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Comércio de S. Gonçalo concorre com a capital Baseada na produção de fumo até os anos 50, a economia do mu- nicípio hoje cede es- paço para a agropecu- ária e a indústria. Já o comércio, sofre a con- corrência com Feira e Salvador. São Gon- çalo é destaque nesta edição (paginas 8, 11 e 12). LOJAS SÃO OBRIGADAS A MANTER CÓPIA DO CDC (Pág.10) Produtos de limpeza genéricos são proibidos em São Félix. (pag. 3) ESPECIAL: Quais são as queixas dos moradores de Cachoeira com relação ao processo de tombamento da cidade (págs. 6) Uma entrevista exclusiva com Los Hermanos (pag. 4) Lenise Farias Lenise Farias Lais de Oliveira Confira como foram as eleições em Cachoeira e São Félix (pag. 3)

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFRB

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Comércio de S. Gonçalo concorre com a capital

Baseada na produção de fumo até os anos 50, a economia do mu-nicípio hoje cede es-paço para a agropecu-ária e a indústria. Já o comércio, sofre a con-corrência com Feira e Salvador. São Gon-çalo é destaque nesta edição (paginas 8, 11 e 12).

LOJAS SÃO OBRIGADAS A MANTER CÓPIA DO CDC (Pág.10)

Produtos de limpeza genéricos são proibidos em São Félix. (pag. 3)

ESPECIAL:Quais são as queixas dos moradores

de Cachoeira com relação ao processo de tombamento da cidade (págs. 6)

Uma entrevista exclusiva com Los Hermanos

(pag. 4)

Lenise Farias

Lenise Farias

Lais de Oliveira

Confira como foram aseleições em Cachoeira

e São Félix (pag. 3)

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Estamos passando por mais um processo eleitoral no nosso país e vários jovens estão indo para as urnas pela primeira vez, o que para muitos será inesquecível, assim como o primeiro beijo, o primeiro amor.

Sinônimo de democracia, votar é um ato de grande responsabilidade, que irá determinar o futuro do nosso país. Por isso, votem consciente! O voto de hoje faz o governo de amanhã, e logo transforma o país para melhor ou para pior.

Os adolescentes foram permitidos a votar em 1989, com a instituição do voto facultativo aos 16 anos. Atualmente, em meio à globalização e às novas tecnologias, o jovem possui todas as ferramentas necessárias para se informar, conhecer todos os candidatos e colocar em prática seu papel como cidadão ao manifestar a sua escolha.

Os jovens precisam se inserir politicamente na democracia brasileira, está na hora de despertar para a importância de sua participação nas eleições. Seu voto, com cer-teza, fará a diferença. Vocês estão aptos para ajudar a escrever um novo capítulo da história da política brasileira. E com planos, sonhos e determinação, transformar o Brasil em um país muito melhor.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso

www.ufrb.edu.br/reversowww.ufrb.edu.br/reverso

Sacolas e consciência ecológica

Pouco a pouco uma ideia ganha força, a de que deve-mos maneirar com o uso de sacolas plásticas, que con-tribuem para a contamina-ção do meio ambiente. Esse fenômeno serve para re-fletir sobre como mudou a nossa consciência ecológica e como os meios de comu-nicação contribuem para que se perceba a relação do meio ambiente com os res-tos do consumo humano.

Causou incômodo no Rio Grande do Sul, por vol-ta dos anos 1970, quando as prefeituras impuseram que todos colocassem seus dejetos não mais em latas nas calçadas, mas em sa-cos plásticos, facilitando a coleta de lixo. Era um cus-to a mais. Com o passar do tempo, os supermercados trocaram os sacos de papel pelas sacolinhas de plástico, que substituíram gratuita-mente os sacos de lixo.

Naquela época, ainda se estava longe de uma cons-ciência ecológica. De lá pra cá, a pauta dos jornais pas-sou a contar cotidianamen-

te com assuntos como a fa-lha na camada de ozônio da atmosfera, o aquecimento global e os lixões, um pro-blema dos mais sérios de to-dos os centros urbanos.

A ideia de separar o lixo passou a ser cada vez mais conhecida, embora ainda seja uma pauta que merece mais atenção dos veículos de comunicação. Para mui-ta gente ainda parece sem sentido colocar em sacos diferentes o lixo orgânico (restos de comidas) e o lixo inorgânico (latas, plásticos, papéis). Na verdade, era só uma questão de criar o hábito de ter dois destinos para os dejetos, o que não consiste num esforço extra-ordinário. A facilidade de acesso aos sacos plásticos, paradoxalmente, poderia facilitar esse tipo de atitude,

um cuidado maior com a separação, o destino do lixo e a possibilidade do seu rea-proveitamento, no lugar de contaminar o solo.

Deve apelar-se para a consciência dos consumi-dores, algo que será cada vez mais necessário. Havia o hábito de jogar os dejetos no mato nos fundos de casa. Isso era possível enquan-to os produtos eram feitos de papel e outros materiais orgânicos, que se decom-punham naturalmente jun-to à natureza. Não se tinha acesso tão fácil ao plástico como se tem hoje. A nature-za não suporta mais os ma-teriais que a sociedade usa em grande número. Temos de ter uma consciência cada vez maior sobre o destino das coisas, e o que elas são a partir do momento em que são dadas como inúteis. Os meios de comunicação cumprem um papel impor-tantíssimo nesse sentido.

* Gilmar Hermes

* Doutor em Comunicação e Ex-pressão pela FESP/USP.Profes-sor de Jornalismo Impresso no Curso de Jornalismo do Centro de Artes,Humanidades e Letras da UFRB

INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

A edição do jornal laboratório Reverso é inteiramen-te voltada aos fatos de interesse das comunidades em que circula, principalmente Cachoeira e São Félix, onde ficam as instalações do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, institui-ção que abriga o curso de Jornalismo que, afinal, é o res-ponsável por sua publiciação.

Contudo, ela não se descuida das demais localida-des de tamanha importância e destaque para o Recôncavo da Bahia, a exemplo de Muritiba, Santo Amaro, Cruz das Almas, Nazaré, Jaguaripe, Saubara, Santo Antônio de Je-sus, Amargosa ou ainda São Gonçalo dos Campos, locali-dade recentemente visitada por estudantes, professores e técnicos ligados à produção editorial da rede Reverso de veículos laboratoriais de comunicação, que inclui ao lado deste jornal impresso um portal de notícias online, a Rádio Reverso e a TV Reverso.

Deste modo, ilustram esta edição matérias sobre a sua economia, da indústria fumageira ao desenvolvimen-to atual, suas característica sociopolíticas e seu comércio, como também os 50 anos da Rádio São Gonçalo.

De volta ao conjunto urbano Cachoeira/São Félix, tratamos também da recente proibição da venda de produ-tos de limpeza artesanais, os chamados genéricos, além de um levantamento sobre como funciona e o que pensam os moradores sobre o processo de tombamento da cidade.

Temos também o trabalho social da CAPS e do pro-jeto Moleke é tu, a cobertura da Anpap, a lei que obriga os lojistas a manter em seu estabelecimento uma cópia do Código de Defesa do Consumidor e uma entrevista exclu-siva com um dos integrantes da banda Los Hermanos.

Boa leitura!

Joaquim Bamberg

O primeiro voto a gente nunca esquece

Texto de Lise LoboJanaína C

arine

Filas e longa espera marcam a votação

O principal problema constatado nas sessões da 118ª zona, correspondente às cidades de Cachoeira e São Félix, foi a longa demo-ra na hora de votar para o primeiro turno das eleições deste ano. A causa, de acor-do com coordenadores e mesários de ambas as cida-

des, foi a grande quantida-de de candidatos na cédula eletrônica.

A demora foi ainda maior para as pessoas que não estavam bem esclare-cidas sobre como seria a votação e os eleitores que estavam na fila não tiveram paciência para esperá-las.

Segundo informa-ções da Polícia Militar, não houve nenhuma ocorrência com relação às eleições des-te ano. Apenas duas urnas tiveram de ser substituídas, uma em Cachoeira, na co-munidade do Calolé, e ou-tra na cidade de São Félix, no Colégio Estadual Rômu-lo Galvão.

Geovane de Jesus Sou-za, 17 anos, cachoeirano, gostou das eleições deste ano, afinal é a sua primei-ra vez que exerce seu papel como eleitor. “Sempre tive vontade de votar e não de-morei a decidir em quem votaria porque já tinha to-dos os candidatos na cabeça há muito tempo”.

A comunidade de Ca-poeiruçu, no município de Cachoeira, foi o local que

mais registrou justificativa de voto, devido à quanti-dade de pessoas oriundas de outras localidades, que estudam na Faculdade Ad-ventista da Bahia - Insti-tuto Adventista de Ensino do Nordeste (IANE). “Eu sou de Catu, vim trabalhar em Cachoeira e não tenho como ir para minha cidade. Queria votar, mas o dinhei-ro não deu. Essa é a primei-ra vez em que eu justifico”, disse Eduardo Souza Silva.

O eleitor cachoeirano Florisvaldo da Silva Con-ceição estava indignado com a votação deste ano. Ele garante que sempre vo-tou no Colégio Estadual da

Cachoeira, mas chegando lá foi informado que sua ses-são seria na comunidade do Curiachito. Lá, entretanto, disseram que ele deveria ir ao fórum, onde finalmente foi informado de que sua sessão era mesmo no pri-meiro colégio onde tinha ido antes. “Isso é um desres-peito com as pessoas, fazem a gente de palhaço e fica parecendo que não temos o que fazer”, desabafou.

Na Escola Balão Má-gico, em São Félix, teve até pessoas alcoolizadas, que causaram um pequeno tu-multo, porém foi logo resol-vido pelos coordenadores. Foi solicitado pelos coor-denadores da Escola poli-ciamento para o local, mas até as 15h30min, a Polícia Militar não havia compare-cido. Foi constada também uma fila muito grande, di-ferente de anos anteriores, porque as quatro sessões foram unificadas em duas - a sessão 95 agrupou-se a 96, e a 97 a 98, além disso, teve mais de vinte eleitores que não tinham o nome cons-tando na lista. Muita gente justificou o voto, chegando a faltou formulário duas ve-zes.

Em Cachoeira as filas de votação foram enormes. “A demora da fila é devi-do a grande quantidade de candidatos. A exigência de apenas um documento com foto, facilitou muito o an-damento das eleições neste ano”, disse o coordenador das sessões do Prédio Es-colar Montezuma, me Ca-choeira, Fábio de Oliveira Gonçalves.

Grandes filas marcaram eleições em Cachoeira

Janaina Carine

Texto de Valdelice Santos Produtos de limpeza genéricosestão proibidos em São FélixCom a medida e intenso trabalho de fiscalização da vigilância sanitária, hoje raramente se encon-tram vendedores ambulantes comercializando este tipo de produtos na cidade.

A vigilância sanitária de São Félix está coibindo o comércio de saneantes e outros produtos de lim-pezas à base de misturas químicas. “Os vendedores ambulantes estão sendo conscientizados sobre a nocividade destas mistu-ras químicas e os seus pro-dutos são apreendidos”, garantiu a veterinária Elisa Márcia Morais Dias, dire-tora da vigilância sanitária local.

Ela explicou que estes produtos não possuem quaisquer garantias de bons resultados. Não eli-minam os germes e não limpam as superfícies por-que suas formulações não possuem ingredientes pró-prios e quando os contêm, as quantidades são insufi-cientes, além do perigo de

causar danos à saúde como queimaduras, problemas respiratórios, irritações e graves intoxicações.

Em São Félix já ocor-reu casos de crianças e até mesmo adultos ingerirem estes produtos, que geral-mente tem cores bonitas e atrativas e costumam se-rem vendidos em embala-gens reaproveitadas de re-frigerantes, sucos e outras bebidas. Em caso de inges-tão, Elisa Márcia orienta não provocar vômitos, mas procurar imediatamente o serviço de saúde.

“Não se deve dar nada para beber ou comer, se a pessoa estiver inconsciente. Se houver contatos com os olhos, lavá-los imediatamen-te com muita água limpa, mantendo os olhos bem abertos. Em caso de dor, ir-

ritação, ardência ou lacrimejamento, procurar ajuda médica. Se a pessoa inalou (cheirou) em exces-so o produto, levá-la para um local aberto. Se houver sinais de intoxicação (mal-estar, tontura, dificuldades para respirar, tosse), pro-curar imediatamente ajuda médica”, orientou.

Texto de André Cardoso

Div

ulga

ção

Apreensão de produtos de limpeza genéricos

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Cinco amigos, disposição, instrumentos e muita música for-maram, em 1997, uma banda in-dependente de rock alternativo no Rio de Janeiro. Marcelo Ca-melo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba fazem parte da atual formação da banda Los Hermanos, que depois de dez anos de estrada resolveram fazer um recesso, deixando os fãs de-cepcionados.

Depois de tanta espera, os ru-mores sobre a realização de shows da banda esse ano finalmente se concretizou. Durante o mês de ou-tubro foi realizada uma miniturnê em São Paulo, Recife, Fortaleza e Salvador. Porém, os shows não significam retorno, mas apenas o aceite de convites antigos.

Rodrigo Barba, baterista da

Integrante da banda carioca Los Hermanos concede entrevista

exclusiva ao Reverso

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banda, concedeu uma entrevista por telefone ao Reverso. Carismá-tico - como descreveu Medina - e bastante risonho, Barba falou so-bre a carreira dos LH, o que tem feito após o “término” da banda e sobre o reencontro na miniturnê 2010.

Reverso: A emoção para a realização dessa miniturnê pode se aproximar àquela sentida no primeiro show da banda, no Fes-tival Abril Pro Rock, em Recife, já que estão (re)estreiando?

Rodrigo Barba: É diferente. Aquele show do Abril Pro Rock foi nosso primeiro show fora do Rio, na época a gente queria mui-to fazer, por vários motivos: o pessoal da banda já tinha ido ver show lá, um lugar que queríamos tocar... Não era que nem hoje em dia, que tem um monte de festival

em um monte de lugar. Era uma coisa mais difícil pra banda inde-pendente chegar ao festival e fazer um show. É uma emoção diferen-te da que está acontecendo hoje, que é de reunião, de reencontro. Estou bastante ansioso pra fazer esses shows, tocar pra galera.

Reverso: O que a banda tem preparado de novo para a mini-turnê do Nordeste?

Rodrigo Barba: Nada! (risos) A gente não tava com tempo de fa-zer ensaio pra produzir uma coisa nova. Esses shows partiram de um convite que não foi da gente, mas topamos. Não vai dar tempo de a gente ensaiar e produzir uma coi-sa nova. O Marcelo está mixando o disco novo dele, eu tô gravan-do disco com a banda Canastra, o Rodrigo (Amarante) está lá nos Estados Unidos... A gente montou esquema pra juntar uns 15 ou 20 dias, só pra esse momento, então fica difícil pra gente produzir uma coisa nova - pelo menos pra esse momento agora.

Reverso: Nos ensaios atuais ainda existe aquela mesma inte-ração que existia na gravação dos discos dos LH ou têm sido uma produção inteiramente profissio-nal?

Rodrigo Barba: Não vai ter tempo de ir pra um lugar especial, como fazíamos. A gente separou um estúdio aqui no Rio, pra ficar o dia junto, ensaiando. Mas a des-contração vai estar sempre pre-sente, afinal, somos amigos desde o colégio, então não tem como ser muito profissional com amigos de colégio.

Reverso: Os shows realiza-

dos em Salvador sempre rende-ram casa cheia e emoção do pú-blico. Só aqui vocês farão dois shows em dias consecutivos, nos dias 17 e 18 de outubro. É verda-de que existe um carinho espe-cial pelo público da Bahia?

Rodrigo Barba: (risos) A gente tem um carinho especial com todo mundo que gosta da gente. Agora, aquele lugar é es-pecial, sim (Concha Acústica do TCA). Tocar ali, o público que comparece aos shows... É sempre um show ímpar. Da turnê toda, sempre tem um show na Concha que é demais, que sempre vai ser. Acho que essa chance de poder fazer dois shows vai ser mais in-crível ainda. E isso é graças a ga-lera que tem um carinho com a gente, que comprou os convites em poucas horas e acabou lotan-do o lugar tão rápido que a gente topou fazer no outro dia.

Reverso: E qual a reação de vocês ao saber que esgotaram es-ses ingressos tão rapidamente na cidade que muitos denominam como “terra do axé”?

Rodrigo Barba: (risos) É uma loucura, não é? Eu não esperava. Topamos fazer esse show, mas eu achei: “Vai ter uma galera que vai querer ver, uma galera que viu já e que tá a fim de ver de novo”. Mas parece que tem muita gente que não viu e está a fim de ver. Foi uma surpresa muito grande ter acabado tão rápido. Uma coi-sa que pelo menos eu sentia nos Los Hermanos é que quem fazia o nosso público era o nosso públi-co. Quem gostava da gente fazia uma propaganda incrível! E isso

Texto de Lorena Morais

é o que tornou possível fazermos tudo desde o começo. Era nosso público fazendo essa propaganda: “Vai lá no show que é maneiro, eu gostei”. E acho que isso continua. Mesmo a gente sem fazer show o pessoal que curte, fala: “Poxa, ti-nha que ter visto os Los Herma-nos, o show era maneiro”. (risos) A galera continua fazendo isso!

Reverso: Você afirmou em uma entrevista que a banda Ca-nastra é mais aberta no lado ins-trumental, por isso é diferente do que produzia nos LH, que tem ar-ranjos mais fechados. Está sendo difícil retomar as batidas da ban-da depois desse recesso?

Rodrigo Barba: É diferen-te, dá pra separar bastante o que acontece no Canastra e o que acontecia/acontece nos Los Her-manos. Até porque no Canastra comecei a trabalhar a um ano ar-ranjo de música para o disco que estamos gravando - o que eu to-cava anteriormente era o arranjo do Marcelinho, ex-barterista da banda. Então é muito diferente o

que eu toco no Canastra do que eu vou tocar com a galera dos Los Hermanos, que são coisas que eu pensei e produzi com eles. Então é uma coisa mais natural, o que debati com o resto da galera, che-gando a uma conclusão que era legal ser daquele jeito. É até mais fácil para eu poder mudar, fazer uma coisa diferente agora (com os ensaios) que eu sei de onde veio, como veio e a forma que chegou até ali.

Reverso: Na mesma entre-vista você disse não ser um bom baterista de samba. Depois de tantos anos de estrada com os Los Hermanos, o estilo alternativo não terminou por construir um novo Rodrigo Barba na bateria?

Rodrigo Barba: Eu acho que sim. O caminho que a gente fez durante esses 10 anos é o que me faz ser o baterista que sou hoje. Foram diálogos com esses caras, foi a mudança de estilo dentro das músicas, essa busca de fazer um negócio um pouco diferente do que já tinha sido feito.

Reverso: O que torna os LH diferente de tudo o que já vimos no rock nacional?

Rodrigo Barba: Não sei se é bem assim, mas a reunião de nós quatro fez com que as coisas to-massem esse caminho. Eu acho que ninguém quis segurar nin-guém, todo mundo topava qual-quer coisa nova na produção dos discos. A união do grupo ajudou muito, cada hora um ia pra um caminho diferente. Não era mui-to pensado, era tudo bem natural. Cada banda tem sua identidade única, que é a união dos compo-nentes.

Reverso: Quais seus pla-nos depois da miniturnê dos Los Hermanos?

Rodrigo Barba: A ideia é gravar o disco com o Canastra, para lançar no próximo ano. E continuar tocando... Além do Ca-nastra, estou tocando numa ban-da chamada “Acabou la Tequila”, tô tocando numa banda chamada “Gooeast”; que são mais locais.

“Quem gos-tava da gen-te fazia uma

propaganda in-crível! E isso é o que tornou pos-sível fazermos tudo desde o co-meço. Era nosso público fazendo essa propaganda: “Vai lá no show que é maneiro, eu gostei”.

Unindo Capibaribe e Paraguaçu no Beco do Fuxico

Texto de Jana Cambuí

São Félix foi palco, na sexta-feira do último dia 15 de outubro, de evento que teve expo-sições de vídeos, documentários, instalações artísticas e música

Com a intenção de misturar culturas e diversificar a partir da influência do manguebeat originá-rio de Pernambuco, o festival Sin-tonizando o Recife exibiu filmes com o tema e um documentário sobre vida e obra de Chico Science, ícone do movimento Mangue. O público também pôde conferir vídeos do Recôncavo, curtas e documentários produzidos pelos alunos do curso de Cinema da UFRB, como Manolo, de Vonaldo Mota e Luciana Sacra-mento.

O produtor do evento, Toni Caldas, disse que o festival corres-pondeu às expectativas, apesar de ter sido a primeira edição, experi-

mental, e que pretende continuar com o projeto, tornando-o anual ou, quem sabe, semestral. “O objetivo maior foi alcançado, que era tra-zer a comunidade e a universidade para um evento de diversidade cul-tural, que misturasse o Recôncavo com Olinda, Recife”, disse Toni.

O Festival Sintonizando o Re-cife contou com a presença de estu-dantes da UFRB, de membros das comunidades de São Félix e Cacho-eira e do artista plástico Tau Tou-rinho, de Santo Antônio de Jesus, que é integrante do grupo Novo Cinema Novo e produz filmes já premiados, com a temática do Re-côncavo, a exemplo de Má Vida e Incarcânu a Tiortina, quando o vício é a liberdade, esse último em parceria com Gabriel Lopes Pontes.

Público conferiu noite cultural em São Félix

Larissa Araújo

Jackie Brito

Medina, Camelo, Amarante e Barba agitaram os shows em Salvador

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Moradores reclamam das restrições para reformas nos imóveis de Cachoeira

“Depois que o Monu-menta veio para cá, muito das coisas, como fachadas e prédios estão conservados, mas quando vamos fazer uma reforma em casa ou num imóvel que está sendo reformado próximo à nossa casa, o problema só aumen-ta”. Com este desabafo, um funcionário público, que tem processo correndo na Justiça e não quis ser identi-ficado por receio de retalia-ção, reclamou da burocracia enfrentada junto o Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

E as queixas só au-mentam quando os mora-dores contam a história da cidade, dizendo que o Mo-

Texto de Taiane Nazarénumenta não é sempre fiel ao que existia, a exemplo dos ladrilhos e das modi-ficações feitas em diversos espaços públicos. Segundo eles, várias casas e pontos de comércio tiveram suas fachadas (principal restri-ção do IPHAN para refor-ma) modificadas.

Restaurado

O Iphan, que se en-carrega da preservação, restaurações e tombamen-tos dos inúmeros patri-mônios selecionados pelo órgão, atua em Cachoeira com projetos de revitaliza-ção a longo prazo. Praças, conventos, igrejas, espaços públicos e edificações pri-vadas estão na lista do que já foi revitalizado.

O que já foi restau-rado na cidade faz parte do programa Monumenta, criado pelo Ministério da Cultura e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Unesco. Para a rápida preservação dos patrimônios nos municí-pios, os imóveis são tom-bados para evitar qualquer tipo de alteração, sejam es-tes privados ou não.

O Monumenta

O programa agrega 26 cidades no Brasil, todas escolhidas de acordo com a importância histórico e ar-tística de cada uma. A atu-ação do Monumenta varia de acordo com os convênios realizados com o governo

federal junto às administra-ções de cidades e municí-pios que tenham áreas tom-badas pela União.

Juntamente com os edifícios e construções an-tigas, toda a obra de arte e material de relevância his-tórica tem cuidados e inves-timentos voltados para pre-servação. Dentro da cidade de Cachoeira, já atuando há mais de cinco anos, móveis públicos e privados, con-juntos de esculturas, con-ventos, espaços públicos es-tão inseridos no programa.

Atualmente, a Igre-ja Matriz está em processo de restauração e fica fe-chada para visitação até a conclusão do trabalho, que é minucioso e requer todo um estudo para manter as coisas em estado original. Dependendo da condição do material ou do espaço, os trabalhos de restauração levam de meses a anos para serem concluídos.

Tombamento?

Assim como os imó-veis, todo material que faça parte de uma memória cole-tiva pode ser tombado. Des-te modo, fotografias, livros e cenários naturais estão in-seridos no contexto. Como em toda cidade tombada, há sempre dúvidas sobre a necessidade do tombamen-to de certos imóveis ou so-bre como isso afeta a situa-ção socioeconômica de sua população.

O elo entre o gover-no, comunidade e a iniciati-va privada ganha mais força aí., além de manter o mate-rial preservado e não deixar a cidade estagnar por conta das restrições de um tomba-mento. O entorno das regi-ões tombadas também sofre modificações, como acesso ou alterações que possam obstruir a invisibilidade dos bens culturais.

A Igreja Matriz segue fechada, para reformas

Lais de Oliveira

Edificações públicas e privadas estão na lista do que já foi revitalizado

Jornalista Paulo Henrique Amorimdebate o papel da mídia nas eleições

Salvador: Em palestra no auditório da Fundação Visconde de Cairu, no bair-ro dos Barris, em Salvador, na noite do último dia 28 de setembro, o jornalista Paulo

Henrique Amorim abordou a temática O papel da mídia nas eleições. Fizeram parte da mesa políticos do Parti-do dos Trabalhadores (PT) e de partidos da mesma coligação, além do diretor da Faculdade de Direito da UFBA, Celso Castro.

De modo irreverente,

Paulo Henrique iniciou com o seu característico “Olá, tudo bem?”, arran-cando o riso da plateia. De acordo com o jornalista, a mídia possui uma natureza profundamente partidária, afirmando que devemos abordar de maneira mais profunda a importância da democratização dos meios de comunicação.

Remetendo a fatos pas-sados já disseminados pelos grandes grupos da mídia, que ele também denomina como pertencente ao Par-tido da Imprensa Golpista (PIG), atacou o governo de Fernando Henrique Cardo-so que, segundo ele, com apenas três telefonemas determinava o que seria notícia no Brasil. “Bastava uma ligação para a família Marinho, responsável pelo jornal O Globo; para a fa-

mília Frias, da Folha de S. Paulo; e para o Ruy M e s q u i t a , do Estado de S. Paulo, para que os centros de p r o d u ç ã o fossem con-t r o l a d o s . Era deste modo que a mídia era pau-tada”, garantiu.

O encontro também discutiu a veracidade dos resultados de audiência divulgados pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pú-blica e Estatística (IBOPE) e pelo Instituto Datafolha. Paulo Henrique enfatizou em sua fala que “o maior cliente do IBOPE é a rede Globo, que tem um contrato anual de R$ 30 milhões para

acompanhar a audiência da televisão. Eles fazem a pes-quisa para produzir a man-chete do Jornal Nacional”.

Por fim, o jornalista pro-pôs uma auditoria para su-pervisão destes institutos de pesquisa de opinião pú-blica e também a ampliação da banda larga para se al-cançar uma maior liberdade de expressão e a reforma da indústria de comunicação no Brasil.

Texto de Marília Marques

Candidatos de vários partidos participaram do evento

Laiana Matos

Laiana Matos

ALB sediou o Curso Castro Alves e V Colóquio de Literatura Baiana

O colóquio contou, entre os dias 22, 23 e 24 de setem-bro, com quatro sessões de Comunicações de Literatura Baiana de diferentes temas, com trabalhos produzidos por doutores, doutorandos, mestres, mestrandos e estu-dantes de iniciação cientí-fica, além de mesas-redon-das, conferências, palestras e apresentação artísticas.

Inicialmente, o Cur-so Castro Alves era apenas uma homenagem ao poe-ta romântico, no entanto, a partir de 2006 transformou-se em um grande encontro, aderindo o colóquio e abrin-do espaço para a apresenta-ção de estudos sobre obras, temas e autores da literatu-ra produzida na Bahia. A partir daí, tem sido realizado em conjunto pela ALB e pelo Programa de Pós-Graduação em Lite-

ratura e Diversidade Cul-tural, da Universidade Es-tadual de Feira de Santana (UEFS). Um dos principais objetivos do colóquio é va-lorizar a literatura baiana, tanto quanto seus autores, além de abrir espaço para os novos estudiosos do tema. Em 2011 será publica-da a coleção O Olhar de Cas-tro Alves, contendo os traba-lhos selecionados de 2006 a 2009.

Os eventos aconteceram na sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), em Salvador, durante três dias

Texto de Janaína França Recôncavo marca presença

Segundo o coordenador Aleilton Fonseca, “o evento reuniu cerca de 90 estudiosos oriundos de diversas universidades baianas e de

outros estado”. O Recôncavo da Bahia foi representado pelo professor doutor Carlos Ribeiro, pelo técnico André Luís Machado Galvão e alguns alunos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Carlos Ribeiro é membro da academia desde 2007, ocupando a ca-deira cinco. Este ano, ele coordenou a sessão de comunicação intitulada Questões de Poesia, no auditório dedicado a Pedro Calmom. André apre-sentou seu estudo para mestrado sobre a trilogia do escritor Wilson Lins.

A estudante Janaína Ezequiel França, contou que “foi muito interes-sante participar do evento, até mesmo por que o principal homenageado é um grande poeta, que marcou a presença do Recôncavo na literatura baiana e do Brasil.”

Texto de Diogo Oliveria

Lais de Oliveira

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Localizado a cerca de 110 quilô-metros de distância da capital Salvador, São Gonçalo dos Campos se desta-ca por ter um clima pacato. Na década de 1980, foi um dos maiores produtores de fumo da Bahia e hoje se destaca na produção avícola, que é responsável por cerca de 80% da economia do muni-cípio.

Possui, se-gundo dados do IBGE, 31 mil habi-tantes. Limita se ao Sul com Conceição de Feira, ao Norte com Feira de San-tana, ao Leste com Santo Amaro e a Oeste com a loca-lidade de Antonio Cardoso. São Gon-çalo tem um grande potencial turístico, principalmente para o turismo rural. Tem uma vegetação pre-dominante de Mata Atlântica e clima tropical sub-úmido, com pequena esta-ção chuvosa.

çalo pertenceu a Cachoeira duran-te muito tempo, foi desmembrado em 1884 ao ser elevado à categoria de cida-de. Hoje, dispõe de

São Gonçalo dos Campos, a cidade jardim.

Arte como terapia

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Criado há um ano pela profes-sora Márcia da Silva Clemente, da Universidade Federal do Recônca-vo da Bahia (UFRB), o projeto Saúde Mental e Serviço Social realizou, no dia 14 do mês de setembro último, oficinas de arte-educação com ên-fase na dança para os pacientes do CAPS.

Nesse projeto, a dança é a prin-cipal ferramenta para a socializa-ção e a compreensão dessa arte de expressar, comunicar e interpretar é uma alternativa para auxiliar na melhora das condições de equilí-brio e de autoconhecimento.

De acordo com estudos apre-sentados pelo projeto, as pessoas reagem à dança, pois ela apresenta uma centralidade que é uma res-posta do corpo ao espírito artístico do ser humano. Nas oficinas mi-nistradas pela professora Márcia e pelo grupo do CAPS, algumas ati-

vidades são feitas com a finalidade de estimular a recepção e reação do corpo e da mente do praticante.

A realização de exercícios de au-tomassagem e atividades em grupo serve como assistência da principal ferramenta que é a dança, pois es-timulam a comunicação e a intera-

ção dos participantes. A dança, que para o projeto é uma terapia que envolve corpo e mente, é realizada em etapas, respeitando o limite de cada corpo.

Cada dia de oficina é diferencia-do e passos diferentes são acrescido à dança. As ideas dos movimentos

são criadas pelos próprios participantes das oficinas. Ao fim do projeto, que está previsto nos mês de de-zembro, será realizada uma apresentação para a mostra da dança.

Segundo a gestora da iniciativa, Márcia Clemen-te, “todos os corpos podem dançar, respeitando o limite de cada corpo”. Para a pro-fessora da Universidade Fe-deral da Bahia (Ufba) que auxilia nesse projeto, Apare-cida Linhares, “a dança nos indica que somos corpo e este corpo possui um corpo psicológico, um corpo bioló-gico e um corpo íntimo”.

Esse projeto é uma extensão do curso de Serviço social UFRB em parceria com o CAPS/Ana Nery em Cachoeira e a Escola de Dança da Ufba, que auxilia no intercâmbio teórico-metodológico na área da arte-educação.

Amigos criam projeto de música e literatura para comunidade infanto-juvenil

Texto de Renata Reis

“Quanto mais os jovens esti-verem em contato com alguma atividade cultural, menos se en-volverão com drogas”. Com essas palavras, Jorgenei Gomes da Silva, o Ney Pontão, explica a motiva-ção do projeto social Muleke é Tu, pelo qual é responsável. Ele contou que ainda jovem percebia “a falta de movimentos que ocupassem a cabeça das crianças e adolescentes de Cachoeira”. Decidido a mudar essa realidade, criou o projeto, que através da música, percussão e lit-eratura mostra uma nova perspec-

tiva de vida aos jovens. Sem ajuda de custo ou pa-

trocínio, o Muleke é Tu é mantido por Ney e outros 10 integrantes, que ensinam os jovens a tocar in-

Texto de Lenise Farias

Oficinas de dança acontecem todas as terças-feiras, das 10h às 11h, no Centro de Promoção à Saúde Edgar Teixeira Rocha

diversos serviços e de um comércio movimentado e indústrias de grande porte, como Perdigão, Gujão e as fábricas do setor fumageiro. É fácil encontrar na cidade dois lados: o do desenvolvi-mento, com prédios moder-nos e traços do contemporâ-neo, ao lado dos casarões da época do Brasil colônia.

A cidade possui tam-bém uma das igrejas mais antigas do Brasil, com mais de três décadas de existên-cia. Segundo historiadores do município, quando pas-sou pela cidade, a caminho da inauguração da pon-te que leva seu nome, em Cachoeira, Dom Pedro I se encantou com a igreja e aca-bou ficando três dias hospe-dado.

Atrações turísticas

A fonte da Gamelei-ra, que teria um grande po-der de cura, é um dos gran-des atrativos turísticos do município. Outra atração é a corrida de Jegue, que acontece todo mês de no-vembro no distrito de Afli-gidos, que fica a 20 quilô-metros do centro da cidade. Os hotéis-fazenda também são grandes atrativos turís-ticos. A bica do Moringue, que fica também a 20 qui-lômetros da cidade, é opção na época do verão.

Religiosidade

A cidade tem uma religiosidade muito forte, principalmente com as reli-giões de matrizes africanas

como o candomblé. O ca-tolicismo também é muito forte. A comunidade feste-ja no mês de agosto a Festa da Boa Morte, tão tradicio-nal quanto a de Cachoeira, atraindo centenas de turis-tas de outros estados.

Sabores

As iguarias produ-zidas em São Gonçalo têm fama internacional, a exem-plo da feijoada feita à base de carne de porco, feijão preto e tempero de folha. É fácil encontrar esta iguaria nos diversos restaurantes do município. Outro pra-to muito típico da cidade é o frango caipira ao molho pardo.

Para as refeições há o restaurante Talismã, que fica na Rua Dois de Julho; o restaurante de Dai, para quem gosta de uma comida mais caseira, na Praça Ca-zuza Machado; o de Lurdes de Capão, no Espaço Popu-lar do antigo Mercado de Arte; e o Garden Plaza, no shoping Garden Plaza, na Rua Dois de Julho.

Onde ficar

As indicações de ho-pedagem são o Hotel Talis-mã, situado na Rua Dois de Julho; a Pousada Ventura e a Continental, ambas na Rua do Progresso; a Pousa-da do Centenário, que fica situada na Avenida José Carlos de Lacerda; e o Ho-tel Santa Bárbara, na Rua da Lavanderia.

Texto de Rogério Lacerda

strumentos e incentivam também a leitura no dia a dia. Os profes-sores formam também uma banda chamada Samba Crioulo, que pro-move shows semanais no espaço

Empório, na Rua Ana Nery, para arrecadação de fundos.

Este ano a banda lança a primeira edição do Crioulo Ma-nia, iniciativa que reúne todas as sextas-feiras, no espaço de Paulo

Lomba, várias bandas e grupos mu-sicais para a realização de shows que vão do forró ao reggae .

Jorgeney finaliza dizendo que o maior problema enfrentado por eles não é a falta de patrocínio ou espaço para as festas, “infe-lizmente, a população ainda não percebeu a necessidade que há em manter ocupada a mente dos jo-vens. Ensinar que ao invés de ficar fazendo besteira na rua é melhor aprender a tocar bateria ou ler um livro As pessoas se enganam que é um problema dos outros, mas na verdade é um problema de todos nós”, concluiu.

Artes Plásticasinvadem o

Recôncavo

Texto de Toni Caldas

Com a presença de centenas de artis-tas de todo mundo, evento intitulado Entre Territórios teve como objetivo

divulgar a cultura regional

O auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Univer-sidade Federal do Recôn-cavo da Bahia (UFRB) foi sede, entre os dias 20 e 25 de setembro, do 19º Encon-tro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Organi-zado anualmente, o evento procura ser um marco para o desenvolvimento da pes-quisa em arte no país, pro-

movendo intercâmbio entre universidades e outras ins-tituições, artistas autôno-mos e a comunidade cientí-fica.

O tema deste ano foi Entre Territórios, centra-do na imagem do Rio Pa-raguaçu e seus principais afluentes, representando seu trajeto e as heranças de inúmeros grupos étnicos presentes na história do Re-

côncavo, segundo declarou Viga Godilho, presidente da ANPAP, durante a ho-menagem a uma das fun-dadoras da associação, a artista visual Maria Amélia Bulhões.

Pesquisadores de 45 universidades sinalizaram a diversidade da região, re-forçando as reflexões artís-ticas sobre os laços culturais presentes no Recôncavo. O reitor da UFRB, Paulo Ga-

briel Soleda-de Nacif, de-clarou que a universida-de sente-se honrada em sediar o en-contro, des-tando que, “no proces-so de conso-lidação de

uma univer-sidade, como vem sendo com a UFRB, o fortaleci-mento no campo das artes é fundamental”.

As mostras Entre Folhas, no Centro Cultu-ral Dannemann, e O vôo do poeta Damário da Cruz, no Pouso da Palavra, represen-taram internacionalmente Cachoeira e São Félix como territórios para as trocas de linguagens artísticas.

taiane nazaré

Casa cheia durante a Anpap na UFRB

A banda Samba Crioulo

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Layla Scher

O projeto desenvolve oficinas de arte-educação

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www.ufrb.edu.br/reverso

Lojas agora são obrigadas a manter exemplar do CDC

Os comerciantes e vendedores de Cachoeira se mostram preocupados em cumprir a lei que obriga manter uma cópia do Có-digo de Defesa do Consu-midor (CDC) em suas lojas, mesmo não tendo sido ain-da determinado um prazo para que todos os estabele-cimentos comerciais nacio-nais atendam às exigências da nova lei. É possível per-ceber a aquisição do exem-plar pela maioria dos esta-

belecimentos comerciais na cidade histórica, demons-trando que, em menos de três meses desde que a lei entrou em vigor, estão se adequando as exigências da legislação.

Para Roquelina Maria, gerente de loja na cidade, a lei é necessária para que o consumidor tenha seus di-reitos assistidos, mas con-sidera um abuso o valor da multa que se aplica aos es-tabelecimentos que, ainda que por inadimplência, de-sobedeçam a lei, que é de R$1.064,10. Por sua vez, a

balconista de farmácia Leni-ce Bispo acha justo o direito à informação para quem vai às compras, pois ela consi-dera que existe uma desin-formação por parte do con-sumidor, que agora poderá entender através do exem-plar justamente onde estão seus direitos. Ela afirma que se fosse proprietária de um estabelecimento comercial não hesitaria em colocar em prática a lei, através da aqui-sição de um exemplar.

Na opinião de Alexan-dre Mascarenhas, caixa de padaria, a disponibilização do CDC para os clientes é muito boa, além de ser ne-cessário o estabelecimento comercial estar em confor-midade com a lei. O exem-plar pode ser facilmente encontrado em qualquer li-vraria ou banca de revistas. O valor do exemplar é aces-sível tanto para empresários e prestadores de serviços como para os próprios con-sumidores em geral. O Có-digo de Defesa do Consumi-dor possui quase 20 anos de existência, mas só agora se tornou uma obrigatorieda-de no que diz respeito à sua presença em qualquer esta-belecimento comercial.

Texto de Rogério Lacerda

Com declínio do fumo, a economia de São Gonçalo dos Campos se transforma

Texto de Layla Scher

Comerciantes de Cachoeira declaram apoiar a obriga-toriedade de manter uma cópia do Código de Defesa do Consumidor em seus estabelecimentos comerciais

Baseada na produção fumageira entre as décadas de 40 e 50, a economia local hoje cede espaço para a agropecuária e a indústria, enquanto o comércio é pre-judicadas pela proximidade com Feira e Salvador.

A Lei Federal 12.291, sancionada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 20 de julho de 2010, a partir de antigo projeto de autoria do deputado Luiz Bittencourt (PMDB-GO), obriga os estabelecimentos comerciais e prestadores de servi-ços nacionais a manter, no mínimo, um exemplar do Código de Defesa do Consumidor (CDC), possibilitando assim que o cliente conheça seus direitos. O objetivo da lei é ofere-cer uma forma de consulta rápida e fácil para a defesa do consumidor que eventualmen-te sinta-se lesado e possa tirar as suas principais dúvidas no próprio estabelecimento em que ele se encontre realizando uma transação comercial. A principal exigência da legis-lação é que o exemplar do CDC esteja em um local visível e de fácil acesso ao público.

www.ufrb.edu.br/reverso

Conhecida como a maior produtora de fumo do Re-côncavo, São Gonçalo conta, hoje com apenas dois arma-zéns, sendo que um deles, o Menedes e Américo, em-prega cerca de 120 pessoas e tem quase toda a produção destinada aos mercados do Rio de Janeiro, São Paulo e países do exterior, como Arábia Saudita, Alema-nha e Japão. Nessa fábrica são produzidas cigarrilhas, que são mini charutos com formas e componentes de cigarro, e os charutos das marcas Alonso Menezes e

Dona Flor.A caixa com 25 charu-

tos custa de R$ 250,00 a R$

300,00. Cerca de 80% dos empregados destas fábricas são mulheres. Segundo Re-

nato Tadeu, ge-rente de recur-sos humanos, as mulheres são mais práticas e delicadas desde o processo ini-cial com a folha do fumo até a finalização e co-locação da capa, que é cobrir o charuto com a melhor folha do fumo. “Já tenta-mos colocar ho-mens, mas eles não conseguem confeccionar os

charutos com tanta perfei-ção quanto nossas garotas”,

concluiu.Até meados do século XX,

havia na cidade 11 arma-zéns de fumo, empregando 3.300 pessoas direta ou indi-retamente. Nos anos 60, São Gonçalo foi o quinto maior produtor de amendoim com casca no estado, o que enfra-queceu um pouco a produ-ção fumageira. Já na déca-da 70, o destaque foi para a cultura da batata, principal-mente da região do distrito de Magalhães. O município também transformou-se na bacia leiteira da região. Com todas estas mudanças, a produção de fumo sofreu um grande declínio.

Lenise Farias

Rosalvo Marques

O caixa Alexandre Mascarenhas com CDC em mãosAs mulheres são 80% do quadro de empregados das fábricas de fumo locais

Produção avícola impulsiona a cidade, mas comércio concorre com Feira e Salvador

A economia rural sangonça-lense passou por fases como a produção de amendoim, batata e leite, mas o que pre-domina hoje na região é a criação de aves e gado para o abate. Com a instalação de fábricas próximas à cidade, a população vem criando ga-linhas e codornas em gran-jas particulares para vender as essas empresas e melho-rar a renda. Essas empresas mudaram a economia local. Só uma destas fábricas em-prega 35% da população. Também foi criado na cidade um posto bancário para atender aos trabalhado-

res dessa empresa, que antes tinham de receber seus salá-rios em cidades vizinhas, e lá faziam suas compras, en-

fraquecendo a eco-nomia municipal. O comércio vem sendo prejudicado também por causa da proximidade com as cidades de Feira de Santana e Salvador, polos co-merciais. Grande parte da população faz compras nessas cidades por cau-sa dos preços que são oferecidos. Os cidadãos contam também com a facilidade dos

carros de praça que viajam de hora em hora para esses

Greve nacional dos bancáriostrouxe transtornos à região

Texto de Monalisa Leal

Em razão da greve deflagrada em 29 de setem-bro, as agências bancárias da cidade ficaram fechadas durante vários dias, causan-do uma série de problemas aos clientes. Os funcionários da Caixa Econômica Fede-ral reivindicavam reajuste salarial de 11% e exigiam a manutenção de vantagens sobre o salário.

Já os do Banco do Bra-

sil, que aderiram à greve inicialmente por causa das

ameaças de retirada do quinquênio (uma licença a cada cinco anos ofere-cida pelo banco), reivin-dicavam outras cláusulas sociais, embora o maior objetivo também tenha sido o aumento salarial.

Na opinião da ca-choeirana Nelí de Jesus

Costa, fazer greve em pe-ríodos eleitorais é um des-

respeito para com o povo. “Greve em plena eleição e a gente aqui precisando de di-nheiro?”, questiona.

A greve registrou uma grande adesão, segundo a li-derança do movimento, que avaliou em uma média de 1600 agencias fechadas en-quanto dutou a negociação, já que a proposta inicial de 4,5% não havia sido aceita.

Também em Mangabeira

As agências da Caixa, BNB e Banco do Brasil de Governador Mangabeira também entraram em gre-ve, mas desde o dia 1º de setembro. Os bancários queriam reajuste salarial de 11% (correspondente à in-flação mais aumento real), melhorias na participação nos lucros e resultados, ga-rantia de empregos, fim das metas, do assédio moral e das terceirizações, além de mais segurança para traba-lhar.

Para os bancários, de-pois de três rodadas de ne-gociação sem apresentar uma proposta, a Fenaban oferecia reajuste salarial de 4,29%, equivalente à infla-

ção do período, ignorando as demais cláusulas da pau-ta de reivindicação.

Enquanto prosseguiu a greve, a população se disse prejudicada pela falta dos serviços oferecidos pelos bancos. Exemplo disso foi dado por Alenilda Maria, coordenadora do Programa Bolsa Família local. Segun-do ela, a família toda se pre-judicou e, no seu caso, por dois bancos.

Segundo garantiam os grevistas, durante o movi-mento houve um crescimen-to de mais de 92% na adesão em todo Brasil. Segundo eles, foram 7. 437 agências em greve, marca que su-peraria os números do ano passado, de 7.222 agencias paradas.

Texto de Juliana Rezende

Fern

anda

Roc

ha

Texto de Layla Scherpólos comerciais. O Banco do Brasil quer implantar um posto em São Gonçalo para que os seus clientes não pre-

cisem sair da cidade para fazer qualquer transação bancária e aumentar assim a economia.

Lenise Farias

Lenise Farias

O comércio local sente a concorrência

As agências pararam em Cachoeira

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Rádio São Gonçalo completa50 anos e muda de nomeProjeto da Igreja Católica para uma aproximação com a população local, foi a primeira rádio-escola a existir no Brasil, a terceira a ser criada na Bahia e pri-meira da região do Recôncavo

No ar desde o dia 8 de dezembro de 1960, a Rádio São Gonçalo, sintonizada pela frequência AM 1.410, comemora os 50 anos de existência promovendo al-gumas mudanças. As refor-mas dizem respeito princi-palmente à modernização de sua estrutura física, mas que chegam ao próprio nome da emissora, que vai passar a chamar-se Planeta.

O diretor Ronaldo Pinto, que ocupa o cargo há quatro anos e também é res-

ponsável pela parte comer-cial, tem expectativas de que a reforma estrutural te-nha fim em janeiro de 2011. Algumas delas já podem ser vistas, a exemplo da parte externa do casarão onde se localiza, recentemente pin-tado e reformado.

O diretor explicou que algumas salas no térreo serão modificadas e trans-formadas em um cinema, com prioridade para uma programação educativa, fa-zendo assim parceria com escolas da região e incluin-do os estudantes no mundo dos filmes.

A rádio conta atual-mente com uma equipe de oito pessoas, entre locutores e repórteres. Além de uma programação diversificada, funcionando 24 horas, pos-sui também um site que é atualizado constantemente, trazendo notícias da cidade e de todo o mundo, onde é possível conferir a progra-mação e até ouvir a própria rádio.

Muda o nome

Mas a maior mudança prevista é a do nome da rá-dio. Como já pode ser visto

Texto de Pollyanna Macêdo

no site, Rádio Planeta veio para substituir Rádio São Gonçalo, pois de acordo com Ronaldo, com o passar dos anos a rádio foi se desvincu-lando da igreja, tornando-se mais independente e menos ligada somente à cidade. Assim, acredita que a mu-dança do nome, juntamente com as outras modificações em curso, trarão uma maior visibilidade e credibilidade, além de independên-cia.

Em relação ao público externo, outra parceria já realizada com sucesso foi com os alunos do curso de jornalismo da Unida-de de Ensino Superior de Feira de Santana (Unef). Durante um período, os estudantes fizeram uma espécie de estágio na rádio, onde apresentavam um pro-grama aos sábados.

Com assuntos sobre vários temas e abrangendo tam-bém um diverso público, o diretor conta que foi uma ótima experiência, além de se tornar um grande suces-so de audiência. “Foi muito interessante, as pessoas da cidade aprovaram, tenho planos para tentar colocar isso de novo em prática”, comentou Ronaldo.

Larissa Araújo

Larissa Araújo

Larissa Araújo

A equipe da rádio soma oito pessoas atualmente

A estrutura está sendo modernizada