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GOVERNADOR MANGABEIRA COMEMORA ANIVERSÁRIO (Pág.10) Cachoeira se prepara pro vestibular (pág. 9) CONHEÇA SEU MUNICÍPIO: Saiba mais sobre São Félix, a cidade presépio. E veja o que rola na net. (pág. 5) ESPECIAL: Descubra qual a tendência da moda para os cabelos nesta temporada (págs. 6 e 7) Apesar de todo progresso, ntigos ofícios ainda resistem, como arte e sabedoria popular. (pag. 11) A fé nas águas que curam Confira na página 12 Estudantes da UFRB transformam parede de centro em tela de pintura (pag. 8)

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFRB

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GOVERNADOR MANGABEIRA COMEMORA ANIVERSÁRIO (Pág.10)

Cachoeira se preparapro vestibular (pág. 9)

CONHEÇA SEU MUNICÍPIO:Saiba mais sobre São Félix, a cidade presépio. E veja o que rola na net.(pág. 5)

ESPECIAL:Descubra qual a

tendência da moda para os

cabelos nesta temporada

(págs. 6 e 7)

Apesar de todo progresso, ntigos ofícios ainda resistem, como arte e

sabedoria popular. (pag. 11)

A fé nas águasque curamConfira na página 12

Estudantes da UFRBtransformam paredede centro em tela de

pintura (pag. 8)

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mes na zona rural e aluga a aparelhagem de som para eventos, shows e festas. Faz parte de seus equipamen-tos um projetor Super 8, da década de 1970. Conforme lembra, políticos como os ex-governadores Antonio Carlos Magalhães e Paulo Souto, além de bandas e ar-tistas como Banda Estaka-zero e Edson Gomes, já uti-lizaram seu equipamento e serviços.

em madeira, a xilogravura.Depois da morte do

artista, sua esposa doou to-das as obras à cidade de Ca-choeira. Elas foram transfe-ridas, 19 anos mais tarde, para o novo ateliê localiza-do em São Félix. Atualmen-te, todo o acervo vem sendo restaurado e exposto para visitação e estudo pela Fun-dação Hansen Bahia, que no último trimestre contou 212 visitantes, sem contar as visitas de escolas.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso

www.ufrb.edu.br/reversowww.ufrb.edu.br/reverso

São Félix ganha cinema grátis Texto de Caiã Pires

Com o intuito de reu-nir amigos e moradores, além de resgatar um costu-me antigo, Edson José An-tônio Silva dos Santos, 49 anos, mais conhecido como Toinho do Brilho, decidiu exibir filmes em meio à Pra-ça José Ramos, em São Félix. Sem periodicidade defini-da, os filmes, documentá-rios e até jogos de futebol são exibidos gratuitamente, ou seja, sem a cobrança de ingressos ou taxas.

Toinho conta que, quando criança, frequenta-va os cinemas de Cachoeira e São Félix regularmente e diz ter se apaixonado pe-

las técnicas audiovisuais. Devido ao grande interesse pela arte, o amante dos te-lões, que trabalhara antes apenas com uma barraca de bebidas, passou a investir em equipamentos de som e projeção, que depois de cer-to tempo lhe rendeu a ideia de montar o telão.

Por cerca de 20 anos, durante as sextas-feiras, fi-nais de semana e feriados, as cidades de São Félix e Cachoeira realizavam suas sessões de cinemas, respon-sáveis por uma parcela im-portante no entretenimento da região.

Atualmente, com a ajuda do filho, Daniel, de 25 anos, e Emanuel, seu genro, também exibe fil-

Toinho é o autor da iniciativa

O maior problema enfrentado pela Fundação Hansen é a falta de conhe-cimento por da população local, sobre quem foi o artis-ta e qual a sua importância para Cachoeira. Para tentar solucionar a questão, a ge-rente da instituição, muse-óloga Maria de Fátima dos Santos, revelou que tem criado alguns programas para despertar o interes-se popular. Entre eles, está uma parceria com a escola de Belas Artes da Univer-sidade Federal da Bahia (UFBA) para oferecer ofici-nas de xilogravura.

Este ano, a oficina será realizada entre os dias 16 e

18 de novembro, totalmen-te gratuita. “Para os meses de setembro e outubro, nós faremos um dia de visitação e entretenimento ao públi-

co alvo. O primeiro projeto será Primavera nos Mu-

seus, com um gru-po da terceira idade chamado Vida Sau-dável, em comemo-ração também ao mês do idoso. Em outubro, será orga-nizado um evento em homenagem ao dia das crianças”, disse a gerente.

O museu tam-bém enfrenta di-ficuldades com o

acesso, que antes era mais fácil, por estar localizado no Espaço Cultural Manoel Vitorino, na Rua 13 de Mar-ço. Neste sentido, Maria

de Fátima destacou que “é essencial a comunidade ter acesso tanto a informações quanto ao local. Trabalhar com a comunidade é fun-damental, pois quando nos sentimos pertencentes, a gente cuida”.

Inaugurado em 19 de abril de 1978, na Rua Ana Neri, casa nº 7, em Cacho-eira, o museu traz em seu acervo a paixão de um ar-tista alemão pela xilogra-vura e pelos encantos desse estado. Karl Henz Hansen, que foi marinheiro, escul-tor, pintor, poeta e cineasta, se destacou no ramo das ar-tes plásticas, apresentando ao mundo obras gravadas

Hansen cria programas para atrair comunidadeA direção do museu decidiu investir em programas especiais para tornar a instituição mais conhecida pela população cachoeirana e de São Félix

As obras de Hansen estão expostas no ateliê

Renata Reis

Sobre o museu:- Casa dos Hansen Museu e Ateliê- Fazenda Santa Bárbara, Ladeira dos Milagres, São Félix , Bahia.- Horário de visitação : Segunda a Sexta das 9:00 ás 17: 00 horasTel: (75) 3438-3442

Texto de Janaína França

André Cardoso

COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL

O caráter mutável das relações sociais nos países em desenvolvimento é uma preocupação constante dos cientistas sociais.Atual-mente uma grande parcela de interesse e atenção está sendo dedicada ao processo de desenvolvimento econô-mico e social denominado “pos-industrialismo”.Estes estudos indicam e procu-ram transmitir a noção de que no Brasil e em outros países mais industrializa-dos estão prestes a atingir um novo estagio de desen-volvimento com profundas implicações no tecido social e na estrutura econômica de forma irreversível.

Embora estas teorias se-jam predominantemente ur-banas na orientação,dados recentes sugerem que nas áreas rurais esta centrada uma situação de enfrenta-mento que pode gerar mu-danças no desenvolvimento econômico e social.

Assim poderá,embora pareça uma contradição, surgir no horizonte uma nova fronteira para o desen-volvimento das áreas rurais nos países em desenvolvi-mento e, como conseqüên-cias serão estabelecidas novos padrões de comuni-cação nestas comunidades rurais.

Estas diferenças na co-municação vão impor o uso de técnicas de mobilização social com indicadores que podem provocar mudanças no sistema de valores ca-pazes de introduzir nova teoria do desenvolvimento rural.Alguns autores suge-

rem que em muitos aspec-tos a comunidade rural esta enfrentando uma vigorosa transformação social e que elas precisam ser articula-das e tomadas em consi-deração na formulação de políticas e praticas profis-sionais.

Este arcabouço conceitu-al, que é útil para acadêmi-cos e profissionais interes-sados na problemática do desenvolvimento rural,com analises muito recorrente nos países em desenvolvi-mento mostram, com con-tornos muito nítidos, os elementos que indicam e interpretam o surgimento de uma nova ruralidade.

Entre pesquisadores e estudiosos da comuni-cação rural existe um re-conhecimento técnico,ao examinarem as comu-nidades rurais,que uma nova historia esta surgin-do e que os habitantes do campo,embora em minoria distinta,são protagonistas ativos e de muita influencia no processo decisório des-tes países e que movidos por uma nova mentalidade estão muito atentos aos pro-

blemas não só da região mas também aos metro-politanos.

As organizações so-ciais que surgem nas comunidades rurais são de grande mobilidade na pressão sobre os ór-gãos governamentais na definição rápida de benefícios econômicos e sociais.A argumenta-ção mais utilizada no processo é que a pós-in-dustrialização avançada no campo deu origem a novas condições sociais

ao invés da exploração his-tórica do trabalho de sub-sistência pastoril e agrícola.Estas comunidades estão se tornando essencialmente não-agricolas e , com o cres-cimento, novos recursos es-tão disponíveis.Assim é que surgem novas escolas, mu-dam os padrões sanitários, equipamentos de lazer e muitos outros itens passam a compor a paisagem rural.

Mas hoje, o topo da pre-ocupação das comunidades que passam por este grande e intenso desenvolvimento é como proceder e utilizar os aparatos de comunicação disponíveis como benefi-cio social em contraste com a sua atual realidade.Isto posto, podemos afirmar que um novo e promissor caminho será construído por todos que se aventurem pelo fascinante mundo des-cortinado pela comunica-ção rural.

* Roberio Marcelo Ribeiro

* Doutor em Comunicação e Ex-pressão pela FESP/USP.Profes-sor de Jornalismo Impresso no Curso de Jornalismo do Centro de Artes,Humanidades e Letras da UFRB

Rodoviária de S. Gonçaloem péssimo estado

Com mais de 20 anos de existência, a rodoviária de São Gonçalo dos Campos encontras-se em lastimável estado de conservação. O patrimônio, que significava um avanço no final da déca-da de 1990, hoje é sinônimo de descaso e abandono, ser-vindo como abrigo para es-tudantes da zona rural que esperam o ônibus para vol-tarem às suas comunidades e se arriscam debaixo de um local sem conservação. Os ferros da estrutura já começam a aparecer, mos-

trando os sinais de desgaste por conta da ação do tempo. O problema já foi tornado público, mas até então nada foi feito. Por ser um modelo antigo de cons-trução, o terminal pode ser considerado um patrimô-nio histórico do município, mas tem que ter uma maior atenção por parte dos ór-gãos competentes. O ad-ministrador da rodoviária, identificado por Carvalho, não foi encontrado para ex-plicar o que estaria sendo providenciado para resol-ver o problema. O poder público ainda não se mani-festou a respeito.

Texto RogérioLacerda

INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

O jornal laboratório Reverso chega à sua trigèsi-ma sexta edição dedicado primordialmente à edificante tarefa didática de servir como instrumento ao aprendi-zado prático do jornalismo impresso dos estudantes de Jornalismo da UFRB. Esta é sua principal missão, seu compromisso maior.

Como instrumento de Jornalismo regional, o en-foque a ser dado em seu material noticioso deve ser, portanto, voltado à própria comunidade em que está in-serida a instituição de ensino superior, no caso, o Re-côncavo da Bahia, mais especificamente às cidades de Cachoeira, São Félix, mas também a todo o seu entor-no.

Neste sentido, tem enfrentado e buscado supe-rar todas as dificuldades de lojística e das condições efetivas para tornar o mais amplo possível seu raio de cobertura, promovendo viagens de estudo e pesquisas de campo por diversas localidades da região.

Com isso, tem logrado produzir material jorna-lístico também sobre as cidades de São Gonçalo dos Campos e Governador Mangabeira, como nesta edi-ção, ao tratar por exemplo das condições do terminal rodoviário de uma e dos eventos, solenidades e progra-mas de inclusão digital da outra, respectivamente.

O compromisso com informar e, por que não, for-mar - pertinentes, sim, ao jornalimo bem feito - está igualmente contemplado em colunas como Conheça seu município e Tá na net, nesta edição dedicadas a São Félix.

Boa leitura!

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De primeiro de janeiro até o dia 27 de agosto, foram feitas 851 ocorrências criminais em Cachoei-

ra. Destas, segundo a delegada ti-tular de polícia, Márcia Gonçalves Conceição, uma em cada três são de violência contra a mulher, en-volvendo injúria, ameaça e alguns

casos de agressão física.A contabilização, embora

não sendo feita sistematicamente na unidade, aumentou considera-

São Félix, Cidade PresépioConhecida como cida-

de presépio, São Felix está localizada à margem direita do Rio Paraguaçu, no Re-côncavo da Bahia. Surgiu com a expansão da cana-de-açúcar, mas se tornou co-nhecida também pela ativi-dade fumageira, a exemplo da fabrica de charutos Dan-nemann, que funciona até hoje de maneira artesanal.

A cidade é cortada pela linha do trem, que fun-ciona desde o ano de 1876 e se tornou marco históri-co de modernidade, assim como a ponte D. Pedro II, que a liga à cidade irmã Ca-choeira. A ponte é tombada pelo Instituto do Patrimô-

nio Histórico e Artístico Na-cional (Iphan).

Nascida de antiga tri-bo dos índios Tupinambás,

Um terço dos crimes em Cachoeira

acontece contra mulher

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velmente depois que a Lei Maria da Penha, nº 11.340, entrou em vigor, há seis anos. “Com a lei, as mulheres passaram a ter mais confiança para vir à delegacia e denunciar as agressões de seus

parceiros”, afirmou a delegada, que traba-lha no município há nove anos.

Nas palavras dela, em período de festas populares es-ses índices costumam aumentar. Quando o caso é um flagrante, a polícia chega após a agressão e encontra no local o agressor e a vítima. O prazo para a ocorrência ser encami-

nhada ao poder Judiciário é de 24 horas. No caso da queixa registra-da ,o inquérito policial é regular. A apuração passa pelos seguintes passos: intima-ção do autor, das t e s t e m u n h a s , da vítima, que é encaminhada a policia técnica para fazer uma perícia de lesão corporal.

A delega-cia, no entanto, não possui um efetivo policial para cuidar dos casos como man-da a lei. “Temos aqui apenas uma policial planto-

nista e o efetivo é muito baixo”, explicou a delegada Márcia. Além disso, não há um abrigo específico para mulheres que precisam ficar afastadas do lar. A delegacia local não é especializada, ou seja, não é uma Delegacia da Mulher..

A assistente social do mu-nicípio, Denise de Oliveira, ale-ga que não há uma demanda das mulheres em busca desse auxílio. Durante os seis anos, não houve um programa desenvolvido que buscasse aproximação da Secre-taria de Assistência Social com a realidade dessas mulheres. Deni-se disse que “a demanda é muito maior em busca do Bolsa Família, que não deixa de ser diferencia-dor, já que concede um poder eco-nômico às mulheres em casa”.

Para ela, o mais importante seria a instalação da Delegacia da Mulher com psicólogos, assisten-tes sociais e a casa-abrigo. Ela ain-

da informa que há um programa de governo com previsão para ins-talar uma Delega-cia da Mulher em Cruz das Almas, com uma casa-abrigo em Gover-nador Mangabera e tendo Cachoei-ra como centro de apoio.

“O Juiz se-gue o principio da inércia da ju-risdição”, cons-tata Ana Lúcia

Autoridades e profissionais como a delegada de polícia, a assistente social e a juíza de Cachoeira avaliam a questão da violência contra a mulher na localidade

A delegada Márcia Conceição

Ferreira de Souza, juíza substituta na Comarca de Cachoeira. “Nós ficamos aqui apenas para receber as ocorrências que chegam. Como chegam poucas ocorrências, a atu-ação do judiciário na violência fa-

miliar ainda é pequena”, esclare-ceu.

Assim, é após a apuração na delegacia que o caso se torna um processo ante o Judiciário. Quando a apuração do inquérito não consegue reunir todos os ele-mentos de provas, a denúncia não chega à Justiça. A juíza afirma que além de não haver a necessidade de instalação de uma vara espe-cializada em violência familiar na cidade de Cachoeira, devido à pouca demanda judicial. Para que isso acontecesse seria preciso a aprovação de um projeto de lei. O que está sendo feito, no momento, é a separação entre a vara civil e a criminal.A assistente social Denise de Oliveira

A juíza Ana Lúcia Souza

a vila foi a primeira locali-dade brasileira formada sob o regime republicano, em 1889. Entre os saudosistas

TÁ NA NET

Apesar de ser uma ci-dade pequena e pacata, é possível encontrar na rede mundial de computadores diversas informações sobre a origem, história, socie-dade, economia, cultura ou até mesmo curiosidades so-bre São Félix.

Alguns sites dando di-cas de restaurantes, pousa-das e pontos turísticos, como o Centro Cultural Dannemann. Há também divulgação de concursos e informações sobre as festas populares que existem na cidade.

Vale a pena visitar o Apontador, que não é um site específico da cidade,

mas onde encontra-mos endereços de res-taurantes, pousadas, dos pontos turísticos, eventos e mapas de diversos locais, inclu-sive de São Félix. En-fim, é um site bacana, que fornece dados para os usuários, per-mitindo ao cidadão conhecer melhor a ci-dade que procura.

E n c o n t r a m o s também na wikipédia, enciclopédia livre, várias informações interes-santes sobre a cidade, pos-sibilitando o conhecimento cultural e a democratização da informação.

A festa Senhor São Fé-lix, por exemplo, neste ano tem maior destaque com sua divulgação na internet, por iniciativa da Prefeitura

Municipal, que permitiu, através de um blog especí-fico, o acesso à informações sobre a festa.

A prefeitura também possui um site específico, onde passa algumas infor-mações sobre cultura e es-porte, história, a equipe de governo e outras informa-ções. A acessibilidade gera-

Texto de Laís de Oliveira

Texto de Janaína Carine

Texto de Diogo Silva de Oliveira

da a partir da internet traz visibilidade para o município, fazendo surgir possibilidades para o turismo e o cidadão reconhecer melhor sua cidade e suas necessidades e interagir de onde ele estiver.

Laia

na M

atos

Laiana Matos

Laiana Matos

“Com a lei, as mu-lheres passaram a ter mais confiança para vir à delega-cia e denunciar as agressões de seus

parceiros”

e mais tradicionais, a cida-de - geograficamente uma das menores do Estado da Bahia - também é conhecida

como Nossa Se-nhora do Outeiro Redondo.

O estilo arqui tetônico dos seu prédios data do século XVIII. Dentre estes prédios, encontram-se a Igreja Matriz com invocação ao Deus Meni-no, que fica na Praça José Ra-mos, em frente à Ponte D. Pedro II; o Mercado Municipal e a

Fábrica de Charutos Dannemann.

São Félix já foi chamada de Cida-de Industrial por ter sido a maior expor-tadora de charutos da República e, para atender à demanda, tornou-se necessária a construção da es-trada de ferro. Em função desse avanço, a inauguração da an-tiga Central da Bahia e da Estrada de Ferro deu-se em 1881. As manifestações popu-lares fazem parte do ar encantador da ci-dade, com muito sin-cretismo e cultura.

Site Dannem

ann

Não é a toa que São Felix é conhecida como Cidade Presépio

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Penteado despojado é tendência nos salões de beleza em CachoeiraLongos e cacheados, curtos e alisados, coloridos ou trançados, vários são os estilos que lançam moda aliados a uma combinação de detalhes como o tipo de cabelo, de rosto e o tom de pele.

A tendência para este pe-ríodo de primavera-verão aponta para os cabelos prá-ticos e fáceis de produzir. Cortes modernos, com pen-

teados despojados e sim-ples são os modelos mais procurados e indicados nos salões de beleza de Cacho-eira, no momento.

Motivo de preocupação para a maioria das mulhe-res, os cabelos precisam de um cuidado todo especial

e são os responsáveis por grande procura a salões e institutos de beleza.

Em Cachoeira não é dife-rente, a maioria dos salões visitados tem nas sextas-feiras e sábados os maiores registros de movimento, com clientela composta ba-

sicamente por mulheres e jovens, mas com uma cres-cente presença masculina.

Dentre os serviços mais procurados estão as esco-vas, relaxamento, hidrata-ção, mega-hair, penteados de festa, terapia capilar, coloração, cortes em geral e

No detalhe, perucas e apliques para mega-hair

Texto de Fernanda Rochaainda tratamentos adequa-dos para todo tipo de cabelo com preços variados.

CamadasLuciene de Lima Bispo,

24 anos, do salão Evolução da Beleza, afirma que “ge-ralmente, os cortes mais pe-didos são as camadas e para

Sexta e sábado são os dias de maior procura nos salões de Cachoeira

aparar as pontas, porque o pessoal não está gostan-do muito de cortar cabelo o curtinho. Nos penteados para festas, o preferível é semi-solto”.

No salão de Luciene é possível encontrar, além dos serviços básicos, o tra-tamento para calvície e a argiloterapia, um tratamen-to anti-caspa que dura em média 10 sessões e custa em torno de R$ 400,00. Já no salão Shalon a preferência é por escovas, hidratação, limpeza de pele e serviço de manicuras e pedicuras, como explica Elica Santos, 18 anos, funcionária do sa-lão.

Mega-Hair Uma tendência crescente

nos salões de Cachoeira é o mega-hair ou aplique de ca-belo, que vem se destacan-do. Já é possível encontrar hoje na cidade um estabele-cimento especifico que co-mercializa, além de cabelos humanos, perucas, fibras para tranças, miojos, dreads e acessórios em geral.

Sexta e sábado são os dias de maior procura nos salões de Cachoeira

De acordo com Bethâ-nia Paixão Alves, 28 anos, da Indy Cabelos. A procu-ra por cabelos é grande e o custo fica em torno de R$ 200,00 a R$ 1 mil. O preço varia a depender do tama-nho e peso. Para tratar um cabelo alongado, Bethânia lembra que “os cabelos de mega hair têm que ter cui-dados extras na lavagem e na sua manutenção, por que é um cabelo que não é nosso, tem que ter cuidado para evitar uma seborréia ou alguma doença no cou-ro cabeludo, então o cuida-do tem que ser redobrado. Deve sempre utilizar uma hidratação também.”

Escolha certaAlém da qualidade e

competência, a higieniza-ção do salão e a profissiona-lização dos funcionários são fatores importantes para a manutenção do estabeleci-mento e que levam ao cres-cimento do negócio. Lucie-ne Bispo, que possui cursos e certificados na área, afirma que no seu estabelecimento a higienização das escovas e

pentes é feita com lavagem constante, que os clientes possuem toalhas individu-ais e os produtos ficam em local arejado e ventilado. Ela confirma o uso de álcool como esterilizante.

São seis funcionários tra-balhando com ela, mas ape-nas três possuem curso pro-fissionalizante concluído. Quanto à regulamentação e normatização da profissão, a cabeleireira diz não saber da existência de um órgão que atenda às necessidades da classe, como um sindica-to ou associação em Cacho-eira ou região.

Segundo as cabeleireiras, as dúvidas mais frequentes entre a clientela envolvem o uso de tinturas e relaxa-mento, a hidratação ideal e

os possíveis danos das la-vagens diárias. Dentre as dicas que oferecem para os cabelos da próxima estação, estão os cacheados ou lisos ondulados, em tons claros, as luzes, além de muito aco-breados e meio avermelha-

dos. Também aconselham usar shampoo e condiciona-dor de qualidade. No caso de shampoo anti-resíduos, usar a cada 15 dias e ter cui-dados com o secador muito quente, pois pode danificar os fios.

Josiane Nascim

ento

Josiane Nascim

entoJosiane N

ascimento

Josiane Nascim

ento

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Maurício Ferreira, profes-sor do curso de Ciências Sociais: “O movimento ar-

tístico é s e m p r e bem vin-do desde que haja por parte de quem reivindica uma certa maturida-

de no sentido de também cuidar da universidade, porque estamos dentro de um patrimônio histórico e cultural”.Saulo Leal, servidor: “Eu

acho que os estu-d a n t e s p o d e -riam ter solicitado da dire-ção um e s p a ç o dest ina-

do a atividades artísticas. A partir do momento em que você pinta uma parede sem autorização, isso passa a ser vandalismo”.

Estudantes da UFRB transformam parede de centro em tela de pintura

Professores combatem evasãoescolar na zona rural

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Parede do centro de ensino em Cachoeira sofre intervenções artísticas por parte de estudantes que reivindicam espaço de interação

No último dia 31 de agosto, alguns estudantes do Centro de Artes, Huma-nidades e Letras da UFRB, em Cachoeira, resolveram pintar uma parede do cen-tro como forma de protesto por um espaço de convi-vência artística dentro da universidade. A parede fica localizada próximo ao labo-ratório de informática. Fra-ses, poesia, trechos de mú-sica e caricaturas fizeram com que o local se transfor-masse em uma tela de pin-tura, constituindo-se o que muitos chamaram de Movi-mento Parede Democrática.

A iniciativa foi discu-tida por um coletivo de es-tudantes que se reuniram, decidindo intervir no cen-tro através da arte, expres-são, poesia e música. Para isso, buscaram um espaço de convivência, constituído também como um espaço para a exibição de arte dos próprios estudantes.

Cauê Rocha, partici-pante do movimento, disse que “a manifestação veio da necessidade de cumprir o que representa o nome do centro: Artes, Huma-nidades e Letras. O maior propósito é trabalhar com a arte, convocando todos os cursos para fazer essa inte-gração. A arte não pede au-

torização para ser feita, vem de dentro. Nosso objetivo foi dar cor ao centro”.

A direção do centro não foi informada sobre a realização do movimento. O vice-diretor André Itapa-rica disse que havia a pos-sibilidade de um acordo para usar o espaço como tela, através da realização de um concurso para alu-nos e artistas da região, mas acrescentou que, com esse movimento, “as coisas aconteceram de forma es-pontânea”.

Os estudantes escre-veram uma carta aberta à comunidade acadêmica - que constou também como um abaixo-assinado - com

pontos de esclarecimento sobre o que querem com o movimento. “Não preten-demos degradar o espaço que é nosso e é público. A intenção é utilizá-lo como expressão provocadora do espírito artístico e questio-nador, estimulando, assim, ações criativas, políticas e estéticas, condizentes com a formação de seres conscien-tes e críticos”, diz o docu-mento.

Confira, abaixo, algu-mas opiniões de estudantes, funcionários e professores.

Edvaldo Filho, estudante de Cinema: “Eu achei que

não ficou determina-do exata-mente qual a intenção da mani-festação e foi feita de

forma desorganizada. An-tes deve haver um comuni-cado, porque a universida-de é de todos nós”.

Washington Andrade, es-tudante de História: “Os

espaços es-tão aí para serem con-quistados. T e m o s que fazer as coisas acontece-

rem aqui dentro, que abarca o campo de humanidades e artes e tem total direito de se expressar através da arte e expressões simbólicas”.

A manifestação artística dos estudantes ganhou a parede do centro

Um projeto inovador tem se mostrado eficiente para combater a evasão nas escolas estaduais da região. Em sistema de muti-rão, gestores e funcionários utilizam-se de recursos pró-prios para realizar matrícula domiciliar e, munidos dos en-dereços dos evadidos, estão resgatando os alunos de volta às salas de aula.

Na escola estadual Pa-dre Alexandre de Gusmão, situada no distrito de Belém, a direção afirma ter dobrado o número de alunos em dois anos e meio, com ações espe-cíficas para atraí-los, a exem-plo da valorização e manutenção do espaço escolar, realização de se-minários de educação, reforço esco-lar, jogos intercolegiais, quermesse junina, festival anual da canção es-tudantil e a implantação do ensino

médio, o que facilita a vida dos jo-vens que moram distantes, evitan-do que eles precisem sair dos seus distritos para concluir o segundo grau.

Na Rua da Feira, a escola es-

tadual Edvaldo Brandão Correa, parceira da comunidade e proativa da matrícula domiciliar, resgata os evadidos atraindo-os com os be-nefícios da educação, bem como a oferta de gincanas e programas que se encaixam na situação dos jovens.

“Conceitos dentro da realidade dos alunos”, de acordo com a diretora Mônica Oliveira, que comemora o dobro de frequência estudantil e o aumento na oferta de turmas.

Com a instalação da Univer-sidade Federal do Recôncavo, as escolas locais passaram a incen-tivar ainda mais os jovens a lutar pelo sonho de entrar na faculdade, mostrando as possibilidades que se abriram em seu horizonte.

A evasão entre os jovens de classes populares é uma questão cultural, típica do turno noturno e fruto da desvalorização do estudo e pela participação precoce no esfor-ço pela formação da renda familiar. Esta é a opinião dos gestores das es-colas estaduais de Cachoeira sobre o problema.

Na zona rural e distritos, o problema não se resume a turnos e sim às necessidades financeiras dos jovens, que abandonam as salas de aula sem preparo, na ilusão de uma carreira. A culpa também é da dis-

torção entre a série cursada e a ida-de destes alunos.

Segundo o site do Ministério Público da Bahia, um censo demo-gráfico realizado em 2000 e publi-cado no Relatório da Situação da Infância e Adolescência Brasileira, através do Fundo das Nações Uni-das para a Infância (Unicef), mos-trou que, no Estado da Bahia, consta o quantitativo de 6,89% de crianças e adolescentes entre sete e 14 anos de idade fora da escola, registrando o alto percentual de 19,49% de não alfabetizados.

Na faixa etária de 12 a 17 anos, o percentual dos que não fre-quentam escola sobe para 13,95% e 6,98% que não são alfabetizados. Neste sentido, existem projetos de iniciativa do governo federal com o objetivo de resgatar estes alunos, a exemplo do Educação para Jovens e Adultos (EJA), que visa qualificar aqueles que não tiveram oportuni-dade ou mesmo não possuem mais idade escolar.

A evasão escolar é um dos graves problemas nacionaisC

ristiano Contreitas

Cachoeira tem apenas um cursinho para preparar seu alunos para o vestibular 2010

Texto de Raquel Pimentel

Com apenas um único curso em atividade - o Insight, que funciona com a colaboração de alunos de história da UFRB - os vestibulan-dos de Cachoeira enfrentam sérias dificuldades e entram com desvan-tagem na disputa pelo concorrido acesso ao ensino superior. As tur-mas funcionam no turno da tarde e o valor é de R$ 60,00 por mês, mais a matrícula.

Para o universitário e profes-sor de história geral Jurandir Rita, “os alunos escolhem a faculdade e o curso mais perto de suas casas.

As mais procuradas são a UFRB, Ufba, IAENE e Uefs.” Ainda segun-do Jurandir, “o fato de ex alunos, hoje universitários, darem aulas no cursinho e serem também morador-es de Cachoeira, gera um incentivo na comunidade para desfrutar uma instituição pública na sua cidade”.

Mesmo com menos estrutura física, as universidades federais ai-nda são as mais requisitadas, dev-ido à sua credibilidade. O acesso a elas, contudo, é dificultado para os estudantes da rede pública, que normalmente estão mal preparados graças à deficiência de suas escolas, junto com professores mal pagos.

Texto de Lorena Morais

Texto de Juliana Barbosa

Mutirão promovido por colégios estaduais vai de porta em porta trazendo os alunos de volta às salas de aula em Cachoeira

A alta concorrência leva ao empenho daqueles que desejam ingressar na universidade

Gabrielle A

lano

Laiana Matos

“Eu achei que não ficou determinado exatamente qual a inten-ção da mani-festação”

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Governador Man-gabeira foi uma das oito cidades baianas seleciona-das para dar início ao Pro-grama Nacional de Banda Larga (PNBL), lançado re-centemente pelo governo federal. A iniciativa visa disponibilizar acesso gra-tuito à internet, por meio dos provedores locais, atra-vés da tecnologia WiFi para computadores domésticos.

Com isso, os preços da tarifa tendem a cair bastante, ficando em torno

de R$ 15,00 a R$ 35,00 por cliente, por uma velocida-de mínima de 512 Kbps. Segundo o presidente da Telebrás, a expectativa é de que o PNBL atenda a mais de 1.063 cidades em 2011 e que todo país seja abran-gido até o fim de 2014. Depois dos contratos assi-nados, dentro de 45 dias o serviço já estaria disponí-vel e, na falta dessa parce-ria, a cidade escolhida seria substituída por outras.

Entretanto, para os provedores da cidade de Governador Mangabeira o processo não é tão simples

O sonho da internet gratuitachega ao Recôncavo da Bahia

como o governo coloca. Segundo eles, não é van-tagem para o provedor as condições que o programa está impondo. Dizem ain-da que se as condições não mudarem nenhum prove-dor de internet do Brasil irá aderir ao programa.

“É 100% desvanta-gem. Se a gente aderir a esse programa hoje, estare-mos tomando um prejuízo de aproximadamente R$ 280,00. A gente vai pagar para trabalhar. O governo tem um fundo de investi-mento das telecomunica-ções e o investido no pro-

grama é muito baixo em relação ao valor que foi arrecadado desde 2000”, disse Geraldo Figueredo, dono de uma lan house na cidade.

Enquanto o sonho da internet gratuita não che-ga, as pessoas que não pos-suem internet em casa con-tinuam frequentando as lan houses e o Centro Di-gital de Cidadania (CDC), uma iniciativa do governo federal em parceria com es-tado e município que deu certo. Os Centros Digitais de Cidadania têm como maior objetivo a inclusão

Texto de Juliana Rezende

www.ufrb.edu.br/reverso

Câmara entrega medalhas no aniversário do Governador Mangabeira

A Câmara Municipal de Governador Mangabeira promoveu, no último dia 27 de agosto, uma sessão sole-ne com entrega de medalhas para homenagear cidadãos ilustres, além de lembrar a data, aniversário do ex-governador baiano que dá nome ao município.

Segundo o vereador Borges Silva, a medalha Otávio Mangabeira é conce-dida a cidadãos que tiveram alguma participação em determinando ramo da so-ciedade local, contribuindo de alguma forma para o seu crescimento.

“O projeto é interes-

sante porque pressupõe a inclusão so-cial. Pessoas que nunca p e n s a r a m em receber m e d a l h a , que estão no anonimato, ganham visi-bilidade nes-se momento. Isso faz com que a auto-estima fique elevada e mostra o re-conhecimen-to histórico e social dessa pessoa.” disse Borges, que este ano concedeu a honra-

Texto de Juliana Rezende

A Câmara de Vereadores sediou as homenagens ao Governador Mangabeira

Juliana Rezende

ria a Florisvalto Tosta Bon-sucesso e Carmelita Pereira dos Santos.

Corte de cabelo, tran-ças, dicas de maquiagem, manicure, pedicure e ou-

tros serviços gratuitos fo-ram oferecidos à população no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), em Quixabeira, distrito de Governador Mangabeira, durante o Dia da Baleza. O evento foi marcado também pela presença de capoeiris-tas e grupos musicais. Segundo a assistente social Itamara Braz, que idealizou a iniciativa junto com a di-retora de programas sociais do município, Isabela Me-drado, “o Dia da Beleza teve como maior objetivo pro-porcionar lazer à população e resgatar a autoestima dela, já que a situação socioeco-nômica é baixa e é sempre bom fortalecer os vínculos familiares e sociais”.

digital dos menos favoreci-dos, disponibilizando aces-so à internet gratuita, bem como cursos com certifica-dos reconhecidos em todo território nacional.

Em função da crescen-te globalização, as pessoas sentem a necessidade de cada vez mais estar conec-tadas com o mundo virtu-al. Foi pensando nisso que o governo federal lançou o PNBL. No último dia 26 de agosto, o presidente da Telebras, Rogério Santan-na, divulgou a lista das 100 primeiras cidades a serem atendidas pelo programa.

A arte do fazer antigo

A industrialização e a tecnologia, entre outros pro-dutos do mundo moderno, possuem notáveis influên-cias na cultura e na econo-mia de uma região. Ainda mais quando tratamos de cidades históricas carrega-das de crenças, costumes e tradições. Em meados da década de 1970, devido à industrialização e automati-zação da mão-de-obra então vigente, muitos profissio-nais que antes faziam parte do conglomerado econômi-co de Cachoeira (alfaiate, fu-nileiro, relojoeiro, ferreiro), perderam espaço.

O alfaiate Romário Dionízio de Souza, 81 anos,

na ativa desde a década de 1940, viúvo por quatro ve-zes, persiste como um dos sobreviventes do oficio em Cachoeira, cidade universi-tária que, hoje, não quer ser conhecida apenas pela sua cultura imaterial e atrativos arquitetônicos, mas também pelo seu pioneirismo e ino-vação.

Romário comenta que seu trabalho junto aos co-legas de profissão (que, na época, não passava de 15 outros) era muito bem re-quisitado pela sociedade local, embora curiosamente as pessoas que mais procu-rassem pelo serviço fossem da zona rural. O alfaiate cachoeirano ainda trabalha em meio a tecidos soltos,

tesouras, fitas, caixas e má-quinas antigas de costura. Ele comenta que sempre tem serviço e que pretende levar este ofício até quando puder.

Por outro lado, muitas profissões que perderam visualização terminaram ganhando mais clientes, pois o número de profissio-nais na área também diminuiu considera-velmente. Raimundo Freitas, 41 anos, sapa-teiro há 27, acredita que a profissão teve um bom rumo. Ele comenta que a dimi-nuição do número de profissionais da área implicou na amplia-

ção da procura pelos seus serviços e numa maior faci-lidade de aquisição de fer-ramentas, material de traba-lho e matéria prima.

“Hoje são só duas sa-patarias em Cachoeira, os sapateiros que antes exis-tiam morreram e as últimas gerações não seguiram com o ofício”, salientou Raimun-do enquanto trabalhava. E não é só este caso. Fernandes Dias, há 30 anos como relo-joeiro, disse que apesar da desvalorização da profissão consegue ainda muito servi-ço e que esta modernização, apesar de seu lado negativo, é essencial para qualquer cidade. Quando pergunta-do sobre as mudanças que a UFRB trouxe à cidade, Fernandes concordou que a universidade contribui po-sitivamente para a preserva-ção da cultura local, devido a esta movimentação que naturalmente integra as ci-dades contempladas por ór-gãos federais.

Raimundo Freitas mantém com o irmão uma das duas únicas sapatarias da cidade

Fernandes Dias é relojoeira há 30 anos

Texto de Caiã Pires

Sessão solene na Câmara de Vereadores homenageou cidadãos ilustres do município, que também teve diversos serviços gratuito para a população

À medida em que muitas profissões vão perdendo prestigio e espaço na sociedade moder-na, algumas terminaram ganhando mais clientes quando o número de profissionais que atuam na área também diminui consideravelmente.

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Águas que curamA crença no milagre através da fé construída pela oralidade

Dona Marta tinha vá-rias enfermidades e sofreu um acidente com a foice na roça em que trabalhava. Devido a isso, sentia muitas dores nas pernas e pedia a seu vizinho, o menino Re-nato, para pegar água da fonte da Ladeira de Santa Bárbara, na cidade de São Félix. Dona Marta acredi-tava que ao banhar o local com a água oriunda da fon-te, a dor iria passar.

Essa crença é alimen-tada há mais de 40 anos e

faz referência a Santa Bár-bara - protetora dos raios e trovões. Existem várias histórias orais que contam como tudo começou. As pessoas contam o que acre-ditam e cada um diz aquilo que sabe ou acrescenta mais um pouco. É o fascínio da narrativa oral. Não existem verdades absolutas.

O que se sabe é que nessa ladeira havia um mi-nadouro, local onde as pes-soas tomavam banho e re-colhiam água. Tinha muita sujeira, por isso o pessoal da então administração do município resolveu capinar o local.

Raul França, 60 anos, católico e que reside na ci-dade há 50 anos, conta sua versão da história. Diz ele que um funcionário da pre-feitura, ao receber autoriza-ção para cortar uma arvore, subiu ao local, mas de re-pente ouviu uma voz que dizia para não cortá-la. Por insistência, subiu e, ao gol-pear a árvore, ela sangrou. Ao tentar outro golpe, ele foi arremessado ao chão. Um padre foi chamado ao local e constatou um milagre de Santa Bárbara.

Outros contam que uma mulher, devota à san-ta, tinha uma filha com um problema de visão e fez um pedido de cura, logo após banhando o rosto da me-nina. Depois desse fato a menina passou a enxergar novamente e a mulher foi disseminando o milagre que ali aconteceu.

Independente das histórias serem verídicas ou não, é de fato relevante a fé que as pessoas têm na santa. Nos meses próximos a dezembro, muitos fiéis

A fé cura, garantem os fiéis

vão até a Ladeira do Mila-gre - como ficou conhecida - trazer seus presentes pela benção alcançada. Devido à peregrinação, em 1972 foi construído um monumento, uma gruta, em reverência à santa, onde fica a imagem e a água santificada. Em 1988 foi inaugurada a igreja de Santa Bárbara, onde aconte-cem as suas festividades, no mês de dezembro.

A festa esse ano co-meça a partir de 21 de no-vembro e vai até o dia 5 de dezembro. Quatro é o dia oficial da santa. Romeiros vão pagar suas promessas, oriundos principalmente da zona rural de Feira de San-tana. São esperados para esse ano cerca de 18 ônibus. Os festejos têm uma pro-gramação religiosa, com os ternos e missas, mas tam-bém a parte profana, com a lavagem e apresentação de sambas-de-roda. É uma fes-ta que também atrai o povo de santo do candomblé, que vem trazer suas oferendas e reverenciar Iansã.

Maria de Lourdes,

66, mora na ladeira a mais de 20 anos e afirma que as águas curaram um tumor de seu filho, que na época tinha seis anos. Hoje ele está com 34 e livrou-se de uma cirurgia na época graças a fé da sua mãe.

Raul conta que sabe de muitas bênçãos e mila-gres alcançados. Como o caso de uma criança que engoliu duas agulhas, que já tinham perfurado algu-mas parte internas do or-ganismo. A mãe a levou à fonte para beber da água e a criança expeliu as duas agu-lhas. Cura de câncer, enxa-queca, conquista de bens, vários pedidos e promes-sas que faz da fé uma forte arma para a cura de enfer-midades.

Raul França é devoto da santa e ajuda a cuidar da limpeza e manutenção da gruta. Tem na fé à santa dos raios e trovões o caminho para trilhar sua vida na-quilo que ele acredita.“Tem muita gente que não acre-dita. O milagre acontece, muitas bênçãos ela faz. A fé cura”, garante.A pequena igreja, é onde acontecem as festividades

Imagem de Santa Bárbara

Texto de Lorena Morais e Josiane Nascimento

Marília M

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Marília M

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Marília M

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