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Revisão de Literatura Aula 2

Revisão de Literatura Aula 2 · ³ J á naquele tempo (e dizem que é defeito do nosso) o empenho, o compadresco eram uma mola real de todo o movimento social. ´ ³ Era no tempo

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Revisão de Literatura

Aula 2

A Prosa Urbana do Século XIX

“Já naquele tempo (e dizem que é defeito do

nosso) o empenho, o compadresco eram

uma mola real de todo o movimento social.”

“Era no tempo do rei.”

Memórias de

um sargento

de milícias

Manuel Antônio de Almeida

Romance satírico, picaresco sem idealização

Personagem central: pícaro (espécie de marginal que vive ao

sabor do acaso); malandro; anti-herói (jeitinho brasileiro).

sem idealização

Personagens caricaturas

Costumes populares não burgueses

Local: Rio de Janeiro

Época: D. João VI (1808-21) não imperial

Memórias de um sargento de milícias (1852) guarda civil

Narração em terceira pessoa. Deve ser entendida como obra de

apontamento histórico, pois capta cenas e costumes do passado.

Estilo linguagem coloquial, descontraída, própria de jornal,

embora obedeça à norma gramatical;

conversa com o leitor;

obra romântica que ridiculariza o Romantismo:

“(... ) mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como

se dizia naquele tempo; não podia passar sem uma paixãozinha.”

romance considerado precursor do Realismo.

Ordem x Desordem social os personagens do romance

agem de acordo com as necessidades, sem moralismos nem

escrúpulos, pois suas virtudes compensam seus pecados. Esta

“lei das compensações” (“política do favor”, “jeitinho brasileiro”) é

gerada pela necessidade de sobrevivência. Num universo onde

há senhores e escravos, os chamados “homens livres” (sem

poder político e econômico) não se preocupam muito com as

convenções sociais, a não ser quando estas lhes são favoráveis.

AUTOR OBRA CARACTERÍSTICAS

*Machado

de Assis

1ª Fase –Tendências românticas

Romances: Ressurreição

A Mão e a Luva

Helena

Iaiá Garcia

Análise de caracteres

femininos.

Esquematismo

psicológico.

Convencionalismo.

Conformismo.

2ª Fase – Realismo

Memórias Póstumas de Brás Cubas: o

defunto autor faz um inventário de seus

fracassos.

Quincas Borba: Rubião, provinciano

ingênuo, é enganado por um casal

ambicioso.

Dom Casmurro: o narrador Bentinho

tenta provar ao leitor que foi traído por

sua esposa Capitu, e por seu melhor

amigo, Escobar.

Esaú e Jacó: os irmãos Pedro e Paulo

representam o momento de transição do

Império para a República.

Memorial de Aires: romance menos

pessimista do autor. Reflexão sobre a

velhice.

Análise da burguesia

do Rio de Janeiro do

Império à República.

Pessimismo.

Humor amargo.

Ironia.

Conversa com o leitor.

Análise psicológica.

Raul Pompéia

O Ateneu: considerado por parte da

crítica como impressionista.

Personagens: Sérgio, Aristarco, Ema.

Crítica ao sistema

educacional. O colégio é

um microcosmo social.

Linguagem requintada.

AUTOR OBRA CARACTERÍSTICAS

Aluísio Azevedo

O Mulato

Casa de Pensão

O Cortiço

Naturalista.

O meio determina a

vida das pessoas;

protótipos sociais;

aspectos sociológicos e

patológicos; anomalias,

sexo e miséria.

Esaú e Jacó Machado de Assis

Narrador: Conselheiro Aires

Manuscritos

(sete cadernos)

Último: Esaú e Jacó

Seis cadernos: Memorial de Aires

Narra em 3ª pessoa

e participa

Diário do conselheiro

Pedro

– Médico

– Monarquista

– Estudou no RJ

– Conservador

Paulo

– Advogado

– Republicano

– Estudou em SP

– Reformador

Flora

“Ria com ambos, sem rejeitar

nem aceitar nenhum.”

(A personagem morre antes de

fazer sua opção...)

X

Capítulo LXIII – Tabuleta nova

Confeitaria do Império / da República / do Governo / do Catete / do Custódio

Confeitaria

d...

Confeitaria do Custódio

Pedro X Paulo

Morte de Flora – trégua na disputa.

Morte de Natividade – fazem as pazes...

Pedro começou uma amizade com Paulo

Natividade curtiu isto.

Escreva um comentário...

Curtir . Comentar . há + 1 hora .

Capítulo CXXI – Último “Castor e Pólux foram os nomes que um deputado pôs aos dous gêmeos, quando tornaram à Câmara, depois da missa de sétimo dia. (...) Entravam juntos, andavam juntos, saíam juntos. Duas ou três vezes votaram juntos... (...) A Câmara terminou os seus trabalhos em dezembro. Quando tornou em maio seguinte, só Pedro apareceu (...). O olho dos amigos não tardou em descobrir que não viviam bem, pouco depois que se detestavam. (...) Aires soube daquela conclusão no dia seguinte, por um deputado, seu amigo... (...) O senhor que se dá com eles diga-me o que é que os fez mudar, concluiu o amigo. - Mudar? Não mudaram nada; são os mesmos. (...) - Ora, espere, não será... Quem sabe se não será a herança da mãe que os mudou? (...) Aires sabia que não era a herança, mas não quis repetir que eles eram os mesmos, desde o útero. Preferiu aceitar a hipótese, para evitar debate, e saiu apalpando a botoneira, onde viçava a mesma flor eterna.”

Realismo em Portugal Eça de Queirós

Prof. Roger

Desenvolveu-se em duas fases:

Primeira fase (Eça não participa) – polêmica literária, conhecida

como a Questão Coimbrã (1865), na qual discordavam os

intelectuais de Lisboa e Coimbra, resumindo-se assim:

Segunda fase (Eça participa) – polêmica de caráter

político e social: Conferências do Cassino

Lisbonense (1871).

Lisboa / Romantismo / Bom Gosto

X

Coimbra / Realismo / Bom Senso

Prof. Roger As três fases de Eça de Queirós

1. Romântica: Prosas Bárbaras (conjunto de folhetins);

O Mistério da Estrada de Sintra, obra escrita com Ramalho Ortigão.

Espécie de pseudo-reportagem jornalística de caráter policial.

2. Realista: Eça propôs um inquérito à sociedade portuguesa de

seu tempo através das chamadas “Cenas Portuguesas”:

2.1. O Crime do Padre Amaro (Cenas da Vida Devota)

crítica ao clero

2.2. O Primo Basílio (Episódio da Vida Doméstica)

crítica à burguesia

2.3. Os Maias (Episódios da Vida Romântica)

crítica à aristocracia.

3. Pós-Realista: nota-se a desilusão e o abandono dos ideais

realistas e a reconciliação com os valores tradicionais portugueses.

A Ilustre Casa de Ramires; A Cidade e as Serras

*Parnasianismo (1880-1920)

Arte pela Arte – Culto da Forma (Deusa)

Poeta = Ourives (Bilac)

Influência clássica: racionalismo, mitologia

Descritivismo e objetivismo

Olavo Bilac Raimundo Correia Alberto de Oliveira

Simbolismo (1890-1920)

Cruz e Sousa

Obsessão pela cor branca, sofrimento, sublimação,

transcendência:

“Vê como a dor te transcendentaliza”.

1. Busca dos mistérios do subconsciente e do inconsciente.

2. Expressa as sensações vagas, indefinidas, nebulosas...

3. Evoca de símbolos através de palavras com letras maiúsculas.

4. Espiritualismo, religiosidade, misticismo...

5. Explora os sentidos, o sensorialismo...

6. Hermetismo: uso de um vocabulário requintado, de expressões raras...

Alphonsus de Guimaraens

Morte da amada

Intensa religiosidade

Pré-Modernismo (1900-1920) Regionalismo crítico

Pré-Modernismo (1900-1920)

AUTOR OBRA CARACTERÍSTICAS

Simões Lopes

Neto

Lendas do Sul;

Contos Gauchescos;

Casos do Romualdo .

Vida na campanha gaúcha do

século XIX: linguagem e

costumes. Blau Nunes é o

gaúcho típico. Regional e

universal.

Euclides da

Cunha

Os Sertões (1902)

Literatura História Sociologia Jornalismo Ciência

Focaliza a Revolta de Canudos,

ocorrida no sertão da Bahia, no

final do século XIX. A obra divide-

se em três partes, e revela a visão

determinista do autor: A Terra, O

Homem, A Luta. Euclides analisa

o beato Antônio Conselheiro e os

sertanejos por ele comandados

contra as forças do Governo,

mostrando as contradições

existentes entre o litoral e o

sertão, através de uma prosa

extremamente elaborada.

Lima Barreto

(RJ)

Recordações do

Escrivão Isaías

Caminha; Triste Fim de

Policarpo Quaresma;

Clara dos Anjos

Análise da vida suburbana carioca,

especialmente do funcionário

público.

Focaliza também o problema da

discriminação racial.

Linguagem tradicional; estilo

simples.

Monteiro Lobato (SP)

Urupês; Negrinha;

Cidades Mortas.

Autor de Jeca Tatu e de

vasta literatura infantil.

Jeca Tatu, símbolo do caboclo

abandonado, mostra Monteiro

Lobato crítico, nacionalista.

Seus contos apresentam

situações muitas vezes grotescas

ou patéticas, outras vezes

satíricas.

Graça Aranha (ES)

Canaã

(Romance de tese,

considerado, também,

impressionista)

Imigrantes viajam pelo interior do

Espírito Santo em busca da terra

prometida. Personagens : Milkau e

Lentz

Augusto dos

Anjos (Poesia)

Eu (1912): não se

enquadra em movimento

literário algum.

Vocabulário cientificista, visão

pessimista e materialista.

Contos Gauchescos Simões Lopes Neto

Características dos Contos Gauchescos:

linguajar e os costumes típicos da campanha

gaúcha do século XIX, através de um estilo oral e vivo que são

retratados com fidelidade (verossimilhança).

Linguagem, ambiente e tipo regionais caráter universal

Blau Nunes

Velho: 88 anos (teria nascido

por volta de 1820), experiente,

honesto, leal, é o depositário

das virtudes do gaúcho típico.

Viajado: vaqueano (espécie de

guia campeiro).

Narrador dos dezenove contos:

fala

Moço da cidade

Jovem

Desconhece a região

Interlocutor que jamais

interfere: escuta/escreve

Patrício, apresento-te Blau, o vaqueano.

-Eu tenho cruzado o nosso Estado em caprichoso ziguezague.(…)

E por circunstâncias de caráter pessoal sucedeu que foi meu

constante guia e segundo o benquisto tapejara Blau Nunes,

desempenado arcabouço de oitenta e oito anos, todos os dentes,

vista aguda e ouvido fino (...).

Genuíno tipo – crioulo – rio-grandense (hoje tão modificado), era

Blau o guasca sadio, a um tempo leal, e ingênuo, impulsivo na

alegria e na temeridade, precavido, perspicaz, sóbrio e

infatigável; e dotado de uma memória de rara nitidez, brilhando

através de imaginosa e encantadora loquacidade, servida e

floreada pelo vivo e pitoresco dialeto gauchesco.

Apresentação

Trezentas onças

Blau Nunes – narrador e protagonista

Tema – Honestidade

Blau perde uma guaiaca com trezentas onças de ouro e pensa

em se matar (receio de ser visto como um ladrão).

A natureza o demove da ideia

Ao assumir a responsabilidade por seu erro, ele é premiado com

a resolução do problema (tropeiros).

O cusco lambe sua mão (amizade)

O zaino relinchou (liberdade)

Um grilo cantou (esperança)

Deus estava no luzimento da estrelas

O Negro Bonifácio

Blau Nunes – narrador e testemunha

Tema – violência paixão e sangue

Bonifácio – malvado, valente, vaidoso, desordeiro...

Tudinha – morena linda, alta, delgada, alegre, desinibida, olhos

fascinantes... Desperta desejo (trazia mais de quatro pelo beiço);

curiosidade (...como uma morena, tão linda, entregou-se a um

negro, tão feio?...); comentário machista (Estancieiras ou peonas,

é tudo a mesma cousa... tudo é bicho caborteiro...; a mais

santinha tem mais malícia que um sorro velho!...). Apesar do

título, o conto centra-se na figura de Tudinha,

cuja presença e comportamento determinam o

rumo das ações e a tragédia.

No Manantial Blau Nunes – narrador e testemunha

Tema – amor e sangue

Maria Altina

Mariano (pai)

Furriel André (noivo) amor puro rosa

Chicão (pretendente) amor bruto morte

Blau Nunes (apaixonado) chora no final

O Boi Velho

Blau Nunes – narrador e testemunha

Tema – ingratidão criança X homem

Homem (“bicho mau”) X Boi (bicho bom)

Cabiúna e Dourado – os bois mansos que levam as crianças na

carreta para o banho. Eles mesmos se colocam na canga.

Dourado morre. Cabiúna fica velho e os donos mandam matá-lo.

Cabiúna acha que está sendo punido, se coloca na canga e

morre ( E ajoelhou...e caiu... e morreu... ).

Uma das crianças quer alimentar o boi, como antigamente os

donos faziam.

Cuê-pucha!… é bicho mau, o

homem!

Os Cabelos da China

Blau Nunes – narrador e personagem

Tema – honra e amor

Guerra dos Farrapos (1835-1845)

Blau Nunes

Juca Picumã – pai da Rosa

Comandante

Legalista

Capitão

Farrapo X Rev. Farroupilha

Ficava perto dos tições, curtindo a fumaça quente.

Final: atira tições na carreta (“ninho de amores”).

Rosa

Melancia – Coco Verde

Blau – narrador distanciado (ouviu contar)

Tema – amor proibido com final feliz

Aspectos humorísticos – descrição do Ilhéu, cenas do

casamento...

Talapa

(“Melancia”)

Costinha

(“Coco Verde”)

Ilhéu

(“mui comedor de

verduras (...) nem se

avexava de aparecer

de carretinha, diante

da moça!”)

Casamento

arranjado

Reduzo

Provoca confusão

no casamento,

colaborando para a

união do casal

apaixonado

Na polvadeira da estrada

O teu amor vem da guerra:...

Melancia desbotada!...

Coco Verde está na terra!...

O Anjo da Vitória

Blau Nunes – narrador e protagonista

Tema – infância de Blau Nunes transformação precoce

do menino em homem: ...vi que estava sozinho, abandonado,

gaudério e gaúcho, sem ninguém pra me cuidar!...

Guerra da Cisplatina (1825-28) / Batalha do Passo do Rosário

(1827)

Blau Nunes (+10 anos)

Padrinho

Hilarião (ordenança)

Gen. José de Abreu (“Anjo da Vitória”)

Debret, Embarque das tropas para Montevidéu

Contrabandista

Blau Nunes – narrador e testemunha

Tema – contrabando

Dois momentos

Final – chegada da comitiva de Jango Jorge, trazendo seu corpo

crivado de balas. Sob o poncho do contrabandista se viu:

Era o vestido branco da filha, os sapatos brancos, o véu branco,

as flores de laranjeira...

Tudo numa plastada de sangue... tudo manchado de vermelho,

toda a alvura daquelas cousas bonitas como que bordada de

colorado, num padrão esquisito, de feitios estrambólicos... como

flores de cardo solferim esmagadas a casco de bagual!...

Então rompeu o choro na casa toda.

Caracterização de Jango Jorge e a

história do contrabando no RS

Drama resultante da trágica morte

do protagonista

Alberto Caeiro

É considerado o mestre dos demais heterônimos e até de

Fernando Pessoa ele-mesmo. Poeta da natureza, de

linguagem simples e espontânea. Adepto do sensacionismo.

Caracteriza-se pela objetividade absoluta.

Porque pensar é não compreender... O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso do Mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. (...) O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério.

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...

Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou!

E a criança tão humana que é divina É esta minha quotidiana vida de poeta, E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre. (...) A Criança Nova que habita onde vivo Dá-me uma mão a mim E outra a tudo que existe E assim vamos os três pelo caminho que houver,

Sou guardador de rebanhos O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações.

Um abraço e até a semana que vem!