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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Engenharia Ambiental CAIO CESAR CHIAVEGATTI REÚSO DE ÁGUA, BENEFICIOS PARA O MEIO AMBIENTE E PARA O EMPREENDEDOR Campinas 2013

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Engenharia Ambiental

CAIO CESAR CHIAVEGATTI

REÚSO DE ÁGUA, BENEFICIOS PARA O MEIO AMBIENTE E PARA O EMPREENDEDOR

Campinas

2013

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CAIO CESAR CHIAVEGATTI – R.A. 004201000905

REÚSO DE ÁGUA, BENEFÍCIOS PARA O MEIO AMBIENTE E PARA O EMPREENDEDOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção de título de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Wilson José Figueiredo Alves Junior

Campinas

2013

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AGRADECIMENTOS

Agradeço minha orientadora pedagógica Profª. Cândida pelas valiosas informações e

por todo apoio prestado durante a realização deste trabalho.

Meus agradecimentos também para meu orientador técnico Prof. Dr. Wilson por sua

paciência e informações que também me foram muito úteis para a conclusão deste trabalho de

conclusão de curso.

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RESUMO

O homem, desde tempos remotos, buscou na natureza os recursos necessários para sustentar a si e sua civilização porém, de maneira predatória. Entretanto, em função da percepção que tais bens não eram infinitos e que a própria existência humana poderia estar em risco se porventura estes não estivessem em disponibilidade suficiente quando necessários, forçou o homem a mudar sua mentalidade. Sendo a água um dos bens mais discutidos em relação a sua importância em muitas das atividades humanas, várias reuniões importantes já foram e serão realizadas com os objetivos de adotar métodos de utilizações mais sustentáveis deste recurso somados com o desenvolvimento de tecnologias para reutilizá-la em diversos processos produtivos, diminuindo assim, maior extração da mesma incluindo os custos de seu tratamento. Destas tecnologias discutidas, o reuso de água em atividades como a agricultura, que é a mais dispendiosa deste recurso, em indústrias e até mesmo em atividades domésticas, tem provado ser muito eficiente tanto ambientalmente, pois menos água necessita ser extraída do ambiente, quanto economicamente afinal, se bem implementado, os gastos com tratamento de efluentes e afluentes diminuirá consideravelmente, possibilitando assim, maior competitividade das empresas que a adotam, somado à poupança de capital. Este trabalho tem como objetivo mostrar, através de dados obtidos em diferentes situações as quais se implantaram tais sistemas e quais ganhos ambientais e econômicos foram obtidos com tais práticas.

Palavras-chave: reuso. água. recursos naturais. meio ambiente.

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ABSTRACT

Since long time ago, man always gathered from nature the resources he needed to develop either him or his civilization and, there wasn’t any kind of preoccupation to the nature itself while this predatory resource extraction was taking place however, after realizing that these goods wasn’t endless and the fact that the very human existence could be at risk if this ravaging resources predation continues with that rate, forced men to change its mentality. In matter of importance in a lot of human activities, water takes place among many international meetings who have the goal to achieve more environmentally correct means to use this resource together with technology development to diminish its use in production lines decreasing then, water consumption as later costs due its treatment. One of this technologies that takes place is the water reuse that can be used in activities such agriculture, whose is responsible for the most water usage in human activities followed by the industry and finally, human common use like domestic and commercial doings. This technology has been proving to be very attractive by decreasing water extraction as costs with wastewater disposal, being these very profitable to companies who want to reduce their costs at the same time increasing their competitiveness. This work is to show through collected data, situations whose water reuse was applied and what kind of benefits this companies achieved with such practice.

Keywords: reuse. water. natural resources. environment

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ciclo hidrológico ....................................................................................................... 4

Figura 2 - Distribuição da água no globo ................................................................................... 4

Figura 3 - Consumo de água por atividade humana ................................................................... 5

Figura 4 - Eutrofização de corpo d’água .................................................................................. 10

Figura 5 - Sistemas de gotejamento .......................................................................................... 13

Figura 6 - Sistema de aspersão portátil com laterais móveis. ................................................... 15

Figura 7 - Sistema de irrigação autopropelido ......................................................................... 16

Figura 8 - Sistema de irrigação por pivô central. ..................................................................... 17

Figura 9 - Destinação da água no processo de produção sucroalcooleiro ................................ 21

Figura 10 – Ciclo da água para abastecimento público ............................................................ 25

Figura 11 - Consumo de água por categoria de uso ................................................................. 33

Figura 12 - Mecanismo de funcionamento de uma membrana MBR....................................... 45

Figura 13 - Mecanismos para aquisição de diferenças de pressão em reatores MBR submersos

.................................................................................................................................................. 47

Figura 14 - MBR em módulo externo ...................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação das hidrelétricas brasileiras quanto a potência e localização....................... 6

Tabela 2 - Consumo médio de água em indústrias ................................................................... 18

Tabela 3 - Consumo de água por setor de atividade ................................................................. 23

Tabela 4 - Consumo de água de certas atividades domésticas no Brasil .................................. 24

Tabela 5 - Classes de água de reuso conforme NBR - 13969 e padrões de qualidade ............. 28

Tabela 6 - Tipos de reuso agrícola e qualidade da água requerida ........................................... 35

Tabela 7 - Vantagens e desvantagens do uso do carvão ativado .............................................. 38

Tabela 8 - Vantagens e desvantagens da utilização do ozônio ................................................. 42

Tabela 9 - Tipos de membranas de filtração e suas características .......................................... 45

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

1 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELO HOMEM ................... ................................................... 3

1.1 Água, características gerais .................................................................................................. 3

1.2 Consumo de água ................................................................................................................. 5

1.3 As consequências do uso intensivo da água – impactos ambientais .................................... 7

1.3.1 Definição de esgotos .......................................................................................................... 8

1.3.2 Impactos dos lançamentos de esgotos nos corpos hídricos ............................................... 9

2 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA EM DIVERSOS SETORES DA ECONOMI A ................... 11

2.1 Utilizações da água na agricultura ...................................................................................... 11

2.1.1 Irrigação por gotejamento ................................................................................................ 12

2.1.2 Irrigação por aspersão ...................................................................................................... 13

2.1.2.1 Aspersão convencional ................................................................................................. 14

2.1.2.2 Autopropelido ............................................................................................................... 15

2.1.2.3 Pivô central ................................................................................................................... 16

2.1.3 Irrigação por superfície .................................................................................................... 17

2.2 Utilizações da água na indústria ......................................................................................... 18

2.2.1 Utilização da água no setor sucroalcooleiro .................................................................... 20

2.2.2 Utilização da água no setor de papel e celulose .............................................................. 21

2.2.3 Utilização da água na indústria têxtil .............................................................................. 22

2.3 Utilização de água no abastecimento público..................................................................... 23

3 REUSO DE ÁGUA .............................................................................................................. 27

3.1 Histórico ............................................................................................................................. 27

3.2 Tipos de reuso ..................................................................................................................... 29

3.2.1 Reuso de água para fins urbanos ..................................................................................... 30

3.2.2 Reuso de água para fins industriais ................................................................................. 31

3.2.3 Reuso de água para fins agrícolas.................................................................................... 34

3.3 Tecnologias possíveis para obtenção de água de reuso ...................................................... 37

3.3.1 Carvão ativado ................................................................................................................. 37

3.3.2 Oxidação por ozonização ................................................................................................ 40

3.3.3 Oxidação por cloro e derivados ....................................................................................... 43

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3.3.4 Membranas de filtração ................................................................................................... 44

4 CASOS DE REUSO DE ÁGUA ......................................................................................... 50

4.1.1 Empresa Honda ............................................................................................................... 51

4.1.2 Empresa MABE e Whirlpool .......................................................................................... 52

4.1.3 Casos variados nacionais e internacionais na indústria ................................................... 54

4.2 Casos de reuso na agricultura ............................................................................................. 57

4.2.1 Reuso de água para fins urbanos ..................................................................................... 30

4.2.1 Vale do Mesquital, México ............................................................................................. 57

4.2.2 Semiárido baiano e no Rio Grande do Norte ................................................................... 59

4.2.3 Usina Colombo S/A Açúcar e Álcool ............................................................................. 61

4.3 Casos de reuso para fins urbanos ........................................................................................ 62

4.3.1 Reuso para lavagem de veículos ...................................................................................... 63

4.3.2 Reuso para fins residenciais ............................................................................................ 64

4.3.3 Reuso de água em um parque temático ........................................................................... 65

4.3.4 Reuso de água em uma universidade ............................................................................... 67

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71

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1

INTRODUÇÃO

Entre os recursos naturais dos quais o homem necessita para viver, a água é sem

duvida, um dos mais importantes, a tal ponto de até mesmo ditar qual será o desenvolvimento

de certas localidades em função de sua escassez ou abundância. De tão precioso que é este

recurso, ele já foi responsável por inúmeros conflitos entre populações, tanto antigamente,

quanto agora.

Além de ser um elemento fundamental para a fisiologia humana e demais seres vivos,

nos dias atuais, a água é usada em praticamente todo tipo de atividade humana, tendo

destaque, a agricultura, que inclusive é o maior consumidor deste recurso, a indústria, que

ocupa o segundo lugar em matéria de consumo e por último, embora seja menos utilizadora,

mas não menos importante, os usos urbanos.

Mesmo sendo algo incoerente de se pensar, dada a importância imensa deste recurso,

ela, em muitas situações, sofre altos níveis de degradação em função destas atividades

humanas cuja consequência, é tornar sua utilização inviável prejudicando assim, todos

aqueles, seres humanos ou não, que a necessitam.

Levando-se em conta sua possível escassez em certas ocasiões e a degradação a qual a

mesma vem sofrendo, colocando em risco todo o meio ambiente ao redor, o reuso de água

ocupa uma sólida posição no que se diz respeito ao reaproveitamento deste recurso,

utilizando-se para isso, diversas tecnologias disponíveis, garantindo assim, se for aplicado de

maneira correta e sábia, benefícios não só para o meio ambiente que terá em menor

quantidade um de seus recursos mais preciosos extraídos de seu meio natural, mas também,

para o empreendedor, o qual além de colher os frutos de colocar-se a frente no mercado, que

procura valorizar cada dia mais a preocupação ambiental, também usufruirá de maior

economia de capital durante seus processos produtivos. Deve-se salientar também,

determinados casos, cujos quais, o reuso de água mudou para melhor, a vida de famílias que

viviam em situações precárias, conforme será abordado neste trabalho.

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Porém, mesmo esta atividade sendo muito bem vinda em diversas situações, deve-se

atentar para fatores como, parâmetros de projeto e qual opção é a mais viável afinal, com a

gama de tecnologias existentes atualmente para tal fim, um estudo preciso e realista deve

sempre ser precedido da implementação do sistema de reuso para que com isso, não haja um

investimento desperdiçado graças a um custo/beneficio inviável.

Neste trabalho serão apresentadas inicialmente, as características gerais do elemento

água, tais como sua importância para o planeta, para os seres vivos e para o homem, as

consequências de sua degradação para o meio ambiente e para todos que dela necessitam e,

quais atividades antrópicas que mais utilizam este recurso e como a fazem. Também serão

abordados, informações gerais sobre o reuso de água envolvendo,um breve histórico, tipos de

reuso, setores da economia que podem usufruir deste, vantagens que podem ser obtidas e

algumas das tecnologias que estão disponíveis para aqueles que possuem interesse em

implementar este tipo de sistema.

Por fim, será demonstrado através de estudos de caso, nos setores da agricultura,

indústria e usos urbanos que o reuso de água pode trazer muitos benefícios, tanto para o

empreendedor que implementou o sistema quanto para o meio ambiente, que deixa de receber

um resíduo oriundo de tais atividades que pode vir a comprometê-lo. Vale lembrar que,

também serão demonstrados propostas de reuso de água que não foram viáveis, salientando

que um bom planejamento e levantamento de variáveis são muito importantes e devem

preceder sempre à implementação do sistema de reuso de água propriamente dita.

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1 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELO HOMEM

1.1 Água, características gerais

Composta pela fórmula H2O, a água é uma substância de alta polaridade com

ponto de solidificação a 0ºC, atingindo sua densidade máxima a 4ºC (MANO,

PACHECO, 2005), e é considerada um solvente universal, sendo sua qualidade alterada

através das mais diversas ações humanas e naturais (SPERLING, 2007). Para fins de

utilização antrópica, parâmetros tais como: oxigênio dissolvido, pH, fósforo, nitrogênio,

matéria orgânica, temperatura e uma gama bem ampla de micropoluentes orgânicos e

inorgânicos são levados em consideração (SPERLING, 2007). No Brasil, a portaria que

rege os parâmetros de potabilidade da água para consumo humano é a 2914/2011 que

substituiu a portaria 518/2004 do Ministério da Saúde (SABESP, 2012).

Para o ser humano, cuja composição corpórea é mais de 60% de água, este

elemento é responsável pela manutenção da nossa temperatura corpórea, transporte de

nutrientes por todo nosso corpo, compõe o fluido amniótico, o qual circunda o feto

durante seu desenvolvimento, além de auxiliar na resistência de eventuais choques

mecânicos em órgãos como, medula espinhal e olhos. Como o nosso organismo perde essa

substância de maneira significativa, a mesma precisa ser reposta frequentemente, seja

bebendo-a pura ou, utilizando-se para isso, alimentos e bebidas cujas quais devem possuir

água em suas composições. Vale lembrar que, depois do oxigênio, a água é o elemento

que o corpo mais sente falta durante uma ausência (LINDEMANN; SERAFIM; VIEIRA,

2004).

No planeta Terra, a água está presente em abundância e com volume praticamente

invariável por milhões de anos, obedecendo ao ciclo hidrológico (LORENTZ; MENDES,

2008) conforme a figura 1:

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Fonte: Grassi (2001)

Figura 1 - Ciclo hidrológico

De toda esta água, que corresponde a 2/3 da superfície do planeta Terra, 97,5%

está na forma de oceanos e mares, inviável para abastecimento público ou usos agrícolas

devido ao seu alto teor de sais, e somente 2,5% está na forma de água doce (LORENTZ;

MENDES, 2008). Desta pequena porcentagem, 68,9% está contida em geleiras e regiões

montanhosas na forma de neve, 29,9% em águas subterrâneas, 0,9% através de umidade

do solo e regiões pantanosas, restando apenas 0,3% que se localiza em rios e corpos

d’água, que são responsáveis pelo abastecimento público e para outros usos em atividades

humanas. A figura 2 mostra graficamente estas porcentagens (BRITO; PORTO; SILVA,

2007):

Fonte: Brito; Porto; Silva, (2007)

Figura 2 - Distribuição da água no globo

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Portanto, devido a estes dados, sua disponibilidade para consumo não contempla

de maneira igualitária as 6 bilhões de pessoas que vivem no globo e para ilustrar isso,

basta dizer que países como Brasil (com cerca de 12% de toda água doce do planeta),

China, Rússia e Canadá são os países cujas reservas de água doce são as maiores do

mundo enquanto que, do outro lado, países como Kuwait, Jordânia, Arábia Saudita,

Iraque, entre outros da África e Oriente Médio, são os países que mais sofrem com a

escassez (LORENTZ; MENDES, 2008).

1.2 Consumo de água

Basicamente, o consumo da água no mundo se divide em três categorias, que estão

em ordem decrescente de acordo com a quantidade de água consumida: agricultura, a mais

consumidora deste recurso, seguido pela indústria e por último, o consumo urbano

(BRITO; PORTO; SILVA, 2007). A figura 3 demonstra graficamente estes dados:

Fonte: Brito, Porto, Silva (2007)

Figura 3 - Consumo de água por atividade humana

No Brasil, a água tem sua importância por ser responsável pelo desenvolvimento

de diversas atividades tais como:

• Abastecimento público: responsável pelo fornecimento de água potável para

os mais diversos usos domésticos, tais como alimentação, higiene e desedentação, além

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de também ser utilizada para fins menos nobres tais como: jardinagem e lavagem.

(BRITO; PORTO; SILVA, 2007).

• Uso agrícola e pecuário: é utilizada para desedentação de animais, irrigação de

hortaliças e grandes plantações. Este último, em muitas situações, os mecanismos de

irrigação são antigos, desperdiçadores e pouco eficientes, agravando-se assim, o

desperdício de água (BRITO; PORTO; SILVA, 2007). No Brasil há cerca de 55 milhões

de hectares de terra cultivada e dependendo do estado da terra, mecanismos diferentes de

irrigação são utilizados, com consumos de água distintos entre si. (COSTA, TELLES,

2007).

• Uso industrial: grande consumidora de água, este setor tem sua exigência de

água variando conforme o ramo da atividade (BRITO; PORTO; SILVA, 2007).

• Pesca, turismo e recreação: utilização dos corpos d’água para o lazer e prática

de atividades recreativas pelo público. A importância para a economia local depende

muito de uma região para a outra (BRITO; PORTO; SILVA, 2007).

• Navegação: devido à grande quantidade de acidentes topográficos na maior

parte dos corpos d’água brasileiros, somente a bacia amazônica apresenta condições de

navegação (BRITO; PORTO; SILVA, 2007). Para fins de transporte de cargas, este meio

é muito mais barato que o meio rodoviário por diversos motivos, entretanto, é pouco

utilizado (PORTO, 2007).

• Geração de energia: detentora de 97% de toda matriz energética produzida no

país, à energia hidráulica tem sido de longe, a mais importante fonte de energia do Brasil

que, além de ser renovável, tem seus custos de manutenção mais baratos que de uma

termelétrica. O potencial energético hidráulico brasileiro chega na casa de 258.686 MW

mas, somente 20% é aproveitada (BRITO; PORTO; SILVA, 2007). A relação das

hidrelétricas brasileiras com maior capacidade de fornecer energia assim como sua

localização encontra-se na tabela 1:

Tabela 1 - Relação das hidrelétricas brasileiras quanto à potência e localização. Tucuruí I e II 8.370 Rio Tocantins (PA)

Itaipu (Parte Brasileira) 7.000 Rio Paraná (BR e Paráguai)

Ilha Solteira 3.444 Rio Paraná (SP e MS)

Xingó 3.162 Rio São Francisco (AL e

SE) Paulo Afonso IV 2.462,4 Rio São Francisco (BA)

Itumbiara 2.082 Rio Paranaíba (GO e MG)

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São Simão 1.710 Rio Paranaíba, (GO e MG)

Governador Bento Munhoz da Rocha Neto (Foz do Areia)

1.676 Rio Iguaçu, (PR)

Jupiá (Eng° Souza Dias) 1.551,2 Rio Paraná, (MS e SP)

Porto Primavera (Eng° Sérgio Motta)

1.540 Rio Paraná, (MS, SP)

Total 32.997,6 * Fonte (Aneel, 2011).

1.3 As consequências do uso intensivo da água – impactos

ambientais

Poluição é toda a alteração de uma ou mais propriedades naturais do meio

ambiente causada por agentes de quaisquer espécies que possa ser prejudicial à segurança,

saúde ou bem-estar da população que esta sujeita a estes (BONNELI, MANO,

PACHECO, 2005). Segundo dados da ONU mais de um bilhão de pessoas no mundo não

tem acesso a água potável e cerca de 4 mil crianças morrem diariamente em todo o globo

em função de doenças relacionadas a água tais como: diarréia, cólera, disenteria entre

outras. No Brasil, embora haja avanços sócias nesta área, ainda 80% do nosso esgoto é

jogado nos corpos hídricos sem tratamento, contaminando tanto os cursos d’água, como

também os lençóis freáticos, segundo o IBGE (ANA, 2011).

Como o Brasil possui cerca de 12% de toda água doce do mundo, para evitar a

degradação deste recurso, diversas empresas estão adotando, ainda que em pequena

escala, procedimentos de produção mais sustentáveis tais como o reuso da água e também

seu uso racional, com o intuito de proteger o meio ambiente, aliado ao aumento da

competitividade de seus produtos e/ou serviços, e redução de seus custos de produção.

(ANA, 2011).

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1.3.1 Definição de esgotos

O esgoto sanitário é composto em média de 99,9% de água e 0,1% de sólidos que

incluem: orgânicos, inorgânicos, suspensos e dissolvidos mais os microrganismos

(MELLO, 2007).

Os esgotos basicamente possuem as seguintes características (MELLO, 2007):

• Temperatura um pouco acima daquelas de abastecimento, sendo que sua taxa

de decomposição é proporcional a este fator.

• Possui odores desagradáveis com variação conforme a situação do esgoto. O

esgoto fresco cheira a mofo, e o esgoto velho ou séptico cheira a ovo podre, em função

da presença de gás sulfídrico.

• Quanto à coloração, o esgoto fresco possui cor acinzentada somado com uma

ligeira turbidez e o esgoto velho, cor preta.

• 70% da porção de sólidos de esgoto são de origem orgânica, sendo sua

composição basicamente de carbono, hidrogênio e oxigênio, em alguns casos, há

presença de nitrogênio.

• Sua porção de matéria orgânica deve-se a areias e a outras substancias

minerais dissolvidas.

• Os microrganismos presentes no esgoto sanitário são: bactérias, fungos,

protozoários, vírus e algas. Os seres patogênicos são inseridos no esgoto em função do

produto do metabolismo e excretas de indivíduos e animais doentes, sua medição é em

função da quantidade de bactérias do grupo coliforme presente nas amostras coletadas

para este fim.

O esgoto sanitário, de acordo com a NBR 9648 é composto através de diversas

formas de contribuição humana e natural para com as redes coletoras públicas de esgotos,

entre as quais se pode citar (NUVOLARI, 2003):

• Esgoto doméstico: fruto do despejo líquido resultante de atividades humanas

tais como, higiene e parte dos resíduos de certas necessidades fisiológicas.

• Esgoto industrial: despejo resultante dos diversos processos industriais

respeitados os padrões de lançamento estabelecidos

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• Água de infiltração: água proveniente do subsolo que penetra nas canalizações

sem que seja desejado.

• Contribuição pluvial parasitaria: é a parcela da água de escoamento pluvial

que entra acidentalmente nas redes de esgoto públicas.

1.3.2 Impactos dos lançamentos de esgotos nos corpos hídricos

Graças as mais variadas atividades antrópicas, diariamente milhões de toneladas de

esgotos são jogadas nos corpos d’água sem nenhum tratamento, acarretando assim,

milhões de mortes de pessoas e outros seres vivos que dependem deste recurso (ANA,

2011).

Conforme a população cresce, aumenta também a demanda por comida, e bens de

consumo, que precisam ser produzidos em grande escala para atendê-la, forçando assim a

expansão das indústrias e das áreas para cultivo agrícola. Como muitos dos responsáveis

pela implantação destas atividades infelizmente não se preocupam com o destino e

consequência de seus resíduos e de seus impactos sobre a água de que tanto necessitam

esta, pode chegar a um patamar de poluição na qual sua remediação chega ao limite do

inviável, prejudicando assim, todos ao redor que dependem dela (ANA, 2011).

Um dos tipos de poluentes cujos lançamentos em corpos hídricos são abundante e

muito impactante para o meio é o fosfato, que é oriundo de despejo de detergentes, esgoto

bruto in natura e fertilizantes que utilizam este elemento em sua composição que são

arrastados de plantações através de chuvas. Como este íon funciona como nutriente, seu

excesso pode ocasionar o crescimento excessivo de algas, que ao morrerem, serão

decompostas pelos microrganismos decompositores que utilizarão o oxigênio do meio até

depletá-lo completamente destruindo assim, toda a vida aeróbia do meio em questão

(BAIRD, 2002). A figura 4 mostra um exemplo de um corpo d’água eutrofizado:

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Fonte (<http://www.brasilescola.com/biologia/eutrofizacao.htm>) Acesso em: 04 abr. 2013.

Figura 4 - Eutrofização de corpo d’água

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2 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA EM DIVERSOS SETORES DA

ECONOMIA

2.1 Utilizações da água na agricultura

Considerada de longe como a atividade antrópica mais dispendiosa de água, a

agricultura ocupa uma parcela importantíssima no que diz respeito a sua utilização

(BRITO; PORTO; SILVA, 2007). O Brasil merece destaque neste assunto pois, possui

uma área cultivada de aproximadamente 55 milhões de hectares, sendo que, uma parcela

significativa desta área necessita da utilização da irrigação em larga escala, principalmente

naquelas, na qual o solo é seco ou apresente algum tipo de estresse hídrico, responsável

por deteriorar certas lavouras se não houver irrigação suficiente ou, na ausência deste

(COSTA, TELLES, 2007).

Alguns fatores são relevantes em se tratando da área a ser irrigada, destacando-se

(COSTA, TELLES, 2007):

• Características morfológicas e pedagógicas do solo, como sua capacidade de

armazenamento de água do solo, aliado às condições de drenagem e percolação profunda.

• Evaporação potencial

• Considerar o tipo de cultura que será irrigada, característica a qual se deve

levar em consideração com bastante critério pois, a exigência hidráulica pode mudar

significativamente de uma cultura a outra

• Taxa pluviométrica local

• Método e técnicas de irrigação a serem utilizadas

Deve-se deixar claro que, a eficiência desta técnica também se deve muito ao seu

nível tecnológico afinal, quanto mais avançado este, maior o aproveitamento da água

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pelas plantações, resultando fatalmente em menor desperdício e consumo deste recurso,

podendo-se até mesmo, realizar mais de uma colheita por ano (COSTA, TELLES, 2007).

Na sequência, estão descritas de maneira sucinta, as principais técnicas de

irrigação utilizadas.

2.1.1 Irrigação por gotejamento

A técnica por gotejamento consiste em aplicar a água somente nas partes na planta

que são realmente necessárias, utilizando-se para isso tubulações com furos, que podem

ser dispostos da maneira que for mais adequada ao agricultor, um sistema de filtragem,

que evitará entupimentos nos buracos das tubulações e um conjunto de uma ou mais

bombas que conduzirá a água por todo o sistema (ESTEVES, SILVA, 2012).

As vantagens neste tipo de irrigação são:

• Maior produtividade, principalmente por plantações que exigem maior nível

de umidade no solo, como por exemplo: pomares, cafezais e hortaliças.

• Maior eficiência na adubação e no controle sanitário.

• Não interfere nas práticas culturais.

• Adaptável a diversos tipos de topografia e de solo.

• Pode-se dispensar mão de obra em função de sua mecanização (conhecida

como Fertirrigação).

Entretanto, tal sistema também pode apresentar consideráveis desvantagens tais

como (ESTEVES, SILVA, 2012):

• Alto custo inicial de aplicação

• Possibilidade de entupimento dos gotejadores

• Monitoramento do nível de irrigação, pois, se realizado de maneira incorreta,

os bulbos de certas plantas pode ter deformação em seu sistema radicular (ESTEVES,

SILVA, 2012). A figura 5 mostra dois exemplos de sistemas de gotejamento:

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Fonte: (http://www.hydroagro.com.br/index.php?pag=gotejamento) Acesso em 5

abr. 2003

Figura 5 - Sistemas de gotejamento

2.1.2 Irrigação por aspersão

A técnica de irrigação por aspersores é constituída basicamente de um conjunto

composto de tubulações, motobomba e o tipo de aspersor escolhido, podendo ser rotativo

ou estacionário, que são divididos em outros tipos (TESTEZLAF, s/d). Este tipo de

irrigação ganhou força na Europa e Estados Unidos a partir do ano de 1914, em função do

surgimento de aspersores rotativos, aliado ao desenvolvimento de tubulações compostas

de alumínio, ferro e materiais plásticos (TESTEZLAF, s/d).

A técnica por aspersão possui as seguintes vantagens (TESTEZLAF, s/d):

• Comodidade e facilidade de aplicação.

• Adaptabilidade do sistema às mais diversas particularidades topográficas e

geométricas do terreno.

• Se bem aplicada, possui grande uniformidade na irrigação do terreno.

• Pode ser aplicado junto a fitoquimicos misturados na água de maneira

uniforme na plantação.

• Com manejo adequado, reduz-se a formação de erosão devido ao excesso de

água aplicada ao solo.

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Assim como a técnica por gotejamento, este sistema também pode apresentar

desvantagens tais como (TESTEZLAF, s/d):

• Alto investimento inicial

• Se aplicado a locais nos quais o vento atinja de 4m/s a 5m/s, a uniformidade

da distribuição de água pode ficar prejudicada.

• Se a irrigação ocorrer na folhagem das plantas, pode acarretar o aparecimento

de fungos indesejados.

A irrigação por aspersão pode ser feita através de diversas maneiras diferentes,

dependendo das necessidades do agricultor e também de sua capacidade de investimentos.

Das variantes desta técnica destacam-se as seguintes (ANDRADE, BRITO, 2006).

2.1.2.1 Aspersão convencional

Consiste em mecanismos que podem ser fixos, semifixos ou portáteis. Nos

primeiros, a tubulação pode ser totalmente enterrada e as linhas laterais permanecem na

mesma posição durante toda a irrigação da área. Nos sistemas portáteis semifixos, as

linhas principais são fixas e as laterais móveis, e finalmente nos sistemas portáteis, todo o

conjunto é móvel. Em ambas as últimas, é requerido mão de obra para suas mudanças de

posição (ANDRADE, BRITO, 2006). A figura 6 mostra um sistema de aspersão

convencional:

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Fonte: (http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/

Milho/CultivodoMilho_2ed/imetodos.htm) Acesso em: 10 abr. 2013.

Figura 6 - Sistema de aspersão portátil com laterais móveis.

2.1.2.2 Autopropelido

Esta técnica consiste em um carrinho que se desloca num caminho pré-

estabelecido ao longo da área a ser irrigada, que é movido graças a ação da pressão da

própria água, conforme mostra a figura 7. O carrinho é abastecido com mangueiras que

estão conectadas a ele e a uma fonte fornecedora de água, como um hidrante por exemplo.

É um método relativamente arcaico e pouco eficiente pois, é altamente influenciável pelo

vento, além de apresentar gotas grandes que diminuem a eficiência da irrigação,

desuniformidade da distribuição de água na plantação e é um dos sistemas que mais

consomem energia. Somente é recomendado para lavouras retangulares com no máximo

70 há, com tolerância a menores taxas de irrigação (ANDRADE, BRITO, 2006):

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Fonte (http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/

Milho/CultivodoMilho_2ed/imetodos.htm) Acesso em: 13 abr. 2013.

Figura 7 - Sistema de irrigação autopropelido

2.1.2.3 Pivô central

O pivô central é composto por uma grande haste lateral que está conectada a um

pivô central, girando em torno deste. A linha lateral metálica está dividida em segmentos

suportadas por torres em forma de “A”, que são conectadas entre si por juntas flexíveis.

Em cada torre há um motor elétrico que permite o acionamento independente destas

(ANDRADE, BRITO, 2006).

O sistema, cuja demonstração está na figura 8, é abastecido através de uma adutora

vinda do próprio ponto pivô, distribuindo a água em sua totalidade. Este método pode

abastecer áreas de até 117 ha (hectares) sendo que, é recomendável que a mesma não

ultrapasse 70 ha:

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Fonte: (http://www.hydroagro.com.br/index.php?pag=pivocentral) Acesso

em: 01 mai. 2013.

Figura 8 - Sistema de irrigação por pivô central.

2.1.3 Irrigação por superfície

Este sistema de irrigação é utilizado em 70% das áreas irrigadas do mundo e

consiste em utilizar a superfície do solo para distribuir a água (SOUSA, 2010)

A inundação da superfície submetida a esta técnica pode ser prolongada com a

presença de uma lâmina líquida superficial durante todo o processo de irrigação ou

temporária, permitindo apenas que somente a porção desejada de água penetre no solo.

Existem praticamente três tipos de irrigação por superfície sendo eles (SOUSA, 2010):

• SULCOS: Consiste na condução da água através de pequenos canais, podendo

estes ter formatos triangulares ou circulares, cujos os quais, permanecem úmidos tempo

suficiente para que a mesma penetre no solo.

• FAIXAS: A deposição da água é feita por faixas que medem entre quatro a

doze metros. É adotado em culturas onde há pouco espaço entre as plantas, como o arroz

e o trigo.

• INUNDAÇÂO: O sistema mais utilizado no Brasil e no mundo, no qual a

aplicação da água dá-se por bacias ou tabuleiros, que tem seu tamanho na média de 1m2

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até 5 há. A inundação pode ser intermitente ou contínua, dependendo das necessidades da

lavoura.

2.2 Utilizações da água na indústria

Responsável pela segunda posição do ranking de setor da economia que mais

consome água, perdendo apenas para a agricultura, a indústria utiliza este recurso para os

mais variados fins em suas cadeias de produção, seja na limpeza de pisos, refrigeração,

produção de vapor, lavagem de equipamentos, incorporada no produto final, entre muitos

outros usos. Devido a esta imensa gama de aplicações, o consumo de água da indústria

pode variar muito dependo da atividade em questão, conforme tabela 2. (COSTA,

TELLES, 2007):

Tabela 2 - Consumo médio de água em indústrias

Indústria Unidade de

produção

Consumos/ unidade de

produção. Litros/unid

Açúcar, usinas Kg 100

Aciarias (transformação de ferro gusa em

diferentes tipos de aço kg 250 a 450

Álcool, destilarias Litro 20 a 30

Cerveja Litro 15 a 25

Conservas Kg 10 a 50

Curtumes Kg 50 a 60

Laticínios Kg 15 a 20

Papel fino Kg 1500 a 3000

Papel de imprensa Kg 400 a 600

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Polpa de papel Kg 300 a 800

Têxteis, alvejamento Kg 275 a 365

Têxteis, tinturaria Kg 35 a 70

Fonte: Adaptado de Telles, Costa, 2007

De uma forma geral, a utilização de água nas indústrias resume-se nas seguintes

atividades (FIESP, 2004):

• Consumo humano: é a água utilizada em sanitários, cozinhas, vestiários,

bebedouros, higiene pessoal entre outras funções que envolvam contato humano direto. È

a mais parecida com o consumo doméstico.

• Matéria prima: neste caso, a mesma será incorporada no produto final, tais

como bebidas e outros alimentos cuja necessidade de água é primordial em sua

composição tais como conservas. Destacam-se também produtos de higiene e cosméticos

que usam água como solvente, remédios ou quando a água é submetida a reações

químicas ou físicas para a obtenção de outros produtos.

• Uso como fluido auxiliar: situação a qual a água é utilizada para o preparo de

substâncias químicas, suspensões aquosas, reagentes químicos ou até mesmo, para

lavagem de equipamentos.

• Resfriamento: neste caso, utiliza-se a água que circulará num sistema

específico, retirando assim o calor excessivo do equipamento desejado, mantendo-o em

condições de operação.

Conforme dito, uma única atividade industrial não pode ser tomada como

parâmetro único para estimar o consumo de água deste setor afinal, as atividades acima

assumem porcentagens diferentes para cada caso, por exemplo: o setor de papel e celulose

utiliza 18% de água no resfriamento, 80% no processo de fabricação do papel e apenas

2% em sanitários, já para a industria de fertilizantes nitrogenados 92% da água utilizada

vai para a refrigeração e apenas 8% no processo (COSTA, TELLES, 2007).

A seguir, serão apresentadas algumas atividades industriais, que possuem um

consumo de água significativo, baseado nos dados da tabela 3, e como a água é utilizada

em tais processos:

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2.2.1 Utilização da água no setor sucroalcooleiro

Trazido ao Brasil através de Martim Afonso de Souza em 1532, com origem na

Ásia, a cana de açúcar, desde os primórdios do descobrimento, ocupou posição importante

no que se refere a economia nacional (LOYOLA, 2010). O Brasil, no cenário

internacional, possui um papel de destaque no que se diz respeito à indústria

sucroalcooleira, ocupando o 1º lugar no ranking mundial na produção de açúcar com 34,6

milhões de toneladas e 2º na produção de álcool com 25,9 milhões de litros (LOYOLA,

2010).

O setor sucroalcooleiro necessita de uma grande quantidade de água para se

desenvolver, e embora possa parecer surpreendente, não é a irrigação que a maior

responsável pela utilização massiva de água nesta atividade pois, a plantação utiliza a

umidade natural do ambiente para desenvolver-se, sendo apenas necessária uma irrigação

de emergência em períodos de inverno, no qual a estiagem é mais considerável (LEITE,

H., 2008). A utilização da água no setor obedece a critérios como a tipologia da usina,

baseado em seus produtos finais, sendo assim, considera-se as seguintes médias

(ALMEIDA, 2009):

• Para usinas que produzem 100% açúcar – 30m3/t.cana

• Para usinas que produzem 50% açúcar e 50% álcool - 21m3/t.cana

• Para usinas que produzem 100% álcool – 15m3/t.cana

A utilização de água neste setor obedece uma ordem de 3,6 bilhões de litros d’água

anuais e compreende atividades tais como: lavagem de cana, moagem, fermentação,

destilação, produção de vapor e lavagem de equipamentos. Em muitos casos, a lavagem

da cana, realizada com o intuito de remover materiais grosseiros da cana tais como: areia,

palha e outros poluentes indesejáveis melhorando assim, a qualidade do caldo,

dependendo do tipo de sistema e tecnologia aplicada, pode ser a maior consumidora de

água no processo. A figura 9 mostra as porcentagens de água consumidas conforme etapas

de produção (ALMEIDA, 2009):

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Fonte: Almeida (2009)

Figura 9 - Destinação da água no processo de produção sucroalcooleiro

2.2.2 Utilização da água no setor de papel e celulose

Atividade responsável por um saldo comercial na economia brasileira de 3,3

bilhões de dólares (2007), além de ser um setor em constante expansão, o Brasil, de

acordo com dados da Bracelpa de 2007, é o sexto maior produtor mundial de celulose e o

décimo segundo na produção de papel (AMARAL, 2008).

A produção de celulose e papel possui uma variação de utilização de água em

torno de 15 a 100m3/t dependendo muito de uma indústria para outra. Em função da etapa

de produção, a água é utilizada conforme relação abaixo (AMARAL, 2008):

• Pátio de madeira: etapa na qual a madeira é estocada e/ou processada para ser

submetida a outras etapas. A água utilizada neste processo deve-se situar a menos de

60ºC e com pH entre 6,8 a 7,8.

• Celulose: na etapa de produção deste produto, a água é para abastecer

trocadores de calor que serão responsáveis pela selagem e controle de temperatura dos

mesmos por contato indireto. A água também é utilizada para diluição e lavagem da

polpa, assim como também, para lavagem dos equipamentos.

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• Branqueamento: neste estágio, a água possui várias utilidades diferentes,

dentre elas, diluição, controle de temperatura e funcionamento das prensas.

• Usos diversos: além das etapas acima, a água é utilizada como vapor para

caldeiras, funcionamento de prensas, lavagem de equipamentos e para satisfação de

necessidades fisiológicas tais como: bebedouros, cozinha, vestiários, recreação

(dependendo da indústria), restaurantes e laboratórios.

2.2.3 Utilização da água na indústria têxtil

A indústria têxtil foi implementada no Brasil em meados de 1844, porém, uma

industrialização mais considerável desta atividade, deu-se por volta de 1864, na qual

houve um aumento na produção algodoeira, mão de obra e maior demanda por seus

produtos (MELO, 2008). Atualmente, o setor têxtil brasileiro é composto de

aproximadamente 19.000 empresas o qual envolve: confecções, malharias, fiação e

tecelagem plana, cujo contingente de trabalhadores é na ordem de 1,5 milhões (MELO,

2008). Esta atividade concentra-se nas regiões Sul e Sudeste com 80% das indústrias

instaladas, com destaque no estado de São Paulo, que possui 30% destas empresas, sendo

responsáveis pela produção de diversos artefatos tais como: tapetes, lonas, carpetes, jogos

de cama, mesa e banho e vestuário em geral (MELO, 2008).

Em relação ao consumo de água a indústria têxtil consome em torno de 15% da

água consumida na indústria, sendo utilizada basicamente para transporte de produtos

químicos no processo e remoção de componentes indesejados para o substrato têxtil

(TWARDOKUS, 2004). Durante os processos de beneficiamento da indústria têxtil, tais

como: lavagem, tingimento e amaciamento, a água é utilizada em praticamente todas as

etapas, assim como em atividades de maneira indireta como o resfriamento ou

aquecimento (TWARDOKUS, 2004). A tabela 3 mostra o consumo de água em função da

atividade têxtil em questão:

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Tabela 3 - Consumo de água por setor de atividade

Tipo de tecido para

tingimento

Consumo de água L/kg

produzido Intervalo de variação L/kg

Fios acrílicos e nylon 130 80-170

Fios acrílicos, nylon e

algodão 180 130-350

Malha de algodão 120 80-160

Malha de algodão e

poliéster 110 90-170

Tecido plano de algodão 110 85-130

Tecido plano de seda e

viscose 100 80-150

Fonte: Adaptado de Twardokus, 2004

2.3 Utilização de água no abastecimento público

Neste setor, localiza-se a menor fatia de consumo de água, se comparado a

agricultura e a indústria e divide-se basicamente em consumo doméstico, comercial e para

fins urbanos tais como: limpeza urbana, irrigação de jardins, combate a incêndios entre

outros (PEREIRA; TOCCHETTO, A; TOCCHETTO, M, 2006).

Para consumo doméstico a água deve possuir o maior grau de potabilidade pois,

será utilizado diretamente pelos habitantes em atividades como dessedentação e lavagem

de hortaliças frescas que serão consumidas. (CARVALHO; GUIMARÃES; SILVA,

2007). As taxas médias de consumo em atividades domésticas estão listadas na tabela 4:

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Tabela 4 - Consumo de água de certas atividades domésticas no Brasil

Atividade Tempo Consumo

Banho (registro ½” aberto)

15 minutos ducha 135 L (casa)

243 L apartamento

5 minutos ducha 45 L (casa)

81 L (apartamento)

15 minutos (chuveiro)

45 L (casa)

144 L

(apartamento)

5 minutos (chuveiro) 15 L (casa)

48 L (apartamento)

Escovar os dentes

5 minutos (torneira aberta) 12 L (casa)

80 L (apartamento)

Torneira fechada 0,5 L (casa)

1,0 L (apartamento)

Lavar o rosto 5 minutos (torneira aberta) 2,5 L

Barbear-se 5 minutos (torneira aberta) 12 L

Vaso sanitário Válvula (acionamento de 6 segundos) 10 L

Lavar louça (torneira ½”

aberta) 15 minutos

117 L (casa)

243 L

(apartamento)

Lavar roupa

15 minutos (tanque com torneira

aberta) 279 L

Maquina (5 kg) 135 L

Rega de jardim 19 minutos (mangueira móvel) 186 L

19 minutos (esguicho revolver) 96 L

Fonte: Adaptado de Telles, Costa, 2007

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O ciclo da água para consumo público obedece basicamente o seguinte esquema,

conforme a figura 10:

Fonte: Carvalho; Guimarães; Silva, 2007

Figura 10 – Ciclo da água para abastecimento público

A taxa de consumo de água pode variar em uma região e outra em função de

diversos fatores tais como:

• Crescimento da população: conforme esta aumenta, cresce também a demanda

por serviços de limpeza pública e jardinagem, assim como também o aumento de

indústrias e atividades do comércio, tudo isso, contribui para um maior consumo de água.

• Natureza da cidade: cidades que não possuem indústrias ou estas em baixa

quantidade consomem menos água que cidades industrializadas em função do grande

consumo deste setor econômico

• Clima: cidades quentes utilizam mais este recurso que aquelas frias, isso

também se aplica para cidades com taxas de umidade mais baixas, que são maiores

consumidoras que outras com maior umidade relativa.

• Hábitos de vida da população: populações diferentes possuem hábitos e

costumes diferentes. Quando envolve a utilização da água no cotidiano, duração de

banhos, lavagem de carros e pisos, usos de máquina de lavar entre outras atividades,

cujos consumos de água aumentam em função da maior disponibilidade de renda da

pessoa, são importantes fatores indicativos.

• Medição do consumo de água: municípios cujas concessionárias de água

possuem um aparato tecnológico para medição do consumo de água mais avançado gera

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fatalmente, um maior controle por parte da população da utilização deste recurso afinal,

serão cobradas pelo desperdício, em detrimento daqueles que não possuem um sistema

de medição tão sofisticado.

• Pressão da rede: como a água sai da estação de tratamento com uma pressão

extremamente elevada, se porventura a mesma atingir os domicílios diretamente, tal

pressão forçará a saída de mais água pelas torneiras, mesmo se o usuário for um

consumidor racional. Este desperdício pode ser diminuído se houver um intermediário

entre a estação e os pontos consumidores tais como válvulas redutoras de pressão ou um

reservatório cujo objetivo é diminuir a pressão da rede pública de água (CARVALHO;

GUIMARÃES; SILVA, 2007).

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3 REÚSO DE ÁGUA

3.1 Histórico

A prática de tal atividade já foi registrada, através dos autores Asano & Levine em

meados de 3000 a.C e continuou sendo adotada em diversas partes do mundo até os

tempos atuais, dada a escassez e baixa oferta de água em certas regiões do globo (LEITE,

A,. 2003). Atualmente, se for levado em consideração o tempo desde a antiguidade, a

preocupação com o reaproveitamento da água começou a dar sinais de existência em

países como Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Inglaterra, México com as chamadas

fazendas de esgoto, cujas as quais, armazenavam água de descarte que poderiam ser

reutilizadas em irrigação agrícola, uma rudimentar forma de reuso de água (LEITE, A,.

2003).

Já em 1912, para a irrigação do parque Golden Gate, em San Francisco (EUA) já

se utilizava águas provenientes de descartes que eram submetidas previamente a uma

singela redução de sua carga poluidora em fossas sépticas específicas. Porém, o

pioneirismo em uso de águas residuárias canalizadas foi registrado em meados de 1926,

no parque Grand Canyon, também nos EUA para atividades mais hidricamente

dispendiosas tais como: lavatórios, sistemas de irrigação por aspersão e refrigeração em

certas indústrias (LEITE, A,. 2003).

Esta atividade logo se espalhou em outros países do globo como o Japão, cujo

registro do reuso de águas é datado no início dos anos 50 na qual uma fabrica de papel

passou a utilizar o efluente secundário de uma instalação de tratamento de águas

residuárias, com o argumento de que a água superficial para captação disponível estava

numa qualidade muito aquém da desejável somado à escassez das águas subterrâneas

(LEITE, A,. 2003).

No Brasil, importantes iniciativas já foram tomadas a respeito deste tema cujo

inicio, se deve nos engenhos de cana de açúcar nos quais, os proprietários destas

plantações, usavam efluentes das destilarias de álcool para fertilizá-las. Quanto à

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indústria, a cidade de Cubatão, em função da escassez de água local, recorreu ao reuso de

água para resfriar seus equipamentos em suas instalações (LEITE, A,. 2003).

Outros exemplos nacionais notáveis são: a instalação experimental Jesus Netto da

Sabesp, localizada no bairro Ipiranga que em 1998 começou a fornecer água de reuso a

empresas da região tais como a Coats, que fabrica linhas correntes e que usa até hoje,

águas de reuso provindas desta estação. Esta instalação, juntamente com outras da Sabesp

tais como: ETA (Estação de tratamento de água) Barueri, Parque Novo Mundo e São

Miguel possuem capacidades de fornecimento de água de reuso na ordem de 130 a 150

mil metros cúbicos/mês (PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO,

2012).

Outra experiência que também merece destaque é da estação produtora de água de

reuso (EPAR) que está localizada no município de Campinas e é gerenciada pela Sanasa,

empresa responsável pelos serviços de água e esgoto do respectivo município. Este

empreendimento, que utiliza para este fim, tecnologias de ultrafiltração através do

emprego de membranas especiais, pretende fornecer água de reuso em uma taxa de 360

litros por segundo quando for 100% concluída. Tal recurso será destinado para fábricas

interessadas localizadas em Campinas e região reduzindo assim, a quantidade de água

extraída do Rio Atibaia, Capivari e Jundiaí para usos industriais (PREFEITURA

MUNICIPAL DE CAMPINAS, 2012).

As classes de água para reuso estão demonstradas conforme tabela abaixo:

Tabela 5 - Classes de água de reuso conforme NBR - 13969 e padrões de qualidade

Água de reuso Aplicações Padrões de qualidade

Classe 1

Lavagens de carros e outros

usos em que ocorram

contato direto com o usuário

Turbidez < 5 ut (unidade de

turbidez)

Coliformes termotolerantes

< 200 NMP / 100mL

Sólidos dissolvidos totais <

200mL / L

pH entre 6 e 8

Cloro residual entre 0,5

mg/L a 1,5 mg/L

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Classe 2

Lavagem de pisos, calçadas,

irrigação de jardins,

manutenção de lagos e

canais paisagísticos, exceto

chafarizes

Turbidez < 5 ut

Coliformes termotolerantes

< 500 NMP / 100mL

Cloro residual superior a 0,5

mg/L

Classe 3 Descargas em vasos

sanitários

Turbidez < 10 ut

Coliformes termotolerantes

< 500 NMP / 100 mL

Classe 4

Irrigação de pomares,

cereais, forragens,

pastagens, e outros cultivos

através de escoamento

superficial ou irrigação

pontual

Coliformes termotolerantes

< 5000 NMP / 100 mL

Oxigênio dissolvido > 2,0

mg/L

Fonte: Adaptado de Firjan, 2007

3.2 Tipos de reuso

De acordo com a organização mundial da saúde, o reuso de água pode ser

classificada em diversas categorias, dependo de seus usos e finalidades, conforme mostra

a seguir (MORUZZI, 2008):

• Reuso indireto: ocorre quando a água, após uma ou mais utilizações seja na

indústria ou de uso domestico é despejada num corpo d’água que pode ser superficial ou

subterrâneo. A capacidade de autodepuração deste corpo d’água será responsável pela

redução da carga orgânica deste efluente que posteriormente será utilizado a jusante de

onde foi descartado.

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• Reuso direto: quando ocorre o uso de esgotos tratados na agricultura, indústria,

recargas de aquífero e usos potáveis. A qualidade do efluente deve atender aos requisitos

exigidos pelo solicitante e portanto, deverá ser submetido a tratamentos distintos em

estações dotadas de tecnologias para tal.

• Reciclagem interna: atividade a qual a água é utilizada com a finalidade de

reduzir os custos com a extração da mesma, assim como também, para o controle da

poluição. Para isso, a água é utilizada em sistema fechado na qual somente é reposta,

através de uma fonte externa, quando esta for perdida durante seu uso nos sistemas

operacionais.

• Reuso potável direto: ocorre quando o esgoto bruto é coletado, submetido a

tratamentos avançados e após atingir o nível de qualidade exigido, é novamente

distribuído para a população na rede de abastecimento público. Inviável no Brasil devido

a grande oferta hídrica disponível e ao alto custo de operação deste sistema.

• Reuso potável indireto: situação na qual o esgoto tratado é lançado nos corpos

d’água superficiais ou subterrâneas, cujas mesmas diluirão os poluentes e carga orgânica

do mesmo, será coletado a jusante em estações de tratamento de água para receber

tratamento e posteriormente, ser oferecido à população como água potável.

3.2.1 Reuso de água para fins urbanos

Neste quesito, a água de reuso pode ser reutilizada tanto para fins potáveis quanto

para não potáveis, entretanto, a primeira opção, torna-se em muitos casos, inviável devido

ao alto aparato tecnológico necessário para tal feito, que pode ocasionar gastos muito

elevados em sua implementação tornando o empreendimento vantajosamente baixo se for

levado em consideração o custo benefício (HESPANHOL, 2002). Porém, para usos não

potáveis, a água de reuso não necessariamente precisa ser submetida a tratamentos

dispendiosos, sendo apenas necessário um sistema que reduza sua carga orgânica e

elimine os organismos patogênicos já que, esta água entrará em contato direto com a

população embora, não por ingestão. As atividades urbanas as quais, a água reutilizada

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pode ser empregada para fins não potáveis poupando assim, possíveis gastos com a

extração deste recurso e seu posterior tratamento são (HESPANHOL, 2002).

• Irrigação de parque e jardins, campos de futebol, centros de recreação,

gramados de praças entre outros lugares de lazer onde haja contato com a natureza.

• Lavagens de trens, ônibus e outros veículos para uso público.

• Descargas sanitárias em banheiros públicos, edifícios comerciais e industriais.

• Objetos com finalidade decorativa tais como, chafarizes e fontes d’água

artificiais.

• Controle de poeira em movimentação de terra.

Entretanto, para a aplicação desta atividade, é necessário levar em consideração a

possível presença de problemas operacionais como por exemplo: os custos oriundos dos

sistemas de distribuição, os riscos de uma acidental conexão cruzada com as redes de

abastecimento já existentes e se todo este empreendimento realmente será

economicamente e ambientalmente vantajoso se comparado à construção de uma

infraestrutura para extrair água de um manancial (HESPANHOL, 2002).

Existem cidades que já adotaram água de reuso em certas atividades menos nobres

para poupar água limpa devido a sua escassez como por exemplo: a cidade de Fukouka no

Japão, que possui uma população de aproximadamente 1,2 milhões de habitantes e utiliza

tratamentos terciários tais como ozonização e desinfecção com cloro, para tratar esgotos

domésticos que são canalizados através de tubulações independentes e é usado para

descargas em toaletes em edifícios residenciais, além de ser usado na irrigação de parques

públicos e alguns processos industriais como o resfriamento e lavagem de gases

(HESPANHOL, 2002).

3.2.2 Reuso de água para fins industriais

Devido ao alto consumo de água por esta atividade, perdendo somente para a

agricultura, aliado à crescente demanda de produtos e bens que são originados neste setor,

a indústria, em determinadas situações, com o intuito de obter uma redução de custos com

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este insumo, recorre à compra de efluente tratado ou através da recuperação da mesma em

sistemas de decantadores e lavagem de certos equipamentos, cuja qualidade, embora bem

inferior a da água de abastecimento, pode ser usado em certas atividades industriais

diminuindo assim, de maneira significativa, o custo do produto final (HESPANHOL,

2002).

A água de reuso pode ser utilizada de várias maneiras distintas tais como: torres de

resfriamento, lavagem de pisos, equipamentos e veículos e produção de vapor em

caldeiras. No que se diz respeito às torres de resfriamento, um processo de tratamento

simplificado pode resultar num efluente que não sofrerá efeitos adversos como por

exemplo: incrustação, crescimento intenso de microrganismos ou corrosão

(HESPANHOL, 2002).

Para aplicar um programa de conservação e reuso de água (PCRA), primeiro, deve

haver um pleno conhecimento de onde e como será utilizada a água nas instalações e em

quais processos conforme demonstra a figura 11. Deve-se também levar em consideração

quais tecnologias serão utilizadas juntamente com seus custos com o intuito de verificar se

o custo benefício viabilizará o projeto e por fim, os mecanismos de controle que serão

incorporados nos sistemas de gestão de água estabelecidos. Este PCRA deverá ser

gerenciado por um gestor da água que será responsável pelo monitoramento e garantia de

que o sistema está cumprindo seu papel, zelando pela menor utilização possível de água

nos processos em si, aliada com o acompanhamento contínuo da qualidade deste insumo e

acompanhar o andamento das atividades (FIESP, 2004). A figura 11 demonstra um

exemplo de gráfico de consumo de água por categoria de uso:

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Fonte: Adaptado de Firjan, 2007.

Figura 11 - Consumo de água por categoria de uso

Quanto ao reuso de efluentes, o mesmo pode ter dois tipos, o primeiro é o reuso de

macro externo ou seja, tal insumo é provido de empresas ou concessionarias externas que

irão comercializar este recurso para quaisquer interessados já o segundo, conhecido como

reuso de macro interno, tal água de reuso é obtido através de sua recuperação na própria

indústria e pode ser obtido através de duas maneiras distintas (FIESP, 2004):

• Reuso em cascata: neste processo, a água originada de um processo é coletada

e utilizada em sequencia a outra atividade dentro da mesma empresa, pois, possui

qualidade compatível àquela exigida para ela, entretanto, deve-se tomar certo cuidado

para que este efluente, durante o processo de coleta para posterior reuso, não seja

misturado com os demais, comprometendo assim o processo (FIRJAN, 2007). Pode

haver também situações nas quais o efluente de um processo não seja produzido na

demanda exigida para ser utilizado em outro e neste caso, há a possibilidade de adicionar

água para sanar este problema. A alimentação deste efluente com água também é

necessário quando a qualidade do efluente for alterada durante o processo. Em ambos os

casos é recomendável que na linha de produção deste efluente haja dispositivos de

controle de qualidade deste insumo para que ocorra a alimentação deste com água sempre

que necessário e para isso, pode ser preciso um determinado investimento de capital e

tecnologia (FIRJAN, 2007).

• Reuso de efluentes tratados: utilizado em sua maioria por indústrias, tal forma

de reuso compreende no tratamento de efluentes produzidos na própria planta industrial

para que seja reutilizada nos processos seguintes desde que, atinja o nível qualitativo

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exigido (FIRJAN, 2007). Geralmente, utiliza-se como referência o parâmetro “Sólidos

Totais Dissolvidos” (SDT) que é uma variável padrão e representativa em grande parte

dos processos industriais, usada para caracterizar compostos inorgânicos solúveis que

não são removidos em certas técnicas de tratamento (FIRJAN, 2007).

Em determinadas situações, para compatibilizar a qualidade do efluente àquela

exigida em determinado processo, pode ser necessária a realização de um tratamento

adicional que será responsável por garantir um efluente com características coerentes com

a água usada no sistema de alimentação industrial. Entretanto, toda e qualquer avaliação

de potencial de reuso deve ser cuidadosamente analisado para que o efluente que será

utilizado nos processos industriais desejado seja compatível em qualidade e quantidade

para que assim, não haja qualquer comprometimento futuro no decorrer deste processo

(FIRJAN, 2007).

3.2.3 Reuso de água para fins agrícolas

O território brasileiro possui uma área irrigada em torno de três milhões de

hectares sendo dividida da seguinte maneira: 35% região Sul, 30% região sudeste, 24%

nordeste e 11% no Centro Oeste e Norte juntos. No Brasil, devido a técnicas muito

rudimentares ainda usadas na agricultura tais como aspersão, pivô central e sulcos rasos,

apenas 40% de toda água usada para este fim é aproveitada e os outros 60% perdidos para

a evaporação (BERTONCINI, 2008).

Entretanto, mesmo com os desperdícios de água, a técnica da irrigação é

fundamental para que se obtenham altas produtividades na lavoura, portanto, considerar o

reuso de água para que com isso, seja poupado quantidades significativas deste precioso

insumo são muito bem vindas economicamente tanto é que, grandes empresas

agroindustriais utilizam vinhaça, cuja composição é de 98% de água e 2% de sólidos, que

é uma substancia gerada como subproduto da produção de álcool e possui propriedades

químicas coerentes com aquelas exigidas pelas plantações de cana de açúcar e por isso,

utilizada em enormes quantidades mundo afora, caracterizando-se assim como um grande

exemplo de uso de efluentes para fins produtivos. Infelizmente, no Brasil esta técnica de

alimentação de grande lavouras açucareiras é uma das únicas situações a qual é utilizado

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água de reuso em praticas agrícolas pois, tal pensamento aqui é muito recente

(BERTONCINI, 2008). Países como Israel, por outro lado, que possui uma escassez de

água considerável devido a fatores geográficos, investiu pesadamente em reuso de água,

principalmente em meados da década de 70, na qual elaborou um projeto para irrigação de

plantações de algodão afinal, a irrigação de tal cultura não exige uma água de excelente

qualidade. A situação evoluiu até a utilização de 75% da água de reuso produzida, para

fins agrícolas sendo que, as redes de água em Israel são divididas em duas: uma é para

água potável e é identificada na cor branca ou azul e outra, na cor roxa, para águas

residuais que serão utilizadas na irrigação de lavouras (BARROS; ROCHA; SILVA,

2010).

Porém, antes de utilizar água de reuso para fins agrícolas deve-se levar em

consideração os contaminantes oriundos deste tipo de efluente tais como os metais

pesados, que tem como uma de suas origens, os esgotos domésticos e podem causar sérios

problemas de contaminação às culturas irrigadas, aos solos e aos corpos d’água

subsuperficiais. Deve-se atentar também que, a irrigação frequente com efluente

carregado de metais pesados pode causar o acumulo destes elementos nas culturas e que

se ingeridas, os mesmos podem manifestar diversos tipos de doenças ao homem

(BERTONCINI, 2008).

Excesso de sais em efluentes sanitários também pode ser prejudicial para o solo já

que, se aumentar a salinidade do solo com a aplicação contínua de um efluente salino em

uma cultura, as plantas não conseguirão absorver a água do solo causando assim um

déficit hídrico nas mesmas, reduzindo a produtividade da cultura. Microrganismos vivos

tais como helmintos, vírus e bactérias originadas de esgotos sanitários também podem vir

a ser um problema de saúde publica dependendo de como é utilizado na irrigação e em

quais culturas (BERTONCINI, 2008).

A tabela 6 demonstra de maneira resumida quais tipos de qualidade de água são

exigidas dependendo da atividade agrícola em questão que se queira executar:

Tabela 6 - Tipos de reuso agrícola e qualidade da água requerida

Uso Culturas arbóreas

e oleaginosas

Culturas

limitantes

Culturas ingeridas

cruas

Remoção de patógenos x xx xxx

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Desinfecção com cloro - xx xx

Remoção de sólidos

suspensos e

dissolvidos

x xxx xxx

Presença de oxigênio

dissolvido x xx xx

Remoção de DBO e

Carbono orgânico

dissolvido

x xx xxx

Remoção de nutrientes - - -

Remoção de odor e cor x x xx

Remoção de metais

pesados x xx xxx

Remoção de salinidade

excessiva 0 x x

Fonte: Adaptado de Barros, Rocha, Silva, 2010 (-) não necessário; (0) usualmente não

necessário; (x) ligeiramente necessário; (xx) moderadamente necessário; (xxx) fortemente

necessário.

Portanto, embora o reuso de água para fins agrícolas possa ter suas vantagens

ambientais e econômicas, certos fatores devem ser levados em consideração tais como: a

caracterização do efluente a ser utilizado, qual tipo de cultura será submetida a este tipo de

irrigação e medidas de proteção para a saúde dos trabalhadores envolvidos para que não

haja problemas futuros na adoção desta prática (BARROS; ROCHA; SILVA, 2010).

Segue abaixo, uma relação das técnicas mais usadas na irrigação com água não

potável e quais cuidados recomenda-se ter ao manipular tal insumo:

• Irrigação por sulcos ou inundação: ambas as técnicas são muito vantajosas

economicamente, pois, além de possuir baixos custos de implementação, há também o

fator da pouca ou nenhuma necessidade de movimentação de terra, entretanto, devido ao

grande contato do lavrador com a água não potável, o mesmo deverá dispor de

equipamentos de proteção individuais tais como: botas, luvas, entre outros, com a

finalidade de não se contaminar (WHO, 2008).

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• Irrigação por equipamentos de spray ou lançadores de água: esta técnica é

responsável pela maior faixa de contaminação da superfície das lavouras, assim como

também, de comunidades ao redor, devido ao lançamento de microrganismos

patogênicos como vírus e bactérias durante a ação dos aerossóis. Em função deste

entrave, recomenda-se adotar uma zona de segurança de 50 a 100 metros de moradias e

de estradas, quando for escolhida esta técnica para irrigar plantações com água de reuso

para que minimize ao máximo, a possibilidade da contaminação de terceiros. O uso de

equipamentos cujos jatos de água sejam mais limitados em relação a área a ser irrigada

pode diminuir também a possibilidade de contaminação, tanto da lavoura, quanto de

comunidades próximas, por estes microrganismos patogênicos (WHO, 2008).

• Irrigação localizada: tendo a técnica por gotejamento como a representante

mais comum neste tipo de irrigação, este método é considerado o mais seguro em relação

de contato água/trabalhador, assim como também, para redução dos desperdícios afinal, a

água será aplicada diretamente nas plantas e não, conforme item anterior, sendo lançada a

esmo. Todavia, este método de irrigação tem um alto custo de implementação devido ao

aparato tecnológico necessário para tal sendo assim, desvantajoso para o produtor de

baixa renda embora, países como a Índia e Cabo Verde recorreram a uma variante mais

barata desta técnica para irrigar certas culturas, podendo isto ser possível com a pesquisa

e utilização de materiais de baixo custo como, por exemplo, o bambu (WHO, 2008).

Na aplicação de irrigação por gotejamento e suas derivadas é necessário prestar

atenção na qualidade do efluente utilizado, no que se diz respeito a quantidade de sólidos

presentes já que, uma água de reuso muito carregada deste material, poderá acarretar

entupimentos no sistema obrigando assim, a um monitoramento sistemático do

mecanismo afim de evitar este tipo de infortúnio (WHO, 2008).

3.3 Tecnologias possíveis para obtenção de água de reuso

3.3.1 Carvão ativado

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Existem efluentes que possuem compostos de difícil remoção tais como certos

compostos orgânicos que resistem à ação do tratamento biológico e outros que possuem

toxicidade considerável, podendo comprometer a cultura de microrganismos presente nas

estações que os utilizam para o tratamento de esgoto sanitário. Para solucionar este

problema, a aplicação de carvão, especialmente tratado para este fim, pode remover tais

poluentes através da técnica da adsorção, propriedade a qual, este material oferece de

maneira muito satisfatória (OENNING, 2006).

Em geral, o carvão ativado possui as seguintes vantagens e desvantagens,

conforme a tabela 7:

Tabela 7 - Vantagens e desvantagens do uso do carvão ativado

Vantagens Desvantagens

Para efluentes com quantidades

significativas de contribuições industriais, o

carvão ativado possui eficiência

comprovada na remoção de compostos

orgânicos dissolvidos

Pode ocorrer crescimento de bactérias no

campo de filtração, podendo acarretar na

produção de gás sulfídrico cujo o mesmo,

pode exalar maus odores e problemas de

corrosão

Necessita pouco espaço para

implementação

Carvão não regenerado pode se tornar um

resíduo problemático

Pode ser facilmente incorporado a uma

estação de tratamento já em operação

Carvão com alto grau de umidade tem

efeitos corrosivos e abrasivos.

Fonte: Adaptado de EPA, 2000

Para obter este material, que pode ser se origem vegetal, animal ou mineral,

primeiramente deve realizar o processo da carbonização, na qual ocorre a queima do

carvão em fornos comuns ou rotativos, sem a presença de oxigênio e após este processo,

realizar-se-á a ativação que consiste na oxidação do carvão obtido na fase anterior através

de agentes oxidantes específicos, cujos os quais serão responsáveis pelo despreendimento

das moléculas CO e CO2 do carvão garantindo assim, a formação dos poros concluindo

assim, o processo de fabricação deste material. O produto final ainda pode ser separado

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em duas categorias em função de sua granulometria: carvão ativado em pó (CAP), com

diâmetro em média de 0,074 mm e o carvão ativado granulado (CAG) cujo diâmetro situa-

se em tamanho maiores que 0,10 mm (OENNING, 2006).

O mecanismo de adsorção do carvão ativado, de maneira resumida, ocorre através

da interface liquido-solido e inicia-se quando o composto a ser removido aproxima-se do

filme liquido fixo que esta na superfície do adsorvente e em seguida pode penetrar em

seus poros, onde forças elétricas de atração (forças de Van der Walls) serão responsáveis

por reter a partícula na superfície do absorvente, caracterizando assim, adsorção física. Tal

superfície de adsorvente pode ser na superfície interna do carvão, através de seus poros,

como também em sua superfície externa. Há também a adsorção química que ao invés de

acontecer através das forças elétricas dos átomos, ocorre em função da formação de um

composto químico que surge na interação entre o composto e a superfície adsorvente

(OENNING, 2006).

O carvão ativado pode ter diversas aplicações tanto para a remoção de compostos

orgânicos tais como: fenóis, derivados do benzeno, combustíveis, algumas classes de

pesticidas, solventes baseados em compostos aromáticos, entre outros e também,

compostos inorgânicos destacando-se: nitrogênio, sulfatos e metais pesados. Sua aplicação

geralmente dá-se como tratamento terciário, seguido do tratamento biológico e antes da

desinfecção sendo que, sua eficiência na remoção dos compostos desejados é influenciada

diretamente pela qualidade e quantidade do efluente lançado no sistema, portanto, é

importante haver um monitoramento adequado para que o sistema opere de maneira

correta. (EPA, 2000).

Com o intuito de economia, o carvão deve ser submetido à regeneração ou

reativação assim, poderá recuperar parte de seu poder de adsorção possibilitando um

numero maior de usos deste material, entretanto, quando isto ocorre, uma perda de poder

de adsorção na ordem de 4% a 10% na regeneração e 2% a 5% na reativação são

esperadas. A regeneração pode ser feita por processos como (OENNING, 2006):

• Oxidação química do material adsorvido.

• Processo térmico.

• Solventes.

• Retirada de material adsorvida por vapor.

• Conversão biológica.

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No processo de regeneração, o carvão é submetido a altas temperaturas através de

um forno que fica na faixa de 650ºC a 980ºC na qual são responsáveis pela oxidação e

volatização dos compostos que estão adsorvidos nos substratos. Dependendo de quais

compostos estão adsorvidos e da técnica utilizado para a regeneração, a porcentagem de

perda do poder de adsorção pode variar. Já na reativação do carvão, o processo é

semelhante pois, o mesmo também é submetido a altas temperaturas para a retirada do

material adsorvido, junto com outros compostos orgânicos voláteis que podem se formar

durante o processo (OENNING, 2006).

3.3.2 Oxidação por ozonização

O ozônio, cuja formula química é O3, é produzido em ambientes controlados

quando moléculas de oxigênio são dissociadas em átomos, através de uma fonte de

energia e colidem com outra molécula de oxigênio, formando assim o ozônio. Grande

parte do ozônio produzido em instalações baseia-se em um mecanismo no qual haja um

ambiente fechado com oxigênio cujo mesmo será submetido a uma descarga elétrica que

irá produzi-lo mas, devido à sua alta instabilidade, o ozônio deve ser produzido no próprio

local de uso (EPA, 1999). Tal molécula é muito eficiente para a remoção de

microrganismos patogênicos, afinal, seu potencial de oxidação é na ordem de 2,08 se

comparado com os 1,36 do cloro (OENNING, 2006) e seus mecanismos de desinfecção

incluem (EPA, 1999):

Oxidação da parede celular, ocasionando o vazamento do conteúdo interno da

célula e consequentemente, matando-a.

• Reações com os subprodutos oriundos da decomposição do ozônio.

• Danos aos constituintes dos ácidos nucleicos.

A aplicabilidade do ozônio, se for considerado estações de tratamento de efluentes,

é realizada após o tratamento biológico ou secundário e juntamente com a desinfecção,

também podendo ser utilizado para controle de odores. Nos Estados Unidos, há muito

poucas instalações que utilizem deste sistema de tratamento pois, alega-se alto custo de

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implementação sendo portanto, desvantajoso economicamente se comparado a tecnologias

existentes porém, em países europeus, seu uso é mais difundido (EPA, 1999).

Se considerar os ramos de aplicação do ozônio, o mesmo possui uma gama muito

grande onde pode ser empregado conforme mostra relação abaixo (OENNING, 2006).

• Desinfecção de piscinas, água fresca, água de resfriamento e águas de

processo

• Melhoria de gosto e odores de um efluente.

• Desinfecção, descoloração, desodorização e desintoxicação de efluentes, assim

como a melhor de sua biodegradabilidade.

• Tratamento de efluente de indústria de papel e celulose e têxtil, como também

de lixívia e chorume.

• Branqueamento de matérias primas e produtos.

• Oxidação de gases.

Um sistema de tratamento com ozônio é composto basicamente nos seguintes

componentes (OENNING, 2006).

• fornecedor de energia.

• instalação de equipamentos para preparação de fornecimento do gás tais como:

filtro, compressor, soprador, resfriador e secador de ar.

• gerador de ozônio.

• módulo que promova o contato ozônio/efluente.

• sistema responsável pela destruição do ozônio excedente.

A geração de ozônio através de uma descarga elétrica é o meio mais eficiente na

fabricação deste composto porém, é a etapa que mais gasta energia se comparado às

demais. Para aumentar a eficiência deste método, recomenda-se uma boa preparação do ar

ambiente no qual se fará a geração do mesmo realizando atividades como: redução da

quantidade de pó, teor de umidade do ar abaixo de 1kg/m3, sendo que abaixo de 0,1kg/m3

é o ideal, resfriamento do ar a 4ºC, aplicação de tensões na ordem de 10.000 a 20.000

volts e realizar um grande numero de ciclos (1000 ciclos/s) (OENNING, 2006).

O ozônio pode ser aplicado no efluente a ser tratado basicamente através da

injeção do mesmo no líquido em questão e para isso, pode-se utilizar de diversas

tecnologias disponíveis tais como injetores, torres de lavagem, difusores, entre outros,

entretanto, como o ozônio é muito tóxico, se for observado no sistema uma quantia que

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não foi utilizada, o mesmo deve ser destruído, através de unidades térmicas (OENNING,

2006). A tabela 8 apresenta vantagens e desvantagens do uso do ozônio:

Tabela 8 - Vantagens e desvantagens da utilização do ozônio

Vantagens Desvantagens

Maior eficiência que o cloro na remoção de

bactérias

Baixas dosagens podem ser insuficientes para

erradicar certos tipos de microrganismos

O processo de ozonização dura

aproximadamente de 10 a 30 minutos

Como a tecnologia do ozônio possui certa

complexidade, se comparado a aplicação por

ultravioleta ou cloro, pode haver maior

necessidade de suporte técnico e treinamento

para manusear os sistemas.

O Ozônio possui rápida decomposição

portanto, não libera residuais no fim do

processo

Ozônio é muito corrosivo e reativo portanto,

necessita de ambientes revestidos de aço

inoxidável ou outros que sejam resistentes a

tais solicitações

Não há novo crescimento de microrganismos

num efluente que sofreu ozonização, exceto

se estiver protegido dentro de partículas

especificas do meio

Tal processo pode ser desvantajoso

economicamente se for aplicado em efluentes

com alta carga de sólidos em suspensão,

DBO, TOC e DQO.

Como o ozônio é gerado dentro da instalação,

não há preocupação com transporte e

manuseio.

Ozônio é muito irritante e tóxico para o ser

humano então, deve ser destruído antes de ser

lançado à atmosfera

Ozônio eleva a quantidade de oxigênio

dissolvido (OD) do efluente portanto, em

certos casos, não há necessidade de aeração

do mesmo

O custo inicial pode ser elevado, assim como

também em matéria de utilização de energia

elétrica

Fonte: Adaptado de EPA, 1999

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43

3.3.3 Oxidação por cloro e derivados

Diferentemente do ozônio, a oxidação por cloro pode incluir diversos compostos

derivados deste elemento tais como: dióxido de cloro, cloraminas, o próprio cloro puro, no

estado líquido ou gasoso, hipoclorito de cálcio e hipoclorito de sódio, que possuem as

seguintes características (DANIEL, 2001):

• Hipoclorito de sódio e de cálcio: estes dois, são os mais aplicados em

desinfecção química, em detrimento ao cloro gasoso afinal, eles podem ser utilizados

para fins menores como por exemplo: desinfecção de piscinas, água para beber, navios,

hotéis entre outros usos em que há necessidade de desinfecção rápida e simples de água.

Vale lembrar que o hipoclorito de cálcio é comercializado na forma sólida e o hipoclorito

de sódio, na forma liquida (DANIEL, 2001).

• Cloraminas: outro composto também derivado do cloro uso para oxidação de

microrganismos são as cloraminas que possuem boa eficiência na desinfecção, embora

não seja tão eficiente quanto o hipoclorito na remoção de vírus e Giardia. As cloraminas

são compostos resultantes da reação do cloro com compostos nitrogenados como o NH3

tendo como produto final a monocloramina NH2Cl, a dicloramina NHCl2 e o tricloreto de

nitrogênio NCl3. A utilização destes compostos possuem as vantagens de reduzir a

formação de trihalometanos, que são prejudiciais à saúde humana, e de manter um

residual na rede reduzindo assim, o crescimento de microrganismos patogênicos no

decorrer da rede hidráulica, entretanto, sua aplicação não é recomendável para criação de

peixes em aquários e em sistemas onde haja filtração por membranas nanométricas

(DANIEL, 2001).

• Dióxido de cloro: este produto é uma alternativa ao cloro gasoso podendo ser

utilizado como desinfecção de efluentes e até mesmo, em tratamentos avançados como

oxidante. Seu poder de oxidação é 250% a mais que o cloro comum e possui grande

capacidade de eliminar vírus, bactérias, algas, compostos orgânicos nocivos, além de

oxidar sulfatos e óxidos metálicos. O dióxido de cloro também tem como vantagem, a

permanência na rede maior que o cloro sendo assim, oferecendo uma maior garantia de

não proliferação de microrganismos patogênicos nas águas de abastecimento mesmo

após passado certo tempo da aplicação deste produto (OENNING, 2006).

• O dióxido de cloro possui certas vantagens das quais (DANIEL, 2001):

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• Tem capacidade de oxidar ferro, manganês, amônia e sulfetos

• Deixa residual na rede

• Fácil geração

• Pode controlar gosto e odor resultante de algas e compostos fenólicos

• As propriedades biocidas não são influenciadas pelo pH

Entretanto, o mesmo possui as seguintes desvantagens: (DANIEL, 2001)

• A luz solar decompõe o dióxido de cloro

• O agente químico é explosivo e deve ser bem armazenado

• O custo do aluguel do equipamento para gerar este composto pode ser

desvantajoso economicamente.

• A desinfecção com dióxido de cloro gera cloritos e cloratos, cujo padrão de

potabilidade brasileira é de apenas 0,2mg/L

3.3.4 Membranas de filtração

O termo bioreator de membranas (MBR) compreende todo o processo aplicado,

seja em água ou em efluentes, utilizando como principio de tratamento, a passagem destes

no tratamento biológico seguido de uma etapa na qual será submetido a um equipamento

integrado com membranas de permeabilidade seletiva. Estas membranas, cujos potenciais

de filtração variam conforme as exigências da qualidade do efluente final, funcionam

como um filtro, rejeitando materiais sólidos, além de microrganismos com dimensões

variadas (JUDD, 2011). A figura 12 mostra de maneira simples, o mecanismo de

funcionamento destas:

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Fonte: Adaptado de Revista Meio Filtrante, 2009

Figura 12 - Mecanismo de funcionamento de uma membrana MBR

Esta tecnologia já vem sendo utilizada desde o início dos anos 60, na forma de

osmose reversa para retirada de sal da água do mar, posteriormente na década de 80 as

membranas de nanofiltração, cuja característica notável era o fato de necessitar de menos

pressão pra funcionar, começaram a ganhar espaço para remoção de cor em águas na

Noruega, cuja origem é em região de turfas (material de origem vegetal) e para remoção

de dureza em corpos d’água subterrâneas no estado da Flórida. Usualmente, as

membranas são classificadas conforme o tipo de filtração, levando-se em conta, o

tamanho dos poros da membrana, assim como os materiais passantes (GIACOBBO,

2010). Estes detalhes são ilustrados na tabela 9.

Tabela 9 - Tipos de membranas de filtração e suas características

Tipo de

processo

Força atuante

na membrana

Tipo de

mecanismo

de separação

Tamanho

do poro

Faixa

típica de

operação

(em μm)

Descrição

do

permeado

Tipos de

elementos

dissolvidos

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Microfiltração

Diferença de

pressão

hidrostática

ou vácuo

Filtro Macroporo

s (>50nm) 0,08 -2,0

Água +

solutos

dissolvidos

SST, turbidez,

protozoarios,

oócitos, cistos,

algumas

bactérias e

virus

Ultrafiltração Diferença de

pressão hidrostática

Filtro Mesoporos

(>2-50nm)

0,005 –

0,2

Água +

pequenas

moleculas

Macromolecula

s coloides, a

maioria das

bacterias,

alguns vírus e

proteinas

Nanofiltração Diferença de

pressão hidrostática

Filtro +

dissolução,

difusão +

exclusão ou

separação

Microporo

s (< 2nm)

0,001 –

0,01

Água +

pequenas

moleculas,

íons

dissolvidos

Pequenas

moléculas,

dureza e vírus

Osmose

Reversa

Diferença de pressão

hidrostática

Dissolução,

difusão +

exclusão ou

separação

Denso/opa

co (< 2nm)

0,0001 –

0,001

Água,

pequenas

moleculas,

íons

dissolvidos

Moléculas

muito

pequenas, cor,

dureza, e outros

ions

Fonte: Adaptado de Oenning, 2006

As membranas de filtração geralmente são confeccionadas de material polimérico

e cerâmico, que são utilizados para criar uma camada bem fina que garanta a

permeabilidade e ao mesmo tempo, retenha as partículas desejadas. Os poros também

necessitam ter resistência mecânica, a ataques químicos e a variações de temperatura para

que não haja danos ao sistema durante o funcionamento dos processos de separação dos

sólidos. Embora haja no mercado membranas metálicas, estas possuem aplicações muito

restritas, portanto, não se enquadram na categoria de biorreator de membranas (JUDD,

2011).

O modo de operação dos sistemas MBR se dividem basicamente em dois tipos

conforme mostrado abaixo (GIACOBBO, 2010):

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• MBR com módulo de membrana submerso: nesta situação, ocorre a imersão

do módulo de membrana diretamente no tanque onde ocorrerá o processo de separação,

podendo ser um tanque separado ou onde ocorre o tratamento biológico. Para realizar o

processo de filtração, pode ser aplicado um vácuo na parte interna da membrana

ocasionando uma pressão negativa ou através de uma pressão hidráulica, provocada por

uma diferença de altura entre o efluente e o módulo de membranas. Em ambas as

situações, o efluente será forçado a passar por elas, retendo as partículas do lado de fora

da membrana e o que passar, é considerado o efluente tratado e direcionado a outra etapa,

conforme demonstra a figura 13. O sistema submerso tem a vantagem de trabalhar com

baixas diferenças de pressão deste modo, a pressão transmembrana (PTM), que é a

diferença de pressão entre a parte interna da membrana onde localiza o efluente tratado e

a parte externa a ela, que é o efluente a ser filtrado, varia entre 0,2 a 0,8. Juntamente com

esta característica, há também um menor consumo de energia do decorrer deste processo:

Fonte: Adaptado de Giacobbo, 2010

Figura 13 - Mecanismos para aquisição de diferenças de pressão em reatores MBR

submersos

• MBR com módulo de membrana externo: neste sistema, diferentemente do

anterior, o módulo de membranas fica fora do tanque de efluente. Para que ocorra o

mecanismo de separação dos substratos desejados, uma bomba direciona o efluente até o

sistema de membranas que promoverá o processo de filtração. Após esta etapa, o efluente

tratado é separado e a outra parte, que é o concentrado, volta para o reator. A figura 14

ilustra isto com mais detalhes:

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Fonte: Giacobbo, 2010

Figura 14 - MBR em módulo externo

As vantagens deste sistema é que ele necessita de menos espaço para funcionar e o

fluxo de efluente tratado produzido é alto, se houver um monitoramento eficiente de

parâmetros tais como: PTM, velocidade tangencial no módulo, frequência e duração das

retrolavagens e pulsos de ar na corrente de alimentação. Entretanto, a grande desvantagem

deste dimensionamento do sistema de MBR é seu elevado custo de energia e portanto, esta

configuração só seria vantajosa se o consumo de energia for compensado pela redução do

espaço necessário para a instalação ou seja, para plantas de pequeno porte (GIACOBBO,

2010).

Para o bom funcionamento dos reatores de membrana, diversos fatores devem ser

levados em consideração e monitorados frequentemente, dentre os quais: temperatura, pH,

características do efluente, vazão, entre outros que serão descritos na sequência.

(GIACOBBO, 2010):

• Aeração: utilizada apenas na etapa de tratamento aeróbio, a aeração tem sua

importância para fornecer a quantidade de oxigênio necessária para os microrganismos

aeróbios degradarem a matéria orgânica. Para módulos de membrana submersos, a

aeração, através do choque cinético das bolhas, pode auxiliar na remoção de sólidos

retidos na superfície das membranas.

• Concentração de sólidos: seu valor é inversamente proporcional a taxa de

permeabilidade das membranas ou seja, alta quantidade de sólidos no meio diminui a

eficiência da permeabilidade no sistema devido ao entupimento dos poros, portanto, altas

concentrações de sólidos devem ser evitadas.

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• Pressão transmembrana (PTM): outra variável inversamente proporcional a

eficiência da permeabilidade do sistema. Uma PTM alta aumenta a velocidade a qual as

partículas irão se aderir às paredes da membrana, aumentando assim, a taxa de

entupimento das mesmas sendo assim, recomenda-se uma PTM mais baixa para que haja

um funcionamento mais estável do módulo.

• Colmatação: também conhecido como Fouling, este processo físico é

responsável por formar um filme de partículas sobre a membrana reduzindo assim, a

capacidade de permeação da mesma. Este fator é um dos maiores desafios para aqueles

que gerenciam um sistema de MBR e possui como principais causas: o envelhecimento

das membranas, adsorção de macromoléculas e material coloidal, precipitação de matéria

inorgânica, aumento considerável no fluxo conhecido como fluxo crítico, que se

ultrapassado, atrairá mais partículas para o sistema diminuindo assim, o tempo que as

mesmas irão colmatar nas membranas causando desta maneira, este fenômeno. Se este

filme de partículas for de origem biológica, em outras palavras, crescimento de

microrganismos nas membranas, este fenômeno passa a se chamar Biofouling e pode

causar problemas tais como: redução da vida útil da membrana, redução do fluxo de

operação, aumento do consumo de produtos químicos para a limpeza do sistema, entre

outros.

• Compactação: processo inevitável, causado pelo rearranjo das moléculas das

membranas conforme uso das mesmas nos processos de tratamento, sendo basicamente

uma deformação mecânica.

• Lavagem química: com o intuito de evitar a colmatação e manter um fluxo de

permeabilidade aceitável no sistema, sem que para isso seja necessário um grande

consumo de energia, o uso de produtos químicos específicos é recomendável para a

“lavagem” periódica das membranas removendo materiais como: sais, sílicas, sólidos,

camadas de microrganismos, matéria orgânica e outros sedimentos. Dependendo da

intensidade da colmatação, os ciclos de limpeza podendo ser diárias, semanais ou

mensais e compreendem os seguintes tipos: retrolavagem quimicamente forçada (diária),

limpeza com maior concentração química (semanal) e limpeza química intensiva

(semestral ou anual).

Os sistemas de MBR possuem uma diversa gama de aplicabilidade afinal,

dependendo do tamanho dos poros das membranas, praticamente qualquer partícula

poderá ser removida como por exemplo: sais, vírus, bactérias, sólidos, nitrogênio, fósforo

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entre muitos outros. O único fator determinante é qual será a qualidade do efluente que

deseja-se obter para que com isso, seja utilizado a tecnologia correta (EPA, 2010). As

vantagens deste sistema de maneira geral são, além de remover praticamente qualquer

partícula em suspensão, fornecendo assim um efluente tratado que pode ser utilizado

diretamente para reuso em diversas atividades, estes sistemas exigem pouco espaço para

instalação, se comparado a outras atividades de tratamento de efluentes. Entretanto

algumas desvantagens devem ser apontadas como o alto investimento de capital

necessário para a implantação das MBR pois, são sistemas de tecnologia avançada,

somado ao alto consumo de energia, principalmente no caso de MBR com módulos

externos. O consumo de produtos químicos, dependendo do efluente que será tratado

também pode ser uma fonte a mais de custos (EPA, 2010).

4 CASOS DE REUSO DE ÁGUA

A seguir serão demonstradas através de estudos de caso, as experiências variadas

da implementação de sistemas de reuso de água nos setores industrial, agricultura e usos

urbanos e quais foram os resultados de tais iniciativas.

4.1 Casos de reuso de água na indústria

Sendo o segundo setor da economia em utilização de água, a indústria possui uma

gama muito grande de aplicações de sistemas de reuso de agua que varia desde reciclagem

interna até reuso direto, o qual há um certo tratamento do efluente gerado para que atinja

os padrões para ser novamente utilizado em determinados processos, conforme será

mostrado em situações a seguir (HESPANHOL, 2002).

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4.1.1 Empresa Honda

Fundada no ano de 1948 na cidade de Hamamatsu e com sua sede situada em

Tóquio, a empresa automobilística Honda atua em 140 países, sendo sua rede composta de

134 unidades fabris e 31 centros de pesquisa, totalizando em torno de 178 mil

funcionários, sendo seus ramos de atuação: motocicletas, automóveis e produtos de força.

No Brasil, a Honda possui fabricas na cidade de Sumaré, localizada no estado de São

Paulo e a moto Honda situada em Manaus, cujo forte é a fabricação de motocicletas

(HONDA, 2013).

Os procedimentos seguidos pela empresa baseiam-se no modelo de reciclagem

interna, ou seja, a água que seria descartada é reutilizada em outros processos,

economizando-se assim com a extração deste recurso in natura (MORUZZI, 2008) e estão

listados a seguir:

• Etapa de injeção plástica: responsável por transformar os polímeros plásticos

em peças tais como: painéis de instrumentos, para-choques, protetores de porta, entre

outros. Havia um descarte diário de cerca de 1590,5 litros de água durante a etapa de

troca de moldes nas injetoras plásticas, em função do processo de resfriamento da peça

injetada. Com o intuito de tentar reutilizar esta água que era descartada, foi fomentada a

ideia da construção de uma cisterna para seu armazenamento temporário possibilitando

assim, a sua reutilização no processo. Através de um custo em torno de R$ 15.000, a

empresa, com a adoção deste processo, poupa o equivalente a 1590,5 litros de água por

dia, além da redução de produtos químicos necessários para o tratamento do efluente que

seria descartado (HONDA, 2013)

• Reaproveitamento da água nas casas de ar: estes equipamentos são utilizados

para providenciar, em condições controladas, o ar que será utilizado no setor de pintura

plástica. Neste caso, a água é usada para controlar a temperatura e manter a umidade do

ar. Quinzenalmente, era realizada uma limpeza nas quatro caixas de ar existentes e após

este processo, cerca de 40.000 litros de água eram descartados e encaminhada à ETE. Foi

então, posta em prática a ideia de reutilizar esta água no processo de lavagem técnica que

é responsável por remover o excesso de tinta nas grades do chão das cabines,

ocasionando assim, uma redução de consumo de água na ordem de 201.000 litros/ano

(HONDA, 2013).

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• Setor de fundição: nesta etapa, o maior desperdício de água ocorre quando a

peça de alumínio, recém saída do molde, é resfriada em um tanque (shower) e após 55

segundos, direcionada para as etapas subsequentes. O processo em si é repetido 465

vezes por dia e ocasiona um consumo de 7,51L/min por peça. Com o intuito de diminuir

este desperdício de água, implantou-se um tanque com capacidade de armazenamento de

100L onde através de uma bomba, direcionasse a água de volta para o “shower”

entretanto, em função da alta temperatura que a mesma se encontra após o processo de

resfriamento, esta passa por um resfriador (chiller) sendo assim, redirecionada para o

tanque de resfriamento. Tal implementação, que custou na ordem de R$92.000, foi

responsável por uma economia de 920.568 litros de água/ano (HONDA, 2013).

• Reaproveitamento da água nas cabines de pintura: nestas cabines, a água é

utilizada para absorver a poeira de tinta para posterior tratamento. Para a limpeza e

manutenção da Estação de Tratamento de Água da Cabine (ETAC) era necessário

esvaziá-la a cada seis meses, proporcionando assim, um descarte de 170.000L de água

por semestre para a ETE e posteriormente, ao corpo d’água após tratamento. Pensou-se

então em direcionar este efluente tratado de volta para a ETAC, sem que houvesse o

descarte deste. Em função da implementação deste projeto, a Honda deixou de descartar o

equivalente a 340.000 L/ano pelo custo de R$ 7.800,00 (HONDA, 2013)

De maneira geral, a Honda, através da adoção destes procedimentos, deixou de

desperdiçar 21.180.000 litros de água por ano, por um custo total de R$134.900, além de

gerar uma economia de R$52.950,00 com o tratamento de efluentes que seriam gerados na

fabrica. Vale lembrar que estes valores também incluem outros processos tais como uso

controlado da água, como, por exemplo, limitadores de vazão em torneiras, mas, como o

objetivo deste trabalho é salientar atividades que envolvem apenas o reuso, tais atividades

não foram listadas aqui (HONDA, 2013).

4.1.2 Empresa MABE e Whirlpool

Empresa de origem mexicana, a MABE destaca-se pela grande produção de

eletrodomésticos da linha branca tais como: fogões, refrigeradores, lavadoras, secadoras

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entre outros. No Brasil, possui unidades fabris nas cidades de Campinas, Itu, Hortolândia

e em Jaboatão dos Guararapes. Possui também um escritório na Lapa e em Maringá.

Atualmente, a MABE possui em torno de quatro mil colaboradores diretos e sua produção

é cerca de quatro milhões de unidades/ano (MABE, 2013).

O sistema de reuso de água utilizado na empresa localiza-se numa planta interna

no qual o efluente inorgânico é tratado através de um processo conhecido como “troca

iônica” que se baseia no emprego de resinas específicas que removem poluentes

ionizáveis como os poluentes inorgânicos, entretanto, os de origem orgânica, por não

serem ionizáveis, não são incluídos no processo. Após este tratamento, o efluente é

bombeado novamente para o interior da fábrica, onde será utilizado em outros processos

que estão listados a seguir (MABE, 2013):

• Reuso de água no setor de pintura eletrostática

• Na lavagem de gancheiras, cuja água necessária para tal processo não

necessita ser de ótima qualidade. Tal atividade garante a economia de 40m3/mês

• Lavagem do piso das fabricas: a lavagem semanal dos pisos das fabricas é algo

que ocorre semanalmente, ocasionando um gasto de 280 litros de água por lavagem,

portanto, água de reuso é utilizada nesta atividade em substituição à água potável.

• Descargas de sanitários: nas fabricas de fogões e refrigeradores, a água

utilizada em descargas de vasos sanitários provém de água de reuso que possui sistema

de canalização próprio.

Dentre os benefícios ambientais e econômicos adquiridos pela MABE em função

da implementação deste sistema de reuso destacam-se: menor extração de águas

subterrâneas limitando assim o problema da escassez deste recurso nos lençóis

subterrâneos e os possíveis gastos com a perfuração de novos poços, redução dos custos

de produção e a conformidade ambiental, fazendo com que a empresa atinja maiores

níveis de competitividade tanto para com o mercado interno quanto para com o externo

(MABE, 2013).

Já a Whirlpool é outra empresa que também produz eletrodomésticos da linha

branca como refrigeradores, fogões, lavadoras e secadores de roupa, purificadores de

água, entre outros. No Brasil é detentora as marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, e

possui fábricas em Joinville, Rio Claro e Manaus, com sedes administrativas em São

Paulo e Miami (WHIRLPOOL, 2013).

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No caso desta empresa, o projeto de reuso restringe-se à reutilização dos efluentes

produzidos no CTL (Centro de Tecnologia de Lavanderia), assim como a minimização do

uso de recursos hídricos desta planta. Em função da exigência de certos parâmetros

qualitativos requeridos pelos testes laboratoriais do CTL, apenas 60% do efluente tratado

pelo sistema retorna pelo sistema fechado dos laboratórios, 31% para uso em atividades

tais como limpezas fabris e em sanitários e o restante dos 9%, descartados em rede publica

coletora (WHIRLPOOL, 2013).

A tecnologia utilizada pela Whirlpool para tratar este efluente e reutilizá-lo

conforme indicado acima, consiste na passagem deste por um filtro, que irá reter

partículas como fibras têxteis e depois, em tanques de equalização para a dosagem de

produtos químicos que serão responsáveis por adequar o efluente para os parâmetros

necessários para seu reuso. Em seguida, o mesmo é direcionado para um filtro de carvão e

areia e depois, para a etapa de ultrafiltração no qual será responsável por diminuir de

maneira considerável diversos parâmetros tais como: turbidez, sólidos suspensos,

microrganismos, cor, entre outros. Finalmente, o efluente é enviado por batelada para o

processo de osmose reversa a fim de remover surfactantes e fragrâncias sendo assim, após

todos estes processos, armazenadas em tanques para posterior utilização. Todo este

processo custou cerca de R$ 900.000 à Whirlpool e é responsável por garantir à empresa,

economia de água na faixa de 2.607m3/mês, entretanto, a mesma tem planos para

conseguir 100% de reutilização da água usada nestes processos (WHIRLPOOL, 2013).

4.1.3 Casos variados nacionais e internacionais na indústria

Além das situações descritas anteriormente, existe uma gama muito grande de

empresas as quais o reuso de água na indústria foi bem sucedido, cujas mesmas serão

demostradas a seguir (SILVA, 2009):

• A empresa FIAT, localizada em Betim (MG) atingiu um índice de

aproveitamento de água na ordem de 92% dos 1,5 bilhões de litros usados na produção,

ocasionando assim, a aquisição de 1,3 bilhões de litros deste insumo.

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• Em Orlando (EUA) uma estação de tratamento fornece o equivalente a

30.240m3/dia de água de reuso para a usina Curtis Stanton Energy Center resfriar suas

caldeiras. Situação semelhante também nos EUA ocorre com a empresa McIntosh que

utiliza cerca de 20.000 m3/dia de água de reuso provida pela estação de tratamento de

Lakeland para refrigeração de equipamentos na planta industrial

• A Kodak Brasil, após estudos sobre uso racional e reuso de água, obteve um

potencial de redução de 14,5% do consumo de água, somado a um ganho de

produtividade na ordem de 76 horas/mês.

• A Pilkington Brasil, fábrica de vidros temperados, a partir do estudo de reuso

de água em 1997, a empresa obteve uma economia de água de 95% em seus processos

industriais obtendo-se assim, um ganho de 13.000m3/mês de água, resultando na

economia mensal de R$35.000. A adoção deste programa de reuso, aliado com a

construção de uma ETE local, proporcionou à empresa um efluente tratado de grande

qualidade que pode ser usado para a lavagem de produtos e embalagens e até mesmo ser

submetido à potabilização.

• A fábrica da Volkswagen localizada no município de Taubaté (SP) possui um

sistema que recupera e recicla cerca de 70% da água consumida em suas instalações, cuja

mesma é direcionada para atividades como: jardinagem, pintura e refrigeração, gerando

uma economia de água na ordem de 70 mil litros de água por mês.

• A Mahle, empresa metalúrgica localizada no município de Mogi Guaçu (SP),

atingiu um índice de redução 25% de água captada e 10% nos custos de eliminação e

descarte isso, graças a adoção de um sistema de reuso. Isso foi muito importante pois,

como a empresa extrai sua água em poços profundos, havia a dificuldade em perfurar

novos poços, devido a fatores geográficos e solicitar água na concessionária do

município seria altamente custoso portanto, o reuso de água conseguiu prover a demanda

de água necessária para o funcionamento da empresa sem que houvesse um desequilíbrio

em seus custos. Em se tratando de números, a Mahle conseguiu uma redução de consumo

de água na ordem de 97.000L/ano além da também redução da quantidade de efluente

enviado a ETE em 77.600L/ano. • A maior refinaria de petróleo do sistema Petrobrás localizada em Paulínia

(SP), após serem adotados mecanismos de reuso e utilização racional de água, reduziu

seu descarte de efluentes em 350m3/h e em função disto, diminuiu a quantidade de água

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utilizada pela planta de 3.600m3/h em 2002 para 1.750m3/mês em 2006 garantindo assim,

uma economia de US$ 30.000/mês.

• Em Tóquio uma fábrica de bebidas carbonatadas e não carbonatadas cujo uso

de água potável ocorre de maneira bem significativa na lavagem de garrafas, latas e para

resfriamento no processo de desinfecção, desenvolveu e implementou um sistema de

reuso de água que consiste em flotação, filtração e nanofiltração sendo este ultimo capaz

de remover 70% da DQO e 40% de sólidos suspensos voláteis. Todo este esquema

possibilitou a empresa recuperar uma parcela de seus efluentes para posterior reuso na

ordem de 2450m3/dia.

• A unidade General Electric Dako Apliances localizada em Campinas (SP)

investiu num programa de gerenciamento ambiental, o qual implementou um projeto de

reaproveitamento da água na ordem de 3.500 m3/mês em atividades cujas exigências de

água não necessitam que a mesma seja potável, como por exemplo, descargas em

sanitários, irrigação de jardins e em algumas etapas dos processos industriais. A

economia obtida com tal prática está na ordem de R$ 700.000 anuais, além de reduzir

desperdícios e aumentar a produtividade na ordem de 5%.

• Em Bulawayo, cidade localizada no Zimbábue que por sua vez situa-se no

continente africano, houve dois casos onde se aplicou reuso de água em processos

industriais sendo o primeiro numa industria de galvanização no qual a adoção de um

processo de reciclagem interna de água quente de têmpera em certos processos de

refrigeração permitiu a economia deste recurso na ordem de 17%. Já na outra situação, o

reuso de água ocorreu numa indústria de bebidas, cuja água de contra-lavagem era

descartada no sistema de esgoto porém, com a implementação de um programa de reuso

de água em cascata deste efluente permitiu seu uso em atividades que não exigem água

potável como a lavagem de pisos e em função disso, observou-se uma economia da

ordem de 5% de água. Embora este número não pareça significativo, nesta empresa

almeja-se possibilidades de economia de água e redução de emissão de efluentes.

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4.2 Casos de reuso na agricultura

Sendo a atividade antrópica mais dispendiosa de água, a colocação em pratica de

sistemas de reuso pode ser muito bem vinda, principalmente em regiões nas quais a

disponibilidade deste recurso é baixa (BRITO; PORTO; SILVA, 2007).

A seguir, serão demonstrados estudos de caso envol vendo diferentes sistemas de

reuso de água usados na agricultura:

4.2.1 Vale do Mesquital, México

Um caso de reuso de água na agricultura que merece destaque ocorreu e ainda está

em vigor no Vale do Mesquital, localizado no México (ALVAREZ, s/d).

O México é um país com 31 estados e um distrito federal, situa-se na América do

Norte e possui uma taxa pluviométrica na ordem de 777 mm/ano, entretanto, devido a

fatores geográficos, estas chuvas são má distribuídas no território mexicano, deixando

cerca de 75% do país em condições áridas e semi-áridas (ALVAREZ, s/d).

O Vale do Mesquital situa-se no estado de Hidalgo a 60 km da capital Cidade do

México possui cerca de 500.000 habitantes que baseiam suas atividades principalmente no

setor agrícola e pecuário e seus padrões de vida são superiores aos daqueles que não

utilizam água de descarte para a irrigação agrícola (ALVAREZ, s/d).

Neste vale, certos distritos de irrigação usam água de descarte diretamente vinda

da capital Cidade do México sem tratamento algum para irrigar o equivalente a uma área

de 83.000 hectares (entre 1993-1994) e isso já ocorre em mais de 90 anos portanto, este é

um dos exemplos mais importantes de irrigação através de reuso direto sem tratamento,

embora as vezes este é diluído com água de chuva para diminuir sua carga orgânica. A

razão pela opção deste modelo é o fato deste efluente estar carregado de nutrientes que

proporcionarão ao solo as condições necessárias para que haja o cultivo aumentando

assim, a produtividade agrícola. Vale lembrar que, tal efluente é carregado também de

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microrganismos patogênicos que podem pôr em risco a saúde tanto dos lavradores e de

suas famílias quanto para aqueles que consumirão os alimentos produzidos nesta

localidade e para remediar estes inconvenientes existem leis e termos controlar esta

atividade no Vale do Mesquital. Embora o fato de irrigar plantações com água de esgoto

possa parecer repugnante, sob o ponto de vista ambiental e até mesmo econômico, esta

iniciativa promove consideráveis benefícios dentre os quais se podem citar (ALVAREZ,

s/d):

• Se não houvesse a utilização deste efluente cuja redução da carga orgânica

ocorre em função desta utilização agrícola, o descarte do mesmo no ambiente, pelo

aumento da DBO, ocasionaria alterações ambientais significativas tanto no solo, quanto

aos recursos hídricos, afetando inclusive a bacia do rio Panuco, várias lagoas e o Golfo

do México.

• Reservatórios de água utilizados pela população, centrais hidrelétricas, centrais

de pesca e inúmeros ecossistemas também seriam afetados.

• Eutrofização de corpos d’água graças ao aumento drástico dos poluentes

poderiam gerar o aumento de vetores, aumentando a possibilidade da transmissão de

doenças. Geração de odores e espumas também modificariam negativamente o ambiente

• Todo este processo do tratamento do efluente através destas práticas agrícolas

é responsável por prover a esta região um desenvolvimento sustentável afinal, alia-se

produção agrícola com gerenciamento de resíduos, portanto, sem esta iniciativa, tanto o

meio ambiente quanto para quem vive desta atividade primária seriam severamente

prejudicados.

Em função da importância e amplitude da irrigação de culturas com água de

descarte no Vale do Mesquital, a Lei nacional das águas possui uma seção especial

exclusiva sobre controle da contaminação da água, somado com a adoção de padrões

técnicos que estabelecem as exigências a serem cumpridas envolvendo uso de água de

descarte na irrigação. A comissão nacional da água, criada em 1989 como um órgão

federal, é responsável por promover as construções de infraestruturas hidroagrícolas e

também possui a responsabilidade de garantir que as leis e diretrizes relacionadas ao uso

das águas, assim como sua qualidade sejam cumpridas. Fazendeiros interessados em

cultivar algo no Vale do Mesquital devem pagar uma taxa para cobrir custos operacionais,

além de cumprir certas normas tais como fornecer informações de onde e quando a água

será utilizada. Em seguida o órgão responsável preparará um documento que constará de

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informações como: fatores envolvidos, período no qual ocorrerá a irrigação, tipo de

cultura a ser irrigada, quantidade de água disponível, políticas agrícolas e possíveis

restrições. Para a conclusão deste plano (plan de riego) é necessária a concordância e

aprovação de ambas as partes (ALVAREZ, s/d).

4.2.2 Semiárido baiano e no Rio Grande do Norte

Em relação ao semiárido baiano, três projetos encabeçados pelo grupo de recursos

hídricos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) buscou através destes, encontrar

soluções sustentáveis para os dejetos, além das águas de descartes oriundos das famílias

que vivem na região. Tais iniciativas estão listadas a seguir (BARBOSA, 2012):

• Modelo de reuso planejado como alternativa para bacias do semiárido: neste

projeto, buscou-se através de um dispositivo denominado “sanitário ecológico”, cujo

sistema é de baixo custo e não utiliza água, separar fezes de urina (águas negras),

utilizando-os em culturas comestíveis, além também de reutilizar águas provenientes de

pias, chuveiros e torneiras (águas cinzas), para o mesmo propósito. A primeira situação,

depois de separadas nos sanitários, tanto as fezes quanto a urina são estocados em tempos

distintos, para inutilizar os microrganismos patogênicos e logo depois, direcionados ao

uso agrícola. Já as águas cinzas, por serem menos perigosas para o ambiente e

consequentemente para o homem, foram encaminhadas para um sistema que usa folhas

secas, cinzas e solos, que tratam este efluente permitindo assim, sua utilização para a

criação de hortaliças. Ambas as situações mostraram resultados satisfatórios por ao

mesmo tempo prevenir a degradação dos recursos hídricos se tais efluentes fossem

lançados diretamente sobre eles, algo que poderia vir a ser até mesmo um problema de

saúde pública e prover às pessoas de baixa renda, fertilizantes eficientes e de baixo custo

numa região onde a pobreza é uma triste realidade (BARBOSA, 2012).

• Reuso Agrícola como Estratégia para Redução da Poluição de Rios em região

semiárida: neste segundo projeto, buscou-se desenvolver tecnologias que unissem

viabilidade técnica e econômica com conservação da água resultando num projeto que

utilizaria as excretas humanas como fonte de nutrientes para a agricultura, ao mesmo

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tempo que poupariam o meio ambiente de receber este tipo de efluente sem tratamento,

integrando portanto, produção agrícola, desenvolvimento social e proteção ao meio

ambiente. Este projeto foi dividido em duas etapas: o primeiro consistindo de um módulo

de tratamento composto de dois tanques de fibra de vidro conectados entre si sendo um

deles uma fossa séptica com capacidade de 10.000L e outro um Reator Anaeróbico de

Fluxo Ascendente (RAFA) de 5.000L. Depois de ser submetido ao tratamento biológico

neste sistema, o efluente foi direcionado ao sistema de irrigação que consiste em sulcos

fechados e nivelados nos quais foi plantado milho e embora o projeto ainda estivesse em

andamento, análise feitas por um laboratório, constatou que o solo conseguiu reter tanto a

matéria orgânica quanto o nitrogênio amoniacais providos pelo efluente, garantindo

assim, que tais poluentes não chegassem a comprometer os escassos corpos d’água desta

região localizada no semiárido (BARBOSA, 2012).

A segunda etapa do projeto tinha como meta a produção de capim para animais

utilizando-se para isso, um sistema hidropônico, que é uma técnica cujo cultivo de plantas

não ocorre no solo e sim, através de uma solução nutritiva que entra em contato com as

raízes da planta. Para esta solução, foi utilizado o esgoto tratado da etapa anterior e foram

testados três tipos de tratamento: substrato alimentado com solução nutritiva em sistema

fechado, substrato alimentado com esgoto tratado em sistema fechado e por fim, substrato

alimentado com esgoto tratado em sistema aberto, entretanto, na época destes

experimento, ainda não foi constatado resultados (BARBOSA, 2012).

• Tecnologias de Saneamento Ecológico para Região Semiárida na Bacia dos

Rios Verde e Jacaré: neste terceiro experimento, também se objetivou a conservação do

uso da água e foi implementado um sistema constituído de uma fossa, seguida de filtro

anaeróbico e lagoa facultativa que seria responsável pelo tratamento do esgoto originado

por um grupo de 420 alunos da Escola Agrícola de Icerê – ESAGRI, para depois ser

usado para a fertirrigação de culturas de mamona. Este efluente tratado foi utilizado para

irrigar estas plantações cuja extensão era de 1,2 hectares, sendo metade desta área

irrigada com o mesmo e a outra, com água proveniente de aquífero subterrâneo e

concluiu-se que os melhores resultados foram obtidos através da irrigação com o efluente

tratado (BARBOSA, 2012).

No Rio Grande do Norte, também em regiões de clima semiárido a implementação

de um sistema de reuso de água, graças ao Projeto Dom Helder Câmara foi responsável

por garantir tanto benefícios econômicos quanto ambientais e ocorreu no município de

Olho d’Água do Borges onde foi instalado um sistema de “bioágua” na propriedade do

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agricultor Wlisses que mora com mais cinco pessoas e consiste no reaproveitamento da

água usada no banho, lavagem de roupas e louças para irrigar hortaliças, frutas e plantas

medicinais (MDA, 2012). O mecanismo de funcionamento ocorre da seguinte maneira: a

água que sai das torneiras e do chuveiro segue para dois filtros compostos por 10 cm de

pedra, 10 cm de pedra lavada, 50 cm de serragem e 10 cm de húmus com minhoca e após

passada por este dispositivo, a água filtrada segue para ser armazenada num onde será

utilizada para irrigação das culturas através da técnica de gotejamento, ou seja, somente é

utilizado o que a planta precisa (MDA, 2012).

Graças a este projeto, esta família conseguiu produzir, mesmo em épocas de

grande estiagem, num terreno de apenas 375 metros quadrados, alimentos como:

beterraba, alface, tomate, pimentão, coentro e cebolinhas, juntamente com certas plantas

medicinais destacando-se: romã, malva, capim santo, mastruz e corama, além de certos

gêneros frutíferos, que suprem as necessidades alimentares da família e o excedente é

vendido para terceiros gerando assim, lucro para este agricultor. Esta instalação custou

3.000 R$ e de acordo com o diretor do Projeto Dom Helder Câmara, Espedito Rufino,

iniciativas como esta não só melhoram drasticamente a vida de famílias que residem nesta

área tão duramente atingida por pobreza e estiagem, mas também, proporcionam destino

adequado para as águas de descarte, prevenindo assim, a degradação dos recursos naturais

(MDA, 2012).

4.2.3 Usina Colombo S/A Açúcar e Álcool

Localizada no município de Ariranha, no norte do Estado de São Paulo, A Usina

Colombo Açúcar e Álcool é uma empresa do ramo sucroalcooleiro que faz parte do Grupo

Colombo, este último, além de englobar esta empresa, também é responsável pela Cia

Agrícola Colombo. Este conglomerado é responsável pela produção média anual de

duzentos milhões de litros de álcool (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

Esta empresa procurou adotar o reuso de água na etapa de resfriamento cuja

mesma, recircula a água no processo industrial por meio de um circuito fechado obtendo-

se assim, maior eficiência nas trocas térmicas na produção, tanto do açúcar, quanto do

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álcool. Antes da instalação das torres, a água para o resfriamento era totalmente extraída

de mananciais superficiais, o que ocasionava um abaixamento drástico do nível de água da

represa nos períodos de estiagem. Atualmente, extrai-se água de poços subterrâneos

apenas para complementar o sistema de recirculação existente em função das perdas de

água por evaporação (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

Para se ter uma ideia da economia de água, antes desta iniciativa, o gasto diário de

água era na ordem de 1.200m3 durante a safra mas, depois da implementação deste

processo, o consumo diário diminuiu para 2m3. Além disto, obtém-se economia de água

também com a fertirrigação, atividade a qual utiliza a vinhaça produzida para fornecer

tanto água, quanto nutrientes para a lavoura (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI;

2012).

O Grupo Colombo também trata águas residuárias, que antes eram jogados na

lavoura, numa quantidade que atinge 72.500 m3/mês, sendo a mesma utilizada para

atividades como: lavagem de veículos e áreas externas, além de irrigação de jardins e

gramados. A água que não é utilizada é lançada no córrego dos Limas, quando é

constatado a verificação dos padrões para despejo de efluentes. A implementação de todos

estes projetos custou R$ 950.000 para a empresa, cuja recuperação do investimento deu-se

em cinco anos (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

4.3 Casos de reuso para fins urbanos

Embora seja a atividade que menos consome água se omparadac as duas

anteriores, os fins urbanos possuem uma grande importância, não só por estarem mais

“próximas” das pessoas mas por que, possui uma gama enorme de situações as quais o

reuso de agua pode ser aplicado obtendo-se assim ganhos econômicos e ambientais

consideráveis, como será demonstrado abaixo (HESPANHOL, 2002).

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4.3.1 Reuso para lavagem de veículos

Tal caso ocorreu na empresa de ônibus Viação Via Brígita, localizada na cidade de

São Paulo, que corresponde a um grupo formado pelas viações Urubupungá e Cidade de

Caieras, cuja fama de preocupação com o meio ambiente foi responsável por fazer este

grupo ganhar vários prêmios (MORELLI, 2005).

Uma das ações realizadas pela empresa a favor do reuso de água é a captação de

águas pluviais, com o intuito de utilizá-la depois. Para isso, o local é provido de

reservatórios ou “piscinões”, cujas capacidades são de 200m3 que serão responsáveis por

armazenar este recurso, sendo a alimentação deste sistema feito através de todo um

esquema de coletores localizados nos telhados do empreendimento. Este insumo é

utilizado para a lavagem de carros e nos dias de grande carga pluviométrica, utiliza-se

apenas água de chuva no processo, mas, em dias de estiagem, pode-se recorrer à utilização

de água da SABESP (MORELLI, 2005).

Quanto à água resultada dos processos de lavagem como: de chassis, lavagem de

pisos, peças e lavagem, esta é coletada através de um conjunto de canaletas espalhadas por

toda garagem e direcionada a um sistema de tratamento que consiste em: caixa de areia e

separação de água e óleo, tanque de floculação, decantador e posteriormente, para os

reservatórios de água tratada, onde será reaproveitada no processo, sendo seu excesso

descartado em um córrego, obedecendo aos parâmetros da legislação ambiental local.

Todo este processo teve inicio em 1998, sendo concluído em 1999 e de acordo com a

Viação Brígida a amortização foi obtida com seis meses de operação e tal processo

possibilita a economia de 200m3/dia de água, que gera uma redução de custos na ordem de

78% além da redução da emissão de carga poluidora nos recursos hídricos (MORELLI,

2005).

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4.3.2 Reuso para fins residenciais

Quanto ao reuso de água para fins residenciais, foram utilizados dois estudos de

caso sendo o primeiro, a análise de uma residência no condomínio Vale dos Cristais, cujo

tamanho é de 600m2 com capacidade para seis habitantes. Em função de uma exigência

dos proprietários, a construção da residência foi integrada junto a um sistema de coleta de

água da chuva, levando-se em consideração um jardim de 1000m2 e seis instalações

sanitárias. Para a armazenagem desta água coletada, foi construído um reservatório

inferior que comporta 50.000 litros, cuja construção aproveitou parte estrutural da casa,

somado a outro reservatório de 2.000 litros localizado na parte superior da residência para

o atendimento exclusivo de vasos sanitários (SILVEIRA, 2008).

O sistema de coleta é relativamente simples e consiste em calhas e rufos

localizados nos telhados que direcionam a água de chuva coletada para os reservatórios

superiores, ou seja, àqueles destinados à serventia dos vasos sanitários. Para o

abastecimento do reservatório inferior, há coletores (ralos) de água de chuva instalados

nas lajes impermeabilizadas que, além de captar a água, também servem como filtros de

corpos grosseiros. Vale lembrar que, a água deste reservatório inferior pode ser bombeada

para o reservatório superior em casos de necessidade e em situações de baixa

pluviosidade, há também um sistema de alimentação complementar que utiliza água da

rede pública para tal. Vale salientar que o sistema de irrigação é dotado de sensores que

indicam se a mesma deve prosseguir ou não dependendo do grau de umidade do ar, em

outras palavras, a mesma não ocorre em dias chuvosos (SILVEIRA, 2008).

Tanto o custo da instalação do reservatório em função de utilizar parte estrutural da

residência para ser construído, quanto às tubulações que de qualquer forma seriam

utilizados para direcionar a água pluvial para a rede publica coletora, foram pífios,

entretanto, o custo maior foi graças ao reservatório superior juntamente com a bomba de

recalque que totalizaram em torno de R$ 12.000. Considerando o índice pluviométrico do

local, o retorno do investimento se dará em torno de quinze anos (SILVEIRA, 2008).

No segundo caso realizou-se um levantamento para a implantação de sistemas para

reuso de água em duas residências localizadas no município de Palhoça, cidade a qual se

situa no estado de Santa Catarina a 15 km da capital Florianópolis e possui cerca de

150.000 habitantes (OLIVEIRA, 2005). Para o levantamento de dados, considerou-se o

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consumo de água em maquinas de lavar roupa e vasos sanitários, que foi usado como

referencia para calcular o quanto de água de chuva seria necessário captar e o volume de

esgoto secundário disponível para reuso. Após a determinação destas variáveis, o sistema

de coleta e uso de água de chuva mais o de reuso de água pôde ser dimensionado

(OLIVEIRA, 2005). Para fins de projeto, a residência 1 foi considerado um consumo

médio mensal de 16.000 litros, levando em consideração o mês de fevereiro de 2005, já a

residência 2, 7.000 litros.

Neste caso foi proposto implementar um sistema de captação de água de chuva

somado com outro para reuso de águas de descarte e para isso, em ambas as residências

foram necessários três reservatórios de 250 litros, sendo um inferior para armazenar a

água tratada que seria a água destinada para o reuso e os outros dois, instalados num nível

superior, para a distribuição desta água mais a água de chuva. O reservatório de 500 litros

seria apenas para armazenamento das águas pluviais (OLIVEIRA, 2005).

Em relação ao reuso das águas residuárias, utilizar-se-ia um sistema conhecido

como “Zona de raízes”, cujo sistema de funcionamento consistiria no emprego de

macrófitas da espécie Zizaniopsis bonariensis, juntamente com um meio filtrante

composto de materiais como: serragem, saibro, conchas, seixo rolado e areia o qual seria

responsável pelo tratamento do esgoto para posterior reutilização.

Entretanto, os custos de implementação de todo este sistema de água de chuva

mais reuso de água, para a residência 1 seria de R$ 3377,64, gerando uma economia de

apenas R$ 119,84/ano e um retorno de investimento de 28 anos e para a residência 2, o

custo seria de R$ 4371,47 e uma economia de R$ 47,01 com um período de retorno de 92

anos, portanto, nenhum destes projetos foi economicamente viável (OLIVEIRA, 2005).

4.3.3 Reuso de água em um parque temático

Este parque localiza-se no município de Vinhedo (SP), às margens da rodovia

bandeirantes no Km 72 e possui uma área de aproximadamente 760.000 m2, cujo

abastecimento de água é feito através de um poço. Neste parque, trabalham cerca de 800

funcionários e possui uma média de visitantes em torno de 8.000, sendo a geração de

esgotos por dia na ordem de 800 m3/dia (PHILLIPI, 2006). O objetivo da administração

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do parque é, através de um sistema de captação, distribuição e tratamento de água,

juntamente com o de coleta e tratamento dos esgotos gerados, busca ao descarte zero nos

corpos d’água (PHILLIPI, 2006).

Os esgotos gerados no parque, em locais como: sanitários. bares e restaurantes é

direcionado até um tanque de homogeneização onde é submetido à aeração e em seguida,

encaminhado a outro tanque que utiliza membrana de alto poder filtrante para remover as

impurezas restantes gerando assim um efluente que pode ser classificado como água de

reuso (PHILLIPI, 2006).

Este efluente, por ter parâmetros qualitativos adequados, é utilizado pela

administração do parque em tarefas onde não há necessidade do uso de água de excelente

qualidade tais como: lavagem de pisos, irrigação de áreas verdes e em vasos sanitários.

Vale lembrar que esta água nunca entra em contato com as pessoas e que todas as atrações

que utilizam água em seu funcionamento, usam água potável para tal (PHILLIPI, 2006).

Este sistema foi dimensionado para uma capacidade nominal de operação na

ordem de 600m3/dia, entretanto, admite vazões de até 1000m3/dia durante horários de pico

e apesar de toda esta vazão, o descarte zero é garantido em função da irrigação de uma

grande área de jardins, cujo tamanho é na ordem de 150.000 m2. Outro detalhe importante

da utilização deste efluente como água de reuso é que o mesmo é monitorado com

frequência para que possam ser mantidos todos os parâmetros físico-químicos exigidos

pela legislação (PHILLIPI, 2006).

Por fim, a implementação por este parque de um sistema que torna possível

praticamente a reutilização de toda água de descarte coletada no parque em atividades

internas que demanda alta quantidade deste recurso, somado com o descarte zero de

efluentes possivelmente danosos no meio ambiente é justificada pelo posicionamento da

empresa em evitar a utilização intensiva de recursos naturais, não causando assim, danos

ao meio ambiente, aliado ao fato de que tal atitude, coloca a empresa num patamar de

respeito em relação à preocupação ambiental que é atualmente uma das bandeiras mais

visadas no mundo corporativo moderno (PHILIPPI, 2006).

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4.3.4 Reuso de água em uma universidade

A Universidade em questão foi a Fatec de Indaiatuba (FATECID) e de maneira

semelhante ao estudo de caso de reuso de água para fins residenciais do município de

Palhoça (SC), anteriormente citado no capítulo 5.3.2, este aqui também é uma estimativa e

não um projeto já aplicado.

Usou-se como parâmetro para o estudo uma população de 1.100 consumidores,

incluindo alunos, docentes e funcionários. Levou-se em consideração também fatores

como (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012):

• abertura de novos cursos o que ocasionou aumento da quantidade de alunos

ingressantes aliado à contratação de novos funcionários

• precipitação média anual de 1.285,4 mm

• consumo médio diário na unidade de 8,8 m3

• 50% do uso hídrico na unidade para fins não potáveis como: descargas em

sanitários e lavagem de áreas externas.

• A empresa de serviços de água e esgotos de Indaiatuba (SAAE) cobrava R$

20,92/m3 de água tratada mais afastamento de esgoto para consumos acima

do limite de 81m3 em construções comerciais

De acordo com informações sofre a pluviometria da cidade de Indaiatuba, no

período entre dezembro e abril o sistema de reuso de água atenderia a demanda solicitada,

o que já não ocorreria no período de maio a novembro, cujo mesmo necessitaria de

complementação hídrica na ordem de 446 m3 para atender a demanda de água

(CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

Foi proposto construir um reservatório para o armazenamento da água de chuva

com capacidade de 130m3 e considerando a inflação de 5% do Índice de preços de

construção civil entre os períodos de 2007 a 2010, o preço final do reservatório, junto com

as tubulações e demais equipamentos ficou em torno de R$ 45.500 a R$ 62.000. Avaliou-

se também a construção de uma cisterna de 90m3 em concreto armado e o preço final

chegou a R$ 40.000 (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

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Por fim, considerando a redução do consumo de água tratada na ordem de

1.138m3/ano, foi estimado uma economia anual de R$ 23.807,00 o que permite um

retorno de investimento num prazo entre 23 e 30 meses, somado aos benefícios

socioambientais e pedagógicos (CARVALHO; MEDEIROS; VACCARI; 2012).

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CONCLUSÃO

Considerada com elemento fundamental para a vida na Terra e compondo mais de

60% da fisiologia do corpo humano, a água é sem dúvida, um dos recursos mais preciosos

presentes no planeta e dada sua importância, o homem sempre procurou instalar-se,

sempre que possível, próximo de mananciais e outras fontes deste recurso. No atual

cenário mundial, que coloca a preocupação para com o meio ambiente num patamar digno

de reconhecimento, os cuidados necessários para com o recurso água, cuja distribuição

global é muito desigual ocasionando problemas de saúde, principalmente em países mais

pobres, oriundos tanto da ausência quanto da mesma estar contaminada, ganham cada vez

mais adeptos em escala global, que demonstram isto através das mais variadas atitudes em

prol da preservação deste recurso, como em inúmeras reuniões internacionais

intermediadas pela ONU que fomentam a universalização do acesso à água pelos países e

pela existência de ONGs como Greenpeace que possui como um dos objetivos, a

preservação deste recurso, mesmo que para isso, precise entrar em conflitos com certas

autoridades.

Em relação ao reuso de água, esta técnica já vem sendo adotado desde muito

tempo atrás pela humanidade, dada a preocupação com a escassez deste recurso,

principalmente em regiões onde ela não existe em quantidades generosas. Com o passar

do tempo, em diversos países do globo, as técnicas nesta área foram se aperfeiçoando e

atualmente, uma gama muito grande de opções de equipamentos e técnicas está disponível

pelos mais variados custos e finalidades.

Em relação ao reuso de água no Brasil, no ramo da agricultura, o país infelizmente,

devido a grande disponibilidade hídrica em consideráveis porções do território brasileiro

não conta com muitas iniciativas a favor do reuso de água, bem diferente do que acontece

com países como Israel por exemplo. Já no ramo da indústria, o caso é bem diferente, cuja

afirmação pode ser confirmado através dos casos descritos neste trabalho, algo que é

fomentado por instituições como a FIESP que inclusive, premia os melhores projetos

nesta área. O caso do reuso urbano, embora existam algumas iniciativas interessantes a

respeito, variando desde lava-rápidos até parque temáticos, esta área possui, uma variante

muito extensa de subáreas tornando difícil até mesmo a classificação destes no que se diz

respeito em qual setor ele pertence.

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Entretanto, embora toda a teoria sobre a implementação de um sistema de reuso de

água possa parecer muito atrativa no ponto de vista ambiental e econômico, muita atenção

deve ser dada a diversos fatores tais como, técnicas, equipamentos, custos de manutenção,

mão de obra, tamanho do empreendimento, entre outros fatores para que o custo benefício

seja compensador, independente se o projeto seja na área de agricultura, indústria ou

urbano.

Portanto, devido à preocupação crescente não só para com os recursos hídricos, tão

valiosos para o planeta, quanto também para possuir vantagem competitiva frente ao

mercado, aliado com redução de custos de produção, o reuso de água veio realmente para

ficar, todavia, deve-se deixar muito claro que, tão ou até mesmo mais importante que o

projeto a ser implementado, é o estudo detalhado e coerente de todas as variáveis

envolvidas para que com isso, todo projeto não forneça resultados decepcionantes em

matéria de custo benefício.

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