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Dom Alberto Taveira Corrêa TU ÉS O CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO Retiro Popular 2012

Retiro Popular 2012

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  • Dom Alberto Taveira Corra

    Tu s o CrisTo,o Filho do deus vivo

    Retiro Popular 2012

  • Sumrio

    Introduo ...................................................................... 5

    Tu s o Cristo, o Filho do Deus Vivo ............................ 7

    Retiro Popular na Quaresma de 2012 ......................... 13

    A Caminho, com Jesus ................................................... 19

    Primeira Semana da Quaresma: Partir para um mundo novo ......................................... 21

    Segunda Semana da Quaresma: Uma luz no meu caminho ............................................. 32

    Terceira Semana da Quaresma: A Palavra de Deus a verdade, Sua lei, liberdade ........... 48

    Quarta Semana da Quaresma: Para que o mundo seja salvo ........................................ 60

    Editora Cano NovaRua So Bento, 43 - Centro01011-000 So Paulo SPTelefax [55] (11) 3106-9080e-mail: [email protected] [email protected] page: http://editora.cancaonova.comTwitter: editoracn

    Todos os direitos reservados.

    ISBN: 978-85-7677-298-9

    EDITORA CANO NOVA, So Paulo, SP, Brasil, 2012

    Editora: Cristiana NegroCoordenadora Editorial: Jocelma CruzCapa e diagramao: Claudio Tito Braghini Junior Preparao: Lilian Miyoko KumaiReviso: Patricia Bernardo de Almeida

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    Introduo

    Entendestes tudo isso? Sim, responderam eles. Ento ele acrescentou: Assim, pois, todo escriba que se torna disc-pulo do Reino dos Cus como um pai de famlia, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas (Mt 13,51-52).

    A Quaresma antiga e nova. Se entrarmos de corao nos exerccios quaresmais, ela nunca se repetir. H vrios anos, o desafio da novidade vem do prprio Deus, que nos quer homens e mulheres renovados no Esprito para chegarmos Pscoa. Nos-sa referncia ser sempre a Palavra de Deus, pois fazer retiro debruar-se sobre a riqueza da Palavra de vida eterna, que Jesus tem para oferecer.

    O livro que todos tm em mos procurou recolher muitas experincias espirituais e ensinamentos da Igreja, num grande mutiro de santidade a que somos convidados. No tem a pre-tenso de originalidade, mas indica a direo daquele que ori-ginal, Jesus Cristo! Os textos a que se refere o Retiro Popular so

    Quinta Semana da Quaresma: Jesus Cristo, rosto divino do homem e rosto humano de Deus ............................................................ 74

    Semana Santa e Pscoa .................................................. 86

    Via-Sacra ........................................................................ 93

    Adorao Eucarstica ................................................. 100

    Orao do Rosrio da Bem-aventurada Virgem Maria no Retiro Popular de 2012 ................ 106

    Via Lucis Caminho da luz com o Ressuscitado no Tempo Pascal ................................... 114

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    Tu s o Cristo, o Filho do Deus Vivo

    A Igreja Me e Mestra, que nos conduz continuamente ao crescimento na experincia do seguimento de Cristo. A liturgia nos faz percorrer um caminho em direo meta, sempre para frente e mais alto. Aprendemos do Senhor que Quem pe a mo no arado e olha para trs, no est apto para o Reino de Deus (Lc 9,62). A Quaresma que comea ser uma nova aven-tura, com novas descobertas, para que a vida de homens e mulheres renovados no Esprito Santo seja de novo e sempre mais oferecida ao nosso tempo.

    Ns somos cristos!

    Os que se haviam dispersado por causa da perseguio que se seguira morte de Estvo chegaram Fencia, ilha de Chipre e cidade de Antioquia, mas no anunciavam a Pa-lavra a ningum que no fosse judeu. Contudo, alguns de-les, habitantes de Chipre e da cidade de Cirene, chegaram a Antioquia e comearam a pregar tambm aos gregos, anun-ciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus. E a mo do Senhor

    uma provocao positiva a ler mais e procurar beber na fonte do ensinamento da Igreja.

    A editora Cano Nova presta mais uma vez um servio pre-cioso Igreja no Brasil, possibilitando a tantas pessoas fazerem retiro em preparao para a Pscoa. Deus abenoe e d as foras necessrias ao monsenhor Jonas Abib para manter viva a chama originria do carisma que lhe foi confiado pelo Senhor.

    A Arquidiocese de Belm, Igreja que me foi confiada pela Pro-vidncia Santssima, a fornalha ardente de devoo na qual pos-so buscar as indicaes para as propostas de Retiro. Em seu esfor-o de evangelizao, com o projeto Igreja de Belm em Misso, aprendemos juntos a levar a Boa-nova a todos. Com ela, convido todo o Brasil a se preparar para o xvii Congresso Eucarstico Na-cional, que ser celebrado na cidade de Santa Maria de Belm do Gro Par, de 15 a 21 de agosto de 2016, no quarto centenrio da cidade e incio da evangelizao da Amaznia.

    Agradeo especialmente a Alan Monteiro da Rocha pelos inestimveis servios de digitao e assessoria.

    Dom Alberto Taveira CorraArcebispo Metropolitano de Belm do Par

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    Feliz de ti, Simo, filho de Jonas, porque no foram a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai que est nos Cus (Mt 16,17). O que que o Pai celeste revelou a Si-mo? Que Jesus o Cristo, o Filho de Deus vivo. Por esta f, Simo se torna Pedro, rocha sobre a qual Jesus pode edificar a sua Igreja. A bem-aventurana eterna de Joo Paulo II, que a Igreja tem a alegria de proclamar, est inteiramente contida nestas palavras de Cristo: Feliz de ti, Simo e felizes os que acreditam sem terem visto. a bem-aventurana da f, cujo dom tambm Joo Paulo II recebeu de Deus Pai para a edificao da Igreja de Cristo... Joo Paulo II pronunciou na sua primeira Missa solene, na Praa de So Pedro, estas palavras memorveis: No tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo! Aquilo que o Papa pedia a todos comeou, ele mesmo, a faz-lo: abriu a Cristo a socieda-de, a cultura, os sistemas polticos e econmicos, invertendo, com a fora de um gigante fora que lhe vinha de Deus , uma tendncia que parecia irreversvel. Com o seu testemunho de f, de amor e de coragem apostlica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, ajudou os cristos de todo o mundo a no ter medo de se dizerem cristos, de per-tencerem Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a no ter medo da verdade, porque a verdade garantia de liberdade. Deu-nos novamente a fora de crer em Cristo, porque Cristo o Redentor do homem. A sua mensagem foi esta: o homem o caminho da Igreja, e Cristo o caminho do homem. Com esta mensagem, Joo Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milnio, que ele pde, justamente graas a Cristo, chamar limiar da esperana. Impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma rocha, como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na unio ntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar

    estava com eles. Muitas pessoas acreditaram na Boa-Nova e se converteram ao Senhor. A notcia chegou aos ouvidos da Igreja que estava em Jerusalm. Ento enviaram Barnab a Antioquia. Ao chegar, ele viu a graa que Deus havia con-cedido. Alegrou-se muito e exortou a todos para que per-manecessem fiis ao Senhor, com firmeza de corao. Pois ele era um homem bom, cheio do Esprito Santo e de f. E uma grande multido aderiu ao Senhor. Barnab, entretanto, partiu para Tarso, procura de Saulo. Tendo-o encontrado, levou-o a Antioquia. Passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja, e instruram uma numerosa multido. Em Antioquia, os discpulos foram, pela primeira vez, cha-mados com o nome de cristos (At 11,19-26).

    Com as viagens apostlicas de So Paulo e seus companhei-ros, a Igreja cresceu e se espalhou. O cristianismo se consolidou no correr dos sculos, e temos a alegria de contar com santos e santas, homens e mulheres que seguiram a Jesus de perto, conhe-cendo-O, testemunhando Sua palavra, acolhendo Sua graa re-dentora e contribuindo para a transformao do mundo. No ano passado, o mundo inteiro testemunhou a beatificao de um campeo da f que foi nosso contemporneo. Uma grande parte da humanidade de hoje s conheceu Joo Paulo II como Papa e agora tem a graa de conviver com o esplndido pontificado de Bento XVI.

    Eis aqui algumas preciosas palavras tiradas da homilia de Bento XVI, na beatificao de Joo Paulo II realizada na Praa de So Pedro, no dia 1 de maio de 2011:

    Felizes os que acreditam sem terem visto (Jo 20,29). No Evangelho, Jesus pronuncia a bem-aventurana da f... Joo Paulo II beato pela sua forte e generosa f apostlica. E isto traz imediatamente memria outra bem-aventurana:

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    de cada corao humano e responder s suas questes mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustia e do mal, so-bre a morte e a vida do Alm. Cristo est sempre conosco e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como ele nos disse: Eu estou sempre convosco, at ao fim dos tempos (Mt 28,20). Nunca duvideis da sua presena! Procurai sempre o Senhor Jesus, crescei na amizade com Ele, comungai-o. Aprendei a ouvir e a conhecer a sua palavra e tambm a reconhec-lo nos pobres. Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da sua presena e da sua amizade gratuita, generosa, fiel at a morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presena forte e suave a todos. Dizei-lhes que belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos todos aparentemen-te do mesmo nvel , s seguindo Jesus que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura1.

    Para no ter medo da verdade, porque a verdade garantia de liberdade, buscar a fora que vem da f em Cristo, porque Ele o Redentor do homem. Uma nova paixo pela verdade, a prtica das virtudes, a retido e a honestidade, a pureza e a castidade e a justia social s viro como consequncia de um transborda-mento de coraes que acolhem Jesus Cristo, reconhecendo-O Senhor e Salvador. Homens e mulheres de todas as idades so chamados a se decidirem de novo por Cristo, abrindo-se ao Seu Evangelho. No tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as por-tas a Cristo! (Beato Joo Paulo II).

    As primeiras geraes dos discpulos de Cristo no cresce-ram no meio de uma situao fcil. Enfrentaram o paganismo

    1 Papa Bento XVI, Homilia em Lisboa, Portugal, no dia 11 de maio de 2010.

    ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no perodo em que as foras fsicas definhavam. Assim, reali-zou de maneira extraordinria a vocao de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um s com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja.

    Todos so chamados a tal altura de santidade! Mas se cons-tata hoje a flacidez da prtica religiosa, um desconhecimento e mesmo rejeio das orientaes morais da Igreja e outros fa-tos semelhantes, que preocupam muitas pessoas. Como fazer? Qual dever ser a reao dos cristos? Brandir a espada da ver-dade, condenar os eventuais herticos, quem sabe identificar em cada canto uma presena do demnio? Que ele age, isso certo! Mas parece-me muito mais insidioso do que muitas pes-soas pensam. Mais do que suscitar ataques nervosos, o dem-nio planta silenciosamente o egosmo e a maldade no corao humano. E o maligno vencido pelo nome de Jesus Cristo. Para inverter as tendncias de nosso tempo, h que se voltar a fontes da f, refazendo nossa escolha de seguimento de Cristo. Voltar a Cristo continuamente!

    preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o aconteci-mento da morte e ressurreio de Cristo, corao do cristia-nismo, fulcro e sustentculo da nossa f, alavanca podero-sa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indeciso, qualquer dvida e clculo humano. A res-surreio de Cristo assegura-nos que nenhuma fora adversa poder jamais destruir a Igreja. Portanto a nossa f tem fun-damento, mas preciso que esta f se torne vida em cada um de ns. Assim h um vasto esforo capilar a fazer para que cada cristo se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperana que o anima (cf. 1Pd 3,15): s Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos

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    Retiro Popular na Quaresma de 2012

    A Quaresma uma estrada penitencial oportuna, oferecida pela Igreja, para que anualmente nos exercitemos com maior in-tensidade na vida crist. Queremos fazer um Retiro. Como nem sempre possvel retirar-se por um tempo maior e dedicar-nos orao, aproveitaremos a Quaresma, separando pelo menos meia hora por dia para a escuta e a meditao da Palavra de Deus, e acolheremos as indicaes de prticas de orao, de penitncia e de caridade. Assim, o jejum, a experincia da caridade e a orao que a Igreja nos pede sero postos em prtica.

    Retiro escolha, e exige uma deciso. O salmista encontrou sua alegria na deciso de percorrer um caminho: Feliz quem en-contra em ti sua fora e decide no seu corao a santa viagem (Sl 84,6). Queremos chegar com Cristo ao Calvrio e ressurreio.

    Retiro tempo de silncio! bom fazer o exerccio de recolher--se um pouco. At seria oportuno reduzir durante a Quaresma o barulho externo. Experimente desligar de vez em quando a tele-viso, o rdio ou os aparelhos de som. Voc poder at escutar melhor a voz das pessoas de sua famlia. Saiba que h muita gente

    reinante, evangelizaram pouco a pouco as diversas classes sociais. Com as viagens de So Paulo, os ambientes e culturas diferentes foram tocadas pela Boa-nova. Os cristos, em todos os sculos, descobrindo as sementes do Verbo de Deus que o Esprito Santo planta em sua frente, venceram o medo porque souberam amar a todos, como Jesus amou. Um mundo diferente s pode vir do alto, como nova Jerusalm que desce de Deus, mas se faz presen-te e atuante desde j. Por isso, clamando sempre Vem, Senhor Jesus, nossa gerao no se omite e assume de novo a misso, sem negativismo, mas com o grande otimismo da f. Com este Retiro, percorreremos juntos o roteiro do discpulo que vai atrs de Jesus.

    O Retiro Popular de 2012 se prope a acompanhar o Evan-gelho de So Marcos, o primeiro que foi escrito. Trata-se de uma apresentao de Jesus Cristo, Filho de Deus. Chegaremos juntos aos ps da cruz de Cristo, para proclamar, como o centurio, que Ele o Filho de Deus. Teremos que aprender muito, pois muitas vezes ser necessrio fazer silncio, acompanh-Lo, descobrindo o que os personagens do Evangelho fizeram diante de Jesus e as posies que tomaram. Os frutos certamente viro em nossas vidas e, com nosso testemunho, na vida de muitas pessoas.

    No alforje do peregrino da Pscoa, a Bblia, um caderno para anotar suas experincias de Retiro e muita vontade de conhecer o que se revela pouco a pouco, Jesus Cristo, Filho de Deus.

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    Para cada dia do Retiro haver indicaes para a orao pessoal e prticas de penitncia, caridade e participao na vida da Igreja.

    De domingo a sbado, a cada semana, h uma proposta pr-pria, a ser repetida ou valorizada de novo:

    Domingo, Dia do Senhor: Preparar-se bem para a missa. Combine com sua famlia, antes dos domingos da Quaresma, do domingo de Ramos e da Pscoa, um encontro para lerem juntos os textos da liturgia da missa. Fazer Retiro Popular quaresmal no domingo participar da missa dominical em sua parquia ou comunidade, de preferncia com toda a sua famlia. Para ir missa, aqui est a roupa apropriada de domingo:

    Precisais deixar a vossa antiga maneira de viver e despojar-vos do homem velho, que vai se corrompendo ao sabor das paixes enganadoras. Precisais renovar-vos, pela transformao espiri-tual de vossa mente, e vestir-vos do homem novo, criado ima-gem de Deus, na verdadeira justia e santidade (Ef 4,22-24).

    E uma sugesto: durante a Quaresma, cumprimente o sacer-dote e coloque-se disposio para as atividades da Igreja.

    Segunda-feira Quaresma da Orao: Lembre-se das oraes mais conhecidas em sua famlia, como as oraes da manh e da noite ensinadas pelos pais e avs. Pode at ser oportunidade de redes-cobrir algum livro de oraes guardado em algum canto de sua casa. Nas segundas-feiras da Quaresma, aproveite tambm para ensinar as oraes aos filhos. E pode ser ocasio de valorizar grupos de orao existentes em sua parquia. Um bom exemplo o Grupo de Orao do Tero dos Homens, que cresce em todas as partes do Brasil.

    Tera-feira Quaresma da Caridade: Para cada semana, um gesto de caridade na tera-feira da Quaresma, com criatividade e discrio. Pode ser uma visita aos enfermos ou a um presdio, ou a ateno a uma famlia necessitada, acompanhando sempre

    suplicando para encontrar ouvido e corao aberto para um desa-bafo! Silncio para acolher os outros e aprender a escutar.

    Retiro tempo de orao com a Bblia. Se quiser, use o rotei-ro da Lectio Divina, leitura orante da Palavra de Deus: o acesso Palavra comea com uma leitura evidenciante: descreva o am-biente em que a cena se desenvolve. Verifique quem realiza as aes descritas e quem as acolhe. Em seguida, a meditao, com a qual perguntamos o que Deus nos diz com a Palavra. Para a ora-o, converse com Jesus sobre o texto. Sua orao depois passar contemplao, com um tempo de silncio e tranquilidade. Este o cume da leitura orante. No final, o descanso: experimen-te a consolao que vem da ao do Esprito Santo na orao, faa um discernimento dos passos a serem dados em sua vida, tome a deliberao, anotando os compromissos e parta para a ao, uma vida diferente nos prximos dias.

    Como h outras pessoas que fazem o Retiro Popular, ele tambm tempo de partilha. Combine com elas um encontro para contar o que voc est lendo na Palavra de Deus, o que aprendeu de novo e o que rezou.

    Retiro tempo de converso. Durante a Quaresma, busque o Sacramento da Reconciliao, confessando-se em tempo oportu-no. Os sacerdotes organizam celebraes da penitncia durante este perodo e voc dever aproveitar a graa de Deus. Seja tambm apstolo ou apstola do Sacramento da Penitncia. necessrio encontrar pessoas que fazem propaganda da graa do perdo!

    Quaresma tempo de Campanha da Fraternidade. A Igreja, no Brasil, prope gestos de penitncia e de caridade, formando-nos na sensibilidade para os grandes desafios sociais. Neste ano, o tema Fraternidade e Sade Pblica e o lema da campanha Que a sade se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Em sua diocese, pa-rquia ou comunidade h uma intensa programao de atividades para a Quaresma. Participe com intensidade e alegria do corao.

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    so os dias de obrigao do jejum e da abstinncia de carne, mas se pode escolher outros dias para esta prtica. Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Cano Nova, assim escreveu so-bre o assunto:

    Muitas pessoas no jejuam por desconhecerem como faz-lo. Imaginam que o jejum seja algo muito difcil e doloroso e que sejam incapazes de pratic-lo. No entanto, todos podem jejuar idosos, doentes, gestantes, lactantes (mulheres que amamentam), jovens, adultos sem que isso lhes faa algum mal, pelo contrrio, s lhes far bem. [...][...] dentre vrias modalidades, tratarei apenas de quatro de-las, que acredito serem as mais proveitosas.[Jejum da Igreja:] Assim chamado o tipo de jejum prescrito para toda a Igreja e que, por isso, extremamente simples, podendo ser realizado por qualquer um. [...]Alguns podem pensar que esse jejum relaxado ou nem o considere como um jejum, porque muito simples, fcil. Mas no bem assim. [...] [Jejum a po e gua:] Nesse segundo tipo de jejum, deve-se comer po quando sentir fome e beber gua quando sentir sede. Apenas isso e nada mais. [...]A questo no comer po e beber gua ao mesmo tempo; pelo contrrio, deve-se evitar isso. Nosso tipo de po, quando ingerido com gua, geralmente fermenta no estmago, pro-vocando dor de cabea. [...][Jejum base de lquidos:] O terceiro tipo de jejum re-quer que voc passe o dia sem comer nada, limitando-se a tomar lquidos. Ou seja, durante todo o seu dia de jejum, voc se alimenta somente com lquidos. Essa uma mo-dalidade muito eficaz de jejum que refreia a gula e garante a disciplina. [...][Jejum completo:] Nesse quarto tipo de jejum, no se come nada, apenas se bebe gua.

    com conversa e orao. Outras pessoas aproveitaro para escutar os outros ou dar bons conselhos!

    Quarta-feira Quaresma da Fraternidade: Nas quartas-feiras, participar de atividades promovidas pela Igreja na Campanha da Fraternidade de 2012.

    Quinta-feira Quaresma Eucarstica: Valorizar o costume de muitas parquias, participando da adorao eucarstica. Neste Retiro, h uma proposta que pode ser acolhida. A inteno da adorao, no Retiro Popular de 2012, a orao pelas vocaes sacerdotais em todo o Brasil. Se no for possvel ir igreja para fazer a adorao diante do Santssimo Sacramento exposto ou no tabernculo, reze de sua casa mesmo, unindo-se presena euca-rstica de Jesus em todos os sacrrios do mundo. Cada um deles uma fornalha ardente de caridade! O Senhor Jesus quer que o fogo se espalhe! Para isso, precisamos de mais sacerdotes, e de sacerdotes santos! O texto proposto para a adorao eucarstica est a partir da pgina 102.

    Sexta-feira Quaresma da Penitncia2: Muitos perguntam a respeito do jejum, uma prtica sempre valorizada e muito impor-tante na Igreja. As sextas-feiras do ano inteiro so dedicadas a al-guma forma de penitncia na Igreja Catlica, especialmente no tempo quaresmal. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa

    2 Esto obrigados lei da abstinncia aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; esto obrigados lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou dezoito anos) at os sessenta comeados. Todavia, os pastores de almas e pais cuidem para que sejam formados para o genuno sentido da penitncia tambm os que no esto obrigados lei do jejum e da abstinncia, em razo da pouca idade (cf. Cnon 1252). No Brasil, toda sexta-feira do ano dia de penitncia, a no ser que coincida com solenidade do calendrio litrgico. Os fiis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitncia, principalmente obra de caridade ou exerccio de piedade. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa so dias de jejum e abstinncia. A abstinncia pode ser substituda pelos prprios fiis por outra prtica de penitncia, caridade ou piedade, particularmente pela participao nesses dias na Sagrada Liturgia (CNBB, Diretrio Litrgico 2012, p. 20).

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    A Caminho, com Jesus

    RENASCIDOS DAS CINZAS

    DIA 22 DE FEVEREIRO QUARTA-FEIRA DE CINzAS: A ESMOLA, A ORAO E O JEJUM

    A Igreja comea o caminho quaresmal com a missa das cinzas, olhando para a Pscoa. Ao inici-lo, somos convidados a reconhe-cer humildemente nossa condio humana. A Quaresma nos convida a acreditar no amor de Deus.

    Nesta quarta-feira, acolha o convite da Igreja a fazer jejum e abstinncia. Acompanhe o lanamento da Campanha da Frater-nidade em sua diocese e leia a mensagem que o Papa envia a cada ano. A campanha tem como tema Fraternidade e Sade Pblica, e o lema Que a sade se difunda sobre a terra (Cf. Eclo 38,8).

    As leituras da liturgia de hoje so as seguintes: Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2Cor 5,20-6,2 e Mt 6,1-6.16-18. Prepare-se para a Santa Missa e para receber as cinzas.

    O Rito das Cinzas, um gesto de humildade, pode ajudar-nos a reencontrar a verdade a respeito de nossa vida, no momento em que entramos numa estrada que conduzir a Deus.

    recomendvel que, antes de experimentar essa forma de jejum, voc realize o jejum a po e gua e o jejum base de lquidos, que podem servir de treino.No jejum completo, fundamental beber vrias vezes ao dia. No aconselhvel fazer o jejum a seco, ou seja, sem beber gua, especialmente quando no se fez um bom treinamento. Mas possvel fazer jejum sem ingerir mesmo gua? Sim, como j mencionei, possvel. Porm, somente pessoas bem experientes devem tentar faz-lo. [...]Como citado acima, nosso organismo precisa de gua. Ele necessita estar bem hidratado para agir e reagir no campo espiritual. Assim, como o jejum se destina a combatentes que batalham por Deus na dimenso espiritual, beba gua vrias vezes ao dia quando, se for praticar o jejum completo.No devemos bancar os heris, tendo conscincia de que no estamos participando de um teste de resistncia. No preci-samos provar nada a ningum; nem a ns, nem ao Senhor. O objetivo do jejum o encontro com Deus, a melhoria da nossa orao e a obteno de disciplina. Ele um meio de nos abrir graa da contemplao, da intercesso a da uno do Esprito Santo3.

    Sbado Quaresma com a Virgem Maria: O Rosrio pode e deve ser rezado todos os dias, mas, no Retiro Popular de 2012, o dia de sbado, tradicionalmente dedicado na Igreja devoo mariana, a oportunidade para valoriz-la e reconhecer sua par-ticipao, como aquela que estava de p, aos ps da cruz de Jesus, no mistrio da Salvao. O desfiar das Ave-Marias seja nosso louvor contnuo e constante, com Maria, ao Pai, por Cristo e no Esprito Santo. Contemplemos o Cristo com o olhar de Maria. Siga as indicaes que se encontram pgina 108.

    3 Mons. Jonas Abib, Prticas de Jejum, 44. ed., So Paulo: Cano Nova, 2009.

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    Primeira Semana da Quaresma: Partir para um mundo novo

    Quando a Bblia fala das grandes tentaes humanas, sem-pre est presente o desejo de instalao e acomodamento. Ado e Eva querem tomar posse do paraso terrestre e encontrar garantias contra a morte. Caim, apegado aos frutos da terra, mata o irmo que no lhe permite aumentar seus domnios. Em Babel, querem uma torre que permita chegar ao cu. Os hebreus tiveram sauda-des do Egito, mesmo significando escravido. Quando chegaram terra prometida, voltaram-se para cultos pagos, pretendendo garantir a vida! a permanente procura de segurana. Mas Ado e Eva, Caim, o povo de Babel, os hebreus sados do Egito, o povo de Deus na terra prometida, todos tiveram que partir! E o Senhor, em quem acreditamos, nosso Salvador, passou pelo deserto, pe-regrino da fidelidade ao projeto do Pai. Caminhemos com Ele.

    DIA 26 DE FEVEREIRO: PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

    A Quaresma dominical segue a proposta da pgina 17, pois o Retiro tem seu ponto forte na participao na Santa Missa.

    DIA 23 DE FEVEREIRO: QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINzAS

    Viver! Um instinto poderoso que move nossas clulas, desde a concepo. Um desejo que projeta a criana para seu ambiente e o mundo. Um chamado que move os jovens que descobrem a alegria de amar. Uma vontade sempre mais consciente que sus-tenta o adulto. Uma necessidade que renasce outra vez, quando as foras diminuem. Um grito de protesto, quando se est diante da morte! Sim, viver! Mas necessrio aprender o que significa vida, e escolh-la. As leituras da Palavra de Deus nos condu-zem a fazer esta escolha: Dt 30,15-20, Sl 1 e Lc 9,22-25.

    DIA 24 DE FEVEREIRO: SEXTA-FEIRA DEPOIS DAS CINzAS

    Muitos querem acolher o convite de Jesus renncia, mas podem entender mal suas propostas, como se fosse possvel negociar com Deus, assegurando direitos diante Dele com suas penitncias. A verdadeira penitncia no uma renncia masoquista ao que agradvel. O jejum um esforo para libertar-se da fora dos instintos, para nos tornarmos mais dis-ponveis ao amor a Deus e ao prximo. Faa a leitura orante da Palavra de Deus com os textos da liturgia: Is 58,1-9, Sl 50 e Mt 9,14-15.

    DIA 25 DE FEVEREIRO: SBADO DEPOIS DAS CINzASO que interessa a Deus uma humanidade reconciliada no

    amor, na qual se reconhea o reflexo do prprio amor do Pai. A penitncia que iniciamos encontra seu sentido quando nos leva justia e misericrdia, abrindo-nos ao amor ao prximo. Acolha as leituras propostas pela Igreja e faa sua primeira revi-so de vida da Quaresma: Is 58,9b-14, Sl 85 e Lc 5,27-32.

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    Quem tiver sede venha a mim e beba e do seio de quem cr em mim ho de brotar torrentes de gua viva, jorrando sempre sem jamais ter fim. Muitas vezes a dor no me deixa dizer quanta sede de amor trago dentro do ser, mas tu ouves a voz do silncio tambm e, no amor, me conduzes fonte do bem.O teu dom sem reservas eu vou receber, este po que conser-va tua vida em meu ser. Como outrora fizeste pela Samaria, a tua presena me traz alegria.Eu quisera viver ao teu lado, Senhor, transformando minha vida em fonte de amor, onde todos que buscam, tentando encontrar, em meu testemunho te ouvissem falar.

    DIA 27 DE FEVEREIRO: SEGUNDA-FEIRA DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    O incio da pregao do Evangelho acontece no meio do povo de Israel. No deserto, Joo Batista aparece como uma fi-gura solitria. quando Jesus chega, vindo de outro lugar, de Nazar da Galileia. Ele reconhecido pelo Pai como seu Filho. Jesus mais do que um rei, mais do que servo, o Filho querido! Joo reconhece sua importncia, e Jesus tambm faz a experincia do deserto, onde se deixa tentar por Satans. Acabada a tenta-o, Ele no permanece no deserto. O que aconteceu serviu para apresentar Jesus como o Messias sofredor, tentado pelos homens, para que se conhea o Evangelho, cujo centro Jesus morto e ressuscitado.

    Quem quiser passar do deserto para a Galileia, do regime an-tigo para a Igreja, deve escutar a voz de Jesus. Depois que Joo foi preso, Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: Completou-se o tempo, e o Reino de Deus est prximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova (Mc 1,14-15). O Reino de Deus est prximo e ele dom de Deus. Ningum pode ir at ele

    O beato Joo Paulo II chamou o dia do Senhor de dia do Cristo, dia da Igreja, dia do homem, dia dos dias! Participar da Santa Missa e viver o domingo presente de Deus, direito de todos os cristos, antes de ser um dever. Torna-se um dever porque primeiro um dom.

    As leituras dominicais so: Gn 9,8-15, Sl 24, 1Pd 3,18-22 e Mc 1,12-15. Dedique-se a preparar bem a participao na San-ta Missa. Ouvindo a homilia, acolha um precioso ensinamento para viver durante a semana. Anote-o para guardar e recordar durante os prximos dias.

    Os antigos tinham entendido o deserto como preparao para o tempo do Messias, interpretando o texto de Isaas 40,3-5. Era difcil pensar um caminho no meio do deserto, pois no meio do crescente frtil, visto das terras do exlio, havia um deserto intransponvel.

    Joo Batista batizava e anunciava a converso, ruptura com o passado de pecado, que prepara a chegada do Cristo. Jesus apa-rece, recebe o batismo de Joo, para ser depois o Senhor do novo batismo. Ele quem v o Esprito descendo! Depois Jesus vai ao deserto, como quem vai para a paixo. Dali sair, para pregar a converso, dirigindo-se Galileia.

    No deserto da vida, acolhamos o convite a preparar a acolhida ao Senhor. O que deve ser deixado para trs? Voc aceita a pro-posta de ir ao deserto com Jesus? Aproveite o texto que se segue para rezar.

    Sede de Deus (Jos Raimundo Galvo)

    No deserto da vida, quando a sede me vem, quando clamo bem alto e no vejo ningum, eu me lembro de ti e me sinto feliz, pois escuto bem perto tua voz que me diz.

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    Seu modo de agir provoquem uma converso profunda, mudan-a de mentalidade, deixando tudo para trs.

    O convite que lhe fazemos no se escandalizar com Jesus. Veja no Evangelho de So Marcos as reaes das pessoas. Que senti-mentos elas manifestam? Como ns reagimos diante das palavras mais difceis e exigentes do Evangelho? Escolha uma que lhe cus-te mais, e no a mais bonita, e confronte sua vida com ela.

    Com a orientao da leitura orante (pg. 16), leia e reze com o Evangelho de So Marcos 8,27-33. Faa-se o personagem do dilogo com Jesus. Ao final, pea mais uma vez a graa de acre-ditar que em Jesus Cristo o tempo se completou e que em todos ns acontea a converso.

    As leituras da liturgia de hoje so Is 55,10-11: minha palavra realiza o que eu desejo; Sl 33: o Senhor liberta os justos de todas as suas angstias; e Mt 6,7-15: rezai assim: Pai-nosso....

    No Retiro, hoje dia da Quaresma da caridade: comunique--se, pelo meio que lhe for possvel, ou visite uma pessoa que se encontra h muito tempo afastada da Igreja. No exija nada, mas conte o que voc est vivendo na Igreja.

    DIA 29 DE FEVEREIRO: QUARTA-FEIRA DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Jesus se dirigiu Galileia e, da para frente, vai sempre ao en-contro das pessoas. Ele chama sempre! A Simo e Andr disse: Segue-me. Mais adiante chamou Tiago e Joo (Mc 1,17-19). Ele direto em Seu modo de chamar Levi: Segue-me (Mc 2,14). magnfico ver como Sua atuao impressiona as pessoas: Todos ficaram admirados com seu ensinamento (Mc 1,22). Quando Lhe trazem os enfermos, a cidade inteira se ajuntou porta da casa (Mc 1,33), e de toda parte vinham a ele (Mc 1,45).

    Sua pessoa atrai. Uns O seguem (Mc 1,18-20;2,14;3,7), outros ficam admirados (Mc 1,27;2,12) ou vm procura de

    por conta prpria, mas acolh-lo. E este Reino o prprio Jesus. Diante do anncio, cada pessoa deve mudar o rumo de sua vida, atravs da converso que leve a receber Jesus e Sua palavra.

    Leia e faa sua orao pessoal de Retiro com o Evangelho de So Marcos 1,1-15. Relembre as histrias de converso que mar-caram sua vida at agora, identificando a chegada de Jesus. Ele veio da Galileia, da Igreja, para entrar no deserto de sua vida e transform-la. As orientaes para a leitura orante da Palavra se encontram na pgina 16.

    Na primeira segunda-feira da Quaresma da orao, lembre-se das oraes mais conhecidas em sua famlia, como as oraes da manh e da noite ensinadas pelos pais e avs.

    As leituras da Liturgia de hoje so Lv 19,1-2.11-18: julga o teu prximo com justia; Sl 18: Vossas palavras, Senhor, so esprito e vida; e Mt 25,31-46: todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmos, foi a mim que o fizestes.

    Para a orao do Rosrio durante toda a semana, as indicaes esto a partir da pgina 108.

    DIA 28 DE FEVEREIRO: TERA-FEIRA DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Quando aceitamos o convite converso, comeamos a conhe-cer Jesus. O Pai O apresenta: Tu s o meu Filho amado; em ti est o meu agrado (Mc 1,11). Mais adiante o Pai voltar a dizer: Este meu Filho amado. Escutai-o (Mc 9,7). Todo o Evangelho de So Marcos uma apresentao de Jesus. como um documento de identidade que dever ser lido at o final. Pedro Lhe disse uma vez, em nome dos seus companheiros: Tu s o Cristo (Mc 8,29). Mas s aos ps da cruz, vindo da boca de um centurio, que se pode dizer: Na verdade, este homem era Filho de Deus! (Mc 15,39).

    A f em Jesus certeza de que o tempo est completo. Tudo o que precisamos o Pai j ofereceu em Jesus Cristo. Sua pessoa e

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    Continuemos o nosso caminho! As pessoas que seguem Jesus comeam a fazer parte de um novo grupo, uma nova comunida-de, beira-mar, o mar do ensino, da vocao e o mar da Igreja (Mc 4,1-41). Jesus comea a formar o Seu grupo de seguidores.

    Jesus chama pescadores, publicanos e muitas pessoas de ca-madas inferiores da sociedade. Os escribas e fariseus no supor-tam esta novidade e murmuram contra o procedimento de Jesus. Eles no so capazes de entender o chamado universal salvao, em que entram todos os homens, mas s respondem os pecado-res com necessidade de salvao (Mc 2,17).

    Os novos seguidores de Jesus sabem que o Reino de Deus no uma conquista, mas um presente do Pai a ser aceito. Por isso no levam uma vida austera de rgida penitncia para agra-dar a Deus. Eles so uma raa nova, um vinho novo e um pano novo (Mc 2,21-22)! A novidade que as pessoas descobrem to grande que h uma mudana at no cumprimento com o que existia de mais sagrado, a observncia do sbado (Mc 2,23-28). Acontece um rompimento com tudo o que era antigo, represen-tado pela frequncia Sinagoga. Da para frente tudo ser novo, numa luta que terminar na cruz.

    Passemos um dia com Jesus, para ver como iniciou a formao da Igreja. Tendo chamado os Seus primeiros discpulos (Mc 1,16-19), Jesus vai a Cafarnaum, margem do mar, deixando boquiaber-tas as pessoas que testemunhavam Seus milagres. Pelo visto, che-gou ainda cedo Sinagoga (Mc 1,23-28), foi casa de Simo, onde curou a sua sogra. Ao anoitecer, uma multido acorre a Ele: discpulos, caadores de milagres, todos. Jesus aclamado como Aquele que triunfa sobre a enfermidade e o demnio. Observan-do bem, logo se diz o que fez de madrugada: Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. L, ele orava (Mc 1,35).

    bom rezar nesta quinta-feira com o texto do Evangelho de So Marcos 1,21-39, como roteiro da leitura orante da Palavra.

    milagres (Mc 1,32-45;3,8) e espalham Sua fama (Mc 1,28-45). Mas h muitas pessoas que se opem a Ele. Realmente, ningum pode permanecer alheio ou indiferente ao Seu chamado.

    Conhecemos muitas histrias de vocao. Comeando do seu chamado pessoal, procure lembrar-se de pessoas que seguiram a Jesus bem de perto e que se tornaram exemplos para ns. Nossa gerao conheceu um Papa que foi beatificado em 2011, Joo Paulo II. Faz muito bem record-lo, com seus ensinamentos e exemplos.

    luz do que aqui se prope, faa sua leitura orante da Palavra (cf. pg. 16) com o texto de Marcos 1,16-19.

    Hoje a Igreja proclama em sua liturgia os textos de Jn 3,1-10: os ninivitas se converteram de sua conduta; Sl 50: no despre-zais, Deus, um corao contrito e humilhado; e Lc 11,29-32: a esta gerao, no ser dado outro sinal seno o de Jonas.

    Hoje dia da Quaresma da Fraternidade: participe de ativi-dades promovidas pela Igreja na Campanha da Fraternidade de 2012. E comece a pensar num modo de se comprometer para que os cuidados com a sade pblica em seu bairro sejam melhores.

    Temos disposio no Retiro Popular o texto da via-sacra (pg. 95), a ser rezado durante este tempo de reconciliao e de graa.

    DIA 1 DE MARO: QUINTA-FEIRA DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    No incio do Retiro, voc pode ver que o Evangelho de So Marcos ser estudado e rezado. Leremos muitas vezes e rezare-mos muito com este Evangelho, indo e voltando para ruminar a Palavra de Deus. Depois, servir para o ano inteiro, quando ouviremos os mesmos textos nas missas dominicais. Estamos fazendo o Retiro, estudando a Bblia, rezando com a Bblia e preparando nossas missas para o resto do ano. Tenha sempre disposio a Bblia, especialmente o Evangelho de So Marcos.

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    e os habitantes de Nazar, onde Ele se tinha criado (Mc 6,1-6). A nova famlia e a nova comunidade comeam com os discpulos (Mc 3,13-35;6,7-13). E os doze apstolos escolhidos por Jesus, para comear, tm a misso de estar com Jesus e ser enviados por Ele, como companheiros de misso, na luta contra o mal.

    A Igreja a superao desses grupos fechados. A nova famlia, na qual somos chamados a participar, formada por quem quer realizar a vontade do Pai (Mc 3,35). A ela se entrega o mistrio do Reino de Deus:

    Jesus lhes anunciava a palavra usando muitas parbolas como estas, de acordo com o que podiam compreender. Nada lhes falava sem usar parbolas. Mas, quando estava a ss com os discpulos, lhes explicava tudo (Mc 4,33-34).

    Os discpulos, participantes da nova famlia de Jesus, tes-temunham as obras de Jesus (Mc 5,21-43). A novidade to grande que eles deixam tudo: redes, pai, barca, empregados (Mc 1,18-20), uma banca de coletoria de impostos (Mc 2,14). Jesus lhes pediu e pede a ns uma mudana radical na vida. Seguindo Jesus, somos feitos testemunhas do Reino e colaboradores do Evangelho.

    Para sua orao de Retiro, o texto o Evangelho de So Marcos 3,13-35 ou 6,1-13. Reveja seu relacionamento com Jesus e como est o relacionamento com sua famlia, com a comunidade, a pa-rquia, as pessoas com quem tem contato no trabalho ou na so-ciedade. Existem apegos desequilibrados a pessoas? Como voc entra na nova famlia da Igreja?

    A Quaresma da Penitncia a proposta da sexta-feira. Para fazer penitncia hoje, elimine de seu corao os julgamentos, a malquerena, as intrigas e fofocas, a murmurao. Faa um dia de superao das distncias com as pessoas.

    Aproveite para comparar o jeito de Jesus organizar Sua agenda com os assuntos e atividades que ocupam nosso tempo. Observe tambm os milagres feitos por Jesus e a liberdade que Ele traz para a vida das pessoas.

    A liturgia da quinta-feira traz a leitura de Est 14,17n-17r. 17gg-17hh: no tenho outro auxlio fora de ti, Senhor; o Sl 137: louvor a vs, Cristo, rei da eterna glria; e Mt 7,7-12: quem pede recebe.

    Quinta-feira, Quaresma eucarstica. Em minha vida de padre e bispo, fui muito ajudado por vrias congregaes religiosas, especialmente as Monjas Beneditinas, as Monjas Carmelitas e as Irms Marcelinas. Mas de forma muito carinhosa tenho o reconhe-cimento pelas Pequenas Missionrias de Maria Imaculada, con-gregao brasileira cujas irms acompanharam minha vocao desde a infncia. Em comemorao aos 75 anos de fundao da congregao, trouxe para o Retiro Popular de 2012 um tex-to de adorao eucarstica de autoria da serva de Deus Madre Maria Teresa de Jesus Eucarstico, cujo processo de beatificao est adiantado. Nossa proposta que s quintas-feiras os partici-pantes do Retiro Popular faam uma adorao eucarstica pelas vocaes sacerdotais e pelos sacerdotes. O texto proposto para a adorao eucarstica est a partir da pgina 102.

    DIA 2 DE MARO: SEXTA-FEIRA DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Quem entra de corao na aventura do seguimento de Jesus, acompanhando o Evangelho de So Marcos, poder estabelecer um novo tipo de relacionamento com as pessoas. Quem O segue passa a fazer parte do Evangelho, da histria de Deus. que Jesus comea uma nova famlia, para conduzir-nos a um novo mundo.

    Mas o Senhor teve problemas com alguns grupos, como Seus familiares (Mc 3,20-21), os chefes religiosos da poca (Mc 3,22-30)

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    avaliar os passos dados. Para isso, faa sua orao de Retiro com o Evangelho de So Marcos 4,1-34.

    Aqui esto as leituras proclamadas nas missas deste sbado: Dt 26,16-19: um povo consagrado a Deus; Sl 118,1-8: feliz aquele que observa seus preceitos; e Mt 5,43-48: sede perfeitos como o Pai celeste.

    Nos dias de sbado, a Igreja toda e tambm ns, no Retiro Popular, fazemos memria da Virgem Maria, me de Deus, es-pecialmente com a orao do Rosrio. O desfiar das Ave-Marias seja nosso louvor contnuo e constante, com Maria, ao Pai, por Cristo e no Esprito Santo. Contemplemos o Cristo com o olhar de Maria. Siga as indicaes que se encontram na pgina 108.

    A Igreja reza hoje, em sua liturgia, com as leituras de Ez 18,21-28: No tenho prazer com a morte do pecador; Sl 129: se levas em conta nossas culpas, Senhor, quem poder resistir?; e Mt 5,20-26: vai primeiro reconciliar-te com teu irmo.

    DIA 3 DE MARO: SBADO DA PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Jesus sempre falou em parbolas. O Reino de Deus assun-to preferido de Jesus e o tema central das parbolas. E ele j chegou com a Sua vinda, mesmo que muitas pessoas o igno-rem. O Reino pujante por si mesmo, porque leva Deus em seu interior. Por isso cresce por si mesmo, se a terra for boa, sem auxlio humano (Mc 4,26-29). Ele deve se estender como uma rvore capaz de acolher e agasalhar em seus ramos muita gente que vem de fora (Mc 4,30-32). Os discpulos comeam a entender, pois Ele lhes disse na explicao das parbolas. Quem fica por fora da f no entende nada! E limite entre quem est dentro ou fora passa pelo corao. Quem se faz discpulo de Jesus e aceita segui-Lo, entende e tem explicaes a oferecer.

    Sabemos que as palavras de Jesus so como semente lanada no terreno e que deveria frutificar, mas existe muito medo, egos-mo, superficialidade, como se encontra na parbola do semeador (Mc 4,1-9). Os Seus discpulos e ns todos somos responsveis diante de Sua palavra: Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servir tambm para vs, e vos ser acrescentado ainda mais. A quem tem, ser dado; e a quem no tem, ser tirado at o que tem (Mc 4,24-25).

    O reinado de Deus chegou at ns e somos felizes por t-lo acolhido. Nosso caminho quaresmal pede a responsabilidade de quem busca a meta da vida crist com afinco. Como estamos em Retiro, bom que o final da primeira semana seja dedicado a

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    Sugerimos para este domingo o contato tranquilo com o Evangelho que proclamado nas missas. Iniciemos, pois, a semana, com o exerccio da leitura orante da Palavra de Deus.

    O acesso Palavra comea com uma leitura evidenciante: des-creva o ambiente em que a cena se desenvolve. Verifique quem realiza as aes descritas e quem as acolhe. Com o texto trans-crito abaixo, para facilitar, enquadre com um lpis os sujeitos de cada frase. Depois, sublinhe os verbos, para ver quem agiu em cada parte da descrio da transfigurao. Se for necessrio, ponha um ponto de interrogao nos pontos a serem esclarecidos. Para ajudar na orao, envolva com um crculo as palavras que chamam a ateno e grife com uma linha dupla o ponto central. Aqui est o texto do Evangelho de hoje:

    Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e Joo e os fez subir a um lugar retirado, no alto de uma montanha, a ss. L, ele foi transfigurado diante deles. Sua roupa ficou muito brilhante, to branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torn-la assim. Apareceram-lhes Elias e Moiss, conversando com Jesus. Pedro ento tomou a palavra e disse a Jesus: Rabi, bom ficarmos aqui. Vamos fazer trs tendas: uma para ti, outra para Moiss e outra para Elias. Na reali-dade, no sabia o que devia falar, pois eles estavam tomados de medo. Desceu, ento, uma nuvem, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: Este o meu Filho ama-do. Escutai-o! E, de repente, olhando em volta, no viram mais ningum: s Jesus estava com eles. Ao descerem da mon-tanha, Jesus ordenou-lhes que no contassem a ningum o que tinham visto, at que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. Eles ficaram pensando nesta palavra e discutiam entre si o que significaria esse ressuscitar dos mortos (Mc 9,2-10).

    Em seguida, a meditao, com a qual perguntamos o que Deus nos diz com a Palavra. A transfigurao um fato importantssimo

    Segunda Semana da Quaresma: Uma luz no meu caminho

    Mais uma etapa do caminho quaresmal. Os que renasceram das cinzas e partiram em direo de um mundo novo desco-brem a beleza da paisagem, mas no podem andar distrados. O carinho de Deus faz com que Pedro, Tiago e Joo, e, com eles, todos os que nasceram pelo Batismo para uma vida nova, expe-rimentem a luminosidade que se encontra naquele que segue para Jerusalm. Queremos conhecer e amar mais a Jesus. Que-remos desfrutar, sim, as revelaes vindas do Pai, mas no temos medo de continuar o caminho. Durante a semana, o blsamo da misericrdia ser derramado sobre ns e encontraremos gratas surpresas no Evangelho de So Marcos.

    DIA 4 DE MARO: SEGUNDO DOMINGO DA QUA-RESMA

    Domingo, dia do Senhor, nossa Pscoa semanal. As leituras da liturgia so Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18, Sl 115, Rm 8,31b-34 e o Evangelho da Transfigurao do Senhor (Mc 9,2-10).

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    ruminando para acolher toda a riqueza de sua mensagem. No final da primeira semana, acompanhamos o discurso de Jesus sobre as parbolas. O texto para a leitura orante de hoje Marcos 4,35-41;5,1-43, e acompanharemos uma viagem de Jesus.

    Para ir regio dos gerasenos, necessrio atravessar o Lago de Genesar. Na travessia, Jesus acalma a tempestade. Do outro lado, realiza a cura do endemoniado. Na volta, Jairo pede a Jesus que cure sua filha. No meio do caminho cura uma mulher que sofria de hemorragia e, enfim, ressuscita a menina.

    D para ver que os milagres so feitos para formar os disc-pulos de Jesus. Aproveitemos a oportunidade para ver os aconte-cimentos com jeito de discpulos. Queremos tambm aprender! A calmaria depois da tempestade vista s por eles. A cura do endemoniado vista pelos discpulos, e o povo s v os resul-tados e at pede que Jesus se retire. Quando a mulher curada da hemorragia, s Jesus, verdadeiro mdico pela fora divina, e a mulher, cercados pelos discpulos, percebem o que acontece. Quando vai casa de Jairo e j encontra a menina morta, s trs discpulos esto presentes.

    A mulher enferma foi curada e salva! Recebeu mais do que esperava pela sua f! A f que j existia no corao de Jairo provada pela incredulidade dos que anunciaram a morte da me-nina e Jesus vem, em seu socorro. Na casa, um alvoroo. S o pai tem f. Quando Jesus aparece, a morte no mais morte! sono! Tanto que para o cristo, depois da ressurreio de Jesus, a expresso dorme tem um sentido diferente e especial.

    Crer em Jesus Cristo, acontea o que acontecer. Os discpulos de ontem e de hoje descobrem que Ele tem poder sobre o mar, o demnio, a doena e a morte. Reze hoje primeiramente agrade-cendo pelo dom da f. Pea seu crescimento e amadurecimento.

    Na Santa Missa de hoje, so proclamadas as leituras de Dn 9,4b-10: pecamos e agimos com maldade; Sl 78: Senhor, no

    na vida de Jesus. Ele desvela, diante de trs testemunhas privile-giadas, o Seu mistrio, como uma antecipao da Ressurreio. o prprio Jesus quem mostra Sua glria. Moiss e Elias, aliana e profecia4, que tinham recebido revelaes extraordinrias de Deus, agora se apresentam como testemunhas da glria de Jesus. O tes-temunho do Pai referenda Sua primeira palavra, pronunciada no Batismo do Jordo. Jesus Cristo algum em quem se deve crer, e preciso cumprir Seus ensinamentos.

    Para a orao, comece com o texto de um belssimo canto do Movimento dos Focolares. Em seguida, converse com Jesus sobre o texto do Evangelho da Transfigurao.

    Quando entre ns ests, tudo em torno se transforma, mes-mo se o inverno vem, resplandece sempre o Sol. Tudo parece ouro, a nvoa se dilui e, como no Tabor, tudo se transfigura.Quando entre ns ests, tudo sabedoria, nos transfigura em ti, novos todos nos sentimos. Como discpulos plenos de paraso, celeste msica, ficar ns queremos sempre contigo, e em ti entre ns!

    Sua orao depois passar contemplao, com um tempo de silncio e tranquilidade. Este o cume da leitura orante. No final, o descanso: experimente a consolao que vem da ao do Esprito Santo na orao, faa um discernimento dos passos a serem dados em sua vida nesta semana, tome a deliberao, anotando os compromissos e parta para a ao, uma vida diferente nos prximos dias.

    DIA 5 DE MARO: SEGUNDA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA

    Voc deve perceber que nosso Retiro Popular um exerccio de contato com a Palavra de Deus. Trata-se de ler e reler o Evangelho,

    4 Cf. Bblia do Peregrino, p. 2419.

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    O povo esperava sinais portentosos. E hoje no diferente. Basta ver o quanto as pessoas preferem ver curas extraordin-rias a seguir a Jesus. Mas tal ideia punha e pe prova a misso do Filho de Deus, que vem s ocultas e tem que ser encontrado no segredo de um homem que morre e ressuscita! Nossa f se expressa na capacidade de ver Deus presente na atuao de Jesus. Afinal de contas, queremos chegar a proclamar que Ele mesmo Filho de Deus. Vamos chegar l!

    Depois que uma pessoa encontra Aquele que morreu e ressus-citou, torna-se capaz de entender os sinais de Jesus. Mas quem pede sinais em busca de sensacionalismo, Jesus se nega a faz-los (Mc 8,11-12). Ele fez milagres no para deslumbrar as pessoas, como se fosse um narcisista divino. Com os sinais que opera-va, queria dar um auxlio s pessoas, para que chegassem a uma confisso de f. Os Seus discpulos, e muitos homens que vieram em busca de Jesus, so surdos-mudos, cegos e famintos que ne-cessitam da ao do Mestre.

    Com os gestos de Jesus, abrem-se os ouvidos do surdo e se lhe desprende a lngua. Um mundo novo acontece!

    Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua ln-gua soltou-se e ele comeou a falar corretamente. Jesus re-comendou, com insistncia, que no contassem o ocorrido para ningum. Contudo, quanto mais ele insistia, mais eles o anunciavam. Cheios de grande admirao, diziam: Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem (Mc 7,35).

    Para aguentar a viagem com Jesus (Mc 7,31-32) e perseverar sem desmaios at chegar em casa, preciso o po multiplicado que foi saindo das mos do Mestre (Mc 8,3). Este po necess-rio para Seus discpulos se afastarem do fermento de Herodes

    nos trateis de acordo com nossos pecados; e Lc 6,36-38: perdoai e vos ser perdoado.

    No Retiro Popular, hoje dia da Quaresma da orao. Pode ser a oportunidade de redescobrir algum livro de ora-es guardado em algum canto de sua casa. Veja se existem pessoas em sua comunidade ou parquia que receberam um dom especial de orao; gente que sabe ensinar os outros a rezar. So pessoas preciosas!

    DIA 6 DE MARO: TERA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA

    J meditamos que Jesus forma uma nova famlia, da qual participamos por sermos Seus discpulos. Deus que se revelou e est se revelando agora. No passado, aqueles homens e mulhe-res que O seguiram confessaram a f, e os passos que deram nos ajudam a ter um encontro pessoal com o Ressuscitado. A aventura que viveram ilumina a nossa vida e nos faz viver, nesta Quaresma, um novo encontro com Cristo. As mudanas que almejamos s acontecero a partir de Cristo. Elas no podem ser inveno nossa!

    H muitas perguntas que as pessoas faziam sobre Jesus. At a curiosidade de Herodes aparece no Evangelho (Mc 6,14). E o prprio Senhor quer saber as opinies correntes, fazendo uma pes-quisa de opinio!

    Jesus e seus discpulos partiram para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos discpulos: Quem di-zem as pessoas que eu sou? Eles responderam: Uns dizem Joo Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas (Mc 8,27).

    Sabemos que mais adiante eles mesmos tiveram que professar a f, representados por Simo Pedro. Observemos as lies do caminho, acompanhando o Evangelho de So Marcos.

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    aprendizes, queremos ser discpulos e missionrios, para teste-munharmos Seu nome, Sua morte, Sua ressurreio e Sua pre-sena salvadora.

    A lio de hoje, a ser rezada e vivida, de Marcos 6,14-56; 7,1-23. Lembre-se da proposta de leitura orante da Palavra, que se encontra a partir da pgina 16. Se quiser, pode seguir o ro-teiro proposto no segundo domingo da Quaresma. Leia antes o texto e acompanhe as indicaes que se seguem, que podem ajudar na orao.

    Atravs dos sinais que realiza, Jesus est sempre presente na vida da Igreja. Queremos acompanhar cinco sinais importantes, escritos para pessoas como ns, que viriam a acreditar em Cristo.

    O primeiro deles a morte absurda de Joo Batista (Mc 6,17-29). Jesus mostra Sua autntica personalidade. Sabemos que Joo morreu e que Jesus tambm morreu. Mas somos testemunhas de que Ele ressuscitou.

    bonito ver que Jesus chamou os discpulos para descan-sar. Foi a que aconteceu o segundo sinal que queremos acom-panhar, o banquete da multiplicao (Mc 6,30-44). Quando o evangelista conta a multiplicao, dizendo que Jesus tomou os cinco pes e os dois peixes, ergueu os olhos ao cu, pronunciou a bno, partiu os pes e ia dando-os aos discpulos, para que os distribussem (Mc 6,41-42), parece que estamos na celebrao da missa! que a Eucaristia repete o sentido mais profundo e proftico do milagre, pois no po abenoado e multiplicado, o Senhor est presente. S a Igreja e os discpulos que recebem o po das mos do Senhor e passam aos outros sabem que a est a presena oculta e verdadeira do Ressuscitado. Todos so convi-dados, mas s os chamados por Jesus percebem a profundidade dos fatos.

    No corao dos sinais realizados por Jesus nesta parte do Evangelho, Ele caminha sobre as guas (Mc 6,45-52). A barca,

    (Mc 8,14) ou confundirem Jesus com Joo Batista (Mc 6,16) ou O procurarem como um milagreiro (Mc 8,11).

    O evangelista mostra que o caminho longo e difcil, tanto que

    Chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram que tocasse nele. Tomando o cego pela mo, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, imps-lhe as mos e pergun-tou: Ests vendo alguma coisa? Erguendo os olhos, o ho-mem disse: Estou vendo as pessoas como se fossem rvores andando. Jesus imps de novo as mos sobre os seus olhos, e ele comeou a enxergar perfeitamente. Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente (Mc 8,22-25).

    Os sinais e prodgios de Jesus s podem ser entendidos e apre-ciados depois de um primeiro passo, a f na pessoa de Jesus. Para os que olham de fora, tudo acontece em parbolas! Entremos bem depressa no grupo dos discpulos, pois queremos entender e viver!

    A leitura orante da Palavra seja feita com o texto de Marcos 7,31-37;8,1-21. Reze o caminho de formao crist em sua vida. Recorde as pessoas que ajudaram na catequese, os ensinamentos de seus pais, os exemplos de pessoas maduras na f. Pea que o Senhor tome sua vida pelas mos, para que voc veja claramente!

    Leituras da Liturgia da missa para hoje: Is 1,10.16-20: aprendei a fazer o bem, procurai a justia; Sl 49: a quem caminha pela estrada reta, mostrarei a salvao de Deus; e Mt 23,1-12: dizem e no fazem!

    A Quaresma da Caridade no dia de hoje pede de todos ns um esforo para ouvir e aconselhar as pessoas que precisam de orientao.

    DIA 7 DE MARO: QUARTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMA-NA DA QUARESMA

    A leitura do Evangelho de So Marcos nos introduziu na escola do seguimento de Jesus Cristo. Fomos acolhidos como

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    Todos ns sabemos que ser cristos em nosso tempo exige dis-posio e fora, inclusive diante das perseguies e incompreenses. Veja o que Bento XVI afirmou na Inglaterra:

    No posso deixar de manifestar a minha preocupao diante da crescente marginalizao da religio, de modo particular do cristianismo, que se vai consolidando em determinados ambientes, tambm em naes que atribuem um grande va-lor tolerncia. Existem pessoas segundo as quais a voz da religio deveria ser silenciada ou, na melhor das hipteses, relegada esfera puramente particular. Outros ainda afir-mam que a celebrao pblica de festividades como o Natal deveria ser desencorajada, segundo a questionvel convico de que ela poderia de alguma maneira ofender aqueles que pertencem a outras ou a nenhuma religio. E h outros ainda que paradoxalmente com a finalidade de eliminar as discri-minaes chegam a considerar que os cristos que desem-penham funes pblicas deveriam, em determinados casos, agir contra a prpria conscincia. Trata-se de sinais preocu-pantes da incapacidade de ter na justa considerao no ape-nas os direitos das pessoas de f liberdade de conscincia e de religio, mas tambm o papel legtimo da religio na esfera pblica. Por conseguinte, gostaria de convidar todos vs, cada um na sua respectiva esfera de influncia, a procu-rar caminhos para promover e encorajar o dilogo entre f e razo, a todos os nveis da vida nacional5.

    Reze a realidade da Igreja hoje, trazendo-a para dentro de seu corao, para abra-la cada vez mais como sua prpria famlia. Lembre-se de que a ventania, os desencontros, o sofrimento e

    5 Viagem apostlica ao Reino Unido (16-19 de setembro de 2010), no encontro com as autoridades civis. Discurso do papa Bento XVI no Parlamento de Londres, sexta-feira, 17 de setembro de 2010.

    que a Igreja, encontra dificuldades. De repente, como o Senhor Deus que caminha sobre as ondas do mar, que passa diante de Moiss e Elias (Ex 34,6; 1Rs 19,11-13) e revela Seu nome na sara ardente, Jesus se une viagem dos discpulos e revela a Sua pessoa: Coragem! Sou eu. No tenhais medo! (Mc 6,50). E esta a realidade da Igreja. Jesus a salva continuamente. No pelo esforo dos remos humanos para conduzir a barca pelo mar da vida. Se ela sai ilesa dos ventos contrrios, que no so poucos, porque o Filho de Deus ressuscitado est presente nela.

    O quarto sinal oferecido por Jesus (Mc 6,53-56) deixa todo o mundo impressionado:

    Tendo atravessado o lago, foram para Genesar e atracaram. Logo que desceram do barco, as pessoas reconheceram Jesus. Percorriam toda a regio e comearam a levar os doentes, deitados em suas macas, para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E, em toda parte onde chegava, povoados, cida-des ou stios do campo, traziam os doentes para as praas e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados.

    Os milagres foram o sinal de que Jesus o Ressuscitado. Lem-bremo-nos que o Evangelho foi escrito depois da ocorrncia dos fatos e aps a Ressurreio. A descrio se dirige aos leitores, dentre os quais estamos ns, para O reconhecermos.

    H muitas dificuldades no relacionamento com as pessoas religiosas daquele tempo (Mc 7,1-23). O desencontro com os judeus, descrito pelo evangelista, mais um sinal forte, dirige-se a ns. que para ser cristos necessrio transformar-se por dentro, mesmo quando as mos esto sujas (Mc 7,5)! O que Jesus pede uma mudana radical, consequncia do encontro com Ele.

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    Comunho Eucarstica e que sejam visitados pelo sacerdote, para receberem os sacramentos.

    Hoje a Igreja celebra a Santa Missa com as leituras de Jr 18,18-20: vinde e golpeemos o justo; Sl 30: salvai-me, Senhor, pela vossa misericrdia; e Mt 20,17-28: Ele o condenaro morte.

    DIA 8 DE MARO: QUINTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA

    Jesus passou pelo deserto, mas o superou. Ele encontrado na Galileia, que simboliza a Igreja, no seio de uma comuni-dade que quer estar aberta a todos os povos. Retornamos hoje ao incio do Evangelho de So Marcos para descobrir o senti-do da misso, pois nossa vocao ser discpulos missionrios (Mc 1,14-45). Jesus chama Seus primeiros discpulos e os faz acompanh-Lo na misso, para serem pescadores de homens. Jesus os forma para entenderem que a misso no tem limites:

    Simo e os que estavam com ele se puseram a procur-lo. E quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te procuram. Jesus respondeu: Vamos a outros lugares, nas aldeias da re-dondeza, a fim de que, l tambm, eu proclame a Boa Nova. Pois foi para isso que eu sa (Mc 1,36-38).

    Devem se lanar na conquista do mundo!Mais adiante, vemos Jesus chegar margem oriental do mar

    da Galileia, e at um homem curado comea a espalhar os feitos do Senhor na Decpole (Mc 5,1-20). A Igreja deve ir aos mais distantes, comeando pelos judeus que viviam por aquelas regies. Depois, Jesus vai regio de Tiro e Sidnia. Ele possibilita a f tambm aos pagos! A Igreja um convite a todos os povos.

    Reze hoje com trs trechos do Evangelho de So Marcos: Mc 1,35-45; Mc 5,1-20; Mc 7,24-30. Identifique as pessoas que ti-veram contato com Jesus e recorde diante Dele as situaes

    tudo o que nos acontece fica diferente quando tomamos conscin-cia de que o Cristo ressuscitado nunca abandona a Igreja.

    Para viver a Quaresma da Fraternidade nesta quarta-feira, leia um trecho da mensagem do papa Bento XVI para a ltima Jornada Mundial dos Enfermos:

    O tema desta mensagem para o 20o Dia Mundial do En-fermo, Levanta-te e vai, a tua f te salvou, olha tambm para o prximo Ano da f que iniciar em 11 de outubro de 2012, ocasio propcia e preciosa para redescobrir a for-a e a beleza da f, para aprofundar os contedos e para testemunh-la na vida de cada dia. (Carta Apostlica Porta da f, 11 de outubro de 2011). Desejo encorajar os doen-tes e sofredores a encontrar sempre uma ncora segura na f, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela orao pessoal e pelos sacramentos, enquanto convido os pastores a serem sempre mais disponveis para as celebraes aos enfermos. Sob o exemplo do Bom Pastor e como guias do rebanho confiado a eles, os sacerdotes sejam cheios de ale-gria, atenciosos com os mais fracos, os simples, os pecado-res, manifestando a infinita misericrdia de Deus com as palavras seguras da esperana (Santo Agostinho, carta 95). A todos os que trabalham no mundo da sade, como tam-bm as famlias que nos prprios parentes veem o rosto so-frido do Senhor Jesus, renovo o meu agradecimento e da Igreja, porque, na competncia profissional e no silncio, mesmo sem proferir o nome de Cristo, o manifestam con-cretamente (Homilia, Santa Missa do Crisma, 21 de abril de 2011).

    Procure saber algo sobre os doentes que vivem perto de voc. Entre em contato com a parquia, para que sejam acompanha-dos pela pastoral da sade, pelos ministros extraordinrios da

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    Pedro respondeu: Tu s o Cristo. E Jesus os advertiu para que no contassem isso a ningum (Mc 8,27-30).

    Se voc quiser, pode ler tambm como outros evangelhos contaram o mesmo fato: Mt 16,13-20 e Lc 9,18-21. Lembre-se do roteiro da leitura orante, como est a partir da pgina 16.

    Jesus tinha buscado a f em Sua pessoa, e a consequncia da f o seguimento. Pedro confessou que Jesus a realizao de toda a esperana que trazia no corao, e no como outras respostas que corriam no meio do povo.

    Veja como uma pessoa, Joo Paulo II, foi chamado a dar res-posta grande pergunta da vida, falando aos jovens em Belo Horizonte, no dia 1 de julho de 1980:

    Quem que os outros dizem que eu sou?, pergunta Jesus aos apstolos. E depois que eles transmitem uma srie de opi-nies, a pergunta de fundo: Mas, para vocs, quem sou eu?. Ns todos conhecemos este momento, no qual j no basta falar de Jesus repetindo o que outros disseram, foroso dizer o que voc pensa, j no basta recitar uma opinio, preciso dar um testemunho, sentir-se comprometido pelo testemunho dado e depois ir at os extremos das exigncias desse compro-misso. Os melhores amigos, seguidores, apstolos de Cristo foram sempre aqueles que perceberam um dia, dentro de si, a pergunta definitiva, incontornvel, diante da qual todas as outras se tornam secundrias e derivativas: Para voc, quem sou eu?. A vida, o destino, a histria presente e futura de um jovem depende da resposta ntida e sincera, sem retrica nem subterfgios, que ele puder dar a esta pergunta. Ela j transformou a vida de muitos jovens.

    O cristo ter fraquezas na vida, como os discpulos que se-guiram Jesus, e at Pedro, mas j ps o p na estrada. Pedro ps

    difceis pelas quais voc j passou. Traga em seu corao o mun-do inteiro e reze para que a Boa-nova do Evangelho chegue at os confins da terra.

    Hoje dia de Quaresma eucarstica. Significa que ser muito bom dedicar um tempo adorao eucarstica, seguindo as indi-caes da pgina 102.

    Para a participao na Santa Missa, prepare-se conferindo as leituras do dia: Jr 17,5-10: maldito o que confia no homem, ben-dito o que confia no Senhor; Sl 1: feliz quem confia no Senhor; e Lc 16,19-31: eles tm Moiss e os profetas, que os escutam.

    DIA 9 DE MARO: SEXTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA

    Jesus foi procurado por multides, de onde aparecem os que se tornam discpulos. Pouco a pouco, o evangelista So Marcos mostra que a estrada se torna mais exigente para os que seguem Jesus, pois devero professar claramente sua f e enfrentar as con-sequncias. Veio depois um tempo em que no aparecem tanto as multides, mas Jesus far um processo de formao mais apu-rada dos discpulos.

    Jesus e seus discpulos partiram para os povoados de Cesareia de Filipe (Mc 8,27). A escola se faz na vida, com as viagens de Jesus. No tempo de formao, o evangelista nos transmite os prin-cpios morais prticos que o seguimento de Jesus na Igreja traz consigo. Os discpulos O seguem, recolhendo os ensinamentos.

    Tudo comea com a confisso de f feita por Simo Pedro, o texto que ser tomado para a leitura orante da Palavra nesta sexta-feira:

    No caminho, ele perguntou aos discpulos: Quem dizem as pessoas que eu sou? Eles responderam: Uns dizem Joo Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas. Jesus, ento, perguntou: E vs, quem dizeis que eu sou?

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    Vem Jesus corrigindo e temperando o ttulo que lhe foi dado, devolvendo espertamente a pergunta, para depois manifestar ca-rinho com aquele que ficou conhecido como jovem rico. Em seguida lhe explica que falta o mais importante para ter a vida, que renunciar riqueza, mesmo quando esta legtima. Para ter a ida verdadeira, necessrio entrar no Reino anunciado por Jesus, o que muito exigente. Veja o que Jesus tinha ensina-do antes: Se teu olho te leva queda, arranca-o! melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho s do que, tendo os dois, ir para o inferno, onde o verme deles no morre e o fogo nunca se apaga (Mc 9,47-48).

    A Virgem Maria, que nos acompanha neste sbado, aquela que se fez escrava do Senhor e reconheceu que Ele olhou para a sua pequenez, a jovem Maria nos conduza a dar o passo que falta para o seguimento de seu Filho!

    em prtica o que foi dito sobre ele: Caminhando beira do mar da Galileia, Jesus viu Simo e o irmo deste, Andr, lanando as redes ao mar, pois eram pescadores. Ento disse-lhes: Segui-me, e eu farei de vs pescadores de homens. E eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram (Mc 1,16-18).

    Em sua orao, aprenda com Pedro e os outros discpulos a se levantar sempre de suas eventuais quedas. Lembre-se tambm da alegria que foi fruto das ocasies em que voc professou cla-ramente a f em Cristo.

    A Quaresma da Penitncia deve ser vivida hoje com o jejum ou outro gesto de mortificao. Leia a explicao sobre o jejum, que se encontra na pgina 19.

    A Igreja prope hoje as seguintes leituras, na celebrao da Santa Missa: Gn 37,3-28: a vem o sonhador. Vamos mat-lo!; Sl 104: lembrai sempre as maravilhas do Senhor; e Mt 21,33-46: este o herdeiro. Vinde, vamos mat-lo!

    DIA 10 DE MARO: SBADO DA SEGUNDA SEMANA DA QUARESMA

    Hoje sbado. Nas missas celebradas na parte da manh, as leituras so as seguintes: Mq 7,14-15.18-20: o nosso Deus vem para salvar-nos; Sl 102: o Senhor indulgente e favorvel; e Lc 15,1-3.11-32: este teu irmo estava morto e tornou a viver.

    Olhando para Nossa Senhora, a Virgem Maria, inicie a sua orao de Retiro, que ser depois enriquecida com o Rosrio, no qual voc contempla os mistrios de Cristo com o olhar de Maria. Hoje dia de Quaresma com a Virgem Maria.

    O Evangelho de So Marcos continua a orientar nossa Qua-resma, que quer levar-nos a seguir Jesus de perto. O texto para a orao Marcos 10,17-31. Um homem entusiasta e decidido, que vem correndo, como quem quer chegar primeiro! Cumpri-menta Jesus com um ttulo elogioso e prope uma pergunta.

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    Eu sou o Senhor teu Deus. Primeiro: adorar a Deus e am-lo sobre todas as coisas. Segundo: no invocar o santo nome de Deus em vo. Terceiro: santificar os Domingos e festas de guarda. Quarto: honrar pai e me (e os outros legtimos su-periores). Quinto: no matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao prximo). Sexto: guar-dar castidade nas palavras e nas obras. Stimo: no furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do prximo). Oitavo: no levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar verdade ou difamar o prximo) Nono: guardar castidade nos pensamentos e desejos. Dcimo: no cobiar as coisas alheias. Estes dez mandamentos resumem--se em dois que so: amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a ns mesmos7.

    DIA 11 DE MARO: TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMAEste o domingo das alianas, dentro da Quaresma. As leitu-

    ras da Santa Missa so Ex 20,1-17, com a entrega da Lei a Moiss; Sl 18, de onde tomamos o ttulo para esta semana de Retiro; 1Cor 1,22-25, em que o apstolo So Paulo proclama Cristo, Sabedoria de Deus; enfim, Jo 2,13-25, quando Jesus purifica o templo e mostra a nova proposta de Deus para a humanidade. Quem quer adorar a Deus em esprito e verdade, deve faz-lo no seguimento de Cristo. Mas isso exige a f!

    O Retiro quaresmal feito hoje com a participao alegre e feliz na Santa Missa. Lembre-se das indicaes para o domingo, que se encontram na pgina 17.

    Em casa, hoje um dia excelente para escrever e afixar, num lugar de destaque, os mandamentos da lei de Deus.

    7 Cf. idem, ibidem.

    Terceira Semana da Quaresma: A Palavra de Deus a verdade, Sua lei, liberdade

    Deus sempre fiel Sua aliana, os homens, nem sempre. Os discpulos de Jesus de todos os tempos aprenderam com as pe-dras, as curvas e as demais dificuldades encontradas no caminho. De fato, melhor mancar no caminho do que caminhar com desembarao fora dele. Pois quem manqueja no caminho, embo-ra demore, chegar a termo. Quem, ao contrrio, vai por fora do caminho, embora correndo, se afasta, cada vez mais, da meta. (Santo Toms de Aquino, Explicao sobre o Evangelho de Joo).

    Acolheremos os preceitos do Senhor, que se tornam mais preciosos que o ouro, que muito ouro fino, mais doces que o mel e que o licor de um favo (Sl 19[18],11).

    Durante a semana, aprenderemos algumas regras de trnsito de nossa vida crist. Para comear, bom recordar a lista dos man-damentos da lei de Deus (Ex 20,2-17), como se encontram no Catecismo da Igreja Catlica. Aprender de cor saber de corao!6

    6 Compndio do Catecismo da Igreja Catlica, nmero 433; cf. Catecismo da Igreja Catlica, nmeros 2044-2046.

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    Jesus se aborreceu e disse: Deixai as crianas virem a mim. No as impeais, porque a pessoas assim que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem no receber o Reino de Deus como uma criana, no entrar nele! E abraava as crianas e, impondo as mos sobre elas, as abenoava (Mc 10,13-16).

    Os ricos: Jesus saiu caminhando, quando veio algum correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: Bom Mes-tre, que devo fazer para ganhar a vida eterna? Disse Jesus: Por que me chamas de bom? S Deus bom, e mais ningum. Conheces os mandamentos: no cometers homicdio, no co-meters adultrio, no roubars, no levantars falso testemunho, no prejudicars ningum, honra teu pai e tua me! Ele ento respondeu: Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude. Jesus, fitando-o, com amor, lhe disse: S te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, d o dinheiro aos pobres e ters um tesouro no cu. Depois, vem e segue-me (Mc 10,17-21).

    Todos podem ser acolhidos e so importantes, pois o cristo no se define por ser contra quem quer que seja, mas a favor de todos: Quem no contra ns, est a nosso favor. Quem vos der um copo de gua para beber porque sois de Cristo, no ficar sem receber a sua recompensa (Mc 9,40-41).

    Ah! Aproveite para decidir-se ser parecido com as crianas. o melhor lugar!

    Quaresma da Orao: Reze hoje pelas pessoas que em algum momento foram julgadas e previamente condenadas, l dentro do corao. Supere hoje as excluses de qualquer tipo que este-jam presentes dentro de voc. uma limpeza do corao! Mos limpas e corao puro, para preparar a Pscoa!

    Leituras da missa: 2Rs 5,1-15: a sua carne se tornou como a de uma criana; Sl 41: a minha alma tem sede do Deus vivo; e Lc 4,24-30: nenhum profeta bem recebido em sua ptria.

    DIA 12 DE MARO: SEGUNDA-FEIRA DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Continuamos nosso Retiro Popular aprendendo as lies do caminho, para saborear a alegria de ser discpulos de Cristo. Jesus chamou, ento, a multido, juntamente com os discpulos, e disse-lhes: Se algum quer vir aps mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! (Mc 8,34). O caminho do segui-mento de Cristo est aberto para todos.

    Quem pode segui-Lo? Leia os textos que se seguem com as propostas da leitura orante da Palavra. Eles abrem o leque para que ningum d desculpas, mas todos descubram o seu lugar. Encontre o seu!

    Os casados: Jesus se ps a caminho e foi dali para a regio da Judeia, pelo outro lado do rio Jordo. As multides mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costume, as ensinava. Aproximaram-se ento alguns fariseus e, para expe-riment-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. Jesus perguntou: Qual o preceito de Moiss a respeito? Os fariseus responderam: Moiss permitiu escrever um atestado de divrcio e despedi-la. Jesus ento disse: Foi por causa da dureza do vosso corao que Moiss escreveu este preceito. No entanto, desde o princpio da criao Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixar pai e me e se uni-r sua mulher, e os dois formaro uma s carne; assim, j no so dois, mas uma s carne. Portanto, o que Deus uniu o ho-mem no separe! Em casa, os discpulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. Jesus respondeu: Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultrio contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adul-trio tambm (Mc 10,1-12).

    As crianas: Algumas pessoas traziam crianas para que Jesus as tocasse. Os discpulos, porm, as repreenderam. Vendo isso,

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    Olhando em volta, Jesus disse aos seus discpulos: Como di-fcil, para os que possuem riquezas, entrar no Reino de Deus. Os discpulos ficaram espantados com estas palavras. E Jesus tornou a falar: Filhos, como difcil entrar no Reino de Deus! mais fcil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus! Eles ficaram mais ad-mirados e diziam uns aos outros: Quem ento poder salvar--se? Olhando bem para eles, Jesus lhes disse: Para os homens isso impossvel, mas no para Deus (Mc 10,23-27).

    Entrar no Reino que Jesus anuncia impossvel com as foras humanas, mas possvel para Deus. Nunca devemos desanimar, pois se Jesus prope um caminho, chegaremos l!

    Tera-feira, Quaresma da Caridade: ir ao encontro de alguma pessoa com a qual se estabeleceu uma inimizade ou um clima de desconfiana.

    Hoje, para a Santa Missa, as leituras so Dn 3,25.34-43: acolhei, Senhor, o nosso corao contrito; Sl 24: o nosso refgio o Deus de Jac; e Mt 18,21-35: no devias, tambm tu, ter compaixo de teu companheiro?

    DIA 14 DE MARO: QUARTA-FEIRA DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    O discpulo de Jesus est fazendo Retiro! E se quer seguir o Senhor, haver de enfrentar tambm as exigncias maiores. Va-mos l! Ele anuncia fatos que assustam:

    E comeou a ensinar-lhes que era necessrio o Filho do Ho-mem sofrer muito, ser rejeitado pelos ancios, sumos sacer-dotes e escribas, ser morto e, depois de trs dias, ressuscitar. Falava isso abertamente. Ento, Pedro, chamando-o de lado, comeou a censur-lo. Jesus, porm, voltou-se e, vendo os seus discpulos, repreendeu Pedro, dizendo: Vai para trs de

    DIA 13 DE MARO: TERA-FEIRA DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Para seguir a Jesus, necessrio entrar no Reino de Deus como descrito no Evangelho de So Marcos, ter corao aberto e perceber que todas as pessoas podem seguir o Senhor. H uma terceira condio que no pode faltar em nossa vida e que que-remos aprofundar hoje. Trata-se justamente da orao. O cristo deve lanar mo da orao, sabendo que atravs dela estar em contato permanente com Jesus, mesmo quando no conta com Sua presena fsica. Ele at tem a certeza de que o Senhor est sempre e cada vez mais perto!

    Eis o que Jesus ensina sobre a orao no Evangelho de So Marcos.

    Os discpulos no conseguiram expulsar o demnio que se tinha apossado de um menino. Jesus acolhe o pai e a criana e o cura. Jesus o tomou pela mo e o levantou; e ele ficou de p. Depois que Jesus voltou para casa, os discpulos lhe pergunta-ram, em particular: Por que ns no conseguimos expuls-lo? Ele respondeu: Essa espcie s pode ser expulsa pela orao (Mc 9,27-29). De fato a orao no um acessrio, mas essen-cial. Reveja o lugar que ela ocupa em sua vida!

    Jesus lhes observou: Tende f em Deus. Em verdade, vos digo: se algum disser a esta montanha: Arranca-te e joga-te no mar, sem duvidar no corao, mas acreditando que vai acontecer, ento acontecer. Por isso, vos digo: tudo o que pe-dirdes na orao, crede que j o recebestes, e vos ser concedi-do. E, quando estiverdes de p para a orao, se tendes alguma coisa contra algum, perdoai, para que vosso Pai que est nos cus tambm perdoe os vossos pecados (Mc 11,22-25).

    Podemos pedir tudo, mas condio que o nosso corao esteja purificado da doena da falta de perdo! tempo de pedir esta graa!

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    o Filho do Homem ser entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenaro morte e o entregaro aos pa-gos. Vo zombar dele, cuspir nele, aoit-lo e mat-lo, mas trs dias depois, ele ressuscitar (Mc 10,32-34).

    O medo fica maior, e os discpulos tinham caminhado s ce-gas. Comeam a entender que Jesus se aproxima da meta. Apren-deram a caminhar na f, como acontece conosco. necessrio apostar tudo naquele em quem acreditamos.

    Sua segurana era o atestado dado pelo Pai: Este o meu Filho amado. Escutai-o! (Mc 9,7). Esta f implica o seguimento de Jesus, que acontece em meio dor. E esta vem muitas vezes de problemas internos na prpria comunidade crist.

    Um discpulo de Jesus que se preze dever trabalhar para que exista a paz entre os irmos. Durante o caminho de formao, Jesus identifica as rixas e competies entre eles e aproveita a oportu-nidade para ensinar-lhes prticas diferentes. Quando discutem sobre quem o maior, apresenta-lhes uma criana. Quando que-rem ser proprietrios exclusivos do poder que lhes vem do pr-prio Senhor, devero superar a tentao de se tornarem um gueto fechado. Ao desejo de poder, ope-se o servio dos pequenos, em nome de Jesus. Em vez de discutir, devem imitar o Mestre.

    queles que se tornam discpulos de Jesus, pedem-se algumas condies: quem se casa, no poder separar-se depois. Os bens materiais sero postos em segundo plano e deixados, diante da grandeza do chamado.

    um mundo diferente: nova famlia e uma vida nova sem fim: Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmos, irms, me, pai, filhos e campos, por causa de mim e do evan-gelho, recebe cem vezes mais agora, durante esta vida casas, irmos, irms, mes, filhos e campos, com perseguies , e no mundo futuro, vida eterna (Mc 10,29-30).

    mim, satans! Pois no tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens! (Mc 8,31-33).

    Seria muito cmodo saltar estas pginas ou apenas selecio-nar os milagres, mas no seria cristianismo! Jesus diz que vai ser entregue! Os discpulos Pedro em primeiro lugar! no entendem! Eles no compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar (Mc 9,32). Mas Ele vai se entregar! um ato livre, e s aos ps da cruz se pode entender. Jesus at explica o sentido de Sua paixo iminente: O Filho do Homem no veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mc 10,45).

    Os discpulos se opem ao que Jesus anuncia, para depois, com as muitas lies do caminho, se aproximarem da aceitao.

    Para a sua orao de Retiro, leia os trs anncios feitos por Jesus: Mc 8,31; Mc 9,31; Mc 10,32-34. Tome uma deciso!

    Hoje a quarta-feira da fraternidade. Faa a via-sacra, com o texto que se encontra na pgina 95 e comece a preparar o que a sua famlia levar Igreja no domingo de Ramos, na Coleta da Solidariedade.

    A Igreja prope as seguintes leituras para este dia: Dt 4,1.5-9: observareis estas leis e as colocareis em prtica; Sl 147: celebra o Senhor, Jerusalm; e Mt 5,17-19: quem observar estes preceitos ser grande no Reino dos Cus.

    DIA 15 DE MARO: QUINTA-FEIRA DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Estavam a caminho, subindo para Jerusalm. Jesus ia fren-te, e eles, assombrados, seguiam com medo. Jesus, outra vez, chamou os doze de lado e comeou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: Estamos subindo para Jerusalm, e

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    dio ao nome de Cristo durar at o fim. Isto acontecer em todos os campos da vida humana.

    Faa a leitura orante da Palavra com o texto de Marcos 10,32-45. J lhe aconteceu encontrar a incompreenso e a perseguio por causa de Cristo? Como voc reage quando recebe crticas pela sua seriedade na vivncia do Evangelho? Pea ao Senhor uma crescente fidelidade a Ele e Igreja.

    A Quaresma da Penitncia de hoje procurar um sacerdote para fazer uma boa confisso. O exame de conscincia pode ser feito com as reflexes e as oraes realizadas at agora no Retiro Popular.

    Para participar da Santa Missa e tambm para estar unidos Igreja no dia de hoje, mesmo quando no podemos dela partici-par, aqui esto as leituras do dia: Os 14,2-10: no mais chamare-mos de nosso Deus a obra de nossas mos; Sl 80: Eu sou o Senhor teu Deus, escuta a Minha voz; e Mc 12,28b-34: o Senhor nosso Deus o nico Senhor. Amars o Senhor teu Deus.

    DIA 17 DE MARO: SBADO DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Ao encerrar uma etapa na formao de seus discpulos, quem ser o modelo? Quem foi o aluno exemplar que tirou a melhor nota? Onde est o discpulo perfeito? O Evangelho de So Marcos nos surpreende e nos faz terminar esta semana de Retiro com gran-de alegria. Leia com calma o texto do Evangelho:

    Chegaram a Jeric. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discpulos e uma grande multido. O mendigo cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado beira do caminho. Ouvindo que era Jesus Nazareno, come-ou a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixo de mim. Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava

    Na leitura orante da Palavra de Deus, tome o texto de Marcos 9,33-50;10,1-31. Compare as regras de vida propostas por Jesus com nosso modo de agir. Identifique as mudanas que devem acontecer.

    Leve tudo isso para a adorao eucarstica a que convidamos todos os participantes do Retiro Popular s quintas-feiras.

    Leituras da liturgia diria: Jr 7,23-28: este o povo que escuta a voz do Senhor; Sl 94: escutai a voz do Senhor e no endureais os vossos coraes; e Lc 11,14-23: quem no est comigo est contra mim.

    DIA 16 DE MARO: SEXTA-FEIRA DA TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

    Ler e reler o Evangelho de So Marcos! assim o nos-so Retiro Popular de 2012. Impressiona-nos sua brevidade e conciso e a imensa riqueza, como um guia orientador para quem quer conhecer Jesus Cristo. uma carteira de identidade com dezesseis captulos. S que na fotografia h muitas pessoas que se deixam retratar perto de Jesus. Voc uma delas!

    Joo e Tiago foram a Jesus pedir lugares de destaque em Seu Reino (Mc 10,35-45). So Mateus conta que at trouxeram a prpria me para reforar suas pretenses (Mt 20,20-28). E at os outros se indignaram, quem sabe com desejos semelhantes! No entendiam que na Igreja, comunidade nova iniciada por Jesus, a ambio ser substituda pelo esprito de servio. Como o evangelista sabe o que aconteceu com Jesus, pois escreveu seu Evangelho tempos depois da morte e ressurreio do Senhor, mostra que Jesus lhes respondeu mostrando os apertos e perse-guies que deveriam passar. E verdade! Quando o cristo leva a srio a f e o seguimento de Jesus, a perseguio que nasce do

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    Ao final, reze assim:

    Senhor, abri os meus olhos s maravilhas do Vosso amor. Eu sou o cego beira do caminho! Curai-me, eu Vos quero ver!Senhor, abri minhas mos, que para tudo guardar se fecham. Tem fome o pobre ante a minha porta, ensinai-me a partilhar.Senhor, fazei com que eu ande, por mais duro que seja o cami-nho. Quero Vos seguir at a cruz. Vinde, tomai a minha mo.Senhor, fazei com que eu oua os gritos de todos os irmos. A seu sofrimento e a seus apelos, que o meu corao se abra.Senhor, guardai minha f, tantas vozes clamam Vossa morte. A noite vem e o peso do dia! Senhor, ficai comigo!

    Na Quaresma mariana, reze o Rosrio nas intenes de todas as pessoas que, do jeito de Maria, querem ser discpulos de Jesus.

    Neste sbado, as leituras das missas matutinas so Os 6,1-6: vin-de, voltemos para o Senhor; Sl 50: quero o amor e no o sacrifcio; e Lc 18,9-14: o publicano voltou para casa justificado. Na parte da tarde e noite, j estamos no domingo, celebrado em viglia.

    ainda mais alto: Filho de Davi, tem compaixo de mim. Jesus parou e disse: Chamai-o! Eles o chamaram, dizen-do: Coragem, levanta-te! Ele te chama! O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou de Jesus. Este lhe perguntou: Que queres que eu te faa? O cego respondeu: Rabni, que eu veja. Jesus disse: Vai, tua f te salvou. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho (Mc 10,46-52).

    A meno honrosa no vai para nenhum dos que caminha-vam com Jesus, mas para um mendigo, cego e morador de Jeric! Muitas coisas ruins para uma pessoa s!

    Bartimeu (ele tem nome!), cego beira da estrada, ouve falar de Jesus, comeando seu caminho de discpulo, e pede compaixo. A turma do deixa disso quer que ele se cale, mas insiste. De repente, h algum que se torna portador do chamado do Mestre. Deixa seu manto (a vida velha!), apro-xima-se de Jesus, que lhe d uma ateno especial. O Senhor acolhe o pedido do cego. Afinal, ele pobre, mas sabe o que quer! Jesus atende e Bartimeu comea a ver perfeitamente, seguindo Jesus pelo caminho.

    Bartimeu no enxerga, mas os discpulos tambm no viam com clareza o sentido de tudo o que lhes acontecia. Bartimeu comea bem, j reconhecendo Jesus como Messias, e pede misericrdia. Jesus v logo que ele no quer lugares de importncia, como Tiago e Joo, mas apenas deseja ver perfeitamente. Ao fazer o milagre, Jesus no lhe pede nada, mas o envia: Vai. Contudo, o que era cego e agora v e cr no pode fazer menos do que seguir Jesus pelo caminho.

    Encontre seu modo de participar da cena descrita no Evan-gelho. Identifique-se com os personagens, conte sua histria ao Senhor, agradea, pea a graa de ver, crer e seguir.

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    Deus enviou Seu Filho ao mundo, para que o mundo seja salvo por Ele.

    O acesso Palavra comea com uma leitura evidenciante: descreva o ambiente em que a cena se desenvolve. Verifique quem realiza as aes descritas e quem as acolhe. Com o texto transcrito abaixo, para facilitar, enquadre com um lpis os su-jeitos de cada frase. Depois, sublinhe os verbos, para ver quem agiu em cada parte da descrio da transfigurao. Se for ne-cessrio, ponha um ponto de interrogao nos pontos a serem esclarecidos. Para ajudar na orao, envolva com um crculo as palavras que chamam ateno e grife com uma linha dupla o ponto central. Aqui est o texto do Evangelho de hoje:

    Como Moiss levantou a serpente no deserto, assim