2
16 Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 16-17, maio/ago. 2012 PEREIRA, Sonia Regina de Mello 1 A primavera é a estação do ano na qual ocorre a renovação da folhagem de árvores e arbustos, das cores e dos aromas. É o despertar, o sair para a rua, os dias mais longos e o céu azul que simbo- lizam o contato do homem com a natureza. E por que não prestar mais atenção à sua alimentação e aproveitar essa época para experimentar as flores comestíveis? Um dos principais fatores de crescimento da planta é a temperatura, a energia. No seu plano de desenvolvimento, a planta percebe que a ener- gia do sistema está aumentando, e isso ativa sua fisiologia, sua seiva, os tecidos começam a se ex- pandir, instigando a floração e a brotação das flo- res, que é a estrutura reprodutora característica das plantas superiores. Diversas flores são comestíveis, porém poucas são conhecidas e usadas em nossa alimentação. A couve-flor, o brócoli e a alcachofra são as flores mais comumente utilizadas. É importante notar que nem sempre se come a flor inteira. O néc- tar é uma secreção adocicada das flores que as tornam agradáveis ao paladar; já os óleos essen- ciais dão aroma distinto e possuem propriedades medicinais. As flores comestíveis não apresentam DELÍCIAS DA PRIMAVERA Flores comestíveis: alimento que encanta os olhos e o paladar contraindicação e emprestam gosto e perfume suaves, além do visual, a muitos pratos. De ma- neira geral, as flores comestíveis têm sabor suave e comprometem pouco as características dos de- mais ingredientes. São ricas em vitaminas A e C, além de minerais como ferro, cálcio e potássio, e pouco calóricas (100 g = 40 kcal, em média). Exis- tem as flores que possuem substâncias nocivas ao homem e por isso é importante a sua correta iden- tificação, o que começa pelo seu nome botânico, passando por suas características morfológicas e, em muitos casos, pela sua procedência comercial. Muitas empresas que comercializam sementes e mudas têm destacado essa propriedade em seus catálogos de produtos. Pela sua duração efêmera e uso alimentar, recomendam-se flores produzi- das em cultivo orgânico, livres de agrotóxicos. No entanto, o melhor resultado, pelo seu frescor, é obtido com aquelas que são cultivadas em casa. Muitas delas são rústicas e podem ser cultivadas em terraços onde recebam pelo menos 4 horas de sol e regas diárias. Devem ser colhidas pela manhã, com o sol fraco, lavadas e secas rapida- mente, podendo ser guardadas na geladeira por, em média, até 3 dias. Entretanto, algumas exigem certos cuidados, como a calêndula, por exemplo, da qual são apro-

Rev Agroeco3 Dica

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Rev Agroeco3 Dica

Citation preview

Page 1: Rev Agroeco3 Dica

16Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 16-17, maio/ago. 2012

PEREIRA, Sonia Regina de Mello 1

A primavera é a estação do ano na qual ocorre a renovação da folhagem de árvores e arbustos, das cores e dos aromas. É o despertar, o sair para a rua, os dias mais longos e o céu azul que simbo-lizam o contato do homem com a natureza. E por que não prestar mais atenção à sua alimentação e aproveitar essa época para experimentar as flores comestíveis?

Um dos principais fatores de crescimento da planta é a temperatura, a energia. No seu plano de desenvolvimento, a planta percebe que a ener-gia do sistema está aumentando, e isso ativa sua fisiologia, sua seiva, os tecidos começam a se ex-pandir, instigando a floração e a brotação das flo-res, que é a estrutura reprodutora característica das plantas superiores.

Diversas flores são comestíveis, porém poucas são conhecidas e usadas em nossa alimentação. A couve-flor, o brócoli e a alcachofra são as flores mais comumente utilizadas. É importante notar que nem sempre se come a flor inteira. O néc-tar é uma secreção adocicada das flores que as tornam agradáveis ao paladar; já os óleos essen-ciais dão aroma distinto e possuem propriedades medicinais. As flores comestíveis não apresentam

DELÍCIAS DA PRIMAVERAFlores comestíveis: alimento que encanta os olhos e o paladar

contraindicação e emprestam gosto e perfume suaves, além do visual, a muitos pratos. De ma-neira geral, as flores comestíveis têm sabor suave e comprometem pouco as características dos de-mais ingredientes. São ricas em vitaminas A e C, além de minerais como ferro, cálcio e potássio, e pouco calóricas (100 g = 40 kcal, em média). Exis-tem as flores que possuem substâncias nocivas ao homem e por isso é importante a sua correta iden-tificação, o que começa pelo seu nome botânico, passando por suas características morfológicas e, em muitos casos, pela sua procedência comercial. Muitas empresas que comercializam sementes e mudas têm destacado essa propriedade em seus catálogos de produtos. Pela sua duração efêmera e uso alimentar, recomendam-se flores produzi-das em cultivo orgânico, livres de agrotóxicos. No entanto, o melhor resultado, pelo seu frescor, é obtido com aquelas que são cultivadas em casa. Muitas delas são rústicas e podem ser cultivadas em terraços onde recebam pelo menos 4 horas de sol e regas diárias. Devem ser colhidas pela manhã, com o sol fraco, lavadas e secas rapida-mente, podendo ser guardadas na geladeira por, em média, até 3 dias.

Entretanto, algumas exigem certos cuidados, como a calêndula, por exemplo, da qual são apro-

Page 2: Rev Agroeco3 Dica

17Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 17-18, maio/ago. 2012

1 Doutora em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),

Engenheira agrônoma, pesquisadora da Fepagro.

REFERÊNCIAS

ISLA.COM.BR. Disponível em:<http://www.isla.com.br/media/catpro/index.html>. Acesso em: 10 jan. 2011.JOHNNYSEEDS.com. Disponível em: <http://www.johnnyseeds.com/>. Aces-so em: 10 jan. 2011.CLEMENTE, P.; STTEFFEN, J. Plantas medicinais: usos populares tradicio-nais. São Leopoldo: Instituto Anchieta-no de Pesquisas/UNISINOS, 2010.PEREIRA, S.R.M.; BOHRER, S.B.; URIARTT, A.H. Alimentos da biodiversidade: re-ceitas com plantas alimentícias não conven-cionais. Porto Alegre, 2011. 55p.Sites:www.jardimdeflores.com.brhttp://www.ebah.com.br/http://www.scribd.com/doc/7082439/Apostila-Ervas-Medicinaishttp://correiogourmand.com.br/info_01_cultura_gastronomica_01_14.htm

Receita de Salada de alface e flores

Ingredientes200 g de tomate-cereja1 pé de alface-roxa1 pé de alface-romanaflores: capuchinha, borago e amor perfeito

Molho350 g de mussarela ralada grossa30 ml de azeite de oliva20 ml de vinagre brancocebolinha, sal e pimenta a gosto5 ml de mostarda

PreparoRasgar as folhas da alface e dispor alterna-damente a roxa e a romana em um reci-piente. Misturar os ingredientes do molho e colocar por cima, espalhando bem. Por último, o toque especial das flores, dispon-do suas pétalas por cima, enfeitando bem. Servir em seguida, dispondo um pouco da mostarda.

Rende 4 porções.

veitadas apenas as pétalas, pois o talo é muito rígi-do. E outro detalhe importante: por serem muito sensíveis, as flores devem ser adicionadas ao prato apenas na hora de servir, pois o calor do alimento as faz murchar.

A seguir relacionamos algumas das flores mais co-muns que podem ser cultivadas para uso alimentar.