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Lombalgia: abordagem pelo médico geral Gustavo Gusso

Reunião 3 - Lombalgia

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Lombalgia: abordagem pelo médico geral

Gustavo Gusso

CasoJanete, de 42 anos, empregada doméstica desde os 15 queixa-se de dor lombar há 2 meses. Nega irradiação para a perna. Já teve outros episódios antes mas diz que desta vez está pior. Quando questionada se relaciona ao trabalho nega e conta que não saberia porque está tendo dor se exerce a mesma profissão há quase 30 anos e nunca passou por este tipo de problema. Diz que está um pouco cansada do trabalho e da patroa com a qual trabalha há 2 anos e tem carteira assinada. A patroa se separou do marido há 6 meses e desde então as relações no trabalho pioraram. É casada com Pedro, um eletricista, tem 2 filhos adolescentes, João Pedro e

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casada com Pedro, um eletricista, tem 2 filhos adolescentes, João Pedro e Cauã. Descobriu que o mais velho, João Pedro, tem saído com os amigos e começado a beber, o que está preocupando ela, porém é bom aluno e não é agressivo. O marido (Pedro) já abusou do álcool mas agora bebe socialmente. Diz que vivem bem com os “problemas de qualquer casal”, se sente muito cansada por ter que fazer tudo sozinha como limpar a casa e fazer a janta quando chega do trabalho. Já usou paracetamol com melhora parcial. Tem como outros problemas de saúde tabagismo e histerectomia há 2 anos por mioma.

Questões

• Qual a principal hipótese diagnóstica quanto a dor lombar levando-se em conta história e probabilidade pré-teste?

a. Lombalgia mecânica não irradiada

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a. Lombalgia mecânica não irradiadab. Lombalgia mecânica irradiadac. Dor referidad. Lombalgia não mecânica

Questões

• Qual dos “alertas amarelos” (que poderia indicar perpetuação da dor) abaixo está claramente presente?

a. Tratamento prévio que não se adequa às melhores práticas

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práticasb. Indícios de exagero na queixa e esperança de

recompensac. Histórico de abuso de atestado médico d. Problemas no trabalho, insatisfação com o

emprego

Questões

• Com base nesta história qual a conduta que você tomaria na relação do trabalho com a lombalgia”?

a. Sugeriria atestado por 3 meses e procurar outro empregob. Sugeriria atestado por 2 meses e depois retorno normalc. Sugeriria afastamento por no máximo 7 dias com carta para

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c. Sugeriria afastamento por no máximo 7 dias com carta para a patroa explicando necessidade de repouso curto a cada hora de trabalho e sugerindo se manter ativa durante período afastada do trabalho

d. Não sugeriria afastamento do trabalho

Questões

• Qual alternativa abaixo não indica “alerta vermelho”?

a. Dor localizadab. Febre

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b. Febrec. História de traumad. Trabalho pesado

Questões

• Qual manobra seria indicada para avaliar ganho secundário (simulação)?

a. Laségue com o paciente distraídob. Punho percussão lombar

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b. Punho percussão lombarc. Palpação vigorosa das apófises espinhosas

d. Romberg

Aspectos chave

• A principal causa de lombalgia é mecânica sem irradiação (distensão ou tensão muscular) sendo responsável por mais de 90% dos casos

• É importante descartar sinais de alerta vermelhos e trabalhar sobre risco de cronicidade (alertas amarelos) em especial humor deprimido e insatisfação com o trabalho

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humor deprimido e insatisfação com o trabalho• Alterações radiológicas como presença de osteófitos em geral

não explicam dor mecânica não irradiada• O tratamento deve ser farmacológico e principalmente não

farmacológico• Lombalgias crônicas que repercutem na qualidade de vida

devem ser abordadas em equipe multiprofissional

Epidemiologia

• 5 a 10 diagnósticos mais freqüentes • 2,8% de todos os problemas manejados – 51 a 84% dos adultos terão lombalgia ao longo da

vida

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vida– de 39 a 67% no último ano – 33% no último mês – entre 13 e 28% relatarão este sintoma no

momento do estudo

Demanda em Florianópolis

1. HAS – 9,8%2. Sem doença – 5,5%3. IVAS – 3,8%4. Gravidez – 3,5%

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5. DM tipo 2 – 3%6. Depressão – 2,7%7. Contracepção – 1,7%8. Medicina preventiva 1,5%9. Lombalgia 1,4%

Classificação

Duração

Aguda Duração inferior a 3 meses e mais

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Aguda Duração inferior a 3 meses e mais comumente inferior a 2 semanas

Crônica Duração superior a 3 meses

Recorrente ou subaguda

Duração inferior a 3 meses mas que recorre após um período sem dor que limita função ou atividade

Diagnóstico diferencial

1. Mecânica (97%)

- Não irradiadas:

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Distensão ou tensão(> 70%)

Dor difusa e possível irradiaçãopara gluteos

Degeneração dodisco com ou semosteófitos (10%)

Dor lombar localizada e às vezesquadro similar a tensão lombar

Diagnóstico diferencial- Irradiadas: ciatalgia

Hérnia de disco (4%) –local mais acometido:entre L4 e S1

Dor irradiada (na perna) sempre pior que ador lombar; dor abaixo do joelho

Compressão por fraturadecorrente deosteoporose (4%)

Coluna dolorida; comum história de trauma

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osteoporose (4%)

Estenose da medulaespinhal (3%)

Dor melhora quando a coluna é fletida ouquando sentado; dor piora quandocaminha em descida mais do quequando em subida; sintomasfrequentemente bilaterais

Espondilolistese(deslizamento docorpo vertebral) (2%)

Dor piora na atividade e melhora aorepouso; geralmente detectado emexame de imagem; controverso comocausa de dor significativa

2. Não mecânica (1%)

Neoplasia (0,7%) –.metástases(mama, mieloma multiplo, rim,pulmão, próstata, tireóide e reto)

Dor localizada; perda de peso

Diagnóstico diferencial

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pulmão, próstata, tireóide e reto)

Artrites (osteoratrose, artritereumatóide, espondiloartropatias –espondilite anquilosante, artritereativa, espondilite psoriática, etc..)(0,3%)

Rigidez matinal; melhora comatividade

Infecção (tuberculose vertebral – Malde Pott, osteomielite, discite, artriteseptica) (0,01%)

Dor localizada; sintomasconstitucionais

Diagnóstico diferencial3. Referida (2%)

Órgãos pélvicos e retroperitoneais e epigastricos (prostatite, doença inflamatória pélvica, endometriose,

Acompanha sintomas em região de abdômen

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pélvica, endometriose, pancreatite, úlcera duodenal)

Vias urinárias (pielonefrite, neforlitíase)

Geralmente acompanha sintomas abdominais; exame de urina alterado

Aneurisma de aorta Dor epigástrica; massa abdominal pulsátil

Sistema gastrointestinal Dor epigástrica; náusea e vômito

Herpes-zoster Unilateral; respeita dermátomo; acompanha rash

Alertas vermelhosAchado Diagnóstico possível Estratégia de

investigação

Caudaequina

Frat CA INF HMG,PCR ouVHS

RaioX

<20 anos x x x

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>50 anos com históriade trauma ou >70anos

x x x** x

Febre, calafrios, feridapróxima a coluna, ITUou infecção de pelerecentes

x x x

Trauma moderado agrave

x x

AchadoDiagnóstico possível

Estratégia deinvestigação

Caudaequina

Frat CA INFHMG,PCR ouVHS

RaioX

Déficit motor ou sensitivoprogressivo

x x

Alertas vermelhos

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Anestesia em sela, ciatalgiabilateral, fraqueza naspernas, retenção urinária,incontinência fecal

x

Perda de peso inexplicada x x** x

História de câncer oususpeita de câncer

x x** x

História de osteoporose x x x

Imunossupressão x x x

AchadoDiagnóstico possível

Estratégia deinvestigação

Caudaequina

Frat CA INFHMG,PCR ouVHS

RaioX

Uso crônico de corticóide x x x x

Alertas vermelhos

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Uso de droga intravenosa x x x

Abuso de substânciapsicoativa

x x x

Falha terapêutica após 6semanas de tratamento(manutenção ou piora doquadro)

x x x** x

Alertas amarelos

São sinais que podem indicar recorrência da lombalgia bem como ausências no trabalho além de déficit funcional por longo tempo. Ao contrário dos alertas vermelhos que indicam

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contrário dos alertas vermelhos que indicam riscos eminentemente físicos, os alertas amarelos sugerem fatores de risco psicossociais.

Alertas amarelos

Os alertas amarelos podem estar relacionados com atitudes e crenças com relação à dor, comportamento,

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com relação à dor, comportamento, aspectos compensatórios, diagnóstico e tratamento, emoções, família e trabalho.

Método Clínico Centrado na Pessoa

11-- ExplorandoExplorando a a enfermidadeenfermidade e a e a experiênciaexperiênciadada pessoapessoa emem estarestar doentedoente

���� dicas e movimentos

história exame clínico exames complementares

sentimentos idéias função expectativas

22-- Entendendo a pessoa como um todoEntendendo a pessoa como um todo

contexto distantecontexto próximo

pessoaenfermidade (illness)

doença (disease)

33-- Elaborando Elaborando

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Método Clínico Centrado na Pessoa

5 – Intensificando a relação médico-pessoa

33-- Elaborando Elaborando projeto comum de projeto comum de manejo dos manejo dos problemasproblemas

problemas objetivos papéis

decisões conjuntas

44-- IncorporandoIncorporando prevençãoprevençãoe e promoçãopromoção à à saúdesaúde6 6 -- SendoSendo

realistarealista

Alertas amarelos

• Humor deprimido ou negativo (principal fator de risco para cronicidade), isolamento social

• Crença que a dor e a manutenção da atividade são danosas• “Comportamento doentio” (insistência em ficar de repouso

por longo período)• Tratamento prévio que não se adequa às melhores práticas

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• Tratamento prévio que não se adequa às melhores práticas• Indícios de exagero na queixa e esperança de recompensa• Histórico de abuso de atestado médico• Problemas no trabalho, insatisfação com o emprego• Trabalho pesado com poucas horas de lazer• Superproteção familiar ou pouco suporte familiar

Exame físico: Pac em pé

• Agachar e levantar + marcha• Inspeção: hiperlordose, cifose ou escoliose• Palpação: apófises espinhosas e musculatura

paravertebral

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paravertebral• Teste de Schober• Flexão lateral

Exame fisico: Pac. Apoiado e sentado

• Função motora: flexores do quadril (L2-L3), extensores do quadril (L4-L5), extensores do joelho (L3-L4), flexores do joelho (L5-S1), flexor plantar do pé (S1-S2) e dorsiflexores do pé (L4-L5)

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obs: a força é graduada de 0 a 5 sendo 5 a força normal, 4 vence parcialmente a resistência, 3 vence a gravidade apenas, 2 não vence a gravidade, 1 tem apenas tônus e 0 não tem tônus

• Reflexos patelares (L2-L4) e aquileu (S1 – S2)

Exame físico: Pac. deitado

• Manobra de Lasegue clássico: O teste é positivo quando há dor que irradia até abaixo do joelho afetando o lado testado ou bilateralmente a partir de 60º

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bilateralmente a partir de 60º • Teste de Patrick ou FABER: flexão, abdução,

rotação externa

Exame físico: Pac. deitado

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Testes para avaliar pacientes suspeitos de simulação para ganho secundário

• Reação exagerada durante exame físico: sincope, sudorese, tremor, expressão facial de muita dor em qualquer teste

• Pressão na cabeça com paciente em pé: pacientes simuladores exibem dor em testes como este que não têm uma função definida (exceto discreta dor na nuca que é esperada)

• Teste de Lasègue com paciente distraído (sentado)e e depois

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• Teste de Lasègue com paciente distraído (sentado)e e depois confirmado com paciente deitado (descrito acima)

• Palpação extremamente superficial da coluna com paciente em pé e tentativa de reprodução do teste ao final do exame físico (marca-se com caneta locais mais doloridos)

• Alterações motoras ou sensitivas que não correspondem a lesão anatômica

Exames complementares

• Radiografia simples:– Radiografias normais não descartam outros diagnósticos

enquanto que muitas alterações não têm relação com a dor e constituem apenas achados casuais.

– 50 anos

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– 50 anos • 67% tem alguma patologias discal como encurtamento do espaço

intervertebral • 20% possuiu osteófitos enquanto apenas • 13% das pessoas desta faixa etária com ou sem dor lombar tem

radiografia normal. • até 75% dos achados em pacientes com lombalgia eram sem

significado clinico

Exames complementares

• Radiografia simples: Indicações

– falha do tratamento conservador com persistência ou piora da dor;

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ou piora da dor;– assimetria nos reflexos– dor localizada – idoso com lombalgia de início recente

Exames complementares

• Radiografia simples: Indicações

– falha do tratamento conservador com persistência ou piora da dor;

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ou piora da dor;– assimetria nos reflexos– dor localizada – idoso com lombalgia de início recente

Exames complementares

• Cintilografia óssea: suspeita de infecção, tumor, artrite e fratura

• Tomografia computadorizada: suspeita de hérnia de disco, estenose da medula, mieloma

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hérnia de disco, estenose da medula, mieloma múltiplo, avaliação de órgãos retroperitoniais

• Ressonância Nuclear Magnética: suspeita de hérnia de disco, tumores intraespinhais

Exames complementares

• Hemograma completo, velocidade de hemossedimentação, proteína C reativa: ( processo inflamatório ou neoplasia)

• Cálcio sérico e fosfatase alcalina (doença óssea difusa)• Eletroforese de proteínas séricas e urinárias (mieloma

múltiplo)

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• Antígeno Prostático Especifico (metástase por câncer de próstata)

• Analise qualitativa da urina (doença renal)• Sangue oculto nas fezes (úlceras e tumores gastrointestinais)

Tratamento não farmacológico

Evidência

Tratamento Comentário

Benéfico Permanecerativo

Evidências sugerem benefícios parapacientes com dor aguda semirradiação32 (A)

Exercícios Tão efetivos quanto outras formas de

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Exercícios Tão efetivos quanto outras formas detratamento; sem evidência de qualmodalidade é mais benéfica17,18,19 (A);claramente efetivo para lombalgiacrônica33 (A); benéfico para a saúdeintegral e não apenas para lombalgia

Tratamento não farmacológico

Evidência

Tratamento Comentário

Benefícioduvidoso

Acupuntura Estudos sugerem melhora temporária dador; interessante como terapiaadjuvante14,15,16

Fitoterapia Embora faltem ensaios clínicos

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Fitoterapia Embora faltem ensaios clínicosrandomizados, Harpagophytumprocumbens, Salix alba and Capsicumfrutescens parecem reduzir a dor maisque placebo20

Frio e calorlocal

Estudos não demonstram benefício sendoque o calor pode proporcionar algumalivio por um curto período (B); osestudos com frio local são ainda menosfavoráveis21

Tratamento não farmacológicoEvidênci

aTratamento Comentário

Benefícioduvidoso

Hidroginástica Apesar da carência de estudos de grandequalidade, há evidências de serbenéfica inclusive para gestantes22

Massagem Efetivo especialmente se combinada comeducação do paciente e exercícios; háestudos demonstrando que shiatsu é

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estudos demonstrando que shiatsu éainda mais efetivo23

“Mente-corpoterapias”(biofeedback, tai chi, qigong, yoga,hipnose,meditação,relaxamento muscular

Estudos não são conclusivos mas indicamque há segurança e melhora da dor, emespecial com yoga, tai chi e hipnose erelaxamento muscular progressivo24

Tratamento não farmacológico

Evidência

Tratamento Comentário

Benefícioduvidoso

Quiropraxia/manipulação da coluna

Sem evidências claras dos benefícios25,26

(B)

Suporte Sem evidência suficiente para avaliar

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Suportelombar

Sem evidência suficiente para avaliarpossíveis riscos e benefícios27

Provavelmentedanoso

Repouso Deve ser o mais breve possível e a grandemaioria dos casos necessita de nomáximo 3 dias sendo que oprolongamento pode ser deletério5; aposição de pernas fletidas em decúbitodorsal ou de lado é a mais benéfica. (A)

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Promoção á saúde

As sugestões universais de aprimorar alimentação, fazer atividade física e cuidar da

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alimentação, fazer atividade física e cuidar da qualidade do sono são muito importantes em pacientes com lombalgia.

Determinantes Sociais em Saúde

• Aleimentação

• Atividade física

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• Sono

• Trabalho

Dahlgren e Whitehead (1991)

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Relação com o trabalho

Não se deve intensificar a relação direta com o trabalho quando este é manual e repetitivo, direcionando para a causalidade. Na história é importante entender se o paciente faz esta relação ou não mas evitando fortalecê-la ao final da consulta caso o paciente não entenda como causal. Esta estratégia pode ser arriscada caso se chegue à conclusão, muitas vezes falsa, que a profissão exercida por muitos anos é a única causadora dos danos. Se o trabalho é manual

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muitos anos é a única causadora dos danos. Se o trabalho é manual e pesado e o paciente não faz esta relação ela pode ser construída durante a consulta mas evitando um caminho sem saída, ou seja, mais importante que a relação causal é desenvolver estratégias de como lidar com o problema para que a pessoa possa continuar profissionalmente ativa. Por exemplo, fazer repouso a cada 1 a 2 horas de trabalho (tabela 6) e evitar posições não anatômicas (figura 1) são estratégias benéficas

Tratamento farmacológico

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Tratamento farmacológicoGrupo

medicamentoso

Opções

Dose Risco34 Comentário

Analgésicos(A)

Paracetamol

500 – 1 g atéde 6/6 hs(máximorecomendado 4g/dia)

Toxicidade hepáticadose dependente

Há mais estudos comparacetamol provavelmentepor se tratar de uma patentede origem americana, porémnão há contra indicaçãoformal ao uso de dipirona

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g/dia) formal ao uso de dipironacomo analgésico sabendo-se que há o risco deagranulocitose

Antiinflamatórios nãoesteroidais(AINE)(A)

Lesão e sangramentogástrico e lesãorenal, ambasvariadas conformemedicação; uso deprotetor gástricopode minimizareste efeito.

É importante avaliar risco-benefício de efeito colateralgastrintestinal e renal bemcomo evitar uso contínuo;sugere-se alternar comparacetamol para minimizarriscos (uso rotineiro deparacetamol e AINE quandoexacerbação da dor)

Tratamento farmacológicoGrupo

medicamentoso

Opções Dose Risco34 Comentário

Relaxantesmusculares (A)

Carisoprodol

Até 350 mg nomáximo de8/8 horas

Sonolência e tontura(muito comuns),constipaçãointestinal

Usado em associação comanalgésicos ou AINEs;evitar uso prolongado;nunca usar como a únicaestratégia de relaxamentomuscular sem outrasmedidas comportamentais

Ciclobenzaprina

5-10 mg até de8/8 horas

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medidas comportamentais

Antiinflamatóriosesteroidais (D)

Prednisona

5-20 mg/dia (doseúnica matinal)

Lesão gastrintestinais;supressão do eixohipotálamo-hipófise-adrenal(rara em até 7 diasde uso com dosediária matinal);euforia; hipertensãoarterial; resistênciaa insulina; aumentode peso; retardo decrescimento

Uso apenas em caso de hérniade disco (há enm geralcomponente inflamatórioassociado) após tentativade alivio com analgésicosou AINEs porque hácomponente inflamatórioassociado; neste caso podeser até realizada infiltraçãoepidural por especialista;evitar uso de corticóides viaintra muscular em especialpara lombalgia crônica ourecorrente

Tratamento farmacológicoGrupo

medicamentoso

Opções Dose Risco34 Comentário

Opióides(D)

Codeína 30 - 60 mg atéde 4/4 hs

Sonolência, tontura einstabilidadepostural, déficitde atenção,constipação

Pode-se usar codeína cmou sem paracetamol;evitar uso crônico.Tramadol 50 – 100 mg até

de 6/6 hs(máximo

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constipaçãointestinal,retenção urinária,náusea/ vômito.

(máximorecomendado 400mg/dia)

Antidepressivostricíclicos (D)

Amitriptilina 10-50 mg Hipotensão postural,retenção urinária,boca seca.retardamento doorgasmo

Uso apenas parapacientes crônicosquando outrasestratégias falharam;usar dose única ànoite; sempre reavaliarpaciente para verificarse efeitos colateraissuperam benefícios;começar com dosebaixa de até 25 mg

Tratamento farmacológico

• Os benzodiazepínicos não são específicos para relaxamento muscular e devem ser usados com cautela sempre

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• Os antidepressivos não são recomendados para tratamento das lombalgias exceto tricíclicos

Trtamento farmacológico - escolha

• Disponibilidade na rede local• Viabilidade econômica (para rede provada) ou

tempo de espera (na rede pública)• Experiências anteriores do paciente

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• Experiências anteriores do paciente• Disponibilidade de estudos que demonstrem

que os benefícios superam os riscos

Retorno ao trabalhoNível de atividade Retorno ao trabalho estimado

(dias)Principal modificação

Dor mod Dor sev Ciat.

Carga leve (sentado ou andando ecarregando objetosesporadicamente de no máximo9 kg)

0 0-3 2- 5 Não carregar objetos demais de 2,25 kg 3vezespor hora, não ficar namesma posição maisque 30 minutos (fazer 5minutos de intervalo)

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minutos de intervalo)

Carga moderada (sentado ou em pécarregando objetos de até 22,5kg)

- 14-17 21

Carga pesada (em constantemovimento, carregando objetosde até 45 kg)

Até 7 a10

35 35 Não carregar mais que 11,25kg mais do que 15 vezespor hora, não ficar namesma posição semfazer intervalo de 10minutos a cada hora,dirigir veículos leves porno máximo 6 horasseguidas e veículospesados no máximo 4horas seguidas

Dicas

• Aproximadamente 90% das lombalgias são de causa mecânica sendo na maioria dos casos não se acha uma alteração radiológica que justifique

• O prognóstico é ruim se a dor persiste mais que 3 meses e em especial se persiste em mais de 1 ano; neste caso várias alternativas farmacológicas e não farmacológicas devem ser testadas estando sempre alerta para os riscos

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sempre alerta para os riscos• Os principais fatores de risco de cronicidade são depressão,

insatisfação no trabalho, dor recorrente e dor irradiada até abaixo do joelho.

• Na ausência de sinais de alerta vermelho, 4 a 6 semanas de tratamento em geral são suficientes.

• Em grande parte dos casos a utilização de analgésicos e/ou anti inflamatórios não esteroidais por curto período é suficiente

Dicas

• Repouso por mais de 3 dias é em geral nocivo• Explicar o tempo esperado para alívio da dor, reforçar que tem

grandes chances de remissão ou melhora importante e alertar para possíveis fatores agravantes ajudam na recuperação

• Tratamentos não farmacológicos que envolvem desde mudança de hábitos de vida até calor local, massagem e acupuntura devem ser sempre abordados e oferecidos conforme disponibilidade e

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sempre abordados e oferecidos conforme disponibilidade e aceitação do paciente.

• Discutir casos difíceis nas equipes multiprofissionais que atuam na atenção primária.

• É importante o suporte de equipes multiprofissionais que tenham dentre outros profissionais fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos para o tratamento das lombalgias crônicas com o enfoque na reabilitação do paciente.

Referênciamento

Apesar do nome, neste caso nem sempre os sinais vermelhos indicam necessidade de referenciamento ou presença de patologia grave. A maioria deles indicam necessidade de

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grave. A maioria deles indicam necessidade de investigação quanto a uma causa mecânica ou não mecânica diferente de distenção ou tensão muscular.

Referênciamento

Tempo de esperaaceitável

Problema detectado

Emergência Sinais de síndrome da cauda eqüina (disfunçãoesfincteriana, progressivo déficit motor, anestesiaperineal, evidência de acometimento nervoso bilateral)

Até 1 semana Patologia envolvendo medula espinhal

Até 1 semana Progressivo déficit motor ou sensitivo sem outros sinais de

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Até 1 semana Progressivo déficit motor ou sensitivo sem outros sinais desíndrome de cauda equina

Até 3 semanas Dor irradiada (ciatalgia) que não melhora até 6 semanas detratamento

Até 2 meses Suspeita de doença inflamatória como espondiliteanquilosante

Até 3 meses Paciente com lombalgia que não volta às atividadesnormais em até 3 meses; neste caso referir paraespecialista focal e equipe multiprofissional depreferência com a presença de fisioterapeuta

Erros mais frequentes

• Avaliar previamente o paciente com lombalgia (hiperutilizador ou não) como sendo um paciente difícil e diagnosticar lombalgia mecânica não irradiada apenas pela alta prevalência sem fazer passar pela história e exame físicos adequados ou ao menos excluir alertas vermelhos

• Tentar vigorosamente achar alteração da coluna em exame

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• Tentar vigorosamente achar alteração da coluna em exame radiológico para justificar a dor

• Solicitar Raio X para pacientes de forma não criteriosa• Desencorajar os pacientes quanto à possibilidade de melhora

Erros mais frequentes

• Tratar apenas com medicamento nos casos de lombalgia crônica ou recorrente

• Relacionar lombalgia com trabalho sem oferecer alternativas para superação

• Nos casos de cronicidade não abordar e não tratar alertas amarelos, em especial humor deprimido e/ou insatisfação com o trabalho

• Encaminhar pacientes hiperutilizadores ou com várias

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• Encaminhar pacientes hiperutilizadores ou com várias comorbidades ou com um ou mais sinais de alerta amarelos ou com lombalgia recorrente e sem sinais de alerta vermelhos ao ortopedista; é recomendado que estes casos sejam discutidos em equipe multiprofissional para avaliar se foram esgotadas todas as alternativas na atenção primária e qual a conduta a ser tomada por toda a equipe para o real benefício do paciente

Prognóstico

Grande parte dos pacientes melhora em uma semana e a vasta maioria em em 8 semanas. Estudos têm demonstrado que 80-90% dos pacientes terão superado o episódio de lombalgia em até 12 semanas. Quanto mais tempo a lombalgia se

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semanas. Quanto mais tempo a lombalgia se prolonga, pior é o prognóstico. Quando a dor se prolonga por mais de 12 semanas a chance de cronicidade é muito grande atingindo até dois terços deste pacientes.