SOCIAIS E FORMAS DE RESISTÊNCIA

Dia 27/05 / Coordenação: Ariovaldo Santos

TRABALHADORES RURAIS E SINDICATO: CONFIGURAÇÕES SINDICAIS EM UM UNIVERSO NEOLIBERAL

Luciano Ferreira Rodrigues-Filho

Mestrado em Psicologia Social - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

[email protected]

O artigo que leitor está prestes a ler irá abordar questões contemporâneas sobre uma sociedade imersa em um sistema capitalista, com políticas de Estado neoliberais, onde existe a participação mínima do Estado, sendo o social e suas relações mediadas pelas concorrências perversas de um mercado econômico livre de qualquer interferência dos Estados. Estas políticas neoliberais são vertentes das diversas mutações do sistema capitalista que, no Brasil se intensificou no final da década de 80, mas precisamente, com o governo de Fernando Collor. Com o mercado livre de qualquer interferência do Estado, a classe de trabalhadores sofre com a falta de políticas intervencionistas em prol das condições de trabalho, da mesma forma, os sindicatos e suas respectivas classes são enfraquecidos com as políticas neoliberais, deixando assim, de ser um órgão que luta pela dignidade humana do trabalhador para tornar um sindicato-organização. O sindicato-organização acaba tendo seu funcionamento pautado nos moldes organizacionais, tendo como foco os resultados obtidos a fim de sua sobrevivência no mercado - sistema. Para esta análise, foi utilizado o método do materialismo histórico-dialético tendo como ponto de partida as questões ontológicas do ser social, através de uma análise sobre

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 57

a totalidade do fenômeno abordado. Bem como, para conhecer a estrutura atual e amarrar com as mediações universais, foram realizadas entrevistas com o presidente e com o advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jacarezinho - Pr, para compreender o papel dos sindicato nas atuais condições dos trabalhadores rurais frente ao êxodo rural ocasionado pela mecanização dos canaviais e por novas oportunidades que aparecem nas cidades. Com isto, a monografia pode compreender o complexo fenômeno social com o sistema capitalista, da mesma forma, cominação de um Estado mínimo e de um sindicato sem forças para lutar pelos ideais da classe trabalhadora, sendo o elo mais fraco a própria classe trabalhadora que se vê só nesta jornada em busca de dignidade no trabalho. Palavras-chave: Sindicato. Estado Neoliberal. Cana de açúcar. Cortador de cana. Materialismo histórico-dialético.

O SINDICALISMO MINEIRO FRENTE AO GOVERNO EVO MORALES: EXPERIÊNCIA, CONFLITO E IDENTIDADE CLASSE.

Joallan Cardim Rocha

A chegada de Evo Morales à presidência da Bolívia em 2006 teve profunda relevância politica e histórica, impactando o conjunto dos movimentos sociais e sindicais. Esta pesquisa pretendeu analisar a relação dos trabalhadores da mineração e suas organizações sindicais com o governo Evo Morales entre 2006 e 2010, período onde aqueles protagonizaram uma série de conflitos e mobilizações que, por vezes, tiveram um forte caráter politico, contribuindo para a rearticulação de sua identidade como classe. Trata-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, combinando análise documental (teses congressuais, jornais locais, declarações de sindicatos e dirigentes), entrevistas semiestruturadas com trabalhadores mineiros e com dirigentes

58 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

sindicais do distrito de Huanuni e observação direta das manifestações, assembleias e cursos de formação sindical. Tomamos como referência teórica o conceito de “experiência de classe” de Edward P. Thompson, que permite analisar os comportamentos sociais e a luta de classes a partir das acumulações histórica prévias, objetivas ou subjetivas. A análise dos resultados possibilitou verificar que a relação entre os trabalhadores mineiros e o governo/MAS esteve marcada por dilemas e tensões com posturas que variaram desde o enfrentamento direto aos acordos e pactos eleitorais.

PRECARIZAÇÃO E TERCEIRIZAÇÃO NA COLETA DE LIXO DOMICILIAR URBANO EM PRESIDENTE PRUDENTE/SP: UMA

REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA SINDICAL

João Vitor Ramos da Silva Antonio Thomaz Junior

O presente texto é parte da pesquisa de mestrado intitulada "Espacialidades e Territorialidades do Trabalho com a Coleta de Lixo Domiciliar Urbano em Presidente Prudente/SP: Invisibilidade Social e Saúde do Trabalhador" e pretende apresentar uma reflexão crítica acerca da relação entre terceirização, precarização do trabalho e o posicionamento político do sindicato dos coletores de lixo domiciliar urbano da cidade. A consulta à literatura especializada e à bancos de dados fizeram parte da metodologia, juntamente com uma entrevista realizada com a presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Trabalhadores na Limpeza Urbana e na Manutenção e Execução de Áreas Verdes de Presidente Prudente e Região (SIEMACO). Assim, buscamos traçar um quadro evolutivo da terceirização em geral; do fenômeno no Brasil; de seus desdobramentos à saúde dos trabalhadores; de sua situação jurídica atual no país; além do posicionamento do sindicato

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 59

frente à questão da terceirização na prestação de serviços. Se é necessário fazer as devidas contextualizações históricas, visando fugir da culpabilização individual, fato é que o SIEMACO apresenta posturas incompatíveis com o que se espera de uma instância organizativa dos trabalhadores, historicamente importante na luta de classes, como é o sindicato.

CUT: ESTADO, DESENVOLVIMENTO E A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL DE 2002-2010

Rômulo de Souza Castro – CPDA/UFRRJ

[email protected] Este trabalho é uma reflexão inicial a partir da pesquisa que visa elaborar uma tese de doutorado em Ciências Sociais para o programa de pós-graduação de Ciências Sociais em Agricultura, Desenvolvimento e Sociedade (CPDA). O tema da pesquisa está situado no campo de estudos da questão agrária, sindicato e desenvolvimento, com ênfase na ação sindical da CUT no governo Lula (2003-2010). O objetivo deste projeto é analisar a relação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) com o Estado no Brasil no processo de desenvolvimento capitalista durante o governo do Partido dos Trabalhadores (2003 – 2010). Tendo em vista, particularmente, a manutenção da estrutura fundiária brasileira dentro de uma política estratégica de desenvolvimento, que privilegia o setor industrial, em vigência a partir da aliança desta central com setores estatais e empresariais a partir da elaboração da Carta ao Povo Brasileiro, de 2002. Para isso, utilizaremos como referencial teórico o materialismo sociológico desenvolvido a partir dos escritos de Proudhon e Bakunin.

60 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O "PONTO ZERO" DO CAPITALISMO SENIL, AS RECENTES MANIFESTAÇÕES E PROTESTOS DE MASSA NO BRASIL

José Alex Soares Santos

Faculdade de Educação de Itapipoca/Universidade Estadual do Ceará

[email protected]

Francisca Geny Lustosa Universidade Federal do Ceará [email protected]

O capitalismo senil aproxima-se de uma fase apocalíptica, ou seja, do seu "ponto zero". Partimos desse enunciado, na tentativa de compreender o significado político-ideológico mais profundo das recentes manifestações e protestos de massa conhecidos como "jornadas de junho", com forte participação da juventude nas ruas, bem como a emergência deste movimento e seus resultados sociais e políticos. O pressuposto aqui anunciado, adota a perspectiva metodológica crítico-interpretativa, focada na abordagem político-filosófica de Slavoj Žižek. Seguindo essa linha teórica analisamos textos jornalísticos publicados nas revistas "Carta Capital", "Caros Amigos: a primeira à esquerda" e no tabloide "Le Monde Diplomatique Brasil". Apresentamos como síntese deste esforço crítico que tais manifestações, na perspectiva žižekiana, constituem um paradoxo: o "sonho da emancipação" e o "pesadelo da destruição obscura". Como são apenas um prenúncio do início, não se sabe muito bem qual será seu desfecho final. Os caminhos são incertos... Diante desse quadro em aberto, indagamos: qual o legado político desses protestos para a classe trabalhadora e para a atuação da classe política brasileira? O que está sendo orquestrado pelos movimentos sociais para junho de 2014 no Brasil, período em que acontecerá os jogos da Copa do Mundo? Palavras-chave: Capitalismo global. Manifestações de massa. Jornadas de junho.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 61

O MOVIMENTO ESTUDANTIL E O MOVIMENTO EMANCIPATÓRIO DO TRABALHO: UMA LEITURA A PARTIR DE

ISTVÁN MÉSZÁROS

Jordana de Souza Santos Mestre em Ciências Sociais

Unesp – campus Marília

Este trabalho pretende analisar o Movimento Estudantil (ME) brasileiro por meio das reflexões contidas nas obras do autor István Mézáros, especialmente em seu livro Para Além do Capital. O ME debate questões importantes sobre a educação e a conjuntura e, como movimento social, realiza manifestações por mudanças na sociedade. Porém, por ser um movimento que não se define por uma determinada classe social, tende a não se transformar em um movimento revolucionário. Assim, a hipótese deste trabalho se baseia no fato de que o ME atua como um movimento emancipatório dotado de uma questão específica, isto é, um movimento que para cumprir sua função deve acompanhar o movimento emancipatório do trabalho. Este, por sua vez, está articulado ao sistema de reprodução sociometabólica do capital a partir do tripé Capital, Trabalho e Estado cuja separação deve ser buscada em sua totalidade, num movimento de autoemancipação da humanidade. Neste limite, o ME atuaria na chamada linha de menor resistência ao capital, segundo o pensamento de Mészáros.

AS GREVES NA EDUCAÇÃO EM GOIÁS: A LUTA CONTRA O SINDICATO

CLEIGINALDO PEREIRA SANTOS

Secretaria Municipal de Educação de Goiânia - S.M.E ([email protected])

62 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

MARCOS AUGUSTO MARQUES ATAIDES Universidade Estadual de Goiás – UEG – UnUCSEH e Secretaria

Municipal de Educação de Goiânia S.M.E - Goiânia

([email protected]) RENATO COELHO - Universidade Estadual de Goiás – UEG – UnU

ESEFFEGO ([email protected])

O presente artigo é fruto dos debates promovidos pelo grupo de estudos vinculado ao Núcleo de Pesquisa Marxista (NPM), que funciona na Unidade de Ciências Sócio Econômicas e Humanas (UnUCSEH) da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O grupo acima mencionado tem por objetivo promover debates e pesquisas sobre as temáticas marxistas, resgatando as obras dos marxistas conselhistas como Pannekoek, Tratemberg, entre outros. Os anos entre 2008 e 2010 foram marcados por greves na educação em Goiás, em um primeiro momento na rede estadual e no segundo na rede municipal de educação da capital, sendo sintomáticos, pois apresentaram processos nos quais o próprio sindicato agiu de forma a provar na prática a realidade existente nas concepções teóricas dos autores citados. A perspectiva metodológica adotada está alicerçada no materialismo histórico, enfocando as greves e a atuação dos sindicatos, e o enfrentamento dos trabalhadores em educação, através da sua organização em comando de greves e outros movimentos que serviram para contrapor a atuação sindical. Constatamos que a auto-organização é uma realidade, sendo possível a organização e a luta de trabalhadores sem sindicato. Palavras-chave: Mundo do Trabalho. Educação. Sindicato. Greve.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 63

CONIVÊNCIAS E RESISTÊNCIAS DA(O)S TRABALHADORA(E)S ÀS COERÇÕES PATRONAIS – AS RELAÇÕES DE TRABALHO NO

JUDICIÁRIO PAULISTA

Cessimar de Campos Formagio Mestrado em Sociologia – Ufscar

Email: [email protected] Este trabalho analisa a relação conivência⁄repúdio da(o)s trabalhadora(e)s do judiciário paulista à exploração e coerção que se fazem nas relações de trabalho. São reflexões que surgiram da experiência como trabalhadora no judiciário paulista e de leituras que ajudaram na interpretação dessa realidade. Apresento, primeiramente, uma análise da organização interna do TJ-SP e das hierarquias que a fundamenta. Em seguida, pontuo os diferentes grupos de trabalhadores, seus posicionamentos diante das opressões e desigualdades que vivenciam, para fazer refletir os momentos de permanências e rupturas nas desigualdades e opressões das relações de trabalho.

MST E OS GOVERNOS FHC, LULA DA SILVA E AS LUTAS EM TORNO DO PRONERA.

Leila da Silva Sousa-UFRB

Eduardo Lisboa Santos-UESB Fátima Moraes Garcia-UESB

O presente artigo, de cunho bibliográfico, visa analisar as relações estabelecidas entre o MST e os governos Luiz Inácio Lula da Silva (2002 a 2010) e Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), a partir do Programa de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), evidenciando os confrontos e as lutas que foram desenvolvidas em um governo dito de direita e um dito de esquerda, a fim de perceber as contradições e as estratégias que os mesmos

64 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

adotaram para desorganizar as lutas da classe trabalhadora. Para tanto, foram selecionadas as fontes teóricas, bem como os dados empíricos para análise do objeto. As referências teóricas se pautam em MOLINA, (2003) VENDRAMINI, (2011), DIAS (2006), NEVES (2005; 2011), POULANTZAS (2000) e REZENDE e NETO (2008), assim como em materiais do campo educacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A análise revela que a diferença de um governo para outro se deu na forma de dominar e nos objetivos que se diferenciaram de um para outro. Assim, no governo FHC houve mais repressão que objetivava a criação de problemas imediatos que desvirtuassem a classe trabalhadora do que deveria ser o foco de sua luta – a luta contra o capital –, enquanto que no governo Lula o reforço do Programa teve o intuito de conformar a classe trabalhadora aos mandos do capital. Palavras-chave: Movimentos sociais. PRONERA. Estado. Luta de classes.

A BATALHA PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA: UMA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO DE GREVE DOS

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO EM 2013 NAS PÁGINAS DO JORNAL O GLOBO

Handerson Fábio Fernandes Macedo

Mestrando em Educação da UERJ-FFP [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise de como o jornal O Globo noticiou e apresentou ao público o movimento de greve dos profissionais da educação da rede municipal e estadual do Rio de Janeiro no ano de 2013. O jornal foi escolhido por ser um dos periódicos de maior circulação no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro. A partir de matérias e editoriais demonstra qual foi a abordagem que tal periódico deu

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 65

ao tema. A análise parte não só da interpretação dos textos publicados no jornal, como do destaque feito a determinadas matérias e o local em que foram colocadas no periódico. Conclui-se que, em geral, a representação do movimento grevista nas páginas do jornal O Globo foi negativa, muitas vezes sendo colocado como causador de transtornos e problemas para os cidadãos, prejudicar os alunos com a interrupção das aulas, além de atrelar o movimento a questões político-partidárias e acusá-lo de corporativismo. Palavras-chave: Greve; Sindicato Estadual dos Profissionais da

Educação; O Globo.

DA REPRESENTAÇÃO AO CONTROLE: TRANSFORMAÇÕES DO SINDICALISMO NO DECURSO DO DESENVOLVIMENTO

CAPITALISTA

Valéria Lopes Peçanha Colégio Pedro II

O presente artigo busca explicitar as transformações do sindicalismo no desenvolvimento histórico do capitalismo. Constituído como organização da classe trabalhadora em face da necessidade de autodefesa do trabalho na ordem capitalista, o sindicalismo pela natureza de sua intervenção na relação entre capital e trabalho, possui uma função econômica em última instância útil ao sistema capitalista. Isto porque, se por um lado, a luta sindical travada por salário, condições de trabalho e sobrevivência, se faz necessária, ela imediatamente está limitada à perpetuação da exploração capitalista. Tais limites são abordados pela obra marxiana que, transcendendo-os, apontou o potencial revolucionário da atuação sindical. Na atual etapa histórica do capitalismo presenciamos a redefinição da relação entre capital e trabalho: a ordem neoliberal implica na

66 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

diminuição dos limites de barganha dos trabalhadores e na destruição das bases sobre as quais se ergueram as estratégias de luta que caracterizaram o movimento sindical ao longo do século XX. Diante deste ciclo descendente, que constitui o cerne da crise sindical, abre-se a necessidade do redirecionamento político revolucionário e emancipatório da ação do sindicalismo. Palavras-chave: sindicalismo, capitalismo, relação entre capital e trabalho.

TRABALHADORES DE SUAPE: ESTUDO SOBRE A DIVERSIDADE DE EXPERIÊNCIAS DE POLÍTICA OPERÁRIA. (APRESENTAÇÃO DE

RESULTADOS PARCIAIS)

Pedro Henrique Santos Queiroz. Orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio Lourenço.

A pesquisa visa investigar e analisar a realidade vivida por trabalhadores das categorias construção civil pesada e construção naval, ambas circunscritas à área do Complexo Industrial Portuário de Suape, localizado no litoral sul de Pernambuco. Ao empregar como principal fundamento teórico a categoria thompsoniana de experiência, pretende-se abordar a diversidade de formas pelas quais os trabalhadores dos grupos enfocados sentem, percebem, explicam, se organizam, resistem, se adaptam e lutam em um contexto regional marcado por transformações recentes associadas à implementação de “grandes projetos”. No trabalho aqui apresentado, faço uma exposição sumária dos problemas levantados pela pesquisa e, em seguida, transcrevo as anotações realizadas em caderno de campo referentes a duas atividades de observação, precedidas de informações de contexto e de algumas observações analíticas. a primeira observação foi realizada em uma assembleia dos trabalhadores da construção civil pesada, cujo desfecho foi decisivo para a compreensão da série de greves que se seguiram

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 67

no setor em 2012 e a segunda observação, no centro do Cabo de Santo Agostinho à noite, sobre as experiências de não-trabalho relacionadas ao lazer e entretenimento dos trabalhadores.

RESISTÊNCIA SINDICAL EM CONTEXTO DE CONTINUIDADES E RUPTURAS

Carlos Roberto Rodrigues Batista

Universidade Federal Fluminense – PPGSD Universidade Estácio de Sá- UNESA

[email protected] A greve, reconhecida como instrumento utilizado pelos trabalhadores nas lutas políticas e econômicas em defesa dos direitos trabalhistas, é o tema deste trabalho. O objetivo é continuar a discussão iniciada no final dos anos 1970, que tratou da ruptura do movimento sindical, e que descreveu o surgimento do Novo Sindicalismo. Trata-se de uma revisão de literatura, analisada à luz de fatos registrados em informativos sindicais. Partimos da hipótese de que durante o governo do Partido dos Trabalhadores teria ocorrido nova ruptura no movimento sindical, quando antigos ativistas deixaram o sindicalismo para assumir cargos executivos no Governo e em empresas de economia mista. Ao deixar a oposição, e se alinhar ao patronato e ao governo, é criada a situação de dissidência dentro do movimento sindical, com prejuízo aos interesses dos trabalhadores. O estudo foca o movimento sindical dos petroleiros e a cisão em 2006, da Federação Única dos Petroleiros – FUP, com a criação da dissidente Federação Nacional dos Petroleiros – FNP, que dividiu os dezessete sindicatos da categoria petroleira em dois grupos antagônicos, e analisa as implicações desta ruptura. Palavras-chave: Sindicalismo. Sindipetro. Petrobras. Dissidência Sindical.

68 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

A VENDA DA FORÇA SINDICAL

Cesar Bessa Doutorando em Direito pela Universidade Federal do Paraná e

professor da Universidade Estadual de Londrina – UEL

Stephanie Wakabayashi Graduada no Curso de Direito da Universidade Estadual de

Londrina - UEL.

Do cenário preto e branco do sindicalismo brasileiro desvela-se o fenômeno da venda da força sindical. A retrógrada estrutura corporativista, cujos pilares foram inseridos no regime ditatorial, e, em especial o sistema de financiamento sindical, possibilitam a perpetuação dessa relação de compra, que se dá em três dimensões: ao Estado, ao patronato e aos próprios trabalhadores. A luta coletiva dos espoliados perde lugar para a lógica capitalista reforçada pelos matizes do neoliberalismo que transforma tudo em mercadoria, possibilitando a compra e a venda da força sindical. Assim, tanto no plano jurídico estrutural da própria corporação, como também, no plano da negociação coletiva, revela-se o aliciamento da resistência sindical por meio de um contrato de silêncio e de sufoco dos trabalhadores oprimidos. Os sindicatos que conduzem estas negociações foram absorvidos pela ideologia dominante, consolidando-se como instituições legitimadoras da dominação e da submissão do trabalhador. Palavras-chave: Estrutura sindical. Sindicalismo de Estado. Sistema de financiamento. Negociações coletivas. Contribuições sindicais.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 69

GT 3(A) Estado, Lutas sociais e Políticas Públicas Dia 27/05 / Coordenação: Domingos Leite Lima Filho

POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E CULTURA: HEGEMONIA NEOLIBERAL NO NEODESENVOLVIMENTISMO BRASILEIRO

Eduardo Gomor dos Santos

Carla Beatriz de Paulo

Este trabalho identifica as políticas de educação superior e cultura no âmbito do neodesenvolvimentismo no Brasil. Partindo do referencial gramsciano, relaciona os conceitos de educação e cultura à conformação de hegemonias e cujos sentidos e valores direcionam moralmente e legitimam politicamente as ações dos sujeitos. Nas políticas de educação superior, materializadas pelo PROUNI, identifica-se a imbricação entre os interesses do governo e os grandes grupos educacionais privados, privilegiados atores no recebimento dos recursos públicos. No caso da política cultural, exemplificada pelas leis de renúncia fiscal, identifica-se sua utilização pelos grandes grupos empresariais como forma de marketing, privilegiando manifestações culturais na lógica do "mais do mesmo", dificultando o acesso de grupos marginalizados historicamente, atuando contra o princípio da equidade. Conclui-se que apesar de ligadas a um suposto neodesenvolvimentismo, tais políticas pouco se afastaram do receituário neoliberal implementado no Brasil a partir da década de 90. Palavras-chave: Educação Superior. Cultura. Hegemonia. Neodesenvolvimentismo. Neoliberalismo.

70 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

CONTRAREFORMA DO ESTADO E POLÍTICA PÚBLICAS: O QUE FAZER COM A JUVENTUDE?

Rafael oliveira dos Santos

Professor da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro Maria Clara Arruda

Docente da Universidade Estácio de Sá – UNESA Simone Ramos de Queiroz Silva

Graduanda de Serviço Social O Presente trabalho tem sido objeto de nossas reflexões. Procuramos, nas páginas que se seguem, apresentar o processo de formação das politicas públicas destinadas à juventude no Brasil bem como expor de que maneira o neoliberalismo rebate nelas – relegando à juventude um lugar perverso no hall de prioridades dos governos nas últimas décadas. Intencionamos com o exame das politicas públicas nas últimas duas décadas reter o pensamento que as sustenta e sua relação com a sociedade brasileira. Palavras-chave: Juventude. Estado. Politica Pública.

AS RELAÇÕES ENTRE A EROSÃO DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA E A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA PRIVADA NO BRASIL

Lucas Andrietta

[email protected] Mestrando em Economia Social e do Trabalho

Instituto de Economia - Unicamp - Brasil Este artigo se propõe a apontar as relações entre a erosão da previdência pública e o crescimento da previdência privada no Brasil. Na primeira seção, utilizando dados dos Censos de 2000 e 2010, assim como pesquisas recentes do IPEA, apreende-se o sentido geral das reformas neoliberais da previdência nos anos

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 71

1990. Argumenta-se que essas reformas garantiram – juntamente com a intensa propaganda contra o sistema público – as condições econômicas e ideológicas sem as quais o incentivo à previdência privada não poderia ser bem sucedido. Na segunda seção, argumenta-se que, uma vez estabelecido no Brasil um sistema híbrido – público e privado -, os grandes interesses em torno da previdência privada reforçam o desprezo pela Previdência Social e debilitam a mobilização e a resistência em seu favor, afetando especialmente a agenda dos sindicatos e centrais sindicais. A coexistência de dois diferentes regimes previdenciários acelera o processo de mercadorização da previdência (nos termos propostos por Esping-Andersen), consolida uma forma de acumulação por expropriação (conforme definido por David Harvey), estimula o individualismo em torno do tema e apresenta um dilema aos trabalhadores e seus representantes.

ACUMULAÇÃO CAPITALISTA NO BRASIL, DESCONSTRUÇÃO DOS

DIREITOS DOS POVOS ORIGINÁRIOS E AS LUTAS DOS MOVIMENTOS INDÍGENAS NO ANO DE 2013.

Douglas Ribeiro Barboza - UFOP

Emília Oliveira Rodrigues - UFOP/FAPEMIG Emerson Rezende Leal - UFOP

Fabiana da Conceição Timóteo - UFOP Jacqueline Aline Botelho Lima Barboza – GRUPO THESE

Este trabalho foi desenvolvido como parte das atividades previstas pelo projeto de pesquisa “Democracia, desenvolvimento capitalista e as lutas dos trabalhadores no Brasil”, onde realizamos um acompanhamento da Conjuntura Brasileira e dos conflitos sociais que ocorreram durante o ano de 2013. A partir da perspectiva crítico-dialética, analisaremos como o atual padrão de acumulação no Brasil vem potencializando os

72 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

problemas enfrentados pelos povos indígenas em torno da luta por seus territórios, frente às diversas ofensivas do capital estrangeiro e do agronegócio, juntamente com as ações diretas e indiretas do Estado. Essa centralidade vem sendo constantemente evidenciada pelos históricos processos de luta dos povos originários em prol da defesa e ampliação de seus direitos assegurados pela Constituição de 1988.

A IDEOLOGIA DA POBREZA COMO REFERÊNCIA À FORMATAÇÃO

CONTEMPORÂNEA DA PROTEÇÃO SOCIAL

Jetson Lourenço L. da Silva – UFPE Jadilson Miguel da Silva - UFPE

José Maurílio da Silva - UFPE

É apresentado aqui uma acurada análise em documentos oficiais de organismos financeiros internacionais (BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BIRD – Banco Mundial e FMI – Fundo Monetário Internacional) entre a década de 1990 e 2000, que permitiu clarificar as propostas de formatação de políticas públicas com vista ao combate à pobreza e a desigualdade social. Os organismos financeiros entre essas décadas elaboraram documentos orientadores que serviram de referência para que alguns países operassem políticas compensatórias, focalizadoras e seletivistas voltas ao enfrentamento do pauperismo, que refletiu na redução do caráter universalizante da proteção social e facultou o mote para urdir consenso na sociedade ancorado no discurso de combate a probeza. O alcance das considerações aqui presentes se nutre de uma perspectiva crítica que intenta saltar da aparência para capturar a essência, assim tais considerações se suportam em recursos categóricos/metodológicos do Materialismo Histórico Dialético, que possibilitou compreender a contraditoriedade dessas políticas sociais, então inseridas no movimento da

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 73

totalidade. Por isso que aqui problematizamos sobre a crise estrutural do capital, neoliberalismo, proteção social e pobreza.

A CENTRALIDADE DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO COMO MEDIDA DE ENFRENTAMENTO ÀS DESIGUALDADES DECORRENTES DO

SISTEMA CAPITALISTA

Ana Paula Leite Nascimento Este artigo buscou atender ao objetivo de discutir a respeito da centralidade da política de educação como medida de enfrentamento às desigualdades decorrentes do sistema capitalista. Realizou-se o debate sobre a crise capitalista e a política social. Abordou-se acerca da educação no contexto da crise capitalista. O estudo caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica, contemplando as dimensões qualitativa e quantitativa, destacando-se como predominante a natureza qualitativa. Para a coleta de dados utilizou-se do levantamento bibliográfico. A análise e interpretação dos dados foram realizadas a partir de categorias definidas durante o estudo à luz do referencial teórico construído no decorrer da investigação. A pesquisa foi norteada pelo método dialético, buscando interpretar a realidade mediante a perspectiva ontológica, sob o viés da totalidade. Compreendeu-se que as crises capitalistas impõem mecanismos para o seu enfrentamento apontando, como estratégia, “saídas” no âmbito da produção e da regulação. Depreendeu-se que o sentido da política social revela, ao mesmo tempo, a possibilidade de acesso à seguridade social e à manutenção do ordenamento social. Inferiu-se que a expansão precarizada, ora vivenciada no cenário da educação brasileira não pode ser caracterizada como um processo de democratização educacional. Palavras-chave: Crise Capitalista. Política Social. Política de Educação.

74 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVOS FISCAIS EM GOIÁS: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO

Nathalia Cordeiro Laurias

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás [email protected]

Este artigo teve o intuito de analisar as políticas públicas de incentivos fiscais a partir da sociologia do trabalho. Foi realizado o resgate histórico através de autores clássicos e contemporâneos, com vistas ao questionamento das contradições inerentes as benesses do Estado de Goiás às grandes indústrias, a utilização intensa da automação industrial neste setor produtivo e a geração de empregos. Como recurso metodológico foi utilizada a Análise Crítica do Discurso (ACD) na tentativa de compreender o que está por trás da fala dos gestores destas políticas, principalmente, em se tratando de matérias jornalísticas publicadas em veículos de comunicação de massa. Como resultado, observou-se que a fundamentação teórica da sociologia do trabalho deu subsídios necessários para problematizar questões inerentes a utilização de novas tecnologias e a diminuição dos postos de trabalho na indústria ao longo dos anos. Tal constatação se confrontou com o discurso contraditório dos gestores destas políticas públicas em Goiás, que as justifica, principalmente, pela geração de empregos à população local.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 75

O TRABALHO DA EQUIPE EXECUTORA DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UNIVERSIDADE PÚBLICA: PRECARIZAÇÃO OU

AUTONOMIA PARA A PRÁXIS TRANSFORMADORA.

Elaine Lucio Loeblin (Assistente Social do IFRO/Ji-Paraná e mestranda no PPGE da

UNIR) Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas

(Professora Doutora do IEAA/UFAM e orientadora no PPGE/UNIR)

Rudhy Marssal Bohn (mestrando no PPGE da UNIR)

O texto encontra-se em construção, o enfoque é sobre o trabalho da equipe executora da Política de Assistência Estudantil no Ensino Superior, em particular da Universidade Federal de Rondônia. Primeiramente é refletido sobre o trabalho, já que é em tempos primitivos é através deste que o homem transforma a natureza e a si mesmo, com a expansão do sistema capitalista o mesmo deixa de ser forma de satisfação e se torna peso, fádiga e alienação. A contemporaneidade é marcada pela crise estrutural do capital, fundamentado na reestruturação produtiva, acumulação flexível e ajustes neoliberais, a classe trabalhadora vivencia a fase de precarização. A equipe da política de assistência estudantil das universidades federais, foi regulamentada pelo Plano Nacional de Assistência Estudantil em 2007, tais profissionais estão inseridos na organização do trabalho. Trata-se de um ambiente contraditório e cabe a estes resistir ao processo de precarização e a negação dos direitos sociais, defendendo um modelo de educação emancipadora, parte de um projeto societário de transformação social e superação das estruturas perversa do sistema atual. Os principais autores utilizados foram Marx, Mészáros, Antunes, Frigotto, Chesnais, Almeida, Chauí e Nascimento.

76 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

COMBATE AO DESEMPREGO PELO PODER PÚBLICO VIA COOPERATIVAS: PRECARIZAÇÃO OU FORMA DE LUTA SOCIAL

Claudete Pagotto

[email protected] Doutora em Sociologia – IFCH/UNICAMP

O objetivo dessa comunicação é expor como resultado de nossas pesquisas e reflexões analíticas, a relevância de como e, por meio de quais especificidades, as cooperativas adquirem uma funcionalidade no processo de precarização do trabalho, principalmente, em ações de combate ao desemprego pelo poder público, a partir dos anos 2000, e embora, ao mesmo tempo, podem (ou não), nesse processo, reafirmar valores coletivos na direção da construção de uma nova sociedade. As cooperativas populares de trabalho, que se constituíram com apoio do poder público e sindicatos ou como parte da organização dos trabalhadores em um movimento social, fazem parte do nosso objeto de estudo. Elementos que influenciam a concepção de economia solidária foram abordados a partir das conceituações de Karl Polanyi e E.P.Thompson e o pensamento Karl Marx sobre o trabalho em cooperativa sob a ordem do capital. Como síntese das análises dos dados obtidos com a investigação das experiências cooperativas, refletimos sobre as ambiguidades que envolve o trabalho associado na fase atual do capitalismo, retomando o debate sobre a possibilidade (ou não) de produzir relações sociais novas, por meio de cooperativas, sob a ordem de capital.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 77

RESISTÊNCIAS IDENTITÁRIAS DAS COMUNIDADES DE PESCADORES ARTESANAIS FRENTE ÀS POLÍTICAS DE INCLUSÃO E

A MODERNIZAÇÃO DE PRÁTICAS DE TRABALHO TRADICIONAL

Domingos Lima Filho / UTFPR – [email protected] Rosangela Gonçalves de Oliveira / IFPR-EaD –

[email protected]

Problematiza-se nesse artigo possíveis impactos causados pelas políticas de inclusão com vistas a redução das desigualdades sociais nas comunidades tradicionais pesqueiras, tanto na introdução de tecnologias como na oferta do curso profissionalizante ProEJA de Pesca na Modalidade a Distância, ministrado em cerca de 22 comunidades pesqueiras em 23 estados do país a partir do ano de 2010. Apresenta-se reflexões sobre as transformações dessas políticas na constituição identitária dos trabalhadores da pesca, dialogando com os conceitos de trabalho artesanal previstos na legislação que assim os definem, bem como as permanências ou possíveis resistências destes grupos sociais a partir dos seus terrítórios constitutivos. Para essa análise buscou-se a legislação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) balizado na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e duas pesquisas no banco de dados da ScIELO como temática: comunidades tradicionais, inclusão, modernidade, identidade, tecnologia e cultura. As reflexões tecidas neste artigo buscam contribuir para o debate e ações de políticas para as comunidades tradicionais, apontando a importância de considerarem, em sua formulação e implementação, as culturas e saberes dos sujeitos atendidos. Palavras-chave: Políticas de Inclusão. Curso ProEJA Técnico em Pesca. Tradicional. Pesca.

78 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

“NOVO-DESENVOLVIMENTISMO”: UMA ANÁLISE CRÍTICA ÀS ESTRATÉGIAS DE COMBATE À POBREZA NA AMERICA LATINA

Emanuelle G. O. Moura; Cláudia M. C. Gomes;

Jéssica M. S. Mélo; Maria da Conceição S. Cruz. UFPB/PRPG/CNPQ

Este trabalho é resultado da pesquisa de iniciação científica desenvolvida no ano vigente de 2012/2013, e tem como objetivo analisar criticamente a estratégia utilizada pelo Estado “novo-desenvolvimentista” que tenta associar políticas sociais com políticas econômicas, em prol do desenvolvimento humano e sustentável, com foco no combate a pobreza através dos programas de transferência de renda. Essa estratégia faz parte do discurso ideológico e das orientações dos organismos internacionais que tem como meta, erradicar a extrema pobreza baseada nos aspectos da renda. Durante a pesquisa realizada através das leituras embasadas no método histórico, crítico, dialético, e das análises dos dados, de instituições como a CEPAL, Banco Mundial, IBGE e PNUD, notou-se que os índices de pobreza reduziram muito pouco e a desigualdade social continua muito alta. Como mostra os dados do PNUD, dos 15 países mais desiguais do mundo 10 estão na América Latina, por isso, essas estratégias de combate à pobreza utilizada no continente é mais uma tática dos governantes, para controlar a classe trabalhadora através de programas emergenciais sem alterar no desenvolvimento econômico da classe burguesa. Palavras-chave: Novo Desenvolvimentismo. Pobreza. Desigualdade.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 79

O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL E OS DESAFIOS À SUA MATERIALIZAÇÃO ANTE O

CONTEXTO DE REORGANIZAÇÃO DO CAPITAL

MORAES, Lucimara Caires UNESPAR/Campus Apucarana

MARONEZE, Luciane Francielli Zorzetti UNESPAR/Campus Apucarana

O objetivo deste artigo está em lançar reflexões quanto à materialização do Projeto-Ético Político profissional do assistente social no contexto da reestruturação do capital nas últimas décadas. Trata-se de uma investigação que busca responder a seguinte problemática: em que medida as condições de trabalho dos assistentes sociais interferem na materialização do Projeto Ético-Político. Como procedimento metodológico adotou-se a pesquisa qualitativa e pesquisa bibliográfica com a discussão de autores que problematizam tal questão. A partir da análise dos dados, concluiu-se que muitos dos profissionais atuam apartados da visão de totalidade na compreensão dos fenômenos sociais, bem como da latente precarização das condições de trabalho que obstaculizam a materialização do Projeto Ético-Político, lançando desafios ao profissional que busca concretizar sua prática na perspectiva da efetivação dos direitos e na ampliação de canais que permitam a interlocução crítica e posicionamento político, ante às formas degradantes de exploração do trabalho. Palavras-chave: Reorganização do Capital. Serviço Social. Projeto Ético-Político.

80 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

GT 3 (B) ESTADO, LUTAS SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS Dia 28/05 / Coordenação:

Pablo Almada

A ORGANIZAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS PELA JORNADA

SEMANAL DE 30 HORAS: UM PROCESSO DE LUTA POR MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

ROCHA, Juliana Tisseu

UNESPAR/Campus Apucarana MARONEZE, Luciane Francielli Zorzetti

UNESPAR/Campus Apucarana

O objetivo deste artigo é analisar como se configurou o processo de luta dos Assistentes Sociais no tocante à jornada semanal de trinta horas, tendo por base às transformações globais impulsionadas pela reorganização capitalista que incidem no campo de trabalho, acirrando às relações de exploração e de precarização. Para tanto, fez-se necessário conhecer o contexto de financeirização do capital, o qual vem impondo novas exigências aos trabalhadores, inclusive aos assistentes sociais. A pesquisa realizada é do tipo bibliográfica, de caráter exploratório, e a dialética será utilizada como método de abordagem. No decorrer deste estudo verificou-se que a precarização do trabalho vem repercutindo fortemente na vida dos trabalhadores, no caso dos assistentes sociais, a aprovação do Projeto de Lei das 30 horas – Lei nº 12.317/2010, resultou de um processo de enfrentamento, possibilitado com a articulação política das entidades representativas (Conselho Federal de Serviço Social – CFESS; Conselhos Regionais de Serviço Social; ABESPSS e ENESSO) e dos profissionais que deram um grande passo na melhoria das condições de trabalho, entretanto, constata-se que há outras lutas a serem travadas por melhores condições de trabalho e de vida.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 81

Palavras-chave: Trabalho. Precarização do Trabalho. Serviço Social. Lei nº 12.317/2010.

OS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA CONDICIONADA NA AMÉRICA LATINA E SUA FUNCIONALIDADE PARA O CAPITAL

Maria Adriana da Silva Torres

Eduarda Isis Vicente dos Santos Karolinne Krízia da Silva Ferreira

Paula Priscila Silva Almeida Samyra Santos Martins

Universidade Federal de Alagoas - UFAL A presente pesquisa visa tecer reflexões sobre os programas sociais dirigidos à redução da pobreza e sua funcionalidade para o capital na América Latina, particularmente os programas Bolsa Família do Brasil, Programa de Asignación Familiar (PRAF) de Honduras, Chile Solidário do Chile e Bono de Desarollo Humano do Equador. Para isso, buscou-se compreender a conjuntura latino-americana na década de 1990 − marcada pela implementação dos Programas de Transferência Condicionada de Renda (PTCR) − e refletir também acerca da garantia de direitos sociais, bem como abordar a pouca efetivação dos direitos humanos. Para tanto, valeu-se do método histórico crítico para a leitura de textos e relatórios nacionais e internacionais com vista a compreender a funcionalidade desses programas para reprodução do capitalismo. Constatou-se que os PTCR fazem parte de políticas focais, constituídas por programas de abrangência restrita, viabilizados através de estratégias pontuais de combate à pobreza que não erradicam as refrações da questão social, inerente ao modo de produção capitalista.

82 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA E NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS: um paralelo de seus projetos

societários

Ednéia Alves de Oliveira- Universidade Federal de Juiz de Fora Raíssa Cristina Arantes – Universidade Federal de Juiz de Fora

Este artigo é resultado de uma pesquisa desenvolvida no ano de 2013 e financiada pela Universidade Federal de Ouro Preto. O objetivo era fazer uma análise comparativa entre os projetos societários dos movimentos sociais supracitados. Nossa hipótese era de que os movimentos sociais em tela, disputam projetos societários diferenciados na ordem burguesa, o que suscita uma apreensão da luta de classes e da própria transformação social sob diferentes perspectivas ideológicas, podendo favorecer a hegemonia burguesa ou apresentar-se como uma proposta contra hegemônica ao projeto conservador burguês. O método de análise utilizado foi o materialismo histórico dialético e as fontes pesquisadas foram materiais fornecidos pelos próprios movimentos como cartilhas, livros etc. Os resultados apontam para a defesa de projetos societários distintos, sendo o MST um movimento que visa a emancipação humana, portanto um projeto revolucionário, o que difere dos novos movimentos sociais e sua luta pela emancipação política o que caracteriza a defesa de um projeto societário reformista.

A CENTRALIDADE DOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA NA PROTEÇÃO SOCIAL

Emanuelle Galdino de O. Moura Jéssica Maria de Souza Mélo

Maria da Conceição da S. Cruz

Este Trabalho consiste em parte do resultado de Pesquisa de Iniciação Científica realizada entre 2012-2013, de caráter teórico

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 83

que se deu através da utilização de pesquisas bibliográfica e documental com intuito de estudar os Programas de Transferência de Renda na América Latina e seu impacto na redução da pobreza. Para a realização da pesquisa adotamos a perspectiva teórico metodológica baseada na tradição da teoria crítica. O objetivo geral dessa pesquisa foi analisar a utilização dos programas de transferência de renda como estratégia de combate à pobreza na América Latina e, mais especificamente, no Brasil, e a funcionalidade da Política de Assistência Social brasileira dentro da perspectiva neodesenvolvimentista. Especificamente examinar se os índices de pobreza nestes países que adotaram os programas de transferência de renda vêm diminuindo. A partir dos estudos realizados pode-se concluir que a utilização dos Programas de Transferência de Renda como estratégia de enfrentamento à pobreza, sendo este caracterizado como medida paliativa e de cunho emergencial e focalista contribuindo com a manutenção do sistema e sendo compatível com ideais propalados pelos organismos multilaterais, consiste numa medida de governo para garantir a subsistência da classe subalterna sem, no entanto, promover a soberania do sujeito histórico.

CONCEPÇÕES, INICIATIVAS SOCIAIS E INCIDÊNCIA DAS

TECNOLOGIAS SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Ana Lúcia Suárez Maciel Erica Monteiro do Bomfim Bordin

O artigo aborda o tema das Tecnologias Sociais, contextualizando o seu surgimento em face das contradições inerentes ao padrão de desenvolvimento vigente na sociedade brasileira e, também, como produto dos movimentos sociais e acadêmicos que vem construindo experiências concretas de inclusão social, assim como fazendo avançar o marco analítico-conceitual das mesmas.

84 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

A partir da abordagem das concepções acerca do tema, avança-se para o estabelecimento da sua relação com as iniciativas dos movimentos sociais, com o padrão vigente de ciência e tecnologia e com a luta social, política e científica para que se constituam em políticas públicas. Palavras-chave: Tecnologias Sociais, Movimentos Sociais, Inclusão Social, Políticas Públicas.

O TRABALHO E A ECONOMIA SOLIDÁRIA: O ENCONTRO ENTRE PESQUISADORA E O COTIDIANO DOS CATADORES DE MATERIAS

RECICLAVEIS Ana Elidia Torres

[email protected] Este trabalho tem por objetivo apontar os caminhos para a delimitação e execução de um projeto de mestrado em psicologia, expondo desde o encontro entre pesquisadora, passando pelo recorte do objeto, até as reflexões metodológicas que norteiam o projeto. Este projeto tem como sujeitos de pesquisa, os catadores que trabalham em uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis na cidade de Assis, a COOCASSIS, a qual se insere nos princípios do Cooperativismo Popular e da Economia Solidária. O objetivo da pesquisa é descrever e, por consequência, elaborar as análises, das possíveis transformações que o trabalho, sob os princípios da Economia Solidária, proporcionou no cotidiano dos catadores. Nesta pesquisa parte-se da hipótese de que a entrada na cooperativa popular proporciona mudanças objetivas no cotidiano do trabalho destes sujeitos. Para a execução deste estudo foi adotado a etnografia como referencial metodológico, para conseguir, junto aos trabalhadores as descrições que permitirão a construções de análises de seus cotidianos.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 85

POLÍTICAS PÚBLICAS DE GERAÇÃO DE TRABALHO E DE RENDA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO NO ANO DE 2011

Antonio Carlos Rocha Sousa Ana Paula Ribeiro Ferreira

Daniela Cristina Neves de Oliveira

O objetivo deste trabalho é descrever as políticas sociais públicas empreendidas pelo governo do estado do Espírito Santo no campo da geração de trabalho e renda, relacionando tais políticas com as mudanças do mundo do trabalho. Expomos as políticas da Subsecretaria de trabalho, através da Gerência de trabalho e geração de renda (GTR) e as políticas de financiamento do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (BANDES) por meio das linhas de crédito com a finalidade de financiar as atividades de pequenos e grandes empreendedores. Por fim, apontamos que o rumo das políticas desenvolvidas no Espírito Santo tem indicado expressões das modificações nas relações e organizações do trabalho decorrentes da reestruturação produtiva cujas consequências são: flexibilização, desregulamentação dos direitos trabalhistas, terceirização, informalização, entre outras. Ademais, a despeito das políticas existentes o número de desemprego é considerável, além dos casos de trabalho em condições análogos ao escravo serem bastante expressivos no estado, o que pode ser uma evidência de que tais políticas não são de modo algum uma panaceia. Palavras-chave: Trabalho. Emprego. Renda. Flexibilização. Precarização.

LUTAS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: ELEMENTOS CONCEITUAIS PARA O DEBATE A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Mikaely Gonçalves da Silva E-mail: [email protected]

86 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Este trabalho tem como objeto de estudo aspectos que envolvem a problemática das lutas sociais pela efetivação da participação popular nos espaços públicos aqui analisados a partir da experiência do Orçamento Participativo. Trata-se de uma análise dos elementos conceituais acerca da participação popular e a experiência do Orçamento Participativo enquanto política pública viabilizada pelo Estado em resposta às demandas sociais pela participação, assim como de categorias teóricas correlatas à temática em questão, sendo, portanto, uma revisão da literatura afim à temática ou altamente correlata. O trabalho examina os fatores relacionados aos limites e tensões que envolvem esta parceria entre governos locais e população, buscando identificar se seria o Orçamento Participativo um instrumento suficiente/eficiente para promoção da participação popular. Considerando a direção política e ideológica dada pelas parcerias Estado/sociedade, presencia-se que o Orçamento Participativo se faz enquanto iniciativa importante para afirmação da democracia e da participação popular, entretanto este não é livre de contradições e manipulação de interesses conflitantes. Desse modo, analisam-se os rebatimentos desse processo de aproximação da população da gestão pública local, colocando em discussão essa relação na atualidade.

CONCEPÇÕES, INICIATIVAS SOCIAIS E INCIDÊNCIA DAS TECNOLOGIAS SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Profa. Dra. Ana Lúcia Suárez Maciel

Professora e Pesquisadora da Faculdade de Serviço Social

O artigo aborda o tema das Tecnologias Sociais (TS), contextualizando o seu surgimento em face das contradições inerentes ao padrão de desenvolvimento vigente na sociedade brasileira e, também, como produto dos movimentos sociais e acadêmicos que vem construindo experiências concretas de inclusão social, assim como fazendo avançar o marco analítico-

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 87

conceitual das mesmas. A partir da abordagem das concepções acerca do tema, avança-se para o estabelecimento da sua relação com as iniciativas dos movimentos sociais, com o padrão vigente de ciência e tecnologia e com a luta social, política e científica para que se constituam em políticas públicas. Conclui-se que o momento atual é promissor, tanto no que diz respeito ao avanço teórico na abordagem das TS, quanto nos movimentos sociais que as sustentam, uma vez que algumas delas já vem sendo adotadas, pelo Estado, como políticas públicas. Isso evidencia o protagonismo da sociedade civil organizada e da comunidade científica na formulação de políticas públicas e na construção de contra hegemonia nos processos de inclusão social. Palavras-chave: Tecnologias Sociais. Movimentos Sociais. Inclusão Social. Políticas Públicas.

O CONTROLE SOCIAL NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: O DESAFIO

DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PERSPECTIVA DA TEORIA CRÍTICA.

Almira Almeida Cavalcante

Francisca das Chagas Fernandes Vieira Marinalva de Souza Conserva

Waleska Ramalho Ribeiro Emanuel Luiz Pereira da Silva

O presente estudo analisou a experiência do espaço sócio-ocupacional do assistente social na política de educação no âmbito do Conselho Escolar. O interesse pela temática emerge da experiência como assistente social e presidente do Conselho Escolar de uma escola municipal de João Pessoa na Paraíba no período de 2011 a 2013. A análise proposta compreende o debate acerca do desafio da efetivação da gestão democrática no contexto escolar, enquanto instrumento de consolidação de uma educação pública de qualidade. A atuação no Conselho se deu a partir de um olhar centrado na perspectiva crítica. A visão de

88 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

totalidade nos permitiu desvelar os entraves vivenciados no cotidiano da prática do controle social na educação.

MAPEAMENTO SOBRE AS ATUAIS POLÍTICAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Maria Joselia Zanlorense

UNICENTRO-PR E-mail: [email protected]

O texto apresenta o mapeamento das pesquisas de Mestrado e Doutorado que se referem às atuais políticas educacionais sobre a formação de professores no curso de pedagogia realizadas nos programas de pós-graduação em educação no Estado do Paraná no período de 2006 a 2012. Aborda primeiramente o recente estudo denominado “estado da arte” realizado sobre a formação de professores no Brasil. Pautado no resultado do estudo, discute as atuais políticas que se referem a formação de professores pautando-se no materialismo histórico para compreender as mudanças que ocorreram no período em que se delinearam as reformas educacionais brasileira. Para o entendimento das mudanças ocorridas na educação nesse contexto, se fez necessário entender as mudanças na reestruturação produtiva, a influência dos organismos internacionais, a minimização do Estado, as reformas educacionais e a exigência do setor econômico na formação do trabalhador para atender as novas demandas do mercado. As pesquisas elencadas discutem as questões econômicas como fatores determinantes para que ocorresse as alterações na educação, em específico na formação de professores, tornando-se esta aligeirada, fragmentada e precária. Palavras-chave: História da Educação. Políticas Educacionais. Formação de Professores. Estado da Arte.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 89

GT 4 (A) TRABALHO, ECONOMIA E SOCIEDADE Dia 27/05 / Coordenação:

Vanderlei Amboni

O LATIFÚNDIO NA HISTÓRIA DO BRASIL Vanderlei Amboni Luiz Bezerra Neto

O estudo aqui apresentado traz um percurso histórico da propriedade da terra no Brasil. Da conquista à ocupação, através da sesmaria e da posse, a propriedade hegemônica é o predomínio do latifúndio. A inserção do Brasil nos quadros do antigo regime colonial e a forma dominante de produção é a capitalista. Para tanto, o estudo proposto, tem como fonte a historiografia e outros trabalhos que analisam a estrutura agrária brasileira no seu devir histórico, sem estudar casos particulares de propriedade e produção. Nossa premissa básica parte da concepção de um Brasil parido sobre a égide do capitalismo e do monopólio da terra para o livre desenvolvimento das forças produtivas, fato que perdura até o presente. Neste aspecto, o latifúndio predomina no cenário brasileiro deste a colônia, mas, no período republicano, a propriedade latifundiária foi protegida como direito sagrado e, a partir de 1930, uma modernização conservadora foi desenvolvida pelo Estado, como forma de manter a hegemonia da grande propriedade. Hoje, o latifúndio se transveste em agronegócio, expande sua área de ação e se territorializa, impulsionado pela produção com alta tecnologia e, com isso, exclui e marginaliza os pobres do campo. Palavras-chave: Sesmaria. Posse. Propriedade. Lutas de Classes. Reforma agrária.

90 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

DA CASA COMPARTILHADA AO ACAMPAMENTO: BAUMAN E O TRABALHO NA MODERNIDADE LÍQUIDA

Francisco Raphael Cruz Mauricio

Neste artigo abordo as reflexões de Zygmunt Bauman sobre os sentidos do trabalho nas diferentes etapas da modernidade. Meu ponto de partida é o paradigma da modernidade líquida, proposto pelo autor como chave de leitura da atual fase da modernidade. A narrativa baumaniana sobre o trabalho é composta por dois eixos analíticos. O primeiro, de cariz temporal, diz respeito às noções de longa duração e curta duração das experiências pessoais de trabalho ligadas respectivamente ao capitalismo pesado e ao capitalismo leve. O segundo eixo, de cariz espacial, se refere às noções de trabalho como casa compartilhada e trabalho como acampamento, metáforas do autor para explicar as mudanças na relação do sujeito com seu local de trabalho. A partir desses eixos espaço-temporais, Bauman vai narrar as consequências pessoais do trabalho na transição dos “trinta anos gloriosos” para os “trinta anos perversos” do capitalismo. Entendo a análise do trabalho em Bauman como parte de uma reflexão sobre a modernidade, onde o trabalho é uma das arenas privilegiadas para a uma apreensão sociocultural das mudanças na relação indivíduo e sociedade. Ao final, teço considerações sobre a teoria baumaniana para o estudo do mundo do trabalho. Palavras-chave: Bauman. Trabalho. Modernidade.

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE TRAINEES: A SUBJETIVIDADE ADMINISTRADA

Cecília Ribeiro da Silva

(Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei/ [email protected])

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 91

Prof. Dr. Kety Valéria Simões Franciscatti ( Professora do Departamento de Psicologia da Universidade

Federal de São João del-Rei/ [email protected]) Com base nas contribuições da Teoria Crítica da Sociedade, compreende-se a sociedade como sistema que se estrutura principalmente a partir da organização social do trabalho, ou seja, as relações estabelecidas entre as forças produtivas e as relações de produção para a construção das condições materiais que tem como finalidade assegurar a sobrevivência e assim proporcionar a os anseios humanos de liberdade e a felicidade. É de suma importância para a compreensão da formação do indivíduo, analisar como tem se estabelecido a organização social do trabalho, enquanto produtor das condições materiais de existência que são a base de todas as relações. Haja vista que no capitalismo a finalidade é a progressão ilimitada do valor e não a realização da vida humana, consolida-se a inversão que engendra pseudoformação do indivíduo. Esta se caracteriza pela obstrução da realização diferenciação, autonomia e liberdade, em prol da estimulação de determinadas características psíquicas que visam a formação para a reprodução do sistema social. Portanto, os perfis procurados pelas grandes empresas revelam os elementos psíquicos eliciados para a manutenção da sociedade. Desse modo, foram analisados os perfis requeridos nos processos de recrutamento de trainees nos sites de grandes empresas e encontrou-se como principais características: ser líder jovem.

O ESTADO BURGUÊS COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO SOCIAL: O ACESSO À JUSTIÇA E A CONTRADIÇÃO

CAPITAL/TRABALHO NOS ACÓRDÃOS DO TST (1998/2008)

Éder Ferreira João Paulo Mota Rosa

92 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Fundação Carmelitana Mário Palmério (FUCAMP)

No modo de produção capitalista, como consequência das relações sociais de produção, erige-se em sua superestrutura social a forma política do Estado burguês, que cumpre a função de garantir a reprodução das relações de produção capitalistas e, consequentemente, do próprio modo de produção. Assim, apresenta-se como objeto do presente trabalho esta forma de Estado, o Estado burguês. Como a instituição estatal em que se consubstanciam todas as formas de ação do Estado, materiais e ideológicas, é o Poder Judiciário, e o setor deste Poder que lida única e diretamente com a contradição capital/trabalho inerente ao modo de produção capitalista é a Justiça do Trabalho, intentou-se na presente pesquisa o estudo específico da ideologia presente na ação decisória do órgão de maior hierarquia desta, o Tribunal Superior do Trabalho – TST. Cuidou-se de averiguar como se dá o acesso ao referido poder do Estado brasileiro e apresentar os meios de que dispõe para acionar a justiça trabalhista o capitalista e o trabalhador, a diferença entre as formas e os objetivos pelos quais acionam, um e outro, o TST. Conclui-se pela atuação do Estado burguês de forma vigorosa na manutenção da dominação social mediante a reprodução das relações sociais de produção capitalistas.

A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA DE VARGAS COMO PROJETO DE BEM-ESTAR CONSERVADOR

Míriam Starosky

Instituto de Estudos Sociais e Políticos – Iesp/Uerj

O objetivo do estudo foi desenvolver uma discussão teórica acerca do projeto varguista de tentativa de criação de "Estado de bem-estar" no Brasil. A partir da proposta de Esping-Andersen de

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 93

compreensão de diferentes regimes de welfare state - conservador, liberal e social-democrata - a análise do projeto varguista resultou como enquadrado no modelo conservador. A saída corporativa, com a construção de políticas sociais - marcadamente trabalhistas -, apresentou-se como novo marco de coesão social, pelo qual poderia ser permitida a participação da classe trabalhadora. Assim como no modelo conservador sistematizado por Esping-Andersen, os direitos sociais brasileiros tiveram um reduzido potencial desmercantilizador se verificados na relação com a ideia de "cidadania regulada", pois indica uma cidadania orientada apenas para grupos ocupantes de categorias profissionais reconhecidas legalmente e pela qual a relação salarial foi traduzida em direitos e garantida constitucionalmente. As políticas sociais apresentam-se como verdadeiras políticas de formação de classe: a cidadania regulada transformava-se em promessa de inclusão, moldando as perspectivas e aspiração da classe trabalhadora e assim, legitimando a luta pela sua própria efetivação. Palavras-chave: Estado de bem-estar social. Era Vargas. Formação de classe. Cidadania regulada.

FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO E DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO BRASIL

Jane Cruz Prates, Thaisa

Closs, Inez Zacarias e Gissele Carraro.

O presente artigo versa sobre os fundamentos que informam a formação e o trabalho profissional do assistente social no Brasil cuja orientação se pauta no paradigma marxiano. Aporta algumas reflexões sobre o contexto histórico em que esse processo se configurou no país e os desafios enfrentados pelos profissionais para a consolidação das diretrizes curriculares. Busca também

94 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

explicitar as características do referencial marxista que as fundamenta e sua mediação no processo de formação dos assistentes sociais incidindo sobre a constituição de sua identidade e trabalho profissional. Palavras-chave: Fundamentos do Serviço Social. Ensino e trabalho. Formação e trabalho do assistente social. Teoria marxiana.

CRISE DOS ANOS 1970, RESTAURAÇÃO DO CAPITAL E TRABALHO:

UMA ANÁLISE A PARTIR DA SEGURIDADE SOCIAL

Francisca Gomes Lima Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de

Sergipe-UFS Bolsista da CAPES

Especialista em Direitos Sociais e Gestão de Serviços Sociais - UFAL

[email protected] Esse estudo é objeto de investigação do mestrado em Serviço Social vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Serviço da UFS. Trata sobre a conjuntura de crise estrutural do capital, iniciada no fim dos anos 1960 espraiada, mundialmente nos anos 1970, pondo fim à onda longa expansiva e trazendo graves consequências para às esferas econômica, política e social, sobretudo, para o âmbito do trabalho, em função das medidas de restauração do capital, quais sejam a reestruturação produtiva, mundialização do capital e a ideologia neoliberal de orientação dos Estados. São consequências desses ajustes, a reconfiguração da gestão do trabalho via flexibilidade, tentativa de desmonte dos movimentos sociais, corte dos gastos sociais, objetivando instalar novas modalidades de extração de mais-valia e realização

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 95

da lei de valor. Norteia-se pela perspectiva histórico crítica, pautada no materialismo dialético, caracterizando-se como pesquisa qualitativa bibliográfica, com referencial teórico nas categorias da economia política de Marx presentes no cap. IV a XIV e os caps. XXX a XXXII do primeiro e terceiro livros, respectivamente, a relação entre Estado, classes e movimentos sociais, trabalho no Brasil, dentre outros. Apresentam-se como resultados indicativos de retrocessos dos direitos sociais, expresso no desinvestimento na Seguridade Social.

A DIMENSÃO SUBJETIVA DAS RELAÇÕES DE TRABALHO NA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Maria das Graças de Lima

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social Bolsista CNPQ

Pontifícia Universidade Católica De São Paulo - PUC/SP A busca militante por compreender quais os impedimentos para o desenvolvimento e sobrevivência dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) a partir de uma visão não economicista, e das contribuições de uma psicologia social crítica, resultou em minha dissertação de mestrado, sob o título: “A dimensão subjetiva das relações de trabalho na economia solidária”. O referencial teórico-metodológico utilizado foi a psicologia sócio-histórica, que considera indivíduo e sociedade, subjetividade e objetividade sem dicotomias, como partes de um todo, que interagem dialeticamente constituindo e sendo constituídas simultaneamente de forma processual. Concluímos que a dimensão subjetiva dos trabalhadores (as) sobre as relações de trabalho se constitui num movimento dialético entre condições objetivas e subjetivas nos EES, e que se apresenta como desafios, à medida que os trabalhadores (as), em sua prática cotidiana, reproduzem valores capitalistas, mas ao mesmo

96 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

tempo revela possibilidades de superação destas dificuldades quando as atividades operacionais (produção e gestão), e a formação integral (teoria e pratica; tecnologia e política) aconteçam num processo simultâneo e permanente nos EESs.

NOVO DESENVOLVIMENTISMO, EXPANSÃO TERRITORIAL DO CAPITAL AVÍCOLA E SINDICATOS

Fernando Mendonça Heck

No contexto do chamado “novo desenvolvimentismo” brasileiro a atividade avícola tem recebido forte estímulo do Estado o que têm favorecido sua expansão territorial pelo Brasil. O capital avícola, processador de produtos de baixo valor agregado, representa um dos exemplos fundamentais do novo desenvolvimentismo onde aceita-se uma especialização regressiva, ou seja, um recuo que o modelo capitalista neoliberal impôs aos países dependentes que haviam logrado desenvolver um parque industrial mais complexo. O Oeste Paranaense nesse contexto tem apresentado uma expansão territorial do capital avícola significativa com um crescimento de mais de 350% nos últimos 10 anos. Contudo, o estímulo a tais atividades tem apresentado aos trabalhadores um emprego degradante que atinge a sua saúde em virtude dos inúmeros movimentos repetitivos exigidos nas linhas de desmontagem de frangos. Mesmo assim, a ação sindical pouco tem se pautado em ações contundentes de enfrentamento ao capital, pelo contrário, tem agido em alguns casos, como em paralisação recente dos trabalhadores num frigorífico no município de Cafelândia, na contramão dos interesses dos trabalhadores com o intuito de fazê-los retornar ao trabalho. Entender e problematizar a ação sindical é o nosso objetivo neste artigo.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 97

O PROBLEMA DOS ADICIONAIS PARA TRABALHO INSALUBRE, PERIGOSO E PENOSO E A INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS

PERSONALÍSSIMOS

Vanderlei Schneider de Lima

A presente reflexão tem como objetivo principal perceber, através da análise legislativa e de reflexão bibliográfica, a controvertida postura adotada pelo nosso ordenamento jurídico quanto à proteção dos direitos da personalidade face às condições adversas do ambiente de trabalho. Objetiva-se discutir acerca da ineficácia e inadequação da patrimonialização do risco no tocante a saúde e integridade física do trabalhador, isto em razão da legitimação dada pela legislação trabalhista à contraprestação remuneratória pela exposição a fatores nocivos (insalubres), perigosos ou penosidade na atividade desenvolvida pelo trabalhador. Isto porque, em oposição ao tipificado no ordenamento jurídico trabalhista, emerge como premissa fundamental nas relações de emprego a não exposição do trabalhador a elementos de riscos capazes de comprometer os seus bens da vida. Premente, portanto, que se sobreponha ao pagamento de adicionais compensatórios, uma tutela efetiva aos direitos da personalidade, pela adoção de medidas de segurança e higiene no ambiente de trabalho, eficazes e capazes de minimizar ou afastar os fatores de risco; reconhecendo-se como obrigação implícita nos contratos de trabalho, a oferta e manutenção de um ambiente de trabalho saudável, capaz de viabilizar a atividade produtiva, mas tomando a saúde do trabalhador como bem inalienável. Palavras-chave: Direito do trabalho. Ambiente de trabalho. Saúde

do trabalhador.

98 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

DUAS LOCALIDADES, DUAS RURALIDADES SUBSUMIDAS AO AVANÇO DO CAPITAL NO CAMPO.

Marcos Acácio Neli Daniel Dias Ângelo

O presente artigo versará sobre duas realidades distantes geograficamente e pertencentes a grande temática do desenvolvimento do campo brasileiro. A primeira, atem-se ao estudo dos trabalhadores da Agroindústria Avícola de Chapecó e preocupa-se em demonstrar a busca pela sobrevivência rural desses desde a criação das aves na pequena propriedade ao trabalho na indústria. Já a segunda, abordará a luta dos camponeses Agrossilvicultores do Projeto RECA – situados numa região fronteiriça entre Acre e Rondônia – pela construção de uma forma socioeconômica de permanência na terra. Seu primeiro objetivo é expor as nuances e particularidades do desenvolvimento rural de cada caso, abarcando a luta das famílias para subsistirem materialmente na terra. Dos estudos específicos, é objetivo também do presente texto encontrar os elos entre as duas ruralidades, para desse modo analisar esse desenvolvimento desigual e combinado propago no campo pelo avanço do capital. Por fim, estima-se aumentar o voz dos estudos do campo de modo universal, lançando mão de metodologias que compreendam as leis gerais de desenvolvimento da terra enquanto fator de vida social e não mais exclusivamente como fator de produção.

A PROCESSUALIDADE DO CAPITAL E A MANUTENÇÃO DA

EXPLORAÇÃO DE MAIS-VALOR: ANÁLISE TEÓRICA DO CAPITAL A PARTIR DO SÉCULO XIX À CRISE DOS ANOS DE 1970.

Marcio Moises de Souza Barbosa

E-mail: [email protected]

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 99

O presente artigo pretende apresentar a partir de uma perspectiva materialista histórico-dialético o par conceitual “continuidade na descontinuidade”, apresentado na produção teórica marxista e marxiana, através da processualidade do desenvolvimento capitalista desde a sua fase monopolista até hipertrofia da esfera financeira, com as suas respectivas expressões no mundo do trabalho. Assim tomamos como lapso de tempo a segunda metade do século XIX até a crise dos anos de 1970 que impõe novas modificações no capitalismo tardio. Como fonte de pesquisa foi utilizado principalmente a produção teórica de Lenin, François Chenais, David Harvey e Giovanni Alves, autores que compreendem, na sua produção teórica esse espaço de tempo analisado na perspectiva que tomamos. Também foram utilizados como obras que melhor expressão a ideologia de cada forma administrativa do trabalho vivo, as obras de Frederick Taylor e também de Taiichi Ohno, respectivamente o taylorismo e o ohnismo. Concluímos que as transformações sofridas pelo capital da metade do século XIX até os anos de 1970 expressão a necessidade de manutenção da taxa de lucro e do capitalismo como meio metabólico social. As várias metamorfoses econômicas e administrativas do capital expressão essa continuidade do capital como explorador do mais-valor. Palavras-Chave: Reestruturação produtiva. Mundo do trabalho. Toyotismo. Fordismo.

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO DESEMPREGO NO BRASIL NA DÉCADA DE 2000.

Giselle Nunes Florentino

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Instituto Multidisciplinar.

[email protected]

100 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Considerando que o problema do desemprego atinge milhares de

trabalhadores em diversos países e no caso do Brasil perpassa

por aspectos econômicos, pois seus reflexos atingem a vida de

pessoas que dependem direta ou indiretamente da renda do

trabalho, haja vista, que esta constitui a maior parcela da

composição do rendimento familiar. Este artigo tem por objetivo

analisar o comportamento do desemprego no Brasil durante o

período de 2003 a 2013, criando um panorama da evolução da

taxa de desocupação e apontando o perfil do desemprego. Bem,

como apresentar a trajetória do salário mínimo nominal e real

durante a década de 2000 e observar a sua relação com a

distribuição da renda do trabalho no Brasil. A primeira seção será

feita uma apresentação do Princípio da Demanda Efetiva de

Keynes, como proposta teórica que irá conduzir a análise. Na

segunda seção será feita a análise da taxa de desocupação e em

seguida apontando as principais características do perfil do

desemprego e na terceira seção a evolução do salário mínimo e

um panorama da distribuição de renda no Brasil, através da

utilização do índice de Gini, o resultado desta pesquisa aponta

para possíveis ações de políticas econômicas que fomentem a

geração de emprego e renda no país.

O ESGOTAMENTO DO FORDISMO E O NEOLIBERALISMO COMO "FUGA PARA FRENTE" DO CAPITAL DE SUA CRISE ESTRUTURAL.

Remo Moreira Brito Bastos

Universidade Federal do Ceara O presente texto busca recuperar os nexos causais e as condições históricas que desencadearam o aparecimento do neoliberalismo,

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 101

ordem social por meio da qual os capitalistas empreenderam a recuperação da hegemonia econômica, social, política e cultural nas sociedades de capitalismo avançado e a neo-colonização das nações periféricas. Impossibilitado de enfrentar as raízes de suas inexoráveis crises, o sistema sociometabólico do capital opta, após a Segunda Grande Guerra, pela estratégia da "fuga para frente", de modo a dar sobrevida a suas cíclicas fases de expansão da acumulação de capital. Faz isso deslocando espacialmente e temporalmente aquelas contradições, consubstanciando um padrão de acumulação que ficou conhecido como fordismo, cujo esgotamento, a partir de meados da década de 1960, passar a comprometer seriamente a acumulação de capital nos países de capitalismo avançado, deflagrando uma crise cuja natureza, inédita, ameaça sobremaneira a própria existência do sistema. Palavras-chave: Fordismo. Neoliberalismo. Crise estrutural do capital.

UM ESTUDO SOCIOECONÔMICO DOS CHAPAS NO MUNCÍPIO DE PARANAÍBA/MS

Alexandre de Castro. Universidade Estadual de Mato

Grosso do Sul-UEMS. Jéssica Franco Santos. Universidade Estadual de Mato Grosso do

Sul-UEMS. Nesta comunicação buscamos apresentar o desenvolvimento de uma pesquisa em andamento com um grupo social denominado chapas no município de Paranaíba, Estado de Mato Grosso do Sul. A presença desse trabalhador às margens das rodovias brasileiras desperta atenção e se impõe como um fenômeno social a ser conhecido. No município em questão ocorre uma particularidade. A presença dos chapas não se dá às margens das rodovias que contornam o município, mas em “pontos” de

102 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

concentração localizados em três locais distintos no interior da cidade: Posto Daniel; no ponto Zebu Leilão e nas proximidades do comércio de materiais para construção denominado Matecsul. De posse do referencial proposto por Antunes (2009), “classe-que-vive-do trabalho”, fomos a campo e procuramos analisar empiricamente a realidade deste “profissional”, além de entendermos o papel de sua atividade laboral, mediante técnica de entrevistas estruturadas. Por se tratar de uma pesquisa em desenvolvimento, levantamentos preliminares apontam se tratar de uma atividade laboral exclusivamente masculina, exercida por pessoas que anteriormente ocuparam outras atividades profissionais desprovidas de qualificação, denotando uma ocupação tipicamente fruto da precarização do trabalho. Palavras-chave: Capitalismo. Chapa. Precarização do trabalho. Trabalhador.

POR ENTRE VOZES E SOMBRAS: TRANSITANDO NAS TRAMAS INFORMAIS DO TRABALHO AMBULANTE EM CANINDÉ

Morgana Melca Braga Sampaio-IFCE

David Moreno Montenegro-IFCE Esta pesquisa busca compreender como os trabalhadores ambulantes do município de Canindé desempenham suas atividades laborais dentro do circuito da informalidade, escrutinar as tramas sociais que conspiram para que esta parcela da sociedade sobreviva às margens dos direitos sociais e expor os dilemas desses trabalhadores que se movem nas zonas de sombra das políticas públicas municipais. Para tanto, a pesquisa assumiu caráter eminentemente qualitativo, investigação em que se dá voz aos sujeitos na tessitura diária das tramas de suas vidas, em que o método descritivo assumiu imensa importância, pois possibilitou a familiarização com as personagens deste estudo. Constatou-se que a conflitualidade é marca constitutiva da trajetória desses

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 103

trabalhadores que vivem às voltas com processos violentos de remoções, além de terem suas demandas constantemente negligenciadas pelas autoridades locais. Foi possível encontrar elementos que apontam para uma complexa relação entre o que poderíamos chamar de cidade legal com outra dimensão que apontaremos como a cidade ilegal, relação que se configura como fundamental a ser analisada para se compreender o tênue equilíbrio entre essas forças sociais que possuem interesses diversos, por vezes contraditórios. O ESTADO E O CAPITAL NA TRANSFORMAÇÃO DO TERRITÓRIO – uma leitura a partir da construção da hidrelétrica Serra do Facão

no Vale do Rio São Marcos

Aline Cristina Nascimento – UFG/Campus Catalão Mestre em Geografia. Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia,

Trabalho e Movimentos Sociais – GETeM/CNPq [email protected]

Marcelo do Nascimento Rosa – UFG/Campus Catalão.

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia. Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia, Trabalho e

Movimentos Sociais – GETeM/CNPq [email protected]

Refletir sobre a apropriação da natureza pelas classes sociais antagônicas ajuda a compreender a transformação do território e os conflitos que dela emanam e que são a marca do modo capitalista de produção. Sendo assim, esse trabalho buscará compreender a partir da construção da hidrelétrica Serra do Facão, no Vale do Rio São Marcos, o papel do Estado na construção de hidrelétricas e seus desdobramentos na vida de populações camponesas. O Estado sempre teve uma presença constante e contraditória no processo de produção do território

104 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

não apenas na conciliação e regulação da sociedade e dos conflitos entre as classes sociais, mas também e principalmente como representante e como instrumento das classes dominantes. E é a partir dos debates sistematizados no Núcleo de Pesquisa Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais (GETeM/CNPq) e nos trabalhos de campo realizado na área inundada pelo reservatório da hidrelétrica Serra do Facão entre os anos de 2002 a 2012 que buscou-se elementos para a reflexão aqui apresentada.

AS EXPERIÊNCIAS DE ORGANIZAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE GRAVATAÍ/RS

Mari Aparecida Bortoli.

Bolsista PNPD/CAPES no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, da Faculdade de Serviço Social – PUCRS. E-mail

[email protected] Carlos Nelson dos Reis.

Professor Titular no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Economia – PUCRS. E-

mail [email protected] Gravataí, cidade localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, é considerada pioneira no desenvolvimento de ações para realização da coleta seletiva e da gestão dos resíduos sólidos sob a responsabilidade do governo municipal por meio de um contrato com uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis. Com o objetivo de investigar os processos de organização em que se inserem os catadores foi realizada uma pesquisa, de cunho quanti-qualitativo. Foram utilizadas técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e empírica, integrando dados estatísticos, coletados por meio de formulários e entrevistas com 150 catadores, no ano de 2010. O estudo revela que as experiências de organização dos catadores envolvem relações complexas e contraditórias. Trata-se de

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 105

populações pobres, mobilizadas em torno da coleta seletiva e da manutenção dos catadores nas ruas da cidade. Os processos de organização social e econômica articulados pelos catadores, por meio de formas associativas e cooperativas, e pelos demais agentes sociais, por meio de instâncias públicas e privadas, revelam um campo de disputas e de luta por condições de vida e de trabalho. Nesses processos, o segmento de catadores avança, tencionando os poderes instituídos e dando visibilidade às suas lutas e à sua ocupação.

106 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

GT 4 (B) TRABALHO, ECONOMIA E SOCIEDADE Dia 28/05 / Coordenação:

Teone Maria Rios de Souza Rodrigues Assunção

NOVO-DESENVOLVIMENTISMO NA AMÉRICA LATINA: DISCUSSÃO ACERCA DE ALGUMAS CRÍTICAS CONCEITUAIS

Cláudia Maria Costa Gomes

Emanuelle Galdino de Oliveira Moura Jéssica Maria de Souza Mélo

Maria da Conceição da Silva Cruz Este artigo contém os resultados finais da pesquisa de Iniciação Científica vinculada a UFPB, sob o título Um Balanço Crítico das Teses Centrais do Novo-Desenvolvimentismo na América Latina, concluído no primeiro semestre do ano de 2013. Este projeto surgiu como continuidade da pesquisa iniciada no ano de 2011, e que terão continuidade na pós-graduação. Procuramos estudar o conceito do novo-desenvolvimentismo segundo alguns autores de destaque na América Latina e no Brasil, analisando os seus escritos, tomando como foco as críticas que tecem a respeito do tema. O novo-desenvolvimentismo tem sido assunto constante de eventos e de produção literária na América Latina, se apresentando como um tema atual. Prova disso são os escritos ora analisados por este artigo, que apresentam como foco o fenômeno do novo-desenvolvimentismo desvelando suas características principais. Os autores pesquisados foram Rodrigo Castelo, Reinaldo Gonçalves, Plínio Sampaio Júnior e Claudio Katz.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 107

MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA E A OFENSIVA CONTRA O TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE: APORTES PARA UM

DEBATE.

Jacqueline Aline Botelho Lima Barboza (GRUPO THESE) Douglas Ribeiro Barboza (UFOP) Emilia Oliveira Rodrigues (UFOP)

Fabiana da Conceição Timóteo (UFOP) Flávia Maurício Figueiredo (UFOP)

O presente estudo busca fazer uma análise do processo de trabalho na sociedade capitalista, diante das transformações societárias impostas pelo atual estágio do capitalismo, e quais as conseqüências das novas roupagens do processo de trabalho para a efetivação das reivindicações das lutas dos trabalhadores. Tentamos desvendar as implicações da desregulamentação e flexibilização do trabalho nas condições de vida e de cidadania dos trabalhadores na atual quadra histórica do cenário nacional. Tais questões foram desenvolvidas através da pesquisa realizada no projeto de pesquisa “Democracia, desenvolvimento capitalista e as lutas dos trabalhadores no Brasil”, na qual busca-se investigar, a partir do substrato teórico-metodológico do materialismo histórico, as relações entre a construção da democracia e as transformações societárias engendradas pelo atual estágio de acumulação do capitalismo no cenário brasileiro.

O LIBERALISMO COMO “SOLUÇÃO” PARA A “QUESTÃO SOCIAL”: A DOMESTICAÇÃO E CONTROLE DOS TRABALHADORES NAS

PÁGINAS DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO (OESP).

Guilherme Pigozzi Bravo; Tiago Siqueira de Oliveira (Doutorandos junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Sociais – FFC-UNESP-Marília) [email protected] [email protected]

108 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O objeto deste trabalho consiste em analisar e compreender a importância da atuação da imprensa, especificamente do jornal O Estado de S. Paulo, em um determinado período e contexto histórico. O projeto de poder que norteava a atuação do OESP balizava-se na doutrina liberal e almejava a hegemonia política e cultural de São Paulo, no cenário nacional. Para os representantes do jornal, a manutenção da “paz social” pautava-se pela completa eliminação dos “inimigos da propriedade privada”, ou seja, os comunistas, e pelo controle político e ideológico da classe operária, o que, em si, revela o caráter autoritário e excludente da doutrina liberal. Para o periódico, a “ordem social” constituía-se um fator imprescindível para a evolução política e econômica do país, o que pressupunha o controle ideológico dos trabalhadores, de forma a torná-los dóceis, produtivos, ordeiros e “resistentes” às investidas perniciosas dos comunistas, considerados como “inimigos da propriedade”. Assim sendo, a partir de um recorte que compreende os anos de 1930 a 1937, concentrando-se no ano de 1935, observar-se-á a capacidade do jornal estudado de construir uma opinião e influenciá-la, a partir de uma dada concepção ideológica.

TRABALHO E MIGRAÇÃO: O RECRUTAMENTO DE HAITIANOS NA AMAZÔNIA PELA AGROINDÚSTRIA DA CARNE DO CENTRO-SUL

BRASILEIRO Letícia Helena Mamed

[email protected] Bolsista Prodoutoral-Capes

Doutorado em Sociologia-IFCH-UNICAMP O trabalho apresenta os aspectos gerais e desdobramentos iniciais da pesquisa em curso sobre (a) o processo social de constituição do movimento internacional de trabalhadores

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 109

haitianos na Amazônia Ocidental, estimados até março de 2014 em mais de 18 mil, (b) a experiência inédita do acampamento de imigrantes instalado no Estado do Acre, que os recebe, abriga, alimenta e documenta, visando o seu aproveitamento como força de trabalho, e (c) as formas de inserção deles na agroindústria da carne no Centro-Sul do Brasil. A principal hipótese de investigação considera que os ajustes estruturais do capital se associam às metamorfoses no mundo do trabalho e aos deslocamentos compulsórios de contingentes de trabalhadores em busca de estratégias de sobrevivência além das fronteiras nacionais. A partir do marco teórico-metodológico do marxismo, na perspectiva crítica do trabalho, o objetivo central do estudo é compreender o significado sociológico do trânsito internacional desses trabalhadores, pretendendo situá-lo no terreno concreto do desenvolvimento do capital e suas desigualdades internacionais e regionais, e ao final revelar as formas particulares de exploração do trabalho combinadas à nova configuração da acumulação capitalista, em especial no contexto brasileiro.

AS POLÍTICAS URBANAS E SUAS INFLUÊNCIAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Thais Moreira de Oliveira

Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM [email protected]

A referente pesquisa visa obter o conhecimento acerca dos rebatimentos do Estado Capitalista através da política urbana (ou habitacional?) no cotidiano dos indivíduos por esta política atendidos na contemporaneidade. O interesse por esta temática se deu a partir da participação em um trabalho técnico social desenvolvido junto aos usuários que passaram por um processo de reassentamento involuntário realizado pela política

110 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

supracitada. Tal estudo está em desenvolvimento e é realizado a partir da perspectiva crítico dialética, a fim de captar as múltiplas determinações relacionadas ao objeto em seus diversos elementos constitutivos. Em um período de nove meses, foram então realizadas revisões bibliográficas, análise documental - Ministério das Cidades e pesquisas de campo para coleta de dados, cujos resultados estão em processo de análise minuciosa, que apontarão a direção a ser seguida para o sucesso da pesquisa. Até o momento surgiram como resultados parciais a elevação dos gastos, distanciamento dos centros comerciais e enfraquecimento das relações trabalhistas.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS DE TRABALHO PARA JUVENTUDE NO BRASIL

Teone Maria Rios de Souza Rodrigues Assunção Vera Lucia Tieko Suguihiro

O Desenvolvimento econômico é uma categoria que tem sua base no modo de produção capitalista. É de natureza contraditória e ideológica, na medida em que, para o desenvolvimento é necessário a exploração da força de trabalho e extração da mais valia. O desenvolvimento do capitalismo ocorre através dos ajustes para obtenção do lucro e, nesse sentido, a exploração da força de trabalho é uma das suas maiores características. Entende-se o desenvolvimento econômico, como o desenvolvimento da classe trabalhadora como do capital, de maneira que todos, no mesmo nível de progresso, possam se desenvolver material, social e culturalmente. O que não é possível em um sistema em que tem por direção econômica o mercado, daí, a contradição. O presente trabalho é fruto da apresentação durante o I Seminário sobre Desenvolvimento Regional “Desafios para o desenvolvimento em tempos de

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 111

Globalização”, ocorrido em 2013 na UNESPAR Campus de Paranavaí. O texto objetiva conceituar desenvolvimento econômico e, no segundo momento, apresentar a trajetória das políticas sociais públicas de trabalho para juventude no Brasil.

TENDENCIAS ATUAIS DO TRABALHO SOBRE A ATUAÇÃO

PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS

Márcia Sgarbieiro Programa de Estudos Pós-graduados em Serviços Social

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

O presente texto tem por objetivo fazer uma breve reflexão a cerca das transformações ocorridas no mundo do trabalho, principalmente nos últimas duas décadas, e como estas transformações incidem sobre a atuação profissional dos Assistentes Sociais brasileiros e dão nova configuração aos seus espaços sócio-ocupacionais. Para tanto fizemos uma pesquisa bibliográfica acerca das transformações no mundo do trabalho, como as Políticas de seguridade social se transformam neste contexto e do exercício profissional dos Assistentes Sociais. Concluímos que as transformações contemporâneas no mundo do trabalho incidem diretamente sobre os espaços sócio-ocupacionais dos Assistentes Sociais. Palavras-chave: Mundo do trabalho. Espaços Sócio-ocupacionais. Serviço Social. NOVO-DESENVOLVIMENTISMO E PRONATEC: APROXIMAÇÕES A

PARTIR DAS IDEIAS DO ESTADO GERENCIALISTA

Romir de Oliveira Rodrigues Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Canoas

Maurício Ivan dos Santos

112 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Canoas Este artigo investiga as relações entre o novo-desenvolvimentismo e as políticas da EPT, focalizando no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), a partir de um diálogo com elementos apresentados por Clarke & Newman na obra “The Managerial State”. Procura-se compreender o Pronatec como lócus no qual interagem processos de vários níveis sendo que, no escopo deste artigo, serão salientadas as relações no nível nacional do Programa, buscando compreender os diferentes sujeitos, públicos e privados, envolvidos em sua implantação e, principalmente, na sua dimensão enquanto uma política educacional de um Estado que passa por uma mudança na forma de intervenção na economia e na relação com a sociedade. Como resultado desse processo pode-se verificar a criação de quase-mercados, com a utilização de mecanismos de mercado na gestão pública, a descentralização dos serviços públicos, repassando grande parte de sua execução para o Terceiro Setor, o discurso permanente de melhoria da qualidade, sem a definição de quais critérios devem ser utilizados para sua aferição, e a individualização dos processos de qualificação profissional, com assunção do cidadão-como-consumidor.

GUARDA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS - A “SENSAÇÃO” DE SEGURANÇA DA POPULAÇÃO À CUSTA DA EXPLORAÇÃO DO

GUARDA MUNICIPAL

Genecy Gomes de Meneses (Graduada em Serviço Social pela UFF/Rio das Ostras, Guarda Municipal no município de Rio das

Ostras – RJ) Clarice da Costa Carvalho (Assistente Social, docente do curso de

Serviço Social da UFF/Rio das Ostras)

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 113

Universidade Federal Fluminense – Campus Rio das Ostras – Curso de Serviço Social

Este artigo apresenta parte dos resultados de um estudo de graduação em Serviço Social que teve por objetivo abordar os impactos do trabalho na vida dos trabalhadores da Guarda Municipal de Rio das Ostras (GMRO). Aqui apresentaremos - a atuação das guardas municipais no contexto de segurança pública. Quais as suas atribuições segundo o texto constitucional, como se enquadra nas políticas de segurança pública, quais as suas limitações e áreas de atuação e qual a expectativa da população em relação a tal instituição, bem como, as atividades laborais realizadas pelos servidores, as escalas de serviço, as condições de trabalho e os impactos que a profissão traz para a vida pessoal desses trabalhadores, assim como, para sua saúde. Foi abordada ainda a ausência de uma intervenção por parte do poder público municipal no sentido de identificar e criar estratégias de enfretamento a questões relacionadas ao trabalho que influem diretamente na saúde do trabalhador e consequentemente no modo como este irá desempenhar suas funções. O estudo aborda aspectos da GMRO desde sua origem no município até 2013. Foi realizada pesquisa bibliográfica, na qual utilizamos autores que analisam aspectos contemporâneos do mundo do trabalho, segurança pública, saúde do trabalhador, na perspectiva da teoria social crítica, também utilizamos mão de dados estatísticos de órgãos institucionais/governamentais.

DESENVOLVIMENTISMO E NEODESENVOLVIMENTISMO: ANÁLISE DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS E SUAS IMPLICAÇÕES

PARA O TRABALHO E A EDUCAÇÃO Fernanda de Aragão Mikolaiczyk

Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro [email protected]

114 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O presente trabalho apresenta-se como uma tentativa de situar historicamente o trabalho na sociedade capitalista por meio da análise das relações estabelecidas entre as políticas de desenvolvimento econômico e a educação no Brasil, vislumbrando os limites e as possibilidades do trabalho constituir-se ou não como princípio educativo. O objeto de estudo é a relação existente entre desenvolvimento e educação, estas inseridas no contexto das políticas desenvolvimentistas protagonizadas no Brasil a partir de 1930, na reforma dos Estados Nacionais a partir de 1980-1990 e em como a redefinição do papel dos Estados influenciou na prática da desregulamentação do mundo do trabalho e suas implicações recentes na educação pública do país. Como referencial teórico e metodológico o Marxismo possibilita por meio das categorias de desenvolvimento, Estado, trabalho e educação analisar o Brasil e suas linhas gerais de desenvolvimento, tendo como referenciais centrais nesse trabalho a concepção de Antonio Gramsci sobre a educação e os trabalhos de autores com base nas leituras e no método de Karl Marx. A análise das materializações existentes entre desenvolvimento e educação contribuíram para explicitar como o trabalho continua sendo princípio educativo e a forma mais revolucionária do qual o trabalhador possui para lutar contra o capital. Palavras-Chave: Desenvolvimento. Estado. Trabalho. Educação.

CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO EM UBERLÂNDIA/MG

Marisa A. Elias USP/Ribeirão Preto

Vera Lucia Navarro USP/Ribeirão Preto As políticas neoliberais implementadas no país, principalmente a partir de 1990, preconizam a lógica do mercado para a educação

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 115

e, consequentemente, a redução da atuação do Estado. Tais políticas se dão aceitando as exigências do Banco Mundial na promoção do desenvolvimento de atividades técnicas e científicas voltadas para o aumento da produtividade do trabalho e têm afetado sobremaneira o trabalho docente. Esta pesquisa teve por objeto de estudo o trabalho de docentes de Instituições de Ensino Superior Privado. Investigou-se a relação entre as condições de trabalho e a situação de saúde destes profissionais. A pesquisa é fundamentada no referencial teórico-metodológico do materialismo histórico dialético e na psicodinâmica do trabalho. Os resultados mostraram que estes profissionais enfrentam situações precárias de trabalho, contratos por hora/aula, falta de estabilidade no emprego, pressão das chefias, intensificação do trabalho, etc. Conclui-se que estes profissionais estão expostos a condições precárias de trabalho, sendo submetidos a atividades desgastantes que desqualificam a profissão e aumentam o mal estar físico e psíquico.

FINO TOQUE TÊXTIL COOPERATIVA: UM EXEMPLO DA MATERIALIDADE DA CRISE DO CAPITAL?

Claudia Sombrio Fronza

Este artigo analisa as mudanças na relação capital trabalho no setor têxtil e vestuário blumenauense, detalhando especificamente a constituição da Fino Toque Têxtil Cooperativa. Desde 1990, os reflexos da crise do capital ampliam o desemprego e favorecem o desmonte do trabalho coletivo, a intensificação da jornada de trabalho e o processo de informalização do trabalho. A Fino Toque é fundada nesta perspectiva e num momento de expressivo aumento das experiências autogestionárias.Para compreendê-la analisou-se a expansão da industrialização no setor têxtil e vestuário em Blumenau e as estratégias de acumulação de capital, assim como,

116 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

o seu contrário, os conflitos de classe e a constituição das forças do trabalho. Na viabilização deste estudo utilizou-se o método qualitativo associado às técnicas de estudo de caso e análise de trajetórias ocupacionais. A pesquisa viabilizou-se por meio das contribuições dos cooperados e ex-cooperados da Fino. Os resultados apontaram que o processo de expansão industrial nestes setores foi acompanhado pelos conflitos de classe. Entretanto, a Cooperativa encontra inúmeras dificuldades estruturais e históricas para viabilização econômica e fortalecimento dos valores autogestionários. Palavras-chave: Fino toque têxtil cooperativa. Processo de informalização do trabalho e não assalariamento.

INFORMALIDADE E TERCERIZAÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: DESAFIOS PARA O NOVO SINDICALISMO

Renato de Almeida Oliveira Muçouçah

Matheus Braga Calcagno

O conceito de informalidade no trabalho, desenvolvido pela OIT, diagnostica no Brasil um imenso contingente de trabalhadores afastados da aplicação de normas de proteção ao trabalho, chegando a verificar – mesmo no dito setor formal – traços de que a legislação não é respeitada. Para além deste fenômeno, ou melhor, em complemento deste, surge a tercerização aplicada a todos os segmentos da atividade econômica, a qual reproduz (mesmo fazendo parte, em tese, do mercado formal) a mesma lógica da informalidade: rebaixamento de direitos dos trabalhadores frente a outros não-terceirizados que, no mais das vezes, promovem idêntica atividade na mesma empresa. Tais foram os objetos de estudo do presente trabalho. Os fenômenos relatados atendem a uma demanda global do setor capitalista pelo barateamento da produção, pela via da negação ou supressão de direitos sociais elementares. Utilizando análise

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 117

dedutiva do material bibliográfico e análise de dados coletados na pesquisa, chega-se à conclusão de que o sindicalismo atual deve buscar um nicho de atuação que não somente aquele calcado na representatividade por segmento econômico dos trabalhadores em relações formalizadas molde a buscar novos paradigmas para sua atuação.

RETRATOS DO BRASIL: O TRABALHO ESCRAVO

CONTEMPORÂNEO RURAL E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Liliane Regina Santos Costa Mestranda do Curso de Economia Politica da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo. Servidora Pública Federal. E-mail: [email protected]

Aborda-se o trabalho escravo contemporâneo rural no Brasil, realizando algumas considerações sociais, históricos, econômicas e humanas em torno da exploração do trabalhador em condições em situação análoga a escravidão. Objetiva-se retratar o trabalho escravo contemporâneo rural no Brasil, bem como explica-lo por meio da lógica marxista, expondo suas contradições e dilemas. A metodologia deste estudo fez uso de pesquisa bibliográfica e documental, utilizando acervo da Internet, bem como livros e artigos com publicação sobre a temática. Também é utilizado de dados estatísticos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) com dados de 2003 a 2012 para a elaboração de gráficos e índices no Brasil reforçando a discussão e analises sobre a problemática no contexto da lógica capitalista. São observados os impactos do trabalho escravo contemporâneo rural sobre o homem e seu impacto sobre o meio ambiente, resultando em um processo de acumulação primitiva no território brasileiro. Também são traçadas algumas características do trabalho rural em situação análogo a escravidão, tais como: perfil, localização, nível de escolaridade e origem, etc. Consequentemente, destacamos os

118 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

efeitos sociais dessa exploração sobre esses trabalhadores, submetidos sem direito a dignidade e a vida. Palavras-chave: Trabalho. Escravo. Contemporâneo.

NOTAS SOBRE A TEORIA DA DEPENDÊNCIA NA ATUALIDADE

Arine Monteiro Petersen

A partir da década de 70 ganha força na América Latina o debate em torno do desenvolvimento da economia do continente. Este debate se mostrou bastante inovador por tratar do rompimento com o eurocentrismo e com produção externas para explicar as perversidades do capitalismo no continente. Neste debate, podemos elencar a figura do Ruy Mauro Marini, importante teórico e militante que buscou no marxismo entender a relação de dependência na qual os países da América Latina estabeleciam com os países centrais. A partir desta análise o objetivo deste trabalho é expor algumas das principais contribuições desta teoria, demonstrando a veemência desta para explicar o capitalismo na América Latina nos dias de hoje.

A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E SEUS IMPACTOS SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO E A EDUCAÇÃO

Thaylla Soares

Paixão (Autora) Thayene da Costa Campos Santos (Coautora)

O presente artigo tem por objetivo discutir acerca da nova fase de internacionalização capitalista - expressa pela mundialização do capital – e os possíveis impactos da mesma para o âmbito do trabalho e para a educação. Assim, o intuito é promover uma reflexão acerca das modificações incididas sobre o trabalho e a

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 119

educação escolar, com ênfase na gestão educacional, tendo em vista o projeto hegemônico neoliberal que caracteriza a contemporaneidade. A discussão acerca da reestruturação produtiva enquanto um dos processos que integra a mundialização do capital se faz imprescindível para compreender tais mudanças. O presente trabalho utiliza de aportes teóricos embasados em autores marxistas, os quais nos permitiram compreender a realidade concreta de forma orgânica e complexa, tendo em vista a totalidade da mesma. Almejamos através do artigo aqui exposto construir conhecimentos que permitam a classe trabalhadora desenvolver uma leitura crítica sobre a atual configuração do trabalho e da educação, bem como auxiliar esta mesma classe na luta pela transformação das relações sociais de exploração e de dominação vigentes. Palavras-chave: mundialização do capital; neoliberalismo; trabalho; educação; gestão escolar.

O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E A UNIVERSALIZAÇÃO DO DIREITO À EDUCAÇÃO: ENTRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL E O

DESENVOLVIMENTO NACIONAL DEMOCRÁTICO.

Douglas Oliveira Custódio Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

[email protected] Artur D´Amico Bezerra

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected]

Alessandro Marcon da Silva Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

[email protected] O artigo se propõe a examinar a trajetória das políticas púbicas de transferência de renda e suas relações com o acesso à educação no contexto de reforma do Estado brasileiro até a

120 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

consolidação na gestão político-administrativo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva de seu principal programa de transferência de renda, o bolsa família. Busca explicitar e compreender as peculiaridades entre o acesso a uma assistência focalizada em estratos sociais de baixa renda e a garantia dos mesmos ao direito social universal da educação. Propõe-se analisar as perspectivas sociais de desenvolvimento, funções do Estado, direito social e caracterizações de seu tipo de gestão no que refere-se aos seus nexos com a promoção da sociedade equânime e democrática, juntamente com a análise das novas demandas da sociedade econômica, tipos de socialização, formação pedagógicas e da produção. Conclui com a o desenvolvimentismo social e suas tarefas para a relação integrada e ampla de redução da pobreza e realização dos direitos sociais. Palavras-chave: Programa Bolsa Família. Política Pública. Transferência de Renda. Educação.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 121

GT 5 (A) TRABALHO E SAÚDE DO TRABALHADOR Dia 27/05 / Coordenação:

André Luís Vizzaccaro-Amaral

AS NECESSIDADES DE SAÚDE DE UM GRUPO DE CATADORES DE LIXO

Cristiane de Melo Aggio – Unicentro

([email protected]) Márcia Adriana Schuller

Introdução: Catadores de lixo tiram seu sustento da recuperação dos restos e sobras do lixo produzido pelo desenfreado consumismo da sociedade moderna e mesmo contribuindo para a saúde e o bem-estar de toda a comunidade urbana através da reciclagem, a invisibilidade do cotidiano de trabalho e de vida destas pessoas também é presente nas ações de vigilância da saúde pública brasileira. Objetivo: Conhecer a vida e o trabalho de catadores de lixo reciclável e analisar suas necessidades de saúde. Metodologia: estudo de caso de um grupo de catadores, pesquisa participante com diários de campo e anotações dos autores, análise crítica dos problemas segundo a taxonomia de necessidades de saúde. Resultados: O acesso às tecnologias de saúde capaz de melhorar e prolongar a vida está prejudicado, assim como a construção/manutenção de vínculo (a) efetivo entre os catadores e profissionais/equipe de saúde, contudo, o trabalho com o lixo permitiu o desenvolvimento da autonomia e a realização das necessidades fisiológicas básicas, sendo necessária maior atenção dos órgãos públicos a este grupo.

122 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: MERCANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

Jolinda de Moraes Alves – UEL- Pr- [email protected]

Lorena Ferreira Portes – UEL- Pr- [email protected] CNPQ

A finalidade deste artigo dirige-se em apresentar uma discussão, através de uma pesquisa bibliográfica e documental, sobre o ensino superior no Brasil nos últimos anos, apontando os caminhos percorridos, as tendências presentes e as mudanças que interferem no trabalho docente. As problematizações apresentadas no texto objetivam atentar para a lógica mercantil e empresarial que orientam atualmente a educação superior, expressando-se através da expansão do ensino privado, dos cursos à distância e da precarização do trabalho docente que se vê marcado pelo viés produtivista e meritocrático, pela supremacia do ensino em detrimento da pesquisa, pelas condições aviltantes de trabalho que provocam um sobretrabalho ao docente que é atravessado pelas atividades burocráticas e administrativas, distanciando-se da função primeira que é a de construir conhecimentos críticos. Partindo de dados do Censo da Educação Superior no Brasil de 2012, buscamos evidenciar os impactos da mercantilização do ensino e da lógica gerencial no trabalho docente.

DA PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL DO MUNDO DO TRABALHO À DEGRADAÇÃO REAL DA VIDA DO SER SOCIAL.

UM OLHAR PARA AMÉRICA LATINA

Leandro Nunes Partindo do pressuposto que o trabalho é a interferência do homem na natureza, através de um processo de mediação,

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 123

controle, regulação, onde ao se inserir em tal processo o homem altera todo um sistema primário da natureza e a si próprio. Em tempos de globalização o mundo do trabalho sofre um constante processo de precarização, influenciando diretamente a vida do ser social. Tal precarização tem se tornado presente nas distintas relações de trabalho, em especial na América Latina. Palavras chave: Precarização. Saúde. Capitalismo Dependente.

O ADOECIMENTO LABORAL COMO PROBLEMA SOCIAL: NOTAS

PARA UMA EXPLICAÇÃO SOCIOLÓGICA

Erika L. Almeida Soares [email protected]

(UNICAMP/ FAPEAM)

O presente texto explora a problemática do adoecimento laboral enquanto construção social. Para tanto, num primeiro momento, cotejamos as perspectivas teórico-conceituais dos campos da saúde ocupacional e da saúde do trabalhador, no sentido de expor como ambas abordam a questão do adoecimento laboral. Em seguida, esboçamos o desenvolvimento de uma explicação sociológica acerca da determinação do trabalho no processo saúde-doença. Adotamos a metodologia da revisão bibliográfica, com destaque para os textos dos campos da saúde coletiva e da sociologia do trabalho. A partir da premissa epistêmica que entende o trabalho enquanto categoria central da sociabilidade humana, presumimos que o novo metabolismo social do trabalho na contemporaneidade se vê diante de novos modos de (des) constituição do ser genérico do homem. Com isso, num processo social onde o adoecimento laboral ganha contornos singulares, num contexto de ampla e intensificada exploração da força de trabalho e de espoliação da corporalidade viva (corpo e mente) do trabalhador, evidenciamos que o olhar sociológico pode trazer

124 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

explicações subversivas sobre as relações sociais inerentes às formas de adoecer ou morrer no trabalho.

PLANO DE PREVENÇÃO E EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIO: UMA ESTRATÉGIA PARA A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO

TRABALHADOR

Vitor Mendes de Paula Mestrando em Geografia – UFG / CAC

[email protected]

No atual contexto de precarização do trabalho, a implementação do Plano de Prevenção e Emergência Contra Incêndio, representa uma iniciativa impar que faz parte do conjunto mais amplo das ações de uma empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores. O Plano implantado em um Hospital da rede pública do município de Uberlândia descreve as orientações e os procedimentos que devem ser seguidos pelos usuários, pacientes, acompanhantes, fornecedores e, sobretudo, pelos trabalhadores, quando da ocorrência de princípios de incêndio e sinistros. Esse plano surgiu da necessidade de padronizar e sistematizar as informações sobre sinistros (incêndio, explosões, vazamentos, etc.), para capacitar a comunidade do Hospital a desenvolverem no dia-a-dia, comportamentos preventivos e também a atuarem nos princípios de incêndios e também no abandono de área. Nesse sentido, o Plano elaborado pela equipe de profissionais do SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, estruturado em três etapas, prevenção, brigada de incêndio e abandono de área, tem por objetivo, manter uma interface junto aos programas de segurança já existentes no Hospital, para assim preservar o patrimônio público, reduzir as conseqüências sociais do sinistro e os danos ao meio ambiente, bem como garantir a segurança dos trabalhadores e demais

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 125

usuários, enquanto as medidas emancipatórias da classe trabalhadora sejam tomadas. Palavras-chave: Plano de emergência; Segurança do trabalhador; Emancipação da classe trabalhadora.

POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DO SERVIDOR PÚBLICO EM QUESTÃO: O CASO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Fernanda da Conceição Zanin Luis Allan Künzle

Paulo de Oliveira Perna Sandra Mara Alessi Muntsch

Este trabalho discute a política de saúde do servidor público adotada pelo Governo Federal, tomando por referência a Saúde do Trabalhador. Tal discussão se dá a partir da experiência da Universidade Federal do Paraná como instituição sede de uma Unidade do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS). Para este estudo foram retomados elementos históricos que permitiram passar da concepção de Medicina do Trabalho ao campo da Saúde do Trabalhador, consolidado no Brasil por meio do Movimento da Reforma Sanitária. Também foram realizadas análises de documentos referentes ao SIASS, bem como retomados debates nacionais e locais realizados em torno da temática. Na sequência são apresentados reflexos deste processo na Saúde e Segurança no Trabalho do Servidor Público Federal e em diversas iniciativas governamentais, como a Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal, do qual o SIASS faz parte. Critica-se a implementação adotada para essa política, a por exemplo da Assistência à Saúde implementada por meio de parceria público-privada, e a manutenção da Perícia em Saúde numa lógica de controle da

126 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

força de Trabalho. Conclui-se que as ações adotadas centralizam-se no adoecimento, e não na vigilância e promoção da saúde.

CONDUZINDO ESPERANÇA EM TEMPOS DE PRECARIEDADE: CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS CONDUTORES/ SOCORRISTAS

DO SAMU 192

Emanoella Pessoa Angelim Guimarães [email protected]

João Bosco Feitosa dos Santos [email protected]

Universidade Estadual do Ceará

O Serviço Móvel de Urgência - SAMU faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências desde 2003, e ajuda a organizar o atendimento na rede pública prestando socorro à população. Este estudo teve como objetivo investigar e compreender as condições e a organização do trabalho dos condutores de veículos do SAMU 192, do Município de Fortaleza. A metodologia do estudo envolveu pesquisa documental, observação do trabalho e entrevista semiestruturada com condutores socorristas. Os condutores são profissionais comumente negligenciados e estão em constante pressão por que há inúmeros fatores interferindo nos resultados de sua atividade. As condições de trabalho apresentam riscos à saúde desses profissionais que se deparam com a má conservação das vias e veículos, o transito caótico, a tensão e responsabilidade sobre a condução da equipe e, sobretudo, a situação de estresse em diminuir o tempo do percurso nas ocorrências. Outras condições de precarização do trabalho foram identificadas como forma de contratação, salários, horários de trabalho, riscos de acidentes, e desvio de funções.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 127

“(IN)CAPACITADOS PARA O TRABALHO”? TRABALHO, ESTRANHAMENTO E SAÚDE DO TRABALHADOR

NO BRASIL (2000 – 2010)

André Luís Vizzaccaro-Amaral Departamento de Psicologia Social e Institucional

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA ([email protected])

Esta tese de doutorado em ciências sociais analisa uma nova categoria de trabalhadores que vem se constituindo a partir da década de 2000, no Brasil. Formalizada, ao sofrer um acidente de trabalho ou adoecer por razões diversas, essa categoria de trabalhadores depara-se com o indeferimento ou com a cessação precoce de benefícios previdenciários aos quais tem direito, sem poder retornar à sua ocupação habitual em razão de uma “incapacidade laboral” (temporária ou definitiva e parcial ou total), permanecendo sem qualquer rendimento, restando-lhe a via judicial que, em alguns casos, restitui-lhe o direito tardiamente ou considera sua demanda improcedente. Este estudo procurou compreender essa nova categoria de trabalhadores e analisar possíveis impactos psicossociais que essa condição lhes pode trazer. Tratou-se de uma pesquisa referenciada no método dialético e no materialismo histórico realizada com três trabalhadores que ingressaram no judiciário contra a previdência pública brasileira. Entre outros elementos, os resultados indicaram um alto grau de sofrimento nos três casos analisados e demonstraram a crise da subjetividade em todas as dimensões psicossociais avaliadas: vida pessoal, sociabilidade, autorreferência, projetiva e crítica.

128 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

METAMORFOSES DO TRABALHO E DA POLITICA SOCIAL EM TEMPO DE CRISE MUNDIAL - IMPLICAÇÕES PARA O TRABALHO

DO(A) ASSISTENTE SOCIAL

Raquel Raichelis - PEPG em Serviço Social – PUCSP ([email protected])

Damares Pereira Vicente – PEPG em Serviço Social – PUCSP ([email protected])

Este texto trata das transformações do trabalho e das politicas sociais no contexto da crise contemporânea do capital, e das novas formas de precarização e intensificação do trabalho dos assistentes sociais como trabalhadores assalariados. Tem como base as reflexões desenvolvidas no Núcleo de Estudos e Pesquisas Trabalho e Profissão do PEPG em Serviço Social da PUC-SP, no qual são coordenadora (Raichelis) e pesquisadora de pós-doutorado (Vicente). Apoia-se em autores nacionais e estrangeiros perfilados no campo da teoria social de Marx, que têm na historicidade, na totalidade e na contradição as categorias centrais para o desvendamento da crise contemporânea do capital e seus desdobramentos para a “classe que vive do trabalho”. As referências analíticas e empíricas foram extraídas das pesquisas em andamento conduzidas pelas autoras, voltadas à análise do serviço social como profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho na sociedade capitalista, e da natureza contraditória do trabalho do assistente social no âmbito das politicas sociais. As conclusões reafirmam a hipótese orientadora, evidenciando os constrangimentos do trabalho assalariado e alienado do assistente social, e os impactos na materialidade e na sociabilidade do sujeito vivo, com repercussões na saúde e no adoecimento desses trabalhadores.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 129

ADOECIMENTO E ACIDENTES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA: UM LEVANTAMENTO

EXPLORATÓRIO

Ednéia Botelho Padovani Instituto Nacional do Seguro Social

Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected]

Geraldo Augusto Pinto

Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected]

Os acidentes e o adoecimento no trabalho têm sido objeto de grande atenção por parte de instituições públicas vinculadas à seguridade social, pesquisadores nas universidades e entidades de classe como os sindicatos. Sobretudo, em se tratando de setores de alta capacidade tecnológica instalados em países de economia dependente, situações em que, geralmente, a extração de mais-valor atinge patamares extraordinários. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é mapear e analisar, de forma exploratória e descritiva, ocorrências de acidentes e adoecimento no trabalho nas empresas montadoras de autoveículos no Brasil, tomando-se como escopo temporal os anos de 2009 a 2012, correlativamente à expansão da indústria automotiva no Brasil entre 2005 a 2013. Serão para isso utilizadas informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da International Organization of Motor Vehicle Manufacturers (OICA). Não se trata de uma investigação exaustiva que firme conclusões; antes, sua finalidade é traçar hipoteticamente possíveis nexos entre ocorrências de acidentes e doenças nesse setor, tendo por base aspectos como produção, investimentos, emprego, entre outros dados das empresas nele operantes, ao longo dos anos indicados.

130 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

ANÁLISE DE CONDIÇÕES DE TRABALHO DE MERENDEIRAS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

Mariana Cardoso Soalheiro [email protected]

Cassiano Ricardo Rumin [email protected]

Faculdades Adamantinenses Integradas – FAI

A função das merendeiras nas escolas apresentam condições de trabalho que envolvem desde o volume de trabalho produzido até as exigências sobre a qualidade do que é preparado e oferecido às crianças. Estas mudanças se articulam as reordenações dos serviços prestados pela escola que compreendem maior extensão de tempo e pressupostos de formação do cidadão. Ao observar essas alterações destaca-se a relevância de verificar como o cotidiano de trabalho dos agentes escolares envolvidos com o preparo e oferta de alimentos absorveram as mudanças da escola. Por isso, neste trabalho objetivou-se analisar a organização e as condições de trabalho de cozinheiras de escolas públicas de Adamantina (SP). A metodologia compreende a análise do discurso de cozinheiras que foram entrevistadas a partir de um roteiro semi-dirigido que colheu informações sobre sua trajetória enquanto trabalhadora, as relações interpessoais e outros elementos do cotidiano de trabalho. Os resultados indicaram que a organização do trabalho determina uma relevante carga psíquica as trabalhadoras e as condições de trabalho contribuem para lesões aos sistema musculo esquelético. A inadequação dos instrumentos de trabalho figura como elemento que propicia a insatisfação, pois, as necessidades das trabalhadoras não são reconhecidas pela instituição.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 131

O ESTRESSE NO COTIDIANO DO AGENTE COMUNITÁRIO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Cristiane de Melo Aggio – Unicentro

([email protected])

Introdução: O Agente comunitário é um novo profissional de saúde que representa as mudanças no modelo de atenção à saúde e, diferentemente dos demais componentes da equipe, só pode exercer esta função no âmbito do SUS e necessita morar e trabalhar na comunidade. Objetivo: analisar a produção científica sobre as situações de estresse vivenciadas pelo agente comunitário em seu cotidiano de trabalho. Metodologia: revisão bibliografica no Lilacs e Scielo, com os descritores: agente comunitário de saúde, estresse e saúde da família, selecionados seis artigos, submetidos à análise de conteúdo categorial e discutidos segundo a psicodinâmica do trabalho. Resultados: Somente um artigo aponta os aspectos positivos desta atividade e a maior parte deles revela o não reconhecimento e valorização deste profissional, o prejuízo na sua privacidade e tempo de descanso, a sobrecarga e burocratização do trabalho, o sofrimento psíquico, as dificuldades no trabalho em equipe, na resolutividade das demandas da população e a desarticulação da rede de atenção, merecendo atenção enquanto colaborador para o bem estar comunitário e cidadão com direito à saúde.

A RELEVÂNCIA DO CONCEITO DE TERRITÓRIO NA ANÁLISE DA RELAÇÃO CAPITAL/TRABALHO E DE SEUS DESDOBRAMENTOS

PARA A SAÚDE DOS TRABALHADORES

Guilherme Marini Perpetua Doutorando pela UNESP/FCT – Campus de Presidente

Prudente/SP; Bolsista da FAPESP; membro do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT)

132 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Antonio Thomaz Junior

Professor dos cursos de graduação e pós-graduação da UNESP/FCT – Campus de Presidente Prudente/SP; Pesquisador do

PQ-CNPq; coordenador do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT)

Desde os albores da Geografia institucionalizada, no século XIX, até a segunda metade do século XX, o território, um dos conceitos basilares desta ciência, teve seu significado estritamente reduzido à área de governança e soberania do Estado-nação. Contudo, a introdução de uma perspectiva relacional do poder, ensejadora de novas e revigorantes compreensões acerca das relações sociais, penetrou também os limites do conhecimento geográfico, abrindo caminho para uma análise crítica do trabalho centrada no território. Surge e consolida-se assim, paulatinamente ao longo das duas últimas décadas, uma Geografia do Trabalho cuja preocupação central é deslindar a dimensão espacial do metabolismo social vigente em seus antagonismos e contradições, contribuindo para a construção da teoria social crítica. O presente trabalho objetiva apresentar indicativos teóricos preliminares de um cruzamento possível entre o conceito de território e a categoria trabalho, com foco na construção do entendimento acerca dos territórios onde se efetiva a relação capital/trabalho e em seu corolário, a precarização e consequente degradação do trabalho, com todos os prejuízos à saúde dos homens e mulheres que trabalham.

SAÚDE MENTAL E TRABALHO NAS PARTICULARIDADES DO SERVIÇO PÚBLICO

Conceição Maria Vaz Robaina

Fundação Oswaldo Cruz Perciliana Costa Rodrigues

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 133

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Renata Mendes da Silva Pinheiro

Fundação Oswaldo Cruz O presente trabalho tem por objetivo problematizar os processos de atenção em Saúde Mental e Trabalho, a partir do paradigma da Saúde do Trabalhador, com particularidade para o segmento dos servidores públicos. Pretende-se pautar desafios à construção de ações neste campo, norteadas pelos princípios ético-políticos herdados da Reforma Psiquiátrica e da própria Saúde do Trabalhador e da abordagem do materialismo histórico-dialético, utilizando-se, principalmente, autores marxistas. Nosso objeto, portanto, refere-se à análise da realidade do serviço público e as relações de trabalho frente à possibilidade de implementação de uma política de assistência integral aos servidores. As principais categorias de análise utilizadas neste estudo foram o processo de trabalho como produto histórico, o processo saúde-doença, reestruturação produtiva e seus reflexos no serviço público e para os servidores e, o conceito de desgaste na saúde do trabalhador. Utilizou-se fontes bibliográficas, documentais e a experiência profissional. Assim, o que esperamos alcançar como resultado é a contribuição com a construção de novas práticas, no campo da saúde do trabalhador, especialmente no âmbito do serviço público, onde há muito o que avançar.

ALCOOLISMO E TRABALHO: REPERCUSSÕES NA VIDA PROFISSIONAL, PESSOAL E NA SAÚDE DO TRABALHADOR.

Ana Cláudia P. Spessotto

Prof.ª Drª.Vera L. Navarro O alcoolismo está entre os maiores problemas de saúde pública em âmbito mundial. O consumo abusivo de álcool e outras

134 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

substâncias tóxicas têm aumentado consideravelmente nos ambientes de trabalho e atingem tanto os trabalhadores de atividades desprestigiadas socialmente como os trabalhadores rurais e os da construção civil, bem como, profissionais considerados de alto status social como os médicos e executivos de grandes empresas, por exemplo. Essa pesquisa tem por objetivo geral investigar as repercussões do uso habitual de álcool na vida profissional, pessoal e na saúde do trabalhador. Foram entrevistados trabalhadores portadores de alcoolismo que fazem ou já fizeram parte do mercado de trabalho na condição de empregados e que são atendidos pelo Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao uso de Álcool e Drogas na Comunidade” (PAI PAD) do Departamento de Psiquiatria da FMRP-USP e CAPS-ADII de Ribeirão Preto. Dados parciais da pesquisa revelam que o trabalho pode não ser o único motivador para o uso habitual de álcool na vida do trabalhador, mas, na maioria das vezes se torna necessário para amenizar os sentimentos de desvalorização profissional e social que advém da precarização atual do trabalho.

ENTRE O PRESCRITO E O REAL: UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO TRABALHO DO POLICIAL MILITAR DO BATALHÃO DE

CHOQUE DO CEARÁ E O ADOECIMENTO

Rebeca Moreira Rangel – Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-CE;

João Bosco Feitosa dos Santos - Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Sociedade, Universidade Estadual do Ceará,

Fortaleza-CE. Grazielle Rodrigues Pereira – Graduação em Ciências Sociais

(bacharelado), Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-Ce

Agência financiadora: CAPES

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 135

O presente estudo teve como objetivo, problematizar a relação entre trabalho e adoecimento dos policiais do Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar do Ceará, os quais atuam de forma diferenciada e complexa em relação aos demais Batalhões. A partir do pensamento de Jacques Christophe Dejours, Michel Foucault e Jacqueline Muniz refletimos acerca das disparidades entre o prescrito e o real do trabalho, as relações e os vínculos no que se refere ao reconhecimento profissional e às relações de poder desse “fazer policial”. A pesquisa, realizada no decorrer do ano de 2013, adotou uma metodologia quanti-qualitativa, a partir da utilização de observações diretas e entrevistas semiestruturadas, além de visitas à Perícia Médica do Estado e a Associações policiais. Desse modo, observamos como as cobranças de habilidade de improvisação, iniciativa, criatividade e bom discernimento no serviço geram riscos à saúde desse efetivo policial. Concluímos assim, que o policial sofre por conta da falta de compreensão e reconhecimento da sociedade, além da falta de investimento por parte do Estado, permanecendo sem voz, por trás da instituição. Palavras-chave: Polícia Militar. Trabalho. Adoecimento.

MANAUS E A COPA: A SEGURANÇA E A SAÚDE DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO DA ARENA DA AMAZÔNIA

Renan Bernardi Kalil

O presente trabalho tem por objetivo analisar a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos na construção da Arena da Amazônia na cidade de Manaus, verificando os acidentes de trabalho ocorridos nas obras, com enfoque naqueles que causaram a morte de trabalhadores. Foi feita uma análise dos documentos e dos discursos da FIFA acerca da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil em relação ao meio ambiente do

136 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

trabalho e realizou-se uma análise dos fatos que ocorreram na construção da Arena da Amazônia a partir do estudo documental da atuação de órgãos que tem por objetivo promover a aplicação da legislação trabalhista. A adoção de práticas que tivessem o intuito de observar as normas de tutela de segurança e saúde dos trabalhadores poderia tornar a Copa do Mundo de 2014 um paradigma em relação a essa matéria no país. Contudo, as obras da Arena da Amazônia reproduziram o padrão brasileiro da indústria da construção civil que convive com o descumprimento normativo, a ausência de medidas de prevenção e a ocorrência de um elevado número de acidentes de trabalho.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 137

GT 5 (B) TRABALHO E SAÚDE DO TRABALHADOR Dia 28/05 / Coordenadora:

Vera Lúcia Navarro ANSIEDADE E DEPRESSÃO DO TRABALHADOR DE SAÚDE:

UM ESTUDO DE CASOS

Daniella Miranda Alcides Pontes Remijo

Natália Oliveira

As mudanças ocorridas no mundo após a grande crise do petróleo (1971-74), como mais uma expressão da crise estrutural do capital, forjou uma mutação no mundo produtivo, onde iniciou-se um processo de intensificação da precarização (estrutural) do mundo do trabalho. Esta intensificação é verificável pelos altos índices de doença do trabalho nos últimos anos, essa manifestação das doenças laboriosas tem uma peculiaridade que ocorreu um aumento nas doenças psíquicas em relação as doenças físicas motoras. Os profissionais de saúde vêm apresentando muito sofrimento com essas intensificação e extensão da jornada de trabalho, para corroborar essa tendência de adoecimento foi aplicado testes de ansiedade e depressão em trabalhadores da saúde em Goiânia – GO. Os resultados demonstrados nos testes revelam níveis elevados desses sintomas em trabalhador da EBSERH e com uma maior carga horária de trabalho. Palavras-chave: Ansiedade. Saúde do trabalhador. Saúde mental.

O IMPACTO DO TRABALHO NA SAÚDE DE PROFISSIONAIS DO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE MENTAL

Yasmin Livia Queiroz; Vera Lucia Navarro.

138 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Departamento de Pós Graduação em

Psicologia. Esta pesquisa tem por objetivo principal conhecer o trabalho de uma equipe de trabalhadores do serviço público de saúde mental de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Uberlândia, Minas Gerais e investigar a relação entre o trabalho e a saúde desses profissionais. Como objetivos específicos destaca-se: compreender o processo de trabalho dos profissionais da equipe do CAPS escolhido como campo de pesquisa; investigar em que medida os profissionais têm conhecimento sobre a Reforma Psiquiátrica; compreender se no discurso dos profissionais existe a relação entre adoecimento-trabalho e se eles atribuem os possíveis problemas de saúde às condições de trabalho e identificar quais são as estratégias utilizadas pelos profissionais para enfrentamento dos problemas do cotidiano ou relacionados à sua saúde. Para tanto, serão entrevistados vinte (20) profissionais de ambos os sexos membros desta equipe há pelo menos 12 meses. A pesquisa, de cunho qualitativo está em andamento e tem como principal técnica de coleta de dados a entrevista. Além das entrevistas, com o intuito de obter maiores informações acerca do trabalho destes profissionais a pesquisadora participará na condição de ouvinte das reuniões semanais da equipe e fará algumas observações da rotina de trabalho da instituição e registrará as informações relevantes em diário de campo.

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA SOB A ÓTICA DO CAMPO SAÚDE DO TRABALHADOR E PREVIDÊNCIA

Msc. Marina Coutinho de Carvalho Pereira

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 139

Este texto traz reflexões acerca da operacionalização do campo da saúde do trabalhador e da Previdência Social desde os anos 1990 ao século XXI, numa conjuntura societária desfavorável aos direitos sociais e à saúde dos trabalhadores diante das metamorfoses ocorridas no mundo do trabalho e contrarreformas do Estado em curso. Buscou-se apreendê-lo, a partir da teoria social crítica, como resposta estatal aos agravos que acometem à saúde dos trabalhadores decorrentes do processo de trabalho, processo de produção e formas de organização do trabalho, assim como explicitar as contradições que o permeiam diante dos distintos interesses que justificam sua existência. Concluiu-se que a Previdência Social e o campo da saúde do trabalhador tem se direcionado pela lógica economicista de contenção de custos, afastando-se do atendimento às reais necessidades de seus usuários.

AVALIAÇÃO DA DOR E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Marina Andrade Donzeli

Aluna do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, Uberaba/MG

Isabel Aparecida Porcatti de Walsh Professora do Departamento de Fisioterapia Aplicada da

Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, Uberaba/MG Introdução: A saúde é fator de risco a ser considerado nos programas de preparação para a aposentadoria das organizações. Objeto de Estudo: Avaliar os sintomas musculoesqueléticos e prática regular de atividade física em trabalhadores participantes o Programa de preparação para aposentadoria. Referencial Metodológico: Os sintomas musculoesqueléticos foram avaliados através do questionário Nórdico e a prática de atividade físca

140 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

regular pelo Questionário de Baeck. Resultados: Foram avaliados 45 trabalhadores (55,91±4,83 anos), sendo 66,66% mulheres. A região com maior número de trabalhadores acometidos foi a lombar, seguida por joelhos, pescoço e tornozelo/pé. Ainda, 84,44% dos trabalhadores eram sedentários. Sabe-se que a prática regular de exercício físico e uma vida ativa auxiliam na manutenção da autonomia funcional e na prevenção ou estabilização da deterioração dos sistemas. Conclusão: A partir destes resultados foram oferecidas orientações e encaminhamentos, segundo as necessidades apresentadas, o que poderá auxiliar na melhora da performance individual, com impacto positivo em sua saúde, e independência.

OS ACIDENTES DE TRABALHO NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DA REGIÃO DE ARARAQUARA (SP)

Dathiê de Mello Franco-Benatti - email:

[email protected] Vera Lucia Navarro - email: [email protected]

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo - Departamento de Psicologia

O processo de trabalho no meio rural brasileiro passou por profundas transformações que afetaram as condições de trabalho e deixaram os trabalhadores mais expostos à ocorrência de acidentes e a diferentes agravos à saúde. O objetivo da pesquisa é conhecer as causas dos acidentes envolvendo trabalhadores da agroindústria canavieira da região de Araraquara (SP) e as consequências de tais ocorrências. A pesquisa, de cunho qualitativo, é fundamentada no referencial teórico e metodológico do materialismo histórico dialético. A pesquisa envolve duas etapas. Na primeira, levantaram-se os acidentes ocorridos no período de 2010 a 2012 por meio dos Relatórios de Atendimento ao Acidentado do Trabalho, disponíveis no Centro

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 141

de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Araraquara. Na segunda, estão sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com trabalhadores acidentados e com profissionais do CEREST, a fim de obter informações acerca do atendimento dispensado aos acidentados. Percebeu-se que os trabalhadores rurais estão expostos a diversos riscos ocupacionais, que podem estar relacionados aos seus acidentes com ferramentas manuais, animais peçonhentos, exposição às radiações solares, exposição ao ruído, divisão e o ritmo intenso de trabalho com cobrança para a produtividade, jornada de trabalho prolongada e exposição a agrotóxicos. Palavras-chave: Acidentes de trabalho. Agroindústria canavieira. Saúde do trabalhador. Trabalhadores rurais. Trabalho e saúde.

O TRABALHO INTERDISCIPLINAR NA SAÚDE PÚBLICA: ANÁLISE DOS DESAFIOS PARA FUTURAS INTERVENÇÕES

Dayane Silva dos Santos

Centro Educacional Augusto Motta- UNISUAM

A presente pesquisa tem como objetivo a superação dos limites postos às relações profissionais interdisciplinares, através da análise dos desafios da prática interdisciplinar dos profissionais da saúde pública, que sugere o trabalho em equipe, contextualizando esse processo de trabalho ao capitalismo e à atual conjuntura social, econômica e política e suas influências nas relações da sociedade, amparado por revisão bibliográfica de autores que discutem a “Questão Social”, a saber: Marilda Villela Iamamoto, Elaine Behring, Ivanete Boschetti e Josiane Santos. Foram selecionados cinco casos numa instituição pública de saúde, referência no tratamento de crianças e adolescentes, de junho a dezembro de 2013, e a partir de metodologia qualitativa, enfoque dialético e coleta de dados empíricos de fonte primária,

142 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

a pesquisa, que está em desenvolvimento, já apontou de acordo com os dados já analisados, que as relações interdisciplinares sofrem influências das relações sociais entre os trabalhadores, da instituição, das particularidades de cada usuário atendido, das condições técnicas, sociais, políticas e econômicas.

O TRABALHO E A SAÚDE OCUPACIONAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ÓTICA DO TRABALHADOR EM UMA EMPRESA

PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Lívia Rodrigues Scotelaro Universidade Federal Fluminense

E-mail: [email protected] A saúde do trabalhador está cada vez mais condicionada ao processo de trabalho, de modo que degrada a saúde do ser humano por meio das mais diversificadas formas e por vezes, “invisíveis” aos olhos de imediato. Por isso, se torna emergente pesquisar os campos com tais práticas que se multiplicam. Nesse sentido, o presente estudo decorre de uma perspectiva histórica dialética, sendo abstraída da monografia apresentada em agosto de 2013. A pesquisa foi feita a partir de entrevistas semi-estruturadas, sendo realizadas com alguns trabalhadores de uma empresa nacional, assim como de análises de avaliações realizadas pelos mesmos nas palestras socieducativas, que por sua vez, foram ministradas pela seção de Serviço Social em algumas unidades operacionais do Estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, será apresentada uma análise preliminar das questões trazidas pelos sujeitos trabalhadores de modo a identificar o processo de trabalho e suas percepções acerca do mundo trabalho. Além disso, será apresentado também um panorama da saúde dos trabalhadores a partir do número de reabilitações profissionais e sua relação com a atividade laboral.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 143

O MUNDO DO TRABALHO E OS IMPACTOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR

Flávia Xavier de Carvalho - UEPG

Silvana Souza Netto Mandalozzo - UEPG Este estudo focaliza a discussão sobre o trabalho, o estado como instância de desenvolvimento econômico, a reestruturação produtiva e os impactos na saúde do trabalhador. O objetivo é analisar o contexto da precarização do trabalho, buscando ressaltar a sua vinculação com políticas neoliberais. Trata-se de um estudo teórico, para tanto, realiza-se uma interlocução com autores que vem discutindo a temática e que lançam luz para a atribuição de significados aos enunciados teóricos e ideológicos em investigação. Como fontes primárias, utilizam-se obras de Karl Marx como: o Manifesto do Partido Comunista; O capital: crítica da economia política; Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico; Salário, preço e lucro, dentre outras. A análise empreendida permite evidenciar que as políticas voltadas à saúde do trabalhador foram, e continuam sendo, gestadas e implementadas em um contexto social marcado por lutas políticas de segmentos sociais diferenciados. Nas fontes estudadas visualiza-se um cenário em que o trabalhador é polivalente; apregoa-se a precarização, a flexibilização, o aceleramento de produção, a implementação de novas tecnologias e, sobretudo a captura da subjetividade do trabalhador de acordo com as regras e a lógica, próprias das relações sociais estruturadas na desigual sociedade capitalista.

144 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

A CORPORALIDADE DILACERADA DO HOMEM-QUE-TRABALHA: CORPO, TRABALHO E SUBJETIVIDADE NO CONTEXTO DO NOVO

(E PRECÁRIO) MUNDO DO TRABALHO

Hugo Leonardo Fonseca da Silva Universidade Federal de Goiás

[email protected] O artigo discute a relação entre corpo, trabalho e subjetividade humana, recorrendo à discussão sobre as metamorfoses do mundo do trabalho pelo modelo de acumulação flexível. Para isso, apoia-se, sobretudo, na revisão de literatura. Aborda como as novas formas de gestão e organização do trabalho se constituem em processos formativos com implicações sobre a corporalidade viva do trabalho como um elemento significativo da captura da subjetividade do indivíduo trabalhador.

TRABALHAR CANSA E O MUNDO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE FÍLMICA

Virgínia Leite Henrique

O presente trabalho tem o fito de analisar um filme nacional – Trabalhar cansa – buscando salientar alguns aspectos relevantes da obra que poderão contribuir para uma melhor compreensão das relações de trabalho na atualidade, servindo a análise fílmica como um relevante catalisador para a reflexão e a crítica necessárias ao desenvolvimento da consciência de classe. Transitando entre o drama social e o sobrenatural, o filme analisado aborda diversas categorias relacionadas, direta ou indiretamente, ao mundo do trabalho, como a questão do desemprego, do trabalho precário e informal, das novas formas de gestão, da conformação da classe trabalhadora, do individualismo, do empreendedorismo, da concentração do capital, da lógica da competitividade e da dificuldade de

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 145

desenvolvimento da consciência de classe na atualidade, sobremaneira no interior da chamada classe média. Tais categorias são examinadas neste trabalho através da ressignificação das imagens do filme, reapropriadas de acordo com a ótica, visão, valores e princípios da classe trabalhadora, com o propósito de exemplificar a potencialidade de apropriação do cinema como instrumento de desnudamento das relações que se dão no seio do capitalismo e que, regra geral, encontram-se mascaradas via complexo arcabouço ideológico desenvolvido pelo capital.

O ESTRESSE NO COTIDIANO DO AGENTE COMUNITÁRIO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Cristiane de Melo Aggio – Unicentro

([email protected])

Introdução: O Agente comunitário é um novo profissional de saúde que representa as mudanças no modelo de atenção à saúde e, diferentemente dos demais componentes da equipe, só pode exercer esta função no âmbito do SUS e necessita morar e trabalhar na comunidade. Objetivo: analisar a produção científica sobre as situações de estresse vivenciadas pelo agente comunitário em seu cotidiano de trabalho. Metodologia: revisão bibliografica no Lilacs e Scielo, com os descritores: agente comunitário de saúde, estresse e saúde da família, selecionados seis artigos, submetidos à análise de conteúdo categorial e discutidos segundo a psicodinâmica do trabalho. Resultados: Somente um artigo aponta os aspectos positivos desta atividade e a maior parte deles revela o não reconhecimento e valorização deste profissional, o prejuízo na sua privacidade e tempo de descanso, a sobrecarga e burocratização do trabalho, o sofrimento psíquico, as dificuldades no trabalho em equipe, na resolutividade das demandas da população e a desarticulação da

146 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

rede de atenção, merecendo atenção enquanto colaborador para o bem estar comunitário e cidadão com direito à saúde.

A POLÍTICA DE COTAS EMPREGATÍCIAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES DE TRABALHO

E O MOVIMENTO DE LUTA PELOS DIREITOS DOS SURDOS

Larissa Jorge Silva Mestrado em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade

Universidade Federal de Itajubá Os avanços conquistados pelos “novos movimentos sociais” no período de redemocratização do Brasil não se materializaram dado o advento do projeto neoliberal, que difundiu valores de individualismo exacerbado, desresponsabilização do Estado e mercantilização das políticas sociais. No que se refere à política de cotas empregatícias para pessoas com deficiência em empresas, infere-se sobre estratégias do capital para tentar garantir lucros - através do ganho de subsídio por parte do Estado e de uma imagem de responsabilidade social da parte dos consumidores. Porém, é necessário considerar que - como toda política social - a política de cotas empregatícias não só expressa interesses do capital, mas também os interesses da população alvo – no caso as PCD - que lutam pela ampliação de seus direitos. Nesse trabalho, caracteriza - se os surdos na sociedade considerando sua inserção no mercado de trabalho, especificando seu protagonismo no processo de luta e reivindicação de direitos. Para tanto, o estudo propõe reflexões sobre as mudanças no mundo do trabalho, seus impactos para o conjunto dos trabalhadores e as respostas do Estado e das empresas empregadoras à luta do Movimento pelos Direitos das pessoas com deficiência.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 147

A GESTÃO DA PREVENÇÃO NA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO: APROXIMAÇÕES DIALÉTICAS PELA PROBLEMÁTICA

DA CORPOREIDADE NO TRABALHO

Fabiana Ribeiro Monteiro (Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social

da PUC-SP)

O presente estudo encontra-se inserido em uma linha de pesquisa voltada a análise da atividade dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), neste caso, os trabalhadores dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). A partir de uma abordagem qualitativa de pesquisa, analisamos os sentidos do trabalho aplicando entrevistas semi-estruturadas com um grupo de profissionais num contexto de uma companhia semi-estatal geradora de energia elétrica no Nordeste brasileiro. Percebemos, dentre outros aspectos, um imenso esforço para cumprir as exigências normativas da legislação, fato que se materializava na metodologia de trabalho adotada e recomendada por esses trabalhadores, como a execução de campanhas educativas, palestras, treinamentos, auditorias, cujo discurso pautava-se, de forma geral, no uso adequado do corpo para evitar doenças e acidentes ocupacionais. Campo de captura da subjetividade do capital, o corpo individual está associado às práticas mais concretas do cotidiano e ilustra que existe uma história de aproximação privada do eu, assim como há uma história da propriedade de produção.

CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO EM UBERLÂNDIA/MG

Marisa A. Elias USP/Ribeirão Preto

Vera Lucia Navarro USP/Ribeirão Preto

148 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

As políticas neoliberais implementadas no país, principalmente a partir de 1990, preconizam a lógica do mercado para a educação e, consequentemente, a redução da atuação do Estado. Tais políticas se dão aceitando as exigências do Banco Mundial na promoção do desenvolvimento de atividades técnicas e científicas voltadas para o aumento da produtividade do trabalho e têm afetado sobremaneira o trabalho docente. Esta pesquisa teve por objeto de estudo o trabalho de docentes de Instituições de Ensino Superior Privado. Investigou-se a relação entre as condições de trabalho e a situação de saúde destes profissionais. A pesquisa é fundamentada no referencial teórico-metodológico do materialismo histórico dialético e na psicodinâmica do trabalho. Os resultados mostraram que estes profissionais enfrentam situações precárias de trabalho, contratos por hora/aula, falta de estabilidade no emprego, pressão das chefias, intensificação do trabalho, etc. Conclui-se que estes profissionais estão expostos a condições precárias de trabalho, sendo submetidos a atividades desgastantes que desqualificam a profissão e aumentam o mal estar físico e psíquico. INDUSTRIALIZAÇÃO CAPITALISTA E A SAÚDE DO TRABALHADOR:

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS A PARTIR DE MARX E ENGELS

Mariana Correia Silva Sabino O presente artigo objetiva discorrer sobre algumas questões que envolvem os primórdios da industrialização capitalista e a saúde do trabalhador. Tal temática suscitou, e ainda continua impulsionando, inquietações e estudos por diversas matrizes teóricas, todavia, nossa proposta é apresentar uma abordagem crítica pautada na teoria marxiana. As considerações aqui desenvolvidas são frutos de uma pesquisa bibliográfica, para isto, utilizamos como principal referencial teórico às obras de Karl Marx, O Capital, e de Friedrich Engels, A Situação da Classe

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 149

Trabalhadora na Inglaterra, como também, recorremos às obras de outros renomados autores que comungam da mesma perspectiva teórica. Nosso objetivo inicial foi refletir sobre a industrialização no modo de produção capitalista e seus impactos sobre o processo de trabalho, em especial, as implicações na vida e saúde dos trabalhadores. Nesta direção, realizamos um estudo sobre as formas iniciais de organização do processo de trabalho sob o controle do capital, desde a cooperação até a grande indústria. Buscamos evidenciar os efeitos perversos do processo de industrialização capitalista para a vida e saúde dos trabalhadores, tal processo incide diretamente nas condições de reprodução da força de trabalho.

ÁLCOOL E TRABALHO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Aléxa Rodrigues Do Vale/UFSJ Luiz Gonzaga Chiavegato Filho/UFSJ

Nos últimos anos, o uso abusivo de álcool tem despertado atenção, não somente devido aos impactos à saúde pública, mas também na economia. Elevam-se, ano a ano, as concessões de auxílio-doença por abuso de álcool e questiona-se a relação entre as atuais formas de trabalho e o desenvolvimento e/ou agravamento do consumo excessivo de álcool. Assim, através de uma Revisão Integrativa, objetivou-se encontrar estudos que abordem a relação entre o contexto do trabalho e a promoção do abuso de álcool e as formas de enfrentamento destinadas ao problema. A pesquisa foi realizada em base de dados eletrônicos na área da saúde, utilizando os descritores álcool e trabalho e saúde mental e trabalho. Foram selecionados 32 artigos nos quais foram evidenciados fatores da condição e da organização de trabalho, da desvalorização social e individual e de categorias profissionais específicas com o abuso de álcool. Encaminhamento para tratamento, recolocações, afastamentos e testagem de uso

150 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

de drogas no trabalho, foram as estratégias de enfrentamento identificadas. Concluiu-se que novos estudos que compreendem melhor as relações entre o uso abusivo do álcool e trabalho são necessários, assim como a construção de medidas de prevenção e enfrentamento que abordem e sugiram mudanças na forma como o trabalho é organizado.

O IMPACTO DO PROCESSO DE ADOECIMENTO E AFASTAMENTO PARA OS BANCÁRIOS

Juliana Lemos Silva Fortes

Vera Lucia Navarro A presente pesquisa encontra-se em andamento e tomará como sujeitos bancários que foram afastados, temporariamente ou definitivamente do emprego por motivos de saúde relacionados ao trabalho, com o objetivo de conhecer os impactos decorrentes desse episódio. Este estudo qualitativo tem como embasamento referencial teórico-metodológico o materialismo histórico dialético e será realizado junto aos trabalhadores bancários da cidade de Uberaba-MG. Os contatos estão sendo mediados pelo sindicato da categoria. As entrevistas são registradas através do processo de gravação. Os dados obtidos através dos depoimentos dos trabalhadores estão ao mesmo tempo sendo transcritos e pré-selecionados por temas. A apresentação e análise dos dados serão realizadas à luz do referencial teórico. As últimas greves nacionais desse setor, deflagradas em 2011, 2012 e em 2013, sendo as maiores no número de agências paralisadas e as mais longas, traz como um dos mais importantes pontos de pauta a luta por melhorias das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 151

GT 6 (A) TRABALHO, TECNOLOGIA E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Dia 27/05 / Coordenador: César Alexandre dos Santos

ROGER E EU, DE MICHAEL MOORE:

A JORNADA DE UMA CLASSE EM BUSCA DE PROTAGONISMO

Cristiane Toledo Maria FFLCH, Universidade de São Paulo

O objetivo desta apresentação é fazer uma discussão acerca do filme norte-americano Roger e Eu (Roger and Me), dirigido por Michael Moore em 1989, cujo tema central é a demissão em massa dos funcionários da General Motors na cidade de Flint, Michigan, no final da década de 1980. Examinaremos as maneiras como a identidade de classe – além de sua crise e sua nova configuração – é representada no filme, especialmente a partir do uso de elementos da narrativa ficcional na forma do documentário. Nas últimas décadas, com a emergência do capitalismo pós-fordista e a mudança do capitalismo de bem-estar social para o capitalismo neoliberal, muitos países sofreram um processo de declínio no poder econômico e político da classe trabalhadora. A cidade de Flint, assim como as principais regiões industriais dos Estados Unidos, não testemunhou apenas um desmonte de suas fábricas, mas principalmente um desmonte da identidade de classe. Ao se posicionar como o herói da narrativa, o personagem de Michael Moore e sua jornada funcionam como uma figuração dessa crise de identidade dos trabalhadores na história da luta de classes dos Estados Unidos.

152 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O TRABALHO COMO DIREITO E DEVER

Mariana de Lima Rocha Orientadora: Dabel Cristina Maria Salviano

Universidade: UEMS – Unidade de Paranaíba Financiamento: Fundect

[email protected] O objetivo da pesquisa é investigar a dualidade do trabalho, pois assume tanto a forma de direito social conquistado por meio da luta social e positivado na Constituição, como também de dever social no qual o indivíduo contribui para o desenvolvimento de sua sociedade. No capitalismo, em que tudo pode se tornar mercadoria, o trabalho é o único elemento capaz de gerar valor acima de seu custo. O trabalho é o responsável pela produção de riquezas pela apropriação da mais-valia pelo capitalista. Logo, a transformação da matéria prima em bem social, nessa lógica, só pode se dar pela exploração dessa força de trabalho. Embora as lutas sindicais tenham conquistado várias reivindicações como aposentadoria, redução da jornada de trabalho, fundo de garantia e aumento dos salários em sua luta histórica ainda é necessário questionar sempre as condições a que o trabalhador é submetido e as consequências negativas de sua exploração sistemática. Apesar das crises serem inatas ao sistema, há um maior número de crises em menores espaços de tempo que no passado, porque elas tomaram proporções globais, levando à flexibilização das leis trabalhistas. Nesse sentido, quando a constituição protege nos artigos primeiro e sexto os valores sociais do trabalho temos o direito de se explorar essa potencialidade protegido e, por conseguinte a proteção das empresas e manutenção do status quo revelando seu caráter de dever, de exigência a ser cumprida para o funcionamento social muito mais do que um direito fundamental.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 153

RISCO NANOTECNOLÓGICO E AÇÃO SINDICAL NO BRASIL

Paulo Martins, Leila Zidan (Renanosoma); Arline Arcuri (Fundacentro/MTE);

Thomaz Jensen, Ana Yara Paulino, Altair Garcia (DIEESE); Luiz Carlos de Oliveira (Força Sindical),

Mauro Sergio Gaioto (CUT); Sebastião Lopes Neto (IIEP);

Eduardo Bonfim (DIESAT), e outros O trabalho pretende levantar o histórico do debate e ações sobre nanotecnologias entre os trabalhadores no Brasil, que teve início na segunda metade da década de 2000. Uma das primeiras discussões aconteceu no FSM - Fórum Social Mundial de 2005, em Porto Alegre, em atividade proposta pelo IIEP - Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas. Em 2006, durante a 13a Conferência da Rel-UITA - Regional Latinoamericana da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação e Agrícolas, várias decisões sobre o tema foram tomadas por unanimidade pelos 95 delegados/as de 39 organizações sindicais de 14 países, entre elas a CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Tais decisões visavam a aplicação do princípio da precaução; exigir dos governos e empresas informação à sociedade da identificação dos produtos que contém nanotecnologias e seus riscos à saúde humana e ambiente, especialmente aos trabalhadores expostos a nanocompósitos no processo produtivo; regulação e controle social internacional e nacional, e solicitando o apoio de órgãos internacionais (como OMS - Organização Mundial da Saúde, FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, OIT - Organização Internacional do Trabalho), entre outras propostas. Desde então, várias ações foram desencadeadas: seminários para sindicatos e centrais de trabalhadores; posicionamento sindical em outubro de 2007; divulgação de nota técnica pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

154 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Socioeconômicos; 11 seminários anuais com especialistas nacionais e internacionais; elaboração e publicação de um conjunto de Histórias em Quadrinhos dirigido à classe trabalhadora, com a finalidade de esclarecer os riscos potenciais associados ao uso e exposição dos/aos nanocompósitos, assim como a importância do princípio da precaução (publicações para download em português, inglês e espanhol); projeto coordenado pela Fundacentro desde 2007, com a participação de várias entidades sindicais, sobre “Nanotecnologias e riscos à saúde dos trabalhadores”; programas semanais “Nanotecnologia do Avesso” (dirigido ao público em geral, desde 2010) e “Nano Alerta” (dirigido aos trabalhadores e movimento sindical, desde 2014), ambos transmitidos pela internet, iniciativa da Renanosoma – Rede Brasileira de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente”; introdução de cláusulas sobre nanotecnologias na pauta de negociação coletiva, propostas pelos sindicatos de trabalhadores, principalmente dos ramos Químicos, Metalúrgicos e mais recentemente, os Rurais.

SERVIÇO SOCIAL: atribuições e competências em tempos de acumulação flexível

Luciana Azevedo

O presente trabalho é um aprofundamento teórico que faz reflexões a respeito da tentativa de equalização das abordagens sobre as atribuições privativas do assistente social juntamente com competências e habilidades, os quais constam no Código de Ética, Lei de Regulamentação da Profissão e parâmetros curriculares da formação superior todavia carregam sentidos contraditórios, posto que enquanto as atribuições explicitam a lógica fordista das especializações, as competências afinam-se às exigências do capital em sua atual fase de reestruturação produtiva sob imperativo da polivalência. Para este estudo, amparado na tradição marxista, concebe-se o Serviço Social como profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho, cuja

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 155

natureza consiste em especialização do trabalho coletivo, portanto partícipe de processos de trabalho que, no âmbito da divisão do trabalho complexificado, contribui com o conjunto das demais profissões para as condições de reprodução da força de trabalho colaborando no processo de produção de mais-valor, de modo que o significado social do trabalho do assistente social depende das relações que este estabelece com os sujeitos sociais que o contratam e também do espaço ocupacional, no qual está inserido.

TRABALHO E MIGRAÇÃO:

O RECRUTAMENTO DE HAITIANOS NA AMAZÔNIA PELA AGROINDÚSTRIA DA CARNE DO CENTRO-SUL BRASILEIRO

Letícia Helena Mamed

Bolsista Prodoutoral-Capes

O trabalho apresenta os aspectos gerais e desdobramentos iniciais da pesquisa em curso sobre (a) o processo social de constituição do movimento internacional de trabalhadores haitianos na Amazônia Ocidental, estimados até março de 2014 em 20 mil, (b) a experiência inédita do acampamento de imigrantes instalado no Estado do Acre, que recebe, abriga, alimenta e documenta essa força de trabalho, e (c) as formas de inserção deles na agroindústria da carne no Centro-Sul do Brasil. A principal hipótese de investigação considera que os ajustes estruturais do capital se associam às metamorfoses do mundo do trabalho e aos deslocamentos compulsórios de contingentes de trabalhadores em busca de estratégias de sobrevivência além das fronteiras nacionais. A partir do marco teórico-metodológico do marxismo, na perspectiva crítica do trabalho, o objetivo central do estudo é compreender o significado sociológico do trânsito internacional desses trabalhadores, pretendendo situá-lo no terreno concreto do desenvolvimento do capital e suas

156 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

desigualdades internacionais e regionais, e ao final revelar as formas particulares de exploração do trabalho combinadas à nova configuração da acumulação capitalista, em especial no contexto brasileiro. Palavras-chave: Trabalho; Migração; Haitianos; Acre; Frigoríficos.

O TRABALHO NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Alícia Felisbino Ramos Universidade Federal de Uberlândia

Robson Luiz de Universidade

Federal de Uberlândia

Este artigo tem por objetivo discutir e analisar as novas mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir da reestruturação produtiva. Utilizou-se se de pesquisa bibliográfica que deu subsidio as análises que permitiram constatar que, a sociedade contemporânea, particularmente nas últimas décadas, presenciou fortes transformações. O neoliberalismo e a reestruturação produtiva, que expressam a era da acumulação flexível, têm acarretado grandes mudanças no mundo do trabalho, dentre elas podemos destacar o desemprego, a precarização do trabalho e a degradação crescente na relação metabólica entre homem e natureza, conduzida pela lógica de uma sociedade voltada para a produção de mercadoria e a valorização do capital.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 157

MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E O TRABALHO DECENTE

Prof. Ms. Kelen Aparecida da Silva Bernardo - UEPG

Prof. Dra. Lenir Aparecida Mainardes da Silva - UEPG

O trabalho possui uma importância social que vai além de viabilizar formas de sustento e sobrevivência para a classe trabalhadora. Entretanto, nas últimas décadas, o mundo do trabalho vem sofrendo significativas mudanças como precarização, terceirização e flexibilização de direitos. O presente artigo busca compreender as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, a partir da crise financeira da década de 1970, que deram início a um processo de mutações no âmbito do trabalho que foram fortemente sentidas nas décadas posteriores. A adoção de ideários neoliberais como forma de enfrentamento da crise possibilitou o abandono do “padrão sistêmico de integração social”, nos termos de Pochmann (2000), adotado no pós-guerra. Em um segundo momento, a temática do Trabalho Decente, que é proposta pela OIT, será abordada como uma forma de enfrentamento da precarização e desregulamentação das relações trabalhistas, que ocasionam um aumento da pauperização da classe trabalhadora. Todos esses fenômenos são reflexos das mudanças ocorridas no contexto de crise e crescente onda neoliberal. Nesse sentido, são apresentadas as dimensões conceituais, as motivações que deram origem à defesa do Trabalho Decente, suas diretrizes para todas as faixas etárias, bem como as prioridades estabelecidas na Agenda Nacional do Trabalho Decente para a Juventude. Palavras-chave: Trabalho. Precarização. Trabalho Decente.

158 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

PRECARIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO: O CONTEXTO DA FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES ADOLESCENTES

Alessandro Marcon da Silva

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected]

Partindo das mudanças no mundo do trabalho, percebemos o estranhamento do homem com este e a precarização das suas formas. Assim, destacamos como as mudanças no mundo do trabalho influenciaram e intensificaram a procura por trabalhadores adolescentes e como se apresenta o contexto para a formação destes trabalhadores, considerando sua relação com o discurso capitalista de empregabilidade e competencias. Palavras-chave: Trabalhadores adolescentes. Qualificação. Empregabilidade e competências.

TRABALHO, CONTROLE E SUBORDINAÇÃO: o taylorismo-fordismo como modo de organização da autoridade do capital

no século XX

Cleito Pereira dos Santos [email protected]

A perspectiva desenvolvida no artigo situa como objeto de estudo o controle, a dominação e a subordinação dentro do contexto histórico-sociológico das transformações do capital e do trabalho. Assim sendo, iniciamos configurando a questão da dominação no trabalho, intensificada na organização taylorista-fordista, e seus impactos sobre o universo da força de trabalho. Taylor, assim como Ford, acreditava na necessidade de sujeitar o trabalhador impondo-lhe uma disciplina, uma hierarquia capaz de açambarcar o conhecimento do operário, transferindo para os mecanismos

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 159

técnicos, os equipamentos e para a gerência, o máximo das capacidades intelectuais do trabalhador. A conclusão do texto indica que a combinação repressão-convencimento do trabalhador está presente na constituição das formas de gestão do trabalho. As empresas recorrem a procedimentos que garantam o domínio no terreno produtivo e na extração de mais-valor decorrente da absorção da força de trabalho e da redução permanente do “tempo morto”. Para a realização do estudo optamos pelo materialismo histórico-dialético por compreendermos como essencial ao entendimento das contradições capital e trabalho. Palavras-chave: Capital. Controle. Fordismo. Taylorismo. Trabalho. Subordinação.

O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO REGIME FLEXÍVEL DE JORNADA DE TRABALHO (BANCO DE HORAS) NA AMBEV –

FILIAL JACAREÍ

Carlos Eduardo Batista – [email protected]

A presente pesquisa aborda as mudanças havidas nas relações de trabalho na filial Jacareí da cervejaria AmBev alguns anos após a origem da empresa multinacional. Para isso, comparou-se a forma como ocorreu a campanha salarial do ano de 2002 com a campanha realizada pelos trabalhadores no ano seguinte. Resultado da fusão entre a Antártica e a Brahma, a AmBev passou por um intenso processo de internacionalização de seu capital desde a sua origem, em 1999, batendo recordes de lucro. Parte considerável desses resultados é fruto da política de gestão de pessoas, que está baseada na remuneração variável mediante o cumprimento de metas e na redução de custos produtivos. Valendo-se de documentos obtidos junto ao sindicato local, entrevistas com os trabalhadores (sindicalista e do chão de fábrica) e reportagens veiculadas na grande imprensa, a pesquisa

160 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

demonstra que a empresa direcionou a sua estrutura de gestão de pessoas para persuadir os trabalhadores a aceitarem a flexibilização da jornada de trabalho. Em muitos momentos, segundo depoimentos coletados, desrespeitando a liberdade sindical, promovendo demissões imotivadas, persuadindo de forma agressiva os trabalhadores da unidade.

“GESTÃO PARTICIPATIVA”: A INFLUÊNCIA DA IDEOLOGIA NEOLIBERAL NA CONSTITUIÇÃO DO PERFIL DO NOVO

TRABALHADOR ELETRICITÁRIO DO BRASIL

César Alexandre dos Santos Universidade Estadual do Paraná

Campus de Paranavai Este artigo discute como o discurso ideológico da “gestão participativa” influenciou na formação do perfil dos novos trabalhadores do Setor Elétrico brasileiro. A pesquisa realizada na Companhia Paranaense de Energia – Copel, entre 1990 e 2013, baseou-se em entrevistas junto aos trabalhadores e no uso da bibliografia relativa ao tema. A expansão mundial do capital, resposta neoliberal à crise de 1970, exigiu flexibilização das economias, privatizações das estatais e reestruturação produtiva das empresas. No Brasil a maioria das empresas do setor elétrico foram privatizadas e a energia elétrica assumiu um cariz mercadológico. Apesar da Copel permanecer estatal, sofreu essa reestruturação produtiva e seus trabalhadores aderiram as ideias e ideais neoliberais permitindo a captura de suas subjetividades, perderam o domínio da produção e aumentaram a alienação e o estranhamento em relação ao seu trabalho, não desenvolvendo assim uma consciência de classe efetiva. A “ideologia da gestão participativa” (base da reestruturação produtiva) articulada com as diretrizes do capitalismo neoliberal atuou nas macroestruturas e nas individualidades humanas, alterou o metabolismo social

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 161

influenciando diretamente na constituição do perfil do novo trabalhador eletricitário, caracterizado pela alta escolaridade, pela flexibilidade, mas também pela precariedade.

OS OPERÁRIOS E SUAS ESFERAS DE VIDA

Sabrina Cavalcanti Barros – Universidade Federal de Minas Gerais Tamara Palmieri Peixoto – Universidade Federal de Minas Gerais

Livia de Oliveira Borges – Universidade Federal de Minas Gerais Há algumas décadas tem se polemizado a centralidade do trabalho na vida das pessoas. Na Psicologia, um dos desdobramentos disso foi o desenvolvimento de linha de pesquisa sobre o significado do trabalho que incorporou o conceito de centralidade do trabalho (importância atribuída ao trabalho na vida das pessoas), operacionalizado pela comparação da importância atribuída ao trabalho com as demais esferas de vida: família, religião, lazer e comunidade. Desenvolveu-se, então, pesquisa, visando apreender como os operários da construção de edificações inter-relacionam tais esferas entre si. Realizaram-se oito entrevistas semiestruturadas com operários de duas construtoras em Belo Horizonte. A análise de conteúdo teve como apoio um programa de software (QDAMiner). Os resultados indicaram que o operário sente o impacto da jornada de trabalho na vida familiar, as práticas religiosas acontecem com a família, o lazer depende da acessibilidade e do custo e a vida em comunidade confundiu-se com as anteriores. Observou-se uma inter-relação entre família, trabalho e religião, sugerindo que o desenvolvimento de comprometimento e envolvimento com o trabalho exige respeito às crenças do trabalhador sobre família e religião.

162 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

TRABALHO E TRABALHADORES SOB A ÓTICA DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Sílvia Gomes Rodrigues

Universidade Estadual de Montes Claros Simone Mendes de Oliveira

Universidade Estadual de Montes Claros Priscila Raposo Silva

Universidade Estadual de Montes Claros Sarah Jane Durães

Universidade Estadual de Montes Claros Ricardo dos Santos Silva

Universidade de São Paulo As transformações no mundo do trabalho, vinculadas à reestruturação produtiva, têm sido significativas e constatáveis em países de capitalismo avançado, com repercussões não homogêneas em áreas industrializadas do Terceiro Mundo (ANTUNES; HARVEY; HIRATA). Neste contexto, a formação dos trabalhadores é vista enquanto aspecto chave para o êxito dos modelos produtivos. Os usos das categorias qualificação e (modelo de) competência tornaram-se lugares-comuns na medida em que as tecnologias, cada vez mais avançadas, são inseridas na atividade produtiva (BRAVERMAN; IANNI; FLEURY; PAIVA). Pautado em formulações teóricas o presente trabalho objetivou analisar essas transformações e as características do perfil do trabalhador em cada novo modelo de produção, particularmente, taylorismo\fordismo, toyotismo e especialização flexível, bem como algumas discussões sobre as categorias qualificação e (modelo de) competência. Conclue-se, que o mercado de trabalho se tornou mais exigente, requisitando trabalhadores mais qualificados, polivalentes/flexíveis, que produzam uma mercadoria também flexível. Mas, as consequências dessas mutações resultaram na subcontratação, terceirização, contratos de trabalho temporários, debilidade sindical.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 163

A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA EM CAMPINAS E REGIÃO: MODERNIZAÇÃO E OS IMPACTOS SOBRE A CATEGORIA

Fagner Firmo de Souza Santos – Unicamp

[email protected]

O presente trabalho busca contribuir com a problemática das doenças ocupacionais, sobretudo as relacionadas à gestão flexível do trabalho. A partir de análise de dados colhidos em uma agência da Previdência Social e da planilha das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT’s) do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região nas décadas de 1990 e 2000, buscamos entender em que medida o complexo de reestruturação produtiva que se instalou na base nesse período impactou os trabalhadores dessa categoria. Para tanto, buscamos traçar um perfil do parque industrial da Região que começou a se instalar ali em meados da década de 1950 e que ao longo da década de 1980 se consolidou como um dos mais importantes e modernos complexos industriais do setor metalúrgico do país, mas que na década seguinte, em virtude das medidas de caráter neoliberal adotadas pelo governo federal e a consequente crise que se instalou no setor, viram-se forçadas a inovar as técnicas de gestão da produção e o controle da mão de obra, tendo em vista reduzirem custos da produção e tornarem-se competitivas. Tais mudanças foram responsáveis pelo aumento significativo dos casos de doenças de caráter psicossociais e as relacionadas a esforços repetitivos.

PROCESSO DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO EM VITÓRIA DA

CONQUISTA/BA: “TERRITÓRIO DA INFORMALIDADE”

Adma Viana Bezerra Mestranda em Geografia pela UNESP (Campus Presidente

Prudente/SP)

164 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

[email protected] Marcelo Dornelis Carvalhal

Prof. da UNESP/Ourinhos e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP; membro do CEGeT -

[email protected] A presente pesquisa objetiva analisar o processo de precarização do trabalho a que se encontram submetidos os trabalhadores catadores de materiais recicláveis, na condição de trabalhadores informais (no contexto do desemprego estrutural e da reestruturação produtiva do capital), bem como verificar a questão da territorialização da atividade de catação na cidade de Vitória da Conquista/BA. Para o desenvolvimento dos objetivos propostos e seguindo a orientação teórica, a pesquisa empírica foi desenvolvida com a realização de entrevistas e aplicação de questionários aos catadores integrantes da Cooperativa Recicla Conquista (Vitória da Conquista/BA), assim como de um mapeamento dos principais pontos de atuação dessa referida cooperativa. Além da relação altamente imbricável entre os processos de precarização das condições de trabalho, desemprego e o fenômeno da informalidade, neste atual estágio de acumulação capitalista, a pesquisa procura demonstrar a realidade vivenciada pelos trabalhadores cooperados, na condição de trabalhadores precarizados e informais. Palavras-chave: Precarização. Trabalhadores catadores. Informalidade.

MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: UM LEVANTAMENTO SOBRE AS DIFERENÇAS SALARIAIS ENTRE GÊNEROS NA MICRO-

REGIÃO DE PARANAVAÍ E NO ESTADO DO PR

OLIVEIRA, Kelly Cristina (UNESPAR/Paranavaí) HEREK, Mônica (UNESPAR/Paranavaí)

No mercado de trabalho atual as mulheres ainda buscam uma situação de igualdade com os homens, historicamente é possível

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 165

observar a tentativa de equidade salarial e ocupacional dessas, mas mesmo com dispositivos legais atuando de forma a criar meios de garantir a inserção da mulher no mercado de trabalho com rendimento equivalente ao do homem, não se vê isso na realidade. A ideia de que a mulher deve ser a responsável pelo lar e o homem pelo provimento da família é um dos fatores que servem de base para a discriminação, sendo uma imposição cultural que limita a participação das mulheres no mercado de trabalho. O objetivo da presente pesquisa é verificar se existem desigualdades salariais por gênero no mercado de trabalho do Estado do Paraná e na microrregião de Paranavaí, para tal, são realizados comparativos de ocupação e salários entre gêneros nos dois âmbitos. A pesquisa se caracteriza como exploratória e descritiva, sendo de natureza qualitativa. Com os resultados obtidos pode-se observar, na microrregião de Paranavaí e no Estado do Paraná, que ainda existe desigualdade salarial entre gêneros, mesmo as mulheres tendo percentualmente um acréscimo salarial superior dos homens entre 2000 e 2010. Palavras-chave: Mercado de Trabalho. Gêneros. Discriminação salarial.

166 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

GT 6 (B) TRABALHO, TECNOLOGIA E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Dia 28/05 / Coordenadora:

Erika Batista

O PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA ALAGOANA E SEUS IMPACTOS

SOBRE OS CORTADORES DE CANA Layana Silva Lima

O presente estudo visa analisar o processo de reestruturação produtiva na agroindústria canavieira alagoana e seus impactos sobre os cortadores de cana. A intervenção do Estado, que desde a década de 1930 sofreu um salto qualitativo, foi imprescindível para a modernização da agroindústria canavieira, sobretudo com a criação do Instituto de Álcool e Açúcar e do Proálcool. Entretanto, a partir da década de 1980, os efeitos da crise estrutural, começaram a refletir na agroindústria canavieira acarretando no seu processo de reestruturação produtiva. A reestruturação incide na reorganização do processo produtivo que afeta diretamente o trabalho dos cortadores de cana intensificando sua exploração. Para realizar essa análise crítica, este texto se fundamenta na pesquisa bibliográfica compreendida na revisão das literaturas que abordam o desenvolvimento da agroindústria canavieira, especialmente em Alagoas, e sua desregulamentação. Palavras-chave: Agroindústria Canavieira. Reestruturação Produtiva. Trabalho.

O MODELO DE COMPETÊNCIAS FRENTE À NOVA GESTÃO DO

TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO NA INDÚSTRIA PAPELEIRA DE TRÊS LAGOAS-MS

Suelen Kobayashi Costa

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 167

Mestrado em Educação/Unicamp [email protected]

Agência Financiadora: CAPES

Com as mudanças ocorridas no processo de trabalho mais intensamente a partir da década de 90 no Brasil, a noção de competências ganhou espaço no discurso da gestão empresarial. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é analisar o modelo de competência como parte integrante do novo arranjo empresarial da gestão de mão de obra. O foco é uma fábrica de papel do município de Três Lagoas – MS. Tomamos como ponto de partida o referencial do materialismo histórico dialético que busca apreender de maneira plena a realidade. Realizamos uma entrevista semi-estruturada com o gerente de recursos humanos da fábrica. O RH da empresa de papel utiliza o modelo de competências como uma de suas ferramentas no que diz respeito a desenvolvimento de pessoas. Para isso, a empresa adotou o livro da Korn Ferry International que possui 67 competências. É por meio deste livro que toda a multinacional atua. Para cada nível, seja o contribuinte individual (o trabalhador da produção), sejam os gerentes seniores, todos têm um grupo de competência para o cargo. Segundo o gerente, cada trabalhador tem que escolher três competências para desenvolver durante o ano. As competências padrões são: todas as ligadas à segurança, integridade e confiança, foco no cliente e orientação para resultados.

A DINÂMICA ECONÔMICA E DO TRABALHO DOS ANOS 1980: DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA AOS AVANÇOS E RETROCESSOS

NA LUTA DOS TRABALHADORES

Márcia Naiar Cerdote Pedroso Leonardo da Rocha Botega

168 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O presente estudo parte da perspectiva de avaliar a dinâmica da economia e do mercado de trabalho nos anos de 1980 no Brasil. Primeiramente, desenvolve-se uma análise em torno da dimensão da crise econômica assistida no Brasil ao longo dos anos de 1980. Com a economia estagnada e o crescimento travado perante uma dívida externa que se avolumava, o setor produtivo se voltou às buscas de novas estratégias objetivando conter e reverter o quadro de crise da atividade produtiva. Tais medidas estratégicas estavam atreladas a novos padrões de modernização da atividade produtiva que, mesmo de maneira, ainda isolada, foram sendo introduzidos os mecanismos de produção e trabalho baseados na produção toyotista e flexível. Num segundo momento, busca-se discutir a maneira como foram sendo introduzidas essas novas técnicas produtivas, bem como as tendências e os efeitos dos ajustes econômicos e das mudanças no setor produtivo sobre o mundo do trabalho. Diante desses apontamentos, o problema central desse estudo se pauta no modo de resistência e o enfrentamento às políticas produtivas conservadoras, por parte dos trabalhadores, assim como nos avanços e retrocessos do poder sindical e da luta pela ampliação de direitos.

SUSTENTABILIDADE, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL NO SÉCULO XXI

Erika Batista, [email protected]

Pós-doutoranda / Bolsista PNPD Capes / PPGCS Campus de Marília

Derivada do regime neoliberal e da predominância do capital financeiro nas últimas décadas, a fase atual do modelo de desenvolvimento capitalista tem aprofundando a degradação ambiental e condicionado novas relações entre ecologia, sociedade e desenvolvimento. Acordos internacionais continuam

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 169

a ser firmados em nome da perspectiva do desenvolvimento sustentável na tentativa de articular produção e tecnologia para o crescimento econômico deste mesmo modelo, adaptando-o dentro de certos limites de proteção ambiental e sustentabilidade. O objetivo geral desta discussão é relacionar esta tentativa com um novo movimento de reestruturação produtiva que parece mover-se pelos parâmetros de uma teoria organizacional da sustentabilidade. Em termos específicos, apresentar este modelo como um conjunto abrangente de princípios articulados na direção de novos campos de valorização, sobretudo com a mercantilização da natureza e novas formas de exploração do trabalho no século XXI para a manutenção e aperfeiçoamento do modelo desenvolvimento capitalista. Analisando-se tal conjunto, as dificuldades políticas e comerciais tornam-se evidentes, dadas as contradições econômicas e os limites orgânicos de uma perspectiva que revela-se (in)sustentável. Palavras-chave: Teoria da sustentabilidade. Reestruturação produtiva. Desenvolvimento sustentável.

IMIGRAÇÃO E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO NO BRASIL

Patricia Villen

Este artigo articula estudos críticos produzidos no âmbito nacional e internacional sobre a componente feminina nos circuitos de mobilidade internacional do trabalho, com o fim de expor uma interpretação do quadro imigração e divisão sexual do trabalho no Brasil hoje. Foi dado destaque às aberturas analíticas a serem exploradas na perspectiva que percebe uma demanda polarizada da força de trabalho imigrante no mercado de trabalho brasileiro em sua relação com a divisão internacional do trabalho. O recorte analítico olha para o País como um todo, porém privilegia o Estado de São Paulo (principal polo de atração

170 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

de imigrantes internacionais) a partir do marco temporal da emergência da crise econômica mundial em 2007, período marcado por um aumento significativo nas entradas de imigrantes. Foram utilizados dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, bem como de pesquisas acadêmicas sobre o tema. Além de apontar elementos que precisam ser considerados para uma melhor compreensão do fenômeno da imigração feminina no Brasil, procurou-se indicar instrumentos teórico-analíticos das “marcas sexuais”, do passado e presente, no funcionamento do mercado de trabalho brasileiro, que ganham força a partir do fenômeno da imigração. Palavras-chave: Imigração. Divisão internacional e sexual do trabalho

TRABALHADORES INFORMAIS

CRISTINA GNAZZO DE SOUSA(AUTOR) ESTELA WILLEMAN (CO-AUTOR)

Com o propósito de desenvolver um conhecimento científico, apresento este trabalho com o tema: Trabalhadores Informais. A problematização foi despertada a partir de uma habitualidade de frequência daquele território e então a observação daqueles trabalhadores foi feita sob um novo olhar. Os questionamentos começaram a aflorar, pois a realidade estava ali, concreta, derivando a uma análise da razão daquela situação de trabalho. O tema é uma questão complexa, fazendo parte do conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista predatória. Sendo o objeto do conhecimento mediado pela teoria, enquanto processo dotado de historicidade, surge o questionamento: “Quais os determinantes para a informalidade do trabalho sob o modelo de capitalismo dependente?”, aqui observado a partir da teoria crítica- o materialismo histórico dialético. A pesquisa de campo foi realizada durante um ano e meio, sendo nela

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 171

referendados autores como Karl Marx, Mészáros e Giovanni Alves, além de revisão bibliográfica e análise documental de documentos oficiais públicos, obtendo-se como apontamentos relevantes o cortejamento das categorias: sistema capitalista, ontologia do ser social, alienação e trabalho informal.

SUPEREXPLORAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO: UMA

ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS DE TRABALHADORES TERCEIRIZADOS NO SETOR PÚBLICO

Yuri Rodrigues da Cunha

FFC, UNESP/Marília, CAPES, [email protected],

O presente artigo tem por objetivo expor sobre as tendências de intensificação e superexploração do trabalho nas formas de contratação terceirizadas, partindo das análises desenvolvidas em uma pesquisa de mestrado, cujos sujeitos de pesquisa são trabalhadores terceirizados que atuam em escolas estaduais no município de Marília-SP. Assim, apresentou-se a partir da pesquisa qualitativa em Ciências Sociais, mediante o auxílio da entrevista “não-diretiva” e “história oral”, experiências destes trabalhadores terceirizados, buscando analisa-las sob a luz da Sociologia do Trabalho – intensificação do trabalho – e da Economia Política – superexploração do trabalho. Portanto, através deste artigo, é possível identificar que as formas de contratação terceirizadas ao trazerem em si essas duas tendências permitem ainda um rearranjo da exploração do trabalho frente ao capital.

172 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O DEBATE SOBRE A PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL NO BRASIL – UM ESTUDO CRÍTICO INTRODUTÓRIO

Hellington Chianca Couto,

professor da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro; e-mail: [email protected]

O objetivo deste trabalho é discutir a precarização estrutural, as mais significativas questões levantadas, bem como o debate estabelecido, na última década, sobre o tema. Acreditamos ser esta uma das categorias capazes de sintetizar as condições do homem que trabalha, há algumas décadas no Brasil e mais recentemente – sob o julgo de outras determinações – nos países do capitalismo central. Foi feita uma revisão bibliográfica das convergências e divergências sobre o tema. O problema é percebido num espectro metodológico e ideopolítico que abrange desde os que defendem a existência uma classe média renovada (J. de Souza), passando pela discussão do precariado e do sub-proletariado como fração de classe (G. Alves, R. Braga etc.), como base social do lulismo (A. Singer, Braga) ou mesmo como uma nova classe trabalhadora (Castel). O referencial teórico-metodológico é o marxismo, sob uma perspectiva ontológico-historicista, sendo utilizadas conceitos de I. Mészáros, M. Iasi, G. Alves e R. Antunes para compreender o movimento da consciência de classe no capitalismo manipulatório, capaz de desenvolver novas formas de alienação/estranhamento, sob o imperativo da condição de proletariedade.

OS REVEZES DA INTESIFICAÇÃO DO TRABALHO NO CONTEXTO DE REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E AS REVERBERAÇÕES SOBRE A SUBJETIVIDADE DO MOTORISTA DO TRANSPORTE COLETIVO

DE GOIÂNIA

Rafael Aparecido Mateus de Barros

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 173

Universidade Federal de Goiás Lucinéia Scremin Martins

Universidade Federal de Goiás Este trabalho tem por objetivo perquirir a relação do conceito de memória no contexto de reestruturação produtiva do capital e sua validade para a apreensão de elementos mais sutis compositivos da consciência dos motoristas do transporte coletivo. O locus da investigação suscita os revezes da reestruturação produtiva do sobre o trabalho – no setor de serviços – de modo mais específico, dos motoristas do transporte coletivo de Goiânia-Go. O artigo discutirá, portanto, a relação entre a intensificação e a reestruturação do trabalho no transporte coletivo de Goiânia-Go e as reverberações no âmbito subjetivo em que se constitui, erige e transforma-se a memória. Buscar-se-á se apropriar criticamente do mapa de memória, para explicitar a determinação do trabalho uma vez que o mapa de memória consiste em uma representação gráfica elaborada, i. é., um espelhamento da realidade.

TRABALHOS FLEXÍVEIS, VIDAS FLEXÍVEIS? TRABALHO E LAÇOS SOCIAIS NAS TRAJETÓRIAS DE TRABALHADORES QUALIFICADOS

MIGRANTES Giuliana Franco Leal

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/Campus Macaé [email protected]

Neste artigo, baseado no conceito de capitalismo flexível de David Harvey, discute-se em que medida e de que maneiras a flexibilidade se faz presente na vida e no ethos de indivíduos que hipoteticamente têm grande possibilidade de vivenciarem relações de trabalho e outras relações sociais flexíveis (trabalhadores migrantes com nível superior, que ingressaram no mercado de trabalho nos últimos trinta anos). A pesquisa

174 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

empírica, de caráter qualitativo e exploratório, baseou-se em 14 entrevistas em profundidade, com amostragem recortada segundo critério exposto acima e com diversidade interna: os entrevistados têm profissões e formações distintas, vínculos de trabalho variados (situações de trabalho autônomo e de trabalho assalariado, por CLT e como funcionário público estável, com tempo de trabalho parcial e integral, com contrato temporário e com contrato por tempo indeterminado), idades entre 29 e 52 anos, e são homens e mulheres provenientes de várias regiões do Brasil, incluindo um estrangeiro. Constatou-se, entre eles, forte flexibilidade na esfera do trabalho e na sua intersecção com outras esferas da vida, bem como enfraquecimento de laços sociais. Contudo, a flexibilidade só aparece parcialmente no ethos desses indivíduos, pois há resistência a ela quando seu significado é a perda de controle sobre a própria vida. As estratégias de resistência são, porém, limitadas, por serem construídas e aplicadas individualmente.

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TECNOLOGIA: AS NOVAS FORMAS DE CONTROLE DO TRABALHO

Fabiane Santana Previtali

Cílson César Fagiani

O artigo analisa o processo de inovação técnica no processo produtivo capitalista à luz da teoria marxista e tomando como referência para o debate a crítica à escola neo-schumpteriana, fundamentalmente os autores C. Perez e C. Freedman. A síntese desse debate indica que o limite da abordagem neo-schumpeteriana está em não articular a mudança técnica à lei do valor, que é o que fundamenta historicamente o dinamismo tecnológico na ordem do capital. Os dados empíricos apresentados apontam para o crescimento da classe trabalhadora no mundo capitalista ao longo da década de 1990 e

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 175

início do século XXI, porém, tal crescimento encontra-se assentado em novas relações laborais cujas características prevalecentes são o emprego flexível acompanhado de achatamento salarial e o discurso à qualificação.

DIMENSÕES DA PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NA

UNESP - TEMPO DE VIDA E TEMPO DE TRABALHO DOS PROFESSORES DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS

Marcela Andresa Semeghini Pereira

Esta proposta de pesquisa visa investigar a precarização do trabalho docente na UNESP investigando a articulação entre tempo de trabalho e tempo de vida dos professores da Área de Ciências Humanas desta Universidade. Num primeiro momento, deve-se analisar a forma de ser do trabalho docente na Área de Humanas e as condições salariais, inovações tecnológicas, organização do trabalho e modo de gestão do trabalho docente nos últimos 10 anos na UNESP. Também serão analisadas as condições existenciais de produção do conhecimento nesta Universidade Pública e em que medida o conhecimento tornou-se mercadoria comercializável e geradora de lucro. Após este estudo, será investigado o modo de organização do tempo disponivel como tempo de vida e lazer dos professores e os impactos das condições objetivas do trabalho docente sobre a saúde e qualidade de vida destes profissionais da UNESP. Palavras-chave: Trabalho. Capitalismo. Precarização. Gestão. Tempo disponível. Lazer.

A DESTRUIÇÃO DE DIREITOS E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: UMA ANÁLISE DA PERSISTÊNCIA DA SUPEREXPLORAÇÃO DO

TRABALHO NO BRASIL

Mauri Antonio da Silva Ricardo Lara

176 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O artigo analisa as transformações do mundo do trabalho a partir dos anos 1970 quando se inicia a crise estrutural do capital. O método aplicado é o materialismo dialético oriundo de Marx e Engels, utilizando-se de estudo bibliográfico para construção da argumentação. Demonstra-se que há um movimento mundial de retirada de direitos. Para o capitalismo se recuperar da crise e manter as taxas necessárias de acumulação, as respostas são: reestruturação produtiva e implantação do modelo econômico neoliberal. As medidas de austeridades são os caminhos dos países europeus, nas economias latino-americanas aprofundam-se a dependência e a superexploração de seus trabalhadores. No Brasil, várias décadas de neoliberalismo cristalizaram a dependência da economia brasileira em relação aos capitais externos e mantiveram os padrões salariais achatados em relação aos países do capitalismo central. A ofensiva empresarial e estatal para retirada de direitos vem sendo contestada por uma retomada das greves no mundo e no Brasil.

FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO NO TRABALHO FEMININO

NOS FRIGORÍFICOS

Amanda Cristina Ribeiro Dr. Renan Araújo

Neste artigo, apresentamos algumas considerações relacionadas ao trabalho feminino na cadeia produtiva avícola, mais especificamente, o trabalho realizado nos estabelecimentos para o abate e industrialização de aves, através da pesquisa bibliográfica dos estudos que se ocupam dessas questões. Considerando que as relações da divisão do trabalho entre homens e mulheres são construções sociais que lhe conferem materialidade, e não determinadas estritamente por aspectos biológicos, este estudo expõe as forma de subordinação dos trabalhadores e trabalhadoras empregados nessa cadeia produtiva, indicando ao mesmo tempo, as problemáticas

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 177

relativas à divisão sexual do trabalho no bojo do processo histórico de reestruturação e acumulação do capital, com recorte histórico cuja temporalidade contemporânea compreende o momento de afirmação/disseminação das formas flexíveis de produção. Palavras-chave: Trabalho Flexível. Frigoríficos. Gênero. Precarização do Trabalho. O PERFIL DO JOVEM ADULTO NA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO DE

VESTUÁRIO EM CIANORTE - (2004-2014): DO LOCAL PARA O GLOBAL UMA DIALÉTICA NECESSÁRIA

Rangel Max Lima Vidal

[email protected] Orientador: Dr. Renan Bandeirante de Araújo

O projeto tem por objetivo pesquisar o jovem adulto (individuo entre 14-35 anos), que está inserido no contexto da indústria de confecção do vestuário do município de Cianorte, traçando um paralelo comparativo com o perfil de trabalhadores de centros industriais desenvolvidos tal qual o novo perfil metalúrgico do ABC após o processo de reestruturação produtiva iniciado na década de 1990, com o modo de vida “just-in-time” do metalúrgico jovem adulto flexível propriamente dito. Dessa forma é necessário aprofundar o conhecimento acerca das características dessas indústrias e traçar um perfil da composição operaria dando ênfase a figura do jovem adulto, no intuito de responder á alguns problemas concernentes a dificuldade com a mão de obra no setor produtivo. Para isso nos atentamos para a relação contraditória dos interesses das indústrias e a perspectiva de seus trabalhadores, sobretudo dos jovens que proporcionam situações desafiadoras aos industriais. Buscamos também inserir a pesquisa regional em um contexto global, para demonstrar a importância e as conexões inerentes ao fenômeno da globalização.

178 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

CONSTRUINDO O TRABALHO DECENTE NO BRASIL: O PACTO

NACIONAL PELA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO

Ana Yara Paulino

O conceito de Trabalho Decente, lançado em 1999 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), inclui entre seus quatro pilares, a erradicação das piores formas de trabalho, ou seja, o Trabalho Infantil e o Trabalho Escravo. A OIT é o único organismo tripartite da Organização das Nações Unidas (ONU), participando de suas decisões por consenso os governos, os empregadores e os trabalhadores. Tais decisões expressam-se através de Convenções e Recomendações; o cumprimento das Convenções é obrigatório para os governos signatários. As Convenções 29 e 105 tratam diretamente da erradicação do Trabalho Forçado ou obrigatório (entre nós conhecido como Trabalho Escravo) no mundo. A luta pela erradicação do Trabalho Escravo no Brasil começou efetivamente a partir do reconhecimento oficial pelo governo brasileiro de sua existência, em 1995. Em seguida, foram criados os Grupos Móveis para o resgate de trabalhadores naquela condição, que são compostos por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), polícias federal e estaduais, e representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em 2005, a sociedade civil organizada, lançou o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, ao qual instituições aderem voluntariamente (empresas, sindicatos de trabalhadores, ONGs, entidades governamentais, entre outros). Suas ações foram altamente elogiadas e tomadas como exemplo em nível internacional. Com o Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente (PNETD) elaborado em 2010 e a criação de várias Agendas de Trabalho Decente municipais, estaduais e regionais, pretende-se mapear as iniciativas empreendidas pelos gestores e signatários do Pacto nos últimos anos.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 179

GT 7 (A) MARXISMO, TRABALHO E EDUCAÇÃO Dia 27/05 / Coordenador:

Eraldo Leme Batista

IDORT – UM INSTITUTO EDUCACIONAL BURGUÊS POR

EXCELÊNCIA – ANÁLISE DAS DÉCADAS DE 1930 E 1940 NO

BRASIL

Eraldo Leme Batista

O processo acelerado de urbanização no Brasil, pós I Guerra Mundial, contribuiu para a expansão e crescimento da indústria no país, mesmo de forma desorganizada e desarticulada. Nas primeiras décadas do século XX, a educação existente no país, não era suficiente para atender ao processo de desenvolvimento que o mesmo começava a enfrentar, e foi apenas nesse tempo que se começou a despertar para a educação visando à formação do trabalhador. Sendo ainda incipiente o crescimento industrial, necessitava-se de trabalhadores com preparação mínima para os postos a serem ocupados na indústria, comércio e serviços. Para tanto, a profissionalização das massas, quando muito, era ainda oferecida nos liceus e escolas de ofícios de forma insuficiente. Os ofícios oferecidos até então eram mais artesanais do que manufatureiros, distanciando-se dos propósitos industrialistas seus criadores. Nesse contexto, a importação de mão de obra especializada ficava cada vez mais difícil e fez-se necessário fomentar o ensino profissional. O IDORT, entidade criada pelos industriais paulistas, foi fundamental para a discussão e reorganização do ensino profissional no Brasil. Apresentamos neste trabalho, a tese de que este instituto empresarial tornou-se também uma instituição educacional, pois formulava, divulgava e defendia teses referentes à educação e educação profissional. Tese fundamental para entendermos este período histórico e a questão da educação, pois a historiografia até o presente momento, não considerava esta organização como sendo

180 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

educacional, o que deixava uma lacuna na historiografia, pois escolanovistas como Lourenço Filho, Fernando Azevedo, Noemy Silveira, foram fundadores do IDORT e articuladores do pensamento educacional no interior desta instituição, contando com apoio e contribuição de Roberto Mange.

O PCB CONTRA A ESTRUTURA SINDICAL DE ESTADO: A experiência de 1948

Leonardo Vereza de Freitas

[email protected]

O artigo que desenvolvemos busca analisar a atuação do PCB e de seus militantes no movimento sindical no período entre os anos de 1948 e 1952, quando este Partido tem uma virada em sua linha política geral, orientando-se pelo enfrentamento radical ao Estado e uma proposta de caminho revolucionário. Nesse sentido, a partir da caracterização do que consideramos ser a estrutura sindical no Brasil, limitada e controlada pelo Estado em diversos aspectos, buscamos questionar em que intensidade o PCB deu enfrentamento a tal estrutura. Para tal nos remetemos a pesquisa bibliográfica, sendo parte da dissertação de mestrado que desenvolvemos atualmente. Utilizamos como fontes obras que expõem a situação do movimento operário na época estudada, bem como abordagens sobre o PCB no período. Por fim, colocamos à prova nossas hipóteses, confrontando a atuação do PCB com os elementos essenciais que a nosso ver expressam a dominação do Estado sobre os sindicatos e o decorrente estado de dependência dos mesmos. Observamos assim que o foi significativo o questionamento à estrutura sindical, sendo este o aspecto principal, apesar deste confronto ter tido limitações e não possibilitado uma reformulação do sindicalismo brasileiro.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 181

TEMPO DE LAZER: ALIADA OU INIMIGA DA ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA?

Marcela Andresa Semeghini Pereira

As condições de escravidão permanecem na sociedade contemporânea, manifestando-se através do super-endividamento, posse da pessoa ou contratos de trabalho que submetem o trabalhador a condições degradantes, estressantes e humilhantes. A homogeneização das opções de fruição do Lazer, do comportamento e do pensamento são consequências da padronização cultural e do discurso dominante, propagados pela indústria cultural sendo fator que auxilia no conformismo do homem a condição de escravidão. O consumo frenético e interminável de mercadorias e opções de divertimento, como promessa de felicidade e inclusão social, levam o homem a trabalhar por mais tempo, aumentando sua alienação e seu estranhamento, gerando mais valia ao empregador. Às manifestações físicas e psíquicas da escravidão e as influências impostas pela indústria cultural propõe-se como alternativa a contemplação, momento em que não há interferências mundanas e o homem se vê único e livre. No momento da contemplação há fuga de toda alienação, estranhamento e desejo de consumir, desta forma o homem descobre a verdade. A contemplação é o dever ser da utilização do Lazer, em que se enquadra como inimigo da escravidão e defensor da dignidade humana. Palavras-chave: Escravidão. Lazer. Consumo. Indústria Cultural.

VIRTUDES DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM NO CAPITALISMO FLEXÍVEL: ENSAIO PARA UMA ANÁLISE MARXISTA

DA EDUCAÇÃO

CARDOZO, Glória Christina de Souza. – UEM

182 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Reconhecida a educação como ato direto e intencional de produção da humanidade forjada histórica e socialmente em cada indivíduo singular, e o trabalho educativo enquanto duplo movimento de identificação de elementos culturais imprescindíveis à humanização dos novos indivíduos e das formas mais adequadas à tal empreitada, reconhece-se a relação recíproca entre educação e trabalho. Enquanto processo de trabalho, a educação – vinculada à produção de conhecimentos sobre a natureza e a cultura, é uma exigência do e para o trabalho. Partindo desta compreensão, apresenta-se inicialmente a recuperação acerca do papel da teoria na perspectiva marxiana e sua relação com o método materialista histórico-dialético, passando à reflexão a respeito das categorias analíticas desta perspectiva, retomam-se os conceitos de trabalho vinculados a esta perspectiva e ao modo de produção capitalista, bem como da compreensão de trabalho educativo e sua finalidade, buscando analisar suas alterações frente ao processo de transformação da produção social e alteração da modernidade, mudança esta em curso na corrosão, ou liquefação de seu caráter sólido.

AGRICULTURA FAMILIAR: O TRABALHO NA PERSPECTIVA DO

MATERIALISMO HISTÓRICO

Marisa Hartwig - UFSC [email protected]

As mudanças no trabalho e na produção da agricultura familiar são expressão da expansão do capital em todas as instâncias no mundo do trabalho, recriando formas para a sua manutenção. O trabalho na agricultura familiar integrado com as indústrias está totalmente subsumido ao capital, visto que, quando o capital, na sua eterna busca pela valorização, tem a possibilidade de apropriar-se do trabalho e do modo de produzir na agricultura

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 183

familiar — mesmo que sejam pequenas unidades —, ainda assim acaba encontrando formas de extrair algum valor, o que denota que tal sistema não possui limites. Nesse sentido, o modo de produção capitalista está dado, não surge com a agroindústria, e mostra que não há nada de idílico no campo, o que impera é a valorização do capital, na sua incessante busca por valorização. É o movimento contraditório expresso nas relações sociais.

EDUCAÇÃO E TRABALHO: UM RETORNO EM MARX

Magali Seidel Kunz Este artigo tem como objetivo resgatar o período historicamente delineado da Politecnia em seu surgimento, através de seus principais formuladores e críticos. A partir deste pressuposto, procura manifestar, através de um estudo bibliográfico, as características fundamentais da sociedade na época em que emergiu a sociedade em Marx, século XIX, e a utopia em relação à luta pela ascensão da emancipação humana, conseqüentemente a superação da sociedade de classes. Cabe salientar ainda, o apanhado realizado referente aos grandes difusores da proposta marxista, Gramsci, Saviani e Kuenzer. Esta modalidade de ensino no tempo atual ainda é difundida, e passa a ter novos interlocutores e novos questionamentos. O artigo conclui trazendo a tona a necessidade de estimular e fazer avançar os debates que cerceiam o teórico-prático da Politecnia, propiciando assim, uma compreensão em relação ao que se busca sanar com a implantação desta organização de ensino, que articula-se entre educação e trabalho. Palavras-chave: Educação e Trabalho, Emancipação Humana, Escola Universal, Politecnia, Sociedade de Classes.

184 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

TRABALHO, LINGUAGEM E LITERATURA: PROJETO DE DISSERTAÇÃO

Carla Prado Lima Silveira Vilela (UTFPR – CAPES)

Este artigo tem como objetivo apresentar parte de um Projeto de Dissertação, cuja pesquisa se encontra em andamento, e tem conclusão prevista para o primeiro semestre de 2015. A proposta analisa a formalização discursiva do universo do trabalho, da linguagem, e a problemática política e social em três obras literárias brasileiras, do escritor mineiro Oswaldo França Júnior, a saber: Jorge, um brasileiro (1982); O homem de macacão (1984) e Um dia no Rio (1982). Nas três obras, trabalho, linguagem e vida se entrelaçam no cotidiano laborativo das personagens: um caminhoneiro, um mecânico de carros e um jovem engenheiro. O referencial teórico para a análise do universo do trabalho é Marx (1975), Engels (1990) e Lukács (2004); para o campo da linguagem adota-se Bakhtin (1986), e no âmbito literário as reflexões de Cândido (1976) e Bosi (2002). Assim, busca-se verificar nessas obras como França Júnior constroi a identidade das personagens trabalhadoras e também de que forma o contexto sócio laboral é representado no discurso literário. A pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e tem caráter inovador, uma vez que a análise do trabalho e da linguagem é carente de reflexão no cenário literário nacional.

O PROBLEMA DAS CLASSES MÉDIAS: O LIMITE CONCEITUAL DO

NEOMARXISMO E A RETOMADA DAS LUTAS DE CLASSE

Pablo Almada [email protected]

Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 185

O problema das classes médias tem se constituído como um importante desafio explicativo para a sociologia, principalmente frente ao crescimento da chamada “nova classe média” brasileira. O objetivo desse artigo é elaborar uma análise teórica que questione os fundamentos desse termo nas teorias sociológicas de cunho neomarxista e seus limites. Para isso, se faz necessário revisar algumas das premissas que embasaram as formulações teóricas das classes médias e confrontá-la com a perspectiva de alargamento da classe trabalhadora. Em termos gerais, tais fundamentos tem abdicado de uma explicação que articule a morfologia do trabalho produtivo atual, a exploração e a luta de classes. Portanto, seria possível resgatar tais dimensões? A resposta afirmativa dada aqui caminha por entender tanto a precariedade do trabalho e sua relação com as lutas de classe contemporâneas, que devem ser colocadas em outros marcos analíticos a partir do pensamento de Marx.

A PEDAGOGIA VAI AO PORÃO: NOTAS CRÍTICAS SOBRE AS ASSIM CHAMADAS “PEDAGOGIA EMPRESARIAL” E “PEDAGOGIA

EMPREENDEDORA”

Alessandro de Melo – PPGE/UNICENTRO. Luciani Wolf – PPGE/UFPR.

O artigo reporta-se a um exame crítico das chamadas “Pedagogia empresarial” e da “Pedagogia empreendedora”, e tem como objetivo demonstrar como categorias de análise a naturalização das relações sociais, a concepção biologicista/naturalista de ser humano e uma concepção política adaptacionista. Critica-se ainda a ausência de um debate teórico denso no seio destas correntes, que na ampla “literatura” existente no mercado editorial não fazem mais que fornecer receitas práticas para a solução de problemas ou aparecer como “auto-ajuda” para os que querem um lugar ao sol no excludente mundo do trabalho. A

186 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

ideia destas correntes é reforçar a naturalização do individualismo, alimentando uma corrida neodarwinista pela sobrevivência no constantemente cambiante mundo do trabalho. A metodologia adotada para a crítica foi a leitura extensiva da literatura existente e a compilação das categorias já apresentadas, que, conjuntamente, são uma demonstração de como a educação e seus intelectuais podem se tornar veículos da reprodução do sistema do capital. Desta forma, por via da categoria totalidade, procuramos evidenciar as mediações que vinculam estas pedagogias ao movimento ideológico de sustentação do capitalismo. Palavras-chave: Pedagogia empresarial. Pedagogia empreendedora. Educação e Trabalho.

15 MIL EM AÇÃO, PRA FRENTE BRASIL: ELEMENTOS PARA UMA CRÍTICA DO TRABALHO VOLUNTÁRIO NA COPA

Lucas Ferreira Cabreira – Universidade de São Paulo

[email protected] O trabalho tem por escopo realizar uma pontual crítica a respeito de seu objeto: o trabalho voluntário instituído pela Lei nº 12.663/2012 para a Copa do Mundo de 2014. Para tanto, a pesquisa adota um marco teórico marxista, e método a revisão bibliográfica de literatura pertinente, diplomas legais e informações divulgadas no site oficial da FIFA. Inicialmente, analisar-se-á brevemente o trabalho voluntário para a Copa no ordenamento jurídico brasileiro, examinando-se sua contradição em relação às garantias trabalhistas constitucionais. No segundo capítulo, buscar-se-á uma compreensão desta contradição em dois pontos: explicitando, em termos gerais, o próprio direito do trabalho como forma jurídica do capitalismo cuja função, enquanto tal constitui-se em adequar as relações de trabalho aos interesses do capital; após, apontar o limitado alcance do direito

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 187

na atual forma jurídica, apesar dos benefícios imediatos e restritos do direito laboral para o trabalhador. Por fim, processar-se-á um balanço a respeito do exposto, concluindo-se pelo reconhecimento do papel das garantias trabalhistas existentes, mas servirá em última instância, como no caso do objeto deste artigo, para reproduzir o capital na sociedade.

188 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

GT 7 (B) MARXISMO, TRABALHO E EDUCAÇÃO Dia 28/05 / Coordenador:

Caio Antunes

TECNOLOGIA E CONTROLE DO TRABALHO SOB O DOMÍNIO DO

CAPITAL

Roberto Leme Batista Doutor em Ciências Sociais.

Professor de História Contemporânea na Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR

campus de Paranavaí. [email protected]

Este texto tem como objetivo apreender como o capital conseguiu desenvolver historicamente as diversas formas de controle, disciplina e vigilância sobre o trabalho. Para tanto, procuramos entender as origens do capital, seu desenvolvimento até se constituir em um sistema hegemônico que expropriou dos trabalhadores as condições de trabalho, transformando-os em simples vendedores de força de trabalho. Pretendemos particularmente entender como as formas de controle, disciplina e vigilância se manifestam em diferentes momentos históricos na organização do processo de produção, desdobrando em transformações na organização do processo de trabalho. Nesse sentido fazemos uma breve análise das origens do capital, buscando situa-la em suas origens históricas. Empreendemos uma análise sobre a cooperação simples, veremos, então, que o capital na fase de transição do trabalho artesanal para a produção efetivamente capitalista não alterou a sua base técnica de produção, nem conteúdo do processo de trabalho. Ao desenvolver a manufatura o capital conseguiu superar as contradições e os limites existentes nas relações de produção, na fase pré-industrial, transformando gradativamente as formas de organização do trabalho que até então se fundava na cooperação

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 189

simples que havia se desenvolvido com o capitalismo nascente. Ao desenvolver a manufatura o capital rompe com o trabalhador especialista da cooperação simples ao introduzir o trabalho parcelar, decompondo as tarefas que antes eram feitas por um único artífice em várias parcelas por vários trabalhadores. Analisamos ainda a transição da manufatura para o período da grande indústria, movida pela maquinaria que substitui os trabalhadores no processo produtivo. Ou seja, com a maquinaria os trabalhadores foram substituídos pelos instrumentos de trabalho, pelo sistema de máquinas. Em síntese, discute-se o processo de controle do capital sobre o trabalho, durante a maturação da sociedade de classes fundada no industrialismo. APONTAMENTOS PRELIMINARES SOBRE TRABALHO, ALIENAÇÃO

E SUBJETIVIDADE EM MARX

Caio Antunes Universidade Federal de Goiás

Karl Marx não possiu nenhuma obra que verse exclusivamente sobre a subjetividade humana e acaba sendo conhecido justamente como o autor que expressamente nega toda e qualquer discussão sobre o problema da subjetividade humana. Há, porém, em suas obras, uma poderosa discussão sobre a forja social das características históricas subjetivas dos seres humanos a partir das categorias trabalho entendida como a categoria fundamental da gênese e do desenvolvimento histórico dos sers humanos) e trabalho alienado, forma de manifestação histórica de realização atual do trabalho entendida como elemento histórico do processo de desumanização. Este artigo pretende indicar, preliminarmente, a partir de referencial teórico marxista, alguns dos aspectos objetivos e subjetivos dos procesos histórico-sociais de humanização e de desumanização a partir das categorias trabalho e trabalho alienado, na obra de Marx.

190 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

EDUCAÇÃO E TRABALHO ALIENADO: RELAÇÕES ESTREITAS

Marielle Zazula – UNICENTRO Mariana Prado Guaragni - UNICENTRO

O presente artigo apresenta uma tentativa de trazer a debate reflexões sobre o trabalho, a partir de uma perspectiva marxista, tentando explicitar o que consiste para Marx em trabalho alienado. Buscamos também discutir aspectos da alienação e fragmentação da consciência do trabalhador no modo de produção capitalista, para em seguida entrarmos na discussão referente ao papel social desempenhado atualmente pela educação neste contexto. Para tanto foi necessário buscar uma definição sobre educação, considerando que ao mesmo tempo em que transmite os conhecimentos historicamente acumulados pelo homem, ela atua ideologicamente, seja através do currículo, ou devido ao fato de muitas vezes, não possibilitar aos educandos questionarem o status quo vigente, ou mesmo quando a escola transmite as crenças do arranjo social existente como bom e desejável. A correlação que faremos entre o trabalho, trabalho alienado e educação se dá diante do vislumbramento de uma sociedade fundamentalmente contraditória, que coloca educação escolar como meio de socializar conhecimentos que cooperem para a inserção do trabalhador, no processo de valorização do capital. Para tanto utilizamos a concepção de alguns autores, a saber: Marx e Engels, Gramsci, Silva, Paro, Brandão, Lessa e Tonet, Bourdieu e Mészáros. Palavras-chave: Educação. Capitalismo. Trabalho. Trabalho lienado.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 191

EDUCAÇÃO INTEGRAL DO TRABALHADOR: UMA ANÁLISE DO PROEJA A PARTIR DA PROPOSTA DE ESCOLA UNITÁRIA DE

ANTONIO GRAMSCI

Helen Cristina de Oliveira – UNESPAR/PARANAVAÍ

Este estudo de caráter teórico analisa a proposta de integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens e Adultos trazida pelo Decreto Nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que institui, em âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, como Política Pública Nacional para a Educação e a formação profissional dos jovens e adultos trabalhadores no Brasil. Aponta os limites e fragilidades da proposta do PROEJA, apresentada em seu Documento Base para o Nível Médio, no que diz respeito à formação integral do trabalhador, a partir da proposta de Escola Unitária de Antonio Gramsci. Este trabalho está dividido em duas partes: a primeira coteja o conceito de Educação Integrada, proposta do Proeja, com o conceito de Educação Integral trazido por Gramsci; na segunda, refletimos sobre o percurso histórico brasileiro que levou à luta por uma Educação Integrada a transmutar-se em Educação Integral. Para esse estudo foi realizada uma revisão bibliográfica do Caderno 12 dos Cadernos do Cárcere de Antônio Gramsci, do Documento Base PROEJA de Nível Médio, e do livro Ensino Médio Integrado de Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta e Marise Ramos.

A METAMORFOSE DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA: A EDUCAÇÃO COMO VIABILIZADORA DE TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL.

Karin Santana Santos

192 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Resumo: Pretendemos situar o trabalho na sociedade capitalista, enfatizando que este não acolhe a especificidade de ser um agente humanizante que, leva o homem a transcender sua condição natural. Nesta categoria societária o velho jargão o “trabalho dignifica e enobrece o homem” cede espaço a produção de mais- valia, já que todo trabalho excedente se consolida no conceito de valor, e este vem cristalizar-se no trabalho humano, que sucessivamente se incorpora a um produto. Almejamos comprovar que o trabalho passa por uma metamorfose, onde a base Fordista entra em colapso e a produção em massa, padronização, cedem lugar a Toyotização, que visa atender a um mercado diferenciado, estocando o mínimo, isso no melhor tempo (Just in time) com máxima qualidade, flexibilizando a polivalência, aumentando a mecanização, gerando um processo de superexploração e subproletarização. Finalizamos com a ideia de a educação e a formação política do cidadão é uma das bases para que ocorra uma modificação contextual. Palavras-chave: Educação. Metamorfose. Trabalho.

O SISTEMA DO SOCIOMETABOLISMO DO CAPITAL: A EDUCAÇÃO

E A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DE CLASSE

DIOGO, Emilli M. SOBZINSKI, Janaína S.

DEITOS, Juliano M.

O presente artigo busca, a partir da discussão da relação entre o tripé Capital, Trabalho e Estado na atual forma de organização social, evidenciar os limites e as possibilidades da educação escolar contemporânea, defendendo uma perspectiva revolucionária. E, também, apontar a dependência ontológica da educação em relação ao trabalho. Para a análise utilizou-se autores como Marx, Lukács, Mészáros, Tonet, Lessa e outros.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 193

PRÁXIS E EMANCIPAÇÃO: UMA ANÁLISE DA EDUCAÇÃO SOB A TEORIA SOCIAL

ANDRÉ DE OLIVEIRA GERÔNIMO

Pós-graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Abordando a educação no âmago de seu sentido social, a partir de seu papel na mediação ontológica e metabólica das organizações societais contemporâneas, este estudo tem por objetivo situar a educação como categoria analítica sob a teoria social. Recuperando primeiramente da filosofia e da teoria da evolução social hegeliana os princípios ontológicos da mediação social, passando pela crítica da economia política na análise da lógica capitalista e a consequente subsunção da educação à reprodução da sociabilidade fundamentalmente produtiva, terminamos por sintetizar no caráter praxiológico do fazer educativo um estudo sobre a relação dialeticamente estabelecida entre o trabalho e a educação no capitalismo, ou seja, sobre as formas superestruturais de expressão ideológica contidas na educação enquanto instrumento de reprodução da sociabilidade capitalista e as formas infraestruturais de organização produtiva enquanto expressão da sociabilidade desempenhada pelo trabalho em sua forma metabólica e ontológica.

TRABALHO E ALIENAÇÃO/ESTRANHAMENTO NA SOCIEDADE CAPITALISTA.

Alcides Pontes Remijo Daniella Miranda

O presente trabalho tem como objetivo apontar algumas conclusões sobre a categoria trabalho e alienação. Após as décadas de 1980 e 1990 ideólogos de vários campos da produção

194 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

do conhecimento seja da sociologia, economia, antropologia entre outros; afirmaram que a sociedade do trabalho estava se extinguindo. Que o trabalho não seria mais importante para o Ser Social ou para a criação do valor, no capitalismo. Fato que não se comprova nem no período que tais pensadores escreveram bem como em pleno século XXI. Neste pretendemos expor a categoria trabalho em sua forma originária e cotejar com o atual momento historio do trabalho estranhado alienado. Pretende-se apontar por fim a emancipação humana como fim do processo de supressão do trabalho alienado/estranhado. Palavras chave: Trabalho. Alienação. Capitalismo.

PEDRO PEDREIRO E A ONTOLOGIA JURÍDICA DA UTOPIA GUILHERME CAVICCHIOLI UCHIMURA

Em sua obra, Alysson Mascaro faz a defesa de uma utopia concreta jurídica. Sob esse marco teórico, o presente trabalho analisa a letra da música Pedro Pedreiro para buscar elementos capazes de dimensionar a espera dos trabalhadores entre o desejo e a reificação. Conclui que o sentimento de esperança da classe trabalhadora e as perspectivas concretas de sua emancipação são elementos que se inter-relacionam e se alimentam entre si no contexto da atual luta de classes. Palavras-chave: Direito e marxismo. Utopia concreta jurídica. Emancipação.

CRISE AMBIENTAL E SOCIAL EM TEMPOS DE CAPITALISMO

DESTRUTIVO Leandro Nunes

O presente artigo tem como objetivo analisar a questão ambiental sob os marcos do capitalismo contemporâneo que se

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 195

apropria não somente da exploração da força de trabalho, deteriorando relações sociais, mas também dos recursos naturais, destruindo o meio ambiente. Também aqui se pretende realizar indicações da reestruturação produtiva do capital, que se insere e ganha poder cada vez mais, atrelado ao mito do desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: Crise ambiental. Crise social. Capitalismo destrutivo.

O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO: REFLEXÕES SOBRE

A POLITECNIA

Ubiratan Augusto Domingues Batista Universidade Paulista-UNIP

e-mail: [email protected] O presente trabalho resulta da fundamentação teórica de uma dissertação de mestrado intitulada “Ensino Médio Integrado e a relação entre a proposta da SEED/PR e a realidade escolar: avanços ou permanências?”. O Programa Ensino Médio Integrado foi lançado em 2004, durante o Governo Lula e tem por objetivo articular o ensino médio regular com cursos profissionalizantes. Os documentos norteadores desse programa adotam o trabalho, entendido como princípio educativo, a cultura, a ciência e a tecnologia como eixos centrais desta proposta pedagógica. Para poder analisar o objeto de estudo desta dissertação, tornou-se necessário aprofundar estudos sobre o trabalho em sua dimensão ontológica, bem como, resgatar os conceitos de politecnia e de práxis, com base nos teóricos marxistas – uma vez que tais conceitos fundamentam o programa. Pretendemos nesse momento apresentar a síntese dessa discussão teórica, a fim de problematizar a possibilidade de legitimar um modelo educacional politécnico calcado nos fundamentos marxistas em uma sociedade capitalista.

196 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO: UMA ALTERNATIVA PARA O FOLCLORE

Ana Laura da Silva Teixeira

UNICAMP/FE/ HISTEDBR

A intenção deste é trazer a tonas as discussões do contexto acadêmico, com relação a temática do trabalho como princípio educativo. Se faz necessário mencionar que o trabalho se constitui como categoria sociológica central, sendo dessa maneira nos é impossível entender as relações educacionais sem entender o modo de produção da sociedade contemporânea, bem como a economia, política e cultura. Trabalho e educação estão relacionados também pelo fato de que a educação tem servido ao capital, formando o indivíduo conforme suas necessidades. Com o intuito de superar essa lógica capitalista, vários estudos marxista tem surgido com base no conceito de trabalho como princípio educativo, que tem sido alvo de debates. Um grupo de teóricos como, Jürgen Habermas, Robert Kurz, Adam Schaff, Sérgio Lessa e Paulo Sergio Tumolo, renegam a centralidade do trabalho, não podendo dessa maneira se constituir como princípio educativo. Por outro lado contamos com teóricos que defendem esse conceito, como Saviani e Frigotto, que julgam ser possível elaborar em pleno capitalismo uma educação que rompa com essa sociedade e forme o indivíduo em todas as suas necessidades. O que a priori podemos concluir é que a educação é um campo muito importante de luta para ser negligenciado, este deve ser ocupado por nós que almejamos uma sociedade diferente. Palavras-chave: Trabalho. Educação. Trabalho como princípio educativo.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 197

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO SOCIALISTA DE PISTRAK

Danielle Martins Rezende Pedro Henrique Parada Ferrari

As finalidades supostamente mascaradas do mercado injetam no sistema escolar concepções próprias que acorrentam o pensamento individual e coletivo. A obra: Fundamentos da Escola do Trabalho de Moisey Mikhaylovich Pistrak relata sobre a construção de uma escola socialista em meio aos processos revolucionários da Rússia, em meados de 1924. Diante das contribuições de Pistrak é possível evidenciar alguns pontos na criação de uma pedagogia social e estabelecer relações entre a escola do trabalho e as instituições escolares brasileiras, evidenciando o quão atual é o debate. Palavras-Chave: Educação socialista. Capitalismo. Escola. Trabalho. Auto-organização. EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NA PEDAGOGIA

HISTÓRICO-CRÍTICA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Neide de A. L. G. Favaro (UNESPAR–Paranavaí/CNPQ; [email protected]);

Paulo S. Tumolo(UFSC)

Este artigo resulta de uma pesquisa de doutoramento concluída e apresenta seus resultados no que tange à questão da relação entre educação e desenvolvimento econômico na perspectiva da pedagogia histórico-crítica. A partir de uma análise crítica pautada nos postulados do materialismo histórico, apreendemos a produção teórica dessa proposta pedagógica nos últimos trinta anos – mais especificamente por meio de seu autor matricial, Dermeval Saviani –, verificando a articulação feita entre a luta pela escola pública e o desenvolvimento brasileiro. Na defesa da

198 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

necessidade de uma nova política educacional, suas estratégias políticas propõem a mudança do eixo do desenvolvimento econômico para a educação, o investimento maciço em educação pública, a “publicização” do Estado e a “republicanização” da educação. Ao lutar pela radicalização das promessas burguesas, a pedagogia histórico-crítica preconiza a possibilidade de inverter a lógica do Estado, a fim de socializar a economia e solapar as bases da sociedade capitalista, articulando tal estratégia com sua luta pelo socialismo. A nosso ver, suas proposições apresentam problemas teóricos e políticos que comprometem a luta da classe trabalhadora pela instituição do socialismo. Palavras-chave: Pedagogia histórico-crítica. Educação e desenvolvimento. Escola pública.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 199

GT 8 TRABALHO, GÊNERO, INFÂNCIA E EDUCAÇÃO Dia 27/05 / Coodenadora:

Mônica

O TRABALHO INFANTIL NA FUMICULTURA NA CIDADE DE

PALMEIRA-PR

Autora: Tarcila Kuhn Alves de Paula UNICENTRO

Co-autor: Erivelton Fontana de Laat UNICENTRO

Co-autor: Caroline Becher UNICENTRO

Este artigo tem como objetivo expor um estudo de caso em torno do trabalho infantil na fumicultura, na localidade de Guarauninha, em Palmeira/PR. Através de um quadro teórico que parte da história em torno da criança no Brasil colônia, busca-se entender a naturalização da criança brasileira enquanto trabalhadora, em seus diferentes contextos. Com um enfoque marxiano problematizamos o sentido do trabalho infantil e sua naturalização nos diferentes contextos históricos. Para tanto adotamos como metodologia um estudo de caso, e através da revisão de literatura pretende-se fazer uma remontagem histórica do trabalho infantil naturalizado. Buscamos entender o significado de trabalho infantil na construção social, política e econômica à qual Marx estava inserido e que ainda hoje é válido. Podemos concluir que o conceito de criança foi construído de acordo com as necessidades sociais, políticas e culturais e econômicas de cada momento histórico, variando de acordo com a representação que a sociedade dá para essas estruturas. O momento vivido articula-se a uma gigantesca necessidade de produção pela busca da satisfação através de bens materiais, assim, torna-se claro que mesmo havendo tantas evoluções em

200 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

termos legais de proteção ao direito da criança, o trabalho infantil permanecerá existindo, sendo guiado principalmente por uma lógica capitalista.

TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO CAMPONÊS: O ASSENTAMENTO MOACIR WANDERLEI E A PLURIATIVIDADE

Camilo Feitosa Daniel

[email protected] Universidade Federal de Sergipe

O Assentamento Moacir Wanderlei foi fruto de um processo de luta pela terra organizado pelo MST entre o final dos anos 1980 e o inicio dos anos 1990. São famílias que vieram de alguns povoados do interior sergipano e que, a partir do conflito, modificaram suas condições de vida, transformando-se em trabalhadores com a posse da terra. Hoje em dia, houve ainda mais uma modificação, pois, os trabalhadores também são pluriativos, ganhando dinheiro em atividades fora da sua propriedade. O objetivo do presente trabalho é apresentar as transformações do mundo do trabalho desses assentados, discorrendo sobre o estudo das categorias: pluriatividade e conflitualidade e sobre o debate teórico construído no interior do pensamento marxista sobre o campesinato. Para dar conta dos objetivos colocados, realizei uma pesquisa qualitativa através de um roteiro de entrevista, levantando informações em documentos oficiais, como por exemplo o processo de desapropriação do INCRA, o livro de ATAS da Associação, jornais da época da do conflito.

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 201

AS POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO À POBREZA DA MULHER DITADAS PELO O BANCO MUNDIAL E PELA ORGANIZAÇÃO

INTERNACIONAL DO TRABALHO

Karen Bettina Ikeda de Ortiz Universidade Estadual Paulista-UNESP

Janete Hruschika Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPr

Neste texto será apresentada uma breve discussão sobre as proposições atinentes à educação feminina produzidas pelo Banco Mundial e pela Organização Internacional do Trabalho, tendo como foco o combate à feminização da pobreza, no contexto da crise da sociabilidade do capital, das desigualdades econômicas e também, do desemprego e da precarização do trabalho, compreendendo uma das vertentes de ação, a educação formal das mulheres na perspectiva de tais organismos. Dentre as propostas direcionadas aos países periféricos, figura a inserção das mulheres no mundo do trabalho, por conseguinte, a escolarização feminina enquanto mecanismo para provimento de “condições mínimas de sobrevivência via mercado”. Neste prisma, o objetivo deste trabalho é realizar, através de uma pesquisa dos documentos oficiais produzidos pelos organismos, uma discussão crítica acerca das estratégias orquestradas pelo Banco Mundial para combater a pobreza extrema, questionando se tais políticas visam de fato a melhor distribuição da renda e promover a melhoria da qualidade de vida das mulheres, ou servem para conceder a abertura dos mercados, controlar a natalidade dos países periféricos e assegurar os ideais hegemônicos do capitalismo. Palavras-chave: Educação das mulheres. Banco Mundial. Neoliberalismo, Feminização da Pobreza e Gênero.

202 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

CONDIÇÕES DE TRABALHO, DE VIDA E SONHOS DE MULHERES NA INDÚSTRIA CALÇADISTA DE JAHU: primeira aproximação

com a problemática das sapateiras jauenses

Angela Cristina Ribeiro Caíres

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise preliminar das condições de trabalho, de vida e os sonhos de mulheres na indústria de calçados femininos de Jahu, município do interior paulista. Busca-se compreender como se dão as condições de inserção das mulheres nesse mercado de trabalho específico, como estão estruturadas suas condições de trabalho, de salário, as oportunidades de emprego e de promoção em relação aos homens e quais os sonhos ou perspectivas que alimentam diante de uma realidade de trabalho particular e em um espaço específico. Para a análise da realidade investigada adotou-se como referencial teórico-metodológico a articulação entre os conceitos de trabalho, relações sociais de gênero e divisão sexual do trabalho. Os dados aqui analisados, obtidos em pesquisa realizada em 2006 e complementados com pesquisas mais recentes, mostraram que a realidade de dessas mulheres reproduzem as desigualdades de gênero e fazem estas mulheres perceberem, submetidas a um processo de precarização, percebam seu trabalho como mera condição de sobrevivência. Isso não impede, contudo, algumas de sonhar.

TRABALHO E GÊNERO: O PESO DO DESLOCAMENTO ENTRE DOIS

MUNDOS

Sara Blandina de Alcântara Rodrigues Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de

Sergipe-UFS [email protected]

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 203

O trabalho em questão é fruto de estudo realizado no mestrado acadêmico em Serviço Social, na disciplina Gênero e Políticas Sociais do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe. O presente trabalho pretende, a partir da pesquisa bibliográfica realizada, analisar as relações de gênero no desenrolar do processo de construção e ocupação de formas díspares dos espaços público-privado pelo homem e pela mulher, e o sobrepeso destinado ao feminino, retomando a organização social patriarcal e a divisão sexual do trabalho como elementos fundamentais para constituição do público, do privado e de distintas funções sociais. Considerando a natureza do objeto e a dinâmica que circunscreve a realidade, a análise sustenta-se na perspectiva materialista e dialética, tendo como suporte teórico metodológico as discussões de Engels, Saffioti, Hirata, Kergoat, dentre outras. Avista-se como resultado, portanto, que a apropriação do espaço público pelas mulheres, sem o devido movimento contrário do homem ao privado e sua valorização reservou às mulheres o grande desafio de transitar entre os dois mundos, conciliando longas jornadas de trabalho e luta diária por reconhecimento e igualdade de direitos.

EMANANCIPAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO FEMININO: AS TRABALHADORAS DOS SUPERMERCADOS

Deanne Teles Cardoso - Mestranda em

Geografia/PPG/UFG/CAC/Membro do NEPSA/UFG/CAC. [email protected]

José Vieira Neto - Professor/Orientador/PPG/UFG/CAC/Membro do

NEPSA/UFG/CAC. [email protected]

204 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

O artigo parte de uma pesquisa bibliográfica sobre a mulher e a sua inserção no mercado de trabalho. É resultado dos primeiros passos rumo a um trabalho voltado a discussão das atividades laborais realizadas por mulheres nos supermercados, e que se propõe questionar o papel que a mulher desempenha atualmente na sociedade, como dona de casa, mãe, e quando trabalha como contribuinte para a economia mercantil, buscando compreender a atuação da mulher como trabalhadora, colocando em foco sua historicidade, sua luta, conquista e produção, de acordo com a análise realizada na atividade laboral feminina, bem como levando em consideração as relações de gênero no contexto do trabalho. Palavras chave: Mulher. Trabalho. Conquista.

CULTURA ORGANIZACIONAL E DIVERSIDADE SEXUAL: UMA ANÁLISE PARA (RE) CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS

ORGANIZACIONAIS

Leandro Rafael de Castro Favoretto - UNESPAR/Campus de Paranavaí

[email protected]

Bianca Burdini Mazzei - UNESPAR/ Campus de Paranavaí [email protected]

Luciano Gonçalves de Lima - UNESPAR/ Campus de Paranavaí

[email protected]

Considerando a diversidade uma característica importante da força de trabalho na organização, permitindo a existência de novos valores, ideias e objetivos, essa pesquisa tem como objetivo discutir teoricamente a cultura organizacional sob a influência da diversidade sexual no contexto da administração. Sua importância está em explorar o desenvolvimento cultural como promotor da diversidade das organizações, bem como suas

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 205

implicações no ambiente de trabalho. A busca desenfreada pela industrialização, em muitas empresas, deixa de lado o que é mais importante e vital para sua sobrevivência: a qualidade de vida de seus funcionários. O trabalho explora e analisa algumas ações que podem ser empreendidas por organizações que estejam preocupadas com o fim da discriminação por orientação sexual no espaço organizacional, valorizando a diversidade cultural no trabalho. Constitui-se de um estudo exploratório com natureza qualitativa, por meio de coleta de dados secundários através de revisão bibliográfica. Dessa forma são exploradas a influência das práticas discriminatórias que provocam a percepção sobre exclusão da homossexualidade na cultura das organizações. Palavras-chave: Cultura organizacional. Práticas discriminatórias. Diversidade sexual.

CONSIDERAÇÕES DO TRABALHO DE ADOLESCENTES E TRABALHO INFANTIL – ESTUDO COM FILHOS DE

TRABALHADORES RURAIS MIGRANTES, RESIDENTES NA CIDADE DE GUARIBA/SP.

Edinalva Santana – FFCLRP - USP

Vera Lucia Navarro – FFCLRP - USP

Este trabalho deriva do estudo em andamento que tem por objetivo investigar como adolescentes, filhos de trabalhadores rurais migrantes, se inserem no mercado de trabalho e conciliam o estudo e a atividade laboral. Para tanto, foram alvos da pesquisa, adolescentes que estudam e trabalham, residentes em um bairro da periferia do município de Guariba/SP. A pesquisa, de cunho qualitativo, teve a entrevista gravada como principal técnica de coleta de dados. Foram realizadas 30 entrevistas com adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 14 e 18 anos incompletos, estudantes e com experiência no mercado de trabalho. O referencial teórico norteador da pesquisa foi a do

206 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

Materialismo histórico dialético. Até esta etapa da pesquisa identificamos sinais de que os adolescentes estudados estão sendo inseridos no mercado de trabalho de forma desprotegida do aparato legal e com consequente risco de prejuízos a sua saúde.

PROJETO MULHERES MIL: DESAFIOS EM BUSCA DE DIAS MELHORES. UMA EXPERIÊNCIA NO CAMPUS DE MORADA NOVA

– INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DO CEARÁ (IFCE).

Márcia de Negreiros Viana

Francisco Glauco Gomes Bastos

Este artigo aborda a execução do Projeto Mulheres Mil, do

Programa Brasil sem Miséria do Governo Federal, que tem à

frente o Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia –

IFs – como responsáveis na Área da Educação por ministrar

cursos em seus campi voltados para aprendizagem profissional de

mulheres, principalmente as que se encontram em situação de

vulnerabilidade e possuem baixa renda. Os cursos a serem

ministrados nos campi dos IFs são escolhidos a partir da

compreensão das necessidades das mulheres das comunidades

atendidas. Relatamos uma experiência de Curso de Salgadeira

realizada no campus de Morada Nova – IFCE. Para identificar o

perfil das discentes que participaram do curso profissionalizante,

a metodologia utilizada foi qualitativa, com aplicação de um

exercício de produção literária em sala de aula, intitulado

autorretrato, realizado durante as aulas de Português. Na

proposta de redação, buscou-se coletar informações variadas a

respeito da vida das alunas, tais quais dados pessoais;

características físicas; atividades profissionais; leituras preferidas;

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 207

antipatias; preferencias; e visão politica, religiosa e ideológica.

Cabia às alunas a liberdade de fornecer ou omitir alguma

informação.

Palavras-chave: Mulheres. Educação. Projeto Mulheres Mil.

MULHERES POBRES NO ENSINO SUPERIOR: QUESTÕES DE

GÊNERO E TERRITORIALIDADE URBANA E ASPECTOS DE TRANSCENDÊNCIA E O CONSENTIMENTO

Estela Martini Willeman

([email protected]) PUC-Rio/ UNISUAM/INEP

Agência Financiadora: CAPES Este trabalho é um fragmento da análise contida na tese de doutorado em Educação desenvolvida entre 2009 e 2013 cujo título é “Condições de acesso e permanência das mulheres da Periferia ao ensino superior: o caso de Duque de Caxias – RJ”. Parte-se do uma opção teórico metodológica e ético política ancorada no método crítico dialético onde o problema de investigação trata não apenas de entender quais as principais tensões e questões que envolvem a escolha destas mulheres por acessar a educação de nível superior, mas as estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais que influenciam nesta escolha e em sua permanência. A pesquisa tem caráter qualiquanti e utiliza-se de questionários e entrevistas semi-estruturadas com 12 estudantes mulheres três diferentes cursos e, com o recurso da triangulação, procura cotejar os dados com a análise documental (SIS, Censo da Educação Superior, e outras) e bibliográfica (Marx, Gramsci, Mészáros, Frigotto, Cunha, Alves, etc). Os resultados indicam que as estudantes, diante das condições vivenciadas são submetidas a um processo de longa duração de alienação que redunda em grandes desafios de ordem política, identitária e material com o predomínio de uma

208 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

violência consentida e construída ao longo da história da região em consonância com processos maiores de nível nacional.

DO TRABALHO INFANTIL E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO

Marcia Adriana Schüller [email protected]

Universidade Estadual do Centro - Oeste – Unicentro Cristiane Aggio

[email protected] Universidade Estadual do Centro – Oeste – Unicentro.

O trabalho infantil no Brasil. Uma legislação que tudo prevê mas cuja efetivação tem encontrado resistência não apenas por parte dos que empregam o menor, mas pela própria força cultural local. Das objeções ao trabalho infantil pelas suas conseqüências não somente para o bom aproveitamento escolar, mas também pelas questões de saúde e desenvolvimento físico e mental do menor trabalhador. Quais as medidas mais eficientes para combater o trabalho infantil no País. O que a escola pode fazer em prol do menor trabalhador e como evitar a evasão escolar pelo cumprimento à legislação que proíbe o trabalho infantil. Palavras-chave: Trabalho Infantil. Cultura. Educação.

MOVIMENTO FEMINISTA: DILEMAS ENTRE AS LUTAS

IDENTITÁRIAS E MACROSSOCIAIS

Ludson Rocha Martins Mestrando em Serviço Social Pela Universidade Federal de Juiz de

Fora Carmem Gomes Macedo

Mestranda em Serviço Social Pela Universidade Federal de Juiz de Fora

TRABALHO, EDUCAÇÃO E NEODESENVOLVIMENTISMO 209

O presente texto realiza uma abordagem sumária das dificuldades do Movimento e da Teoria Feminista contemporânea para compreender e participar das lutas progressistas macrossociais no capitalismo. Para analisar a referida problemática foram brevemente trabalhadas, por meio de uma investigação teórico-bibliográfica que mobilizou importantes referências críticas dessa área, algumas questões que envolvem a história do Movimento de Mulheres, bem como a compreensão da categoria gênero a ele conectada, o que nos fez enfatizar a guinada culturalista do feminismo no final do século XX. Após isso, procuramos identificar bases objetivas que permitam vincular a intervenção política das mulheres as questões progressistas de grande porte, tentando explicitar a necessidade de convergência entre o Movimento Feminista e os atores sociopolíticos tradicionais. Encerrando nossas reflexões salientamos as dificuldades e desafios ainda presentes nesse campo, ponderando a necessidade de maior investimento teórico para o enfrentamento dos seus desafios e questões. Palavras chave: Feminismo. Movimentos sociais. Classes sociais.

A ORGANIZAÇÃO DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS NO

BRASIL: da desproteção a proteção social

Claudia Veronese/UFPB

Mª do Socorro Pontes Bezerra/UFPB Mª de Lourdes Soares/UFPB

A análise consiste em um estudo bibliográfico sobre trabalho doméstico e emprego doméstico, sua intersecção com gênero e raça no contexto da divisão sexual do trabalho. A história das trabalhadoras domésticas no Brasil demonstra sua organização na busca de emancipação social e profissional, por equiparação

210 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO

de direitos. Essa luta configura a existência de uma dinâmica na sociedade brasileira, permeada por preconceitos, desigualdades e exploração da força de trabalho da mulher, predominante negra. Considera-se que com o advento do capitalismo, transformou as relações no mundo do trabalho, contudo, essas mudanças na economia não garantem a emancipação feminina, porque depende do trabalho destas, na reprodução do capital, ou seja, servir ao capital, no espaço privado da casa. Entretanto, frente a estas contradições e desafios as trabalhadoras domésticas agregam-se a outras lutas emancipatórias de modo a desafiar esta realidade social que ás excluem da proteção social. Como reflexo destas articulações e mobilizações, resultou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das domésticas. A PEC é muito mais do que um instrumento de igualdade de direitos trabalhistas. É um avanço, mesmo que tardio das lutas traçadas até então, contra a discriminação racial e de gênero. Palavras-Chave: Trabalho doméstico. Emprego doméstico. Gênero. Raça. Direitos.

212 IX SEMINÁRIO DO TRABALHO