Revelação ou Realização

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    Revelao ou Realizao: O Conflito na Teosofia

    Durante as prximas cinco semanas, o Lua em Escorpio vai apresentar umdiscurso intitulado Revelao ou Realizao: O Conflito na Teosofia, feitoh mais oitenta anos por um teosofista holands chamadoJohannes Jacobus(Koos) van der Leeuw. Nessa altura, a Sociedade Teosfica (ST) vivia naressaca do desfecho do episdio Krishnamurti, o homem que desde menino, eaps ter sido descoberto pelo clarividente bispo da Igreja Catlica Liberal,Leadbeater, foi treinado por este e por Besant para se tornar no veculo doInstrutor da Humanidade. Em 1929, e depois de uma srie de avisos,Krishnamurti disse em definitivo no aos planos que tinham para ele, abrindouma sria crise na ST, que comeou a um forte declnio. J.J. van der Leeuw,que chegou a ser um dos membros ativos da Igreja Catlica Liberaluma co-criao de Leadbeater, num esprito inverso ao que norteou a ST no tempo de

    Blavatsky parece ter ficado sensibilizado pela posio que Krishnamurtitomou, especialmente no que respeita primazia da experincia individual emdetrimento da obedincia aos ditames vindos de uma autoridade. importantetambm referir que na altura Besant era a lder da ST h mais de 35 anos,sendo que vrios membros a acusavam de destruir a democracia dentro daorganizao e de usar as mensagens de Mestres muitas delas recebidasatravs de Leadbeater, como forma de exercer a autoridade.

    J.J. van der Leeuw no centro, ladeado pelos irmosCornelis(Cees) e Marius Gabriel (Dick)

    O texto de van der Leeuw contm passagens bastante importantes, e obrilhantismo dele bem visvel na reflexo que faz. Schuller e Hejka-Ekins,relevam nos textos introdutrios a pertinncia que o discurso do teosofistaholands tem mesmo nos dias de hoje, num tempo em que a Teosofia ainda

    parece ter dificuldade em encontrar o seu lugar. As muitas crispaes que setm sucedido e ainda existem entre os teosofistas so tambm uma evidncia

    disso.

    http://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Derhttp://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Derhttp://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Derhttp://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Derhttp://3.bp.blogspot.com/-lUtXfFjOvjA/UVSG1jVaP7I/AAAAAAAAAss/DiFTz2xeWYw/s1600/Broers_Van_der_Leeuw.jpghttp://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Derhttp://theosophy.ph/encyclo/index.php?title=Leeuw,_Johannes_Jacobus,_Van_Der
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    Devo dizer que no sou grande simpatizante das ideias de Krishnamurti,embora reconhea nalgumas delas algum valor.Neste texto, KatinkaHesselink expressa bem alguns dos problemas com Krishnamurti. O prprioGovert Schuller, um dos maiores especialistas sobre opensador indiano, tem-se mostrado cada vez mais crtico. A sua opinio a de que as ideias deKrishnamurti so incompatveis com as da Teosofia.

    Jiddu Krishnamurti

    No concordo nada com algumas partes do texto de J.J. van der Leeuw, masachei que trunc-lo no seria honesto da minha parte. Na introduo a cadauma das partes assinalarei essas situaes.

    Assim, fica a traduo praticamente na ntegra, feita a partir da versodisponvel no sitealpheus.orgde um documento que, como vero abaixo,Hejka-Ekins classifica como um dos mais importantes alguma vez

    publicados.

    Quanto minha posio, sobre o assunto em causa, j tinha sidoexpressanestepost.

    Introduo pelo editor

    Abaixo est uma reflexo de um teosofista holands, J.J. van der Leeuw,comentando algumas questes teosficas profundas, trazidas tona pelacrtica de Krishnamurti Teosofia.

    Baseia-se numa palestra dada na Federao de Londres da SociedadeTeosfica em () 1930.

    Este texto foi encontrado na internet com uma introduo de Jerry Hejka-

    Ekins, editor associado do Theosophical History, e foi originalmentepublicado em () Amsterdo, em 1930.

    http://www.allconsidering.com/2008/my-disillusionment-with-jiddu-krishnamurti/http://www.allconsidering.com/2008/my-disillusionment-with-jiddu-krishnamurti/http://www.allconsidering.com/2008/my-disillusionment-with-jiddu-krishnamurti/http://www.alpheus.org/html/contentindices/krishnamurti_index.htmlhttp://www.alpheus.org/html/contentindices/krishnamurti_index.htmlhttp://www.alpheus.org/html/contentindices/krishnamurti_index.htmlhttp://www.alpheus.org/html/source_materials/krishnamurti/leeuw.htmlhttp://www.alpheus.org/html/source_materials/krishnamurti/leeuw.htmlhttp://www.alpheus.org/html/source_materials/krishnamurti/leeuw.htmlhttp://lua-em-escorpiao.blogspot.pt/2012/11/o-caminho-do-meio.htmlhttp://lua-em-escorpiao.blogspot.pt/2012/11/o-caminho-do-meio.htmlhttp://lua-em-escorpiao.blogspot.pt/2012/11/o-caminho-do-meio.htmlhttp://1.bp.blogspot.com/-VqYdZ0YlLVM/UVSHvHzn9HI/AAAAAAAAAs0/MUhi1irAgyU/s1600/krishna.jpghttp://lua-em-escorpiao.blogspot.pt/2012/11/o-caminho-do-meio.htmlhttp://www.alpheus.org/html/source_materials/krishnamurti/leeuw.htmlhttp://www.alpheus.org/html/contentindices/krishnamurti_index.htmlhttp://www.allconsidering.com/2008/my-disillusionment-with-jiddu-krishnamurti/
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    O manuscrito de Aryel Sanat disponvel online The Secret Doctrine,Krishnamurti, and Transformation aborda muitos dos assuntos levantados

    por van der Leeuw. A principal alegao de Sanat que a essncia daDoutrina Secreta () a transformao humana.

    Govert Schuller

    Govert Schuller

    A Teosofia como nunca antes vista

    Prefcio

    Como parte de discusso regular de um grupo de discusso de Teosofia naInternet, foi sugerido que eu poderia recomendar um livro ou artigo sobre oqual nos poderamos focar. Em resposta a esta sugesto, eu coloquei o textodigitalizado de um panfleto teosfico bastante raro, escrito por J.J. van derLeeuw e publicado em 1930. O assunto diz respeito ao conflito entrerevelao e realizao que tem existido na Sociedade Teosfica (ST) desde oseu incio, que segundo cr van der Leeuw (e eu prprio) est na origem do

    falhano da ST. Eu considero que os temas tratados neste panfleto tambm seaplicam queles que fazem parte da LUT [NT: Loja Unida dos Teosofistas] edas tradies de Point Loma, embora ele s esteja a referir a histria teosficade Adyar no texto.

    Para dar algum enquadramento, deve-se referir que a ST de Adyar estavapassando por uma crise, na altura em que este panfleto foi publicado.Krishnamurti estava desde h algum tempo a contradizer as revelaes eordens do Mestre transmitidas por Annie Besant e C.W. Leadbeater, e no final

    de 1929 Krishnamurti ordenou a dissoluo da Ordem da Estrela do Oriente edemitiu-se da ST. O texto que vou disponibilizar resulta de uma palestra dada

    http://www.teosofia.com/transformation1.htmlhttp://www.teosofia.com/transformation1.htmlhttp://4.bp.blogspot.com/-m02hHVS1-40/UVSH9s9kZ7I/AAAAAAAAAs8/D9K-6Gwb1R4/s1600/govert.jpghttp://www.teosofia.com/transformation1.htmlhttp://www.teosofia.com/transformation1.html
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    por J.J. van der Leeuw, onde ele analisa a ST por forma a descobrir o quecorreu mal. Embora este panfleto tenha mais de sessenta anos [NT: este

    prefcio foi escrito em 1995, o texto tem hoje mais de oitenta anos], eu creioque as ideias de van der Leeuw continuam a ser to relevantes hoje, comoeram ento, porque os problemas subjacentes que afligiam a ST em 1930 soos mesmos de hoje.

    Johannes Jacobus van der Leeuw (1893-1934) juntou-se TS em 1914 erapidamente se tornou um membro valioso do crculo interno. Em 1921, eletornou-se um clrigo da Igreja Catlica Liberal e ganhou a Medalha de SubbaRow por The Fire of Creation [NT: O Fogo da Criao], um clssicoteosfico, que creio ainda estar a ser impresso. Ele tambm publicou ADramatic History of the Christian Faith, The Conquest of Illusion e Godsin Exile. Tragicamente, tal como muitos antes que questionaram as aes das

    pessoas erradas, J.J. van der Leeuw perdeu a sua posio no crculo internodepois de ter publicado este panfleto de forma privada. Como bvio, estepanfleto nunca mais foi reimpresso e tornou-se uma raridade, falha que agorafica remediada.

    Eu acredito que este panfleto o documento teosfico mais importantepublicado poca, e certamente um dos documentos teosficos maisimportantes alguma vez publicados, especialmente nestes tempos. Nele, ecomo ningum o havia feito, van der Leeuw debate o tema da revelao erealizao na ST, e como este conflito trouxe uma crise, que ainda hoje nosacompanha, e acredito, o principal responsvel pela m situao no apenasda ST Adyar, mas de todas as organizaes teosficas. Apenas quando asorganizaes teosficas forem capazes de enfrentar este assunto terooportunidade de ocupar um lugar como um movimento importante no mundo.

    Jerry Hejka-Ekins, Setembro de 1995

    Jerry Hejka-Ekins

    http://1.bp.blogspot.com/-fsAK3nIc97Y/UVSIYlZrqHI/AAAAAAAAAtM/5y39d6_drUQ/s1600/jerry+hejka-ekins.jpg
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    "Revelao ou realizao: O Conflito na Teosofia

    Houve um tempo no qual nenhuma dvida parecia possvel sobre o futuro daST. Tinha-nos sido dito que os Mestres da Sabedoria tinham-na fundado e queseria a pedra angular das religies do futuro [NT: Sobre isto, veraqui].Consequentemente a possibilidade do seu falhano dificilmente ocorria aosseus membros. Os imprios poderiam desfazer-se, as igrejas podiam deixar des-lo, mas a ST continuaria atravs dos tempos.

    Recentemente, contudo, srias dvidas tm surgido nas mentes de muitosrelativamente a este futuro. O mundo em geral no est interessado emTeosofia ou no movimento teosfico como estava h quarenta anos atrs. Naaltura, a ST sofria oposio por ser um perigoso movimento pioneiro. Agora

    olhada com indiferena e encarada mais como uma relquia do passado do queuma promessa de futuro. Praticamente em todas as Seces h uma grandereduo da venda de livros mostrando que a literatura que j foi atrativa para o

    pblico, no mais desejada.

    Mais srio ainda que a indiferena do mundo moderno para com o movimento o conflito dentro dele. No estou a falar do conflito de personalidades, estesno interessam. O conflito entre diferentes pontos de vista, vises de vida.Eu definiria estas como o conflito entre revelao e realizao. Este conflito inerente ao movimento teosfico desde a sua criao, e tem-se agudizadodesde 1925. Foi ento que por um lado a revelao se tornou irreal e portantoquestionvel, e por outro lado a realizao foi enfatizada por Krishnamurti

    como o caminho de vida.

    http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=689#.UVIF1BzOuSohttp://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=689#.UVIF1BzOuSohttp://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=689#.UVIF1BzOuSohttp://1.bp.blogspot.com/-0Ja5b6tDI4U/UVTDyZt-h6I/AAAAAAAAAtc/xTELuNTwa0s/s1600/sociedades-secretas-sociedade-teosc3b3fica.gifhttp://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=689#.UVIF1BzOuSo
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    Um sistema de revelao s possvel quando existe um orculo, um canal derevelao, cuja autoridade no pode ser questionada. Uma pluralidade deorculos letal para a revelao. Quando em 1925 foi anunciado que oInstrutor do Mundo teria doze apstolos como j tinha acontecido na Palestina[NT: h cerca de 2000 anos], e quando o prprio Krishnamurti negou terquaisquer discpulos ou apstolos foi inevitvel que os membros se

    perguntassem se aquela revelao, assim como as anteriores, eram ou no deconfiar.

    Anteriormente, os movimentos cerimoniais tinham ganho adeptos muito pelofacto de serem anunciados como uma preparao do trabalho do Instrutorvindouro. Em nome dele e sob sua autoridade, esses movimentos eramlanados por diante e aqueles que tomavam parte neles sentiam que estavam afazer o trabalho do Instrutor. Quando ele comeava a ensinar e negava o valor

    da cerimnia, chamando-a um obstculo libertao, eram novamente muitosque perguntavam a si prprios como poderia esta contradio ser explicada.As explicaes avanadas eram muitas e engenhosas, mas o facto que a fna revelao ficou abalada para sempre. A consequncia disto foi que otrabalho e o autossacrifcio dos membros que se baseavam nesta f emrevelaes, decaiu consideravelmente. No corao de muitos a dvida e odesespero tomaram o lugar da crena inquestionvel. O resultado inevitvel um processo de desintegrao, em que muitos dos mais importantes membrosdeixam o movimento no qual deixam de ter confiana.

    minha inteno nesta palestra procurar as causas desta desintegrao e sepossvel, encontrar uma cura. Devo portanto exercer o meu poder de crtica demodo muito aberto. A crtica tem sempre sido extremamente impopular naST. Teoricamente a nossa plataforma livre, mas na prtica aquele que pensede forma diferente do resto, embora seja perfeitamente livre de o fazer, noencontrar nenhuma plataforma para expressar o seu pensamento. Temsempre havido receio de alguma ideia que possa perturbar a harmonia entre osmembros. A crtica, mesmo que expressa com gentileza, foi imediatamente

    rotulada como ataques justos e cruis, como no-fraterna e em ltimainstncia como influncia dos poderes das trevas. a atitude mental medieval,onde o cheiro sulfuroso da atividade satnica detetado sempre que umaopinio expressa de forma distinta da sua.

    Eu falo por amor verdade, no para atacar a Teosofia. Uma coisa que eugostava de vos pedir, que acreditem minimamente na minha sincera intenode ajudar os nossos membros no presente estado de confuso, e que nosuspeitem de intenes sinistras da minha parte. Sinto-me como um mdico

    beira da cama do paciente. Ele deve procurar os rgos doentes e s pode

    ajudar o paciente procurando todas as causas dos seus problemas de sade.Quando um mdico diz que o corao do paciente est doente, ns no o

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    chamamos de no-fraterno ou dizemos que ele est a atacar o paciente daforma mais cruel. No dizemos que ele deve procurar s o que h de bom no

    paciente e no o mau, e que ele deve enfatizar o bom estado dos pulmes eno a m condio do corao. Eu tenho de falar dos sintomas de doena domovimento teosfico e apenas atravs de uma crtica completa que eu possoanalis-los.

    Ao criticar a Teosofia ns devemos antes de tudo perguntar: que Teosofia?Historicamente a palavra quer dizer a experincia do divino, distinguindo-sede teologia que a discusso sobre Deus. A experincia da causa ltima, darealidade, da vida, da verdade, est para l de qualquer discusso. Existesempre que um homem a tem e no pode ser criticada ou negada. Em segundolugar, a palavra [Teosofia] tem vindo a ser usada () como um sistemaarcaico de sabedoria esotrica guarda de uma fraternidade de Adeptos.

    Irei-me pronunciar sobre esta ltima conceo mais adiante, pois no momentono estou a t-la em conta. Em terceiro lugar, Teosofia significa o sistema dedoutrinas apresentadas na literatura ou em palestras desde o incio da ST. Isto o que o mundo em geral reconhece como Teosofia. Por fim, existe a prticaem importantes centros de trabalho teosfico, onde, tendo em conta o trabalho

    presentemente feito e os objetivos realizados diante das pessoas, podemos veraquilo que considerado como importante. De momento estou a falar apenasdestas duas ltimas formas de Teosofia, ou seja, aquelas que foramapresentadas ao mundo em livros ou palestras ou que podem sertestemunhadas nos centros de trabalho teosfico.

    Imagem de 1890 da sede da ST em Adyar(foto tirada de blavatskyarchives.com)

    Esta Teosofia nasceu na Era Vitoriana. O fim do sculo XIX foi um perododivorciado da vida. O homem tinha perdido o sentido das relaes vitais etinha tornado em algo absoluto coisas que s tinham sentido como relaesvivas. Assim, ele olhava para o mundo que o rodeava, como um universo

    objetivo diante dele, independente da sua conscincia. Na verdade, o que nschamamos de mundo que nos rodeia a forma como ns interpretamos a

    http://3.bp.blogspot.com/-YWasRH2bsdI/UVTGjH60tJI/AAAAAAAAAts/810lL3FdVO0/s1600/adyarc.jpg
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    realidade que afeta a nossa conscincia. Esta interpretao nos termos danossa conscincia a nossa mundiviso, que real apenas em relao conscincia de que faz parte. Desde que esta relao seja reconhecida no h

    problema. A vida ou a realidade afeta o homem e atravs dele externalizadacomo uma mundiviso na sua conscincia. O homem o foco atravs do qualeste processo acontece, e existe um fluxo ininterrupto de realidade da vida oafetando e, atravs dele, se tornando numa mundiviso.

    Quando contudo, o homem esquece que ele apenas um foco da realidade esente-se como um ser distinto, uma alma ou um esprito, tudo muda. Em vezde reconhecer que aquilo que chama de mundo a sua interpretao, emtermos da conscincia, da realidade que o afeta, ele objetiva essa mundiviso etorna-o em algo absoluto, oposta a ele: o mundo da matria. De um modosimilar ele separa-se a si prprio daquela vida que cria a mundiviso nele,

    objetivando tambm isso e chamando-a de Deus ou Esprito. Assim, eleencontra-se a si prprio isolado entre dois mundos: um mundo de matriadensa externamente e um mundo espiritual subtil internamente. Doravante,esta dualidade toma conta da sua vida e na prtica ele tem de escolher entre osseus dois elementos. Esta escolha entre o materialismo e o idealismo.

    No sculo XIX esta anttese era bastante real, e a Teosofia, baseada naqueledualismo, identificava-se com a viso idealista opondo-se materialista.Lutou contra o materialismo dos seus dias e era francamente idealista ouespiritual na sua filosofia. Ainda o ; na doutrina teosfica, o mundo espiritual olhado como o mundo real onde o homem, o Eu Superior tem o seuverdadeiro lar. Desse mundo ele descende at estes mundos inferiores damatria onde atravs dos seus corpos inferiores ele ganha experincia.Quando, atravs da experincia o seu Ego se torna perfeito, ele retorna paraesse mundo do alm, de onde veio.Desse modo, a Teosofia uma filosofia do Alm, a sua realidade ltima no este mundo fsico mas um mundo afastado desse vrios estdios. A suarealizao no est no presente mas no futuro quando a perfeio for atingida.Assim, no espao e no tempo, uma filosofia do Alm.

    O mundo mudou consideravelmente desde o sculo XIX. A maior mudana a de que [o mundo] redescobriu a vida e portanto foram reestabelecidas asrelaes vitais que se perderam num perodo de dualismo. Assim, o homemmoderno no mais reconhece uma dualidade entre esprito e matria ou, emtermos cientficos, fora e massa, mas v estes como quantidades convertveisque aparecem como um ou outro de acordo com a posio do observador.Uma nova perspetiva sobre a vida nasceu, que no idealista nemmaterialista, nem to pouco um compromisso entre os dois. Podemos defini-locomo um novo realismo luz do qual o idealismo aparece to gasto como o

    materialismo. A sua realidade no um mundo ou mundos alm, mas osignificado deste mundo como outro mundo qualquer, o homem estando to

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    perto da realidade do mundo fsico como em qualquer outro mundo em queele possa viver. De modo similar, o sentido de realizao da vida no vistocomo uma apoteose longnqua de derradeira perfeio mas a realizao davida aqui e agora.

    O prprio homem a porta aberta para realidade, ele o foco atravs do quala realidade se transforma em mundiviso e com a sua prpria experincia domomento, ele pode portanto encontrar uma porta aberta para toda a vida. Esteno um estado mstico, no h fuso com o absoluto, se tal coisa fosse

    possvel. um processo que tem lugar na efetiva experincia do momento eno local onde o homem se encontra. A experincia que se tem, nesse efetivomomento e local a porta aberta para a realidade nada mais. no aqui eagora que o caminho da vida deve ser encontrado.

    Os homens e as mulheres dos novos tempos no tm por isso tempo para umafilosofia dualista que prega um idealismo gasto, no tm interesse numafilosofia do Alm. E isso, que a Teosofia , aos olhos deles. Nasceu numaera de dualismo, aliou-se com um dos dois elementos, o espiritual, e a suaobjetividade num mundo do alm e a sua perfeio num tempo futuro, a esserespeito mais uma relquia do passado que uma promessa de futuro.

    A menos que a sua filosofia passe a ser daqui e de agora, reconhecendo que arealidade ou vida s podem ser abordadas atravs da efetiva experincia, e demais forma nenhuma, no existe futura para ela [a Teosofia], e apenas ter nomais que um interesse histrico.

    Outra caracterstica do sculo XIX foi o medo da vida. Quando o homem estdesligado da vida ele tem receio dela e procura um abrigo ou um refgio. Ele

    procura uma certeza final, um sistema que resolva todos os problemas da vida,para que a Vida, que ele teme, no o possa apanhar desprevenido outranstornar a sua confortvel existncia. Portanto, um sistema filosfico queafirma resolver os problemas da vida e que seja capaz de explicar tudo o queacontece tem um grande apelo para um homem desse gnero.

    A Teosofia era uma filosofia deste tipo, alegava ter uma resposta para osproblemas da vida, de ter solucionado os seus enigmas. Mesmo os seusinimigos devem reconhecer que os teosofistas so inigualveis em explicartudo o que acontece, embora contraditrios. Com um virtuosismo verdadeiroeles executam acrobacias mentais em que podem afirmar ou acreditar numacoisa e mesmo assim encontrar uma explicao quando os factos da vida oscontradizem.

    Aqui o desejo pela verdade no to grande como o desejo de fazer a vida

    encaixar num sistema preconcebido. O homem sente-se seguro apenas quandonada do que lhe acontece diariamente escapa ao sistema de explicao

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    racional que ele construiu. Quando algo lhe acontece, ele quer explicar porqueaconteceu e para que serve no fim de contas. Assim ele encaixa-o no seusistema de pensamento, racionalizando o acontecimento. QuandoKrishnamurti comeou a ensinar, a maior dificuldade para os teosofistas noera tanto o facto de no entenderam os ensinamentos, mas sim de seencaixarem no seu sistema de pensamento. A questo no era o que quer eledizer?, mas sim como pode isto ser reconciliado com o que foi ensinadoanteriormente?. A vida contudo, nunca pode ser reconciliada com ideias

    preconcebidas, nem pode ser racionalizada. A vida no uma inteligncia,portanto nem lgica nem racional, no tem causa ou propsito. A tentativade racionalizar o sofrimento que nos surge em vida, mostrar que o merecemos,e que bom para alguma coisa no fim de contas, est portanto condenado afalhar. No podemos domesticar a vida desta maneira.

    Krishnamurti, na altura em que foi publicado"Aos Ps do Mestre", de quem se diz ter sido

    o autor, embora alguns o

    atribuam a Leadbeater.

    curioso ver como o homem fica apavorado perante a ideia de que a vida estpara l do que pode ser explicado. Ele quer consolo, uma droga que adormeao seu sofrimento ou uma espcie de calmante para dormir, que lhe d a ilusode bem-aventurana. O teosofista tinha esse consolo e esse soporfero.

    Nenhum sofrimento poderia atingi-lo, mas ele acalmaria a sua humanidadeindignada atravs de um processo de racionalizao em que ele provava a si

    prprio que o sofrimento tinha de lhe bater porta, e que isso seria bom para

    ele. Estas tentativas de explicao, contudo, cegavam o homem para overdadeiro significado das coisas que lhe aconteciam. Elas desviam a sua

    http://3.bp.blogspot.com/-j1inq_69zc4/UVTJuOAMK9I/AAAAAAAAAt8/7ufWXJbq-hA/s1600/krishnamurti.jpg
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    ateno do acontecimento em si, que ocorre aqui e agora, e conduzem a umacausa ou resultado imaginrios. Assim o significado do acontecimento quereside na efetiva experincia, escapa-lhe e ele no est nem mais rico, nemmais sbio pelo seu sofrimento.

    De um modo anlogo, a Teosofia afirma ter uma explicao para os grandesproblemas da vida: porque foi o universo criado e como, o que acontece apsa morte, para que vive o homem e em que se tornar ele. Aqui uma vez mais,o processo de racionalizao desvia a ateno do mistrio da vida, que apenas

    pode ser experienciado no presente. A vida no um problema a serresolvido, mas um mistrio a ser experienciado. graas extrema facilidadecom que a Teosofia explica todos os problemas e acontecimentos que osverdadeiros artistas e pensadores a tm evitado. Eles sabem demasiado bemque a vida no pode ser contida num qualquer sistema, e que o propsito do

    pensamento no explicar a vida, mas entend-la, por experincia.

    Um sistema de pensamento sempre traz um estado de certeza mental e vacilaapenas perante um nico temor, o de ser perturbado pela dvida. por essarazo que no h espao para pensadores dentro da Sociedade Teosfica. Um

    pensador sempre uma influncia perturbadora. A Teosofia, ao afirmaroferecer um sistema de pensamento que explica a vida e os seus problemas,no tem s afugentado pensadores e artistas, mas tem tambm atrado mentesmedocres que procuram conforto intelectual e no a verdade. Isto explica

    porque o movimento teosfico, nos seus cinquenta anos de existncia, tem deforma muito particular, tido falta de pensamento criativo ou original, poisestes eram automaticamente excludos.

    Uma vez mais, a grande mudana que teve lugar no mundo passoucompletamente ao lado da Sociedade Teosfica. O homem modernoredescobriu a vida e consequentemente perdeu f e interesse em qualquer dossistemas de pensamento que afirmam explicar a vida ou resolver os seusenigmas. Ele sabe demasiado bem que a vida s pode ser entendida pelarealizao que vem da experincia, no por quaisquer equaes ou doutrinas.

    A nossa idade moderna emergiu para alm dessa conscincia estreita que eratudo o que antes o homem reconhecia nas suas especulaes. Ele est agoraatento ao inconsciente, sem o qual o consciente permanece ininteligvel.

    Ele sabe que a vida, no sendo conscincia irracional, no sendo lgica, nemjusta. pois em vo que ele procura explicaes ticas dos seusacontecimentos ou resultados morais das agruras que ela inflige em ns. Estesnunca podem explicar ou justificar os eventos que ocorrem. O significado doacontecimento s pode ser apreendido atravs da efetiva experincia domesmo, e toda a procura por um abrigo, refgio ou consolao desvia o

    homem dessa experincia. O homem moderno, portanto, no tem qualquerinteresse num sistema de pensamento, por mais engenhoso e elaborado que

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    seja, que dissipe os seus medos e lhe oferea uma falsa tranquilidade nas suastentativas de explicar a vida. Ele no quer ser protegido, ele no procura oconforto quente e sonolento da lareira. Ele antes preferiria sair rua s e semroupa e enfrentar a tempestade da vida, do que ficar seguro num abrigo que aexclui. Ele preferiria perecer nessa tempestade do que viver uma falsasegurana. Ele no quer procurar a felicidade, mas a prpria vida, a realidade.Portanto, uma filosofia que lhe oferece a suposta segurana da explicaes esolues no tem qualquer interesse para ele, aquelas no so mais vlidas.Quem nestes tempos modernos alega ter resolvido os problemas da vida,apenas conseguir se comprometer.

    Se h algum futuro para a Sociedade Teosfica, ela ter de renunciarcompletamente sua reivindicao de ter resolvido os enigmas da vida e deser um repositrio de verdade. Em vez disso ter de unir todos os que

    procuram a verdade e a realidade, no obstante estas possam trazer sofrimentoe desconforto. O buscador da verdade acolhe a perturbao e a dvida, as duascoisas que sempre foram e so mais temidas pelos teosofistas.

    Mas a Sociedade Teosfica ainda respira a atmosfera do ltimo sculo numoutro aspeto: no desejo de unir numa fraternidade aqueles que pensam ousentem de modo semelhante. Por conseguinte, a Sociedade Teosfica visavaformar um ncleo de fraternidade. Um ncleo tal porm, derrota o seu prprio

    propsito. No pode escapar a se tornar uma fraternidade excluindo os irmosindesejados. No momento em que unimos um nmero de pessoas num ncleoassim, crimos uma seita, um grupo separado e amuralhado do resto domundo e portanto da vida.

    Mostramos que isto verdade, cada vez que falamos, como muitas vezesfazemos, do mundo exterior. As prprias palavras do a entender que ns

    prprios estamos dentro de alguma coisa. Dentro de qu? Dentro de algo quemantm aquele mundo exterior fora desse mesmo algo! Dentro de uma

    barreira que ns erigimos volta de ns e pelo meio da qual ns impedimos aentrada queles que pensam de modo diferente. Essa barreira de crenas e

    doutrinas elaboradas tem to eficientemente impedido a entrada do temidomundo exterior, de tal modo que nem o ar fresco desse mundo conseguiupenetrar na sua solidez interna, e a Sociedade tem respirado desde hcinquenta anos nada mais que a atmosfera dos seus prprios pensamentos ecrenas. Nas suas reunies foram sempre os teosofistas que falaram a outrosteosofistas sobre as doutrinas teosficas que todos eles j conheciam. A nicacoisa que foi unanimemente evitada foi a introduo de ideias externas que

    pudessem desafiar ou pr em dvida as doutrinas vigentes. A excluso domundo exterior tem sido evidente no quotidiano das lojas. Foi na intimidadeconfortvel e asfixiante do quotidiano das lojas que a ortodoxia teosfica

    poderia prosperar. Ali, num pequeno crculo de mentes medocres, todospensando e acreditando de modo semelhante, uma fraternidade calorosa

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    poderia surgir, unindo todos na certeza encantadora de possuir a verdadeesotrica, enquanto o mundo exterior vivia na escurido.

    Na minha ltima digresso eu visitei uma loja, da qual o presidente me disseser uma famlia feliz. Isto despertou as minhas dvidas, pois eu sei comoso as famlias felizes. Ento ele continuou, dizendo que uns anos antes haviaum membro que estava sempre a questionar e a pr tudo em causa, causando

    perturbao nos seus encontros harmoniosos. Mas agora esse membro tinhadeixado a sua loja e tudo estava em harmonia novamente. Ele quis dizer, claro, que o torpor feliz da sua inatividade intelectual, que havia sido

    perturbada por algum tempo pelo nico membro efetivamente vivo, tinha sidoreestabelecido.

    bem verdade, teoricamente, que a nossa plataforma livre, que no temos

    dogmas e que qualquer um livre de criticar. Mas se esse algum o faz,sofrer a excomunho silenciosa que ir efetivamente empurr-lo comindiferena para fora do ncleo de fraternidade. Iro lhe fazer sentir que a suaconduta escandalosa e no-fraterna, que est sendo torturado pela menteinferior, que est a atacar a Teosofia e se predispondo influncia dos poderesdas trevas. E esta atitude visvel, no s entre grupos de membrosignorantes, pois eu tenho-a encontrado at junto das autoridades mais altas.Portanto, o discurso sobre uma plataforma livre e a perfeita liberdade de ideiasno me impressiona, pois eu sei que no existe tal liberdade, mas antes umaortodoxia inconsciente que praticamente conseguiu matar inteiramente afaculdade do pensamento crtico dos teosofistas.

    Se a Sociedade com o seu orgulho, no tivesse tanta certeza que caminha naluz e tivesse sido chamada a trazer esta luz para um mundo em escurido,

    poderia ter notado que as barreiras que tem erguido entre si e o mundoexterior, evitaram a luz da vida de entrar. Assim tem vivido s escuras,enquanto no mundo exterior uma nova e grande luz surgiu. Esse mundoredescobriu a vida sobre a qual os teosofistas falavam e consequentemente[esse mundo] no ser vtima de mais barreiras. Portanto, os verdadeiros

    homens e mulheres modernos jamais se iro tornar membros de qualquerSociedade, desde que eles sintam que a fraternidade uma seita e a sualiberdade de pensamento, uma ortodoxia. Quem vem de fora sentir que aoentrar na Sociedade Teosfica, ou noutro qualquer movimento espiritual, esta subscrever um credo que o exclui do resto do mundo, e entra numafraternidade que o far diferente de todos aqueles que no lhe pertencem.

    Se a Sociedade Teosfica quer sobreviver, deve atrair aqueles que tm sempreprocurado, e regra geral, falhado em atrair. Ter de mudar completamente oseu modo de agir. Acima de tudo, a loja tradicional com os seus encontros

    tradicionais ter de ser abolida. No h um fardo mtuo mais pavoroso do queo da Loja que se tem de encontrar todas as teras-feiras noite e ento pensar

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    em algo para fazer. O resultado s pode ser um fardo ou uma imagemartificial da vida.

    Uma vez mais, se a Sociedade Teosfica para continuar, a antiga forma defiliao que implica a aceitao silenciosa de um credo tem de desaparecer euma organizao mais livre deve tomar o seu lugar, no qual a filiao notorne um homem mais parte de uma fao do que se ele pertencesse NationalGeographic Society. O homem moderno no quer barreiras que lhe impeam aentrada num suposto mundo exterior. Ele procura o contacto livre edesimpedido com a vida.

    At agora tenho lidado com as causas do declnio do movimento teosfico nasua relao com o mundo em geral. A partir daqui devemos considerar ascausas mais srias de desintegrao dentro do movimento.

    Desde o seu incio, a Sociedade Teosfica tem sofrido um conflito interno queeu classifiquei como sendo entre a realizao e a revelao. No seusignificado histrico, Teosofia significa realizao, a experincia do Divinodentro do homem. Foi utilizada, nesse sentido, na filosofia neoplatnica e

    pelos filsofos medievais. Esta conceo da Teosofia tem estado presente nosensinamentos teosficos desde o incio. Era suposto um homem ter deencontrar o eu superior dentro dele e desse modo entrar em conscincia unacom a Vida em todas as coisas. Ao mesmo tempo, porm, a Teosofiacaracteriza-se pelo sistema arcaico da verdade esotrica guarda de umafraternidade de Adeptos. Neste caso, a Teosofia no para ser experienciada

    pelo homem, antes um corpo de doutrina possudo e guardado por um grupode Adeptos, em cujo poder est a sua revelao aos outros. Assim a via doconhecimento passou a ser de discipulado. Apenas se tornando um aluno dosMestres poderia o homem esperar tomar posse da verdade esotrica. Oobjetivo era obter a iniciao na Fraternidade, entrando na hierarquia queguarda a sabedoria esotrica. A via da sabedoria a da revelao, a Sabedoriadivina recebida pelo aluno atravs do seu Mestre e transmitida quelesmenos iluminados do que ele prprio. Assim, um sistema hierrquico de

    revelao surge, no qual a autoridade dos superiores no deve ser questionadae a sugesto mais leve no para ser criticada mas obedecida. O esprito ode um exrcito espiritual onde a obedincia e a eficincia so virtudes maioresque a atividade criativa individual e a genialidade. O caminho da realizao o caminho do indivduo, o seu produto maior o gnio criativo. O caminho darevelao o caminho do grupo, o seu produto maior o canal perfeito,transmitindo de modo obediente as ordens e o poder vindos de cima.

    Devemos distinguir nitidamente revelao de autoridade. Autoridade umfacto da natureza. Quando um homem mais sbio ou poderoso, ele

    automaticamente tem autoridade sobre os outros. Que esta autoridade possa

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    conduzir a abusos de poder ou de tirania e impedir a liberdade de outros, noinvalida o facto de que superioridade de nenhum modo signifique autoridade.

    Mas quando eu falo em revelao, quero dizer informao que se afirmaprovir de uma fonte invisvel, de uma autoridade inacessvel. O homemprimitivo olhava para alguns dos seus pares como estando intimamenterelacionados com os deuses que ele temia e que estavam disponveis pararevelar a sua vontade e poder. Assim, o sacerdote era um canal atravs do quala vontade, a sabedoria e a graa da divindade poderiam ser transmitidas smassas. O homem procurava um guia para a sua prpria vida, pelas revelaesque lhe chegavam atravs do orculo designado. A casta sacerdotal ganhou

    poder sobre as almas dos homens e foram capazes de fazer cumprir a suaprpria vontade, ao camufl-la no material da revelao vinda do Alto.Portanto, revelao no sentido que eu uso aqui, uma mensagem de uma

    autoridade invisvel vinda atravs de um canal designado.

    No discurso comum, ns s vezes falamos de coisas que so uma revelaopara ns, mas no nesse sentido que a palavra usada aqui. Eu posso dizerque a teoria de Einstein uma revelao para mim, mas que fique claro queem nenhum trabalho cientfico o elemento da revelao tem lugar. No se falaem nome de uma autoridade invisvel. Os cientistas falam em seu prprionome e o que eles dizem pode ser questionado, criticado, aprovado oudesaprovado. A autoridade est sempre disponvel, a fonte do conhecimentoest acessvel e, apesar de nem todos os homens terem os meios para provar sea teoria de Einstein verdadeira ou no, eles sabem que outros cientistas darea tm dado o mximo para descobrir falhas nela.

    O grosso da nossa literatura teosfica no contm o elemento da revelao. Seum teosofista escreve um livro, descrevendo as suas experincias neste ounoutros mundos, ou expe as suas ideias sobre a vida e os seus problemas, noexiste revelao numa obra dessas. Aquele que o escreveu, pode serquestionado e criticado, o argumento do livro pode ser discutido e alvo decontraditrio. Todo o assunto permanece dentro do reino da razo. Contudo,

    no tempo de HPB, o elemento da revelao esteve presente na SociedadeTeosfica. Assim, nas Cartas dos Mahatmas, ns encontramos mensagensvindas de uma autoridade invisvel atravs de um canal designado. Mais tarde,quando as cartas deixaram de chegar, mensagens vinham diretamente deautoridades teosficas reconhecidas. Nestas mensagens, os Mestresexpressavam as suas intenes sobre o que deveria ou no ser feito, queatividades deveriam ser levadas ou no a cabo e davam sugestes para guiaras vidas dos seus possveis alunos. Aqui ns encontramos a verdadeirarevelao: mensagens de uma autoridade invisvel, inacessvel aos outros. certo que, teoricamente, a autoridade invisvel est acessvel a todos aqueles

    que tm sucesso em conseguir erguer a sua conscincia ao nvel dela. Contudona prtica, ela no est acessvel, e caso algum afirme ter entrado em

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    contacto com a mesma autoridade que havia antes enviado mensagens paraoutrem, ento ver-se- que essa autoridade falar atravs desse algum comuma voz muito diferente. Ns precisamos apenas de comparar as cartas doMestre KH produzidas no tempo de HPB e escritas no seu estilo Bomio [nosentido de no convencional], intercalado com expresses em francs, muitasvezes num estilo vivo, com as mensagens reveladas como tendo vindo domesmo mestre em anos mais recentes. Elas transpiram um espritocompletamente diferente. Se primeiro caso se negava a existncia de Deus sobqualquer forma, visvel ou invisvel, pessoal ou impessoal, no segundo casoDeus foi reintroduzido de uma forma muito personalista. Quando nas Cartasdos Mahatmas, o mestre KH fala da religio como sendo o maior mal nacivilizao humana e denuncia todas as igrejas, casta sacerdotal e cerimniasem termos muito claros, as suas mensagens mais recentes falam com grandereverncia sobre religio e igreja e apoiam a cerimnia e o sacerdcio de

    forma vigorosa. Somos inclinados a pensar que a fonte de uma autoridadeinvisvel para cada um algo estritamente individual e subjetivo, umaexteriorizao dos seus prprios motivos inconscientes. Isto ainda maisevidente com respeito a todas as mensagens reveladas como tendo vindo doInstrutor do Mundo durante os ltimos quinze anos.

    Mestre KH

    Quando Krishnamurti comeou a falar em seu prprio nome, com autoridade,como o Instrutor do Mundo, o que ele disse foi bastante diferente em espritoe propsito de todas as mensagens at ento recebidas. Primeiro do que tudo,ele negou enfaticamente ser o veculo de outra conscincia, ou de ser usado

    por algum que falasse atravs dele ou que o inspirasse. Ele afirmava ser oInstrutor Mundial, no porque outra inteligncia o possusse ou usasse, mas

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    porque ele tinha ganho grande liberdade e se tornado uno com a vida, que anica Instrutora. Ele negou completamente ter apstolos ou discpulos erejeitou o cerimonial, em todas as circunstncias, por ser um obstculo nocaminho para a libertao. Nem ele queria ter alguma coisa a ver, com ocaminho oculto do discipulado e iniciao, caracterizando-os como noessenciais. Foi por isso inevitvel que os teosofistas de todo o mundocomeassem a duvidar de todas as revelaes anteriores e a suspeitar que esteseram mais pertena das opinies subjetivas.

    precisa a acrobacia mental de estudantes de Teosofia treinados parareconciliar os factos contidos em revelaes anteriores e os subsequentesensinamentos de Krishnamurti. Apesar dele prprio negar estar a ser usado

    por outra conscincia, eles afirmam saber melhor do que ele o que estefetivamente a se passar na sua prpria conscincia, e ainda mantm a ideia de

    que existe outra pessoa, o verdadeiro Instrutor Mundial, vivendo nosHimalaias, que ocasionalmente fala atravs de Krishnamurti. Esteverdadeiro Instrutor Mundial subscreve inteiramente as revelaesanteriores, tem apstolos e aprova os movimentos cerimoniais, especialmentea Igreja Catlica Liberal. O facto de Krishnamurti negar o valor destasafirmaes explicado pelo facto de, sendo ele apenas um veculo no

    poder expressar completamente a conscincia gloriosa que eles, os quefalam, conhecem muito mais intimamente que ele. Assim, nada quer dizer queele se contradiga com o revelado anteriormente, apenas mostra que naquelaocasio, no era o Instrutor do Mundo a falar, mas apenas o Sr. Krishnamurti.O que interessante aqui que a algumas pessoas creditada a capacidade de

    nos dizer quando Krishnamurti fala e quando o Instrutor do Mundo a faz-lo. O resultado parece ser que quando as opinies so concordantes com assuas, quem est a falar o Instrutor do Mundo, caso contrrio o Sr.Krishnamurti. O nico em que evidentemente no se deve acreditar, quandodiz que o Instrutor do Mundo que est falando, o prprio Sr. Krishnamurti.

    No h necessidade pois de alongar a exposio sobre a quo longe podechegar a casustica teosfica. Permanece o trgico facto de que parece existir

    menos interesse em entender o que Krishnamurti diz do que em tentarencaixar em revelaes expressas anteriormente. Seria muito mais simplesreconhecer que as revelaes prvias estavam erradas. Mas isto, claro, iriadesacreditar a causa da revelao.

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    Krishnamurti (1895-1986)

    O suficiente, contudo, foi dito para demonstrar o quo funestos so os efeitosda revelao no movimento. O facto de a revelao ser uma mensagem

    proveniente de uma autoridade invisvel, inacessvel aos outros, coloca-o paraalm do reino da razo e torna-o impossvel de ser criticado ou de verdiscutido o seu valor. Em todas as discusses que j tive sobre o assunto, os

    partidrios da revelao acabam sempre por dizer no final: Bem, o que euposso dizer que o Mestre disse-me para fazer isto, e portanto eu fao-o. Istoencerra qualquer discusso e pe a questo em debate para l da razo.Portanto eu mantenho que os efeitos negativos da revelao so provocados

    pelo facto desta s pode ser aceite ou repudiada, mas nunca criticada luz darazo. Eu sei que teoricamente isto pode ser feito, e sempre que o assunto vemao de cima, -nos dito que os lderes teosficos tm sempre incitado os seusdiscpulos a julgaram por eles mesmos e a no aceitarem nada s porque eleso disseram. Isto contudo apenas teoria. Na prtica, algum que se aventure a

    criticar ou a duvidar de uma mensagem vinda do Mestre, sofreria aexcomunho silenciosa dos herticos e ser-lhe-ia dado a entender que ele estinapto para ser um dos eleitos. Que valor tem a liberdade para criticar e julgar

    por si prprio quando, nas raras vezes, em que alguma corajosa alma seaventurou a faz-lo, -nos dito que nas encarnaes vindouras, ela iratravs de sofrimento incalculvel, tatear em vo pela luz queintencionalmente rejeitou? Isto no mais do que Danao Eterna noutraforma. a ameaa e medo de punio vindoura que aterroriza os potenciaiscrticos de volta a uma atitude de obedincia submissa. Nas Cartas dosMahatmas e na correspondncia entre HPB e Sinnett, ns podemos ler o que

    dito sobre aqueles que no seguem um conselho uma vez dado, ou que seatrevem a discutir sobre uma ordem vinda de cima. Mesmo o prprio Sinnett

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    foi repetidamente ameaado com a quebra de qualquer relacionamento com oseu Mestre se ele no seguisse as ordens dadas. E no h dvida que, se umteosofista nalguma altura criticar ou rejeitar uma mensagem vinda de umMestre atravs de um canal designado, ser-lhe- consequentemente dito querompeu por um longo perodo tais privilgios.

    Quando simultaneamente o discipulado e o aproximao a um Mestre sosustentados como o objetivo de vida, fica claro que a teortica liberdade decrtica significa abandonar aquilo que mais querido e nobre na vida dasteosofistas.

    Eu desejo tornar perfeitamente claro que no estou de modo algum negando aexistncia dos Mestres ou a possibilidade de comunho com eles. Se eu pensarque o Mestre falou comigo, este facto no implica revelao, mas apenas

    experincia: eu tenho uma experincia que pode ou no ser de valor paramim. A revelao apenas comea quando eu transmito aos outros asmensagens assim recebidas, como vindas de uma autoridade invisvel. Eugostaria de sugerir que aqueles que pensam que receberam uma mensagem deum Mestre ou de uma autoridade superior devem primeiro ver se concordamcom ela, se desperta uma resposta na sua prpria alma. Se sim, deixem-no,quando fala sobre isso aos outros, falar em seu prprio nome e dizer: Eu

    penso isto e vou fazer isto. Mas nunca o deixem dizer: O Mestre pensaassim ou o Mestre quer assim. Caso ele prprio no concorde com acomunicao recebida, que no diga nada. Mas nunca o deixem falar em nomede uma autoridade invisvel. A revelao ainda mais funesta quandointerfere com a vida do indivduo e tenta guiar a sua vida, dizer-lhe o quefazer ou onde ele se encontra. Tem sido costume nos centros teosficos olhar

    para alguns com sendo capazes de dizer a outros onde se encontram emtermos da sua evoluo espiritual, se deram ou no um passo em frente. Assimo progresso espiritual fica dependente da revelao, e dado poder a alguns dedizer a outros onde se encontram. As consequncias disto so semprefunestas. O absurdo da situao fica claro quando ns pensamos que se estas

    poucas pessoas, supostamente capazes de nos dizer onde nos encontramos,

    morressem, ficaramos perdidos na incerteza. Uma vez mais, se os canaisdesignados discordassem entre si, como j aconteceu no passado, teramos deescolher entre quem acreditamos e quem no! inevitvel que, nos casos emque tanto poder est nas mos de uns poucos, os seus gostos e averses

    pessoais inconscientemente influenciem a posio oculta em que eles colocamos restantes. Estes, por sua vez, podero ter medo de contradizer ou de se opora algum que tem o poder de conceder ou recusar etapas, mas tentaro manter

    boa impresso, e fazer tudo o que lhe pedido. Assim, surgem uma srie detestes espirituais, prejudiciais para o indivduo e para a causa que ele serve.Mas acima de tudo, permanece o facto de que impossvel, em qualquer

    altura, seja para quem for, dizer a outro onde ele est em termos de progressoespiritual. Ningum nos pode revelar isso, a no ser a vida que est em ns.

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    Cada indivduo como um raio que parte do centro de um crculo. Ele s podeentrar no centro da vida juntamente com o raio, que o seu prprio ser, nuncaatravs de outro. A vida expressa-se em cada um de ns, num modo em quens, sozinhos, e mais ningum, podemos conhecer. Existe um santurio devida em cada um de ns, no qual apenas ns podemos entrar e ouvir a sua voz.

    No podemos entrar nesse santurio atravs da porta clandestina da revelao.S existe a verdadeira estrada da nossa experincia diria. Ningum nos podedizer o que fazer na vida, que trabalho abraar, se no a voz da vida que estdentro de ns, a nossa vocao interior, a nossa singularidade individual. Ir atoutro e perguntar-lhe o que devemos fazer ou onde ns nos encontramos violar a vida que est em ns, e desligarmo-nos dela.

    Eu gostava de enfatizar que no nego a existncia do caminho oculto ou dedegraus nele como o discipulado ou a iniciao. A sua existncia ou no-

    existncia encontra-se fora do assunto que estou a tratar. O elemento darevelao s entra quando algum, em nome de uma autoridade inacessvel einvisvel diz a outros onde eles se encontram e que passos eles tomaram, eningum ter dado um passo, a menos que um dos poucos canais de revelaotenha afirmado que ele o tenha feito.

    Nada se perderia se esta prtica com as suas consequncias funestas fossedescontinuada. Se dar um passo traduz-se por uma expanso da vida interior,essa expanso real e manifestar-se- quer algum diga que demos um passoou no. De que nos valeria se todos reconhecessem que demos o passo e aexpanso de vida no estivesse dentro de ns? E pelo contrrio, que

    perderamos se todos concordassem em que no demos o passo apesar danossa expanso de vida, demonstrada de forma evidente no nosso quotidiano?O dizer ou no dizer completamente acessrio e totalmente pernicioso nassuas consequncias. snobismo espiritual, onde os eleitos sentam-se noslugares de honra, enquanto o rebanho menosprezado.

    Apesar dos resultados da revelao serem sempre funestos e opostos aoesprito da Teosofia - que a realizao os mesmos so especialmente

    perigosos quando interferem com as vidas das pessoas e quando as conduz adeixar de fazer o trabalho que elas esto a fazer e a levar a cabo trabalho queelas no tm inteno de fazer. Especialmente quando esto envolvidos jovensessa interferncia indesculpvel. Eu conheo casos, onde, com base narevelao, jovens tm abandonado os seus estudos universitrios para que se

    possam dedicar Obra. Como se a Obra de cada um no fosse aquilo quea vida lhe pede para fazer, em vez da revelao vinda de outrem! Na educaomoderna, especialmente no mtodo Montessori, claramente reconhecido queo caminho de vida o caminho da realizao. A criana rodeada de materialdidtico, o nico propsito do qual fazer brotar as suas faculdades e

    permitir-lhe aprender por experincia. Deste modo, a criana irespontaneamente se tornar naquilo que a vida interior quer que ela seja.

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    Em oposio a este esprito da vida est o esprito rgido onde as ordens vmdo alto e tm de ser obedecidas sem discusso ou demora. este esprito queinevitavelmente acompanha a revelao, a hierarquia espiritual como umexrcito espiritual onde as ordens devem ser obedecidas e no questionadas.

    Neste exrcito espiritual, a singularidade individual e o gnio criativo soesmagados. Ns no podemos portanto nos interrogar porque tem havido to

    pouco trabalho criativo na Sociedade Teosfica. porque o ideal do grupode servidores tem sido obedincia revelao e no autoexpresso atravs darealizao.

    No h razo nenhuma pela qual no deva algum ocasionalmente de pedirconselho queles mais sbios do que ele prprio, e discutir com eles as suasdificuldades. No h razo pela qual no se deva tentar aprender tanto quanto

    possvel de instrutores e livros, desde que se perceba que temos de tomar asnossas decises em nosso prprio nome e que uma fraqueza deslocar aresponsabilidade para os outros. Ns no devemos ter medo de guiar as nossas

    prprias vidas. Melhor cair nessa tentativa do que seguir com segurana nocaminho de outro.

    No h futuro na Sociedade Teosfica a menos que se livre para sempre domal da revelao. completamente incompatvel com a Teosofia, que essencialmente a experincia do Divino, ou realizao. No outro caminhoou aspeto, pois a superstio no um caminho, mas um erro. Existe uma

    pseudo-tolerncia que concorda com as vises mais conflituantes,considerando-as todas de forma imparcial, e tentando retirar algo de bom decada uma. Esta tolerncia na realidade falta de coluna vertebral, umaausncia de vigor.

    Que ningum ouse dizer que no meu discurso eu neguei o ocultismo. Existeum futuro para o ocultismo se se adequar estritamente aos mtodos cientficose submet-los a testes e provas. S se pode desenvolver se renunciarinteiramente a todas as reivindicaes espirituais ou religiosas. Tem to pouco

    a ver com estas como a cincia corrente. Tal como a cincia no se podedesenvolver at se ter livrado do fascnio mstico e espiritual na qual foienvolta na Idade Mdia, assim tambm a condio de progresso para oocultismo como uma cincia descartar o halo de mistrio na qual estenvolta.

    Quando a questo colocada, tem a Sociedade Teosfica futuro? eu sposso responder que no sei. Mas o que posso dizer com toda a certeza queno tem nenhum futuro a menos que se liberte da mentalidade antiquada queainda a impregna e nasa de novo no esprito da nova era. Que o esprito seja

    de amor da vida em vez de medo da vida, um onde a vida seja bem-vinda,apesar dela poder destruir as crenas onde ns encontrmos refgio at agora.

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    A Teosofia deve deixar de ser uma filosofia do Alm, deve conquistar adualidade onde est enraizada e perceber que a porta aberta da realidade ficaaqui e agora, na efetiva experincia diria do homem e no nalgum mundosuperior ou futuro distante. Ningum pode abrir esta porta para ns e ningum

    pode fech-la. No uma experincia mstica para uns poucos, para todos e apenas o nosso medo da vida que nos torna incapazes de v-la.

    A Teosofia tem de perceber que a sua alegao de ser um sistema filosfico,explicando os problemas da vida, no tem qualquer apelo ao homem modernoque sabe que a vida no um problema a ser resolvido, mas que uma

    procura e uma experincia em crescendo.

    A Sociedade deve deixar de ser uma fraternidade com a excluso dos irmos

    menos desejados, deve quebrar as barreiras que tornam possvel falar de ummundo exterior e criar uma nova forma de filiao que no envolva alianassectrias.

    Acima de tudo, os teosofistas devem aprender a reconhecer o conflito que temsido inerente Teosofia desde incio, aquele entre a revelao e a realizao.A Teosofia, como a realizao da vida por cada homem na sua conscincia, incompatvel com um sistema hierrquico de revelao, onde a verdade e ailuminao vm a ns atravs dos outros e onde a orientao das nossas vidasassenta em ordens recebidas de superiores.

    O homem moderno no mais deseja um abrigo ou um refgio, consolao ousegurana. Mais do que estagnar na falsa tranquilidade ou felicidade que estes

    possam dar, ele vai luta sozinho e enfrentar a tempestade da vida com assuas foras.

    O objetivo da Teosofia criar, no fracos, mas fortes homens.

    Publicado emhttp://lua-em-escorpiao.blogspot.ptem 5 partes, entre 6 de abril e 4 de maio de 2013

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